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CENTRO UNIVERSITARIO IBMR

ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL

Alexsandra Silva de Azevedo

Ana Paula da Conceição

Anna Luísa Vicente de Arruda

Dirleize ariadena Ribeiro pamplona

Janaina Maciel Pereira Santos

Larissa Pinheiro Gomes

Leonardo Alves Caldas

Luiz Vinicius Galvão Barboza

Maria Emanuella Carvalho

Thiago Pereira Oliveira Santos

APOIO E ESPERANÇA PARA DEPENDENTES QUÍMICOS

Rio de Janeiro
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2024

I - Introdução

O uso abusivo de álcool e drogas representa uma questão central para a


saúde pública e está intimamente ligado ao desenvolvimento de transtornos
mentais, como depressão e ansiedade. Segundo Pitta et al. (2020), a relação entre o
consumo de substâncias psicoativas e problemas psicológicos é uma preocupação
crescente no Brasil, com impactos diretos na qualidade de vida dos indivíduos
afetados. A atuação dos serviços de saúde mental, como os Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS), tem sido fundamental no suporte e tratamento dessas
condições, especialmente em regiões mais vulneráveis socialmente (Pitta et al.,
2020).

Além disso, o enfrentamento dos transtornos mentais associados ao uso de


substâncias envolve estratégias integradas de prevenção e tratamento. Conforme
discutido por Nery et al. (2021), é necessário que os serviços de saúde sejam
capazes de fornecer uma abordagem holística, incluindo apoio psicossocial,
reintegração social e redução de danos. O tratamento de transtornos mentais
associados ao uso de drogas requer não apenas cuidados médicos, mas também
intervenções focadas no fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários,
essenciais para a recuperação de longo prazo (Nery et al., 2021).

As políticas públicas de saúde mental no Brasil têm buscado cada vez mais
incorporar práticas de redução de danos e promoção da saúde mental, conforme o
Ministério da Saúde (2013). Essas políticas enfatizam a importância de uma
abordagem não punitiva e voltada à inclusão social dos indivíduos em tratamento,
combatendo o estigma associado ao uso de drogas e transtornos mentais. A
colaboração entre profissionais de saúde, familiares e a comunidade é essencial
para garantir um tratamento eficaz e humanizado (Ministério da Saúde, 2013).

II - MetodologiaLocal:
Local: Avenida Brasil, comunidade Nova Holanda, Rio de Janeiro.
A Nova Holanda é uma área de grande vulnerabilidade social e econômica,
conhecida pela concentração de usuários de substâncias ilícitas. A escolha desse
local visa a intervenção direta em uma região com altas taxas de dependência
química.
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Data: 12 de outubro

Hora: 13:00 – 19:00

Público: Usuários de crack, cocaína e maconha em situação de vulnerabilidade


social e sem acesso adequado a serviços de saúde. O público-alvo inclui adultos
jovens e de meia-idade, predominantemente homens, mas também com foco em
mulheres e adolescentes.

Estratégias:

1. Mapeamento Social:
Identificar as áreas de maior concentração de usuários de drogas dentro da
comunidade, através de visitas domiciliares e conversas com líderes
comunitários.

2. Educação em Saúde:
Realizar rodas de conversa e palestras com o objetivo de conscientizar sobre
os efeitos do uso de drogas, doenças associadas, e os riscos à saúde mental
e física. Abordagens terapêuticas e modelos de recuperação serão
discutidos com os participantes.

3. Redução de Danos:
Implementar práticas de redução de danos, como a distribuição de kits de
higiene, preservativos, e informar sobre o uso seguro de substâncias
para minimizar os riscos de infecções e overdose.

4. Distribuição de Lanches e Suprimentos:


Fornecimento diário de lanches saudáveis e água durante as atividades,
visando criar um ambiente acolhedor e solidário. A ideia é atrair e manter os
participantes engajados nas atividades propostas.

III – Resultados

A análise inicial dos dados revelou necessidades críticas na área de suporte


psicológico, apoio familiar e oportunidades para reintegração social. Muitos dos
participantes manifestaram interesse em apoio psicológico, demonstrando abertura
para mudar e buscar alternativas saudáveis. Outro ponto foi a falta de redes de
apoio, que evidenciou a necessidade de fortalecer vínculos comunitários. A partir
desses achados, desenvolvemos um plano de ação com foco em encaminhamentos
para serviços especializados e propostas de atividades de apoio, como oficinas de
autocuidado e programas de reintegração. Esse planejamento será ajustado e

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expandido conforme os resultados das próximas intervenções, mantendo um
acompanhamento contínuo para aprimorar a abordagem.

