29 - Sentença

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DIREITO

PROCESSUAL
PENAL
Sentença

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Sentença
Douglas Vargas

Sumário
Apresentação. . .................................................................................................................................. 3
Sentença............................................................................................................................................ 4
1. Atos Jurisdicionais.. ...................................................................................................................... 4
2. Sentença........................................................................................................................................ 5
2.1. Tipos de Sentença..................................................................................................................... 6
2.2. Classificações das Sentenças.. .............................................................................................. 6
2.3. Demais Classificações Doutrinárias.. ................................................................................... 7
2.4. Conteúdo da Sentença............................................................................................................ 8
3. Embargos de Declaração........................................................................................................... 9
4. Emendatio Libelli....................................................................................................................... 10
5. Mutatio Libelli.............................................................................................................................12
6. Independência do Juiz ao Sentenciar.................................................................................... 14
5. Sentença Absolutória.. .............................................................................................................. 14
5.1. Efeitos da Sentença Absolutória...........................................................................................16
6. Sentença Condenatória............................................................................................................ 18
6.1. Efeitos Decorrentes da Sentença Penal Condenatória. . ..................................................19
6.2. Sentença Condenatória & Prisão........................................................................................ 20
7. Fixação da Pena. . ........................................................................................................................ 20
7.1. Fixação da Pena-Base............................................................................................................ 20
7.2. Fixação da Pena Provisória.. ................................................................................................. 22
7.3. Fixação da Pena Definitiva................................................................................................... 25
8. Detração Penal. . ......................................................................................................................... 27
8.1. Sentença Declaratória de Extinção da Punibilidade....................................................... 28
9. Sentença & Inadmissibilidade de Reformatio in Pejus Indireta...................................... 29
Resumo............................................................................................................................................. 30
Questões de Concurso.................................................................................................................. 36
Gabarito............................................................................................................................................40
Gabarito Comentado..................................................................................................................... 41

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Apresentação
Olá, querido(a) aluno(a)!
Na aula de hoje vamos tratar apenas do tema atos processuais e jurisdicionais. Iremos
estudar, especificamente e detalhadamente, o assunto a seguir:
• Sentença e temas correlatos.

Será um tópico repleto de detalhes, os quais em sua maioria, nos remetem à letra da lei,
que destacaremos com rigor. Assim, esta aula merece uma atenção especial por sua parte.
Ao final, como de praxe, faremos uma lista de exercícios completa e atualizada sobre os
temas apresentados, a fim de fixarmos os temas estudados e alcançarmos níveis mais apro-
fundados de conhecimento.
Desejo a todos um estudo proveitoso. Estou sempre às ordens no fórum de dúvidas!
Vamos nessa!
Prof. Douglas.

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SENTENÇA
1. Atos Jurisdicionais
No curso de um processo, o magistrado pratica diversos atos.
Entretanto, nem todo ato praticado pelo juiz é considerado um ato jurisdicional: apenas
aqueles que angularizam a relação processual é que podem receber tal definição.
Apesar de não haver consenso doutrinário acerca dessa sistematização, podemos classi-
ficar os atos processuais do juiz da seguinte maneira:
1. Atos reais ou materiais: são aqueles que não solucionam questões e nem determinam
providências. Dividem-se em:
• Atos instrutórios: são aqueles que realizam inspeções em pessoas ou coisas;
• Atos de documentação: como o ato de rubricar folhas nos autos, subscrever termos de
audiência, entre outros.

2. Atos de provimentos judiciais: abrangem os despachos de mero expediente, as deci-


sões interlocutórias e as sentenças.
Assim, vejamos as espécies de atos jurisdicionais no processo penal, as quais irão ajudá-
-los a entender este conceito:

Vejamos uma síntese de como identificar os provimentos judiciais conforme sugere Nor-
berto Avena1:
• Cuida-se de ato de mera movimentação (impulso) processual, sem qualquer carga deci-
sória? Em caso afirmativo, haverá despacho de mero expediente.
• Trata-se de uma decisão condenatória ou absolutória proferida pelo juiz? Em caso posi-
tivo, haverá sentença.
• Trata-se de uma decisão que, não sendo despacho nem sentença, põe termo ao procedi-
mento, importando em seu arquivamento após o trânsito em julgado? Em caso positivo,
haverá decisão interlocutória mista terminativa.

1
AVENA, Norberto. Processo penal esquematizado. 2ª ed. São Paulo: Método, 2010. p. 983.

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• Trata-se de uma decisão que, não sendo despacho nem sentença, põe termo a uma fase
do procedimento, dando início a outra, sem importar, contudo, em arquivamento após o
trânsito em julgado? Em caso positivo, haverá decisão interlocutória mista não termi-
nativa.

Por definição expressa de nosso edital, nosso estudo, neste momento, estará direcionado
apenas para uma espécie desses atos: a sentença.

2. Sentença
É a decisão terminativa do processo e definitiva quanto ao mérito, abordando a questão
relativa à pretensão punitiva do Estado, para julgar procedente ou improcedente a imputa-
ção. (NUCCI)
Eis a sentença propriamente dita, na qual o magistrado avalia efetivamente a imputação
que está sob sua jurisdição e competência.
Temos, portanto, o seguinte:

Assim, levando em conta seu sentido estrito, entende-se por sentença o pronunciamento
final do juízo de 1º grau (juiz singular). Contudo, o CPP também considera como sentença as
decisões finais de juízos colegiados de 1º grau (Tribunal do Júri; Conselhos de Justiça e Jus-
tiça Militar).
Em seu aspecto amplo, a sentença também abrange os acórdãos (decisões dos Tribunais)
quando há julgamento do mérito. Após transitar em julgado, o acórdão é chamado de aresto.

Não são sinônimos os termos “sentença definitiva” (como expresso no art. 82 do CPP) e “sen-
tença transitada em julgado” (art. 282 do CPP). Aquela põe fim ao processo com julgamento de
mérito. Já a sentença transitada em julgado é aquela que não admite mais recurso.

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Nesse contexto, o art. 593, I e II, do CPP, menciona as chamadas sentenças definitivas,
decisões definitivas e com força de definitivas. Elas serão conceituadas pela doutrina da se-
guinte maneira:
• Sentenças definitivas (CPP, art. 593, I): elas põem fim ao processo após o esgotamento
do procedimento na 1ª instância com julgamento do mérito. Assim, absolvem ou conde-
nam o acusado.
• Decisões definitivas em sentido estrito (ou terminativas de mérito): também põem fim à
relação processual ou procedimento por meio do julgamento do mérito, mas não levam
à condenação ou absolvição do acusado (Exemplos doutrinários: decisões que resol-
vem incidente de restituição de coisa apreendida, que declaram extinta a punibilidade,
que autorizam levantamento de sequestro de bens).
• Decisões com força de definitivas (ou interlocutórias mistas): põem fim a uma fase do
procedimento (não terminativas) ou ao processo (terminativas), sem o julgamento do
mérito (Ex: rejeição da peça acusatória em face da inépcia da denúncia ou queixa).

A sentença propriamente dita será o tópico mais extenso da aula de hoje, haja vista sua
maior complexidade e maior importância para fins de prova. Comecemos por sua classificação.

2.1. Tipos de Sentença


São espécies da sentença:

Veremos cada uma delas no decorrer de nossa aula.

2.2. Classificações das Sentenças


As sentenças também estão classificadas quanto aos seus efeitos. Nesse sentido, temos
a seguinte divisão:
• Sentença Declaratória
− É aquela que absolve ou julga extinta a punibilidade do acusado.

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A sentença é considerada declaratória pois apenas declara o estado de inocência do réu


(se for absolutória). Do mesmo modo, a sentença que julga extinta a punibilidade do acusado
apenas declara a existência de tal fato.
• Sentença Condenatória
− É aquela que julga procedente a pretensão punitiva estatal e aplica uma pena ao acu-
sado.
• Sentença Constitutiva
− É aquela que constitui um novo estado jurídico.

Essa espécie de sentença, no processo penal, é de difícil ocorrência. Um exemplo, segundo


a doutrina, é a sentença embasada em Habeas Corpus que determina o trancamento de um
inquérito policial.
• Sentença mandamental
− É aquela que contém uma ORDEM judicial.

É o caso, por exemplo, de uma expedição de alvará de soltura ou de salvo conduto, em sede
de Habeas Corpus. A sentença contém uma ordem judicial a ser imediatamente cumprida, sob
pena de desobediência.
• Sentença Executiva
− É a sentença que possui, em seu conteúdo, eficácia executiva da decisão.

O STF já reconheceu em um caso concreto que a sentença que concede perdão judicial é con-
denatória, e não declaratória!
O STJ, no entanto, tem entendimento no sentido contrário (de que a sentença é declaratória),
havendo inclusive sumulado o referido entendimento.
Já a doutrina se divide quanto a este entendimento.

