Resumo

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DEFININDO PSICOLOGIA SOCIAL

PSICOLOGIA SOCIAL ENQUANTO DISCIPLINA CIENTÍFICA

É uma área da psicologia que estuda a interação humana: as suas manifestações, causas, consequências e
processos psicológicos envolvidos nesta interação. Gordon Allport definiu Psicologia Social como “a investigação
científica de como os pensamentos, sentimentos e comportamentos dos indivíduos influenciam a presença real,
imaginada ou implicada dos outros.”

Investiga como os pensamentos, sentimentos e comportamentos dos indivíduos (ações, mas também o que
dizem) são influenciados pela presença real, imaginada ou implicada pelos outros (e.g. normas)

As conclusões sobre estados internos dão-se devido ao estudo de processos sociais e cognitivos relativamente
à perceção, influencias e relacionamentos com os outros.

Processos sociais: as formas como o input dos outros e dos grupos que nos rodeiam afetam os nossos
pensamentos, sentimentos e ações;

Processos cognitivos: as formas como as nossas memorias, perceções, pensamentos, emoções e


motivações influenciam a nossa compreensão do mundo e guiam as nossas ações.

Portanto ao haver interação Indivíduo-Outros, o mundo e os outros fornecem acontecimentos (inputs)


enquanto o individuo dá significado, interpretando e agindo sobre o mundo e outros. Neste sentido o humano não
reage à realidade, mas ao que perceciona da realidade.

!Não Há Uma Realidade Objetiva!

A psicologia social procura o comum nos indivíduos, relativamente aos pensamentos, comportamentos.

Típico/comum psicologia social tenta criar situações que permitam associar erro;

Único“erro” que foge do típico

A psicologia social tem uma abordagem científica, tendo métodos sistemáticos de investigação da realidade,
tendo por base o falsificacionismo (tentar comprovar o contrário para provar que está certo). “procura demonstrar o
conhecimento do senso comum que é contraditório e inconsciente”.

Assim, a psicologia social corresponde assim ao estudo científico de:

 Pensamento social- como percecionamos os outros e nos mesmo, no que acreditamos, os julgamentos
e as nossas atitudes;
 Influência social- cultura, pressões para o conformismo, persuasão e grupos de pessoas;
 Relações sociais- prejuízos, agressões, atração, intimidade e ajuda

AXIOMAS DA PSICOLOGIA SOCIAL

Os axiomas fundamenteis da psicologia social são hipóteses que sabemos ser verdade sobre o funcionamento da
mente humana.

1- Toda a realidade percebida é uma construção


 Cada pessoa tem uma visão diferente da realidade, esta é construída/influenciada através de
processo cognitivos – junta informação e infere sobre eles, tentando encontrar um ponto de coerência
entre estas – e processos sociais – permitem influenciar e ser influenciados pelo ponto de vista dos
outros.
 As interpretações individuais de uma situação, varia de pessoas para pessoas e varia de realidades. As
pessoas não têm a mesma experiência mesmo presenciando o mesmo momento, pois cada indivíduo
constrói a realidade de acordo com as suas crenças.
 O Homem só reage aquilo que perceciona/compreende.
2- O contexto social exerce uma influência constante sobre o individuo
 Tudo o que pensamos, sentimos, fazemos é influenciado virtualmente pelos outros, podendo ser
exercida de várias formas, sendo consciente (pressão social, televendas) ou pouco evidente e
inconsciente (manipulação subtil) que molda as nossas crenças sobre o mundo sem darmos conta.
 Contexto social é ativado externa ou internamente, consciente ou inconscientemente.
 Mesmo quando estamos sozinhos, não nos isolamos de toda a realidade social.

PRESSUPOSTOS MOTIVACIONAIS

Os indivíduos guiam-se por 3 motivos básicos na construção da sua realidade, enquanto influenciam e se deixa
influenciar:

1- Procura de “domínio/precisão” sobre o mundo


 O ser humano tenta sempre compreender e predizer o mundo social, de modo a obter recompensas
com isso (mesmo que internas – satisfação).
 Esta procura é importante na formação de opiniões e crenças sobre o mundo, que vão guiar para ações
efetivas e satisfatórias.

2- Procura de relação com os outros


 O ser humano procura valorização, apoio, amor, aceitação e pertença de pessoas e grupos de quem
gosta e valoriza.

3- Valorização do “eu” e do “meu”


 O ser humano tem tendência de se ver a si e aos que gosta de uma forma positiva.
 As nossas atitudes são corretas e tudo o que é bom passa a fazer parte de nós. Isto ajuda a
compreender o facto das pessoas terem experiências diferentes de um acontecimento.

4- Busca de consistência
 O ser humano evita estados de inconsistência, desequilíbrio sendo que este tem um caracter negativo e
que nos leva a sentir mau estar.
 Para evitar o mal-estar causado pela falta de consistência, o ser humano procura-a entre crenças,
perspetivas, visão do mundo a priori e até em situações atuais. Esta procura pode levar à alteração de
elementos para reduzir a inconsistência e originar enviesamentos na perceção, memória e
julgamentos.

PRINCÍPIOS DE PROCESSAMENTO

Princípios que orientam os processos sociais e cognitivos na construção de uma realidade, enquanto se influencia
e se é influenciado:

1. Conservacionismo
 Conhecimentos antigos são difíceis de alterar, sendo que o desenvolvimento é lento ou não chega
sequer a acontecer (e.g. primeiras impressões, estereótipos sobre grupos)
2. Acessibilidade
 Informação mais acessível é geralmente mais fácil de absorver e impactante nos nossos pensamentos
e comportamentos. (e.g. cena do filme Focus em que o nº 5 esteve acessível durante o dia inteiro para
manipulação da escolha do jogador com camisola 5)
3. Superficialidade vs. Profundidade
 Normalmente as pessoas costumam esforçar-se pouco a lidar com informação, mas as vezes estão
motivados com informação mais profunda. Assim, lidamos com informação de duas maneiras: com
superficialidade - menos esforço possível e aumentamos a canalização da informação caso preciso;
profundidade - com ajuda da motivação.
 procura de eficiência- todos os nossos processos são moldados pela nossa motivação e capacidade
cognitiva.
Por default, na compreensão de estímulos (pessoas e situações), usamos de regra simples, por exemplo,
heurísticas, TIPs, estereótipos. Sendo que também há custos da eficiência- enviesamentos na perceção, memória,
julgamentos de situações ou pessoas.

Quando motivados e com capacidade: formamos o conteúdo da informação, corrigimos primeiras inferências,
baseamos mais as nossas impressões e inferências em detalhes da situação e do outro.

Efeito primação (priming)- exposição a um estimulo influencia a resposta a um outro estimulo subsequente. a
Ativação de uma representação mental para aumentar sua acessibilidade e, portanto, a probabilidade de que ela seja
usada

NÍVEIS DE ANÁLISE

O que está subjacente ao comportamento social: níveis de análise/explicação

Perspetiva Nível de explicação O que está subjacente ao


comportamento?
Sociocultural Nível da cultura Forças culturais, classes sociais,
identidades socias
Evolucionismo Nível genético Predisposição genéticas; o que
promove a nossa sobrevivência e
reprodução.
Social Nível grupal e interpessoal Relações interpessoais, Relações
intra e intergrupais.
Cognição social Nível individual Como processamos informação
social e não social

Doise (1982) define 4 níveis de análise dos processos sociais, nos


quais se geram teorias em psicologia social.

Ao utilizar um dos níveis, não implica que os outros níveis não sejam
capazes de explicar o mesmo, tem a ver com a escolha do nível usado para
explicar determinado fenómeno.

Todos os níveis se relacionam e influenciam, bem como os processos


socais que podem ocorrer dentro de cada nível.

Ideológicos ou societal Comportamento explicado com base nos valores, ideologias, crenças e normas
partilhadas por membros de uma determinada cultura ou sociedade;
Intergrupal ou posicional Comportamento explicado pela diferente posição social dos sujeitos ou grupos,
com base em processos intra e inter grupos: relações de poder, discriminação,
dinâmica de grupos, etc.
Inter-individual e situacional Comportamento explicado pela dinâmica das relações interpessoais que, num
dado momento, influenciam indivíduos, numa determinada situação. Com base
nos processos ativados entre indivíduos como amizade, atração interpessoal,
reciprocidade, competição.
Intra-individual Comportamento explicado ao nível do individuo, com base em processos que se
passam dentro de um individuo: sua perceção; crenças; comportamentos; atitudes,
sentimentos.

Permite organizara perceção, avaliar o meio em que estamos inseridos e os


comportamentos que temos.

Psicologia Social Fundamental (Básica)

Visa desvendar os mecanismos subjacentes ao sentir, ao pensar e ao comportamento humano:

 Perceber como atitudes dos indivíduos se relacionam com as suas crenças;


 Perceber as emoções que sentimos na presença dos outros;
 Perceber como formamos impressões de outras pessoas.

Na maioria das vezes sem benefícios práticos imediatos.

Psicologia Social Aplicada

Procura a resolução de problemas específicos (e.g., mudança de hábitos de saúde, melhoria da aprendizagem
escolar; redução de conflitos);

Não se preocupa com a explicação dos processos psicológicos em si e tem uma abordagem técnica (“what
works?”)

Esta pode ser: ambiental, legal, desporto, educacional, politica, organizacional, saúde.

PERGUNTAS FOCO:

 O que é psicologia social e como ela se diferencia das outras disciplinas?


 O que é mais importante: personalidade ou situação?
 Como a psicologia comportamental e a Gestalt contríbuiram para o desenvolvimento do pensamento da
psicologia social?
 Quais são as diferenças entre a abordagem da autoestima e a da cognição social?
 Como a psicologia sociam pode ajudar a resolver problemas sociais?

PROCESSOS DE TOMADA DE DECISÃO

O que é uma tomada de decisão? Processo pelo qual uma pessoa, grupo ou organização identifica uma escolha a
efetuar, reúne e avalia a informação sobre as alternativas e selecionam uma entre diversas.

Teoria de decisão = escolha de alternativas

É um processo dinâmico que envolve:

1. Reconhecimento do Problema (não necessariamente consciente)


2. Procura de Informação (alternativas)
3. Avaliação das Possíveis Alternativas (julgamentos avaliativos)
4. Escolha de Regras de Decisão e Comparação de Alternativas (hábito, automatismo, aprendizagem anterior
ou monitorização pelo meio- ambiente, mas nunca uma decisão em sentido estrito)
5. Tomada de Decisão
6. Avaliação e Processos Pós-Decisão

Quando se age automaticamente não há tomada de decisão. Apenas quando se tem de escolher entre 2 ou mais
opções é que existe uma decisão.

Somos bons decisões? Não . Há características que alteram a nossa tomada de decisão

ABORDAGENS DE TOMADA DE DECISÃO

Teorias normativas: descrevem o comportamento do decisor ideal/ racional, como as decisões devem de ser
tomadas com génese em modelos matemáticos.

Teorias descritivas: descrevem e preveem o comportamento real dos decisores, como as pessoas de fato tomam
decisões.

Teorias prescritivas: descrevem estratégias de decisão contingenciais (com limites), que permitem aproximar o
desempenho humano do comportamento racional.

TEORIAS NORMATIVAS: DECISÃO IDEAL

Como devemos tomar uma decisão.

Decisão Racional Teorias Normativas  Modelos Económicos Tradicionais

É o modo ideal, superinteligente de tomada de decisão em que a escolha é igual à troca, relacionada então
com a escassez de recursos, custo e benefícios, à margem e autointeresse

Seguimos regras de lógica e probabilidade estatística em que definimos as estratégias para conseguirmos
tomar decisões. Diz também que estas regras são independentes do conteúdo e do contexto porque, de acordo com
o descrito, as nossas preferências reveladas no momento da decisão seriam consistentes e não existiriam indecisão,
incerteza ou conflito, mas sim uma clara identificação e ordenação de preferências.

Provindo da economia, as teorias descritivas dizem que uma decisão (escolha) envolve a uma troca. Esta
escolha é feita consoante todas as possibilidades existentes para qualquer situação, através de critérios como a
ponderação entre os custos e os benefícios dessa troca, a escassez de recursos, o peso do autointeresse e a margem, de
modo a maximizar os ganhos.

São também usados axiomas e princípios básicos reguladores.

Se fossemos racionais, fatores preferenciais seriam revelados no momento de decisão, seriam também
consistentes, sendo que não haveria lugar para indecisão ou incerteza, e fatores contextuais não afetariam a escolha.
Uma identificação e ordenação clara de preferências levam a uma boa decisão, pois esta decisão iria de acordo com
as alternativas disponíveis, havendo noção do balanço custo-benefício e seguindo o princípio da maximização do
ganho (valor, utilidade).

