Dermatoses Da Infância
Dermatoses Da Infância
Dermatoses Da Infância
DERMATITE ATÓPICA:
Definição: É uma doença inflamatória cutânea crônica e recidivante, de etiologia multifatorial e que se manifesta sob a forma
de eczema.
Eczema atópica= dermatite atópica
Xerodermia e limiar diminuído para prurido
Epidemiologia:
• 60% dos casos de DA ocorrem no 1º ano de vida
• leve em 80% das crianças acometidas,70% dos casos há melhora gradual até o final da infância
• DA no 1º ano de vida é um fator de risco isolado para ASMA
• 70% das crianças com DA severa e 30% das crianças com DA moderada desenvolvem asma
• O prognóstico da asma é pior entre os pacientes com DA
marcha atópica, primeira manifestação é pelo eczema (pode coincidir com alergia
alimentar) ao longo do tempo sintomas de asma, aos 5 anos sintomas de rinite
Etiologia:
Fatores genéticos que comprometem a barreira cutânea da pele e esses fatores ocasionam resposta imunológica mais
prenunciada a alergênicos. Além de fatores ambientais como poluentes atmosféricos, dieta, mudanças climáticas, exposição a
fumaça do tabaco, irritantes e agentes que causam prurido.
Não há explicação para algumas áreas serem mais comuns em locais específicos do mundo e aumento da incidencia
Clínica:
• Prurido intenso
• Eritema, pápulas, vesículas, escamas e crostas.
▪ Eczema é caracterizado por eritema mal definido, e vesículas no estágio agudo e, no estágio crônico, por placa
eritematosa bem definida, descamativa e com grau variável de liquenificação.
▪ Pode ser grave, incapacitante
1. Fase infantil:
• Menor 2 anos
• Prurido intenso, com despertar noturno
• Eritema, pápulas vesículas formação de crostas
• Face extensora de membros e troncos
• Gatilho das crises: infecções respiratórias, alterações de clima, fatores emocionais e alimentos.
2. Fase pré-puberal:
• A partir de 2 anos até a puberdade
• Localizam-se principalmente nas regiões flexurais dos joelhos e dos cotovelos, pescoço e tornozelos.
• As pápulas eritematosas e vesículas são substituídas gradualmente por liquenificação (espessamento, escurecimento e
acentuação dos sulcos da pele)
• O prurido está sempre presente e pode ser de difícil controle.
Dermatite atópica com lesões eczematosas com liquenificação em regiões flexurais cubital e
poplítea, típicos da fase pré-puberal
3. Fase adulta:
• Semelhante a fase pré-puberal, mas as lesões são mais liquidificadas, nas regiões flexurais e mãos.
• Face e mãos são mais acometida
Diagnóstico diferencial:
• Dermatoses inflamatórias
▪ Dermatite seborréica
▪ Dermatite de contato alérgica (DCA) – níquel, bijuterias
▪ Dermatite de contato irritativa (DCI) – sabonetes e detergentes
▪ Eczema numular - S. aureus
Pode ter DA + DC
Tratamento:
• Banhos rápidos de 5-10min e com água morna, uso de sabonete com pH 5,0-6,0 e pouca quantidade, secar com toalha
macia.
• HIDRATANTES - emolientes, umectantes e substâncias oclusivas. Sem fragrância, conservantes e substâncias
sensibilizantes. Aplicar logo após o banho
• CORTICÓIDES TÓPICOS
• INIBIDORES DE CALCINEURINA
→ Corticoide tópicos:
• Normalmente longe do período de hidratação para que o paciente não realize aplicações em menor quantidade
• A região genital, face, axilas e região inguinal é recomendada a utilização de corticosteroides de baixa ou média potência.
• Deve-se usar sempre a menor potência capaz de controlar a inflamação, o que não significa utilizar sempre
corticosteroides de baixa potência.
• Nas lesões moderadas ou graves, deve-se optar por uma terapêutica de média potência, pois os resultados serão mais
rápidos, encurtando-se o tempo de uso.
• Regra finger-tip
• Tubo de 5 mm de diâmetro: dedo indicador 0,5g, 2% da superfície corporal
PEDICULOSE: piolho
• Doença parasitária, causada pelo Pediculus humanus capitis, vulgarmente chamado de piolho da cabeça;
• Atinge todas as classes sociais, afetando principalmente crianças em idade escolar e mulheres;
• 3-11 anos escolar, meninas
• Preferencia por hospedeiros saudáveis limpos (MITO: preferencia por cabelos mau cuidado)
• Menor nível socio econômico: maior prevalência. Pela dificuldade de tratamento
• Lendias são mais fáceis de ser vistas por serem mais claras, em cabelos escuros
• Demoram de 9 a 12 dias para chegar a fase adulta.
• Se não tratado ciclo se repete em 3 semanas
Transmissão:
• Transmitida pelo contato direto interpessoal
• Transmissão por via indireta como escovas, chapéus e outros utensílios de uso pessoal é menos frequente.
