Viabilidade e Vitalidade Fetal

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Saúde da Mulher - Flávia Alessandra ● MÉTODOS DE AVALIAÇÃO FETAL

P5 - 2024.1 ❖ Mobilograma
➢ Avaliação da movimentação fetal (uma

VITALIDADE E VIABILIDADE FETAL boa movimentação sugere que o bebê


está bem oxigenado)
A avaliação fetal é indicada, principalmente, em ➢ Deve ser realizado a partir de 26 e 32
gestações de alto risco. Gestações de risco habitual semanas de gestação em gestação de
não têm indicação de exames para avaliação da alto risco
vitalidade fetal. ➢ Pode ser realizado das seguintes
- Consistem na utilização de métodos não formas:
invasivos que predizem o sofrimento fetal, 1. Contagem da movimentação fetal em qualquer
possibilitando uma possível intervenção segura período do dia.
da gestação. - A contagem deve ser feita até atingir 10
- Avaliam se o feto está em hipóxia e, movimentações (limite mínimo diário)
consequentemente, em acidose metabólica - Menos de 10 movimentações em 12
horas → sugere hipóxia fetal.
2. Contagem da movimentação durante 1 hora
Em casos de sofrimento fetal é importante sempre
em posição sentada.
analisar o risco de hipóxia x risco de prematuridade
para resolução da gestação. - Valores superiores a 6 movimentos por
hora → sugere boas condições fetais.
3. Contagem da movimentação fetal durante 1
● INDICAÇÃO DA AVALIAÇÃO DE VITALIDADE FETAL hora em 3 intervalos (pós almoço, café e janta)
❖ Afecções Maternas com a mãe em decúbito lateral
➢ Síndromes Hipertensivas - Soma os valores obtidos nos 3
➢ Cardiopatias momentos e multiplica por 4 para obter
➢ Nefropatias o valor da mobilidade em 12 horas.
➢ Hemopatias - A soma diária deve ser igual ou superior
➢ Neoplasias a 15 movimentos durante o dia.
➢ Pneumopatias
➢ Endocrinopatias (distúrbios da tireoide)
Em gestações de risco habitual, a mobilidade deve
➢ Trombopatias
ser avaliada nos seguintes casos:
➢ Doenças do tecido conjuntivo (lúpus) - Percepção de diminuição da movimentação
❖ Afecções fetais fetal
➢ Aloimunização fetal (ataque do sistema - Após as 36 semanas de gestação
imune materno devido a tipagem (principalmente após as 40 semanas) para
sanguínea do feto) avaliação de sofrimento fetal devido ao pós
➢ Hidropsia fetal (acúmulo de líquidos em datismo.
cavidades)
➢ Cardiopatias Em casos da sensação de diminuição de mais de 50%
➢ Malformações (em casos de da mobilidade fetal ou da interrupção de
malformações incompatíveis com a movimentação → procura imediatamente o serviço de
vida, não há necessidade de avaliação emergência.
constante da vitalidade fetal)
➢ Infecções fetais. ❖ Ausculta cardíaca fetal intermitente
❖ Intercorrências gestacionais Ausculta dos batimentos cardiofetais (BCF) com o
➢ Placenta prévia sonar doppler.
➢ Gemelaridade - É feito durante o pré-natal (ausculta durante 1
➢ RCIU (restrição do crescimento minuto) e durante o trabalho de parto (ausculta
intrauterino) antes, durante e após contrações por 30-60
➢ Pós datismo (já passou das 41 segundos).
semanas) Dilatação Expulsivo
➢ Antecedente obstétrico desfavorável
(teve outra gestação com óbito fetal Risco Habitual Ausculta de 30/30 Ausculta de 15/15
minutos minutos
precoce)
➢ Rotura de membranas ovulares Risco alto Ausculta de 15/15 Ausculta de 5/5
minutos minutos
(principalmente pré-termo).
❖ Cardiotocografia fetal 1. Linha de Base
É realizada em gestações de alto risco e tem a função É a região dos 20 minutos que prevaleceu a
de captar a frequência cardíaca fetal e o tônus uterino. frequência cardíaca fetal. Logo, é definida como a
- São utilizados 2 eletrodos: um deles é colocado média das frequências cardíacas.
no foco da frequência cardíaca fetal (procurado - Normal: 110-160 bpm
pelo sonar) e o outro é colocado no fundo - Abaixo de 110: bradicardia
uterino (capta as contrações uterinas) - Acima de 160: taquicardia
- É um método sensível → apresenta grandes A linha de base desconsidera acelerações,
números de falsos-positivos desacelerações e variabilidade maior que 25 bpm.
- Avalia a boa oxigenação do feto e o risco de
sofrimento fetal agudo
- O registro ocorre durante um tempo
estabelecido (geralmente de 20 minutos)