TEORIAS DESCRITIVAS E PRESCRITIVAS: DECISÃO REAL

Como tomamos uma decisão.

Desvio De Decisões Racionais  Teorias Descritivas e Prescritivas Abordagem Moderna

Através de teorias descritivas e prescritas em que a racionalidade é limitada, dá-se violação de princípios de
racionalidade, acontecem decisões satisfatórias e não ótimas. Estas teorias consideram que utilizamos atalhos
cognitivos, como as heurísticas, para que o processamento seja mais rápido e com menores esforços cognitivos. No
entanto, estas estratégias de decisão acabam por originar, muitas vezes, a indecisão, inconsistências, enviesamentos
e erros no julgamento de preferência de decisão. É por este e outros motivos que somos previsivelmente
irracionais.

É adaptativo, mas muito sujeitos a erros.

As nossas preferências são construídas no momento da decisão vão variar também com o contexto desviando-
se muitas vezes de decisões racionais. Por exemplo: sabemos que não devemos meter no telemóvel quando
conduzimos e na mesma se aparecer uma notificação olhamos para o telemóvel ou sabemos que fumar mata, mas há
pessoas que fumam na mesma. Ainda, a nossa necessidade de satisfação imediata também influencia a tomada de
decisão, por tendemos para tomar decisões que têm mais prazer a curto do que a longo prazo.

CONSTRANGIMENTOS, HEURÍSTICAS E ENVIESAMENTOS

Efeitos de Enquadramento

o Aversão às perdas – tendência de escolher a alternativa que se opõe à perda;


Uma perda é mais dolorosa que agradável do que um ganho da mesma magnitude.
o Aversão aos riscos – resistência à mudança quando deparamos com situações de ganhos.
Arriscamos só em caso de certeza de ganho.

Efeitos De Contexto

o Efeito de Compromisso- Tendência de preferir a opção intermédia em atributos igualmente importantes


(bebidas S M L, costuma-se escolher a M) . Uma alternativa tende a ganhar preferência quando se torna numa
meia opção no conjunto/grupo.
o Efeitos de Atração- Tendência de preferir uma opção mais próxima (pergunta as bolas centrais e das pipocas
em que numa situação de S ou L escolhem o S e quando há um S, M ou L as pessoas escolhem o L por ter
uma diferença de 0,5€)

Heurísticas

o Heurística da Representatividade – estratégia para julgar se o alvo pertence a uma certa categoria baseado
no quão representativo parece ser. Baseia-se na semelhança da descrição com os estereótipos.
Negligência de base rates - associação de características e detalhes a pessoas comuns (bibliotecário é retraído,
tranquilo, arrumado, procura ordem e estrutura e não gosta muito de falar com as pessoas) (bibliotecário vs
empresário)
Consequência da representatividade: falácia da conjunção- quando a conjunção de dois eventos é julgada
como mais provável de ocorrer do que seus eventos constituintes

o Heurística da Disponibilidade – julgamento de frequências de uma classe ou probabilidade de um evento


através da facilidade com que são recordados. Base na prontidão com que acedem a consciência dos sujeitos.
Correlação ilusórias- perceção de duas variáveis estarem correlacionadas quando na verdade não estão (a fila
de transito que estamos é a que anda menos) esta pode criar estereótipos e preconceitos facilmente (associação
de policias com donuts)

 Heurística da Ancoragem e Ajustamento – tendência de primeiro ancorarmos um valor e só depois


ajustarmos. Podemos dar diferentes respostas consoante a exposição de estímulos.
O primeiro estímulo apresentado vai funcionar como uma âncora, que é cognitivamente muito forte, no
exemplo de uma equação, se o primeiro número apresentado for baixo irá influenciar (no pensamento rápido-
heurístico) o resultado para um mais baixo do que se tivesse começado por um número alto.
Esta tem também outras implicações como o efeito de enquadramento, custo afundado, efeito de
procedimento... e acontece principalmente em negociações, atribuição de notas, sentenças judiciais

Portanto, o processo de tomada de decisão é frequentemente influenciado pelas características (contexto) da


decisão.

Um processamento racional conduz a uma melhor tomada de decisão (do pov normativo) não gerando erros e
enviesamentos, no entanto, uma tomada de decisão menos racional, portanto mais intuitiva, é muitas vezes vista como
mais adaptativa (sendo especialmente relevante em situações de ambiguidade e complexidade elevadas).
PRÁTICA 3- DILEMAS SOCIAIS

Garrett Hardin (1918-2003) originou o conceito do dilema social, em que os objetivos individuais ganham
perceção dos objetivos grupais, levando a uma perda de ambos.

Um dilema social é um conflito em que estão em jogo os nossos interesses e necessidades e os do coletivo em
que estamos inseridos (frequentemente também chamado efeito perverso).

Este é uma forma de interdependência em que a ação mais compensadora para cada individuo produzirá um
resultado negativo para todo o grupo se for escolhida por cada elemento. O interesse pessoal opõe-se aos do grupo
e vice-versa, dai a importância para o estudo dos comportamentos de ajuda e cooperação.

Por isso, o dilema social tem 3 conjunções:

 Do ponto de vista individual é mais racional competir, sendo que a rentabilidade destes
comportamentos é maior quando todos os outros cooperam;
o Os ganhos individuais, a curto prazo, são mais palpáveis e os grupais são menos visíveis. Sendo que
também está muito envolvido a desconfiança pelos nossos companheiros de grupo para um objetivo
grupal.

 Do ponto de vista coletivo é mais racional cooperar;

 Se todos competirem, todos perdem.

Dois tipos de dilemas sociais importantes:

 Recursos renováveis
 Bens públicos

Módulo de ética – como ensino de dilemas socais como ilustração, experiência de dilemas sociais com experiencias
destes em que há discussão de exemplos de problemas e de soluções com benefícios do grupo. Com o foco em duas
mensagens:

 Acções individuais afectam os outros, por vezes negativamente, consequentemente, vantagens individuais no
imediato podem levar a custos sociais no longo prazo;
 Comportamentos não-éticos são, em última análise, autodestrutivos, visto que podemos assumir que os outros
farão o mesmo.

A formação ética leva ao aumento de comportamentos cooperativos e de reciprocidade. Segundo os autores, isto
acontece devido à ilustração do conceito de dilemas sociais e à experiência das consequências de decisões pessoais
num contexto.

ATITUDES

CONCEITO DE ATITUDE

Atitude é um constructo hipotético referente à “tendência psicológica que é expressa através de uma avaliação
de uma certa entidade ou objeto num certo nível de acordo/desacordo”

Existem “Atitudes” no Senso Comum: temperamento; tomada de decisão; motivação, crenças, e percepções.

Constructo hipotético porque atitudes não são diretamente observáveis, tratando-se de uma inferência sobre
processos psicológicos internos (estáveis temporariamente, aprendidos e alteráveis) de um individuo a partir da análise
dos seus comportamentos e como este se “posiciona” quanto a um tópico.
As atitudes expressam-se através de um julgamento avaliativo que as diferenciam devido a 3 características:

o Direção- favorável ou desfavorável

o Intensidade- posições extremas ou posições fracas (atitudes com a mesma direção podem ter uma posição
mais radical do que outra). É muito difícil mudar crenças e opiniões muito extremadas.

o Acessibilidade- probabilidade de ser ativada automaticamente da memória perante o objeto atitudinal.


Relacionado com o modo como foi aprendido, se uma atitude estiver acessível, vai ser mais rapidamente
ativada.

A entidade ou objeto que faz ativar uma atitude, diverge em vários contextos podendo tomar a pose de pessoa
(atração interpessoal), social (políticas ou grupos sociais), organizacional (relacionados com empresas), ambiental
(problemas ambientais), próprio (auto-estima). Sendo que dentro destes contextos podemos ainda avaliar se a
entidade é concreta (específica) ou abstrata (abrangente).

Por exemplo, no contexto de pessoas a concreta seria o nome de uma pessoa real (e.g. Trump) enquanto a abstrata
seria falarmos de um conjunto de pessoas não específicos com alguma característica em comum (e.g. pessoas
mentirosas)

A formação de uma atitude desenvolve uma disposição individual ou tendência psicológica de resposta.

Relativamente á individual: nós temos uma “fronteira entre individual/social”, sendo que temos as nossas atitudes
individuais perante um assunto devido à influência social. As atitudes não existem isoladas, no vazio.

Relativamente à tendência: Quando esta se encontra estável, a atitude é estabelecida e armazenada na memória e
ativada quando o objeto estiver presente.

!A atitude não é necessariamente uma ação, pode ser um pensamento ou posição perante algo!

As medidas de atitude pode ser por exemplo um questionário de 0-10 de quanto a pessoa concorda/discorda, se
identifica/não identifica... isto pode não aceder às verdadeiras atitudes por serem facilmente influenciadas pelo social.

ESTRUTURA DAS ATITUDES (EAGLY & CHAIKEN, 1993)

3 modalidades de resposta avaliativas ou dimensões de expressão de atitudes:

 Cognitiva- declarações verbais de crenças, pensamentos, atributos associados ao objeto; e.g. serpentes
controlam a população roedores, as serpentes atacam tudo o que mexe.
 Afetiva- resposta do sistema simpático, declarações verbais de afeto, sentimentos e emoções perante o objeto.
E.g. tenho medo quando vejo uma serpente.
 Comportamental- ações e declarações verbais relativa a ações. Comportamentos passados/experiencias
relativas a um objeto altitudinal. E.g. sempre que vejo uma serpente fujo.

Modelo tripartido das atitudes (Rosenberg & Hovland, 1960)


Somos expostos a determinados estímulos (indivíduos, situações, grupos sociais, objetivos de atitudes) que vão
ativar uma atitude perante estes. Como a atitude tem as 3 dimensões (cognitiva, afetiva e comportamental)
anteriormente referidas estas correlacionam-se uma vez que se referem à mesma atitude, mas ao mesmo tempo são
componentes diferentes entre elas (podem ter valores diferentes e não são iguais umas das outras).

Os dados empíricos não são consistentes.

Novas abordagens

As 3 classes de antecedentes têm vias independentes da formação das atitudes. Portanto, não é necessário que
as 3 estejam representadas numa atitude, no entanto, quando presentes, exercem relações de sinergia (esforço
simultâneo) entre si, reforçando mutuamente.

A atitude é então um sumário avaliativo da informação derivada das 3 dimensões, o que leva a uma avaliação
que reflete o que sabemos, sentimos e como agimos em relação a um objeto atitudinal ou o resultado da recuperação
em memoria das associações relativas aos objetos atitudinais.

FUNÇÕES DAS ATITUDES (SMITH & MACKIE, 1999)

Para que servem as atitudes e porque as formamos?

1. Ajudam a controlar o ambiente- relacionar com o objeto atitudinal através de 2 formas:

o Função do Conhecimento- Gerir e simplificar o processamento da informação do mundo social. Orienta-


nos para características importantes do objeto para que consigamos lidar com ele eficientemente. Evita o
constante processamento de informação a partir do 0, pois não somos tabuas rasas. (e.g. ao termos uma
gelado de chocolate focamo-nos no positivo, o sabor, textura, e sabemos que vamos gostar, não nos
focamos em como o gelado pode diferir de marca para marca.)

o Função Instrumental- Avaliação de custo-benefício da atitude. Permite-nos maximizar as nossas


recompensas e evitar situações ou eventos indesejáveis. (E.g. o café ajuda-nos a ser mais ativos)

2. Ajudam-nos a definir o nosso verdadeiro self

o Função Expressiva- As atitudes são a nossa definição de nos próprios e dos grupos a que fazemos parte e
estas ajudam a adquirir ou reforçar ligações com os outros. Ao transmitirmos valores ou identidade
permite proteger-nos contra conflitos internos e externos e também a preservar a nossa autoimagem. Uma
ameaça a estas atitudes transforma-se numa ameaça ao self ou ao grupo.

Uma função não invalida a outra, estas podem se coexistir.

No entanto:

 Existem objetos altitudinais para os quais temos uma atitude associada fortemente a uma das funções (e.g.
consumo de café tem mais uma função de controlo do ambiente);
 O mesmo objeto pode estar associado às duas funções. E.g. atitudes em relação a uma marca de óculos de sol
por causa da qualidade do produto e ao mesmo tempo estar associada ao prestígio da marca.

Função Social: Atitudes em Relação a Grupos Socais

Por serem um posicionamento face a um objeto, as atitudes têm também o caracter social, nos processos de
apropriação das atitudes a nível individual como nas suas funções. Assim podemos brevemente dizer que o
desenvolvimento de atitudes positivas em relação a grupos sociais de pertença em comparação a outros grupos e que
as diferenciações intergrupais estão relacionadas podem ser consideradas funções de atitudes.