Sinais e sintomas:
• prurido intenso no couro cabeludo, + occipital.
• infecção secundária por bactérias, levando ao surgimento de linfonodomegalia cervical.
• Geralmente causada por poucos parasitas, o que torna difícil encontrá-los.
• Lêndeas a mais de 1cm do couro cabeludo não são mais viáveis. Mas em locais quentes e elas podem estar vivas a
vários cm do couro cabeludo.
Diagnóstico diferencial:
• dermatite seborréica
• escabiose
• psoríase
• produtos de cabelos (mousse, gel, spray)
Tratamento:
• Nenhum 100% eficaz
• Remoção das lêndeas
• Lavar com água quente ou a seco todas as roupas, roupas de cama, chapéus, toalhas, lenços, tiaras, pentes e escovas
de uso recente. Os objetos que não puderem ser lavados, não devem ser utilizados por 2 semanas.
• Retirar lendias com pente fino
• Avaliar todos que entraram em contato
Medicamentoso:
• Permetrina 1% -Deve-se aplicar o produto nos cabelos limpos e úmidos e deixar o produto agir por 10 minutos, realizar
o uso do pente fino e enxaguar o cabelo com água morna em uma única aplicação.
• Monossulfiram: a solução deve ser previamente diluída. Para uma parte da solução, juntar 2 (adultos) ou 3 (crianças)
vezes a mesma quantidade de água. Aplicar nos cabelos secos e deixar agir por 8 horas e após lavar para remover o
líquido aplicado. Após sete dias, repetir o tratamento
• Deltametrina xampu: aplicar nos cabelos molhados com fricções sobre o couro cabeludo, devendo agir por 5 minutos
antes do enxague. A recomendação é de uso do produto em xampu, 4 dias seguidos e após um intervalo de 7 dias
repetir o processo para uma melhor eficácia .
• benzoato de benzila e Lindano: desuso
• Ivermectina: não aprovada FDA , mas evidências em estudos clínicos
ESCABIOSE: sarna
• Doença causada pelo ácaro parasita, Sarcoptes scabie (que se alimenta da queratina)
• Transmitida de uma pessoa a outra pelo contato direto com a pele do indivíduo.
• O parasita escava túneis sob a pele onde a fêmea deposita seus ovos que eclodirão em cerca de 7 a 10 dias dando
origem a novos parasitas.
Sintomas:
• Prurido intenso- irritabilidade e diminuição de apetite – PIORA DURANTE A NOITE
• Lesão típica: pequeno trajeto linear pouco elevado, que corresponde aos túneis sob a pele. – difícil visualização pelo
ato de coçar
• Crostas ou escoriações pela coçaduras
• Infecção secundárias: pústulas e crostas amareladas
• Lesoes: pápulas, vesículas, nódulos, tuneis
• Nos adultos e adolescentes se encontram em: espaços interdigitais, punhos, tornozelos, axilas, virilhas, palmas das
mãos e plantas dos pés (couro cabeludo também pode ser acometido)
• RN e lactentes: iniciam com reação inflamatória dos tuneis = eritema, edema, crostas, pápulas, vesículas, nódulos
• As lesoes podem ser ovais, serpinginosa, assumir a forma da letra J
Diagnóstico:
• História clínica características;
• O achado clínico de túneis é patognomônico
• O padrão ouro: visualização ao microscópio ótico do ácaro vivo, ovos ou fezes dos ácaros no esfregaço da pele.
• O exame dermatoscópico pode identificar os túneis e os ácaros e orientar o local para coleta de material para exame
microscópico. Exame negativo, não exclui.
Diagnóstico diferencial:
• Dermatite atópica,
• Dermatite de contato,
• Dermatite seborreica,
• Histiocitose de células de Langerhans,
• Impetigo,
• Exantema viral,
• Urticária papular,
• Picadas de inseto
Transmissão:
• Pessoa por pessoa 15-20min
• Contato indireto por meio de fômites - RARO
• Por animais - não
Tratamento:
• Permetrina loção a 5%:
▪ é indicada como primeira escolha e deve ser aplicada em todo o corpo e couro cabeludo (exceto na face, nos
adultos e nas crianças incluir face e couro cabeludo) à noite, deixar o produto durante a noite (8 a 14 horas) e
lavar pela manhã. Repetir a aplicação após 7 e 14 dias.
• Para maiores de 2 meses de vida.
• A permetrina é segura para uso durante a gravidez e lactação, e pode ser usada em crianças a partir dos 2 meses de
vida.
• Ivermectina oral:
▪ Menos efetivo que permetrina
▪ 0,2mg/kg em dose única, repetindo a dose em 7 dias.
▪ Não recomendado em menores de 15 quilos.
