Série Homens Perfeitos Milionário Perfeito Julia Mendez

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PERIGOSAS NACIONAIS

PERIGOSAS ACHERON
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Julia Mendez 2018

Copyright© 2018 Julia Mendez


Capa: Julia Mendez
Revisão: Váléria Jasper
Diagramação Digital: Julia Mendez
Essa é uma obra de ficção. Nomes,
personagens, lugares e acontecimentos descritos
são produtos da imaginação da autora. Qualquer
semelhança com nomes, datas e acontecimentos
reais é mera coincidência.
Essa obra segue as regras da Nova Ortografia
da língua Portuguesa.
Todos os direitos reservados.
São proibidos o armazenamento e/ ou a
reprodução de qualquer parte dessa obra, através de
quaisquer meios ​— tangível ou intangível — sem o
consentimento escrito da autora.
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Criado no Brasil.
A violação dos direitos autorais é crime
estabelecido na lei nº. 9.610/98 e punido pelo artigo
184 do Código Penal.

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Para os meus amados leitores.


Obrigada por todo carinho,
comentários, ideias e por me
impulsionar a escrever mais uma obra.
Este livro é para vocês.
Com amor Julia Mendez.

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O sucesso nasce do querer, da


determinação e persistência em se
chegar a um objetivo. Mesmo não
atingindo o alvo, quem busca e vence
obstáculos, no mínimo fará coisas
admiráveis.
José de Alencar.

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Prólogo

Anna Beatriz
Saí do banheiro apressada e enrolada na toalha
caminhando com dificuldades para não escorregar,
pois, meu celular estava tocando insistentemente. E
a pessoa do outro lado deveria estar desesperada ou
morrendo.
Atendi apressada e disse:
— Nossa May! O que é isso? Morreu
alguém? — perguntei assim que atendi o
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telefonema de minha melhor amiga, de Toronto.


— Não, ainda não, mas se prepare para morrer.
Adivinha quem me ligou pedindo o número do seu
celular? — ela estava toda eufórica.
— Não faço ideia. — respondi desinteressada
sentando em minha cama.
— Freddy Mason. — soletrou
pausadamente com bastante satisfação.
O nome Freddy não me despertava
nenhum tipo de emoção, mas ao ouvir o
sobrenome Mason, meu coração bateu acelerado,
com a mesma intensidade de quando eu ainda era
só uma adolescente apaixonada pelo primo dele,
Eric Mason.
Suspirei fingindo desinteresse e questionei:
— Você sabe o que ele quer comigo?
— O mesmo que queria comigo quando me
ligou hoje mais cedo.
— Então me conte. O que ele quer?
— Ligou para me convidar para uma festa que
estará dando em sua cobertura aqui em Toronto. As
festas do Freddy são as melhores da cidade.
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— Não entendi nada, faz anos que não o vejo,


o que ele quer comigo?
— Não acredito que você seja assim tão
lerda, Anna, é claro que ele vai te convidar
também.
— Mas por quê?
— Porque se trata de uma festa para reunir o
pessoal que se formou no colegial junto com a
gente.
Levantei da cama e saí andando com o celular
apoiado entre o rosto e meu ombro, enquanto eu
segurava a toalha com uma das mãos e pegava
uma calcinha em minha gaveta com a outra.
— Bom, ele ainda não me ligou, e se ligar, vou
dizer que não poderei ir. Esqueceu que vou para
Toronto daqui a um mês? Minhas passagens já
estão compradas e tudo.
— Antecipe à viagem, simples assim.
— Não é simples assim, vou à Toronto para
fazer a exposição do meu trabalho, ok? Tenho
muito que organizar por aqui ainda, não posso me
dar ao luxo de uma viagem dessas só para estar

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presente em uma festa do Freddy.


— Mas tem o Eric, o que me diz? Não sente
vontade de reencontrá-lo?
— Eu… Eu… — rodei em meus calcanhares
procurando uma desculpa certa. — Vou estar
ocupada nesse dia.
— Anna, eu nem te falei o dia ainda.
— Mas eu não estou nem um pouco
interessada em ir, até porque, Toronto não é logo
ali, não é mesmo?
— Juro por Deus, desfaço nossa amizade de
toda vida se você não for nessa festa comigo, é
o Freddy Mason, lembra? Um dos solteiros mais
cobiçados de Toronto e eu preciso ir a essa festa e
detesto as outras mulheres que estarão lá.
— Como você pode ser tão chantagista assim,
hein?
— Vai me dizer que não tem vontade de rever
o Eric? — repetiu a pergunta que fizera minutos
atrás.
— May, não o vejo há anos, não sei nem como
ele é hoje, já se passaram doze anos desde o último

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dia em que o vi. Não sei se está magro ou


barrigudo, casado e com uma penca de filhos, e não
me interessa saber, não mesmo.
— Nenhuma das alternativas acima. Já te falei
mil vezes que ele ainda é uma delícia em
potencial e o mais importante, é milionário e se
encontra solteiro no momento.
— Não ligo para isso, ainda assim, minha
história com o Eric ficou no passado, são doze
anos.
— Quem liga para números? Fala sério! Tudo
isso porque você sempre foi uma covarde e
continua sendo uma nesse momento.
— Covarde? Eu?
— Sim, você. Não conheço outra definição
para uma pessoa que abandona o namorado só
porque se mudou de cidade.
Gargalhei no telefone retrucando-a:
— Você se esqueceu à distância entre Toronto,
no estado de Ontário, até Edmonton, em Alberta?
— E daí? São quatro horas de avião. —
respondeu desfazendo minha justificativa deixando

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a quilometragem no chinelo quando se tratava


de uma viagem de avião.
— São 3. 500 km, eu não podia ficar me
iludindo achando que um namoro assim daria certo.
— Mas você simplesmente o abandonou. —
retrucou.
— Não, eu terminei com ele, é diferente, não o
abandonei e além do mais, você acha que não sofri
com isso? Você melhor que ninguém sabe o
quanto eu sofri.
— Hora de você tentar consertar isso logo de
uma vez.
— Você fala como se isso fosse muito fácil,
como se eu fosse chegar aí e dizer: Oi Eric, sou
eu, Anna Beatriz, será que você gostaria de
retomar nosso namoro de onde paramos?” Não
farei isso né?!
— Olha, você já iria vir para cá mesmo, não é?
Então, só antecipe à viagem.
— Não sei se irei antecipar, tenho muita coisa
para embalar e despachar para Toronto, não é assim
tão fácil, vou pensar nisso, e depois te aviso, mas

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não crie expectativas.


— Se você não vier, adeus vernissage. — May
estava bancando meu vernissage em uma galeria de
artes de Toronto, era um presente de aniversário
que eu simplesmente amei, ela era muito influente e
havia convidado muitas pessoas importantes da
cidade, era a minha oportunidade de visibilidade.
— Não seja tão dramática, você deveria ter
seguido carreira de atriz, isso sim.
— É, mas eu não segui, e sou a mulher que
irá bancar seu sonho.
— Isso foi um presente de aniversário, lembra?
— Sim, mas vou te chantagear com isso
mesmo assim.
—Se ele me ligar, se... Eu penso com carinho
se devo antecipar à viagem, tudo bem?
— Nem pense em recusar. — intimou-me.
—Vou desligar agora, vai que ele te ligue e
você está ocupada comigo.
— Tudo bem, tchau.
— Tchau.
Só podia ser uma brincadeira, ter que antecipar
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minha viagem por conta de uma festa boba, cheia


de pessoas que não vejo há anos e que não faziam
outra coisa a não ser ficar me enchendo de apelidos
idiotas.
Coloquei o celular no canto da cama e vesti
minha calcinha, vesti uma camiseta velha branca e
me deitei na cama, aquela foi sem dúvidas à
surpresa mais estranha que eu havia tido. Na época
em que nos mudamos, eu tinha apenas 17 anos, era
cheia de sardas, sonhos e planos, mas em nenhum
deles Eric estava de fora, namorávamos há dois
anos quando à notícia da mudança me pegou de
surpresa. Lembro-me como se fosse hoje, consigo
até sentir o cheiro do assado de pato que estava na
mesa de jantar àquela noite.
— Tenho uma novidade para vocês,
meninas. — disse meu pai com a expressão facial
mais feliz que já tinha visto em seu rosto.
— Novidade, James? Do que se trata? —
questionou minha mãe terminando de servir o
prato dele. Eu senti a falsidade de minha mãe no
ar, eu tinha certeza que ela já sabia do que se
tratava.
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— A vaga na Universidade de Alberta saiu,


tanto para mim quanto para você querida. —
disse meu pai me encarando.
— Para mim? Não me inscrevi em nenhum
curso em Alberta.
— Tomei a liberdade de fazer isso, já que era
certo que me contratariam como mestre.
Minhas mãos começaram a suar, meu coração
palpitou e um nó imensurável se formou em minha
garganta.
— E se eu quiser estudar em outro lugar? Já
passou pela sua cabeça, papai? Já pensou que eu
posso não querer sair de Toronto?
— Sim, mas não tenho como mantê-la aqui
sozinha, sou apenas um professor universitário, e
bem sabemos que o custo de vida aqui é
impraticável para uma mocinha de apenas 17
anos. — lembro-me de ter tirado o guardanapo do
colo e de tê-lo colocado com muita força em cima
da mesa e corrido para meu quarto para chorar
até os olhos incharem.
— Eu sinto muito meu amor. — disse minha
mãe da porta do quarto.
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— Eu o amo, mamãe, amo o Eric, como vai


ficar isso?
— Vocês ainda são muito novos, seguirão
caminhos diferentes e irão perceber que tudo não
passou de um namoro de adolescentes, isso sem
contar a diferença de classe social. — estudávamos
na mesma escola apenas porque meu pai era
professor de lá.
— Eu odeio vocês, eu odeio o que irão fazer
comigo.
— Vai se arrepender de ter dito isso um dia.

Saí do meu devaneio com o susto do celular


tocando novamente e no visor aparecia um número
desconhecido.
Titubeei e não sabia se deveria atender,
não sabia ainda o que responder antes mesmo de ter
sido convidada. O telefone tocou até cair à ligação,
e assim abracei-me a ele e novamente levei outro
susto quando o celular voltou a tocar, então decidi
atendê-lo.
— Alô!

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— Anna Hall?
— Sim, ela mesma. — respondi. — Quem está
falando? — perguntei mesmo imaginando que
poderia ser o Freddy.
— Oi! Perdão, aqui é o Freddy Mason, de
Toronto, lembra-se?
— Ah! Claro que me lembro de você, Freddy,
quem iria esquecê-lo, não é mesmo?
Escutei o barulho da risada espalhafatosa dele e
então voltou a falar:
— Muito bom! Bem Anna, é que estou
organizando um reencontro entre o pessoal que
estudou conosco no ensino médio. É uma festa bem
informal aqui mesmo no meu apartamento,
coisa simples, para que possamos rever toda à
turma, então estou te ligando para convidá-la, o que
me diz?
— Nossa, Freddy, estou bem surpresa com o
convite. — de fato eu estava. — Mas estou tão
longe que não sei se poderei ir.
— Poxa! Todos confirmaram presença. Eu ia
ficar muito feliz se todos pudessem vir,

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principalmente você.
Suspirei e questionei:
— E qual é a data que você marcou?
— Daqui a uma semana, dia 27 de setembro.
Vou ficar muito feliz se você se esforçar e aparecer.
Convidei a May também, e ela sabe o
endereço certinho, caso você decida vir.
Falou como se Toronto fosse logo ali.
— Freddy, fico muito feliz por sua lembrança a
minha pessoa, prometo estudar as possibilidades de
ir.
— Estarei torcendo para que venha. Eric vai
estar na festa também, achei que vocês gostariam
de se rever.
Ponderei antes de responder, e fingindo
desinteresse falei apenas:
— Mais uma vez muito obrigada.
— Não me agradeça, só apareça, por favor.
Boa noite, Anna, qualquer dúvida só retornar nesse
mesmo número.
— Boa noite, Freddy. Até mais. — desliguei
com o, por favor, dele martelando em minha
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cabeça.
Joguei-me de costas na cama com minha
cabeça criando um milhão de cenas onde eu iria
poder rever o Eric. Eu não o tinha em minhas redes
sociais, por algum motivo, resolvi abolir o meu
passado da minha vida, eu sofreria menos se
deixasse tudo para trás e foi exatamente o que fiz.
“Meu Pôr do sol”. Pensei lembrando-me de
como Eric me chamava, dizia que eu era o Pôr do
Sol mais lindo que ele já tinha visto, e de todos os
apelidos que recebi na vida, aquele, sem dúvida era
o mais carinhoso.
Visitava vovó em Toronto uma vez por ano e
em nenhuma delas vi Eric, eu simplesmente evitava
encontrá-lo. Será que era hora de repensar e aceitar
mesmo o convite?
Sentei-me na cama, apanhei meu notebook e
digitei o nome Eric Mason e em seguida cliquei em
imagens, então constatei que ele havia mudado
muito, não era mais tão franzino, muito pelo
contrário, era um homem lindo, forte, com uma
postura estática elegante, peito estufado na maioria
das fotos, e nas mais recentes estava com uma
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mulher morena ao seu lado e assim que me permitir


analisar aquelas fotos, onde ele a segurava pela
cintura com um sorriso contido, simplesmente
fechei o computador imediatamente. Eu tinha um
vernissage para organizar e não podia perder tempo
com o passado, não mesmo. Eu simplesmente não
era o tipo de mulher para estar ao lado de um
homem daqueles.

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Capítulo 1

Eric

A vida é realmente surpreendente, você vai do


céu ao inferno em milésimos de segundos. O
mundo gira, o dia vira noite, você tem a vida
estável e depois está tudo destruído à sua volta.
Aniquilado, essa é a palavra que resume bem
os últimos três meses da minha vida, onde criar um
casulo em volta de mim foi a única chance que
encontrei para continuar vivendo, quando a única
vontade era morrer.
Eu não me reconhecia mais no espelho, a
imagem que refletia me mostrava ultimamente um
homem atormentado e completamente abatido.
Mesmo o mundo conspirando contra mim,
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aquela sexta-feira iria me devolver a vida. Eram


cinco e quarenta da tarde, eu estava em casa,
debruçado sobre minha mesa de trabalho,
escutando a 9ª Sinfonia de Beethoven e observando
a maquete do arranha céu dos meus sonhos, embora
existissem programas de modelagem em 3D, eu
não conseguia abrir mão de ter uma maquete
milimétrica monocromática manual. Foi assim que
aprendi com meu pai desde criança quando
brincava com as maquetes que ele me dava. Meu
pai é ninguém menos que um dos arquitetos mais
conceituados do Canadá, e assim como ele, herdei
esse dom de projetar. Eu trabalhava solitário
naquele croqui sempre que meu tempo estava
espaçado, e tempo era o que eu mais vinha tendo
ultimamente e aquele projeto não era nada para ser
visualizado por mais ninguém, era somente eu e o
meu sonho arquitetônico. Ali eu colocava e retirava
itens e delineava como queria que ele ficasse
futuramente. Qual arquiteto não sonha em projetar
a maior torre do mundo? Uma que arranhe os céus
e ultrapasse as nuvens. Acredito eu, que esse seja
um sonho bastante comum entre os profissionais
dessa área, e ultimamente, tempo era o que não
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estava me faltando para trabalhar nele, já que


depois do acidente eu não conseguia mais sair de
dentro da minha casca, nada mais fazia sentido.
Segurando uma caneta, estava nitidamente
concentrado nos mínimos detalhes de minha torre
que figurava a réplica real do meu projeto, 200
andares rumo ao céu. Convenhamos que um projeto
grandioso como esse, precisa de tempos de
planejamento e de um estudo minucioso. Eu nem
piscava, quando minha concentração foi de mim
roubada no momento que alguém invadiu o meu
espaço, sem nem se quer bater na porta, e só tinha
um ser humano no mundo audacioso o bastante
para fazer tal coisa, e ele entrou tagarelando como
só ele sabia fazer:
— Bom dia, Eric, ainda sonhando acordado
com esse projeto? — parou na frente da maquete e
foi logo levando seus dedos nela.
— Sempre! — recostei-me em minha cadeira e
estreitei meu olhar fuzilando-o, visto que não o
queria tocando em nada. — Freddy, não toque na
maquete, porra! — resmunguei.
— Ei! De boa, não precisa ficar bravinho, não
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vou estragar seu brinquedinho. — levantou as


mãos. — Já te disse que detesto seu gosto musical?
— questionou-me ironicamente.
— Um milhão e duzentas e uma vez com essa.
— respondi com o tom igualmente irônico.
Freddy caminhou pela sala espaçosa, onde nela
havia apenas minha enorme mesa de trabalho, os
lustres suspensos de iluminação e as paredes. Ele
foi até o meu cão Bruce, que estava dormindo no
canto esquerdo todo espalhafatoso no chão.
— E aí Bruce. — coçou a cabeça do meu Akita
que nem deu bola para ele. — Cara, sempre que eu
falo o nome do seu cachorro, eu fico me
perguntando por que diabos você colocou o nome
dele de Bruce e não de Kal-El, já que você é a cara
do Superman.
— Freddy, suas piadinhas ficam cada dia mais
sem graça.
Ele achou graça e voltou caminhando em
direção à minha mesa de trabalho, e se sentou na
cadeira, dizendo-me:
— Te liguei dezenas de vezes e nada de você
me atender, que merda aconteceu com o seu celular
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dessa vez?
— O mesmo de sempre, está no meio do meu
salão de treino, pendurado por uma flecha.
Eu tinha um hobby, e atirar com arco e flecha
nas imagens dos acionistas da empresa era um
deles e ultimamente colecionar celulares na parede
tinha virado meu passatempo preferido.
— Eu nunca me acostumo com essa sua mania
de atirar com uma flecha em tudo que você vê pela
frente.
— Aquele celular estava me perturbando,
tocando dia e noite. — Expliquei evitando ter que
ficar me aprofundando demais no assunto, pois,
Eve, minha ex-namorada não parava de me
perturbar.
— Já ouviu falar em trocar de número?
Comprar um aparelho novo? Essas coisas que um
milionário tipo você faria nesses casos?
Levantei-me de minha cadeira e fui em direção
ao enorme esboço da minha torre na parede em
frente, aquele croqui pegava toda a parede e eu
tinha simplesmente que subir em uma escada para
fazer os retoques, e assim com o lápis na mão, fui
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meticulosamente corrigir uma falha que notei na


maquete, e enquanto fiz isso, respondi à pergunta
dele:
— Já ouviu falar em ódio? Então, foi isso que
senti momentaneamente daquele celular, e assim,
saí com ele nas mãos, o pendurei no alvo e o
destruí com uma única flecha.
— Bravo! — Freddy disse aplaudindo
sarcasticamente. — O homem moderno voltando a
sua origem cavernal, aliás, essa sua aparência não
está perdendo em nada para os Neandertais, você
deveria fazer essa barba.
— Veio aqui me atormentar ainda mais,
Freddy?
— Não, mas já que tocou no assunto, como
andam as coisas com a Eve?
Suspirei e terminei de deslizar o lápis no
desenho, de forma calma e meticulosa, só então o
respondi:
— Não andam, nem irão andar, na verdade,
falar sobre a Eve não me agrada muito, você bem
sabe disso.

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— Quando é que você vai superar tudo o que


aconteceu?
A pergunta do Freddy me deixou paralisado e
minhas vistas se turvaram momentaneamente,
fazendo-me fechar os olhos.
Desconversando, questionei-o:
— O que te trouxe aqui, afinal?
— Ah! Já estava me esquecendo, lembra-se da
festa que te falei que eu daria para receber o
pessoal que estudou com a gente no colegial?
— Sim, claro, como esquecer uma festa com
uma premissa dessas. — respondi descendo da
escada.
— Então, a premissa pode até ser idiota como
você afirmou outro dia, mas vai funcionar e me
deixar cara a cara com May Miller e de quebra
deixar você cara a cara com a Anna Hall.
Parei abruptamente, fechei as mãos em punho e
um frio percorreu minha espinha quando o nome
Anna Hall entrou em minha mente, e fizeram uma
viagem levando-me para anos atrás e pararam
justamente na imagem mais bela que meu cérebro

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já registrou na vida. Anna, sempre esteve ali,


submersa nas profundezas da minha alma,
adormecida em um canto quase inatingível.
Ficou nítido e notório o meu desconforto,
Freddy era meu primo e me conhecia melhor que a
mim mesmo, ele simplesmente deixou um meio
sorriso se formar em sua face, já que se sorrisse de
verdade eu o mataria.
Engoli em seco fingindo desinteresse e fui
caminhando para fora da minha sala de trabalho,
indo rumo ao meu bar, então, após me recompor
falei com naturalidade:
— Você me surpreende às vezes, Freddy, juro
que não consigo imaginar, um homem de 30 anos,
advogado conceituadíssimo, programando festinhas
no seu apartamento só para poder convidar uma
mulher, de forma despretensiosa.
— Sabe que sou louco pela May há anos e sabe
como ela é arisca. — Caminhava com urgência
tentando acompanhar meus passos ligeiros.
— A única coisa que sei, é que não gosto muito
dela e que eu jamais perderia meu tempo com
alguém como a May.
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— Eric, sei que você está passando por um


momento difícil na sua vida, mas você não acha
que chegou à hora de você sair da redoma que
construiu ao seu redor e voltar a viver? Você
poderia aparecer, não é? Todos confirmaram
presença. Tem gente viajando quilômetros só para
vir a minha festa e você que pode muito bem
aparecer fica se fazendo de rogado.
Parei em frente ao bar e o encarei,
respondendo-lhe:
— Você não sabe o que estou passando,
Freddy, eu te garanto que você jamais saberá,
nunca, jamais você vai conseguir sentir o que sinto.
Você sabe o que é não conseguir mais dormir?
Não… Você não sabe o que é fechar os olhos para
tentar descansar e ver pétalas de rosas-brancas
voando pelos ares.
— Eric, eu sinto muito. — Falou
pausadamente.
— Sabe quantas vezes você já me disse essa
frase? Mais de cem vezes nesses últimos três
meses.
— Eu... — Freddy gaguejou.
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— Eu sinto muito? Está vendo, você já ia falar


de novo. — dei-lhe às costas e peguei um copo para
tomar uma dose de whisky.
— Olhe para você, o solteiro mais cobiçado do
Canadá, olhe para essa mansão, olhe para todo esse
espaço vazio. Tudo isso é muito triste. Você é um
dos arquitetos mais requisitados do mundo, bonito,
milionário, e que pode escolher a mulher que
desejar.
— Esse é o problema, estou farto desse tipo de
mulher que eu posso simplesmente escolher, foi
uma dessas mulheres que me deixou do jeito que
estou hoje. Se não fosse uma dessas loucas
possessivas, eu não teria que tomar medicamentos
para esquecer e tentar dormir.
— Cara, não é se escondendo nessa mansão no
meio do nada que você vai conseguir esquecer,
você precisa voltar a vida, precisa voltar para a
empresa.
— Nunca abandonei meu trabalho na empresa,
eu ainda sou o vice-presidente e o arquiteto chefe,
apenas trabalho em casa, sem ter que ficar vendo
meu pai desviar o olhar e não me encarar, sem ter
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que ficar escutando os cochichos penosos pelos


cantos.
— Eu queria poder te ajudar.
— Você não pode, ninguém pode. Meu mundo
acabou naquela noite, Freddy, não sei como vou
conseguir retirar toda a terra que me soterrou com
aquela fatalidade. Eu sei que está tentando me
ajudar, sei que não precisa de uma festa idiota
dessas para se aproximar de quem quer que seja.
Justo você? Que sempre esteve rodeado de
mulheres? Você não me engana. Inventou essa
festa só para me tirar de casa.
Freddy inflou os peitos por baixo da camisa
azul e suspirou alto dizendo em seguida:
— Só achei que seria um bom motivo para
você sair, para você voltar para o mundo e viver.
— Estou tão cansado, minha mente está
exausta, e mente cansada machuca o corpo, há três
meses que não consigo ter uma noite de sono
tranquilo, acha mesmo que tenho vontade de sair?
De festejar seja lá o que for? — esbravejei.
— Eu não acho mais nada meu primo, só sei
que você afastou todos de você, sua família, a Eve,
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e há meses está tentando me afastar também, mas


pode desistir.
— Minha família não consegue me olhar nos
olhos, tem noção do que é isso? A Eve foi parte
responsável pelo que aconteceu, ela é tão culpada
quanto eu, e você me lembra muito do meu
passado, regado a festas, mulheres e muita bebida.
Não quero mais isso para mim, entende? Estou
farto dessas mentes vazias. No momento, eu só
quero conseguir encostar a cabeça no travesseiro e
dormir, uma única noite que seja e depois disso eu
posso até morrer.
Freddy suspirou alto, dizendo:
— Eu só queria meu primo de volta. Merda!
— E eu a minha mãe. — retruquei sussurrando
quase sem conseguir pronunciar a palavra mãe.
— Eu sinto muito, de verdade.
Fechei os olhos, mexi a cabeça para o lado
inquieto percebendo o quanto estava sendo duro
com ele.
Freddy usou um tom de voz tão ressentido,
lamuriante, que me fez pensar na possibilidade de ir

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a tal festa, então o questiono:


— Quem já confirmou presença na sua festa?
— Todo mundo, menos você.
— E quem é todo mundo? — especulei
estufando o peito e cruzando os braços.
— Quer que eu cite um a um dos convidados,
ou somente a parte que talvez venha lhe interessar?
Eu o encarei sério e respondi:
— Freddy, não estou com tempo, nem saco
para suas brincadeirinhas.
— Ela vem, na verdade, já deve estar em
Toronto, ela me confirmou presença.
— Ela? — instiguei-o a dizer o único nome
que meu inconsciente queria ouvir.
— Anna.
Mexi-me inquieto dando-lhe as costas, o nome
que foi praticamente soletrado pelo Freddy, entrou
em minha cabeça como se tivesse sido atingido por
uma flecha.
Atordoado, joguei o whisky no copo e o virei
garganta adentro, sem dizer nenhuma palavra
sequer.
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— Eric, você vai? Eu disse a Anna que você


estaria lá.
Travei novamente, como ele ousou dizer isso a
ela? E que tipo de interesse ela teria se eu fosse ou
não na festa idiota do Freddy.
Parei em sua frente mantendo minha postura
firme e questionei-o furioso:
— Disse a Anna que eu iria à sua festinha de
reencontro do colegial?
Freddy mexeu-se inquieto mudando o peso do
corpo de uma perna para outra, e só depois
respondeu-me:
— É, eu disse. — respondeu e fez aquela pose
de autodefesa como se eu fosse espancá-lo, não que
aquele não tivesse sido meu desejo momentâneo,
mas evitei surrar meu primo no dia de sua festinha
ridícula.
— Armou tudo isso? — indaguei
pausadamente. — só para me colocar frente a frente
com a Anna? O que estava pensando? Que sou um
moleque?
— Só pensando em te fazer esquecer tudo o

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que está passando, nem que fosse por algumas


horinhas.
— Eu acabei de sair de um relacionamento
doentio, eu mal consegui me recuperar dos danos
que isso me causou e você quer que eu vá até sua
festa e diga: “Oi! Anna, quanto tempo!”
— Eric, Eve faz parte do seu passado.
— Anna também é meu passado, jurássico eu
diria.
— Negativo, Anna é o passado que você nunca
conseguiu esquecer, ou seja, está sempre no seu
presente.
Levei novamente o copo em meus lábios e bebi
o resto do whisky.
— Lembra quando me disse que o mundo não
para de girar? Naquela época esse conselho me fez
levantar, mesmo cambaleando, agora é a sua vez de
levantar. — ele simplesmente não desistia.
— Não é fácil, minha mãe está morta e a culpa
é minha.
— Você não é culpado, acidentes acontecem a
toda hora, quantas vezes vou repetir isso?

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— Não teria acontecido se eu não tivesse


bebido e dirigido alcoolizado, com uma louca
possessiva do meu lado.
— Eric, se perdoe!
— Não dá. — respondi engasgado com o
fluido transparente querendo verter de meus olhos,
mas engoli em seco, pois não me permitiria chorar
na frente de quem quer que fosse.
Freddy abaixou a cabeça e despediu-se.
— Vou indo, ainda tenho umas coisas para
resolver sobre a festa idiota. E... Se resolver
aparecer, faça essa barba pelo amor dos deuses dos
homens da civilização moderna.
Passei a mão em minha barba que tinha
crescido consideravelmente nos últimos meses.
Freddy foi cortando o longo espaço da sala
com Bruce lhe seguindo, pois, ele gostava muito do
Freddy, a propósito, todos gostavam muito dele, é o
engraçadinho da família que está sempre muito
feliz e fazendo piadinhas de tudo.

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Capítulo 2

Anna

É estranho dizer, mas com quase 29 anos,


nunca me permiti sair de minha zona de conforto, e
o que eu chamo de zona de conforto afinal? Bom,
não sou de baladas e nem de amores furtivos, até
porque ser uma pessoa reservada demais me
impede de mergulhar em aventuras que só irão me
fazer sofrer.
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Eu tinha uma festa de reencontro da turma do


colegial para ir, e depois de muito ponderar, sobre
ir ou não, resolvi pegar o avião em Edmonton, para
Toronto no Canadá, cidade onde nasci e morei
grande parte de minha adolescência, portanto,
acabei saindo do meu conforto ao me permitir
voltar no tempo e viver o que à vida havia me
impedido de viver anos atrás, quando nos mudamos
de Toronto para Edmonton, devido ao emprego do
meu pai na Universidade de Alberta.
Desembarquei no Island Airport, que ficava em
uma ilha, às cinco da tarde, e no saguão, May,
minha melhor amiga me aguardava, e logo que me
viu aprontou o maior escândalo.
— Anna! Minha amiga mais amada, como
você está linda! — me girou como uma idiota
segurando em minha mão. — Você está muito gata,
suas sardinhas continuam aí.
— Às vezes elas vão dar uma volta e depois
voltam para meu desespero. — Sim, eu tinha
sardas, mínimas, mas ainda estavam ali quase
imperceptíveis, e eu as odiava.
May era completamente o oposto de mim,
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éramos como vinho e água, ela a extrovertida e eu a


introvertida, nunca vi muitos motivos para ficar
rindo em demasia e achando tudo maravilhoso. Isso
valia também para o modo como nos vestíamos,
pois, May usava sempre roupas muito curtas e
justas e eu mais romântica e discreta.
No estacionamento entramos em seu BMW, o
que me fez lembrar que May fazia parte dos ricos
da cidade, cujo patrimônio vinha de uma empresa
de aço conceituadíssima no Canadá.
Nas ruas, o outono começava a se mostrar
majestoso, a estação seca havia acabado de
começar e a mudança de estação já era visível aos
nossos olhos. Era muita beleza, era quase surreal as
cores amendoadas se infiltrando e tomando espaço
em meio a arquitetura da era Vitoriana incrustada
nos prédios mais antigos da cidade. Toronto era um
luxo para meus olhos, que iam observando tudo
pela janela do carro sem perder nenhum lance
sequer. A cada esquina uma surpresa diferente, eu
era simplesmente apaixonada por Toronto no
outono.
— Lembra-se de quando íamos à Torre CN,
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para observar à cidade lá de cima no outono? —


perguntei à May.
— Claro que me lembro, você ficava
desenhando às paisagens e pintando tudo de
amarelo-ouro, vermelho e laranja.
— Sim, eu sempre amei o outono e suas
paletas de cores.
— Você sabe mesmo o que fazer com um
estojo de lápis de cor e papel.
— É minha paixão. — respirei o ar fresco de
Toronto e senti minha pele se arrepiar.
Última vez que estive em Toronto, May ainda
morava com seus pais em uma casa enorme em um
bairro de classe alta, mas agora ela morava sozinha
em um apartamento, com o jeito dela, pois, amava
a liberdade mais que tudo no mundo.
Havia pedido a May para passar na frente da
AGO, a galeria de arte mais famosa do Canadá e
que era nada mais e nada menos o meu sonho de
infância poder expor meus quadros lá dentro em
uma noite luxuosa repleta de pessoas lindas
admirando meu trabalho. Era só um sonho quase
utópico.
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— Pare! Pare May. — pedi tocando em seu


braço.
May reduziu e encostou o carro em frente a
enorme estrutura com uma linda fachada de
madeira e vidro com mais de 180 metros de altura,
era sem dúvida o lugar mais bonito de Toronto.
Desci, caminhei vidrada pela calçada e parei
em frente ao enorme letreiro que dizia em vermelho
AGO, passei minha mão sobre o letreiro e suspirei
alto, então May tirou-me do meu momento de
desejar expor na AGO.
— Podemos ir? Outra hora voltamos para
visitar, mas agora temos mesmo que ir, ou iremos
nos atrasar para a festa.
— Tudo bem, podemos ir agora.
No carro ela perguntou-me:
— Ainda sonha em expor seus quadros na
AGO?
— Claro que sim!
Ela sorriu e voltou a se concentrar no trânsito,
enquanto eu observava tudo ao meu redor de forma
saudosa.

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Próximo das oito horas da noite estava no


apartamento dela vestindo um roupão e brigando
comigo mesma sem saber o que vestir. May entrou
no quarto, parou na minha frente, que estava
sentada na cama, olhou no relógio e disse
apressando-me:
— Vamos Anna! Decida logo qual o vestido,
mulher! Não quero ser a última a chegar na festa.
Eu estava indecisa entre um azul royal e um
preto, era uma festa informal, e assim eu me sentia
bem mais à vontade.
— Estou me decidindo entre o preto e o azul.
— respondi e levantei-me da cama.
— Ai meu Deus! Como pode existir alguém
tão indecisa como você?
— Eu odeio o tom dos meus cabelos, você sabe
que sempre me demoro a decidir o que combina
com eles. Por que eu tinha que fazer parte dos 2%
de ruivos do planeta?
— Seu cabelo é lindo, você é linda, e combina
com qualquer cor. — respondeu-me tocando em
meus cabelos. — Vista-se logo!

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Ela já estava lacradora em um vestido Armani


vermelho, de um único ombro, cor que ficava
maravilhosa nela, pois, realçava com o tom loiros
de seus cabelos e May sabia como explorar aquilo.
— Calma, May, já me decidi, vou com o
vestido preto mesmo, vai combinar com o meu tom
de pele e cabelo e além do mais, não quero chamar
atenção de ninguém com esse azul.
May é uma daquelas loiras de parar o trânsito,
e eu, bom, tenho mechas acobreadas grudadas entre
os fios dos meus cabelos.
— Ótimo, então, vista-se logo e vamos. —
respondeu-me ela.
Meu cabelo que antes era liso, agora estava
cheio de ondas grandes que May havia feito neles,
mas minha maquiagem estava bem discreta, pois,
não a deixei me fazer de boneca como fazia no
passado, eu mesma havia me maquiado.
May estava afoita, ansiosa para rever nossos
amigos do colegial, ela sempre foi ligada nos 220,
enquanto que eu fui tirada da tomada ao nascer.
— Vamos, vamos! — apressou-me novamente.
— O táxi já está lá fora, não se esqueça do
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casaquinho.
Descemos e por decisão correta de May,
entramos no táxi, pois ela pretendia beber e eu até
já imaginava que teria de voltar sozinha,
conhecendo à amiga que eu tenho. Avisei que eu
poderia ir dirigindo, mas ela alegou que eu também
deveria beber um pouco para deixar de ser tão
insossa. Não! Não me considero insossa, só não sou
tão espalhafatosa como ela, enfim, eu acabava não
me importando nada com o que ela falava.
A festa estava acontecendo no apartamento do
Freddy, que contrariando os instintos da família
acabou se tornando um advogado conceituado e
que havia decidido reunir toda a turma do colegial.
Freddy também morava sozinho em um
apartamento de luxo, os advogados costumam se
dar muito bem em Toronto, e ele já vinha de uma
família riquíssima.
Assim que chegamos fomos recebidas por ele,
o anfitrião da festa, e quando bati meus olhos em
Freddy, reparei que havia se tornado um homem
muito lindo, não que ele já não fosse quando o vi
pela última vez. Era alto, forte, cabelos curtos
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castanhos e lindos olhos acinzentados.


May, como nunca saiu de Toronto, manteve a
amizade com todos eles, e eu sentia-me um
peixinho fora d'água.
— Seja bem-vinda, Anna! — disse-me Freddy
ao me abraçar. — Você está mais linda do que
nunca, e não sabe como estou feliz em vê-la.
— Obrigada.
— May. — Freddy praticamente sussurrou o
nome dela. — Você está belíssima, como sempre.
— disse ele, e que certamente deixou May se
sentindo nas nuvens.
Ninguém conseguiria negar que existisse uma
química muito forte entre eles, ficou evidente na
troca de olhares tímidos. Inacreditável perceber,
como ficavam tímidos um ao lado do outro.
Na festa colocaram um som ambiente, o que
nos permitia, comer, beber e conversar, e eu parecia
ser o alvo das perguntas da noite, coisa que muito
me incomodou, mas era o meu olhar para a porta de
entrada, o que mais estava desviando meu foco, me
deixando ansiosa para rever meu primeiro
namorado, dono dos lábios que deram o meu
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primeiro beijo, mas Eric Mason, não entrava nunca


por ela, e assim acabei percebendo de que não o
veria àquela noite e nem teria coragem de perguntar
sobre ele para ninguém. É exatamente isso que
vocês estão pensando, não perguntei a Freddy sobre
o Eric em momento algum.
Estava tentando disfarçar a ansiedade, afinal de
contas, eu só queria revê-lo e descobrir se ainda
usava aquele aparelho ortodôntico que machucou
meus lábios no dia em que nos beijamos pela
primeira vez.
A quem eu estava tentando enganar? Meu
coração acelerava toda vez que à porta se abria,
mas eu não iria perguntar sobre ele por nada no
mundo, nem que morresse de ansiedade.

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Capítulo 3

Eric
Com as mãos apoiadas na pia do banheiro,
fiquei observando o homem enrolado com uma
toalha branca na cintura, aquele homem que o
espelho me mostrava, esteve submerso dentro
daquele invólucro que a lâmina de cristal em minha
frente insistia em me provar que se tratava de mim
mesmo, só que agora sem a barba enorme que o
tempo tratou de me dar. Fiquei observando os
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traços simétricos de minha face, e havia até me


esquecido que havia uma fenda profunda em meu
queixo. Então me permiti sorrir ao lembrar de
tantos apelidos que aquela fenda já havia me
rendido na vida. Fixei na imagem e principalmente
em seus olhos, que eram azuis-claros e que por
vezes estavam esverdeados, mas a mancha marrom
no esquerdo, devido a uma heterocromia, foi que
me chamou a atenção, pois minha mãe amava. Ela
dizia que eu era especial e diferente. Fechei as
mãos em punho e senti vontade de socar o espelho
quando me lembrei de minha mãe, e assim saí
rapidamente do banheiro e caminhei ofegoso até o
closet. Não sei se quero ir a essa festa. Pensei e
parei em frente às peças de roupas, abaixei-me e
abri a última gaveta do closet e tirei de lá um livro
antigo que ficava escondido embaixo das camisetas
de dormir. Abri o livro e retirei de lá uma fotografia
antiga de Anna, e ela estava linda, os lábios
volumosos na cor laranja combinando com seus
cabelos arruivados. Era linda demais, tinha olhos na
cor de avelã que iam de um verde-escuro com
toques dourados que sempre me atraíram de uma
forma surreal e a pele alva com pequenos pontos de
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sardas próximos do nariz quase imperceptíveis, e


suas bochechas rosadas por natureza me
encantavam. Era uma boneca de porcelana. Quando
ela resolveu terminar nosso namoro, eu fui
nocauteado, senti muito ódio e tentei riscá-la da
minha vida, mas éramos muito novos ainda e um
mar de vida se passou depois do último dia em que
a vi.
Eu sabia que o Freddy estava certo, ficar preso
na mansão sem sair todos aqueles meses só estava
me destruindo, e ficar aqui vendo a vida passar
pelas gigantescas vidraças de minha casa, não iriam
me levar a lugar algum, eu precisava encarar e me
reencontrar.
Guardei a fotografia no livro novamente,
enfiei-o na gaveta e vesti-me, arrumei o cabelo,
passei o perfume e saí rapidamente do closet, se eu
ficasse mais um pouco de tempo na frente de
qualquer espelho eu juro que iria desistir de pagar o
mico em uma festa onde o intuito era rever amigos
antigos do colegial.
Assim que desci as escadas, Collin, meu
motorista interpelou-me todo sorridente:
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— Senhor, a Lydia me disse que irá sair, com


qual carro deseja que eu o leve?
— Vou com o Bentley, Collin, e lamento
informá-lo, não é hoje que você irá me levar a lugar
algum.
— Mas senhor!
— Não! Hoje eu mesmo quero dirigir.
Obrigado. — respondi e me dirigi as escadas que
me levaria ao subsolo onde ficava minha garagem,
contei degrau por degrau demorando-me a descê-
los com o intuito de desistir, mas uma imagem não
me permitiu desistir, e ela tinha o pôr do sol nos
cabelos. Na garagem, observei a frota de veículos
que o meu antigo eu colecionava.
Circulei entre eles e entrei no Bentley preto e
manobrei para fora da garagem, então abri o vidro e
senti o cheiro do tempo ameno do outono rescender
em meu nariz.
Alguns minutos depois, eu estava parado na
porta do prédio onde ficava a cobertura do Freddy,
e se eu tinha chegado até ali, entraria sem titubear,
mesmo não tendo mais saco para as festinhas dele,
então logo que cheguei no andar, abri a porta e fui
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entrando e observando o turbilhão de informações


que o cenário foi se descrevendo para mim, eram
rostos conhecidos, os mesmos de todas as festas
com algumas raras exceções. Parei próximo da
porta com uma das mãos enfiada no bolso de minha
calça e a outra mão logo se ocupou pegando um
copo de whisky que o garçom passou servindo. O
som estava alto e deixei meus olhos vasculharem o
lugar a procura do único rosto que me levara até ali,
e em meio a muitos sorrisos e descontração, não vi
nada que me interessasse ali, Já ia virar de costas e
sair pela porta que entrei, mas Freddy me viu e veio
até mim.
— Cara! Não te reconheci, sério mesmo, bem-
vindo a civilização. — bebericou de seu copo um
drink qualquer.
— Parece que conseguiu me tirar de casa.
— Me diz, o que eu não consigo? — gabou-se.
— Comer a May Miller? — falei sarcástico.
— Isso não vale!
— Onde ela está? — questionei seguro do que
queria.

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— Quem? — Freddy olhou ao seu redor


tirando-me do sério.
— Sabe bem por que estou aqui, Freddy, não
se faça de bobo.
— Ela não mudou nada. — respondeu-me, e
bastou para saber onde encontrá-la, e assim saí com
os olhos vidrados em um único lugar, à porta que
me levaria a área externa da cobertura. Caminhei
desviando-me das pessoas que dançavam no meio
da sala, e que a todo instante tentava me parar e eu
simplesmente saí ignorando todas elas.
E quando por fim cruzei à porta, eu a vi,
debruçada sobre o guarda corpo.
Era o pôr do sol, mais lindo diante de meus
olhos saudosos naquela noite amena, e a tempos
não me sentia como um adolescente tendo que
enfrentar o primeiro amor.

Anna
Estávamos na cobertura com pouco mais de

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trinta pessoas, e depois de um tempo, quando o


álcool começou a mexer com as estruturas delas, o
som foi aumentado na cobertura e todos
começaram a se soltar na sala, como se a mesma
fosse uma pista de dança.
Eu não gostava muito de som alto, nem
aglomerado de pessoas, e então, logo que consegui
escapar, fui direto para a área externa da cobertura,
onde havia uma piscina enorme e maravilhosa.
Debrucei-me com minha taça de vinho no guarda
corpo de blindex e fiquei observando o lago
Ontário que se estendia à frente do edifício, como
se fosse o quintal, a água cintilava e eu sentia a
brisa fresca acariciar-me. Morar em um lugar tão
privilegiado em Toronto não era para qualquer
pessoa.
Levei minha atenção para minha esquerda e
passei a contemplar a bela vista da Torre CN, e
estava completamente absorta quando ouvi o
timbre de uma voz grave, uma delícia de se ouvir,
grossa e compassada ao mesmo tempo, e cada
palavra saía baixa em um sussurro melódico e
delicioso, era a mesma calmaria de outros tempos.
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— Nunca mais contemplei um Pôr do Sol tão


lindo depois que você foi embora.
Apertei meus dedos na taça, engoli em seco,
pois, imediatamente reconheci aquela voz, e o
misto de nervosismo e felicidade fez meu estômago
se revirar e os pelos dos meus braços se arrepiarem.
Só existia uma pessoa no mundo que me
comparava ao Pôr do Sol por conta da cor dos meus
cabelos.
— Eu tinha certeza que te encontraria afastada
dos demais. —virei-me em sua direção e o
respondi:
— Olá, Eric. Algumas coisas não mudam, e eu
ainda odeio ficar em ambientes tumultuados, onde
não se pode nem conversar por não escutar nada
que um e outro estão falando. — falei feito um
vagão desgovernado enquanto ele me olhava sério.
— Olá, Anna. — respondeu timidamente,
sorrindo com os olhos, e em seguida levou o copo
de whisky em seus lábios, olhando-me especulativo
de uma forma tão quente que me senti nua e
acariciada. Eu havia me esquecido de como Eric
era sensual sem fazer nenhum esforço, suas
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palavras, seu olhar fuzilante, seu sorriso comedido


e sua postura que continuava estática como de um
militar britânico, eu estava sem palavras.
Estava lindo como sempre em seus 1,85 m de
altura, e naquela noite, vestia uma jaqueta de couro
marrom, uma calça mostarda e sapato marrom.
Seus cabelos, agora eram castanhos mais escuros
que no passado e um pouco mais comprido
também, os olhos na cor azul, a boca perfeita
emoldurada por uma face de traços fortes e
quadrado, com a barba recém-feita. O que mais
chamou minha atenção foi a mudança do porte
físico, que passou de um garoto franzino para um
homem corpulento.
— Você mudou, está mais encorpado. —Ai!
Não acredito que falei isso! Pensei recriminando-
me.
— Graças a Deus! — respondeu-me achando
graça. — Pensou que encontraria o mesmo garoto
de 18 anos? Magricelo e usando aparelho nos
dentes? — sorriu de forma discreta, mas que me
permitiu ver que não usava mais os aparelhos.
— Ah! O aparelho, eu... Eu não tinha nem
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reparado nisso. — menti.


Ele achou graça do meu desconcerto e
lembrou-me:
— Aquele aparelho machucou você, lembro-
me como se fosse hoje, você reclamando que eu
tinha te mordido.
Juro que senti meu rosto queimar de vergonha,
o episódio a que ele se referia era o do nosso
primeiro beijo.
Sorri envergonhada, respondendo-o:
— É, aquilo foi um desastre. — passei a mão
em meus cabelos completamente desconcertada.
Eric sorriu novamente e respondeu cortês como
só ele sabia ser, na verdade, ele tinha essa coisa de
cavaleiro medieval que a gente fica esperando ele
fazer uma mesura a cada palavra.
— Nunca cheguei a considerar nosso primeiro
beijo como um desastre, até porque foi a primeira
vez que beijei uma menina e você um menino,
então para nossa primeira vez aquele beijo foi
perfeito. — quebrava o pescoço para o lado de um
jeito que me fazia ficar vidrada a cada palavra sem

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piscar. — Confesso que achei que seria eu a sua


primeira vez em tudo, mas o destino não quis que
fosse assim, não é mesmo? — concluiu tirando-me
de minha hipnose.
Meu coração saltou para meu estômago e voltei
a corar, meu rosto estava em chamas e meu coração
palpitando desconcertado, com a proximidade, o
cheiro maravilhoso dele, tudo nele me inebriava e
me deixava focada nele como se não houvesse mais
nada além de nós dois ali.
— Ei! — sussurrou. — Não precisa ficar
envergonhada. — tocou-me com seus dedos em
meu rosto, fazendo-me fechar os olhos, feito uma
boba apaixonada.
— Eu... Não estou! — mentia tão mal que nem
eu mesma acreditava.
Ele sorriu como quem estivesse pensando:
“Você não me engana.”
— Você ainda mente mal à beça, suas
bochechas estão rosadas, mais que o de costume, e
a forma como mexe nos cabelos, coloca as mãos no
rosto e abaixa a cabeça, ainda continua o mesmo de
antigamente, e eu sei perfeitamente que isso é o
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sinal do seu constrangimento, e eu adoro isso em


você, essa coisa de menina mulher.
Falava comigo como se nunca tivéssemos nos
separado e assim tentei me livrar imediatamente
daquela coisa de constrangimento.
— Então, me conta, realizou seu sonho de se
tornar um arquiteto e projetar o maior edifício do
mundo? Um que ultrapassasse as nuvens e que
você pudesse tocar o céu? — questionei mudando
de assunto.
— Sim e não! Sim para o fato de eu ter me
tornado um arquiteto, afinal de contas não se pode
fugir do que nos está destinado, contudo, ainda não
construí o maior edifício do mundo, mas ainda está
nos planos e nas plantas, mas, já projetei e está de
pé alguns que ficam parcialmente encobertos pelas
nuvens, vez ou outra. Te levo para conhecer um
deles qualquer dia desses.
— Entendi. — respondi apenas.
— E você? Conseguiu viajar por todos os
quatro cantos do mundo expondo seus quadros? E a
AGO?
— Bom, eu ainda não viajei em todos os quatro
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cantos, mas já conheci boa parte dele expondo meu


trabalho em grandes museus e galerias, mas a
AGO...
— O quem tem a AGO? — questionou
especulativo.
— Ainda é só um sonho.
—Te aconselho a ficar bem acordada. —
piscou para mim, e cada gesto que fazia era sedutor
demais, cada palavra, cada troca do peso de uma
perna para outra, e até o ato de levar o copo de
whisky em seus lábios encarando-me, fazia meu
estômago borbulhar, tudo em Eric era
extremamente afrodisíaco, e comecei a calcular os
prejuízos daquela minha viagem inesperada.

Capítulo 4
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Anna
Eu sabia que um encontro com Eric iria me
fazer sentir como se estivesse caminhando em uma
corda bamba, era exatamente assim que minhas
pernas estavam, e não me lembro de nenhum outro
homem do planeta me deixar tão abalada.
— AGO não deve ser assim um sonho tão
difícil de realizar. — especulou-me cerrando os
olhos.
— Não seria se eu não fosse apenas uma artista
plástica tentando um espaço nesse mar aonde só os
tubarões chegam ao topo da cadeia alimentar.
— Para estar no topo da cadeia alimentar, um
tubarão precisa explorar águas mais profundas, no
raso ele encalha. — retrucou-me sem pensar duas
vezes.
— May me convidou para voltar a morar aqui
em Toronto para ficar mais perto desse sonho.

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— Sério?! — questionou-me erguendo uma de


suas sobrancelhas com um misto de empolgação
saltando de seus olhos.
— Sim! Mas, não sei se estou preparada para
voltar e nem se esse sonho vale tudo isso, uma
mudança dessas.
— Quando se trata de um sonho qualquer
sacrifício vale, até sair de um domo e correr o risco
de se ferir novamente.
Não entendi muito a parte de sair de um domo
e se arriscar, mas não estava com cabeça para ficar
tentando decifrar enigmas, então me lembrei de que
estava com uma taça de Shiraz na mão e assim
voltei a tomar um gole da minha bebida, e me virei
novamente para o guarda corpo, dando às costas
para ele.
— Sinto tanta saudade desse ar fresco de
Toronto. — comentei respirando fundo o ar e
soltando-o logo em seguida.
— E eu de você. — sussurrou ele com um tom
de voz que fez meu corpo tremer
involuntariamente, e antes que eu pudesse me virar
e respondê-lo, senti seus braços cercarem
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meu corpo e suas mãos segurarem firmes no


guardo corpo, prendendo-me, então levou uma de
suas mãos em meu ombro e afastou os cabelos de
meu pescoço e continuou falando sedutor. — Desse
seu cheiro. — cheirou meu cabelo e depois meu
pescoço, e com isso, todas as terminações
nervosas do meu corpo responderam àquela
aproximação, e tudo em mim, tremeu de forma
desconcertante, acelerando inconscientemente
minha respiração.
Fechei os olhos sentindo minhas pernas
fraquejarem e respondi:
— Também senti saudades! Perdoe-me, estava
tudo tão confuso quando fui obrigada a me separar
de você.
Ele nada me respondeu, mas voltou a encostar
seu nariz em meu pescoço e inspirou
profundamente de uma forma excitante, e em
seguida sussurrou as notas do meu perfume como
se estivesse degustando um vinho:
— Rum, maracujá e notas de baunilha, como
um belo e envelhecido vinho.
Aquilo simplesmente me desestruturou, engoli
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em seco e simplesmente travei


respirando entrecortado, ficando mole e perdendo
completamente a capacidade de raciocinar e
quando se afastou de mim, o ar voltou a circular em
meus pulmões devolvendo-me a razão.
Virei-me em sua direção, pois, achei
que estaria mais segura de frente.
Ele ficou me encarando com seus lindos e
expressivos olhos azuis que
tinham uma nuance maravilhosa, passeando
vagamente entre o verde e vindo finalmente a ser
azul, até dizer:
— Você continua parecendo uma boneca. —
contornou minha face com seus dedos longos. —
Nunca consegui esquecer esses lábios. —
contornou meus lábios com seu polegar fazendo
meu corpo entrar em ebulição, meu coração
disparar e minhas pernas ficaram bambas
novamente.
Ai meu Deus! Não me toque assim! Pensei
fechando meus olhos ao seu contato, deixando meu
olfato sentir seu cheiro maravilhoso. E senti quando
as mãos fortes dele seguraram em meu pescoço, e
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ele puxou-me em sua direção e sussurrou em meu


ouvido:
— Você está linda!
— Obrigada. — murmurei sem forças.
Novamente ele se afastou de mim e falou:
— Ponderei tanto sobre vir até aqui essa noite.
— Por quê? — questionei ofegante.
— Achei que fosse encontrá-la
acompanhada. — respondeu e voltou a se afastar de
mim, fazendo meu corpo reclamar por sua distância
e seu calor.
— Não tenho ninguém nesse momento da
minha vida. — esclareci.
— Como uma mulher tão linda pode não ter
ninguém?
— Não mudei em nada, Eric. Não sou uma
mulher de muitos homens, eu continuo seletiva e...
— E...
— Não tenho tempo para paixões furtivas. —
na verdade, eu podia contar nos dedos de uma
única mão, os homens com quem havia estado e
isso diminuía muito se fosse contar os homens com
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que me deitei em uma cama.


— Entendi! Ainda esperando o príncipe
encantado.
Balancei a cabeça em negativo, discordando de
sua afirmação.
— Errado! Sei que não existem príncipes, aliás,
sou bem crescidinha, mas isso não impede que os
homens ajam como um, e se quer mesmo saber, já
encontrei o homem certo para mim, mas ele ainda
não me encontrou.
Eric Mason era o homem que povoava os
cantos mais íntimos de minha mente, onde de lá eu
jamais consegui retirá-lo, era uma paixão mal-
acabada, era o sentimento de perda na adolescência
que nunca me abandonava. Meus pais se mudaram
de Toronto, devido ao emprego novo de papai e
com isso o sentimento de frustração por perder o
Eric, meu primeiro e único amor, jamais me
abandonou, e nem me permitiu abrir meu coração
para outros amores.
— Uma paixão platônica? É isso? —
questionou curioso com um meio sorriso em seus
lábios fazendo assim a fenda em seu queixo se
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aprofundar ainda mais.


— Não, não é platônica, porque já fui
correspondida em algum momento na vida.
— Eu deveria ter imaginado isso, afinal de
contas, você não é o tipo de mulher que um homem
não corresponderia, só se fosse um alien. —
achou graça de sua própria piadinha e voltou a
tomar sua bebida, e enquanto fez isso continuou
sorrindo e me encarando de forma provocativa.
— Muito engraçadinho você. — retruquei.
Ele sorriu assentindo e fez um gesto com os
lábios que nunca saiu de minha cabeça, ele os unia
e apertava um lábio no outro com força.
— Você ainda faz isso com os lábios? —
questionei.
— Isso o quê?
— Isso de apertar um lábio no outro.
— Ah! Só quando estou nervoso.
— Está nervoso, agora?
— Um pouco. — respondeu sorrindo de forma
contida e estendeu sua mão e tirou a taça da minha
perguntando-me:
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— O que estava bebendo aqui?


— Vinho.
— Qual vinho?
— Shiraz.
— Humm! — balançou a cabeça levando a taça
até próximo de seu olfato e cheirou enchendo seus
pulmões e soltando o ar em seguida. — Boa pedida
para uma dama, uma uva que tem sua
origem datada na antiguidade, uma joia da persa
sendo apreciada por outra. Profundo e encorpado,
muito bom gosto, senhorita Hall.
Neguei com a cabeça e expliquei:
— Na verdade, não entendo nada de vinhos,
esse foi o que me serviram. —
confessei envergonhada, pois, eu quase pouco
bebia.
— Nesse caso eu a teria servido um Pinot Noir.
— Eu bebo tão pouco, Eric, que não sei nem se
saberia diferenciar um de outro.
— Vou te ensinar isso qualquer hora dessas.
— Vou adorar.
— Ok. Vou buscar mais bebidas para gente.
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— Eric, eu não quero mais beber. —


ele simplesmente ignorou o que falei e se virou.
Fiquei observando-o se afastar, e seu jeito de
caminhar ainda era o mesmo, caminhava
lentamente, sem pressa.
Virei-me novamente para o guarda corpo e
continuei observando os arranha-céus que
despontavam um mais alto que o outro, nas
margens do lago. Tinha um sorriso bobo em meu
rosto que insistia em me fazer companhia, e não
demorou a voz sedutora perguntou-me:
— Não está com frio? — era Eric que estava de
volta e estendeu sua mão oferecendo-me à taça de
vinho.
— Não! Eu gosto de temperaturas amenas.
— Certo. E pelo visto gosta muito aqui de
Toronto, seus olhos brilham.
Suspirei antes de respondê-lo:
— Eu nasci aqui, lembra? Tenho uma conexão
muito forte com essa cidade.
— Então volta para cá. — falou de uma forma
séria.

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Sorri respondendo-o:
— Já te falei, vou estudar as possibilidades.
— Deguste o vinho. — falou apontando para a
taça em minha mão.
Levei a taça em meus lábios e bebi encarando-
o, e assim que o líquido tinto claro chegou em
minha boca, notei a diferença entre o vinho que
estava bebendo antes.
— E então, o que me diz?
—Ah, bom! Esse é mais... Delicado, não
amargou minha boca.
— Sim, tem taninos bem mais suaves que
o Shiraz.
— Bem mais elegante. — falei.
Assentiu e apontou com o indicador uma torre
enorme que ficava a leste, então me disse:
— Está vendo aquela Torre toda retorcida? A
mais alta de todas?
— Sim, estou vendo.
— Aquele é o arranha-céu mais alto aqui do
Canadá e o terceiro mais alto do mundo, e foi meu
pai quem o projetou. — falou orgulhoso.
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— Uau! — respondi pasma, pois, se tratava de


uma torre altíssima.
Eric ficou fitando-me com um meio sorriso em
seus lábios, ele era sério demais para sorrir
de forma mais aberta, e sempre tivera aquela
personalidade forte e transparecia isso em suas
feições, e aquele homem simplesmente me deixava
paralisada, exatamente como quando me apaixonei
por ele no colegial.
Ficamos horas lá fora conversando, falando de
vinhos e relembrando de detalhes do nosso
passado, rimos juntos ao lembrar de todos os
apelidos que meus cabelos me rendiam, até os dias
atuais, falamos muito mais de mim do que dele
mesmo, e quando percebi, havia uma garrafa de
vinho em cima da mesinha ao nosso lado, mas Eric
bebia de uma forma mais social, sem extrapolar, já
eu me sentia flutuando a cada taça que bebia. Eu
nem conseguia piscar, escutando-o falar de seu
sonho em projetar uma enorme torre, quando uma
voz me tirou de minha fascinação:
— Ei!!! Vocês dois aí fora! Está frio aqui,
entrem para dançar e se aquecerem. — disse-
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nos May que se aproximou de nós tomando


um drink, enfim lembrou-se de minha existência.
— Como vai, May? — Eric perguntou sério.
— Estou muito bem, Eric, e como está você?
Não pude lhe dar os pêsames, eu estava viajando na
época, sinto muito por sua mãe.
Senti que Eric ficou incomodado, visto que
fechou os dedos de sua mão esquerda de forma a
demonstrar sua rejeição ao comentário de May, que
nem havia me contado que Eric havia perdido a
mãe.
— Obrigado. — respondeu taciturno, e
percebendo isso nem quis dar os meus pêsames
como a May, então tratei de desconversar
imediatamente, respondendo-a:
— Está bom aqui, o som é menos agressivo e o
vinho está esquentando à noite. — estendi minha
mão mostrando-lhe minha taça.
Ela ficou encarando-me com os olhos
semicerrados e depois olhou para o Eric e disse por
fim:
— O vinho? Sei! Vocês dois, nasceram para

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ficarem juntos, formam um belo casal. Só não


sabem disso ainda.
Levei minha mão na testa completamente
desconcertada, eu iria matá-la na
primeira oportunidade. Eric sorriu discretamente,
enfiou a mão esquerda no bolso e só ficou
observando sem dizer absolutamente
nada. May virou às costas e voltou para dentro da
grande sala, dei graças, pois, fiquei esperando ela
dizer mais um monte de bobagens.
— Ela já bebeu demais, já não diz mais coisa
com coisa. — expliquei sem graça.
Eric assentiu dizendo enigmaticamente:
— Eu concordo com ela, éramos o
casal perfeito, e agora você está de volta nesse
momento difícil da minha vida, deve ser um sinal.

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Capítulo 5

Anna
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Eric conseguiu me deixar completamente sem


palavras, ao dizer que eu estava de volta em um
momento difícil de sua vida, e se aquilo era mesmo
um sinal, eu definitivamente não sabia, a única
coisa que vinha em mente era que estávamos ali,
distante de todos da festa e que era como se
nenhum dia tivesse se passado desde o dia em que
parti, pois, existia uma química muito forte entre
nós, na verdade, era muito mais que química, no
que dizia respeito a mim, era coisa de alma. Lá
dentro, na sala, as músicas passaram a ser mais
lentas que eu gostaria que fossem, pois, Eric tirou a
taça de minha mão e a colocou em uma mesinha ali
ao lado e estendeu suas mãos convidando-me para
dançar, e no momento tocava a música Perfect de
Ed Sheeran. Considerei naquele momento, a
possibilidade de me negar alegando que eu não
sabia dançar, mas ele antecipou meus pensamentos
e encorajou-me:
— Nem tente me negar essa dança, você
sempre foi ótima dançando.
Sem ter como negar tal afirmação, estendi
minha mão com certo receio, e ao tocar na dele, seu
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calor percorreu todo meu corpo e aquilo só piorou


no momento em que ele colocou sua mão em
minhas costas e puxou meu corpo para junto do
dele fitando-me com intensidade, tocando e
acariciando minha alma com os olhos, que, no
fundo, transmitiram a mim uma tristeza
imensurável. Eric estava sofrendo e eu nem sabia
como podia ajudá-lo, e assim deixei minha cabeça
cair perdendo o contato de seus olhos.
— Estou feliz por estar aqui. — sussurrou.
Levantei meus olhos e o encarei, e em seguida
encostei minha cabeça em seu tórax e deixei-o me
guiar ao lado da piscina.
— Por que nunca me ligou? Por que nunca
respondeu minhas mensagens? Eu sofri como um
condenado. — questionou-me ressentido.
— Eu não sabia como lidar com aquela
separação, foi muito difícil para mim, eu sabia que
não voltaria mais.
Ele parou de se mexer, segurou em meu queixo
e me fez encará-lo, questionando-me:
— Isso confortou você? Fingir que eu não
existia deixou às coisas mais fáceis?
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— Não! Muito pelo contrário, eu chorei por


meses todas às noites, pois, eu amava você.
Ficamos nos fitando e quando nossos lábios
foram se aproximando, fomos interrompidos por
May novamente.
— Anna, se importa de voltar para casa
sozinha? — estendeu a mão com a chave do
apartamento e um cartão na mão. — Eu e o Freddy
a gente... — ficou sem graça. — aí nesse cartão tem
o número do taxista que nos trouxe aqui e não se
preocupe comigo, eu tenho uma cópia da chave. —
concluiu.
Quando estendi meu braço para apanhar a
chave e o cartão, Eric estendeu seu braço e pegou
ele mesmo as chaves antes de mim, respondendo-a:
— Pode deixar, eu mesmo a levarei para casa.
— Perfeito! — ela disse, veio até mim e me
abraçou sussurrando em meu ouvido:
— Não perca essa oportunidade. — engoli em
seco querendo matá-la.
Fiquei vendo-a se afastar como se ela tivesse
me dado uma sentença de morte.

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Virei-me de costas para Eric e abracei-me com


meus próprios braços, de repente saber que eu
ficaria sozinha com ele, fez-me sentir um frio
involuntário, então senti a onda de calor inundar-
me novamente quando ele me abraçou por trás,
segurando em minha cintura dizendo:
— É como se o tempo tivesse ficado congelado
todos esses anos, e hoje ele passou a derreter. —
puxou o meu cabelo para o lado e continuou
sussurrando ao pé do meu ouvido. — Esse seu
cheiro, Anna, está me inebriando mais que o
whisky, não tenha medo de estar aqui comigo, nada
que não queira irá acontecer, nem nada que não
deveria ter acontecido há anos atrás.
Fechei meus olhos deixando o cheiro do hálito
alcoólico dele aturdir os meus sentidos, fazendo
com que todos os pelos dos meus braços se
arrepiassem.
— Espero que eu esteja te provocando esses
arrepios, eu odiaria saber que é o frio. — sussurrou
novamente em meu ouvido tocando seus lábios
com delicadeza no lóbulo de minha orelha,
escorregou-os em meu pescoço e em seguida beijou
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meu ombro, o que fez meu corpo se arquear para


trás quando meu ventre se contraiu de desejo me
fazendo esquecer o mundo ao meu redor.
Suspirei alto, mas como uma espécie de
gemido, então ele me virou em sua direção,
penetrou-me com seu olhar sedutor que
simplesmente exercia um forte magnetismo sobre
mim, segurou firme em minhas costas e levou meu
corpo em direção ao dele, e com a mão direita
contornou os traços do meu rosto até chegar em
meus lábios e acariciá-los de leve com seu polegar
fazendo com que meus olhos se fechassem ao sentir
o toque macio de seu dedo deslizando sutil sobre
minha boca.
— O mesmo tom laranja, terno e provocante.
— sussurrou respirando ofegante. — não aguento
mais essa espera. — disse e então senti um calor
correr por todo meu corpo quando segurou em
minha nuca e me levou até seus lábios, beijando-me
suavemente e lento, infiltrando sua língua na minha
boca e acariciando-a com cuidado, sem pressa,
explorando cada canto de nossas memórias,
fazendo-me perder completamente os sentidos. Eric
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foi caminhando forçando-me a me encostar no


guardo corpo, então segurou meu rosto com as duas
mãos e intensificou seu beijo, devorando-me
loucamente, matando cada minuto que perdemos
com o tempo, chupando minha língua, mordendo
meus lábios e gemendo neles, enquanto dizia:
— Eu quero você, quero você, Anna. — E
quando eu estava mole em seus braços, mordeu
meu lábio inferior puxando-o em seus dentes,
depois passou a dar-me selinhos mais carinhosos,
voltando com seus lábios ao pé do meu ouvido,
dizendo de forma sofrida:
— Vamos sair daqui! Vem comigo. — puxou-
me pela mão.
— Não podemos. — O que diabos está
dizendo?! Meu Eu interior gritou em minha mente.
— Não podemos ou você não quer?
Soltei das mãos dele e voltei para perto do
guarda corpo e o respondi:
— Doze anos se passaram Eric, não podemos
agir como se o tempo não tivesse passado.
— Pois é, e eu estou esperando doze anos para

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terminar aquilo que começamos.


— Não é assim tão simples.
— Qual a dificuldade? Você foi minha
namorada por dois anos, não precisamos mais de
um primeiro encontro, você me atrai de uma forma
que nem sei como explicar, eu desejo você, quero
você e não vou sair dessa festa sem você.
Meu rosto queimou e eu tinha certeza que
estava uma pimentinha, e meu corpo não respondia
mais as razões que meu cérebro emitia, naquele
momento só meu coração falou, e dançava bolero
em meu peito.
— Vem comigo, Anna! — insistiu estendendo
sua mão em minha direção com seus olhos
implorando. E o que eram aqueles olhos?
— Por favor, não faz assim comigo, Eric.
— Se dizer que não me quer, deixo você ir. —
enfiou a mão no bolso da calça, tirou as chaves da
casa da May e estendeu-as em minha direção
juntamente com o cartão do taxista.
Eu o encarei indecisa, pois, sabia onde àquilo
nos levaria, e sabia que novamente sofreria quando

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tivesse que voltar à minha realidade e ir embora,


mas mesmo assim assenti, balançando a cabeça e
estendendo minha mão até tocar na dele. Queria
estar com ele, meu corpo desejava isso e minha
alma implorava, então peguei as chaves de sua
mão, aproximei-me dele e as coloquei no bolso de
sua calça, e então ele sorriu, pegou o copo em que
bebia whisky e tomou o resto que estava nele, em
seguida tocou em minhas costas e direcionou-me
para à porta que daria acesso à sala. Entramos lá e
quase morri de vergonha quando fui fuzilada pelos
olhares curiosos, de alguns convidados que ainda
restavam na festa. Eric foi até Freddy, que estava
em um canto com May grudada em seu pescoço e
cochichou algo no ouvido dele que não pude ouvir,
devido à altura do som.
Freddy balançou à cabeça em positivo e deu
dois tapinhas nas costas do Eric, e depois disse a
mim:
— Espero vocês amanhã na ilha.
— Tudo bem! Até amanhã então. — respondi
envergonhada.
— Vejo você amanhã, Anna. — disse May
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piscando para mim sem nem ter a decência de


disfarçar.
Eric e eu saímos sem nos despedirmos de mais
ninguém e quando entramos no elevador, ele
simplesmente se jogou para cima de mim e voltou a
me beijar, mas daquela vez havia mais excitação,
mais voracidade. O gosto de seus lábios me
acendia, era como se o álcool estivesse me
deixando bêbada de desejo por ele, era como se
nenhum dia tivesse se passado entre nós e toda a
urgência de outros tempos tivessem simplesmente
despertado depois de um longo sono.
Quando à porta do elevador se abriu e Eric saiu
dos meus lábios, foi como se um vazio tivesse me
preenchido.
Eu respirava com dificuldade, e meu rosto
queimava.
Caminhamos pelos corredores do térreo, com
Eric puxando-me pelas mãos até chegarmos à porta
que nos levaria ao estacionamento, e lá, Eric
dirigiu-se para um Bentley preto e abriu à porta do
passageiro para mim, em seguida, entrou no lado
do motorista e voltou a se jogar para cima de mim
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como no elevador, e entorpeceu-me em um beijo


quente, cheio de desejos. Existia uma urgência em
nossos corpos que simplesmente não obedecia a
nenhum comando emitido por nossos cérebros, e
quando consegui desgrudar meus lábios dos dele,
questionei esbaforida antes que ele ligasse o carro:
— Eric! Aonde vai me levar?
— Minha casa.
— E... Ainda mora com seus pais?
— Sim! — respondeu sério.
Ah, Meu Deus, não posso ir. Pensei tremendo
por dentro.
— Melhor não, Eric!
Ele sorriu para mim e ligou o motor do carro
dizendo:
— Não moro mais com os meus pais há anos,
só queria ver sua cara.
— Eric!
Piscou delicioso para mim e foi manobrando e
saindo do estacionamento.
O que eu estava fazendo? Quebrando todas as
minhas regras. E como ele estava lindo, como é
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sedutor, cada movimento dele me deixava


enlouquecida.
No caminho fomos conversando e acabei
perguntando:
— Por que chegou tão tarde à festa?
— Não sabia ao certo se queria vê-la, eu sabia
que se visse você não iria conseguir ficar longe, e
fiquei imaginando você com um marido chato e
barrigudo. Fiquei desenhando várias situações na
minha cabeça e por fim, fiquei confuso se deveria
ou não correr o risco e ter que vê-la partir
novamente.
— Também ponderei muito sobre isso, se viria
ou não para cá.
— Que bom que ambos tomamos a decisão
certa, você sempre foi a mulher certa para mim, eu
sempre soube disso, e nunca deixei de te olhar.
— Como assim?
Eric suspirou alto, passou a ponta da língua no
lábio inferior e me encarou respondendo-me:
— Sempre que eu sentia saudades, eu olhava
uma foto sua, te procurava na internet, sabia o que

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estava fazendo pelas fotos que você postava, e onde


estaria, com quem.
— Por que nunca me procurou?
— Porque você me deixou, porque me
esquecer foi uma escolha sua, lembra?
Engoli em seco e fixei meus olhos na estrada,
ele estava certo e não tinha como argumentar sobre
aquelas palavras que tinham no fundo um tom de
ressentimento.
— Vi você em umas fotos também, e em sua
maioria você estava acompanhado.
— Não estou mais acompanhado, a não ser
nesse momento. — respondeu-me sorrindo e
tocando em meu rosto, e a cada toque dele minha
pele parecia queimar.

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Capítulo 6

Eric
Olhar para o lado enquanto dirigia e perceber
que ali ao meu lado estava a mulher que sempre
deveria ter estado ali, fazia-me sentir vivo
novamente, me fazia querer viver cada segundo
daquele momento e eternizá-lo, para que eu jamais
voltasse a perdê-la de vista.
Cheguei com Anna em minha casa que se
localizava na borda de uma ravina imersa entre
árvores, no bairro de Rosedale.
— Uau! — disse Anna com os olhos brilhando
ao observar a mansão. — Você mora praticamente
em um precipício. Meu Deus! Que coisa mais linda
isso, Eric! Nem parece que estamos em Toronto.
— Obrigado!
E quando desceu na garagem ela olhou em
volta e parecia admirada.
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— Nossa! Precisa de tantos carros assim? —


questionou-me virando em seus calcanhares.
— Não, isso é coisa de colecionador, mas já
parei com isso há um tempo.
— Sua casa é lindíssima, Eric, estou de queixo
caído com essa arquitetura, é… É bem moderna os
traços curvilíneos são...
— Perfeitas? Eu sei. — sorri orgulhoso, pois,
se tinha uma coisa que me dava orgulho na vida era
meu trabalho. — Eu mesmo arquitetei cada linha,
cada curva. — pego em sua mão e fui levando-a
para uma passagem sem porta que nos colocou
diretamente em um hall de entrada, e alguns passos
abri à porta enorme de carvalho e a empurrei
delicadamente pelas costas encorajando-a entrar,
pois, senti certo anseio por parte dela.
Anna tinha uma timidez moderada que chegava
a ser engraçada, ela simplesmente tentava de forma
desastrosa não demonstrar isso e acabava que seus
gestos sempre evidenciavam seu acanhamento, e
era isso que me encantou nela e que graças a Deus
não mudou em nada.
Assim que entramos na sala, vi nos olhos dela
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o espanto e nem precisei falar nada quando ela


disse:
— Eric! Ah! Meu Deus! É tão… Tão
perfeitamente grande e vazia, mas vazia sem ser,
você me entendeu? — ficou admirando com as
mãos na cintura então voltou a falar. — Se você
fosse um artista plástico, eu o enquadraria ao
minimalismo.
— Menos é mais. — respondi sorrindo
discretamente.
— Sim! Eu consigo ver os detalhes, parece
uma casa enorme sem nada dentro, mas se
pararmos para observar vejo cada marca sua
espalhada discretamente nela. O tapete, o sofá
solitário, tudo em perfeita harmonia. Eu
simplesmente amei.
— O que você mudaria nela? — questionei
curioso.
— De verdade? — perguntou encarando-me.
— nada, absolutamente nada, minto, eu colocaria
um quadro meu em algum lugar. — sorriu
lindamente como uma criança.
— Bom, tenho que te dizer que já tenho um
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quadro seu aqui. — e quando ia levá-la até a lareira


para lhe mostrar o quadro, Bruce chegou roubando
a cena indo cheirá-la.
— Ei! Quem é esse ursinho aqui?
— Tenho certeza que ele odiou ser chamado de
ursinho.
— E como devo chamá-lo? — questionou
acariciando Bruce sem me olhar.
— Urso? Quero dizer, Bruce, o nome dele é
Bruce.
— Oi Bruce, que nome lindo você tem.
— É, ele adora o Batman.
Ela ficou me olhando séria e não quis emitir
nenhum comentário.
Bruce ficou rodeando-a e cheirando-a, então
não resisti e falei:
— Muito bom esse cheiro, não é Bruce?
Anna balançou a cabeça sorrindo lindamente
me hipnotizando com tanta beleza.
— Bruce, vai para o seu canto. — falei.
— Ah, não Eric, deixa ele aqui com a gente, é
muito fofo.
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— Ele terá o momento dele de curtir você, mas


agora o momento é meu.
Ela me olhou com aquele olhar nervoso, e eu
me divertia com a mania que ela tinha de sofrer
com antecedência.
— Bruce! — falei novamente e bastou para ele
entender e ir descendo as escadas rumo ao cômodo
da casa destinado a ele.
Tirei a jaqueta do meu corpo e fiquei só de
camisa, estava quente dentro de casa e eu precisava
de uma dose de whisky, então caminhei até o canto
onde ficava o bar e coloquei a bebida em um copo.
Voltei para próximo de Anna, tomando o whisky
encarando-a com profundidade.
— Preciso de um pouco disso. — ela estendeu
a mão direita em busca do copo em minha mão,
estava nitidamente desconfortável por estar ali
comigo, mas mesmo notando isso, tirei minha mão
de seu alcance, negando-lhe a bebida, então tomei
mais um gole e coloquei o copo no balcão,
respondendo-a:
— Não! Quero você sóbria.
Anna me olhou de uma forma quente,
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despindo-me com os olhos, cheios de desejo. Ela


me queria tanto quanto eu a queria, e para saber
disso ela não precisou emitir nenhum som, seus
olhos me disseram tudo, e assim fui até ela, dei a
volta em suas costas e levei minhas mãos em seu
casaquinho e o tirei de seu corpo dizendo:
— Não vai mais precisar disso. Aqui dentro é
tudo climatizado.
— Percebi. — respondeu monossilábica.
Joguei o casaquinho no chão e aproximei-me
dela colocando minhas mãos em sua cintura, me
encostando por completo nela e coloquei minha
cabeça em seu pescoço, perguntando-lhe:
— Está tudo bem?
Anna apenas meneou à cabeça afirmando que
sim, então afastei seus cabelos arruivados de lado,
encostei meu nariz em seu pescoço, perdendo-me
em seu aroma, enquanto sentia os pelos dos braços
dela se arrepiarem embaixo de meus dedos que
fluíam sutis em sua pele.
— Nunca consegui te esquecer, Anna. —
confessei.

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— Também nunca te esqueci. — respondeu-me


nervosa.
— Então faça amor comigo, deixa eu te amar e
terminar o que comecei naquela noite em que fugiu
de mim.
— Quero muito isso.
Deslizei meus lábios em seu pescoço, beijando-
a e mordendo-a enlouquecido de tesão ao ouvir sua
resposta, e contorci-me todo ao sentir que Anna
estava completamente mole entregando-se a mim
sem nenhuma resistência. Eu precisava dela, queria
toda sua pele em meus lábios, cada canto daquele
corpo, e assim, quando deslizei com minha língua
em seu pescoço, Anna estendeu seus braços e os
ergueu vindo a segurar meu pescoço, sussurrando
sôfrega:
— Eric!
Aturdido com meu nome saindo dos lábios dela
com uma certa súplica, levei meus dedos no decote
de seu vestido e o puxei para baixo liberando seus
seios, e assim que passei meus dedos neles, senti
que os bicos estavam túmidos. Senti minha ereção
crescer ainda mais dentro de minha cueca,
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deixando-me enlouquecido, fazendo uma fúria


emergir de dentro de mim, então virei seu rosto em
minha direção e busquei seus lábios completamente
zonzo. Anna sempre esteve guardada em um canto
secreto de minha mente e agora, ela estava
novamente nos meus braços. Tudo em meu corpo
estava acelerado, a adrenalina circulava me
incendiando naqueles lábios, fazendo-me beijá-la
ensandecido. Eu sentia a respiração dela impetuosa
que correspondia ao meu beijo de uma forma
entregue. Minha língua acariciava a dela em uma
dança deliciosa, então levei meus dedos no zíper de
seu vestido e o abri até na cintura, deslizei pelos
braços dela, até que o lindo vestido preto
escorregou leve em seus pés. Anna passou por cima
do tecido jogado ao chão e deu um passo à frente e
voltou para meus braços, para meus lábios, mas
dessa vez estava frente a frente comigo e enquanto
nos perdíamos um nos lábios do outro, ela passou a
abrir os botões de minha camisa preta, e logo que
teve acesso, deslizou seus dedos em meu tórax
encarando-me com desejo, pois, já não existia mais
aquela Anna mergulhada em sua timidez, ali,
naquele momento, seus olhos me desejavam e seus
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lábios cheios queriam os meus. Meu peito subia e


descia em uma respiração forte, senti-la me tocando
com desejo luxuriante me excitava, e assim
abaixei-me com urgência e a peguei em meus
braços e saí carregando-a rumo ao meu quarto.
Cruzei a sala e subi as escadas que nos levaria até
meu quarto. Logo que subi dois lances de escada
carregando-a, coloquei-a no chão e disse:
— Olhe esse lugar. Essa estrutura de panos de
vidros etérea foi meticulosamente estudada
pensando em você, e amanhã quando o Sol estiver
se pondo no Oeste, você vai entender do que estou
falando.
Ela me encarou séria e questionou-me:
— Planejou o segundo andar da sua casa, todo
de vidro só para poder apreciar o Pôr do Sol?
— Para apreciá-lo todos os dias do ano, pois,
agora no início do outono ele nasce no Oeste, mas
nos demais meses ele desaparece mais à direita. —
apontei com o dedo.
Toquei com carinho em seu rosto, fazendo-a
inclinar o pescoço ao receber meu afeto, então
segurei em sua mão dizendo:
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— Vem comigo!
Saí pelo corredor puxando-a e entrei na
primeira porta a esquerda, meu quarto, bati a mão
em um dos interruptores deixando o quarto apenas
em meia luz, clareando apenas o necessário.

Anna
Era simplesmente impossível resistir ao Eric,
eu estava completamente seduzida por ele e pela
primeira vez eu estaria me entregando a um homem
de corpo e alma, pois, era o homem que amei toda a
minha vida. Ele foi me puxando pela mão guiando-
me por um lindo corredor com os vidros a minha
esquerda, eu estava me sentindo leve como uma
pluma, o vinho havia me relaxado de uma forma
deliciosa, não embriagada, apenas leve. Entrou
comigo em um ambiente espaçoso, lindo, com uma
luz fraca que simplesmente deixava o clima ainda
mais romântico. Deixei meus olhos percorrerem o
espaço e vi a enorme cama com lençóis brancos, e
era para onde ele se encaminhava comigo. E
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confesso que senti um frio em minha espinha, e


quando chegamos no meio do enorme quarto, Eric
olhou para mim e segurou firme em minhas costas
levando-me com urgência para seus lábios,
beijando-me novamente com um desejo
entorpecido, estávamos ávidos de desejo um pelo
outro. Eric segurou firme com as duas mãos nas
laterais de minha cabeça, então levou suas mãos em
minhas nádegas e fez-me pular em sua cintura,
caminhou comigo que estava grudada em seu
pescoço, beijando-me sem parar por nenhum
segundo.
Eric colocou-me no centro da cama e ficou em
pé próximo dela, retirou a camisa de seu corpo com
rapidez, tirou os sapatos e foi tirando o cinto de sua
calça, se despindo e me encarando com um olhar
tórrido que fazia meu desejo por ele crescer
vertiginosamente.
Eric tem um corpo digno de ser apreciado,
forte, com músculos entalhados com maestria, era
um homem enorme, em todos os sentidos e vê-lo
ali, parado em minha frente apenas de cueca
branca, me fez ajoelhar na cama e ir atrás daquele
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corpo, senti-lo. E de joelhos na cama, só de


calcinha e sutiã, deslizei meus dedos em seu
abdômen incrivelmente esculpido, eu subia e descia
minhas mãos sentindo as lombadas leves,
encarando-o sem desviar meu olhar. Eric segurou
em meu rosto e beijou-me ardente, queimando em
brasa com uma ereção de tirar o fôlego de qualquer
mulher, e com meu corpo queimando em brasas,
com minha mente borbulhando de excitação, levei
minha mão em sua cueca e o senti forte e firme
como aço, e assim que movimentei minha mão por
cima da cueca, subindo e descendo, Eric mordeu
meu lábio e sussurrou ofegante:
— Vou te amar muito forte.
Aquilo fez meu ventre se contrair dando-me a
sensação deliciosa e abrasadora de um tesão
incontrolável.
Ele retirou a cueca de seu corpo revelando aos
meus olhos tudo que minha mão já havia sentido,
uma ereção forte e consideravelmente grande, então
se afastou e abriu uma gaveta embutida em sua
cama, e olhando-me com a luxúria saltando de seus
olhos, rasgou a embalagem de uma camisinha e a
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vestiu em sua ereção. Oh! Meu Deus! É a


perfeição. Pensei admirando aquela imagem
incrivelmente sexy.
Eric segurou firme nas laterais do meu rosto e
voltou a me possuir em um beijo simplesmente
enlouquecedor enquanto jogava seu corpo enorme
sobre mim, deitando-me na cama e vindo a me
cobrir completamente com seu peso.
Mexia-se deliciosamente em cima de mim,
destruindo-me em um beijo voluptuoso, enfiando
sua língua em minha boca e chupando a minha com
um desejo ardente, saindo de meus lábios e vindo a
explorar meu pescoço deliciosamente, mordendo-
me e passando a língua em mim. Estávamos em
estado de ebulição, nossos corpos estavam em
chamas ao contato de nossas peles, e não tinha nada
que eu quisesse mais naquele momento do que
sentir a força daquela ereção enorme me invadir.
Ele foi se afastando e explorando cada canto do
meu corpo com sua boca, beijando, lambendo e
descendo, e quando chegou em minha barriga,
grudou seus dedos em minha calcinha e a levou
para baixo retirando-a do meu corpo, deixando-me
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nua e envergonhada.
Não faça isso, Ohhhh! Faça, faça isso! Pensei
quando senti sua língua invadir minha vagina
lambendo-a e puxando meu clitóris com carinho.
— Oh! Eric, Eric! — sussurrei contorcendo-me
toda enquanto ele beijava e chupava ardentemente
minha vulva, deixando-me extasiada e louca para
senti-lo dentro de mim. Sua língua penetrou-me
profundamente e serpenteava como uma cobra em
meu clitóris, arqueei minhas costas, grudei em seus
cabelos e implorei.
— Por favor, Eric!
— Linda. — disse e voltou para mim da
mesma forma que desceu, beijando cada canto do
meu corpo, enlouquecendo-me de vontade de senti-
lo me invadir, e assim, senti quando seu peso estava
novamente em cima de mim, beijando-me
enlouquecido e sutilmente com uma de suas pernas
afastou a minha, e me invadiu deliciosamente
gemendo com os lábios grudados aos meus:
— Ohhhh!
Minha mente ferveu quando gemeu daquela
forma ao me penetrar, então senti a primeira
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estocada, forte e funda, Ohh! Urrou novamente


estocando-me da mesma forma, fazendo-me delirar
e arranhá-lo em suas costas e logo senti uma nova
estocada, e em seguida passou a se mexer de forma
cadenciada, se enfiando e saindo gostoso de mim,
me olhando fixo e estocando lento, em um ritmo
enlouquecedor ao tempo em que não saía de meus
lábios, beijando-me, mordendo-me e sussurrando:
— Sonhei com esse momento a vida toda,
Anna.
Aquelas palavras me levavam ao céu e me
faziam esquecer de voltar, eu nem conseguia
respondê-lo, de tão maravilhada que estava com
aquele homem perfeito em cima de mim, se
mexendo, se enfiando, serpenteando e me
enlouquecendo com suas estocadas deliciosas. Seu
cheiro delicioso exalava, minhas mãos corriam em
suas costas fortes, enfiava meus dedos em seus
cabelos e os puxava e o sentia ir fundo, bombando,
movendo, se enfiando e aumentando o ritmo de
suas estocadas até nossas respirações começaram a
se perder em meios aos gemidos sufocados de
ambos.
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Virou-me de costas sem que percebesse, estava


atordoada com o encanto que Eric era, que mal
conseguia sentir a sutileza em seus movimentos, e
assim quando percebi, estava como uma sereia
debaixo de seu corpo, presa por suas coxas fortes,
então segurou firme em minhas mãos e voltou a
preencher-me com ímpeto delicioso, estocava,
beijando-me e mordendo o lóbulo de minha orelha,
gemendo com aquele tom de voz que simplesmente
me tirava dos eixos, era o som mais excitante do
mundo.
— Oh, oh, oh...
Me possuía enlouquecidamente, o mundo não
iria acabar, mas era como se fosse, era um misto
entorpecido de saudade, de tesão, desejo
acumulado há anos, que faziam nossos corpos
suarem e exalar o odor afável da mistura de nossos
cheiros, com o do sexo maravilhoso.
Eu estava completamente submissa embaixo
dele, presa por seu corpo enorme, sem ter como me
mexer e sendo devastada por suas estocadas
deliciosas, e assim, depois de uma longa série de
investidas, ele passou uma de suas mãos por baixo
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de minha barriga e a levou diretamente em meu


clitóris e passou a massageá-los enquanto
continuava desferindo suas estocadas fundas e
fortes, sem parar, em um ritmo luxuriante que
simplesmente estava me fazendo perder noção de
espaço e tempo, friccionava em meu clitóris e
bombava, virando meu pescoço e buscando meus
lábios, até que minhas vistas ficaram ofuscadas por
um frenesi intenso e enlouquecedor, deixando-me
leve, fazendo-me sentir minha vagina se lubrificar
ainda mais e com que meu ventre se contraísse
tendo fortes contrações e espasmos que fizeram
uma sensação maravilhosa percorrer todo meu
corpo em um orgasmo arrebatador.
— Ohhh... Eric! — Gozei dizendo seu nome
em completo deleite.
— Goza para mim meu Sol! Gozaaaa.
— Ohh! Ah...
Quanto mais o som dos seus gemidos chegava
ao meu cérebro, mais meu corpo tremia
entorpecendo-me naquele orgasmo sem
precedentes na minha vida, eu estava
completamente anestesiada embaixo daquele corpo
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enorme que me cobria inteira. Eric me beijava,


movendo-se lentamente dentro de mim sem parar,
eu estava sem forças, estava mole, mas todo aquele
clima sensual, todo aquele sentimento que fluía
entre nós, foi devolvendo-me as forças para
continuar deliciando-me com aquele furacão que
simplesmente me aniquilou.
Assim que percebeu que eu havia me
recuperado, Eric girou seu corpo levando-me para
cima dele, fazendo-me montá-lo e quando me
encaixei em cima daquela ereção, senti um arrepio
me inundar, me deixando mais molhada que já
estava, e assim voltei com urgência para a boca
mais gostosa que meus lábios já tinham beijado.
Eric segurou em meus seios e os levou em sua boca
enlouquecendo-me quando passava a língua nos
bicos e os sugava. Ergueu seu tronco sentando-se e
dizendo ao segurar firme em minhas costas
aproximando-me mais dele:
— Quero sentir sua pele na minha. — então me
apertou forte e me fez engoli-lo inteiro, enfiando-se
inteiro em mim.
— Ohh! — gemi alto com aquela penetração
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funda que cutucou meu útero.


Eric passou a se mexer com as mãos firmes em
minhas costas, levando-me diretamente para suas
estocadas, e eu ajudava, galopando deliciosamente
naquele pau que ocupava cada espaço de minha
vagina.
— Mexe! Mexe para mim, Anna! —
murmurava ofegante.
Eu me mexia e ele acariciava minhas costas
com carinho, beijando-me e enfiando-se em mim
lentamente. Sugava meus seios e eu me contorcia
grudada em seus cabelos, até que não aguentou
mais e se deitou sobre os travesseiros, levando-me
com ele sem desgrudar de minhas costas, queria-me
grudada ao seu corpo e então eu galopava em seu
pau com mais velocidade, pois, sentia a exigência
em suas mãos no meu corpo. Beijava-me e com as
mãos em minha nuca, levava-me para baixo, para
suas estocadas. Pof pof pof...
Eric estava enlouquecido atrás de seu clímax e
assim eu galopava freneticamente até que senti suas
mãos se amolecerem em minhas costas enquanto
ele se contorcia e gemia gozando:
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— Ohhh... Anna, Anna. Oh! — aquele gemido,


meu nome saindo de seus lábios no momento de
seu prazer, me deixaram queimando, meu rosto
estava em chamas, eu o amava há anos, e não tive a
coragem de dizer isso a ele naquele momento.
Continuou dentro de mim, beijando-me e
acariciando minhas costas com carinho, Eric
mostrou-me sua tormenta e a calmaria de ventos
serenos em águas tranquilas.
Deitou-me com cuidado na cama como se eu
fosse uma boneca que pudesse se quebrar, depois
de quase me matar em um sexo intenso e
maravilhoso.
— Só me diz que não irá me deixar. — aquelas
palavras saíram quase como uma súplica, e eu não
sabia o que dizer.
— Anna!
— Não vou.
Ele saiu da cama e me pegou em seu colo e me
levou ao lindo banheiro todo revestido de granito
preto, e ali, continuamos a troca de carícias e beijos
deliciosos, enquanto nos lavávamos depois de
fazermos amor pela primeira vez.
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— Não fui o seu primeiro, mas serei o último,


Anna, farei o possível para ser. — disse-me
deixando-me completamente petrificada.

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Capítulo 7

Eric
Depois de um longo banho regado a muitas
carícias, Anna e eu saímos do banheiro, ela
vestindo um roupão branco, e eu apenas minha
cueca. No quarto Anna se secou e eu fui até o
closet pegar uma camisa minha para que ela
vestisse e ficasse confortável para dormir comigo.
E de todas as mulheres que se deitaram comigo,
Anna foi a única que despiu minha alma além de
minhas roupas, eu estive com ela completamente
pleno.
Caminhei com a camisa até Anna que estava
próxima da parede de vidro observando o céu,
então eu abracei por trás e levei meus olhos para o
céu, que naquela noite estava esplendoroso.
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— É lindo demais! Quando imaginei que


conseguiria ver um céu desses em Toronto?
— Esse é um dos privilégios de se morar em
uma ravina.
— Você mora muito bem, não há como negar
isso. — virou o pescoço e beijou-me.
— Posso? — perguntei a ela estendendo-lhe a
camisa, e ela assentiu virando-se para mim, então
peguei nas tiras de seu roupão e o abri, que
novamente revelaram-me as lindas curvas do corpo
de Anna, que eram nada além de perfeitas. Percebi
que seus seios perfeitamente fartos ficaram rígidos,
não sei ao certo se de frio ou se pelo peso do meu
olhar, que os devoraram em um ato contemplativo.
Ela tinha a pele alva e seus seios perfeitamente
redondos com as aréolas rosadas, era simplesmente
perfeita.
Retirei o roupão de seu corpo e depois de
contemplá-la deixando-a envergonhada, eu a vesti
com minha camisa e fechei os botões dela
encarando-a, e sem conseguir resistir eu a beijei
segurando em seu lindo pescoço.
—Ficou confortável? — questionei-a sobre a
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camisa.
— Sim, muito.
— Como está se sentindo?
— Como acha que estou depois de você ter me
levado até as nuvens? Na verdade, você me largou
lá.
Joguei à cabeça para trás involuntariamente e
gargalhei de forma tão espontânea como há tempos
não conseguia fazer, amando saber como ela se
sentia em relação nossa primeira noite de amor,
então falei em seguida:
— Prometo te levar até as nuvens, literalmente
falando.
— Eric!
— Sim, vou planejar isso, aguarde.
— Você não existe, por favor, se eu estiver
sonhando não me acorde nunca.
— Anna. — toquei em sua face. — Se isso for
mesmo um sonho, estávamos compartilhando-o, e
se não quero acordar, também não irei acordá-la.
— Obrigada! — disse corando lindamente,
aliás, eu amava o tom natural dos lábios dela e de
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suas bochechas, eram rosados por natureza. E que


natureza perfeita.
— Está com fome? — questionei-a.
— Não, estou tão entorpecida, mole, só quero
dormir.
— Então vem comigo! — levei-a em direção a
cama e deitamos novamente e eu a aconcheguei em
meus braços, ela estava realmente relaxada demais,
o vinho tinha esse efeito maravilhoso, e depois de
um sexo maravilhoso seguido de um banho quente,
ambos adormecemos um nos braços do outro.
Assim que os primeiros raios de sol incidiram
em mim, olhei para o lado para ter certeza de que
Anna estava mesmo ali, e fiquei impressionado
com a beleza crua dela, era simplesmente uma
deusa.
Levantei-me da cama e fui caminhando até o
banheiro com a felicidade estampada em meu rosto,
pois, dei-me conta de que havia dormido à noite
toda sem ter tido nenhum tipo de sonho ou pesadelo
com rosas, coisa que não acontecia há meses, pois
depois da morte de minha mãe, eu nunca mais
consegui me deitar em uma cama sem ter toda a
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cena sendo reproduzida em minha mente, e isso me


levava a ter pesadelos. Ter a mulher que amei a
vida toda em meus braços, fez-me esquecer de
minha culpa, devolvendo-me uma paz que a muito
não sentia.
Assim que entrei no banheiro vi que Bruce
estava deitado próximo do box, ele conhecia minha
rotina e meus horários, e sabia que eu estaria
tomando meu banho matinal e quando me viu
entrando se levantou e se sacudiu todo.
— Xiii! Para com isso, Bruce, quer acordar a
Anna?
Bruce se sentou e fez aquela pose estática dele,
por muitas vezes via a mim mesmo naquele animal
que eu tanto amava, meu companheiro, a impressão
que eu tinha era que ele havia incorporado um
pouco de mim.
Bruce ficou deitado no tapete do lado de fora
do box durante todo tempo que fiquei embaixo do
chuveiro, relembrando como um garoto cada
detalhe da noite anterior.