Função Cognitiva: Atitudes e Processamento da Informação – Função de Conhecimento


Modo como as atitudes influenciam o processamento de informação.

 Principio do equilíbrio (Heider)

O principio diz que a perceção do nosso meio pode ser representado em tríades que podem ser consideradas
equilibradas (1ª linha) – indivíduo percebe concordância (+ objeto) de posição em relação a alguém de quem que
gosta (+ pessoa) ou discordância (- objeto) em relação a alguém que não gosta (- objeto) – ou desequilibradas (2ª
linha)– discordância (- objeto) em relação a alguém de quem gosta (+ pessoa) ou concordância (+ objeto) em
relação a alguém de quem não gosta (- pessoas).

O estado de equilíbrio sugere uma harmonia entre entidades e os seus sentimentos ajustam-se sem tensão, sendo
estas mais estáveis e resistentes à mudança.

Pensar no exemplo: eu (p) gosto (+) ou não gosto (-) da Maria (o) ou da Joana (x). Só há uma relação harmoniosa
nos tríades de cima devido à relação de (o) e (x).

 Principio da Redução da Dissonância (Festinger)

Com o intuito de estudar a consistência interna de uma atitude, Festinger, postula que indivíduos têm necessidades
de encontrar consonância entre diversas cognições face ao mesmo objeto.

Aqui temos de ter em conta que com cognição nos referimos a pensamentos, atitudes, crenças e comportamentos
conscientes (E.g. 2 cognições: “sou atencioso”, “esqueci-me do aniversario da minha mãe”). E que dissonância é a
existência simultânea de cognições que não se ajustam entre si, ou até que se contrariam (E.g. “sou uma pessoa
atenciosa, mas esqueci-me do aniversário da minha mãe”).

Condições em que a inconsistência produz dissonância:


 Escolha livre  Consequências negativas
 Justificação insuficiente  Consequências previsíveis

Postulados:

 A inconsistência entre duas ou mais cognições é sentida como um estado de tensão psicologicamente
desagradável. Este estado dissonante constitui uma motivação, uma ativação do organismo no sentido da
redução ou da eliminação da dissonância.
 Quanto maior for a dissonância cognitiva, tanto maior é a tendência para a sua redução.

Redução da dissonância:

o Diminuir o número ou importância de argumentos dissonantes: se me esqueci do aniversario da minha


mãe posso me convencer de que não faz sentido festejar os anos, ou até convencer-me de que ela até agradece
por não se lembrarem de que está mais velha.
o Aumentar o numero ou importância de argumentos consonantes: se me esqueci do aniversário da minha
mãe mas pretendo manter a minha imagem atenciosa vou levar a minha mãe a jantar mais vezes e dou-lhe
mais prendas.
Função Orientação para a Ação: Atitudes e Comportamento (resumida na parte Relação da Atitude e do
Comportamento)

PRÁTICA: MENSURAÇÃO DE ATITUDES

Medidas diretas ou explicitas Técnicas de papel e lápis (escala de atitudes)


Psicofisiologia ou corporais (dimensão afetiva)
Medidas indiretas ou implícitas Comportamentais (dimensão comportamental)
Cogitivas (dimensão cognitiva)

Escala de Atitudes – Direta/Explicita

Princípios:

o É possível medir atitudes através de crenças, opiniões e avaliações de indivíduos acerca de um objeto;
o Autodescrição do posicionamento individual constitui a forma mais direta de acedermos a este conteúdo
cognitivo.

Alguns dos problemas:


o Sinceridade da resposta vs. auto-monitorização o Ponto médio
(e.g., investigador, desejabilidade social) o Ordem das questões
o Relevância da atitude para o indivíduo

Thurstone

Desvantagens: ordem não prática, metodologia e ordem cientifica não adequada (ordinal).

Likert

1. Elaboração das afirmações que manifestem uma posição favorável ou desfavorável, por parte do investigador
2. Pré-teste
3. Cotação das respostas (frases favoráveis concordo-5 discordo-1; frases desfavoráveis concordo-1 discordo-5)
4. Verificação geral da escala e seleção das afirmações
5. Aplicação da versão final
6. Cálculo do valor individual da atitude

Vantagens: construção mais económica e mais rápida

Guttman

Boneca Russa- ao aceitar um item aceita todos os itens de nível inferior

Osgood

Escala bipolar em torno de dimensoes avaliativa, potencia e atividade.

Vantagem: há apenas uma lista para medir qualquer atitude.

Medidas indiretas – psicofisiológicas

RGP – resposta galvânica da pele, atenta à mudança da condutividade eletrica da pele devido à atividade diferencial
das glândulas soporíferas, controladas pelo SNS
Medidas indiretas- comportamentais

Ou medidas não obstrutivas, recorrem a observação (despercebido ao alvo) de comportamentos que revelam atitudes.

Medidas indiretas- cognitivas

IAT- associação entre dois conceitos alvo com avaliações positivas vs negativas, comparando resultados (mais
positivo/negativo entre grupos). Baseia-se na associação de um conceito a uma avaliação tendo em contro o tempo de
realização da tarefa.

Técnicas projetivas- através da interpretação de material e acrescentando informação nova nos mesmos.

Enviesamento linguístico- informação de grau abstrato da linguagem para descrever comportamentos positivos e
negativos

Priming afetivo- ativação de uma atitude tem implicações nas respostas posteriores, e que através destas respostas é
possível inferir as atitudes das pessoas

FORMAÇÃO DE ATITUDES

A formação de atitudes vai seguir da nova abordagem da estrutura das atitudes.

Consistência- em que formamos atitudes consistentes com o que sabemos, sentimos e experienciamos.

Portanto, temos atitudes que vão de acordo com o sentimento das consequências ou da posição fixa que temos
sobre elas ou com as suas consequências. Se uma atitude tiver valor negativo, toda a sua informação vai ser negativa e
vice-versa.

Se as atitudes não tiverem consistência (e.g. fumar) temos diferentes valores entre informação cognitiva (-
porque faz mal), afetiva (+ faz me sentir mais calma) e comportamental (+ porque fumo). Estas atitudes vão ser
ambíguas, com um valor total “mais ou menos”.

A formação de atitudes com base em informação inconsistente, favorável e desfavorável, é determinada pela
informação mais acessível (a que vem à nossa cabeça com facilidade e prende a atenção ou se destaca). A formação
de atitudes nestas condições não resulta em atitudes “mais ou menos”.

Acessibilidade- a informação acessível, a que prende a atenção é a que determina as atitudes. Podemos formar
atitudes diferentes se antes estivermos expostos a informação diferente.

Nem sempre ativamos as informações que temos a cerca de um tópico na formação de uma atitude.
 Para formar uma atitude, as pessoas combinam as partes importantes, salientes e acessíveis de informação
cognitiva, afetiva e comportamental positiva e negativa que adquirem sobre um objeto atitudinal.
 Essa combinação determina a direção e intensidade da atitude em relação ao objeto e pode produzir atitudes
fortes ou atitudes ambivalentes.

RELAÇÃO DA ATITUDE COM O COMPORTAMENTO

As atitudes predizem o comportamento mas os comportamentos têm impacto nas atitudes que vão
influenciar outros comportamentos. Portanto ambos se influenciam mutuamente. As atitudes podem também ser
influenciadas por outras variáveis sem ser os comportamentos.

Comportamento  Atitude

Teoria da Autoperceção – Bem (1967, 1972)

Os indivíduos avaliam os seus comportamentos e inferem as suas atitudes. Podemos aprender sobre nós
próprios através da observação dos nossos comportamentos. E.g. eu posso me afastar de pessoas que fumam, por não
gostar do cheiro e , por isso, afastar-me da pessoa em si por não estar tanto tempo com ela.

Os indivíduos avaliam os comportamentos dos outros e inferem as atitudes dos outros. E.g. por outras pessoas
se afastarem de mim quando fumo eu evito fumar até deixar de o fazer de todo.

Em ocasiões de motivação intrínseca no decorrer da tarefa, conseguimos inferir mais facilmente as nossas atitudes
do que em situações de motivação extrínseca (o mesmo referente à atitude dos outros)

Portanto as atitudes são definidas como constructos hipotéticos acedidos por processos de inferência.

Atitude  Comportamento

LaPiere, 1934

Estudo clássico baseado no estereotipo de atitudes de americanos. Em que o investigador, acompanhado de


um casal de chineses, perguntava a vários hotéis e restaurantes se aceitavam chineses, noutro caso, o investigador
mandava cartas a perguntar se aceitavam chineses no estabelecimento. Na primeira situação (comportamento),
apenas 1 local recusou a entrada do casal, no entanto, na segunda situação (atitude) 92% referiram que não iriam
aceitar os chineses.

As pessoas mostram-se mais tolerantes à manifestação do comportamento, no entanto, expressam uma


intolerância a nível atitudinal.

Com isto vemos que as atitudes podem, por vezes, guiar o comportamento.

Atitudes ≠ Comportamento

Este estudo levantou muitas questões e originou linhas de investigação que abordam modelos preditivos,
métodos e medidas.

Estudam a orientação da nossa parte no sendo de


controlo da atitude:

 Modelo de ação refletiva (Fishbein & Azjen,


1975)

A atitude prediz o comportamento via


(mediado por) intenção.
A pessoa tem de ter uma crença e avaliação dos resultados esperados na formação de uma atitude (face ao
comportamento) que forma uma intenção.

Ao mesmo tempo a pessoa pode ter a crença se deve ou não agir (avaliação) e motivação para seguir um
pensamento sobre o comportamento, que vai também formar uma intenção.

Esta intenção influencia o comportamento a ter.

Portanto este modelo vê a atitude como um dos preditores do comportamento, sendo que a norma subjetiva –
perceção que o individuo tem acerca da forma como os outros pretendem que ele aja (crença+motivação) – vai ser
mais ou menos peso que a atitude – posição favorável ou desfavorável face ao desempenho do comportamento
(crença+avaliação) – na determinação de uma intenção que vai levar ao comportamento final

E.g. do covid, nos sabemos que devemos manter a distância de segurança para nossa proteção, então vou manter
essa distancia porque tenho uma avaliação negativa face ao vírus e não o quero contrair.

 Modelo de comportamento planeado (Azjen, 1987)

Pega no modelo anterior e acrescenta um controlo


sobre a intenção. Correspondente à dificuldade percebida
na realização de um comportamento.

É fácil evitar alguns encontros por um período das


nossas vidas, MAS temos vontade de estar com as
pessoas.

Estes modelos tem algumas insuficiências:

1. Apenas pode ser aplicado em situações nas quais conseguimos ter controlo
2. Não contempla o poder preditivo do comportamento anterior em relação ao qual estamos a tentar predizer
(impacto do consumo de drogas na previsão do mesmo tipo de comportamentos)
3. O modelo prevê que consiga explicar 25% a 30% do comportamento

Na junção destes 2 modelos as atitudes predizem o comportamento indiretamente. Via intenção comportamental,
em que a atitude prediz a intenção comportamental, que por sua vez prediz o comportamento.

Modelos que estudam a orientação do comportamento é feita através de processos automáticos:

 MODE (motivation & Opportunity as DEterminants)


É ativada uma atitude (atitude negativa ou positiva) acessível quando objeto atitudinal é exposto, que vai passar
por uma perceção seletiva, imediata do objeto, focada em informação congruente do objeto, e também pela definição
do acontecimento, de forma a que aumente a probabilidade do comportamento ocorrer.

A definição de acontecimentos vai também influenciar a definição do acontecimento e por sua vez o
comportamento. A definição de acontecimento (e.g. perigo) vai influenciar a definição do acontecimento (e.g.
características)

Concluímos então que tanto a atitude pode influenciar o comportamento como o comportamento pode
influenciar a atitude.

PERSUASÃO E MUDANÇA DE ATITUDES

Podemos definir a persuasão como um processo que visa convencer pessoas a mudar as suas atitudes, crenças
ou comportamentos através da transmissão de mensagens. A persuasão engloba um contexto em que uma fonte
transmite uma informação sob a formação de argumentos (mais ou menos explícitos, verbais ou não verbais), com
intenção de mudar a atitude de um alvo num determinado sentido.

Para existir mudança de atitude tem de existir aceitação privada da nova atitude (contrário de dizer que sim
para o outro parar a persuasão)

o Abordagens clássicas (e.g. modelo de comunicação persuasiva)


o Abordagens atuais (e.g. modelo da probabilidade de elaboração)

ABORDAGENS CLÁSSICAS- MODELO DE COMUNICAÇÃO PERSUASIVA

Os desenvolvimentos da abordagem da Escola de Yale foram postos em causa. No entanto, os pressupostos


desta abordagem ainda têm um papel muito significativo; dá contexto persuasivo e das variáveis associadas que
influenciam os subprocessos da persuasão.