Linha de Base: 135 bpm

Situação de taquicardia → FC acima de 160 bpm,


tendo causas:
- Os parâmetros avaliados na cardiotocografia ➢ Taquicardia materna (geralmente quando a
são: mãe tem alguma infecção)
➢ Linha de base ➢ Hipertermia materna
➢ Variabilidade dos batimentos cardíacos ➢ Taquiarritmia fetal (devido a cardiopatias)
fetais (BCF) ➢ Sofrimento crônico com ativação do sistema
➢ Acelerações transitórias simpático
➢ Desacelerações ➢ Infecção ovular (corioamnionite)
➢ Atividade fetal
➢ Uso de drogas inibidoras do sistema
parassimpático (atropina)

Setor A (cardio): avalia a frequência cardíaca do bebê


- Cada linha horizontal representa o registro
durante 1 minuto.
- Cada linha vertical representa 5 batimentos Situação de bradicardia: FC abaixo de 110 bpm, tendo
fetais. como causas:
Setor B e C: Avaliam movimentações fetais ➢ Pós datismo
- B → marcado pela mãe (pede para a mãe ➢ Sofrimento fetal agudo terminal
apertar um botão quando sentir que o bebê se ➢ Uso de betabloqueadores pela mãe
mexer). ➢ Bloqueio atrioventricular fetal (BAV)
- C → marcado pelo aparelho (sensor de
pressão).
Setor D (toco): Avalia o tônus uterino (contrações
uterinas).
2. Variabilidade ➢ A presença de acelerações transitórias indica a
É a oscilação da linha de base da frequência cardíaca, ausência de danos cerebrais por acidose/
sendo determinada por interações entre o sistema hipóxia.
autônomo simpático e parassimpático. ➢ A ausência de acelerações transitórias não é
necessariamente patológica, pode ser
Variabilidade moderada: entre 6-25 bpm resultado de:
- Indica uma boa oxigenação do SNC ○ Sono fetal
- Ausência de danos por acidose. ○ Prematuridade
○ Uso de medicações

➢ Aceleração prolongada: tem duração de mais


Variabilidade mínima (menor que 5 bpm) e de 2 minutos
variabilidade ausente (indetectável): Não confirmam ○ Se for superior a 10 minutos →
sofrimento fetal agudo. As causas da variabilidade considera uma nova linha de base
diminuída podem ser:
- Hipóxia 4. Desacelerações
- Prematuridade (não é patológico) É uma queda dos batimentos cardíacos fetais.
- Sono fetal (bebê dormindo) - Diminuição de pelo menos 15 bpm durante 15
- Uso de drogas (barbitúricos, opióides e segundos.
tranquilizantes) - Pode indicar sofrimento fetal agudo

DIP I/ DIP cefálica/ DIP precoce


➢ Fisiológica
➢ Não representa sofrimento fetal
➢ Coincide com as contrações uterinas,
ocorrendo devido mudança na pressão
intracraniana devido a compressão do pólo
cefálico fetal

Variabilidade aumentada: acima de 25 bpm, tem como


causas:
- Movimentação fetal excessiva
- Hipoxemia aguda (bebê acabou de entrar em
sofrimento)

DIP II/ DIP tardia


➢ Patológica
➢ Tem início após as contrações
➢ Indica hipoxemia fetal devido a deficiência
uteroplacentária aguda

3. Acelerações transitórias
É um aumento abrupto da frequência cardíaca fetal,
depende da idade gestacional:
Idade Gestacional Amplitude Duração DIP zero/ Espica
Menor que 32s Mais que 15 bpm Mais que 10s ➢ Queda rápida de frequência cardíaca fetal
devido a compressão do cordão umbilical
Maior ou igual a Mais que 15 bpm Mais que 15s ➢ Não tem valor clínico e não indica hipoxemia
32s
fetal.
➢ Apresenta acelerações antes e depois. da oxigenação de órgãos alvo (centralização
fetal).