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Anna
Meu relógio biológico despertou-me, e logo
que abri os olhos, tapei-os imediatamente quando
uma sutil claridade os invadiu, e assim quando me
acostumei com a luz, abri os olhos e olhei tudo ao
redor, sorri como uma boba ao perceber que ainda
estava nos lençóis de Eric e que à noite anterior
havia sido uma realidade maravilhosa. Levantei da
cama e saí caminhando descalço pelo enorme
quarto, olhei em volta à procura de meu celular e de
minhas coisas e não vi nada, eu precisava de minha
bolsa para pegar meu kit higiênico. Caminhei
admirando cada canto daquele quarto enorme e
assim como o restante da casa, tinha como mobílias
só o necessário. Segui reto e entrei no banheiro, e
em cima da pia havia uma escova de dente, pasta e
toalha meticulosamente deixados ali para que eu
usasse. Logo depois de fazer minha higiene
matinal, sai do banheiro e fui a procura de Eric,
admirando tudo em seu lindo quarto, todo branco,
com detalhes lindíssimos de madeira. Entrei em seu

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closet, e em uma das prateleiras havia alguns livros,


fui olhando um a um os livros que ele mantinha ali
a seu alcance e pelo que pude notar, eram os
preferidos, entre eles Hamlet, alguns exemplares
fabulosos da literatura russa e O Banquete de
Platão, que por sinal eu também adorava, gostava
muito de todo aquele discurso sobre o amor e as
especulações em torno desse tema.
Abri uma das páginas e acabei por ler um
parágrafo que dizia:
Quem deseja, deseja o que lhe falta, mas, se
nada lhe falta, não deseja nada. Platão.
Naquele momento, eu nada desejava, nada
mais me faltava, pois sentia-me plena.
Coloquei o livro de volta na prateleira e fui
entrando mais para dentro do closet, passei a mão
nos tecidos de suas dezenas e dezenas de camisas
penduradas completamente organizadas por cores,
tinha também uma quantidade enorme de calças e
sapatos belíssimos, imaginei que ele deveria
trabalhar sempre muito elegante, quando virei-me
para minha esquerda, tinha uma parte pequena do
closet ocupada com sapatos de saltos belíssimos de
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marca caríssima com solas vermelhas, tinha


também alguns vestidos e até vidros de perfume,
estava nítido e notório que ele tinha alguém e que
havia mentido para mim.
Não estou mais acompanhado, a não ser nesse
momento. Lembrei-me de sua frase na noite
anterior onde entendi que ele estava solteiro, e até
May já havia me dito aquilo. Um nó se formou em
minha garganta, um frio percorreu minha espinha e
um gosto amargo invadiu minha boca, eu tremia
internamente observando tudo aquilo com a minha
visão se turvando, onde uma lágrima escorreu ácida
em minha face chegando até os meus lábios.
— Anna! Eu posso explicar tudo isso.
Engoli em seco e virei em sua direção, Eric
estava parado atrás de mim, vestindo uma calça de
moletom cinza e uma camiseta branca.
— Não precisa, eu já entendi tudo.
— Não, você não entendeu nada.
Minha mente estava borbulhando e um milhão
de informações que tentavam se unir e enviar a
mensagem até meu cérebro: Deixe-o se explicar.
Mas a raiva tomou conta de mim, meu sangue
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estava fervendo em minhas veias, o ar me faltando


e uma angústia tomou conta de mim e então, saí o
empurrando, indo em direção à porta do quarto
desesperada, olhei para um lado e para o outro e
lembrei-me por onde eu havia chegado ali e saí
correndo para a escada e fui descendo os degraus
completamente sem rumo, meu coração estava
pulsando em meu peito e a adrenalina circulando
com muita velocidade.
Quando cheguei na sala, bati os olhos no chão
e não encontrei minhas coisas, vasculhei o lugar e
vi minha bolsa em cima de uma banqueta no bar,
onde me lembrei de tê-la colocado.
— Anna, por favor, espere. Me escuta! — Eric
chegou na sala no mesmo momento em que a porta
da sala foi aberta e uma mulher de cabelos
castanhos entrou. E quando me viu, arregalou os
olhos e questionou-me:
— Quem é você?
Engoli a saliva, me virei em direção ao Eric
que estava parado atrás de mim, ofegante, e antes
que respondesse à pergunta da mulher, ele disse:
— Eve não! Agora não é o momento para você
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estar aqui.
Fiquei congelada sem reação, aquela era a
mulher que vi nas fotos com ele, e certamente era a
dona das roupas e dos sapatos.
— Conheço você de algum lugar. — disse a
mulher encarando-me. — Você é a mulher da tela,
a abóbora de halloween.
Olhei para o Eric sem entender nada, então um
raio em minha cabeça devolveu-me uma fala
atropelada.
Bom, tenho que te dizer que já tenho um
quadro seu aqui.
Então quando as ideias estavam se processando
em minha mente, a mulher voltou a falar:
— Quem é essa mulher Eric?
— Sou o fantasma do passado.
— Vê-se que é um fantasma mesmo, pálida
como está. — disse irônica.
Peguei minha bolsa no banco e abri à porta
com urgência, saí correndo da casa feito um trem
desgovernado, desci os degraus e avistei um carro
parado no gramado e tinha um homem encostado
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na porta, era um taxista para minha sorte.


— Moço me tira daqui, pago o triplo que
aquela mulher está te pagando para esperar por ela.
— Ei! Calma, não sou um...
— Anna, espera! — Eric gritou descendo os
degraus vindo em minha direção. E eu em pânico e
ódio abri à porta do carro do taxista e fechei a
porta, então o homem entrou logo em seguida.
— Me tira daqui, por favor, por favor, moço.
— implorei e ele ligou o motor do carro, e antes de
sairmos Eric bateu na porta dizendo:
— Abre essa porta Ben. Ben. Abre a porra
dessa porta. — gritava nervoso.
— Ben, por favor! — implorei com os olhos e
assim, Ben acelerou e me tirou daquele lugar.
— Quem é você? — questionou o homem
enquanto me tirava do alcance do Eric.
— Um fantasma.
— Uau! Belo fantasma você é.
— Olha moço, só me leva daqui, já disse que
pagarei o dobro.
— Você disse o triplo. — disse o homem todo
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engraçadinho, se divertindo da minha situação.


— Que seja!
— Olha fantasminha, não sou um taxista, ok!
— Não?
— Não! Sou o irmão da Eve, a mulher que
entrou na casa do Mason minutos antes de você
entrar no meu carro. Escuta, você nunca pegou um
táxi aqui em Toronto? Não viu que meu carro não é
um táxi? — explicou e questionou-me, deixando-
me perdida.
— E quem é Eve? — perscrutei.
— Ela é a namorada do Mason, ou era, sei lá,
não sei dizer ao certo em que pé anda o namoro
deles, só sei que eram namorados antes do acidente.
Suspirei alto e inspirei tentando processar as
informações.
— Tem alguma estrada que o Eric não encontre
a gente?
— Tem certeza?
— Por favor, Ben! — implorei.
— Tudo bem, se ficar longe do meu cunhado
ou ex é o que você quer, vamos fazer a coisa certa.
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— respondeu-me e saiu da estrada principal.


Benjamin era seu nome, e era um homem
lindo, elegante, com uma barba bem aparada e com
alguns fios grisalhos, trajando um terno de corte
fino azul-marinho, era o anjo que apareceu e me
tirou daquela situação constrangedora e levou-me
até a casa da May.

Capítulo 8

Eric
Novamente a vida dando voltas, desta vez, me
tirando do céu e devolvendo-me ao meu inferno
particular. O sangue em minhas veias fervia e eu
mataria o Benjamin assim que colocasse minhas
mãos nele, trouxe até mim a mulher que destruiu
minha vida e levou de mim a única mulher no
mundo que foi capaz de restaurá-la em apenas
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algumas horas devolvendo-me a paz.


Ben acelerou o carro levando Anna, não
entendi porque ele resolveu fazer aquilo, mas virei
de costas imediatamente e fui para minha garagem,
entrei novamente no Bentley que ainda estava com
a chave no contato e saí em disparada atrás deles.
Acelerei na estrada tentando alcançá-los, mas
não os achei em lugar algum, então peguei meu
celular, disquei para o Ben, pelo menos umas cinco
vezes e ele simplesmente não me atendeu, dessa
forma liguei para o Freddy que também não me
atendeu e assim fui vendo meu mundo desabar
novamente sem consegui ter notícias de Anna.
Voltei para casa imerso em uma raiva, me
perguntando sem parar. Por que ela não me ouviu?
Por quê?
Assim que voltei a pisar na sala, Lydia, minha
governanta, e esposa do meu motorista, Collin,
apareceu questionando-me:
— Está tudo bem, Eric?
— Não, Lydia, está tudo péssimo, onde está a
Eve?

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— Subiu e está no seu quarto, disse-me que iria


pegar as coisas dela, e negou minha ajuda.
— Obrigado, minha querida.
Respondi e subi até meu quarto, furioso, e logo
que entrei, ela estava terminando de colocar as
coisas dela dentro de uma mala.
— O que faz aqui ainda? — questionei-a com
os olhos faiscando de ódio daquela mulher que um
dia esteve em meus braços.
— Calma, Eric, só estou terminando de pegar
as minhas coisas, afinal de contas você ameaçou
doá-las, lembra-se?
— Pegue seu celular e ligue para o Ben e
descubra para onde ele levou a Anna. — intimei-a.
— Anna é o nome da sua abóbora de
estimação? Eu sempre soube que aquela tela em
cima da lareira não era só uma obra de arte. Mentiu
para mim todo esse tempo?
— Aquela tela é coisa minha não lhe diz
respeito, você chegou à minha vida, aquela tela já
estava pendurada lá, então sobre isso não lhe devo
nenhuma explicação.

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— Está certo!
— Ligue para o Ben.
Ela gargalhou irritando-me e dizendo:
— Acha mesmo que vou ligar atrás do seu
novo brinquedinho? Me poupe Eric.
— Termine logo de pegar suas coisas, e não
esqueça nada, pois, não quero mais você aqui na
minha casa.
— Não se preocupe não irei me esquecer de
nada.
Levei as mãos em minha cabeça e girei
atordoado em meus calcanhares, então saí do
quarto uma pilha de nervos e fui para meu bar,
tomei uma dose de whisky generosa que desceu
queimando em meu estômago, já que naquela hora
da manhã meu estômago estava vazio, pois, quando
fui buscar Anna para tomar o café da manhã
comigo, toda a tormenta aconteceu.
— Eric! — chamou-me Lydia.
— Sim!
— Recolhi essas peças de roupas jogadas aqui
no chão, e esse aparelho celular estava em uma das
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banquetas do bar.
Estendi minhas mãos e apanhei o vestido e o
casaquinho de Anna na mão.
— Obrigado. — respondi pegando também o
celular dela.
Lydia virou de costas e eu simplesmente levei
meu nariz e cheirei o vestido, sentindo o cheiro
delicioso de Anna impregnado nele, e aquele cheiro
me devolveu os momentos mais lindos que vivi
com ela na noite passada.
Eve desceu carregando sua mala e dizendo-me:
— Eric, vamos conversar, ainda podemos
recomeçar, eu ainda amo você. — ela havia
chorado e seus olhos estavam vermelhos.
— Não podemos, um elo enorme entre a gente
se quebrou no momento em puxou o volante do
meu carro aquela noite, me fazendo bater naquele
caminhão.
— Estávamos exaltados, havíamos bebido
demais na festa da Jane.
— Minha mãe estava tão feliz, tinha acabado
de casar sua única filha. — sorri ao me lembrar da

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cena dela apanhando o buquê de flores da Jane que


caiu no colo dela.
— Me perdoe! Pensa que não me martirizo
com isso todos os dias? Eu estava cega de ciúmes
de você...
— Chega! Já tivemos essa conversa muitas
vezes, não precisamos disso novamente, é
desgastante.
— Eu te amo, Eric. — sussurrou chorando.
— Saia da minha vida, por favor.
Eve se virou e caminhou até à porta para meu
alívio, então me questionou:
— Posso pedir ao Collin para me levar?
— Claro que sim, faça isso, e, por favor, me
entregue às chaves da casa. — estendi a mão.
— Eu ainda tinha esperanças. — disse ao
entregar-me as chaves e no momento que o metal
tocou em minhas mãos, senti-me livre dela de uma
vez por todas.
Antes de Eve sair pela porta, Bruce apareceu
na sala, e para variar, foi se aproximando dela
rosnando suavemente e grave. Aquela cena era bem
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normal, visto que Bruce nunca foi muito com a cara


da Eve, e nem ela com a dele.
— Parado, Bruce! — emitir uma ordem que foi
prontamente obedecida, e logo ele se sentou e ficou
como se fosse uma estátua, então me aproximei
dele, cocei sua cabeça dizendo. — Bom garoto!
Eve saiu pela porta sem dizer mais nada.
Eu estava de mãos atadas, sem conseguir
contatar Anna, mas assim mesmo, senti como se
um peso enorme tivesse sido tirado de minhas
costas quando vi Collin levando Eve da minha vida
de uma vez por todas.
Uma hora havia se passado desde que Ben
levou Anna de mim, e eu estava simplesmente
desnorteado, sem conseguir falar com o Freddy,
que estava com a porcaria do celular dele
desligado, e nem com Ben, que não me atendia.
Estava no topo da ravina com Bruce, observando a
mudança de estação que no início do outono
mesclava as árvores, que circundavam minha casa,
de verdes e amarelas, era o começo de um
espetáculo maravilhoso da natureza, que veio bem
a calhar com uma nova fase de minha vida, o
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outono chegou levando a mesmice, e junto com ele,


Eve.
Eu estava uma pilha de nervos, Bruce estava
deitado ao meu pé e sabia que eu estava quebrado
em cacos. Segurava meu celular entre os dedos com
tanta força que faziam minhas veias saltarem, e
estava completamente perdido em minha angústia
quando senti ele vibrar em minha mão.
— Alô! Graças a Deus, Freddy! — falei
aliviado assim que vi que Freddy estava retornando
minhas ligações.
— O que aconteceu, cara? Tem dezenas de
ligações suas registradas aqui.
— Tive um problema com a Anna e ela foi
embora com o Ben, preciso que me passe o
endereço da casa da May, e é para ontem.
— Calma, a May está aqui do meu lado e vai te
passar o endereço, certo?
Suspirei e respondi:
— Ok.
May pegou o celular do Freddy, e questionou-
me:

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— O que você fez com minha amiga? Ela não


atende o celular.
— May, não tenho tempo para explicações,
preciso que me diga como encontrá-la, por favor.
Ela me passou o endereço, e logo desci a colina
rapidamente, entrei no meu carro e fui para o centro
de Toronto. Finalmente eu conseguiria explicar-me
a Anna.

Anna
Benjamin encostou na porta do prédio da May,
e questionou-me:
— Acho melhor conversarmos com o porteiro
e pedir para entrarmos pela garagem para que você
desça lá e não seja vista aqui do lado de fora
trajando apenas uma camisa masculina, o que me
diz? Desço lá e explico tudo a ele.
— Não precisa, eu vou ficar bem. — respondi
triste lembrando-me do motivo que me fizera estar
trajando apenas uma camisa, a camisa do Eric.

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— Tem certeza?
— Sim, absoluta.
— O que vai fazer agora?
— Pegar minhas coisas e ir embora de Toronto.
Peguei minha bolsa, abri a porta do carro e
falei:
— Ben, muito obrigada, jamais vou esquecer o
que fez por mim hoje.
— Foi um prazer enorme te conhecer Anna,
espero poder vê-la em outra ocasião menos
conturbada.
— Você gosta de exposição de telas?
— Sim, claro, não me diga que você é uma
artista plástica?
— É eu sou, e no próximo mês, no dia do meu
aniversário, estarei envernizando algumas telas da
minha nova coleção, gostaria de ir?
— Obviamente que sim, vou adorar conhecer
sua coleção de pintura.
Abri minha bolsa e tirei de lá um convite para
o vernissage, entreguei a ele e abri a porta para
descer.
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— Anna! — chamou-me com uma voz muito


sexy, não podia e não iria negar que aquele homem
era muito sedutor.
— Sim! — respondi encarando-o.
Ele estendeu seu braço esquerdo em minha
direção, tocou em meu rosto e afastou meus cabelos
dizendo-me:
— Você foi o fantasma mais lindo que já me
pediu carona.
Sorri sem graça e nada respondi, apenas desci
do carro e fechei a porta.
Sai na rua e minha cabeça estava um nó, na
verdade, não tinha nenhum motivo para estar, pois,
eu havia entendido muito bem o que tinha
acontecido. Meu Eu interior é que não queria
admitir aquilo, mas estava tudo muito claro, Eric
tinha uma namorada e mentiu para mim, me usou
para satisfazer seu ego e nada mais.
Eu estava parecendo uma louca, estava
descalça e vestindo apenas uma camisa, que graças
ao bom Deus era comprida o suficiente para tampar
minha bunda.

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Passei pela guarita do condomínio, onde May


já havia deixado meu nome com o porteiro que me
permitiu entrar rapidamente e assim subi até o
vigésimo andar e fui ao apartamento dela. Logo que
abri à porta, fui direto para o quarto onde eu
deveria ter dormido, fui imediatamente até minha
mala e apanhei de lá uma calça jeans e uma
blusinha cor de caramelo. Para minha sorte, à noite
de May estava rendendo e ela ainda não havia
chegado. Troquei-me rapidamente e voltei para o
elevador com minhas malas, eu não ficaria nenhum
minuto a mais em Toronto. Ao passar novamente
pela guarita do condomínio, entreguei ao porteiro
às chaves da casa dela e sai na rua.
Acenei para inúmeros táxis e nenhum deles
parou para mim, então um homem desceu de seu
carro preto, veio até mim e questionou-me:
— E agora, à moça deseja ir para onde?
Sorri respondendo-o:
— Por que ficou aqui na porta?
— Você me disse que iria embora de Toronto,
então imaginei que fosse precisar dos serviços de
um taxista, aí resolvi esperar. — sorriu gentilmente.
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— Obrigada, Ben, você caiu do céu, sou muito


grata.
— Entra aí. — indicou com a cabeça o carro
preto luxuoso. — vou levá-la, só me diz para onde.
Enchi o pulmão de ar, pensei duas vezes e
respondi:
— Ajax, Rua Dr Simonds, número 4.
Entrei no carro de Ben, novamente.
— Será um prazer continuar em sua
companhia, Anna.
Ben deu à partida e comentou:
— Belíssimo lugar para se viver, às margens
do lago Ontário.
— Sim, muito bonito mesmo, mas não sou eu
quem vive lá, é minha avó.
— Entendi.
Minha avó morava sozinha em uma
cidadezinha chamada Ajax, que ficava a 42
minutos de carro do centro de Toronto, era nada
além de uma joia de cidade. As melhores
recordações da minha infância têm cheiro de Ajax,
correndo no gramado do parque que ficava bem
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próximo da casa da dona Emma. Eu não a via há


exatos 10 meses.
Quando chegamos em Ajax, o clima familiar
me contagiou, à cidade era pequena com casas em
sua maioria muito igual, cheia de lindos jardins que
remetiam minhas lembranças aos seus proprietários
roçando as gramas com ancinhos ou com aqueles
cortadores de gramas barulhentos, quebrando o
silêncio de Ajax que era silenciosa na maior parte
do tempo, tediosa, eu ousaria dizer, e a meu ver,
perfeita para se viver em famílias.
Assim que desci na frente da casa da vovó,
muitas lembranças me alvejaram, e assim comentei:
— Foi aqui que passei muitas de minhas férias.
Conheço muitas destas ruas.
— Como eu disse anteriormente, é um bom
lugar para se viver.
— Ben, não sei como agradecê-lo, sério
mesmo, você foi um anjo me trazendo até aqui.
— Você já me agradeceu, e agora tenho até um
convite do seu vernissage. — piscou para mim. —
e de quebra ainda sei onde encontrá-la.

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Não quero ser encontrada. Pensei.


— Ben, não quero ser encontrada, compreende
isso? Não diga ao Eric que me trouxe até aqui, diga
apenas que me deixou na casa da May.
Ben assentiu respondendo-me:
— Tudo bem, no que depender de mim, ele não
irá encontrá-la.
— Obrigada! Você quer entrar? Tomar um
café, uma água?
— Não, muito obrigado, fica para outro dia,
tenho uma reunião importantíssima com meu chefe.
— Não me disse em que você trabalha.
— Sou engenheiro civil e trabalho em uma
Construtora de edifícios chamada MCE, na
verdade, tenho algumas ações dessa empresa.
— Entendi, você gerencia as construções de
edifícios.
— Exatamente, trabalho na Mason Construtora
de Edifícios.
— Trabalha com o Eric? — perguntei
espantada.
— Sim, ele é o vice-presidente da empresa.
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Abri à porta do carro e desci, em seguida Ben


desceu e tirou minhas malas do porta malas do
carro.
— Te vejo no vernissage. — disse ele entrando
em seu carro, então parei para reparar no carro e
pensei: Como pude achar que esse carro era um
táxi?
Benjamin foi se afastando e fui caminhando
puxando minha mala no gramado aparado da casa
de minha avó, assim que cheguei na porta, toquei a
campainha.
Quando à porta se abriu, vovó disse assustada
ao me ver sem tê-la avisado:
— Cenourinha!
— Bom dia, Vovó Emma!
— Ah! Meu Deus! — se apressou para
encaixar-me em seus braços. —Por que não avisou
que viria? Eu a esperava somente daqui a um mês.
— Sim, eu sei vovó, mas acabei vindo em uma
festa, mas voltarei daqui a um mês novamente.
— Entre minha querida, você mal chegou e já
fala em sua volta. Deixe-me olhar para você. —

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segurou em minhas mãos estendendo meu braço e


girando-me — continua linda.
Sorri sem dizer nada.
— O que foi meu amor, o que te aconteceu?
Que cara mais triste é essa?
— Só estou cansada vovó.

Capítulo 9

Eric
Na estrada, indo em direção ao centro de
Toronto, peguei meu celular e tentei novamente
entrar em contato com Ben para saber se ele havia
mesmo deixado Anna no apartamento da May.
— Alô! — atendeu tranquilamente.

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— Para onde a levou?


— Antes de qualquer coisa, Eric, só levei sua
amiga da sua casa porque conheço minha irmã. E
conhecendo-a como você também conhece, deveria
agradecer-me por ter feito isso e evitado maiores
traumas.
— Ben, só me diga onde levou minha mulher.
— Sua mulher? — questionou surpreso. —
Achei que sua mulher fosse minha irmã.
— Não se faça de desentendido, você sabe que
Eve e eu estamos separados há três meses.
— Anna não me disse que é sua mulher.
— Vou repetir a pergunta. Onde você a levou?
— Eu a deixei em frente ao prédio da amiga,
satisfeito?
— Obrigado. — respondi e desliguei o celular.
Cheguei até à porta do apartamento da May, e
na porta fiquei, Anna não me atendeu, toquei a
campainha e nada dela abrir.
— Anna, por favor, abra essa porta, deixe-me
explicar para você, por favor.
Estava encostado na porta esperando que ela
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pensasse que fui embora e abrisse, mas isso não


aconteceu e para minha sorte, May apareceu com
Freddy.
May foi direto abrindo à porta sem me
perguntar nada, já Freddy não deixou passar e
disparou:
— Cara! O que foi que você aprontou com a
Anna?
Antes de pensar em respondê-lo, à porta se
abriu e May saiu a procura de Anna. Freddy e eu
ficamos esperando na sala.
— Não vai me contar o que aconteceu? —
questionou novamente.
— Eve apareceu na minha casa, e acho que não
preciso detalhar como isso foi desastroso.
— Poxa! Que merda!
— Nem me fale, eu tentei explicar a Anna, mas
ela entrou no carro do Benjamin e ele a levou de
mim.
— Me deixa entender. Ben levou a Anna da
sua casa? Mas por quê?
— Ele havia levado Eve para buscar as coisas
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dela, não me pergunte o porquê, só sei que Anna


saiu fugindo, assustada e que ele foi quem a levou...
— Ela se foi! — May interrompeu-me. — As
malas dela não estão no quarto, vou ligar para ela,
quem sabe agora ela atende o celular.
— Não vai atender. — respondi desapontado
retirando o celular da Anna do meu bolso e
mostrando a May.
— O que aconteceu, Eric? — perguntou-me
ela, sentando no sofá.
— Não tive culpa, May, a Eve apareceu lá no
exato momento em que eu estava tentando me
explicar sobre umas peças de roupa da Eve que
ainda estavam no meu closet. Anna viu as roupas e
foi logo tirando suas conclusões, achando que eu
havia mentido sobre estar sozinho, e fugiu de mim,
e quando eu iria me explicar, Eve entrou na casa
e... — suspirei alto guardando o celular dela no
meu bolso.
— Mulheres! — Freddy soltou.
May olhou para ele sem dizer nada, mas seu
olhar de reprovação disse tudo.

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— O que eu faço? O que eu faço? — May se


perguntou duas vezes.
— Existe algum lugar aqui em Toronto onde
ela possa ter ido? A casa de algum parente? Outra
amiga? — questionei esperançoso.
— Sim! É claro, como não pensei nisso antes.
May pegou seu celular e discou para alguém.
— Vovó Emma! Como está a senhora? Ah que
bom, fico feliz que esteja bem, mas me diga, Anna
está aí com a senhora? — May me olhou acenando
negativamente com a cabeça. — Ah! Ela ligou para
senhora? E o que ela disse? Sei! Entendi. Muito
obrigada vovó. Vou sim pode deixar, eu apareço
qualquer dia. Beijo.
— O que ela disse? — questionei aflito.
May engoliu em seco e respondeu-me
entristecida.
— Ela ligou para dona Emma e disse que não
poderia ir vê-la porque teve uns problemas e estava
voltando para Edmonton.
Imediatamente peguei meu celular e liguei para
o aeroporto para saber se havia algum voo que

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sairia para Edmonton, então fui informado que


faziam 15 minutos que o avião havia levantado
voo.
Apertei o celular com tanta força entre os
dedos, que precisei fechar os olhos e respirar fundo
para não ter uma explosão de raiva e atirá-lo longe.
— E então? — questionou May, fazendo-me
esquecer daquele momento de raiva.
— Ela se foi! Fazem quinze minutos que o
avião decolou.
— Por que ela não me ligou? — May
questionou-se.
Virei de costas e fiz uma nova ligação.
— Gordon! — falei assim que meu piloto
atendeu.
— Senhor! Precisa de algo? — questionou-me.
— Sim, ligue para torre e faça um plano de voo
imediatamente, é urgente.
— E para onde, senhor?
— Alberta, Edmonton.
— Um instante.
Andei de um lado a outro nervoso, qualquer
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espera naquele momento era angustiante demais, já


permitir que Anna me deixasse uma vez, já que
com a pouca idade eu pouco podia fazer, mas não
era mais o caso, e eu não iria deixá-la se afastar
novamente, não dessa vez.
— Senhor, ligarei para Isa, e em seguida estarei
a caminho do aeroporto, plano de voo confirmado
com a decolagem para daqui uma hora, com a
previsão de tempo bom e aproximadamente 3 horas
e 50 minutos de voo.
— Excelente. Obrigado, Gordon. Ah! Não se
preocupe com a comissária, não irei precisar dos
serviços dela.
— Sim, senhor!
Desliguei o celular e Freddy logo questionou
impressionado:
— Vai voar para Edmonton?
— Sim, não vou perdê-la novamente.
Freddy deu dois tapinhas nas minhas costas e
respondeu:
— Vai lá!
Dei alguns passos em direção a saída e virei-
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me dizendo:
— Freddy, obrigado! No fim das contas sua
festa não foi idiota, foi só... A melhor ideia que
você já teve em anos.
Freddy sorriu e saí deixando para trás o que me
pareceu ser o novo casal de Toronto.
Fui para casa, tomei um banho, um café
caprichado e uma hora depois eu estava decolando
para Edmonton em meu jatinho executivo.
Assim que desci no aeroporto de Edmonton,
entrei no carro que já estava a minha espera,
entreguei o endereço de Anna, ao motorista e vinte
minutos depois estávamos na porta de uma linda
casa na cor salmão, que ficava em uma esquina de
um bairro tranquilo cheio de pinheiros por todos os
cantos que se olhava. Desci e toquei a campainha, e
logo que escutei o barulho da chave rodando na
maceta, minha ansiedade quase me matou, e então
a mulher em minha frente, tinha lindos cabelos
arruivados, exatamente como os de Anna, e
reconheci aquele rosto imediatamente, era a
senhora Charlotte, mãe de Anna.
— Eric! — disse completamente surpresa com
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a minha presença.
— Como vai senhora Charlotte?
— Ah! — segurou o ar e depois soltou
dizendo: — Estou muito bem, mas... Sua presença
me assusta, visto que minha filha está em Toronto.
— Como assim em Toronto? Ela não está em
casa?
— Entre, por favor. — indicou com a mão
saindo do caminho para que eu pudesse entrar na
casa.
— Obrigado. — respondi com a mente
completamente confusa.
— Eu lamento muito, Eric, mas Anna viajou
ontem para Toronto, até achei que fossem se
encontrar na tal festa do seu primo.
Engoli em seco achando que Anna tivesse lhe
pedido para mentir para mim.
— Anna e eu nos encontramos lá, mas tivemos
um problema e ela acabou voltando para casa.
— Não! Meu Deus, Eric! Anna não voltou para
casa, do que está falando? — vi o pânico nos olhos
dela e sua face ficar mais alva que o normal.
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Rodei em meus calcanhares, passando a mão


em meus cabelos completamente aturdido, sem
saber o que responder.
— Me perdoe vir até aqui, bater em sua porta e
assustá-la, senhora Charlotte, acho que sei o que
aconteceu. Anna está fugindo de mim depois de um
terrível mal-entendido, porém, ela não me permitiu
nem explicar nada.
— Vou fazer uma ligação e descobrir se ela
ainda está em Ontário.
— Obrigado.
— Não se agradeça, vou ajudá-lo a encontrá-la
porque me sinto culpada pela separação de vocês
no passado. Gostaria de conhecer o ateliê dela
enquanto faço essa ligação?
— Posso?
— Sim, claro que sim.
Virou-se e foi se dirigindo para a escada da
casa e eu a acompanhei estava ansioso para saber
onde Anna estava, contudo, curioso para saber
como era seu local de trabalho, então no andar de
cima, o último cômodo de um longo corredor foi

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para onde ela me levou, abriu à porta e segurando-


a, disse-me:
— Fique à vontade, vou fazer minha ligação e
já retorno.
Entrei no ateliê bem espaçoso, era um ambiente
completamente iluminado pelas vidraças que
contornavam o local, e pareciam terem sido
distribuídas propositalmente para que se
conseguisse o máximo de iluminação.
O local estava repleto de telas, cavaletes,
bancadas abarrotadas de coisas que ela usava no
seu trabalho, muitos pincéis, tintas, luminárias,
bancos, cadeiras e até uma escada, e a julgar pelo
tamanho de alguns painéis, eu bem entendi o uso
dela, e acabei sorrindo ao me lembrar de que eu
também fazia uso de uma escada em minha sala de
trabalho. Caminhei entre as telas e percebi que
muitas delas estavam embaladas em papel pardo. E
o que mais me chamou a atenção é todo o realismo
retratado por ela naquelas telas e painéis, eram
impressionantes e muitas pareciam fotografias. No
meio daquele emaranhado de telas, pendurado em
cima de um sofá no canto esquerdo do ambiente, vi
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uma imagem que chamou minha atenção, então


quando parei em frente a tela e me reconheci nela,
com 12 anos a menos, a senhora Charlotte entrou
no ateliê e me perguntou:
— Lembra-se dessa imagem?
Olhei para ela e a respondi:
— Sim, me lembro de quando Anna desenhou
isso em uma folha de caderno com um lápis.
— Sim, ela ainda tem o desenho, mas achou
que ele estava ficando apagado e um belo dia
resolveu imortalizá-lo em óleo.
— Ficou... Perfeito.
— Minha Anna nunca conseguiu superar o que
sentia por você, ela nunca se permitiu amar um
outro alguém.
— Sua Anna sempre foi o meu Sol, e sem ela
estava frio e escuro.
Charlotte sorriu, e seu sorriso lembrava-me
muito de Anna Beatriz.
— Ela é um doce de mulher, tem um coração
enorme e uma timidez que acaba sendo...
— Engraçada. — falamos a palavra engraçada
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em uníssono e acabamos rindo.


— Sim, eu concordo, ela é maravilhosa, em
todos os sentidos. — quando vi já tinha falado e já
estava com o rosto queimando, então desconversei
com urgência. — Preciso muito encontrá-la.
— Ela está em Ajax, na casa da minha mãe.
— May ligou lá essa manhã, e a senhora Emma
disse que Anna havia voltado para casa, por isso
estou aqui.
— May não sabe reconhecer quando minha
mãe está mentindo. — piscou para mim.
— Obrigado! Preciso ir agora. — respondi
virando-me com rapidez para descer as escadas e
voltar ao aeroporto.
— Eric! — chamou-me a senhora Charlotte.
— Sim! — virei-me.
— Cuide bem dela pra mim.
— Cuidarei!
Na sala, quando toquei no trinco, Charlotte me
chamou dizendo:
— Eric espere um segundo. — desceu as
escadas com um casaco azul marinho, então me
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pediu:
— Pode por gentileza entregar o casaco dela,
ela o esqueceu em cima de sua cama, tenho certeza
que irá precisar dele.
Estendi minha mão e o apanhei respondendo-
lhe:
— Hoje mesmo ele estará em suas mãos.
— Obrigada.
Saí apressado carregando o casaco de Anna em
meus braços, entrei com urgência no carro alugado
e disse ao motorista:
— Me leve de volta ao aeroporto.
— Sim senhor.

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Capítulo 10

Anna
Eu estava nos braços da melhor pessoa do
mundo. E ela tinha lindos cabelos acinzentados na
altura da nuca em um penteado clássico que fazia
questão de manter há décadas, e que no passado
também já foram acobreados. Era charmosa e de
uma vaidade inabalável, estava com seus lábios
coloridos e as bochechas rosadas. Ser ruiva era uma
herança genética, e vovó Emma não tinha mais o
fogo nos cabelos, mas ainda tinha suas sardas bem
acentuadas na pele.
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— Entre meu amor. — disse puxando-me para


dentro.
Eu a encarei e disse-lhe tocando em seu rosto:
— Sempre tão linda!
— Eu me esforço, sabe!
Sorri com os olhos brilhando, como eu amava
aquela criaturinha doce.
— Venha, vamos levar sua mala para o seu
quarto. — foi me puxando pela mão e subimos para
o segundo andar onde ficava o quarto que ela dizia
ser meu, na verdade, era.
Assim que entrei, lembrei-me que sempre tive
dois quartos, na casa dos meus pais, onde eu
morava até hoje e esse aqui, que tudo tinha minha
cara, a começar
por algumas pinturas penduradas na parede, e
alguns desenhos largados em cima da escrivaninha
branca no canto direito próximo da janela.
Aproximei-me dela e toquei em alguns
desenhos que estavam lá em cima; minha avó era o
tipo de mulher que tirava do lugar só para tirar o pó
e colocava tudo no lugar logo a seguir, então todas

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às vezes que eu entrava lá, tinha desenhos meus em


cima da escrivaninha.
O dia estava gelado, então ela foi até o
aquecedor e o ligou dizendo:
— Vou à cozinha preparar aquele cappuccino
que você ama e já volto para conversarmos, você
está triste.
— Está bem, saudades dos seus cappuccinos,
vovó.
Ela tocou em meus cabelos respondendo-me:
— Vai me contar o que está acontecendo
quando eu voltar?
Sorri sem graça e ela saiu.
Toquei em um lápis preto na caixa de lápis e
apanhei em meus dedos, em seguida me sentei na
cadeira em frente a escrivaninha, abri a gaveta e
apanhei um bloco de folhas brancas, todos os
lugares que faziam parte da minha vida, tinham
lápis e folhas brancas. Assim que coloquei o bloco
em cima da escrivaninha e segurei o lápis entre os
dedos, minha mão correu sobre o papel deslizando
traços da única imagem que eu tinha na cabeça, e

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assim passei a desenhá-lo, como fiz em muitas e


muitas vezes na vida, rosto longo, simétrico, com
um queixo levemente quadrado e com aspecto
duro, estreito com lindas e perfeitas linhas retas,
minha mente sabia decorado. Eric era simplesmente
maravilhoso, tinha uma fenda no queixo que eu
nunca me esqueci de ressaltar, e naquele momento
de sua vida seus cabelos estavam um pouco
maiores e ondulados do jeito que ele costuma usar.
Sobrancelhas grossas, boca perfeita e olhos
expressivos, e assim precisei levar minhas mãos na
caixa de lápis e pegar o azul-claro e o marrom,
pois, eu nunca deixava de ressaltar a manchinha
marrom que ele tinha no olho esquerdo, um
charme. Quando comecei a fazer as linhas de
expressão em sua testa, percebi que vovó Emma
estava encostada na porta me observando, então me
disse:
— Gosto de vê-la desenhando. — aproximou-
se e observou o desenho. — Humm! Um belo
macho alfa.
— Vovó! — ela me fez rir desconcertada.
— E, não é? Já vi esses traços firmes outras
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vezes, mas minha memória já não me permiti


buscá-los. — entregou-me a xícara com o
cappuccino fumegando.
Ela puxou uma banqueta e sentou ao meu lado,
pegou em minha mão e disse-me:
— Eu gosto tanto quando vem me visitar, mas
não gosto de vê-la sofrendo.
— Não estou. — menti para não a deixar triste.
— Sim, está. Vejo isso em seus olhos, alguém
machucou você, conte-me, foi um homem? —
apontou para a folha de papel.
— Vovó esse homem é o Eric, lembra-se?
— O filho dos Mason?
— Sim, ele mesmo.
— Não sabia que mantinham contato ainda,
achei que...
— Nos reencontramos ontem depois de muitos
anos.
— E ele foi cruel com você, minha
Cenourinha?
— Mentiu para mim, me usou e iludiu.
— Mentiu?
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— Sim, me disse que estava sozinho, que não


tinha uma mulher na vida dele e tem, vi roupas dela
na casa dele.
— Oh, minha querida. — tocou afetuosa em
meu rosto. — E o que ele disse a respeito? Acredito
que ele tenha uma boa explicação, não tem?
A pergunta de vovó caiu pesada em minha
cabeça, foi como se um bloco de tijolos tivesse me
atingido, então, lembrei-me de não ter ouvido
nenhuma explicação a respeito, eu ainda não tinha
parado para pensar na forma que saí da casa dele,
sem permitir que ele dissesse uma única palavra.
Mergulhei em meus pensamentos, repassando
tudo que aconteceu, e então vovó devolveu-me para
o presente, dizendo:
— Anna!
Olhei para ela com os olhos marejados.
— Deixou o rapaz se explicar, não deixou?
Engoli em seco, e ela voltou a falar:
— Não, claro que não deixou, se bem lhe
conheço saiu correndo sem permitir que ele se
explicasse, sei como você fica quando é contrariada

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ou quando está nervosa, cansei de ver essa cena


quando discutia com sua mãe.
— É, não deixei ele dizer nada. — murmurei
lamentando.
— Vou deixá-la refletir melhor, não sabia que
viria e eu preciso ir ao mercado fazer umas
compras, vou comprar nosso vinho preferido. —
piscou para mim. — Aliás, vou comprar logo duas
garrafas. — Dei um meio sorriso a ela, tentando
processar o que ela havia acabado de me dizer, e
aquilo era verdade, eu fugia sempre de situações
difíceis, de conversas que eu sabia que iriam me
ferir.
Vovó saiu do quarto, acabei me levantando e
indo até próximo da janela e fiquei observando o
movimento pacato da rua, tomando meu
cappuccino, chorei sem saber se realmente eu teria
agido mal com Eric e se ele estava mesmo dizendo
a verdade sobre estar sozinho; com que cara eu iria
aparecer na frente dele tendo me comportado como
uma completa imbecil. E se aquela for realmente a
mulher dele? E se forem casados? May mentiu para
mim e para piorar perdi meu telefone celular e não
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sabia o número novo da May de cabeça.


Vovó e eu almoçamos juntas e ela me deu
muitos conselhos, e nada no mundo me tirava da
cabeça que fui precipitada, eu estava me
condenando, pois, depois de uma noite como
aquela que passei com Eric, como pude ignorar seu
pedido para ouvi-lo? Onde eu estava com a cabeça?
E agora simplesmente não sabia como agir, como
tentar consertar tudo aquilo e apenas ouvir o que
ele tinha a dizer.
Em meu quarto me deitei na cama e tudo o que
havia acontecido ficava voltando em minha mente,
como se um filme estivesse sendo pausado e em
seguida o play fosse dado novamente.
Anna! Eu posso explicar tudo isso.
Anna, por favor, espere Anna. Me escuta!
Eve não. Agora não é o momento para você
estar aqui.
Se aquele não era o momento dela, é porque
estavam mesmo separados, ou ele não teria dito
aquilo a ela.
Meu Deus, como fui burra! Pensei depois de

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repassar tudo o que havia acontecido aquela manhã.


E depois de tanto martelar e aceitar que eu havia
errado, acabei pegando no sono, e acordei horas
depois com vovó me chamando:
— Anna!
— Oi, vovó — respondi sonolenta.
— Você dormiu a tarde toda, meu amor, sua
mãe me ligou e já sabe que você está aqui.
— Eu ia mesmo avisá-la antes que May a
preocupasse dizendo que sumi.
Levantei-me e tomei um banho demorado,
deixando a água quente acariciar minha alma, eu
estava desolada, sem saber o que fazer. Precisava
pensar, e só tinha um lugar ali em Ajax que me
daria a calmaria que eu precisava.
Saí do banho, troquei-me e desci dizendo do
último degrau, pois, vovó estava sentada na sala
assistindo TV.
— Vou dar uma volta na trilha.
— Eu já sabia que você iria, está quase na hora
do Pôr do Sol e se você vier em Ajax e não for lá
eu sei que você morre.

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— Sabe tanto sobre mim, que me assusto às


vezes.
— É sim, minha Cenourinha sensível.
Sorri terminando de descer e indo até ela lhe
dar um beijo.
— Vai lá meu anjo, vai buscar o que tanto lhe
afaga a alma.
— Não me demoro.
— Sim, quero que me ajude com o jantar.
— Ok. Beijo.
Saí da casa da vovó, que ficava próximo do
Parque Rotary, então caminhei por alguns minutos
até o parque, que naquela hora ainda estava cheio
de lindas famílias curtindo o fim de tarde daquele
lindo sábado, em seguida entrei na trilha que segue
as margens do Lago Ontário, que era simplesmente
meu lugar preferido em Ajax, e naquela época do
ano, o início do outono começava a dar lindas
pinceladas em toda a flora ao meu redor, deixando
sua marca em tudo, aquela era sem dúvida
nenhuma minha estação do ano preferida, eu amava
o charme dos tons vívidos do vermelho

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inicialmente, seguidos do laranja até chegarem ao


amarelo-ouro, e finalizar no marrom, que é quando
as folhas ficavam secas. Mas o outono naquele
momento ainda estava só começando a se mostrar,
mesclando-se entre o verde de algumas folhas que
ainda resistiam firmes a sua senescência iminente.
Ah! O outono é simplesmente mágico. O ar estava
frio, a brisa que vinha do lago era gelada, mesmo
assim, dei início a minha caminhada rumo a oeste
sobre os cascalhos, sentindo o vento frio tocar
minha pele, então uma clareira se abriu em meio às
árvores e subi na passarela de metal e madeira que
se estendia ao longo da trilha. Gaivotas faziam uma
algazarra em cima dos troncos e pedras enormes
nas margens. Fiquei observando-as e assim
continuei na passarela até a mesma se transformar
em uma ponte que atravessava o rio Duffins no
ponto em que o mesmo se fundia ao Lago Ontário.
Debrucei-me sobre ela e fiquei observando o
silêncio da natureza, o vento gelado, a algazarra
dos pássaros procurando abrigo nas árvores. O dia
estava acabando e o vermelho que vinha tomando
conta do azul do céu indicava uma única coisa, o
crepúsculo estava chegando e dali a alguns minutos
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o Sol estaria se pondo. Algumas pessoas passavam


atrás de mim na ponte, estavam indo embora de
suas caminhadas, e estavam tão acostumadas com
aquele cenário cênico que nem davam atenção ao
espetáculo maravilhoso que se iniciava no poente.
Era a mistura gradiente do azul, com faixas de um
vermelho vivo e o amarelo maravilhoso do astro-
rei.
... amanhã quando o Sol estiver se pondo no
Oeste, você vai entender do que estou falando. A
voz do Eric murmurou em minha mente, mas ele
não estava ali comigo e não estávamos juntos em
mais um Pôr do Sol.
Eric cadê você? — Pensei.
Novamente o som daquela voz de barítono do
Eric, invadiu minha mente, e não, eu não estava
mais com ela em meus pensamentos, ela veio
externamente, e disse:
— Não é como achei que fosse ser, mas ainda é
um dos poentes mais lindos que já vi.
Virei-me com urgência ao ouvir o som da voz
dele e meu coração descompassou, deixando-me
parada como uma estátua sem reação.
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— Como me achou?
— Vou te achar sempre.
— Minha mãe. — sussurrei ao ver meu casaco
azul de estimação nas mãos de Eric.
— Posso? — questionou-me mostrando o
casaco, e um frio em minha barriga passeou
parando em meu ventre ao lembrar que na noite
passada, ele fez a mesma pergunta, mas naquela
ocasião era para me despir.
Então me virei e ele colocou o casaco em
minhas costas, protegendo-me do frio, em seguida
abraçou-me colocando suas mãos firmes em minha
cintura e obrigando-me a me encostar na cerca para
juntos apreciarmos o momento em que o Sol estava
descendo, sendo engolido em algum lugar pelo
lago.
— Você não fez o que estou imaginado. —
falei.
— O que está imaginado? — perguntou-me aos
pés do meu ouvido, fazendo com que cada canto do
meu corpo se arrepiasse ao som de sua voz grave e
compassada.

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— Foi até Edmonton?


— Fui! E vou a qualquer lugar que eu imagine
que você possa estar.
— Eric, eu...
— Nunca mais vou deixar você fugir de mim,
você pode até tentar, mas não vai conseguir. —
beijou-me no pescoço fazendo-me arquear o corpo,
de olhos fechados.
— É daquilo que falo, você é o meu Sol, Anna.
— apontou para o horizonte onde o Sol desfalecia
lentamente submergindo no lago.
Suspirei alto e fiquei em silêncio vendo o Sol
dar seu último suspiro e ceder lugar à noite.
— Perfeito! — ele disse, virando-me em sua
direção. — Nunca mais fuja de mim sem antes me
ouvir.
— Estou te ouvindo agora. — respondi
completamente arrependida do que fiz.
— Não! Não agora.
Segurou firme com as mãos geladas em meu
rosto e puxou-me com urgência para seus lábios,
beijando-me de forma sofrida e exigente, seus
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lábios estavam gelados e tinham gosto de uva neles,


sua língua me devorava e ele simplesmente
conseguia me desestruturar completamente com um
único beijo, senti-me excitada, tamanha era a
volúpia e a gana de seus lábios investindo firme nos
meus, e então mordeu meus lábios e os puxou
largando em seguida e sussurrando:
— Você não cumpriu sua promessa.
Eu estava completamente sem ar, e ainda assim
consegui questionar:
— Que promessa?
— Pense e me diga onde errou.

Capítulo 11

Eric
Anna afastou-se de mim, ficou ponderando por

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alguns segundos então me respondeu:


— Sei que errei ao ir embora daquela forma,
mas coloque-se no meu lugar, todas as evidências
me levavam para uma outra mulher, não que tivesse
o direito de te cobrar nada, eu sei que sou só a
mulher com quem você passou à noite, sei que
aquilo foi só tesão.
Sorri discordando, então falei:
— Anna, não...
— Me deixa terminar, Eric, não atropele meus
argumentos.
Joguei à cabeça para trás e mordi os lábios de
nervoso e respondi:
— Continue.
— May mentiu para mim quando disse que
você estava sozinho, e você também mentiu.
— Não! Não sou homem de falácias. Acha
mesmo que preciso mentir para levar uma mulher
para minha cama?
— Eu...
— Minha vez de me explicar senhorita Hall.
Ela cruzou os braços com o olhar furioso em
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um gesto tão delicioso e tentador que eu


simplesmente fechei os olhos e respirei fundo para
não perder a cabeça e ir beijá-la novamente antes
de me explicar.
— Eve e eu estamos separados há três meses,
as coisas dela continuavam em meu closet até hoje,
porque ela simplesmente se recusava a ir buscá-las
e porque ainda tinha esperanças de voltarmos. Não
foi uma, nem duas vezes que pedi a ela para buscá-
las. Na quinta-feira dei um ultimato a ela, dizendo
que faria doações com as coisas dela, por isso
apareceu lá essa manhã. Para buscar os pertences
dela, e já levou tudo de lá. E antes que eu
conseguisse me explicar você fugiu de mim junto
com o Ben, meu ex-cunhado.
— Achei que ele fosse um taxista e que
estivesse lá fora só esperando a mulher que nem sei
o nome, aquela...
— Eve! O nome dela é Eve.
Anna encheu os pulmões e suspirou alto
concluindo:
— Ainda assim nos precipitamos ontem à
noite.
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O sangue fervilhou em minhas veias, e então


esbravejei com ela retrucando nervoso:
— Não, Porra, Anna! Você está errada, o que
aconteceu ontem não foi apenas tesão, pelo menos
não para mim. Passei doze anos da minha vida
tentando entender o que nos aconteceu, o porquê de
um afastamento tão brusco e cruel. Eu sofri demais
com sua decisão pela separação, eu podia ter a
mulher que eu quisesse, mas eu só queria você, eu
posso ter a mulher que eu quiser agora, mas eu
quero você. Sempre foi você. — sussurrei as
últimas palavras rodando em meus calcanhares.
— Você fala como se eu tivesse culpa do nosso
afastamento, como se tivesse sido fria e cruel, mas
não foi fácil para mim, eram 3.500 mil km.
— Que se danem os números. — retruquei.
— Ainda são 3. 500 km nos separando. —
insistiu.
— Pare! Pare Anna! — fui até ela e segurei
com carinho em ambos os lados de seu rosto e
disse-lhe: — Viajei 8 horas em um avião só para
me encontrar com a mulher com que eu passei à
noite, e te juro, farei isso quantas vezes forem
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necessárias. Porque aquela mulher, foi a primeira


mulher com quem fiz amor na minha vida, quer
saber o porquê? — esperei que ela me respondesse.
Anna engoliu em seco e deixou seus olhos
caírem em seus pés, então soltei de seu rosto e
concluiu:
— Porquê eu amo você, Anna, porque depois
de você nunca mais amei ninguém, eu fiz sexo com
muitas mulheres, com algumas que eu gostei, com
mulheres de baladas, entre tantas, mas amor, amor
eu só fiz na noite passada, porque amor é o que
fazemos com a pessoa que amamos.
Aproximei-me dela novamente e a encarei
indagando-a:
— Não percebe que te amo que sou louco por
você?
— Você também foi o único homem com
quem fiz amor.
A adrenalina circulou a mil em meu corpo com
aquela confissão, então a agarrei com urgência pela
cintura e a trouxe para meus lábios com uma das
mãos em sua nuca, buscando seus lábios ofegante,
pois toda aquela discussão me deixou louco de
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desejo. Meu corpo ferveu assim que os dedos


delicados de Anna afundaram em meus cabelos, um
arrepio de tesão percorreu minha espinha,
esquentando-me por dentro, e aquele calor circulou
dando-me vida e excitando-me a ponto de deixar
meu pau latejando. Ah, como eu amava aquela
mulher, como queria devorá-la ali mesmo.
Saí de seus lábios e a abracei forte sussurrando
em seu ouvido, com o rosto mergulhado em seus
cabelos:
— Quero te amar. Deixa-me te amar de novo?
Anna estava respirando ofegante e respondeu-
me:
— Não podemos, não agora! Vovó está me
esperando para o jantar.
— Eu sei! — respondi grudando em seus
lábios novamente e puxando-a para mim, fazendo-a
sentir toda minha excitação, apertando-a contra
minha ereção, e enfiando minha língua em sua boca
e devorando-a na mesma intensidade das batidas do
meu coração. — Ela está me esperando também. —
sussurrei gemendo em seus lábios carnudos que
davam mais tesão ainda, eu iria explodir se não a
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tivesse.
— Esteve com a vovó?
— Sim! Como acha que te encontrei aqui? —
respondi diminuindo a intensidade daquele beijo
cheio de paixão e passei a dar-lhes selinhos.
Estávamos os dois respirando desejosos, um
pelo outro, mas em algum momento deixamos a
razão ganhar ar.
— Tomou vinho com ela? — questionou
assustada.
— Sim, ela é uma graça.
— Ah, Meu Deus! — girou em seus
calcanhares com a mão na cabeça desesperada.
— Ei! O que foi?
— Eric Mason tomou vinho de mesa com
minha avó! — tapou a boca com as mãos e
começou a rir. — Que vergonha! — estava
deliciosamente chocada, o que me fez gargalhar
espontaneamente, não fazia nem 24 horas que Anna
estava em minha vida novamente e ela já tinha
conseguido tirar de mim o que há anos ninguém
conseguia tirar, uma declaração de amor explícita e

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uma boa gargalhada espontânea, sem forçar. Ela


simplesmente me encantava e me enlouquecia ao
mesmo tempo.
Parei de rir e fiquei encarando-a, visto que ela
estava me olhando séria com cara de brava,
enquanto eu simplesmente me perdia em risos.
— Muito engraçado!
— Sim concordo, você é muito engraçadinha.
— Eric!
Eu a abracei e começamos a caminhar pela
ponte indo em direção a trilha, andamos mais ou
menos uns 100 metros e já estávamos no parque,
então seguimos conversando pela estrada em linha
reta, caminho que nos levaria até a casa da avó de
Anna, que ficava a 1 km dali.
— Ainda não acredito que ela fez isso comigo.
— Anna disse sobre o vinho.
— Estava delicioso, vou querer provar mais.
— Mentiroso, você deve ter odiado.
Antes de respondê-la o meu celular tocou no
bolso, e antes de atender, entreguei o telefone de
Anna e disse:
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— Tem centenas de ligações e mensagens aí.


— ela apanhou o celular espantada e virei-me de
costas para atender a ligação de Benjamin.
— O que quer? — falei ríspido.
— Só fiquei preocupado com o sumiço da
Anna e resolvi te ligar para saber se ficou tudo bem
com ela e se você a encontrou.
Apertei os lábios um no outro com muita força
e ódio, virei-me e encarei Anna antes de respondê-
lo:
— Ela está bem e eu a encontrei no mesmo
lugar que você a deixou.
— Olha, Eric eu...
— Não precisa se explicar, amanhã vou passar
na empresa e conversaremos, mas de antemão já te
aviso, não volte a se aproximar dela, entendeu?
— Só quando ela me pedir.
Fechei a mão em punho, com uma fúria que se
o pegasse em minha frente ele iria sentir a força do
meu braço.
Ben e eu já nos detestávamos por conta da
empresa, ele era o braço direito do meu pai, e
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acabou por tomar mais espaço ainda depois que me


afastei.
Desliguei o celular sem nada responder e me
virei de costas.
— Era o Benjamin?
— Anna, não quero você perto dele, entendeu?
Prometa-me que não irá manter nenhum tipo de
contato com ele.
— Eric! Eu nem o conheço, achei que fosse um
taxista só isso, e ele foi muito gentil me tirando
daquela situação em que me meti.
— É, mas ele ligou para saber de você, estava
preocupado com você.
Anna enrolou-se em seus próprios braços e
parecia assustada.
Então fui até ela e a coloquei em meu peito
abraçando-a e dizendo-lhe:
— Não vou te perder. Nunca mais!
— Ah! Vocês estão aí? — perguntou senhora
Emma da porta de entrada. — Entrem crianças, está
muito frio.
Soltei Anna dos meus braços e fui empurrando-
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a pelas costas para entrarmos, e ela caminhou com


dificuldade relutante.
Assim que entramos, senhora Emma fechou a
porta atrás de nós, questionando:
— Se acertaram? Ah, eu espero que sim, vocês
ficam lindos juntos, sempre foram lindos juntos,
são verdadeiras almas gêmeas.
Anna saiu com urgência em direção ao sofá e
de lá pegou um pedaço de papel e tentou escondê-
lo, então a avisei:
— Vovó Emma já me mostrou o desenho, você
ainda tem mãos de fada, só não sei porque insiste
em ressaltar tanto minha fenda no queixo.
Anna ficou da cor de seus cabelos, e urrou:
— Vovó!
— O que foi, minha querida? É só o desenho
de um macho alfa muito lindo, claro que
pessoalmente é muito mais.
Sorri sem graça, observando atentamente as
reações de Anna.
Anna sugou todo o ar do ambiente e o prendeu
dentro de si, se virou de costas e colocou o desenho
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em uma gaveta embaixo de uma luminária.


— Gostei muito da tela em seu ateliê, tenho
que confessar que tenho muita saudade do tempo
que eu era só um garoto de 18 anos.
— Minha mãe não fez isso?! — questionou
mais espantada ainda.
— Ah ela fez, sim. Vi todos os seus trabalhos.
Você é uma artista fabulosa, mas disso eu já sabia.
Vovó nos interrompeu, dizendo:
— Eric, eu ofereceria mais do vinho que
tomamos mais cedo, mas acabei com o restinho...
— Vocês tomaram uma garrafa de vinho? —
Anna questionou me olhando, então
disfarçadamente fiz que não com a cabeça.
— Vovó!!!
— Bom, vou até o Bill comprar mais para
nosso jantar.
— Vovó você comprou duas garrafas hoje,
lembra-se?
— Não me lembro, não. Você está imaginando
coisas, vou lá rapidinho e em uma hora estarei de
volta para o jantar. Você não está com tanta fome
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assim, está Eric?


Olhei de forma penetrante nos olhos de Anna,
divertindo-me com sua cara de espanto, e sorrindo
para ela, eu respondi:
— Nem um pouco.
— Ótimo! Juízo crianças, eu volto em uma
hora.
— Vovó, o Bill é a dois quarteirões. — Anna
resmungou.
— É eu sei, mas vou passar na comadre Clair e
jogar uma mão de carteado, nada demorado.
Vovó respondeu e foi saindo pela porta sem
dar nem chance de Anna replicar.
Assim que a senhora Emma fechou à porta,
enfiei minha mão no bolso de minha calça preta e
disse:
— Eu amei o vinho, tem mais?
— Ah! Claro que tem, ela tem uma reserva
desse vinho e sempre arruma uma desculpa para
comprar mais.
— Ela me disse que é seu preferido.
Anna estreitou os olhos e respondeu indo em
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direção a outro cômodo da casa.


Então ela entrou na cozinha, onde inclusive eu
já havia estado com a senhora Emma, abriu um
armário aonde de fato existia um estoque razoável
do vinho preferido delas.
— Viu? Tem muito mais daquilo aqui.
Sorri dizendo:
— Posso experimentar um pouco mais?
— Está brincando comigo? Isso aqui é vinho
que tomamos jogando carteado, vinho para fazer
vinho quente, não me faça passar mais vergonha
lhe servindo algo assim.
Peguei uma taça que estava em cima da
bancada central e estendi em direção a Anna, para
que ela viesse me servir.
Ela se virou e pegou a garrafa aberta
anteriormente pela vovó e retirou a rolha puxando
com a mão, então veio até mim e serviu dois dedos
da bebida e ficou me olhando especulativa.
— Beba comigo! — falei levando a taça em
meu nariz sentindo seu aroma rústico.
Anna abriu um armário e apanhou uma taça
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para ela, e quando encostou sua mão na garrafa


para se servir, caminhei com urgência em sua
direção e falei:
— Daqui! — levei minha taça em seus lábios,
fazendo-a beber do líquido tinto opaco.
Anna levou uma de suas mãos na taça e a virou
em seus lábios encarando-me sedutora, havia
volúpia em seu olhar. E esse seu olhar me queimou,
despertando o animal que eu havia domado alguns
minutos atrás lá na ponte, então tirei a taça de seus
lábios e os busquei com os meus, degustando o
vinho diretamente de seus lábios, chupando-os e
mordendo-os como se fosse um cacho de uva da
melhor casta do mundo.
— Doce demais. — sussurrei sem tirar meus
lábios do dela. — rústico e muito, muito intenso. —
Mordi os lábios dela e a devorei em um beijo cheio
de paixão, meu pau pulsava no meio de minhas
pernas, e eu iria ter que acalmá-lo de qualquer jeito.
Ela então se virou dando-me as costas e se
encostando na pia da cozinha dizendo:
— Eric, não me enlouqueça, vovó pode chegar.
— Daqui há uma hora, você a escutou. —
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respondi virando-a em minha direção buscando


seus lábios novamente, eu a puxei em direção ao
meu corpo, queria que sentisse meu calor, queria
saborear seu gosto.
A beijava com volúpia sentindo o gosto doce
do vinho em seus lábios e a cada investida de
minha língua roçando e procurando a dela, mais o
tesão daquele gosto me torturava, eu sabia que era
um risco enorme fazer amor com Anna ali, na casa
da avó dela sabendo que ela iria voltar, mas uma
hora era tempo para caramba! E eu tinha certeza
que vovó iria respeitar o tempo que nos deu e eu
certamente iria aproveitar. Eu a puxava para mim
com firmeza, sabia o que queria e teria, ali, ou em
qualquer outro lugar, fui afastando-a em direção a
bancada central da cozinha sem desgrudar meus
lábios do dela, grudei em suas nádegas e a
impulsionei sentando-a em cima, e assim continue
beijando-a e descendo com os lábios e explorando
seus seios por cima da blusa branca, louco para
rasgá-la no corpo dela. Anna grudou em meus
cabelos e disse-me resfolegando:
— Eric! Eric! Não podemos ficar aqui.
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— E o que sugere? — questionei arfando


erguendo a perna esquerda dela e puxando-a para
mais perto, para que sentisse tudo o que eu tinha a
lhe oferecer.
— Lá em cima, no meu quarto.
Ela nem terminou de dizer, fiz com que
prendesse as pernas em minha cintura e saí
caminhando com ela em meus braços rumo a
escada que imaginei que daria acesso aos quartos
da casa, então subi dois lances de escada com Anna
grudada em mim, beijando-me no pescoço e
enlouquecendo-me mais ainda quando chupava e
mordia o lóbulo de minha orelha.
— Qual porta? — perguntei ansioso olhando
no corredor.
— Segunda à esquerda.
À porta estava semiaberta, então empurrei e ela
se abriu, dando-me passagem para o quarto de
Anna, então virei-me e tranquei à porta com à
chave.
Caminhei com Anna em meus braços, com
seus dedos enfiados em meus cabelos e beijando-
me de forma torturante. Joguei-a em sua cama e
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voltei com urgência para seus lábios, com meu


corpo queimando e meu pau latejando feito um aço,
eu não raciocinava direito, só queria estar dentro
dela e o mais rápido possível, então um desejo
entorpecente tomou conta de mim em uma fúria
quase animal que me fez grudar os dedos em sua
blusa e rasgá-la enérgico, era muito tesão , era
paixão demais, dessa forma juntei minhas mãos em
seus seios e puxei seu sutiã para baixo e passei a
chupá-los, sugá-los contornando minha língua nos
bicos rijos e rosados, Anna me enlouquecia, suas
bochechas rosadas me levavam a loucura. Ela
grudou seus dedos em minha camisa e a tirou de
meu corpo com minha ajuda, em seguida tirei a
calça dela e sem demora deslizei sua calcinha
branca para baixo, deixando-a livre e estava
primorosamente depilada só para mim. Era a visão
mais deleitosa, que fizera meu pau ficar ainda
robusto, então Anna surpreendeu-me e fez-me girar
na cama, ficando por cima de mim. Desceu
beijando-me e deslizando sua língua molhada no
tórax e em seguida explorou meu abdômen, e só de
imaginar o que ela poderia vir a fazer, contorci meu
corpo para trás grudando meus dedos firmes nos
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travesseiros.
Anna tirou meus sapatos, encarando com um
misto de sensualidade e lascívia que eu jamais
imaginei ver nos dela e com o desejo estampado em
seus olhos, ela abriu o zíper de minha calça e a
tirou rapidamente do meu corpo, em seguida,
desceu beijando-me até passear com seus lábios por
cima de minha cueca levando-me a loucura, alisou
meu pau com as mãos encarando-me, e retirou
minha cueca preta e subiu deslizando suas mãos em
minhas pernas até segurar firme no meu pau, e
querendo muito sentir o calor dos lábios dela,
simplesmente segurei em seus cabelos e urrei
quando ela se debruçou sobre mim e engoliu meu
pau, descendo com os lábios úmidos e quentes,
com sua língua constante se enfiando e me matando
de tanto tesão ao se enfiar em meu orifício, fazia
isso e alisava-o com a mão enquanto me chupava e
explorava a cabeça com maestria.
— Oh! Oh! Anna, isso, isso! — gemia e falava
enquanto me contorcia todo naqueles lábios macios
e deliciosamente carnudos e bem desenhados. Ela
descia, engolindo-me e subia masturbando-me com
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as mãos, aquilo estava enlouquecedor, eu teria


perdido muito tempo com um delicioso sexo oral,
teria feito-a gozar em minha boca também, mas
tínhamos o fator vovó e sem pensar duas vezes, eu
a puxei para cima e para meus lábios e devorei-a
em um beijo quente, mordendo-a e gemendo,
questionei-a:
— Você faz uso de algum método
contraceptivo?
— Não! Eric, eu não tinha uma vida
sexualmente ativa.
— Então providencie isso meu amor, porque
agora irá precisar. — saí de cima dela e fui até
minha calça, tirei de lá minha carteira e apanhei
uma camisinha, rasguei-a com urgência e a vesti
em meu pau. Então voltei a cobri-la com meu corpo
e beijando-a com meus dedos escorregando em seu
corpo, alisando sua barriga e fazendo-a se contorcer
toda para mim, então enfiei meus dedos em sua
entrada e vi como estava deliciosamente úmida e
receptiva, o que me fez grudar nas laterais de seu
rosto, então encarando-a eu a violei, levando meu
corpo para cima e a penetrando, sentindo sua
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lubrificação excessiva empurrar-me para dentro


sem nenhuma dificuldade, e trêmulo de desejo dei a
primeira estocada, arrancando-lhe o primeiro
gemido de prazer:
— Ah! Ahh! — arranhou-me, encorajando-me
a desferir uma sequência de estocadas cadenciadas
e cheias de tesão e quanto mais eu estocava, mais
suas mãos exigiam grudadas em minhas nádegas, e
eu simplesmente correspondia, estocando e
estocando, beijando-a ensandecido.
— Quente! Oh! Como você é quente. —
sussurrei queimando ao contato de sua pele em meu
corpo.
Eu a possuía naquela posição, metendo, me
enfiando e estocando-a sem cessar, com Anna
segurando em meu pescoço e gemendo enquanto
deslizava seus dedos em meus cabelos. Acabei
aumentando o ritmo das estocadas, nossos corpos
estavam deliciosamente fundidos, éramos um único
corpo, suando e exalando a essência que fluía de
nossos poros, embriagando e entorpecendo-me. A
cama se mexia com a força das estocadas, batia na
parede, pof, pof, pof... E me enlouquecia ainda
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mais, e dessa forma, com o som da madeira em


atrito com a parede, fez Anna dizer entre seus
gemidos sufocados pelos meus lábios:
— Esse barulho, Eric, minha vó vai ouvir. —
disse e começou a se arrastar na cama,
escorregando por baixo de mim, cada vez mais para
o canto da cama e eu a acompanhando e estocando-
a sem parar para pensar no que estava acontecendo
e quando percebi, estávamos os dois no tapete
branco do chão.
— Não podemos fazer barulho. — ela
sussurrou, então respondi:
— Você não deveria ter me dito isso.
Eu continuava por cima dela, segurei os braços
dela para cima e grudei em seus lábios, estocando-a
com muita força e fundo, com meus lábios
abafando seus gemidos sofridos e deliciosos.
Jogava meu corpo em cima dela e enfiava fundo,
estocando, ambos gemíamos abafados pela boca
um do outro.
Ergui meu corpo e fiquei de joelhos entre suas
pernas e continuei movimentando meus quadris,
desferindo fortes estocadas, causando um forte
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atrito em nossos corpos suados.


Anna agarrou-me pelo pescoço e me fez
encostar nela, então fez força e jogou seu corpo por
cima do meu.
— Uau! — murmurei adorando ter conhecido
um pouco da força dela.
Ela montou em mim e rapidamente se encaixou
em meu pau novamente, passando a galopar,
mexendo, subindo e descendo em um ritmo
enlouquecedor.
— Oh! Deliciosa, isso, isso, mexe, mexe, me
engole inteiro. Oh! Gostosa! — urrei quando ela
empurrou meu corpo para baixo com violência, eu
estava pasmo com tanta desenvoltura de Anna em
cima de mim, que se enfiava com força, com suas
mãos grudadas em meu tórax, ora buscando meus
lábios, ora os evitando e me deixando enlouquecido
de desejo.
Levantei meu corpo contra sua vontade, com
ela se mexendo enlouquecida daquele jeito, minha
boca deslizava em seus seios, passei a chupá-los
enquanto ela montava no meu pau. Naquela
posição, eu senti todas as partes sensíveis dela se
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esfregando em mim e eu sabia que aquela posição,


com ela no comando, iria levá-la mais rápido ao
seu ápice, mas não imaginei que chegaríamos
juntos ao orgasmo. E quando Anna passou a ficar
mole em meus braços, movendo-se com dificuldade
e gemendo grudada em meu pescoço, segurei firme
em suas nádegas e fechei os olhos sentindo minha
respiração aumentar ao mesmo tempo em que meu
coração disparou e meu pênis contraiu no exato
momento em que uma explosão de ondas elétricas
estremeceu todo meu corpo, entorpecendo-me em
espasmos musculares devastadores, gemi com as
mãos grudadas nas costas dela, apertando-a com
força no momento que meu pau expeliu os
espermas em jatos dentro da camisinha.
— Oh! Oh! Porra! Oh Anna, Anna!
Anna continuou mexendo lentamente e minhas
mãos sentiram o suor de seu corpo. Eu estava
destruído, deliciosamente destruído e relaxado, a
melhor sensação do mundo, causada por um amor
delicioso, rápido, porém quente e intenso.
Anna ficou encaixada em mim, respirando
afoita tentando normalizar as batidas de seu
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coração e eu fazia o mesmo enquanto a beijava


lentamente.
Quando me dei conta da loucura, comecei a rir
completamente descontraído:
— Isso foi intenso! Anna, você é quente
demais. Minha cenourinha.
— Eric! Não! Por favor, não me chame assim.
— E por que não? É tão fofo. — respondi
provocando-a.
E assim toda irritadinha, ela saiu de cima de
mim e foi para o banheiro, que ficava ali mesmo
em seu quarto, então me levantei e fui atrás dela.
Eu a abracei pelas costas dizendo:
— Me perdoe! Foi só uma brincadeira, não
troco meu Sol por uma cenoura, mas que
Cenourinha é engraçado, isso é.
Me limpei e me troquei dizendo:
— Vou descer antes que sua avó volte, estou te
esperando lá embaixo. — pisquei para ela.
Fui até a cozinha tomar um copo de água e
escutei quando à porta da sala se abriu e era
senhora Emma chegando.
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Assim que voltei para a sala, Anna estava


descendo as escadas. Nossa como está corada!
Pensei sorrindo por dentro sabendo o motivo do seu
rubor.
— Demorei muito meus amores? Falei que iria
jogar só uma partida e acabei jogando quatro. —
disse vovó com uma sacola do mercado com o
vinho dentro dela. — Olhem isso meus queridos,
mais vinho. — disse satisfeita.
— Vovó! Já tem tanto vinho aqui na sua casa.
— Você serviu para o nosso convidado, não
foi?
— Ah! Claro. Claro que sim, vovó.
— O que houve com sua blusa branca? Por que
está usando essa vermelha? E por que seus lábios e
rosto estão rubros?
Anna ficou muda sem saber como explicar,
então tratei logo de dizer:
— Sou um completo desastrado, vovó, acabei
derrubando vinho na blusa branca dela.
— Vinho? Aham! Vou terminar nosso jantar,
vocês devem estar famintos. — disse retirando-se.

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Fui até a escada e estendi minha mão para


Anna, que grudou em meu pescoço e eu a rodei
com os pés flutuando.
— Você tem o dom de me deixar leve. — disse
ela sorrindo e beijando-me.
— A é? Você não sabe o que é estar nas
nuvens.

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Capítulo 12

Anna
Eu tinha 28 anos e nunca havia experimentado
uma felicidade tão genuína, estar com Eric
novamente, superava inclusive o dia em que fiz
minha primeira exposição em uma galeria de artes
e olha que sempre considerei aquele dia como
sendo o ápice da felicidade.
O homem que havia acabado de me fazer ver
estrelas, era simplesmente perfeito demais,
qualquer defeito que Eric tivesse ficava
simplesmente camuflado diante de tanta perfeição,
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o tempo foi nosso melhor aliado, talvez se


tivéssemos ficado em Toronto, Eric e eu não
estaríamos mais juntos e separados o tempo tratou
de amadurecer ainda mais o que sentíamos um pelo
outro e olha que naquela época já nos amávamos.
Quase morri de vergonha quando vovó
questionou-me sobre minha troca de blusa, visto
que Eric havia rasgado a minha em seu momento
homem das cavernas, se bem que não existiam
roupas naquelas épocas, mas certamente existia um
sexo tão deliciosamente forte como o que Eric e eu
havíamos acabado de fazer e que estava
evidenciado em meu rosto, já que branca como sou,
fico vermelha muito fácil.
Vovó nos deixou e foi terminar seu jantar, ela
estava um tanto atrasada com ele, pois, costumava
jantar o mais tardar às seis e meia da noite e já
eram quase sete e meia. Eric era uma delícia de
homem e um fofo também, salvou-me das
perguntas de minha avó, dizendo-lhe que havia
derrubado vinho em minha roupa, justificando
assim minha troca de roupa.
Ele me pegou em seus braços e me rodou
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beijando-me carinhoso, então me levou até o sofá e


sentamos um ao lado do outro, ficando
abraçadinhos no sofá como um casal de namorados.
Vovó entrou na sala trazendo duas taças de seu
velho e bom vinho Portwine*, não vou mentir, mas
eu amava a suavidade dele. Vovó e eu tomávamos
dele desde que experimentei meu primeiro cálice,
aos 12 anos, escondido é claro, pois, se minha mãe
soubesse que tomei vinho com aquela idade, ela
matava a vovó.
— Alguém quer mais vinho? Enquanto termino
de fritar as batatas? — perguntou-nos. Eu recusei,
mas Eric pegou a taça na mão e disse:
— Nunca experimentei um vinho de mesa com
um paladar tão saboroso.
Enquanto vovó o servia, fiquei encarando-o
com os olhos semicerrados, e assim que ela saiu, eu
o questionei:
— Quando foi que você tomou vinho de mesa
antes?
— Eu disse que nunca experimentei. — ele
sorriu levando a taça em seus lábios e em seguida
beijou-me compartilhando aquele gosto doce.
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Vovó pigarreou para chamar nossa atenção,


então quando desgrudamos nossos lábios e a
encaramos parada no meio da sala com as mãos na
cintura, ela disse:
— Há tempo para tudo nesta vida, para se
beijar, para fazer amor e para fazer o estômago
parar de roncar. Tem alguém aí com fome? O jantar
já está servido.
Minha avó tinha o dom de me fazer corar.
Onde já se viu falar tudo aquilo só para nos
convidar para o jantar? Que por sinal o cheiro
estava mesmo fazendo meu estômago roncar de
fome.
— Pelo cheiro já posso até adivinhar o que a
senhora cozinhou. — falei levantando-me e
estendendo minha mão para o Eric.
— Sim, sim, minha querida, como sei que logo
irá embora, fiz logo seus pratos preferidos, Poutine
e Tourtière, só vou ficar devendo o seu Nanaimo
Bars. Isso que dá aparecer sem me avisar.
Sorri achando graça da forma com que falou
sobre aparecer sem avisar, mas Eric não achou
graça, não sei qual foi a parte que vovó falou que
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ele não gostou, só sei que apertou minha mão tão


forte que cortei meu sorriso na hora e olhei para
baixo, para nossas mãos que estavam unidas.
Quando ia perguntar se estava tudo bem, vovó
apressou-nos dizendo:
— Vamos queridos, antes que a torta esfrie.
Eric ficou visivelmente abatido com alguma
coisa e eu incomodada sem poder perguntar, não
queria falar sobre possíveis incômodos na frente da
vovó, então, nós a acompanhamos até a mesa de
jantar, onde já estavam servidos meus pratos
preferidos, Poutine, que nada mais era que batatas
fritas, cobertas com gravy, um delicioso molho de
carne e queijo coalho derretido, eu só me dava a
esse prazer de comer Poutine quando estava em
Ajax, na casa de minha avó, visto que é um prato
bem calórico. E para ajudar, ela também preparou
uma Tourtière, minha torta de carne preferida e que
ninguém no mundo fazia melhor que a vovó Emma,
eu simplesmente amava, lembrava de natal e de
todas as vezes que estávamos todos reunidos nessa
mesma mesa anos atrás, pois, essa torta não podia
faltar no Natal. Ah! E tinha aspargos também,
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nunca faltavam aspargos naquela mesa.


Para minha surpresa e para a do Eric também,
vovó havia saído mesmo para comprar um vinho,
mas não o seu vinho de mesa habitual, pois, na
mesa estava uma bela garrafa de Cabernet
Sauvignon.
— Eric, você poderia abrir o vinho para essa
pobre velhinha? — perguntou vovó entregando-lhe
o abridor de vinhos.
— Sim, claro! Ótima escolha senhora Emma.
— Eric olhou para mim e piscou sedutor, mas, bem
lá no fundo, algo o tinha incomodado a ponto de
deixá-lo entristecido.
Eric se levantou, pegou a garrafa de vinho, o
pano branco que vovó deu a ele e o envolveu na
garrafa para segurá-la e abriu o vinho com muita
facilidade, em seguida serviu sua taça com um dedo
e fez uma breve degustação, levando a taça
primeiramente a luz, acredito que para observar a
cor e em seguida cheirou, enchendo seus pulmões
de ar e soltando em seguida, tudo isso para
finalmente levar a taça em seus lábios e dizer:
— Perfeito!
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Então, antes de voltar a encher sua taça, ele


serviu primeiro a vovó e depois a mim.
— Cabernet, delicioso, senhora Emma, não
posso negar que me surpreendeu.
— Achou que eu não sabia apreciar um bom
vinho? Meu Henry sabia como apreciar um bom
vinho, era um verdadeiro amante desse néctar.
— Henry, era o meu avô— falei para Eric.
— Lembro-me do seu avô, Anna. — respondeu
taciturno.
Eric bebeu mais do vinho e disse:
— Elegante e bastante complexo. Anna irá
estranhar.
Vovó sorriu dizendo:
— É, acho que estraguei o paladar da minha
neta com esses sucos de uvas que andamos
bebendo nos últimos anos.
Levei a taça na minha boca, degustei e sem
conseguir disfarçar fiz cara feia, Eric sorriu
dizendo:
— Vou ensinar sua neta como degustar um
vinho desses. Outra hora! — penetrou-me com o
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olhar e não sei dizer o porquê, mas um frio


delicioso percorreu minha espinha e parou em meu
ventre, a cara que Eric fez ao dizer que me
ensinaria a degustar o vinho, já me levou a
imaginar em que circunstâncias ele faria aquilo.
Servi Eric com um pedaço da torta e em
seguida ele mesmo colocou algumas batatas em seu
prato, não o fiz, pois, achei que ele não comeria as
batatas, então, ele disse:
— Quer ficar com as batatas só para você? —
sorriu, desconcertando-me.
— Comam crianças. — disse vovó, sorridente.
Vovó era uma mulher maravilhosa, eu odiava
saber que ela vivia sozinha ali naquela casa, com
seus 85 anos, aquela era uma situação que eu
sempre me questionava.
— Hum! Há tempos eu não experimentava
uma Tourtière tão divina, a senhora tem mãos de
fada, igualmente as de Anna.
Sorri, abaixando meus olhos e tocando o vinho
nos meus lábios, definitivamente ele não caía muito
bem ao meu paladar, fiquei com a boca parecendo
que tinha comido uma banana verde, seus taninos
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eram muitos acentuados.


Eric riu da cara feia que fiz e avisou-me:
— Você vai me agradecer quando eu te ensinar
a degustá-lo.
Meu Deus! Novamente o frio em meu ventre.

Capítulo 13

Anna
O jantar foi surpreendentemente delicioso, Eric
e vovó conversaram muito e até chegaram a
combinar um dia para jogarem carta. E eu fiquei de
lado só observando Eric e vendo como era lindo,
como se saía bem em qualquer situação como se
aquele fosse seu cotidiano, comer batatas e torta

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natalina com uma senhorinha de cabelos brancos e


sorriso fácil. Na verdade, vovó tomava a atenção,
ela era mágica, escutávamos ela falar e contar suas
histórias, onde a Cenourinha, era o centro em todas
elas, fazendo Eric gargalhar por diversas vezes. Eu
certamente estava com dois faróis nos olhos,
simplesmente encantada com aquele homem que
me deixou no céu duas vezes seguidas em menos
de 24 horas.
Próximo das nove e meia fui com Eric até o
carro dele, entramos, pois, ele estava muito cansado
e iria embora. Assim que se sentou no banco,
grudou suas mãos no volante olhando sério para
frente, então me questionou:
— Não sabia que iria embora tão rápido.
No momento em que disse aquelas palavras, de
forma tão sofrida, foi que percebi o que o deixou
entristecido pouco antes do jantar, quando vovó
comentou ter feito minhas comidas preferidas, já
que eu iria embora.
— Eric, eu preciso voltar para Edmonton,
tenho uma exposição para terminar de organizar,
meu aniversário é daqui a vinte e poucos dias,
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ainda tenho que terminar de embalar as telas e


terminar uma última que está no cavalete. Esteve
no meu ateliê, viu que preciso terminá-la, é meu
trabalho.
Ele me olhou e disse:
— Vai ser insuportável ficar sem você.
— Que se danem os números? Lembra-se
dessa frase?
Eric suspirou e se virou em minha direção,
respondendo-me:
— Sim, mas quero você aqui, quero poder virar
a chave no contato do meu carro e estar nos seus
braços, te amando, em menos de trinta minutos, a
qualquer hora do dia e da noite.
Balancei a cabeça e sorri desconcertada.
— May está certa, você precisa estar no centro
de tudo se quiser conquistar um espaço maior nas
grandes galerias e agora mais que nunca você tem
motivos para voltar, ou não tem? — perguntou
colocando-me contra a parede.
— Sim eu tenho, agora mais que nunca, mas
vou estudar isso tudo com cuidado.

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— Tudo bem, tudo no seu tempo, mas que não


demore muito, só quero dormir com você nos meus
braços todas as noites, como à noite passada em
que conseguir fechar os olhos e dormir depois de
meses.
— Quer falar sobre isso?
— Não! Não agora! Mas vamos conversar,
quando eu estiver preparado.
Assenti, inclinando-me em sua direção, dando-
lhe um beijo enquanto segurava firme em sua face.
— O que vai fazer amanhã?
— Nossa! Meu Deus! Eu havia me esquecido
que tinha combinado de ir com a May na AGO, na
verdade, ela tinha prometido ir comigo. Preciso
ligar para ela e dizer que estou bem. — nem
terminei de dizer a última palavra e meu telefone
celular tocou em meu bolso e era May.
— Meu Deus amiga! Quer me matar de susto?
Onde você está?
— Calma, May, estou na casa da vovó Emma.
— Ah! Eu sabia que tinha algo errado, você
não iria embora de Toronto sem me avisar.

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— Não, eu não iria! Muita coisa aconteceu.


— Eu quero todos os detalhes do seu encontro
com o Eric e quando digo todos, você sabe que é
todos e isso inclui os mais quentes. — May falava
tão alto que olhei para Eric com o rosto queimando
de vergonha e antes que ela falasse mais alguma
coisa constrangedora, fui logo dizendo:
— May, estou aqui no carro com o Eric.
— Ah entendi, me perdoe amiga.
— Sim. Escuta, sobre a AGO amanhã, ainda
está de pé?
— Ah! Perdoe-me, ainda estou aqui na ilha
com o Freddy, e...
— Já entendi não se preocupe.
— Você ainda vai embora na Segunda?
Questionou-me falando alto novamente, olhei
para o Eric, que mordeu os lábios daquele jeito
sexy e fofo.
— Minhas passagens já estão compradas,
lembra-se?
— Isso significa que não nos veremos mais até
você voltar?
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— Bom, vamos ver, depois falamos sobre isso.


— Tudo bem, sobre isso e muito mais.
— Tchau, May!
Desliguei o celular sem esperar que ela me
respondesse.
— Sua amiga não muda nunca, ela vai ser a
eterna garota que faz e fala tudo que lhe vem à
mente.
— Pois é! — respondi morrendo de vergonha.
— Que horas estava pensando em ir visitar a
galeria?
— Na parte da tarde.
— Ok. — respondeu-me e se inclinou em
minha direção tirando os cabelos do meu rosto,
ficou encarando-me e acariciando a pele do meu
rosto com seu dedo polegar.
— Como consegui ficar todos esses anos sem
você? Como vou conseguir agora? Eric começou
beijando-me, de início cheio de carinho, provando
dos meus lábios com calmaria e não demorou sua
língua invadiu minha boca fazendo meu ventre
estremecer assim que acariciou a minha com
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paixão, encaixando-as e aumentando a ânsia e a


fúria em seus lábios exigentes, deixando-me sem
ar, então me deixou respirar quando desceu com
eles beijando-me no pescoço e surrando:
— Porra! Anna, já quero você de novo. —
disse respirando com dificuldade.
— Te vejo amanhã? — questionei segurando-
me, pois, vi vovó parada na porta.
— Com certeza.
Voltei meus lábios para os dele e dei os últimos
selinhos daquela noite, que estava fria, então, saí de
seus braços e abri à porta deixando o ar gelado
invadir o calor do carro dele.
— Até amanhã. — falei fechando à porta.
Eric abriu o vidro e respondeu:
— Me ligue quando acordar.
— Sim, ligarei.
Então ele ergueu o vidro de seu lindo Bentley
preto e saiu devagar e desapareceu de minhas
vistas.
— Anna! — vovó chamou-me tirando-me do
meu estado abestalhado. — Entre meu amor, quer
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congelar aí fora?
Às noites de outono são geladas, mas nada que
conseguisse esfriar o calor que Eric havia deixado
em meu corpo.

Capítulo 14
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Anna
O som da voz de vovó entrou em minha mente,
no fundo, como se o mundo estivesse em câmera
lenta, Eric sempre exerceu esse fascínio em mim,
desde o tempo de colegial, pois, antes de
namorarmos, sempre que ele passava por mim,
sorrindo enquanto conversava com o Freddy, meu
mundo simplesmente ficava lento, pois, ele tinha o
sorriso mais lindo de todos.
Suspirei alto com a fumacinha do frio saindo
da minha boca, então me encolhi e me virei para
vovó e respondi:
— Estou indo vovó.
Caminhei em direção à porta com uma
felicidade estampada no rosto, mesmo que quisesse
disfarçar, não conseguiria, estava radiante demais.
Entrei e fechei à porta, então vovó disse-me:
— Você ama aquele homem. — não foi uma

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pergunta, foi uma afirmação que eu simplesmente


não tinha como negar.
— Toda a minha vida.
Ela caminhou em minha direção dizendo:
— Oh! Minha querida fico tão feliz que
tenham se reencontrado, não sabe a alegria que
sinto em saber que a deixarei em boas mãos.
— Você não vai me deixar, nunca! —
retruquei.
— Infelizmente não vou ficar para semente, já
estou bem cansada, sabe?
— Por favor! Não me fale sobre essas coisas,
você é saudável e tem uma lucidez que me inveja.
— É, mas ando me esquecendo das coisas.
— Se esqueceu de como joga Poker? —
estreitei meu olhar, instigando-a.
— Ah! Minha Cenourinha acho que isso não.
Temos muito vinho lá dentro. O que me diz de
algumas partidas?
— Vovó! Já bebi demais por essa noite, mas
sobre jogarmos, só se for agora.
Ela fechou a cara e virou de costas para mim e
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caminhou até sua estante, indo pegar sua caixa de


madeira onde guardava as fichas de poker.
— Está bem, vovó, vamos jogar e beber mais
um pouco para esquentar.
— Boa garota! — vovó respondeu toda
eufórica, juro que eu não sabia de onde ela tirava
tanta energia aos 85 anos.
Após inúmeras partidas, com vovó ganhando a
maioria, é claro, eu estava exausta e mole, já que
bebi mais que deveria. Vovó era dealer* naquela
partida, ou seja, ela quem trabalha as cartas e
naquele momento estávamos no último turno, o que
significa que a última carta seria posta na mesa, e
claro que vovó fez todo aquele suspense
escorregando a river* pela mesa até virá-la ao lado
das outras quatro cartas no centro, formando assim
4 - 4- 6- 10- Q. Então vovó apostou algumas fichas
e naquele momento era tudo ou nada, pois, eu
nunca conseguia decifrar se vovó tinha cartas boas
ou não, ela era uma jogadora de poker que nunca
demonstrava nada ao seu oponente, sendo assim,
apostei todas as minhas fichas em um Flush* com
um 5 e A, usando as cartas da mesa 4-6-Q. Então
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ela me encarou com aquela carinha de sapeca, e


virou na mesa 6 e 6, formando assim um Full
House, matando minha mão e levando todas as
fichas.
Vovó me olhou séria, sem fazer nenhum tipo
de comemoração, então me disse:
— Você está morta! — levou seus braços em
torno de minhas fichas e levou-as para o seu lado.
— Oh! Não fique triste cenourinha da vovó. —
zombou-me como jamais deixaria de fazer.
Sorri levantando da mesa e disse:
— É, mais uma vez a senhora me matou. Vou
para cama, estou exausta.
— Poxa! Eu ainda aguento mais uma.
— Nada disso, já passou das onze da noite,
vamos as duas para a cama.
Fui até ela e dei-lhe um beijo em sua testa
dizendo-lhe:
— Boa noite, vovó!
— Boa noite, Cenourinha.
Aquele apelido carinhoso já não me causava
nenhum tipo de incomodo, é claro que perto do
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Eric isso quase me matou de vergonha, mas quando


estávamos só as duas eu simplesmente levava de
boa.
Deixe-a na sala com sua caixinha de madeira e
fui para meu quarto, assim que entrei e fechei à
porta, levei meus olhos para a cama, e ela estava
toda desarrumada, um furacão havia passado por
ela, então caminhei em sua direção e apanhei a
blusa rasgada que estava caída no chão ao lado da
cama, levei-a em meu nariz e senti o cheiro
delicioso do Eric que estava impregnada na blusa.
— Eric! — sussurrei apaixonada e ao lembrar
do momento em que a blusa foi tirada do meu
corpo com uma certa urgência, senti um frio
delicioso na barriga.
Suspirei alto quando me lembrei que na
Segunda-Feira eu iria voltar para Edmonton, pois,
tinha uma tela para terminar de minha nova coleção
e teria ainda que terminar de embalar outras tantas.
Troquei-me e coloquei a camisa dele para
dormir novamente, eu jamais a devolveria e então
entrei embaixo dos cobertores, encolhi-me,
sorrindo feito boba, pois, cada cena do que havia
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acontecido ali naquele quarto, horas atrás, ainda


estava no ar, o cheiro ainda estava no ar.
Estendi minha mão para colocar meu celular
para despertar, já que eu pretendia ir cedo até a
galeria de artes AGO, e assim que liguei o celular,
havia muitas mensagens, da minha mãe, da May
querendo saber como tinha sido minha noite com o
Eric e querendo saber de todos os detalhes, mas
apenas uma delas me chamou a atenção e dizia:
Janta comigo amanhã?
Era do Eric e antes de respondê-lo, apertei o
celular no peito sorrindo como uma adolescente e
estava leve demais.
Claro que sim.
Enviei a mensagem sem esperar que ele fosse
visualizar às 23h25min.

Eric
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Assim que cheguei em casa, senti-me pleno, há


anos uma mulher não me preenchia como Anna
havia feito nessas últimas 24 horas de minha vida.
A última vez que senti tão completo foi justamente
nos braços dela, há anos atrás. Sentia-me renovado
para voltar a viver, eu tinha um forte propósito para
fazer isso, eu tinha a mulher certa novamente em
minha vida e não a perderia de jeito nenhum.
Abri à porta e fui logo recebido por Bruce, ele
não saía da porta até que eu chegasse, era sempre
assim, um amigo fiel como só ele sabia ser. Fez a
maior festa quando entrei e acabei rolando com ele
no chão da sala.
— Calma, urso, já cheguei, estou aqui. Eiii! —
ele ficou me cheirando todo. — É amigão, é o
cheiro dela sim. Gostou né?
Brincava com no chão quando, minha
governanta nos interrompeu:
— Senhor! — chamou-me, Lydia.
— Sim! — respondi tentando conter a euforia
do Bruce.
— Ainda irá precisar de mim?

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— Não, Lydia, pode ir descansar.


— Obrigada Senhor!
Lydia se retirou e levantei-me do chão, eu
estava feliz demais, primeira vez na vida que
Freddy fez a coisa certa, eu estava orgulhoso dele.
Caminhei até o bar, peguei um copo de whisky
e segui subindo em direção ao meu quarto, com
Bruce sempre no meu encalço, lá, olhei para a cama
e vi toda a imagem da minha noite de amor com
Anna se reproduzir em minha mente, sorri e
caminhei rumo a parede de vidro. À noite estava
clara, pois, a Lua cheia estava vivida no céu, e sua
intensidade transpassava o vidro irradiando um
brilho luminescente. Queria estar com Anna mais
uma noite antes dela voltar para Edmonton, e assim
enfiei minha mão em meu bolso e mandei-lhe uma
mensagem.
Janta comigo amanhã?
Fiquei ali parado observando as estrelas a
espera de uma resposta, mas vi que por algum
motivo, Anna não visualizou, então me troquei,
vestindo apenas um short preto e falei com Bruce:
— Vamos descer de novo garotão?
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Desci as escadas novamente até o piso da casa


onde ficava a sala e em seguida desci novos lances
de escada e entrei em minha sala de treino, dei
alguns passos e parei em frente a uma parede onde
a imagem de Benjamin estava presa por uma
flecha, que eu havia atirado em outra ocasião em
que ele me tirou do sério. Caminhei até meu arco
que estava pendurado em um suporte de aço
inoxidável, retirei-o de lá e apanhei na aljava uma
flecha e sem pensar duas vezes, descontei minha
raiva, mirei e atirei outra flecha que atingiu o meio
da testa da imagem de Ben.
Suspirei alto e coloquei o arco no lugar, eu não
sabia ao certo, mas algo dentro de mim me dizia
que eu teria novos problemas com ele.
Vesti minhas luvas azuis e fui treinar no saco
de pancadas, eu precisava estar exausto para
dormir, cansado apenas não resolvia, precisava
levar meu corpo a exaustão para colocar a cabeça
no travesseiro e desmaiar sem pensar em nada.
E assim desferi, um, dois, três socos no saco,
treinei exaustivamente por mais de uma hora, então
Bruce começou a latir olhando para meu telefone
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celular, com o suor escorrendo em meu corpo.


Questionei ao Bruce:
— O que foi, urso, ela respondeu a gente?
Ele latiu como se tivesse entendido, peguei
uma toalha, enxuguei meu rosto e fui ler a
mensagem que dizia:
Claro que sim.
— É Bruce, parece que teremos uma convidada
amanhã.
Sem conseguir me conter, fiz a ligação assim
que acabei de ler a mensagem.
— Morto de curiosidade para saber o que a
senhorita Hall, faz acordada uma hora dessas? Eu
jurava que você não havia respondido, pois já havia
se recolhido.
— Você não conhece minha avó. — respondeu
mole com a voz vacilante.
— Estava bebendo?
— Bebendo e jogando Texas hold 'em.
— Por que não disse que jogariam poker? Eu
teria adorado.
— Porque eu jurava que iria conseguir escapar
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sem jogar.
— Você é uma delícia caindo de sono, sua voz
mole desse jeito está me deixando excitado.
— Meu Deus, você é muito fogo para minha
torneira.
— Não, você é uma cascata.
Ela gargalhou do outro lado.
— Me diga, antes que você durma no celular.
À que horas está pretendendo ir a AGO?
— Eu havia dito que queria ir durante à tarde,
mas acho que irei pela manhã, se eu conseguir
acordar.
— Ótimo, mandarei Collin, buscá-la amanhã
depois das nove, pode ser?
— E quem é Collin, posso saber?
— Meu motorista.
— Ah! Eu... Eu vou chamar um táxi, não se
preocupe com isso.
— Um táxi? A última vez que você pensou
estar em um táxi, a senhorita estava dentro do carro
do homem que acabou de levar uma flechada na
testa.
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— Ai meu Deus! Eric você não fez isso? Diga-


me que não. — questionou assustada.
— Isso o que? — perguntei achando graça.
— Você acabou de me dizer que matou o
Benjamin.
Caí na gargalhada enquanto retirava as luvas de
minhas mãos caminhando para fora da sala de
treinos, minha academia.
— Não, não matei o Ben, mas bem que dá
vontade às vezes.
— Eric, perdi até o sono, quer me matar de
susto?
— Amanhã te mostro isso.
Houve um breve silêncio e perguntei:
— Anna! Anna está aí ainda? Dormiu?
O longo silêncio me dizia que sim e a julgar
por sua voz dormente, ela havia pegado no sono.
— Boa noite, Cenourinha. — falei e desliguei
o celular.

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Capítulo 15

Anna
Acordei na manhã de Domingo, às 9:45h e a
galeria abriria aos domingos 10:30h, então resolvi
que visitaria algumas galerias na parte da manhã e
comeria algum lanche por lá mesmo e passaria
mais algumas horinhas lá durante à tarde. Toronto
tinha dezenas de Museus e Galerias, mais por
algum motivo especial, AGO sempre esteve entre a
minha favorita.
Assim que coloquei meus pés no chão, vi meu
celular caído em cima do tapete branco na lateral da
cama, então eu o peguei nas mãos e lembrei que...
Droga, acho que dormi enquanto falava com o
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Eric. Me levantei levando as mãos em minha


cabeça, pois, beber tanto vinho com a vovó havia
me rendido uma leve dor de cabeça e um gosto de
álcool na boca. Aproveitei que estava com o celular
na mão e liguei para o número do taxista que eu
havia salvado no celular e ele me disse que estaria
na porta me esperando em 15 minutos.
Tomei um banho rápido e troquei-me, vestindo
um vestido preto estampado, com uma jaqueta
jeans. O tempo em Toronto estava louco e fazia frio
naquela manhã, eu sabia que ficaria com excesso de
roupas, pois, na parte da tarde a previsão era de
calor.
Coloquei um gorro de lã na cabeça, um que
havia sido tricotado por vovó há anos atrás e que
era meu companheiro fiel, olhei no espelho e passei
em meus lábios um batom matte laranja que já era
minha marca, eu não saía sem ele.
Assim que pisei na sala, vovó disse:
— Bom dia minha querida, vai sair?
— Sim, lembra que lhe avisei que iria até à
galeria?
— Sim, sim, lembro-me. Estará de volta para
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almoçar comigo?
— Não, a galeria abre muito tarde aos
Domingos e pensei em comer algo por lá mesmo.
— Já vi que hoje quase não a verei. —
resmungou tristonha.
Caminhei até ela e a abracei apertado, dizendo-
lhe:
— Estarei aqui durante à tarde para ficar com a
senhora, e, durante à noite irei jantar com o Eric,
ele me convidou ontem à noite.
— Humm! Terá uma noite romântica de amor
com o bonitão do Eric? Muito bem!
Meneei à cabeça em negativo, os comentários
da vovó eram os melhores, sempre, às vezes eu me
perguntava se ela tinha mesmo 85 anos.
Olhei pela janela e vi que o taxista já estava me
esperando, e estava encostado no carro prata do
lado de fora vendo seu celular, notei que tinha algo
estranho, pois, dessa vez vi com clareza que não se
tratava do inconfundível e tradicional carro laranja
dos táxis de Toronto e nem amarelo.
— Vovó, já estou indo. — dei um beijo nela.