Com o objetivo de tornar campanhas de comunicação eficazes, estudam as condições que fazem alterar as atitudes
e opiniões de uma audiência passiva, sendo este processo unidirecional.

Praticamente este modelo propõe a persuasão através de várias etapas sequências (o término de uma etapa não
implica que a seguinte seja iniciada), em que a fonte ou mensagem estimulam o recetor a mudar. Sendo que nestas
etapas se incluem: atenção, compreensão, aprendizagem, aceitação da mensagem.

A primeira etapa seria a atenção, para que seja recebida a mensagem, depois a compreensão da mesma, a
aprendizagem da mensagem e a aceitação desta para que a atitude seja alterada.

O sujeito tem então um papel ativo no processo. Sendo que só há sucesso da mensagem se houver uma atenção
aos argumentos produzidos pelos pensamentos do recetor e da direção destes. A persuasão ocorre quando o recetor é
levado a produzir uma proporção superior de argumentos favoráveis, caso ocorra o oposto (argumentos
desfavoráveis), dá-se um efeito de boomerang em que a atitude vai na direção oposta à suposta.
1. Fonte – Variáveis estudadas: credibilidade da fonte; atratividade (física ou agradabilidade); uma ou mais
fontes; semelhança com o recetor; intenção de persuadir; poder/status.
2. Mensagem – Variáveis estudadas: apelo ao medo pode ter relação não direta, compreensibilidade, tamanho da
mensagem, a mensagem retirada vs. Não retira conclusões
3. Canal – Canal específico (e.g. pessoal, digital); atributos dos canais
4. Recipiente – Alvo da persuasão: estado emocional; inteligência; auto-estima; género; conhecimento sobre o
tema.
5. Contexto – Hetero (fonte e alvo são pessoas diferentes) vs. Auto-persuasão (com base no discurso interno que
temos)

ABORDAGEM ATUAL: MODELO DA PROBABILIDADE DE ELABORAÇÃO (ELM)

Os estudos clássicos assumiam o recetor da mensagem enquanto ser racional. No entanto, nem sempre as pessoas
têm capacidade ou motivação para processar a informação que recebem. Este modelo faz parte de teorias de
processamento dual por defenderem que o tratamento de informação persuasiva é feito por dois modos distintos.

Assim, existem 2 vias de persuasão:

o Via Central
o Processamento atento de toda a informação relevante;
o Quando existe elevada capacidade e elevada para processar;
o Ênfase em aspetos do conteúdo: força e qualidade dos argumentos.
o Via Periférica
o Presta pouca atenção à informação e recorre a atalhos cognitivos;
o Quando existe baixa capacidade ou motivacional para processar;
o Ênfase em aspetos situacionais: regras simples de decisão; informação superficial.

Este modelo advoga que a mudança de atitudes pode ocorrer ou através da via central ou da via periférica,
dependendo da: " Capacidade para elaborar”(elaborar = gerar reações favoráveis ou desfavoráveis ao conteúdo
persuasivo).

Quanto maior a probabilidade de elaboração, maior será o impacto dos processos da via central e menor da via
periférica.

Postulados:

1. As pessoas estão motivadas para ter atitudes corretas- se nos convencerem que o seu argumento é melhor
que o nosso, tendemos a mudar a nossa opinião.

2. Fatores individuais e situacionais- influenciam a natureza do processamento da informação relevante que o


indivíduo está disposto (motivação) ou é capaz (capacidade) de processar.

3. Variáveis intervenientes podem ter diferentes papeis (e.g. atratividade pode servir como argumento para
validar uma mensagem, ou para chamar a atenção)
a. Argumentos persuasivos (se estiver a elaborar).
b. Pistas periféricas (se estiver a elaborar pouco).
c. Moderadoras da probabilidade de elaboração – aumentando ou diminuindo a motivação para
elaborar.
4. (V e VI) As variáveis individuais e situacionais que afetam a capacidade ou motivação para elaborar
podem influir na avaliação do mérito da posição defendida/informação na mensagem, influenciando a via
pela qual é pressuposto ocorrer a mudança

5. Persuasão por via central é mais persistente, preditiva de comportamentos e mais resistente a
contrapersuasão

Críticas ao modelo:

Modelo descritivo- “Não explica, apenas descreve, porque certos argumentos são fortes ou fracos, porque é que
certas variáveis servem de pistas ou porque é que certas variáveis afetam o processamento” (Petty & Cacioppo, 1986,
p. 192).

Modelo assume que as duas vias são mutuamente exclusivas- Assume que quando se segue uma via (e.g.,
central), assume-me também que as pistas periféricas não influenciam....

No entanto, o modelo tem muita relevância e continua a dar origem a investigação sobre as condições em que a
persuasão ocorre.

FORMAÇÃO DE IMPRESSÕES

Somos psicólogos intuitivos: percebemos o outro formando uma impressão e avaliando a sua personalidade.

No entanto, este processo é complexo pois as pessoas são inconsistentes nas suas crenças, atitudes e
comportamentos tanto no tempo, como no contexto em que se encontram. Então, é necessário a operação de processos
cognitivos complexos de modo a organizar, combinar e integrar toda a informação sobre o alvo, num todo unificado e
coerente.

A psicologia social coloca então questões como: como o fazemos? O que fazemos? Quando o fazemos? E com
que qualidade?

Como ser um BOM avaliador de Personalidade? (Acuidade dos julgamentos)

Abordagem aos “bons juízes de personalidade” (Bruner & Tagiri, 1954)

Um bom juiz de personalidade seria alguém melhor que os outros a identificar valores, motivos e preferências
distintivas de outra pessoa com base em informação limitada.
Este estudo é útil para a seleção e treino de peritos e profissionais com ocupação de estabelecer e gerir relações
interpessoais ou até validar testes de personalidade.

Características para uma melhor avaliação:

 Grau de semelhança entre o juiz e o alvo


Notcutt e Silva (1951), verificam que não se verifica diferenças de precisão nos julgamentos dos homens
como juízes e mulher como alvo e vice-versa. Mais importante ainda, quanto maior é a diferença entre as
auto-avaliações de juiz e alvo, maior o erro nos julgamentos. Podendo este ser resultado de uma projeção, em
que percecionamos a existência de semelhanças entre uma pessoa (alvo) e nos próprios (juiz) atribuindo as
nossas caracteristicas aos alvos.

 Relação entre o juiz e o alvo


 Confiança que o juiz mostra no seu próprio julgamento
 Ausência de uma impressão prévia
 Ausência de impressões prévias (de modo a não influenciar)
 Abertura de espirito
 Motivação do juiz
 Autoperceção do juíz

Erros comuns de julgamentos:

 Efeito de halo (Thorndike, 1920)- avaliar o alvo em termos mais gerais positivos ou negativos (se tivermos
uma pessoa simpática achamos que todas as características são positivas)
 Erros lógicos (Guildford, 1936)- cria-se uma lógica de correlação entre características. Inferência de um
atributo a partir de outro, sendo que estes não são necessariamente relacionados
 Efeitos de leniência (Bruner & Tagiuri, 1954)- favorecer os traços positivos e desvaloriza os negativos

Características de personalidade do juiz:

 Inteligência;  Sensibilidade estética;


 Experiência no tipo de julgamento;  Ajustamento social.
 Complexidade da sua personalidade;
 Afastamento emocional;

Estas características e erros comuns levam a resultados inconsistentes de juiz para juiz.
Conclusão: Esta não parecer ser a melhor estratégia para sermos o mais fiáveis possíveis no julgamento e
formação de impressões sobre alguém. Pois pode haver variabilidade de julgamentos não são so um conjunto de
competências de julgamento mas também um conjunto de enviesamentos de julgamento ao qual os juízes estão
sujeitos.

Como formamos impressões? (processo subjacente aos julgamentos, independentemente da acuidade)


Como percebemos e organizamos informação (Asch, 1952)
Para Asch, a principal preocupação do estudo da formação de impressões seria compreender como é que
diferentes peças de informação se organizam, na tentativa de formar uma impressão unificada de uma pessoa. Sendo
que para este autor, uma impressão de personalidade é uma unidade organizada que seria mais do que a simples
coleção dos seus atributos independentes e não relacionados.
Psicologia Gestalt- recebemos determinada informação do outro e organizamos essa informação
uma impressão de personalidade:

 É uma unidade organizada e integrada, sendo mais do que a simples coleção de atributos independentes e não
relacionados  atributos interagem entre si oara formar um todo.

Esta engloba Pressupostos de Gestalt em que:


“O todo não é igual à soma das partes”. Nem todas as partes são igualmente importantes na definição do todo:

 A Gestalt é definida por traços centrais e periféricos. A mudança de um traço pode mudar a polaridade do
todo.
Centralidade dos traços frio e caloroso são traços centrais por influenciar a polaridade de uma impressão
numa lista de características iguais. Portanto, impressões de um alvo com o traço caloroso cria uma impressão
positiva enquanto com o traço frio cria uma impressão negativa. Sendo estes (não aplicável a qualquer traço)
mais influenciáveis que os traços periféricos. Estes traços são também bons representantes da dimensão social
(ver mais a frente).
Periferia dos traços estes servem de foco orientador, divergindo dos centrais por serem mais discretos. Por
exemplo, invés de se utilizar traços centrais como caloroso e frio, substituir por educado e rude.

“o significado que tomam depende do conjunto em que está”. O significado das partes depende do todo:

 A informação sobre um traço específico é influenciada: efeito primazia


Efeito primazia quando os primeiros atributos apresentados dão direção ao resto da impressão. Se este
primeiro traço for positivo há maior tendência de a impressão geral ser positiva e vice-versa.
Este efeito mostra que diferentes itens acerca de um alvo não contribuem para um significado único e
independente.
 Na interação de elementos que formam a impressão, o significado destes é mais determinado pelo contexto da
restante informação conhecida acerca da pessoa, do que pela sua natureza intrínseca: mudança de
significado.

Em síntese, é fundamental que a informação que vamos obtendo acerca da sua personalidade vá sendo organizada,
na formação de uma impressão relativamente à personalidade de com quem interagimos. Pois, na presença de vários
traços de personalidade de determinado individuo, o percepiente é capaz de formar impressões unitárias onde vários
elementos estabelecem uma relação entre si.

Paradigma de Asch (1946)


Para mostrar a natureza organizada das impressões, Asch realizou experiências em que fornecia aos participantes
uma lista de traços de personalidade e pedia-lhes para imaginar que esses traços descreviam a personalidade de uma
pessoa. Estes participantes tinham então a tarefa de 1) escrever uma breve descrição da sua impressão sobre o alvo; 2)
ordenar uma lista de traços de acordo com a sua importância para a impressão desenvolvida; 3) escolherem, de uma
lista de pares de atributos opostos, aqueles que melhor descreviam o alvo.
Com isto, Asch determinou a influência de vários efeitos (centralidade e primazia) nas impressões formadas
pelos participantes e testar os seus pressupostos.
Seguindo agora um “lado mais cognitivo das impressões que formamos sobre outras pessoas”, sabe-se que a
formação uma impressão implica um processo orientado pelos dados (bottom-up) quando se utiliza traços disponíveis.
Por outro lado, a presença de um processo guiado conceptualmente (top-down) quando se assume que o percepiente
social organiza e interpreta os traços numa estrutura cognitiva mais abrangente para formar a impressão.