2.3. Demais Classificações Doutrinárias


Considerando a aptidão da decisão judicial para produzir efeitos imediatos:

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Classificação que leva em conta o órgão jurisdicional prolator da decisão:

Por fim, vale mencionar:


• Sentença suicida
− Sentença nula, pois há divergência entre a fundamentação e o dispositivo.
• Sentença autofágica
− Aquela em que o juiz reconhece o crime e a culpabilidade do réu, mas julga extinta a
punibilidade concreta.
• Sentença vazia
− É aquela que carece de fundamentação e, portanto, é passível de anulação.

2.4. Conteúdo da Sentença


Passaremos agora a analisar o art. 381 do CPP, que trata dos chamados requisitos intrín-
secos da sentença, os quais são parte obrigatória do ato, sob pena de nulidade.

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Primeiramente, façamos a leitura da norma:

CPP, Art. 381. A sentença conterá:


I – os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias para identificá-las;
II – a exposição sucinta da acusação e da defesa;
III – a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão;
IV – a indicação dos artigos de lei aplicados;
V – o dispositivo;
VI – a data e a assinatura do juiz.

Sobre o artigo acima, não preciso nem dizer, né? Ler, reler e fazer um poema.
Avançando um pouco mais em nossos estudos, no entanto, há a divisão dos requisitos
acima pela doutrina, para a qual a sentença deve ser analisada em três partes:

O relatório nada mais é do que a descrição das alegações da acusação.

A ausência de relatório é causa de nulidade ABSOLUTA, salvo no procedimento sumaríssimo


(Lei n. 9.099/1995), no qual é dispensado.

A fundamentação, por sua vez, trata da motivação emanada pelo magistrado para aplicar o
direito ao caso concreto, no qual irá acolher ou rejeitar a pretensão punitiva estatal.
A falta de fundamentação, obviamente, constitui nulidade absoluta do ato. São chamadas
de decisões vazias aquelas que carecem de fundamentação. Nesse sentido, o CPP:

CPP, Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:


V – em decorrência de decisão carente de fundamentação. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

O magistrado pode fazer referência a argumentos das partes, da doutrina ou jurisprudência,


para confirmar o seu convencimento. Entretanto, jamais poderá fundamentar sua sentença
exclusivamente com base em argumentos de terceiros.

Por fim, o dispositivo nada mais é do que a conclusão, no qual irá constar a absolvição do
acusado ou a aplicação da pena, se for o caso. A ausência de dispositivo também é causa de
nulidade absoluta.

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Vale mencionar a existência dos requisitos extrínsecos da sentença, quais sejam:


• Data e assinatura (CPP, art. 381, VI);
• Rubrica do juiz em todas as páginas, se a sentença for digitada (CPP, art. 388).

A sentença proferida de forma oral em audiência somente terá valor quando houver sua
conferência, revisão e assinatura.

3. Embargos de Declaração
CPP, Art. 382. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que declare a sen-
tença, sempre que nela houver obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão.

Caso a sentença seja obscura, ambígua, apresente contradições ou omissões, poderá ser
objeto de embargos de declaração, previsto no art. 382 do CPP.
Este é um instituto bastante simples. Trata, meramente, de um meio para questionar deci-
sões que não apresentem a clareza necessária ou que se omitam quanto a algum ponto rele-
vante do processo.

Erros materiais podem ser corrigidos de ofício pelo magistrado, se for o caso.

4. Emendatio Libelli
CPP, Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atri-
buir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave.

Emendatio Libelli nada mais é do que a modificação da definição jurídica do fato. Este pare-
ce ser um instituto complexo, mas na verdade também é bastante simples de entender.
Veja bem: durante o curso do processo penal, o magistrado receberá a denúncia ou queixa
contendo a descrição do fato delitivo praticado e uma definição jurídica relacionada a este
fato, certo?
Entretanto, pode ser que tal definição jurídica não esteja correta, existindo necessidade de
alteração (emendatio libelli). Por exemplo:

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Tal possibilidade parte do fato de que o réu não se defende da tipificação legal, e sim dos
fatos narrados.
Além disso, há que se levar em consideração que é atribuição do magistrado conhecer o
direito: a ele basta que sejam fornecidos os fatos.
A doutrina divide a emendatio libelli em três formas:

Caso a emendatio libelli resulte na desclassificação do crime para a competência de outro juí-
zo, os autos deverão ser remetidos a ele, por força do art. 383 do CPP:

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§ 2 Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão encaminhados os autos.
º

Note, ainda, que pode ocorrer emendatio libelli em fase recursal. Entretanto, nessa fase, a
revisão não pode implicar em prejuízo para o acusado.
• Momento adequado

Segundo o STF, o momento adequado para operar a emendatio libelli é o da prolação


da sentença.

Se a ação penal, em decorrência da nova capitulação legal, passar a ser pública condicionada
a representação, deverá ser intimado o legitimado a oferecer a devida representação.
Já no caso em que a ação penal se tornar privada com a mudança, deverá ser extinta a ação
penal por ilegitimidade da parte (o MP), de forma que o ofendido possa, caso queira, ajuizar a
ação penal privada.
Em nenhum dos casos acima ocorre a extinção da punibilidade. Não confunda ambos os
institutos.

• Princípio da correlação

O princípio da correlação entre acusação e sentença, também chamado de princípio da


congruência, representa uma das mais relevantes garantias do direito de defesa, visto que as-
segura a não condenação do acusado por fatos não descritos na peça acusatória, guardando
restrita relação com os temas mutatio libelli e emendatio libelli.
Como veremos mais a frente, por força desse princípio admite-se que ocorra a emendatio li-
belli em instâncias recursais, mas o STF veda a aplicação da mutatio libelli em sede de recurso.

5. Mutatio Libelli
CPP, Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato,
em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não
contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco)
dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se
a termo o aditamento, quando feito oralmente.

Enquanto o instituto da emendatio libelli trata da revisão da tipificação realizada pelo ma-
gistrado, por ter entendido que o fato narrado na denúncia ou queixa não se adequava a defini-
ção jurídica inicial, o instituto da mutatio libelli trata da mudança da definição jurídica em razão
de provas ou elementos descobertos durante a instrução probatória.
Assim, iniciou-se a instrução probatória, e diante do surgimento de novas provas que não
estavam contidas na inicial, surgiu a necessidade de revisar a definição jurídica do fato.

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Por exemplo:

O problema, aqui, é que o juiz está vinculado aos EXATOS TERMOS da inicial acusatória.
Não pode julgar extra, ultra ou infra petita, ou seja, não pode julgar fora, além ou aquém dos
limites da denúncia.
Por esse motivo, torna-se necessário que o Ministério Público faça o aditamento da de-
núncia, diante das novas provas, oferecendo-se também oportunidade para que a defesa se
manifeste sobre o aditamento.
Uma vez realizado o aditamento da denúncia, aí sim o magistrado poderá alterar a defini-
ção jurídica do fato, operando a mutatio libelli sem incorrer em nulidade absoluta.

Embora antiga, a Súmula n. 453 do STF costuma ser presença recorrente em provas de con-
cursos. Segundo o verbete,

não se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo único do Código de Processo
Penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em virtude de cir-
cunstância elementar não contida, explícita ou implicitamente, na denúncia ou queixa.

Portanto, não é cabível, para o STF, a mutatio libelli em segunda instância.


• Do aditamento

O aditamento à denúncia, via de regra, é realizado de forma escrita, embora seja admissível
o aditamento realizado oralmente, desde que reduzido a termo, nos termos do art. 384 do CPP.

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O aditamento em questão é OBRIGATÓRIO em todos os casos, independentemente do crime


ser mais ou menos grave que a definição jurídica inicialmente contida na denúncia.

O prazo para o aditamento é de 5 dias.


Por fim, é importante notar que o aditamento pode ser próprio ou impróprio:

O aditamento da denúncia, uma vez aceito, faz com que o juiz fique vinculado ao seu con-
teúdo ao prolatar a sentença, nos termos do CPP:

§ 4º Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco)
dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento.
• Exceções

Segundo o STJ, no entanto, é possível a condenação do réu pela forma TENTADA de um


delito, mesmo que este tenha sido denunciado pelo crime na forma CONSUMADA. Tal conde-
nação não exige o aditamento à denúncia.

6. Independência do Juiz ao Sentenciar


CPP, Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que
o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora ne-
nhuma tenha sido alegada.

O magistrado, nos crimes de ação penal pública, guarda enorme liberdade e independência
ao sentenciar, muito embora esteja adstrito à narrativa dos fatos contida na denúncia.
Não extrapolando a análise dos fatos ali contidos, portanto, o juiz tem liberdade para sen-
tenciar de forma independente, de modo que poderá condenar o réu mesmo face ao pedido de
absolvição por parte do MP.
Além disso, o magistrado pode reconhecer agravantes que sequer foram alegadas, nos
termos da lei.

