Problemas Relacionados A Pele I

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PROBLEMAS CLÍNICOS RELEVANTES

DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NA
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Docente: Albert Costa
PROBLEMAS RELACIONADOS A PELE I
1. MÍLIARIA
1. MÍLIARIA

• A miliária ou sudâmina, popularmente conhecida como


brotoeja, é uma afecção cutânea comum na criança
pequena.

• Geralmente de evolução benigna e boa resposta a


cuidados e orientações.

• Ocorre em cerca de 1 a 5% dos recém-nascidos,


podendo chegar a 40% durante os primeiros meses de
vida.
1. MÍLIARIA

• Deve-se à retenção de suor nas glândulas sudoríparas, ocorrendo


com mais frequência em épocas de calor ou quando a criança
permanece em ambientes muito aquecidos ou com excesso de roupa.

• Popularmente conhecida como brotoeja.

• As apresentações variam de acordo com o nível de obstrução das


glândulas.

• Geralmente formam vesículas pequenas e frágeis ou pápulas


eritematosas com ou sem prurido. Podem desenvolver pústulas
(miliária pustulosa). Ocasionalmente, pode ocorrer maceração da pele
e infecção secundária,.

• Ocorre mais na face, no pescoço e na parte superior do tórax.


1. MÍLIARIA


1. MÍLIARIA

• Não é necessária investigação laboratorial. O diagnóstico é


clínico. As lesões são autolimitadas e se resolvem em dias.
Cuidado com o risco de infecção secundária.

• A melhora ocorre pela retirada do fator predisponente –


roupas em excesso ou muito apertadas, ambiente muito
aquecido ou doença febril. O uso de cremes ou pomadas
deve ser evitado, pois podem piorar a obstrução das
glândulas sudoríparas.

• No caso de infecção secundária, está indicado o tratamento


específico.

• Banhos com água morna, utilizando sabonetes neutros,


retirada de roupas em excesso e um ambiente fresco ajudam
a prevenir o surgimento de miliária.
2. DERMATITE DE FRALDA
2. DERMATITE DE FRALDA

• A dermatite das fraldas é uma das lesões de pele mais


comuns em lactentes, sendo uma causa frequente de
consulta médica.

• A prevalência é alta – 50 a 65% das crianças apresentam


dermatite das fraldas, com pico entre os 9 e os 12 meses.
as pode estar presente em anos subsequentes em
crianças em uso de fraldas.

• A pele do recém-nascido, pela sua imaturidade, é mais


exposta a alterações de sua barreira protetora ou de
absorção.
2. DERMATITE DE FRALDA

• Seguindo esse pensamento, o que ocorre é que o


contato das fezes e da urina com a pele da criança junto
a um aumento da temperatura e umidade no local em que
a fralda cobre a criança provocam irritação local.

• A pressão e a fricção das fraldas podem colaborar para


macerar ainda mais a pele, potencializando os processos
inflamatórios locais.

• Pode haver aumento dessa irritação com uso de


detergentes, lenços umedecidos e amaciantes. Assim, a
pele fica mais exposta ao risco de inflamação. Ocorre
com frequência infecção secundária pelo fungo
Candidaalbicans e outros microrganismos.
2. DERMATITE DE FRALDA

• A dermatite por irritação primária ou friccional se


apresenta como lesões eritematosas, brilhantes, com
descamação em áreas de maior contato e atrito com as
fraldas, como região interna das coxas, nádegas,
abdome e região genital (“dermatite em W”).

• Na maioria dos casos, as pregas são poupadas.


2. DERMATITE DE FRALDA
2. DERMATITE DE FRALDA

• A principal medida para evitar a forma mais comum da


dermatite das fraldas, a dermatite irritativa primária, é
remover a oclusão, ou seja, retirar a fralda para manter
essa região seca.

• A retirada da urina e das fezes reduz o seu contato direto


com a pele da criança, evita a irritação e a maceração da
região das fraldas, preserva a barreira cutânea e ajuda a
manter o pH ácido.
2. DERMATITE DE FRALDA

• → troca frequente de fraldas: deve-se evitar o contato da


urina e das fezes com a pele. Fraldas com fezes devem ser
trocadas de imediato, tão logo os pais/cuidadores percebam;

• → uso de fraldas descartáveis superabsorventes: esse


tipo de fralda, pela sua composição, tem um poder de
absorção muito mais elevado, porém com efeito oclusivo
maior do que o das fraldas de pano, mantendo, assim, o
contato da pele com a urina e as fezes. Devem, da mesma
forma, ser trocadas com frequência quando molhadas;

• → uso de fraldas de pano: por um apelo de conservação do


meio ambiente ou até mesmo pelo seu menor custo de
manutenção, tem-se tornado uma opção. Sua oclusão da
área das fraldas pode ser menor, mas tem menor absorção
que as fraldas descartáveis;
2. DERMATITE DE FRALDA