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— Mas nem tomou seu café ainda. —


resmungou.
— Farei isso quando chegar à galeria.
— Tudo bem! — respondeu dando-me as
costas.
Sorri balançando a cabeça e fui saindo pela
porta.
— Até mais tarde, vovó.
— Até! Se cuide.
— Pode deixar.
Assim que me aproximei do homem, alto,
loiro, vestindo um terno preto, aparentando ter mais
de cinquenta anos, ele disse-me solicito abrindo à
porta de seu carro luxuoso prata:
— Senhorita!
— Você não é um taxista! — ralhei
imediatamente, lembrando-me da última vez que
pensei estar entrando em um táxi.
— Não, senhorita, sou Collin, e estou às suas
ordens a mando do senhor Mason.
— Está brincando comigo?
— De maneira alguma, inclusive paguei e
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dispensei os serviços do táxi que chegou aqui


alguns minutos atrás.
O sangue ferveu em minhas veias, então fucei
em minha bolsa com urgência procurando meu
celular, e assim que o peguei liguei rapidamente
para o Eric.
— Bom dia Pôr do Sol. — atendeu-me com
aquela voz que desestruturava qualquer mulher,
fazendo-me esquecer do motivo de ter ligado para
ele. — Como passou à noite?
— Ah! Eu... — gaguejei, perdendo o rumo,
sem me lembrar porque eu havia ligado.
— Eu desmaiei, dormi divinamente bem.
— Percebi que desmaiou, me deixou falando
sozinho no celular.
— Nossa! Eu sabia que isso tinha acontecido,
me perdoe.
— Collin já chegou aí?
— Collin? O seu motorista? Sim, ele já está
aqui na porta da casa da vovó, a propósito, foi por
isso que te liguei. Por que mandou o seu motorista
aqui? Eu te falei que iria de táxi, te falei isso ontem,

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lembra?
— Lembro, mas qual o problema em Collin
levá-la até a AGO? E depois ficar a sua disposição
para levá-la onde quiser? Inclusive trazê-la até mim
para almoçarmos juntos.
— Eric, combinamos de jantar juntos, eu tenho
outros planos para meu almoço, na verdade, vou
apenas comer um lanche na AGO, já que aos
domingos ela abre às 10:30h e eu pretendo passar
horas apreciando as galerias e isso inclui uma boa
parte da minha tarde.
— Amanhã você já vai voltar para Edmonton,
tem mesmo que passar tantas horas na AGO?
Pensei que pudéssemos aproveitar o dia de hoje
juntos.
Suspirei alto, dizendo-lhe:
— Podemos aproveitar o dia junto, basta ir me
encontrar lá na AGO, assim aproveito para te
mostrar minha tela preferida em todo mundo.
— Isso é um convite senhorita Hall?
— Sim! Claro que sim.
— E por que já não o fez ontem? Assim

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teríamos evitado esse embate sobre o Collin, pois,


eu mesmo teria ido buscá-la.
— Não quero que fique me mandando seu
motorista, tudo bem?
— Falaremos sobre isso em outro momento,
pode ser?
Olhei para o lado do motorista que segurava à
porta do carro esperando que eu entrasse, e assim
perguntei baixinho:
— Teremos mesmo uma DR sobre seu
motorista?
— Só se você se recusar a aceitar que ele te
leve aos lugares que deseja ir.
Inflei o peito e soltei o ar bufando.
— E não precisa ficar irritadinha, só quero
evitar que faça possíveis confusões com taxistas. —
Eric concluiu deixando-me mais irritada ainda.
— Eric eu...
— Te vejo na AGO. — respondeu atropelando-
me.
Fechei minhas mãos em punho e eu teria ligado
para o taxista novamente, se eu já não tivesse
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perdido tanto tempo, parada ali fora, então, olhei


para o motorista e disse-lhe:
— Não deveria ter dispensado o táxi sem me
consultar antes, senhor Collin!
Com aquela postura de um soldado inglês,
aqueles da rainha, ele respondeu indicando com a
mão para que eu entrasse no BMW prata:
— Senhorita Hall!
— Pelo amor de Deus, me chame de Anna
Beatriz, senhor.
— Anna Beatriz. — disse estendendo
novamente a mão indicando que eu entrasse logo
no carro.
— Fique sabendo, Collin, que irei aceitar sua
carona porque meu tempo está escasso. — respondi
e entrei no carro.
Assim que me acomodei no banco fui logo
falando como se fosse com um taxista.
— 317 Dundas Street West.
— Já fui instruído a levá-la até a AGO,
senhorita Anna Beatriz.
— Se puder me chame só de Anna, está bem?
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Juro que percebi uma risadinha de canto nos


lábios do homem.
—Está bem, senhorita Anna.
— Então! Quais foram as outras instruções do
seu patrão? Me levar direto para casa depois da
galeria? Como se eu fosse uma criança saindo do
jardim da infância?
— Não exatamente para sua casa, senhorita,
mas para a casa dele. — respondeu-me sério.
Eu tinha certeza que ele estava se divertindo
muito com aquilo e eu não estava gostando nada
daquilo, nunca precisei de babá e não seria agora
que eu iria precisar e assim que me encontrasse
com Eric, deixaria algumas coisas bem claras.
Onde já se viu! Um motorista a minha disposição!
— Que ótimo. — respondi sarcástica.
Alguns minutos depois, Collin parou na frente
da AGO e me informou que iria estacionar e que
estaria ali do lado de fora me esperando.
— Ligue para o Eric, acho que não será
necessário o senhor ficar aqui me esperando, até
porque você iria se cansar de esperar.

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— Sim, senhorita.
— Meu Deus! Por que diabos tanta
formalidade?
Ele deu de ombros e sorriu, então, me virei
para apreciar a fachada da AGO, pois, eu jamais
colocaria meus pés lá dentro sem antes ficar um
bom tempo babando naquela arquitetura
maravilhosa.

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Capítulo 16

Anna
Entrei no museu da mesma forma que eu
sempre fazia, girando em meus calcanhares e
observando embasbacada toda sua arquitetura.
AGO é simplesmente o melhor museu em
minha opinião e é um dos melhores do mundo, a
galeria é formada por cinco andares e um
subterrâneo, se eu fosse mesmo querer rever tudo
que me encantava ali dentro eu simplesmente
precisaria de um dia inteiro e ainda não veria tudo.
Eu sempre ficava encantada com a escadaria em
espiral cheia de curvas que ultrapassa o teto de
vidro, que nos dava acesso aos andares superiores,
e eu a via simplesmente como uma escultura
maravilhosa. Ali mesmo, dentro do museu fui até o
Café e lá tomei um expresso e comi um cookie
delicioso de aveia e gotas de chocolate, sentada lá
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troquei mensagens com Eric e marcamos de nos


encontrar na galeria 137, onde eu queria que ele
conhecesse um belíssimo Picasso, o meu favorito
do artista.
Terminei meu café, apressada e fui visitar as
galerias, eu não me cansava de ver sempre as
mesmas obras, não tinha nenhuma exposição
aquele dia, sendo assim, fiquei rodando pelos
andares apreciando tudo e sonhando com o
momento em que teria uma exposição minha ali
dentro.
Próximo das onze, fui para a galeria 137,
apreciei algumas artes modernas, entre elas La
Soupe de Picasso, óleo sobre tela, 38,5 x 46,0 cm.
Uma obra maravilhosa que pertencia ao período
azul de Picasso que foi quando pintou basicamente
usando tons de azul e verde. La Soupe retrata a
fome, representado por uma mulher sendo
alimentada por uma criança ou ao contrário, uma
ambiguidade dependendo do ponto de vista de cada
um e eu sempre preferi achar que a criança é quem
alimentava a mulher.
Passei minha mão direita de forma suspensa
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sobre o nome Picasso sobre a tela, sem tocá-la e


quando meu braço ainda estava no alto, alguém
tocou em meus dedos, então virei rapidamente
dizendo:
— Eric!
Mas meus olhos tiveram uma surpresa ao
observarem a imagem de um homem enorme atrás
de mim e estava completamente informal vestindo
um jeans e uma camisa preta.
Engoli em seco e murmurei seu nome, pois,
não queria nem que minha mente registrasse aquela
presença parada ali na minha frente:
— Benjamin!
— Anna! — falou as letras do meu nome de
uma forma sexy.
— Está me seguindo? — questionei assustada
com os olhos bem abertos.
— Sim, estou. — confessou sem nenhuma
cerimônia. — fui até a casa de sua avó e não pude
falar com você, pois, vi Collin montando guarda lá.
— Não! — balancei a cabeça envergonhada. —
Ele não estava guardando nada, só ia me dar uma

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carona.
Meu celular tremeu em meu bolso, enfiei
minha mão no casaco rapidamente, então virei de
costas e li a mensagem do Eric que questionava:
Anna já estou subindo.
— Benjamin, por favor, você precisa sair
daqui, por favor!
— Ben! Para você sou só, Ben.
— O que quer comigo?
— Só queria saber se ficou bem e como você
está?
— Benjamin, por favor, Eric está subindo,
marcamos de nos encontrar aqui.
— Ele é seu dono?
— Por favor, não queira estar aqui quando ele
chegar.
Meu corpo estava tremendo por dentro, Eric já
havia deixado bem claro que não queria Benjamin
perto de mim.
Ben estendeu sua mão e levou em meu rosto,
então levei meus olhos na porta com urgência e
medo, eu não queria que a presença daquele
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homem ali causasse um desentendimento entre


mim e Eric.
Tirei a mão dele do meu rosto e disse:
— Não me toque, eu nem conheço você. Por
Favor!
— Mas podemos nos conhecer melhor, só me
diga que sim.
— Não! Eu... Não estou interessada.
— Anna, Eric não é o homem certo para uma
mulher doce como você, ele nunca se prende a
nenhuma mulher, está sempre pulando de galho em
galho e quando se cansar de você fará como fez
com minha irmã. Eve está sofrendo e não quero vê-
la sofrendo também.
— Do que está falando? — balancei a cabeça
nervosa.
— Vem comigo! — estendeu a mão em minha
direção. — Não vai se arrepender.
— Você está louco, nem o conheço e já percebi
que você e Eric se odeiam, não vai me usar para
atingi-lo, se é isso que deseja.
— Não é nada disso. — respondeu tentando me
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tocar.
— Se ficar aqui, Eric mata você, pode apostar
que mata.
Benjamin gargalhou.
— A é? Ele te disso isso?
— Por favor!
— Tudo bem, só vou sair porque você está
pálida e não quero lhe causar nenhum
constrangimento.
— Não quer? E isso que está fazendo, o que é?
— Me perdoe!
Virei de costas em pânico, meu coração não
tinha mais compasso, não acredito que aquele
maluco ia estragar tudo de mais lindo na minha
vida.
— Não se preocupe, vou evitar me encontrar
com Eric, mas ainda quero falar com você.
— Por favor! Saia e não volte a me procurar.
— Até mais fantasminha.
Minha respiração estava completamente
descompassada, meu corpo tremia internamente e
tudo que eu conseguia ver na mente era aqueles
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dois se encontrando nas escadas ou nos corredores.


Fui acompanhando Ben com o olhar e saiu para o
lado esquerdo, certamente entraria em outra galeria
até que Eric entrasse onde eu estava para poder usar
as escadas e descer.
Eu estava suando frio, minhas mãos estavam
uma pedra de gelo e eu simplesmente encarava a La
Soupe, quando senti mãos firmes segurarem em
minha cintura e acabei levando um susto e me
virando assustada rapidamente achando que Ben
pudesse ter voltado.
— Ei! Sou eu meu amor! — disse-me Eric,
então eu o abracei forte e o beijei, dando muitos
selinhos em seus lábios. — Anna, está tudo bem?
Você está gelada, seus lábios estão frios, aconteceu
alguma coisa?
— Não! Eu estou bem, só estava ansiosa, acho
que minha pressão caiu.
— Vem comigo, vamos sair desse ambiente
abafado. — foi me puxando.
— Não! Por favor, quero que veja meu quadro
favorito.
— Voltamos outro dia.
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— Por favor, Eric, eu estou bem, já melhorei.


— Tudo bem, depois vamos almoçar no Bistrô,
isso deve ser fome.
— Não estou com fome.
Eric se aproximou de mim, grudou em minha
cintura e sussurrou.
— Mas eu estou morrendo de fome. — mordeu
o lóbulo de minha orelha.
— Eric! Está cheio de câmeras aqui.
— É mesmo? — questionou sorrindo e
puxando meu corpo fazendo-me senti-lo excitado.
— Sim! — respondi de olhos fechados
contorcendo-me toda.
Eric me enlouquecia e sempre foi assim.

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Capítulo 17

Eric
Anna sempre foi o meu amor, mesmo estando
tanto tempo separados, esse sentimento nunca me
abandonou, e eu a conhecia como a palma da
minha mão, ela não mudou em nada. Sabia que
naquele momento, ali na galeria, enquanto ela me
mostrava uma tela de Picasso e explicava-me os
motivos de amar tanto a imagem retratada nela, que
alguma coisa estava errada, a sua voz estava
trêmula e as suas mãos frias, fora do normal.
Caminhamos na mesma galeria com ela
apontando uma a uma as telas que estavam
expostas lá e ia dizendo o nome de um por um dos
artistas, arte era realmente o mundo dela e confesso
que eu não entendia muito bem todo aquele
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fascínio, que inclusive fascinava a meu pai


também, que era um grande amante das artes, assim
como Anna.
Depois de passar um bom tempo conhecendo
um pouco mais sobre as coisas que encantam Anna
e que fazem os seus olhos brilharem como se fosse
a primeira vez que estava vendo todo o acervo,
finalmente consegui levá-la até o Bistrô da AGO,
eu havia reservado à mesa, assim que Anna
convidou-me a passar o dia com ela na galeria, não
que estar ali agradava-me muito, já que eu preferia
estar agarradinho com ela em cima de uma cama.
Anna pediu um AGO Burguer, não quis comer
nenhum dos pratos da casa, pois, me disse que fazer
apenas um lanche estava nos seus planos, e assim
resolvi acompanhá-la com um lanche a base de
queijo gruyère, prosciutto, um presunto
envelhecido que eu amava, figo e brócolis.
— Só você para me fazer comer um lanche em
um bistrô. — falei sorrindo.
Anna deu de ombros.
— E então Anna Hall me deixou falando
sozinho no celular? — questionei brincalhão.
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Ela estendeu sua mão e tocou a minha dizendo:


— Me perdoe, mas todas às vezes que jogo
poker com a vovó, vou para cama mole.
— Adoro você mole em cima de uma cama, e
se for o caso, no tapete.
Anna enrubesceu e os seus olhos caíram em
cima da mesa, ela sorriu discretamente e eu
enlouquecia com aqueles traços da sua
personalidade, deliciosamente introvertida e
retraída.
Notei que ela estava nervosa, não parava de
fazer círculos com dedos na mesa, e não me
encarava, então a questionei:
— Está nervosa? Aconteceu alguma coisa?
— Estava aqui pensando, sobre o seu namoro
com a tal de Eve.
— O que estava pensando? — arrumei a
postura do corpo e recostei no assento da cadeira.
— Você ainda não me contou porque
romperam.
Ponderei antes de respondê-la, mas eu não
tinha mais o porquê ficar evitando falar sobre
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aquilo com Anna, ela é a mulher que amo e que


quero passar o resto dos meus dias, então não
haveria segredos sobre nós.
— Minha mãe morreu num acidente de carro
há três meses. — suspirei ressentido.
— Eu lamento muito. — Anna disse enquanto
tocou em minhas mãos de forma afetuosa. — Não
precisa falar sobre isso, se não quiser.
— Está tudo bem, você é minha namorada
agora e quero que saiba tudo o que aconteceu
comigo.
— Sou? — ela questionou sorrindo.
— Sim, você é.
Anna assentiu.
— Foi na noite do casamento da Jane e no
meio da festa, Eve e eu discutimos porque ela
estava doente de ciúmes de uma amiga da minha
irmã, que veio de Calgary para o casamento. Eve
tinha muito ciúmes de mim, isso incluía a sua
própria sombra e naquela noite, não dei a ela
nenhum motivo sequer para ficar tão incomodada
com a moça, então fiquei tão irritado que resolvi ir

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embora no meio da festa.


— Você está bem? — Anna questionou-me.
— Sim, eu estou, você me faz bem. — nunca
consegui falar sobre o que aconteceu com outras
pessoas além de Freddy.
Ela sorriu divinamente para mim, e assim
continuei contando-lhe:
— Jane havia acabado de jogar o buquê de
flores e desastrada como só ela sabe ser, jogou na
direção errada e a minha mãe foi quem apanhou as
rosas-brancas.
Parecia que estava vendo a cena na cabeça
novamente e Anna despertou-me assim que apertou
as minhas mãos.
— Minha mãe estava com os sapatos
machucando os seus pés e me pediu uma carona até
em casa, assim que percebeu que estávamos indo
embora.
Anna suspirou nervosa com o que estava
ouvindo.
— Ela pediu-me para deixá-la em casa, pois
voltaria dirigindo para a festa. Eu havia bebido,

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mas não estava bêbado a ponto de provocar um


acidente, mas assumi esse risco e fui embora
dirigindo. Eve, foi discutindo comigo todo o
percurso e a minha mãe no banco de trás estava
desolada sem nada poder fazer. Como eu não
prestava atenção em Eve, mas somente na pista, ela
puxou o volante do carro, fazendo-me perder a
direção e bater de lado em um caminhão, bem do
lado onde a minha mãe e Eve, estavam.
— Ah, meu amor, sinto muito, sinto muito
mesmo.
Não consegui evitar que os meus olhos
marejassem, respirei fundo e continuei.
— Instintivamente, girei o volante do carro de
forma a proteger-me, colocando assim as vidas da
minha mãe e da Eve em risco. A minha mãe morreu
ainda no local e quando recobrei a coincidência, eu
a vi no banco de trás coberta pelas pétalas das
rosas.
— Chega! Por favor. — Anna pediu-me, pois
estava chorando discretamente. — me perdoe, não
deveria tê-lo perguntado sobre essas coisas.
— Freddy é o único que sabe a história
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verdadeira, o meu pai e Jane acusam-me por estar


bêbado e toda Toronto acredita que a minha
embriaguez foi quem causou o acidente.
— Por que nunca lhes contou a verdade?
— Não deram a mim a oportunidade, eu sofri
demais, me fechei, afastei-me e passei meses sem
sair de casa, sem ir para a empresa trabalhar, o meu
mundo desabou, eu estava desolado até você voltar
e me fazer perceber que existe uma vida fora
daquela mansão.
— Precisa conversar com eles, precisa contar-
lhes a verdade.
— Nunca mais consegui dormir sem tomar
medicamentos, só você me fez esquecer e dormir.
Anna estendeu a sua mão e a levou na minha
face, tocando-me e acariciando-me com o seu
polegar.
— Isso foi uma barra para você.
— Estou conseguindo superar, mas ainda não
consigo perdoar-me.
— Você não precisa, não teve culpa do que
aconteceu.

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— Não perdi só a minha mãe naquele acidente,


perdi toda a minha família e isso me dói demais,
saber que o meu pai não me olha nos olhos, pois
me culpa. É o maior de todos os pesos, ele é meu
herói, o meu exemplo, a minha fortaleza.
— Precisa explicar tudo a ele.
— Não consigo.
Anna meneou a cabeça e novamente começou
a fazer círculos com a ponta do dedo indicador
sobre à mesa, ela havia se tornado uma linda
mulher, mas suas manias continuavam as mesmas e
eu sabia que estava preocupada com alguma coisa.
— Está tudo bem, amor? — indaguei.
— Fale-me sobre Benjamin. Por que o odeia
tanto?
Balancei a cabeça sem entender nada.
— Por que quer saber sobre ele?
— Preciso entender isso, esse seu ódio todo.
— Bom, ele é acionista minoritário na
empresa, o meu pai é o CEO, pois é o fundador da
MCE e detêm 60% das ações, sou o vice-presidente
com 15% e Benjamin detêm apenas 5% e o restante
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dos acionistas controlam os outros 20%. Quando


me afastei da empresa, Benjamin tentou convencer
o meu pai a abrir uma votação e colocar a vice-
presidência na berlinda. O meu pai se recusou,
mesmo assim tem Benjamin como o único capaz de
substituir-me. Pessoas lá de dentro informaram-me
que ele está tentando comprar os outros 20% das
ações e assim se tornar o segundo acionista mais
importante da empresa. Ou seja, ele quer me
derrubar e sabendo que existe esse elo rompido
entre o meu pai e eu, ele tem se esforçado bastante.
— Nossa! Agora entendi tudo.
— O que você entendeu?
— Ele me procurou e me disse que você não é
o homem certo para mim, pois, você nunca se
apega a nenhuma mulher, que assim como fez com
a Eve, fará comigo.
— Ele disse o quê? — fechei as mãos em
punho com a raiva me possuindo. — Anna, antes
de qualquer coisa, quero que entenda, que nunca
me prendi a nenhuma mulher, porque nenhuma
delas era você, já te falei isso antes, mas vou
repetir. Sempre foi você, você sempre foi o meu
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farol, era para a sua imagem que eu corria sempre


que precisava de alento. Nunca consegui amar
outra mulher, por isso não me prendi a nenhuma
delas. Em algum lugar, bem lá, no fundo, existia
uma esperança.
Os olhos de Anna brilharam, mas sua face
ainda me mostrava um certo medo.
— Onde?
— Onde o que, Eric? — perguntou nervosa.
— Onde ele te procurou?
Suspirou alto e olhou ao nosso redor, enfim
disse-me:
— Foi na casa da vovó Emma, mas como eu
estava com o Collin, ele seguiu-nos até aqui, e…
— Fala Anna!
— Eric, por favor, prometa-me que não fará
nada.
Meneei a cabeça em negativo, o ritmo do meu
coração acelerou e na minha mente só me vinha
Benjamin, e eu iria sem dúvida tirar satisfação,
pois, eu o avisei para se afastar. A minha cabeça
estava latejando.
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— Não! Não vou fazer uma promessa que não


irei cumprir. Anna, por favor!
— Ele estava aqui na galeria, minutos antes de
você chegar.
— Desgraçado! Por que não me contou isso
antes?
— Não queria que saísse atrás dele. Não quero
que vire notícia em todas as mídias por ter matado
um homem dentro da AGO.
— Entendeu agora porque mandei o Collin
para ficar a sua disposição?
— Sim! Entendi no momento em que vi
Benjamin atrás de mim?
— Atrás de você? Ele não encostou em você?
Encostou?
— Não! Não! — Anna estava parecendo uma
folha de papel.
— Vem! Vamos embora. — levantei-me da
mesa.
— Só se prometer fazer amor comigo. —
murmurou fazendo meu corpo responder e tremer
por dentro.
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— Farei! — respondi de imediato, mas claro


que mesmo tendo-me excitado com as palavras
dela, eu tinha outros planos para nós.
— Agora! Quero agora! — respondeu
exigente, tirando de dentro dela uma Anna que se
mostrava raramente e meu pau pulou dentro da
minha calça.
— Sei o que está tentando fazer.
Ela levantou-se da mesa, aproximou-se de mim
e no meio do bistrô, encostou-se aos pés do meu
ouvido e cochichou:
— Só não quero mais perder tempo com
bobagens. — mordeu e lambeu a extremidade da
minha orelha, fazendo-me fechar os olhos ao sentir
todos os pelos do meu corpo se arrepiarem.
— Anna!

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Capítulo 18

Anna
Assim que contei a Eric sobre Benjamin ter
estado ali no museu, sua fisionomia mudou da água
para o vinho, confesso que fiquei trêmula de medo,
não queria de jeito nenhum, um confronto entre
Benjamin e Eric, mas também não poderia omitir o
que tinha acontecido, simplesmente não consigo
esconder quando estou nervosa com alguma coisa.
No meio do bistrô, fui até ele e tentei mudar o
foco de sua fúria, indo até o pé da sua orelha,
segredando algumas palavras seguidas de uma leve
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mordida e lambida no seu lóbulo, o que o fez


apertar os seus dedos na minha cintura e em
seguida segurar firme na minha mão e sair
arrastando-me para fora do bistrô, que naquele
momento estava cheio de pessoas almoçando.
Eric saiu puxando-me apressado, e logo que
saímos pela porta, ele perguntou-me:
— Porra, Anna! Onde fica o banheiro mais
próximo?
— Eric! — pisquei várias até assimilar que eu
havia conseguido distraí-lo e fazê-lo esquecer a sua
raiva por Ben, para que não saísse dali e o matasse.
— À esquerda. — respondi sem saber como ele
faria para entrar no banheiro feminino.
Ele foi arrastando-me, estava furioso, dava para
ver no seu rosto, então viramos à esquerda e
seguimos em frente até o banheiro feminino, e na
porta tinha uma senhora tomando conta e ele
perguntou a ela:
— Tem alguém no banheiro, senhora?
— Não senhor! —Ela respondeu.
Então Eric tirou a sua carteira do bolso, tirou

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dela muitos dólares e deu a senhora dizendo:


— Este banheiro está em manutenção.
A mulher, uma senhora já de idade, olhou as
notas em suas mãos e respondeu abaixando-se rente
ao carrinho de limpeza e retirando de lá uma placa
que dizia:
— Manutenção. — colou a tal placa na porta e
piscou para o Eric.
Ele abriu à porta e a trancou por dentro, então
veio se encostando em mim, fazendo-me caminhar
de costas, com a cara mais deliciosa e safada do
mundo, respirando fundo e segurando na minha
cintura dizendo:
— Fala de novo, o que queria mesmo? —
sussurrou com luxúria.
Senti um frio na barriga e respondi segurando
na gola de sua camisa:
— Que faça amor amigo.
— E com que urgência? Repete para mim, vai
Anna, fala! — sussurrou com os lábios encostados
no meu.
— Agora! — respondi sem ar, pois, Eric me
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tirava o fôlego.
Assim que o respondi, ele passou a beijar-me
energicamente, grudou as suas mãos na minha
bunda e deu um tranco colocando-me em cima da
pia, e enquanto me devorava com seus lábios, foi
erguendo o meu vestido e puxando a minha
calcinha e tirando-a do meu corpo com urgência.
— Vou te foder, Anna. — falou enlouquecendo
todas as terminações nervosas do meu corpo, que se
contraíram deliciosamente.
— Só se for agora! — respondi levando
minhas mãos aflitas até o cós da sua calça, abrindo
o seu cinto e em seguida abaixando o zíper com
urgência; queria muito aquele homem dentro de
mim. Sem delongas levei as minhas mãos na sua
ereção. Ohh! Meu Deus, isso é muito forte. Pensei
assim que acaricie o pau dele e o coloquei para fora
com certa urgência, ele estava um ferro, duro e
deliciosamente grosso.
Ele levou os seus dedos na minha vagina e
sentiu toda a minha excitação, pois, eu estava
demasiadamente molhada, Eric excitava-me
demais, e assim, grudou a sua mão na minha bunda
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e puxou-me mais para a ponta da pia e então,


segurou o seu pau com uma das mãos e penetrou-
me com agilidade, forte e fundo, então o mordi no
ombro, fazendo-o gemer:
— Ohh!
Começou a bombardear-me com estocadas
rápidas e eufóricas, metia, ao nível da sua fúria e
ambos estávamos sedentos de tesão, fazendo-me
morde-lo, beijá-lo e o arranhar nas suas costas à
medida que me estocava apenas com o pau de fora
da calça.
Pof, pof, pof… Quando o som do atrito de
nossos corpos chegou em minha razão, falei:
— Eric, Eric!
— O que foi?
— A camisinha, você esqueceu.
— Não se preocupe!
Respondeu beijando-me enlouquecido e então
me desceu da pia, me colocou no chão virando-me
de bunda para ele com a mesma fugacidade e sem
se importar por estarmos sem camisinha, ele
penetrou-me novamente, mordendo-me nos ombros

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e metendo fundo e gostoso em mim, ele


simplesmente era uma delícia, e sabia como amar
uma mulher em quaisquer circunstâncias, e assim
meteu, se enfiando fundo e forte, enquanto
segurava no meu seio, pois, naquela altura me vi
sem a minha jaqueta e o meu vestido a parte de
cima veio parar na cintura.
Eric bombou, fazendo-me grudar nas torneiras
e escorregar as minhas mãos no espelho do
banheiro. Então passei a rebolar no seu pau, louca e
desesperada atrás do meu orgasmo, Eric parou de
se mexer e ficou apenas curtindo enquanto eu me
mexia, buscando a fricção que o seu pau exercia no
meu clitóris, enlouquecendo-me. Rebolando, me
afundando e engolindo todo aquele pau rijo,
comecei a ficar mole e as minhas pernas estavam
bambas.
Eric murmurou ofegante:
— Vamos meu amor! Vamos, goza no meu
pau, goza para mim.
Eu rebolava alucinada, até que os espasmos me
enlouqueceram tomando conta de todo o meu
corpo, contraindo a minha vagina e provocando-me
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tremores que quase me fizeram babar.


— Oh! Ohh...
Gemi tentando não fazer tanto barulho, Eric
então, virou-me, segurou-me nos seus braços e
encheu-me de beijos e quando percebi, já estava
grudada na sua cintura com ele caminhando até
uma parede, onde me encostou e voltou a penetrar-
me ali, prensada entre o seu corpo forte e a parede,
grudada no seu pescoço. Meteu, bombou, se enfiou
fundo e cada vez mais forte. Me comendo e
levando-me novamente para as nuvens e além
delas, muito além. Jamais me imaginei transando
dentro de um banheiro da AGO, mas realizei um
sonho inexistente. Era uma volúpia que me
embriagava e fazia-me grudar em seus cabelos e
exigir os seus lábios.
Eric metia e eu gemia nos seus ouvidos, me
apertando cada vez mais forte nele, sentindo toda a
sua potência devorar-me naquele sexo intenso.
— Anna! Anna! — sussurrou em meu ouvido,
então, tirou seu pau de dentro de mim, virou-se de
costas, encostando-se no meu corpo e passou a se
masturbar, então peguei no seu pau e terminei eu
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mesma de masturbá-lo até que ele começou a


gemer e se arqueou para trás deixando o jato do seu
sêmen jorrar no chão na nossa frente.
— Ohh! Ohh! Porra! Ohh! ...
Gemia gostoso se contorcendo todo com as
mãos grudadas nas minhas pernas.
Eric se limpou, e em seguida limpou-me, e fez
questão de vestir ele mesmo a minha calcinha. Nos
trocamos com urgência e saímos do banheiro.
Para a minha felicidade a mulher não estava do
lado de fora nos ouvindo e nem fomos vistos por
ninguém, pois, dei graças a Deus, já que o meu
rosto estava pegando fogo.
— Estou vermelha? — perguntei a Eric.
— Está uma pimentinha. — respondeu virando
na minha direção, enfiando os seus dedos nos meus
cabelos, me beijando e rindo gostoso com os seus
lábios grudados aos meus.
— Você é um fogo! Vai me matar desse jeito.
— falei grudando nos seus cabelos.
E somente quando algumas mulheres
começaram a passar por nós, foi que seguimos para

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o corretor e então descemos as escadas. Estávamos


indo embora e eu tinha certeza que Eric não iria
deixar barato o fato de Ben ter me seguido e só de
pensar, as minhas mãos suavam de medo.

Capítulo 19

Anna
Enquanto caminhávamos para a saída da AGO,
com Eric segurando firme na minha mão, percebi
que o seu olhar estava perscrutando cada canto da
galeria e eu sabia que ele estava se certificando se
Ben ainda não estava por ali e enquanto ele
vasculhava tudo em volta com o olhar frio e com a
expressão fechada, enfurecido, eu simplesmente
rezava mentalmente para que não topássemos com
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Ben, pois, eu temia que ele resolvesse aparecer na


nossa frente todo afrontoso, resolvendo encarar o
Eric. Claro que Ben não faria isso, mas na minha
cabeça tudo estava se desenhando.
No carro preto, um BMW, Eric foi até o lado
do passageiro e abriu à porta para mim como um
cavalheiro, porém, estava demasiadamente sério e
aquilo estava me deixando nervosa.
Assim que ele entrou no carro, questionei-o:
— Eric! Você mudou da água para o vinho, por
favor, não faz assim.
Ele virou em minha direção, tocou afetuoso no
meu rosto, dizendo:
— Me perdoe meu amor, não estou
conseguindo evitar.
— Evitar o que?
— De sentir muita raiva do Benjamin, isso está
me sufocando, não estou conseguindo digerir o que
ele fez hoje, quero saber o que ele quer com você.
— respondeu encarando a rua.
— Olhe para mim. — segurei-o em sua face,
sentindo os pelos da sua barba por fazer, roçarem

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em minhas mãos.
— Me prometa que não irá atrás dele?
— Não me pede isso, Anna. Não me pede, por
favor! Amanhã você vai embora, quem me garante
que aquele sujeito não vai dar um jeito de descobrir
tudo sobre você e ir para Edmonton te procurar?
— Eric, entenda uma coisa, ele pode ir até no
inferno me procurar, sou sua, lembra? Só sua, ele
nunca vai encostar um único dedo dele em mim.
— Minha? — me puxou para próximo dele e
me beijou. — Só minha? — beijava-me sofrido,
mordendo o meu lábio e puxando deliciosamente.
— Sua! — respondi.
Ele ficou me encarando então me disse:
— Já disse e vou repetir, não vou te perder,
nunca mais.
— Então se acalma, não vá falar com ele
assim, nervoso desse jeito.
— Me desculpa, mas não vou deixar passar, se
quiser te levo para a casa da sua avó.
— Eric! Não! Por favor, meu amor, você viu o
tamanho daquele homem? Ele vai machucar você.
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Eu imploro!
— Ele não vai me machucar, ele é grande, mas
é um só.
Meu coração voltou a descompassar, batia na
minha garganta e eu não tinha mais o que dizer
para impedir que Eric fosse atrás do tal Benjamin.
Eu estava me odiando por ter entrado no carro dele
feito uma louca, agora eu estava colhendo os frutos
da minha insensatez.
— Você vem comigo? Ou vai para casa? —
questionou-me.
Levantei os meus braços, passei as minhas
mãos nos meus cabelos e virei o rosto sem nada
responder, então, Eric ligou o carro e saiu pelas
ruas pelas de Toronto com um destino certo, que
nem ousei questionar.
Eu não ia deixá-lo sozinho com aquele
Benjamin, um homem que parecia ter 2 metros de
altura, e sempre que eu pensava nisso meu coração
acelerava, pelo menos estando juntos, talvez
conseguisse evitar uma tragédia.
Eric estava concentrado no caminho, não falei
mais com ele. Ele estava fazendo uma loucura indo
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procurar o Ben, estando ele tão nervoso, mas eu


não tinha como impedi-lo, nunca vi ninguém tão
decidido como ele, pois, se saiu de Toronto e foi
atrás de mim em Edmonton, não iria procurar o
Ben, ali mesmo em Toronto?
Eric parou ao lado de uma guarita, num
condomínio de luxo em Central Waterfront, assim
como Freddy, Benjamin também morava num
apartamento com vista para o Lago Ontário, bem ao
lado de uma LCBO, lojas do governo que vendem
bebidas alcoólicas, aliás, único lugar que se
consegue comprar cerveja ou vinho no Canadá e
aquela loja por sinal, era um luxo só.
— Boa tarde, senhor Eric! — disse um homem
alto, gordo e de bigode, de dentro da guarita e pela
intimidade, conhecia muito bem o Eric.
— Boa tarde, Will. Benjamin está em casa?
— Não senhor! Saiu logo de manhã e ainda
não retornou, mas, Eve está em casa, vou avisa-la
que o senhor está entrando.
— Não! Não precisa, não é com Eve que
desejo falar. Tenha uma boa tarde, Will.
— Obrigado, senhor, igualmente!
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Eric colocou a marcha ré no carro e foi se


afastando sem tomar o cuidado de olhar, e assim,
sentimos um impacto, não muito forte, mas o
suficiente para fazer Eric vir na minha direção e
perguntar-me:
— Amor, você está bem?
— Sim, estou bem.
Assim que viu que eu estava bem, ele abriu à
porta e desceu imediatamente do carro.
— Você não olha antes de dar ré? — escutei a
voz que fez o meu corpo tremer, mas tremer de
medo, então abri à porta do carro e desci e constatei
que se tratava do Benjamin.
— Não quando estou com as veias do pescoço
pulsando de ódio. — Eric respondeu e desferiu um
soco em Ben, que ficou parado sem nenhuma
reação, com a mão na boca, sorrindo de forma
sarcástica.
— Eric, Eric! Sabia que viria me procurar.
— Sabia, porque é um canalha.
Benjamin encarou-me e todo aquele tamanho
dele fez-me sentir náuseas de medo, ele iria acabar

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com o Eric.
— Não sou um canalha, se fosse, não teria
procurado a Anna para tentar mostrar a ela com
quem está se metendo.
— Sei muito bem com quem estou me
metendo. — respondi.
— E com quem ela está se metendo? Pode me
dizer? — Eric questionou com as mãos fechadas
daquele jeito que faz qualquer um temer pelo pior.
— Sei como é com as mulheres e no dia em
que dei carona a ela, eu simplesmente achei que
tinha o dever de avisá-la sobre você não se prender
a nenhuma mulher, você só as faz sofrer.
— Conseguiu dizer a ela o que queria? — Eric
indagou com fúria nos seus olhos.
Benjamin apenas assentiu.
— Disse a ela o motivo de eu nunca me ter
apegado a mulher nenhuma? — perguntou-lhe,
Eric.
Benjamin se calou e Eric continuou falando:
— Claro que não disse, já que você não sabe
nada da minha vida, saiba que não me apegava a
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nenhuma mulher, porque eu já tinha a mulher da


minha vida, Anna é essa mulher. Estivemos
separados, mas nos reencontramos e estamos juntos
agora. Você entendeu?
Eric foi se aproximando de Benjamin e mesmo
Eric sendo bem alto, perto do Ben ele ficou bem
menor.
Então, entrei na frente do Eric e tentei impedi-
lo, dizendo:
— Amor, por favor, vamos embora! Vamos
embora! — eu estava em pânico.
— Você sempre tentando manipular tudo ao
seu redor, não é Eric?
— Só vou te dar esse aviso mais uma vez. Essa
mulher é minha, não encoste nela. — rugiu Eric.
Benjamin se mexeu inquieto e questionou:
— Ou?
— Ou acabo com a sua raça.
Fiquei possessa de raiva e entrei no meio:
— Ainda estou aqui, valentões, não falem de
mim como se eu fosse uma mulher da idade da
pedra, sendo disputada por dois homens das
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cavernas.
— Você merece alguém menos egocêntrico,
Anna. — disse-me Benjamin.
— Eu decido o que é melhor para mim, tudo
bem assim?
— Egocêntrico? — Eric questionou com os
olhos faiscando de ódio, aquilo não ia prestar.
— Depois do acidente você pensou só em você
e abandonou a empresa nas mãos do seu pai na
hora que ele mais precisou de você.
Eric balançou a cabeça negativando.
— Não abandonei e você sabe disso, sabe que
dei andamento em todos os projetos, não fui menos
presente que você.
— Mas você não estava lá.
— Por que ele nunca mais me olhou nos olhos.
Você sabe o que passei e passo. Aliás, passo porque
a sua irmã é uma irresponsável.
— Passa porque estava dirigindo alcoolizado.
— Não! Ben. Pergunte a Eve em que
circunstância aquele maldito acidente aconteceu.
Pergunte a ela.
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Aquele assunto deixou Eric visivelmente


abatido, ele simplesmente virou as costas, encarou-
me, estendeu a sua mão com a expressão mais
ressentida que já vi. Peguei na sua mão e deixei-o
guiar-me até o banco do carona.
Ben, tocou numa ferida ainda aberta em Eric,
tudo que dizia respeito a sua mãe e família, o
magoava muito. Ele entrou no carro, ligou, então
Ben bateu no vidro e Eric o abaixou.
— Vou mandar a conta para a sua casa.
— Tire o seu carro do caminho! — Eric
retrucou nervoso e voltou a erguer o vidro.
Benjamin tirou o seu carro do caminho e Eric
manobrou e foi embora dali.
— Eu sinto muito, Eric.
Ele simplesmente não me respondeu nada,
estava frio e perdido em seus pensamentos e ao
invés de levar-me para Ajax, foi para o norte de
Toronto, para o opulento, Rosedale, bairro onde
morava. Eu teria ralhado com Eric, pois, prometi
passar à tarde com minha avó, mas sua tristeza era
contagiante, e naquele momento, eu não queria
nada além de estar com ele e o melhor que eu lhe
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dava naquele momento era meu silêncio. Fui


apreciando a paisagem, pois, Rosedale era um lugar
cheio de charme e elegância, sem dúvida o bairro
mais sofisticado, isso porque se tratava do bairro
mais rico de Toronto. Um lugar arborizado no
centro, mas não era isso que parecia, pois, era
silencioso e difícil acreditar que estávamos em
Toronto.
Ali, apreciando com mais atenção do que no
dia em que saí fugida do Eric, pude perceber que
por ali o outono também já fazia a sua paleta de
cores exuberantes e como o bairro era
completamente arborizado, o cenário era nada além
de encantador. Quando de longe avistei a casa dele,
que só havia visto durante à noite, foi que pude
admirar os traços modernos com uma arquitetura
singular, aquela era a casa mais encantadora dentre
tantas mansões que vi até chegarmos na ravina,
onde ela estava divinamente incrustada, com as
suas linhas curvilíneas, aquela casa era
simplesmente impressionante.
— Uau!! — falei boquiaberta, pois, era uma
mescla entre madeira robusta de onde se erguia
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uma belíssima estrutura de vidro com um brilho


maravilhoso. — Projetou tudo isso sozinho?
— Tive a ajuda de um matemático, amigo meu.
— respondeu sem me olhar, estava visivelmente
chateado.
Ele estacionou próximo da garagem e desceu
do carro vindo em direção a minha porta e abrindo
para mim de forma muita gentil, era um lorde em
todos os sentidos.
Não sei dizer de onde, mas Bruce apareceu do
nada e foi logo pulando em Eric, que se derreteu
todo brincando com o seu Akita preto e branco.
Assim que se cansou de festejar a presença do Eric,
Bruce veio na minha direção abanando o seu rabo e
me cheirando toda. Definitivamente, eu era bem
aceita naquela casa.

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Capítulo 20

Eric
Sempre que o acidente que levou a minha mãe
era colocado sobre as minhas costas, sentia-me
como o Atlas, o titã que sustentava o mundo nos
ombros. Por um momento, com Anna voltando para
mim, cheguei a sentir-me leve, cheguei inclusive
achar que aquele peso estava sendo retirado aos
poucos, já que quando estava com ela, nenhum dos
problemas pareciam ter peso, mas todas às vezes
que alguém além de mim mesmo, faz-me recordar
o que aconteceu, eu simplesmente volto a desabar
abruptamente para o abismo onde caí e de onde não
consigo sair. Há três dias eu estava num estado
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autodestrutivo, onde só o que eu conseguia


enxergar era o fundo de um enorme buraco, onde
cavava, cavava e não conseguia subir, mas, Anna
estendeu a mão e puxou-me de lá, com a mesma
força com que Ben acabou de jogar-me de volta,
era muito remorso, era muita culpa remoendo
dentro de mim. Um batalhão de “Se” a torturar-me
e um nó incomensurável estava preso na minha
garganta naquele momento e nada, nem ninguém ia
conseguir desatar.
Estendi a minha mão para Anna, que a segurou
firme e a levei para dentro da casa com Bruce nos
seguindo. Entrei por uma porta lateral que nos
levou diretamente a minha biblioteca, com vista
para a cascata que deságua no Spa. Levei Anna ali
justamente para que ela tivesse uma distração,
enquanto eu iria descarregar todo o peso que estava
em minhas costas, quando pensei em chamar a
Lydia, ela entrou onde estávamos.

Anna
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Depois de brincar por um tempo com o Bruce,


Eric pegou na minha mão e foi me levando para
dentro da mansão, passando por um pátio de pedras
ao lado de uma linda cascata que despencava ao
longo da parede vertendo a sua água numa espécie
de piscina. Um lugar que despertava muita paz,
principalmente por conta do som relaxante da
cascata, percebi que ele estava entrando comigo por
uma outra entrada e quando abriu uma porta
enorme de vidro, adentramos para o espaço que os
meus olhos identificaram sem muita dificuldade
como sendo uma biblioteca, diga-se de passagem,
uma senhora biblioteca particular, com direito a
mezanino e tudo, por pouco não soltei outro “Uau!”
Afinal de contas, se eu fosse dizer Uau! Para tudo
que impressiona naquela casa, eu passaria o resto
do dia dizendo aquelas três letrinhas.
Nem bem acabamos de entrar, uma senhora
aparentando ter os seus 55 anos, apareceu na
biblioteca e Eric foi logo dizendo:
— Ah! Lydia, eu já ia te procurar.
— Precisa de alguma coisa, Eric? — perguntou
ela, e em seguida olhou-me de uma forma estranha,
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exatamente como fizera a tal de Eve na outra


manhã, a tal Lydia estreitou os seus olhos
parecendo que estava vendo um fantasma.
— Preciso! — Eric a respondeu. —Pode, por
favor, cuidar da Anna para mim, dê a ela tudo o que
ela precisar.
— Eric! Obrigada, mas não preciso de nada. —
falei interrompendo-o.
— Faz isso para mim, Lydia? — Eric indagou
a mulher como se eu fosse de fato um fantasma.
— Com muito prazer. — ela o respondeu
prontamente.
— Obrigada, querida! — disse ele, a Lydia.
Virou-se na minha direção e disse: — Anna dê-me
só alguns minutos e estarei bem, ok?
Acabei assentindo de certa forma assustada,
então ele deu-me um beijo e saiu daquele espaço
desabotoando a sua camisa e tirando-a do seu corpo
com certa urgência.
Suspirei alto, virando-me em meus calcanhares
observando aquele emaranhado de livros, então a
mulher quebrou o silêncio entre nós, dizendo-me:

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— Eu sempre soube que Eric não vivia


venerando aquela tela apenas por ser uma bela
mulher, sempre desconfiei que aquela mulher
existisse mesmo e estou feliz que esteja nessa casa,
nesse momento.
Virei-me imediatamente na sua direção e a
respondi, perguntando-lhe:
— Será que posso ver essa tela?
— Claro que sim, venha comigo, ela fica
exposta em cima da lareira na primeira sala.
Respondeu-me e foi saindo da biblioteca, e
assim fui seguindo-a admirando cada espaço da
casa, que à primeira vista parecia muito vazia, mas
nada que um olhar mais cuidadoso não fosse
identificando cada traço da personalidade do Eric,
eu adorava toda aquela modernidade europeia.
Caminhamos por corredores sinuosos e então
chegamos a uma enorme sala, muito espaçosa com
muito vidro se mesclando a madeira. Admirada
com tanta sofisticação, fui atrás da senhora Lydia,
que percorreu todo o espaço indo parar em frente a
uma enorme lareira de pedra.
Então, assim que encarei a imagem em cima da
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lareira, levei um susto enorme, então comentei:


— Ele me disse que tinha uma Tela minha. —
estreitei os olhos enquanto balançava a cabeça
confusa. — mas não imaginei que fosse essa Tela.
— Nunca subestime o amor de um homem
como Eric Mason.
Na época que pintei aquela tela, uma amiga
fotógrafa, fez as imagens e em seguida retratei em
óleo. Nela eu estava sentada num banco, seminua
coberta apenas com casaco cinza-escuro, deixando
os meus ombros e pernas à vista.
— Belíssima! — disse Lydia.
— Então Eric era o admirador secreto que
insistiu muito para comprar essa Tela que não
estava à venda. — falei para mim mesma,
completamente chocada, recebendo flash de
imagens de May implorando para que vendesse a
Tela, na minha primeira exposição em Toronto, há
três anos.
— Anna, não seja tola, essa é a sua
oportunidade de ganhar muita grana, o sujeito
disse que você pode colocar o preço que for e ele
irá dobrar o seu valor.
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— Me diga quem é ele?


— Eu não posso, ele fez-me prometer que
jamais contaria a você.
—Não vendo os meus autorretratos, você bem
sabe disso, não sei porque está insistindo tanto
assim.
— Pense bem! É muito dinheiro.
—Não quero um retrato meu pendurado sabe-
se lá onde, para um louco qualquer ficar se
tocando enquanto me olha.
— Não seja tola.
Saí do meu devaneio com Eric urrando,
fazendo um barulho muito alto, então apavorada,
questionei:
— O que está acontecendo?
— Não é nada, Eric deve estar nervoso com
alguma coisa e quando está assim ele descarrega
todas as suas energias nos seus sacos de pancadas
lá em baixo.
— Isso é normal? Acontece sempre?
— Tem acontecido com muita frequência nos
últimos meses, mas fique tranquila, a raiva passa e
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ele fica bem.


Não parecia que estava tudo bem, Eric estava
fazendo muito barulho, parecia que estava se
machucando, gemendo, urrando alto, então fiquei
apavorada e disse:
— Por favor, leve-me até ele.
— Melhor deixar ele extravasar a sua raiva ou
frustração.
Saí caminhando a esmo em direção ao caminho
que havia feito quando entrei, iria seguir aquele
som que estava ensurdecedor, era um rock
pesadíssimo e que nem assim estava abafando todo
o som que Eric fazia.
— Anna! Espere! — disse a mulher seguindo-
me. — Eric pediu-me para cuidar de você, por
favor, espere-o voltar.
Não lhe dei ouvidos e fui seguindo o som, e ele
convidava-me a descer uma escadaria, assim o fiz,
fui descendo os degraus com urgência no que
imaginei ser o subsolo. Quando abri à porta de
onde o som saía, vi Eric vestindo bermuda preta e
socando um saco de pancada preto, ele tanto dava
socos como chutava e assim, deixei os meus olhos
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fixarem em suas mãos e ele estava sem luvas, por


isso estava urrando mais que o necessário e se não
parasse logo com aquilo iria se machucar. O som
estava muito alto, então vasculhei o local, e
encontrei a aparelhagem de onde o som estava
saindo, caminhei até lá e abaixei o som, Eric
pressentiu que eu é que era a responsável, pois,
abraçou o saco de pancadas e continuou de costas
para mim, respirando como um urso bravo.
Caminhei pelo grande salão, que estava
parcialmente escuro, pois, apenas os raios de sol
que incidiam pelos recortes de vidros que davam
para um penhasco é que davam alguma iluminação.
Toquei nas suas costas e o abracei forte dizendo,
enquanto subia e descia os meus dedos no seu
corpo:
— Se acalme meu amor, respire.
— Vou ficar bem.
— Use o seu diafragma, respire fundo pelo
nariz e volte a soltar o ar contraindo o seu
abdômen. Feche os seus olhos e escuta-me.
—Respira! Prende! E solta. Respira fundo!
Prende! E solta.
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Os meus dedos sentiam os seus batimentos


cardíacos e estavam muito acelerados, as minhas
mãos subiam e desciam conforme o movimento do
seu diafragma.
— Isso, calma, continue, respire, prende e
solta.
Aos poucos fui sentindo nos meus dedos toda a
desaceleração do metabolismo dele e não demorou
a sua respiração já estava compassada.
— Onde aprendeu isso? — questionou
enquanto continuava respirando fundo.
— Lembra-se das minhas crises de ansiedade?
Eric soltou o ar e respondeu-me:
— Me perdoe, mas era hilário.
Continuei abraçada no seu corpo sentindo
todos os seus músculos se expandindo e relaxando
logo em seguida.
— Isso é bom, estou me sentindo bem.
— Eu sei, é bom, não é? Precisei de muitas
sessões de meditação para controlar as minhas
crises, era isso, ou esquecer as exposições e o
pânico de estar em público em locais de
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aglomeração.
— Sempre achei a sua timidez um charme,
ainda acho.
— Não, é um problema sério, que depois só
depois de muito me procurar, eu me encontrei.
— Eu te achei, há muitos anos.
— Continue respirando, mas agora diminua a
intensidade.
— Obrigada por estar aqui.
— Não seja tão cruel consigo mesmo, o mundo
já faz, não se torture, não se destrua, eu estou aqui
agora, estou aqui. Juntos vamos restaurar os elos
que foram perdidos, vou te ajudar com isso e será
tão sutil que quando você se der conta, tudo voltou
ao seu lugar, todas as peças se encaixarão
novamente.
— Não queria que me visse assim, fraco.
Soltei as minhas mãos do seu corpo e dei a
volta para encará-lo, encostando as minhas costas
no saco de boxe, segurei em sua fase e disse:
— Você não é fraco, qualquer ser humano que
tenha um coração batendo em seu peito e sangue
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correndo nas veias, se sentiria da mesma forma.


— Olhe para mim, olhe! Já que fez questão de
me ver assim, olhe!
— Você não é fraco! — ressaltei. — Como um
homem que me faz tremer com um único olhar,
com uma única nota saindo dos seus lábios, pode
ser fraco?
— Está tentando me distrair de novo?
— Humm! Sou péssima tentando distraí-lo
— Não! Não é não! Continue. — veio em
direção a meus lábios e eu os evitei
desvencilhando-me dele.
Olhei para a aparelhagem de som e fui
caminhando até ele, lá peguei o controle na minha
mão e percebi que funcionava por Wi-fi e
Bluetooth, então peguei o meu celular no bolso da
minha jaqueta e fui na minha playlist.
— O que vai fazer?
— Lembra como gostava de ficar me espiando
nas aulas de dança na escola?
— Eu amava te ver dançando.
Apertei o play e deixei Beyoncé ditar os
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movimentos do meu corpo, indo em direção a ele,


ao som de Dance for You.
— Então vou dançar para você. — caminhei
retirando meus sapatos.
Movia-me leve em sua direção, com ele
encarando-me sério, toquei em seu abdômen firme
e quando tentou me tocar, afastei-me dele, retirando
a jaqueta do meu corpo deixando-a no chão, então
fiz alguns movimentos sensuais tocando-o
novamente, deixando-o enlouquecido e de costas
grudei no seu pescoço e passei a esfregar-me na sua
ereção que já estava pronta para mim novamente.
Eric prendeu-me com as suas mãos firmes em
minha cintura e passou a beijar-me no ombro, no
pescoço, trazendo o tecido do meu vestido nos seus
dedos e quando enfiou os seus dedos dentro da
minha calcinha, perguntei-lhe:
— Me empresta seu motorista?
— O que?
Segurei a sua mão para que não chegasse a
alcançar onde queria.
— Anna! Pare com isso.

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— Acabamos de transar, lembra? No banheiro


em manutenção?
— E daí? Você me deixou louco, se me deixar
de pau duro, vou voltar a ficar com raiva.
Afastei-me dele, peguei minhas coisas e fui
saindo.
— Anna! Volte aqui! — falou desejoso.
— Esqueceu que me convidou para jantar?
Volto à noite.
—Ah! Porra! Anna volta aqui, estou ficando
nervoso.
— Respira! Prende! E solta!
— A chave da BMW está no contato, te espero
às oito. — respondeu-me.
— Não tem medo que eu destrua o seu
brinquedinho?
Ele alcançou-me e me agarrou pela cintura e
levou-me para seus lábios quentes, beijou-me,
enfiando a sua língua gostosa na minha fazendo o
meu corpo entrar em ebulição ao sentir aquela
ereção vistosa. Então mordi o seu lábio inferior,
puxando-o em minha direção e o deixei.
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— Sacanagem!
— Respira! Prende e solta.
— Vou dar o troco!
— Duvido! E nada de sentar na frente daquela
tela.
— Você viu?
— Vi, vamos falar sobre isso depois.
Eric não aguentou e foi saindo da casa grudado
no meu corpo, dificultando consideravelmente os
meus movimentos, guiando-me para à saída.
Então abriu à porta do seu carro e o confiou a
mim.
— Não demore!
Pisquei para ele e fechei à porta insultando-o:
— Não se esqueça de prender o ar.

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Capítulo 21
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Anna
Saí da casa do Eric dirigindo seu
charmosíssimo BMW, claro que nunca havia tido o
prazer de dirigir um carro daqueles, que me passava
uma liberdade única, porém, acabei dirigindo até
Ajax com um pouco mais de cautela que
normalmente eu teria com um outro veículo
qualquer. Assim que estacionei na frente da casa da
vovó, desci e dei dois passos no gramado em
direção à porta, então meu celular tocou em minha
bolsa.
— E então? Chegou em segurança? — era
Eric. Então o respondi assustada.
— Cronometrou o tempo que eu gastaria para
chegar em casa? Ou seu carro tem algum tipo de
rastreador?
—Sei o tempo que você gastaria para chegar
em casa, e só te liguei agora, pois, não quis tirar sua
atenção enquanto estivesse na estrada.
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— Humm!
— Te liguei pra te fazer um pedido. —
explicou-se.
— Um pedido? Meu Deus! Fico até
preocupada.
Eric gargalhou gostoso e vovó ralhou da porta:
— Aninha meu amor, entre logo, está frio aí
fora!
O tempo em Toronto estava louco e naquela
hora do dia, às duas da tarde, o tempo estava
fechado e gelado.
Acenei com a mão para vovó e questionei Eric:
— O que ia me pedir? Estou curiosa.
— Não é nada muito difícil, só quero que
venha com seus cabelos lisos.
— Lisos?!
— Sim! Lisos.
— E qual a razão disso? Posso saber?
— Saberá durante o jantar.
Fiquei pensando em uma resposta, mas nada
que se passou em minha cabeça deveria sair dos
meus lábios, não com Eric tendo ficado tão nervoso
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com o Ben, não queria deixá-lo nervoso


novamente.
— Está bem, farei como disse! Já que o cabelo
precisa estar liso, o senhor tem alguma sugestão
para as vestimentas as quais devo usar em seu
jantar, senhor Mason?
Gargalhou novamente e aquilo me animava,
era prova de que estava relaxado.
— Bom saber que divirto você. — falei.
— Você me diverte sim, e muito, a propósito,
precisei de muita concentração para me controlar e
não ir aliviar a tentação na frente da sua tela, foi
muito bom respirar, prender e soltar.
— Eric!!!
— Que foi?
— Você... Ah, meu Deus! Não me diga que
você se tocava na frente daquela tela? — rodei em
meus calcanhares no meio do jardim da vovó.
— Ficaria ofendida se eu dissesse que sim?
— É claro que sim, por isso não vendo meus
autorretratos, não quero tarados olhando para elas e
se tocando.
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— Vendeu aquele para mim.


— Por que May acabou me convencendo, e,
porque tive um motivo muito forte para aceitar.
— Me fale sobre isso quando estiver de volta,
quero saber tudo sobre o que a motivou me vender
àquela tela. E não! Nunca me masturbei na frente
do seu retrato, se isso te faz se sentir melhor.
— É, isso me faz sentir bem melhor!
— Ótimo! Te espero às seis.
— Até às seis. Beijo. — respondi, flutuando,
pois, aquele homem tinha o dom de me tirar do
eixo até com um simples telefonema.
— Beijo! — sussurrou e desligou.
Inflei meus pulmões e senti o ar frio invadi-los,
eu estava mais feliz do que podia imaginar que
estaria durante essa viajem e só de pensar que no
dia seguinte, naquele horário onde eu estaria dentro
de um avião, deixando Eric em Toronto, fez a
felicidade se dissipar.
Entrei rapidamente e vovó foi logo dizendo:
— Na parte da manhã um motorista, na parte
da tarde um carrão, esse Eric é realmente o neto
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que pedi a Deus.


— Vovó!
— Ele não é um lorde? — questionou-me ela.
Achei graça sorrindo e meneando a cabeça.
Sentei-me na poltrona que ficava no canto da
sala, puxei o cobertor em minhas pernas e respondi
ressentida:
— Um lorde ferido, que tem uma espada
transpassada em seu peito.
Vovó se sentou em minha frente e respondeu-
me, sabiamente:
— Espadas foram feitas para transpassar, mãos,
para retirá-las, use as suas, minha neta, pois, aquele
homem precisa de você.
— E se as feridas forem muito profundas?
— Sim, sim! Existe a possibilidade de a espada
ter transpassado a alma e se assim for, a
cicatrização é mais demorada, mas não significa
que não possa ser curada.
Levei minhas mãos em meu rosto e apertei
com força.
— Vou fazer um chá de maçã para você, minha
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querida.
— Obrigada!
Vovó se retirou e enrolei-me em meus próprios
braços e passei a pensar em tudo o que havia
acontecido nesses últimos dias, onde muita coisa
aconteceu em tão pouco tempo, o que me fez
perceber, que estar ao lado de Eric era viver muitas
emoções. Ele estava machucado e eu sabia que só o
tempo curaria ele, por mais que eu tentasse ajudá-
lo, não era uma missão muito fácil, e acabei
chegando à conclusão, que para ajudá-lo teria que
começar de seus alicerces, que estavam abalados e
enquanto não voltasse a estarem firmes, nenhuma
nova edificação se sustentaria sobre eles.
Vovó me trouxe seu delicioso chá de maçã e
logo após tomá-lo e ficar pensando em Eric sem
parar, peguei no sono, encolhida na poltrona e
acordei com alguém me cutucando e dizendo:
— Não acredito que vem para Toronto para
ficar dormindo no sofá da vovó, só você mesma,
Anna.
Abri os meus olhos com preguiça e vi que era
May quem estava em pé na minha frente.
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— Oi, May! Como foi na Ilha?


Ela sentou na mesinha em frente à poltrona e
começou a falar e ter que escutá-la contar detalhes
de seu dia ao lado do Freddy, logo após acordar era
como ser bombardeada por milhões de
informações.
— Resumindo! Ele é um príncipe. — disse ela
elogiando Freddy, que até o tamanho do seu pênis,
eu já estava sabendo naquela altura.
— Estou muito feliz por finalmente você e
Freddy se entenderem, foram anos nessa paquera
que parecia não ter fim. — comentei quando ela me
deu brecha de falar.
— Nem acredito até agora. Mas, você e o Eric?
O que foi aquilo dele sair daqui de Toronto e ir até
Edmonton atrás de você?
Sorri dizendo-lhe:
— Nunca imaginei ninguém fazendo algo
assim por mim.
— Anna! Aquele homem te ama, te dá uma
prova de amor dessas e você está aqui jogada nesse
sofá?

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— Estivemos juntos ontem e hoje durante toda


a manhã e parte da tarde, só vim descansar e me
preparar para um jantar na casa dele.
— Uau!! Posso te ajudar com os preparativos?
Vou deixar você linda, a começar pelos cabelos,
levante-se logo desse sofá.
— Hoje você não vai mexer no meu cabelo, a
menos que seja para deixá-los lisos. — respondi
sorrindo.
— Liso? Que coisa mais sem graça, Anna!
No fim das contas, May só foi embora depois
de me ver vestida com um vestido preto que tinha
um decote grande demais para o meu gosto, mas
ela me convenceu a usá-lo e só foi embora depois
que me viu entrando no carro para ir até o Eric.
Assim que cheguei na porta, antes de tocar a
campainha, Eric já a abriu, deveria estar ansioso me
esperando.
— Ah! Anna. — sussurrou ele assim que me
viu. — Você está lindíssima. — pegou em minhas
mãos e encorajou-me a entrar.
Então tirou de meu corpo o sobretudo preto
que eu estava usando, deixando-me apenas com o
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vestido, já que aquela casa era incrivelmente


aquecida.
— Minha Mona Lisa! — falou vindo em minha
indicação, tocando em minha face, beijou meus
lábios e sussurrou. — Não sei se aguento esperar
para degustar você.
Estreitei meus olhos e o respondi:
— Você não me avisou que eu seria o seu
jantar.
Ele sorriu de canto de boca, veio em minha
direção e segredou em meu ouvido, fazendo-me
fechar os olhos e ferver de desejo, com meu corpo
pulando todas as etapas de ebulição.
— Não! Só a sobremesa.

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Capítulo 22

Anna
Eric era um homem sedutor demais, sua forma
de me devorar com seus olhos e fazer meu corpo
queimar sem tocá-lo, era algo simplesmente
inexplicável. Nenhum homem nunca me deixou tão
ardente por dentro como ele fazia e dizer-me que eu
seria sua sobremesa, me fez enlouquecer. O homem
maravilhoso que estava parado na minha frente,
vestido elegantemente de preto, desde a camisa por
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baixo do blazer bem cortado, que caia


perfeitamente em seus ombros largos, até a calça
jeans escuro. Estava cheirando maravilhosamente
bem, um perfume que certamente eu não conhecia,
mas identificava algumas de suas notas e entre elas
abacaxi, canela e baunilha.
— Você está lindo e com um cheiro inebriante,
isso foi para me deixar arrepiada?
Ele sorriu discretamente, respondendo-me:
— Faço qualquer coisa para te deixar
arrepiada. — piscou para mim, sorriu contido e foi
empurrando-me com delicadeza pela sala,
direcionando-me até uma outra sala menor, mais
aconchegante que a da entrada. Eu já havia estado
lá quando Lydia levou-me para ver minha tela, ou
seja, uma tela minha que Eric tinha em sua casa em
cima de uma lareira enorme de pedras brancas com
um nicho embaixo e muitas toras de madeira dando
um charme rústico e moderno ao espaço. Assim
que adentrei na sala, senti o calor das chamas que
crepitavam na lareira e reparei na linda mesa, que
fora posta ali naquele ambiente, onde não estava
antes, reparei também, que não havia nada em cima
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dela, caso nosso jantar fosse ali, o organizador


estava atrasado.
Eric parou em frente a tela e disse:
— Da Vinci tem Mona Lisa e eu tenho você.
Suspirei ao lembrar que aquela tela foi pintada
justamente com esse intuito, de lembrar vagamente
Mona Lisa.
— Por isso me pediu para deixar os cabelos
lisos? Me queria exatamente como nessa imagem?
Eric virou em minha direção, tirou suas mãos
do bolso e levou-as até meu rosto e tocou-me,
como quem toca em um dente de leão, com medo
das sementes se dispersarem pelo ar.
— Sim. Foi exatamente por isso. — respondeu-
me com um olhar penetrante cheio de serenidade.
— E o senhor pode me dizer o motivo?
— Ainda não, você vai saber mais tarde.
— Tudo bem! — respondi voltando-me para a
tela.
— Por que resolveu ceder e me vender essa
tela? Você me deu uma canseira, mas foi
gratificante no fim saber que sou o único homem
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no mundo que tem você assim, crua, com sua alma


completamente exposta.
— E como sabe que é o único homem que tem
uma tela minha? — questionei-o séria.
Eric engoliu em seco e me encarou com a
expressão dos olhos que passou de serena a
enfurecida.
— Anna! Não brinca comigo.
Abaixe os olhos e respondi:
— Está bem, você é o único, porque na época
eu precisava ajudar minha mãe.
Eric soltou a respiração de seu pulmão e
respondeu-me:
— Por um instante achei que teria que gastar
uma fortuna atrás desse homem com uma tela sua.
— Não seja bobo, Eric, não viu como fui
relutante em vender essa tela para você? Acha que
mesmo que mais alguém nesse mundo vai ter algo
tão íntimo meu assim? — voltei a encarar a
imagem da mulher sentada em uma cadeira,
fazendo pose de Mona Lisa.
— Acho muito bom. — disse e veio até mim,
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segurou em minha cintura e deu-me um beijo curto.


— Mas me diga, o que de tão importante a fez
vender essa tela?
Deixei meus olhos caírem aos meus pés e
ponderei, então, eu o respondi, assim que levantei
os olhos e encarei a tela, sentindo-me
envergonhada:
— Meu pai havia acabado de perder nossa casa
em uma mesa de jogatina. Ele era um jogador
compulsivo que vivia apostando e perdendo tudo o
que tínhamos e minha mãe não merecia passar por
uma situação daquelas, e, sua oferta veio bem na
hora. Só eu sei o quanto me custou fazer isso, então
aceitei vender a tela e pagar a dívida do meu pai.
— Eu sinto muito meu amor, que bom que fui
eu o comprador.
— Você sabia os motivos pelos quais aceitei
vender?
— Não! May não entrou nesses detalhes,
acredite! Ela foi bem discreta. Fiquei enlouquecido
quando vi essa tela em uma exposição na galeria,
eu sabia que era uma exposição sua, por isso fui até
lá, mas fui pego completamente de surpresa quando
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me deparei com essa tela, me recordo até hoje, meu


coração quase saiu pela boca, então após receber a
notícia de que aquela tela não estava à venda, eu
fiquei atormentado e fui atrás da May, eu sabia que
ela iria conseguir te convencer a vender-me.
— Foram as circunstâncias que convenceram a
vender, não a May, mas quero que saiba que passei
muitas noites me sentindo um lixo, imaginado tudo
quanto é tipo de coisa que um homem poderia fazer
na frente de uma imagem dessas.
Eric me abraçou pelas costas dizendo-me:
— Te conforta saber que eu estava dizendo a
verdade quando disse que nunca me masturbei em
frente à sua imagem?
Assenti aliviada, pois, acreditei nas palavras
dele, que após me deixar confortável com o que
acabara de me dizer, puxou meus cabelos para o
lado e passou a beijar-me no ombro, enquanto
dizia:
— Ainda não acredito que esteja aqui comigo,
foram tantos anos acumulando fantasias, eu
sonhava com você envolta nesse pano cinza,
exatamente como na imagem.
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Eric passou a encher-me de beijos curtos,


espalhando-os com suavidade entre minha clavícula
e meus ombros, mordendo-me de leve, deliciado,
acendendo novamente a chama em meu corpo,
conforme sentia suas mãos fortes apertarem em
minha cintura e subirem até os meus seios.
— Eric! — sussurrei ao me contorcer em seus
braços quando senti seus dedos arranhando minhas
coxas ao levantar a saia do meu vestido e deslizar
sua mão com sutileza para dentro de minha
calcinha.
— O que foi? — indagou-me ele.
— Me disse que isso seria a sobremesa!
— É que me esqueci da entrada. — sussurrou
deslizando sua língua em meu pescoço fazendo-me
ficar mole em seus braços assim que me invadiu
com seus dedos. — Ohh! — gemi contorcendo-me
toda e apertando minhas pernas com força
prendendo seus dedos dentro de mim.
— Relaxa! — sussurrou chupando o lóbulo de
minha orelha.
— Seus empregados!

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— Não irão entrar aqui até que eu os chame.


Respondeu esfregando seu dedo em minha
lubrificação e em seguida indo com eles
explorarem meu clitóris desestruturando-me
completamente.
Eric estava me incendiando, meu corpo ardia
em chamas e se movia involuntariamente em busca
dos dedos dele, que iam fundo buscar minha
umidade e voltavam a deslizar molhados em minha
vagina.
Eric foi afastando-me sem desgrudar seus
dedos do interior de minhas coxas, e assim que nos
aproximamos da mesa, disposta ao lado da lareira,
ele me virou em sua direção e passou a me beijar
cheio de sensualidade, mordendo de levinho e
sussurrando coisas deliciosas, grudado em meus
lábios.
— Você me entorpece, Anna! Me enlouquece.
Disse colocando-me em cima da mesa,
penetrando-me com seus olhos, veio até mim,
enfiou suas mãos por baixo do vestido e com os
dedos foi despindo-me da minha calcinha de renda
preta, então ergui meu corpo para que ele pudesse
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se desfazer logo dela e sem perder contato visual


comigo, ele tirou o blazer preto de seu corpo e
logo, estendeu minha perna direita e subiu
beijando-a, até chegar em minhas coxas. Arqueei
meu corpo, com as duas mãos para trás, sentindo
todas as terminações nervosas de minha vagina se
contraírem a iminência do toque de sua língua, mas
o toque não aconteceu, pois, ele continuou
explorando o interior de minhas coxas, lambendo-
me e dando leves mordidinhas, e aquilo fazia todo
meu corpo se arrepiar, pois, sou imensamente
sensível ao toque, principalmente o de sua língua,
que percorria minha virilha e se eu fosse brasa e
Eric água, eu estaria chiando ao seu contato.
Minha respiração ofegava, não acreditava que
estava em cima de uma mesa, com Eric ajoelhado,
com minhas pernas em cima de seus braços com ele
prestes a tocar em minha vulva com sua boca,
sendo servida a ele como entrada de seu jantar, e
depois de uma tortura, senti seus lábios úmidos
tocarem em meus grandes lábios e os lamberem e
chuparem com gula.
— Ahh! — contorci-me mais ainda.
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— Saborosa! — disse encarando-me com a


volúpia saltando de seus olhos.
Eric enfiou sua língua em minha abertura,
produzindo em mim um desvario que me fez erguer
o corpo e segurar em seus cabelos. E assim ele me
sugava de uma forma deliciosa, chupando,
enquanto apertava meus seios que naquela altura já
estavam fora do vestido, por sorte eu havia me
preparado e estava perfeitamente depilada. A
violência das sensações me fazia gemer sufocada,
com medo de ser ouvida pelos empregados da casa.
Eric lambia de cima para baixo, chupava e
fazia movimentos torturantes em meu clitóris já
inchado naquele momento, eu segurava em seus
cabelos, exigindo mais e mais, virando a cabeça
para trás enlouquecida de tesão, completamente
fora de mim. E quando eu já não aguentava mais
tanta aflição, falei:
— Ohh! Eric! Por favor!
— O que quer? — encarou-me e perguntou
com seus braços entrelaçados em minhas pernas.
— Você dentro de mim!
— Está muito excitada? — perguntou
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divertido.
— Sim! Muito!
Eric soltou minhas pernas e subiu em minha
direção, levou seus lábios macios e molhados em
meios seios e enquanto apertava um deles, chupou
o outro deliciosamente e mordendo-o de leve, então
veio até meus lábios e devastou-me em um beijo
luxuriante, e enquanto me beijava, levei minhas
mãos em sua ereção e deslizei minha mão sobre ela
antes de tentar abrir o zíper dele, pois minha mão
foi brecada pelas mãos de Eric que simplesmente
afastou-se de mim e recompôs-se, me olhando com
um sorriso maldoso e apanhando minha calcinha no
chão, então veio até mim e a passou por uma de
minhas pernas e em seguida na outra.
— O que está fazendo? Eric! Por favor, não faz
assim comigo. — implorei ardendo em estado de
fervor.
— Me desculpe, lembrei que não se come a
sobremesa antes do jantar. — piscou pra mim,
sorriu delicioso e suspendeu minha calcinha
fazendo-me erguer as nádegas para que a mesma se
acertasse em meu corpo.
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— Vai me deixar assim? Olha como estou!


— Respire, prende e solta! — respondeu-me
sarcástico.
Ele se aproximou de mim, arrumou meus
cabelos com suas mãos e me desceu da mesa, e
logo que meus pés tocaram o chão, vi que minhas
pernas estavam moles e tudo em mim estava
trêmulo, mais um beijo e eu teria chegado ao meu
clímax.
O calor do ambiente, mesclado ao calor
escaldante do meu corpo, fez-me caminhar com
urgência para uma enorme porta de blindex que
dava para uma espécie de sacada e o ar gelado foi o
alívio imediato daquele momento.
Eu respirava fundo, tentando diminuir a
aceleração do meu coração e a adrenalina em meu
corpo. Eric veio por trás, abraçou-me e disse:
— Viu como me senti quando você foi embora
me deixando de pau duro hoje à tarde? Seu clitóris
estava rijo e pronto para explodir em um orgasmo
delicioso.
— Não acredito que fez isso comigo.

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— Sou extremamente vingativo, você nem


imagina, mas não se preocupe, à noite está só
começando.
Olhei para o interior da sala e vi que havia uma
movimentação de pessoas arrumando a mesa do
jantar.
— Se pudesse ver seu rosto agora.
— Sei que devo estar como uma pimenta. —
enchi meus pulmões com o ar frio.
— Você está deliciosamente quente, minha
entrada foi saborosa.
— Eric!
Ele gargalhou se divertindo com a minha cara.

Capítulo 23

Eric
Anna estava rubra como uma pimenta, só Deus
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sabe, como me segurei para não possuí-la em cima


daquela mesa, no fim das contas o exercício de
respiração que ela havia me ensinado estava sendo
útil, porque mesmo com meu pau latejando no meio
de minhas pernas, consegui me conter, já que fazê-
la sentir o mesmo que senti horas antes estava
perfeitamente nos meus planos.
— Estou sentindo falta do Bruce. — disse
Anna procurando-o com o olhar.
— Não queria ele pulando em você, Lydia o
levou para seu espaço.
— Poxa, Eric! Queria muito vê-lo.
— Depois te levo até ele.
— Está certo.
— Vem comigo! — estendi minha mão em sua
direção e ela estendeu-me a sua completamente
receosa. — Calma! Não vou te devorar, não agora.
— sorri me divertindo com o constrangimento de
Anna, já que eu a tinha levado a loucura, minutos
antes.
Ao passar pelos empregados que estavam, no
que eu costumava chamar de sala do calor, devido a

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ser o espaço onde eu gostava de curtir as noites de


inverno em frente a lareira observando a imagem
de Anna, ela apertou minha mão com um pouco
mais de força, então eu levei-a até um banheiro
para que pudesse se limpar e para que eu fizesse o
mesmo, afinal de contas, eu havia acabado de fazer
sexo oral nela.
— Você não existe, sabia! — disse-me Anna
grudando em meu pescoço após nos limparmos.
— Sou de carne e osso. — respondi segurando
firme em seu pescoço e beijando-a com carinho.
Era incrível a capacidade que Anna tinha de
despertar em mim vários sentimentos, pulando de
uma volúpia avassaladora a um sentimento terno,
de uma mulher que aparentava fragilidade, mas que
de frágil não tinha nada.
Voltamos para a sala quente, onde o jantar
seria servido e como eu havia pedido apenas
Jimmy, o sommelier se encontrava lá,
perfeitamente bem trajado com um seu habitual
traje preto.
— Boa noite Jimmy. — cumprimentei-o.
— Boa noite, senhor!
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Anna ainda estava vermelha e passou seus


olhos em Jimmy de uma forma rápida, certamente
estava sem graça, então, puxei a cadeira para que
ela pudesse se sentar.
Dei sinal a Jimmy para que nos servisse o
vinho de entrada escolhido por ele mesmo, então
ele veio até mim, mostrou-me o rótulo do vinho,
um excelentíssimo Chardonnay Domaine Leflaive.
— Excelente escolha Jimmy. — respondeu-me
com um aceno discreto de cabeça.
Então Jimmy abriu o vinho, levou a rolha até
seu olfato para saber se não havia nenhuma
impureza e depois a entregou mim, que fiz o
mesmo e constatei que estava tudo perfeito com o
aroma. Serviu-me dois dedos do vinho para que eu
fizesse a degustação, aprovando a escolha dele, em
seguida serviu o mesmo para Anna.
— Experimente Anna, vai gostar desse
Chardonnay.
Anna segurou na haste da taça, mostrando-me
que não era tão leiga como dizia quando o assunto
era vinho, então ela o levou em seus lábios e
encarando-me, ela disse:
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— Humm! Delicioso.
— O que te lembra?
Anna levou a taça novamente em seus lábios e
respondeu-me:
— Ah, deixe-me pensar, lembra-me limão,
pêssego, não sei ao certo, mas parece que tem gosto
de pedra.
Gargalhei espontaneamente questionando-a:
— Me explica como é o sabor de pedra,
experimentou muitas? — deixei-a mais vermelha
ainda.
— Não sei se já experimentei, mas disse-lhe o
que me veio na mente.
— O olfato, costuma despertar lembranças, não
sentiu gosto de pedra no vinho, sentiu o cheiro que
buscou algo em sua lembrança que a fez pensar que
tinha gosto de pedra, afinal de contas, qual criança
nunca colocou uma pedra na boca? — levantei a
sobrancelha, especulativo.
Anna respirou olhando envergonhada para o
Jimmy, e assim, percebendo seu desconforto, falei:
— Jimmy, pode deixar que continuo daqui.
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— Senhor! — ele fez uma leve mesura e saiu


da sala.
— Se sente melhor assim?
— Bem melhor!
O chefe de cozinha trouxe-nos a entrada e
assim que dispôs o prato na frente de Anna, disse-
lhe:
— Um delicioso creme de cogumelos-de-Paris,
senhorita.
— Obrigada! — respondeu-lhe Anna.
E logo que veio para me servir, eu o respondi:
— Não! Obrigado, Oscar, já tive minha
entrada. — respondi encarando-a e deixando-a
completamente sem graça.
Então Oscar saiu da sala levando meu prato de
entrada.
— Eric! Pare de me constranger na frente dos
seus empregados. — reclamou Anna assim que o
chefe saiu pela porta.
— Me perdoe, não resisto vê-la assim, eu
simplesmente amo essa sua forma inibida de ser,
me atrai, me acalma saber que você reage
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espontaneamente ao que lhe incomoda ficando


corada, me deixa louco.
— E com isso você faz essas coisas por prazer?
— Claro que não, que graça teria?
Ela experimentou do creme, então a questionei:
— Está uma delícia, você deveria
experimentar.
— Estou satisfeito por enquanto.
Ela deu de ombros.
No prato principal fomos servidos com risoto
de damasco com brie, laranja e cordeiro, e para
harmonizar com a carne, Jimmy nos serviu um
robusto Cabernet Sauvignon de Bordeaux, a pedido
meu.
Fiquei observando atentamente quando Anna o
provou e tentou disfarçar sua repulsa pelo
Cabernet, exatamente como fizera na casa de vovó
Emma, que embora gostasse de vinhos mais fáceis,
sabia como apreciar um Cabernet.
Depois que terminamos nosso jantar, Anna
cobrou-me:
— Não ia me ensinar a degustar alguns vinhos?
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Sorri abertamente respondendo-lhe:


— Achei que não se lembraria mais disso.
— Nunca me esqueço de nada.
—Nós vamos degustar um bom vinho agora,
mas um de sobremesa e não aqui na sala. —
levantei-me, fui até Anna e estendi-lhe minha mão.
Anna retirou seu guardanapo do colo e segurou
em minha mão, permitindo-me puxá-la em direção
ao meu quarto.

Anna
Eric estava me levando novamente para seu
quarto e só de imaginar que tipo de vinho
degustaríamos, senti um frio na espinha e naquele
momento eu não conseguia me lembrar de mais
nada, apenas Eric e eu estava em meu foco.
Assim que coloquei meus pés em seu quarto
novamente, lembrei-me da noite maravilhosa que
tivemos ali, em cima daquela cama enorme.
O ambiente estava aquecido igual à sala de
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onde havíamos acabado de sair e havia muitas velas


estrategicamente bem distribuídas no quarto, e suas
chamas tremulavam dando um ar de romantismo,
fui entrando com Eric puxando-me em direção a
lareira do quarto, que também estava acessa e
crepitando discretamente e em sua frente havia uma
banqueta alta, exatamente igual à que usei na foto
que deu origem a tela e acima dela, havia algo que
de imediato não consegui identificar, então me
aproximei e peguei o tecido em minhas mãos, e
quando eu o abri, percebi que se tratava de uma
echarpe muito parecida com a que usei na
fotografia, então levei-a em meu peito, apertando-a
contra mim, sentindo a maciez do tecido cinza-
escuro e aveludado, em seguida, a coloquei no
banco novamente.
Fiquei ali parada, tentando entender toda a cena
que se formava ao meu redor, enquanto, que Eric
estava próximo de um aparador onde havia uma
garrafa de vinho e duas taças, então caminhou em
minha direção com duas taças pequenas na mão e
antes que eu articulasse qualquer palavra, ele
simplesmente me desmontou estendendo-me uma

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taça, dizendo:
— Você é minha sobremesa!
Todos os pelos do meu corpo se arrepiaram no
momento em que aquelas palavras tiveram um
efeito delicioso em meu ventre, então peguei a taça
e quando ia levar em meus lábios, Eric disse:
— Espere! — tomou um gole de sua taça e a
colocou no aparador de vidro, veio até mim, pegou
a taça de minha mão e levou próximo do meu nariz.
— Sinta o perfume, feche os olhos e me diga o que
sentiu.
Aspirei e senti o cheiro que me remeteu a
frutas vermelhas e memórias de minha infância na
cozinha de vovó se afloraram.
— Frutas vermelhas! — falei. — Rosas!
— Sim, prove-as! Faça o líquido tocar na ponta
de sua língua e depois dançar em sua boca, deixe-o
conhecer cada canto e só depois engula. — levou a
taça até meus lábios e ingerir uma pequena dose,
fiz como ele disse e em seguida engoli. — Diga-me
o que sentiu?
— É suave, doce e leve, tem um gosto bem

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acentuado de frutas vermelhas.


— Sabe por que estamos saboreando esse
vinho agora?
Balancei a cabeça em negativo.
— Esse é o vinho que se toma junto com a
sobremesa. — bebeu um gole de sua taça
encarando-me quente e surpreendeu-me com um
beijo, onde compartilhou comigo o vinho.
Explorava os meus lábios, chupando-os com deleite
me deixando enlouquecida por ele. Meu Deus! Que
beijo é esse? Tudo em mim tremia por dentro, era
uma sensação de prazer inigualável, não sei se eu
estava com os sentidos muito à flor da pele, mas
senti-me molhar toda de tanto tesão. Então, ele
afastou seus lábios dos meus, deixando-me
completamente atordoada, segurou meu rosto em
suas mãos e pediu-me de uma forma suplicante:
— Seja minha Mona Lisa esta noite?
Sem responder nada, me virei de costas para
ele e fiz alusão com as mãos para que ele me
ajudasse com o zíper. Todo aquele clima, todo
aquele cheiro de vinho no ar, o sabor em meus
lábios, tudo parecia um sonho.
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Senti quando me tocou com suas mãos quentes,


uma de cada lado em meus ombros e encostou seus
lábios neles beijando-os e dando leves mordidas,
enquanto sussurrava:
— Sonhei tanto com esse momento! — disse
tirando meus cabelos para o lado, levando em
seguida seus dedos no zíper de meu vestido, senti
novamente seus dedos deslizarem em meus ombros
retirando com sutileza meu vestido, e assim senti
quando ele caiu nos meus pés. Fechei meus olhos
quando os lábios de Eric me tocaram, beijando-me
e deslizando-os em meu pescoço. Virou meu
pescoço em sua direção e buscou meus lábios
penetrando sua língua macia, sugando-me e
deixando-me mole, então questionou em sussurros:
— Estava usando calcinha quando tirou aquela
foto?
— O que? — questionei sem ar, então pensei e
respondi. — Sim, claro que sim, Eric.
Ele me virou em sua direção e confessou:
— Não em minhas fantasias. — despiu-me
com seu olhar, e assim, com ele me olhando de
forma suplicante e apertando um lábio no outro
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com força, levei minhas mãos em minha calcinha e


a tirei de meu corpo jogando-a do lado de meus
pés, sem tirar meus olhos dele nenhum segundo,
em seguida, retirei meus saltos e voltei a encará-lo.
Ele pegou a echarpe e cobriu-me com ela e sem
que ele me pedisse, sentei na banqueta e segurei
firme no tecido cobrindo-me parcialmente. —
Perfeita! — tocou em meu rosto, venerando-me
com um olhar voluptuoso que me estremeceu.
Eric passou a abrir os botões de sua camisa, um
a um despindo-se para mim, sem tirar os olhos do
meu em nenhum segundo, retirou o cinto de sua
calça preta e em seguida a retirou de seu corpo
vindo a ficar apenas de cueca única peça branca em
suas vestimentas, então deu dois passos em minha
direção possibilitando-me tocá-lo em seu tórax,
deslizando meus dedos em toda a extensão de seu
corpo sentindo a rigidez de seus músculos
deliciosamente perfeitos e conforme meus dedos
escorregavam analisando cada pedacinho dele,
senti sua respiração ofegar fazendo seu peito se
encher e murchar em minhas mãos. Alisei sua
ereção, subindo e descendo em toda sua extensão, e
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era simplesmente um convite ao desejo ardente que


pulsava no meio de minhas coxas e louca para
senti-lo dentro de mim, comecei a tirar a cueca de
seu corpo, e Eric terminou de retirá-la, deixando
livre o instrumento que me daria prazer, e era
perfeito em sua circunferência e extensão e sem
conseguir resistir, deslizei minha mão de seu tórax,
deslizando em seu abdômen até chegar em seu pau
e o segurei e passei a subir e descer, sentindo sua
firmeza e rigidez deliciosa.
— Ele é muito forte! — falei.
— Ele é todo seu. — respondeu-me segurando
firme em minha perna, erguendo-a e vindo beijar-
me no pescoço, lambendo-me e chupando meu
queixo, aquele me deixava mais excitada ainda,
minha vagina estava excessivamente úmida, então
Eric surpreendeu-me novamente com um beijo
cheio de tesão, com as mãos grudadas em minha
cabeça agarrando firme em meus cabelos e
devorando-me com seus lábios cheios de tesão.
Parou o beijo, virou seu corpo e apanhou a taça
com o vinho doce, então jogou um pouco do
líquido vermelho em meus seios, fazendo-me
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arrepiar toda quando ele começou a escorrer em


meu corpo, Eric, então, desceu passeando com sua
língua em meus seios e chupando-os com ganância,
enquanto fazia-me contorcer para trás, com minha
vagina queimando, ele lambia o vinho, chupava
fazendo barulhos como se estivesse degustando-
me, eu estava literalmente em brasas, foi descendo
e passeando com sua língua chupando todo o vinho
em minha barriga, fazendo-me dar trancos de tantos
tesão e quando abriu minhas pernas com a mão e
fez menção de me chupar novamente, eu o puxei
dizendo esbaforida:
— Você já comeu sua entrada!
Ele subiu encarando-me firme, estendeu sua
mão até o aparador e pegou novamente a taça com
vinho e o bebeu dilacerando minha alma com tanta
sensualidade, colocou a taça de volta no aparador e
pegou de lá um preservativo que nem havia
reparado que estava ali, e após vesti-lo, voltou para
os meus lábios e fez-me sentir o gosto do vinho
novamente, beijando-me, sufocando-me e me
deixando sem ar. O cheiro, o gosto, a tensão, o
desejo, tudo entorpecendo de uma forma
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alucinante, então as mãos quentes de Eric puxaram


minhas nádegas trazendo-me mais para frente no
banco, grudei em seu pescoço e voltei a buscar seus
lábios, e com meus dedos enfiados no meio de seus
cabelos, gemi curvando-me para trás no momento
que senti Eric me invadir lentamente e me
preencher.
— Ohhh! — eu ansiava por aquele momento,
estava ardendo em brasa a espera daquela
penetração.
— Anna! Porra, como você está quente e
molhada, ohh!
Eric passou a me preencher lentamente,
mexendo deliciosamente enquanto se enfiava e me
possuía em cima do banco, entrando, saindo,
beijando-me de uma forma como se estivesse
degustando mesmo uma sobremesa.
— Você é uma delícia! Gostosa! —Sussurrava
grudado em meus lábios e me comendo,
literalmente me comendo como se eu fosse um
doce.
— Muito Gostosa! — a excitação crescia a
cada palavra que saía de seus lábios, colocando
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mais vida a cada estocada desferida contra mim,


enquanto me segurava firme pela cintura puxando-
me em direção a seu pau, metendo, se enfiando, se
contorcendo e gemendo em meus lábios. — Oh!
Oh! Deliciosa!
Eric foi aumentando o ritmo, deitando meu
corpo até colocar minha cabeça no aparador de
vidro, em seguida, segurou firme em meu pescoço
e passou a me chupar no queixo, deslizando sua
língua em meu pescoço voltando para meus lábios
e me comendo com avidez, forte e fundo,
segurando em meu pescoço e me encarando. Que
homem é esse? Pensei enquanto eu vivia o que
nunca havia vivido, ser tomada por um homem que
sabia o que fazer.
Suas estocadas iam tão fundas que eu
simplesmente o arranhava em seu braço e quando
percebi estava sentada de costas no banco com Eric
me comendo novamente enquanto segurava firme
em meus seios e me dilacerava com suas investidas
deliciosas. Enlaçou meu corpo com seu braço,
puxando-me para mais perto dele e sem parar de
me estocar, chupava o lóbulo de minha orelha e
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sussurrava:
— Eu te amo, te amo Anna.
Passei meu braço sobre o pescoço dele e
busquei seus lábios, então falei, pela primeira vez
desde que havíamos nos reencontrado.
— Também te amo, Eric. Te amo!
Ele parou de repente, me virou novamente em
sua direção e disse:
— Ohh, meu amor! — tocou afetuoso em meu
rosto e me pegou em seus braços, caminhando
comigo até a cama que estava novamente com
lençóis brancos e muito finos.
Eric me cobriu com seu corpo e voltou a me
beijar deliciosamente, estávamos novamente em
conjunção e o único som no ambiente vinha das
brasas crepitando e de nossos corpos suados se
explorando em um ritmo cadenciado e
enlouquecedor. Pof, pof, pof... Eu o arranhava em
suas costas a cada desferida deliciosa de seu pau
em mim, subindo e descendo, subindo e descendo
com Eric segurando firme nas laterais do meu rosto
enquanto me beijava e me estocava, bombando, e
me entorpecendo, causando um forte atrito em meu
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clitóris que já havia aguentado tempo demais, então


senti minhas vistas embaralharem e meu corpo
começar a emitir sinais de que eu iria chegar ao
orgasmo.
— Eric! Oh!
— Isso, Isso minha Mona Lisa, quero sentir
seu prazer.
Minha vagina se contraiu em espasmos
enlouquecedores que fizeram babar em um frenesi
delicioso, meus dedos apertavam fortes em suas
costas e os tremores foram intensos, deixando-me
fora do meu corpo por alguns meros eternos
segundos.
Eric passou a se mexer com mais calma,
enchendo-me de beijos enquanto tudo estava em
câmera lenta para mim, eu havia acabado de ter um
orgasmo muito intenso, entre os estalos do fogo na
lareira.
Quando voltei para meu corpo, tirei Eric de
cima de mim e saí da cama, fui até o aparador e
enchi a pequena taça com vinho, bebi um pouco e
subi com ela na cama, então Eric disse curioso:
— Anna!
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Mordi meu lábio inferior e fui até Eric que


estava deitado sobre as almofadas, então me
aproximei dele e joguei um pouco do vinho em seu
abdômen, fazendo-o se contorcer e gemer:
— Ohh!
Dei a taça nas mãos dele e sem delongas fui
degustá-lo, lambendo-o e chupando todo o líquido
que havia se alojado em seu umbigo e assim que
enfiei minha língua para absorver o vinho, o
abdômen dele deu tranco violento e um urro
delicioso saiu de sua garganta:
— Ooh!
Ele se sentou na cama e me puxou para ele,
sem permitir que eu viesse a continuar explorando
seu corpo e fez-me encaixar em seu pau
novamente, dizendo:
— Por favor! Anna! Me fode!
Meu psicológico foi destruído naquele
momento, então passei a me mexer em cima dele,
galopando em seu pau com ele me segurando firme
nos quadris exigindo mais velocidade em meus
movimentos. Eric me chupava nos seios e me
beijava enlouquecido, desferindo fortes estocadas
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em mim, ele estava enlouquecido de tesão. Me


comia segurando em minhas nádegas levando-me
para engoli-lo com força.
— Oh, oh, oh! ... — gemia intensamente.
Nossos corpos suados, exalando vinho e Eric
entorpecido me comendo de forma desenfreada, me
apertando forte e foi com a cabeça apoiada em
meus seios, que senti seus dedos me apertarem com
muita força nas costas, quando ele urrou:
— Oh! Ohhh... — estava gozando e gemendo
muito alto.
Ficou me prendendo com força em seu corpo,
enquanto conseguia se recuperar, ele estava
ofegante e eu sentia seu coração bater acelerado.
Então me disse:
— Já posso morrer!
— Eric! — ralhei.
— Sim! Já realizei minha fantasia.
— Seu bobo!
Ele me jogou na cama e jogou parte de seu
corpo sobre mim, afastou meus cabelos do meu
rosto e passou a me beijar, havia muito amor
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naquele beijo, Eric era maravilhoso em todos os


sentidos e eu não sabia como faria para me despedir
dele na manhã seguinte.