• Enxofre 5 a 10% em creme ou loção:
▪ é o medicamento mais antigo para tratamento da escabiose e está indicado para os menores de 2 meses. Deve ser
aplicado 3 dias consecutivos à noite e lavado pela manhã, repetir em 7 dias.
o para menores de 2 meses.
Prevenção:
• lavados na máquina de lavar roupas em água quente, ou passados com ferro quente, ou colocados na secadora de
roupas, ou lavados a seco durante os 3 primeiros dias do tratamento;
• as roupas que não puderem ser lavadas devem ser colocadas em um saco plástico e guardadas por 7 dias.
Complicação:
• infecção bacteriana secundária são causadas por Staphylococcus aureus ou Streptococcus beta-hemolítico do grupo
A1.
• ressecamento da pele por alterações da barreira cutânea
• dor e dermatite de contato pelo uso de escabicidas de forma incorreta.
Quadro clínico:
• Lesão única ou múltipla, com o concomitante aparecimento de vesículas ou bolhas no trajeto serpiginoso, tortuosa e
eritematosa, numa progressão média de 1 a 2 cm por dia.
• Prurido
Tratamento:
• Tiabendazol a 5% pomada
• Tiabendazol 30 a 50 mg/Kg em dose única.
• Albendazol dose única diária de 400 mg/dia por 3 a 7 dias
• Ivermectina dose única diária por 1 a 2 dias
INFECÇÕES BACTERIANAS
IMPETIGO: piodermite mais comum em crianças. Formas: não bolhoso e bolhoso
Porta de entrada: fissura por coceira, picada de inseto (verão, principalmente crianças com DA)
Impetigo Bolhoso:
• S. aureus grupo II produtor toxina epidermolitica
• O impetigo bolhoso inicia-se com pequenas
• vesículas que se transformam em bolhas flácidas de até 2 cm de diâmetro, com o conteúdo inicialmente límpido,
passando a turvo posteriormente
• O impetigo bolhoso é o mais comum entre crianças de 2 a 5 anos.
Tratamento:
1. CUIDADOS GERAIS:
• manter o local afetado limpo, lavando-o com água e um sabão anti-séptico (triclosan, irgarsan, clorexidina ou iodo
povidona);
• remover crostas e secreções, usando compressas de água morna e sabão ou soluções antissépticas como o
permanganato de potássio;
2. TRATAMENTO TÓPICO: aplicações 2-3 vezes/dia, durante 5-14 dias
• mupirocina
• ácido fusídico – segunda escolha
• associação de neomicina e bacitracina- terceira escolha.
→ Antibiótico sistêmico:
• acometimento de estruturas mais profundas (tecido subcutâneo, fáscia muscular)
• febre
• linfadenomegalia
• faringite associada;
• infecções próximas à cavidade oral uma vez que a criança pode retirar a medicação tópica com a boca
• infecções no couro cabeludo, pela dificuldade do uso de cremes ou pomadas no local
• lesões numerosas ( + de 5 lesões)
ERISIPELA:
• Envolve camadas mais superficiais da pele e linfáticos cutâneos
• Causas: estreptococos do grupo A, grupos G, C e B e, raramente, por estafilococos.
• Súbita- e urgente: febre alta com indisposição, lesão em placa, eritematosa, com bordas bem definidas e que
frequentemente evolui com vesículas e/ou bolhas de conteúdo seroso ou hemorrágico nos casos mais graves.
• Dor e edema na área afetada e a linfadenomegalia regional é comum.
• Pernas e face. Couro cabeludo, mãos, dos RN
Tratamento:
• Repouso e elevação dos membros
-Penicilina G cristalina (por via venosa) ou G procaína (via intramuscular) permanece o tratamento de escolha para a erisipela.
-Penicilina V quadros mais leves, pode ser utilizada por via oral ou, alternativamente, as cefalosporinas de primeira geração e os
macrolídeos.
-Vancomicina com um aminoglicosídeo nos quadros mais graves
CELULITE:
• Tecidos mais profundos da pele, especialmente o subcutâneo.
▪ Estreptococo beta-hemolítico do grupo A e S.aureus sejam os agentes etiológicos mais comuns.
▪ Em crianças mais novas, principalmente abaixo de 2 anos de idade, Haemophilus influenzae deve ser considerado
entre os agentes etiológicos.
▪ Febre, linfadenopatia regional, edema, eritema difusos e dor à palpação. O limite entre a pele lesada e a pele sã é
impreciso. Se não tratadas a tempo, tendem à disseminação rápida.
• Estafilococos e estreptococos beta-hemolíticos do grupo A. Assim, pode-se iniciar com uma penicilina semi-sintética
penicilinase resistente ou uma cefalosporina de primeira geração.
• Nos pacientes imunossuprimidos, seriam prudentes a hospitalização, o uso de antibióticos intravenosos e de largo
espectro, com cobertura também para germes Gram-negativos.
• Hemoculturas e culturas do tecido infectado devem ser realizadas na tentativa da identificação do agente.