Teorias implícitas da personalidade (TIP)


As pessoas “sabem mais do que aquilo que está disponível pela observação dos atos ou outra informação que
dispõem acerca de uma pessoa”, o que reflete a existência prévia de teorias implícitas da personalidade (TIP).
Teorias ingénuas sobre a personalidade dos outros, incluem as crenças gerias sobre a frequência e variabilidade
dos traços de personalidade numa população e da sua correlação. Uma TIP é então um conjunto de pressupostos
acerca das relações entre relações entre traços de personalidade, o que ajuda a prever que se uma pessoa possui
determinado traço, então terá também vários traços relacionados com esse.
Embora a experiência individual de cada pessoa influencie a existência de TIPs, as pessoas partilham teorias
gerais de personalidade relativamente comuns. Como prova, existem imprecisões consensuais na perceção de uma
pessoa que refletem, a existência de crenças ou teorias de personalidade partilhadas que guiam a nossa perceção sobre
outros.
Geralmente, partimos de um mapa mental predefinido que nos permite inferir mais alguns traços em alvos dos
que já conhecemos. As TIPs fundamentam-se assim num princípio geral de consistência avaliativa, em que, na
presença de um determinado traço, outros traços da mesma valência tendem a ser inferidos e de excluir outos de
valência oposta  fundamentado pelo princípio geral de consistência avaliativa (Heider, 1946).
Isto significa que na presença de traços positivos, temos tendência a inferir outro traço também positivo e em
traços negativos, inferir outros traços negativos.
As TIPs fundamentam-se num principio geral de consistência avaliativa de Heider, em que não presença de um
determinado traço, outros tender a ser inferidos
Para estudar a organização das impressões: Trait Sorting Task (Rosenberg, Nelson e Vivekananthan, 1968)
Para explicar como é que uma variedade de traços se relaciona entre si, e como é que o percepiente social
fundamenta as suas Tips, os autores apresentam uma conceção bidimensional da estrutura das TIPs:
 Big two
As duas dimensões independentes ramificam-se em duas facetas cada:
o Dimensão social/interpessoal  traços relevantes para atividades sociais (amigável, feliz, social,
popular, caloroso... vs os seus inversos) que se ramifica em warmth e morality
o Dimensão intelectual  traços relevantes para atividades intelectuais (determinado, persistente,
cientifico, inteligente ... vs os seus inversos) que se ramifica em competências e assertividade

Esta descoberta pode ainda ajudar a explicar erros de julgamento (efeito halo, erros lógicos...)
Um traço é central quando se encontra no extremo de uma dimensão (ver imagem)

Abordagem da integração de informação (Algébrica) – Norman Anderson


Esta é uma perspetiva teórica alternativa à Gestalt, que defende que a formação de uma impressão é avaliar
características do alvo como positivas ou negativas e julgamentos sociais baseiam-se na acumulação de vários
itens de informação de natureza diversas. Agora, como é que se retira o valor de cada informação e como é que
estas se combinam?
Nesta abordagem o valor de cada traço é constante e ponderado. E são integrados para o julgamento global por:

 Modelos de soma- a avaliação global da personalidade de alguém é obtida pela soma dos valores de traços
independentes.
 Modelos de média- em vez de se somar diferentes itens de informação, realiza-se a média das avaliações de
cada traço individual da pessoa.

Modelo Algébrico de Anderson


S valor do item numa dimensão de julgamento (posição de um item dentro de uma escala numérica (e.g. -5
a 5))
I ponderação (importância psicológica do item para a
impressão final)

R resposta

“S” e “I” dependem da dimensão do julgamento e do


individuo: o mesmo item pode ter diferentes valores e
importâncias consoante as dimensões a serem julgadas ou
os indivíduos na mesma dimensão. (e.g. num julgamento
acerca da sociabilidade de um alvo, “simpatia” e
“extroversão” vão ser mais relevante, do que num julgamento com dimensão de inteligência, perdendo a sua
relevância)

Soma :
F muito favorável; M+ moderadamente favorável; M– moderadamente desfavorável; Dmuito
desfavorável
Média :
P muito positiva; N muito negativa; M+ medianamente positivas; M–  medianamente negativas
Abordagem da Cognição Social e Formação de Impressões
Esta abordagem valoriza o modo como pensamos e processamos a informação acerca dos outros. Estudando
questões envolvidas nos processos cognitivos de perceção e julgamento de estímulos sociais, desenvolvendo
um modelo de memória de pessoas: quando formamos uma impressão acerca da personalidade de alguém, o
esforço de integração da informação uma impressão coerente leva a que se desenvolva uma rede complexa de
associações entre essas informações conhecidas.
Abordagem de Memória de Pessoas:

1- Perceção da informação disponível acerca dos outros que recorre a atenção seletiva quando temos muita
informação junta. Esta é fortemente determinada pelas características do estímulo (bottom-up) mas também
pela influencia dos conhecimentos prévios (top-down). Muitas vezes o percepiente pode ir para alem da
informação dada usando inferências e interpretações.
2- Codificação através de estruturas cognitivas do percepiente, utilizando mecanismos de codificação
(elaboração e organização) que convertem a informação percetiva em estruturas simbólicas, com significado.
O que permite ao percepiente completar ou inferir também a informação dada.
3- Representação cognitiva da informação em memória, que pode diferenciar esta da real.
4- Recuperação

Então para se formar uma impressão, cria-se uma representação cognitiva do alvo. Sendo esta impressão
“uma representação cognitiva organizada que o percepiente tem acerca de outra pessoa” (Hamilton et al.,
1980).

Comportamentos organizados por traços (Hamilton, Katz, & Leirer, 1980)


Quando fazemos julgamento de um alvo, observamos os seus comportamentos e características físicas,
sendo que a nível de personalidade utilizamos os traços. Os comportamentos estão associados a traços e estes
associados à pessoa e representam a sua personalidade. Portanto, não descrevemos comportamentos, mas
sim traços sobre as pessoas. (Allport & Odbert, 1936).
Pressupostos:

 Percipientes organizam diversos itens de informação numa impressão coerente que levam ao desenvolvimento
de associações entre estes;
 Esta tendência de formar uma rede associativa de memoria tem reflexos na recordação da informação.

Pegando na representação mnésica de uma pessoa, que resulta da junção dos falados traços e
comportamentos, Hamilton e colaboradores realizaram um estudo que visava comparar a formação de
impressões com testes de memória. Este teve como resultados que os participantes recordaram mais itens ao
serem instruídos que a informação servia para a formação de uma impressão, comparativamente a
participantes que foram instruídos que a informação seria útil para o teste de memória. Estes resultados são
uma forte evidencia de que processos de organização cognitiva, subjacente à formação de impressões,
promovem o estabelecimento de uma estrutura de associação coerente, que facilita a recordação.

Praticamente a nossa mente organiza características observadas de alguém e codifica-a em torno de um


traço que já temos como conhecido, como uma rede associativa que vai criando relações entre os conteúdos.
Estas características podem estar ligadas verticalmente, sendo que fica diretamente relacionado com o
traço/pessoa, mas também na horizontal, ligando comportamentos entre si (ligações intercomportamentais)
como uma tentativa de integrar de forma coerente vários episódios comportamentais, que resulta na
associação de comportamentos incongruentes.

 Episódios congruentes- comportamentos refletem o traço associado à pessoa;


o Efeito de congruência (efeito de predição) – estes têm mais peso na representação de uma pessoa e
dão origem aos traços, mas, não vão ser os mais lembrados. As expectativas que temos em relação a
uma pessoa é que esta exiba o comportamento congruente com o traço, sendo que a exibição de um
comportamento que nega o traço não tem capacidade imediata de mudar a nossa impressão da pessoa.
 Episódios Incongruentes- comportamento põe em causa o traço;
o Efeito de Incongruência (efeito de memória) – estes vão ter melhor lembrados, sendo que os itens
incongruentes vão ser um desafio às nossas impressões e temos de os “resolver”/perceber melhor.
Estes têm uma maior elaboração sobre causas do comportamento (ativação racional causal) e mais
ligações associativas que se formam entre comportamentos incongruentes com outros associados à
impressão.

Nesta rede de associação, nota-se que comportamentos incongruentes podem estar ligados tanto a outros
comportamentos incongruentes, como a congruentes. No entanto, comportamentos congruentes não se ligam
entre si, sendo que estes mantêm uma relação estável com o traço sem terem outros comportamentos
interfiram nessa impressão.

INFERÊNCIA DE TRAÇOS

Percebemos os outros criando representações mentais que têm por base o traço. Portanto, observamos
comportamentos e aparências físicas.
Inferimos traços por um comportamento não ter significado por si só, este tem de ser interpretado de acordo com
os nossos conhecimentos prévios sobre pessoas, comportamentos, traços e situações. Com conhecimento prévio
referimo-nos a simples heurísticas/pistas, teorias implícitas de personalidade e categorias socias/estereótipos.
Portanto:
 Inferimos traços a partir dos comportamentos de cada pessoa
 Observamos comportamentos e inferimos disposições (características nas pessoas que permitem justificar os
seus comportamentos)
 A formação de uma impressão pode ser feita através de (observações que fazemos):
o Aparência física – registamos na memória da pessoa traços
o Comportamentos – registamos na memória da pessoa traços
A inferência de traços num processo cognitivo:

 Não implica personalismo (intenção);


 Não implica desatenção a fatores situacionais;
 É um processo rápido, as respostas parecem estar acessíveis;
 Ocorre espontaneamente;
 É um processo que antecede a atribuição causal
o Sendo que esta pode envolver processos de correção situacional

Atribuição causal
Enquanto processo cognitivo, é constituída por dois subprocessos que ocorrem sucessivamente no
tempo:

 Inferência Disposicional a Partir do Comportamento Observado - Numa primeira fase realizamos inferências
correspondentes independentemente da causa percebida do comportamento ser a pessoa (ator do comportamento)
ou a situação (em que o comportamento ocorre).
Exemplo - O João pisou a namorada a dançar - imediatamente se infere o traço “desajeitado”.
 Ajustamento da Inferência Realizada em Função do Contexto ou da Situação em que o Comportamento
ocorre, numa segunda fase, o individuo ajusta estas inferências de traço iniciais levando em conta as pressões
situacionais que possam ter facilitado ou inibido o comportamento. |
Exemplo - Depois de inferir que o João é desajeitado ajustam esta inferência com informação situacional (“mas
afinal foi empurrado o que quer dizer que não é assim tão desajeitado”).
A proposta de atribuição causal é completamente oposta à das teorias clássicas que defendem a
primazia da atribuição causal à situação ou à pessoa eventualmente seguida pela realização de inferências
mais específicas como a inferência de certos traços de personalidade. Isto significa que as pessoas procuram
compreender o mundo social que as rodeia através da identificação das causas (situacionais ou disposicionais)
e só depois realizam inferências mais específicas (e.g. intenções ou disposições). A visão clássica defende de
que só se realizam inferências correspondentes se houver previamente uma atribuição causal do
comportamento ao ator foi claramente refutada.

Inferências Espontâneas de Traços (IETs)


Inferência de um traço de personalidade acerca de um ator, a partir da observação do seu comportamento (verbais
e não-verbais), aparência física e regista, sem que haja o objetivo de formar uma impressão, na memória, os traços.
 Existe evidencia de acordo entre juízes na avaliação de traços associados a comportamentos verbais e não
verbais (Ambady & Rosenthal, 1993); Os comportamentos fornecem informação que é interpretada de
forma consistente;
 Existe evidencia de que as avaliações de traços de personalidade evocadas com base na observação de
comportamentos é rápida e sem esforço (Winter & Ulmna, 1084; Ambady & Rosenthal, 1993);
É um processo espontâneo, porque:

 Sem intenção para formar impressões ou inferir traços;


 Sem consciência de que o fazemos.

Paradigma de Recordação com Pistas


Winter e Uleman adaptam o Principio Da Codificação Especifica (Tulving & Thompson, 1973),
para testar hipóteses das inferências espontâneas de traços. Isto significa que dois eventos que são codificados
em conjunto, quando há a presença de um deles na fase de recordação facilita a recuperação do outro.
Assim pessoas, por exemplo, ao lerem frases, inferem espontaneamente traços de personalidade implícitos
como pistas de memoria que facilita a recuperação de descrições comportamentais que os implicam.
Procedimento: Apresentação de 18 descrições comportamentais implicativas de traços, cujo ator era
designado pelo seu papel(e.g., rececionista, professor, agricultor), e instrução para que os sujeitos estudassem
bem cada uma.
Tarefas:

 Codificação: Leitura das frases. Solicitação, aos participantes, para estudarem cada frase e a memorizarem o
mais exactamente possível, sem formarem impressões sobre os respectivos actores.
 Tarefa distratora (decifrar 6 anagramas)
 Recordação: Realização de posterior teste de memória

Condições Experimentais:

 Recordação com pista disposicional


 Recordação com pista semântica não disposicional
 Recordação sem pista (recordação livre) Previsão dos Autores

Resultados: Verificou-se uma melhor recordação na condição “pista disposicional” (traço). O facto de ter
havido uma melhor recordação com os traços enquanto pista disposicional sugere que estes foram inferidos
espontaneamente (sem intenção) aquando da codificação (leitura da frase).
Paradigma de Reaprendizagem
Baseado no Efeito Clássico de Re-aprendizagem (Savings Effect-Ebbinghaus, 1885/1964), diz-nos
que o efeito de “re- aprendizagem” corresponde à menor dificuldade (menos erros e menos tempo) para re-
aprender o mesmo material.
Consiste na apresentação sequencial de fotos de faces com uma breve descrição comportamental.
Fases do Paradigma
1. Fase de Exposição a Pares de Atores-Comportamentos
É apresentado aos participantes, fotografias de autores ao mesmo tempo que uma frase que caracteriza um
comportamento, sendo pedido aos mesmos que se familiarizem com o material.

Exemplo - Fotografia com a frase “Ganhou um torneio de xadrez com mais de 50 participantes”.