5. Sentença Absolutória
A sentença absolutória se divide em categorias:

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• Sentença absolutória própria: resulta na simples absolvição do réu diante do reconheci-


mento pleno de sua inocência.
• Sentença absolutória imprópria: ocorre face ao réu inimputável, impondo-lhe medida de
segurança, no interesse de sua recuperação (art. 386, parágrafo único, III, do CPP).
• Absolvição sumária: trata-se de julgamento antecipado da demanda nas hipóteses pre-
vistas no art. 397 (procedimento comum) e no art. 415 (primeira fase do procedimento
do júri) do CPP.
• Absolvição sumária imprópria: é o julgamento antecipado da demanda para fins de ab-
solvição do acusado inimputável, em que haverá imposição de medida de segurança.

No procedimento comum, o CPP veda a possibilidade de absolvição sumária do inimputável


(art. 397, II, do CPP). Contudo, tal absolvição é possível no procedimento do júri (art. 415, pará-
grafo único, do CPP) desde que a inimputabilidade seja a única tese defensiva.

• Sentença absolutória anômala: é a decisão que concede o perdão judicial ao acusado.


Nesse sentido, o STJ:

Súmula n. 18 do STJ: A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção


da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.

Vejamos as hipóteses elencadas pelo CPP:

CPP, Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconhe-
ça:
I – estar provada a inexistência do fato;
II – não haver prova da existência do fato;
III – não constituir o fato infração penal;
IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal;
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal;
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26
e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência;
VII – não existir prova suficiente para a condenação.

As hipóteses de sentença absolutória estão previstas no rol taxativo do art. 386. Portanto,
são unicamente as hipóteses arroladas acima. Não preciso nem dizer o quanto é importante
conhecer este artigo, certo?
Dito isso, é importante observar o seguinte:

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Não se esqueça de que a sentença que impõe a aplicação de medida de segurança é absolu-
tória imprópria.

5.1. Efeitos da Sentença Absolutória


Temos, por óbvio, como efeito principal da sentença absolutória a colocação imediata do
acusado em liberdade. Nesse sentido, o CPP:

CPP, Art. 386, Parágrafo único. Na sentença absolutória, o juiz:

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I – mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade;
CPP, Art. 596. A apelação da sentença absolutória não impedirá que o réu seja posto imediatamente
em liberdade.

Na situação de sentença absolutória imprópria:


• Caso o juiz ao longo da persecução penal tenha submetido o acusado à medida cautelar
de internação provisória devido a presença de fumus comissi delicti e periculum liberta-
tis, deverá manter a medida por ocasião da sentença absolutória imprópria. No entanto,
caso constate a cessação da periculosidade por causa superveniente, poderá revogar a
medida cautelar para que acusado aguarde em liberdade o trânsito em julgado da deci-
são, para posterior aplicação da medida de segurança.
• O inimputável mantido em liberdade no curso do processo, deverá, em regra, permane-
cer solto, salvo o surgimento de fatos que autorizem a imposição da medida cautelar de
internação provisória.

Portanto, ressalta-se que por se tratar de espécie de sanção penal, a medida de segurança
não pode ser aplicada de forma provisória em face do princípio de presunção de inocência.
Dessa forma, de acordo com a doutrina, o dispositivo abaixo restou prejudicado:

CPP, Art. 596, Parágrafo único. A apelação não suspenderá a execução da medida de segurança
aplicada provisoriamente.

Nesse diapasão, vejamos os entendimentos sumulados sobre o tema:

Súmula n. 422-STF
A absolvição criminal não prejudica a medida de segurança, quando couber, ainda que
importe privação da liberdade.
Súmula 527-STJ
O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da
pena abstratamente cominada ao delito praticado.

O STF diverge acerca do prazo de duração da medida de segurança:

(...) Esta Corte já firmou entendimento no sentido de que o prazo máximo de duração da
medida de segurança é o previsto no art. 75 do CP (...) (STF. 1ª Turma. HC 107432, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 24/05/2011).

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Dessa forma, de acordo com o art. 75 do CP, a medida de segurança deverá obedecer ao
prazo máximo de 40 anos na posição do STF.
A sentença absolutória, por sua vez, também possui efeitos secundários, quais sejam:
• Restituição integral da fiança:

CPP, Art. 337. Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em julgado sentença que houver absol-
vido o acusado ou declarada extinta a ação penal, o valor que a constituir, atualizado, será restituído
sem desconto, salvo o disposto no parágrafo único do art. 336 deste Código. (Redação dada pela
Lei n. 12.403, de 2011).
• Impossibilidade de novo processo em face da mesma imputação:

Ainda que proferida por juízo absolutamente incompetente, ninguém pode ser processado
duas vezes pelo mesmo fato por força do princípio do ne bis in idem processual.
• Levantamento do sequestro:

CPP, Art. 131. O sequestro será levantado:


III – se for julgada extinta a punibilidade ou absolvido o réu, por sentença transitada em julgado.
• Levantamento do arresto ou cancelamento da hipoteca:

CPP, Art. 141. O arresto será levantado ou cancelada a hipoteca, se, por sentença irrecorrível, o réu
for absolvido ou julgada extinta a punibilidade.
• Retirada da identificação fotográfica dos autos do processo:

Trata-se de disposição da Lei n. 12.037/2009 (identificação criminal do civilmente


identificado):

Art. 7º No caso de não oferecimento da denúncia, ou sua rejeição, ou absolvição, é facultado ao


indiciado ou ao réu, após o arquivamento definitivo do inquérito, ou trânsito em julgado da sentença,
requerer a retirada da identificação fotográfica do inquérito ou processo, desde que apresente pro-
vas de sua identificação civil.

6. Sentença Condenatória
Trata-se da decisão judicial que constata a responsabilidade criminal do acusado tendo
em vista a comprovação da prática de conduta típica, ilícita e culpável a ele imputada. Nessa
situação, haverá a imposição de pena privativa de liberdade, restritiva de direitos ou multa.
Agora, vejamos as disposições do CPP sobre o tema:

CPP, Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:


I – mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantes definidas no Código Penal, e cuja exis-
tência reconhecer;

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II – mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que deva ser levado em conta na
aplicação da pena, de acordo com o disposto nos arts. 59 e 60 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de de-
zembro de 1940 – Código Penal;
III – aplicará as penas de acordo com essas conclusões;
IV – fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuí-
zos sofridos pelo ofendido;
V – atenderá, quanto à aplicação provisória de interdições de direitos e medidas de segurança, ao
disposto no Título Xl deste Livro;
VI – determinará se a sentença deverá ser publicada na íntegra ou em resumo e designará o jornal
em que será feita a publicação (art. 73, § 1º, do Código Penal).

Nesse cenário, a sentença condenatória, por expressa previsão legal, deve conter todos os
elementos contidos nos incisos I, II, III, IV, V e VI do art. 387 do CPP.
O inciso IV, que trata da fixação de valor mínimo para a reparação dos danos causados,
consagra o chamado sistema da confusão em nosso ordenamento jurídico, uma vez que
tanto a pretensão cível quanto a pretensão penal passam a ser analisadas em uma única
ação criminal.
Por fim, tome nota do entendimento jurisprudencial acerca do duplo julgamento do
mesmo fato:

Diante do trânsito em julgado de duas sentenças condenatórias contra o mesmo conde-


nado, por fatos idênticos, deve prevalecer a condenação que transitou em primeiro lugar.
STJ. 6ª Turma. RHC 69.586-PA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio
Schietti Cruz, julgado em 27/11/2018 (Info 642).

6.1. Efeitos Decorrentes da Sentença Penal Condenatória


Efeitos Penais

Os efeitos penais ou primários da sentença penal condenatória: subdividem-se em:


• Cumprimento da pena: de acordo com o STF, o início do cumprimento da pena só pode
ocorrer após o trânsito em julgado de sentença penal condenatória em face do princípio
da presunção de inocência.
• Induzir a reincidência: nos termos do art. 64 do Código Penal.
• Possível regressão do regime carcerário: nos moldes do art. 118, II, Da Lei de Execução
Penal.
• Revogação do sursis: nos termos do art. 81, I, do Código Penal.
• Revogação do livramento condicional: nos termos do art. 84 do Código Penal.

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Efeitos Extrapenais

São aqueles que repercutem em outros ramos do direito. Existem os efeitos extrapenais
obrigatórios (genéricos), aplicados a toda condenação por força do art. 91 do CP. E por outro
lado, existem os efeitos extrapenais específicos (não são automáticos e nem obrigatórios),
que devem ser declarados expressamente e fundamentados na sentença condenatória por
força do art. 92 do CP.

6.2. Sentença Condenatória & Prisão


CPP, Art. 387, § 1º O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, a
imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento de ape-
lação que vier a ser interposta.

Outro ponto que necessita de observação é a questão da prisão. Antigamente, a prisão


decorrente de sentença condenatória recorrível era automática – o que não se faz mais em
dias atuais.
Por força do § 1º do art. 387, portanto, a prisão preventiva do indivíduo condenado em sen-
tença recorrível não se dará mais de forma automática, necessitando de fundamentação que
comprove a necessidade e a adequação de tal medida.