Capítulo 24

Anna
Acordei no meio da noite e o calor do corpo de
Eric não me aquecia mais, então me virei na cama,
abri meus olhos e o procurei do meu lado, e não,
ele não estava mais na cama, então meus olhos
vasculharam o quarto e foi na varanda que eu o
avistei, debruçado ao guarda-corpo e deitado ao seu
lado estava Bruce, como um fiel companheiro de
todas as horas. Levantei-me, apanhei um cobertor
macio que estava em cima da cama, já que estava
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muito tarde e muito frio, assim fui até ele e joguei o


cobertor em suas costas.
Eric segurou o cobertor pelas pontas e disse-me
estendendo seus braços:
— Vem cá!
Abracei em sua cintura sentindo o calor de seu
corpo passar para o meu, então Eric me abraçou
cobrindo-me com seus braços e o cobertor.
— Não consegue dormir? — questionei.
— Não! Sempre que fico ansioso demais eu
acabo perdendo o sono, não que dormir tenha sido
fácil nos últimos meses, mas tem dia que é pior.
— Eu sinto muito, meu amor.
Eric sorriu e me beijou, questionando-me:
— Você precisa mesmo ir?
Abaixei meus olhos e encarei os pelos de seu
peito.
— Você sabe que sim, em menos de um mês
estarei organizando um vernissage e uma
exposição, preciso estar em casa e terminar uma
tela e ainda nem embalei tudo para a viagem.
— Eu ainda nem fui convidado para seu
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vernissage.
Estendi minha mão e toquei em sua face
questionando-o:
— E precisa? Eu quero muito você lá comigo,
afinal de contas, você é meu namorado, não é?
Ele sorriu lindamente indagando-me:
— Sou é?
— Você disse isso.
— É eu disse sim, e você é minha, só minha.
Eu o apertei forte e Eric correspondeu meu
abraço.
— Tomei uma decisão. — disse.
— Diga-me!
— Amanhã vou voltar a trabalhar em meu
escritório na empresa, meu pai precisa de mim mais
perto, já me ausentei por tempo demais.
— Eric, isso é ótimo meu amor, fico tão feliz
que se sinta bem o bastante para voltar.
— Você é a responsável por eu querer voltar a
viver novamente.
— Ouviu isso, Bruce? — levei meus olhos em
Bruce deitado aos pés do Eric. — Você não sabe
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como isso é importante para mim, saber que você


se sente bem o bastante para voltar a trabalhar.
— Não é fácil, Anna, mais vou encarar isso por
você.
— Vai dar tudo certo, você e seu pai precisam
voltar a se entenderem.
— Sim, no que diz respeito a mim, eu farei de
tudo.
Virei-me de costas para ele e fui observar o
céu, as estrelas eram um show à parte daquele
cenário maravilhoso, então Eric apontou para uma
estrela mais afastada das demais em meio toda a
constelação que iluminavam à noite.
— Está vendo aquela mais afastada?
— Sim.
— Acabei de dar a ela o nome de Anna
Beatriz.
— Eric você não existe, por que mesmo que
ficamos tanto tempo separados?
— Não faço ideia, só sei que nunca mais isso
vai acontecer.
Respondeu e foi me puxando para dentro do
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quarto, onde a lareira crepitava tímida, em seu


canto, e assim que entramos, Bruce também entrou.
— A que horas sai seu avião amanhã? —
perguntou-me ele.
— Às onze da manhã.
— Anna, deixe para ir mais tarde, vou pedir ao
meu piloto para levá-la.
— Eric! Não, por favor, minha passagem já
está comprada, o fato de eu aceitar que seu
motorista me leve nos lugares, não quer dizer que
vou aceitar que seu piloto faça isso também.
— Por que diabos você é tão difícil? —
questionou-me nervoso.
— Não sou difícil, só acho que algumas coisas
são desnecessárias.
— Como o quê? Pode me dizer?
— Como seu piloto viajar oito horas só para
me levar para casa.
— Eu só quero te proteger.
— De quem? — questionei aflita. — não acho
que eu precise de proteção dentro de um avião de
linha, vai ficar tudo bem.
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— Não sei, eu fico nervoso só de imaginar que


o Ben possa voltar a se aproximar de você.
— O que há entre você e ele afinal? Por que
diabos você teme tanto que ele se aproxime de
mim?
— Ben sempre teve um objetivo, mesmo
quando eu namorei a irmã dele, ele nunca desistiu
de tentar me derrubar dentro da empresa da minha
família, ele quer a vice-presidência e com isso ser o
CEO um dia, ocupando o lugar do meu pai.
— Sinceramente, não acho que alguém que
detém uma porcentagem tão pequena dentro da
empresa tenha sonhos tão altos.
— Ele é ambicioso e uma coisa muito
importante ele já conseguiu, que é a confiança de
meu pai.
— E o que eu tenho com tudo isso?
— Ele já sabe que você é meu alicerce, que
faço qualquer coisa por você. — suspirou alto.
— Eric, isso tudo é muito louco, sabe.
— Fique mais uns dias, por favor!
— Eu realmente não posso, não que essa não
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seja minha vontade, mas eu preciso mesmo voltar,


meus pais estão me esperando.
Eric virou de costas para mim e fechou suas
mãos em punho, então fui até ele o abracei em suas
costas, dizendo:
— Você pode ir me visitar, afinal de contas, o
que são os números?
— Eu sei! Me desculpe. Você tem uma vida
em Edmonton e eu tenho uma vida para reconstruir
aqui em Toronto.
— Você pode me levar até o aeroporto?
— Claro que sim, passo para te pegar amanhã.
Eric e eu voltamos para cama, deitei e
adormeci em seu peito sentindo sua mão forte me
apertar nas costas e quando acordei, escutei o
barulho do chuveiro. Eric estava no banho e havia
uma mesa de café da manhã no canto esquerdo do
quarto, então me levantei, peguei um morango e saí
comendo em direção ao banheiro, peguei minha
escova e pasta e escovei meus dentes na linda pia
de madeira de lei, em seguida abri à porta do box e
me juntei ao Eric no banho, que não demorou
estava todo animadinho e ali fizemos amor
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novamente, como uma espécie de despedida, Eric


era deliciosamente insaciável, eu não podia
imaginar como seriam meus dias sem ele por perto.
Próximo das oito da manhã, Collin o motorista
me levou para a casa da vovó Emma, assim que
desci e ele foi embora, senti um enorme aperto em
meu coração, era como se as badaladas do relógio
estivessem batendo forte e estridente anunciando
meia-noite e minha vida iria voltar ao normal.
Entrei em casa desanimada, lembrar que deixei
Eric vestindo um lindo terno preto de corte italiano
com listras de giz muito elegante, que deram a ele
um ar de poder, de um homem que sabia o que
queria e que estava decidido a recuperar o espaço
que se permitiu perder na empresa de sua família.
Vê-lo vestido naqueles trajes caríssimos, fez-me
pensar em como Eric era importante e autoritário.
— Anna, é você minha Cenourinha?
— Sim, sou eu vovó, respondi completamente
entristecida jogando minha bolsa em cima da mesa
de centro e me jogando em cima da poltrona,
encolhendo-me toda nela.
— Anna! O que aconteceu meu amor? Por que
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está chorando? Ah não me responda, porque se


disser que brigou com o macho alfa de novo, vou
ficar muito furiosa.
— Não brigamos!
— Então?
— Não pensei que seria tão difícil voltar para
Edmonton.
— Então não volte! Fique aqui em Ajax, more
comigo, nós desocupamos um dos quartos e o
transformamos em seu ateliê.
— Ah vovó, você é um anjo.
— Não, não sou, anjos não ficam até tarde da
noite bebendo e jogando poker na casa da vizinha.
— Vovó! — ralhei. — Não acredito que ficou
bebendo até tarde!
— E você? Pode me contar o que ficou fazendo
até tarde lá com aquele bonitão? — ergueu a
sobrancelha especulativa.
— Nós jantamos!
— E?
— Vovó!!!
— Está vendo? Você estava fazendo sexo com
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o macho alfa e eu fiquei apenas jogando e me


divertindo, não sei até quando vou viver, eu é que
não fico trancada em casa ficando mais doente
ainda.
Senti meu rosto queimar de vergonha e então
falei questionando:
— Ai meu Deus! Por que você não é uma vovó
como qualquer outra?
— Eu sei que me ama assim.
Saí da poltrona e fui até ela gargalhando e a
abracei forte, muito forte.
— Como eu te amo vovó, e sim, eu a amo
assim, ah! Como te amo.
— Você precisa arrumar suas malas, não?
Assenti balançando a cabeça.
— Então vamos subir que irei ajudá-la.
Vovó e eu arrumamos tudo e antes dela sair do
quarto perguntou:
— O bonitão vem te buscar para levá-la ao
aeroporto?
— Sim, ele vem sim.
— Muito bem. — respondeu e saiu do quarto,
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deixando-me sozinha com minhas lembranças, me


deitei na cama, abracei forte o travesseiro e me
perdi em meus devaneios, sorrindo feito boba de
lembrar em como meu fim de semana foi intenso,
eu havia feito mais sexo em três dias do que eu já
havia feito em toda vida e eu ainda podia sentir
Eric dentro de mim.
Eu estava distraída quando alguém deu dois
toquinhos na porta avisando sua chegada.
— Meu Deus Anna! Você estava sorrindo com
uma cara de apaixonada que fez muito sexo. —
disse May.
— Bom dia para você também, May.
— Bom dia! — respondeu sentando-se na
poltrona. — E então, está preparada para voltar
para Edmonton? Vim te buscar para levá-la ao
aeroporto, do jeito que combinamos, lembra-se?
— Sim, eu me lembro, mas Eric vem para me
levar.
— Humm! Tudo é o Eric agora? Vou começar
a sentir ciúme dele, está roubando minha melhor
amiga.

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— Lembra que foi você que insistiu tanto para


que eu viesse? O Eric isso, o Eric aquilo, vamos
Anna, lembra?
— É, você tem razão.
May se levantou, pegou uma de minhas malas
e foi saindo do quarto, aquilo só me lembrou de que
a hora estava chegando, então conferi em meu
celular e já eram quase nove e meia da manhã,
então peguei a outra mala e fui acompanhando
May, descendo as escadas, com ela falando sem
parar.
Na sala, tirei o celular do meu bolso novamente
e fui consultar a hora, pois já era para Eric ter
chegado, então olhei pela janela e vi Collin
encostado no carro preto, então saí de casa e fui até
ele:
— Cadê o Eric, Collin?
— Ele me mandou levá-la até o aeroporto,
disse-me que teve uma reunião importante de
última hora na empresa.
Assenti desapontada e o respondi:
— Não vou precisar de você, Collin, diga ao

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seu patrão que fui para o aeroporto com May


Miller.
— Mas senhorita! Ele deu ordens expressas
para que a levasse em segurança.
— Me desculpe, mas estarei em segurança com
a May, obrigada. — respondi e virei de costas com
um nó enorme em minha garganta, visto que não
nos despedimos, porque Eric havia me dito que me
levaria até o aeroporto, e assim meu coração ficou
em cacos e minha mente tentando buscar uma
explicação.
Entrei em casa desenxabida, May e vovó
estavam rindo muito de alguma palhaçada de vovó,
só podia, então falei quebrando o clima delas:
— Podemos ir? — peguei uma mala em cada
mão e fui saindo pela porta com May dizendo:
— Ei amiga, me deixa levar uma mala. —
alcançou-me e pegou uma das malas. — O que foi?
Cadê o Eric? — questionou-me, então parei e
respondi sem olhar para ela, pois, se olhasse eu iria
certamente cair em prantos.
— Está ocupado demais para se despedir de
mim.
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May respondeu-me espontaneamente:


— Ótimo! Quem precisa do Eric Mason
quando tem May e vovó Emma, como companhia?
Deixei um ar sonoro escapar de meus pulmões,
um suspiro suave de tristeza, que me oprimia
naquele momento, já era difícil com Eric, sem ele
então ficou insuportável pensar em embarcar em
um avião.
Collin se aproximou de mim e questionou-me:
— Está tudo bem, senhorita Anna? — pegou
minha mala.
— Sim, estou bem, você já pode ir para casa,
Collin, May irá me levar ao aeroporto.
— Está bem, faça uma boa viagem, senhorita.
— respondeu-me ele, indo até May levando a mala.
E quando abri à porta do carro para entrar, ele
disse-me:
— Senhorita Anna Beatriz?
Virei-me em sua direção dizendo:
— Sim!
— Obrigado! — disse-me apenas.
— Pelo o quê?
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— Por ter devolvido vida aos olhos do meu


patrão.
Sorri de forma contida, meneei a cabeça e
entrei no carro, pensando naquela frase.
No caminho para Toronto, tanto May, como
vovó não paravam de falar e rir, estavam
completamente alheias a minha dor. Encostei
minha cabeça no vidro do carro e fui deixando a
paisagem passar rápida em meus olhos, tudo estava
ficando para trás, Eric estava ficando para trás e eu
nem havia dito o quanto eu o queria perto de mim,
o quanto eu o amava. Não me despedir dele estava
me corroendo por dentro, então, soltei um suspiro
profundo enquanto se divertiam nem sei dizer com
o que, já que eu estava tão aérea que não reparei
sobre o que falavam.
— Ei, Anna! Ligue para ele.
Virei meu pescoço e a encarei, então eu a
respondi:
— De jeito nenhum.
— Por que não liga para ele?
— Porque ele poderia ter feito isso e não fez.

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— Entendi e só para variar um pouco, você


continua a mesma pessoa turrona.
— É minha cenourinha, liga para o gostosão.
— Vovó, por favor!
Claro que não liguei e quando eu estava
esperando para embarcar, abraçada em mim mesma
com um único desejo, o de chorar, May me disse:
— Ah! Minha amiga, por que não liga para ele
enquanto é tempo?
Então eu a respondi, ressentida:
— Porque hoje ele voltou para a empresa, é
importante isso para ele, não posso simplesmente
ligar e o questionar: “Eric por que não está aqui
comigo para me dar um pouco de alento nesse
momento difícil? Por que não está aqui para me dar
um abraço forte e me dizer que estaremos juntos
em breve? E para me dizer que irá a Edmonton no
fim de qualquer tarde só para me dar um beijo?”
Os olhos de May se desviaram de mim,
olhando atrás de mim e antes de me virar, escutei o
som da voz grave que fez todos os pelos do meu
corpo se arrepiarem, dizer:

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— Quem disse que não estou aqui? Estarei em


Edmonton quantas vezes forem necessárias atrás de
você. — me virei e meus olhos se encheram de
lágrimas quando eu o vi, parado daquele jeito
estático dele, com as mãos no bolso, então dei um
passo em sua direção e ele me abraçou forte,
dizendo:
— Me perdoe, eu estava sofrendo muito, não
queria ter que vê-la partir, mas Collin me disse que
você estava desolada, então não pensei duas vezes.
— Obrigada! Era muito importante você estar
aqui.
— Eu sei meu amor, vou para Edmonton assim
que eu resolver uns assuntos que ficaram pendentes
na empresa.
Assenti dizendo:
— Isso! Volte a trabalhar e ocupar sua cabeça.
— Só me diga que ficará bem.
— Vou ficar bem e vou morrer de saudades.
“Atenção passageiros com destino a
Edmonton…” Meu coração disparou em meu peito
quando ouvi o aviso de embarque.

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Eric segurou firme em meu rosto e beijou-me,


apertando firme seus lábios aos meus e disse:
— Eu te amo, Anna.
— Amo você também.
Voltou a me beijar, então enxugou minhas
lágrimas com seu polegar, libertando-me de seus
braços.
Então me despedi de vovó que me disse:
— Volta logo para gente, minha Cenourinha
apaixonada.
Dei um abraço forte em May e segui em
direção ao embarque e era como se eu estivesse
indo para a forca, tamanha era minha angústia.

Capítulo 25

Eric
Ver Anna desaparecer na curva e sumir de
minhas vistas, não estava nos meus planos para
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aquela manhã, eu tinha prometido a mim mesmo


que não voltaria a vê-la partindo, como na manhã
em que fiquei vendo-a ir embora da minha vida,
lembro-me como se fosse hoje e na época fiquei
dentro do carro sem ter tido a coragem de ir até ela
e me despedir, e assim, ela foi e não mais voltei a
vê-la nos últimos 12 anos que se passaram. Naquela
época ela vestia um vestido com estampas
delicadas em vermelho e hoje ela estava linda
vestindo um jeans e um suéter vermelho que
realçou seus lábios em tom laranja.
Como da outra vez, senti que a estava
perdendo, não sei como explicar, foram três dias,
mas que me fizeram sentir como se fosse uma vida
toda.
Olhei para o lado e vi a senhora Emma
encolhida abraçando a si mesma, seus olhos
estavam marejados, sabíamos que Anna voltaria a
alguns dias, mesmo assim, era inevitável a sensação
de perda. Caminhei até ela e a acolhi em meus
braços dizendo:
— Não fique assim, senhora Emma, Anna vai
voltar pra gente.
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— Sim, eu sei que vai, fico emotiva todas às


vezes que preciso me despedir dela.
Levantei meus olhos e encarei May, então eu a
questionei:
— May, irá levá-la para casa?
— Sim, ela veio comigo, irei levá-la.
— Posso pedir ao Collin para levá-la se
precisar.
— Pode deixar, farei isso.
— Vou me sentir tão sozinha sem minha
cenourinha, eu a convidei para morar comigo,
preciso de companhia e seria ótimo se minha neta
aceitasse. — disse senhora Emma em prantos. —
Minha Anna sempre odiou morar em Edmonton, e
agora está ela voltando de novo para lá.
Segurei nos lados de seu rosto e falei tentando
confortá-la:
— Vou resolver tudo isso, confie em mim, eu
não gosto nada da ideia de a senhora ficar sozinha
naquela casa e nem de Anna longe de mim.
Ela me olhou com seus olhos amendoados e
então eu soube de onde vinha à beleza dos olhos de
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Anna, então me respondeu:


— Ah, bonitão, eu já me acostumei a viver só,
desde que meu Henry se foi, eu estou só, não se
preocupe comigo.
Suspirei e disse:
— Tudo bem! Agora eu preciso voltar para a
empresa, nem bem voltei a trabalhar e já estou com
um problema enorme nas mãos.
Dei um beijo na testa da vovó, dizendo-lhe:
— Irei visitá-la assim que possível senhora
Emma.
— Você já pode me chamar de vovó. —
respondeu espontânea como só ela sabia ser.
— Até mais vovó Emma! — falei e fiz um
sinal de cabeça para May, me virei de costas e fui
caminhando com as mãos no bolso e quando dei
três passos, me virei e disse dirigindo-me a May:
— Não faça o Freddy sofrer, ele é louco por
você há anos, gostaria muito de descobrir que estou
errado quanto a você, May.
— Eric, eu mudei muito, não vou fazer o
Freddy sofrer, porque eu também sou louca por ele.
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— Ótimo!
Voltei a me virar e segui caminhando para o
estacionamento do aeroporto, onde Collin me
esperava encostado na porta, então ele abriu à porta
para mim e entrei com a pior sensação que um
homem pode sentir o de impotência perante uma
situação que momentaneamente eu não podia
mudar.
— Vamos para casa senhor?
— Não, Collin, me leve para a empresa
novamente.
— Não vai almoçar? — questionou-me ele.
— Não estou com fome e além do mais, tenho
um problema tamanho Golias me esperando na
Mason.
— Tudo bem.
Collin era meu motorista desde o tempo do
colegial e quando resolvi me mudar de casa, ele e
Lydia me acompanharam, então eu o via muito
mais como um amigo, do que como um empregado.
— Collin, peça a Lydia para fazer uma
pesquisa a respeito de cuidadoras de idosos, acho

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que vamos precisar de uma para fazer companhia a


senhora Emma, avó da Anna. Não me agrada nada
saber que ela fica sozinha naquela casa.
— Pode deixar Eric, vou avisar a Lydia.
Afastei o punho do meu paletó e conferi o
horário em meu pulso, então levantei meus olhos
para o lado esquerdo e vi o exato momento em que
o avião levantou voo levando com ele a mulher que
amo, desde que eu descobri o que é amar uma
mulher.
Na parte da manhã não tive um encontro
agradável com meu pai, assim como imaginei, ele
continuava com a mesma frieza em seus olhos ao
direcioná-los a mim e eu não sabia o que me doía
mais, se era ver o homem que sempre foi o meu
herói me tratar com desprezo ou se era ver Anna
partindo, mesmo sabendo que eu estaria com ela a
hora e o dia que eu quisesse. Eu estava angustiado e
a gravata parecia que ia me matar enforcado, mas
todo aquele aperto vinha de dentro. Assim que
cheguei ao edifício da empresa, no quadragésimo
andar, fui direto a mesa de minha secretária
executiva.
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— Sue, fez o que te pedi? — questionei e segui


caminhando em direção a minha sala com ela me
seguindo, e logo, que entrei na terceira porta do
corredor da diretoria ela foi falando:
— Eric, Ben me disse que irá trazer as plantas
aqui assim que terminar de analisá-las. E disse que
você deveria usar o computador para ter acesso
mais rápido a elas.
Retirei o blazer do meu corpo e o coloquei na
cadeira e antes de pensar em me sentar questionei-a
atônito:
— Como é que é?
Sue ficou parecendo uma folha de papel
manteiga e repetiu:
— O senhor Benjamin disse que irá... — eu a
interrompi.
— Eu entendi o que você disse Sue. Sabe me
dizer se ele está na empresa?
— Ele está sim, está na sala dele e o senhor
Norman também está.
— Obrigado! — respondi e fui saindo
novamente de minha sala, cruzei o longo corredor

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cheio de portas e entrei sem bater na última sala, a


de Ben, que estava em pé falando ao celular.
— Falo com você daqui a pouco, espere que
retornarei. — disse e desligou o celular dizendo. —
Você não bate antes de entrar? Julia não te deu
educação?
— Não toque no nome da minha mãe, Ben ou
não respondo por mim.
— É, realmente não deveria ter tocado no
nome dela, afinal de contas ela era uma mulher
educadíssima, certamente que tentou te ensinar
alguma coisa.
Fechei as mãos e apertei com muita força, a
insolência de Benjamin me causava náuseas.
— Posso saber por que as plantas do E6 não
estão na minha mesa como eu pedi?
— Eu estava terminando de analisá-las e já ia
pedir a minha secretária para te levar. Se estava
com tanta pressa assim, deveria ter checado a
planta pelo seu computador.
— Está cansado de saber que gosto de ter as
plantas em minhas mãos, além disso, elas

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pertencem a mim, lembra-se? Sou eu o arquiteto à


frente do E6.
— E eu o engenheiro, sendo assim, dividimos
o mesmo projeto, apesar de que você tem estado
meio ausente nos últimos três meses.
— Não se faça de idiota, Ben, sabe muito bem
que continuei fazendo meu trabalho.
— Trancado na sua mansão em Rosedale?
— Qual é o seu problema? Esse aqui é nosso
ambiente de trabalho e se infelizmente temos que o
dividir, vamos tentar fingir que conseguimos ficar
próximos um do outro.
— O que há de tão grave no E6? Acabei de
examinar o andar 25 e não vi nada de anormal nas
plantas.
— Você não deveria estar em campo? Não
deveria ter ido até lá checar as informações de
perto?
— Eu ia sair para almoçar e depois passaria lá.
— Depois? Ia deixar para depois?
— Qual é o seu problema, Eric? Está
nervosinho por que ela foi embora?
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O sangue ferveu em minhas veias e circulou


em minha corrente sanguínea, queimando todo e
qualquer juízo que me restava frente aquele
homem, e assim, dei um passo ligeiro e agarrei em
sua gravata preta, questionando-lhe com fúria em
meus olhos, enquanto ele grudou em meus braços:
— Como sabia que ela foi embora? Como? —
esbravejei.
— Vi com meus próprios olhos.
— Estava seguindo-a novamente, seu
calhorda? — dei um tranco apertando ainda seu
pescoço com a gravata.
— Me apaixonei por ela. — respondeu-me sem
titubear.
— Eric! — escutei o som da voz que vociferou
meu nome e larguei a gravata de Ben e virei em
direção à porta.
— Está tudo bem, Norman, a culpa foi minha.
— disse Ben ao meu pai.
— Na minha sala, Eric. — ralhou meu pai.
Fiquei encarando Ben com vontade de ignorar
meu pai e socá-lo, a informação de que estava

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apaixonado por Anna, a minha Anna, simplesmente


me desestruturou e eu estava cego, minhas vistas
estavam turvas, enquanto encarava o Ben com a
respiração entrecortada em meu peito.
— Agora! — exigiu meu pai.
— Isso não acabou aqui, Benjamin. — falei
passando a mão em cima de sua mesa apanhando
um amontoado de papéis, ou seja, minhas plantas.
Assim que saí da sala do Ben, avistei meu pai
entrando em sua sala, o escritório do CEO da
Mason, entrei atrás dele, que foi logo desferindo
suas primeiras facadas:
— O que foi aquilo que presenciei? Escutei
errado ou vocês estavam brigando como dois
animais por uma mulher?
— Não escutou errado. — respondi.
Ele virou de costas, tirou os óculos de seu rosto
e questionou-me nervoso, sem me olhar:
— Tem noção da gravidade do problema que o
Mestre-de-Obras do E6 me passou hoje pela
manhã?
— Pai eu...

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— Não terminei de falar! — virou em minha


direção, mas não me encarou. — Eu sei que você e
Ben não se gostam, isso não é segredo, mas brigar
por causa de uma mulher qualquer, era só o que
estava faltando no currículo de vocês dois.
— Não pai! Não é uma mulher qualquer, é a
mulher da minha vida, é a mulher que passei a vida
toda amando e agora que ela voltou para mim, Ben
se diz apaixonado por ela.
— De quem estamos falando, afinal?
— Anna Beatriz!
— Anna Beatriz Hall? A artista plástica? —
questionou surpreso.
— Sim, ela mesma, nós reatamos nosso
namoro.
Meu pai balançou a cabeça e disse:
— Finalmente uma boa notícia vinda de você,
mas, como foi que ela caiu nas graças do Ben?
— Tive um contratempo com a Eve e... Bom!
O fato é que Anna acabou cruzando o caminho do
Ben depois de uma confusão e...
Ele me interrompeu novamente, dizendo:
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— E ele se apaixonou por ela? — meu pai


sorriu achando graça e há tempos eu não o via
sorrindo de forma tão leve, então ele colocou seus
óculos no rosto novamente e me questionou:
— Está de volta na Mason?
— Sim, claro que sim.
— Excelente! Pode por favor, ir até o Edifício
6 e verificar que merda de rachadura na estrutura é
essa que o mestre-de-obras alertou?
— Vou verificar a planta, parece que o
problema está no pavimento 25, farei isso e irei
imediatamente lá na obra.
Ele apenas assentiu balançando a cabeça e
virou-se em direção sua mesa e quando eu já estava
na porta, ele me chamou:
— Filho!
Travei no exato momento em que meus
ouvidos receberam a sonoridade daquelas cinco
letras que ao se formarem, deram a mim a forma
carinhosa com que o senhor Norman Mason
costumava me chamava, e assim, virei-me em sua
direção respondendo-o:

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— Pai!
— Estive pensando, já que sua namorada
ocupa uma parede inteira em minha galeria pessoal,
eu gostaria muito de conhecê-la, então, marque
com a Jane um jantar lá em casa.
— Farei isso assim que possível. — respondi
tentando disfarçar o tamanho de minha felicidade.
— E por que não é possível? Não me diga
que...
— Ela voltou hoje para Edmonton, mas estará
de volta em alguns dias para o seu vernissage.
— Um vernissage? Aqui em Toronto?
— Sim, aqui em uma galeria.
— Vou adorar. — respondeu e se virou de
costas novamente.
Anna voltou para me devolver tudo que a vida
havia me levado, e aparentemente, isso incluía meu
pai, o homem que caminhava sobre a Terra, pelo
qual eu tinha o maior orgulho, pois, foi quem
ensinou a mim tudo que eu sabia.

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Capítulo 26

Anna
Tentei conter as lágrimas e evitar que elas
caíssem na frente do Eric e da vovó, já era
sofrimento demais para eles me verem partindo e
eu sabia que para o Eric era ainda pior, pois, ele já
me viu partir em outra ocasião. Naquela época eu
não sabia de muita coisa sobre nosso futuro, mas
agora eu sabia e de uma coisa eu tinha absoluta
certeza, jamais voltaria a fugir do homem da minha
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vida.
Entrei no avião e acomodei minha mala de mão
no bagageiro e me sentei em meu lugar, na janela.
Estava completamente absorta em meus
pensamentos e chorando, quando a senhorinha que
sentou ao meu lado questionou-me gentilmente:
— Está tudo bem com você, querida?
Enxuguei minhas lágrimas com o punho de
minha blusa e a respondi:
— Vou ficar bem, é só a despedida, odeio
deixar para trás quem amo, me dá uma sensação de
aperto.
— Ninguém gosta de despedidas, não é? Eu
espero que a sua não seja uma longa despedida.
— Não! Não é! — sorri para ela e voltei a
olhar pela janela e fiquei observando as asas do
avião.
Depois de uma longa conversa com ela e por
fim me permitir que minha mente fizesse um tour
pelos meus três últimos dias e perceber o quanto de
tempo perdi estando longe do Eric, acabei
adormecendo, e acabei por ser acordada pela

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senhorinha de cabelos bem branquinhos, assim que


pousamos no aeroporto de Edmonton.
— Ei ruivinha! Acorde querida, já chegamos.
— eu simplesmente não entendo porque as pessoas
precisam usar os meus cabelos como ponto inicial
para tudo.
— Ah, muito obrigada, acho que acabei
pegando no sono.
— Sim, sim, você dormiu quando eu estava te
contando do meu Alfred. — ela falou tanto que
chegou um momento que eu não ouvi mais nada
além de meus pensamentos em Eric, e só de pensar
nele e em como deveria estar, meu coração já
apertava.
— Me perdoe! — respondi levantando-me e
apanhando minha mala no bagageiro.
No saguão do aeroporto, mamãe estava me
esperando.
— Oh, meu amor! Como você está linda. —
me abraçou forte, apertando-me muito. — Eu
estava morrendo de saudades!
— Mãe foram só três dias.

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— Um dia longe de você para mim já é


suficiente.
Suspirei, pensando em como ela ficaria quando
soubesse que voltarei a morar em Toronto, agora
era minha prioridade.
— Como está a vovó? Como foi a festa? E
como foi com o bonitão do Eric?
— Mãe, não me encha de perguntas assim,
vamos e no caminho vou te contando tudo.
Quando estávamos indo para o carro, ela
questionou-me:
— Sabia que Eric esteve lá em casa atrás de
você?
— Sim, eu sei sim.
Ela parou de caminhar, entrou em minha frente
e disse-me:
— Aquele homem te ama, senão fosse isso, ele
não teria se deslocado de Toronto até Edmonton
somente para se explicar com você.
Sorri tentando pensar em uma resposta, então
falei:
— Aquilo foi uma prova de amor linda, mãe,
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eu jamais imaginei que ele fosse capaz de algo


assim.
— Bom! Como foi que ficaram depois
daquilo? E pelo amor de Deus, me diga que o
perdoou, já que não consegui falar sobre isso com
você ontem porque seu celular estava desligado e
vovó me disse que você esteve com o macho alfa
quase o dia todo.
Caímos ambas na gargalhada.
— Meu Deus! Você e a vovó me enlouquecem
com tantas perguntas.
No caminho de volta para casa, fui
respondendo ao seu interrogatório, era isso ou
passar o resto do dia com ela na minha cola
tentando tirar o máximo de informações sobre Eric
e eu.
Assim que coloquei meus pés dentro do meu
quarto, meu celular tocou em meu bolso.
— Cronometrou cada segundo? — questionei-
o.
— Chegou bem meu amor? Como foi a
viagem?

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— Cheguei bem sim, a viagem foi tranquila e


eu tive até a ajuda de uma senhorinha para me fazer
dormir praticamente o voo inteiro.
Eric riu do outro lado da linha.
— Se fosse eu ao seu lado dentro de um avião,
te garanto que você não iria conseguir dormir.
— Engraçadinho! — falei sentando-me em
minha cama e me encolhendo nela. — Mas me
conta, está na empresa?
— Sim e não, neste momento estou vistoriando
uma obra, logo de cara um problema dos grandes,
alguém trocou a planta do pavimento 25 do
Edifício 6 e os resultados disso são desastrosos, eu
nem sei como contar isso ao meu pai, não sei quem
responsabilizar, apesar de já ter uma leve ideia, mas
eu preciso esfriar a cabeça e não sair por aí socando
ninguém, porque eu não preciso de mais problemas.
— Isso meu amor, seja sensato, pare, pense e
encontre a solução para o problema, porque eu
tenho certeza que você tem a resposta.
— Eu já parei, respirei e soltei umas duzentas
vezes o ar e se o Benjamin aparecer aqui na minha
frente eu não sei se conseguirei me segurar.
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— O que o Benjamin tem a ver com isso? —


mexi-me inquieta na cama, pois aquele nome já me
provocava calafrios.
— Ele é o engenheiro chefe desse projeto e
trabalhamos juntos nisso, mas como estive um
pouco ausente...
— Acha que ele tentou te prejudicar? — eu o
interrompi.
— Não sei amor, só sei que minha cabeça está
a mil e quando souber que terei que interditar essa
obra, meu pai vai surtar e o primeiro passo que
demos de reconciliação hoje vai para o ralo.
— Não fique assim Eric, você vai conseguir
resolver tudo isso, mas me prometa uma coisa?
— Diga!
— Vai manter a cabeça no lugar, você voltou a
trabalhar hoje, respire fundo, quantas vezes forem
necessárias.
Posso falar com você Eric?
Ouvi uma voz grave no fundo e senti todos os
pelos do meu corpo se arrepiarem, pois, eu tinha
certeza que era o Benjamin.

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Um instante, por favor! — Eric respondeu.


— Amor, vou ter que desligar agora.
— Eric! — falei aflita.
— Sim!
Suspirei alto e audível, questionando-o:
— É o Benjamin? — falei sussurrando como se
o homem do outro lado fosse me ouvir.
— Não se preocupe, vai ficar tudo bem e agora
preciso resolver isso.
— Por favor, não deixe os problemas pessoais
tomarem frente no trabalho.
— Ele me confessou lá na empresa que está
apaixonado por você e fez isso na frente do meu
pai.
— Apaixonado?! Como assim? Eu mal troquei
algumas palavras com ele.
— Mas foram suficientes. Perdoe-me, preciso
desligar, beijo... E Anna! Eu te amo.
Fiquei engasgada e não sabia o que dizer, eu
estava gelada de medo.
— Também amo você.
Quando a ligação foi cortada, meu coração já
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estava sapateando na minha boca.

Eric
Falava com Anna ao celular, quando Benjamin
interpelou-me, dizendo que queria falar comigo, e
quando terminei de falar com ela, virei-me em sua
direção e com ele já havia o mestre-de-obras e mais
alguns dos construtores.
Guardei o celular no bolso de minha calça, fui
até uma mesa de madeira improvisada, apanhei a
planta 25 e caminhei em direção ao pequeno
grupinho, que discutiam empurrando o problema de
um para o outro, então falei:
— Senhores! — falei e a discussão continuou
fervorosa. — Senhores! — gritei com mais
entusiasmo me fazendo ser ouvido.
— Eric, podemos falar em particular? —
indagou-me Ben.
— Já que estão todos reunidos aqui, não há
porque particularidades Ben, até porque eu já ia

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mandar chamar todos eles aqui.


— Eric, podemos consertar o problema, não
será muito difícil. — disse-me Oliver, o mestre-de-
obras.
— Sei que sim, mas teremos que interditar a
obra por enquanto e calcular tudo direitinho para
que não haja perigo.
— Interditar?! Você está maluco?! —
exasperou Benjamin.
— Vamos interditar! Não quero colocar as
vidas desses homens em risco.
Benjamin rodou sobre seus calcanhares,
nervoso.
— Quero saber o que a planta do pavimento 25
do E9 está fazendo no meio da planta do E6? As
plantas foram trocadas e quero o responsável por
isso. — falei mostrando o papel em minhas mãos.
Houve um silêncio agourento entre eles e foi
Benjamin quem se manifestou primeiro, dizendo:
— Esse tipo de problema acontece, Eric, são
muitas plantas.
— Não na Mason! — falei com mansidão,
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embora, minha vontade fosse gritar.


— Já tivemos vários problemas nas estruturas
dos edifícios e todos eles foram solucionados. —
retrucou Ben. — Podemos resolver! — concluiu
com a mão na cintura mantendo uma pose segura.
— Ben, não se faça de desentendido para cima
de mim, você sabe que a situação é grave, eu
mesmo verifiquei a porra do pilar central e ele está
com as medidas erradas, na verdade, todos os
pilares do pavimento 25 estão fora da medida, acha
mesmo que poderão sustentar toneladas acima
deles?
Ben e todos os outros silenciaram.
— Acham mesmo que poderemos dar jeito
nisso e continuar erguendo outros 45 andares acima
desse? — comecei a rir de nervoso.
— Podemos diminuir os pavimentos! — Ben
sugeriu uma solução.
Amassei a planta em meus dedos e não havia
respiração que me seguraria.
— Quero o responsável pela troca das plantas.
— falei com os olhos faiscando de raiva.

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Então, Ben respondeu altivo:


— Você! Quem garante que você não as trocou
em seu momento de desespero após a morte da
Julia?
Balancei minha cabeça negando aquela
acusação inescrupulosa de Benjamin.
— Vai ter coragem de acusar um desses
homens? — apontou para os homens parados ali
conosco. — Sabendo que você mesmo pode ter
sido o responsável? — questionou-me Ben, me
afrontando.
— Não troquei essas plantas, Benjamin, porque
sempre fui muito responsável, jamais juntaria duas
plantas no mesmo espaço, trocá-las seria
impossível. Não sou o responsável. — respondi-o
tentando me manter calmo, embora já estivesse por
um fio.
— Você nunca é né? O filhinho do papai e o
vice-presidente da Mason que se trancou em sua
mansão e não colocou mais os pés nas obras.
— Cale a boca Ben! — falei com os dentes
cerrados.

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— Qual é Eric? Todos aqui sabem que você


estava depressivo, ocupado demais se culpando
pela morte da sua mãe, então assume que cometeu
esse erro.
As veias em meu pescoço pulsavam, minhas
mãos estavam suando e eu estava definitivamente
perdendo a cabeça.
— Não seja covarde, Ben. — falei, tentando
me segurar. — Assume que você cometeu esse
erro, afinal de contas, você é o engenheiro
responsável e estava aqui todo o tempo.
Os outros homens testemunhavam toda aquela
discussão sem fundamentos, em silêncio, via-se em
suas expressões toda a preocupação que os
consumia, então Ben disse-me:
— Seja homem Eric... — e antes que ele
pudesse terminar sua frase já estava caído no chão,
pois, o soco que desferi em sua boca o pegou
desprevenido e não demorou ele estava de pé, e
sem pensar duas vezes, acertou-me com um soco,
revidando, não forte o bastante para me derrubar.
Então, fechei meus olhos e parti para cima dele
com uma fúria de um animal. Perdemos a razão e
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teríamos nos matados, caso os homens que estavam


em volta não tivessem nos separados.
Eu respirava feito um touro bravo.
— Me solta! — ralhei com os homens fazendo
força para me soltar.
Limpei minha boca com a mão e havia sangue
nela.
— Oliver, interdite a obra! — falei assim que
voltei a respirar com mais calma.
— Não pode fazer isso, Eric. — retrucou
Benjamin que estava com o olho inchado.
— Posso! Sou dono dessa empresa.
Benjamin respondeu:
— Eu também sou.
— Ben! Você é, como uma formiguinha, mas
é. — respondi e virei as costas.
— Por enquanto! — respondeu-me audacioso.
Parei abruptamente e iria respondê-lo, mas
preferi continuar a caminhar com o mestre-de-obras
do meu lado.

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Capítulo 27

Eric
Saí do Edifício 6 e fui caminhando desnorteado
pela calçada, minha camisa branca estava suja de
sangue e eu sentia que meu lábio inferior queimava,
estava ferido. Um milhão de informações se
aglomeravam em meu cérebro, eram as palavras
que Benjamin havia me dito: Você! Quem garante
que você não as trocou em seu momento de
desespero após a morte da Julia? Caminhei rumo
ao carro parado do outro lado da calçada e o som
do trânsito tumultuado de Toronto, as buzinas, as
pessoas que passavam conversando apressadas do
meu lado, tudo se misturando e embaralhando
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minhas vistas. Imagens passando em minha cabeça,


“Anna; Também amo você! Meu pai; Filho!”. E no
meio de todo aquele desespero, avistei Collin
encostado no carro do outro lado da calçada e
direcionei-me para a rua com o barulho em minha
mente, e quando dei por mim, alguém estava
buzinando e gritando:
— Você quer morrer? Preste atenção, cara.
Voltei a fazer parte de todo aquele cenário,
com Collin perguntando-me:
— Está tudo bem, Eric? Está ferido?
— Estou bem.
— Vem! Vamos, eu o ajudo.
— Estou bem, Collin. — atravessei a rua e
entrei no carro quando ele abriu à porta para mim.
— Eric, o que houve com você? — Collin se
virou em minha direção e questionou-me.
— Foi uma discussão com Benjamin.
— Perdoe-me, mas isso está parecendo que foi
além de uma discussão.
— Sim! Passei dos limites e o acertei e acabou
que ele revidou.
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— Eric!
— Eu sei Collin, sei que deveria ter me
controlado, mas, não sou de ferro e aquele homem
me tirou do sério.
— Vamos voltar para a empresa?
— Não! Vamos para casa. — respondi.
Enfiei a mão em meu bolso e tirei de lá meu
celular, apertei-o entre os dedos e ponderei sobre
ligar ou não para Anna, e acabei por não ligar.
Durante o trajeto para Rosedale, bairro onde
morava, fui analisando a planta do edifício em 3D
através do meu Ipad, e eu simplesmente não
conseguia me conformar com o fato de alguém ter
trocado as plantas.
Assim que coloquei meus pés em casa, Bruce
veio me receber como fazia todas às vezes, e
enquanto eu lhe dava atenção, Lydia apareceu na
sala e questionou-me assustada:
— Eric, isso em sua camisa é sangue?
Levantei a cabeça e a respondi:
— Sim! Mas não se preocupe Lydia, eu estou
bem, foi uma discussão com Benjamin.
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Ela levou suas duas mãos na boca e olhou-me


espantada, então passado seu assombro, ela disse:
— Ah, meu Deus! Vou buscar o kit de
primeiros socorros.
— Lydia! Não precisa, estou indo tomar um
banho e eu mesmo cuido disso, eu vou ficar bem.
— Tem certeza?
— Absoluta!
Caminhei até o bar, apanhei uma garrafa de
Blue Label, uma das garrafas de whisky que tinha
em minha coleção, dentre eles os mais caros do
mundo, nenhum agradava tanto ao meu paladar
como um bom Johnnie Walker. Rodei a tampa e
abri a garrafa, em seguida, despejei no copo o
líquido amadeirado com aroma delicioso de cravo-
da-índia e mel, e levei o copo aos meus lábios que
estavam machucados, o cheiro doce do destilado
chegou ao meu cérebro, e assim, eu o bebi de uma
só vez, fazendo com que minha boca ardesse
internamente.
Enchi outro copo e fui em direção as escadarias
que me levariam ao meu quarto, e lá chegando tive
a impressão de sentir o aroma do perfume da Anna
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no ar, então caminhei rumo ao banco que ainda se


encontrava em meu quarto, com a echarpe que
tinha estado no corpo dela na noite anterior, então,
eu a peguei em minha mão e levei até meu nariz, e
descobri o porquê o cheiro de Anna ainda estava no
ar. Sorri, lembrando-me dela cobrindo-se com o
tecido.
Caminhei rumo à varanda e abri à porta de
vidro, então levei o whisky mais uma vez nos lábios
e fiquei observando o cenário exuberante que
circundava minha casa, com o pôr do sol se
iniciando a oeste em um tom mais rosa, com os
raios do sol cortando as nuvens claras, e por mais
encanto que tinha o pôr do sol para mim, nenhum
deles era igual ao outro, sempre tinha um algo novo
a ser avistado.
— Como vou dar a notícia ao meu pai? —
questionei a mim mesmo em voz alta, enquanto
meus olhos buscavam o horizonte, e logo após
tomar um banho e comer alguma coisa, eu iria até a
casa dele, contar-lhe tudo que havia acontecido.
Tirei minha camisa, e ao ver o sangue nela
senti ainda mais ódio de Benjamin, então passei
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longos minutos embaixo do chuveiro deixando a


água quente cair em minhas costas, enquanto
inclinava meu corpo com as mãos no granito
gelado, permitindo que a ducha me massageasse.
Depois de um longo tempo no banho, olhei
para o celular em cima da cama e pensei novamente
em ligar para Anna, mas, uma voz conhecida
repercutia por toda a casa chegando ao meu quarto,
então fui em direção a voz, e foi em minha cozinha
que eu o encontrei.
— Lydia, essa sua torta de legumes e carne me
enlouquece. — Dizia Freddy sentado à mesa com
um prato em sua frente e um belo pedaço de torta,
feito por Lydia.
— Lydia, também adoro sua torta de legumes.
— falei entrando na cozinha.
— Vou servi-lo também, meu querido. —
respondeu-me ela.
E quando me olhou, Freddy engasgou,
dizendo:
— Que merda te aconteceu? Quando te liguei
hoje à tarde e você me disse que estava indo
resolver um problema da empresa, não imaginei
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que esse problema fosse te render lábios roxo e


machucados.
Arfei e me encostei na mesa cruzando os
braços, respondendo-o:
— Pois é, perdi minha cabeça com Benjamin, e
deu no que deu.
— Cara! Ainda esses problemas com o Ben?
— Ele quer me destruir, Freddy, ele sempre
quis, e parece que ele se esforçou bastante nos
últimos meses.
— O que foi dessa vez?
— Não tenho cem por cento de certeza, mas
acredito que ele tenha trocado a planta de uns dos
pavimentos do Edifício que estamos trabalhando
juntos, e as consequências disso são desastrosas.
— Eric! Se esse cara foi capaz de algo assim,
comece a ter medo dele.
Gargalhei, questionando-o:
— Acha mesmo que vou ter medo do
Benjamin?
Freddy se levantou da cadeira e parecia
assustado.
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— Eu acho que alguém que tem a coragem de


colocar milhares de vida em perigo, é capaz de
qualquer coisa, e se isso for mesmo comprovado,
você tem sim que tomar cuidado com ele.
— Benjamin é o menor dos meus problemas
nesse momento, o pior será dar a notícia a meu pai,
pois interditei a obra.
Freddy estufou o peito e respondeu-me:
— É meu amigo, tio Norman vai querer um
responsável, e eu realmente espero que você tenha
um.
Levei as mãos em minha cabeça e enfiei meus
dedos em meus cabelos em desespero.
— Está aqui Eric, seu pedaço de torta. — Disse
Lydia entregando-me o prato.
Senti meu estômago embrulhar com aquele
cheiro, me lembrar das rachaduras no pilar central,
fez dissipar minha fome.
Peguei o prato em minha mão e o coloquei em
cima da bancada, e para tentar mudar meus
pensamentos, questionei ao Freddy:
— Mas me conta, e você e a May, como foi?

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— Só não foi melhor porque eu tive aquela


péssima ideia de levar todos para a ilha, mas ainda
assim foi perfeito.
— Gosta mesmo dela, né?
— Sim, demais da conta.
— Já pediu ela em namoro?
— Ah, pelo amor de Deus, Eric, quem hoje em
dia pede alguém em namoro? — questionou-me
sério.
— Você!
Ele me olhou estreitando os olhos e disse:
— Verdade! Eu peço mesmo.
Caímos ambos na gargalhada, pois Freddy era
amante à moda antiga e não sabia começar um
relacionamento se não fosse pedindo a mulher em
namoro.
— E posso saber o que faz aqui na minha
cozinha, se poderia estar com a mulher que você
gosta?
— Cara! Essa é a melhor pergunta do dia.
Freddy limpou a boca no guardanapo,
bebericou do suco de laranja que estava na bancada
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e foi saindo apressado.


— Ei! Aonde vai?
— Pedir aquela mulher em namoro.
Sorri dizendo:
— Isso, vai lá.
— Vou sim, já perdi muito tempo.
— Freddy, espera! — pedi.
Ele parou e se virou em minha direção.
— Não vai se machucar demais com a May,
não se esqueça dos motivos que sempre os
afastaram.
— Eu sei, Eric, mas não podemos deixar os
problemas dos nossos pais continuarem nos
separando.
— Eu só fico preocupado dela te deixar a ver
navios novamente, nós sabemos quantas vezes ela
deu para trás no passado.
— Isso não vai mais acontecer.
— Boa sorte!
Freddy saiu sem dizer mais nada e fiquei
encostado na bancada pensando no vazio que Anna
havia me deixado, e em como era difícil não poder
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sair correndo feito Freddy para poder encontrá-la,


mas era só o início e eu teria que me acostumar
com um namoro à distância, embora não me
agradasse nada, era o que eu tinha no momento.

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Capítulo 28

Anna
Fazia meia hora que May e eu estávamos ao
celular, ela estava simplesmente encantada com
Freddy, não estava nem pouco interessada em saber
como tinha sido tudo com Eric e eu, já que ela só
falava do Freddy e em como ele tinha um jeito
peculiar de transar com ela, mas que preferi não
perguntar esses detalhes.
Minha orelha já estava queimando, quando ela
me disse:
— A campainha está tocando amiga, vou lá
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atender.
— Vai lá, nos falamos depois, beijo!
— Beijo!
May desligou e me deitei na cama, com as
pernas metade em cima da cama e metade fora, e
nem tive tempo de descansar a mente e minha mãe
entrou no quarto, dizendo:
— Amor! O jantar já está servido, não se
demore, pois, seu pai já está na mesa.
— Já estou indo, vou apenas lavar as mãos.

May
— Meu Deus! Já estou indo. — alguém em
minha porta estava ansioso demais por me ver, já
que tocou a campainha duas vezes.
Eu estava toda à vontade, usava um short curto
e meias no pé, não estava esperando ninguém, já
que Freddy avisou-me que iria trabalhar em um
caso até tarde, mas assim que abri à porta, fui
surpreendida.
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— Oi! — disse Freddy parado em minha


frente, pegando-me completamente relaxada. —
Preciso falar com você!
Segurei nas laterais de meu suéter palha e
velho de ficar em casa e puxei-as em sentido de
unir as pontas e proteger-me da vergonha de estar
tão malvestida.
— Freddy! Você não ia trabalhar em um caso à
noite toda?
— É, eu ia sim, mas mudei de ideia.
Fiquei paralisada encarando-o ali, com as mãos
enfiadas em sua calça cáqui, e estava lindo demais,
vestindo uma camisa azul-marinho.
— Não vai me convidar para entrar? —
questionou-me levantando a sobrancelha.
— Ah, claro que sim, entre. — Dei espaço para
que passasse por mim.
Freddy entrou e então fechei à porta, e fui logo
caminhando para a cozinha.
— Você aceita uma taça de vinho? Chegou na
hora certa para me ajudar a beber a garrafa que
abri.

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— Sim, claro! — respondeu, seguindo-me


rumo a cozinha, e eu estava completamente
desconcertada, já que não o esperava.
Ninguém no mundo conseguia me deixar como
Freddy me deixava, perto dele eu simplesmente me
encolhia dentro de uma casca, talvez porque com
ele as coisas eram diferentes, existia mais
sentimento em mim com relação a ele que eu
conseguia admitir. Não era só sexo como
costumava ser com outros homens.
Passamos o fim de semana juntos, mas ainda
assim me sentia acuada com Freddy ali na minha
cozinha, então peguei minha taça em cima da pia e
a levei em meus lábios e tomei um gole, em
seguida virei-me em direção ao armário para
apanhar uma taça para que Freddy pudesse me
acompanhar com o vinho, e quando levantei meus
braços em direção ao armário, senti as mãos dele
segurarem firmes em minha cintura, e com uma das
mãos afastou meus cabelos para o lado e começou a
beijar-me no pescoço dizendo:
— Adoro seu cheiro!
Fechei meus olhos quando senti o toque dos
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lábios dele em minha pele e suas mãos subirem em


meus seios e os apertarem por cima da blusa.
— Freddy, me deixa pegar a taça. — falei de
olhos fechados, sentindo uma pontada forte em
meu ventre.
— Não precisa, bebo da sua. — estendeu a
mão, pegou da minha taça e tomou um gole do meu
vinho, em seguida, puxou-me para trás, fazendo-me
encostar em seu corpo e sentir sua ereção volumosa
me tocar, e dessa forma minhas pernas ficaram
bambas de tesão, então ele me virou em sua direção
e encarou-me com seus olhos acinzentados, beijou-
me, e enquanto suas mãos exploravam minhas
curvas, o gosto de seus lábios me deixavam
completamente excitada. Mordia meus lábios,
chupava meu queixo e em seguida, descia ao
pescoço, explorando cada canto do meu tórax com
sua língua, fazendo-me serpentear em seus braços
fortes. Freddy tinha em seus olhos um desejo
delicioso, e pouco falava enquanto me consumia
em seus beijos e toques de carícias.
— May! — sussurrou em meu ouvido. —
Quero você agora!
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—Freddy, o que tinha para me dizer? —


questionei em meio a um suspiro e outro,
enlouquecida com ele se esfregando tão excitado
em mim.
— Me esqueci, não esperava te pegar vestida
assim com esse short curto. — respondeu puxando-
me ainda mais pra ele, e assim nossos lábios
exigiam mais e mais intensidade e quando percebi
já estava sem meu suéter e com as mãos em sua
camisa desabotoando-a com pressa e retirando de
seu corpo, mostrando-me assim, um tórax com
pelos baixos deliciosos, eu amava homens com
pelos no tórax, esfreguei minha mão nele e
continue beijando-o cheia de vontade de senti-lo se
enfiar dentro de mim.
Freddy foi retirando suas roupas apressado no
meio de minha cozinha, e eu fui fazendo o mesmo,
e quando estávamos ambos nus, voltamos para os
braços um do outro, nossos lábios se procuraram e
nossas línguas se acariciavam em uma dança
sensual enquanto se tocavam e se chupavam.
Freddy se abaixou em direção sua calça e no
bolso dela apanhou sua carteira e de lá retirou um
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preservativo, depois me pegou em seus braços e foi


caminhando comigo em direção a sala, com seus
lábios grudados aos meus, e logo que chegamos
próximo ao sofá, ele me deitou e cobriu-me com
seu corpo, beijando-me no pescoço e descendo até
meus seios eriçados, beijando-os e contornando-os
com a ponta de sua língua, fazendo-me suspirar e
gemer, minha vagina queimava de tesão e estava
completamente úmida.
— Oh!
Chupava meus seios com a ponta da língua
fazendo movimentos circulares enlouquecedores,
então, subiu para meus lábios novamente e senti
quando ia violar-me. Senti sua ereção firme
encostar em minha vagina, e assim falei
subitamente:
— A camisinha!
Ele a pegou em cima da mesinha de centro,
ficou de joelhos em cima do sofá, com aquele pau
delicioso apontando para mim, e enquanto ele foi
rasgando o envelope, ergui-me por baixo de seu
corpo, segurei em seu pau forte em minhas mãos e
senti as veias grossas dele completamente rígidas,
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então levei meus lábios até ele e passei a me


deliciar chupando, lambendo em toda sua extensão,
até concentrar-me na cabeça, onde chupei, passei a
ponta da língua enfiando-a no buraquinho que se
concentrava na cabeça.
— Oh! Porra! — ele gemeu jogando a cabeça
para trás.
Freddy grudou seus dedos em minha cabeça e
passou a guiar-me, enquanto eu o chupava,
engolindo-o, e sentindo seu gosto e seu cheiro
masculino delicioso.
Seus dedos estavam grudados no meio de meus
cabelos, excitando-me ainda mais, e Freddy se
contorcia para trás, gemendo, arfando, sussurrando
palavras deliciosas.
— Me chupa gostoso, isso, assim!
Então me afastou, e enfiou seu pau no
preservativo e se abaixou em minha direção,
afastando minhas pernas com as dele, e deu a
primeira investida enfiando-se inteiro dentro de
mim, fazendo-me afundar meus dedos em suas
costas e gemer:
— Oh!
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Freddy me possuía, mexendo em cima de mim


e desferindo estocadas deliciosas, entrando e
saindo, se enfiando forte, com velocidade, enquanto
gemia baixinho em meu ouvido.
— Oh, oh, May, May.
Nossos corpos passaram a suar e a exalar o
cheiro do nosso sexo, estávamos incendiados. Eu
estava pegando fogo com ele em cima de mim, com
nossos dedos entrelaçados. Seus lábios me
devoravam, enquanto seu pau continuava
desferindo estocadas cadenciadas, metendo fundo
em mim.
Freddy me virou no sofá, ergueu-me,
deixando-me de quatro, então me penetrou
novamente, e baixou seu corpo em direção ao meu,
segurou-me por baixo com uma de suas mãos, e
nessa posição que me enlouquecia, passou a
desferir novamente suas estocadas fortes, mas que
iam mais lentas, mais cadenciadas, bombando e
bombando, e me levando ao delírio, pois com a
mão que estava embaixo de meu corpo, ele passou
a acariciar meu clitóris, estimulando-o ao ritmo de
suas fincadas. Ergueu nosso tronco até que ambos
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estávamos de joelhos no sofá, sem que Freddy


parasse de se mover e investir com força em mim.
Pof, pof, pof...
Freddy era quente, sabia como enlouquecer
uma mulher, mas era quando me segurava firme
nos braços, forçando-me e levando-me em direção
a suas estocadas, era que me deixava mais excitada
ainda, ele era altamente selvagem. Voltou a me
colocar de quatro, e passou a se mover mais lento
dentro de mim, segurou com força em meu pescoço
e sussurrou em meu ouvido, enquanto me estocava
lento e fundo:
— Vamos May, vamos minha delícia, goza no
meu pau.
Seus dedos apertavam forte minha garganta,
seus lábios roçavam em minha orelha, sua
respiração ofegava, enquanto ele se enfiava fundo e
forte, me apertando, me sufocando e me deixando
explodindo de tesão com a forma que me
dominava, então, quando mordeu meu ombro, senti
meu corpo ficar leve, entorpecendo-me de tremores
involuntários que me arrepiaram inteira, fazendo-
me perder o sentido em um orgasmo sufocante e
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delicioso.
— Oh, oh! — gozei gemendo sufocada, sem
que Freddy parasse de me apertar no pescoço, então
quando eu ainda estava mole e entorpecida, Freddy
passou a aumentar suas estocadas, bombou e
bombou, e gozou tremendo e gemendo no meu
ouvido, apertando seus dedos ainda mais em meu
pescoço, fazendo-me inclusive ter medo.
— Oh! Oh May, May. Oh gostosaaaa! — ele
estava me sufocando.
Senti seus dedos afrouxarem em meu pescoço e
assim o ar foi aos poucos voltando para meus
pulmões, achei que Freddy fosse me matar
enquanto transávamos.
Ele já havia feito aquilo comigo na ilha, e
confesso que ficava assustada com a forma com
que suas mãos me apertavam enquanto me comia,
mas não posso negar que era excitante demais.
Meu corpo despencou imóvel no sofá e fiquei
deitada com os braços estendidos para cima,
respirando com dificuldade, ansiando por ar, então
ele disse:
— May, me perdoe, me perdoe se passei dos
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limites, é que isso me dá muito tesão, não consigo


me controlar.
Arfando desesperada, eu o respondi:
— Achei que fosse me matar dessa vez.
— Oh, minha paixão, só se fosse de amor.
— Freddy, vamos precisar conversar sobre
isso.
— Tudo bem, mas antes, deixa eu te dizer
porque mudei de ideia e vim até aqui.
— Diga.
— Vim para te pedir para ser minha namorada.

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Capítulo 29

Eric
Eu precisava comunicar meu pai sobre a
decisão que tomei interditando a obra do Edifício 6,
teria feito isso mais cedo, se não estivesse eu todo
manchado de sangue, e ao invés de ir até a empresa
avisá-lo pessoalmente, optei por ir para casa e
cuidar dos ferimentos em meu rosto e me trocar.
Saí de casa próximo das sete horas e fui para a
residência dos Mason que ficava no mesmo bairro
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em que eu vivia, em Rosedale, na Avenida


Highland, apenas alguns quarteirões. Depois da
morte de minha mãe, há três meses atrás, eu havia
ido até aquela casa uma única vez, e lembrar-me
daquele dia me dava calafrios, visto que fui tratado
com muita frieza por meu pai e por Jane, minha
irmã. Desde esse dia que não voltei a pisar na casa
onde cresci. Eu realmente não sabia se estava
preparado para encarar aquela casa e todas as
lembranças espalhadas nela, mas eu simplesmente
não podia pegar o telefone e dizer ao meu pai que
havia interditado uma das obras da Mason, eu não
era moleque para fazer tal coisa, então entrei no
carro e fui enfrentar meus fantasmas. A casa dos
Mason era de uma opulência de causar inveja,
projeto tinha a assinatura do meu pai, e ocupava
18.000 mil metros quadrados, com quase um acre
de jardim, parte esse que enchia os olhos de quem
passava pela rua ou de quem tinha o privilégio de
se aproximar e caminhar por ele. O jardim era a
parte preferida de minha mãe, e ela sempre cuidou
de tudo sozinha, passava horas e horas com um
avental, luvas e pás, plantando, semeando,
molhando e caminhando no meio das árvores e
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flores diversas. Estacionei na entrada e fui


caminhando pelas calçadas de pedras, passei pela
fonte no meio do jardim e toquei na estátua de um
arcanjo criança fazendo xixi, escolha de minha
mãe, que era fantástica, e até nos pequenos detalhes
ela conseguia nos surpreender.
Abri à porta e fui entrando, e logo de cara o
clima familiar já me assolou como se um forte
chicote tivesse me atingido nas costas. Tudo estava
como sempre foi, a casa era uma típica residência
familiar, com o toque formal do meu pai e a
delicadeza de minha mãe e sua decoração em estilo
vitoriano, que era o que mais se destacava em cada
canto, tudo muito claro em tons pastéis e alguns
estofados em marrom. Ainda na grande sala, no
canto esquerdo havia a biblioteca do meu pai, que
fez questão de criar aquele espaço ali a vista de
todos que chegassem à mansão Mason.
Caminhei até um aparador que ficava próximo
da cadeira onde minha mãe costumava se sentar
para ler, passei a mão nos porta-retratos sobre ele e
apanhei um deles em minha mão, nele, minha mãe
estava com Jane vestida de noiva no dia de seu
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casamento, no dia da morte de minha mãe.


— Coloquei essa foto aí, não se importa, não
é?
Me virei em direção da voz que me questionou
e era Jane, a pequena boneca do senhor Mason.
Jane era uma mulher pequena, tinha em média 1,58
de altura, um rosto delicado, cabelos castanhos e
uma pele alva que ressaltava seus lindos olhos de
vidro, era um belo par de olhos azuis-claros que
lembravam duas pedras preciosas, mas Jane não era
só delicada em sua aparência, era todo um
conjunto, era o que eu costumava dizer a ela, uma
romântica em todos os sentidos.
— Não! Não me importo Jane. — respondi
colocando o retrato no lugar.
Ela estava encolhida, abraçando-se em seus
próprios braços, e me olhava com os olhos
cintilando, então percebi que ela estava
completamente emotiva.
— Faz tempo que não vinha aqui. — ela disse
com a voz embargada.
— Você não me queria aqui, lembra?
Expulsou-me no dia do fu... — travei sem
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conseguir terminar de falar a palavra funeral.


— Funeral? — questionou ela.
Puxei o ar em meus pulmões e os soltei
deixando a palavra sair de meus lábios quase como
um sussurro.
— Sim!
Jane e eu éramos muito chegados, ela é a
caçula com 27 anos e sempre foi tratada como tal
por todos em casa, e isso incluía a mim que sempre
a protegeu em tudo.
Havia um certo desconforto na postura da
minha irmã, era um gelo que eu não sabia como
quebrar, e quando ela se virou de costas para sair da
minha presença, eu a questionei:
— Papai está em casa?
Ela me olhou de soslaio e respondeu-me:
— Sim, lá fora na quadra de tênis. —
respondeu e continuou caminhando.
— Jane! — chamei-a.
— Sim! — ela respondeu de costas.
— Precisamos conversar, você sabe que
precisamos.
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— Não estou preparada para isso, eu estou


muito ocupada com os preparativos para receber o
Noah, e...
— Quem é Noah? — questionei perdido com
relação ao nome.
Jane se virou em minha direção, levou suas
mãos em uma barriga imperceptível e respondeu-
me:
— Meu bebê! — virou-se novamente.
— Vou ser tio? — fiquei emocionado e
surpreso. — Jane eu vou ser tio?
— Daqui há sete meses.
— E como sabe que será um menino?
— Eu sinto isso.
Não me cabia em mim de tanta felicidade, eu
queria ir até ela e dar-lhe um abraço forte, dizer o
quanto a amava e o quanto estava feliz por ela, mas
ela simplesmente desapareceu da sala. Ainda não
havia me perdoado, estava nítido em suas ações.
Atordoado com a informação e com os olhos
cheios de lágrimas, caminhei para os fundos e
cruzei o jardim indo ao encontro do som das
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raquetes de tênis.
Quando cheguei na quadra, meu pai estava
jogando com Joshua, um amigo antigo da família,
um grande bancário, e assim que me viu, meu pai
parou o jogo e veio até mim enxugando-se com
uma toalha azul.
— Eric! O que te trouxe aqui? — perguntou
assustado, visto que já faziam 3 meses que eu não
pisava na casa. — O que diabos aconteceu com seu
rosto?
— Preciso falar com o senhor, é sobre o
trabalho, e, tive um contratempo com Benjamin.
— Você está cansado de saber que não trago
trabalho para casa. — respondeu-me com os olhos
em Joshua que cruzou a quadra em nossa direção.
— Ora, ora! Há quanto tempo não o via Eric,
como está? — questionou-me Joshua estendo sua
mão e cumprimentando-me:
— Estou bem, obrigado!
— Ótimo! Bom, Norman, vou para casa, outro
dia terminamos essa partida. — disse Joshua a meu
pai.

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— Está certo. — respondeu meu pai.


Quando Joshua se afastou o suficiente, meu pai
esbravejou:
— Eric, eu me recuso acreditar que um Mason
esteja brigando feito um selvagem por causa de
mulher, mesmo que essa mulher seja aquela
talentosa artista plástica.
— Não brigamos por causa da Anna, não dessa
vez.
— Eu imagino que seja algo muito importante,
do contrário não estaria aqui atrapalhando meu jogo
com o Joshua.
— É sobre o Edifício 6. — alguém apareceu do
nada em minhas costas e respondeu à pergunta do
meu pai antes de mim.
Me virei para trás, e lá estava o fantasma do
Benjamin em minha cola novamente.
Meu pai levou suas mãos na cintura, estreitou
os olhos, deixando-me mais tenso do que já estava,
me encarou com firmeza e indagou-me:
— O que tem o Edifício 6?
— Posso explicar Norman. — disse Ben
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antecipando-se novamente, então questionei:


— O que faz aqui seu canalha?
— Eric! — rugiu meu pai. — Olha para vocês,
um com o olho roxo e o outro com a boca e o nariz
machucado, estão levando problemas do pessoal
para a empresa?
— Eu posso explicar o que aconteceu Norman.
— disse Ben, e naquele momento fechei as mãos
em punho tentando me controlar.
— Eric chegou aqui primeiro, então ele fala
primeiro. — falou meu pai, dando-me a palavra.
— Pai, as plantas do pavimento 25 do E6
foram trocadas com a do E9, por sorte, o Edifício 9
está no pavimento 20, do contrário teríamos duas
tragédias de proporções enormes.
— E qual é a real situação nesse momento? —
questionou meu pai.
— Uma rachadura enorme no pilar central da
estrutura no pavimento 25, do E6.
— Drogaaaa! — vociferou meu pai! — Era
para ser um Edifício de sessenta andares. Como foi
que isso aconteceu?!

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— Norman, vamos resolver isso, fazer alguns


reforços. — avisou Benjamin.
— Resolver? Resolver, Benjamin? —
questionou meu pai atônito.
Meu pai fechou os olhos, e levou seu rosto para
a toalha em suas mãos, então quando voltou a falar,
questionou-me:
— Eric, você não é só o arquiteto naquela obra,
sabemos que você entende mais de construção do
que qualquer outra pessoa lá dentro, e você ainda é
o vice-presidente da Mason Construções, então, eu
só espero que me diga nesse momento que
interditou aquela obra. Diga-me, interditou a obra?
Com o coração aliviado eu o respondi:
— Sim, claro que sim, pai, e foi exatamente
por isso que Ben e eu saímos no soco, ele
simplesmente acha que não deveríamos interditar.
Ben estava pálido, seu tom moreno de pele deu
lugar ao desespero, deixando-o mais branco que
flocos de neve.
— Benjamin, sua vez de falar. — disse meu
pai.

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— Norman, as plantas foram trocadas, e é no


responsável por isso que temos que nos focar, eu
acho que...
— Você acha? Desde quando a Mason trabalha
com achismos? Você é o único responsável, você
estava à frente daquela obra, você é o engenheiro
responsável, deveria ter fiscalizado de forma firme
e ter visto que tinha algo errado nas medidas de
uma planta, onde o edifício teria sessenta andares.
Você é o homem que deveria saber que as medidas
correspondentes nas plantas não correspondiam às
medidas de um prédio de sessenta andares. Porra!
— gritou nervoso. — O que estava fazendo, que
não viu um erro desses passar?
— Perdão, Norman, mas tenho a plena
convicção de que Eric fez confusão com essas
plantas, logo após a morte da Julia.
Mordi com força meu lábio inferior,
segurando-me para não partir para cima dele
novamente, e senti o gosto de sangue em minha
boca, já que estava ferida.
— Você não sabe o que diz Ben, como pode
me acusar de algo assim? — questionei-o.
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— É a única explicação que vejo. —


respondeu-me.
Meu celular vibrou em meu bolso, fui conferir
e vi que se tratava de Anna me ligando, e não tive
outra opção senão deixar o celular tocando no
silencioso em meu bolso. Então voltei a prestar
atenção em meu pai que respondia ao Ben, de
forma fervorosa:
— Não me importa quem trocou as plantas, me
importa dizer nesse momento, que você errou
Benjamin, você é o responsável pela estrutura do
edifício, e me decepcionou, Eric estava afastado da
empresa, sendo assim, você se tornou o único
responsável pelos edifícios E6 e E9.
— Está certo, Norman. — Benjamin abaixou
sua cabeça.
— Não está nada certo, um prédio de sessenta
andares agora terá apenas vinte e sete, por
incompetência sua, é lastimável isso, e a Mason vai
perder muito dinheiro. Quero os dois amanhã de
manhã na empresa, marcarei uma reunião de
emergência com os engenheiros e construtores para
discutir o que será feito, e até lá, a obra continua
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parada.
Meu pai pegou a raquete e a toalha e saiu
caminhando para fora da quadra, deixando a mim e
Ben sozinhos.
— Boa tentativa, Benjamin. — falei e fui
caminhando atrás do meu pai.
— Você tem sorte por ser filho do dono da
empresa. — respondeu-me de peito estufado.
Parei e ponderei, mas preferi seguir sem
respondê-lo.
— Pai! Espera um pouco. — falei andando
rapidamente a fim de alcançá-lo.
— Sim! — parou para me ouvir.
— Jane me contou sobre o bebê, parabéns, vai
ser vovó.
— Viu só, será que teremos um construtor do
naipe do vovô Noah?
— Meu avô era fera, mas o senhor o superou.
Meu pai bateu em meu ombro, dizendo:
— Você também é muito bom no que faz, me
orgulhou hoje tomando a decisão certa.
Falou e continuou caminhando para dentro de
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casa.
— Pai! Só mais uma coisa.
— Diga logo, não quero me atrasar para o
jantar.
— Quando poderemos falar sobre o que
aconteceu?
— Eu... Não quero falar sobre sua mãe, espero
que respeite minha decisão. — respondeu-me e se
afastou de mim.
Não conseguia evitar de me sentir enterrado
junto com minha mãe, eu simplesmente seria
mutilado enquanto não conseguisse recuperar meu
pai por inteiro, era só um abraço, só o que meu
coração ansiava receber do homem que era meu
esteio, e sem ele eu era simplesmente incompleto.
Quando entrei em meu carro, lembrei-me de
Anna, e peguei rapidamente o celular em meu bolso
e fiz a ligação, mas Anna não estava atendendo,
será possível que já ficou magoada porque não
pude atendê-la no momento em que eu falava com
meu pai e Ben? Não! Não pode ser!
Liguei meu carro e fui para casa, e logo que

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acendi a luz da sala de entrada, avistei Freddy


sentado em um banco no meu bar, estava segurando
um copo de whisky, então questionei:
— O que faz aqui nesse escuro?
— Estava te esperando e tentando encher a
cara.
Sentei em um banco, peguei um copo e me
servi de uma dose e tomei um belo copo de whisky
sem gelo, fiz cara feia e coloquei o copo na
bancada de madeira.
— Posso saber o que deu errado dessa vez? —
questionei.
— May disse que não está na hora de
assumirmos um compromisso sério.
— Freddy, me diga que você não a assustou
com aquele seu fetiche idiota? — Fiz sinal de
estrangulamento com a mão.
— Cara, foi de leve, e no outro dia ela nem
reclamou nem nada, mas na verdade, não foi isso
que ela alegou, embora tenha me pedido para não
fazer mais.
— E o que ela alegou?

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— Que embora seja louca por mim, ela ainda


não sabe como contará sobre nós para o pai dela.
— Freddy, você precisa entender o lado dela,
afinal de contas, tio Kevin prendeu o pai dela, que
só não passou anos e anos lá porque o advogado
dele era muito bom.
— Pelo amor de Deus, meu pai era só o
promotor daquele caso.
— Seja como for, o pai da May odeia o tio
Kevin. — dei dois tapinhas em suas costas.
— Cara! Isso não pode estar acontecendo
comigo.
— É, vou viver para ver mais um casal de
Romeo e Julieta.
— Não achei graça nenhuma.
— Nem eu, nem eu, Freddy!
— E como está você e a Anna?
— Nossa! Preciso fazer uma ligação. —
lembrei-me de Anna e peguei o celular com
urgência em meu bolso.
— Boa noite, Eric, vou para casa trabalhar.
— Fique bem!
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— Vou tentar.

Capítulo 30

Anna
Liguei para o Eric, para avisá-lo que eu iria
trabalhar um pouco, pois queria adiantar o último
painel para poder despachar ele logo para Toronto,
mas por algum motivo ele não me atendeu, e assim
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como de costume, coloquei o celular no silencioso


e fui para frente do painel no ateliê.
As vidraças não mais refletiam os raios solares,
com os quais eu gostava muito de trabalhar, então
liguei as luminárias e as refleti no painel, dando a
mim luz o bastante para trabalhar durante à noite e
madrugada a fio se fosse preciso.
A primeira vez que molhei um pincel em uma
tinta, vermelha me lembro bem, e tocá-lo em uma
tela em branco, foi como se finalmente eu estivesse
me libertando de mim mesma, eu vivia presa
internamente, pois sentia muito medo de ser
apontada como diferente, de ser julgada por algum
motivo, e minha mãe diz que sempre fui assim,
reservada demais, encolhida demais. Não sou uma
pessoa desajustada que tem medo até de falar, eu
simplesmente pondero demais em todas as coisas
que faço na vida, e a primeira vez que pintei, senti-
me livre disso tudo, com um pincel entre os dedos
eu não precisava falar, não precisava de ninguém
me observando, atento como era na dança, que eu
odiava, mas me esforçava para agradar minha mãe.
O jantar como em sua maioria tinha sido
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desagradável, meu pai sabia como fazer alguém


perder o apetite, e assim deixe-o falando e subi para
meu ateliê para tentar me concentrar e trabalhar em
minha última tela para meu Vernissage, em
comemoração à meu aniversário. E ali estava eu,
com os cabelos presos em um coque, roupas velhas
manchadas de tintas e um painel de 100 x 150 a ser
terminado em minha frente. Minha nova exposição
mostraria um pouco do que é ser retraído, eu queria
tentar transmitir de forma silenciosa como é se
sentir acuado por si mesmo, eu já havia conseguido
me curar de minha timidez uns 50%, mas muitas
pessoas ainda se sentem solitários, e esse é o nome
da minha nova exposição, SOLITÁRIO.
Minha última tela como sempre era um
autorretrato, e nela eu retratava como me sentia em
algumas situações, como estar em um aglomerado
de pessoas onde eu fosse o foco. No painel, eu
estava com meu rosto parcialmente submerso em
bolhas de água como se estivesse me afogando em
um mar, e é exatamente assim que me sinto quando
estou acuada, completamente sem ar, afogando em
partículas de vapor.

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Com o tom laranja e marrom eu dava alguns


retoques nos fios de cabelos entre o nariz e os
lábios que ressaltei em cor laranja.
Alguém quebrou o silêncio do ateliê, dizendo:
— Sempre que vejo você trabalhando fico me
perguntando de onde você tirou tanto talento? —
Era minha mãe que chegou em minhas costas.
Parei o que estava fazendo e a olhei,
respondendo-a:
— Talento vem da alma mamãe, e cada um tem
o seu em particular.
— Anna, perdoe o seu pai, meu amor, ele não
pensou antes de dizer aquelas coisas.
— Ele nunca pensa, não é?
— Ele quer o seu bem, sempre foi assim.
— Não, mãe. Não se engane, você sabe que
meu pai sempre pensou só nele, se não fosse assim
não teria quase nos jogado na rua, quando perdeu
nossa casa.
— Filha, agora é diferente, ele acha que você
vai se machucar com essa relação com o Eric.
Coloquei o pincel em cima de uma bancada,
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levei minhas mãos em meu rosto, pois eu estava


exausta por conta da viagem e por estar em pé
trabalhando há mais de uma hora.
— Mãe, meu pai nunca gostou muito do Eric,
lembra? Ele me falava sobre a diferença social e
você também me falava, e foi por isso que passei
anos separada do homem que amo, mas isso não
vai mais acontecer.
— Filha, o Eric é um bom homem e te ama, já
nos provou isso, mas goste ou não, você ainda está
separada dele.
— Por pouco tempo! — soltei de supetão
pegando minha mãe desprevenida.
Ela apertou os olhos e me encarou
especulativa, então me questionou:
— O que quer dizer?
— Que vou me mudar para Toronto, e não será
somente os meus quadros que serão despachados
para lá, vou levar todo meu ateliê.
Minha mãe sorriu forçado, dizendo-me:
— Então um fim se semana ao lado do Eric e
você já quer arrumar as malas e ir morar com ele?

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— Toronto já estava nos meus planos, lembra-


se? E não estou indo morar com o Eric, mas sim
com a vovó Emma, que não pode mais viver
sozinha naquela casa.
— Quem é que você pensa que está
enganando?
Aproximei-me dela e a segurei em seus braços,
fazendo-a para de se mexer aflita daquele jeito,
então expliquei:
— Mãe, amo o Eric, sou louca por ele uma
vida toda, devido aos motivos que meu pai fez
questão de tacar na minha cara, ele precisa de mim
agora nesse momento da vida dele, e vovó também
precisa e ainda tem minha carreira que terá mais
visibilidade lá em Toronto, já havíamos discutido
isso lembra?
— Sim, mas eu não estava preparada para que
isso acontecesse ainda esse ano.
— Se eu não for agora, mamãe, talvez eu não
vá nunca mais, e eu não vou ficar vendo essa
oportunidade passar pela minha janela.
— Seu pai vai ficar muito magoado.

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— Magoar as pessoas é o que ele faz de


melhor, não há mal em sentir na pele, além do
mais, não sou mais a adolescente que vocês
simplesmente arrastavam para onde bem
entendiam.
— Você está sendo dura comigo.
— Ah, mãe, me perdoe, me perdoe. — eu a
abracei forte e ela caiu em prantos, apertando-me
muito forte.
— O que vou fazer sem você aqui meu amor?
Não sei como vou suportar isso.
— Vai ficar tudo bem, mãe, estarei aqui
sempre que possível.
— Nunca será mais a mesma coisa.
— Mãe não faz assim. — implorei me
derramando em lágrimas, e de onde eu estava, vi
meu celular acesso, alguém estava me ligando e
assim soltei-a de meus braços e fui até o aparelho e
atendi a ligação:
— Oi meu amor!
— Anna, está chorando? Por favor, amor,
deixa eu te explicar porque não pude atendê-la

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quando me ligou mais cedo, não fique assim, eu


tenho uma explicação, não é nada disso que você
está pensando. — foi despejando muitas
informações para mim.
— Eric! Eric! Espera, não é nada disso.
— Eu estava com meu pai e Ben, estávamos
discutindo um assunto muito sério quando me ligou
e não pude atendê-la.
— Ei! Eu acredito em você, só liguei pra te
avisar que eu ia trabalhar e que por isso meu celular
ficaria no silencioso.
— Nossa Anna! Quer me matar do coração?
Viu a quantidade de chamadas que te fiz? Achei
que estava fugindo de mim de novo.
— Eric, coloque uma coisa na sua cabeça, não
vou mais fugir de você, eu sempre vou ficar e
encarar, seja lá o que for, eu te prometo isso, vou
sempre te ouvir primeiro.
— Então por que está chorando meu amor?
Sua voz é de quem andou ou está chorando.
Olhei para minha mãe e ela estava de braços
cruzados, e então foi se retirando cabisbaixa do

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meu ateliê.
Caminhei até uma poltrona que ficava próxima
da janela e me sentei lá.
— Quando me ligou eu estava tendo uma
conversa difícil com minha mãe, por isso a voz de
choro, já que ambas estávamos chorando.
— E o que te fez chorar? Pode me contar?
— Acabei de informar a ela uma decisão que
tomei.
— E eu posso saber do que se trata?
— Disse a ela que não serão somente os meus
quadros que irei despachar para Toronto, e sim tudo
que tem dentro do meu ateliê.
— Anna, não faz assim comigo.
— Vou me mudar para Toronto, não quero
passar mais tempo longe de você.
— Me diz quando posso ir buscá-la, e eu irei
na mesma hora.
— Calma aí senhor Mason, eu ainda preciso
terminar meu último painel.
— Meu Deus, e quanto isso vai demorar?
— Alguns dias.
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— Não sei se vou conseguir aguentar ficar sem


você.
— Você pode vir me visitar?
— Claro que posso, mas antes preciso resolver
um problema na empresa.
— E por falar nisso, como foi seu dia de hoje,
senhor vice-presidente?
Eric suspirou do outro lado, e eu soube no
exato momento que algo estava errado.
— Eu tive um dia bem tumultuado, amor, você
não ia gostar de saber.
— Quero saber tudo que for sobre você.
— Bom, eu terminei o meu dia com a notícia
de que vou ser titio, e com um corte no lábio
inferior e no meu nariz.
— Não me diga que você e o Benjamin...
— Sim, nós dois trocamos carícias um pouco
mais fortes.
— Vai me contar isso direitinho, mas me diga
antes, Jane vai ter um bebê?
— Sim, amor, acredita nisso?
— Ah, eu fico muito feliz por vocês.
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— Obrigado.
— Agora me conte sobre você e Benjamin,
pois eu me recuso acreditar que tenham brigado
novamente.
— Tivemos um problema sério nos edifícios
onde Ben e eu trabalhávamos juntos e acabou que
ele tentou me culpar pelo erro dizendo que eu
estava distraído com a morte de minha mãe.
— Não posso acreditar!
— Acredite, e por sorte meu pai ficou do meu
lado, mas se Ben continuar tentando me derrubar
não sei o que será.
— Só me prometa uma coisa.
— Não vou te prometer fazer vistas grossas
para as canalhices do Benjamin.
— Eric, não quero te ver machucado, não
posso nem imaginar se isso ficar mais sério.
— Não vou deixar acontecer de novo, até
porque é isso que ele quer me desestruturar.
— Como foi com seu pai?
— Ele está mais próximo, porém, ainda não
quer falar sobre o acidente.
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— Ele vai te ouvir, mais cedo ou mais tarde,


ele vai.
— Ah, eu já ia me esquecendo, ele quer
conhecê-la e me pediu para convidá-la para um
jantar na casa dele, e até se animou em ir ao seu
vernissage.
— Jura?
— Sim, juro!
— Vai ser uma honra ver seu pai no meu
vernissage.
— Anna, eu te amo tanto, como vou fazer para
ficar sem você?
— Bom, estou aqui me fazendo a mesma
pergunta.
— Assim que todo esse problema na empresa
estiver resolvido, vou bater aí na sua porta.
— Vou te esperar ansiosa.
— Pode esperar vou te pegar de surpresa.
— Eu preciso voltar para o meu trabalho, ou
ficarei mais tempo presa aqui, mas quero que me
prometa que ficará longe de contato físico com
Benjamin.
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— Não posso te prometer isso.


— Você é bem crescidinho e sabe o que faz.
— É eu sei sim, e sei o que quero também.
— E o que quer senhor Mason?
— Passar o resto dos meus dias ao seu lado.
— Está me pedindo em casamento?
— Não, ainda não, eu não a pediria em
casamento por telefone, né Anna?
Caí na gargalhada e fui saindo do meu ateliê,
entrei em meu quarto e me deitei em minha cama,
definitivamente eu não iria mais conseguir voltar ao
trabalho, e assim, passamos horas ao telefone.

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Capítulo 31

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Anna
Os dias se passavam e não tinha um dia em que
Eric não estivesse em minha cabeça o tempo todo,
ele passou anos em minha cabeça, mas havia dias
que minha saudade dava paz, ou que a correria do
dia a dia me fazia esquecê-lo, mas não demorava
muito e ele estava novamente em minha mente.
Hoje em dia ele não saía da minha cabeça nenhum
momento, pintando, comendo, no banho, andando
pela rua e nos museus de Edmonton, fazendo
compras e finalmente os momentos que antecediam
meu descanso na cama, que era sempre o momento
onde Eric e eu passávamos horas grudados ao
celular, e tinha noites que eu estava tão exausta de
tanto trabalhar que eu simplesmente dormia com o
celular na mão.
Cinco dias haviam se passado do dia que voltei
para Edmonton, minha mãe estava começando a
aceitar minha mudança, e ao contrário do que disse
minha mãe, meu pai estava pouco se importando.
Eric estava muito ocupado com o problema no
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edifício aos quais as plantas foram trocadas, e pelo


que me falou, os acionistas querem afastar o
Benjamin de suas funções na empresa, ou seja,
sendo ele um acionista minoritário, poderiam
despedi-lo do cargo de engenheiro chefe e deixá-lo
apenas com sua cadeira na diretoria, e ainda isso,
Eric queria tirar dele, pois estava decidido a
comprar as ações do Benjamin.
Ben me causou uma boa impressão de primeira
vista, mas hoje pensar nele me dá calafrios.
Finalmente era Sexta-Feira, e eu estava uma
pilha querendo que o dia voasse para que chegasse
logo o Sábado e Eric viesse para Edmonton, ele
havia me prometido que passaria o fim de semana
comigo, eu havia acabado de engolir o almoço,
mamãe não estava em casa e meu pai ainda não
havia voltado para a universidade, eu sabia disso
porque escutei sua voz enquanto atendeu a
campainha que tocou. Eu estava dando os últimos
retoques em meu autorretrato e no máximo em um
dia ou dois ele estaria pronto para ir para Toronto
junto com os demais. Para variar eu estava
parecendo uma louca, com cabelos amarrados em
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um coque, vestindo uma camisetinha branca com


um velho macacão jeans, um presente muito antigo
da vovó, ela me disse na época: “Uma pintora sem
um macacão não é uma pintora.” Não me
perguntem de onde ela tirou isso, o fato é que ele
estava comigo há tantos anos quanto eu me
lembrava que pintava. O som da voz do meu pai
silenciou e assim pude voltar a me concentrar na
tela, pois eu estava em um dos momentos mais
delicados, que era dar vida aos olhos, e em minha
paleta de cores que eu segurava na mão esquerda,
tons de avelã, marrom vesúvio, e mel eram quem
daria o tom certo de meus olhos.
Estava concentrada demais para perceber a
aproximação de meu pai, que me disse:
— Filha, tem um homem lá embaixo querendo
vê-la.
Quando a informação foi processada por meu
cérebro e trouxe a mim a imagem de Eric, meu
coração logo deu a resposta e veio parar na boca, e
em segundos coloquei a paleta e o pincel em cima
de uma mesinha, e falei empolgada:
— Eric!
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Saí em disparada para à porta do ateliê com


meu pai balbuciando alguma coisa que minha
mente bloqueou e eu simplesmente não entendi
nada.
Desci os degraus da escada pulando
rapidamente e desfazendo o coque dos meus
cabelos, com as duas mãos, eu os arrumei e quando
cheguei na sala, ele estava parado em frente a uma
de minhas telas, um outro autorretrato onde eu
estava de azul segurando uma caneta e um caderno
de anotações no peito. Meu pai amava aquela tela, e
fazia questão de deixá-la na sala, e eu odiava.
— Amor, que surpresa bo ...
Nem consegui terminar de completar a frase,
quando meus olhos se atentaram a imagem do
homem que se virou em minha direção, estava
usando camisa branca, calça bege e estava com as
mãos enfiadas nos bolsos dela.
Parei bruscamente, imediatamente meu corpo
acionou o mecanismo de defesa, deixando-me
rígida, sem que tivesse controle da situação todos
os músculos do meu corpo se contraíram, meu
abdômen, meu maxilar, e minhas mãos se fecharam
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em punho, eu estava tensa demais com a imagem


de Benjamin materializada ali na minha sala. Fiquei
com tanto medo, que o ar que eu inspirava parecia
não passar, e fui me sentindo sufocada e com o
peito apertado.
— Adorei a tela, você mesma que a pintou? —
Questionou-me com a maior naturalidade, como se
estar na minha sala fosse algo rotineiro.
Para não demonstrar meu nervosismo, enfiei
minhas mãos no bolso do meu macacão,
questionando com a voz trêmula:
— O que faz aqui?
— Perdoe-me aparecer sem avisar, é que eu
estava trabalhando aqui em Edmonton e me lembrei
de que você morava aqui.
— Como me achou? — questionei balançando
a cabeça, confusa.
— Bom, eu fiz uma pesquisa no Google, e
descobri que você é filha do professor Phil Hall, e a
partir daí descobri seu endereço.
— Você é doente, sabia?
— É assim que você recebe um amigo que te

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salvou dando carona para você?


— Aquele foi o maior de todos os erros que já
cometi, onde eu estava com a cabeça quando fui
entrando no seu carro daquele jeito?
— Sua cabeça estava ligada no modo fuga, e
eu fui o felizardo naquele momento, pois conheci a
mulher mais encantadora.
— Você não me conhece, não sabe nada sobre
mim.
— Já sei o suficiente para não conseguir parar
de pensar em você.
— Será que já não causou problemas demais
com o Eric? Sou a namorada dele, sabe disso, não
é?
— Sei e me recuso acreditar que uma mulher
como você se prenda a ele.
— Uma mulher como eu? — estreitei os olhos
colocando as mãos na cintura.
— Sim, você é intrigante Anna, delicada, doce,
espontânea, deliciosamente retraída e ainda tem
essa malícia inquietante no olhar.
— Quando foi que te olhei com malícia?
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— Eu vejo isso em você, e essa mistura de


ingenuidade com...
Eu o interrompi no exato momento.
— Não sou ingênua, vê-se que suas pesquisas
foram infundadas, você não sabe nada sobre mim,
pois minha timidez não me torna ingênua, muito
pelo contrário, ela faz de mim uma mulher muito
mais perceptiva do que algumas mulheres muito
dadas que não conseguem enxergar além delas
mesmas, eu falo pouco e observo muito, e isso me
faz ver o que você é de verdade.
Deu um passo em minha direção indagando-
me:
— E o que eu sou?
— Um oportunista invejoso, que odeia meu
namorado e que viu em mim a oportunidade de se
vingar dele por algum motivo.
— Anna! — sorriu dizendo. — Não é nada
disso, quando me apaixonei por você aquela
manhã, eu não sabia nada sobre você, achei que
fosse só mais uma das muitas mulheres do Mason.
— Se apaixonou? — gargalhei.

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— Sim, no exato momento que bati meus olhos


na ruivinha mais linda que já vi no mundo, branca
como um fantasma, e com as bochechas pegando
fogo.
— Está mentindo, e não vou cair nessa, e
mesmo que não estivesse, eu não quero saber de
nada disso, quero apenas que saia da minha casa,
pois o Eric pode chegar a qualquer momento.
— Ele não vai chegar, está ocupado
consertando seus erros, e não estou mentindo. Não
vou negar que Eric e eu nunca nos demos bem, mas
isso não tem nada a ver com o que estou sentindo
por você. Estou aqui hoje porque quero te proteger
dele e quero você.
— Não tem porque me proteger do homem que
amo a vida toda e que conheço melhor do que você.
— O Eric do tempo do colegial mudou, você
pensa que o conhece.
— Por que isso? Essa inveja toda do Eric?
— Não tenho inveja dele, apenas acho que
estou mais bem gabaritado para ser o vice-
presidente da Mason, eu segurei as pontas quando
Eric resolveu que estava muito ocupado se
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culpando pela morte da mãe.


— Ele não é culpado, sua irmã é.
— Do que está falando? Ele quase matou a Eve
junto com a mãe dele, é um alcoólatra
irresponsável, isso que ele é. — rugiu.
— Você não sabe o que diz, Eric não é
alcoólatra e nem tão pouco causou aquele acidente.
— A perícia provou que ele bateu no caminhão
porque estava embriagado.
— Bateu porque sua irmã estava brigando com
ele por ciúmes e puxou o volante do carro.
Ben ficou pálido, rodou sobre seu corpo e
respondeu quando conseguiu assimilar:
— Eric quem disse isso? Ele está mentindo,
está tentando empurrar a culpa do erro dele para a
Eve, ela ama aquele homem feito uma louca, mas
seria incapaz de provocar um acidente daqueles,
onde vitimou a Júlia, que era uma mulher que eu
admirava por sua força.
— Eu sinto muito, mas essa é a única verdade,
a qual Eric a guarda só para si, nem sei o porquê.
— Ele não presta Anna, e está enganando você.
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— Está perdendo seu tempo, vai embora da


minha casa, e não volte mais.
Não estava acreditando que aquele homem
estava parado ali na minha sala e me falando todas
aquelas coisas, se eu já estava com medo dele,
agora então, pois um homem que é capaz de bater
na minha porta, quase 4.000 mil km de distância da
cidade dele para me dizer que estava apaixonado,
sabendo que sou a mulher de um dos chefes dele é
por que é capaz de qualquer coisa e está disposto a
tudo.
— Não! Não sou um homem de perder tempo,
principalmente quando quero uma mulher, quando
estou louco por ela.
— Saia! Agora! — apontei para à porta.
Ele caminhou em minha direção e de forma
abrupta enlaçou seus braços em minha cintura, e
como era enorme, fiquei completamente indefesa,
já que me apertava forte enquanto tentava me
beijar, dizendo:
— Deixa-me te provar que sou melhor que ele.
— Você é doente, me solta. — virei meu rosto
e ele passou a me apertar e a beijar meu pescoço.
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— Solta a minha filha seu covarde! — disse


meu pai que apareceu do nada para me salvar,
então, senti os braços de Benjamin me soltarem, e
fui me afastando dele e assim ele levantou suas
mãos no alto dizendo:
— Senhor, não é nada disso que está pensando.
Meu pai estava com seu rifle de caça encostado
no pescoço do Ben.
— Não estou pensando nada, mas se minha
filha te pediu para sair, é porque você deve sair, e
se ainda não saiu passou a violar nossos direitos e
vou estourar seus miolos se não sair da minha casa
antes que eu conte de um até três.
— Vou sair, mas o senhor está expulsando o
homem errado, Eric Mason é o homem que o
senhor deveria manter longe da sua filha.
— Cai fora daqui! — respondeu meu pai
empurrando Ben com o cano do rifle.
Fiquei assistindo toda aquela cena horrível com
meus braços abraçando-me forte.
Benjamin saiu pela porta que entrou e assim
respirei aliviada por meu pai ainda manter aquele

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rifle em casa mesmo não caçando há anos.


— Filha! Está tudo Bem? — perguntou meu
pai.
Eu estava tremendo por dentro, meu coração
estava descompassado e minhas mãos frias como
blocos de gelos.
— Vou ficar bem, só estou assustada.
— Quem era aquele homem?
— O nome dele é Benjamin, e é um dos sócios
da empresa dos Mason, ele acha que está
apaixonando por mim, mas é mentira, ele odeia o
Eric e está querendo me usar para desestruturá-lo e
tomar o seu lugar na empresa.
— Isso é ruim, Eric voltou para sua vida
trazendo a bagagem de problemas dele.
— Pai não é nada disso. O Eric é o melhor
homem que já conheci, está sofrendo muito com a
morte da mãe, e com o afastamento do pai e da
irmã.
—A única coisa que sei é que Eric sempre foi
um abusado, nunca me respeitou. Não caia de
cabeça nesse relacionamento, esse é o único

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conselho que posso te dar.


Virei de costas e saí desmotivada da frente do
meu pai, não adiantava tentar defender o Eric,
sendo que meu pai já tinha sua opinião formada
desde que Eric era seu aluno no colegial, e
desafiava meu pai que era contrário ao nosso
namoro.
Fui até a cozinha tomar um copo de água para
ver se meu corpo parava de tremer, e em seguida
voltei para o ateliê; até ameacei pegar o pincel
novamente, mas minha cabeça não permitiu, então
me sentei na poltrona e me encolhi nela. Passados
alguns minutos meu celular vibrou em meu bolso, e
assim que vi quem era, senti-me aliviada, era o
Eric, e eu não iria contar nada a ele, não queria que
ele viesse a brigar de novo com Benjamin, eu tinha
muito medo que aquilo acabasse em morte, pois a
carga de ódio dos dois parecia ser enorme.
— Oi amor! — atendi tentando não mostrar
meu nervoso.
— Oi, que bom ouvir sua voz meu amor.
— Bom te ouvir também, estou morrendo de
saudades, queria muito que estivesse aqui comigo.
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— O que foi? Aconteceu alguma coisa?


— Não, só não estou suportando a saudade de
você.
— Vou estar aí amanhã de manhã, já falamos
sobre isso.
— Sim, e eu não vejo a hora do amanhã
chegar.
— É só isso mesmo? Estou sentindo uma
tensão na sua voz.
— É meu pai Eric, ele me aborrece.
Eric fez o som de quem sorriu do outro lado,
então me respondeu:
— Seja mais mansa com seu pai, não ia gostar
nada de não poder mais abraçá-lo, de não poder
mais jogar tênis com ele, ou seja...
— Não jogo tênis com meu pai.
Eric gargalhou, dizendo:
— Foi só um exemplo, o que gosta de fazer
com seu pai?
— Jogar carteado.
— Então, é isso, por pior que eles sejam
sempre existe algo que gostamos de fazer com eles.
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— Eric, vem logo! Vem logo, amor.


Eric silenciou e respondeu depois de ponderar.
— Eu vou! Está bem, eu vou, mas agora
preciso voltar ao trabalho, fica bem.
— Vou ficar, te prometo, eu só estou meio
emotiva hoje.
— É, e eu percebi.
— Vai trabalhar, um beijo.
— Beijo meu amor. Anna! Eu amo muito de
você, não me esconda nada, nunca.
— Não vou. — respondi mentindo, e aquilo me
fez sentir muito mal, parecia que Eric sabia que
havia mentido para ele. — Amo você!
Desliguei o celular e fique abraçada com ele,
queria muito que Eric estivesse ali para poder
abraçá-lo forte e para sentir que todos estavam
errados, que Eric não era nada que meu pai e
Benjamin diziam que ele era. Eu sabia que não era
como diziam, mas queria ele em meus braços para
ter a certeza, e só de pensar que a tarde estava só
começando, meu coração se apertou.

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Capítulo 32

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Eric
Falei com Anna ao telefone, e alguns
minutinhos foram suficientes para perceber que ela
não estava bem, algo estava errado e ouvi-la me
pedir para ir a Edmonton, apertou meu coração, ela
precisava dos meus braços e eu não iria ficar aqui
sem fazer nada, então recostei em minha cadeira no
escritório, rodei com ela pensativo e peguei o
telefone em cima da mesa, disquei o ramal 2 e disse
a minha secretária:
— Sue, venha até a minha sala por gentileza.
— Sim, estou indo.
Levei meus dedos em meus olhos e os apertei,
eu estava exausto, mais mentalmente que
fisicamente, trabalhei feito louco nos últimos dias
com meu pai, tentando encontrar a solução mais
adequada para o problema do Edifício 6, que por
sorte ficou provado de uma vez por todas que eu
não havia sido o responsável pelas trocas das
plantas, visto que o chefe de obras disse ao meu pai
que quando eu as entreguei a ele, as plantas
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estavam certas, mas que Benjamin às pegava com


muita regularidade e que ele achava que Ben havia
trocado as plantas sem querer, mas nem meu pai e
nem eu acreditávamos muito que havia sido sem
querer, mesmo meu pai gostando muito de Ben, ela
havia ficado com o pé atrás com a histórias das
plantas.
À porta se abriu e Sue entrou por ela, era uma
mulher muito bonita e muito competente, loira,
esguia e estava completamente formal em seus
trajes de tons pastéis, com um colar de pérolas em
seu pescoço, era muito elegante também.
— Sue, quero que cancele todos os meus
compromissos de hoje, para Segunda-feira na parte
da tarde, e quero que reserve hotel para mim em
Edmonton, para hoje, Sábado e Domingo.
— No de sempre, Eric?
— Sim, no de sempre.
— Algum problema com os edifícios de
Edmonton? — ela me questionou enquanto fazia as
anotações em seu tablet.
— Não, tudo certo por lá, só vou visitar minha
namorada, mas por que a pergunta?
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— É que o senhor Benjamin, fez o mesmo


pedido ontem para Carrie, então fiquei imaginando
que estavam com problemas lá.
Me levantei, apoiei minhas duas mãos em cima
da mesa e questionei surpreso:
— O que foi que disse? Eu acho que não
entendi direito.
— O senhor Benjamin está em Edmonton,
pegou o avião logo bem cedo, hoje.
— Desgraçado!!! — gritei varrendo com as
mãos tudo que estava em cima da minha mesa, pois
uma cólera me queimou por dentro e me consumiu,
explodindo em partículas de ódio e uma vontade
enorme de acabar com aquele canalha.
Me abaixei logo em seguida para apanhar o
porta retratos de minha mãe, e Sue se abaixou
também dizendo:
— Pode deixar Eric, eu arrumo tudo isso para
você.
— Obrigado. — me levantei e fui fazer uma
ligação.
— Gordon, prepare o avião, quero embarcar o

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mais rápido para Edmonton.