2. Fase de Aprendizagem Explícita de Pares de Atores-Traços


Apresentação das fotografias apresentadas anteriormente com a explicitação dos traços de personalidade;
Ao mesmo tempo que eram apresentadas fotografias com os mesmos autores utilizados na fase anterior, eram
apresentados novos atores com traços caracterizadores;

Exemplo - Fotografia do ator da frase do torneio apresenta o traço de “inteligente” e fotografia de um ator de
controlo apresenta o traço de “antipático”.

3. Tarefa de Recordação de Traços


Pede-se aos participantes que recordem os traços para cada ator.

Hipótese- Se traços foram espontaneamente associados à face na primeira fase, então os pares de
reaprendizagem devem ser mais fáceis de “reaprender” do que os pares de controlo.
Resultados- Recordação superior nos ensaios de “reaprendizagem”, ou seja, nos atores que foram
apresentados tanto na primeira fase como na segunda. O que significa que a ligação inferencial implícita ator-
traço não está dependente de processos conscientes de recuperação de informação e que esta ligação é
duradoura.
Paradigma dos Falsos Reconhecimentos
Pressuposto: As pessoas têm dificuldade em distinguir o inferido daquilo que foi realmente apresentado,
devido a erros de monitorização da fonte (será que realmente aconteceu ou foi só um pensamento meu?).
Durante o Paradigma dos Falsos Reconhecimentos é apresentado uma frase ao participante que caracteriza um
comportamento de um ator (“Ganhou um torneio de xadrez com mais de 50 participantes”) seguindo da
apresentação de um traço e a pergunta se o traço apresentado se encontrava na frase (“Inteligente encontrava-
se explicito na frase?”). Se o participante afirmar a presença explicita do traço na frase, este encontra-se a
realizar um falso reconhecimento.
Fases do Paradigma

1. Codificação o Pares foto + comportamento


É dito ao participante que é o material a ser utilizado para que possa realizar um teste de memória mais à
frente;
2. Teste o Pares foto + traço
Fotos anteriores + traço implicado
Fotos anteriores + traço implicado para outra face familiar
Fotos anteriores + traço não implicado

Tarefa - “O traço estava incluído na frase anteriormente emparelhada com a foto?”


Resultados - As Inferências Espontânea de Traços ocorrem e ficam associados ao ator.
Observamos caras e características faciais  registamos na memória da pessoa traços

1. Evidência de acordo entre juizes na avaliação de traços associados a caras.


o as faces fornecem informação que é interpretada de forma consistente.
2. As avaliações de personalidade com base em caras são rapidas e sem esforço.
3. A informação retirada de uma face tem implicações em comportamentos sociais. Julgamentos de competência
com base nas caras predizem votos eleitoriais.

 Baby faces são mais imaturos/as, simpáticos/as, mas menos competentes e inteligentes
 Beleza é percebida como positiva e exerce efeitos de halo

As caras variam em 2 dimensões essenciais, sendo que traços específicos associam-se a estes:

 Confiabilidade- generalização da perceção dos sinais faciais que sinalizam se devemos abordar ou fugir da
pessoa.
 Dominância- generalização da perceção dos sinais faciais que sinalizam força física ou fraqueza
O processo de inferência de traços é espontâneo, mas a correção situacional não é espontânea.
Gillbert, Pelham e Krull (1988) avançam com um modelo teórico que articulou as diversas peças
inferenciais, juntando a visão dos processos atribucionais sequenciais (Quattrone), identificação de
comportamentos em termos de traços (Trope), a esponteneadade das inferências disposicionais (Winter e
Uleman) e ainda processos dualistas (Automáticos vs. Controlados). Criando assim um modelo de 3
operações:

 Categorização – identificação comportamental


 Caracterização – inferência disposicional
 Correção – ajustamento situacional (não espontânea)

Sendo que os primeiros dois processos se dão de forma automática e o terceiro de forma controlada. Por
exemplo, se virmos uma pessoa a roer as unhas vamos associar a um comportamento nervoso (categorizar) e
associar à pessoa que será nervosa (caracterização). No entanto, de acordo com o contexto e de modo
deliberado com processos de cognição conscientes vamos avaliar e ajustar (correção) o julgamento de acordo
com o que sabemos da pessoa e da sua situação se ela é mesmo ansiosa ou se pode estar só nervosa com a
situação ou impaciente por exemplo.

ESTERIÓTIPOS

Quando falamos de estereotipo falamos de grupos, categorias sociais, enquanto na formação de impressões,
falamos de individuais.
A nossa mente pensa em categorias, agrupamos informação que estão na base dos julgamentos que fazemos, já na
altura de Allport, 1954, pensava-se assim. Isto relaciona-se com a busca de eficiência, que nos ajuda a lidar com o
mundo social.
A categorização é um processo fundamental na perceção e pensamentos de qualquer objeto e também o é quando
o alvo são pessoas. Assim, julgamos uma pessoa pertencente a uma categoria grupal.
A categorização social é este processo de identificar um individuo como elemento de um grupo social por
partilhar certas características tipas desse grupo. Subestimamos o que é uniforme e a unidade individual desse grupo.
A categorização social permite-nos:

 Dominar o nosso ambiente e funcionar de forma mais eficiente (e.g.,identificar características


importantes; ignorar informação não relevante para as interacções).
 Sentir conectados aos outros (pela partilha de características).
 Aumentar semelhanças entre os membros de um grupo (sobrestimativa da uniformidade e subestimativa
da diversidade dos membros do mesmo grupo).
 Exacerba as diferenças entre grupos.

Estereótipos  categorias de pessoas


Há variadas definições sobre os estereótipos:
 São estruturas cognitivas que contem conhecimento, crenças e espectativas sobre um grupo ou
categoria social. (Hamilton & Sherman, 1994)
 São representações mentais de um grupo social formado através de associações de características e
emoções a esse grupo (Smith et al., 2015)

Estes têm características como podem ter ou não uma verdade, podem ser negativos ou positivos, podem ser
conscientes ou implícitos(inconscientes), podem ou não ter impacto no comportamento.
Conceitos relacionados:
Preconceito- atitude (normalmente negativa) em reação a uma pessoa baseada somente na sua pertença a um
determinado grupo ou categoria social. É uma avaliação positiva ou negativa de um grupo e dos seus membros.
Discriminação- comportamento (normalmente negativa) em relação a um grupo de pessoas, ou apenas uma desse
grupo, tendo por base somente a sua pertença grupal.
Podemos ter uma determinada crença sobre um grupo, mas não nos comportarmos de acordo com essas
crenças, ou até, podemos ter sentimentos negativos em relação a um grupo para o qual não possuímos uma
crença definida.

Modelo Continuum (Fisk & Neuberg, 1990)


O que inferimos é a junção do que percebemos e do que sabemos (estruturas cognitivas como os estereótipos). O
peso do que percebemos e sabemos varia dependendo de algumas condições.
Esteotipamos numa continuação de dados entre o que percebemos (individualização) e do que sabemos
(categorização) sendo que este último é automático, por ter atributos saliente e acessíveis (categorias primitivas, e.g.
género, idade e raça). Se a pessoa alvo não encaixar na categorização, ou se esta tiver pouca força ativacional, vamos
para características mais individuais para a tentar encaixar em alguma categoria. Este processo é guiado por
capacidade cognitiva e motivação para tal.
Podemos ver que os neste modelo há a economia de esforço cognitivo, sendo que só avançamos para uma análise
mais individualizada caso não consigamos inserir o alvo numa categoria imediatamente, que seria o caso mais geral
dos estereótipos.
Pressupostos do modelo

 Temos prioridade do processamento baseado nas categorias;


 As impressões nesta base são muito mais eficientes;
 As impressões individualizadas tomam muito mais tempo e recursos;
 Uma vez que se começa a categorizar, a individualização torna-se menos provável.

Como é que se formam os estereótipos? – Vários fatores operam em conjunto e são identificados por
diferentes abordagens. Com níveis diferentes sobre o funcionamento humano.
Abordagem socio-cultural- com uma assimilação de valores centrais numa dada cultura.
As aprendizagens de normas sociais, cultuais (escolas, media, linguagem), sociais (família, amigos), reforço de
convecção com outros e justificação de desigualdades entre grupos (crenças no mundo justo) são exemplos destes
valores centrais
Esta apresenta um grau elevado de estabilidade (consenso), inter-individual e temporal, que são extremamente
difíceis de modificar.
Abordagem socio-cognitivo- processos cognitivos básicos de perceção e compreensão do mundo.
Ocorrendo a categorização, correlação ilusórias (quando temos a impressão de que dois elementos estão
associados mas afinal são distintivos (e.g. minorias sociais), que não são associados factualmente (e.g. distintividade))
e enviesamentos correspondentes (papeis socias atribuídos por grupos que nos levam à inferência da presença de
características necessárias para o desempenho desses papeis).
Alguns estereótipos são adquiridos muito cedo (3-4 anos), como a Etnia, Peso, Idade, Religião, Aparência
Física, Orientação Sexual. Estes são transmitidos socialmente pelos pais durante a educação dos filhos, estruturando
crenças e iniciando o processo de categorização nas mesmas. Assim, as crianças começam a assimilar valores de
acordo com a categorização social.

Consequência dos estereótipos


Nota: todos nós partilhamos de estereótipos, mas nem todos aplicam esse estereotipo. Por exemplo, todos sabem o
estereotipo da etnia cigana mas nem todos são racistas relativamente a estes.
Tanto os estereótipos como o preconceito utilizam processos de categorização, ambos integram o máximo de
informação em estruturas coerentes, ambos são altamente resistentes à mudança, ambos têm uma função de
simplificação da atividade cognitiva, emocional e comportamental. Por isso é normal a facilidade em confundir
ambos.
Como isto ao entrarmos no preconceito ativo (pelo menos a nível implícito facilmente seguimos para a
discriminação (explicita ou subtil). Por exemplo, a discriminação racial no sistema de justiça (nos estados unidos), ou,
ser alvo de discriminação através de consequências negativas a nível de saúde física e mental.
Modelo do Conteúdo Estereotipado (Friske et al., 2002)

 Estereótipos são necessariamente associados a um claro preconceito (negativo ou positivo);


No sentido em que tipicamente se relacionam com emoções especificas a dimensão e polaridade do
estereotipo.
S-NC  paternalista; S-Cadmiração; NS-NC desdenhoso; NS-C invejoso
 Estereótipos são ambivalentes (raramente estereotipamos através de conteúdo apenas positivo ou apenas
negativo): pois possuem características positivas e negativas;
O que nos permite ter uma ideia favorável de um grupo num contexto e negativa noutro;
 Assumem que as nossas TIPs também organizam a forma como percebemos as categorias sociais: conceção
bidimensional da estrutura das TIPs- dimensão social (simpatia vs antipatia) e intelectual (competência vs
incompetência).

Mapa BIAS associação de controlo/intenção/intuito- ativo- ou não-passivo- das dimensões com a polaridade
das mesmas. Sendo que a simpatia-antipatia prediz comportamentos ativos e a competência-incompetência
comportamentos passivos por serem algo que nasce naturalmente em nós sem controlo.
Estereótipos como funcionamento normal da mente humana
Estes são instrumentos para categorizar e economizar processos cognitivos pois:

 Estes simplificam a perceção e a interação social;


 Ajudam-nos a elaborar e tomar decisões complexas;
 Preservar os nossos recursos cognitivos.
No entanto, este instrumento pode ser também mal-usado... nesse caso, temos custos da eficiência:
 Podemos estereotipar algo errado e isso guiar-nos para decisões erradas;
 Podemos atribui as características da categoria ao individuo, o que nos faz ignorar diferenças individuais;
 Promove enviesamento congruentes com o estereotipo (tendências confirmatórias) como a percepção,
memória, julgamentos.
 Promove comportamentos congruentes com o estereotipo, reforçando-o:
 Profecias auto-realizadas– reação de preparação relativamente a um estereótipo que promove a
realização de uma ação esperada por parte do outro.
 Ameaça do estereótipo
Ameaça do estereótipo
Focado no receio de confirmarmos, através do nosso próprio desempenho, o estereotipo negativo associado ao
nosso grupo, a ameaça refere-se ao impacto do estereótipo no comportamento dos membros dos grupos
estereotipados e no seu processo de reforço.
Se um grupo social é visto como incompetente, vai haver pressão dos seus membros em desempenhar uma
terefa nesse domínio para provar o contrário. No entanto, pode se dar a valorização do grupo de o individuo
tiver um bom desempenho, ou, confirmação do estereótipo caso o desempenho não seja bom.
Isto vai levar a consequências negativas a nível psicológico (cognitivo) e fisiológicos (ansiedade), o que leva a
uma limitação do individuo, a desempenhar a tal tarefa. Há então, inerente 3 fatores: ansiedade, expectativa
negativa do próprio desempenho e a inferência de pensamentos e sentimentos negativos.

Como evitar os estereotipos?