7. Fixação da Pena
A fixação da pena tem por base o princípio da individualização da pena previsto no art.
5º, XLVI, da Constituição Federal. De acordo com a doutrina, esse princípio se traduz em um
verdadeiro direito fundamental do cidadão posicionado frente ao poder repressivo do Estado.
Assim, todo indivíduo condenado criminalmente tem o direito de ter uma pena particularizada
e inextensível a qualquer outra pessoa.
Nessa seara, para fins de fixação da pena, a individualização da pena deve ser observada
em três esferas:

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7.1. Fixação da Pena-Base


Para fixação da pena-base, o juiz deve levar em conta o mínimo e o máximo do valor fixado
no preceito secundário previsto para cada tipo penal incriminador. Além disso, deve levar em
conta todas as circunstâncias judiciais previstas no Código Penal, especificamente no art. 59:

CP, Art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade
do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamen-
to da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do
crime:
I – as penas aplicáveis dentre as cominadas
II – a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III – o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV – a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.

Essas circunstâncias serão analisadas pelo magistrado no decorrer da instrução probató-


ria e possuem correlação direta com a disposição do art. 187 do CPP:

CPP, Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do acusado e sobre
os fatos.

É importante ressaltar que essas circunstâncias serão verificadas pelo juiz de forma apro-
fundada e individualizada. No entanto, a jurisprudência se posiciona no sentido de que a defi-
ciência na fundamentação da fixação da pena não acarretará nulidade da decisão, desde que
a pena fixada respeite o mínimo legal. Contudo, nada impede a interposição de apelação pela
acusação no intuito de majorar a pena.
Temos, portanto, as seguintes situações:

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1. Todas as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP serem favoráveis ao acusado: A pe-


na-base deve ser fixada no mínimo previsto no tipo penal incriminador (o cálculo tem início a
partir do limite mínimo).
2. À medida que forem verificadas circunstâncias desfavoráveis, a pena-base vai se afas-
tando no mínimo legal, alcançando o chamado termo médio (média da soma dos dois extre-
mos: limites mínimo e máximo). E caso se revele circunstância de especial gravidade, justifi-
ca-se a fixação da pena-base distanciada do mínimo legal.
Vejamos um breve resumo acerca das circunstâncias judiciais do art. 59 do CP:
• Culpabilidade: juízo de reprovabilidade do comportamento do agente;
• Antecedentes: informações favoráveis ou desfavoráveis da vida pregressa do agente:

Súmula n. 444 do STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em


curso para agravar a pena base.
Súmula n. 636 do STJ: a folha de antecedentes criminais é documento suficiente a com-
provar os maus antecedentes e a reincidência.

• Conduta social: se relação ao comportamento do agente no meio em que vive (trabalho;


lazer; família; entre outros).

Antecedentes sociais não se confundem com os antecedentes criminais:

“O fato de o acusado ser usuário de drogas não pode ser considerado como má-conduta
social para o aumento da pena-base” (STJ, 6ª Turma, HC 201.453/DF, Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior, j. 02/02/2012, DJe 21/03/2012.).
“Não é possível a utilização de condenações anteriores com trânsito em julgado como
fundamento para negativar a conduta social.” (STJ. 5ª Turma. HC 494.616-PR, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/06/2019.)

• Motivos do crime: diz respeito aos antecedentes psicológicos da conduta delituosa (sé-
rie de fatores que o levaram a praticar o delito).
• Circunstâncias do crime: se coaduna com o meio ou modo de execução do delito (aci-
dentes; local da infração; instrumento usado; entre outros).
• Consequências do crime: relação de intensidade de lesão ou no nível de perigo ao bem
jurídico tutelado (possíveis reflexos em terceiros).
• Comportamento da vítima: pode ser usado como fator criminógeno determinante para
desencadear a prática delituosa, mas jamais para justificar ou isentar o acusado de pena.

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Demais funções das circunstâncias judiciais do art. 59 do CP:


• Podem interferir na escolha da sanção a ser imposta (quando há alternativa prisão ou
multa).
• Podem interferir na fixação da multa (número de dias-multa).
• Podem interferir na escolha do regime penitenciário (fechado, semiaberto, aberto), além
da espécie de pena e sua quantidade.
• Podem interferir na possível substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos.
• Podem interferir no possível cabimento da suspensão condicional da pena.

7.2. Fixação da Pena Provisória


Com a fixação da pena-base oriunda da análise das circunstâncias judiciais do art. 59 do
CP, o juiz seguirá para a valoração das circunstâncias atenuantes e agravantes presentes no
caso concreto.

A fim de se evitar o ne bis in idem penal, uma causa agravante ou atenuante não será aplicada
na hipótese de constituir o crime ou figurar como elementar, qualificadora, privilégio, causa de
aumento ou de diminuição de pena.

Dessa forma, a título de exemplo, não será aplicada a agravante do art. 61, II, do CP (crime
cometido contra criança) na situação de homicídio praticado contra menor de 14 anos (causa
de aumento de pena do próprio tipo penal).
Vejamos a seguir cada uma dessas circunstâncias:
• Circunstâncias agravantes: rol taxativo constante dos arts. 61, 62, 63 e 64 do Código
Penal:

CP, Art. 61. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam
o crime:
I – a reincidência;
II – ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou
impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia
resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hos-
pitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica;

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g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça
particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.

Agravantes no caso de concurso de pessoas:

CP, Art. 62. A pena será ainda agravada em relação ao agente que:
I – promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes;
II – coage ou induz outrem à execução material do crime;
III – instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em vir-
tude de condição ou qualidade pessoal;
IV – executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.

Reincidência:

Art. 63. Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julga-
do a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
Art. 64. Para efeito de reincidência:
I – não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a
infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período
de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação;
II – não se consideram os crimes militares próprios e políticos.
• Circunstâncias atenuantes: rol exemplificativo constante no art. 65 do Código Penal:

CP, Art. 65. São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (Redação dada pela Lei n. 7.209, de
11.7.1984)
I – ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data
da sentença;
II – o desconhecimento da lei;
III – ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-
-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade
superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.

De acordo com o art. 66 do CP, a pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstân-
cia relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.

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Ressalta-se que o CP não determina em abstrato a quantidade de aumento ou de diminui-


ção quando da incidência de agravantes e atenuantes. Assim, esse quantum será definido pelo
magistrado. No entanto, predomina o entendimento de que essa variação deve se dar na pro-
porção 1/6 (um sexto) da pena-base (quantum previsto como limite mínimo das majorantes e
minorantes nas demais disposições do CP). Nesse sentido, o STJ:

Súmula 231-STJ: A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução


da pena abaixo do mínimo legal.

De acordo com o STF, é constitucional a aplicação da reincidência como circunstância


agravante da pena (CP, art. 61, inciso I) e também como fator limitador de concessão de be-
nefícios, sem que haja configuração de bis in idem. Essa posição se deve ao fato da relevância
de se levar em conta o perfil do condenado, bem como diferenciá-lo daqueles que cometeram
uma infração penal pela primeira vez.
Seguimos com a disposição do art. 68 do CP:

CP, Art. 68. A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida
serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição
e de aumento.

Apesar dessa previsão legal, a doutrina possui posição diversa: análise inicial das agravan-
tes, obtendo a elevação da pena-base, e, em seguida, das atenuantes, causando sua redução.
Nesse sentido, André Estefam2 descreve na prática:

a) não há atenuantes ou agravantes no caso concreto: deve a pena base ser mantida no patamar em
que se encontrava, ou seja, a pena provisória ficará no mesmo valor da pena-base;
b) só há atenuantes: a pena provisória deve ser reduzida, adotando-se como limite o mínimo legal
previsto no preceito secundário, nos termos da súmula n. 231 do STJ. Há quem entenda que deve
ser adotado um montante previamente determinado para cada circunstância atenuante: assim, ha-
vendo somente uma, reduz-se a pena-base em 1/6 (um sexto); duas atenuantes, em 1/3 (um terço),
e, assim, sucessivamente, sempre se respeitando o mínimo legal;
c) só há circunstâncias agravantes: a pena provisória deve, obrigatoriamente, ser imposta em valor
superior ao da pena-base, geralmente utilizando-se o quantum acima referido – 1/6 (um sexto) –,
respeitado o limite máximo fixado no preceito secundário;
d) existem agravantes e atenuantes (p. ex., acusado menor de 21 anos à época do fato delituoso, o
qual foi cometido contra ascendente): nesse caso, por meio de uma ponderação qualitativa, deve se
avaliar qual é a circunstância que deve preponderar.

De acordo com o art. 67 do CP, no concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve


aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como
2
ESTEFAM, André. Direito penal, volume 1. São Paulo: Editora Saraiva, 2010. p. 362.

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tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da


reincidência.
Por fim, destaca-se que a base de cálculo para a incidência das agravantes e das atenuan-
tes será a pena-base, em qualquer situação.
Ademais, o reconhecimento de ofício das agravantes está restrito às ações penas públicas:

CPP, Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que
o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora ne-
nhuma tenha sido alegada.