Caracterização do Perfil dos Participantes

Durante o mapeamento social, foi identificado que a maioria dos participantes são
jovens entre 20 e 30 anos, sendo 95% homens. Os dados apontam que 90% deles
começaram a usar crack após o uso inicial de maconha, e 85% também faziam uso
de álcool antes de progredir para o crack. As influências para o início do uso foram
variadas: 80% citaram o envolvimento de amigos, 15% mencionaram curiosidade, e
os demais relataram outros motivos. A predominância de participantes moradores do
Complexo da Maré também destaca o contexto comunitário desses usuários.

Situação Social e Vontades Expressas pelos Participantes

A maioria dos entrevistados (90%) é moradora de rua, o que evidencia a


vulnerabilidade e a falta de estabilidade em suas condições de vida. Além disso,
apenas 20% dos participantes contam com algum tipo de apoio familiar, reforçando
a necessidade de redes de apoio alternativas para suprir essa carência.

Entre os sonhos e aspirações relatados, observamos que 60% dos participantes


expressaram o desejo de voltar a estudar e buscar uma ocupação, e 20%
mencionaram a vontade de proporcionar felicidade e sustento para suas famílias.
Essas aspirações indicam uma motivação significativa para mudanças de vida e
uma oportunidade de reintegração social que o projeto pode explorar.

Conhecimento e Interesse sobre Programas de Redução de Danos

Foi identificado que a maioria dos participantes desconhecia as possibilidades de


apoio e redução de danos disponíveis. No entanto, quando informados sobre a
existência e o funcionamento desses programas, eles demonstraram interesse em
participar de oficinas e atividades de apoio psicológico. A abertura para programas
de redução de danos e oficinas de suporte psicológico reflete uma disposição para
mudanças positivas e a receptividade a intervenções que ofereçam alternativas ao
uso de substâncias.
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Observações Sobre a Distribuição de Alimentos e Aceitação dos Participantes

No momento da distribuição dos lanches, como pães, frutas e bebidas, foi observado
que muitos dos participantes pareciam estar com fome e apreciaram a refeição
oferecida, sugerindo que a alimentação básica pode ser um componente importante
em futuras interações. A receptividade positiva aos lanches distribuídos reforça a
necessidade de ações contínuas que combinem apoio social com assistência
nutricional, visando não apenas a saúde física, mas também uma melhora no bem-
estar geral. No final, foram distribuídos também preservativos, escovas de dente e
pasta de dente.

Relação entre Situação Familiar e Uso de Substâncias

Durante as entrevistas, observou-se que entre os participantes que contavam com


algum apoio familiar, o uso de substâncias mais pesadas, como o crack, foi iniciado
mais tardiamente, por volta dos 25 anos. Já entre os que não tinham qualquer apoio
familiar, a idade média de início no uso de substâncias foi de 18 anos, o que
demonstra uma correlação significativa entre a ausência de suporte emocional e
social e a vulnerabilidade ao uso precoce e abusivo de drogas.

Essa descoberta indica que o contexto familiar tem um papel protetor importante,
sugerindo que a criação de redes de apoio afetivo e comunitário pode ajudar a
retardar ou até evitar o contato com substâncias mais nocivas.

Saúde Mental e Condição Psicológica

Entre os participantes entrevistados, 20% relataram sintomas de depressão,


reconhecendo a necessidade de apoio psicológico para lidar com questões
emocionais complexas e o uso de substâncias. Esse dado ressalta a importância de
integrar o atendimento psicológico nas futuras ações de redução de danos,
considerando que o bem-estar mental é essencial para o sucesso de qualquer
programa de reintegração e redução de uso de substâncias.

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Referências:

Ministério da Saúde. (2013). Cadernos de Atenção Básica: Saúde Mental (Nº 34).

Nery, D. R., Souza, E. C., Santos, M. A. (2021). Políticas públicas e dependência


química no Brasil: desafios e avanços. *Ciência & Saúde Coletiva*, 26(4), 1520-
1530.

Pitta, A. M., Silva, G. F., Oliveira, M. P. (2020). Saúde mental e dependência


química: desafios para a atenção psicossocial. Ciência & Saúde Coletiva,
25(7), 2871-2878.

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