— Sim, senhor, vou passar os planos de voo
para o aeroporto, e já te informo o horário.
— Estarei aguardando. — respondi e desliguei.
— Sue, avise ao meu pai que fui para
Edmonton, ele vai saber o porquê, e diga a ele
também que estarei de volta na empresa na
Segunda.
— Ok! Eu aviso o senhor Norman.
Abri minha pasta de couro marrom, guardei
meu Macbook dentro e alguns pertences na pasta
dizendo a Sue:
— Por favor, Sue, me manda todos os
relatórios de hoje por e-mail, principalmente os que
forem saindo do E6, vou trabalhar neles no avião.
— Pode deixar, Eric.
— Até Segunda, Sue.
— Boa viagem, Eric.
— Obrigado. — respondi e fui saindo com
urgência pela porta, deixando-a lá dentro com toda
a bagunça que eu havia feito.
O piloto me avisou que poderíamos partir em
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meia hora, e em uma hora e quarenta minutos eu já


estava embarcando para Edmonton.
Durante a viagem, não conseguia parar de me
questionar o porquê de Anna ter me escondido o
fato de Ben estar em Edmonton, eu estava tentando
evitar pensar loucuras, mas vez ou outra à vontade
de acabar com a raça dele me atormentava. Anna
estava estranha, com certeza já sabia que Ben
estava em Edmonton, e certamente ele já havia
procurado por ela. Canalha! Minha mente gritava
essa palavra durante todo o voo, enquanto eu
tentava trabalhar.
3 horas e 40 minutos depois, eu estava
entrando no carro que aluguei e indo direto para a
casa da Anna, eu estava muito apreensivo para
fazer check-in no Fairmont Hotel Macdonald, meu
preferido para ficar em Edmonton, devido a
comodidade e a tranquilidade, pois tinha uma vista
belíssima do Vale do Rio North Saskatchewan,
construído no início do século XX. Segui direto
para a casa da Anna, e assim que cheguei na porta
toquei a campainha e nada de alguém vir abrir,
toquei novamente, então quando eu ia desistindo,
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escutei o barulho da chave rodando e à porta se


abrindo, e era Anna que havia ido me atender
finalmente.
— Eric! Você veio meu amor! — pulou em
meu pescoço e surpreendeu-me com um beijo
delicioso, eufórico, cheio de saudade e paixão e
assim eu a correspondi sentindo o sabor de seus
lábios, mordendo-os e me deliciando neles.
Anna me puxou para dentro e fechou à porta da
casa.
— Não aguentei te ouvir me pedindo para vir
logo, notei que você estava muito triste e então
resolvi adiantar a viagem.
— Obrigada, obrigada, meu amor. — voltou a
me beijar, segurei firme em sua nuca e fui deixando
aquele beijo se intensificar, apertando-a firme pela
cintura e me esquecendo de toda minha ansiedade
para questioná-la sobre Benjamin. — Você cortou
os cabelos. — passou as duas mãos em meus
cabelos. — Eu amei, adoro você com o cabelo mais
curto.
Estávamos grudados, matando a saudade,
quando escutei a voz que veio do topo da escada.
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— Você voltou seu canalha? Agora eu mato


você. — soltei-me de Anna e fiquei observando o
professor Phil que vinha descendo com um rifle, o
qual eu conhecia muito bem.
E quando se aproximou de mim, disse-me:
— Ufa, você eu conheço, é o filho dos Mason,
Eric.
— Sim professor, sou eu, pode baixar esse
rifle, por favor?
— Lembra-se desse rifle, Eric? — questionou
ele, divertido.
— Sim, claro que me lembro, como se fosse
hoje, o senhor me apontando ele e me expulsando
do quarto de Anna.
— Claro, você não entrava pela porta, estava
sempre pulando a janela.
— Pela porta o senhor não me deixava entrar,
lembra-se?
Ele abaixou a arma, e continuou segurando-a
com uma mão e com a outra me cumprimentou
dizendo:
— Bom vê-lo depois de…?
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— 12 anos.
— Isso, 12 anos. Você mudou bastante.
— Sim, e o senhor também, professor.
— Pai, vai guardar essa arma, pelo amor de
Deus, antes que alguém se machuque. — Anna
disse ao pai, tentando lhe dizer algo com os olhos.
— Eric! Que bom vê-lo, estávamos esperando
você para o jantar de amanhã, espero que não se
incomode em jantar conosco uma comidinha mais
simples do dia a dia. — disse a senhora Charlotte
que entrou na sala e cumprimentou-me, dando-me
um abraço.
— Não se preocupe comigo, vou comer
alguma coisa no restaurante do hotel. — avisei-a.
— De jeito nenhum, faço questão. — insistiu
ela.
— Tudo bem senhora Charlotte, se não for
incomodar.
— Você é o namorado da minha filha, nunca
irá incomodar. — ela respondeu enxugando sua
mão no avental pendurado em sua cintura.
Olhei para Anna, sorri com os olhos, então
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questionei o professor sobre a arma:


— Mas me conta professor Phil, agora o senhor
recebe as visitas com um rifle?
— Não, não, apenas hoje, porquê...
— Pai não! Por favor, vai guardar a arma. —
Anna o interrompeu, fazendo sinal para que ele não
falasse nada.
— O que não quer que seu pai me conte? —
questionei, encarando-a sério, e ela apenas se calou
sem nada me responder, então, voltei a insistir com
o pai dela:
— Professor, por que está armado dessa
forma? Aconteceu alguma coisa?
— Phil, você pode ir buscar o vinho para
gente? — Mais uma vez tentaram impedir que Phil
me respondesse.

Anna
Naquela altura eu já estava em pânico, meu pai
ia acabar contando para o Eric, sobre Benjamin, e
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ele ficaria furioso comigo.


— Está bem meu amor, vou buscar o vinho,
mas antes deixa eu responder à pergunta do Eric.
— disse meu pai levando-me ao colapso.
— Por favor, professor. — disse Eric, então
olhei para meu pai, implorando com os olhos para
que não dissesse nada.
— Estou armado porque hoje eu quase estourei
os miolos de um tal de Benjamin, você deve
conhecer, Anna me disse que ele trabalha lá na sua
empresa.
Eric olhou para mim e questionou:
— Por que não me disse que Ben esteve aqui?
— Pai, o que foi lhe pedi? Por que contou? —
ignorei a pergunta de Eric, que parecia furioso.
Meu pai deu de ombros e eu simplesmente me
virei, abri à porta e saí de casa, fui caminhando no
gramado até chegar na calçada, e encolhida sai
chorando de ódio pela rua, se eu não havia contado
era porque queria evitar um confronto entre Eric e
Benjamin, pois eu temia pela vida do Eric.
— Anna! Espera! — gritou Eric vindo atrás de

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mim, e como não parei, ele correu e me alcançou e


me segurou, perguntando-me:
— Por que não me disse que Benjamin estava
aqui em Edmonton?
Respondi chorando desesperada:
— Porque eu te amo, porque sei como você
ficaria se soubesse que ele esteve aqui e que meu
pai precisou ameaçá-lo com um rifle para expulsá-
lo.
Eric me soltou, e girou desesperado com a mão
em sua cintura.
— Eu sabia que tinha alguma coisa errada, por
isso antecipei a viagem, você deveria ter confiado
em mim.
— Eu confio em você, só não confio naquele
louco do Benjamin. Pelo amor de Deus! Eric, não
quero vê-lo ferido, não quero que nada de ruim te
aconteça se resolver confrontar ele, aquele homem
é louco.
Eric me puxou para ele e me abraçou forte,
dizendo:
— Oh, meu Pôr do Sol, eu estou furioso com

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você, mas eu te amo tanto que consigo entender o


que você está tentando fazer, mas acredite, não vou
mais confrontar o Ben com socos e pontapés, meu
assunto com ele será resolvido de outra forma e ele
irá se arrepender de ter mexido com você e comigo.
— Eu tenho tanto medo, Eric, aquele homem
me deixou com medo hoje.
— Só uma coisa vai me impedir de te deixar
aqui e ir atrás dele no hotel que eu sei que ele se
hospeda.
— O que é?
— Me diga que ele não tocou em você, que ele
não a beijou.
Afastei meu rosto de seu tórax e o respondi:
— Meu pai impediu que isso acontecesse,
chegou bem na hora em que ele me prendia em
seus braços na marra, e foi por pouco, por muito
pouco que meu pai não apertou aquele gatilho, pois
eu vi a ira em seus olhos.
Eric me apertou ainda mais em seus braços.
— Ele não vai parar Anna, não até me ver
destruído.

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— Isso não vai acontecer.


— Não! Não vou deixar porque agora eu tenho
você, e só vou ficar tranquilo quando você estiver
em Toronto e eu não precisar pegar um avião para
te ver.
— Me perdoe, me perdoe meu amor, eu não
deveria ter lhe escondido nada disso.
— Não! Não deveria ter me escondido mesmo,
mas vem, vamos sair desse frio, você não está
vestida adequadamente.
— Não mesmo, pois eu estava indo para o
banho quando você tocou a campainha.
— Você está linda, eu amei de te ver assim,
toda...
— Suja de tinta?
— Não, toda linda, toda à vontade.
Caminhamos de volta para casa, com Eric me
apertando forte e tentando me aquecer, pois o frio
estava demais, e antes de entramos em casa ele me
disse:
— Prometa-me que nunca mais vai me
esconder nada.
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— Já fizemos tantas promessas.


— Anna não estou brincando, eu preciso saber
quando aquele cara se aproximar de você, se eu não
souber não posso te proteger dele.
— Por favor, eu estou apavorada Eric.
Segurou nas laterais de meu rosto e me beijou,
então me disse:
— Só confie em mim, ok?
Assenti balançando à cabeça, e então entramos
em casa, pois meus pais estavam esperando para
jantarmos e conhecendo meu pai, iria comer sem a
gente, se demorássemos mais.

Capítulo 33
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Eric
Anna estava gelada, então abrimos à porta de
sua casa e entramos com urgência, e como não
havia ninguém ali naquele cômodo, segurei em sua
cintura e a trouxe para mim dizendo:
— Vem cá minha Cenourinha, estou morrendo
de saudades dessa boca. — então eu a segurei firme
na cintura e fui para os lábios de Anna, que enfiou
seus dedos em meus cabelos e tratou de
corresponder minha ânsia por ela e por seus lábios,
que me deixavam louco.
Eu a puxava para mim, enquanto nossas
línguas matavam a saudade, era um fogo que nem o
caminhão de bombeiros iria conseguir apagar, e
com meus lábios grudados aos dela, eu sussurrei
questionando:
— Precisamos mesmo ficar para o jantar? —
eu a queria o mais rápido possível, e ficar para
jantar só iria adiar isso.
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— Claro que sim, quer mesmo se indispor com


meu pai? — questionou e continuou me beijando e
rindo ao mesmo tempo, já que fiquei paralisado e
pensando na possibilidade de não me indispor com
um homem que defende sua filha com uma arma de
fogo. — E outra coisa, não me chame de
Cenourinha. — falou e foi se soltando de mim, mas
eu a segurei com força dizendo:
— Ei! Volta aqui, volta, deixa eu te chamar de
Cenourinha, vai Anna.
— Cenourinha?! — disse o professor Phil
entrando na sala.
Olhei para Anna e ela ficou vermelha
instantaneamente, suas bochechas coraram e com
isso suas covinhas nas bochechas ficaram mais
visíveis ainda.
— Cenourinha é coisa da minha mãe, Eric.
Seja mais criativo e a chame de Pimentinha, isso se
quiser saber o quanto de raiva Anna é capaz de ter
de alguém quando a chamam assim. — disse o pai
dela que apareceu do nada, me deixando sem jeito.
— Pai!!! Meu Deus, nem Cenourinha, e nem
Pimentinha, me poupe vocês dois. — Anna
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esbravejou e foi saindo de perto de mim e pedindo


ao pai. — Pode por favor fazer sala ao Eric
enquanto tomo um banho para o jantar?
— Posso sim, Pimen... Quero dizer, filha.
— E posso confiar que quando eu sair do
banho, meu namorado ainda estará me esperando?
— Vai tomar seu banho, Anna, não vou correr
com seu namorado daqui como nos velhos tempos,
se bem que aquilo era bem divertido.
Anna, cruzou os braços, fez cara de que não
gostou e virou às costas sem nada dizer. Eu não via
graça nenhuma quando ele apontava aquela arma
para mim.
Anna estava linda vestida em um macacão
jeans todo manchado de tinta, ela foi subindo a
escada com as mãos enfiadas no bolso e fiquei
admirando sua beleza marcante, que não se
ressaltava apenas em seus cabelos com fios
alaranjados e avermelhados, tudo em Anna tinha
uma beleza peculiar, os traços delicados de sua
face, o tom claro de sua pele, as sardas que se
espalham quase imperceptíveis em seu rosto, colo e
ombros, e os lábios, ah os lábios são algo que se
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destacam e que me enlouquecem, principalmente


quando estão coloridos com tons laranjas, minha
cor preferida nos lábios dela. Quando eu a vi pela
primeira vez na escola, foram seus lábios que me
chamaram atenção de um primeiro momento, eu
senti vontade de beijá-los, eles eram cheios e
perfeitamente moldados naquela face delicada, eu a
amei no mesmo instante.
— Fala a verdade, Charlotte e eu fizemos um
belo trabalho, não fizemos? — Phil me questionou
tirando-me de meu transe enquanto eu olhava Anna
sumir pela escada.
— Ah, sim, concordo plenamente, Anna é
lindíssima, sempre achei isso.
— Bom, você ainda olha para ela com a
mesma cara de bobo de outros tempos, sinal que
ainda gosta dela de verdade.
— Não gosto, professor Phil, eu a amo, amo
sua filha.
— Então não preciso te pedir para não a
magoar, não é?
— Não, claro que não, eu farei tudo que estiver
ao meu alcance para jamais fazê-la sofrer.
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Ele deu dois tapas em meu ombro e disse:


— Acho muito bom, porque você tinha que ver
minha filha te defendendo para aquele homem hoje
aqui. O sujeito disse inclusive que você é um
alcoólatra.
— Professor, não sou uma alcoólatra, apenas
havia ingerido bebida alcoólica no casamento da
minha irmã antes do acidente acontecer, e isso não
faz de mim um alcoólatra.
— Não, não faz.
Me virei em direção a uma tela da Anna que
estava no canto esquerdo, próximo a um canto que
julguei ser de leitura, visto que tinha uma estante
com livros, uma poltrona com estampas de flores
do campo e uma mesa em frente abarrotada de
livros, então dei alguns passos e fui observar a tela
mais de perto, e Anna estava linda naquele
autorretrato, usava um vestido azul celeste e
segurava um caderno rabiscado apertado entre o
peito.
— Vi essa tela em uma exposição uma vez. —
eu estava fascinado.
— Anna não gosta muito que eu a mantenha
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aqui na sala, ela faz seus autorretratos para expor,


mas não gosta de vendê-los nem que fiquem assim
tão à vista.
— Tenho um dos quadros dela em minha casa.
— É, eu já sei que foi você quem o comprou,
ela me disse quando voltou de Toronto, e me tirou
um peso enorme das costas, sabe!
— Um peso? — virei em sua direção.
— Sim, aquela tela salvou minha casa, meu
casamento, minha vida, e também me afastou da
minha filha, já que quando perdi a casa no cassino e
ela se viu obrigada a vender seu autorretrato, não
tinha nada que ela odiasse mais do que ter vendido
a tela para um tarado qualquer, e sempre que tem
oportunidade trata de me lembrar disso.
— Isso eu não sou, pode acreditar— falei.
— O que? O que você, não é?
— Um tarado qualquer.
— Ah, sim, claro que não, tenho que confessar
que me senti aliviado quando ela me contou sobre
isso, mas venha comigo, vamos escolher um bom
vinho em minha modesta adega, afinal de contas

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não foi só carteado que minha sogra me ensinou a


gostar.

Anna
Assim que terminei meu banho, me troquei e
coloquei um vestido que eu amava, era jeans de
mangas compridas, meias pretas de fio grosso,
botas pretas de cano curto e fiz uma maquiagem
bem leve. Quando cheguei às escadas, vi uma cena
um tanto inacreditável, se alguém me contasse que
Phill Hall e Eric Mason estavam sentados no sofá,
cada qual com uma taça de vinho, beliscando
algum queijo qualquer, e rindo, rindo muito alto e
gargalhando a ponto de Eric jogar sua cabeça para
trás, eu iria dizer que era mentira ou uma
alucinação. Sem querer atrapalhar, me sentei em
um degrau da escada e fiquei escutando a conversa
deles.
— Nada disso, a culpa foi do senhor que
encostou o cano daquele rifle em mim.
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— Você é que é um desastrado, rapaz, e além


do mais, você estava invadindo à minha casa, eu
bem poderia ter chamado a polícia. Mas que foi
muito engraçado foi.
Ambos caíram na gargalhada novamente, então
de onde eu estava perguntei:
— Por acaso esse vinho saiu direto da fonte da
felicidade, foi?
Então, Eric foi quem me respondeu:
— Amor, desce aqui, seu pai e eu estávamos
relembrando a vez que cai da árvore, aquela que
ficava embaixo da sua janela.
— Eric, aquele dia você quebrou uma perna,
não tem tanta graça nisso. — me levantei e fui
descendo.
— Amor! Relaxa, foi complicado na época,
mas agora é tempo de relembrar e rir do
acontecido.
— Sei! — Eric estendeu sua taça de vinho a
mim e beberiquei dela, e era um afável tinto, bem
diferente dos vinhos que vovó Emma costumava
tomar.

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— Queridos, vamos jantar logo antes que esfrie


tudo e eu precise esquentar novamente. — disse
minha mãe, e assim todos seguimos para a mesa.
Em anos eu não tinha um jantar tão agradável
sentada na mesma mesa que meu pai. Eric e ele
pareciam amigos de longa data, e de fato se
conheciam de longa data, mas sempre trocaram
farpas, e ver meu pai tão descontraído com Eric,
rindo ambos de suas histórias do tempo em que
Eric era seu aluno, fez-me pensar se o homem que
estava ali era o mesmo que havia me mandado não
cair de cabeça no meu relacionamento com o Eric,
e assim fiquei só observando.
Tenho que confessar, o jantar foi
agradabilíssimo, com meu pai inclusive convidando
o Eric para dormir em casa já que haviam bebido.
Mamãe e eu ficamos de queixo caído e próximo das
dez da noite meu pai se recolheu, falando pelos
cotovelos, pois havia bebido demais, e assim
aproveitei para avisar minha mãe que sairia com o
Eric.
— Mamãe, vou sair com o Eric e não sei a que
horas volto.
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— Tudo bem, filha, vai curtir seu namorado.


— veio até mim e me deu um beijo. — Cuida bem
da minha filha, Eric.
— Sempre! — ele respondeu.
Mamãe se retirou e fui buscar meu sobretudo
pois estava frio, e quando voltei Eric estava
olhando a tela, eu o abracei por trás e questionei:
— Gostou dessa?
— Muito, uma vez eu a vi em uma exposição
aqui em uma galeria de Edmonton, tentei comprá-la
também, mas a resposta foi a mesma de todas as
outras vezes que tentei comprar seus autorretratos.
— ele riu e passou seus braços por meu corpo
fazendo-me ficar ao seu lado.
— Vamos? Estou que não me aguento de
saudades de você. — disse me apertando.
— A é? E mesmo assim só viria amanhã?
— Eu não ia aguentar até amanhã, quando você
desligou o telefone hoje depois do almoço, eu já
chamei a Sue e avisei para transferir todos os meus
compromissos para Segunda. E fiquei louco quando
ela falou que Ben estava em Edmonton.

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— Então você já sabia? — mexi inquieta.


— Soube depois que falei com você, e foi mais
um motivo para eu vir voando para cá.
— Não quero mais falar daquele homem.
— Está bem, melhor coisa mesmo, podemos
ir?
— Sim, estou louca para ir. — abracei-o forte e
o beijei e em seguida o mordi nos lábios, fazendo-o
apertar seus dedos em minhas costas.
— Não me provoque Anna Beatriz, ou vou
perder minha cabeça e não teremos tempo de
chegar no hotel.
— Humm! E onde pretende perder sua cabeça
comigo?
Eric olhou para o sofá e em seguida grudou em
meu rosto, enfiou seus dedos em meus cabelos e
simplesmente me violentou em um beijo devorador,
onde tanto me grudava pela cintura, quanto me
puxava pelos cabelos me levando para seus lábios.
Sua excitação podia ser sentida, sua ereção roçava
em mim, enlouquecendo-me, me deixando de
pernas moles.

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— Vamos sair daqui logo, amor, ou não


respondo pelos meus atos.

Capítulo 34
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Anna
Eric estava animado demais em todos os
sentidos, e saiu me puxando para fora de casa ou
precisaríamos usar o sofá como cama e ainda correr
o risco de meu pai nos surpreender naquela
situação. Assim que colocamos nossos pés no
gramado, Eric pegou meu sobretudo em suas mãos
e o vestiu em meu corpo, e ele tinha certos gestos
que me faziam pensar que ele foi um lorde em
outra vida, tamanha era sua postura cavalheiresca,
de uma gentileza que não vi em nenhum dos
homens com quem tive algum tipo de
relacionamento. Terminou de me vestir e me
abraçou forte segurando em minha cabeça
firmando-a em seu tórax e dizendo-me:
— Você nasceu para ser minha. — me olhou
nos olhos e deu-me um beijo carinhoso na testa. —
Vamos, está muito frio aqui fora.
Ainda era outono, mas as noites desta estação
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eram incrivelmente geladas em Edmonton, já havia


inclusive uma forte neblina se espalhando por toda
a rua.
Assim que entramos no carro, Eric ligou o
aquecedor, e em seguida o motor e foi se afastando
da minha casa. No caminho foi me contando todas
as armações do Benjamin, me dizendo inclusive
que tinha certeza que Ben armou tudo sobre as
trocas das plantas para incriminá-lo, mas Eric foi
muito mais além, disse-me que Benjamin nunca
imaginava que Eric fosse voltar para o trabalho na
empresa, e que sendo assim, quando o problema
fosse notificado ao Ben, ele não iria interditar a
obra e a mesma não iria aguentar as toneladas que
seriam postas em cima do andar 25 e fatidicamente
desabaria matando todos os trabalhadores, e isso
seria a falência da Mason, então suas ações
despencariam no mercado, momento em que
Benjamin daria o golpe, comprando as ações e se
tornando o acionista majoritário, visto que uma
queda dessas levaria Eric e seu pai a falência.
— Você não sabe Anna, mas não me tirou
apenas daquela depressão, você salvou a Mason,
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porque se você não tivesse ido à festa do Freddy, eu


ainda estaria fechado na mansão me torturando dia
e noite e não teria interditado o prédio. — Concluiu
Eric tocando em meu rosto com carinho.
— As coisas acontecem como tem que ser, e eu
não perderia a oportunidade de te rever por nada no
mundo, confesso que fiquei temerosa, já que eu não
conhecia mais o Eric que estaria na festa.
— Eu sou o mesmo Eric de quando roubou um
beijo seu atrás do armário do banheiro feminino.
Arregalei os olhos, tapei a boca surpresa me
lembrando daquele episódio.
— Eric aquilo foi loucura, você sempre fez
loucuras.
— Sim, todas por você, que fazia questão de
ficar fugindo de mim.
— Você era o filho de um magnata da
construção e eu apenas a ruivinha sardenta, filha do
professor de matemática.
— Você era a aluna mais linda de toda a
escola, a ruivinha sardenta era quem despertava
ciúmes em todas as garotas, e por isso elas te

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enchiam de apelidos idiotas.


— Isso é por sua conta, porque estava
apaixonado e seus olhos viam coisas.
— Não eram os meus olhos apaixonados, era
você Anna, e sua beleza intrigante. Você sempre
foi linda. — segurei suas mãos em meu rosto, e
seus olhos brilhavam ao me olhar, Eric era
simplesmente um homem fascinante.
Seguimos conversando e relembrando muitas
coisas da nossa adolescência, então de longe avistei
a fachada roxa e luminescente do Cassino
Edmonton, lugar onde meu pai frequentava e
apostou nossa casa e a perdeu. Eu odiava aquele
lugar, e assim fechei a cara e me virei para o lado
de Eric e me encolhi no banco.
— Foi aqui? — Eric questionou.
— Sim! — respondi monossilábica dando a
entender que não queria falar sobre aquilo.
— Não foi tão ruim assim, lembra que fui eu o
comprador da sua tela em um momento Mona Lisa
gostosa.
— Eric! — bati em seu braço.

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— Ai! Não faz assim que eu me apaixono


ainda mais. — piscou sedutor para mim.
— Não seja bobo.
Ficou me olhando enquanto dirigia, e falou:
— Acho que vou passar a vida inteira me
apaixonando por cada gesto seu, cada carinha, cada
sorriso, cada sarda.
Meneei à cabeça sorrindo e negativando, então
questionei:
— Onde está hospedado? Você ainda não me
disse.
— Ah, é porque ainda não estou hospedado,
não fiz check-in ainda. — levantou as sobrancelhas
fazendo cara de bobo.
— Por quê?
— Desci do avião e fui direto para sua casa.
— Está certo, mas você tem reserva em algum
lugar? Não tem?
— Claro que sim, amor. Sue, minha secretária
é quem cuida de tudo para mim.
— Sue! Humm, você falou o nome dela duas
vezes hoje.
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Eric gargalhou gostoso, com os olhos


apertadinhos, e disse:
— Está com ciúmes da Sue? Não, não fique,
ela gosta das mesmas coisas que eu. Entendeu?
— Humm, entendi e adorei.
— Você não existe Anna Beatriz Hall.
Quando levei meus olhos para frente para
tentar me localizar, vi que estávamos na Street NW
e de longe já vi toda a opulência do Fairmont Hotel
Macdonald, todo iluminado, e mais parecia um
castelo com suas torres altas em estilo clássicos do
que um hotel, era simplesmente o melhor hotel de
luxo de Edmonton, onde as estrelas do mundo todo
se hospedavam, o mais lindo que eu já tinha visto,
por fora é claro, pois jamais me imaginei entrando
nele.
— Sua reserva é no Mac? — questionei
olhando a imagem do hotel que cada vez foi
ficando mais próxima.
— Sim, é meu hotel preferido aqui em
Edmonton, tenho sempre que vir para cá visitar as
obras e é aqui que gosto de ficar, é tranquilo e tem
ar puro pela manhã.
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— Ah! — disse apenas toda embasbacada.


Eric parou na frente do hotel e logo o
manobrista me provou que Eric disse a verdade
sobre estar sempre ali.
— Boa noite senhor Mason, fez boa viagem?
— Sim, Clive, fiz uma excelente viagem. —
respondeu entregando as chaves do carro.
— Boa noite senhorita. — disse o homem alto,
trajado de forma elegante com camisa branca,
sobreposta por um colete preto e com as calças
também pretas. — Tenha uma boa estadia no
Fairmont Macdonald.
— Obrigada!
Eric segurou em minha mão e juntos fomos
entrando no luxuoso hotel em forma de castelo, eu
estava tão encantada que fui capaz de contar os
degraus que nos levariam à porta de entrada, Já a
fachada do hotel era belíssima, e nem sei como
descrever o que senti quando atravessei aquelas
portas, e dei de um topo com um Hall de entrada
maravilhoso que emanava nada além de muito
charme e elegância clássica. Um homem trajado
elegantemente nos acompanhou até o lobby e no
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caminho conversava com Eric como se fossem


amigos de muitos anos.
— Estávamos esperando pelo senhor. — disse
a recepcionista, loira de cabelos Chanel. — Sue
reservou a suíte, Queen Elizabeth II, está de acordo
senhor Mason?
Meu coração quase saiu pela boca quando ouvi
a palavra Suíte Queen Elizabeth II, pois era um
sonho muito antigo conhecer aquele quarto.
— Sim, Karen, está perfeito.
— Ótimo, seu cartão. — entregou a Eric o
cartão da porta da suíte.
Quando Eric e eu, chegamos na porta, e eu vi a
placa dourada com a descrição 807, 809 Elizabeth
II Suite, meus olhos simplesmente ficaram na
expectativa para quando Eric passasse aquele
cartão e eu entrasse. Eu estava ansiosa demais.
Então Eric passou o cartão na porta, levou suas
mãos na fechadura dourada e abriu à porta da Suíte
mais cobiçada do Mac, então Eric tocou em minhas
costas incentivando-me a entrar, e quando coloquei
meus pés naquele ambiente, me senti voltando no
tempo, era lindo demais, então, meus olhos foram
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direto para a escadaria que levava a um andar


superior, eu já havia visto aquele escada em muitos
jornais e revistas onde falava dos famosos.
— Ah, meu Deus, Eric! É tão... — fiquei sem
palavras rodando feito boba ao observar toda a
elegância daquela suíte.
— Clássico? Retrô? — sugeriu Eric.
— Romântico! Lírico! — falei com o tom de
voz arrastado, completamente encantada.
Eric caiu na gargalhada dizendo:
— Anna, eu sabia que você iria amar, eu nunca
fiquei nessa suíte, mas hoje eu fiz questão porque
eu sabia que iria ver esse brilho em seu olhar.
Suspirei alto inflando o peito e saí caminhando
pela sala de estar como se tivesse voltado no
tempo, como se eu fosse a própria rainha Elizabeth,
toquei no estofado macio do sofá azul aveludado,
ladeado por duas poltronas clássicas em tons
pastéis e um belíssimo tapete persa os sustentava.
Olhei para a escadaria que levava ao segundo
andar, e subi devagar, arrastando minhas mãos
sobre o corrimão, então lá de cima vi Eric me

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observando com um sorriso satisfatório no rosto.


— E então, o que está achando? — questionou-
me parado lá embaixo, estaticamente com sua
costumeira pose com as mãos no bolso, e eu amava
vê-lo naquela pose de homem autoritário, de cabeça
erguida e ombros alinhados.
— Eu amei! É tudo tão lindo, estou me
sentindo a própria rainha Elizabeth.
Eric caminhou pela sala e veio até mim
subindo os degraus da escada.
— Bom, toda rainha precisa de um rei bem
limpinho, sendo assim, minha rainha, eu lhe
informo que vou tomar um banho, já que só passei
em casa muito rápido para apanhar minha mala. —
segurou em minha cintura e deu-me um beijo de
leve em meus lábios.
— Sim, majestade! Estarei aqui te esperando.
— Vem ver a cama. — direcionou-me para
dentro do quarto, e lá estava a tão desejada cama
king-size onde muitas celebridades já haviam
dormido, e estava linda toda em renda palha, com o
cobre leito marrom enfeitando a cama em uma
faixa nos pés.
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Passei a mão e disse:


— Vou te esperar aqui.
Eric sorriu, foi até o canto esquerdo e apanhou
uma garrafa de Champanhe em cima de uma mesa
de madeira escura, abriu a garrafa e serviu duas
taças, veio em minha direção e me entregou uma.
— E o que vamos brindar, meu rei?
— Você!
— Eu?!
— Sim, sua volta para o lugar de onde nunca
deveria ter saído.
— E onde é esse lugar, posso saber?
— Minha vida!
Encostou sua taça de leve na minha e disse ao
me encarar:
— Um brinde a você, Anna Beatriz.
Sorri e tomei da bebida borbulhante e
adocicada, e estava deliciosa.
Eric veio até mim e beijou-me novamente com
o gosto do champanhe em seus lábios.
— Já volto, não vai fugir de mim.

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— Não vou!

Capítulo 35

Anna
Eric virou de costas para mim e foi abrindo os
botões de sua camisa bege e foi entrando no
banheiro, fiquei observando o momento em que ele
a retirou de seu corpo deixando seus ombros largos
e costas bem definidas à mostra, ele era forte,
deliciosamente forte, senti uma vontade enorme de
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ir até ele e tocar nelas com a ponta dos meus dedos,


mas preferi respeitar, já que ele preferiu tomar um
banho sozinho.
Tomei o restante do champanhe em minha taça
e peguei a garrafa e voltei a encher minha taça, fiz
isso, uma, duas vezes, então, parei na frente do
quadro da rainha Elizabeth e do rei George e fiquei
tentando controlar minha impetuosidade e vontade
de entrar no banheiro, eu olhava para o quadro e
para à porta do banheiro, e não consegui me conter,
retirei meu sobretudo preto e o deixei em cima da
cama; entrei no banheiro, e ele era lindo como todo
o restante da suíte, em tons de creme, caminhei de
mansinho e toquei em dois roupões que estava
pendurados em cabides, em seguida alisei as bordas
de uma hidromassagem que só cabia uma pessoa, e
pensei: Como vamos caber os dois aí dentro?
Então me abaixei em direção a meus pés e retirei
minhas botas, em seguida retirei a meia e abri os
primeiros botões do meu vestido, deixando à
mostra todo o colo do meu peito, abri o box cheio
de fumaça e falei como quem não quer nada:
— Acho que também vou me lavar novamente.
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— levei minhas mãos em meu vestido e mostrei um


pouco do meu colo a ele dizendo. — Acho que não
me lavei direito, está vendo essas manchinhas?
Acho que é tinta.
— Você acha? — questionou Eric me
encarando com os olhos que transmitiam apenas
luxúria. — Entra aqui, vou limpar para você.
Aquele tom de voz grave, misturado a toda
carga de sensualidade fez todas as borboletas do
mundo voarem em meu estômago e pousarem em
meu útero dando uma pontada forte de tesão.
Ele estava deliciosamente cheio de espuma, e o
cheiro estava muito bom, então fui abrindo os
botões do meu vestido e o retirei do meu corpo,
encarando-o e foi a conta de eu me virar para trás e
pendurá-lo em um cabide, para Eric me puxar para
dentro do box e fechar à porta. Eu havia feito um
coque em meu cabelo, coisa que Eric desfez assim
que enfiou seus dedos neles e me levou para seus
lábios, enquanto dizia:
— Anna, você me enlouquece. — beijou-me
enfurecido, chupando meus lábios e os mordendo
cheio de tesão, Eric brincava com meus lábios, e
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assim uma dança sedutora entre nossas línguas


havia começado, levando-me a um desejo
irrefreável por ele, fazendo-me contrair todas as
partes delicadas de meu corpo e isso incluía minha
vagina que estava simplesmente faiscando e se
umedecendo prontamente, ficando receptiva ao
homem que eu amava desesperadamente. Eric saiu
de meus lábios, e eu continue com os olhos
fechados na ânsia por mais, eu estava ávida pelos
lábios dele, pois Eric tinha um beijo delicioso
demais, afrodisíaco demais, ele me segurava de um
jeito, grudado em meus cabelos que simplesmente
me desestruturava, e eu queria mais e mais daquele
beijo. Tirei minha lingerie preta que naquela altura
já estava molhada, e deixei cair no chão do box.
Eric pegou a esponja que estava usando, foi ao
vidro de sabonete líquido e espirrou na esponja e
veio com ela em meu corpo e passou a me limpar
com ela, esfregando-a em meus ombros, e desceu
para o colo do meu peito, e ali ele se demorou um
pouco mais, eu estava simplesmente ficando cada
vez mais louca com ele me lavando daquele jeito,
então me disse:

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— Acho que se enganou amor, essas pintinhas


são as suas sardas. — ele sorriu sedutor, e voltou a
me beijar enquanto continuava passando aquela
esponja em meu corpo, e tive um sobressalto no
exato momento em que ele a levou ao meio de
minhas pernas e passou em minha vagina,
esfregando-a e fazendo-me contorcer toda com a
respiração excitada com todo aquele clima cheio de
lascívia e sensualidade, e senti quando Eric deixou
a esponja cair no chão e continuar tocando-me com
seus dedos.
A água caia muito quente em nossos corpos e
uma nuvem densa de vapor tomou conta do box.
— Oh! — gemi assim que seus dedos me
penetraram, entrando e saindo de mim tomando o
lugar da esponja, e eles iam fundo e depois
voltavam e passeavam em meu clitóris deixando-
me enlouquecida.
— Não aguentou me esperar, não foi? Hein? —
questionou-me com seus lábios em minha orelha,
mordendo e chupando logo em seguida.
— Eu estava louca de saudade dos seus braços.
— Só dos braços. — riu enquanto me
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perguntou.
— Não, não, ohh! Eric. — eu mal conseguia
falar com ele enfiando seus dedos em mim,
masturbando e me dilacerando em seus lábios
úmidos.
Virou-me de costas, e com meu corpo grudado
ao dele continuou me castigando com seus dedos
longos e deliciosos, enquanto que com a outra mão
segurava firme em minha mão com nossos dedos
entrelaçados.
Deitei com meu pescoço em seu ombro e meu
corpo serpenteava em busca de seus dedos, eu
estava mole, completamente enlouquecida,
principalmente porque eu sentia a ereção dele roçar
em minha bunda, e ser tocada por ele daquela
forma aumentava ainda mais minha vontade de
senti-lo dentro de mim, então soltei minha mão que
estava presa à dele e passei a acariciar toda a
extensão do pau dele, que estava rígido demais,
forte demais, e quando sentiu o calor de minhas
mãos, ele gemeu no pé do meu ouvido.
— Oh! Oh! Anna, venha cá. — me virou e
agarrou suas mãos em minhas nádegas, impulsiono-
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me e me fez enlaçar sua cintura enquanto segurei


firme em seu pescoço e o beijei sedenta. Seus
dedos afundaram em minhas nádegas, e Eric
encostou seus lábios em meus ouvidos e
questionou-me:
— Só me diga que fez o que te pedi, sobre o
anticoncepcional.
— Sim, sim meu amor.
E logo que respondi, senti Eric começar a se
encaixar em mim, e quando foi me preenchendo,
com seu pau que nada além de delicioso e enorme,
senti minha vagina relaxar devido a tanto prazer
que eu estava sentindo, Eric foi se enfiando
devagar, se unindo a mim e me beijando com
carinho, e quando estava inteiro em mim passou a
movimentar minha bunda em direção ao seu pau, se
enfiando e saindo de mim de forma calma,
compassada e meticulosamente deliciosa. Eu estava
suspensa e sendo segura apenas por seu pau, suas
mãos em minhas nádegas e meus braços em volta
de seu pescoço. Nossos corpos eram a paixão pura
e personificada, nossos movimentos eram intensos,
e quanto mais Eric me preenchia, estocando,
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metendo forte e concentrado, mais entorpecida de


amor eu ficava. Minhas mãos grudaram em seu
pescoço, meus dedos o arranhavam em sua nuca a
cada gemido delicioso dele, eu amava ouvir seus
gemidos, e amava ainda mais saber que eu os
provocava que um homem lindo e encantador como
Eric, gemia ao pé do ouvido dizendo coisas
deliciosas como:
— Você ainda vai me matar de tanto tesão.
Metia, metia, metia, com seus dedos afundados
em mim, e ia fundo, dando estocadas cadenciadas e
fundas, e por vezes mexia tão lentamente,
aproveitando dos meus lábios, beijando-me com
carinho e mordendo-me.
Eric desligou o chuveiro, abriu à porta do box e
foi caminhando comigo até a hidromassagem
minúscula em formato redondo e quando se
aproximou, colocou-me no chão e ligou as torneiras
da banheira. Todo o ambiente da suíte era
climatizado, então meu corpo ainda continuava
quente.
Eric entrou na banheira com ela ainda vazia e
disse:
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— Vem amor, quero te amar aqui dentro.


— Eric só cabe uma pessoa aí dentro.
— Somos só um, vem aqui, senta no meu pau e
descubra que eu tenho razão.
Tenho certeza que meu rosto ardeu em chamas
de ouvi-lo falar daquela forma, e assim subi as
escadas e entrei na banheira encarando-o, ele
segurou em minhas mãos e puxou-me para ele,
então me disse:
— Senta aqui, amor, senta. — disse
penetrando-me com o olhar mais sedutor e
persuasivo do mundo, tudo em Eric era gostoso
demais, desde sua voz até o local onde me mandou
sentar, e assim com a água subindo, fui sentar
exatamente onde ele me pediu, encaixando-me em
seu pau ereto e duro, duro demais, e com ele
segurando em minha cintura fui descendo meu
corpo em cima de sua ereção deliciosa, e assim
fechei meus olhos, sentindo-me ser invadida
enquanto Eric levou sua boca em meu seio que
estavam completamente eriçados com o volume
duplicado. Segurei na borda da banheira e passei a
subir e descer no pau dele, mexendo, rebolando e
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galopando deliciosamente nele, com sua boca


chupando meus seios e me enlouquecendo quando
passava a língua em volta deles.
Eric me deixava completamente extasiada, ele
tanto me grudava no pescoço e me beijava
loucamente enfiando sua língua grossa dentro da
minha quanto chupava meus seios me levando a
loucura. Estar por cima naquela posição já me
tirava fora do ar, pois o contato do meu clitóris se
esfregando nele já era enlouquecedor, e com Eric
sugando meus seios e passando a língua sobre a
auréola ficava ainda melhor, minha mente delirava,
meus olhos reviraram e ele estocava, estocava,
metia, pof, pof, pof... E quando grudou seus dedos
em meus cabelos e me levou até seus lábios,
estocando, gemendo, transpirando, com a fumaça
da banheira subindo, minha mente anuviou, meu
corpo se enfraqueceu, e enfim os tremores
enlouquecedores, que percorreram meu corpo
fizeram todas as terminações de minha vagina se
apertarem e me destruíram em um orgasmo
aniquilador. Eu não estava mais ali, minhas forças
se esvaíram de mim.

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— Oh! Ohh!
— Oh meu amor, meu amor que delícia!
Vendo que minhas forças haviam me
abandonado, Eric se ajeitou na banheira ficando
com um de seu joelhos dobrados no degrau da
banheira e a outra perna estendida, segurou firme
em minhas costas com uma das mãos e com a outra
segurando minha perna, grudei com uma de minhas
mãos em seu pescoço e a outra segurei na borda,
então me larguei em suas mãos com Eric me
comendo sem parar, metendo, se enfiando fundo,
cadenciado. Eu estava entregue em seus braços, tão
mole quanto uma boneca de pano, e ele bombava,
bombava, e voltou chupar os meus seios.
— Ohh, ohh, Anna, Anna, oh! Oh.
Eric gozou dentro de mim, gemendo e urrando
em um orgasmo delicioso e quando escutei o som
de seu prazer, senti tudo tremer novamente, e um
novo orgasmo acabou de me destruir
completamente.
— Eric! Ohh! Ohh.
— Isso, isso amor, quer me matar assim?

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Então, Eric me segurou firme quando eu tive


meu segundo orgasmo daquela noite, eu não
conseguia mais controlar meu corpo, e assim Eric
se sentou na banheira e eu me debrucei sobre ele,
completamente desfalecida, com ele beijando
demoradamente meus lábios.
— Meu Pôr do Sol. — disse e me apertou forte
em seus braços.
Ali, unidos por nosso amor, todos os problemas
do mundo ficaram minúsculos, Ben virou uma
pedra diminuta, e todas as feridas que um dia abri
em Eric escolhendo me manter longe dele, estavam
completamente cicatrizadas.
— Obrigada, obrigada por me proporcionar
isso

Capítulo 36

Eric
Depois de se empolgar muito por estar se
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deitando em uma cama onde tantos famosos


haviam dormido, Anna e eu fizemos amor
novamente nos lençóis egípcios do hotel, para
tirarmos todo o atraso, e ela simplesmente
adormeceu exausta nos meus braços, e assim passei
um longo tempo tocando-a com carinho e
contornando os traços de sua face delicada,
enquanto o som de seu sono era leve. Anna era a
mulher que sua fragilidade era visível só em seus
traços, visto que era geniosa demais, sinal disso era
não conseguir perdoar o pai pela perda da casa
deles, sendo que ela precisou vender uma de suas
telas para resolver o problema do pai, ela era
independente demais e muito, muito sensível,
acredito que Anna se colocou em uma caixa ainda
na adolescência, quando era constantemente
apontada como diferente, devido a linda cor
arruivada de seus cabelos, cor essa que eu
simplesmente amava.
Fiquei pensando em muitas coisas sem
conseguir pegar no sono, e isso acontecia com
muita frequência, meus fantasmas não me
atormentavam apenas porque perdi minha mãe de

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uma forma trágica, era porque com ela também


perdi meu pai e Jane, e o que mais me doía era o
afastamento do meu pai, sendo que éramos grandes
amigos, e saber que aos poucos estávamos nos
falando, me dava um certo alívio, contudo o
fantasma que mais vinha me tirando o sono no
momento se chama Benjamin, o homem que
sempre quis estar a frente tudo quando estávamos
trabalhando juntos, um homem cujo sua inveja
nunca tentou camuflar, principalmente quando
tentava comprar ações da Mason sem tentar
esconder de ninguém. Meu pai sempre achou
normal o interesse de Ben subir na empresa, já eu,
sempre tive o pé atrás, e agora com ele investindo
forte em Anna, as coisas só pioravam, eu realmente
estava assustado com a audácia dele em ir procurá-
la em sua casa, mesmo sabendo que ela é minha
namorada, e eu tendo o proibido de se aproximar
dela.
Já era de madrugada quando consegui pegar no
sono, e era muito cedo quando acordei, e assim
tomei meu banho e fiquei na varanda apreciando a
vista dos jardins do hotel e do belíssimo cenário

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que era o vale do majestoso rio North


Saskatchewan, que se estendia em um risco
amarelado e verde cortando o horizonte flanqueado
pela vegetação amarelada da época. O café da
manhã já havia sido servido na sala de jantar, e a
mesa estava repleta de saborosos pães, torradas,
bolos, frutas variadas, iogurte, muffins, croissant,
chá, café e sucos, muitos queijos, batatas, ovos e
salmão, no Mac era tudo muito sofisticado sempre.
Anna acordou, passou pela mesa, apanhou um
cacho de uva e veio até mim na varanda e se
debruçou no guarda corpo, dizendo:
— Bom dia meu amor!
— Bom dia! — aproximei-me dela e a beijei
em seus lábios. — Dormiu bem?
— Como uma rainha. — respondeu sorridente,
havia acordado corada e radiante.
— Ah é? E como sabe que uma rainha dorme
bem?
Anna ponderou antes de responder, então
retrucou:
— Só imagino, posso sonhar com uma rainha

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que dorme à noite toda sem preocupações? —


questionou divertida, então percebi que ela havia
acordado de muito bom humor.
— Claro que pode. — ela era lindíssima até
tendo acabado de acordar, eu ficava bobo
observando tanta beleza. — Você está linda essa
manhã.
— Obrigada! — respirou profundo e disse: —
Bem que você disse que o ar aqui é puro.
— Sim, olha essa vista! — Anna direcionou
seus olhos amendoados para o rio e levou o cacho
de uva na boca e mordeu um bago.
— Humm! Amor prova isso. — tirou um bago
da uva e levou até meus lábios, senti o sabor doce
da uva invadir minha boca, então eu a puxei para
mim e a beijei dando leves selinhos e mordiscando
seus lábios.
— Deliciosa! — falei sorrindo enquanto nossos
lábios estavam grudados.
— Obrigada!
— Estou falando da uva. — respondi sério
querendo rir da cara que ela fez.

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Anna ficou sem graça e tratei logo de dizer.


— Você também é deliciosa. — puxei-a para
mim e ela inclinou seu corpo para trás impedindo-
me de beijá-la e assim, resmungou:
— E você muito engraçadinho, senhor Eric
Mason.
— Eu me esforço bastante. — pisquei para ela.
— Você não dormiu bem, não é? —
questionou-me entrelaçando meu pescoço com seu
braço.
— Preocupado com algumas coisas.
— Humm! Posso te ajudar?
— Não meu amor, coisas do trabalho.
— Benjamin?
— Também. Ontem quando cheguei, meu pai
me ligou e me pediu para visitar as obras aqui em
Edmonton, e daqui a exatamente uma hora e meia
terei uma reunião com um dos engenheiros dos
edifícios aqui de Edmonton, e trabalhar nessa
manhã era tudo que eu não queria para o dia de
hoje, mas meu pai confiou isso a mim.
— Se ele confia em você, eu também confio,
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vai lá e cuida da sua empresa.


Bufei apertando-a.
— Anna, vim até aqui para ficar com você, e
eu queria muito, muito te jogar naquela cama e te
amar a manhã toda, mas preciso te levar para casa e
ir encontrar o Jimmy, o engenheiro chefe aqui em
Edmonton, e isso é uma tortura.
— Teremos à noite toda para usar aquela cama,
novamente, que por sinal achei que iria pegar fogo
naqueles lençóis egípcios chiquérrimos. — disse-
me ela. — E hoje à tarde você prometeu me ajudar,
lembra?
— Claro que me lembro, vou amar passar a
tarde com você. — respondi abraçando-a forte.
Anna e eu aproveitamos o café da manhã
maravilhoso e depois contra minha vontade, eu a
levei para casa.
— Mãe! Cheguei. — disse Anna indo até a
cozinha ao encontro de Charlotte.
— Bom dia, Eric. — disse-me a mãe de Anna,
que estava cortando alguns legumes na pia.
— Bom dia Senhora Charlotte.

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— Eric, você vai ficar para o almoço, não vai?


Vou preparar a torta de carne preferida da Anna.
Enfiei as mãos no bolso da calça e a respondi:
— Ah, eu sinto muito, mas vou almoçar com
um dos engenheiros da empresa, não era minha
intenção, mas terei que trabalhar na parte da
manhã.
— Que pena, mas eu compreendo, então vem
jantar, não vem? — insistiu Charlotte.
Ponderei antes de responder, e olhei para Anna
que me salvou respondendo-a:
— Mãe! Não iremos jantar em casa novamente,
Eric e eu temos outros planos. — pegou um pedaço
de cenoura e mordeu piscando para mim sedutora
sem que a mãe visse o quão provocativa sua filha
era. Aquele olhar me desestruturava, e fazia-me
lembrar o quão provocativa Anna conseguia ser só
com um simples olhar.
Sorri de canto para Anna, balançando a cabeça
e respondendo-a:
— Exatamente! — naquele exato momento
meu celular vibrou em meu bolso. — Com licença,

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preciso atender essa ligação. — avisei a elas e


atendi.
— Jimmy, bom dia! Ah, sim, chego aí em dez
minutos. Como é que é? — perguntei encarando
Anna, e em seguida, me virei e fui caminhando
rumo a sala. — Jimmy, segura ele aí, enrola
bastante que já estou chegando, não o deixe sair
daí.
Desliguei e voltei a cozinha, fui até Anna,
segurei em seu queixo com suavidade, dei-lhe um
beijo, avisando-a:
— Amor, preciso ir, volto na parte da tarde,
está bem?
— Algum problema? — ela questionou
assustada com o telefonema do Jimmy.
— Não, é só o Jimmy me avisando que já está
no prédio me esperando.
— Tudo bem, também vou trabalhar agora na
parte da manhã.
Dei um beijo em sua testa, dizendo:
— Até mais tarde senhora Charlotte.
— Bom trabalho, querido.
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— Obrigado! — guardei o celular no bolso e


saí da casa e fui com urgência rumo ao carro.
Dirigi pelas Ruas e Avenidas de Edmonton
com a mente borbulhando, eu não deveria, mas não
conseguia evitar de ir atrás do problema que estava
no edifício em obras com o Jimmy. Assim que
entrei no subsolo, no estacionamento do edifício,
desci do carro rapidamente e ainda consegui pegá-
lo abrindo à porta de seu carro, então falei:
— Aonde vai com tanta pressa?
Ben estava com à porta aberta, então ele a
fechou com força, encarou Jimmy questionando-o:
— Você o chamou aqui, por quê?
— Não o chamei, Eric e eu já havíamos
combinado de fazer uma inspeção nesse edifício e
no E12.
Caminhei em silêncio até Benjamin, e parei em
sua frente praticamente peitando ele, então o
questionei:
— Não sabia que estava em Edmonton, o que
faz aqui?
— Eu estou a trabalho, como você pode ver. —

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esclareceu.
— Sim, estou vendo sim, a propósito, como foi
seu encontro com meu sogro? Eu fiquei sabendo,
por ele mesmo, que foi um tanto quanto
desagradável para você.
Benjamin não mudou suas feições, não tinha
como saber o quanto dizer-lhe que eu já sabia que
ele esteve na casa dos Hall havia abalado ele.
Ele ergueu seu pescoço colocando-se de forma
desafiadora e respondeu-me:
— Sabia que eu posso ir à polícia e denunciá-lo
por me ameaçar com um rifle, não sabia?
— E por que não fez isso? — tirei as mãos de
meu casaco.
— Em respeito à Anna, já que não se pode
escolher o tipo de pai que tem.
O sangue começou a ferver em meu corpo, e
tentando me controlar ao máximo indaguei-o:
— O que queria com a Anna? Se não me
engano eu já havia proibido você de chegar perto
dela.
— Você não é o dono dela, não manda nela. —
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respondeu desafiador.
— Não, claro que não, mas sou o namorado
dela, e disso você também já sabe.
— Eu também sabia que você era o namorado
da Eve, e olha como está hoje, se dizendo
namorado de outra mulher.
— Não se faça de cínico, Ben, você sabia
muito bem que Eve e eu havíamos terminado tudo
depois do acidente.
— Você abandonou minha irmã na cama de
um hospital covardemente, nem sei como ela tem
coragem de dizer que ama você.
— Eu fui tão ferido quanto ela, meus
ferimentos não foram só na carne como os dela, eu
fui ferido gravemente na alma, e isso ainda não
cicatrizou e tenho minhas dúvidas se irá algum dia.
Benjamin abaixou a cabeça e se calou por
alguns segundos, parecia ter se compadecido do
que eu havia acabado de escutar, mas logo em
seguida voltou a desferir seu veneno.
— Anna me contou que você está acusando
Eve, covardemente de ter provocado o acidente, e

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isso me indignou, Mason. Como pode ser tão


covarde a ponto de acusar uma pessoa inocente por
sua irresponsabilidade?
— Inocente? — gargalhei sendo irônico. —
Anna, disse a verdade, Eve foi quem provocou
aquele acidente, mas eu sou tão covarde como você
diz, que preferi levar toda a culpa sozinho para não
ver toda a sociedade de Toronto apontando a Eve
como uma desequilibrada que foi capaz de puxar o
volante do carro do namorado provocando assim,
um acidente com uma vítima fatal, apenas por um
ciúme bobo e infindável. Sua irmã é doente, precisa
de tratamento. — Conclui.
Ben se calou novamente, fechou suas mãos em
punho devido a raiva que parecia estar sentindo.
— Me recuso acreditar que Eve tenha sido
capaz. — retrucou Benjamin, com o olhar
completamente perdido.
— Acredite! Ela foi. — confirmei, dando-lhe
as costas e caminhando rumo a leste, deixando-o lá
com sua decepção.
Nenhum soco bem dado, nenhuma facada iria
doer tanto a Benjamin quanto saber que Eve era
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uma desequilibrada a ponto de provocar a morte de


uma mulher como minha mãe, que sei o quanto
Benjamin gostava, pois minha mãe era o tipo de
alma que clareava a todos e tudo por onde passava,
e por anos e anos a fio, Ben a considerou como
uma mãe, já que não saía de nossa casa, pois seu
pai, era o melhor amigo do meu, um acionista da
empresa que morreu em um acidente de trânsito
junto a esposa deixando os dois filhos sozinhos.
Minha família foi quem acolheu Benjamin e Eve,
que na época ainda era menor. Ben se tornou o
acionista no lugar do pai e recebeu toda a força de
minha família. Ben e eu éramos grandes amigos,
mas tudo mudou quando ele colocou seus pés na
empresa e se sentou na cadeira que era do pai. Ser
um acionista da maior empresa de construção do
Canadá subiu-lhe na cabeça e sua vontade de
ocupar meu lugar se tornou seu objetivo de vida, e
só ele poderia dizer o porquê.
Saí do subsolo com Jimmy me seguindo,
atravessei a rua em frente ao edifício, ergui minha
cabeça e fui buscar seus 100 andares acima com
olhos, e como era majestoso todo amontoado de

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ferro e cimento se erguendo rumo ao céu. Com o


dia nublado, os últimos andares estavam encobertos
pelas nuvens, e aquela era sem dúvida a cena que
fazia ganhar o dia e esquecer a existência de
alguém como Benjamin.

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Capítulo 37

Eric
Passei toda a manhã de Sábado trabalhando
com Jimmy, o engenheiro responsável pelas obras
de Edmonton, e acabei constatando que por lá as
obras estavam inclusive bem adiantadas e em
perfeita ordem. Durante o almoço era a vez de
Jimmy escolher onde iríamos almoçar, e logo
acabamos em um restaurante japonês. E entre um
gole de saquê e outro, Anna povoava minha mente
com seu sorriso doce e seu jeitinho retraído, mas
que quando estávamos só em quatro paredes ela era
simplesmente surpreende, pois só de imaginá-la em
meus braços eu me sentia queimando. Vez ou outra
Jimmy me chamava atenção dizendo que eu estava
deveras distraído, e assim trabalhamos e jogamos
muita conversa fora. Pouco depois de uma da tarde,
passei no Mac, tomei um banho, fiz algumas
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ligações, pois quando estive no edifício 11 tive uma


ideia, e para colocá-la em prática, precisaria da
ajuda de uma das secretárias da empresa ali da
unidade de Edmonton, após resolver tudo com
Amy, fui para a casa de Anna, eu havia prometido
ajudá-la com o empacotamento das coisas do ateliê
e dos painéis do Vernissage, pois eu havia
conseguido convencê-la a permitir que eu levasse
tudo comigo no compartimento de bagagens do
meu avião, assim ela não precisaria gastar uma nota
preta despachando tudo para Toronto.
Toquei a campainha e a senhora Charlotte foi
quem me atendeu, dizendo:
— Entre, Eric.
Assim que entrei ela me disse:
— Nossa! Você está diferente.
Balancei a cabeça sorrindo sem entender nada.
— Eu ainda não havia te visto assim tão casual.
— Ah, é isso?
— Sim, você fica muito bem sem todo aquele
ar de homem autoritário e formal. — gesticulou
com as mãos fazendo uma cara muito engraçada.

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Gargalhei devido à forma espontânea com que


falou.
— Pode subir, Eric, Anna está no ateliê e você
já esteve lá, sabe o caminho.
— Obrigada, senhora Charlotte.
— Meu Deus, já te pedi para não me chamar de
senhora.
— Me desculpe.
A porta do ateliê já estava aberta e o cenário já
não era mais o mesmo que presenciei da última vez
que havia estado ali, agora parecia que um furacão
havia passado e desorganizado tudo, tinha muitas
caixas no chão, as telas e painéis que antes estavam
penduradas agora estavam encostadas nas paredes,
alguns já devidamente embalados com papel pardo.
Anna estava linda em seu macacão jeans de
trabalho, e estava absorta em frente a um painel,
que me fez ficar de queixo caído, parecia que já
estava terminado, mas ela estava dando alguns
retoques e não percebeu minha presença nem
minha aproximação, assim fui dando alguns passos
lentos em sua direção e quando ela retirou o pincel
do painel e ficou apenas observando-o, eu a abracei
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por trás, dizendo:


— Uauu!!! É... Tão linda!
— Oi, meu amor.
— Oi! — respondi quase em um sussurro, pois
estava maravilhado com aquele que era mais um
autorretrato de Anna. — Já é meu, quero esse
painel na minha casa.
— De jeito nenhum. — respondeu-me ela.
— Mas Anna, ele é maravilhoso, é muito
diferente de todos que você já pintou de si mesma.
Ela colocou o pincel e a paleta em uma
mesinha ao seu lado, pegou um pano branco e
começou a limpar suas mãos.
— Eu adoro seu cheiro, sabia? — falei.
— De tinta?
— Não! Não é cheiro de tinta sua boba, é
cheiro de Anna, e isso me deixa excitado.
Anna gargalhou se virando para mim,
questionando-me:
— Excitado é? Olha ao seu redor, você me
convenceu a deixá-lo levar minha mudança e meus
painéis amanhã, temos muito trabalho excitante
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aqui, senhor Mason.


— Vem cá! — eu a puxei para mim e ela
passou seus braços envolta do meu pescoço. — Só
um beijo, vai me negar um beijo? — ela sorriu
contida fazendo suas covinhas darem o charme em
seu rosto e se entregou a meus lábios ávidos, e
então, me desmontou por completo em um beijo
delicioso que fazia meu corpo exigir mais que um
simples beijo e assim, fui sentindo os ânimos se
exaltarem em mim, e fui apertando-a contra mim.
Anna enfiou seus dedos em meus cabelos
correspondendo a excitação que foi crescendo
vertiginosamente, meu pau cresceu sem que eu
pudesse controlar aquela sensação deliciosa de
nossos lábios e línguas se explorando, mordi seu
lábio inferior e o puxei soltando de levinho.
— Anna, amor estou muito excitado, muito.
— É, a culpa é sua. — respondeu com seus
lábios grudados aos meus devorando-me, e assim
levei minha mão na alça do macacão e o abaixei de
um lado e do outro, e quando levei meus dedos na
camiseta e iria puxá-la para cima, escutei alguém
pigarreando da porta que estava aberta:
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— É assim que pretendem embalar tudo isso


até amanhã de manhã? — perguntou Phil, fazendo
todos os músculos do meu corpo retesar e a voz
congelar em minha garganta. Eu estava de costas
para a porta, Anna abaixou seus olhos
envergonhada e nada respondeu, então criei
coragem para enfrentar o pai dela e me virei em sua
direção, dei graças, pois ele havia saído da porta e
de quebra ainda a fechou.
Suspirei nervoso, e então ambos caímos na
gargalhada.
Naquela altura todo o tesão desapareceu, meu
coração batia acelerado no peito e a adrenalina
circulava a mil.
— Vamos trabalhar, é o melhor que podemos
fazer, meu pai está certo, precisamos terminar de
embalar tudo, eu já adiantei bastante. — falou
Anna com as mãos na cintura tentando restabelecer
sua respiração.
Ela buscou o ar respirando com força e
expelindo-o de seu corpo.
— Você está lindo demais, eu não me recordo
de tê-lo visto assim tão informal.
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Eu estava vestindo um suéter branco e calça


jeans, e isso acabou chamando atenção dela.
Sorri e falei questionando:
— Por onde começamos?
Anna e eu passamos a tarde toda embalando
tintas, pincéis, luminárias, painéis, telas, muitas
telas que precisavam de todo um cuidado especial
ao serem embaladas com papel manteiga, plástico
bolha e papel pardo. Cheguei inclusive a dar a dica
de contratarmos uma empresa especializada, mas
Anna se negou, por sorte ela vinha fazendo aquele
trabalho há dias e muitas das telas e painéis que
iriam para o Vernissage já estavam embalados, e na
manhã seguinte a transportadora que contratamos
viria para levar tudo ao aeroporto. No meio da
tarde, Charlotte nos levou chá com bolo e passou a
nos fazer companhia ajudando-nos, a parte boa foi
que aquilo adiantou as coisas, a ruim é que eu não
podia mais agarrar Anna entre uma caixa fechada e
outra. Pouco depois das cinco da tarde, tudo já
estava embalado, e Anna parou no meio do ateliê,
colocou suas mãos em sua cabeça e rodou sobre
seus calcanhares dizendo:
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— Esse lugar me deu tantas alegrias, vou sentir


saudades.
— O bom é que ele vai continuar aqui. —
respondi abraçando-a pelas costas e Anna
desmontou em lágrimas. — Não faz assim, amor,
por favor, não chore.
— Eu passei uma vida toda aqui dentro.
— Eu sei, mas uma hora isso iria acontecer.
— Sim, e eu nem avisei a vovó Emma.
— Ela vai adorar a surpresa. — soltei do corpo
de Anna, dei a volta e parei em sua frente, seus
olhos estavam vermelhos e suas bochechas coradas
em sua face alva, então toquei em sua pele secando
as lágrimas e dizendo:
— Você está fazendo a coisa certa, já passamos
tempo demais longe um do outro.
Ela anuiu, tocando em meu rosto e dizendo:
— Não vamos mais ficar longe, não aguento
mais isso. — pulou em mim e me abraçou forte.
— Não vamos, nunca mais. Agora se anime, e
se troque que iremos a um lugar.
Ela enxugou as lágrimas e questionou:
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— Que lugar?
— É uma surpresa que resolvi fazer, tive a
ideia hoje.
— Eric, me conte. — exigiu com as mãos na
cintura com aqueles olhos vermelhos.
— Se eu te contar estrago a surpresa, poxa!
— Está bem, vou tomar um banho para tirar
toda essa tinta. O que devo vestir? — questionou.
— Bom, eu já estou pronto.
— Entendi. — disse sorrindo.
— Vou te esperar lá na sala.
— Está bem, não me demoro.
Os olhos tristes cheios de lágrimas de Anna,
deram lugar a olhos especulativos, pois ficou
curiosa com a ideia de uma surpresa e eu tinha
certeza que ela ficaria encantada. Peguei meu
celular e antes de descer para sala fiz uma ligação.
— E então Amy, tudo certo?
— Sim, sim, senhor Mason, só me dê o sinal
para que eu possa começar e assim sair a tempo.
— Ótimo. — olhei em meu relógio de pulso.
— Estaremos aí em quarenta minutos.
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— Certeza?
— Absoluta. — respondi enfático.
— Então vou começar a preparar tudo com o
pessoal e sair daqui o mais rápido possível,
— Obrigada, Amy.
— As ordens, patrão.
Fiquei na sala assistindo um jogo de futebol
americano com Phil e em menos de vinte minutos,
Anna estava de volta na sala.
— Podemos ir? — questionou-me ela, que
estava linda como sempre, seus cabelos estavam
soltos em ondas grandes e àquela cor laranja me
enchia os olhos, era o meu Sol, e ela vestiu um
jeans, uma camisa branca e estava segurando seu
casaco azul marinho, o mesmo que levei a ela dá
outra vez que estive aqui em Edmonton.
— Você está linda. — falei completamente
bestificado com tanta beleza.
— Ela é linda! — ressaltou meu sogro.
— Sim, ela é. — respondi estendendo minha
mão para Anna.
— Até amanhã, Phil. — disse despedindo-me.
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— Como assim até amanhã? Você vai devolver


minha filha só amanhã?
— Pai!!! — ralhou, Anna.
— Eu só fiz uma pergunta. — respondeu Phil.
Evitei respondê-lo, pois eu sabia que de jeito
nenhum eu a levaria para casa aquela noite.

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Capítulo 38

Anna
Eric e eu deixamos meu pai na sala, na
verdade, eu saí puxando o Eric pelas mãos, do
contrário ainda estaríamos na sala com meu pai nos
enchendo de perguntas, já que era inconveniente
como só ele sabia ser.
No carro, indo para a tal surpresa que Eric
disse ter preparado para mim, questionei:
— Onde estamos indo, amor? Me conta vai,
estou morta de curiosidade.
Ele me olhou, estreitou os olhos como se
estivesse ponderando e respondeu-me por fim:

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—Bom, nesse exato momento estou indo no


edifício que trabalhei nessa manhã, acabei
esquecendo meu Ipad em cima de uma mureta na
cobertura, e antes da surpresa preciso recuperar
minha agenda, já que ela está toda no Ipad.
— E depois?
— Deixa de ser curiosa, Anna. — sorriu
levando seu olhar para a Avenida.
Fiquei observando-o enquanto dirigia, e Eric
tinha beleza digna de ser observada, ele estava
deliciosamente com uma barba por fazer, o que
simplesmente eu amava, deixava ele mais casual e
menos formal e autoritário, com toda aquela
postura firme de homem decidido e mandão, não
que aquela barbinha fosse mudar isso, mas Eric
estava bem mais relaxado esse fim de semana. Ele
ficou sério enquanto dirigia, então inventei de
perscrutá-lo e saber o motivo, então toquei em seu
braço e questionei:
— Ei! O que foi? Ficou tão pensativo de
repente.
Ele apertou seu lábio inferior ao superior e eu
sabia de cor e salteado que estava preocupado com
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alguma coisa, então me olhou e respondeu:


— Não queria voltar para Toronto sem você,
ainda acho que deveria vir comigo amanhã.
— Já conversamos sobre isso, ainda tenho
algumas coisas para fazer aqui, e, tem também a
minha mãe, quero passar um tempo com ela sem
estar trancada no ateliê o tempo todo.
— Não sei, não gosto da ideia de você sozinha
com Benjamin por mim.
Eric era extremamente protetor, ele queria tudo
a sua maneira, e seria um delicioso desafio morar
em Toronto, onde ele estaria o tempo todo
controlando a minha vida. Embora ele tivesse esse
lado mandão, era um homem de extraordinária
sensibilidade, e o romantismo dele, misturado
aquele tipo de homem que você treme só de olhar,
me fascinava sempre me fascinou desde a
adolescência, pois sempre foi assim.
— Benjamin já deve ter ido embora para
Toronto ontem mesmo. — falei.
Eric balançou a cabeça, respondendo-me:
— Não! Encontrei com ele no prédio hoje de

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manhã.
— Por que não me contou? — questionei
assustada virando meu corpo para o lado do dele.
— Porque eu não queria preocupa-la, ele estava
só vistoriando as obras, mas...
— Mas?
— Acabamos discutindo novamente.
— Vocês brigaram?
— Não, me contive, mas ele sabe como
despertar o pior de mim. Ben, não vai parar e eu
nem sei ao certo o que move o ódio dele por mim.
— Ele precisa estar em Toronto para trabalhar,
e ele não pode estar em dois lugares, lá e aqui,
então fique tranquilo meu amor, além do mais, não
posso viver com medo daquele homem.
Eric tocou em meu rosto, e falou:
— Não, não pode, e nem deve, vou cuidar
disso.
— Eric, não! Nem pense nisso.
— Mas eu ainda nem falei nada.
— Mas eu te conheço bem, não quero ninguém
andando na minha cola.
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— Anna, você é minha mulher, vai precisar se


adaptar a isso, e como você mesma disse, você me
conhece bem, nem tente me persuadir.
Quando eu ia respondê-lo, meu celular tocou e
atendi:
— Vovó, que surpresa boa.
— Como você está, minha querida? Aquele
macho alfa está aí com você?
Olhei para o Eric e gargalhei antes de
respondê-la:
— Sim, ele está.
— Diga a ele que já dispensei a babá que ele
colocou aqui na minha casa.
— Babá? Como assim uma babá? — olhei para
o Eric que deu de ombros e deixou um risinho se
formar em sua face.
— Ele pensa que sou uma criança, —
continuou vovó furiosa. — mas está muito
enganado, não preciso de ninguém para cuidar de
mim, sei fazer isso sozinha.
— Vovó, fica tranquila, vou falar com o Eric e
em três dias estarei aí com você, está bem?
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— Você promete?
— Sim, eu prometo.
— Então está bem, estarei te esperando para
uma bela noitada de poker regada a muito vinho.
— Combinado, e não fique brava com o Eric,
tenho certeza que ele estava só pensando no seu
bem-estar.
— Ele vai ouvir umas poucas e boas quando
aparecer na minha frente.
— Isso mesmo, coloca ele no lugar dele. —
Eric me cutucou.
— Boa noite, minha querida.
— Boa noite vovó.
Desliguei o celular e encarei o Eric que estava
sério encarando a estrada como se não tivesse feito
nada de errado.
— Por que não me contou?
— Me esqueci, me perdoe amor, quando estou
com você me esqueço de todo o resto.
— Boa tentativa.
Eric parou no portão do edifício e o abriu com
um controle, e estacionou numa vaga que ficava no
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subsolo.
— Ela está furiosa com você. — falei.
— Escutei, mas vou dobrar ela também. —
sorriu cínico. — Ela precisa de uma cuidadora.
— Escuta aqui, senhor Mason, não vai
conseguir dobrar a vovó Emma, muito menos a
mim.
Eric inclinou seu corpo para o meu lado,
segurou em meu rosto, dizendo:
— Já dobrei você, em mil partes como um
origami. — seu tom de voz era uma arma, e mesmo
que eu quisesse respondê-lo não tinha como fazer,
pois, meus lábios estavam sendo delicadamente
invadidos pelos lábios de Eric, que me beijou
covardemente quando eu ia dizer-lhe poucas e
boas, e quando estava em seus lábios, eu realmente
era transformada em um pedaço de papel sendo
dobrada e moldada geometricamente por ele.
Fiquei mole e completamente desarmada, Eric
conseguia me desmontar com um único beijo.
— Vem comigo? — abriu a porta do carro. —
Gostaria de conhecer um arranha-céu em fase de

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acabamento? — perguntou mudando totalmente o


foco de nossa conversa anterior.
— Posso mesmo? Eu iria amar.
— Você vai amar sim, principalmente porque
terei que subir até o terraço e acho que você vai
gostar de lá.
— Então vamos logo, já estou louca de
curiosidade.
— Vamos! — pegou em minha mão e foi
guiando-me pelo enorme estacionamento, depois
entramos em um elevador de vidro que subiu
andares e mais andares dando-me a visão de toda a
escadaria e eu tinha a impressão de estar subindo as
escadas com meus próprios pés, era incrível aquela
sensação.
— Uau! Você projetou tudo isso? —
questionei.
— Sim, mas não sozinho, esse edifício em
especial trabalhei junto com Josh Wesley, um dos
arquitetos mais incríveis do mundo. Inclusive ele
vai vir morar na cobertura.
Subimos o elevador abraçadinhos, e eu estava

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simplesmente encantada com tanta sofisticação,


pois o elevador de vidro me permitia ir apreciando
a beleza e a modernidade incrustada naquela
edificação enorme.
O elevador nos levou direto para a cobertura do
edifício, era tanto luxo que meus olhos brilhavam
junto com o piso do chão, o acabamento daquele
lugar era maravilhoso, uma mistura de madeira
rústica com pedras ônix e muito, muito vidro, era
muito charme e imponência inigualável.
Não entramos na cobertura, pois Eric me disse
que havia esquecido seu Ipad no terraço e assim ele
me guiou por uma rampa extensa, e conforme
subíamos ela, minhas vistas começaram e ficar
ofuscadas por uma névoa densa, Eric foi guiando-
me até que chegamos no terraço, e assim que bati
meus olhos em todo aquele cenário, minhas pernas
ficaram moles, todo o espaço do terraço que já era
um ambiente maravilhoso, todo arborizado e cheio
de decks de madeiras, estava iluminado por
pequenos fachos de luz que vinham do chão, eram
centenas de velas acesas, eu fiquei muda,
entendendo que aquela era a surpresa, que não
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existia Ipad nenhum. Tudo ali era tão lindo, e


mesmo com todo o nevoeiro pude ver uma lareira
de chão de pedra ônix translúcido, reconheci assim
que bati meus olhos, pois já tinha visto em uma
galeria, e era de uma beleza ímpar. A lareira era
ladeada por um sofá com estofados marrom, muitas
almofadas e mantas distribuídas sobre ele, mas foi
o futon branco, esticado no deck de madeira ao
lado da lareira que me chamou a atenção, então,
questionei espantada:
— Eric! Você fez tudo isso?
— Por que tem sempre que fazer perguntas?
Venha! — Eric foi puxando minha mão e me levou
para a borda do terraço. — Olhe! — disse
estendendo sua mão e tocando no que deduzi ser
um forte nevoeiro. — Nuvens! Estamos
literalmente entre as nuvens. — falou.
Engoli em seco e estendi minhas mãos sem
saber o que dizer, eu estava de boca aberta e
verdadeiramente tocando as nuvens com minhas
mãos, rodei em volta do meu corpo e as nuvens
estavam encobrindo todo o terraço, onde apenas os
pontos de luz das velas nos dava claridade.
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— Eu nem sei o que dizer, é lindo demais.


— Lembra que prometi te levar até as nuvens,
literalmente falando? — questionou-me.
— Sim, você cumpre cada promessa que faz.
Eric sorriu me abraçando pelas costas.
As nuvens passavam rápidas e parecia algodão,
eu simplesmente me calei diante de um espetáculo
tão sublime da natureza, e somente Eric para me
proporcionar algo daquela amplitude.
— Não quero que isso acabe nunca. —
sussurrei encantada.
— Só acaba quando à noite realmente cair, mas
antes disso, ainda tenho um bom tempo para te
levar até as nuvens, literalmente.

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Capítulo 39

Anna
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Eric segurou minha mão com suavidade e foi


puxando-me rumo a lareira, ali, no chão havia uma
toalha na cor palha forrando o chão e dispostos
sobre ela havia muitas delícias que enchiam os
olhos como uma garrafa de Dom Pérignon, taças,
frutas, tortas, pães, fondue e alguns doces incluindo
meu preferido, Barras de Nanaimo. Eric se abaixou,
apanhou um morango e molhou na fondue e
colocou em minha boca.
— Gosta? — perguntou-me com uma
expressão de satisfação.
— Muito, você me surpreendeu agora, eu
estava esperando um jantar em algum restaurante
caríssimo desses que você costuma frequentar.
— Vai descobrir que não sou tão previsível
assim.
Eric me puxou e fez-me descer dois degraus
para ficar em frente a lareira, e como estava
começando a esfriar ele aumentou as chamas com
um controle remoto e rapidamente senti o calor
emanar por todo o meu corpo. Fiquei parada em
frente a lareira observando as chamas cintilarem em
um cenário que nem em meus sonhos mais utópicos
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eu imaginei, pois jamais sonhei que um dia estaria


entre as nuvens e muito menos com o Eric.
— Está com fome? — questionou me
entregando uma taça de champanhe.
— Não, prefiro aproveitar as nuvens. — levei o
líquido em meus lábios e tomei um gole generoso,
em seguida coloquei a taça no deck e puxei Eric
pela blusa enquanto ele bebia de sua taça.
— Humm! Eu adoro essa Anna, gosto quando
ela me olha desse jeito, com a sensualidade
saltando de seus olhos.
Aquele homem em pé na minha frente,
simplesmente despertava todos os instintos
femininos que existiam em mim, e assim dei um
passo à frente, peguei a taça de sua mão e bebi mais
um gole generoso, eu estava ansiosa e queria sentir
os músculos do meu corpo relaxarem, mesmo
sabendo o que eu queria naquele momento, Eric me
intimidava com seu jeito penetrante de me olhar,
existia um “surpreenda-me” explícito em seus
olhos e em seu meio sorriso e aquilo simplesmente
me fez queimar por dentro, então levei minhas
mãos em seu tórax e senti em meus dedos como era
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forte, e parecia que Eric estava testando meus


limites, pois ficou parado sem reação nenhuma,
continuei deslizando meus dedos em direção ao seu
pescoço e fiquei na ponta dos pés para alcançá-lo e
assim fui até seus ouvidos e sussurrei encostando
meus lábios em seu lóbulo:
— Gosto tanto de chocolate, como você de
vinho! — senti os dedos dele apertarem minhas
costas e seu corpo se contrair.
— Anna!
Quando eu o olhei, ele estava com os olhos
fechados tentando se segurar, eu sabia que ele
estava louco para me agarrar loucamente como ele
fazia, mas também estava adorando me testar.
Afastei-me dele e fui até a fondue, apanhei um
garfo e espetei um morango, molhei-o no chocolate
e voltei para Eric, encarando-o, eu queria que
ficasse louco, então passei meu dedo indicador no
chocolate e levei aos lábios de Eric, que fechou
seus olhos e estufou o peito assim que meu dedo
deslizou em seus lábios. Eric levou sua língua em
seus lábios, e antes que ele experimentasse o
chocolate, falei:
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— Isso é meu! — fui até seus lábios e os lambi


sem pressa e depois chupei retirando cada vestígio
do chocolate, e quando Eric ameaçou me beijar, me
virei de costas para ele e senti sua ereção me tocar
fazendo-me fechar os olhos de desejo, então voltei
ao chocolate e mergulhei novamente uma fruta lá
dentro, então tirei todo o chocolate dela com meu
dedo e voltei para Eric, e quando levei meus dedos
até seus lábios para repetir o processo, ele me
surpreendeu segurando em minha mão e levando
meu dedo para dentro de sua boca, passando a
chupá-lo enquanto me encarava com os olhos de
tesão, senti meu corpo ficar mole e uma pontada
em ventre fez minha vagina molhar. Eric segurava
firme em minha cintura puxando-me para ele,
fazendo-me sentir como estava excitado, então tirei
meus dedos de seus lábios e passei a beijá-lo,
deixando todos os sabores do chocolate invadir
meus sentidos enquanto levei meus dedos na barra
da camiseta dele e a levei para cima tirando-a de
seu corpo. Eric segurava firme em minha nuca
quando foi intensificando nosso beijo, fazendo-me
encharcar de desejo. Não demorou nada e eu estava
só de lingerie preta rendada, Eric havia feito o
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favor de me despir, peça por peça sem nenhuma


pressa. Então fui novamente ao chocolate e
coloquei um pouco em uma tacinha de comer
sobremesa e voltei para Eric, que estava me
olhando todo especulativo, e assim me sentei no
sofá em sua frente e o puxei pelo cinto de sua calça,
deslizei meus dedos por seu corpo e senti quando
ele se arrepiou todo em meus dedos, até que os
levei no cinto e o abri, em seguida, passei minha
mão em sua ereção, encarando-o e sorrindo de
forma sedutora, eu estava amando vê-lo se
derretendo todo e tremer de tesão. Eric segurava em
minha cabeça enquanto eu o beijava na região de
seu abdômen e alisava todo seu corpo de cima para
baixo chegando novamente em sua ereção e no
zíper de sua calça, abri e fui abaixando-a até os
joelhos. Novamente levantei minha cabeça para
observá-lo e seus olhos eram pura volúpia,
queimavam de satisfação, e dessa forma fez um
rabo de cavalo ao segurar meus cabelos com
energia, indicando o que queria de mim naquele
momento, e quando abaixei sua cueca branca e
apanhei a tacinha com o chocolate, Eric sussurrou
sorrindo e jogando sua cabeça para trás:
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— Não faça isso! — sua voz era uma súplica


para que eu fizesse, por mais que tivesse dito o
contrário, e assim joguei o chocolate em seu pênis
ereto e rijo como aço, apontando para minha boca
pedindo para ser deliciado.
— Ohh! — gemeu assim que sentiu o
chocolate quente tocar a pele sensível de seu pau, e
antes que ele tivesse tempo de sentir o calor,
inclinei-me em sua direção e o levei em minha
boca, chupando-o demoradamente sem pressa,
apreciando o gosto delicioso do chocolate. Eric
segurava em meus cabelos e se contorcia todo
quando eu o lambia e chupava toda sua extensão,
livrando-o de todo chocolate que cobria seu pau.
— Não aguento isso. — disse e foi terminando
de se despir, retirando inclusive a cueca, então veio
até mim, deitou-me sobre as almofadas de camurça
e cobriu-me com seu corpo quente e nu, passou a
me beijar e explorar cada canto do meu corpo,
pescoço, ombros, omoplatas, descendo e
explorando meus seios inchados até levar suas
mãos em minhas costas e soltar meu sutiã
libertando assim meus seios para voltar a dilacerar-
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me com a forma deleitosa que os chupava e mordia


de levinho levando-me a loucura e a contorcer-me
toda envergando meu corpo de tanto prazer que
seus lábios me proporcionavam. Tirou minha
calcinha e subiu beijando cada canto de minhas
pernas até chegar ao interior de minhas coxas, e
naquele momento tudo em mim já tremia
arrebatado, e quando se enfiou no meio de minhas
pernas, levou sua língua em minha vagina e a
chupou ele me olhou e disse:
— Gosto assim, in natura. — joguei minha
cabeça para trás e grudei meus dedos em seus
cabelos, quando enfiou um dedo em mim e chupava
meu clitóris covardemente, com delicadeza,
lambendo, chupando, abrindo com os dedos para ir
mais e mais fundo me penetrando com a língua.
— Amo seu gosto! Porra como você é gostosa,
meu amor.
Depois de alguns minutos me contorcendo,
gemendo, implorando e tentando fazê-lo subir para
mim e me penetrar, fui completamente vencida e
assim fechei minhas pernas com força, contraindo-
me toda e sentindo a antecipação do meu clímax, e
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percebendo isso, Eric disse:


— Só vai me ganhar se me der o que quero. —
joguei à cabeça para trás novamente, e me
desmanchei inteira assim que sua língua voltou a
tocar em meu clitóris, chupando-o e soltando-o
logo em seguida. Eu estava babando quando o
orgasmo explodiu em meu corpo devastando em
espasmos fortes e tremores de um prazer intenso.
— Aaah... — eu gemia e Eric me sugava, me
dilacerava sem dó tirando de mim todas as minhas
forças, até a última centelha de energia. Fiquei
largada no sofá, sentindo toda a umidade em minha
vagina, e naquele momento abri os olhos e as
nuvens ainda estavam pairando sobre nós, e não me
senti nas nuvens como das outras vezes, eu estava
literalmente flutuando nelas, livre, entorpecida e
loucamente apaixonada pelo homem que eu amava.

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Capítulo 40

Eric
Nada no mundo me dava mais prazer do que
ver Anna desfalecida após sentir fortes contrações
em um orgasmo que simplesmente a desmontou,
saber que eu era o responsável me excitava demais,
e tudo o que mais queria naquele momento era estar
dentro dela, era sentir sua umidade tocar minha
pele, assim saí do meio de suas pernas, depois de
fazê-la tremer e gemer alto grudada em meus
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cabelos. Levantei e a peguei em meus braços e


caminhei com ela até o futon que estava
estrategicamente bem posicionado ao lado da
lareira, para nos manter aquecido. Eu a coloquei
com carinho deitada lá e vi seus olhos brilharem
quando à noite caiu e as nuvens se dissiparam
dando lugar a um céu repleto de estrelas, uma
constelação limpa e sem barreiras.
Deitei-me ao seu lado explodindo de tesão,
virei-me e a cobri com meu corpo e meus braços
ladeando sua face linda e serena. Anna tocou-me
nos lábios, contornando-os com a ponta do dedo
enquanto sussurrou desejosa:
— Quero você em mim, por favor.
Sem dizer-lhe absolutamente nada eu a beijei,
primeiro com calmaria me deliciando em seus
lábios fartos e deliciosos que tinham gosto de
chocolate misturado ao álcool que havia bebido.
Tê-la em meus braços, nua, despida tanto de suas
roupas como de toda sua timidez, me deixava
fascinado, pois Anna se despia completamente para
mim. Nossos lábios ardentemente se fundiam,
nossas línguas se tocavam e se exploravam, ao
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tempo em que meu pau estava estourando de tão


duro, eu precisava senti-la, precisava estar em
conjunção carnal com ela o mais rápido possível, e
assim intensifiquei nosso beijo segurando-a firme
no rosto, encarando-a, deslizei meu corpo para
cima e a penetrei suavemente, Anna arqueou sua
cabeça para trás e gemeu assim que me enterrei
inteiro dentro dela. Arranhou-me nas costas
deixando-me enlouquecido, então passei a
movimentar meu corpo em cima do dela, entrando
e saindo devagar em uma penetração deliciosa e
cadenciada, me afundando e estocando, e a
devorando em um beijo cálido, úmido, cheio de
tesão e paixão, me enfiava, com nossas mãos
entrelaçadas e com as pernas de Anna me
envolvendo as costas. Eu mordia sua orelha,
chupava seu pescoço e metia constantemente, com
Anna mordendo meus ombros e gemendo gostoso a
cada estocada minha, eu amava estar por cima dela,
amava estar no controle daquela penetração
deliciosa. Anna se movia debaixo de mim e mais
fundo eu ia, nossa dança sexual era espetacular.
Decidi sair de cima de Anna, me coloquei em suas
costas, passei meu braço por sua perna esquerda
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erguendo-a e voltei a invadi-la com minha mente


borbulhando de tanto tesão, passei a desferir fortes
estocadas e estimulando seu clitóris, levando-a
loucura, fazendo seu corpo suar com o ardor de
nossos corpos, Anna gemia e respirava afobada,
enquanto que seu cheiro delicioso viajava e
aflorava minha mente ao limite do suportável. Eu
beijava e mordia sua nuca, fazendo com que Anna
se arrepiasse, comecei a ditar um ritmo de minhas
investidas que simplesmente ficavam mais forte e
fundas. Pof pof, pof... Na ânsia de todo aquele
desejo desenfreado, de nossos corpos suados
devido aos movimentos deliciosos e o calor que
emanava do fogo que crepitava na lareira, ergui-me
em suas costas e fiquei de joelhos no futon,
mantendo-a deitada de lado, em uma posição que
me permitia olhar em seus olhos e ver como Anna
estava enlouquecida de prazer, continue amando-a
como se não fosse existir uma próxima vez,
buscando seus lábios, chupando seus seios, e
bombando, bombando, até que nossos corpos
chegaram ao ápice do prazer juntos de uma forma
insana, nossos corpos tremiam, gemíamos e
gozamos de forma sincronizada.
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— Ohhh! Ohhh! — fiquei mole, sentindo o


maior de todos os prazeres quando os jatos de
minha ejaculação saiam para dentro de Anna, e o
frenesi foi maior ainda, pois sentia Anna tremendo
e se contorcendo de prazer, gemendo gostoso e me
levando ao êxtase.
Anna estava completamente desfalecida em
meus braços, pois deitei em suas costas e a apoiei
em meu braço, então depois de se recuperar Anna
disse:
— Você não existe, estou tremendo
internamente até agora.
Eu a enchi de beijos ternos, tocando-a com
suavidade. Meu coração estava apertado por pensar
em partir sem levá-la comigo.
Anna e eu passamos momentos maravilhosos
naquele terraço, depois de nos amarmos com tanta
intensidade, a fome nos pegou, então aproveitamos
de um jantar informal que havia sido organizado
em cima de uma toalha no chão, exatamente como
eu havia pedido, com tudo que eu sabia que Anna
adorava comer. Estávamos sentados no mirante do
terraço, e como ali estava um pouco mais frio,
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Anna pegou uma manta que estava no sofá e


cobriu-nos com ela, e enquanto eu continuava
bebendo o champanhe, ela comia uma barrinha de
seu doce preferido, Nanaimo, então ela disse
fazendo-me gargalhar de forma deliciosa:
— Você me fez engordar uma tonelada hoje,
quando vovó Emma me vir, dirá que sou a
Cenourinha mais rechonchuda que ela já viu.
Eu adorava o bom humor de Anna e naquele
momento descontraído eu ri mais que nos últimos
anos.
— Você é a Cenourinha mais gostosa que eu já
comi.
— Eric! — rosnou empurrando-me com seu
ombro.
— Que foi? Foi você quem disse que é uma
Cenourinha, a culpa não é minha.
— Sabe, eu tinha tanto trauma desse apelido
idiota que no primeiro dia de faculdade aqui em
Edmonton eu pintei meus cabelos.
— Jura que fez isso?
— Sim, eu juro, e foi a melhor coisa que fiz

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naquela época, pois passei um ano inteiro sendo só


a Anna.
— Anna, se não fosse a cor dos seus cabelos eu
não teria me apaixonado por você assim que bati
meus olhos neles, você era a garota mais linda da
escola, mais envergonhada e turrona que eu tinha
conhecido. Eu não te trocaria por nenhuma loira ou
morena nem que elas viessem banhadas em ouro.
Minto! Eu te trocaria sim, mas se for por outra
ruivinha, com sardas, com seus olhos de avelã e
essas covinhas na bochecha, e eu te digo mais, ia
amar fazê-la adormecer nos meus braços.
— Me trocaria por outra ruiva? — perguntou
assustada.
— Só se ela nascesse do nosso amor.
— Ahh! Nossa! Pensa mesmo em ter um filho
comigo?
— Uma Cenourinha em miniatura seria o ápice
do meu sonho, mas se tivermos um garoto,
certamente que será o melhor de todos os
construtores Mason.
Anna jogou seu corpo em minha direção e me
abraçou mais forte ainda.
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— Você é o amor da minha vida, darei a você


uma plantação inteira de Cenourinhas.
Gargalhei novamente, Anna era ótima, e não
tinha nada no mundo que eu quisesse mais que me
casar com ela e ter muitos e muitos filhos.
Em nossa frente, a vista era nada além de
magnífica, Edmonton estava pequena aos nossos
pés, iluminada por pequenos pontos de luz e acima
de nossas cabeças, uma constelação de estrelas
iluminava à noite escura e fria.
— E então, vai querer que eu te leve para casa
ou vai dormir comigo no Mac? — questionei-a.
— Humm! E você ainda você me pergunta.
— Foi só para não dizer que não perguntei, já
que eu não ia mesmo te levar embora.

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Capítulo 41

Eric
No hotel, fizemos à noite ser longa, mais uma
vez eu a amei intensamente nos lençóis da cama da
rainha Elizabeth, Anna acreditava piamente que
aquela era sim a cama em que a rainha dormiu
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enquanto esteve no Mac, mas eu tinha lá minhas


dúvidas, e de uma coisa tínhamos certeza, era
perfeita para fazer amor.
No dia seguinte, logo pela manhã eu a levei
para casa, tive que ouvir um sermão do Phil que
nos viu chegando, e ele chegou a cogitar que Anna
estaria se mudando para Toronto para morar
comigo, eu fiquei tentado a dizer que seria bom
demais se fosse verdade, mas como Anna e eu
estávamos apenas recomeçando, seria pedir demais
para que viesse a morar comigo, e mesmo que eu
fizesse tal pedido, ela simplesmente se negaria. No
aeroporto embarcamos as coisas de Anna e mais
uma vez tivemos que nos despedir e por mais que
soubéssemos que em três dias ela estaria nos meus
braços novamente, ficava sempre a sensação de
perda, não sei como explicar, mas um aperto em
meu coração fazia questão de se espalhar.
Estava olhando para as asas do avião quando
Isa, a comissária de voo questionou-me:
— Algo para beber, senhor Eric?
— Whisky, por favor.
— Acrescento água ou gelo, senhor?
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— Não, pode servi-lo puro, por gentileza.


— Sim, senhor!
A mulher alta, esguia de cabelos pretos
amarrados em coque, voltou trazendo-me o copo
com o whisky e novamente me tirou de meus
pensamentos.
— Seu whisky, senhor!
Estendi minha mão direita e apanhei o copo e
voltei meus olhos para a janela novamente, logo
que levei o copo próximo de minha boca, senti seu
aroma e seu gosto ao repousá-lo em minha boca,
minha mente levou-me a fazer um passeio há 12
anos atrás.
— Eric, vamos embora daqui você bebeu
demais, e se o professor Phil te pegar aqui na
porta da casa dele, você estará morto, lembra que
ele te proibiu de vir aqui novamente?
— Freddy, ela vai embora de Toronto amanhã,
eu preciso falar com ela uma última vez.
— Acha mesmo que ela vai querer você
cheirando a whisky no quarto dela? Você não
deveria ter bebido.

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— Você está dirigindo e não bebeu nada,


então está tudo certo, além do mais, não é a sua
namorada que está se mudando.
— Você que sabe, depois não diga que não te
avisei.
— Pode ir embora, eu pego um táxi depois.
— Está maluco? Vou ficar aqui fora te
esperando para caso você precisar sair fugido, e,
por favor, não caia da merda da árvore novamente.
— Não vou.
As luzes da casa estavam acesas, o carro do
professor estava na porta, mas eu tinha que entrar,
tinha que vê-la ou iria enlouquecer, e assim fiquei
parado embaixo da árvore olhando para cima e
pela janela vi que a luz estava fraca, sinal de que
Anna estava apenas com uma luminária acesa, e
sem pensar duas vezes escalei o velho Plátano que
estava com as folhas tão alaranjadas quanto os
cabelos de Anna, claro que estou exagerando, já
que as folhas da árvore estavam bem mais fortes
que fios dos cabelos do meu pôr do sol. Assim que
entrei pela janela, pois a encontrei aberta, vi que
Anna estava encolhida em cima da cama, vestindo
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um pijama salmão que eu já conhecia, estava


segurando seus joelhos com força e chorando
muito. Naquele momento fiquei imóvel sem saber o
que fazer, já que meu coração ficou jogado no
chão, e quando me viu parado próximo da janela,
ela correu, trancou a porta e veio para meus
braços, chorando muito.
— Eric! — segurou em meu rosto com as duas
mãos e beijou-me desesperada.
— Não chore meu amor. Anna não faz assim,
não chora, por favor. — supliquei, pois era demais
vê-la chorando, meu mundo caiu em meus pés.
Apertei-a em meu corpo e senti seu cheiro
entorpecer-me completamente.
— Não quero ir embora, não quero ficar sem
você.
— Você não vai ficar. — respondi e voltei para
seus lábios beijando-a com a mesma intensidade
das batidas do meu coração.
— Por que você bebeu? — questionou-me
assustada.
— Queria me esquecer de que estou te
perdendo.
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— Faça amor comigo? Não vou mais fugir, eu


prometo. — disse de supetão.
Um frio percorreu minha espinha, um desejo já
antigo me consumiu e me inebriou, eu sabia o que
queria, e amá-la sem medo era o que eu ansiava há
meses, mas Anna sempre fugia de mim na hora H.
Eu a encarei, contornei seus traços delicados
com a ponta do meu dedo, e deslizei-o em seus
lábios carnudos e molhados, levei meus dedos em
seus cabelos amarrados e os soltei, odiava vê-los
presos, pois eu amava os cabelos ondulados dela.
Encarando-a, segurei no cós de minha camiseta e a
tirei do meu corpo que queimava de desejo por ela,
em seguida dei um passo à frente e comecei a abrir
os botões da camisa salmão do pijama que ela
usava, e a cada botão que eu abria a imagem dos
seios de Anna, protegidos por seu sutiã branco iam
revelando-se a mim e eram fartos e lindos.
Deslizei meus dedos em seus ombros e retirei
de seu corpo a camisa, com minhas mãos fui
descendo e acariciando seus braços que se
arrepiaram ao meu contato. Não falamos mais
nada, não precisávamos mais de palavras,
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desejávamos ardentemente um ao outro, e isso, eu


via claramente nos olhos lacrimejados de Anna, e
eu queria tê-la para mim, queria que fosse minha
antes de partir, queria muito marcá-la e ficar
marcado de uma forma que jamais pudéssemos
esquecer. Eu a beijei com tanta paixão, tanto
desejo, percorrendo seu pescoço, seu colo e
voltando para seus lábios, beijando-a até fazê-la
perder o fôlego, apertando-a contra mim deixando-
a saber como eu estava pulsando por ela, pois
minha ereção cresceu vertiginosamente sem que eu
pudesse ter controle por todo aquele frenesi
momentâneo que nosso beijo acalorado despertou
em mim. Fui afastando-a por entre as caixas
espalhadas pelo quarto e a deitei em sua cama,
jogando-me em cima dela e beijando-a
enlouquecido, tudo que eu mais queria era unir-me
a ela, era estar dentro dela. Abaixei seu sutiã e
desci beijando seu colo até chegar em seus seios e
mergulhei neles levando-os aos meus lábios,
sugando-os e chupando-os deliciosamente e
sentindo toda sua rigidez e gosto, eu amava o
sabor da pele dela, e até o cheiro de seus cabelos
de frutas vermelhas me excitava.
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Seu beijo estava úmido e quente, suas mãos


percorriam minhas costas e meus cabelos, e com
nossos lábios grudados se movimentando
loucamente, não resisti e enfiei minha mão por
dentro de sua calça do pijama, e quando a toquei
com meus dedos e senti sua umidade viscosa, Anna
contorceu-se gemendo:
— Ohhh, Eric! — cravou seus dedos em
minhas costas.
Então quando me levantei e comecei a abrir o
zíper do meu jeans com urgência, o professor Phil
bateu na porta:
— Anna! Abre essa porta, filha, vamos
conversar. Filha, por favor!
— Meu pai! — ela sussurrou. — Só um
momento, estou me trocando, pai.
— Anna, vem comigo amor, vem comigo. Meu
pai tem uma cabana de caça, Freddy nos leva para
lá, por favor, amor. — implorei sem saber ao certo
o que estava fazendo.
Anna ficou balançando a cabeça em negativo.
— Não podemos. Eric eu... Eu não posso.