7.3. Fixação da Pena Definitiva


Nessa etapa (terceira e última) do cálculo da pena, o juiz estabelecerá a pena definitiva após
analisar as causas de aumento (majorantes) e as causas de diminuição de pena (minorantes).

Não confunda majorantes e minorantes com qualificadoras e privilégios. Os qualificadores e


privilégios são tipos penais (derivados) que geram novos limites, mínimo e máximo de pena e
serão consideradas no momento de fixação da pena-base (primeira fase). Já as majorantes e
minorantes são apenas causas modificadoras da pena em quantidades fixas (aquele famoso
um terço, um sexto...) e serão analisadas na terceira fase do cálculo da pena.

Ademais, veja as diferenças entre majorantes e minorantes e circunstâncias agravantes e


atenuantes:
1. Localização topográfica no Código Penal:
• Agravantes e atenuantes: estão apenas na parte geral do CP;
• Majorantes e minorantes: estão previstas na parte geral (causas gerais) e na especial
(causas especiais) do CP.

2. Não há um quantum de aumento ou de diminuição expressamente previsto no CP para


agravantes e atenuantes, ao contrário das majorantes e minorantes.
3. Jurisprudência: as agravantes e atenuantes devem respeitar os limites cominados em
abstrato pelo tipo penal (máximo e mínimo). Já as majorantes e minorantes, podem fixar a
pena acima do máximo ou abaixo do mínimo abstratamente previsto no tipo penal.
Ainda é importante mencionar os aspectos que devem ser observados pelo juiz no momen-
to de aplicação das causas de aumento e de diminuição de pena:
1. Em decorrência do art. 68 do CP, majorantes e minorantes previstas na parte geral serão
de incidência obrigatória. No tange às previstas na parte especial, serão de incidência obriga-
tória quando houver apenas uma causa de aumento ou de diminuição. Assim, havendo mais

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de uma na parte especial, o magistrado poderá aplicar todas ou somente uma delas, optando
sempre pelo maior aumento ou pela maior redução:

CP, Art. 68. A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida
serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição
e de aumento. (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único. No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial,
pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que
mais aumente ou diminua. (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)

2. Ordem de aplicação: primeiro a circunstância prevista na Parte Especial e em seguida a


contida na Parte Geral. Essa determinação obedece ao princípio da especialidade.
Em relação ao crime de roubo:

Súmula n. 443 do STJ: O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de


roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua
exasperação a mera indicação do número de majorantes.

3. Aplicar ao final da operação o aumento da pena em virtude do concurso formal, do crime


continuado, do erro na execução e do resultado diverso do pretendido (CP, arts. 70,71, 73 e 74).
Ressaltando que tratando-se de concurso material ou concurso formal impróprio, as penas de
cada delito devem ser somadas.
4. Respeitar o limite máximo previsto no CP:

CP, Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40
(quarenta) anos. (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)

Eu sei que são muitas informações, então vamos esquematizar de forma breve:

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Após a fixação da pena nessas três fases, o juiz estabelecerá o regime inicial de cumpri-
mento da pena e depois a possibilidade da substituição da pena privativa de liberdade aplicada
por outra espécie de pena.

8. Detração Penal
CPP, Art. 387, § 2º O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil
ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de
liberdade.

O parágrafo 2º do art. 387, por sua vez, apresenta o chamado instituto da detração pe-
nal, que consiste no cômputo do tempo de prisão provisória, administrativa ou de internação
para fins de determinação do regime inicial da pena privativa de liberdade a ser cominada
na sentença.

8.1. Sentença Declaratória de Extinção da Punibilidade


Como já observamos, a sentença que decreta a extinção da punibilidade é declaratória,
sendo efetivamente uma decisão definitiva que julga o mérito da causa sem analisar a proce-
dência da acusação.
• Forma da sentença

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CPP, Art. 388. A sentença poderá ser datilografada e neste caso o juiz a rubricará em todas as folhas.

Esse artigo mostra o quanto nosso CPP está atualizado, certo?


Obviamente, para aplicação deste dispositivo, é necessário fazer uma interpretação pro-
gressiva, permitindo que as sentenças digitadas e impressas, em sistemas modernos de com-
putação, também sejam rubricadas pelo magistrado em todas as folhas.
• Publicação da Sentença

A publicação é o ato processual que dá efetiva existência à sentença. Enquanto aguarda


publicação, a sentença é tida como um mero ato particular do juiz (sem força vinculante). Ve-
jamos as disposições legais sobre esse ato:

CPP, Art. 389. A sentença será publicada em mão do escrivão, que lavrará nos autos o respectivo
termo, registrando-a em livro especialmente destinado a esse fim.
Art. 390. O escrivão, dentro de três dias após a publicação, e sob pena de suspensão de cinco dias,
dará conhecimento da sentença ao órgão do Ministério Público.
Art. 391. O querelante ou o assistente será intimado da sentença, pessoalmente ou na pessoa de
seu advogado. Se nenhum deles for encontrado no lugar da sede do juízo, a intimação será feita
mediante edital com o prazo de 10 dias, afixado no lugar de costume.

Primeiramente, note que a publicação da sentença não ocorre com a comunicação em


imprensa oficial, mas sim com a entrega em mãos do escrivão.
Sentença publicada só pode ser alterada em duas hipóteses, as quais você já conhece:
• em caso de embargos de declaração acolhidos pelo magistrado;
• de ofício, pelo próprio magistrado, para correção de erro material.

O prazo, para comunicação da sentença ao MP, é de cinco dias, conforme narra o art. 390
acima transcrito.
• Intimação da sentença ao réu

É o momento em que a parte toma conhecimento do conteúdo da sentença. Dessa forma,


pode analisá-la pontualmente e decidir pela interposição (ou não) de recurso:

CPP, Art. 392. A intimação da sentença será feita:


I – ao réu, pessoalmente, se estiver preso;
II – ao réu, pessoalmente, ou ao defensor por ele constituído, quando se livrar solto, ou, sendo afian-
çável a infração, tiver prestado fiança;
III – ao defensor constituído pelo réu, se este, afiançável, ou não, a infração, expedido o mandado de
prisão, não tiver sido encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça;
IV – mediante edital, nos casos do no II, se o réu e o defensor que houver constituído não forem
encontrados, e assim o certificar o oficial de justiça;

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V – mediante edital, nos casos do no III, se o defensor que o réu houver constituído também não for
encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça;
VI – mediante edital, se o réu, não tendo constituído defensor, não for encontrado, e assim o certifi-
car o oficial de justiça.
§ 1º O prazo do edital será de 90 dias, se tiver sido imposta pena privativa de liberdade por tempo
igual ou superior a um ano, e de 60 dias, nos outros casos.
§ 2º O prazo para apelação correrá após o término do fixado no edital, salvo se, no curso deste, for
feita a intimação por qualquer das outras formas estabelecidas neste artigo.

A intimação da sentença ao réu deve observar as previsões do art. 392, o qual deve ser
lido pelo aluno, pois costuma ser cobrado em provas em sua literalidade. É chato, doloroso e
entediante – porém necessário.

9. Sentença & Inadmissibilidade de Reformatio in Pejus Indireta


Um último ponto importante a ser abordado está nos casos em que apenas o réu recorre
da sentença de primeiro grau, a qual pode vir a ser anulada em sede de recurso. Nesses casos,
não pode haver reforma em prejuízo, haja vista que apenas a defesa recorreu da decisão.
Dessa forma, imagine que o réu foi condenado a 8 anos de prisão pelo Tribunal do Júri. O
MP decide não recorrer, mas a defesa recorre. Na segunda instância, decide-se pela anulação
da decisão recorrida, determinando-se a realização de um novo júri.
Nesse caso, o novo órgão julgador não poderá exceder os limites da pena do julgado im-
pugnado (pois do contrário a situação do acusado iria piorar em seu próprio recurso – refor-
matio in pejus).
Esse entendimento é compartilhado tanto pela jurisprudência do STJ quanto do STF.

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RESUMO
Atos Jurisdicionais
• Nem todo ato praticado pelo juiz é considerado um ato jurisdicional: apenas aqueles que
angularizam a relação processual é que podem receber tal definição.
• São espécies de atos jurisdicionais:

Espécies da Sentença

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Classificações das Sentenças

Conteúdo da Sentença

CPP, Art. 381. A sentença conterá:


I – os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias para identificá-las;
II – a exposição sucinta da acusação e da defesa;

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III – a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão;
IV – a indicação dos artigos de lei aplicados;
V – o dispositivo;
VI – a data e a assinatura do juiz.

Embargos de Declaração
• Caso a sentença seja obscura, ambígua, apresente contradições ou omissões, poderá
ser objeto de embargos de declaração, previsto no art. 382 do CPP.
• Erros materiais podem ser corrigidos de ofício pelo magistrado, se for o caso.