Através de estratégias como:

 Correção  Supressão

Que implicam motivação e disponibilidade de recursos cognitivos e a monitorização do processo (atividade


consciente). Sendo que estas podem ter consequências negativas como a sobre-correção e o ricochete.

Será possível alterar o conteúdo dos estereótipos?

Hipótese da re-estruturação cognitiva

 Politicamente correto, com vista a reduzir a forma como codificamos os alvos;


 Recategorização, com vista a criar novas identidades sociais;
 Informação, uso da escola e dos media para fornecer informação mais correta

Hipótese do contacto (Allport, 1954; Pettigrew & Tropp, 2006)

Propõe que o contacto direto entre membros de grupos hostis irá reduzir os estereótipos, preconceito e
discriminação. É uma intervenção condicional

 O contacto tem de ser com estatuto igual, objetivo comum (interdependência), tem de haver cooperação, tem
de ser monitorizado “institucionalmente”, fornecer enquadramento de amizade (Allport, 1954);
 Tem de fornecer informação inconsistente com o estereótipo de forma repetida (para que não possa ser
justificada), envolver muitos membros do grupo (para que não ocorra sub-classificação), e ser proveniente de
membros do grupo típicos (prevenir efeitos de contraste).

ATRIBUIÇÃO CAUSAL

INTRODUÇÃO À ATRIBUIÇÃO CAUSAL

 Atribuição causal- processo de imputação de uma causa a um comportamento percebido. O comportamento


tem uma causa disposicional e usamo-los para compreender os outros, o que pode dar origem a equívocos
porque podemos não entender a intenção de uma pessoa quando faz algo.

Denomina-se de Ator o comportamento (próprio/ auto-atribuição ou do outro/ hétero-atribuição). Já quando


falamos de observador (percipiente), trata-se da atribuição de causas ao ator, “Porque é que ele/a se comportou
assim?”.
Teoria da atribuição- conjunto de teorias que descrevem como é que as pessoas explicam o comportamento,
isto é, como é que atribuem causas ao comportamento.

Porque é que usamos explicações causais?

o Simplificam comportamentos complexos;


o Diminuem a ambiguidade/incerteza;
o Oferecem perceção de controlo;
o Oferecem previsibilidade;
o Facilitam a realização de inferências;
o Dão um significado para a compreensão

Nota: ver aula dos axiomas e pressupostos

Atribuição interna (disposicional) Atribuição externa (situacional)

Usa-se pois o comportamento possui motivação Por vezes, assumimos que a causa do
interna que carateriza as pessoas. comportamento é exterior ao sujeito

Mais usadas que as externas. As atribuições externas/situacionais são menos


usadas do que as atribuições internas/disposicionais

ANÁLISE INGÉNUA DA AÇÃO (HEIDER, 1944, 1958)

Pressupostos fundamentais:

1. Só através da análise sistemática das formas como o homem comum descreve e percebe o mundo social
é possível aspirar à compreensão da sua psicologia.

Heider e a psicologia ingénua, leiga ou do senso comum (Folk psychology).

É o conhecimento psicológico intuitivo/ senso-comum/leigo do homem comum que nos leva longe na
compreensão do comportamento humano e que guia parte da interação com o mundo que nos rodeia, temos de nos
focar nisto para entendermos as ações humanas. Pouco entenderemos das ações humanas, dos seus objetivos e das
representações que lhe subjazem, sem uma análise profunda do conhecimento que os fundamentam.

2. O homem comum é motivado pelo desejo de predizer e controlar o seu ambiente.

Este pretende antecipar os efeitos que o seu comportamento e o dos outros terão nas outras pessoas, no contexto
social e em si próprio. Este pode ser alcançado se o homem comum for capaz de identificar os seus antecedentes
causais.

3. A causalidade pessoal é o protótipo de todas as causas.

No mundo social em que vivemos, a explicação leiga dos acontecimentos passa mais por achar agentes do que
causas.

O ator e as suas ações formam uma unidade mais forte do ponto de vista percetivo do que as ações e a situação em
que estas ocorrem. Portanto, a junção do actor com a situação mais o acto em si resulta na unidade causal

“As mudanças verificadas no ambiente são quase sempre causadas por ações de pessoas em associação com
outros fatores. Mas a tendência é para imputar essas mudanças inteiramente às pessoas”. Portanto , os percipientes
tendem a tomar ações como “sinónimas” da disposição do ator, pois, esta é a principal causa à frequente falta de
“validade” na perceção dos objetos sociais.
Mais tarde, Ross (1997) vai designar esta tendência como erro fundamental e Jones (1979) como enviesamento
correspondente.

4. A distinção entre causas pessoais e situacionais é fundamental para a percepção social.

Segundo Heider (1944, 1958), uma ação seria percebida como dependendo de dois conjuntos de condições. Este
considera fundamental para o percipiente, a distinção entre:

o Causalidade pessoal- refere-se à produção intencional de ações ou efeitos;

o Causalidade impessoal/situacional- todos os fatores que não sejam pessoais, incluindo um acidente
provocado por uma pessoa, por não ser intencional.

Estas duas causalidades distinguem-se devido a duas propriedades distintas: pessoal equifinidade – adapta
os meios em função das circunstancias para a produção do efeito desejado e local – a mudança das circunstâncias não
alteram o efeito; impessoal  multifinal- a mesma causa leva a efeitos diferentes dependendo da circunstancia e
distribuída- mudança das circunstancias levam a mudança dos efeitos.

5. Os conceitos da psicologia do homem comum traduzem padrões complexos de interacção entre as


causas pessoais e situacionais.

Para Heider (1958), o homem comum seria como um cientista que entenderia explicação como identificação de
invariantes do comportamento humano. Este homem comum tem de ser capaz de separar as causas que
sistematicamente promovem os comportamentos que pretendemos prever das condições acessórias e inconstantes que
os acompanham de forma intermitente.

Para um determinado comportamento, o homem comum teria de discriminar entre aquilo que seria atribuível ao
meio e aquilo que seria atribuível à pessoa que o exibira.

Para tentar entender como o homem comum atribui causas a um comportamento, Heider analisa o vocabulário do
senso comum:

o Tentar o Intenção

o Capacidade o Esforço

o Dificuldade da tarefa o Conseguir


o Ação

Para a realização da tarefa (ação) é necessário o Tentar e o Conseguir:

o Conseguir: resultado de dois componentes estáveis das Forças Pessoal e Situacional, respetivamente a
Capacidade e a Dificuldade da Tarefa. Quando nos questionamos se o resultado de uma ação se deve ao facto
de a pessoa ter conseguido ou não nós questionamos se o conseguir se deveu a:
o Força situacional- a dificuldade da tarefa
o Força pessoal- a capacidade
o Tentar: possui duas componentes: a Intenção (aspeto direcional do tentar) e o Esforço (aspeto quantitativo).
Quando nos questionamos acerca do resultado de uma ação, pensamos se esta se deveu a uma componente
motivacional (tentar ou não) ou a uma componente de capacidade (pessoal). Ainda que a motivação se deva à
intenção ou ao esforço.

Para Heider, a intencionalidade é o critério mais importante para a sinonímia das ações e disposições humanas.
Este critério vai ser central em modelos de inferência de traços como o de Jones e Davis (1965).

Num resultado relacionado com sorte, questionamos se este é devido a um fator situacional.

A nível de contributos pessoais (motivação e capacidade) estes estariam relacionados de forma multiplicativa,
portanto, se um deles se igualar a 0 a força pessoal efetiva seria nula. Já no caso de oposição de forças situacionais a
forças pessoais, que é frequente, verifica-se uma relação proporcional de soma entre estas forças (quanto maior uma,
menor a outra). Aqui a causalidade impessoal e pessoal (intenções) funcionam como um contínuo.

Para compreender melhor esta relação hidráulica, Heider (1958) definiu níveis de responsabilidade pessoal na
produção de efeitos:

 Associação- Uma pessoa é responsabilizada por um acontecimento através de uma mera associação com
a causa. Por exemplo, os pacientes com Hipertricose Lanuginosa Congénita são temidos e perseguidos por
terem um crescimento patológico de pêlo por todo o corpo e por assim se tornarem um pouco mais
semelhantes aos lobos (mas não muito...). Essa doença poderá ter contribuído para o aparecimento do
mito da licantropia (o mito dos lobisomens) um pouco por todo o mundo.
 Produção Efectiva- Neste nível o actor é responsabilizado por ter sido o agente instrumental do efeito a
explicar. Exemplo: um homem não repara nos óculos de um colega e senta-se em cima deles.
 Antecipação das consequências- A este nível o ator é responsabilizado, não só por ter sido o agente
instrumental do efeito a explicar, mas também, por poder ter antecipado as consequências das suas ações.
Exemplo: um trabalhador entra com um escadote numa loja de cristais.
 Intencionalidade- O ator pretendeu realmente produzir o efeito a explicar. De acordo com Heider é este o
ponto onde começa a causalidade pessoal. Exemplo: um homem aproxima-se de um automóvel da polícia,
pega numa chave-de-fendas e risca a pintura.
 Justificação- A este nível, apesar do ator ter pretendido causar o efeito a explicar, a sua intenção justifica-
se por pressões situacionais. Exemplo: o mesmo do nível anterior, só que bandidos tinham como refém o
filho do homem e exigiam-lhe aquela manobra de diversão, enquanto eles assaltavam um banco. A este
nível a causalidade pessoal diminui.

A análise leiga da Ação: O percipiente comporta-se como um cientista ingénuo e realiza uma espécie de Análise
Fatorial implícita para decidir da contribuição de cada um dos fatores, cujos resultados o levam a concluir ter havido
uma:

 Contribuição Principal Dos Fatores Pessoais

 Contribuição Principal Dos Fatores Ambientais

 Combinação De Ambos

Exemplo:
“Um Chef prova o soufflé de um cozinheiro-estagiário. O soufflé está péssimo.” – Como explicar o fracasso
do cozinheiro-estagiário?

Se o Chef quiser saber se pediu algo demasiadamente difícil (dificuldade da tarefa) a um estagiário, pode
sempre pedir aos outros estagiários que tentem fazer um soufflé. Se a maioria se sair bem – então a razão de ser do
fracasso do estagiário não se pode ficar a dever à dificuldade de fazer soufflés.

E será que o estagiário tinha capacidade? O Chef poderá usar os seus conhecimentos de desempenhos
culinários anteriores desse estagiário para o saber.

E se não foi uma questão de não conseguir (porque a capacidade do estagiário deveria prevalecer sobre a
dificuldade da tarefa), então terá sido uma questão de o estagiário nem ter tentado? Não tentou porque não se esforçou
o suficiente? O que e que o Chef observou durante a realização do soufflé? Ou será que o estagiário não tinha a
intenção de fazer um bom soufflé? Teria alguma razão para isso? Será que o seu sonho era dedicar-se exclusivamente
à doçaria?

Para concluir:

“(...) a causa de uma diferença reside na condição variante e não nas condições comuns às diversas instâncias”
(Heider, 1958, p. 69).

Por exemplo, “[s]e o Chef quiser saber se pediu algo demasiadamente difícil (dificuldade da tarefa) a um
estagiário, pode sempre pedir aos outros estagiários que tentem fazer um soufflé. Se a maioria se sair bem – então a
razão de ser do fracasso do estagiário não se pode ficar a dever à dificuldade de fazer soufflés” (Ferreira et al., 2017,
p. 108).

MODELO DAS INFERENCIAS CORRESPONDENTES (JONAS & DAVIS, 1965)

Baseados no trabalho de Heider, Jonas e Davis (1965) criam o seu modelo mais direcionado à aplicação da
distinção entre causalidade pessoal e impessoal.

A pertinência deste modelo limita-se aos casos em que o percepiente, através da observação de um
comportamento atribui as suas consequências à inferência de disposição, estão relacionadas com as causas pessoais
(intencionais).

Jones e Davis, estabelecem uma ligação ação-disposição que passa sempre pela atribuição de uma
intenção. Ou seja, para que o observador considere que uma ação revela algo do actor, tem de consegui encontrar uma
correspondência entre a ação, intenção e disposição.

o Intenção- pode ser consciente ou não, mas não pode refletir apenas pressões situacionais. Tem de
referir-se a algum aspeto relativo ao livre arbítrio do actor  liberdade de escolha percebida.
Assim sendo, se o observador se der conta de fortes pressões situacionais sobre o comportamento de um ator,
a inferência correspondente deixa de ser realizada.

Condições para a inferência de intenção:

o Ausência de fortes pressões situacionais;


o Inferência de conhecimento das consequências das ações por parte do ator;
o Inferência de capacidade, do ator, de concretizar as ações que realizou (ações não meramente acidentais).