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— Anna não! Não vá embora. — implorei


sussurrando.
— Não posso, você precisar ir agora, nos
vemos amanhã.
Fui andando de fasto com os olhos cheios de
lágrimas, eu não iria chorar na frente dela, e assim
saí pela janela sem demora.
E de dentro do carro do Freddy vi a silhueta
do professor no quarto.
No dia seguinte, não a procurei e de longe a vi
se despedir de vovó Emma e entrar no carro dos
pais e desaparecer da minha vida por anos, mas
não antes de olhar em todas as direções me
procurando aflita.
Dormi com minhas memórias e acordei assim
que o trem de pouso tocou no solo do aeroporto em
Toronto.
Assim que desci do avião, Collin me esperava
e a transportadora que contratei para levar as coisas
de Anna até Ajax também já nos esperava.
— Como foi de viagem, Eric? — questionou-
me, Collin.

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— Melhor seria impossível.


— Percebo isso, está com uma cara ótima.
Suspirei lembrando-me o motivo de estar me
sentindo tão bem, e por ter dormido à noite inteira
na noite passada.
Collin guardou minha mala no carro e abriu a
porta, questionando-me:
— Vamos para casa?
— Não, não! Vamos esperar pela
transportadora, quero chegar junto com eles em
Ajax na casa da senhora Emma, quero me assegurar
que tudo chegue bem lá.
— Sim, senhor.
Eu estava exausto, mas prometi a Anna cuidar
de tudo e principalmente estar presente quando a
entrega fosse feita na casa da vovó Emma, e assim
que toquei a campainha de sua casa, não demorou
muito ela abriu a porta dizendo:
— Ah! Olha só quem está aqui, se não é o
Mason que ousou me mandar uma babá.
— Vovó Emma, posso explicar isso.
— Eric meu querido, você é a visão do paraíso,
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será que morri e estou no céu?


Gargalhei.
— Mas nem por isso vou deixar de te dar um
bom puxão de orelha, venha entre.
— Não, vovó, não irei entrar, vim apenas
acompanhar a entrega das coisas da Anna.
— O que são?
— São as telas que usará no vernissage e
algumas caixas que não sei o que é. — Anna me
proibiu de contar a vovó sobre a mudança.
— Humm! O vernissage, ah meu Deus! O
aniversário da minha Cenourinha está chegando e
ainda não sei o que comprar. — levou suas mãos na
cabeça, preocupada.
Pois eu já sei o que comprar. Pensei sorrindo.
— Venham rapazes, vou mostrar-lhes onde
colocar todas as coisas da minha neta.
Depois que tudo foi perfeitamente guardado
em um dos quartos da casa, e eu já me despedindo
para ir para casa descansar antes do dia difícil que
eu teria no próximo dia, vovó pegou-me para um
sermão daqueles.
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— Não pense que aceitarei suas babás aqui em


casa, eu as coloquei para correr, todas as duas.
— Vovó! Não são babás, são cuidadoras, e
acho mesmo que a senhora precisa delas.
— Não preciso não, está sabendo que Anna
estará aqui em três dias, não está?
— Sim, estou sim.
— Então, vou dizer a ela que já pode dispensar
o macho alfa que quer nos dominar.
— Ei! — fui até ela e a abracei. — Não me
quer longe de vocês, sei que não.
— Bom, pensando bem, com esse cheiro
gostoso vou repensar, mas não garanto nada.
A volta de Anna só me trouxe coisas boas e na
bagagem ainda incluía vovó Emma que muito me
fez rir e ainda convidou o Collin para tomar um chá
com a gente.
— Uma figura aquela senhorinha. — comentou
Collin quando me levava de volta para casa, e no
caminho fui trocando mensagens com Anna.

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Capítulo 42

Eric
Cheguei em casa aquela tarde, e a tempos não
me sentia tão leve, tão completo novamente, o
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amor de Anna estava aos poucos me curando,


fechando a fenda que a morte de minha mãe abriu
em meu peito. Bruce não sabia o que fazer quando
me viu, pulava em mim, me lambia, me derrubava
e rolava comigo no chão, raramente o deixava em
casa durante as viagens, pois ele sempre estava
comigo. No resto do dia fiz telefonemas
importantes, falei com meu pai, e coloquei-me a
par da reunião da diretoria de sócios da empresa
que ocorreria no próximo dia, e se ficasse
comprovado a irresponsabilidade do Benjamin no
caso dos edifícios que tiveram as plantas trocadas,
ele seria demitido da empresa por justa causa, o que
geraria um desconforto sem precedentes na sala de
reuniões da empresa, e certamente que Ben iria
surtar se fosse destituído de suas funções na
empresa onde seu pai trabalhou toda a vida como
engenheiro chefe, assim como Ben na atualidade.
Me sentia tão bem que fui até minha sala de
treinos e retirei algumas imagens de desafetos que
estavam presas na parede por flechas e aproveitei
inclusive para exercitar o corpo fazendo exercícios
e dando socos no saco de boxe. Freddy me ligou e

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me deu boas notícias, contando-me que estava


conseguindo se acertar com a May, com milhão de
condições impostas por ela, mas como era louco
por ela, estava tentando se controlar ao máximo.
Durante à noite, Anna e eu passamos horas
namorando pelo celular, e só de ouvir as
gargalhadas dela do outro lado da linha eu já me
sentia relaxado e acolhido. Precisei de tantos anos
para enfim ceder ao meu orgulho próprio e
entregar-me a ela novamente de corpo e alma, pois
era isso que Anna detinha em suas mãos, meu
corpo e minha alma, e com o som de sua voz ao
fundo, adormeci, deixando-a falando sozinha,
ouvindo-a falar de sua empolgação pelo tão
esperado dia de seu vernissage.
Acordei na manhã de Segunda-Feira, com a
sensação estranha de que algo errado havia
acontecido comigo, não houve gritos, nem flores
voando pelos ares, eu apenas dormi mais uma noite
inteira sem ter sido atormentado por meus
fantasmas. Bruce e eu fomos correr e alimentar a
alma com boas energias, já que eu iria precisar
delas para segurar firme a ponta do nó que teria que
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ajudar meu pai a desfazer, e assim como um


Mason, neto de um grande engenheiro civil, filho
de um também engenheiro e arquiteto, eu tinha que
ser firme em minhas decisões e manter a segurança
acima de tudo nas obras da construtora, nem que
para isso fosse precisar jogar álcool na boca do
inimigo que já tinha fogo saltando pelas ventas.
Depois de uma longa corrida, enfiei-me debaixo da
ducha e tomei um banho rápido, a reunião da
diretoria estava marcada para às dez horas e eu não
deveria me atrasar se quisesse recuperar o respeito
dos sócios da empresa.
Entrei em meu closet, e para a reunião que me
esperava nada melhor que um terno preto e gravata
cinza, fiz a escolha perfeita e troquei-me com
rapidez e desci para sala onde encontrei-me com
Collin e Lydia.
— Está deveras elegante essa manhã, Eric. —
disse-me Lydia.
— Obrigado, minha querida. Lydia, não se
preocupe que irei almoçar com meu pai, volto só na
parte da tarde.
— Está bem.
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Durante o trajeto para a empresa enviei uma


mensagem de texto a Anna.
Bom dia meu amor! Perdoe-me, acho que
dormi enquanto conversávamos. Você é meu
calmante natural mais gostoso.
Estava distraído atualizando-me com as
notícias do mercado financeiro quando fui
notificado da resposta de Anna.
Bom dia, amor. Eu não acho que você dormiu,
tenho certeza absoluta, e não sabe como fico
radiante em saber que te acalmo.
Respondi.
Você nem faz ideia como sua voz me relaxa, e
incrivelmente dormi à noite inteira novamente.
Anna respondeu em seguida.
Não sabe como seus braços me fizeram falta
essa noite passada, não conseguia me aquecer sem
você, fiquei muito mal-acostumada dormindo nos
seus braços.
Respondi.
Não sabe como desejo tê-la dormindo em meus
braços todas as noites, sabe que isso só depende de
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você, minha cama é sua daqui por diante.


Respondeu-me.
Não apresse as coisas, vamos com calma.
Respondi.
Apressar as coisas? Anna, te esperei por 12
anos, por favor, amor, seja boazinha comigo, não
me deixe esperando por mais 12 anos.
Respondeu-me.
Serei boazinha.
Respondi.
Vou contar os dias. Agora preciso trabalhar.
Falo com você mais tarde. Um beijo, meu pôr do
sol.
Respondeu-me.
Beijo meu amor, bom trabalho.
Assim que nos aproximamos da entrada do
estacionamento, havia um batalhão de repórteres
fazendo campana em frente ao prédio da empresa.
— O que será isso? — questionei.
— Não faço ideia, senhor. — respondeu-me,
Collin que foi tentando entrar no estacionamento.

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— Senhor Mason, Senhor Mason, uma


palavrinha, por favor. — dizia uma repórter
acompanhando o carro.
— Collin, pare por favor! Vou descobrir o que
está acontecendo. — Collin parou o carro, abri a
porta e desci no meio de todo aquele batalhão de
repórteres falando ao mesmo tempo:
— Senhor Mason! O senhor confirma que
interditou uma das obras da Mason?
— Senhor Mason, Senhor Mason — falavam
todos ao mesmo tempo deixando-me tonto, então
respondi:
— Sim, é verdade que interditei um dos
edifícios.
A mulher baixa e loira voltou a questionar,
enquanto que os demais miravam seus gravadores
para mim:
— Pode nos dizer o que o levou a tomar uma
decisão como essa? A TSX amanheceu com os
ânimos exaltados por conta das ações da Mason
que despencaram, o que o senhor tem a dizer sobre
isso também?

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Naquele momento, aquela informação me


pegou de surpresa deixando-me tão desnorteado
que me esqueci da primeira pergunta. A TSX é a
maior bolsa de valores de Toronto, não tive tempo
de ver a notícia, pois fiquei entretido com Anna
enquanto trocávamos mensagens.
Entrei para o carro sem responder nada, e com
minha cabeça dando giros e giros, Collin conseguiu
entrar no estacionamento da empresa, e assim
peguei minha pasta e segui com urgência para os
elevadores. Conferi meu relógio de pulso e ele me
indicou que ainda faltava meia hora para a reunião
começar e isso era tempo mais que suficiente para
conversar com meu pai.
Assim que cheguei ao andar da diretoria, Sue
logo se levantou e foi me acompanhando a passos
largos.
— Eric, você já soube?
— Sim, acabei de saber por uma repórter.
— É eles estão em mutirão lá fora.
— E meu pai?
— Na sala de reuniões, e se prepare, os ânimos

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por lá estão exaltados.


Caminhei com rapidez com os olhos focados
no brilho do chão, eu não sabia como encontraria a
situação, mas já me preparava para o pior.
Quando abri as portas da sala de reunião,
encontrei meu pai olhando pela janela com a
expressão preocupada e quando bati os olhos na
sala de reunião, todos estavam discutindo
exaltados. Benjamin ainda não havia chegado e
então falei:
— Bom dia, senhores!
Ouvi várias respostas, então coloquei minha
pasta em frente a minha cadeira e fui até meu pai
que estava com os braços cruzados e a mão na boca
pensativo, sua expressão facial fez meu coração
disparar.
— Pai!
— O que eu temia aconteceu, filho. — disse
ele com o tom de voz penoso. — Perdemos três dos
nossos investidores, e quatro dos nossos clientes
mais importantes.
Fechei minhas mãos em punhos cerrado com

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tanta força que as veias saltaram esverdeadas no


peito de minhas mãos, e minhas pálpebras caíram
pesadas, fechando meus olhos, no mesmo instante
que dei um suspiro de inconformidade.
— Pai, a Mason vai dar a volta por cima. —
falei afinal. — Vamos trabalhar nisso, o importante
nesse momento, é cuidar de colocar o que provocou
esse problema para fora da Mason, estamos aqui
para isso, para votar o afastamento do Benjamin.
Meu pai me encarou com a tristeza em seus
olhos, então respondeu-me tocando em meu ombro
esquerdo:
— Tarde demais, filho! — caminhou em
direção à mesa e se sentou em sua cadeira.
Fui até próximo dele com todos os outros
diretores da empresa me observando, debrucei-me
sobre meu pai com as mãos apoiadas sobre a mesa
e questionei espantado:
— Tarde demais? — meu pai nada respondeu,
mas levou seus olhos além de mim, então também
levantei meus olhos e Benjamin parou na minha
frente dizendo:
— Como vai, Eric?
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— Está satisfeito com o que sua


irresponsabilidade nos causou?
Meu pai resmungou como um sussurro
amargo:
— Eric!
Direcionei meu olhar para meu pai, olhei para
os diretores e todos os que tinham peso de voto
estavam ali, cinco no total.
— Vai continuar me acusando? — questionou
Ben. — Não contou a ele, contou Norman?
Eu o encarei sem desviar meu olhar, estávamos
frente a frente e sem olhar para meu pai, questionei
Benjamin:
— O que meu pai deveria me dizer? Diga-me
você.
— Estou aqui para uma votação, ou pelos
menos para pedir por uma, já que a votação para
me colocar para fora da empresa não será mais
possível, visto que acabei de comprar as ações da
empresa de dois outros sócios.
— Como? — questionei tentando manter-me
tranquilo e assimilar a informação.

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— É isso que ouviu, com medo de perder tudo,


dois dos investidores me venderam seus
percentuais, e agora me disponibilizo de 15% das
ações da empresa, até o presente momento, já que
estou prestes a convencer um terceiro sócio a me
vender sua parte também.
Balancei minha cabeça e falei o aplaudindo
com cinismo:
— Parabéns, conseguiu o que queria, me fez
interditar uma obra e com isso gerar a instabilidade
da empresa na bolsa de valores e gerar o pânico nos
investidores.
— Não criei nenhuma situação, isso é coisa da
sua imaginação, Eric, mas não posso negar que tirei
proveito da queda das ações no mercado, e nesse
exato momento, estamos ambos com a mesma
porcentagem, e assim... — ele se virou em direção
à mesa e falou diretamente com os acionistas. —
Venho pedir que votem, não pelo meu afastamento
da empresa, até porque não existe nenhuma prova
que troquei as plantas, mas que votem e elejam
quem que vocês querem como vice-presidente da
Mason, Eric ou eu.
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Meu pai se levantou da mesa, apoiou as duas


mãos nela e rugiu:
— Isso não vai acontecer, Benjamin. Essa é
minha empresa.
— Norman, você sempre apoiou meu
crescimento na empresa.
— Não nesse momento em que sua
irresponsabilidade quase nos afundou, você
colocou nossa sociedade em risco, é inegável a
gravidade dos fatos, senhores. Benjamin agiu de
forma irresponsável ao não cumprir com suas
obrigações como engenheiro chefe do E6, e isso faz
dele culpado. Colocou a empresa em risco e
conforme previsto em uma das cláusulas
contratuais, você será demitido da empresa por
justa causa.
— Sim, está no contrato social, mas lá também
diz que a maioria dos sócios precisa estar de
acordo.
— E para isso que estamos aqui. — respondeu
meu pai. — Para votar a sua demissão da minha
empresa.
— Senhores, não é bom para o nome da
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empresa que eu saia nesse momento, minha


demissão só causará mais instabilidade ainda.
Então um dos sócios falou:
— Entraremos em comum acordo em uma
votação como já era esperado, e se caso optarmos
por permitir que fique na empresa, Benjamin, então
votaremos o seu pedido. Gostaria de pedir que
ambos os envolvidos se retirem da sala.
Fiz sinal para que o advogado do departamento
jurídico que estava ali presente me acompanhasse,
e assim saímos ambos da sala seguidos por
Benjamin e sem conseguir resistir me virei em sua
direção e o encarei, dizendo:
— Você é um calhorda! Tanto fez que
conseguiu o que queria. Como tem coragem de
apunhalar meu pai pelas costas dessa forma?
— Não estou ameaçando a liderança do
Norman, ele é um homem inteligente, jamais se
permitiria ser excluído de sua própria empresa, já
você, estava preocupado demais com seu namoro
que se esqueceu que assim que a notícia da
interdição vazasse as bolsas reagiriam na mesma
hora.
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As veias em meu pescoço estavam pulsando,


estávamos na frente da porta da sala de reuniões,
qualquer movimento em falso da minha parte e eu
estaria entregando a vice-presidência a ele por justa
causa.
— Você agiu rápido, no escuro, está de
parabéns. — falei sarcástico.
— Não agi no escuro, você é que dorme
demais, Mason.
Minha respiração parecia a de um touro bravo
olhando em direção ao toureiro que está prestes a
enfiar-lhe sua espada, eu estava cego de ódio, mas
tinha que me controlar ali dentro.
— Eric! Vamos, por favor. — disse o
advogado entrando na minha frente, devolvendo-
me a lucidez.
Assenti e dei as costas para Benjamin, com a
ira dilacerando-me por dentro, todos os músculos
do meu corpo tremiam, e se fosse para cima
daquele sujeito, eu só pararia quando ele estivesse
morto.

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Capítulo 43

Eric
Na minha sala fui logo perguntando a Josh, o
advogado da empresa:
— Quem é o sócio que ainda não vendeu as
ações ao Benjamin? — eu estava uma pilha de
nervos e não conseguia ficar parado, e assim
andava de um lado a outro.
— Rupert Palmer. — respondeu-me.
Respirei aliviado, pois com Rupert as coisas
seriam mais promissoras, se não havia vendido as
ações para Ben, era porque sabia que eu iria atrás
dele, e sem perder tempo falei:
— Josh, entre em contato com ele o mais
rápido possível, ofereça o dobro, o triplo do valor

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oferecido pelo Ben, eu quero aquelas ações na


minha mão antes que eu consiga terminar de
soletrar o nome desse desgraçado.
— Farei isso imediatamente.
— Mantenha-me informado.
— Pode deixar! — respondeu e saiu de minha
sala com urgência.
Assim que ele foi, uma ira enorme se apossou
de mim e novamente varri com minha mão tudo
que estava em cima da minha mesa, em um gesto
de desespero, eu não conseguia acreditar que dei
espaço para Benjamin armar tudo aquilo contra
mim, não acredito que estava tão cego de amor a
ponto de me desligar de tudo, a ponto de não
calcular as possíveis reações da bolsa de valores, e
naquele momento eu me odiava com força.
— Maldito! Canalha! Canalha! — grudei um
papel entre em meus dedos e o amassei com tanta
força como se fosse o crânio de Benjamin.
— Filho! Se acalme! — meu pai entrou na
sala, me abraçou tentando conter a minha ira. — Se
acalme meu filho. Vamos resolver tudo isso, calma.

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— A culpa é minha, pai. Afastei-me da


empresa e deixei Benjamin planejar tudo isso. Ele é
um canalha!
— Se Benjamin planejou tudo isso mesmo, ele
será punido, mas você precisa se manter firme
nesse momento, precisa de lucidez, não caia no
jogo dele.
Minha respiração estava entrecortada e eu não
sabia como fazer aquela sensação de impotência me
deixar. Me sentia culpado, fraco e incapaz, e se
alguma coisa mais grave viesse afetar a empresa da
minha família, eu não me perdoaria.
— A culpa não é sua, a culpa é minha por ter
dado tanto poder a ele e por ter confiado tanto nele.
Você passou por uma fase difícil e eu não o culpo
pela falta de profissionalismo do Benjamin.
— Como não previ isso? Como pai?
— Já sabia que isso aconteceria, mas Ben agiu
rápido demais, fui pego de surpresa tanto quanto
você, mas agora não é hora de se desesperar.
— Pai, ele já é o segundo maior acionista da
empresa junto comigo, se ele conseguir comprar as
ações do Rupert, ele passa na minha frente, ficará
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com um capital de 20% da empresa e isso dará a ele


o poder de vetar o senhor, isso dará a ele um poder
que é só seu nessa empresa.
— Sabemos disso, e se Rupert ainda está com
as ações vamos comprá-las dele.
— Já mandei Josh ir atrás do Rupert.
— Excelente, é assim que gosto de você,
sempre rápido e firme em suas decisões.
— Os diretores precisam colocar Benjamin
para fora da empresa, não precisamos dele aqui.
— Nesse momento, nem sei se isso é o mais
certo a se fazer, queira ou não ele é um nome de
peso na construtora, é um engenheiro muito
requisitado.
— Vai deixar de ser quando eu sair e expuser
para os jornalistas que a interdição do edifício foi
por uma falha grave dele.
— Pelo amor de Deus, filho, não jogue mais
sujeira no ventilador, vamos esperar notícias do
Rupert, e conforme for, pensarei em como vou agir
daqui para frente.
Assenti e fiquei observando-o se afastar da

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minha sala e sair pela porta.


Meu pai era um homem forte, levou a empresa
nas costas sozinho por anos e anos e quando ela
cresceu demais precisou abrir o capital colocando
as ações disponíveis na bolsa de valores, na época,
Walter Cooper, pai de Benjamin, foi o primeiro
investidor que acreditou no potencial da construtora
se tornando um grande amigo do meu pai. Eu
simplesmente me recusava acreditar que Ben estava
tentando me derrubar, e eu já não sabia mais do que
ele era capaz, mas de uma coisa eu tinha certeza, se
ele pudesse fazer, compraria as ações do meu pai e
o colocaria para fora de sua própria empresa se
tornando o novo CEO da Mason. Só de pensar em
tal possibilidade minha cabeça já doía.
Passei a tarde toda com a cabeça entrando em
parafusos, me sentia com as mãos atadas, e
enquanto Josh não entrasse em minha sala para me
dizer que havia conseguido comprar as ações, eu
não iria conseguir trabalhar em nada, mesmo tendo
vários projetos em cima da mesa. Andava de um
lado a outro, checava as mensagens, ligava para
Josh que não estava conseguindo achar o Rupert, e
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a cada segundo que passava mais ansioso eu ficava


e de tanto tomar café meu corpo estava pura
adrenalina e quando meu celular vibrou em cima de
minha mesa, antes de tocar, eu o apanhei com
rapidez, só então vi que era Anna.
— Oi amor! Meu Deus estou agoniada,
nenhuma mensagem sua e nem me ligou.
— Me perdoe, amor!
— O que houve? Que tom de voz é esse?
— Estou tendo um dia muito ruim. —
expliquei.
— Tem alguma coisa a ver com a reunião para
afastamento do Ben?
— Sim, Ben nos surpreendeu comprando 10%
das ações da empresa, e pediu uma votação para
abrir o cargo de vice-presidente.
— Deixa ver se eu entendi, ele quer o seu lugar
na empresa por que agora detêm os mesmos 15%
que você?
— Sim, exatamente isso.
— E acha que ele consegue isso?
— Não sei dizer ao certo, nunca se sabe o que
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passa pela cabeça dos diretores.


— Esse homem me assusta, meu Deus! O que
diabos está movendo esse rancor todo?
— Não sei, por mais que eu busque a
explicação eu não consigo pensar em nada além de
inveja.
— O importante é você não se deixar abalar,
você quebrando tudo e se mostrando um
desequilibrado é tudo que ele quer, eu sei que não é
hora para isso, mas tente manter sua respiração em
equilíbrio, lembra do exercício?
— Acha que já não tentei respirar fundo umas
mil vezes? É muita coisa em jogo, entende? Meu
pai pode perder o poder dentro da empresa, a MCE
é uma empresa de capital aberto, mas meu pai
ainda é o dono e sua palavra final é a que vale. Se
Benjamin colocar suas mãos em mais 5% das ações
ele vai ter o poder de vetar as decisões do CEO e
isso é muito ruim.
— Não pense no pior meu amor, vai dar tudo
certo.
Falar com Anna me acalmava, ele tinha um
tom de voz aveludado e compassado, e a calmaria
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com que falava me transmitia paz. Meu coração


estava começando a desacelerar quando Josh bateu
na porta e entrou em seguida, e assim, ele voltou a
descompassar.
— Amor, preciso desligar, te ligo assim que
der.
— Está bem, beijo.
— Beijo, te ligo mais tarde.
Desliguei o celular, fiquei com ele na mão e
levantei-me de minha mesa e fui próximo de Josh e
o questionei aflito:
— E então? — minha expectativa por uma
resposta positiva foi frustrada no exato momento
em que meus olhos perscrutaram os olhos dele e
viram a resposta antes mesmo de seus lábios
pronunciarem:
— Eu sinto muito. — disse apenas,
confirmando o que eu mais temia.
Levei meus dedos em meus olhos e os apertei,
pois, minha visão ficou turva, tentando manter a
calma questionei:
— E agora, o que vem a seguir?

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— Está preparado para o que vou te contar


agora?
Sentei-me em minha cadeira, pois meu corpo
tremia por dentro de ódio.
— Estou te ouvindo. — respondi.
— Não temos mais a justa causa para afastar
Benjamin da empresa, Oliver Morris, o mestre de
obras assumiu a uma rede de televisão que estava
com problemas em casa e que acabou trocando as
plantas dos edifícios sem querer.
Meu dia não tinha como ficar pior, e aquele
fato novo minha mente recusou assim que ouviu.
— Isso é mentira! — afrouxei o nó de minha
gravata, eu estava sufocado. — Não pode ser,
Oliver é o melhor mestre de obras da Mason, ele
está há mais de 20 anos nessa empresa.
— Ele assumiu, Eric.
— Não, não, não! Porra! Benjamin o comprou,
não vejo outra explicação. — O mundo girava em
minha cabeça.
— Se acalme Eric.
— Estou cansado de todos me pedirem calma
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quando estou assistindo Benjamin tomar o meu


lugar na empresa da minha família, e usar de meios
sórdidos para isso.
— Não é soltando fogo pelas ventas que você
vai conseguir reverter isso.
A porta se abriu e era Sue, fiquei encarando-a
com a mão na cintura só esperando ela jogar outra
bomba qualquer em minhas mãos, e assim disse:
— Eric, seu pai pede sua presença na sala de
reuniões, estão todos à sua espera.
Engoli em seco dizendo:
— Diga que já estou indo.
— Sim! — respondeu e saiu.
Josh voltou a falar:
— Eric, isso foi uma coisa boa para empresa,
sabendo que a culpa não partiu de um engenheiro e
sim de um funcionário que estava com problemas,
tranquiliza o mercado, amanhã você vai ver, as
ações estarão em alta novamente, e isso impede
inclusive que os pequenos vendam suas ações e
sabemos inclusive que Benjamin poderia comprá-
las.

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Tirei a gravata do meu pescoço e a joguei em


cima da mesa, direcionei-me até a porta e caminhei
pelo longo corredor em direção a sala de reuniões
como um animal que estava indo para o abate, tudo
o que estava acontecendo era culpa minha, me
ausentei por tempo demais da empresa e agora
estava colhendo os frutos que eu havia plantado.
Entrei na sala de reuniões e todos estavam em
seus lugares, inclusive Benjamin que estava
disfarçadamente com uma serenidade no rosto, no
fundo ele queria estar sorrindo. Meu pai estava de
cabeça baixa rabiscando alguma coisa em um
pedaço de papel e quando me viu entrando, tentou
esconder sua frustração sorrindo-me contido, o que
de certa forma me acalentou naquele momento.
— Senhores! — falei antes de me sentar em
minha cadeira na enorme mesa oval.
Meu pai não se demorou a falar, como sempre
ele era muito prático e foi logo mergulhando nas
questões em pauta.
— O dia de hoje foi deveras tumultuado para o
cenário da empresa, que mudou drasticamente. —
deu início a reunião. —E com a instabilidade no
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mercado tivemos aqui uma verdadeira dança de


cadeiras, pois a pessoa que estava prestes a sair da
empresa teve um crescimento considerável.
Benjamin não se conteve e assentiu sorrindo.
— Em outros tempos eu teria ficado feliz com
o crescimento de um pupilo meu, mas hoje as
circunstâncias só me entristecem, contudo, fico
muito feliz que os diretores optaram por manter o
Eric como vice-presidente, já que agora ele detém
20% das ações.
Olhei para meu advogado que deu de ombros
sem entender nada, então Benjamin se levantou,
encarou-me dizendo:
— Parabéns Mason, você venceu a primeira
batalha. — então se retirou da sala de reuniões.
Olhei para meu pai, que se levantou da mesa
encerrando a reunião, e falei:
— Não entendi nada, pai.
— É simples, quando pediu ao Josh para ir
atrás do Rupert, eu já havia mandado Mark ir atrás
do Rupert, então consegui garantir as ações dele e
as transferi para seu nome.

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— Por que não me disse nada? Passei o dia


todo agoniado.
— Passou o dia todo lutando, e isso foi a maior
prova de que você merece continuar ocupando essa
cadeira. — respondeu dando dois tapas nas minhas
costas e saindo da sala de reuniões juntamente com
todos os outros, rindo, descontraído como se nada
tivesse acontecido, deixando-me lá sozinho com a
melhor de todas as sensações do mundo, a de
alívio.

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Capítulo 44

Eric
Assim que todos saíram da sala de reunião, eu
simplesmente não conseguia sair da minha cadeira,
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eu não conseguia acreditar no que havia acontecido


ali dentro, meu pai sempre foi muito inteligente nos
negócios, e naquela jogada de mestre, ele provou
que a idade não o tirou do jogo, muito pelo
contrário, mostrou-nos o quanto decisivo ele pode
ser para sua empresa.
Alguns minutos pensando e calculando os
riscos que corri, sorri ao lembrar-me de Anna e na
noite em que havíamos passado juntos no Sábado
no terraço do edifício. Levantei-me, caminhei
sorrindo pelo corredor até chegar a minha sala,
confesso que torci para encontrar-me com Ben
pelos corredores, mas isso não aconteceu. Em
minha sala apanhei minha gravata, minha pasta e
fui saindo novamente, queria chegar em casa o
mais rápido possível e ligar para Anna, para contar-
lhe tudo o que havia acontecido, e assim que passei
pela mesa de minha secretária, ela disse:
— Parabéns Eric, eu estava torcendo por você.
— Obrigado. Meu pai ainda está na empresa?
— Não, inclusive ele me pediu para te dar um
recado, disse que está louco para te dar uma
bicicleta. Perdoe-me eu não entendi direito, mas foi
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isso que ele me pediu para te dizer.


Sorri ao ouvir o recado, e certamente que eu
entendi, porém, Sue ficou sem entender nada, já
que dar uma bicicleta em um tenista era ganhar dele
dois sets seguidos de 6x0 e isso era humilhante
demais para um jogador de tênis.
— Obrigado novamente.
O convite do meu pai mudou todos os meus
planos, então, liguei para Anna no caminho para
casa, contei a ela todo o desenrolar da reunião. Em
casa me troquei rapidamente, vestindo roupas
apropriadas para uma partida de tênis, coloquei um
short branco, camisa polo branca e calcei tênis
adequado, passei a munhequeira em volta dos
pulsos e fui para casa do meu pai o mais rápido
possível, eu sabia como ele odiava ficar esperando.
Assim que cheguei lá, passei por fora da casa e fui
direto para a quadra, onde meu pai já me esperava e
estava todo de preto, já se aquecendo com a raquete
ainda com a capa, e estava fazendo alguns
movimentos sem a bola.
Aproximei-me e ele foi falando:
— Sabe por que eu te ensinei a jogar tênis? —
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questionou-me, e esperei pela resposta. — Porque o


tênis ensina a perder todo o tempo, mas também te
ensina que não há tempo a perder lamentando o
ponto perdido porque o próximo já está em jogo.
Temos que ser rápidos e racionais, não há tempo
para ficar lamentando pelo ponto que perdemos. No
tênis também não temos ninguém nos dizendo o
que fazer, aqui, cada decisão é tomada única e
exclusivamente pelo tenista, persistir ou desistir é
uma decisão só sua, e hoje, vi que muito do que te
ensinei dentro dessa quadra você colocou em
prática, agindo com rapidez, ao tentar reverter a
situação.
— Mas o senhor foi bem mais rápido. —
respondi.
— Apenas porque tomei ciência dos fatos antes
de você e não quis correr o risco.
— Obrigado, pai. Prometo que estarei mais
atento.
Então ele repetiu uma frase que ouvi minha
vida toda:
— Não é a profundidade do corte que dita se
iremos morrer ou não, o que nos mata... — eu o
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interrompi e terminei a frase.


— É a não capacidade de nos curarmos com
rapidez.
Ele assentiu dizendo:
— Ainda me orgulho da sua capacidade de
pensar rápido.
Mostrei a ele a raquete e questionei:
— Bicicleta é?
— Ah! Eric, não vem não que já te dei várias
bicicletas.
— Paiiii!
— Não foi em você, não? — estreitou os olhos
franzindo a testa deixando evidente em suas
expressões faciais os fortes sinais da idade.
Gargalhamos e caminhamos para o centro da
quadra cada qual em seu lado.
Depois de dois sets, onde ninguém deu
bicicleta em ninguém, como já esperado saímos
empatados cada qual com um set.
— Só não vamos para tie-break agora porque
já não sou mais um garotão igual você, mas nem
pense que irá fugir disso.
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— É só marcar.
— Que tal no dia que trouxer sua namorada
para me conhecer?
— Ela chega em dois dias, então marcaremos
isso.
— Se prepare para passar vergonha na frente
dela.
— Pode deixar, vou deixar o senhor ganhar.
— Até parece! — respondeu jogando-me uma
toalha e enxugando-se com outra.
Se aquela não era o melhor momento para falar
com meu pai, eu não sabia qual era, então
aproveitei todo aquele momento de
desconcentração e questionei:
— Pai, sei que não quer falar sobre o acidente,
mas será que podemos conversar sobre isso agora?
Ele tirou a toalha de seu rosto e me encarou,
indagando-me:
— Sério que escolheu estragar esse momento?
Sabe quanto me custa dormir todas as noites
sentindo a falta do calor do corpo da Julia?
— Pai! Precisamos disso, sabe que precisamos
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falar.
— Eric, o que quer me dizer? Que sente muito
ter bebido tanto a ponto de provocar um acidente
que vitimou sua mãe?
— Eu sinto muito sim, pai. Eu também não
consigo dormir sem antes um filme ficar passando
na minha cabeça e reprisando, reprisando tudo
aquilo.
Ele levou as mãos na cintura e virou de costas
para mim.
— Não dói mais em você do que em mim.
— Não fale da minha dor. — rugiu se virando
e me encarando.
— Não me julgue antes de saber toda a verdade
dos fatos, nem você, nem a Jane me permitiu
explicar, e isso é o que mais dói, porque não perdi
só a mamãe naquele maldito acidente, eu perdi meu
pai e perdi a Jane também, eu perdi toda a minha
família.
— O que quer que eu faça ou diga?
— Não quero que diga, nem faça nada, quero
apenas que me escute.

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Ele suspirou e se calou, entendi como um


consentimento, e assim falei:
— Eu bebi no casamento sim, mas não o
bastante para sair da minha pista e bater em um
caminhão, eu não seria tão irresponsável assim e
você sabe disso pai.
— O acidente aconteceu, sua mãe faleceu nele,
e a polícia constatou que você havia ingerido
bebida alcoólica. — retrucou-me com um tom de
voz mais complacente.
— Sim, mas o que aconteceu dentro do carro a
polícia não tinha como constatar, já que não fui eu
o único responsável pelo que aconteceu.
— O que está tentando me dizer, afinal?
— Pai, Eve e eu estávamos discutindo, na
verdade Eve estava furiosa dentro do carro, me
acusando como sempre de estar flertando com
alguma mulher. Ela estava fora de si, enraivecida, e
como eu a ignorei, ela puxou o volante do carro me
fazendo perder o controle, mudar de faixa e atingir
o caminhão.
Meu pai passou a balançar a cabeça
negativando, na verdade ele não estava acreditando
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no que estava ouvindo, então levou as mãos na


cabeça e se sentou no banco na beira do campo.
— O que está me dizendo?
— Que não provoquei o acidente por
embriaguez.
— Eve provocou por ciúmes?
— Nós provocamos, pai. Fui tão responsável
quanto ela.
— Tanto que eu te avisei sobre sua relação
doentia com ela, por que não nos contou isso antes?
— Me perdoe, pai, mas não me deram a
oportunidade.
Meu pai se levantou e foi se afastando de mim
desnorteado, então, depois de dar alguns passos ele
se virou, me encarou e disse:
— Não! Não perdoo você, na verdade, é você
quem tem que me perdoar. — caminhou em minha
direção e me abraçou forte e chorando como nunca
o vi chorar antes. — Me perdoe filho, me perdoe!
Eu virei as costas no momento mais difícil, nunca
vou me perdoar, por minha causa eu quase perdi
você também.

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— Eu estou aqui, não estou?


Ele me afastou dos seus braços, e disse-me sem
me soltar:
— Obrigado por não ter desistido, filho.

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Capítulo 45

Anna
Eric estava tão feliz por ter sido convidado pelo
pai para jogar tênis em sua casa, que acabei me
animando e convidei meus pais para irmos ao
cinema como fazíamos no passado, e estávamos
prontos para sair quando a campainha tocou e eu
abri à porta.
— Você aqui? — questionei estarrecida com a
presença daquela mulher em minha frente.
— Desculpe por incomodá-la, mas achei que
só você poderia me ajudar.
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Olhei para meus pais e a mandei entrar com o


coração saltando pela boca.
A mulher ali parada tinha cabelos castanhos,
olhos grandes e verdes e sua pele incrivelmente
alva realçava o contorno dos olhos e sua cor em si.
Sua beleza aflorou minha memória, fazendo-me
lembrar do dia em que a vi e eu não tinha uma boa
lembrança daquele dia.
— Filha vamos esperar você lá em cima,
quando estiver pronta nos chame. — disse minha
mãe que foi empurrando meu pai escada acima, já
que era discreta demais para ficar bisbilhotando.
Voltei a olhar para a mulher parada na minha
sala enfiada em seu terninho de cor palha, bem
mais discreta do que na última vez que a vi.
— Sua casinha é tão bonitinha. — disse
girando em torno de si mesma e olhando tudo ao
seu redor.
— Não saiu de Toronto e veio até Edmonton
para tecer amabilidades a minha casa, saiu?
— Não, claro que não. Antes de mais nada eu
gostaria de te pedir desculpas sobre nosso último
encontro, sei que fui muito rude com você, mas
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entenda, era uma estranha na casa do meu


namorado, e eu descubro que o quadro que sempre
pensei ser uma obra de arte, era uma mulher que
existia em carne e osso.
— É uma obra de arte! — ressaltei sobre a tela.
— Sim, sim, belíssima por sinal. — disse Eve.
— O que quer? — cruzei os braços e fechei a
cara.
— Posso me sentar? — questionou com a voz
serena.
— Sim, claro! — ela se sentou no sofá e eu me
sentei na poltrona, então ela começou a falar.
— Desde o acidente que venho tentando contar
uma coisa para o Eric, mas ele não me dá espaço, é
sempre muito rude comigo, me acusando de ser a
culpada pela morte da Julia e isso não é verdade.
— E o que está tentando contar a ele, afinal?
Ela ponderou antes de me dizer, então me
respondeu com muita veemência.
— Eu estou esperando um bebezinho, e já
estava grávida no dia do acidente, eu ia contar a ele
na festa do casamento da Jane, mas como sempre
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ele ficou flertando com uma amiga vadia dela e


aquilo me deixou possessa. Eu assumo que meu
ciúme dele sempre foi doentio, mas não a ponto de
provocar a morte de alguém.
Gargalhei sem conseguir me conter e a
respondi:
— Esse é o maior de todos os clichês da vida, a
ex-namorada que se diz grávida para tentar afastar
a atual namorada. Acha mesmo que vou acreditar
nisso, Eve?
Ela ficou séria, sua expressão facial não mudou
uma vírgula e então, ela me entregou um exame de
gravidez, peguei e abri o papel e nele confirmava a
gravidez, datando de pouco mais de três meses.
Perdi o rumo com aquele maldito papel nas
mãos, levei minha mão em meu cabelo e mal
consegui disfarçar minha surpresa, então eu a
encarei e questionei:
— Estava grávida no dia do acidente, sofreu
traumatismo craniano, ficou em coma e não perdeu
seu bebê? — questionei de forma pausada
completamente admirada e tremendo com o papel
nas mãos.
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— Foi um milagre, não foi?


Levantei-me do sofá completamente confusa,
eu não sabia o que pensar, nem como agir.
— Vim procurar você e pedir sua ajuda, sei
que ele vai te ouvir, minha barriga vai começar a
aparecer e ele precisa saber que vai ser pai. Ele não
atende minhas ligações, não me recebe mais em sua
casa e nem na empresa.
— Sim, ele precisa. — respondi com as mãos
frias e com o coração dilacerado, um filho o
deixaria caído de amor.
— Não quero o seu mal, não quero nada do
Eric, só quero que ele seja o pai que meu filho vai
precisar. Você entende isso?
— Claro que entendo. — suspirei sem
conseguir disfarçar minha frustração.
— Uma pergunta. — falei. — Você não se
cuidava para não engravidar?
— Sim, claro que sim, mas me distraí com isso
e acho que engravidei em uma viagem que fizemos
aqui para Edmonton, acredita nisso?
— É, ele tem trabalho aqui.

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Ela se levantou e disse-me:


— Preciso ir, estou cansada da viagem e se
precisar falar comigo me procure neste hotel. —
entregou-me um cartão do Fairmont Hotel
MacDonald.
— Uau! Suíte Elizabeth II? — falei sem
acreditar.
— Fiz questão de ficar lá, era o nosso quarto
preferido, meu e do Eric, acho que foi lá que
fizemos nosso bebê, dentro da hidromassagem
enorme que tem lá?
Eric me disse que nunca havia estado naquela
suíte, que coisa estranha.
Hidromassagem enorme? Pensei confusa.
— Sempre sonhei em conhecer o Mac, acho
que não deve existir uma viva alma que more nessa
cidade que não tenha sonhado em entrar lá dentro.
E ouvindo-a falar dessa suíte com essa
hidromassagem enorme, agora mesmo que fiquei
curiosa. — tentei um joguinho para ver se ela
falava mesmo a verdade.
— Sim, é linda e cabem umas cinco pessoas lá

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dentro, peça ao Eric para te levar lá algum dia, você


vai amar.
Engoli em seco, pois à vontade de desmenti-la
era grande, visto que não tinha nenhuma
hidromassagem enorme naquela suíte, tinha apenas
uma jacuzzi que mal cabia duas pessoas dentro e se
quisesse ficar confortável dentro dela teria que ser
engatada um em cima do outro como fizemos Eric
e eu, e ao me lembrar senti uma pontada deliciosa
em meu ventre.
— Eve, vou contar ao Eric, e, peço a ele para te
ligar e marcar para falarem sobre o destino de
vocês.
— Anna, não quero separá-los, você entendeu
isso não entendeu? Não quero que o deixe só
porque teremos um bebê. — disse-me cinicamente.
— Só quero o melhor para o Eric, eu o amo e
se ele achar que o melhor para ele é você, então
vou aceitar sua decisão.
— Obrigada, querida. — veio até mim,
abraçou-me e me deu um beijo. — Já vou indo,
preciso descansar, meu voo sai amanhã às 13h, me
procure se precisar conversar e quiser conhecer
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mais sobre o Eric.


— Boa viagem de volta. — respondi apenas.
— Obrigada querida! — se virou para sair, mas
em seguida voltou a me encarar. — Não é à toa que
Ben está tão encantado com você, te olhando assim
de pertinho você é encantadora, eu ia adorar ser sua
cunhada.
— Não conte com isso, Eve.
— Não gosta do meu irmão? — questionou.
Nem dele e nem de você. Pensei mais não falei,
se ela era esperta, eu também era.
Sorri apenas cruzando meus braços, então, sem
receber sua resposta ela se virou novamente e saiu
pela porta.
Quando ela saiu, meu corpo desmoronou
deslizando pela porta, eu sabia que ela mentiu sobre
o Mac, mas não sabia se estava mentindo sobre o
bebê, o mundo caiu em minha cabeça, já que eu
não tinha a força de Atlas.
Quando minha chegou mãe desceu as escadas,
viu-me sentada no chão com as costas encostada na
porta e chorando vertiginosamente.

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— Anna! O que foi meu amor? Quem era


aquela mulher?
— A ex-namorada do Eric, e ela me disse que
está grávida dele.
— Oh filha! Não se desespere isso pode ser
mentira.
— Não! Eu vi o resultado dos exames.
— Eu sinto muito meu amor, o que pretende
fazer?
Levantei-me com urgência e a respondi:
— Vou para Toronto, amanhã.
— Mas Anna, você prometeu que passaria
esses últimos dias comigo.
— Mãe, eu preciso falar com o Eric e não pode
ser por telefone, não vou conseguir esperar, me
perdoe.
Deixei minha mãe na sala e subi para meu
quarto, peguei meu notebook e comprei passagens
para Toronto no primeiro horário de voo, às 7h da
manhã do dia seguinte.
Estava em prantos arrumando minha mala,
guardei dentro dela as últimas peças de roupa que
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haviam ficado em Edmonton, visto que eu havia


mandado tudo para Toronto no avião do Eric. Meu
coração estava partido ao meio em saber que não
seria eu a dar-lhe o primeiro filho, eu o teria que
dividir com aquela mulher, já que ela estaria na
vida dele para sempre, isso se ele ficasse comigo
depois de descobrir sobre o bebê. Eu não conseguia
me conformar, e um milhão se situações se
passavam em minha cabeça. Eu iria perder o meu
Eric para sempre, eu o conhecia bem e sabia que
ele não iria deixar seu filho crescer sem a presença
do pai, era um homem que prezava a família acima
de tudo e Eve sabia disso.
Fechei a mala em cima da cama e me encolhi
nela chorando amargamente, eu não conseguia
pensar em outra coisa senão em perdê-lo, e em
como aquilo já doía tanto antes mesmo de
acontecer, e por fim, Ben e Eve iriam conseguir o
que queriam, destruir Eric de vez.
O celular tocou no meu criado mudo e era ele,
Eric me ligando. Fiquei olhando para a imagem
dele no celular e estava lindo na foto, como era
lindo o homem que eu mais amei e amo no mundo.
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Tapei o ouvido com as duas mãos tentando abafar o


som do toque do celular, não podia atendê-lo
naquelas condições, e nem contar nada daquilo para
ele sem estar olhando em seus olhos, mas Eric era
insistente demais e o celular não parava de tocar,
então peguei uma toalha e enxuguei minhas
lágrimas, tentei me recompor e atendi.
— Oi meu amor!
— Oi! Não aguentei, mesmo sabendo que você
estaria a caminho do cinema, tive que te ligar, estou
feliz demais para guardar isso só para mim.
— E isso tem a ver com você e seu pai?
— Que voz é essa? Por que estava chorando
meu amor? — questionou-me sem responder-me.
— Eu não estava, é que acabei de sair do
banho. — menti descaradamente.
— Está mentindo, o que aconteceu? Por favor,
me diga. — insistiu.
— Eu estava chorando sim, minha mãe está
muito sensível com minha mudança, ela não para
de chorar e eu fico tentando me controlar perto
dela, mas longe eu acabo chorando.

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— Anna, é só uma mudança de cidade,


ninguém morreu, nem vai morrer meu amor.
— Sim, eu sei disso. Eu só estou muito
sensível hoje, estou de TPM é isso e aí fico chorona
mesmo.
— Não fala isso pra mim quando não posso
estar aí e te abraçar.
— Você é um lorde, sabia? Eu tenho tanto
medo de te perder de novo.
— Ei! Não vai me perder de novo, para com
isso.
— Me promete isso? Promete que não vai me
deixar.
— Já fizemos essa promessa, lembra? E me
lembro inclusive de a senhorita não cumprir e me
deixar na primeira oportunidade.
— Aquilo não vai mais se repetir, e se me
deixar eu vou atrás de você até no inferno, igual
aquele filme do Robin Willians.
Eric gargalhou tanto do outro lado que me senti
tão aliviada, ele me confortou e no dia seguinte eu
o faria uma surpresa chegando antes do dia

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marcado, mas quando isso me veio à mente, o


motivo me assolou, senti meu coração se apertar
novamente.
— Eu te amo, tanto Eric, chega a doer.
— Eu também te amo muito, e você está me
deixando nervoso.
Eric e eu ficamos muito tempo no celular, e
acabou que o cinema com meus pais foi frustrado
pela visita daquela mulher. Eric não se cabia de
tanta felicidade por ter feito as pazes com o pai, ele
tinha tido um dia inesquecível e cheio de
reviravoltas e certamente que o dia seguinte não
seria diferente.
No dia seguinte, às sete da manhã eu estava
embarcando para Toronto, e se meu coração já
estava destruído, ficou ainda pior no momento de
minha despedida dos meus pais, achei que seria
fácil, mas foi a pior sensação de todas.

Capítulo 46
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Anna
Escolhi viajar bem cedo porque Eric raramente
me ligava antes das dez da manhã, eu sabia que o
motivo de antecipar a viagem não era o melhor de
todos, e ainda assim queria que ficasse surpreso ao
me ver, então não o avisei sobre estar indo para
Toronto. As horas dentro do avião pareciam não
passar, foram às três horas e meia mais longas da
minha vida, já que não consegui dormir durante o
voo de tanto olhar aquele maldito resultado de
gravidez que Eve deixou comigo. Assim que
desembarquei no aeroporto, fiz exatamente o que já
vinha programando em minha mente, ligar para o
Collin vir me pegar, porque eu não sabia como
chegar até o Eric.
Peguei o celular e disquei o número que Eric
havia registrado do Collin, três toques depois ele
atendeu:
— Alô!
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— Collin, sou eu a Anna.


— Bom dia senhorita, Anna, em que posso
servi-la?
— Me diga que não está com o Eric nesse
momento.
— Não senhorita, o Eric está trabalhando em
seu escritório no prédio da empresa.
— Será que você poderia vir até o aeroporto
me buscar? Estou querendo fazer uma surpresa para
o Eric, mas não sei como passar o endereço para
um taxista.
— Em qual aeroporto senhorita, Anna?
— No Island.
— Ótimo, estarei aí em vinte minutos.
Como Collin disse, chegou em vinte minutos e
eu já o esperava no estacionamento.
— Como vai senhorita, Anna? Fez boa
viagem? — questionou cumprimentando-me
gentilmente.
— Estou bem, Collin, e sim, fiz boa viagem.
— Por gentileza! — pegou meu carrinho com
minhas malas e as guardou no porta malas do carro
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de luxo preto, e em seguida abriu a porta para mim,


dizendo:
— Senhorita!
Entrei e assim seguimos para o prédio da
empresa, alguns minutos mais tarde, de longe já se
via o enorme nome da construtora em letras
gigantes prateadas na fachada do edifício. MCE. E
em baixo o significado das siglas, Mason
Construtora de Edifícios.
Collin entrou em um enorme estacionamento e
guiou-me até um elevador.
— Senhorita, suba até o quadragésimo andar,
dirija-se a mesa da secretária executiva Sue e peça
a ela para levá-la até o Eric. Estarei esperando pela
senhorita aqui, para levá-la para onde desejar assim
que retornar.
— Obrigada Collin e me deseje boa sorte.
Ele me olhou sem entender nada e disse-me:
— Boa sorte, senhorita. — permitiu-se sorrir.
Fiz exatamente como ele havia me dito, e
quando à porta do elevador se abriu no
quadragésimo andar, meus olhos depararam-se com

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tanto luxo quanto nunca havia visto antes, era tudo


muito claro e cheio de vidros e inox para todos os
lados, fiquei meio perdida, pois haviam várias
mesas cada uma com mulheres mais lindas que as
outras, então segui para a primeira que encontrei
em minha frente.
— Bom dia! Gostaria de falar com a secretária
executiva do senhor Eric Mason.
Ela olhou para sua direita e disse-me:
— Quarta mesa. — sorriu solicita.
— Obrigada.
— Não tem de que. — respondeu-me e voltou
a baixar sua cabeça.
Segui para a mesa indicada e a mulher que se
encontrava com um crachá dizendo Sue, era nada
além de uma loira linda e maravilhosa. Estava com
um rabo de cavalo e usava um lindo e elegante
colar de pérolas.
— Bom dia, Sue.
— Bom dia! Em que posso ajudá-la?
— Gostaria de falar com o Eric, sou Anna.
— Anna de quê? A senhorita tem hora marcada
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com ele? — Abriu uma agenda.


Fiquei sem jeito de dizer que era a namorada, e
quando ia lhe responder, senti uma mão firme me
tocando e me puxando, enquanto dizia:
— Ela é a namorada do Eric, Sue, pode deixar
que eu a levarei até ele.
— Me solte Benjamin. — falei em uma espécie
de sussurro, não queria ser deselegante naquele
ambiente todo chique.
Ben foi me puxando pelo braço, e assim que
chegamos em um enorme corredor, onde não havia
nenhuma alma viva, ele me encostou em uma
parede e disse-me:
— Anna, como você está linda!
— Saia da minha frente, Benjamin.
— Veio procurar o Eric?
— O que acha?
Ele levou a mão em meu rosto, encurralando-
me e dizendo:
— Anna, não sabe como sou louco por você.
— Tire suas mãos de mim! — dobrei meu
joelho e o acertei no meio de suas pernas.
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— Aiiii! — grunhiu.
Quando fui sair de perto dele, senti novamente
suas mãos me segurarem firme.
— Me solta ou eu vou gritar. — vociferei.
— Solte a moça, Benjamin, — escutei uma voz
forte e firme vinda de trás de mim, e assim
Benjamin endireitou seu corpo e ficou olhando a
imagem do homem grisalho com espanto e com o
cenho fechado.
Deu alguns passos para trás, até ficar encoberta
pelo corpo do homem, que disse:
— Você está passando dos limites, Benjamin,
não sei o que está lhe movendo, mas eu juro que
assim que eu descobrir, vou esquecer a promessa
que fiz no leito de morte do seu pai e dar um jeito
de te colocar para fora da minha empresa.
É o pai do Eric. Pensei.
— Norman não é nada do que está pensando,
eu só estava tentando ajudá-la a encontrar a sala do
Eric.
— Eu sei o que vi, Ben, e te digo uma coisa, se
voltar a encostar um único dedo nessa mulher, que

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por acaso não lhe pertence, vou trabalhar dia e


noite para tornar sua presença nesta empresa tão
insuportável que vai vir a mim e oferecer suas
ações a preço de nada.
Benjamin não respondeu uma única palavra ao
pai do Eric, apenas se virou e tirou seu enorme
corpo de nossa presença.
Minha pele era muito branca, e assim o senhor
Norman segurou em meu braço e analisou a marca
vermelha que Benjamin deixou no meu braço,
então ele puxou a manga de minha camisa para
baixo e disse-me:
— Pode por gentileza não reportar esse
acontecido para meu filho? Pelo menos até estarem
fora da empresa?
Assenti balançando a cabeça.
Ele suspirou e disse:
— Não me admira você estar sendo disputada
por esses dois homens, sua beleza é digna de ser
admirada, Anna.
— Como sabia quem eu era senhor Mason?
Ele sorriu contido e respondeu-me:

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— Respondo sua pergunta se aceitar vir até


minha casa hoje e jantar conosco, o que me diz?
— Senhor eu... Eu preciso falar com o Eric
sobre isso.
— Se aceitar meu convite, ele não poderá
negar.
— Mas eu... — titubeei, antes de responder. —
não sei se estarei preparada para um jantar em sua
casa ainda hoje.
— Bom, não sei que tipo de preparação uma
moça linda como você precisa ter para vir a casa do
sogro comer pizza.
Senti meu rosto corar e meu coração se alegrar,
para comer pizza eu estava sempre pronta e dei
graças por não ser mais um daqueles jantares
formais cheios de frescuras.
— Eu pediria para prepararem um jantar digno
de uma artista plástica do seu porte, mas Jane
minha filha está com desejo de comer pizza. —
explicou-me.
— Pizza está ótimo, eu adoro. — respondi
imediatamente.

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— Bom, vem comigo, vou levá-la até a sala do


meu Eric.
Nosso! Pensei novamente.
Caminhamos juntos pelo lindo corredor, então
chegamos a uma porta de madeira lindíssimas com
puxadores enormes de inox.
O senhor Mason foi entrando e conversando
com Eric, enquanto que eu fiquei um pouco mais
atrás sem ser notada por Eric, que estava muito
distraído olhando em seu computador.
— Está com a cara enfiada nesse projeto o dia
todo, filho.
— Venha dar uma olhada, pai.
Norman se aproximou da mesa, e levou seus
olhos diretamente para o computador do Eric, eu
fiquei tão feliz em vê-los juntos que meus olhos se
encheram de lágrimas. Eric estava tão lindo
vestindo uma camisa branca com os primeiros
botões abertos e sem gravata, seu terno cinza estava
pendurado atrás de sua cadeira. Tenho certeza que
meus olhos estavam brilhando, sua barba havia
crescido um pouco mais e estava primorosamente
bem aparada. Ele estava tão absorto mostrando seu
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projeto ao seu pai que não me viu perto da porta e


nem seu pai quis interrompê-lo.
— Você é o melhor, não tenho como negar
isso, filho. — deu dois tapinhas nas costas do Eric e
disse:
— Já está marcado, vamos comer pizza lá em
casa hoje. Se sua irmã não comer pizza hoje ela
morre, ah, convidei sua namorada.
Eric se levantou e respondeu:
— Pai. Já lhe disse que ela chega depois de
amanhã.
Norman virou-se em minha direção, dizendo:
— Poxa, acho que convidei a moça errada
então.
Encolhi os ombros quando Eric soletrou meu
nome com empolgação:
— Anna! — saiu de trás de sua mesa e veio
com urgência para mim, e quase me matou de
vergonha quando segurou em meu rosto com suas
duas mãos enormes e me beijou, dando-me muitos
selinhos e disse:
— Meu amor, que saudade!
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— Bom, se essa mulher não fosse tão


disputada, juro que entraria para o páreo. — disse o
pai dele, fazendo-me corar mais ainda e saindo da
sala, me deixando a sós com Eric.
Quando à porta se fechou atrás de nós, Eric
passou seus braços em minha cintura e rodou-me
tirando meus pés do chão.
— Resolveu antecipar sua vinda, meu pôr do
sol? — beijou-me novamente. — Se tivesse me
avisado teria mandado Collin ir buscá-la.
— Collin foi me buscar, pedi a ele.
Vi a satisfação estampada nos olhos dele.
— Chegou hoje? Collin não me disse nada.
— Sim, eu precisava falar com você ou iria
enlouquecer, pedi isso a ele, para não lhe contar
nada.
— Humm, tem alguém morrendo de saudades.
— abraçou-me forte pela cintura e veio beijando-
me daquele jeito que só o Eric sabia, e existia muito
calor e umidade naquele beijo e eu sabia onde ele
nos levaria se eu simplesmente não o parasse
naquele momento.

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— Eric! Eric! — não parava de me beijar


impedindo-me de falar.
— Estou morrendo de saudade, você não? —
falou com a voz arrastada me enlouquecendo ao
senti-lo se animando todo.
— Sim, estou morta de saudades, mas não foi
isso que me fez antecipar a viagem.
— Não? — Eric afastou seus lábios dos meus,
questionando-me com a expressão preocupada.
— Não! — afastei-me dele e abri minha bolsa,
retirei de lá o exame de gravidez de Eve. — Isso
me fez mudar de ideia, acho que seu sonho de ser
papai vai se realizar antes que você imagina. —
mostrei o papel.
— Anna! Não me diga que você está...
— Grávida? Não, eu não, veja você mesmo. —
entreguei o papel a ele, que o pegou em seus dedos
e leu com cuidado, então me questionou com a
testa toda franzida em preocupação:
— Como conseguiu isso?
— Eve foi a minha casa ontem à noite e pediu-
me para lhe entregar esse exame.

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— Por isso estava chorando quando liguei?


Anna! Meu amor, por que não me contou isso
antes? Por que diabos não me contou isso ontem
quando te liguei?
— Achei que tinha que estar olhando nos seus
olhos para te contar isso.
— Não é possível, isso não é possível. — falou
completamente confuso.
— Acho que vai ser pai.
Eric negativou com a cabeça, andando de um
lado a outro nervoso.
— Como isso é possível? Ela não me disse
nada que estava esperando um bebê antes do
acidente, e se estava, como foi que ele sobreviveu?
— Ela me disse que foi um milagre.
— Anna, olha para mim. Isso aqui em minhas
mãos não pode ser, mesmo que o bebê tivesse
sobrevivido, acha mesmo que ela esperaria todo
esse tempo para me contar? Não! Não a Eve, não
depois que terminei nosso namoro quando ela se
recuperou e veio me procurar. A Eve que eu
conheço não esperaria passar dois meses para vir

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me contar isso e nem tão pouco iria se dar o


trabalho de contar a você, não, tem alguma coisa
errada.
— Mesmo que ela tivesse perdido o bebê, por
que ela não te contaria?
— Anna, eu a odiei pela morte de minha mãe e
odiaria mais ainda pela morte do nosso bebê, cujo
ela nem havia me contado e escolheu nem contar
porque ela é fria, calculista e sabia que eu a odiaria
se soubesse que ela matou nosso bebê naquele
acidente.
— Não sei o que pensar.
— Benjamin mal acabou de me atacar e agora
vem a Eve, eu não estou entendendo nada, estou
confuso e só tem um jeito de tirar essa história a
limpo.
Eric foi até sua mesa, apanhou seu celular e
encostou-se na mesa, então bateu com a mão na
cadeira que estava na frente da mesa indicando-me
para me sentar.
— Alô! Dr Alfred, aqui é o Eric Mason. — ele
colocou o celular em viva voz.

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— Como vai Eric? — questionou o médico de


forma solícita.
— Estou bem, mas preciso que me tire uma
dúvida.
— Sim, estou à disposição, pode falar.
— O senhor se recorda se quando atendeu a
Eve no dia do acidente, ela estava grávida?
— Bom você sabe que fui o primeiro médico a
examinar vocês dois, e, a Eve estava grávida sim,
mas havia perdido o feto com o acidente.
Dificilmente ela conseguiria segurá-lo mesmo que
não tivesse perdido no acidente.
— Então não existe nenhuma possibilidade de
ela estar grávida nesse momento?
— Essa sua pergunta eu não posso responder,
se ela está grávida agora, não é o mesmo feto. —
respondeu o médico dando-me uma dose de alívio,
e contentamento que nem sei como explicar.
— Dr. Alfred, muito obrigado por sua
informação.
— Imagina, sempre um prazer falar com você,
Eric.

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— Igualmente, Dr.
— Passe bem. Um abraço.
Quando Eric desligou o celular, amassou o
papel entre seus dedos com o olhar perdido, ele
estava furioso e simplesmente odiava ver aquele
olhar em seu rosto, então ele pegou seu terno na
cadeira, pegou em minha mão e foi saindo de sua
sala, arrastando-me com ele.
— Aonde vamos?
— Você vai para casa, eu vou resolver essa
história.
— Eric não! Por favor, meu amor, chega de
ficar batendo de frente com essas pessoas, Ben e
essa Eve estão começando a me deixar com medo.
Ele parou e me encarou dizendo enquanto me
tocou afetuoso:
— Enquanto Benjamin estava mexendo só
comigo, tentando me prejudicar, tudo bem, mas não
vou permitir que tirem a sua paz, não vou permitir
que fiquem confabulando para nos separar.
— E o que vai fazer?
— Falar primeiro com a Eve e depois com o
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irmão dela.
— Eric não, por favor, não procure o
Benjamin.
Ele tocou em minha face e disse-me:
— Não tenho medo dele, não sou covarde
como ele.
Eric desceu comigo até o estacionamento, lá
nos encontramos com Collin que ainda me esperava
como havia prometido.
— Collin leve Anna para casa.
— Sua casa ou para Ajax? — questionou
Collin.
Quando Eric encheu os pulmões para
responder, falei antes dele.
— Ajax, vou para casa ver minha avó.
Eric veio até mim, encostou sua testa na minha
e em seguida beijou meus lábios e falou:
— Buscarei você lá para irmos à casa do meu
pai. Me perdoe, não consigo deixar essa situação
passar em branco.
Assenti respondendo:
— Tome cuidado com o Benjamin.
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Fez carinho no meu rosto e saiu caminhando


dentro do estacionamento e entrou em um carro
com a logomarca MCE, e saiu dirigindo ele
mesmo.
Toda aquela situação me deixou em pânico,
não podia nem imaginar um afrontamento entre
Eric e Benjamin depois de tudo que aconteceu entre
eles recentemente, os ânimos ainda estavam bem
aflorados e eu tinha que fazer alguma coisa, assim
quando Eric passou por mim e Collin com o carro
da empresa, eu simplesmente subi até o andar da
Presidência novamente e alertei o senhor Mason
sobre Eric voltar e procurar o Benjamin na
empresa.
Ele tranquilizou-me dizendo que ficaria de olho
para saber quando Eric voltasse e fosse procurar o
Benjamin. E não deixou de me lembrar sobre ir até
sua casa durante à noite, fazendo-me inclusive um
pedido muito especial.

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Capítulo 47

Anna
Após sairmos da empresa, Collin foi me levar
para Ajax e no caminho eu observava a veloz e
pulsante Toronto, com suas ruas largas e cheia de
edifícios altos e glamorosos que me faziam lembrar
de Eric e sua paixão pelo que faz. E muito me
encantava a mescla da arquitetura moderna com os
prédios de arquitetura vitoriana que enchiam os
olhos, resumindo, Toronto é uma cidade dinâmica
que não para nunca, muito trânsito, muita gente de
diversas etnias circulando rápidas pelas calçadas e
ruas. Os Plátanos estavam com suas folhas caducas
avermelhadas e eram um show à parte, e foi com
meu olhar perdido nos edifícios que me lembrei de
Eric e no que deveria estar fazendo naquele
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momento, ou seja, indo até Eve ou... Pensando estar


indo até ela, visto que ao pensar nisso, um flash se
passou em minha mente. Meu voo sai amanhã às
13:00.
— Droga! Como não me lembrei disso? —
sussurrei em voz alta.
— Disse alguma coisa senhorita, Anna? —
questionou-me, Collin.
— Não, é que me lembrei que Eve não está em
Toronto.
Me lembrar daquilo fez-me sentir um certo
alívio, visto que eu não estava gostando nada do
Eric perto dela, eu confiava nele, mas não confiava
nela e só de pensar naquela mulher encostando um
único dedo que fosse no meu Eric, eu já ficava
nervosa. Eu iria acertar as contas com ela no
momento oportuno e até já sabia quem iria me
ajudar com isso. Peguei meu celular e liguei para o
Eric rapidamente.
— Oi meu amor, estou dirigindo. — disse-me
ele assim que atendeu.
— Sim, eu sei, liguei apenas para te dizer que
irá perder sua viagem, Eve não está em Toronto,
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lembrei-me que ela disse que sairia de Edmonton


no voo de uma da tarde.
— Droga! — resmungou. — Tudo bem, vou
voltar para a empresa, Eve não está na cidade, mas
Benjamin está.
— Eric, deixa aquele homem para lá, por favor,
esquece ele.
— Me perdoe, me peça qualquer coisa, menos
para esquecer que aquele maldito está armando
para cima de mim.
— Tudo bem, não adianta falar com você, não
é mesmo?
— Eu passo às seis para te pegar.
— Está bem, estarei esperando. Beijo.
— Anna! — disse quando eu estava quase
desligando.
— Sim!
— Não queria ter que te dividir com ninguém
essa noite.
— Não seja bobo, à noite é longa. — falei
sussurrando, não queria que Collin ouvisse aquilo.
— É, tem razão, vai ser uma tortura ter que
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esperar, mas enfim.


— Esse seu fogo não apaga nunca? —
cochichei no celular.
Eric gargalhou do outro lado respondendo-me:
— Como? Se você é um produto inflamável,
literalmente falando.
— Eric!
— O que foi? Não posso dizer que estou louco
de saudades e morto de vontade de te amar à noite
inteira?
— Estou indo para Ajax no seu carro com o
Colinnnnn! — arrastei o nome do Colin para que
ele entendesse que me deixar vermelha de vergonha
dentro do carro não era a melhor ideia.
— É mesmo? Juro que não sabia desse detalhe.
— riu gostoso e o som de sua risada era tão
excitante quanto o som de sua voz. — Ah minha
Cenourinha, se Collin soubesse metade dos meus
pensamentos nesse momento, ele é que ficaria
vermelho de vergonha.
— Eric, não!
— O que foi? Não quer que eu diga que sua
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voz me excita e que só de pensar em nós dois, meu


pau começa a se animar?
— Não, não quero que diga, não diga, por
favor. — implorei.
— Digo, e te digo mais, eu daria qualquer coisa
para estar dentro de você agora, entrando e saindo
com força, tanto que faria seus dedos se afundar em
minhas costas e me arranhar todo enquanto geme
em meus ouvidos implorando por mais.
Todos os pelos do meu corpo se arrepiaram ao
ouvir aquelas palavras chegando em meus ouvidos
com aquela voz grave e mansa. Senti uma pontada
tão forte em meu ventre, que meu corpo se contraiu
todo e meu rosto queimou.
— Pare! Por favor. — implorei novamente.
Ele gargalhou tão gostoso e eu queria que
continuasse falando, mas com Collin na minha
frente aquilo não era uma boa ideia.
— Até mais tarde, meu pôr do sol. — foi um
alívio.
— Até. — desliguei o celular com o rosto
queimando e morrendo de vergonha do Collin, sei

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que ele não ouviu nada do que Eric disse, mas eu


estava em chamas e desconcertada, qualquer um
notaria.
Encolhi-me no banco e continuei observando à
vista que passava rápida e deslumbrante em meus
olhos, e o sorriso bobo de mulher apaixonada não
me deixava.
Assim que chegamos em Ajax, chamei,
chamei, toquei a campainha e nada de vovó Emma
vir atender. Collin ficou encostado no carro
esperando vovó aparecer e nada dela. Toda a casa
estava trancada, e a falta de respostas começou a
me deixar aflita, assim peguei minha chave na
bolsa e abri a porta com urgência e fui entrando e
chamando-a em todas as partes da casa. Naquela
hora do dia ela estaria em casa e as portas não
estariam trancadas.
— Vovó! — chamei. — Vovó Emma!
Collin entrou na casa pedindo licença e
trazendo minhas malas, estava ele de costas para à
porta quando foi literalmente atacado pelas costas.
— Aiii! — rugiu levando as mãos na cabeça.
— Vou chamar a polícia seu ladrão de
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velhinhas safado, mas antes vou acabar com você.


— disse vovó Emma atacando Collin com um
guarda-chuva.
— Pare com isso vovó! Sou eu, Anna. — fui
até ela rapidamente.
— Ahh, é você minha Cenourinha? Não me
avisou que chegaria. Pobre homem, você se
machucou querido? — ela perguntou a Collin com
a maior cara de pau.
— Collin, você está bem? — perguntei fazendo
careta e levantando as sobrancelhas.
— Vou ficar! — respondeu apenas passando a
mão na cabeça.
— Me perdoe, senhor Collin, eu achei que era
um bandido.
— Meu Deus vovó! Em Ajax? — questionei.
— Pois fique você sabendo minha querida, que
tivemos um assalto no mercadinho semana passada.
— Collin, perdoe a minha avó. — falei
envergonhada.
— Está tudo bem, ela estava só protegendo seu
lar. Vou indo senhorita Anna, se precisar é só me
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ligar.
— Obrigada.
Collin saiu da casa passando a mão na cabeça,
eu tapei minha boca, e assim que ele se distanciou o
bastante não consegui me conter e caí na
gargalhada, questionando:
— Vovó! Como pode bater no motorista do
Eric com aquele guarda-chuva?
— Oras! Bato naquele macho alfa com ele
também, aliás, ele bem está merecendo. —
respondeu-me brava.
— Antes que saia batendo em mim também,
me dê um abraço.
— Ahh minha Cenourinha que saudade. —
abraçou-me forte.
— Também já estava com saudades de você.
— Mas me diga, eu não estava esperando você
hoje, e o que são todas aquelas caixas lá em cima?
— Bom, lembra que me convidou para morar
aqui com a senhora?
— Sim, sim! — ficou me encarando enquanto
segurava em meus braços.
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— Eu aceitei seu convite, me mudei para sua


casa oficialmente agora.
— Anna, eu não tenho mais idade para
brincadeirinhas.
— Vovó, é sério, aquelas caixas lá em cima são
as minhas coisas, tudo que eu tenho na vida está lá
em cima.
— Ai meu Deus! Ai meu coração, eu não vou
aguentar, vou morrer agora.
— Nãoooo, não se atreva a morrer, a propósito,
está proibida de morrer, seja lá quando for.
— Humm! É, tem razão, ainda tem muito
vinho e poker no mundo para eu pensar em morrer.
Mas me deixa te contar sobre aquele macho
abusado que você chama de namorado.
Vovó falou mal do Eric, o xingou por ter
mandado duas babás atrevidas para cuidar dela, e
só não o chamou de santo, mas no fim das contas,
confessou que estava louca para sentir o cheiro
bom dele de novo.
Passei o resto da tarde arrumando minhas
coisas em meu novo quarto, May apareceu para me

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ajudar e ficou possessa por eu não a ter avisado da


viagem e por não ter pedido a ela para ir ao
aeroporto me buscar. Eu nunca a vi tão feliz e
animada com um namorado, parece que Freddy
estava se comportando bem, segundo ela, estava
começando a gostar do jeito diferente do Freddy de
fazer amor, e acabou entrando em detalhes que me
deixavam morta de vergonha. May fez tanto drama
semanas atrás, dizendo que não o queria mais, que
achei mesmo que tudo estava perdido para eles,
mas ao que parece, May estava era gostando das
peculiaridades de Freddy.

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Capítulo 48

Eric
Meu corpo entrava em erupção ao pensar em
Anna, mas assim que desliguei meu celular e liguei
o carro novamente, pois eu havia encostado para
poder falar com Anna, minha mente se voltou em
Eve e em Ben, então como não podia tirar
satisfação com Eve naquele momento, voltei à
empresa. Passei com urgência pela mesa das
secretárias e nem olhei para o lado de Sue, quando
me chamou:
— Eric! Eric. — repetiu meu nome por duas
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vezes sem que eu lhe desse atenção. Eu tinha um


objetivo naquele momento e ele tinha um nome
também, assim caminhei focado em uma única
porta, a do escritório de Benjamin, e assim que dei
de topo com ela eu a abri com rapidez sem pensar
duas vezes e assustado Benjamin levantou-se de
sua mesa e apoiou suas mãos em cima dela
arqueando seu corpo e questionando:
— Qual é Eric? Bater na porta faz parte dos
protocolos da vida.
— E qual protocolo você e Eve estão seguindo
para destruir a minha vida?
Ele endireitou seu corpo e equilibrou-se em
cima de seus quase 2 m de altura, mas seu tamanho
não me colocava medo.
— O que Eve tem a ver comigo e com você?
— questionou-me.
— Não seja estúpido. — joguei o resultado do
teste de gravidez em cima da mesa dele, que o
apanhou imediatamente em seus dedos e assim que
leu começou a gargalhar, dizendo.
— Eve! Eve!

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— O que me diz desse exame?


— Eve te ama, cara. É isso que essa porcaria
diz. — balançou o papel no ar. —O desespero de
uma mulher que ama um homem e que é capaz de
usar até um exame de gravidez que não tem mais
serventia de nada para reconquistá-lo. Isso se
chama desespero e amadorismo da parte dela.
— Então você já sabia que ela não estava mais
grávida? — interpelei.
— Claro que sabia, foi a mim que o médico
deu a notícia já que o pai do bebê a abandonou lá
naquele hospital.
— Eu estava desnorteado, Ben, havia acabado
de perder minha mãe.
— Eve era sua namorada e estava à beira da
morte, não se preocupou com isso?
— Minha única preocupação naquele momento
da minha vida, era em esquecer que conheci a
mulher que provocou a morte da minha mãe, a
mulher que eu mais amava no mundo. — respondi
com rancor.
Ben respondeu pausadamente:

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— Eu também a amava! Julia também era uma


mãe para mim, e se você continuar afirmando que
Eve foi a culpada, eu o farei provar isso na justiça.
— Justiça! — sorri forçado. — Você é
engraçado, Benjamin, diz que amava minha mãe,
agia como se meu pai fosse uma família para você,
e nem digo sobre nossa amizade, porque isso ficou
irrelevante da noite para o dia, mas o que me
espanta mesmo, é você estar passando por cima de
tudo isso para nos atacar, a mim e a meu pai, sem
nenhuma causa aparente.
— Você deixou minha irmã morrendo em cima
de uma cama de hospital e a abandonou logo em
seguida sem nenhum motivo e ainda reclama que
mudei com você da noite para o dia? Está
brincando comigo, Mason? — vociferou ele.
— Por isso está me atacando de todos os lados?
— Não estou atacando ninguém. — deu-me as
costas. — Meu pai ajudou erguer essa empresa, ele
trabalhou lado a lado com seu pai, ele morreu e eu
estou aqui no lugar dele. Não acha justo que eu me
esforce para conquistar meu espaço aqui dentro?
— Você sempre teve seu espaço. — respondi.
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— Não! Sempre tive as migalhas que seu pai


me dá.
Gargalhei nervoso.
— Ben, essa empresa é do meu pai há décadas,
meu avô fundou a MCE, minha família continua
sendo dona da Mason Construtora e você não é...
— calei-me.
— Um Mason? — fez cara de desdém. — Não
sou um Mason, mas sou um Cooper, filho de um
sócio fundador dessa empresa, então, não me diga
que não tenho o direito de ocupar cargos mais altos
aqui dentro.
Assenti dizendo:
— Está certo, não vou questionar isso, só quero
que me diga o quão pessoal tudo isso se tornou
entre mim e você? Se o seu objetivo é subir na
Mason, eu acho audacioso e até louvável, mas
quando foi que isso se tornou pessoal? Quando foi
que tirar tudo que me pertence entrou para sua lista
de prioridades? E quando digo tudo, incluo a Anna,
a coisa mais valiosa na minha vida.
— Eu estava aqui segurando os remos junto
com Norman quando você pulou do barco e o
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abandonou em um momento doloroso que foi a


perda da Julia. Abandonar as pessoas e se esconder
é o que faz de melhor, não é?
— Eu estava destruído em dor e culpa, meu pai
não me queria do lado dele.
— Anna veio a mim fugindo de você, não
imaginei que ela tivesse tanto peso assim em sua
vida, e me apaixonar por ela não foi muito difícil,
aliás, foi instantâneo, porque ela é a mulher para se
apaixonar e não vou deixar você abandoná-la e
fazê-la sofrer assim como fez com a Eve. Se eu
puder evitar que a faça sofrer, eu farei. — retrucou-
me altivo fazendo a ira crescer atordoante dentro de
mim e minha visão turvar.
Dei um passo em sua direção e fiquei cara a
cara com ele, e falei entre dentes cerrados:
— Não volte a se aproximar dela ou tocá-la, se
eu tiver que falar isso novamente, Ben, as coisas
vão ficar complicadas entre nós e o mundo vai ser
pequeno demais para nós dois.
— Vai me matar, Eric? — inquiriu dando um
passo à frente encostando-se a mim e fazendo-me
retroceder um passo atrás, e assim fechei os punhos
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preparando-me para o que viria a seguir.


— Ninguém vai matar ninguém aqui. —
respondeu meu pai pegando-nos de surpresa já que
nenhum de nós o viu entrar. — Sabe Benjamin. —
veio caminhando em nossa direção. — Você fala de
um jeito sobre minha Julia e minha empresa, a mim
soa muito possessivo, não acha?
— Não, eu não acho, apenas cresci amando
essa empresa e respeitando a Julia que depois da
morte da minha mãe passou a ser como uma mãe
para mim.
Meu pai enfiou as mãos no bolso e ficou
olhando para o Ben de uma forma estranha, tinha
um sorriso forçado e contido em seu rosto, então
meu pai chegou bem próximo de Ben e ficou
encarando-o sem dizer nada por alguns segundos,
mas que pareciam uma eternidade.
— Eric! Você já pode ir para seu almoço, a
propósito, me espere na minha sala para almoçar
comigo e com um dos investidores, temos assuntos
pendentes.
Antes de me retirar como meu pai havia
pedido, fui até Ben, olhei em seus olhos e dei o
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aviso:
— Fique longe da minha mulher! Essa é última
vez que te aviso.
Ben não me respondeu nada, apenas estufou o
peito como um pavão, e olhou-me com o ódio
faiscando em seus olhos.
Mais uma vez meu pai chegou a tempo de
evitar que minha conversa com Ben partisse para o
contato corporal, mas meu pai não estaria sempre
por perto, sendo assim, saí da sala de Benjamin e
fui para a do meu pai esperá-lo para almoçarmos
juntos. Durante o almoço com um dos investidores
que queria saber sobre a atual situação da empresa
e sobre se ele precisava temer alguma coisa, meu
pai estava aéreo, parecia preocupado com a
conversa que teve com Benjamin depois que saí,
contudo quando eu o questionei no caminho de
volta para a empresa, ele alegou estar cansado e
desconversou falando sobre o jantar e como me
deixaria envergonhado na frente da Anna quando
ganhasse de mim.
Durante à noite, às seis em ponto cheguei na
casa de Anna, e vovó Emma foi quem abriu a porta
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para mim e me recebeu, dizendo:


— Como vai querido, Eric? Entre.
Fui entrando e não vi Anna por ali.
— Minha Nossa Senhora das Senhorinhas
Idosas! — disse vovó, olhando-me espantada. —
Aonde diabos você vai vestido com esse shortinho
e com esse cheiro maravilhoso?
Era impossível não gargalhar com ela, e assim
eu a respondi quando consegui parar de rir.
— Vou com Anna até a casa do meu pai, vou
jogar tênis e depois jantar com meu pai e irmã.
— Humm! Vai jogar tênis com esse shortinho?
— Sim, com esse, a senhora gostou dele?
Ficou bem em mim? — eu estava com o short preto
e uma camiseta azul aquela noite.
— Se eu gostei...
— Vovóoo! Deus que eu não posso te deixar
um minuto sozinha com o Eric. — disse Anna
descendo a escada.
— Está tudo bem amor, vovó é muito
divertida. — fui até Anna, segurei e apertei firme
em sua cintura e dei-lhe um beijo sentindo seu
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cheiro tentador e o gosto de seu batom, e se não


fosse vovó ali na sala eu a teria agarrado ali
mesmo.
— Você fez a barba, e está lindo nessa roupa,
tão esporte. — disse-me Anna em um tom de voz
mais baixo, para não ser ouvida por vovó.
— E não está mesmo, Cenourinha? Vejam lá o
que vocês vão aprontar hein! — disse dona Emma.
Anna revirou os olhos, e ela estava
simplesmente linda usando um vestido cinza com
detalhes em preto e verde e sapato de salto também
verde.
— Vovó, Collin meu motorista está
traumatizado com a senhora. — falei.
Ela fez um sinal com a mão dizendo que aquilo
não foi nada.
— Ele vai se recuperar, poderia ter sido bem
pior. — respondeu-me ela.
— Ele vai sim. — respondi e perguntei a Anna.
— Podemos ir amor?
— Sim, claro que sim. Vovó, tem certeza que
ficará bem? — Anna questionou a avó.

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— Claro que sim, minha turma deve estar


chegando, vamos passar à noite jogando.
— Está bem, me prometa que não irá beber
muito. — disse Anna beijando-a no rosto e saindo
comigo.
Assim que saímos eu a abracei e me joguei em
seus lábios, ela estava com um cheiro maravilhoso
e sem conseguir resistir fui apertando-a contra mim
e devorando-a em meus lábios, até que escutei
alguém pigarreando:
— Eu estou vendo tudo isso senhor Mason,
pode pelo menos me respeitar? — perguntou vovó
tirando-nos do nosso momento matando a saudade.
— Me perdoe, vovó. — falei empurrando Anna
pelas costas direcionando-a até o carro.
— Sua avó é uma figura, amor. — me inclinei
no banco e voltei a beijá-la.
— Ainda estou aqui na porta. — disse vovó.
— Ela gosta de você, Eric.
— Que bom! Não quero nem imaginar se não
gostasse.
Dei a partida no carro e seguimos para
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Toronto, para a casa do meu pai.

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Capítulo 49

Anna
Saímos de Ajax pouco depois das seis, por
causa da vovó Emma que me fazia passar mil e
umas vergonhas, ela era espontânea demais e eu
simplesmente amava o jeito dela, mas às vezes ela
extrapola, e pelo visto Eric gostava muito, pois
dizia se divertir muito com ela. Eric estava lindo
demais trajando roupas típicas de jogadores de
tênis, não posso negar que o ver enfiado naquele
short curto que deixava todos os seus atributos
evidentes demais, não me deixou excitada, aliás, a
simples e única existência do Eric já é um fator
excitante para mim, sempre foi na verdade.
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— E então, como está se sentindo em sua


primeira visita a casa do senhor Norman Mason, o
seu sogro? — olhou de soslaio sem tirar os olhos da
estrada.
— Bom, com seu pai eu já me sinto bem à
vontade, ele tem esse dom de deixar a gente muito
tranquila perto dele.
— É, meu pai sempre foi assim, ele é um
homem excepcional.
— Você puxou muito a ele.
Eric sorriu e continuou olhando a estrada
atendo.
— Já te falei que está muito linda hoje? —
disse olhando para mim rapidamente.
— Humm! Acho que não falou.
Ele me olhou fazendo a cara mais séria do
mundo e falou:
—Você está muito linda senhorita Anna
Beatriz e tentadoramente cheirosa também, vai ser
um martírio esperar à noite toda para ter você só
para mim.
Quando eu ia respondê-lo meu celular tocou e
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era minha mãe.


— Annaaa! — já começou ralhando comigo e
eu sabia exatamente o porquê. — Estou o dia todo
esperando você me ligar para dizer como foi de
viagem. — suspirei e olhei para o Eric que piscou
para mim e sorriu me derretendo toda.
— Mãe eu te liguei duas vezes e papai me
disse que você não estava e que havia esquecido o
celular em casa, a senhora podia muito bem ter
retornado à ligação.
Enquanto eu falava com minha mãe, senti
quando Eric colocou sua mão em minha coxa, e ela
estava quente, então passou a fazer carinho em mim
com sua mão deslizando em minha coxa, subindo e
descendo.
— Sim, sim, acontece que o desligado do seu
pai não me avisou nada e eu estava o dia todo
ocupada demais para conferir o celular, você sabe
como sou desligada com celular. — retrucou-me
ela, enquanto eu sentia um arrepio subir pelo corpo
quando senti que Eric levou sua mão para baixo da
saia do meu vestido e foi subindo, o que me fez
tapar o celular com a mão e sussurrar:
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— Eric!
— O que foi? Não fiz nada. — ele respondeu
baixinho com um sorriso delicioso.
— É mãe, eu sei o quanto a senhora é
desligada. — meu corpo se esticou para trás no
banco involuntariamente quando os dedos de Eric
passaram para dentro de minha calcinha, então,
olhei assustada para ele que estava com uma cara
muito séria olhando para frente e me violava
descaradamente enquanto eu falava ao celular.
— Não sou desligada filha, sou ocupada
demais, você sabe.
— Sim, eu sei mãe.
Eric passou a enfiar seu dedo em mim e a
movê-lo de forma deliciosa e perigosa, enquanto
mantinha seus olhos na estrada, ele inclusive
diminuiu a velocidade. Senti um calor subir em
meu rosto, minha vagina começar a molhar e meu
corpo serpentear com seus dedos que se afundavam
em mim e subiam molhados em direção ao meu
clitóris, fazendo minha respiração ficar ofegante.
— Filha você está bem? Onde você está agora?
E a vovó...
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Todas as perguntas de minha mãe ficaram


longe enquanto fechei meus olhos e escorreguei
meu corpo para baixo no banco e abri as pernas.
Olhei mole para o Eric e vi que sua ereção já estava
enorme e visível no short preto. Todo aquele clima
aprazível me fez esquecer que estava com o celular
na orelha quando o dedo dele entrou inteiro em
mim.
— Ohhh! — soltei um gemido sofrido e
involuntário.
— Anna! — disse minha mãe do outro da
linha. — Que som foi esse?
— Oi mãe, estou aqui. — olhei entorpecida
para o Eric que tirou o dedo de mim e o levou em
seus lábios e chupou enlouquecendo-me e fazendo
um frio repercutir em meu baixo ventre.
— Você está com o Eric? — ela questionou
com o tom de voz estranho.
— Mãe, estou chegando na casa do meu sogro,
eu te ligo depois está bem?
— Está bem filha! — respondeu assustada e
desligou.

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Minha respiração estava alterada e meu desejo


a flor da pele, sem pensar duas vezes, enlouquecida
pelo toque quente do Eric, retirei a calcinha de meu
corpo encarando-o, e assim ele falou:
— Amorrr!
— Eric estou queimando, você jogou o álcool e
acendeu.
— Gosto de você queimando. — falou sedutor.
— Encoste o carro! — falei em um tom
exigente.
Ele sorriu com os olhos queimando tanto
quanto meu corpo, então disse:
— Anna, não podemos nos atrasar.
— Eric eu estou queimando, literalmente em
brasas, não posso chegar assim na casa do seu pai.
Ele nada respondeu, e após passarmos pelo
departamento de trânsito, ele foi encostando no
acostamento e foi entrando na grama e parou ao
lado de alguns arbustos baixos e de uma placa que
dizia Toronto Zoo com dos ursinhos pandas
desenhados nela. À noite estava fria, o movimento
era escasso na rodovia e a neblina cobria tudo em

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nossa volta e com os vidros escuros do carro,


ninguém nos veria ali dentro.
— Vem cá vem! — pegou na minha mão e me
puxou em direção ao seu colo.
Eu não estava racionando, minha vagina estava
encharcada e pulsando desesperada, e assim fui
para o colo dele e cerquei suas pernas com as
minhas, levei minhas mãos em sua face segurando-
o para que meus lábios viessem a se aproximar dos
dele, beijando-o timidamente de início, explorando
seus lábios deliciosos, sentindo o gosto de sua
boca, eu o queria ali naquele momento, ele me
levou ao êxtase ao me tocar e tudo o que eu queria
era que se enterrasse em mim, independentemente
de onde estávamos e para onde estávamos indo, eu
estava febril de desejo. Quando nossas bocas se
uniram o mundo parou lá fora, tudo ficou pequeno
em minha mente, nela só cabia aquele momento
voluptuoso, nossas línguas se buscavam eufóricas
ao mesmo tempo que as mãos dele acariciavam
minhas coxas e minhas nádegas. Eu estava em cima
de sua ereção viril, minha vagina o sentia firme e
latente preso dentro de sua cueca. Minha mão
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invadiu seu short e tocou em seu pênis robusto,


acariciando-o e masturbando-o sentindo toda a
firmeza dele em meus dedos, então eu o apertava e
o acariciava. Estávamos parados em um lugar que
aumentava ainda mais nossa excitação, beijávamos
ensandecidos e ávidos um pelo outro. Eric subiu
suas mãos em minhas costas e escutei o barulho de
meu zíper descendo, ele estava me despindo,
deixou a parte de cima do meu vestido em minha
cintura, e aproveitando retirei a camiseta de seu
corpo com urgência, queria sentir seu peitoral forte
em meus dedos e os deslizei em sua pele e senti
seus pelos baixos, então apertei seu peito com força
sentindo seus músculos rígidos se contraírem em
minhas mãos. Eric ergueu-se e abaixou seu short
levando com ele sua cueca, libertando assim seu
pênis duro e forte como aço.
— Senta no meu pau meu amor, engole inteiro.
— disse enquanto segurava-o para que eu me
encaixasse nele, e assim senti-o encostá-lo na
entrada de minha vagina que estava
exageradamente úmida. Eric foi escorregando para
dentro de mim, me invadindo lentamente, se

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acomodando enquanto tudo em mim tremia em um


desejo alucinante.
— Ohhh, oh! — gemi assim que o senti inteiro
dentro de mim.
— Ohh, Porra! Gostosa e tão molhada. — Eric
segurou firme em meu quadril e fez-me mexer em
cima dele, subindo, descendo e engolindo-o inteiro.
Eric era deliciosamente bem avantajado, passei a
rebolar enquanto ele segurava meu seio e o
chupava divinamente contornando-os com a ponta
de sua língua e engolindo-o inteiro, eu
simplesmente delirava ao sentir seus lábios me
sugando daquele jeito quente.
Os vidros do carro embaçaram virando uma
névoa branca, deixando o clima mais gostoso
dentro do carro enquanto eu cavalgava gostoso no
pau dele, que ditava o ritmo de suas enfiadas em
mim, segurando-me pela cintura.
— Vai, amor, vai, mexe gostoso.
Galopava, galopava, mexia e rebolava
sentindo-o inteiro dentro de mim. Eric me beijava,
me apertava na cintura e se empurrava mais e mais
para dentro de mim, gemendo a cada fincada. A
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pele do seu rosto estava lisinha, e eu enfiava meus


dedos em seus cabelos e o beijava no pescoço
sentindo o cheiro delicioso de seu pós barba, me
enlouquecendo de tão gostoso que esse homem é.
Beijávamos tão intensamente que sentia meus
lábios arderem a cada mordida de tesão que Eric
dava neles, me arrepiava toda, tamanha era
intensidade do calor dos nossos corpos em
movimento frenético em busca do mesmo prazer.
Eu me mexia cada vez mais rápido em cima dele,
sobe e desce, rebolando, mexendo, engolindo-o
inteiro e gemendo em seu ouvido.
Eric me levava para ele com muita força,
nossos corpos se amavam em chamas e em
desespero um pelo outro, tanto que não
conseguimos esperar para nos entregarmos aos
braços um do outro quando estivéssemos de volta.
Meu ventre se contraía, meu corpo o queria e
minha pele queimava de prazer ao contato de suas
mãos fortes que se afundavam em minhas costas e
em minhas nádegas, com a exigência digna de tanto
tesão que nos unia. Eu galopava e rebolava nele
com maestria, meu corpo sabia o que queria, sabia
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como e onde conseguir o que ansiava, e assim eu


subia e descia do pênis dele, e aquela posição já era
por demais de maravilhosa, pois eu controlava a
penetração e meu clitóris friccionava intensamente
no corpo dele, e não bastasse isso, ele me beijava,
me mordia e chupava meus seios sugando-os e os
lambendo, então louca para alcançar meu clímax, já
que meu corpo já dava sinais de estar próximo,
passei a rebolar com mais intensidade e pof, pof,
pof...
— Ohh, ohh Amor, isso, rebola, rebola amor,
não vou aguentar, Anna, não aguento, goza, goza
amor.
Galopei, galopei e gozei, com meus dedos
fincados na nuca dele e em seus cabelos, gemendo,
tremendo, tendo fortes espasmos que faziam as
terminações nervosas de minha coxa e vagina se
contraírem.
— Oh! Oh! Anna, Anna. — Eric urrou
deliciosamente me apertando com muita força,
despejando todo seu prazer dentro de mim,
deixando-me aérea e completamente entorpecida,
tamanho foi a intensidade do meu orgasmo.
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— Que loucura minha Cenourinha!


— Saiba que isso foi broxante. — murmurei
completamente mole.
Eric caiu na gargalhada, e acabei rindo
também.
— Amor, nessas alturas do campeonato você
fala uma frase dessas?
Eu o enchi de beijos e saí de cima dele e fui
para o meu banco, abri minha bolsa e tirei de lá um
pacotinho de lenços íntimos umedecidos e me
limpei, e Eric também usou nele se limpando.
— Meu Deus! Além de gostosa ainda é
prevenida. — Eric disse e eu o empurrei dizendo:
— Não seja bobo!
— O que foi isso que fizemos? Que loucura
parar em plena Rodovia. — questionou.
— Loucura é eu chegar na casa da sua família
toda descabelada, amassada com cara de quem
estava...
Parei a frase no meio e ele terminou.
— Fazendo amor com seu namorado no meio
de uma Rodovia?
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— Ai meu Deus, todos vão perceber. — tapei o


rosto com as mãos.
— Ei! — tocou em meu rosto. — retoque
apenas seu batom você continua linda.
— A culpa é toda sua, onde já seu viu me
masturbar enquanto eu falava ao celular com minha
mãe?
— Me desculpa, foi tentador.
Eric se recompôs, arrumei meu vestido e ele
fechou o zíper para mim, então seguimos para
Toronto. Alguns minutos e chegamos no bairro
onde moravam, Rosedale, o mesmo em que Eric
morava, e assim que Eric parou em frente a linda
mansão com um jardim maravilhoso na frente, eu
quase me senti pequena perto de tanta opulência e
todo aquele esplendor. A casa combinava muito
com o senhor Mason, era clássica e de uma
arquitetura maravilhosa.
Eric foi entrando na casa sem bater na enorme
porta que já se encontrava aberta, eu estava gelada
de nervoso, e logo levei meus olhos na beleza que
aquela casa era por dentro, toda clara com o estilo
vitoriano incrustado em cada canto. A enorme sala
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estava vazia e Eric foi me empurrando pelas costas


até que avistei um aparador cheio de porta retratos,
e sem conseguir me conter peguei um deles em
minha mão e questionei:
— Essa era sua mãe?
— Sim, minha mãe, Julia. — Eric respondeu
com os olhos brilhando.
Fiquei olhando aquela imagem e uma linda
mulher com um sorriso contagiante e um brilho
enigmático nos olhos era quem estava com sua
imagem imortalizada ali, naquele exato momento,
senti uma ternura tão grande, uma vontade enorme
de estar com um pedaço de papel e um lápis para
esboçar aquela linda mulher que tinha em seus
traços a brandura que muitas vezes reconhecia em
Eric.
— Linda demais! — sussurrei mais para mim
mesma que para o Eric.
— Sim. Olhe essa! — Eric pegou outro retrato
e entregou em minha mão, e nele, estavam o senhor
Mason bem mais novo e a senhora Julia, também
mais moça.
— Ora, ora! Com meia hora de atraso mais
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chegaram, eu já estava achando que não a veria em


minha casa senhorita Hall. — disse o senhor Mason
entrando pela sala, e estava todo vestido de branco,
short e camisa polo.
— Como vai senhor Mason? — estendi minha
mão cumprimentando-o.
— Melhor do que da última vez que nos vimos
pela manhã. — respondeu-me gentilmente. — A
propósito, está belíssima Anna, lindamente corada,
posso ajudá-la com seu casaco? — questionou-me
ele.
— Sim, claro! — virei-me e ele retirou o
casaco do meu corpo e o pendurou no roupeiro.
Então quando o senhor Mason me mostrava
outras fotos da família, Jane e um homem alto,
esguio e muito bonito entraram na sala.
— Ah, olha quem está aqui. Jane, venha
conhecer a Anna. — disse o senhor Mason.
— Oi Anna. Papai, eu já a conheço dos tempos
de escola, quando ela namorava com o... — ela
travou e levou seus olhos ao Eric de uma forma
desconfortável.