Emendatio Libelli
• Modificação da definição jurídica do fato.
• Tal possibilidade parte do fato de que o réu não se defende da tipificação legal, e sim
dos fatos narrados.
• Além disso, há que se levar em consideração que é atribuição do magistrado conhecer
o direito: a ele basta que sejam fornecidos os fatos.

Mutatio Libelli
• Trata da mudança da definição jurídica em razão de provas ou elementos descobertos
durante a instrução probatória.
• Torna-se necessário que o Ministério Público faça o aditamento da denúncia,
• O aditamento em questão é OBRIGATÓRIO em todos os casos, independentemente do
crime ser mais ou menos grave que a definição jurídica inicialmente contida na denún-
cia.
• O prazo para o aditamento é de cinco dias.

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Sentença Absolutória
• As hipóteses de sentença absolutória estão previstas no rol taxativo do art. 386:

Sentença Condenatória

A sentença condenatória, por expressa previsão legal, deve conter todos os elementos
contidos nos incisos I, II, III, IV, V e VI do art. 387 do CPP.

Sentença Condenatória & Prisão


• Antigamente, a prisão decorrente de sentença condenatória recorrível era automática –
o que não se faz mais em dias atuais.
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• A prisão preventiva do indivíduo condenado em sentença recorrível não se dá mais de


forma automática, necessitando de fundamentação que comprove a necessidade e a
adequação de tal medida.

Fixação da Pena

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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (CESPE/CEBRASPE/2021/MPE-AP/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) Um ser-
vidor público foi denunciado pelo crime de peculato doloso, todavia, no decorrer do processo,
ficou comprovado que o agente havia dado causa ao resultado em decorrência de conduta
manifestamente culposa.
Considerando essa situação hipotética, bem como a posição doutrinária e jurisprudencial a
respeito da matéria em questão, assinale a opção correta.
a) O juiz poderá prolatar sentença condenatória com capitulação jurídica diversa da denúncia,
sem necessidade de aditamento.
b) É incabível, em grau de recurso, a retificação da definição jurídica oferecida pela acusação,
sob pena de supressão da instância.
c) O juiz, antes de prolatar a sentença, deverá abrir vista às partes, para que elas se manifestem
sobre a nova classificação do fato delituoso.
d) A retificação da denúncia, em regra, deverá ser feita após o oferecimento da defesa prelimi-
nar e antes do encerramento da instrução probatória.
e) O Ministério Público, caso discorde da nova classificação jurídica do fato, poderá encami-
nhar os autos à apreciação do procurador-geral; caso este também discorde, o juiz estará vin-
culado à imputação que constar da denúncia.

002. (FGV/2020/MPE-RJ/ESTÁGIO FORENSE DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO


RIO DE JANEIRO) Luis foi denunciado pela prática do crime de estupro de vulnerável (Art. 217-
A do Código Penal), constando da denúncia que “Luis, mediante violência, praticou conjunção
carnal com Bianca, adolescente de 14 anos de idade”. Durante a instrução, todos os fatos
narrados restaram confirmados, inclusive que a vítima já tinha 14 anos quando do ato sexual
mediante violência. O Ministério Público, no momento das alegações finais, apenas requereu a
condenação nos termos da denúncia. A defesa, por sua vez, pediu a absolvição.
Considerando apenas as informações narradas, o magistrado, no momento da sentença:
a) poderá condenar o réu pelo crime de estupro qualificado pela idade da vítima (Art. 213, § 1º,
do CP), independentemente de aditamento, aplicando-se o instituto da emendatio libelli;
b) poderá condenar o réu pelo crime de estupro qualificado pela idade da vítima (Art. 213, § 1º,
do CP), independentemente de aditamento, aplicando-se o instituto da mutatio libelli;
c) deverá encaminhar os autos ao Ministério Público para que realize o aditamento da denún-
cia, aplicando-se o instituto da emendatio libelli;
d) deverá encaminhar os autos ao Ministério Público para que realize o aditamento da denún-
cia, aplicando-se o instituto da mutatio libelli;
e) deverá absolver Luis, considerando que a vítima era maior de 14 anos na data dos fatos.

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003. (CESPE/2020/MPE-CE/TÉCNICO MINISTERIAL) Nero responde a ação penal por crime


contra patrimônio particular na comarca de Caucaia. Como ele não foi encontrado para ser ci-
tado pessoalmente, o juiz nomeou um defensor dativo e deu seguimento ao processo. Por fim,
Nero foi condenado, apesar de a defesa ter alegado nulidade da citação.
Com relação a essa situação hipotética, julgue o item seguinte.
Na sentença condenatória de Nero, o juiz deve fixar valor mínimo para reparação dos danos,
considerando os prejuízos causados à vítima.

004. (FCC/2020/TJ-MS/JUIZ SUBSTITUTO) Quanto à sentença, correto afirmar que o juiz


a) poderá declarar a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambiguidade, contradição
ou omissão, se qualquer das partes o requerer no prazo de 5 (cinco) dias.
b) poderá, sem modificar a descrição contida na denúncia ou queixa, atribuir ao fato definição
jurídica diversa e, havendo possibilidade de proposta de suspensão condicional do proces-
so, procederá de acordo com o disposto na lei, ainda que, por força do crime continuado, a
soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for supe-
rior a um ano.
c) poderá proferir sentença condenatória, ainda que requerida a absolvição pela acusação,
independentemente da natureza da ação.
d) não fica adstrito aos termos do aditamento, se procedido após encerrada a instrução proba-
tória em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração
penal não contida na acusação.
e) poderá reconhecer circunstância agravante não alegada pela acusação, segundo previsto na
legislação processual penal.

005. (CESPE/2020/MPE-CE/PROMOTOR DE JUSTIÇA DE ENTRÂNCIA INICIAL) Na hipóte-


se de haver duplo julgamento do mesmo fato, deve prevalecer o processo em que:
a) a sentença transitar em julgado primeiro.
b) a sentença for prolatada primeiro.
c) o inquérito tiver sido instaurado primeiro.
d) a denúncia tiver sido ofertada primeiro.
e) a sentença for mais favorável ao acusado.

006. (IBFC/2020/TRE-PA/ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA) Segundo as disposi-


ções do Código de Processo Penal, assinale a alternativa que não apresenta uma hipótese de
sentença de absolvição do réu:
a) Quando estiver provada a inexistência do fato
b) Quando não houver prova da existência do fato
c) Quando houver prova de que o réu não concorreu para a infração penal
d) Quando houver prova de ter o réu concorrido para a infração penal

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007. (CESPE/CEBRASPE/2019/TJ-BA/JUIZ LEIGO) Em se tratando de sentenças proferidas


pelos juizados especiais criminais, a fundamentação é
a) obrigatória apenas nas sentenças condenatórias que imponham pena privativa de liberdade.
b) dispensável nas sentenças condenatórias que apliquem pena de detenção igual ou infe-
rior a um ano.
c) dispensável nas sentenças absolutórias.
d) facultativa nas sentenças condenatórias, independentemente da quantidade da pena.
e) obrigatória tanto nas sentenças absolutórias quanto nas sentenças condenatórias.

008. (CESPE/CEBRASPE/2019/TJ-BA/JUIZ LEIGO) Sentença absolutória imprópria é


aquela fundada
a) em erro de proibição.
b) na inexistência do fato imputado na denúncia ou queixa.
c) em excludente de ilicitude.
d) na inimputabilidade total do réu ao tempo do delito.
e) em descriminante putativa.

009. (CESPE/2016/DPU/ANALISTA TÉCNICO – ADMINISTRATIVO) A respeito da sentença


condenatória e dos atos jurisdicionais, julgue o próximo item.
Na sentença penal condenatória, o juiz deverá fixar o valor máximo para a reparação dos da-
nos, considerando os prejuízos causados ao ofendido em razão da infração.

010. (CESPE/2016/DPU/ANALISTA TÉCNICO – ADMINISTRATIVO) A respeito da sentença


condenatória e dos atos jurisdicionais, julgue o próximo item.
Havendo fundada dúvida sobre a ocorrência de legítima defesa, o juiz deverá absolver o réu,
determinando sua soltura, caso esteja preso.

011. (CESPE/2015/TJ-DFT/ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA) Julgue o item seguinte, a


respeito do processo penal e da execução penal.
Com base no princípio da correlação, mesmo em grau recursal, é possível atribuir-se definição
jurídica diversa à descrição do fato contida na denúncia ou queixa, não podendo, porém, ser
agravada a pena quando somente o réu houver apelado da sentença.

012. (CESPE/2014/TJ-SE/ANALISTA JUDICIÁRIO – DIREITO) Acerca de sentença e de re-


cursos no processo penal, julgue os itens seguintes.
Caso somente o réu tenha oferecido recurso de apelação e o tribunal de justiça decida anular a
sentença condenatória, eventual nova sentença do juiz de primeiro grau não poderá extrapolar
o limite de pena originalmente estabelecido na decisão anulada.