• → controle de infecções: as infecções mais frequentes


devem ser diagnosticadas e tratadas

• → higiene diária: em caso de urina apenas, a higiene


com água morna e pano macio ou algodão, sem uso de
sabão ou sabonetes, é suficiente. Esses produtos podem
até mesmo provocar dermatite de contato. Quando
houver presença de fezes, sabonetes neutros são
indicados. Lenços umedecidos são práticos para as
saídas de casa, mas possuem diversos produtos na sua
composição (álcool, fragrâncias, óleos, essências, sabões
e detergentes potencialmente prejudiciais) que podem
lesar a barreira cutânea e provocar irritação na pele ou
até mesmo dermatite de contato;
2. DERMATITE DE FRALDA

• → uso de preparações tópicas (cremes/pomadas): em


crianças com pele íntegra, não há necessidade do seu
uso rotineiro. Cremes de barreira ou pastas mais
aderentes à base de óxido de zinco, dióxido de titânio e
amido ou cremes com dexpantenol podem ajudar a evitar
umidade excessiva e diminuir a permeabilidade da pele.
Também podem ajudar a prevenir o contato das fezes
com a pele já lesada. Como não são removidos com
facilidade, não devem ser retirados totalmente a cada
troca para não irritar a pele.
2. DERMATITE DE FRALDA
3. IMPETIGO
3. IMPETIGO

• A pele normal do recém-nascido e do lactente é


resistente à invasão pela maioria das bactérias que
continuamente entram em contato com a pele.

• é a infecção de pele mais comum em crianças de 2 a 5


anos de idade.
3. IMPETIGO

• Surge na forma de lesões na pele que podem ter


aparência bolhosa ou crostosa,

• Existem dois tipos de impetigo: Impetigo bolhoso e


Impetigo crostoso.

• causadas por Staphylococcus aureus ou Streptococcus


pyogenes, e que são de alta transmissibilidade.
3. IMPETIGO

• Impetigo bolhoso:

Vesículas e bolhas que se desenvolvem em pele normal,


sem eritema ao redor, em áreas de tronco, face, mãos,
tornozelos, dorso dos pés, coxa, nádegas e regiões
intertriginosas. As bolhas têm conteúdo seroso, que se
secam e ganham o aspecto de crosta característico. Se não
tratado, tende a se disseminar.
2. IMPETIGO

• Impetigo crostoso:

lesões eritematosas, seguidas de vesículas e pústulas que


se rompem formando crosta de coloração amarelada como
“mel”. Surge na face, braços, pernas e nádegas
3. IMPETIGO

• Cuidados com as lesões: remoção da crosta e limpeza, duas a três


vezes ao dia com água e sabão.

• Tratamento tópico: neomicina, mupirocina, gentamicina de 12/12 horas


por até 10 dias. Considere esse tratamento em casos leves e com pouco
número de lesões.

• Se o tratamento tópico falhar, associe antibiótico oral. Tratamento


sistêmico: reservado para lesões mais extensas ou se houver a presença
de sinais sistêmicos ou, ainda, se houver ectima. A escolha é por
antibióticos que cubram infecções estafilocócicas e estreptocócicas:

• cefalexina 30 a 50mg/kg/dia de 6/6horas por 7 a 10 dias;

• amoxicilina + clavulanato (250mg/125mg) via oral na dose de 25mg


calculado pela amoxicilina/kg/dia de 12/12 horas por 7 a 10 dias.

• toda infecção em neonatos deve ser tratada em regime de internação


hospitalar e nesse caso não é diferente.
4. DERMATITE SEBORREICA
4. DERMATITE SEBORREICA

• Surge entre o 2o e o 10o mês de vida, mais frequentemente


entre o 3o e o 4o mês. Embora possa persistir por toda a
vida, em geral desaparece entre 8 e 12 meses, só
reaparecendo na adolescência, com o início da puberdade.

• Essa dermatite é uma doença inflamatória crônica que


acomete principalmente o couro cabeludo, mas que pode
estar presente também na face ou dobras.

• Se caracteriza por placas eritematodescamativas, que


podem ter escamas graxentas, úmidas, com crostas róseas
ou amareladas, de intensidade e extensão variáveis.

• São muito associadas à presença do fungo Malassezia sp.


4. DERMATITE SEBORREICA

• A lesão, em geral, começa no couro cabeludo, com


formação de crostas, e progride para a testa e a face,
atingindo, às vezes, todo o corpo.

• é bem circunscrita e com cobertura amarelada.