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Eric foi até o homem que entrou com Jane e o


cumprimentou:
— Como vai, Simon?
— Estou bem, cunhado e você? — respondeu
Simon.
— Como vai Jane? Nossa! Como você se
tornou uma mulher linda. — falei abraçando-a.
— E você continua muito linda, não mudou
quase nada. — respondeu-me ela.
Então Eric deu alguns passos em direção a Jane
dizendo e levando suas mãos até o ventre dela:
— Como vai o pequeno, Noah? — mas antes
que Eric a tocasse, Jane deu um passo atrás e não
permitiu que Eric a tocasse, assim um enorme
desconforto se criou na sala. Olhei para o Eric e vi
seus olhos se encherem de lágrimas e antes que o
clima ficasse pior, se é que tinha como ficar, o
senhor Mason disse:
— Vamos Eric, venha Simon, vamos deixar as
meninas trocarem figurinhas, enquanto eu te dou
uma lavada na quadra, Eric. — saiu arrastando os
dois.

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Capítulo 50

Anna
Os homens deixaram, Jane e eu, e aquele clima
estranho ficou conosco, mas eu sabia que aquele
era o momento de fazer o que o senhor Mason
havia me pedido. Falar com Jane sobre o Eric e
contar a ela tudo o que aconteceu na noite do
casamento, já que nem o senhor Mason, ela quis
ouvir.
— Jane eu poderia usar a toalete? — questionei
a ela.
— Sim, venha comigo. — disse caminhando
em direção a um banheiro e assim que chegamos
em um corredor, ela apontou com o dedo e disse:
— Terceira porta a esquerda, estarei esperando
você na sala.
Assim que entrei no ambiente, girei meu corpo
admirando tanta beleza em um espaço tão pequeno,
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era um lavabo social maravilhoso, assim como o


restante da casa, era bem claro mesclando os tons
em creme e pedras brancas. Uma decoração
vitoriana divina, tinha até uma banheira vitoriana
como decoração e uma charmosa namoradeira
vitoriana talhada em madeira escura com o estofado
em Capitonê creme, uma clássica e elegante
decoração, de um bom gosto indiscutível, e logo
pensei em Julia como a decoradora dele.
Ali fiz minha higiene já que eu havia acabado
de transar loucamente com o Eric no carro e
sentindo-me nova em folha voltei para sala onde
Jane disse que estaria me esperando, lá eu a
encontrei com um dos porta-retratos na mão.
— Sua mãe era incrivelmente linda, uma
leveza no olhar e no sorriso. — comentei ao chegar
ao seu lado e ver a foto onde Jane mais nova estava
com a senhora Julia.
— Sim, esse sorriso era a marca registrada
dela, não havia tempestade que a derrubasse, ela
estava sempre muito bem, sempre serena e radiante.
Era a luz dessa casa.
— Eu sinto muito pelo o que aconteceu, e sinto
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mais ainda não ter tido a oportunidade de conhecê-


la.
— Agradeça ao seu namorado por ter lhe tirado
a oportunidade de conhecer a melhor mulher que já
pisou nesse chão.
Engoli em seco.
Jane estava armada até os dentes e eu não sabia
como abordá-la sem parecer intrometida ou
mandada por alguém.
— Vamos lá fora ver os homens jogar? —
convidei-a.
— Sim, podemos ir, afinal de contas nada
acontece nessa casa sem antes uma bela e
demorada partida de tênis, até Simon pegou essa
doença do meu pai, de passar horas e horas em
cima daquela quadra. — ela me parecia muito
rancorosa e sem paciência com nada, então passei a
segui-la enquanto conversávamos.
— É o momento de relaxamento deles, já que o
trabalho na empresa parece ser estressante às vezes,
e eu acho lindo essa cumplicidade entre pai e filho.
Ela bufou sem nada responder, estava séria

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demais, então comecei a falar:


— Eric estava sofrendo demais com o
afastamento dos dois, e mal conseguia dormir
durante à noite tendo pesadelos terríveis, essa
reaproximação entre eles foi libertadora. — saímos
da casa e passamos a caminhar no meio do lindo
jardim, então ela parou e me encarou dizendo:
— E minha mãe? Quem é que irá libertá-la e
trazê-la de volta? Eu sei o que está tentando fazer
com essa sua conversinha, Anna, mas você não
sabe o que eu sinto, não sabe como é difícil acordar
todos os dias imaginando estar ouvindo o som da
risada da minha mãe contagiando toda a casa. Eric
nos tirou ela com sua irresponsabilidade e ninguém
pode nos devolvê-la, ninguém pode libertá-la
daquela maldita urna onde ela foi colocada. —
respondeu-me duramente.
— Jane, o Eric já se tortura dia e noite por isso,
já parou para pensar em como é doloroso você
perder a mãe em um acidente que uma outra pessoa
provocou, mas que todos pensam que foi você? E
de quebra perder o pai e a irmã também, por que
ninguém o deixa explicar o que verdadeiramente
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aconteceu?
Jane estava com os olhos lacrimejando.
— Ele bebeu e dirigiu com minha mãe dentro
do carro no dia do meu casamento, ele a matou no
dia do meu casamento, tem noção de como me
sinto? — vociferou com as lágrimas escorrendo em
seu rosto. — Se eu não tivesse me casado talvez ela
estivesse aqui agora. Eu já estava grávida e nem
tive tempo de contar a ela, seria uma surpresa para
o fim da festa. — Jane se encolheu e se abraçou em
seus braços.
— Jane! Eu sinto muito. — disse com minhas
vistas turvando devido as lágrimas que se juntaram
em meu rosto.
— Eu nem tive uma lua de mel, minha noite de
núpcias eu passei gritando em desespero com a
notícia do acidente. E tudo isso poderia ter sido
evitado se Eric tivesse sido um pouco menos
imprudente, era para isso que ele tinha motorista.
— Jane, beber e dirigir foi um ato reprovável
não há o que discutir, mas tem uma coisa nessa
história toda que você ainda não sabe.
— Eu sei que minha mãe está morta por culpa
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do Eric e isso me basta.


— Não! Você está enganada. Eric não foi o
responsável pelo acidente, Eve foi.
Jane ficou me olhando com os olhos
vermelhos, ficou calada tentando processar a
informação, e passados alguns segundos questionou
atônita:
— O que está tentando me dizer?
Uma lágrima inesperada caiu de meus olhos,
ver Jane tão machucada me fez sentir compaixão,
não era fácil passar pelo que ela estava passando,
era tudo recente demais e ainda era muito doloroso.
— Eric foi embora da festa do seu casamento
porque Eve estava com ciúme dele com uma amiga
sua.
— Rebecca! — falou Jane.
— No caminho eles discutiram, Eve estava tão
transtornada a ponto de não respeitar a presença da
sua mãe do carro.
— Ela foi junto apenas para trocar de sapatos.
— Jane disse em prantos e desespero, estava muito
emocionada.

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— Sim, exatamente.
— Eve sempre foi louca de ciúmes da Rebecca,
era uma doente, tinha ciúmes até de mim, não
queria o Eric do meu lado por muito tempo.
— O fato é que na noite do acidente, ela teve
uma de suas crises de ciúmes, e ... — minha voz
travou na garganta, eu estava tão emocionada com
o sofrimento de Jane quanto ela mesma.
— E o que aconteceu? Termine por favor.
— Jane, a Eve puxou o volante do carro em seu
momento de insanidade, fazendo com que o Eric
perdesse a direção do carro e batesse no caminhão.
— O que?! — questionou estarrecida olhando
para Eric na quadra, que sorria descontraído
enquanto o pai o abraçava e dizia alguma coisa que
não conseguíamos ouvir.
— Eric errou ao entrar no carro depois de
ingerir bebida alcoólica, mas ele garante que estava
bem para dirigir e que o acidente jamais teria
acontecido sem que Eve fizesse o que fez.
Jane estava atordoada, ficou parada olhando
para a quadra e nem piscava, eu não conseguia

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decifrar o que estava se passando pela cabeça dela.


— Ei meninas! Venham ver o Eric levando
uma surra de mim. — gritou o senhor Mason
gesticulando com a mão para que nos
aproximássemos.
— Perder a mãe já o deixou desnorteado, Jane,
mas perder o pai e você junto, foi o que quase o
matou junto com sua mãe. — falei encolhendo-me
em meus braços.
Jane olhou para mim com a expressão mais
triste e de dor que já vi em alguém, e sem me dizer
nenhuma palavra sequer, ela começou a caminhar
em direção a quadra e no meio do jardim ela passou
a aumentar os passos e então a correr até abrir o
portão de ferro e entrar na quadra atravessando-a
com urgência e pegar Eric de surpresa abraçando-o
e chorando desesperada em seus braços sem dizer
nenhuma palavra. Caminhei até a quadra e foi a
cena mais linda que já presenciei na vida, Jane
estava se desfazendo em lágrimas, enquanto Eric a
apertava em seus braços com tanta força que achei
que iria esmagá-la.
Emocionado, o senhor Mason chegou do meu
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lado e disse-me:
— Julia te mandou para ser a nova luz da
minha família, obrigado. — tinha lágrimas em seus
olhos também.
Sorri sem conseguir respondê-lo.
— Meu irmão, me perdoe, me perdoe, Eric. —
Jane dizia olhando nos olhos de Eric, que estava tão
emocionalmente destruído que nada era capaz de
dizer.

Eric
Restaurado, era assim que me sentia naquele
momento em que senti o calor dos braços de Jane
sobre meu corpo. Eu estava extasiado, abrandecido,
sentindo-me leve como o mundo tivesse sido
retirado de minhas costas. Jane era tudo que ainda
me tirava o sono e enquanto eu a abraçava, olhei
para Anna e vi apenas luz, era ela a luz no fim do
túnel escuro que Eve havia me jogado.
— Diga que me perdoa meu irmão, por favor,

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fui tão cruel com você.


— Jane, não me peça perdão, sei como se
sente, sei o quanto ainda dói.
— Sim, mas você tentou nos contar e fomos
muito severos com você.
— Agora isso tudo vai ficar no passado, vamos
falar só de coisas boas como nosso pequeno, Noah.
— toquei em seu ventre sem que ela se afastasse de
mim, e poder tocá-la foi como se minha mãe
estivesse ali e tivesse nos abraçando, pois senti um
calor emanando do corpo de Jane.
— Está tudo muito lindo, mas eu estou
morrendo de fome. — disse meu pai tentando se
fazer de durão, e no fundo eu sabia que estava feliz
e emotivo. — Vou tomar meu banho para
podermos comer pizza. Ah! E a que horas chegam
essas pizzas Jane? — perguntou ele, fazendo Jane
sorrir e responder:
— Já deve estar chegando.
Simon abraçou a Jane dizendo:
— Vamos entrar amor, está muito frio aqui
fora. — E assim ambos foram seguindo meu pai e

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atravessando o jardim.
— O que foi tudo isso? — questionei Anna
encarando-a.
— Não foi nada demais, só achei que Jane
precisava de uma forcinha para te dar um abraço.
— Um abraço! — exclamei pasmado. — Anna,
você é a melhor pessoa na minha vida, obrigada
meu amor, eu nem sei como te agradecer. — puxei-
a em meus braços, a beijei e em seguida, a apertei
com muita força. — Minha luz, você é minha luz.
— Eu também amo você, senhor Eric Mason.
— Annaaaaa! — apertei-a com mais força
ainda.
À noite foi incrível, juntos comemos as pizzas,
tomamos vinho, menos Jane é claro, falamos de
lindas lembranças, e Anna ficou surpresa com a
coleção de obras de arte do meu pai, não se cabia
dentro de si quando ele a mostrou a parede que os
quadros de Anna ocupava em sua galeria particular,
ela ficou eufórica ao reconhecer uma por uma de
suas obras e parecia uma criança ganhando a
primeira bicicleta. Meu pai explicou a Anna que
conheceu sua obra através de mim quando dei a ele
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de aniversário o primeiro quadro da artista plástica


Anna Hall, e que depois disso ele virou seu fã e
sempre que podia ia em exposições e adquiria uma
ou outra tela de Anna. E quando estávamos nos
despedindo para irmos para casa, Anna lembrou-se
de entregar-lhes os convites para seu Vernissage
que aconteceria no dia de seu aniversário, dali há
dez dias.
— Humm! Todos ganharam convites e cadê o
meu? — questionei a ela que veio até mim, me
beijou respondendo com seus lábios grudados aos
meus:
— Eu sou o seu convite!

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Capítulo 51

Eric
Felicidade é algo que não se pode medir,
porque se pudesse passariam meses tentando medir
a minha naquele momento de minha vida. Tudo
estava aos poucos se encaixando e a vida estava
devolvendo-me muito do que levou de mim, Anna
e minha família, de uma forma incompleta visto
que minha mãe jamais voltaria a estar conosco,
pelo menos não em carne e osso, mas recuperar o
amor deles já era restauração e tanto.
Desde que Anna voltou a fazer parte de minha
vida, à noite passada foi a mais maravilhosa de
todas, pois após amá-la incansavelmente e
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explodindo de felicidade devido ao fato de


recuperar minha família, eu dormi à noite toda sem
acordar nenhum minuto sequer, eu estava me
sentindo pleno.
Acordei pouco antes das nove da manhã e
Anna não estava mais do meu lado, olhei para todas
as direções procurando-a e não a encontrei, então
bati o olho em cima da mesinha no canto esquerdo
perto da porta da sacada e vi que lá havia uma
bandeja de café da manhã, então me levantei e fui
até lá e havia um bilhete escrito com a linda letra de
Anna que dizia:
Perdoe-me amor, não quis acordá-lo já que
dormia como um deus grego. Precisei sair para
resolver uns assuntos com May e acabei pegando
seu motorista emprestado.
Beijo, sua Anna.
Balancei à cabeça sorrindo e vi que havia um
envelope encostado no vaso branco com uma haste
de orquídea laranja, fiquei pensando em Anna
arrumando tudo aquilo ali sem que eu percebesse.
Apanhei o envelope e o abri, só então percebi que
se tratava do convite de seu vernissage. Com o
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convite em minhas mãos e os olhos no tom laranja


da flor, foi que tive a mais perfeita de todas as
ideias que já tive na vida, tomei o suco de laranja
com rapidez e fui para o banho.
Em menos de quarenta minutos eu estava na
casa do meu pai procurando por Jane feito um
louco, e foi no jardim, tomando Sol em um banco
que a encontrei.
— Jane, venha comigo! — falei pegando em
sua mão e levantando-a do banco.
— Bom dia para você também, Eric! — sorriu
lindamente.
— Bom dia, é que estou com pressa, preciso
que venha comigo até a Tiffany, tenho que comprar
um presente especial de aniversário para Anna.
— Humm! Tiffany é?
— Sim!
— E desde quando precisa de mim para
comprar uma joia para alguma mulher?
— Anna não é qualquer mulher, Jane, ela é a
mulher da minha vida, e esse presente é diferente, é
especial entende?

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— Só entenderei quando me disser o que é? —


colocou as mãos na cintura, encarando-me.
— Não sei como escolher um anel de noivado.
Jane mudou suas feições levando seu rosto
rabugento a dar-me um contagiante sorriso ao
dizer:
— Ah Meu Deus! Meu irmão vai se casar! —
abraçou-me forte. — Até que enfim! Meus
parabéns, você não poderia ter feito uma escolha
melhor, Anna é maravilhosa.
Jane acompanhou-me até a loja na 150 Bloor
St. W que já em sua fachada deixava transparecer
todo seu luxo, com o vidro enquadrado através de
um arco de folha de trigo iluminada, rodeado por
mármore branco e azul Tiffany a cor símbolo da
loja.
Assim que pisamos no primeiro andar já fomos
recepcionados por uma das atendentes, uma linda e
esguia mulher de cabelos negros como à noite.
— Senhor Mason! Como tem passado?
— Muito bem, obrigado Michelly.
— Em que posso ajudá-lo, hoje?

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— Bom, finalmente gostaria de conhecer o


salão de noivado.
Ela sorriu discretamente, pois tantas e tantas
vezes perguntou-me se eu não tinha interesse em
conhecer aquela sessão.
— Sim, gostariam de acompanhar-me ao
segundo andar, por gentileza? — indicou-nos a
escada azul.
Subimos para o segundo andar, e logo que
chegamos ao suntuoso espaço, ela questionou
oferecendo-me uma taça de Champanhe:
— Gostaria de uma taça de Cristal, senhor?
— Não! Obrigada, Michelly, para mim apenas
um copo de whisky.
— E a senhora, Jane?
— Não posso beber, para mim apenas água,
por gentileza.
A atendente chamou o garçom e perguntou-me:
— No que está pensando, senhor Mason?
— Bom, pensei no solitário Setting, mas não
em sua cor tradicional como o conhecemos e sim
com um diamante laranja e ouro rose.
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A atendente abriu os olhos em uma expressão


de espanto e respondeu-me:
— Senhor, os diamantes laranja são raridades e
considerados um milagre da natureza, sendo assim,
seu pedido se torna quase impossível.
— Por que me fez vir com você se já sabia
exatamente o que queria? — Jane questionou-me.
— Queria muito que fizesse parte disso
comigo, eu...
— E por que o diamante precisa ser laranja? —
questionou-me novamente.
— Porque é a cor do pôr do sol e dos cabelos
de Anna.

Anna
— Anna, olhe! — May apontou para o portão
do condomínio que estava sendo aberto pelo
porteiro. — será que é ele?
— Acho que sim, o carro é o mesmo que vi
com ele outro dia. — respondi inclinando-me para
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ver melhor o motorista.


Estávamos esperando Benjamin sair para que
pudéssemos ir falar com Eve longe da presença do
irmão, até porque eu jamais entraria no
apartamento deles com Benjamin presente, eu
tenho pavor dele.
Assim que o carro passou do nosso lado tive a
certeza de que era ele, que estava distraído falando
ao celular, e assim que se afastou o bastante, May
ligou o carro e parou ao lado da guarita do porteiro,
abriu o vidro e disse:
— Bom dia senhor! Gostaríamos de visitar Eve
Cooper.
— Um momentinho, vou perguntar a ela se
pode recebê-las, a quem devo informar? —
perguntou o homem com um bigode de metros.
May me olhou e respondeu ao homem:
— May Miller! — e emendou logo em seguida.
— Bom, se ela não puder receber as melhores
amigas dela do tempo de faculdade, quem ela
receberá?
— Ah, bom, se é assim podem entrar

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senhoritas, apartamento 45.


Estufei meu peito aliviada quando o portão foi
aberto e enfim entramos.
— Amigas de faculdade? — questionei e May
deu de ombros.
— Se fosse por você com esse seu jeitinho
lerdo, não conseguiríamos entrar.
Na porta que dizia Apt 45, encarei May
dizendo:
— Acho melhor você descer e me deixar falar
com ela sozinha.
— Mas de jeito nenhum.
— May, você vai estragar tudo. — retruquei.
— Pode apostar que irei me segurar ao máximo
para não socar a cara dela.
— Está vendo? Você vai estragar tudo. —
reclamei cruzando os braços.
— Vamos fazer exatamente como você deseja.
Está bem assim?
— Por gentileza!
Tocamos a campainha e logo à porta foi aberta
e era um homem vestido elegantemente em um
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terno preto e com bons modos que nos recebeu.


— Senhoritas! O que desejam?
— Gostaríamos de falar com a Eve. —
respondi.
— E a quem devo anunciar?
— Anna Hall. — respondi.
— Por favor senhoritas. — indicou-nos a entrar
no apartamento que era nada além de muito
moderno e luxuoso.
Eu estava tremendo por dentro, Eve nem havia
aparecido ainda e eu já tinha desistido do meu
plano, e alguns minutos depois ela apareceu na sala
de estar e estava trajando um elegante macacão
preto que imaginei logo ser dessas marcas
famosíssimas.
— Quando, Jonas me disse o nome da pessoa
que queria me ver eu fiquei completamente
surpresa. — disse-me ela.
— Como vai, Eve?
— Estamos bem. — respondeu usando o
plural, claramente se referindo ao bebê colocando
as mãos em sua barriga. — Como vai May?
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— Estou muito bem, obrigada Eve. — May


respondeu.
May e Eve se conheciam devido ao Freddy ser
amigo de May há anos e ser o primo do Eric.
— Bom, há que devo sua visita? Sentem-se.
— Não iremos nos demorar, só vim te devolver
isso. — entreguei a ela o resultado de seu exame de
gravidez. — Acho que é você quem deve contar
isso ao Eric, não tive coragem, mas terminei com
ele, eu seria incapaz de separar pai e filho.
Ela estendeu a mão e apanhou o papel, então
respondeu-me:
— Anna, eu falava sério quando disse que não
queria que se separasse dele, isso não é justo, o
Junior e eu podemos muito bem sobreviver sem o
Eric.
— Junior? Como sabe que é um menino? Sua
barriga mal é visível.
— Eu tenho intuição, tenho certeza absoluta
que darei o primeiro herdeiro para o Eric.
— Entendi! Intuição de mãe não costuma
falhar.

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— Obrigada por ter vindo aqui me entregar o


resultado, irei hoje mesmo contar ao Eric. — disse-
me sem nenhuma cerimônia.
E assim falei logo em seguida:
— Bom, só te peço para não ir na empresa
contar isso a ele, faça isso quando ele estiver em
casa, ele está cheio de problemas lá e pode não
gostar.
— Sim, sim, irei até ele quando ele estiver em
casa hoje à noite.
— Boa sorte, Eve. Desejo a vocês toda
felicidade do mundo. — me virei e fui saindo em
direção à porta em que entrei, antes que eu mesma
estragasse tudo.
No elevador, May disse-me:
— Anna sua danada, onde foi que aprendeu a
atuar daquela forma? Até eu acreditei em você?
Aquilo foi tão dissimulado.
— Não sei se fiz a coisa certa. Será que fiz?
— É uma pena que não estarei presente para
ver toda a cena.
— Tive uma ideia. — peguei meu celular na
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bolsa e liguei para o Eric.


Ligação
— Bom dia meu Pôr do Sol. — disse ao me
atender.
— Bom dia amor!
May revirou os olhos achando tudo muito
meloso.
— Me perdoe ter saído antes de você acordar.
— Está tudo bem, adorei o café da manhã, e o
fato de ter sido finalmente convidado para o seu
vernissage me deixou animado.
— Não acredito que precisava mesmo daquele
convite. — resmunguei.
— Mas é claro que precisava, fazia questão.
— Amor! Te liguei porque tive uma ideia, eu
estava com a May, terminando de organizar uns
detalhes do vernissage, e pensei que poderíamos
convidar May e Freddy para jantarmos hoje, o que
me diz?
— Humm! Adorei a ideia, vou ligar
convidando o Freddy e em seguida ligo reservando
um restaurante.
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— Poxa! Eu pensei em cozinhar para gente na


sua casa, nada muito formal, é claro.
— Uau! Você na cozinha? Só se eu puder
comer você lá antes.
Tapei o celular com rapidez, mas May já estava
tapando a boca e rindo, enquanto que fiquei com
meu rosto queimando.
— Nossa! Isso foi intenso. — falei.
— Intensidade é meu sobrenome. — disse com
um tom de voz sexy e caiu na gargalhada logo em
seguida.
— Hã! Então está bem, ligue para o Freddy e o
convide.
— Beijos amor, até o jantar.
— Até mais, beijo. — Desliguei antes que eu
passasse mais vergonha.
Assim que desliguei o celular, May disse:
— Intensidade é meu sobrenome! — caiu na
gargalhada. — Nunca me disse o quão intenso o
Mason é, e olha que já contei coisas demais sobre
Freddy e eu.
— É, mas não sou você, May.
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— Não, claro que não, você não é assim tão


espetacular. — disse no momento em que o
elevador se abriu, e dei-lhe um empurrão com meu
ombro, jogando-a para fora do elevador.
— Aiii! O que foi isso?
— Foi um acordeee, May. Meu Deus! Como
você é convencida.
Eu estava completamente ansiosa, não bastasse
eu ter armado um circo na casa do Eric, eu ainda
arrumei plateia, onde eu estava com a cabeça
quando disse que cozinharia? E assim passei a tarde
toda tentando elaborar um cardápio junto com vovó
que me disse no fim das contas:
— Passe em um restaurante e compre tudo, ou
leve daqui sua torta preferida, eu mesma posso
preparar para você.
— Vovóoooo!

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Capítulo 52

Anna
Depois de passar um bom tempo quebrando
minha cabeça com o que cozinhar no jantar que eu
mesma inventei, me decidi por algo bem óbvio,
macarrão com queijo e um lombo assado, únicas
coisas que eu sabia fazer com 100% de certeza de
acerto. May foi quem me acompanhou ao
supermercado para comprar os ingredientes, e até
uma torta de chocolate havíamos comprado. Eu
ainda não havia me acostumado com a mordomia
de ter Collin parado na minha porta para me levar
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para a casa do Eric, mas com ele não havia muito o


que discutir, principalmente porque ele tinha pavor
só de imaginar Benjamin perto de mim, então às
cinco em ponto Collin já me esperava encostado no
carro e vovó foi me ajudar a levar as sacolas de
compra.
Eu queria ter tirado uma foto da cara do Collin
quando viu vovó se aproximando dele, ele
simplesmente abriu a porta para mim com muita
rapidez.
— Ei senhor Collin! Não precisa ter medo de
mim, não irei mais machucá-lo, me perdoe, mas no
outro dia aquilo foi um tremendo engano. — disse
vovó aproximando-se dele enquanto ele tentava
hilariantemente se afastar.
— Tudo bem dona, Emma.
— O galo demorou a baixar? — ela questionou
matando-me de vergonha só para dar uma leve
variada.
— Que galo? — Collin questionou.
— O que deve ter ficado em sua cabeça, já que
bati em você com bastante vontade.

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— Ah, aquilo não foi nada senhora. — passou


a mão na cabeça e entrou no carro.
Assim que chegamos a casa do Eric, Collin
ajudou-me com as compras e Bruce quase me
derrubou com a torta que seria nossa sobremesa, e
por fim tudo deu bem certo e consegui chegar na
belíssima e impecável cozinha daquela casa.
Lydia me ajudou a organizar tudo, e nem sinal
do Eric, então curiosa questionei:
— Lydia, o Eric não está em casa?
— Está sim querida, está treinando lá embaixo
na academia.
— Obrigada! — Mal a respondi e já fui saindo
da cozinha com Bruce me seguindo, ele amava
seguir as pessoas e era tão enorme que parecia
mesmo um urso.
Logo que cheguei na porta da academia, entrei
sem fazer barulho e ele estava compenetrado
socando o saco de pancadas, e estava uma delícia
só de shorts e descalço, e quando achei que ele não
havia me visto ele disse sem parar de socar o saco.
— Já senti seu cheiro, amor!

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— A é? O senhor não deveria estar pronto para


receber seus convidados?
Ele parou de socar, virou-se em minha direção
e veio caminhando com uma toalha nas mãos se
secando.
— E isso inclui você senhorita, Hall?
— Sim, claro que sim.
— E quando foi mesmo que a convidei para
jantar em minha casa? — agarrou-me todo suado e
beijou com seus lábios salgados.
— Paraaaa! Você vai me deixar toda molhada
de suor, esqueceu que irei cozinhar para vocês?
— Não! Mas eu gostaria mesmo que fosse só
para mim.
— Deixa de ser egoísta senhor Mason.
— Só se me der um beijo bem demorado.
— Quantos você quiser. — segurei em seu
rosto e o beijei, ele estava um deleite, com os
cabelos molhados de suor e os pelos deliciosos de
seu tórax expostos demais para mim, e aquilo era
nada além de convidativo.
— Humm! O que é que você faz comigo,
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Anna? Você me deixa cheio de tesão.


— Percebi pela sua animação. — apontei para
suas partes íntimas.
— Vem cá vem! Só um pouquinho.
— Nãooo! — soltei-me dele que ostentava uma
senhora ereção. — Vai logo para o seu banho e eu
vou para cozinha colocar o lombo para assar.
— Vai cozinhar lombo para mim essa noite?
Quais as chances de isso dar certo? — arqueou as
sobrancelhas de forma especulativa.
— Engraçadinho você né?
Eric foi para o banho e eu fui para a cozinha e
comecei a me organizar para cozinhar, e logo
coloquei o lombo no forno. Estava na cozinha
quando escutei o som estridente da voz do Freddy
conversando com Eric na sala e May perguntando
por mim e não demorou muito ela estava na
cozinha comigo me ajudando, e logo depois os
homens apareceram para se divertirem um pouco
com nossas caras.
Eric entregou uma taça de vinho branco para
mim e disse:

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— Chardonnay.
— Obrigada!
Eu estava me deliciando com o vinho quando
Freddy questionou-me:
— Ainda podemos ir para um restaurante, eu
conheço um de massas italianas que você vai amar
Anna.
— Freddy! — ralhou May. — Vem, vamos pra
lá seu chato inconveniente. — saíram os dois da
cozinha.
Eric aproximou-me de mim por trás e abraçou-
me na cintura, ele estava com um cheiro delicioso
que fez tudo em mim estremecer, quando me beijou
no pescoço dizendo carinhoso:
— Freddy é um bobão amor, ele não faz ideia
da delícia que vai ficar esse macarrão ao queijo.
Não é?
Meu Deus, nem Eric confiava muito em mim
na cozinha, e quando fui respondê-lo, May entrou
na cozinha e disse-nos:
— Eric, parece que você tem visita.
— Visita? Não espero mais ninguém.
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— Sim, e vim para cá antes que ela me visse.


— Ela quem, May?
— Eve Cooper.
Eric colocou a taça na ilha da cozinha e saiu
soltando fogo pelas ventas em direção a sala e
como May e eu havíamos combinado ficamos
ouvindo tudo de um corredor que dava acesso a
enorme sala.
— O que faz aqui, Eve? — Eric foi logo
questionando ríspido, então Freddy se interferiu:
— Eric! Que isso cara?
— Você pode nos dar licença Freddy? — Eve
disse toda delicada e dissimulada.
— Freddy não vai a lugar nenhum, você vai;
vai sair pela porta por onde entrou.
— Não sem antes te mostrar isso. — de onde
eu estava vi perfeitamente quando ela mostrou o
papel do teste de gravidez para o Eric.
— O que é isso? Não me diga que é mais uma
das suas armações? — ele caminhou até próximo
dela, que estava elegante em um sobretudo preto e
botas e apanhou o papel de suas mãos, então
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quando Eric bateu os olhos no papel, ele levantou a


cabeça e a encarou questionando-a cinicamente,
parecia até que havíamos combinado tudo.
— Você está grávida?
— Sim, amor! Vamos ter nosso primeiro bebê
e tenho certeza que será um Junior.
— Junior? — Eric questionou fazendo um
teatro, então não aguentou muito e caiu na
gargalhada enquanto amassou todo o exame dela.
— Junior? — continuo gargalhando sem Eve
entendesse nada.
— Amor, isso é sério.
— Está vendo esse pedaço de papel Freddy? —
mostrou a Freddy. — Essa louca está tentando me
enganar dizendo estar grávida.
— Mas eu estou amor! — Eve insistiu com o
maior cinismo, e naquele momento entrei na sala e
fui caminhando em direção a ela, dizendo:
— De quem? Basta-nos saber quem é o pai do
seu filho, porque do Eric o médico que te atendeu
no dia do acidente já confirmou que não é.
— Sua vadia mentirosa o que faz aqui? —
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questionou-me ela com cara de espanto.


— Aqui é a casa do meu namorado. Ah!
Perdoe-me querida, me esqueci de mencionar hoje
pela manhã que eu fiz teatro durante muitos anos,
sabe, eu era muito tímida e o teatro me ajudava um
pouco com isso.
— Anna?! — Eric questionou-me tentando
entender o que estava acontecendo ali.
— Está tudo bem, amor, só achei que Eve
quisesse te contar sobre a gravidez dela
pessoalmente.
Eu estava cara a cara com ela, e sua expressão
naquele momento me dava medo, pois ela exalava
ódio.
— Sua abóbora de halloween estragada, você...
Quando ela ia tentar terminar alguma frase
imbecil, desferi um tapa em sua cara com todo o
ódio que acumulei dela.
— Aiii! Sua vadia, mentirosa! — vociferou
segurando com a mão em seu rosto.
— Acreditou mesmo que eu cairia nessa sua
gravidez falsa? Acreditou mesmo que eu havia

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terminado com o Eric? Você é bem tolinha né,


Eve? Vê-se que não me conhecesse.
Eric se aproximou de mim pelas costas e
segurou em minha cintura dizendo:
— Anna não é imatura como você, Eve, ela
veio a mim, mostrou esse seu exame de meses atrás
e ouviu minha explicação a respeito dele. Se você
está mesmo grávida, não sou o pai. Ligamos para o
Dr. Alfred e ele me disse que você perdeu esse
bebê no acidente, e depois do acidente nunca mais
tivemos relações sexuais, sendo assim esse exame é
passado.
— Mentiu para mim? — disse encarando-me.
— Me fez vir aqui passar por todo esse vexame?
Mas fique sabendo, que não vou deixar isso barato,
você não vai ficar com o meu homem.
Gargalhei e cruzei os braços, dizendo:
— Meu homem?! Eric é meu desde todo
sempre.
— Se prepare, não vou mesmo esquecer essa
sua humilhação.
— Bom você será só mais um Cooper a ser

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pisado pela sola do meu sapato. — respondi.


— Não se anime, quando você mais precisar
dele, pode apostar, ele não estará para segurar a sua
mão, porque o Eric é assim, ele abandona suas
mulheres. Ele me abandonou na cama de um
hospital e irá te abandonar também.
— Você provocou o acidente que matou minha
mãe. — Eric respondeu de forma serena. —
Esperava o que de mim? — ele se virou e foi até o
bar.
— Saia, Eve! Você não é bem-vinda na minha
casa. — disse Eric enquanto enchia sua taça de
vinho.
— Meu amor, por favor! — implorou ela.
— Saia! E por favor, esquece o caminho dessa
casa. — Eric falou sem nem lhe dirigir o olhar.
Eve deu alguns passos em minha direção e
disse-me:
— Mexeu com a mulher errada! — sussurrou
de uma forma que somente eu pude ouvir, então se
virou e saiu pela mesma porta que entrou.
— Caralho, Anninha! Aquela era mesmo você?

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— May questionou-me.
— Pode apostar amor. — respondeu Freddy
antes que eu pudesse dizer alguma coisa, então
ambos se afastaram e saíram da sala deixando Eric
e eu a sós.
Caminhei em direção ao Eric que estava de
costas para mim e parecia bastante abalado.
— Amor! Perdoe-me! Sei que errei em ter
induzido que ela viesse aqui essa noite.
Eric se virou em minha direção e segurou firme
nas laterais do meu rosto, dizendo-me:
— Eu te prometo que nunca vou te abandonar,
eu te amo mais que a mim mesmo, Anna. Eu te
amo! — puxou meu rosto com carinho em sua
direção e encostou seus lábios gelados aos meus e
beijou-me com paixão.
— Também nunca mais vou te abandonar,
amor.

Capítulo 53
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Anna
Continuamos abraçados na sala por alguns
minutos, Eric tinha um calor no corpo que
simplesmente me esquentava de uma forma
deliciosa, todo aquele calor me preenchia e tocava
em minha alma, eu o amei no instante em que o vi e
depois de muito tempo separados, agora eu tinha
um único objetivo, cuidar desse amor a qualquer
custo, eu já havia feito uma promessa a mim
mesma, sempre e qualquer situação parar, respirar e
ouvir o que o Eric tinha a dizer.
Ele me olhou nos olhos e disse:
— Fiquei orgulhoso de você minha
Cenourinha, estou surpreso com o que fez, eu não
pensaria em nada melhor, você me poupou o
trabalho de ter que ir até ela, porque eu não ia
deixar essa história passar em branco.
Eu o apertei mais forte ainda e respondi:
— Achou mesmo que iria deixar você ir até ela
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e correr o risco de uma recaída?


Ele sorriu gostoso respondendo-me:
— Recaída? As chances de isso acontecer eram
nulas, mas eu amei saber que evitou que eu me
encontrasse com ela porque morre de ciúmes de
mim.
— Eu morro de ciúmes de você sim, eu
assumo.
— Não precisa sentir ciúmes de mim.
Freddy entrou na sala quebrando o clima, e
dizendo:
— Que bonitinho o casal de pombinhos, mas
eu estou morrendo de fome, que tal uma pizza?
— Nada de pizza, Freddy. — soltei da cintura
do Eric e fui para a cozinha com May terminar o
jantar.
May já havia arrumado tudo na mesa da
cozinha e alguns minutos depois da última
reclamação do Freddy, eu os servi e como não
podia ser diferente ele foi o primeiro a se
manifestar fazendo aquele famoso suspense depois
de levar a primeira garfada na boca:

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— Onde foi que você comprou esse macarrão e


esse lombo, Anna? Caramba! Isso está muito bom.
Eu sabia que estava muito bom, nunca errava
aquelas receitas e com a escolha do vinho branco
que Eric escolheu, tudo ficou perfeitamente bem
harmonizado.
— Está muito bom mesmo, amor! Adorei saber
que você sabe cozinhar, já vou inclusive avisar a
Lydia que ela pode dispensar a cozinheira.
— De jeito nenhum! Macarrão ao queijo é a
única coisa que eu sei fazer que realmente fica
bom. — respondi de imediato.
Eric gargalhou, colocou sua mão em cima da
minha dizendo:
— Estou brincando, amor, quero você em cima
da minha cama e não enfiada na cozinha.
— Uau! Se prepare Anna, esse meu primo tem
fama de insaciável, mas não é em cima de uma
cama.
— Freddy! — May ralhou.
— Freddy, Freddy, vou falar da sua fama e
você não vai gostar muito. — Eric respondeu

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brincando.
Fiquei observando a forma como Eric e Freddy
se davam bem, e em como Eric estava leve, com
um sorriso fácil. Ele estava visivelmente mais feliz
e tranquilo do que quando nos reencontramos, toda
a carga negativa que ele carregava consigo parecia
ter desaparecido por completo.
O jantar foi um sucesso completo, Freddy
esbaldou-se com a torta de chocolate, e Eric
preferiu ficar só no vinho já que não gostava muito
de doces.
Próximo das dez, Freddy e May foram embora
e quando à porta se fechou atrás deles senti-me
aliviada por tudo ter dado muito certo aquela noite.
— Parece que finalmente se acertaram. —
comentei.
— Sim, e eu torço muito para que isso dure,
Freddy é louco pela May.
— E ela por ele, tanto que está até tentando se
acostumar com o jeito meio estranho dele.
— Jeito estranho? — Eric questionou virando a
cabeça de lado de modo especulativo.

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— Esquece isso amor, é coisa deles.


Eric riu, dizendo-me:
— Eu sei do que se trata, Anna, Freddy tem
uns fetiches que talvez tenha assustado a May, mas
eu acredito que ela o esteja disciplinando.
— É, parece que está sim.
— Obrigado por essa noite, amor! Você não
existe. — disse abraçando-me pelas costas, virei-
me e enlacei seu pescoço respondendo-o:
— Claro que existo. — apertei meus dedos em
sua nuca, fiquei na ponta dos pés e o beijei
questionando-o. — Mas você, me conte qual seu
fetiche? Porque eu tenho certeza que você tem um.
— mordi o lábio inferior dele provocando-o:
— Anna, não me provoque. — falou
apertando-me contra o corpo dele, beijando-me e
sorrindo ao mesmo tempo.
— Eu sei tudo sobre você, menos isso, me
conta vai, Freddy me deixou curiosa sobre você ser
insaciável, mas não na cama.
Segurou nas laterais do meu rosto e respondeu
me beijando:

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— Vem comigo, vou te mostrar um lugar dessa


casa que você ainda não conhece. — saiu me
puxando pela mão.
Eric parou em frente ao bar e encheu duas taças
de vinho e entregou uma a mim, então segurou em
minha mão e voltou a direcionar-me. Passamos
pela linda biblioteca e em seguida descemos dois
lances de escadas, aparentemente olhando de fora a
casa aparentava ter apenas dois andares, mas
quando estávamos dentro dela descobríamos que
tinha vários andares, então Eric me levou para um
andar inferior onde havia uma piscina coberta
saindo fumaça cercada por uma parede vidro que
nos permitia ver toda a natureza circundante da
casa. Tinha uma linda cascata correndo ao longo da
parede e que ao cair dentro da piscina fazia um som
extremamente relaxante. Reparei também em uma
jacuzzi que ficava no canto esquerdo e toda a sala
de banho era climatizada e estava bem quentinha.
— Essa é uma sala de banho, um Spa, e no
verão aquelas paredes de vidros são abertas para
um maior contato com a natureza.
Fiquei completamente deslumbrada, era um
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lugar único e maravilhoso de se olhar, o clima ali


dentro era tentador, estava bem quente e toda
aquela fumacinha no ar era excitante, então levei a
taça em meus lábios e tomei mais um pouco do
vinho.
— O que achou? — perguntou Eric.
— Maravilhoso! Esse lugar é seu fetiche?
Eric gargalhou delicioso como só o som de sua
voz sabia proporcionar.
— Não o lugar, a água é meu fetiche, fazer
amor na água me enlouquece, me dá um tesão
como nada no mundo.
— Entendi! E aqui você trazia a Eve para fazer
amor? — A pergunta saiu dos meus lábios sem que
eu tivesse tido tempo de evitar.
— Não, já falamos sobre isso, Anna, eu ainda
não fiz amor nessas águas, não te amei aqui ainda.
— caminhou em minha direção.
O olhar dele se transformou em meio ao
cenário afrodisíaco, me senti sendo desnuda apenas
por aqueles olhos famintos que vinham em minha
direção e que me fizeram arrepiar só com a força da

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penetração deles. Eric parou na minha frente e era


enorme perto de mim, corpulento e forte, tudo em
mim tremia quando ele me olhava daquele jeito,
estendeu sua mão e tirou a taça da minha e a
colocou em um aparador de granito negro no canto
onde tinha alguns produtos de banho em cima dele.
— E quando pretendia me amar neste lugar?
— Hoje! — deu um passo a frente me olhando
com lascívia fazendo minha libido ligar o sinal de
alarme.
Os dedos dele grudaram em minha nuca
segurando com firmeza em meus cabelos e
rapidamente eu já estava sentindo o gosto de seus
lábios, que me beijavam forte e com uma
intensidade provocante, sua língua se enfiava na
minha boca e fazia meu corpo tremular,
entorpecido de desejo, mordia meus lábios, gemia
gostoso em meu ouvido enquanto mordia minha
orelha, meu pescoço e voltava eufórico para meus
lábios. A intensidade dos beijos do Eric
simplesmente me desmontava, um calor tomava
conta do meu corpo, deixando minha vagina em
chamas e completamente molhada, eu sentia toda a
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umidade brotar em mim, era desejo demais, muito


tesão o que sentíamos um pelo outro.
— Se importa eu te amar, te fodendo? Estou
com muito tesão, Anna.
Aquelas palavras fizeram a adrenalina circular
em meu corpo e me enlouquecer, puxei Eric para
mim com pressa e levei meus dedos em sua camisa
e puxei com força estourando todos os botões dela
e antes de respondê-lo, deslizei meus dedos sobre
seus ombros retirando a camisa jeans com rapidez,
e quando bati meus olhos na etiqueta eu falei:
— Ai meu Deus! É um Armani?!
— Sim, o que tem isso? — questionou se
esfregando em mim sem parar de me beijar um
segundo.
— Eu acabei de estragar sua camisa. —
consegui balbuciar.
— Sim, não esquenta com isso, vou te mandar
a conta. — disse e sorriu mordendo meu lábio
inferior e esfregando aquela ereção monstruosa em
mim, fazendo-me esquecer até o que eu estava
pensando e assim acabei jogando a camisa no
aparador, e com meus dedos voltados para o zíper
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de sua calça eu a abri e levei minha mão pra dentro


dela e acariciei seu pau.
— Você não me respondeu. — disse grudado
aos meus lábios devorando-me.
— Me ame como você quiser. — seu olhar
estava brilhante e zonzo, então, quando menos
percebi meu vestido já estava passando pela minha
cabeça e sendo atirado para longe.
Eric se despiu rapidamente ficando apenas de
cueca preta, me puxou com força para ele e voltou
para os meus lábios ditando um ritmo intenso em
nosso beijo e com os dedos ágeis abriu o fecho do
meu sutiã salmão:
— Você está gostosa demais nessa lingerie,
meu pau está explodindo. — desceu beijando meu
colo e segurou meus seios em suas mãos e passou a
chupá-los me encarando entorpecido.
— Gostosos, durinhos como eu gosto! —
mordeu o bico do meu mamilo.
— Oh! — gemi agarrando seus cabelos e ele
me olhou e sorriu gostoso e safado, ele sabia me
enlouquecer, minha vagina queimava.

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Desceu chupando e lambendo meu corpo em


direção ao meu abdômen e retirou a calcinha do
meu corpo, fazendo-me erguer uma perna e depois
a outra, então voltou para mim e para meus lábios,
pescoço e colo, passando a língua em meu corpo.
Eric conseguia de mim o que nenhum homem no
mundo conseguiu, eu me libertava de toda minha
timidez quando estava com ele, e assim desci
escorregando meus dedos sobre seu tórax e
abdômen enquanto o degustava com minha língua.
Abaixei um pouco e passei a beijá-lo e a acariciar
seu pau, Eric se contraia todo quando meus dedos o
tocavam, ele estava deliciosamente bem depilado,
então subi e desci com meus dedos apreciando sua
circunferência e tamanho avantajado. Levei seu pau
em minha boca e passei a chupá-lo, primeiro
explorando bastante a cabeça e seu orifício.
— Ohh! Porra! — gemeu excitando-me mais
ainda.
De joelhos aos seus pés, eu o chupei até Eric
me erguer, passar pelo aparador e apanhar de lá o
vidro de um produto e irmos caminhando para a
piscina. Eric foi descendo os degraus rumo a água
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quente, e assim que coloquei meus pés dentro dela,


meu corpo foi sendo tomado pelo calor delicioso da
água, então Eric soltou minha mão e deu um pulo
mergulhando no fundo, e quando submergiu
novamente estava parado na minha frente e disse:
— Nossa como está gostosa!
— Essa água está uma delícia mesmo. —
respondi.
— Não a água, você está gostosa.
— Eric! — joguei água nele com as mãos, ele
veio caminhando em minha direção completamente
sério, passou as mãos em minha cintura e voltou a
me possuir em seus lábios, com uma paixão
exorbitante a ponto de me tirar o fôlego, passei
meus braços envolta de seu pescoço e minhas
pernas em volta de sua cintura, e assim ele passou a
caminhar comigo para uma espécie de plataforma
submersa na água e me colocou sentada nela, e
percebi que enquanto me beijava ele estendeu sua
mão e pegou o vidrinho que ele havia deixado ali
na beira da piscina. Li na embalagem Lubrificante
de silicone. Eric subiu um degrau e saiu um pouco
da água e lambuzou seu pau com aquele
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lubrificante, ele jogava o líquido e ia se


masturbando e espalhando o produto, em seguida
veio até mim, jogou o produto em sua mão e o
levou para o meio da minhas pernas e lambuzou
minha vagina com o produto esfregando sua mão
em mim massageando-me, esfregando e me
penetrando com seus dedos, enquanto seus olhos
era puro êxtase. Ficou me masturbando e me
enlouquecendo em seus lábios até que senti seus
dedos grudarem em minha cintura e me puxarem
em direção ao seu pau enorme e brilhoso por causa
do produto. Fez-me grudar em sua cintura e jogou
seu corpo em direção ao meu e me beijando, senti
quando seu pau foi me invadindo e escorrendo com
facilidade para dentro de mim, tão fácil que eu o
sentir enterrado inteiro dentro de mim. Chupando o
lóbulo de minha orelha, ele questionou com uma
voz que era só tesão:
— Se doer me avise amor, essa penetração
pode ser muito funda por causa do lubrificante.
Engoli a saliva sem conseguir responder
tamanho era meu tesão.
Suas mãos estavam em minhas costas e me
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puxavam diretamente para seu pau, que ia me


penetrando de uma forma muito fácil, funda e
comedida. Eric ondulava seu corpo para frente me
estocando, metendo, se enfiando deliciosamente em
mim enquanto se apoiava firme na lateral da
piscina forçando os músculos dos seus braços, Eric
era forte demais e suas fincadas, deliciosas. Seus
lábios não se desgrudavam dos meus enquanto ele
metia, em um vai e vem luxurioso.
— Oh! Oh! — gemia encostadinho no meu
ouvido, e os gemidos dele me deixavam
enlouquecida e me faziam afundar meus dedos em
seus cabelos.
A penetração era exatamente funda como Eric
avisou-me, mas a sensação de estar sendo rasgada
ao meio era única, ele metia, metia, e conforme sua
respiração foi aumentando, o ritmo das estocadas
também foram aumentando, e me fazendo delirar
com a água espirrando com o atrito gostoso de
nossos corpos.
Eric passou as mãos em minha bunda e me
tirou da borda da piscina e passou a me estocar em
pé, metendo, beijando-me e mordendo-me,
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enquanto eu o segurava firme no pescoço e era


literalmente fodida em pé dentro da água.
— Porra! Amor, que delícia!
Nossos corpos iam de encontro um ao outro em
uma união perfeita, estávamos na água, mas
queimávamos enlouquecidos um pelo outro, eu
estava literalmente pegando fogo, o produto que
Eric usou em mim estava literalmente me
incendiando, e ele estocava forte, tão forte que eu o
arranhava e me arqueava toda para trás, me sentia
cavalgando nas nuvens, completamente no ar, pois
a água me dava essa sensação de leveza. Colocou-
me no chão e virou meu corpo novamente para a
borda da piscina e foi guiando-me para o raso até
me fazendo ficar de pé e de costas para ele, e assim,
enfiou-se inteiro dentro de mim e foi bombando e
bombando, segurando firme em minha cintura,
desferindo fortes estocadas e beijando-me nos
ombros e dando leves mordidas. Eric castigou-me
ali em pé até minhas pernas ficarem moles, eu
estava exausta, a água cansou meu corpo, fui me
virando para ele e decidida, falei:
— Senta aqui! — empurrei o corpo dele e o fiz
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se sentar na plataforma submersa, então subi em


seu colo e passei a beijá-lo com exigência, eu
queria aqueles lábios voluptuosos e eu
simplesmente pegava o queria com fome. Levei
minha mão em seu pau e o encaixei em minha
entrada, então desci meu corpo sobre ele
encaixando-me perfeitamente, passei a subir e
descer rebolando e sentindo cada centímetro do pau
do Eric dentro de mim.
— Anna! Me engole, vai, vai amor! Com
vontade, senta no meu pau.
O som da voz do Eric simplesmente me
entorpecia, tudo nele me levava ao extremo do
prazer e quando ele passou a chupar meus seios, e
passar a língua em volta dos bicos, fui ao delírio e
passei a galopar com mais vontade ainda em busca
do meu orgasmo. Agarrei-me em sua nuca e
galopei, galopei, engolindo-o inteiro e sentindo sua
força me cutucar fundo, rebolei e rebolei, com seus
dedos em minhas nádegas exigindo mais e mais de
mim, pof, pof, pof... Eric grudou seus lábios no
meu seio e quando levantou seus olhos e me
encarou, eu simplesmente explodi em um orgasmo
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violento, sentindo os extremos e os arrepios me


possuírem ao mesmo tempo em que minha vagina e
coxas se contraíram.
— Oh! — gemi entrecortado, agarrando e
apertando Eric contra o meu corpo.
— Isso, vai amor, continua contraindo.
Senti os dedos do Eric apertarem minhas costas
e ele urrar gostoso, enquanto seu gemido saia
sufocado e seu corpo tremia enquanto ele gozava.
— Ohhh!
Eric estava gozando e não parava de se mexer
dentro de mim, aos poucos fui sentindo suas mãos
afrouxarem e seus gemidos diminuírem e se
transformarem em palavras balbuciadas no extremo
de seu prazer.
— Você me desmonta amor.
Chegamos ao nosso clímax praticamente junto,
e eu simplesmente adorei a experiência de fazer
amor em uma piscina aquecida onde até as paredes
de vidro estavam embaçadas.
Eric me tirou da piscina, carregando-me em
seus braços como um verdadeiro lorde, forrou uma

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espreguiçadeira com uma toalha e me colocou


deitada nela, então me limpou com toalhas
higiênicas.
— Você não existe meu amor, não existe. —
falei.
— E você está me devendo uma camisa
Armani. — jogou seu corpo sobre o meu e me
cobriu de beijos. — Seu aniversário está chegando,
como está se sentindo as vésperas do Vernissage?
Mexi-me inquieta embaixo do corpo quente
dele, respondendo:
— Estou mais tensa a cada dia que passa.
— Não fique tão nervosa, vai dar tudo certo e
eu estarei com você o tempo todo.
— Isso me conforta.

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Capítulo 54

Anna
A semana passou voando e nunca antes torci
tanto para que o tempo congelasse, era sempre a
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mesma ansiedade antes dos vernissages, e


especialmente aquele estava me deixando mais
pilhada do que eu costumava ficar, eu me sentia
sufocada em aglomerado de pessoas, era um
problema que me perseguia desde a infância e por
mais que eu tivesse feito de tudo, aquele sentimento
não me abandonava.
O dia enfim havia chegado, mamãe e papai já
estavam em Ajax com vovó Emma, e May estava
me matando de nervoso, pois ficou de trazer meu
vestido e já estava quase na hora de eu me trocar e
nada dela e nem do vestido. Eu estava na mansão,
pois Eric fez questão que eu me trocasse lá e saísse
com ele dali. Andando de um lado para o outro na
sala, peguei meu celular no bolso do meu roupão e
liguei para May, três chamadas e ela atendeu,
dizendo:
— Oi amiga!
— May, está querendo me matar de infarto?
— O que houve?
— Como assim o que houve? Está quase na
hora de me trocar e você ainda não apareceu com
meu vestido.
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— Ah, é isso? Eric não te contou? Eu tive um


contratempo no salão e não pude buscá-lo, mas
Collin foi, pergunte ao Eric.
— Só agora você me fala isso? Obrigada.
— Anna relaxa, vai dar tudo certo amiga, você
está uma pilha o que é isso? Até parece que esse é
seu primeiro vernissage.
— Você me conhece melhor que ninguém.
— Sim, por isso mandei o Eric dar um jeito de
buscar o vestido. Mas me diga, já está tudo pronto
por aí? Cabelo e maquiagem?
— Sim, o cabeleireiro e maquiador acabaram
de sair daqui.
— Então só está faltando você enfiar esse seu
corpinho perfeito dentro do seu lindo vestido e
arrasar na sua festa.
Suspirei alto.
— Anna, você vai arrasar amiga, não vai se
falar em outra coisa a não ser nesse vernissage em
todas as mídias.
— Obrigada, May, inclusive por estar me
proporcionando esse momento.
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— Você merece, aproveite bastante, vou


desligar porque preciso terminar de me arrumar.
— Beijo, até mais tarde.
— Beijo. — May respondeu e desligou.
Assim que desliguei o celular fui até escritório
do Eric onde ele estava trabalhando em um projeto
que tinha prazo de entrega, abri à porta e o vi
debruçado sobre um croqui em cima da mesa e
estava lindo demais completamente compenetrado
no trabalho com Bruce dormindo aos seus pés, já
eram meus dois amores, e Bruce quando me viu se
levantou e veio até mim todo feliz abanando seu
rabo peludo.
— Ei meu amor! Mamãe não pode brincar de
rolar no chão com você agora.
Eric retirou os óculos do rosto e me olhou,
dizendo e se levantando da cadeira:
— Uau!! Você está linda amor! — pegou em
minha cintura e me beijou de levinho. — Meu pôr
do sol mais lindo do mundo.
— Obrigada amor, mas vim até aqui porque
estou desesperada para saber do meu vestido.

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— Puxa vida amor! Esqueci de te avisar, May


me pediu para buscá-lo no ateliê, e Collin foi para
mim e pedi a Lydia para colocá-lo no closet.
— Onde eu estava que não vi nada disso
acontecendo?
— Ocupada com o cabeleireiro. — respondeu
sorrindo.
Bufei aliviada.
— Fica calma, daqui a pouco teremos que nos
trocar você não pode se atrasar, precisa ser a
primeira a chegar, não é?
— Sim, exatamente! Vou lá ver se está tudo
certo com o vestido.
— Vai sim, amor! — novamente encostou seus
lábios nos meus com carinho, certamente estava
com medo de estragar minha maquiagem. —
Também já vou me trocar, só vou acertar um
último detalhe na planta.
— Está bem, estou te esperando, não se
demore.
Fui para o quarto do Eric procurar meu vestido,
e assim que entrei no closet, o vestido estava

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pendurado em um cabide e quando eu o peguei em


minhas mãos, levei um enorme susto e saí
caminhando com ele pela casa toda até chegar
novamente no escritório do Eric, e assim
questionei:
— O que significa isso, amor?
Ele se virou assustado em minha direção e
respondeu fazendo uma pergunta:
— Seu vestido?
— Esse não é o meu vestido. — respondi
nervosa.
— Não é o modelo que você escolheu?
— Sim é, mas esse é um Dior, como foi que
fez isso?
— Ah, é isso? — começou a rir. — Amor, esse
é só o meu primeiro presente de aniversário para
você, não fique brava.
— Um Dior?
— Sim, você merece estar perfeita no seu
vernissage.
— E como fizeram isso, posso saber? Como
sabem que esse vestido ficaria bom no meu corpo?
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— May levava seu vestido no ateliê da Dior a


cada prova sua então, eles confeccionaram para
você um modelo exatamente igual ao que você
havia escolhido.
Eu estava passada, simplesmente deslumbrada
com aquele vestido preto divino com uma etiqueta
da Dior nele, não dava para acreditar, então falei:
— Amor é só um vernissage.
— É o seu vernissage, e nele você vai brilhar.
— Um Dior? — perguntei novamente não
acreditando que eu tinha em minhas mãos um
sonho de princesa.
— Sim, só seu. — respondeu com as mãos
enfiadas no bolso da calça fazendo aquela pose de
peito estufado que eu amava nele.
— Ai meu Deus, amor! — caiu a minha ficha e
eu estava me sentindo uma criança quando ganha
sua primeira boneca, pulei no pescoço dele e o
enchi de beijos. — Obrigada! Obrigada! Obrigada
amor.
— Ei! Calma minha Cenourinha, vai manchar
todo o seu batom.

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— Não me importo. — respondi e o beijei


novamente grudada em seu pescoço.
— Vem, vamos nos trocar já é quase sete e
quinze. — disse tirando do meu momento muito
feliz e devolvendo minha ansiedade.
O vernissage estava marcado para às 20h, e
assim Eric acompanhou-me até o quarto dele onde
nos trocaríamos, ele só precisava entrar no lindo
terno preto que escolhera, e então não resisti e
passei minha mão no tecido do terno e perguntei:
— Veludo?
— Sim! Gostou?
— É lindo amor, elegante como só você sabe
ser.
— Nessa noite você merece isso. — quando
Eric deu um passo em minha direção, o celular no
bolso de sua calça tocou e ele parou para atender:
— Pai! Está tudo bem? — silenciou, escutando
o que o senhor Mason estava falando a ele. —
Calma pai, vai ficar tudo bem, estou indo para lá.
Eric desligou o celular aflito e logo questionei:
— O que foi amor? Aconteceu alguma coisa?
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— meu coração acelerou em meu peito.


— É a Jane amor, foi internada às pressas, está
vomitando e com a pressão altíssima, meu pai disse
que os médicos estão fazendo o possível para
segurar o Noah.
Os pelos dos meus braços se arrepiaram e
minha felicidade se transformou em angústia,
aquilo não podia estar acontecendo no dia do meu
vernissage.
— Amor, importa se Collin te levar para
galeria? Você não pode se atrasar, eu vou depois
que tiver notícias mais concretas da Jane.
Toquei em sua face e o respondi:
— Claro que não me importo, vai lá meu amor,
vai dar tudo certo, confie.
Eric assentiu e me abraçou forte, dizendo:
— Vista seu vestido, quero ser eu a fechar o
zíper para você.
Sorri, peguei o vestido no cabide e Eric me
ajudou a entrar dentro dele, era simplesmente
divino, preto, longo com um decote enorme na
frente.

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Eric tirou meus cabelos de minhas costas e os


jogou para frente e então subiu o zíper fazendo-me
sentir uma sereia dentro dele.
— Como eu imaginava. — disse Eric com os
olhos brilhando. — Linda demais, amor! Se não
fosse Jane, eu já ia tirar esse vestido do seu corpo e
te amar enlouquecido, você me mata de tesão.
— Espero que um dia esse fogo diminua,
fizemos amor no banho hoje de manhã.
— Não conte com isso, meu tesão por você
nunca vai diminuir. — segurou em minha nuca e
me beijou. — Vista a sandália para eu abotoar para
você.
Assim que terminou de abotoar minhas
sandálias, Eric segurou em minhas mãos e me
rodou dizendo:
— Perfeita! — soltou da minha mão e
caminhou até o closet, quando voltou segurava uma
caixa em suas mãos que ele mesmo abriu e mostrou
a mim uma pulseira em ouro rose da Tiffany com
os “T” cravejados de diamantes.
— Eric! É linda! — fiquei sem palavras.

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Ele tirou a joia da caixa e segurou em meu


braço esquerdo e colocou a pulseira nele com
esmero, então me disse:
— Agora você está pronta.
Grudei em seu pescoço e o abracei com força.
— Eu amei meu amor, obrigada!
— Feliz aniversário!
Eu o enchi de beijos, e logo em seguida ele me
disse:
— Vamos, você não pode se atrasar. — peguei
minha bolsinha e saímos juntos da casa.
Collin já me esperava no carro. Eric abriu à
porta e disse:
— Boa sorte, amor. Logo estarei lá com você.
Quando à porta do carro se fechou, senti um
aperto enorme no meu coração, não sei explicar ao
certo o motivo, mas tive um pressentimento
horrível e eu só esperava que nada de ruim
acontecesse com Jane no dia do meu aniversário e
do meu vernissage, Eric ficaria arrasado.

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Capítulo 55

Anna
Eu estava uma pilha de nervos, até Collin
percebeu e tentou me acalmar:
— Senhorita, se acalme tudo vai dar certo e
logo o Eric se juntará a você no vernissage.
Acredito que já tenha estado em outros vernissages,
então apenas respire e pense em coisas boas.
— Respirar! É você está certo, eu preciso
respirar.
Enchi meus pulmões de ar, prendi por um
tempo e soltei logo em seguida, mas minha
ansiedade era tanta que o exercício de respiração
nada resolvia, minhas mãos estavam suando e os
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mesmo sintomas de pânico e todas as outras vezes


estavam ali presente comigo, eu contava que com
Eric a meu lado, eu teria mais controle sobre aquele
sentimento de estar indo para a guilhotina, mas
tudo deu errado e eu estava literalmente me
sentindo sufocada.
A galeria que May alugou para o vernissage e a
exposição, ficava dentro do Brookfield Place. E
quando Collin estacionou, ele saiu do carro, deu a
volta e abriu a porta para mim, nem tive tempo de
me perder e May já apareceu no meio de alguns
repórteres que estavam por ali e já vieram me
bombardear com perguntas:
— Senhorita Hall, senhorita Hall! — escutei a
mesma frase vinda de várias vozes diferentes e eu
não sabia nem para onde olhar e a quem responder.
— Você ficou linda minha amiga. O que achou
da surpresa do Eric? — May foi me puxando e
falando.
— Senhorita Hall só uma palavrinha! —
insistiu uma jornalista muito linda, loira e muito
alta.
Parei e fiquei esperando-a fazer a pergunta:
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— Como se sente nesses minutos que


antecedem esse Vernissage que foi tão esperado
pela alta sociedade de Toronto?
— Ansiedade é o nome do sentimento. —
respondi com meu corpo tremendo.
— Você é uma artista plástica contemporânea
em ascensão que vem se destacando nesse meio
artístico difícil. O que tem a dizer para quem está
começando agora?
— Que trabalhem duro e dê o seu melhor, a
prática faz a perfeição. — respondi tentando dar
outro passo.
— Está namorando o milionário Eric Mason?
Ponderei antes de responder e enfim falei:
— Sim, estou!
— E por que ele não está acompanhando a
senhorita nesse evento importante?
— Anna vamos! — disse-me May.
Respirei fundo antes de dizer que aquilo não
era da conta dela, mas acabei respondendo a
jornalista:
— Eric teve um contratempo, mas logo estará
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aqui.
— Sabemos que toda a alta sociedade estará
nesse evento hoje, inclusive o Prefeito da cidade.
Isso vem da influência de Eric Mason?
— Enviei convite a todos que já acompanham
meu trabalho e que tem apreço pelas artes, e isso
não tem nada a ver com meu namoro, visto que eu
não estava com o Eric quando os convidei.
— Vamos Anna! — May me puxou e fui
acompanhando-a.
— Senhorita, senhorita, senhorita! — não
paravam de gritar e de me deixar mais atordoada
ainda.
Caminhamos pela Galeria Allen Lambert que
unia as duas torres que fazia parte do complexo
Brookfield Place, e ao olhar para cima e observar
os arcos elevados, eu sentia como se estivesse
vendo uma obra de arte, um incrível dossel que
parecia ser um emaranhado de vidro. Assim que
chegamos a galeria de arte, fui recebida por meus
pais e vovó Emma, e então posamos para algumas
fotos a pedido da cerimonialista, eu estava
completamente aérea, tudo havia saído exatamente
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como eu imaginava e as telas estavam distribuídas


nas paredes, e vê-las ali encheu-me de emoção,
contudo eu não podia chorar ou iria manchar a
maquiagem. Para minha emoção ser maior,
somente se Eric estivesse ali comigo, eu não me via
mais fazendo nada sem ele.
— Meu amor! Está tudo tão lindo, eu estou
impressionada com seu trabalho. — disse minha
mãe que estava linda demais em um belo vestido
verde oliva.
— Realmente, filha, tem telas aqui que eu nem
tinha visto lá em casa. — Observou meu pai.
— Papai, o senhor nunca teve muito tempo
para meu trabalho.
— Está tudo lindo, tudo muito perfeito, mas
cada o macho alfa do Eric? — questionou vovó
deixando-me com o rosto queimando de vergonha.
— Vovó, por favor, se controle aqui dentro,
Eric teve um probleminha, mas logo chega.
Freddy que estava do lado caiu na gargalhada,
dizendo:
— Anna, eu adoro essa sua avó.

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— É, o Collin também. — falei tentando


distrair, mas na verdade eu estava uma pilha de
nervos.
Os convidados começaram a chegar e eu os
recebia um a um na entrada, praticamente todos
haviam chegado e nada do Eric me mandar
nenhuma notícia, eu estava angustiada sem saber de
Jane e do pequeno Noah.
O som ambiente era baixo e agradável, os
garçons passavam servindo canapés e todo tipo de
bebida, nervosa peguei uma taça de vinho tinto e
comecei a ficar sufocada quando as pessoas
circulavam no espaço da galeria observando as
telas de um lado a outro e comentando entre elas.
Eu simplesmente não conseguia tirar os olhos da
porta, dava atenção aos convidados e voltava a
olhar para à porta, eu já estava aflita, me sentindo
dentro de uma caixa de sapatos, as vozes entravam
em minha cabeça e a sentia girando, minha única
vontade era a de sair correndo dali e respirar.
— Anna, querida, já estão quase todos os
convidados presentes, não gostaria de começar a
envernizar as telas que você preparou para esse
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fim? — questionou-me a cerimonialista.


— Por favor, Clair, podemos esperar mais um
pouco?
— Tudo bem, mas não se demore muito.
Por todos os cantos onde eu olhava notava a
satisfação dos convidados, mas nem assim eu
consegui me sentir menos sufocada dentro de meu
próprio vernissage, e a cada minuto que passava, eu
olhava para à porta, e foi em um desses olhares de
relance foi que vi meu maior pesadelo entrar pela
porta da galeria, Benjamin de braços dados com
Eve, ambos completamente elegantes. Fiquei em
choque sem saber o que fazer, May veio em minha
direção e questionou-me:
— O que significa aquilo, Anna?
Meu corpo tremulava por dentro, então
respondi catatônica:
— Meu Deus! Eu o convidei.
— Convidou o Benjamin e a Eve?
— Convidei o Benjamin no dia em que o
conheci. May me ajuda, eu não me lembrava disso.
Nem bem terminei de responder a May, eles
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estavam já bem próximos de nós, e Benjamin


chegou dizendo:
— Uau! Anna, você está maravilhosa. —
pegou em minha mão e a beijou. Eve soltou de seu
braço e começou a caminhar entre os convidados.
— Parabéns pelo vernissage e pelo aniversário, está
tudo muito lindo.
Eu estava literalmente pasma com a coragem
de Benjamin aparecer e ainda trazer a Eve.
— O que fazem aqui? — interroguei nervosa.
— Nossa! É assim que você recebe seus
convidados?
— Você foi automaticamente desconvidado
quando criou todas as confusões na minha vida e na
de Eric.
— Ninguém me avisou nada sobre isso, e como
adoro arte resolvi aparecer e comprar algumas telas
suas para começar uma coleção.
— Não venderei nada para você, vai embora,
nem você e nem a Eve são bem-vindos aqui.
— Anna, não seja deselegante. — estendeu a
mão e tocou no meu rosto.

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— Não toque em mim. — falei tentando sorrir


para não parecer deselegante.
— Relaxa! — estendeu a mão e apanhou um
copo de Champagne e o levou em seus lábios. —
Humm! Dom Pérignon! Está arcando com essas
despesas ou Eric quem fez questão do bom e do
melhor?
— Isso não é da sua conta! Saia do meu
vernissage, agora! — exigi com o coração saltando
pela boca e os olhos saltando para à porta.
— Não seja indelicada querida, seu amado nem
está aqui, onde é que ele está que não está aqui te
fazendo companhia?
— Ben, eu vou chamar a segurança para te
colocar para fora, você e sua irmã.
— Está tudo bem aqui, Anna? — perguntou
Freddy aproximando-se de mim e tocando-me no
ombro.
— Não! Não está nada bem, Freddy, por favor
acompanhe esse homem até à porta da saída.
— É para já, vem comigo Ben! — Freddy
tocou no braço do Ben, que respondeu:

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— Não toque em mim, Freddy, não vai gostar


de um escândalo na festa da sua amiguinha, vai?
Eu não podia nem olhar para a cara de
Benjamin, eu estava com tanto nojo dele, que senti
vontade de jogar meu vinho em sua cara.
Aquilo não estava acontecendo, não comigo, só
podia ser brincadeira.
— Ben, eu imploro, por favor, vai embora,
quando eu te convidei não te conhecia, achei que
fosse o cunhado rico do Eric que ia chegar aqui e
comprar várias telas minhas, mas isso foi aquele
dia, hoje eu não faço mais questão que fique aqui.
— Anna, eu não sou mais o cunhado do
Mason, mas ainda posso comprar vários quadros
seus.
— Obrigada, eu não preciso do seu dinheiro.
— Mas precisa do dinheiro do Mason para
pagar seus luxos, como esse seu bracelete que eu
imagino que custaram vários dígitos para seu
namoradinho.
— Foi um presente de aniversário, e não é da
sua conta.

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Eu tentava manter a calma, pelo menos estava


tentando disfarçar bem.
— Ei! — ele tocou novamente em meu rosto. E
quando fui levantar meu braço para tirar a mão dele
de mim, meus olhos pararam na figura divina de
Eric parado há alguns metros de mim, ele estava
lívido e foi se aproximando com mansidão e
certamente não estava acreditando no que estava
vendo.
— Tire sua mão da minha mulher! — disse
Eric ao se aproximar do ombro do Ben.
Eric se aproximou cauteloso de mim, colocou
sua mão em minha cintura e questionou-me entre
dentes cerrados.
— O que esse sujeito faz aqui, amor?
— O mesmo que você, fui convidado pela
anfitriã da festa no dia em que nos conhecemos.
Não foi Anna?
Virei em direção ao Eric, toquei em seu tórax
com minhas mãos e falei:
— Amor eu posso explicar isso.
— Eu sei que pode.

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— O que você tem para explicar, Anna?


Ficamos bem próximos aquele dia e você me
convidou sem pensar duas vezes.
Eric apertou um lábio no outro e eu sabia que
estava explodindo de ódio, então ele balbuciou
tirando as mãos de mim:
— Bem próximos? — seus olhos eram de
reprovação, e senti minhas mãos suarem de
nervoso.
— Vai embora, Benjamin, por favor!
— Prefere o assassino a mim? — Ben
questionou e foi Eve quem o respondeu:
— Chega Ben! Eric não é nenhum assassino
você sabe bem disso, ele não foi o culpado pelo
acidente que vitimou a Julia, eu fui.
— Está defendendo esse cara? Não seja tola,
Eve. — respondeu Ben.
— Eu já disse, pare com isso, ele não é o
culpado. Vamos embora daqui.
— Você matou o amor da minha vida, isso não
vai ficar barato Eric.
Eric ficou ponderando tentando assimilar o que
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havia acabado de ouvir, e assim deu um passo à


frente questionando:
— É da minha mãe que você está falando?
Meu coração começou a bater rápido e parecia
que sairia pela boca, não demoraria e todos no
vernissage começariam a perceber o que estava
acontecendo, então Freddy entrou na frente de Eric
dizendo:
— Eric! Calma meu primo, não se esqueça que
essa é a festa da Anna, não faça nada que irá se
arrepender depois.
— Julia e eu nos amávamos e você a tirou de
mim com sua irresponsabilidade. E eu jurei a ela
que iria tirar tudo de você. — disse Ben, acabando
de vez com meu vernissage, pois assim que ele
terminou de dizer aquelas palavras, Eve se
pronunciou:
— Eric, isso é mentira! Ben, não faça isso com
a imagem da Julia, ela não merece.
Ben levantou o braço para bater em Eve, mas
Eric o impediu e o encostou com tudo na parede
com as mãos em seu pescoço sufocando-o e
dizendo:
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— Seu desgraçado! Se o que você me disse


aqui chegar aos ouvidos do meu pai, eu te mato
com minhas próprias mãos.
— Eric! Para com isso cara! — Freddy tentou
contê-lo, e Eric soltou do pescoço do Ben, me
olhou com o ódio saltando de seus olhos e disse-
me:
— Aproveite sua noite, porque a minha, seu
convidado acabou de estragar.
Não entendi nada, e assim ele virou de costas
para mim e foi desaparecendo no meio dos
convidados, tudo se embaralhou em minha cabeça e
começou a girar, quando minha ficha caiu, comecei
a caminhar entre os convidados completamente
desnorteada atrás dele.
— Amor, por favor, me escuta, eu posso
explicar!
Ele não parou e continuou andando rápido e se
desviando de todos, e quando saiu da galeria, falei:
— Eric eu te amo! Não faz assim comigo!
Ele parou onde estava, enfiou a mão em seu
bolso e disse:

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— Me perdoe! Não vou conseguir cumprir


nossa promessa.
Quando ameacei ir atrás dele, May apareceu
dizendo:
— Amiga você não pode ir, se você for,
esqueça sua carreira, você não pode abandonar seu
vernissage assim, pense bem.
— May é o Eric, não posso perdê-lo
novamente.
— Freddy vai atrás dele, ele vai saber
conversar com o Eric, nesse momento ele está
confuso, mas vai entender.
Freddy passou rapidamente por nós, deu um
beijo em May e disse-me:
— Segure as pontas aí Anna, vou acalmar ele.
O mundo desabou em minha cabeça, nada fazia
mais sentido dentro daquela galeria e eu era a única
culpada de tudo.

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Capítulo 56
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Anna
Ver Eric desaparecer no longo corredor me
colocou em uma situação de escolha e eu precisava
fazer uma, o mais rápido possível, a imagem do
amor da minha vida se desaparecendo em minhas
vistas e ficando cada vez mais distante encheu
meus olhos de lágrimas e apertou meu coração.
— Não posso perdê-lo, May, eu vou atrás dele.
— falei.
— É o seu sonho, tudo aquilo lá dentro é o seu
sonho. Tem certeza que vai jogar tudo no lixo? Seu
nome é que vai parar no lixo, e eu duvido muito
que você consiga se reerguer depois disso.
— Eric não vai me perdoar.
— Com o Eric você se acerta depois, mas
primeiro têm seus convidados lá dentro.
— Não posso ficar aqui sem me explicar para
ele, May.

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Suspirei alto com a confusão instaurada em


minha cabeça e fechei meus olhos assim que ouvi a
voz rouca do Ben:
— Vai! Corre atrás do magnata e viva as
sombras dele pelo resto da sua vida, seja fraca, é
isso que ele quer, você rastejando aos pés dele.
— Cala a boca, Benjamin. Vai embora!
— Já estou fazendo isso, não quero continuar
estragando sua noite.
— Claro que não quer, o que mais tem para
estragar?
— Estragar eu não sei, mas podemos consertar
juntos se você quiser. — falou com uma voz
insinuante e cheia de malícia, meu sangue ferveu de
ódio e quando percebi, tinha virado um tapa em sua
cara.
— Uau! Anna, você bate gostoso, o que mais
você sabe fazer com suas mãos? — questionou
dando passos em minha direção encurralando-me
na parede.
— Faço coisas com minhas mãos que você
nunca vai ter o prazer de descobrir, mas com meu

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joelho você já sabe o que faço.


Ben deu passo atrás e respondeu com a mão no
rosto:
— Um dia você vai mudar de ideia e vai vir
brincar no meu parque, ao invés de querer maltratá-
lo — disse segurando o pau entre as pernas.
— Benjamin Cooper! Eu não sabia que você
era tão vulgar assim. — disse May.
— Senhorita Hall! Seus convidados estão
sentindo sua falta. — disse Clair parada na porta.
Então olhei no fim do corredor e Eric já havia
desaparecido, então olhei para May que acenou a
cabeça em positivo e segurou em minha mão
puxando-me para dentro, para meu matadouro,
aquilo não podia ser real, não estava acontecendo,
não no dia em que mais esperei e ali a pior de todas
as sensações do mundo se apossou de mim, a
impotência de não poder mudar o passado e
consertar as coisas. E se eu consegui enxergar um
futuro nítido e claro naquele momento foi quando
coloquei meus pés novamente dentro da galeria e
meus olhos correram as longas paredes com todo
meu trabalho pendurado nelas, e mesmo me
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sentindo destruída por dentro senti orgulho de mim


mesma.

Eric
Novamente a queda era livre, eu me sentia
como se tivesse me atirado de um precipício sem
cordas de proteção, eu precisei fugir para não me
tornar o assassino que Benjamin dizia que eu era,
pois se continuasse mais um segundo naquele
espaço fechado com ele, eu o mataria com minhas
próprias mãos lá dentro, se não fosse Freddy eu
teria feito, pois o ódio corria feito adrenalina em
minhas veias. Minha cabeça estava cheia de
bifurcações, a adrenalina não parava de me fazer
apertar o pé no acelerador e tudo que eu via eram
luzes e luzes e seus flashes me cegando. Julia e eu
nos amávamos, nos amávamos, amávamos! A voz
de Benjamin não saía de minha cabeça, martelando
e me corroendo.
— Desgraçado! Desgraçado! — soquei o
volante com o ódio me cegando, e tudo que se
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passava em minha mente era matá-lo. —


Mentiroso! — sussurrei com lágrimas me cegando,
então perdi o controle do carro e entrei
descontrolado no acostamento quando um
caminhão apertou a buzina me deixando surdo e me
levando para o momento do acidente que matou
minha mãe.
Com as duas mãos grudadas firmes no volante,
vi todo um filme se passar em minha cabeça e
quase se repetir. Respirando como um louco e com
as mãos transpirando, tentei me controlar e voltei
para a pista.
Cheguei em casa com vida mesmo me sentindo
morto, enfiei a mão em meu bolso e tirei de lá a
caixinha do anel de Anna, eu o abri e o brilho do
diamante fez meu coração ser comprimido, então
fechei meus olhos, fechei a caixa e apertei-a entre
os dedos com muita força. Virei na direção de um
farol que se apagou assim que parou do meu lado,
então Freddy desceu ralhando:
— Seu filho de uma puta desgraçado! O que
estava tentando fazer? Se matar? Você quase se
enfiou na traseira daquele caminhão. — Freddy
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estava exaltado e se mexia como fantoche


desgovernado.
— O que quer Freddy? — questionei
caminhando em direção à porta de casa.
— Precisamos conversar.
— Não tenho tempo para perder com
conversas. — fui entrando na sala e logo Lydia
apareceu acompanhada por Bruce.
— Aconteceu alguma coisa, Eric? Por que
voltou tão rápido?
— Tinha gente demais lá. Lydia, por favor,
prepare ração e água para viagem.
— Vai viajar agora à noite?
— Sim, vou. — respondi e fui indo em direção
ao meu escritório com Freddy na minha cola.
— Como é que é? Como assim vai viajar? Vai
para onde?
— Vou para casa de caça do meu pai e está
proibido de contar onde estou. — entrei no
escritório e ascendi a luz, então peguei o celular em
meu bolso e fiz uma ligação.
— Cara não faz isso, não fuja dessa forma.
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Fiz sinal com a mão para que Freddy esperasse.


— Pai! Tudo bem por aí? Como está a Jane?
— Foi só um susto mesmo, filho, e o
vernissage como está?
— Não estou lá, tive um problema com a Anna
e o Benjamin.
— Como assim problema? O que aquele
desgraçado aprontou agora?
— Pai não tenho tempo para explicar, só liguei
pra te avisar que estarei saindo de viagem e
mandando os 2 projetos pendentes para o seu e-
mail, eles já foram concluídos e precisam da sua
aprovação.
— Viagem?
— Pai se eu ficar vou me tornar o assassino
que o Ben insiste em dizer que sou.
— Filho pelo amor de Deus, esfrie a cabeça,
por favor, estou indo pra aí, vamos conversar.
— Não pai, já estou de saída, volto assim que
esse ódio parar de me consumir.
Desliguei e comecei a tirar o paletó do meu
terno ali mesmo.
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— Cara você não pode fazer isso com a Anna,


não fuja dessa forma, não faça com ela, o que ela
fez com você aquela vez, você sabe quanto aquilo
te doeu.
— Eu ia pedir ela em casamento hoje, Freddy.
— tirei a caixa do anel do bolso do paletó. —Era
para ser uma surpresa e olha o cenário que eu
encontrei lá.
— Ela pode explicar, cara. Tenho certeza que
ela tem uma explicação.
— Ela convidou aquele maldito, e aquele
maldito acabou com a minha vida me dizendo que
foi amante da minha mãe.
Cerrei meus punhos e deixei a irá circular
como ácido em minhas veias e com o ódio me
aniquilando por dentro dei um soco na maquete do
projeto do meu prédio que eu estava construindo há
anos, destruindo-a toda.
— Eric não! Cara para com isso! — Freddy me
segurou, mas já era tarde, levei meus braços em
minha cabeça e comecei a chorar de ódio e
desespero.
— Ele conseguiu, Freddy, me tirou tudo,
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aquele desgraçado me tirou tudo.


— Ele não te tirou nada, a Anna te ama, deixa
ela se explicar.
— Explicar o quê? Que ficou muito íntima do
Benjamin naquela maldita manhã a ponto de
convidá-lo para seu vernissage?
— Ela deve ter uma explicação.
— Mesmo que ela tenha, por que ela não
revogou o convite? Por que não colocou ele para
fora da galeria?
— E chamar a atenção dos convidados? Cara
pensa bem, logo entrará o inverno, não aconselho
ficar sozinho na cabana de caça.
— Vou estar com o urso, é isso ou sair daqui e
ir procurar o Benjamin, se eu fizer isso, vou acabar
com a vida dele com minhas próprias mãos. —
guardei o anel em meu bolso e parei na frente da
maquete destruída, levei segundos para destruir o
que passei anos e anos construindo.
— Não acredite nas palavras do Ben. — disse
Freddy vencido.
— Freddy, Benjamin disse a verdade, só até

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que ponto, mas que outro motivo ele teria para ter
passado a me odiar tanto depois do acidente? Seja
lá qual for a verdade disso tudo, ele amava minha
mãe. Calhorda desgraçado!
— Me recuso acreditar que a tia Julia tenha
sido capaz de trair o tio Norman.
Me sentei na frente do meu computador e o
respondi enquanto acessava minha caixa de e-mail
para mandar os projetos para meu pai.
— Isso é o que não quero descobrir agora, não
com tudo que estou sentindo, e te digo mais, se
aquele maldito disser uma só palavra sobre isso
com meu pai, ele é um homem morto.
Saí em direção a meu quarto, Freddy ficou
onde estava e no meu quarto troquei de roupa,
arrumei uma mala com roupas pesadas de frio e
botas. Andei por toda a casa com Bruce me
seguindo. Quando voltei para sala, Lydia estava
com Freddy.
— Está tudo pronto para viagem, Eric, arrumei
lanches para você também. — avisou Lydia.
— Ótimo! Lydia, avise ao Collin que fiz uma
transferência para ele.
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— Aviso sim.
— Cara, espere amanhecer para você viajar.
— Não! Não quero correr o risco de ficar e
machucar ainda mais a Anna.
— Porra cara! Vai machucá-la se sair assim
sem falar com ela.
— Eu preciso disso agora.
— Ela vai sofrer sem saber como te encontrar.
— Não quero ser encontrado, entendeu
Freddy? Quando eu achar que posso voltar eu
volto, no momento eu preciso desligar minha mente
disso tudo aqui ou vou surtar novamente, e o que é
pior, vou acabar cometendo uma loucura.
Peguei uma das caixas que Lydia preparou com
os mantimentos do Bruce, minha mala e segui para
a garagem com Freddy carregando uma bolsa
térmica.
— Eric!
— Desista Freddy.
— Fique para ouvir o que a Anna tem a dizer.
Estufei o peito e levei minha mão no painel e
peguei a chave do meu Dartz Prombron e falei:
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— Saudade de você fera!


Guardei minhas coisas no carro, abri a porta
traseira, bati no bando para que o Bruce subisse e o
prendi em seu cinto veicular canino, Bruce estava
acostumado a viajar comigo.
— Eric, o que faço pra você ficar cara? —
questionou Freddy que não se dava por vencido.
— Nada! — dei dois tapinhas em suas costas e
o abracei dizendo:
— Confio em você, até a volta.
Entrei no carro, segurei firme no volante com
as duas mãos e ponderei antes de ligar o motor, mas
assim que escutei o ronco do meu tanque blindado,
eu sabia que era a coisa mais certa a fazer e
simplesmente fui com o coração destroçado mais
uma vez.

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Capítulo 57

Anna
Um dia pela metade, incompleto, foi assim o
balanço final do dia mais esperado por mim há
meses, completei 29 anos e boa parte dele sonhei
com esse dia. O dia em que Eric estaria em um
vernissage meu, mas novamente isso não se
concretizou.
O último convidado do vernissage se retirou
depois de comprar duas de minhas telas, que por
sinal foram todas vendidas, mas que agora ficarão
um mês em exposição na galeria. Estava contando
os minutos para que ele se retirasse para que eu
pudesse sair correndo de lá e ir atrás do Eric, ele
precisava me ouvir, precisava entender que quando
convidei Benjamin, vi nele apenas um comprador
para alguma de minhas telas, afinal de contas eu
vivia da venda delas.
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Assim que o senhor saiu da galeria, peguei


minha bolsa e fui logo me direcionando para à
porta, então May disse-me:
— Espera que vou levar você.
— Não precisa, Collin está esperando por mim
lá fora.
May ergueu os braços e avisou:
— Vai lá que cuido de tudo por aqui.
Assenti e saí às pressas, passando inclusive
pelo senhor que havia comprado as últimas telas, e
ao chegar onde Collin estava estacionado bati no
vidro e ele desceu rapidamente para abrir a porta
para mim.
— Me leve para mansão, Collin, por favor!
— Sim senhorita, Anna.
Entrei e fui logo o questionando:
— Falou com o Eric, Collin?
— Sim, ele falou comigo assim que saiu e
estava bem nervoso, mas me pediu para levá-la
para casa e continuar servindo a senhorita.
— Como assim continuar me servindo? Não
entendi Collin.
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— Confesso que também não entendi nada,


senhorita.
— Ele está me odiando, me odiando.
— Vai ficar tudo bem!
Fiquei em silêncio angustiada enquanto olhava
Toronto passar pelo vidro do carro, minhas
lágrimas escorriam em meu rosto enquanto o
mundo passava em meus olhos completamente
absorto à minha dor, Toronto não parava nunca, e
eu ia simplesmente tentando achar palavras para
explicar-me a Eric.
— Como foi o vernissage senhorita, Anna? —
Collin questionou tirando-me de meus
pensamentos.
Eu estava chorando e então consegui dizer:
— Um sucesso do ponto de vista da May.
— E do seu ponto de vista?
— Eu não estava naquele vernissage, Collin,
apenas meu corpo estava.
Collin se calou perante minha resposta e seguiu
levando-me até Eric e o que deveria ser dez
minutos parecia uma eternidade.
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Assim que chegamos na mansão, desci


correndo do carro, Freddy ainda estava com Eric, vi
seu carro no estacionamento, certamente que estava
tentando acalmá-lo, e assim fui entrando e
chamando:
— Amor! Amor! — saí caminhando pela casa
e encontrei-me com Lydia que disse:
— No escritório, minha querida. — a voz de
Lydia era aflitiva, e percebi em sua feição um certo
pesar, assim sem perder muito tempo corri para o
escritório do Eric e quando entrei na porta meus
olhos captaram muitas informações ao mesmo
tempo, o chão estava forrado de peças da maquete
do Eric que estava destroçada em cima da enorme
mesa, saí caminhando catatônica olhando as peças
e já me sentindo culpada por imaginar que Eric
havia destruído a maquete do seu sonho, e ele havia
levado anos para construí-la. Meu coração se
apertou a ponto de fazer um nó se formar em minha
garganta. Freddy estava sentado em uma poltrona
em frente à mesa e estava de cabeça baixa com os
braços entre as pernas e as mãos em sua testa.
— Cadê o Eric? — consegui balbuciar tocando
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em seu paletó jogado em cima da mesa.


Freddy finalmente me viu, então se levantou e
me olhou com uma tristeza muda, ele não precisou
dizer nada e eu já sabia que ele não havia tido
sucesso falando com o Eric, então questionei
girando ao meu redor procurando-o:
— Onde ele está?
— Anna, eu... — começou a falar e parou
enfiando as mãos no bolso de seu paletó azul
marinho em sinal de insegurança.
— Você? — incentivei-o a falar, estava inerte
em sua frente com as lágrimas se juntando em meus
olhos pela iminência do que sairia dos lábios de
Freddy, por algum motivo eu já pressentia que algo
estava muito errado.
— Estava aqui te esperando, eu tentei
convencê-lo a ficar, mas ele estava...
— Ficar? Como assim ficar? Freddy! —
balancei a cabeça em negativo sem entender nada.
Freddy esticou o corpo, puxou o ar de seus
pulmões e passou a mão direita em sua testa, todos
os sinais que seu corpo me transmitiu antes de sua

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fala eram desesperadores.


— Ele precisou viajar, esfriar a cabeça, estava
nervoso demais, e se ficasse iria matar o Ben, foi
melhor assim, Anna.
Fiquei calada tentando assimilar tudo que eu
acabara de ouvir, então engoli a saliva sentindo
meus lábios secarem e minhas mãos tremerem de
nervoso.
— Por que ele não me esperou? Por que não
me levou com ele? — questionei rodando em meus
calcanhares perdida. — Por quê? Ai meu Deus,
Freddy, ele me deixou, está me odiando, a culpa foi
minha por ter convidado o Ben.
— Anna, me escuta! O Ben estar no seu
vernissage foi só a ponta do Iceberg, aquele
desgraçado enfiou o dedo em uma ferida muito
profunda do Eric, que sempre teve minha tia Julia
como uma deusa. Se ele ficasse, ele iria matar o
Ben, eu vi morte nos olhos do meu primo.
Chorando em desespero comecei a pegar as
peças da maquete no chão colocando-as na mesa, e
falando:
— Ah meu Deus! Olha o que ele fez por minha
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culpa. — comecei a tentar recolocar as peças de


forma imbecil, meu coração estava em pedaços
igual a maquete.
— Anna, se acalme, por favor, pare com isso.
— Não! Não, não. Freddy me diz que isso é
mentira, por favor! — segurei nos braços do Freddy
e o encarei esperando sua resposta, e ao invés disso
ele me puxou para seu corpo quente e me apertou
em um abraço consolador.
— Eu sinto muito, eu tentei!
— Nãoooo! — simplesmente despenquei nos
braços dele e chorei em demasia, apertando-o com
força. — Me fale onde ele foi, vou pedir ao Collin
para me levar até ele. Por favor Freddy.
— Eu não posso!
Afastei meu corpo do dele e o encarei,
indagando:
— Como não pode? Por que? Me fala, me fala,
por favor!
— Porque eu não sei, Anna. Ele saiu daqui
enraivecido junto com o Bruce, dizendo que
precisava se afastar para não a machucar e não

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matar o Benjamin e não me disse para onde iria, eu


tentei impedi-lo, mas fracassei.
— Não pode ser, você sabe, me fale onde ele
foi? Eu vou agora mesmo falar com ele, por favor,
Freddy, por favor! — implorei pegando meu
celular e discando para ele.
— Ele não vai te atender, Anna. Está dirigindo.
— Liga você para ele, liga por favor Freddy,
diz que estou aqui desesperada, diz que o amo e
que estava tão feliz com tudo que me esqueci do
convite que fiz a Ben.
— Ligaremos amanhã, está bem? —
respondeu-me Freddy.
— Diga a ela Freddy. — May chegou na porta.
Freddy foi até May que não o deixou tocá-la:
— Eric não sairia daqui sem te dizer onde
estava indo, então fale logo para Anna e vamos
levá-la até ele. — exigiu May.
— Eu não seeei! E mesmo que soubesse não
iria dizer se ele tivesse me pedido. Eric não é só
meu primo, é meu irmão.
— Está sendo tolo em não dizer onde ele foi,
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amor. Não vê o sofrimento da Anna? — May


continuou falando enquanto peguei o paletó de
veludo do Eric, abracei com força e saí caminhando
desnorteada para o quarto dele e lá constatei que o
que o Freddy havia dito era verdade, o closet do
Eric estava uma bagunça.
Voltei e despenquei na cama chorando sem
saber por onde começar a procurá-lo, eu me sentia
dentro de um buraco onde a água começou a subir e
logo iria me afogar, o cheiro do perfume dele
estava no paletó e era como se ele estivesse ali
comigo. Seu cheiro chegou em minha memória
devolvendo a mim o momento em que ele colocou
o bracelete em meu braço de uma forma tão
delicada como se eu fosse uma boneca, e ficar ali
chorando não iria devolvê-lo a mim, então me
levantei e fui até Freddy e May que discutiam no
escritório.
— Parem! Por favor, não briguem por minha
causa. Não quero mais sofrimento.
— Como você está minha amiga? — May
questionou.
— Me sentindo um quebra-cabeça
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desmontado.
— Vamos, vou te levar para casa. — disse
May.
— Não vou sair daqui, ele vai voltar e eu
estarei aqui esperando ele. — respondi.
— Ele não vai voltar, Anna. Pelo menos não
enquanto não esfriar a cabeça. — respondeu
Freddy.
— O senhor Norman deve saber para onde ele
foi, eu vou até ele perguntar.
— Você não pode ir até lá uma hora dessas,
Jane acabou de sair do hospital, você pode assustá-
la. — disse-me Freddy. — Vou ligar pro tio
Norman e tentar ver se ele sabe onde encontrá-lo.
— Faça isso, por favor Freddy. — respondi
sentando-me na cadeira do Eric.
Eu estava em choque enquanto escutava
Freddy conversar com o tio, e pelo teor da
conversa, o pai do Eric também não sabia onde ele
estava.
— Tio Norman também não sabe de nada, Eric
não disse a ele para onde estava indo.

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Levei minhas mãos em meus olhos,


questionando-me:
— Por que eu não fui atrás de você meu amor?
Por quê?
Eric estava nervoso, dirigindo sozinho, só Deus
sabia para onde, e não saber onde achá-lo para me
explicar, simplesmente me desmontou, doía tanto
não poder voltar atrás e consertar as coisas, que
achei que iria morrer, era um vazio imensurável no
coração.
Passei toda à noite sentada na cama dele
esperando o momento em que ele fosse entrar pela
porta e me dizer que havia se arrependido de ter me
deixado, esperei ele voltar e dizer que tinha ido me
buscar, mas vi os primeiros raios de sol transpassar
as paredes de vidro sem que nada daquilo tivesse
acontecido.
Levantei da cama, tirei a camisa dele do meu
corpo e fui para o banheiro, tomei um banho
demorado em meio a uma tristeza desoladora,
sentindo-me fraca e impotente enquanto as
lágrimas não paravam de cair, eu ia achá-lo, iria até
o fim do mundo procurá-lo, mas o acharia para
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dizer o quanto o amo. Não existia sentido nenhum


em minha vida se Eric não fizesse mais parte dela.