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013. (CESPE/2014/PGE-BA/PROCURADOR DO ESTADO) Considere que Marina tenha sido


processada por crime de furto supostamente cometido contra seu primo André e que, após a
fase de produção de provas, o MP, convencido de sua inocência, tenha opinado por sua absolvi-
ção. Nessa situação hipotética, segundo o Código de Processo Penal, o juiz não poderá proferir
sentença condenatória contra Marina.

014. (CESPE/2013/STF/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Acerca da emendatio


libelli e de outros importantes institutos do processo penal, julgue os itens subsequentes.
Se da nova capitulação legal dos fatos contidos na denúncia resultar modificação da natureza
da ação penal de pública incondicionada para condicionada, ou de pública incondicionada para
de iniciativa privada, o juiz deverá declarar extinta a punibilidade do acusado.

015. (CESPE/2013/STF/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Acerca da emendatio


libelli e de outros importantes institutos do processo penal, julgue os itens subsequentes.
O STF sumulou o entendimento no sentido da impossibilidade da mutatio libelli em segundo
grau de jurisdição, o qual se mantém válido, a despeito das modificações nas normas proces-
suais sobre a matéria, uma vez que os princípios da proibição da reformatio in pejus, da ampla
defesa e da congruência da sentença penal, entre outros, vedam o aditamento à denúncia e a
inclusão de fato novo após a sentença de primeiro grau.

016. (CESPE/2010/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL) Considere que, ao sentenciar de-


terminado feito criminal, o juiz, sem modificar a descrição do fato referido na denúncia, atri-
bui-lhe definição jurídica diversa, verificando, em consequência disso, que a competência é de
outro juízo. Nessa situação, ocorre a perpetuatio jurisdicionis, devendo o juiz sentenciar, desde
logo, o feito, sem necessidade de remessa a outro juízo.

017. (CESPE/2010/TRE-BA/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) A sentença que


concede perdão judicial é denominada pela doutrina de sentença suicida.

018. (CESPE/2008/DPE-CE/DEFENSOR PÚBLICO) Sem necessidade de aditamento, o juiz


poderá dar ao fato definição jurídica diversa da que constar da queixa ou da denúncia, ainda
que, em consequência disso, tenha de aplicar pena mais grave.

019. (CESPE/2008/DPE-CE/DEFENSOR PÚBLICO) É denominada absolutória imprópria a


sentença em que o juiz absolve o acusado, mas impõe-lhe medida de segurança.

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GABARITO
1. a
2. a
3. C
4. e
5. a
6. d
7. e
8. d
9. E
10. C
11. C
12. C
13. C
14. E
15. C
16. E
17. E
18. C
19. C

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GABARITO COMENTADO
001. (CESPE/CEBRASPE/2021/MPE-AP/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) Um ser-
vidor público foi denunciado pelo crime de peculato doloso, todavia, no decorrer do processo,
ficou comprovado que o agente havia dado causa ao resultado em decorrência de conduta
manifestamente culposa.
Considerando essa situação hipotética, bem como a posição doutrinária e jurisprudencial a
respeito da matéria em questão, assinale a opção correta.
a) O juiz poderá prolatar sentença condenatória com capitulação jurídica diversa da denúncia,
sem necessidade de aditamento.
b) É incabível, em grau de recurso, a retificação da definição jurídica oferecida pela acusação,
sob pena de supressão da instância.
c) O juiz, antes de prolatar a sentença, deverá abrir vista às partes, para que elas se manifestem
sobre a nova classificação do fato delituoso.
d) A retificação da denúncia, em regra, deverá ser feita após o oferecimento da defesa prelimi-
nar e antes do encerramento da instrução probatória.
e) O Ministério Público, caso discorde da nova classificação jurídica do fato, poderá encami-
nhar os autos à apreciação do procurador-geral; caso este também discorde, o juiz estará vin-
culado à imputação que constar da denúncia.

Vejamos caso a caso:


a) Certa. É o que estudamos acerca da emendatio libelli (art. 383 do CPP).
b) Errada. Poderá ocorrer emendatio libelli em fase recursal. Entretanto, nessa fase, a revisão
não pode implicar em prejuízo para o acusado.
c) Errada. O entendimento majoritário na emendatio libelli é no sentido de que não há necessi-
dade de se abrir vista às partes para que estas se manifestem acerca da nova classificação,
uma vez que em sede processual penal, o acusado defende-se dos fatos que lhe são imputa-
dos e não da capitulação.
d) Errada. Segundo o STF, o momento adequado para operar a emendatio libelli é o da prolação
da sentença.
e) Errada. O juiz não estará vinculado à imputação inicial da peça acusatória.
Letra a.

002. (FGV/2020/MPE-RJ/ESTÁGIO FORENSE DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO


RIO DE JANEIRO) Luis foi denunciado pela prática do crime de estupro de vulnerável (Art. 217-
A do Código Penal), constando da denúncia que “Luis, mediante violência, praticou conjunção
carnal com Bianca, adolescente de 14 anos de idade”. Durante a instrução, todos os fatos
narrados restaram confirmados, inclusive que a vítima já tinha 14 anos quando do ato sexual

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mediante violência. O Ministério Público, no momento das alegações finais, apenas requereu a
condenação nos termos da denúncia. A defesa, por sua vez, pediu a absolvição.
Considerando apenas as informações narradas, o magistrado, no momento da sentença:
a) poderá condenar o réu pelo crime de estupro qualificado pela idade da vítima (Art. 213, § 1º,
do CP), independentemente de aditamento, aplicando-se o instituto da emendatio libelli;
b) poderá condenar o réu pelo crime de estupro qualificado pela idade da vítima (Art. 213, § 1º,
do CP), independentemente de aditamento, aplicando-se o instituto da mutatio libelli;
c) deverá encaminhar os autos ao Ministério Público para que realize o aditamento da denún-
cia, aplicando-se o instituto da emendatio libelli;
d) deverá encaminhar os autos ao Ministério Público para que realize o aditamento da denún-
cia, aplicando-se o instituto da mutatio libelli;
e) deverá absolver Luis, considerando que a vítima era maior de 14 anos na data dos fatos.

A assertiva que mais se coaduna com a situação hipotética é a que traz a aplicação da emen-
datio libelli:

CPP, Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atri-
buir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave.
Letra a.

003. (CESPE/2020/MPE-CE/TÉCNICO MINISTERIAL) Nero responde a ação penal por crime


contra patrimônio particular na comarca de Caucaia. Como ele não foi encontrado para ser ci-
tado pessoalmente, o juiz nomeou um defensor dativo e deu seguimento ao processo. Por fim,
Nero foi condenado, apesar de a defesa ter alegado nulidade da citação.
Com relação a essa situação hipotética, julgue o item seguinte.
Na sentença condenatória de Nero, o juiz deve fixar valor mínimo para reparação dos danos,
considerando os prejuízos causados à vítima.

A questão aborda uma determinação expressa do CPP:

CPP, Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:


IV – fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuí-
zos sofridos pelo ofendido.
Certo.

004. (FCC/2020/TJ-MS/JUIZ SUBSTITUTO) Quanto à sentença, correto afirmar que o juiz


a) poderá declarar a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambiguidade, contradição
ou omissão, se qualquer das partes o requerer no prazo de 5 (cinco) dias.

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b) poderá, sem modificar a descrição contida na denúncia ou queixa, atribuir ao fato definição
jurídica diversa e, havendo possibilidade de proposta de suspensão condicional do proces-
so, procederá de acordo com o disposto na lei, ainda que, por força do crime continuado, a
soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for supe-
rior a um ano.
c) poderá proferir sentença condenatória, ainda que requerida a absolvição pela acusação,
independentemente da natureza da ação.
d) não fica adstrito aos termos do aditamento, se procedido após encerrada a instrução proba-
tória em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração
penal não contida na acusação.
e) poderá reconhecer circunstância agravante não alegada pela acusação, segundo previsto na
legislação processual penal.

Vejamos caso a caso:


a) Errada. De acordo com o art. 382 do CPP: Art. 382. Qualquer das partes poderá, no prazo de
2 (dois) dias, pedir ao juiz que declare a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambi-
guidade, contradição ou omissão.
b) Errada. Nos termos da Súmula n. 723 do STF:

Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da


pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a
um ano.

c) Errada. Nos termos do art. 385 do CPP:

Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério
Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha
sido alegada.
d) Errada. Nos termos do art. 384 do CPP:

§ 4º Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco)
dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento.
e) Certa. É disposição do art. 385 do CPP anteriormente mencionado.
Letra e.

005. (CESPE/2020/MPE-CE/PROMOTOR DE JUSTIÇA DE ENTRÂNCIA INICIAL) Na hipóte-


se de haver duplo julgamento do mesmo fato, deve prevalecer o processo em que:
a) a sentença transitar em julgado primeiro.
b) a sentença for prolatada primeiro.

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c) o inquérito tiver sido instaurado primeiro.


d) a denúncia tiver sido ofertada primeiro.
e) a sentença for mais favorável ao acusado.