4. DERMATITE SEBORREICA

• Considere primeiro suspender cosméticos de uso na


higiene da criança como xampus, sabonetes, cremes,
assim como sabão em pó e amaciante da lavagem das
roupas (dar preferência a sabão neutro em barra), uma
vez que esses produtos podem ser possíveis causadores
das lesões e sua suspensão pode ser fator de melhora.
4. DERMATITE SEBORREICA

• A dermatite seborreica no lactente costuma ser uma


doença autolimitada. Por isso, a conduta inicial é apenas
expectante, e o clínico deve informar os pais/cuidadores
da criança sobre a evolução típica da doença.

• Em algumas crianças com lesões recorrentes e


incômodas, levando à preocupação de ordem estética e
consultas frequentes, algum tratamento está indicado.

• Do ponto de vista farmacológico: Podem ser utilizados


corticoides tópicos e hidratação da pele, de acordo com
o local e a intensidade das lesões.
4. DERMATITE SEBORREICA

• Considere primeiro suspender cosméticos de uso na


higiene da criança como xampus, sabonetes, cremes,
assim como sabão em pó e amaciante da lavagem das
roupas (dar preferência a sabão neutro em barra), uma
vez que esses produtos podem ser possíveis causadores
das lesões e sua suspensão pode ser fator de melhora.

• Do ponto de vista farmacológico: Podem ser utilizados


corticoides tópicos e hidratação da pele, de acordo com
o local e a intensidade das lesões.
4. DERMATITE SEBORREICA

• Antifúngico tópico (exemplo: cetoconazol creme) é uma


opção de tratamento e sua formulação pode ser
associada a um corticoide (usar de baixa potência na
face, exemplo: hidrocortisona e de maiores potências no
restante do corpo) duas vezes ao dia por 10 a 15 dias.
4. DERMATITE SEBORREICA

• Se as lesões forem em couro cabeludo, a opção de formulação


em xampu tem boa resposta (LIMA, 2019):

• Xampu com antifúngico: cetoconazol 2%, ciclopiroxolamina 1%,


sulfeto de selênio 2,5%, piritionato de zinco 1%.

• Xampus ceratolíticos: a base de ácido salicílico (2 a 6%) com ou


sem enxofre (2 a 5%) retiram as escamas aderentes.

• Xampus anti-inflamatórios com corticóide: tem função


semelhante às loções capilares a base de corticoide.

• As bulas brasileiras dizem que não há evidências de segurança e


eficácia em crianças menores de 12 anos, mas são correntemente
utilizados em bebês, mesmo em recém nascidos, sobretudo
xampu de cetoconazol 2%
5. DERMATITE ATÓPICA
5. DERMATITE ATÓPICA

• Essa dermatite é a principal forma de demonstração de


atopia na pele, portanto, resulta de uma série de fatores,
dentre eles o genético, o imune, o ambiental e o
emocional.

• Acomete principalmente as áreas flexoras do corpo,


podendo estar presente no couro cabeludo
(especialmente em adolescentes) e na face (em
lactentes). As lesões variam de acordo com os estímulos
do meio – ambiente, exposição a alérgenos, fatores
emocionais e cuidados em geral.

• É frequente sua associação com os estigmas da atopia,


como rinite, asma e alergias alimentares.
5. DERMATITE ATÓPICA
5. DERMATITE ATÓPICA

• O tratamento não farmacológico inclui orientações sobre


desencadeantes, mudanças ambientais, atenção aos
alimentos, especialmente os que contêm corantes,
recomende evitar uso de sabões em excesso, banhos
muito quentes e prolongados, mudanças bruscas de
temperatura, baixa umidade, uso de roupas sintéticas e
materiais irritativos para a pele.
5. DERMATITE ATÓPICA

• O tratamento farmacológico varia de acordo com a fase das


lesões, mas segue a premissa de hidratação da pele e lesão (com
soro fisiológico, óleos e emolientes) e uso de corticoide tópicos
para aliviar os sinais inflamatórios (a potência varia de acordo
com a gravidade das lesões).

• Manter a pele da criança bem hidratada ajuda também a prevenir


novas lesões.

• O uso de corticoides sistêmicos é reservado para o caso de


lesões muito extensas.

• Cremes a base de ureia ou lactato de amônia podem ser usados


na fase crônica, com lesões menos inflamatórias.

• Considerar ainda o uso de anti-histamínicos para controle do


prurido e anti-inflamatórios para controle da dor, edema e
hiperemia.
5. DERMATITE ATÓPICA

• Encaminhe os casos graves ou com infecção bacteriana


sem resposta ao tratamento inicial instituído.

• Encaminhe também se tiver incerteza diagnóstica, se a


resposta ao tratamento não for satisfatória, se precisar de
exames complementares específicos, se a queda na
qualidade de vida e funcionalidade for considerável.

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