Capítulo 58
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Eric
Alguém havia apagado meu farol, único facho
de luz que me manteve vivo após o acidente que
levou a vida da pessoa mais maravilhosa que
conheci, minha mãe era esse farol, e quando eu me
sentia realmente culpado pelo acidente e tinha
vontade de acabar com minha vida, era sua luz que
me guiava no escuro do desespero e me trazia de
volta novamente. Lembro-me nitidamente de cada
traço de sua fisionomia encantadora e o que mais
me vem à mente são os lindos olhos castanhos e
brilhantes que transmitiam nada além de paz e de
segurança e seu sorriso encantador. Ela
simplesmente desmontava qualquer pessoa com
aquele sorriso, sempre foi meu farol e agora se
apagou.
A viagem que deveria durar 6 horas, de
Toronto a Mont-Tremblant em Quebec, durou 7
horas, visto que fui devagar o bastante para que eu
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conseguisse pensar e organizar minhas ideias e


muitos flashes de momentos onde Benjamin estava
perto demais de minha mãe me levavam ao
desespero em acreditar que talvez ele pudesse estar
dizendo a verdade, eu não queria acreditar que
minha mãe tivesse nos traído com Benjamin,
porque se foi amante dele mesmo, ela traiu toda
nossa família. A estrada trouxe inclusive um
momento muito estranho no casamento da Jane,
onde Ben estava próximo demais de minha mãe em
um canto do salão onde vi meu pai se aproximar
deles para participar da conversa, e logo em
seguida ela veio até mim questionando se eu
poderia levá-la para casa para trocar os sapatos. As
luzes dos carros batiam em meus olhos e me fazia
mergulhar em lembranças desagradáveis que me
davam a nítida certeza de que Benjamin amava
minha mãe, de que sempre fora apaixonado por ela
e a cada certeza que eu tinha, minhas mãos
apertavam o volante do carro, e à vontade de voltar
e acabar com a vida dele crescia, mas enquanto um
farol se apagou em minha vida, um novo foi aceso
em minha frente e me guiou durante toda a estrada
para que eu não voltasse e fizesse uma loucura,
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Anna e o amor que eu sentia por ela sem medidas


foi quem me salvou e me tirou de dentro de uma
prisão, antes mesmo de eu entrar dentro dela, pois
eu teria matado Benjamin enforcado se não fosse o
lugar onde estávamos, a galeria onde o vernissage
da Anna estava acontecendo. Agi de forma
passional, não consegui controlar minha emoção
naquele momento onde um turbilhão de
sentimentos se afloraram de uma única só vez em
minha cabeça, não bastasse encontrar o homem que
eu mais odiava ali, no dia mais feliz da minha vida,
que seria o dia em que pediria Anna em casamento,
ele confessou ser amante de minha mãe, e aquilo
me cegou, fez-me agir de forma impulsiva e
inconsequente, tirando-me completamente a razão,
eu não consegui raciocinar e fui egoísta demais
quando não medi as consequências do meu
afastamento do vernissage. Agora com a mente
mais clara é que percebi que fiz Anna sofrer
quando não consegui cumprir nossa promessa onde
não nos abandonaríamos. Mas já era tarde para
pensar em voltar, eu precisava de tempo ou iria
acabar me tornando o assassino que o Benjamin
insiste em dizer que sou.
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A estrada que me levava ao meu destino era


um tanto quanto nostálgica, muito verde,
montanhas e lagos, e pouco depois das 5 da manhã
cheguei ao destino, a velha cabana de caça do meu
avô Noah, que passou para meu pai, às margens do
Lago Tremblant aos pés do Mont-Tremblant ao sul
da cidade, encravado entre os cumes montanhosos
e cercado por uma densa floresta.
A cabana deixou de ser usada ao fim pelo qual
havia sido destinada há muitos anos, e hoje não
passa de uma casa de veraneio para onde meu pai
foge do caos de Toronto, raramente eu vinha para
cá. Assim que estacionei na frente da cabana, desci
e soltei Bruce que rapidamente já saiu erguendo a
perna em tudo que foi tronco de árvore em sua
frente, o ar estava gelado, então tratei de abrir a
porta da bela casa de madeira rústica construída ao
estilo canadense usando toras enormes.
Depois que alimentei o Bruce e preparei um
café forte, acendi a lareira, me joguei em cima da
poltrona em sua frente e fiquei mais de uma hora
ali olhando o fogo crepitar com o celular na mão,
eu tinha que ligar para Anna e me desculpar por ter
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sido tão impetuoso como fui, mas só eu sei como


aquilo foi necessário e difícil.

Anna
Assim que saí do banho, me troquei vestindo
uma calça jeans e o meu velho suéter vermelho, saí
caminhando pelos corredores da mansão onde o
silêncio era cortante e chegava a doer, sem Eric e
Bruce tudo tinha ficado vazio demais, até o fato de
ter Bruce caminhando atrás de mim o tempo todo
fazia falta naquele momento.
— Bom dia, senhorita Anna! Seu café será
servido na cozinha. — disse-me Lydia.
— Obrigada, Lydia, não estou com fome.
— Anna! Não é deixando de se alimentar que
irá trazer o Eric de volta para essa casa, você
precisa estar forte e não doente.
— Eu sei, como alguma coisa mais tarde,
obrigada Lydia.
— Se precisar de alguma coisa me chame.

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— Na verdade preciso que Collin me leve até a


casa do senhor Norman.
— Vou avisá-lo que está precisando dele, só
um instante.
Lydia saiu e caminhei rumo à cozinha, ela
estava certa, eu precisava de muita energia para
procurar o Eric nem que fosse ao inferno como
naquele filme Além da Vida, e eu iria achá-lo,
assim como ele não desistiu de mim quando fugi
dele, não iria desistir dele nesse momento difícil
que ele estava enfrentando por causa do maldito do
Benjamin, eu não iria permitir que ele vencesse.
Estava terminando de engolir uma panqueca
com maple, quando Collin apareceu na cozinha
dizendo:
— Senhorita, estarei lá fora no carro lhe
esperando.
— Ah! Então já podemos ir. — levantei
correndo e peguei minha bolsa e fui caminhando
junto com Collin.
A casa dos Mason era no mesmo bairro da casa
do Eric, então não demorou e eu já estava tocando a
campainha.
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— Senhorita Anna, como vai? — questionou-


me a governanta da casa, cujo nome não me
lembrava.
— Bom dia! Eu estou bem, obrigada e a
senhora?
— Bem! Gostaria de entrar?
— A sim, obrigada! — respondi e fui entrando.
— Gostaria de falar com o senhor Norman.
— Eu irei chamá-lo querida, aguarde uns
instantes.
— Obrigada!
Fiquei na enorme e elegante sala observando os
retratos do Eric, e ele estava tão lindo em todos eles
que senti um aperto tão grande no coração e senti
vontade de chorar novamente, mas fui impedida
disso quando ouvi a voz da Jane que surgiu na sala
do nada.
— Anna! Minha cunhada querida, que bom
que veio. — abraçou-me forte.
— Oi Jane, como está a mamãe mais linda do
mundo e o pequeno, Noah?
— Passamos por um susto, você sabe, mas já
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está tudo bem. Mas cadê o Eric? — ela me


questionou e antes que eu pudesse pensar em uma
resposta, escutei a voz do senhor Norman
respondendo e fazendo um sinal para mim com o
dedo indicador em seu lábio.
— Se bem conheço meu filho está atolado nos
projetos que precisam ser entregues amanhã sem
falta para os clientes aprovarem.
Entendi o recado e confirmei:
— Exatamente senhor Norman, hoje ele não
sai da frente do computador, enquanto não terminar
o projeto.
— Eric sempre tão dedicado, ele sempre foi o
braço direito do papai e a menina dos olhos da
mamãe. — disse Jane.
— Jane, Jane, senti uma pontinha de ciúmes,
mas saiba que você é minha bonequinha. — disse
Norman segurando na cintura da filha.
— Eu sei, papai!
— Anna querida, já que está aqui preciso da
sua ajuda na minha galeria, ontem à noite eu passei
em um certo vernissage, mas não encontrei a artista

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plástica por lá, mas consegui adquirir um painel


divino que um comprador havia desistido da
compra e agora preciso da sua ajuda para me dizer
onde vai ficar melhor.
— Comprou um painel no meu vernissage? —
questionei impressionada.
— Sim minha querida, foi uma pena não ter
chegado mais cedo, venha comigo. — foi me
puxando pelo braço e me levando por um enorme
corredor rumo a galeria dele que inclusive, eu já
conhecia.
Assim que chegamos na galeria ele me disse:
— Perdoe-me arrastá-la para cá assim, é que
Jane não pode ter emoções fortes.
— Eu não ia mesmo dizer nada a ela, vim
mesmo para falar com o senhor.
Ele rodou em seus calcanhares nervoso e me
questionou?
— Anna, o que diabos Benjamin aprontou
ontem no seu vernissage, que deixou meu Eric tão
desnorteado a ponto de ele fazer essa viagem sem
sentido?

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Inspirei e respondi:
— Convidei Benjamin assim que o conheci,
achei que ele fosse de confiança e que compraria
alguma tela minha, eu vivo disso senhor Norman.
— Sim, sei disso, prossiga querida.
— Não me lembrei que havia convidado ele e
quando Eric chegou e o viu no vernissage ficou
possesso de ódio, os dois discutiram, Ben falou
algumas coisas terríveis e Eric quase o enforcou, se
não fosse Freddy intervir não sei o que teria
acontecido.
— Ah! Meu Deus! Sempre o Benjamin
tentando destruir minha família.
— Foi horrível!
— Eu sinto muito que Eric tenha perdido o
controle bem no seu vernissage, mas me diga, o que
foi que Benjamin disse ao Eric para deixá-lo
transtornado a ponto de tentar enforcá-lo?
Não sabia como responder aquela pergunta,
então fiquei ponderando tentando criar uma mentira
rápida e certeira, mas fui pega de surpresa.
— Benjamin não fez o que estou pensando que

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fez, porque se fez, eu é que irei matá-lo.


Virei-me em direção a ele e continuei sem
dizer nada, eu não sabia ao certo do que ele estava
falando, então não podia correr o risco de dizer
algo que não deveria.
— Benjamin era louco pela Julia, doente se é
que se pode dizer, eu não sei quando isso começou
Anna, mas ele tinha um certo fascínio por ela, e
quando Julia me contou isso, eu o proibi de
frequentar a nossa casa.
Balançando a casa sem acreditar, eu o
questionei:
— Mas e a empresa? Por que o senhor o
mantém lá?
— Ben herdou as ações do pai, que foi o
melhor homem que conheci, era meu amigo fiel e
prometi a ele em seu leito de morte cuidar dos seus
filhos, eu tentei fazer isso por muito tempo, mas
quando descobri sobre o que Ben sentia por Julia,
eu o afastei da minha família, mas não tive
coragem de afastá-lo da empresa em memória ao
pai dele. Ah! Como me arrependo disso!
— Senhor Norman! — hesitei. — Benjamin foi
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muito mais além ontem com o Eric, ele não apenas


confessou seu amor pela senhora Julia, como
também aludiu a Eric que ambos eram amantes.
— Como é que é?
Assenti confirmando o que havia acabado de
dizer.
O senhor Mason fechou suas mãos em punho e
disse-me furioso:
— Mentiroso desgraçado! Julia morria de
medo dele, tinha verdadeiro pavor.
— Eu sinto muito.
— Anna, meu filho sempre foi um homem
forte, ele cresceu sendo determinado, guerreiro e
desde sempre sabia o que queria ser, nada abalava
aquele garoto, nem quando você se mudou ele ficou
tão destruído como ficou após o acidente, eu nunca
vi nada abalar o meu filho como quando Julia
morreu, foi como ver a torre mais alta de um
castelo forte e imponente desabar no chão após um
ataque inimigo. Ele estava se reerguendo com sua
ajuda, precisamos encontrá-lo, ele deve estar
destruído, a mãe era tudo que ele mais prezava no
mundo, ter a imagem dela arranhada dessa forma,
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deve ter sido demais para ele.


— Tanto que me deixou no dia mais
importante da minha vida.
— Eric é louco por você, Anna, sempre foi,
está vendo todas essas telas suas em minha galeria?
Ele que as comprou, pois estava sempre à procura
de suas exposições, menti a pedido dele quando te
falei que eu as havia comprado. Não que elas não
sejam dignas de estarem onde estão, pois elas são
maravilhosas.
Lágrimas escorreram frias em minha face,
encolhi-me dentro de mim mesma e me senti tão
pequena quando escutei tudo aquilo, eu queria
desesperadamente encontrá-lo, mas onde?
— Eu estou desesperada, não sei onde
encontrá-lo. — falei em prantos.
— Anna. — ele segurou em meus braços
olhando em meus olhos. — Não caia você também,
Eric precisa muito de um pilar de sustentação nesse
momento, e eu sei que esse pilar é você, nós vamos
encontrá-lo e contar a verdade para ele sobre
Benjamin, ele precisa saber que Julia tinha pavor
do Ben, e que foi tão fiel a mim quanto eu a ela.
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— Onde? Onde ele está? — insisti.


Norman levou a mão na testa e a escorregou
por sua face desesperado, então me disse:
— Existe um lugar, uma casa em um lago, Eric
ama demais aquele lugar, mas é longe demais,
precisaríamos ir de avião e eu não posso me
ausentar de Toronto no dia de hoje, tenho um
projeto importantíssimo para apresentar para dois
clientes, inclusive são projetos do Eric.
— Eu vou! Eu vou atrás dele senhor Mason, só
me diga para onde que comprarei a passagem agora
mesmo.
— Não precisa comprar passagens minha
querida, vou ligar para meu piloto e ele mesmo irá
levá-la para Calgary, no Aeroporto Internacional, e
de lá você segue ao Lago Moraine em Banff, de
helicóptero, vou providenciar tudo para você.
— Por favor, não vejo a hora de estar com ele.
O senhor Norman pegou o celular e fez várias
ligações e ao fim delas me disse:
— Esteja no Island em uma hora, Gordon irá
levá-la.

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Collin me levou até Ajax fiz minha mala e


comuniquei a meus pais que estava indo viajar e
que estava indo atrás do amor da minha vida, e
como não poderia de ser diferente, vovó Emma,
disse-me:
— Vai lá minha Cenourinha, traga o gostoso
do Eric de volta para gente.
Quatro horas de viagem e eu já estava
pousando no aeroporto internacional de Calgary e a
minha espera já estava o helicóptero que me levaria
para o Eric.

Capítulo 59

Anna
Alguns minutos de voo de helicóptero e já
estávamos sobrevoando o cenário mais estonteante
que meus olhos já contemplaram, estávamos no
parque nacional de Banff, e Gordon foi indicando a
mim os lindos lagos de um azul turquesa
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inacreditável.
— Bem-vinda as montanhas rochosas do
Canadá, senhorita. — disse Gordon, que após
saímos do avião foi quem seguiu pilotando o
helicóptero.
— É tudo tão lindo!
— Sim, está vendo aquelas montanhas que
circundam o Moraine? É chamado de o vale dos 10
picos há mais de 2.000m de altitude, eles
estampavam o verso da nota de 20 dólares, se
lembra disso?
— Sim, claro que sim.
O lago está aos pés de 10 picos escarpados
cobertos de neve e cercado por lariços.
— Magnífico.
— Vou pousar naquela clareira. — apontou
com indicador.
Então Gordon pousou na clareira que havia
dito, descemos e ele me disse:
— Vai senhorita, aquela é a casa do lago dos
Mason.
Olhei para ele com os olhos brilhando e saí em
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disparada no meio das árvores coníferas que


praticamente abraçavam uma linda casa que ficava
poucos metros do lago. Assim que me aproximei,
não vi nenhum carro nem nenhum sinal de que Eric
e Bruce estivessem ali, mesmo assim gritei:
— Eric! Eric!
Então à porta da casa se abriu e dela saiu um
homem baixo e gordo com a cor dos cabelos claros.
— O que deseja? — questionou-me ele.
— Por gentileza, quero falar com o Eric, ele
está?
Nesse meio tempo, Gordon aproximou do
homem, dizendo:
— Como vai Bill? — cumprimentaram-se
apertando as mãos.
— Bem, estou muito bem e você?
— Muito bem, obrigado. Escuta Bill, Eric está
na casa?
— Há meses que não vejo o senhor Eric.
Ao ouvir aquilo senti minhas pernas ficarem
bambas e minha cabeça rodar.
— Mas ele ligou avisando que está vindo para
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cá? — Gordon voltou a questionar.


— Não senhor, não recebi nenhum telefonema
do senhor Eric.
Gordon olhou para mim e disse:
— Anna, a essa altura já era para o Eric estar
aqui, mesmo que ele tivesse pego o voo hoje pela
manhã.
— Eric está viajando de carro, Gordon,
segundo informou o Freddy.
— Bom, se ele saiu para uma viagem de carro,
eu duvido muito que seja para cá que ele esteja
vindo, se eu soubesse disso nem teria trazido a
senhorita até aqui, eu acho impossível meu patrão
estar vindo de carro para Banff, são 36 horas pela
Trans-Canadá, e Eric detesta dirigir em longas
viagens, confie em mim, sei o que estou dizendo,
ele não está vindo para cá e se estivesse certamente
teria avisado Bill.
Levei minhas mãos em minha cabeça e girei ao
meu redor sentindo-me perdida, era como se
alguém tivesse cavado um buraco embaixo dos
meus pés.

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— Como isso foi acontecer? — questionei.


— Eu já vi isso acontecer antes. — respondeu
Gordon, referindo-se certamente quando Eric foi a
Edmonton atrás de mim e eu estava em Ajax.
— O senhor Mason me disse que o Eric ama
esse lugar. — falei.
— Sim, ele gosta muito daqui, principalmente
de ficar apreciando o pôr do sol, que segundo ele é
o mais espetacular do mundo. — explicou Bill o
caseiro, fazendo-me tapar a boca com a mão
tentando segurar o choro.
— Sim, isso é verdade, sempre que chegamos
aqui ele me dizia isso. — completou Gordon.
— E o que faremos? — questionei.
Gordon afastou a manga de sua camisa branca,
olhou em seu relógio de pulso de disse-me:
— Falta pouco para o meio-dia, podemos
providenciar alguma coisa para comer e fazer o
trajeto de volta para Toronto sem problema
nenhum, você que me dirá o que faremos, estou às
suas ordens.
— Podem ficar para almoçar conosco. — disse

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o caseiro Bill. — Minha Lily cozinha muito bem,


você sabe né Gordon?
— Sim, eu sei sim. — Gordon olhou para mim
e indagou. — O que me diz?
Eu estava simplesmente desolada e sem
nenhum pouco de fome. E enquanto Lily, a esposa
do caseiro preparava o almoço, fiquei sentada nas
pedras às margens do cênico Moraine, a beleza era
tão surreal que eu parecia estar em frente a uma tela
pintada pelos deuses, a cor da água era de um azul
turquesa translúcido, as dez montanhas estavam
cheias de neve e as coníferas rodeavam o lago
criando o cenário perfeito para um cartão postal e
tudo estaria muito mais lindo se Eric estive ali
comigo. Onde você está meu amor?
Gordon e eu fizemos a viagem de volta para
Toronto, e sete horas da noite eu já estava
novamente dentro da casa da vovó Emma e sem
notícias do Eric, o mundo simplesmente desabou
sobre minha cabeça.
Oito dias haviam se passado desde o
vernissage, minhas forças estavam se esvaindo, eu
não sabia mais onde procurar pelo Eric. Estava
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sentada no parapeito de madeira na janela da casa


da vovó Emma, quando não estava procurando pelo
Eric era ali que eu ficava olhando pela janela,
esperando o momento em que eu o veria estacionar
na porta.
Escutei a porta rangendo e sendo aberta, então
olhei em sua direção e era minha mãe que arrastou
a poltrona até próxima de mim, dizendo:
— Vim me despedir de você meu amor.
Meu pai havia tirado alguns dias de folga e
agora precisavam voltar para Edmonton.
— Vou levar vocês ao aeroporto mamãe.
— Não precisa minha querida, nós já
chamamos o táxi.
Suspirei.
— Vem para casa com a gente, filha! — ela
disse segurando em minha mão.
Balancei a cabeça em negativo, respondendo-a:
— Já estou em casa mamãe, é aqui que o Eric
virá me procurar quando voltar, e é aqui que vou
estar.
— Você não pode passar dias e dias sentados
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nessa janela esperando por ele, você tem uma vida,


é talentosa, está em todos os jornais de Toronto
como o novo talento contemporâneo das artes
plásticas. Há dias você nem pinta.
— Você não entende, não é? Não existe mais
vida sem o Eric e eu não vou desistir dele mamãe,
eu vou encontrá-lo.
— Você já fez duas viagens tentando encontrá-
lo e nada, ele não quer ser encontrado filha.
— Mas eu vou encontrá-lo! — respondi
levantando-me com rapidez e fui tirando do meu
corpo a camiseta velha que eu estava usando e fui
em direção ao armário pegar algo mais decente
para usar.
— Onde você vai agora meu amor? —
questionou-me ela de braços cruzados.
— Vou atrás do Freddy, ele vai ter que me
contar mãe, nem que eu precise apontar uma arma
na cabeça dele ou ameaçar me matar, mas ele vai
me contar, ele é o único que sabe, tenho certeza
disso.
— Filha! — lamuriou.

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Enfiei-me dentro de um vestido, uma jaqueta e


tênis, fui até minha mãe e a abracei com muita
força, dizendo:
— Vou morrer de saudades de você, mamãe.
Boa viagem.
— Também vou morrer de saudades de você.
Peguei minha bolsa e desci correndo as
escadas, e lá fora, colocando as malas no táxi
estava meu pai, assim me despedi dele com
urgência e entrei no meu carro que estava
estacionado na frente da garagem. Meus pais
vieram de Edmonton de carro para trazê-lo para
mim, e ter meu carro ali comigo me dava a
liberdade de não precisar ficar ligando o tempo
todo para o Collin.
Eu ainda não sabia direito onde Freddy morava
e naquele horário do dia faltando pouco para às sete
da noite, eu sabia que May já estaria em casa,
então, segui direto para seu apartamento, cujo eu
tinha até a chave.

May
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— Por favor, May, você vai me enlouquecer


desse jeito.
Eu estava na pia da cozinha tentando cortar
alguns legumes, mas Freddy estava aceso demais
grudado em minha cintura, beijando-me no
pescoço, roçando sua barba gostosa nos meus
ombros e esfregando seu pau em mim, que estava
duro demais.
Fechei os olhos sentindo meu corpo tremer e
minha calcinha começar a molhar de tanto tesão
que aquele homem despertava em mim
— Me solta Freddy, eu estou morrendo de
fome e preciso terminar o jantar.
— A gente pede alguma coisa depois, mas por
favor acabe com essa sua greve, pelo amor de
Deus, meu pau está explodindo e meus testículos
cheios.
— Você não precisa de mim para aliviar seus
testículos, faça isso você mesmo ou procure uma de
suas amiguinhas para fazer isso.
— May não seja tão cruel comigo, já fazem

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oito dias que não brincamos.


Virei meu corpo em sua direção, e tive que me
controlar ao olhar para seu peito nu e para a enorme
ereção que ele já ostentava. Olhei para seus pés
descalço tentando não me deixar corromper pela
cabeça do pau dele que estava querendo saltar para
fora do seu jeans com o botão e o zíper abertos.
Mordi meus lábios, como eu amava vê-lo de jeans e
descalço na minha frente.
— Pois é! Fazem oito dias que minha melhor
amiga está sofrendo e você é insensível a dor dela.
Por que eu deveria ser boazinha com seu pau?
— May! Por favor amor, esquece aqueles dois,
pensa na gente, pensa em mim, olhe meu pau como
está? — abaixou um pouco mais a calça e segurou
gostoso no pau por cima da cueca branca me
mostrando toda a energia dos seus 20 cm de puro
tesão. Eu não ia mais conseguir resistir àquela
tentação, ver o pau do Freddy com aquela vida toda
fez meu corpo tremer todo e minha boceta se
molhar. Fiquei paralisada vendo-o se despir na
minha frente ao retirar a calça de seu corpo e atirá-
la longe enquanto encarava-me com seus olhos
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cinzas e profundos, Freddy sabia como ser sexy e


como destruir todas minhas barreiras.
— Pare de me olhar assim, amor!
— Assim como? — sussurrou aproximando-se
de mim.
Passei a língua na parte inferior de meus lábios,
enquanto meus olhos não conseguiam se desviar do
corpo dele que era perfeito demais, bem definido
com o tórax cheio e os pelos baixos que me
enlouqueciam. Fechei meus olhos quando ele se
aproximou da minha orelha e segredou:
— Estou louco para trepar com você, amor.
Trepa comigo, vai, hein? Deixa eu te foder daquele
jeito? Deixa May? — sussurrou, encostando seus
lábios e sua barba no meu rosto fazendo meus pelos
se eriçarem e minhas pernas bambearem. Anna ia
me perdoar, mas aquele homem que estava roçando
seu brinquedinho em mim era minha perdição, e eu
já estava subindo pelas paredes de saudade dele,
então, respondi pegando seu rosto em minhas mãos
e olhando em seus olhos:
— Está bem, amor, vamos brincar só um
pouquinho. — puxei seus lábios em direção aos
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meus e passei a beijá-lo desesperada, eu estava


queimando, literalmente pegando fogo com a
boceta encharcada e pronta para receber meu
homem, e assim nossas línguas começaram uma
dança desenfreada, estávamos mortos de saudade, e
então no meio de toda nossa euforia e todo a tensão
ainda achei forças para dizer. — Vamos brincar só
do meu jeito.
— Ah não May! Não faz assim comigo, você
sabe que eu preciso, vou enlouquecer.
— Não vou me submeter a você, enquanto não
me contar onde está o Eric.
— Porra, May! — rugiu segurando firme em
minhas mãos.
— É isso ou nada.
— Você sabe que eu não consigo sentir prazer
assim.
— Você aprende. — voltei a beijá-lo.
Freddy confessou-me que é um dominador, que
só consegue sentir prazer e gozar se o sexo for
duro, e no caso dele só consegue chegar ao seu
clímax, se estiver asfixiando sua parceira, pois ele é

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adepto de uma prática sexual chamada Choking, ou


seja, asfixia sexual. Conversamos muito sobre isso
e acabou que aceitei que começássemos devagar e
que aos poucos ele fosse me ensinando, e
estávamos indo bem, até eu começar uma greve de
sexo.
— Eu já tentei, amor, você sabe disso, não
consigo. — respondeu-me.
— Se não consegue terá que me dizer o que
quero saber. — sussurrei em seu ouvido enquanto
acariciava o pau dele, deixando-o completamente
enlouquecido quando enfiei minha língua dentro de
sua orelha, então, ele me virou com força rumo a
parede e passou um de seus braços entre meus
braços puxando-os para trás e imobilizando-me,
então murmurou:
— Eu falo o que você quiser, mas deixa eu te
foder do meu jeito?
Senti meu coração acelerar, eu ainda estava
tentando me acostumar com esse jeito dele, mas
confesso que ele me deixava mais excitada quando
me pegava de forma impetuosa, eu estava
começando a gostar de senti-lo me dominando
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daquele jeito, uma parte de mim gostava muito


daquele Freddy, e com minha respiração eufórica
eu o respondi:
— Me fode, Freddy, me fode do seu jeito.
Ele continuou me imobilizando com os braços
para trás, e enquanto me beijava enlouquecido,
enfiou seus dedos na lateral da linha fina de minha
calcinha e puxou com força, rasgando-a, fazendo-a
despencar em meus pés. Freddy usou sua mão livre
e a enfiou no meio de minhas pernas e dessa forma
infiltrou seus dedos em minha boceta molhada e
deslizou seus dedos em meu clitóris enlouquecendo
e sussurrando:
— Vou te comer duro para você aprender não
deixar meu pau explodindo.
Mal tive tempo de assimilar as palavras e curtir
o frio que elas provocaram em meu estômago e já o
senti se atolar inteiro em mim, penetrando-me com
força em uma estocada funda que me fez gritar sem
saber se de dor ou se de puro tesão, com a
adrenalina e o medo circulando feroz em meu
corpo:
— Aaahh!
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Levou seu dedo úmido com o líquido do meu


sexo em minha boca e o enfiou nela, e assim eu o
chupei sentindo meu gosto.
— Você gosta né? Sua safada! Gosta do seu
sabor. — estocou forte novamente incitando assim
uma sequência de investidas duras em minha
boceta, socando, metendo, me apertando e
mordendo minha orelha, enquanto bombava
enlouquecido, me comendo sem dó, sem nem
mesmo ter tirado sua cueca e nem minha camisa
branca.
— Qual a palavra amor?
— Game over.
Freddy me fez prometer que diria “game over”
quando o prazer tivesse ultrapassado os limites e
passasse a ser dor, assim quando eu tivesse
perdendo a noção teria que usar a palavra chave e
ele saberia que teria que parar.

Anna
Rodei a chave na maçaneta da porta da May e
entrei em seu apartamento, bati meus olhos na sala
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e vi sua bolsa em cima do sofá, sinal de que já


estava em casa, mas o silêncio era tanto que achei
que estivesse no banho, então segui para cozinha
para tomar um copo de água, mas assim que me
aproximei da porta tive a visão mais louca e
excitante de toda minha vida, tão inusitada que fui
incapaz de desviar meu olhar, que viram nada mais
e nada menos que Freddy nu encostado na parede
da cozinha, imobilizando May com um de seus
braços e tapando sua boca e nariz com a outra mão
enquanto desferia fortes estocadas nela, deslizou
sua mão até o pescoço dela e passou a apertar,
então quando me dei conta do que estava
presenciando, me virei com urgência para ir
embora, e foi quando escutei a voz de May dizer
sufocada:
— Diga amor! Diga o que quero saber.
— Não amor, por favor!
— Diga ou game over! — sentenciou.
— Porraaaa!! — Freddy rugiu furioso. — Ele
está na cabana de caça do tio Norman em Mont-
Tremblant.
Só então entendi o que May havia me dito um
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dia antes, que iria arrancar a localização de onde


Eric estava, de Freddy pegando-o pelo seu ponto
fraco, e assim com o coração dando saltos de
felicidade, eu os deixei terminar o que estavam
fazendo, e meu Deus! Como aquilo era intenso,
fiquei com o coração palpitando.
Finalmente eu sabia onde procurar pelo homem
que valia a pena lutar e não desistir, e nem que ele
me expulsasse de sua vida e de sua reclusão, eu não
o abandonaria jamais e depois de presenciar uma
cena para lá de quente eu sabia exatamente a quem
pedir ajuda.

Capítulo 60

Anna
Saí do apartamento de May sem ser notada
graças a Deus, e logo que fechei a porta com
cuidado, me encostei nela ofegante pensando: Meu
Deus o que foi aquilo?! Confesso que apertei uma
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perna na outra, pois fiquei queimando ao presenciar


uma cena de sexo tão intensa, na verdade eu nunca
havia presenciado ninguém transando antes, e
confesso que essa primeira experiência foi muito
quente, inevitavelmente quente.
Assim que consegui fazer minha respiração
voltar ao normal, abri minha bolsa rapidamente e
peguei meu celular, pesquisei o contato do Gordon
e liguei rapidamente, o senhor Mason deu ordens a
Gordon de me levar onde e quando eu quisesse.
Ligação.
— Gordon! — anunciou assim que atendeu a
ligação.
— Gordon é Anna, como vai você?
— Estou bem senhorita, teve alguma notícia do
Eric?
— Sim, tenho a localização dele e agora ela é
certeira, tive uma boa fonte.
— E onde seria?
— Mont-Tremblant em Quebec.
— Humm! Como não pensei nisso antes? Ele
está na velha cabana de caça do avô.
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— Sim, exatamente isso, por favor me leve até


ele, eu imploro.
— Não precisa implorar, senhorita Anna, estou
a suas ordens lembra?
— Sim, sim!
— Bom, ainda temos uma hora e meia de luz
solar, é tempo suficiente para levá-la de
helicóptero, e por coincidência já estou aqui no
hangar, anote o endereço, e assim que chegar aqui
já estarei preparado para irmos.
— Obrigada, Gordon!
— Não me agradeça, é um prazer!

Eric
Depois de oito dias afastado de tudo e de todos,
comecei a cogitar que estava na hora de voltar e
tentar corrigir o erro que cometi ao me ausentar
sem dar explicações à Anna. Naquele momento eu
estava cego de ódio e tudo que eu via em minha
frente era Benjamin com uma flecha no meio da

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testa, era assim que desejava acabar com a vida


dele, da maneira mais primitiva possível. Tirar a
vida dele em um momento de ódio só ia me afastar
para sempre de Anna, eu me tornaria um monstro
aos olhos dela e perdê-la era tudo o que eu não
queria na vida, e eu já me sentia preparado para
enfrentar o mundo e principalmente Benjamin.
Do deck da cabana inspirei o ar gelado da
montanha e deixei meus olhos apreciarem o outono
em seu momento mais esplêndido, não havia um
único espaço no chão entre as árvores que não
estivesse coberto por folhas laranjas e amarelas e
não demoraria nada, o inverno chegaria mudando
aquele cenário e deixando as árvores caducas
peladas e com a aparência de mortas.
Bruce pisoteava as folhas e o silêncio me
permitia escutar o farfalhar, era a hora de voltar,
não tinha mais porque adiar, já havia clareza em
meus pensamentos e eu não enxergava mais
Benjamin morto em minha frente.
Todo aquele tom do outono só me fazia
lembrar da minha Anna, dos fios arruivados, de
seus cabelos ondulados, dos traços delicados dela e
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de seu olhar misterioso e malicioso às vezes.


Lembrar da forma com que Anna me olhava fez-me
tomar a decisão, assim que o dia seguinte
amanhecesse eu voltaria para Toronto com Bruce.
Aquela seria minha última noite na cabana e
mais uma vez eu iria precisar de muita lenha para
nos manter aquecidos lá dentro, desci o deck e fui
para trás da cabana cortar as toras de madeira para
transformá-las em pequenos tocos de lenhas.
— Quer voltar para casa, urso? — questionei
coçando a cabecinha de Bruce enquanto ele me
acompanhava e dávamos a volta na cabana.
O dia estava dando seus últimos suspiros a
oeste, então rapidamente comecei a quebrar as toras
com o velho machado do meu avô e a cada som do
metal em atrito com a madeira me fazia questionar,
por que diabos eu ia esperar até a manhã seguinte
se eu simplesmente podia juntar minhas coisas e ir
embora dali naquele exato momento? Não
aguentava mais de saudades da Anna e não existia
nada que justificasse minha permanência ali
naquele lugar, então quando dei a última
machadada na tora e ela se partiu ao meio, Bruce
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começou latir feito um louco, olhando para o céu e


rodopiando ao redor de seu corpo, era mais um dos
muitos helicópteros que sobrevoavam a área do
Lago Tremblant, certamente trazendo um dos
muitos milionários que tinham casas por ali. Não
me atentei ao barulho e continuei cortando a lenha,
a aeronave pousou em uma clareira bem próxima
da casa vizinha que ficava há uns metros da minha.
Bruce já estava acostumado, mas estranhamente ele
saiu correndo entre as árvores indo em direção ao
helicóptero.
— Bruce volta aqui, amigão! — chamei sem
que ele me desse nenhum tipo de atenção,
simplesmente me ignorou e desembestou rumo a
clareira, e com medo de que ele viesse a atacar e
morder alguém, larguei o machado e fui em direção
à clareira, corri com rapidez entre as árvores
pisoteando as toneladas de folhas caducas e a
menos de 100 metros vi a aeronave subindo
novamente e quando ela saiu do meu campo de
visão, vi Bruce pulando de alegria e rodando em
volta de uma mulher, o brilho forte do Sol que
despontava no céu impediu-me de decifrar de

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imediato de quem se tratava, mas meus pés


travaram no chão e meu corpo paralisou assim que
aquele reflexo bateu nos cabelos dela e o som de
sua voz ecoou em minha mente:
— Eric! — correu em minha direção.
Levei meus olhos para o céu para impedir
minhas lágrimas de caírem, pois, o sentimento de
culpa me corroeu naquele momento por ter deixado
a mulher que amo. E sem forças meus joelhos se
dobraram assim que Anna se aproximou de mim,
deixando-me literalmente aos seus pés.
Meu corpo tremia e meu coração ia explodir
em meu peito, ela estava ali.
— Eric, meu amor, meu amor, eu te achei! Eu
te achei! — Anna se abaixou e se ajoelhou na
minha frente e me abraçou com tanta força que
achei que iria morrer naqueles braços e eles eram
nada além de alento e carícia para minha alma
mutilada.
— Me perdoe meu amor! Fui um fraco! —
falei de olhos fechados sentindo seu cheiro e
apertando-a contra meu corpo com tanta força que
fui capaz de sentir as batidas de seu coração. — Eu
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sinto muito, Anna, me perdoe. Ben tirou meu chão


aquela noite.
— Não, por favor não me peça perdão, só o
que importa é que te achei, assim como me achou
quando fugi de você. E não! Você não foi um fraco
meu amor, muito pelo contrário, você precisou de
muita força para não matar o Ben aquela noite, eu
tenho orgulho de você por isso, teria sido um fraco
se tivesse entrado no jogo dele e estragado a nossa
vida.
Segurei firme em seu lindo rosto, acariciei-o
com meus dedos contornando seus lábios macios e
laranjas, exatamente como me lembrava deles todos
os dias. Ao meu toque ela fechou os olhos e eu a
beijei enlouquecido de saudade, sentindo seu gosto
nos meus lábios, seu cheiro de maracujá
despertando minhas emoções e a maciez de seus
lábios devolvendo-me a vida.
Bruce não parava de latir em nossa volta,
estava tão feliz quanto Anna e eu.
Levantei do chão e a puxei para meus braços e
a apertei com muita força novamente, não estava
acreditando que ela estava ali comigo.
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— Eric. — Anna segurou nas laterais do meu


rosto. — Benjamin não tirou seu chão, eles
continuam debaixo dos seus pés firmes e sólidos
como sempre foram. Ele mentiu para você, sua mãe
nunca foi amante dele, seu pai me contou tudo,
Benjamin mantinha uma paixão doentia por Julia,
seu pai sabia de tudo, meu amor, sua mãe nunca
escondeu nada dele.
Ao ouvir aquelas palavras senti o
abrandamento do rancor que eu vinha remoendo
por minha mãe todos aqueles dias, Anna devolveu-
me a luz novamente e eu nunca me senti tão
aliviado na vida ao escutar aquelas palavras.
— Obrigado amor, por estar aqui e por me
contar tudo isso, devolvendo minha paz.
— Eu tentei devolvê-la antes, mas nenhum
caminho me levou a você. — confessou-me.
— E como foi que me achou aqui? —
questionei afastando os cabelos de seu rosto.
— De uma forma muito quente, isso posso te
garantir.
— Quente? — especulei arqueando a
sobrancelha.
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— Depois te conto sobre isso, o importante é


que te achei depois de ir em outros dois lugares que
supostamente você poderia estar.
Sorri olhando-a ali na minha frente me dizendo
que havia me procurado em outros lugares.
— Anna, eu te amo tanto, e se não fosse esse
amor agora eu estaria preso por matar o desgraçado
do Benjamin.
— Sim, eu sei, amor, mas esquece aquele
homem.
Assenti e falei sentindo-me leve ao me ver livre
do mundo que eu carregava nas costas e as contas
com Benjamin eu acertaria assim que voltasse a
Toronto. E naquele momento tudo que mais
importava era Anna estar ali comigo.
— Vem, vamos entrar na cabana, está ficando
frio, cadê sua mala? — questionei.
— Mala? — fez cara de espanto. — Amor eu
me esqueci disso, estou só com a roupa do corpo,
eu fiquei tão eufórica quando descobri onde você
estava que nem pensei nisso.
— Não tem problema, você nem vai precisar

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de roupas mesmo. — sorri ao ver sua face corar.


Ela parou e se virou em minha direção e me
beijou grudando em meu pescoço, surpreendendo-
me ao dizer:
— Não vejo a hora de você tirá-las do meu
corpo, estou louca de saudades.
— Imagine eu! — mordi o lábio inferior dela e
em seguida continuei puxando-a entre a floresta até
chegar na cabana.
— É tão lindo aqui, mas nem se compara com
Moraine. — disse Anna.
Parei e a encarei sem acreditar no que eu havia
escutado.
— Moraine? Esteve no Lago Moraine?
— Sim, estive lá atrás de você, e em Vail nos
Estados Unidos.
— Ah, meu amor, me perdoe, não acredito que
foi até Banff atrás de mim.
Anna segurou nas laterais do meu rosto e falou:
— Eu iria até no inferno se me dissessem que
era lá que você estava, eu não desisti de você em
momento algum e fique sabendo que eu não abro
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mão de lutar pelo que eu quero, e você é o que eu


quero, só você.
— Então vem comigo, aqui não é o inferno,
mas te garanto que está muito quente. — peguei em
sua mão e a puxei rumo às escadas que nos levaria
ao pequeno deck da cabana e em seguida para
dentro dela.

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Capítulo 61

Anna

Estava quente lá dentro, o calor da lareira de


pedra acesa aquecia todo o ambiente que era
pequeno, porém bem decorado.
— E então, o que achou do meu esconderijo?
— questionou-me segurando em minha cintura.
— É muito aconchegante. — respondi.
— Sim, é pequena, mas bem quente.
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— Espere um instante, vou buscar o seu


presente de aniversário.
— Mas você me deu tantos presentes, amor.
— Não dei o principal. — Eric soltei suas
mãos de mim e entrou em um cômodo ao lado da
sala que deduzi ser o quarto.
Na ansiedade que me consumiu não me
lembrei de vestir roupas adequadas para estar em
uma cabana à beira de um lago onde a temperatura
caía drasticamente durante à noite, e enquanto Eric
foi buscar algo no quarto, fui buscar calor próximo
da lareira que crepitava com o fogo já se acabando.
Eric voltou do quarto, parou na minha frente e
começou a dizer umas coisas que simplesmente me
deixaram nervosa:
— Na noite do vernissage eu ia te fazer uma
surpresa, na verdade um pedido, eu passei anos e
anos da minha vida sonhando com esse momento, e
todas às vezes que esse momento vinha em minha
cabeça, era você que estava nele, era você que eu
ouvia dizendo sim.
— Amor estou ficando nervosa. — anunciei
com as mãos suando.
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— Na noite que eu ia realizar meu sonho, eu


acabei estragando tudo para mim e tudo para você,
e nesse momento só existe uma forma de consertar
tudo o que estraguei. — retirou do bolso da calça
uma caixinha azul, abriu a tampa e se ajoelhou em
meus pés, mostrando-me um lindo anel de noivado
na cor mais linda que já vi na vida, o diamante que
o anel ostentava era na cor laranja e em ouro rose.
— Eric! — falei embasbacada sem conseguir
acreditar no que meus olhos estavam vendo.
Meu coração disparou em meu peito e meus
olhos encheram-se de lágrimas quando ele
começou a falar:
— Só existe uma mulher nesse mundo pelo
qual eu colocaria meus joelhos no chão para fazer
esse pedido, e essa mulher é você, Anna Beatriz.
Casa comigo?
Eric me pegou de surpresa, e nem sei como
descrever a emoção que senti naquele momento,
minhas pernas ficaram bambas e perdi
completamente o chão, então com as lágrimas
correndo finas em meu rosto, estendi minha mão
direita para ele dizendo:
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— Sim! Mil vezes sim, meu amor!


Ainda de joelhos aos meus pés, ele retirou o
lindo anel da caixinha e o deslizou em meu dedo,
fazendo-me sentir o coração bater na boca.
— É lindo demais, Eric! — murmurei em
prantos de felicidade.
— É a sua cor, é a cor do pôr do sol. —
respondeu levantando-se e dando um passo em
minha direção enquanto me encarava com o olhar
que eu já conhecia, tocou no meu rosto e deslizou
seu polegar enxugando minhas lágrimas. —
Obrigado por não desistir de mim. — Passou o
polegar em meus lábios de uma forma tão deliciosa
que acabou despertando minha libido que estava a
flor da pele.
— Faz amor comigo, Anna? Não aguento mais
de saudade.
— Não! Não quero só fazer amor. —
Sussurrei.
Ele abriu um sorriso contido e questionou com
a voz que fez meu corpo tremer e uma fisgada
deliciosa em meu útero me matar de tesão.

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— Me diz o quer fazer, e eu faço.


— Só me fode inteira e com força! — supliquei
levando meus dedos em sua camiseta azul
puxando-a para cima para tirá-la de seu corpo,
enquanto ele levantou os braços ajudando-me.
— Anna! Quer me enlouquecer?
— Quero! Eu te quero, Eric.
Olhou-me com desejo sem me responder nada,
apenas segurou em minha nuca, grudou em meus
cabelos com carinho e puxou-me para seus lábios e
passou a beijar-me de forma sofrida como se todo o
tempo que ficamos longe um do outro o tivesse
machucado demais, sua respiração era ofegante, o
movimento de seus lábios aumentavam em uma
sintonia perfeita com nossas línguas que se
tocavam e se chupavam.
— Então vou te foder gostoso à noite toda até
você pedir para parar. — respondeu sem desgrudar
os lábios do meu, retirou a jaqueta do meu corpo e
levou seus dedos com agilidade em minhas costas e
desceu o zíper do meu vestido livrando-me dele
com a mesma urgência que se manifestava na
ereção de seu pau. — Saudade, saudade de você
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minha Cenourinha. — tirou suas botas e em


seguida a calça e a cueca, vindo a ficar nu e
completamente ereto na minha frente, Eric tinha
um pau forte e grande que simplesmente me
desestruturava, era incrível a capacidade que ele
tinha de se excitar com tanta rapidez. Depois que se
despiu, com a mesma rapidez voltou a me beijar e
fazer menção com as mãos de que queria
desesperadamente se ver livre da minha calcinha,
estávamos em um processo louco de ebulição, e
assim retirei a calcinha do meu corpo rapidamente,
terminando de retirá-la com os pés e jogá-la para
longe.
Devorando-me em seus lábios, Eric grudou
suas mãos em minha bunda e fez-me encaixar em
sua cintura e sentir seu pau latejando, então
caminhou comigo em seus braços e colocou-me
sentada na poltrona em frente a lareira, o calor
inundou meu corpo e senti fortes contrações no
meio de minhas pernas, quando Eric novamente se
ajoelhou em minha frente, e com seus olhos
flamejados de paixão, ele disse:
— Vou estar sempre caído aos seus pés.
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Segurou minha perna com delicadeza e passou


a beijá-la, começando pelos meus pés, o calor em
meu corpo aumentava ao mesmo tempo em que
minha respiração se afobava ao sentir o toque
molhado e quente dos lábios dele subindo por
minha perna até chegar ao interior de minha coxa,
onde ele simplesmente dava beijos e mordiscava de
leve fazendo meu corpo se contorcer
involuntariamente e se arquear para trás, subiu
tocando-me com as mãos quentes e com os lábios
até chegar em minha virilha, meus dedos grudaram
nos braços da poltrona e apertaram com força,
quando fui atingida por uma onda de prazer ao
sentir os lábios de Eric em minha boceta, beijou de
leve, em seguida a chupou tão ardente que gemi
baixinho. Eric me levou à loucura naquela poltrona
enquanto trabalhava com sua língua em meu, eu o
queria dentro de mim mais que tudo no mundo,
mas estava indo ao delírio com ele me castigando
em sua boca, fazendo-me sentir sua barba roçando
em mim. Meus dedos agarravam em seus cabelos,
meu corpo retesou e uma forte onda de espasmos
me invadiu disparando meu coração e me fazendo
tremer em um orgasmo destruidor, voraz e que me
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deixou mais úmida ainda.


Mole em cima da poltrona senti os braços
firmes de Eric me erguer, então ele se sentou na
poltrona encaixando-me em cima de seu colo com
minhas pernas ladeando seu corpo e minha boceta
receptiva a disposição do seu pau.
Eu estava subindo pelas paredes e mesmo após
um orgasmo eu queria senti-lo dentro de mim, e o
toque das mãos macias dele em minhas costas
enquanto me beijava estava me fazendo arder em
brasa, me excitava, eu estava febril, passou a
devorar meus seios, chupando-os com força,
fazendo-me contorcer toda e me mexer em cima de
sua ereção que estava roçando em minha bunda.
Eric me mordia nos seios, segurava com as duas
mãos e os chupava e circulava os bicos com a
língua que estavam piscando de tão excitados.
— Eric! Me fode amor! Estou impaciente para
te sentir.
— Senta no meu pau. — segurou o mastro
enorme e o apontou na direção de minha boceta
encharcada, senti meu corpo se arrepiar ao som de
sua voz mandona, e assim me encaixei em seu pau
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e fui deslizando, descendo e sentindo-me ser


laceada e penetrada com carinho, sentindo-o entrar
rijo, firme e forte, éramos o encaixe perfeito, seu
pau era a medida certa para mim.
— Isso meu amor, desce no meu pau, cavalga
nele. — a voz dele era apelativa, sensual e
transbordava prazer em cada nota.
Movi meu corpo para cima e em seguida desci
novamente, subindo e descendo e me perdendo em
delírios deliciosos, ele me preenchia e saia de mim
ditando o ritmo dos movimentos do meu corpo com
suas mãos fortes em meus quadris, passei a galopá-
lo de forma cadenciada, subindo e descendo
lentamente, curtindo cada momento, cada beijo
molhado e quente de seus lábios em minha boca, e
em seguida sendo explorada avidamente no
pescoço, no colo e nos seios. Sentia em meus dedos
os pelos macios de seu tórax e a força que havia
neles, e segurando-o eu me mexia incansavelmente,
e obedecia às exigências que as mãos dele exerciam
ao apertarem minha bunda e forçar-me a descer
com mais força em seu pau.
— Anna! — sussurrava meu nome de forma
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entrecortada em seu sufoco.


Cavalguei incessantemente, enquanto Eric me
devorava de todas as formas possíveis, segurando-
me firme pela nuca e me levando para seus lábios e
para seus beijos que ardiam e queimavam. E depois
de um tempo, suas mãos me forçaram a parar, ele
voltou a me beijar e se levantou comigo presa em
seu pau, fazendo-me enlaçar minhas pernas em seu
quadril, e dessa forma me segurava firme em seus
braços fortes, fazendo inclusive suas veias
saltarem, e assim, em pé e encaixado a mim, ele
passou a me comer forte, fundo e intenso, metendo,
metendo, metendo, fundo e sem dó.
— Quer com força, não é? — balbuciou sem
parar de meter seu pau em mim, pof pof pof... suas
mãos grudadas em minha bunda me levavam direto
para seu pau, e ali, em pé em frente a lareira,
nossos corpos eram um só em um misto de amor,
paixão e volúpia que se perdiam na ânsia de matar
a saudade, gemíamos com nossos lábios grudados,
mordíamos um ao outro e eu me prendia firme em
seu pescoço enquanto incansavelmente Eric
desferia fortes estocadas uma atrás da outra, fundas
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e intensas. Estávamos suando a custo de nosso


prazer, e depois de alguns minutos sendo castigada
em estocadas tão nervosas, Eric colocou-me
novamente na poltrona, mas dessa vez de quatro
para ele, e antes de voltar a me possuir, beijou
minhas nádegas, deslizava suas mãos com carinho
em meu corpo, enquanto passeava sua língua em
minhas costas, então senti um arrepio louco quando
senti seus dedos passearem meu pescoço e o puxar
para trás em direção a sua boca e me beijar ao
mesmo tempo que fui sentindo seu pau se atolar
novamente em mim, me preenchendo, me
invadindo e me deixando enlouquecida quando
voltou a me estocar daquela forma, de joelhos na
poltrona de costas para ele e com meu corpo
grudado ao dele sentindo seus pelos e o suor de seu
corpo.
Eric voltou a comer com força, e sempre que
de seus lábios saiam alguma palavra, tudo em mim
tremia, suas mãos em meus seios me puxavam em
direção ao seu corpo e ele estocava, bombava e
parecia que iria me partir ao meio em um sexo
intenso e selvagem demais.

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—Mais forte! Mais forte amor! — eu estava


enlouquecida com a imagem do sexo que presenciei
mais cedo, e assim tirei uma de suas mãos que
estavam em meus seios e a levei até meu pescoço.
Eric encostou sua barba que havia crescido bastante
em meus ouvidos e apertou meu pescoço com seus
dedos e o inclinou para trás questionando-me:
— O que está querendo sua safadinha? —
mordeu e chupou meu lóbulo fazendo meu útero
pulsar e eu me contorcer de tesão. — Gosta disso
é? Gosta de sentir meus dedos no seu pescoço? —
sussurrou cheio de tesão entre os dentes e estocou-
me com força enquanto matava meu desejo de
senti-lo segurando meu pescoço daquela forma. —
Gosta? — outra estocada violenta que me fez senti-
lo tocar em meu útero, e assim, segurando-me e
dominando-me, começou a desferir uma sequência
de estocadas sem tirar seus dedos que apenas
seguravam em meu pescoço, sem nenhum intuito
de me machucar ou asfixiar, então passou a se
mover atrás de mim em uma velocidade
deliciosamente controlada, e senti-lo tão próximo
de meu rosto, sua respiração descompassada a cada

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estocada, o hálito afável e seu cheiro foram me


extasiando, meu corpo começou a tremer, o ritmo
de minha respiração aumentou e meu coração dava
sinais de que iria explodir, todas as sensações
misturavam-se em minha mente e fazendo com que
tudo ficasse fora do ar e minha boca se enchesse de
saliva, eu estava na iminência de um segundo
orgasmo, e finalmente ele explodiu, uma onda
elétrica percorreu cada canto do meu corpo
contraindo minha vagina e me fazendo contorcer e
apertar meus dedos na nuca do Eric que sussurrou
sofrido:
— Isso! Goza no meu pau, amor! Goza!
Totalmente entregue em suas mãos eu estava,
minhas forças se esvaíram de meu corpo e me
deixando completamente entorpecida por um
orgasmo violento e delicioso, eram os segundos
mais perfeitos que uma mulher tinha o prazer de
viver nos braços de um homem.
Eric tirou-me da poltrona e colocou-me deitada
no tapete em frente a lareira, e enquanto meu corpo
estava inerte e o som da lareira crepitava, fui
coberta pelo corpo quente e suado dele, que me
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penetrou novamente e passou a me amar com


carinho, enquanto serpenteava seu corpo sobre o
meu, me beijando sem parar com seus dedos unidos
aos meus. Eu estava literalmente embriagada de
prazer, nenhuma sensação no mundo se compara, a
de ter um homem que te ama sugando todas suas
energias até quase não sobrar vestígio de vida.
Levei minhas mãos em sua nuca e enfiei meus
dedos em seus cabelos e fiquei apreciando a
imagem daquele homem me comendo e fazendo
cara de que estava morrendo de prazer, mas que
ainda precisava chegar ao seu clímax e assim, em
meio a beijos, mordidas e gemidos sufocados e
sofridos, Eric me comia cadenciado.
— Anna! Amor, eu te amo Anna, minha noiva!
Ohhh! — gemeu tremendo em cima de mim e
gozando deliciosamente em meio aos seus urros de
prazer que fizeram meu corpo se arrepiar.
Eric era muito intenso, sabia o que fazer para
me enlouquecer e sentia-me feliz, tão feliz e
radiante como nunca, enquanto Eric me enchia de
beijos ainda estando dentro de mim. Com os braços
ladeando meu rosto ele questionou:
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— O que foi isso, amor?


— Paixão!
Ele mordeu o lábio inferior dizendo:
— Foi só isso mesmo?
Ele fez uma cara especulativa, tão fofa que não
consegui me controlar e comecei a gargalhar, então
ele perguntou:
— Agora você vai me contar do que está
rindo?
Consegui me controlar e o empurrei para o
lado e me deitei entre os braços dele dizendo:
— Freddy me contou onde você estava, por
isso te achei.
— Aquele! — começou a rir.
— Mas ele não contou diretamente para mim,
aconteceu que eu não aguentava mais ficar sem
saber onde te encontrar e eu resolvi fazer uma
tentativa com o Freddy, e quando cheguei na casa
da May atrás dele, eles estavam meio que...
— Anna! — Eric se jogou em cima de mim
rindo gostoso e me enchendo de beijos. — Nem
quero saber do resto.
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— Foi quente, muito quente!


Eric gargalhou tão gostoso e descontraído que
tive certeza que ele estava de volta para mim,
completo.
— Não acredito que ficou assistindo-os transar,
amor. Você? Com essa carinha de anjo que caiu do
céu? Está me surpreendo.
— Foi coisa de segundos, foi sem querer, mas
vi o suficiente.
— Viu o Freddy praticando um pouco de seu
fetiche? Por isso levou minhas mãos em seu
pescoço?
Afirmei sem realmente confessar.
— Anna, eu te amo demais amor, essa sua
espontaneidade me destrói.
— Também te amo demais.
— Me perdoe por não ter cumprido minha
promessa.
— A partir de hoje sem promessas.
Ele me tocou no rosto com carinho, beijou
minha boca e disse:
— Sem promessas!
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Eric e eu passamos uma noite maravilhosa


juntos naquela cabana, ele se mostrou um excelente
cozinheiro preparando o jantar e servindo-me uma
massa deliciosa com molho de carne e um
agradável vinho tinto que nos aqueceu na noite fria
da montanha e na cama, onde fizemos amor
novamente, Eric estava insaciável. Na manhã
seguinte preparou panquecas no café da manhã,
bom, as panquecas ficaram para depois do sexo
delicioso embaixo do chuveiro, assim que
acordamos no meio da manhã. Eric me disse que
iria demorar oito dias para matar toda a saudade
que acumulamos.
Voltamos para casa em uma viagem de carro
que durou 6 horas, e quando chegamos em Ajax, a
pedido meu, pois vovó Emma deveria estar
preocupada, ela recebeu Eric com dez pedras na
mão, dizendo:
— Ah! Voltou? Seu macho alfa safado! Como
ousou deixar minha Cenourinha sofrendo aqui sem
que ninguém pudesse consolá-la.
— Eu posso explicar, Senhora Emma.
— Espere um instante, você vai explicar para o
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meu guarda-chuva.
— Vovóoooo!
— O que foi, minha querida? Vai me impedir
de ensinar uma lição para o Eric que quase me
matou de preocupação?
— Eu também te amo, vovó Emma. — disse
Eric piscando para ela, derretendo-a toda.
— Bem! Se é assim está perdoado, vamos
entrar e beber para comemorar a sua volta.
Vovó deu saltos de alegria quando soube que
iríamos nos casar, fez dezenas de telefonemas
avisando as amigas de poker que sua neta se casaria
com um Mason, e ela quase me matou de vergonha.
Eric ficou conosco até perto do anoitecer, vovó
Emma adorou o Bruce e o Bruce adorou a vovó
Emma, e quando Eric foi embora levando-o, vovó
Emma ficou muito sentida, e confesso que também
fiquei. E sem conseguir ficar longe do Eric atendi
ao seu pedido para ir dormir com ele na mansão.

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Capítulo 62

Anna
Encostada na parede do closet e enfiada como
sempre em uma camisa branca do Eric, eu o
observava se trocar para ir para a empresa
trabalhar. Vê-lo se sentindo bem o bastante para
voltar ao trabalho, me fazia sentir uma felicidade
excessiva, finalmente ficaríamos juntos sem
permitir que nada e ninguém nos impedisse de
sermos felizes, merecíamos ser.
Com os olhos atentos e imersa em um orgulho
sem medida, o observava lindo e elegante enquanto
abotoava os botões dos punhos de sua camisa
branca, Eric era elegante por natureza, sua postura
autoritária por si só já lhe dava uma aparência
imponente.
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Ele abriu a gaveta de gravatas e deslizou seus


dedos com agilidade sobre os tecidos dobrados e
divididos meticulosamente por cores, e então
retirou do meio de tantas outras, uma vermelha e
quando ele a enlaçou em volta de seu pescoço,
aproximei-me dele e disse, estendendo minhas
mãos em direção ao seu tórax:
— Posso? — nossos olhos se encontram e ele
sorriu lindamente.
— Claro que sim, amor, e é melhor ir se
acostumando futura senhora Mason. — assim que
ouvi aquelas palavras um frio percorreu minha
espinha e meus olhos fitaram o solitário de
diamante em meu dedo, e eu ainda nem era uma
senhora Mason e já sentia o peso da
responsabilidade de estar ao lado de um homem
como o Eric, sendo sua esposa.
— Não vejo a hora de ser sua esposa. —
estiquei-me na ponta dos pés para alcançar seus
lábios e o beijar, e dessa forma seu cheiro delicioso
invadiu-me de forma tentadora, mas em seguida
continuei apertando o nó de sua gravata, mesmo
tendo lapsos de vontade de despedi-lo ao invés de
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vesti-lo.— Está bem assim? — questionei e ele se


virou em direção ao enorme espelho que pegava
uma parede inteira do closet.
— Perfeito!
Caminhei até o terno azul com micros linhas de
giz de Ermenegildo Zegna, que ele havia separado
e o tirei do cabide e direcionei-me as costas de Eric,
que colocou seus braços na manga e entrou na peça
elegante de um corte fino que o deixou mais
irresistível ainda.
Passei minhas mãos em seu peito ajeitando a
peça em seu corpo que mais parecia uma
manequim, tamanha era a perfeita simetria, seus
ombros largos e fortes davam a ele ares de uma
estátua romana e os traços fortes de seu maxilar só
acentuavam ainda mais isso.
— Azul e vermelho. — sussurrei mordendo o
lábio inferior tentando resistir a uma tentação tão
deliciosa como era vê-lo naqueles trajes.
— O que tem azul e vermelho? — especulou
quebrando a cabeça de lado e estreitando os olhos
sem entender nada.
— São as cores do homem de aço, você está
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excitantemente lindo.
Eric gargalhou de forma espontânea e deliciosa
como só ele sabia fazer, e com o rosto liso, pois
havia feito a barba, estava mais gostoso ainda.
— Então a senhorita também acha que eu daria
um bom Clark Kent?
— Sem sombra de dúvida. — respondi
cruzando os braços e encostando na parede
enquanto o observava terminar de se arrumar.
— O que achou? — questionou deixando seus
olhos caírem em seu terno. — Estou parecendo um
homem que vai embarcar em um novo futuro?
— Está perfeito, estou muito orgulhosa de
você, queria poder ver sua carinha hoje lá.
— Estou nervoso! Acredite!
— Não fique, você nasceu para isso. Vai lá e
mostre para eles quem é o Eric Mason de hoje em
diante.
— Bom, eu preciso ir amor, seu super-homem
aqui não pode se atrasar, não no dia de hoje, papai
marcou a reunião com a diretoria da empresa para
as primeiras horas, não quero me atrasar. —

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encostou seus lábios quentes aos meus e me beijou


sugando meus lábios de uma forma provocante, e
quando fui tentar aprofundar o beijo, ele riu
afastando-se e dizendo:
— Preciso salvar o planeta, ou melhor, a
empresa, mas esteja com esse seu fogo assim
quando eu voltar. — deu um selinho estalado e
pegou sua pasta e foi saindo da minha frente,
deixando apenas o rastro de seu perfume torturante.
— Boa sorte amor!
— Obrigado, meu amor. — piscou para mim
derretendo-me toda.
Bruce que estava deitado no closet levantou-se
preguiçoso e foi seguindo o dono dele, eram lindos
juntos e inseparáveis.
Estava me enfiando dentro do meu jeans
quando escutei meu celular tocar, fui atender e era
May, ela iria soltar os cachorros em mim, pois ela
havia ligado dezenas de vezes enquanto estive na
cabana e eu simplesmente não quis atender.
— Alô! — atendi.
— Anna!!!! Aonde esteve ontem o dia todo e

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anteontem? Meu Deus, eu precisava muito falar


com você para te contar onde está o Eric.
— Calma amiga, o Eric já está em casa
comigo, eu o encontrei.
— Encontrou?
— Sim, eu o encontrei em uma cabana no lago
Tremblant.
— Poxa! Eu tinha essa informação e ia te
contar. Como você descobriu onde achá-lo? —
questionou decepcionada.
— De uma forma muito peculiar, amiga!

Eric
No dia anterior quando voltei da cabana com
Anna, após deixá-la em Ajax, a primeira coisa que
fiz foi procurar meu pai para desculpar-me pela
ausência e para ter toda a história que envolvia
Benjamin e minha mãe esclarecida de uma vez por
todas. Meu pai contou-me detalhes de toda a
perseguição que Ben fazia com minha mãe, contou-

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me inclusive, como ela se sentia culpada em


relação ao Benjamin por tratá-lo sempre como um
filho, sem nunca imaginar que pudesse estar
alimentando sentimentos platônicos, o fato, é que
meu ódio por Benjamin só aumentou depois da
conversa que tive com meu pai, porém, ele
conseguiu me acalmar dizendo que voltei no
momento certo, pois ele havia marcado uma
reunião com a diretoria e que ela aconteceria com
ou sem minha presença. A menos que Benjamin
aceitasse nos vender suas ações, não tínhamos
como afastá-lo por completo da empresa, ele
sempre estaria com um pé dentro dela, mas meu pai
fez uma descoberta que nos daria a chance de
escorraça-lo a pontapé, e melhor que isso, ele teria
que acertar contas com a justiça.
Todos os diretores haviam sido convocados
para a reunião, inclusive Benjamin, embora meu
pai havia me pedido para manter a calma perante
ele, eu ainda não sabia como seria minha reação
quando estivesse frente a frente com o desgraçado
que passou anos nutrindo um sentimento doentio
por minha mãe, e ao contrário do meu pai, não sei

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se seria capaz de manter a postura.


— Bom dia, Eric! — disse Sue, sorridente ao
me ver e enfiada em seu tradicional terninho preto e
seus saltos enormes.
— Bom dia, Sue!
— Seu pai e os demais o aguardam na sala de
reuniões, boa coisa não o aguarda lá dentro.
Eu a encarei e questionei:
— Por que acha que não irei gostar da reunião?
— Não sei dizer, só sei que seu pai passou por
aqui logo mais cedo muito nervoso.
— A reunião não será das mais agradáveis,
Sue, mas acredito que não serei eu a pessoa a sair
de cabeça baixa de lá.
— E nem eu! — disse a voz que fez meus
punhos se fecharem, meu coração pulsar nervoso
em uma resposta súbita da adrenalina que viajou
como um raio em minha corrente sanguínea,
fazendo-me fechar os olhos e engolir a saliva.
Virei-me em sua direção e apertei o lábio
inferior ao superior com muita força, ao ver a
imagem segura e firme de Benjamin bem ali na
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minha frente. Dei um passo à frente e o peitei,


encarando-o cara a cara. Benjamin tinha um olhar
debochado, uma satisfação em sua face que fez
meu estômago embrulhar. Minha vontade naquele
momento era de socá-lo até a morte como um
animal selvagem, contudo eu havia prometido a
meu pai.
— Deve ser difícil para você voltar para a
empresa e ter que me engolir, não é mesmo Mason?
Inspirei fundo e o respondi:
— Sua presença é sempre indigesta seja onde
for.
— Pode me evitar em Toronto, pode sair
fugido dos lugares onde estou, mas não pode me
evitar dentro dessa edificação. — girou seu olhar ao
redor. —Que inclusive, meu pai ajudou erguer e
que em breve me terá sentado na cadeira do CEO,
quando eu o destruir por completo, Mason.
— É o que veremos! — respondi afastando-me
dele e indo em direção ao enorme corredor que me
levaria até a sala de reuniões, e tive que engolir a
indigesta presença de Benjamin que caminhava ao
meu lado indo na mesma direção, e assim que
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chegamos a enorme porta da sala estava


escancarada com todos já presente, e para que ela
fosse fechada faltava apenas Benjamin e eu, e dessa
forma quando cruzamos à porta não faltava mais
nada.
— Bom dia, senhores! — cumprimentei-os de
forma geral, e assim meu pai estufou o peito, fez
um rápido e sério cumprimento de cabeça e se
sentou na cadeira do CEO.
Todos ocuparam seus lugares e meu pai deu
início a reunião sem fazer nenhuma enrolação.
— Senhores, estamos hoje reunidos aqui para
dar um destino certo ao nosso terceiro maior
acionista, Benjamin Junior Cooper. — apontou
com a mão direita para seu lado esquerdo onde Ben
estava sentado.
Ben se ajeitou na mesa colocando seus
cotovelos em cima dela e cruzando as mãos quando
disse:
— Não acredito, Norman, novamente nos
reúne aqui para essa palhaçada? Você está cansado
de saber que não tem como me afastar da empresa a
menos que eu queira vender minhas ações.
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— Sim, sabemos disso, Benjamin, mas todos


aqui presentes sabem que eu ainda sou o dono da
empresa, ainda sou o CEO da MCE e como tal,
posso afastá-lo da empresa, posso despedi-lo
quando desejar, visto que tenho motivos para fazer
tal coisa. Claro que não tenho como evitar de que
continue sendo um acionista, não posso, a menos
que tenha a hombridade de nos vender suas ações
depois de todo o desconforto que nos causou.
— De que desconforto estamos falando aqui,
afinal? Está querendo colocar motivos pessoais
para serem discutidos nessa mesa? Ridículo! —
vociferou, Benjamin.
— Vamos te colocar para fora dessa empresa
Benjamin, e não será por picuinhas pessoas de um
homem desequilibrado como você, será por justa
causa. — meu pai se levantou de sua cadeira e
continuou falando enquanto caminhava pela sala.
— Você cometeu um erro gravíssimo quando
subornou o chefe de obras, Oliver Morris, e trocou
as plantas do edifício E6 com as do E9.
Benjamin se levantou alterado e questionou em
pé arqueando e apoiando suas mãos em cima da
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mesa, enquanto que todos os demais só


observavam:
— Você não tem provas disso, Norman? Ou
está blefando e tentando me intimidar? — as
feições de Ben mudaram drasticamente, via-se em
seu rosto o desespero começando a brotar e
tomando o lugar de sua face debochada e de seu
riso irônico.
— Temos provas e te colocaremos na cadeia.
— respondeu meu pai enquanto abotoava
calmamente o botão de seu terno preto.
— Você não faria isso! — gargalhou Ben em
um gesto que nos passou apenas desespero.
— Não! Claro que não, Ben, infelizmente
prometi isso ao Benjamin antes dele morrer, mas o
novo CEO da MCE não fez nenhuma promessa ao
seu pai.
A sala ficou polvorosa, os diretores passaram a
falar todos ao mesmo tempo, pois haviam sido
pegos de surpresa tanto quanto Ben.
Ben disparou a gargalhar, estava visivelmente
nervoso e a única forma que tinha para exteriorizar
aquele sentimento era rindo em demasia.
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— Novo CEO? Isso é uma piada Norman? —


Ben perguntou mudando radicalmente o tom de voz
quando parou de achar graça da situação e assumiu
uma severidade na voz que tinha muito mais a ver
com a máscara que costumava usar.
— Sim, novo CEO. — confirmou meu pai.
— Ótimo! E onde está esse novo CEO? —
questionou enfiando suas mãos nos bolsos da calça
com arrogância e estufando o peito.
— Aqui! — respondi levantando-me de minha
cadeira e indo em direção a meu pai, que me deu
dois tapinhas nas costas e puxou a cadeira ocupada
pelo CEO e indicou-a a mim com a mão.
Parei em frente a cadeira e a toquei com
minhas mãos sentindo a textura do couro, eu não
imaginava me sentar nela tão cedo, mas fui pego de
surpresa na noite anterior quando fui falar com meu
pai após voltar da cabana, e ele havia me pedido
para assumir a empresa e que aquele era o
momento crucial para que eu assumisse de vez seu
lugar.
— Isso é uma piada, Norman? Se for ela é de
muito mau gosto. — falou Benjamin mudando o
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tom de sua voz para o que beirou ao desespero.


— Não! Eu iria passar a cadeira para meu filho
num futuro muito próximo, isso já estava em meus
planos, mas mudei de ideia, Eric já está mais que
preparado para assumir meu lugar. Senhores! —
falou pedindo a atenção de todos. — Eric Mason é
o novo CEO da MCE. — anunciou e senti os pelos
do meu corpo se arrepiarem.
Todos os diretores da empresa se levantaram e
passaram a ovacionar-me e vir em minha direção
para cumprimentar-me, e entre um abraço e aperto
de mão, não tirei meus olhos de Benjamin, que
agora se mantinha em pé em cima das pernas com
as mãos por dentro de seu terno marrom segurando
a cintura, inconformado.
— É isso aí Eric! Parabéns cara! — disse-me
um dos diretores.
— Não vou ficar aqui assistindo esse circo. —
disse Benjamin pegando sua pasta em cima da
mesma e virando-se em direção à saída, então falei:
— Calminha aí, Benjamin! Não terminamos
com você ainda.
— O que quer de mim? Um aperto de mão
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falso e tapinhas costas?


— Não quero nada de você, eles querem. —
apontei em direção a porta e disse em voz alta:
— Pode entrar, Oliver!
Oliver Morris, o chefe de obras aceitou
denunciar Benjamin por suborná-lo nas trocas das
plantas, e assim que Oliver pisou na sala
juntamente com dois policiais e o chefe de polícia
de Toronto, Benjamin se virou para mim, encarou-
me com a fúria pulsando em seus olhos e com sua
face fechada de ódio, questionou-me:
— O que significa isso?
— Diga a ele, Oliver! — incentivei o chefe de
obras.
— Não vou pagar por isso sozinho, Ben, eu
estava endividado e precisando da grana que você
me deu naquele momento, mas quando o senhor
Mason foi me procurar, minha consciência falou
mais alto e confessei tudo a ele.
— Confessou a ele o que seu... — Ben se
conteve de punhos fechados antes de dizer alguma
ofensa.

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— Que você me pagou para trocar as plantas


porque queria os dois edifícios no chão a qualquer
custo, e mesmo que o custo disso fosse milhares de
vidas.
Ben ameaçou partir para cima de Oliver, mas
foi contido pelos policiais.
Caminhei com tranquilidade, cruzando a sala e
indo em direção ao Ben, e quando o encarei
questionei:
— Foi capaz de colocar em perigo a vida de
milhares de trabalhadores por um amor platônico,
Benjamin?
— Julia me amava, só não teve coragem de
assumir, você a tirou de mim, Eric, e vou tirar tudo
de você, pode apostar que isso não vai ficar assim
senhor CEO.
Cerrei os punhos, minhas vistas turvaram e os
nervos se afloraram em mim, respirei uma, duas
vezes e na terceira senti as mãos firmes de meu pai
em meus ombros, então me recompus e juntamente
com todos ouvi as palavras saindo da boca do chefe
de polícia.
— Terá que nos acompanhar até o
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Departamento de Polícia, Sr. Cooper.


— Posso chamar meu advogado? — Ben
questionou sem tirar seus olhos de fúria de mim.
— Sim, o senhor poderá chamar o seu
advogado.
— Estou sendo preso é isso? — questionou
levantando as mãos.
— Está sendo levado para ser interrogado. —
respondeu o policial.
Ben tentou dar um passo em minha direção e
novamente foi contido pelos policiais, então falou
em tom de ameaça mascarada:
— Eu adoro o tom arruivado dos cabelos dela,
o tom da pele e a cor dos seus lábios, eu só vou me
permitir parar de respirar quando ela estiver em
meus braços.
— Desgraçado! — Nem todas as mãos que
tentaram conseguiram me segurar, e assim fechei
meu punho e desferi um soco em sua boca com
tanto ódio que o joguei longe ao chão. — Se
encostar em um único fio de cabelo dela, eu te mato
seu verme. — vociferei com a respiração

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descontrolada e à vontade de socá-lo até a morte


me corroía por dentro, mas meu corpo estava
inerte, sendo contido por muitos dos homens ali
presente.
Os policiais levantaram Ben que estava com o
sangue escorrendo em seus lábios e com seus
cabelos sempre arrumadinhos caídos em seu rosto,
ele sorria de forma doentia.
— Isso não vai ficar assim! — últimas palavras
do desgraçado quando estava sendo levado para
fora escoltado pelos policiais.

Anna
Eric agora era o macho alfa perfeito da vovó
Emma e meu, era o novo CEO da MCE e ele estava
que não se cabia em si, se sua pose já era de um
homem imponente, autoritário, agora então, ele
exalava isso pelos poros, e que o deixava ainda
mais atraente a mim, eu amava aquela pose dele.
Ele fez questão de estar comigo no Lago
Moraine, disse-me que não era justo eu ter estado
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naquele lugar sem ele, e assim fizemos a viagem


juntos para o parque nacional de Banff, um paraíso
escondido entre as montanhas rochosas do Canadá,
segundo ele, lá existia o pôr do sol mais perfeito
que ele já tinha visto na vida. Estávamos ambos
sentados no deck de madeira no lago, Eric atrás de
mim e eu completamente encaixada no meio de
suas pernas, sendo confortavelmente coberta por
seus braços fortes, o cenário a frente era cênico, as
águas turquesas do lago tinham os 10 picos das
montanhas a frente tombadas sobre ele, a imagens
dos picos estavam refletidas dentro da água, que de
um lado estava ladeado pelas montanhas e do outro
lado pelos pinheiros. Os picos estavam cobertos de
neve e o sol brilhava forte desfalecendo atrás de um
dos picos e o tom avermelhado mesclado com o
amarelo vivo, criava uma espécie de crepúsculo
pintado à mão pelo maior artista do mundo, Deus,
era tanta perfeição que não falamos nada, ficamos
apenas observando o sol se pôr manso e preguiçoso
atrás das rochas cinzentas.
— Você precisa ver esse cenário no inverno,
amor, toda a água se transforma em gelo e um

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tapete branco o cobre como se fosse um manto.


— Eu vou querer ver esse cenário em todas as
estações do ano. — respondi.
Eric me apertou em seus braços e encheu-me
de beijos, e quando ele parou de me torturar com
seus lábios deliciosos, perguntei a ele:
— Amor, lembra aquele dia no banheiro da
AGO?
— Sim, foi a melhor foda, você quer repetir?
— mordeu o lóbulo da minha orelha, arrepiando-
me:
Comecei a rir e respondi:
— Acho melhor a gente evitar essas loucuras
por pelo menos oito meses.
— Oito meses? Vai me deixar sem foda por
oito meses?
— Eric!
— Que foi amor?
— Fizemos uma Cenourinha dentro daquele
banheiro.
Eric ponderou, tentou assimilar o que havia
acabado de ouvir, e questionou catatônico:
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— Um bebê? Anna você está grávida? Vamos


ter uma Cenourinha?
— Sim! Meu amor!
— Ah! Meu Deus!

Eric

De todos os anúncios que já me fizeram na


vida, aquele foi de longe o que me deu a maior
satisfação, eu estava em êxtase, em choque naquele
momento, minhas mãos suavam e meu coração
disparou feito um animal selvagem em meu peito.
Um bebê com a mulher que eu amo desde de minha
adolescência era o maior de todos os presentes que
o universo poderia me dar. Não me senti tão
eufórico nem no dia que meu pai comunicou que
passaria a presidência da Mason para mim.
Saí das costas de Anna me levantando com
urgência, então a peguei em meu colo e a girei no
ar, beijando-a sem saber como demonstrar tanta
felicidade.
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A vida me dando novo fôlego para continuar.


— Amo você minha Cenourinhaaaaa! — gritei
tão alto quanto pude.
— Eu também te amo meu amor! — respondeu
sorrindo com aqueles lindos lábios laranjas.
— Agora mais que nunca precisamos apressar
nosso casamento. — disse a ela.
— Hum! Isso sim é um sonho.
— Sonho vai ser o lugar onde vou realizar
nosso casamento, você nem imagina.
— Então pode ir me contando.
— Vai sonhando com isso!
Se felicidade tinha um nome, eu havia acabado
de conhecer, Pai, eu ia ser papai!
Continua…

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Bônus May e Freddy


Cena completa que Anna presenciou,
quando Freddy contou a May onde Eric estava
escondido.

May
Freddy estava encostado na pia da cozinha, de
braços cruzados me observando cortar legumes
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para uma sopa que eu iria preparar, ele chegou, eu


estava apenas de chemisier branco e calcinha, eu
estava sempre formal dentro de casa, pois gostava
de me sentir livre e confortável.
Freddy estava com uma cara emburrada, então
resmungou:
— Por favor, May, você vai me enlouquecer
desse jeito.
Eu estava na pia da cozinha tentando cortar
alguns legumes, mas Freddy estava aceso demais e
veio até mim, grudou em minha cintura beijando-
me no pescoço, roçando sua barba gostosa nos
meus ombros e esfregando seu pau em mim que
estava duro demais.
Fechei os olhos sentindo meu corpo tremer e
minha calcinha começar a molhar de tanto tesão
que aquele homem despertava em mim
— Me solta Freddy, eu estou morrendo de
fome e preciso terminar o jantar.
— A gente pede alguma coisa depois, mas por
favor, acabe com essa sua greve, pelo amor de
Deus, meu pau está explodindo e meus testículos
cheios.
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— Você não precisa de mim para aliviar seus


testículos, faça isso você mesmo ou procure uma de
suas amiguinhas para fazer isso.
— May não seja tão cruel comigo, já fazem
oito dias que não brincamos.
Virei meu corpo em sua direção, e tive que me
controlar ao olhar para seu peito nu e para a enorme
ereção que ele já ostentava. Olhei para seus pés
descalço tentando não me deixar corromper pela
cabeça do pau dele que estava querendo saltar para
fora do seu jeans com o botão e o zíper abertos.
Mordi meus lábios, como eu amava vê-lo de jeans e
descalço na minha frente.
— Pois é! Fazem oito dias que minha melhor
amiga está sofrendo, e você é insensível a dor dela.
Por que eu deveria ser boazinha com seu pau?
— May! Por favor amor, esquece aqueles dois,
pensa na gente, pensa em mim, olhe meu pau como
está? — abaixou um pouco mais a calça e segurou
gostoso no pau por cima da cueca branca me
mostrando toda a energia dos seus 20 cm de puro
tesão. Eu não ia mais conseguir resistir àquela
tentação, ver o pau do Freddy com aquela vida toda
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fez meu corpo tremer todo e minha boceta se


molhar. Fiquei paralisada vendo-o se despir na
minha frente ao retirar a calça de seu corpo e atirá-
la longe enquanto encarava-me com seus olhos
cinzas e profundos, Freddy sabia como ser sexy e
como destruir todas minhas barreiras.
— Para de me olhar assim, amor!
— Assim como? — sussurrou aproximando-se
de mim.
Passei a língua na parte inferior de meus lábios
enquanto meus olhos não conseguiam se desviar do
corpo dele que era perfeito demais, bem definido
com o tórax cheio e os pelos baixos que me
enlouqueciam. Fechei meus olhos quando ele se
aproximou da minha orelha e segredou:
— Estou louco para trepar com você, amor.
Trepa comigo, vai, hein? Deixa eu te foder daquele
jeito? Deixa May? — sussurrou, encostando seus
lábios e sua barba no meu rosto fazendo meus pelos
se eriçarem e minhas pernas bambearem. Anna ia
me perdoar, mas aquele homem que estava roçando
seu brinquedinho em mim era minha perdição, e eu
já estava subindo pelas paredes de saudade dele,
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então respondi pegando seu rosto em minhas mãos


e olhando em seus olhos:
— Está bem, amor, vamos brincar só um
pouquinho. — puxei seus lábios em direção aos
meus e passei a beijá-lo desesperada, eu estava
queimando, literalmente pegando fogo com a
boceta encharcada e pronta para receber meu
homem, e assim nossas línguas começaram uma
dança desenfreada, estávamos mortos de saudade, e
então no meio de toda nossa euforia e todo a tensão
ainda achei forças para dizer. — Vamos brincar só
do meu jeito.
— Ah não May! Não faz assim comigo, você
sabe que eu preciso, vou enlouquecer.
— Não vou me submeter a você enquanto não
me contar onde está o Eric.
— Porra, May! — rugiu segurando firme em
minhas mãos.
— É isso ou nada.
— Você sabe que eu não consigo sentir prazer
assim.
— Você aprende. — voltei a beijá-lo.

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Freddy confessou-me que é um dominador, que


só consegue sentir prazer e gozar se o sexo for
duro, e no caso dele só consegue chegar ao seu
clímax se estiver asfixiando sua parceira, pois ele é
adepto de uma prática sexual chamada Choking, ou
seja, asfixia sexual. Conversamos muito sobre isso
e acabou que aceitei que começássemos devagar e
que aos poucos ele fosse me ensinando, e
estávamos indo bem até eu começar uma greve de
sexo.
— Eu já tentei, amor, você sabe disso, não
consigo. — respondeu-me.
— Se não consegue terá que me dizer o que
quero saber. — sussurrei em seu ouvido enquanto
acariciava o pau dele dentro da cueca, deixando-o
completamente enlouquecido quando enfiei minha
língua dentro de sua orelha, então, ele me virou
com força rumo a parede e passou um de seus
braços entre meus braços, puxando-os para trás e
imobilizando-me, então murmurou:
— Eu falo o que você quiser, mas deixa eu te
foder do meu jeito?
Senti meu coração acelerar, eu ainda estava
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tentando me acostumar com esse jeito dele, mas


confesso que ele me deixava mais excitada quando
me pegava de forma impetuosa, eu estava
começando a gostar de senti-lo me dominando
daquele jeito, uma parte de mim gostava muito
daquele Freddy, e com minha respiração eufórica
eu o respondi:
— Me fode, Freddy, me fode do seu jeito.
Ele continuou me imobilizando com os braços
para trás, e enquanto me beijava enlouquecido,
enfiou seus dedos na lateral da linha fina de minha
calcinha e puxou com força, rasgando-a, fazendo-a
despencar em meus pés. Freddy usou sua mão livre
e a enfiou no meio de minhas pernas e dessa forma
infiltrou seus dedos em minha boceta molhada e
deslizou seus dedos em meu clitóris enlouquecendo
e sussurrando:
— Vou te comer duro para você aprender não
deixar meu pau explodindo.
Mal tive tempo de assimilar as palavras e curtir
o frio que elas provocaram em meu estômago e já o
senti se atolar inteiro em mim, penetrando-me com
força em uma estocada funda que me fez gritar sem
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saber se de dor ou se de puro tesão com a


adrenalina e o medo circulando feroz em meu
corpo:
— Aaahh!
Levou seu dedo úmido com o líquido do meu
sexo em minha boca e o enfiou nela, e assim eu o
chupei sentindo meu gosto.
— Você gosta né? Sua safada! Gosta do seu
sabor. — estocou forte novamente incitando assim
uma sequência de investidas duras em minha
boceta, socando, metendo, me apertando e
mordendo minha orelha enquanto bombava
enlouquecido, me comendo sem dó sem nem
mesmo ter tirado sua cueca e nem minha camisa
branca.
— Qual a palavra amor? — perguntou-me.
— Game over.
Freddy me fez prometer que diria game over
quando o prazer tivesse ultrapassado os limites e
passasse a ser dor, assim quando eu tivesse
perdendo a noção teria que usar a palavra chave e
ele saberia que teria que parar.

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Freddy desferia fortes golpes me deixando


mole com a cara grudada na parede da cozinha,
então puxou um dos meus braços para trás me
imobilizando e segurando forte, tão forte que o
fazia arder, com a outra mão tapou minha boca com
força estocando forte, fundo e cadenciado,
impedindo-me de falar e de me mover, confesso
que toda aquela sensação fez uma adrenalina louca
correr por todos os poros do meu corpo e passar a
curtir cada momento daquela situação que era
totalmente nova para mim, eu estava gostando,
simplesmente amando ser dominada com tanta
fome. Tirou suas mãos da minha boca e desceu,
deslizando-a para meu pescoço e passou a apertar
forte sussurrando no meu ouvido:
— Eu sei que você gosta, May, eu sinto isso
pelo excesso de umidade na sua boceta. — seus
lábios encostados na minha orelha e sua respiração
era deliciosa e ofegante.
— Diga amor! Diga o que quero saber. — falei
aproveitando-me do momento, queria muito induzi-
lo a falar onde Eric estava.
— Não amor, por favor! — respondeu e
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mordeu o lóbulo de minha orelha com tanta força


que achei que teria até sangrado.
— Diga ou game over! — sentenciei.
— Porraaaa!! — ele gritou furioso. — Ele está
na cabana de caça do tio Norman em Mont-
Tremblant.
— Bom menino! Agora continua! Continua me
fodendo.
Ele me virou de modo brusco e segurou firme
no meu queixo dizendo:
— Eu vou, vou te foder demais, você vai
gostar.
Freddy tirou a cueca e em seguida me encarou
de um jeito que fez todos os pelos do meu corpo se
arrepiarem, era um Freddy faminto que me
assustava, levou suas mãos em meus seios por cima
de minha camisa branca e os apertou com força
fazendo doer e ao mesmo tempo um prazer louco
tomar conta de mim, ele se aproximou de mim e
passou a roçar os pelos de sua barba por fazer em
mim e aquilo me machucava, ele sabia disso e
continuava se esfregando com força, então sem que
eu tivesse esperando ele puxou com força minha
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camisa fazendo todos os botões voarem pelos ares e


deixou meus seios expostos, fazendo-me sentir o ar
frio tocar no bico entumecidos. Minha respiração
estava acelerada, meu tórax subia e descia, eu
estava com medo dele, mas amando ao mesmo
tempo. Freddy começou a passar os dedos nos
bicos dos meus seios, circulando-os com carinho
fazendo um frio subir pela minha espinha, então ele
os apertou com força enquanto me encarou e
mordeu seu próprio lábio inferior com força
fazendo uma cara de tesão que quase me fizera
implorar por ele, eu estava com muito tesão e
queria muito voltar a senti-lo.
— May, me segura para não fazer com você
tudo que tenho vontade.
Pegou-me no colo e saiu comigo rumo a sala,
eu tentava beijá-lo, mas ele não me deixava, mordia
meus lábios com força.
Deitou-me no sofá e colocou o joelho ao lado
do meu corpo e se debruçou sobre mim e passou a
chupar meus seios com fome, violência, mordendo
os bicos me fazendo contorcer de dor entortando
meu corpo e reclamar:
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— Amor! Isso está doendo!


— Você gosta da dor? Diz que sim! — falava
lamuriante com a voz tesuda demais e aquilo me
enlouquecia e me fazia arder em chamas.
— Estou gostando, mas, por favor, volta a me
penetrar.
Ele sorriu satisfeito e se curvou em minha
direção subindo suas pernas e se encaixando no
meio das minhas, seu pau estava tão duro
apontando para minha entrada, e então roçou sua
barba áspera em mim novamente, fazendo minha
pele sensível arder e quando achei que ele iria me
beijar, tapou minha boca e deu um tranco violento
me penetrando com força, me fazendo gemer
sufocada embaixo de suas mãos.
— Huum!
Passou a meter de uma forma deliciosa, se
enfiando fundo demais, porém de forma
cadenciada, ia fundo, forte e gostoso, me fazendo
senti-lo tocar em meu útero.
— May, você é gostosa demais! — balbuciou
entre os dentes sem parar de se enfiar em mim em
estocadas rudes.
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Eu estava úmida demais e aquilo o fazia se


escorregar para dentro de mim com mais força
ainda, eu estava tendo um misto de sensações e
confusões, sem saber se eu estava gostando ou
odiando aquilo.
Freddy estava me iniciando em seu mundo, no
qual eu deveria apenas ser sua submissa, e com isso
me dizia que estava pegando leve comigo e por
muitas vezes, eu o deixei na mão desistindo de
tudo.
Freddy precisava muito de toda aquela
intensidade, brutalidade para que seu prazer
alcançasse o ápice, eu precisava só dele porque o
amava e não queria perdê-lo, contudo não o
deixaria saber disso.
Freddy me possuía tapando minha boca e me
encarando com os olhos semicerrados com seu
prazer fluindo por seus poros, e assim entrava e
saia com força, enquanto eu o arranhava nas costas
praticamente cravando minhas unhas nele.
Tirou as mãos de minha boca e eu estava quase
sem ar, ele não me permitiu respirar fundo e disse:
— Quero essa boca gostosa! — inclinou-se em
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direção a mim sem parar de me estocar e começou


a me enlouquecer em um beijo quente, úmido,
prendendo e segurando firme minha cabeça
embaixo de seu corpo forte que me imobilizava.
Nossos lábios se queriam, se conheciam e
exploravam um ao outro em meio às nossas
respirações descontroladas.
— Goza May! Goza para mim amor, geme,
grite sufocada de tesão.
Freddy dizia palavras de uma forma sexy e
ardente, sua voz me levava a loucura e assim ele
tapou minha boca novamente e continuou me
fodendo com a mesma intensidade, pof, pof, pof, e
eu estava sufocada envolta em um êxtase
enlouquecedor e meus olhos passavam a mensagem
a ele que deveria continuar firme e forte, então, de
súbito ele me virou com rapidez no sofá me
deixando de barriga para baixo e voltou a penetrar
com a mesma urgência, entrando e saindo
enlouquecido.
Passou seu braço por baixo de minha barriga e
me levantou colocando-me de joelhos, apertou um
dos meios seios com a mão e sussurrou no pé do
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ouvido questionando:
— Está tudo bem? Posso continuar?
Assenti sem conseguir responder sonoramente,
então ele mordeu minha orelha fungando nela e
dizendo:
— Você é gostosa demais! — passou a mão em
meus lábios, enfiou seu dedo dentro de minha boca
e eu chupei, e ele gemeu delirante ainda no meu
ouvido, eu adorava saber que estava lhe dando
tanto prazer, minha boceta queimava, eu estava em
chamas. — Posso continuar? Diga May, diz amor!
— Por favor, Freddy! Continue, continuei!
Suas mãos queimavam em minha cintura e a
cada estocada ele ia mais fundo como se fosse
possível, então passou a mão em meus cabelos e os
juntou em seus dedos puxando meu pescoço para
trás, fazendo com que nossos olhares se
encontrassem e nossos lábios também, pois ele me
beijava enlouquecido e não parava de desferir
fortes estocadas, eu estava inebriada, me
permitindo aproveitar cada instante daquela
sensação nova de ser completamente dominada por
um homem, então, senti quando Freddy levou seus
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dedos em meu pescoço me prendendo e buscando


meus lábios enquanto continuava me torturando
com seu pau me fodendo de quatro
insaciavelmente.
Suas mãos passaram a apertar mais e mais o
meu pescoço e seu pau metendo, metendo, fazendo-
me explodir em espasmos e meu corpo todo
convulsionou com Freddy me mordendo forte nos
lábios enquanto dizia:
— Isso! Goza, eu deixo você gozar! — o som
de sua voz era provocante, sexy, me sentia como se
ele fosse meu dono e que estava naquele momento
me deixando sentir prazer, e todas as partes do meu
corpo relaxaram e minha mente se transportou
enquanto meu orgasmo me destruía em um nirvana
sem igual.
Eu estava inebriada de prazer, mal conseguia
pensar direito quando ouvi a voz de Freddy bem ao
fundo questionar:
— Sua injeção está em dia? — ele se mexia
mais lento dentro de mim.
Apenas balancei à cabeça em positivo e logo
em seguida senti meu corpo ser erguido, pois ele
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segurou em meus dois braços com força e passou a


meter novamente com voracidade, puxando-me
pelos braços e me levando em direção ao pau dele,
que se endurecia mais e mais a cada estocada.
— Porra, tão molhada! Porra!
Metia ensandecido, então soltou sua mão de
um dos meus braços e levou ao meu seio que estava
com o bico dolorido de tanto que ele os apertava,
sua mão foi subindo e seu pau me destruindo em
estocadas fortes e firmes, subiu com seus dedos até
voltarem ao meu pescoço e assim me virou em sua
direção e beijou-me enlouquecido, mordendo-me
com força e em seguida chupando, então disse em
meu ouvido:
— Confie em mim! — Essas palavras fizeram
meu coração acelerar e ligar o sinal de alerta do
perigo iminente, fazendo a adrenalina circular em
meu corpo e me deixar estática.
Engoli a saliva e aquilo me deixou nervosa, eu
já sabia o que viria a seguir e assim senti seu pau se
enfiar fundo e lento, seus dedos acariciavam meu
pescoço com carinho, seu tórax encostado em
minhas costas me passando seu calor e sua
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respiração como a de um leão enjaulado, foi


aumentando o ritmo das estocadas em completa
sintonia com seus dedos que me estrangulava e me
imobilizava ao mesmo tempo, e assim com meu
corpo mole, ele voltou a me comer com fúria, me
apertando, me estocando e se enfiando cada vez
mais fundo e forte, involuntariamente segurei seus
dedos com minhas mãos, mas não disse game over
e nem tentei impedi-lo. Freddy metia forte,
violento, com prazer em cada gemido, cada
rosnado, cada gota do seu suor que caia em meu
corpo. Dizia palavras que me tranquilizavam e
metia, me sufocando, me fazendo ficar mole, e
quando achei que iria perder os sentidos, pois
minhas vistas passaram a embaçar, senti os dedos
de Freddy se afrouxar e ele rugir em meu ouvido,
dando-me o alívio naquele momento, ele gozou
urrando deliciosamente e se despejando dentro de
mim, fazendo-me sentir seu líquido quente jorrar e
me preencher.
— Eu te amo, May! — falou com lábios
grudados no meu ouvido e com a respiração falha.
Quando o ar voltou a fluir e encher meus
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pulmões tudo o que consegui fazer foi chorar


deitada em cima do sofá, minha vida esteve nas
mãos de um homem que poderia a qualquer
momento me matar por prazer, eu não conhecia os
limites do Freddy e mesmo gostando em alguns
momentos, aquilo muito me amedrontava, e eu teria
muito que aprender para conseguir lidar com aquele
tipo de sexo.
Quando minhas forças voltaram, saí correndo
para o banheiro, lá, fiquei parada em frente ao
espelho e chorando desesperada ao ver as marcas
vermelhas das mãos do Freddy no meu pescoço.
Como eu iria poder continuar permitindo aquilo?
Freddy entrou no banheiro e nos encaminhou
para o box, então eu chorei novamente embaixo do
chuveiro, com Freddy me abraçando firme e
tentando me consolar.
— May! Perdoe-me amor, podemos parar com
isso se você achar que não aguenta.
— E perder você?
— Ei! — levantou meu rosto em sua direção.
— Não vai me perder nunca, eu te amo e podemos
pegar mais leve das próximas vezes, podemos
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continuar como estávamos, aprendendo nossos


limites juntos, mas olha, confie em mim.
— Não entendo esse seu jeito de sentir prazer.
— Eu também não entendo, só sei que é algo
tão bom que chega ultrapassar a barreira do que
chamamos de real, é mais forte do que eu, entende?
Ter a sua vida em minhas mãos é um tesão quase
surreal. Se quiser podemos parar, eu dou um jeito.
— Quero dar a você tudo que dá a mim, um
prazer único e inexplicável.
Eu sabia do perigo, tinha medo do perigo, mas
o perigo me excitava mais que eu conseguia
imaginar, e eu iria tentar conhecer meus limites
entregando minha vida, literalmente falando, nas
mãos do homem que eu amava.

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Referências.

O vinho citado pela vovó Emma * Portwine,


não existe, esse nome foi inventado pela autora.
Os nomes abaixo são usados no jogo de Poker.
dealer*— a pessoa que dá as cartas e controla o
jogo.
river*— a última carta posta de cada ronda.
Full House— combinação de três cartas com o
mesmo valor e um par.

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Agradecimentos

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a


Deus pelo dom a mim concedido, a escrita é uma
benção para mim por diversos motivos.
Segundo, gostaria de agradecer imensamente a
minha amiga e revisora Valéria Jasper.
Terceiro, gostaria muito de agradecer o carinho
dos meus leitores, onde em sua maioria se tornaram
amigos queridos, e que sempre me deram muita
força no processo de escrita. Sem vocês ele não
existiria. Gratidão a todos, e como não posso citar
um a um, sintam-se agraciados.
Julia Mendez.

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