Trata-se de entendimento jurisprudencial:

Diante do trânsito em julgado de duas sentenças condenatórias contra o mesmo conde-


nado, por fatos idênticos, deve prevalecer a condenação que transitou em primeiro lugar.
STJ. 6ª Turma. RHC 69.586-PA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio
Schietti Cruz, julgado em 27/11/2018 (Info 642).

Letra a.

006. (IBFC/2020/TRE-PA/ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA) Segundo as disposi-


ções do Código de Processo Penal, assinale a alternativa que não apresenta uma hipótese de
sentença de absolvição do réu:
a) Quando estiver provada a inexistência do fato
b) Quando não houver prova da existência do fato
c) Quando houver prova de que o réu não concorreu para a infração penal
d) Quando houver prova de ter o réu concorrido para a infração penal

Questão tranquila. Sem dúvidas, não haverá absolvição sumária diante de prova de ter o réu
concorrido para a infração penal.
Letra d.

007. (CESPE/CEBRASPE/2019/TJ-BA/JUIZ LEIGO) Em se tratando de sentenças proferidas


pelos juizados especiais criminais, a fundamentação é
a) obrigatória apenas nas sentenças condenatórias que imponham pena privativa de liberdade.
b) dispensável nas sentenças condenatórias que apliquem pena de detenção igual ou infe-
rior a um ano.
c) dispensável nas sentenças absolutórias.
d) facultativa nas sentenças condenatórias, independentemente da quantidade da pena.
e) obrigatória tanto nas sentenças absolutórias quanto nas sentenças condenatórias.

Conforme estudamos, a ausência de relatório é causa de nulidade absoluta, salvo no procedi-


mento sumaríssimo (Lei n. 9.099/1995), no qual é dispensado.

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No entanto, a fundamentação deverá estar presente, seja na sentença condenatória ou


absolutória.
Letra e.

008. (CESPE/CEBRASPE/2019/TJ-BA/JUIZ LEIGO) Sentença absolutória imprópria é


aquela fundada
a) em erro de proibição.
b) na inexistência do fato imputado na denúncia ou queixa.
c) em excludente de ilicitude.
d) na inimputabilidade total do réu ao tempo do delito.
e) em descriminante putativa.

A sentença absolutória imprópria ocorre face ao réu inimputável, impondo-lhe medida de segu-
rança, no interesse de sua recuperação.
Letra d.

009. (CESPE/2016/DPU/ANALISTA TÉCNICO – ADMINISTRATIVO) A respeito da sentença


condenatória e dos atos jurisdicionais, julgue o próximo item.
Na sentença penal condenatória, o juiz deverá fixar o valor máximo para a reparação dos da-
nos, considerando os prejuízos causados ao ofendido em razão da infração.

Questão maldosa (mas a essa altura do campeonato já estamos vacinados). O examinador


modificou o texto do art. 387 do CPP. O magistrado não irá fixar valor máximo para a reparação
dos danos, mas sim o valor mínimo.
Errado.

010. (CESPE/2016/DPU/ANALISTA TÉCNICO – ADMINISTRATIVO) A respeito da sentença


condenatória e dos atos jurisdicionais, julgue o próximo item.
Havendo fundada dúvida sobre a ocorrência de legítima defesa, o juiz deverá absolver o réu,
determinando sua soltura, caso esteja preso.

Questão baseada unicamente no texto de lei, mais especificamente no art. 386, VI, CPP:

Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça [...]
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26
e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência.
Certo.

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011. (CESPE/2015/TJ-DFT/ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA) Julgue o item seguinte, a


respeito do processo penal e da execução penal.
Com base no princípio da correlação, mesmo em grau recursal, é possível atribuir-se definição
jurídica diversa à descrição do fato contida na denúncia ou queixa, não podendo, porém, ser
agravada a pena quando somente o réu houver apelado da sentença.

Questão muito boa, resumida, mas muito detalhada. De fato, o princípio da correlação permite
a atribuição de definição jurídica diversas à descrição contida na denúncia (emendatio libelli).
No entanto, conforme estudamos, não é admitida a reformatio in pejus quando apenas o réu/
defesa recorrerem da decisão.
Certo.

012. (CESPE/2014/TJ-SE/ANALISTA JUDICIÁRIO – DIREITO) Acerca de sentença e de re-


cursos no processo penal, julgue os itens seguintes.
Caso somente o réu tenha oferecido recurso de apelação e o tribunal de justiça decida anular a
sentença condenatória, eventual nova sentença do juiz de primeiro grau não poderá extrapolar
o limite de pena originalmente estabelecido na decisão anulada.

Com certeza. Nesse caso, a sentença impugnada limita a pena a ser imposta, sob pena de
ocorrência de reformatio in pejus com recurso apenas da defesa.
Certo.

013. (CESPE/2014/PGE-BA/PROCURADOR DO ESTADO) Considere que Marina tenha sido


processada por crime de furto supostamente cometido contra seu primo André e que, após a
fase de produção de provas, o MP, convencido de sua inocência, tenha opinado por sua absolvi-
ção. Nessa situação hipotética, segundo o Código de Processo Penal, o juiz não poderá proferir
sentença condenatória contra Marina.

Outra questão baseada unicamente no texto de lei (art. 385 CPP). Vamos relembrar:

CPP, Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que
o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora ne-
nhuma tenha sido alegada.
Certo.

014. (CESPE/2013/STF/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Acerca da emendatio


libelli e de outros importantes institutos do processo penal, julgue os itens subsequentes.

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Se da nova capitulação legal dos fatos contidos na denúncia resultar modificação da natureza
da ação penal de pública incondicionada para condicionada, ou de pública incondicionada para
de iniciativa privada, o juiz deverá declarar extinta a punibilidade do acusado.

Negativo. Não se trata de caso de extinção da punibilidade. Pode-se até extinguir a ação pe-
nal (no caso da ação penal privada) para que o querelante possa ingressar com a ação penal
própria, ou chamar-se a quem de direito para oferecer a representação (no caso de ação penal
pública condicionada), mas conforme estudamos, em nenhum dos casos pode-se falar em
extinção da punibilidade do acusado.
Errado.

015. (CESPE/2013/STF/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Acerca da emendatio


libelli e de outros importantes institutos do processo penal, julgue os itens subsequentes.
O STF sumulou o entendimento no sentido da impossibilidade da mutatio libelli em segundo
grau de jurisdição, o qual se mantém válido, a despeito das modificações nas normas proces-
suais sobre a matéria, uma vez que os princípios da proibição da reformatio in pejus, da ampla
defesa e da congruência da sentença penal, entre outros, vedam o aditamento à denúncia e a
inclusão de fato novo após a sentença de primeiro grau.

Exato. Questão embasada na Súmula n. 453 do STF. Não há muito o que adicionar: não é pos-
sível realizar a aplicação da mutatio libelli em segundo grau de jurisdição.
Certo.

016. (CESPE/2010/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL) Considere que, ao sentenciar de-


terminado feito criminal, o juiz, sem modificar a descrição do fato referido na denúncia, atri-
bui-lhe definição jurídica diversa, verificando, em consequência disso, que a competência é de
outro juízo. Nessa situação, ocorre a perpetuatio jurisdicionis, devendo o juiz sentenciar, desde
logo, o feito, sem necessidade de remessa a outro juízo.

Questão que aparenta ser complexa, mas que na verdade está unicamente baseada no art.
383, § 2º, do CPP:

§ 2º Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão encaminhados os autos.


Errado.

017. (CESPE/2010/TRE-BA/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) A sentença que


concede perdão judicial é denominada pela doutrina de sentença suicida.

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Os examinadores adoram esses conceitos doutrinários com nomes confusos (como “senten-
ça suicida”).
O conceito apresentado, nesse sentido, está incorreto. A sentença suicida é aquela que, segun-
do a doutrina, guarda dispositivo que contraria as razões apresentadas em sua fundamentação.
Errado.

018. (CESPE/2008/DPE-CE/DEFENSOR PÚBLICO) Sem necessidade de aditamento, o juiz


poderá dar ao fato definição jurídica diversa da que constar da queixa ou da denúncia, ainda
que, em consequência disso, tenha de aplicar pena mais grave.

Exatamente! Conforme estudamos, trata-se de caso de emendatio libelli. É sim possível a res-
ponsabilização criminal nesses termos (lembre-se que o juiz julga fatos, e tem a palavra final
sobre a capitulação jurídica do caso concreto).
Certo.

019. (CESPE/2008/DPE-CE/DEFENSOR PÚBLICO) É denominada absolutória imprópria a


sentença em que o juiz absolve o acusado, mas impõe-lhe medida de segurança.

Exatamente conforme estudamos – eis o conceito da sentença absolutória imprópria.


Certo.

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Agente da Polícia Civil do Distrito Federal, aprovado em 6º lugar no concurso realizado em 2013. Aprovado
em vários concursos, como Polícia Federal (Escrivão), PCDF (Escrivão e Agente), PRF (Agente), Ministério
da Integração, Ministério da Justiça, BRB e PMDF (Soldado – 2012 e Oficial – 2017).

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