Ondas brancas (sístole)/ ondas amarelas (diástole). Doppler de artéria


❖ Dopplervelocimetria umbilical normal

Exame que avalia a circulação placentária e fetal.


➢ Indica mudanças na hemodinâmica do feto em
resposta à hipoxemia.
➢ Indicado em situações de risco de insuficiência
placentária:
○ Gestantes de alto risco (HAS, DM I/II)
Doppler de artéria umbilical com diástole zero
O que é doppler?
É um eletrodo colocado na barriga da mãe que emite
uma onda sonora. Essa onda sonora bate nas
hemácias e volta, indicando a distância que está.
- Logo, o doppler observa o aumento ou a
diminuição da vascularização e a velocidade do
fluxo sanguíneo nos vasos examinados.
Doppler de artéria umbilical com diástole reversa
- Doppler de artéria uterina→ avalia circulação
uteroplacentária (reflete invasão trofoblástica)
- Doppler de artéria umbilical → avalia circulação
fetoplacentária e pela presença de sístoles e
diástoles. (reflete resistência placentária)
- Doppler de ducto venoso e artéria cerebral
média → avalia circulação fetal
Doppler de artéria cerebral média normal
Alteração na hemodinâmica fetal
Alterações no fluxo sanguíneo das artérias uterinas é
reflexo da invasão trofoblástica.
- Consequentemente, essa alteração causa o
aumento da resistência vascular nas artérias
umbilicais → diminui o fluxo sanguíneo através
desses vasos.
- Com isso, há menor oferta de oxigênio para o Doppler de artéria cerebral média com centralização
feto, causando restrição de crescimento fetal e
hipoxemia fetal. Resolução Imediata (sem corticoterapia antenatal)
A resposta hemodinâmica do bebê é realizar uma ➢ Risco de morte materna
centralização fetal (fase avançada): para tentar ➢ Diástole reversa em artéria umbilical
compensar a falta de nutrientes, o feto começa a ter ➢ Ducto venoso com IP maior que 1
taquicardia, mas chega um momento que ele prioriza ➢ Perfil biofísico fetal menor ou igual a 6
órgãos alvo (coração, cérebro e adrenais). Resolução mediata (com corticoterapia antenatal)
- Aumento da resistência vascular das artérias ➢ Ducto venoso com IP entre 1-1,5
umbilicais → pode gerar diástole zero (sangue ➢ Oligoâmnio
não consegue passar pelo cordão) ou diástole
reversa (quando o sangue bate no cordão e ❖ Perfil Biofísico Fetal
volta) É um exame que avalia atividades fetais e líquido
- Diminuição da resistência vascular da artéria amniótico
cerebral média → ocorre devido a priorização - Feto bem oxigenado: mantém atividades
normais.
- Utiliza dois exames para avaliação do perfil
biofísico fetal: ultrassonografia e
cardiotocografia

Indicações
➢ Cardiotocografias anormais ou suspeitas → faz
o perfil biofísico para afastar falsos positivos e
resoluções precoces
➢ Em casos de cardiotocografias normais → faz
o perfil biofísico simplificado para avaliação do
líquido amniótico

Marcadores do perfil biofísico fetal


Marcadores agudos:
➢ Tônus fetal
➢ Frequência cardíaca fetal
➢ Frequência respiratória fetal
➢ Movimentos corpóreos fetais
Marcadores crônicos
➢ ILA (volume de líquido amniótico) →
centralização leva a menor perfusão renal e
pulmonar

Para cada marcador atribui notas: 0 (ausente) ou 2


(presente).
- Atividade cardíaca: pelo menos uma
aceleração em 10 minutos (primeiro a
desaparecer)
- Movimento respiratório: pelo menos um
movimento de gangorra dos arcos costais em
30 minutos
- Movimentação fetal: pelo menos 3 movimentos
simples em 30 minutos (flexão, extensão ou
rotação)
- Tônus fetal: abertura de mãos, sucção e
pálpebras (último a desaparecer)
- Volume de líquido amniótico: ILA maior que 5
ou bolsão maior que 2 cm

Interpretação do perfil biofísico fetal


- Valores menores que 6/10: indica acidose
metabólica/hipoxemia fetal e maior incidência
de APGAR menor que 7/ internações em UTI
- Valores iguais a 6 e IG igual a 34s: resolução
imediata.

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