Exemplo:

Voltando ao cozinheiro aprendiz... o Conhecimento de que se juntasse os ingredientes necessários e a preceito faria
um bom soufflé. E a Capacidade de fazer um soufflé é consistente. (Não foi sorte de principiante!)

Na inferência correspondente (ação - disposição) decorre uma observação das consequências dessa ação.
Se o comportamento for intencional, o conteúdo deste é revelado pelas suas consequências (efeito) – o conteúdo da
intenção permite então inferir uma disposição. A intenção de uma disposição é, sempre posterior e indireta a esta
liação de ação.

Selecção Das Consequências Percebidas Que Foram Procuradas Pelo Actor

Mas a ação humana pode produzir várias consequências, como saber qual das consequências é a
procurada pelo ator? Jones e Davis propõem dois critérios que comandam os procedimentos prévios a uma inferência
correspondente (ligação ação – intenção - disposição):

Suposta Desejabilidade Dos Efeitos:

o Consequências socialmente indesejáveis são mais informativas para o observador.


o Fala-se de desejabilidade suposta porque se assume como desejável o que a maioria das pessoas, no geral,
acham desejável, no entanto dois percipientes leigos que observem o mesmo comportamento podem chegar a
conclusões distintas.
o Este critério tem também um caráter ego e etnocêntrico: o observador, tomando-se como paradigma, pura e
simplesmente projeta no ator a sua hierarquia de preferências.
o A probabilidade de um determinado efeito ser selecionado como ponto de partida para uma inferência
correspondente é função inversa de uma Suposta Desejabilidade (fazemos inferências sobre aquilo que vai
contra o que é desejável, porque o que é desejável é obvio, e não promove as inferências).
o Em suma, comportamentos que fogem ao desejável ou comum acabam por ter mais peso na inferência, por ser
atribuída maiores ganhos informacionais, confiança e inferências correspondentes.

Efeitos Não-Comuns:

o Os efeitos não comuns são mais informativos.


o A inferência correspondente é feita a partir dos efeitos não comuns da escolha realizada (e dos efeitos
comuns às alternativas preteridas; estes efeitos são rejeitados pelo observador).
o A probabilidade de um determinado efeito ser selecionado como ponto de partida para uma inferência
correspondente é função inversa do Número de Efeitos Não-Comuns.
Cálculo Da Sobreposição De Efeitos:

1. Identificar as alternativas
2. Agrupar os efeitos de todas as alternativas
Comuns e não-comuns
3. Eliminar os efeitos comuns a todas as alternativas
Pois, estes não podem servir como critério para a escolha de uma dessas alternativas
4. Selecionar os efeitos não-comuns (considerados desejados) de acordo com a alternativa escolhida
Considera-se outros efeitos não-comuns de cada alternativa como irrelevantes. E efeitos comuns às
alternativas preteridas e ausentes na escolha como indesejáveis.
5. Inferência correspondente

Em suma, para o observador inferir uma disposição a partir da observação de uma ação e dos seus efeitos, o
observador tem de:

 Inferir intenção do ator  livre-arbítrio  percecionar ausência de pressões situacionais


e
 Inferir que o ator tinha conhecimento das consequências das ações que realizou
e
 Inferir que o ator tinha capacidade de concretizar essas ações

Têm de se reunir estas 3 condições.

Sendo que cada ação produz múltiplos efeitos. Como é que se dá a seleção das consequências percebidas que terão
sido procuradas pelo actor?

 Critério “suposta desejabilidade”  as consequências socialmente indesejáveis são as mais informativas


ao observador;
 Critério “efeitos não-comuns”  cálculo da sobreposição de efeitos  inferência correspondente é feita a
partir dos efeitos não comuns da escolha realizada

Palavras-chave:

Intenção Capacidade Suposta desejabilidade


Conhecimento Pressão situacional Efeitos não-comuns

MODELO ANOVA (PRINCÍPIO DA COVARIAÇÃO) HAROLD KELLEY

Exemplo: imaginemos que a Ana se emocionou a ver o filme dos Queen com o namorado. Porque é que a Ana se
emocionou? (pode-se não chegar a uma causa exata)
De acordo com o modelo de Kelley, deve-se fazer uma série de comparações.

 Será que a causa é interna à Ana? (pessoa)


 Será que a causa está no filme? (estímulo)
 Será que a causa consiste no facto de ter visto o filme com o namorado? (circunstância)

Antes de mais, duas situações informacionais a considerar:


Covariação- se tivermos informação suficiente para fazer comparações e interações entre as mesmas.
De novo (Heider), o percipiente enquanto psicólogo leigo que, neste caso, dispõe de informação proveniente de
múltiplas observações do efeito.
Causa (inúmeras causas potenciais)  efeito (efeito a explicar)
“O efeito é atribuído àquela das suas causas possíveis com a qual, co-varia ao longo do tempo” 
Princípio da Co-Variação  contiguidade temporal
Contiguidade temporal- ocasião em que causa e efeito estão presentes, e , ocasião em que ambos estão ausentes.
Portanto, causa está presente sempre que o efeito ocorre e, causa ausente sempre que o efeito não ocorre.
O modelo versa, sobretudo, sobre o processo que leva o observador leigo a localizar a origem de um efeito
(locus da causa), não descrever a natureza da causa.
Para Kelley, há três causas potenciais que definem uma dimensão informativa para o observador leigo: a pessoa, o
estímulo e a circunstância; o efeito é um comportamento humano. Consoante os resultado , cada dimensão pode
assumir a modalidade alta ou baixa.
Pessoa- define uma dimensão chamada Consenso (causa é a Ana?)

Como é que outras pessoas reagem relativamente ao mesmo estímulo?

Esta dimensão constitui-se pela observação/comparação do comportamento de outras Pessoas (P)


face ao mesmo Estímulo (E) e em iguais Circunstâncias (C).

 Pessoas ≠ (ausente)
 Estímulo = (presente)
 Circunstância = (presente)

Elevado consenso  as outras (P) comportam-se da mesma forma que o sujeito face ao mesmo (E)
em iguais (C);
Baixo Consenso  as outras (P) comportam-se de froma diferente face ao mesmo (E) em iguais (C).
NOTA: elevado consenso  causa externa; baixo consenso  interna
No exemplo da Ana, várias pessoas (maioria) chorou a ver o filme, por isso a causa é externa à Ana Elevado
Consenso. Caso nenhuma pessoa tenha chorado a ver o filme, a causa seria interna à Ana

Estímulo- define uma dimensão chamada distintividade (Causa é o filme?)


Como é que o ator reage a outros estímulos?
Esta dimensão consiste no resultado observação/comparação do comportamento da Pessoa (P) nas
mesmas Circunstâncias (C) face a diferentes Estímulos (E).

 Pessoa = (presente)
 Estímulo ≠ (ausente)
 Circunstância = (presente)

Elevada Distintividade  a mesma (P) comporta-se de forma diferente face a outros (E) nas mesmas (C);

Baixa Distintividade  a mesma (P) comporta-se da mesma forma face a outros (E) nas mesmas (C).
NOTA: elevada distintividade  causa externa; baixa distintividade  causa interna
No exemplo, ela não se emociona com praticamente nenhum outro filme que viu na mesma circunstância (com o
namorado)

Circunstância – define uma dimensão chamada Consistência (A causa é a Ana ter visto o filme com o
namorado?)
Como é que o ator reage ao mesmo estímulo noutras circunstâncias?
Esta dimensão preenche-se através da observação/comparação do comportamento da mesma Pessoa (P)
face ao mesmo Estímulo (E) em diferentes Circunstâncias (C).

 Pessoa = (presente)
 Estímulo = (presente)
 Circunstância ≠ (ausente)

Elevada Consistência a (P) comporta-se da mesma forma face ao mesmo (E) e outra (C);
Baixa consistência  a (P) comporta-se de forma diferente face ao mesmo (E) e outra (C).
Pessoa Estímulo Circunstânc Efeito Dimensão
ia Atribuciona
l
Ausente Presente Presente Ocorre Alto
consenso
Ausente Presente Presente Não ocorre Baixo
consenso
Presente Ausente Presente Ocorre Baixa
distintividad
e
Presente Ausente Presente Não ocorre Alta
distintividad
e
Presente Presente Ausente Ocorre Alta
consistência
Presente Presente Ausente Não ocorre Baixa
consistência

NOTA: Elevada Consistência  interna ; Baixa consistência  Externa


No exemplo, a Ana emocionou-se quase todas as vezes que viu o filme com o namorado, a causa é
interna à Ana  Elevada Consistência. Caso a Ana praticamente nunca se emocionou quando viu o filme, a
causa é externa à Ana  Baixa Consistência.
Como é que o percipiente combina a informação que obtém de cada dimensão informativa para a identificação de
uma causa? A partir da aplicação sistemática do Princípio da Covariação (combinando-se as modalidades das
dimensões).
Configuração- quando não temos informação suficientemente variada para fazer a covariação.

Limitações do Modelo ANOVA

 Externas ao atribuidor:
o Escassez de informação possuída pelo percipiente (uma única observação do efeito ocorrida):
 Um problema evidente com que se depara o modelo de Kelley é a habitual pobreza
informacional do atribuidor leigo.
 Quer dizer, só em condições muito favoráveis, é que podemos esperar que o atribuidor leigo
possua informação de consenso, distintividade e consistência de uma ocorrência que pretende
explicar.
 Internas ao atribuidor:
o Deficiente disponibilidade (recursos cognitivos, tempo) e/ou deficiente motivação para o percipiente
realizar múltiplas observações

PRINCÍPIO DA
CONFIGURAÇÃO
(ESQUEMA CAUSAL)

Perante uma única observação do


efeito, como é que os sujeitos podem equacionar (pensar) as causas em relação aos efeitos?
Quando o atribuidor (percipiente) possui informação proveniente de apenas uma observação do efeito necessita de
atender à configuração de fatores que constituem as causas plausíveis para o efeito observado
Esquema causal: Conceção acerca do modo como dois ou mais fatores causais interagem em relação a um
determinado efeito.

o Estas conceções permitem que o indivíduo realize uma análise atribucional de modo mais económico e mais
rápido.
o O indivíduo possui um repertório destas ideias abstratas acerca da operação e interação de fatores causais.

Como é que o indivíduo obtém os esquemas causais?


Os esquemas causais derivam:

o Da experiência em observar relações de causa e efeito, tendo por base processamentos de tipo Anova, cujos
resultados o indivíduo foi armazenando.
o De experiências em que foi exercido controlo deliberado sobre fatores causais (ex., dei benuron à minha filha
e não chá e vi se a dor de cabeça passava)
o De lições, implícitas e explícitas, acerca da estrutura causal do mundo.

CAUSAS EXTERNAS INIBITÓRIAS VS FACILITADORAS

Tipos de causas externas:

o Inibitórias – causa que atua no sentido da supressão do efeito observado (ex., elevada dificuldade da tarefa)
o Facilitadoras – causa que atua no sentido da produção do efeito observado (ex., reduzida dificuldade da
tarefa)

ENVIESAMENTOS ATRIBUCIONAIS

Erro Fundamental Da Atribuição


“Tendência geral do psicólogo leigo para sobrestimar a importância dos fatores pessoais ou disposicionais
relativamente às influencias ambientais” (Ross, 1977)
Tendência dos atribuidores para subestimarem o impacto dos fatores situacionais e sobrestimarem o papel dos
fatores disposicionais no controlo do comportamento
Enviesamento no sentido de atribuições causais internas do comportamento mesmo na presença de
explicações de locus externo.
Este é equivalente a enviesamento correspondente:
 “... the tendency to draw inferences about a person's unique and enduring dispositions from behaviors that
can be entirely explained by the situation in which they occur" (Gilbert & Malone, 1995, p.21).
 A correção situacional incompleta (Gilbert, Pelham, & Krull,1988) – ver inferência de traços

De acordo com o modelo das inferências correspondentes de Jones & Davis, defendem que perante
constragimentos situacionais, as pessoas deixcam de fazer inferências (pressões situacionais que se exercem
sobre o ator têm um impacto moderador na realização de inferências correspondentes pelo observador). No
entanto, o erro fundamental vem contrariar:

 Modo em que as tendências assumem são múltiplas porque inúmeras são as formas pelas quais as
situações constrangem o comportamento. Exemplo: o desempenho de papeis socias carrega
constrangimentos situacionais inevitáveis (educadora- materna; bibliotecária- silenciosa...)
 Papeis sociais também carregam vantagens e desvantagens relativas em termos de poder,
conhecimento ou capacidades aparentes. Assim, em certos contextos, a desatenção aos
constrangimentos situacionais decorrentes do desempenho de papeis sociais pode induzir perceções
curiosas.

As pessoas têm tendências para traduzir em diferenças de capacidade ou de conhecimentos vantagens ou


desvantagens relativas que são decorrentes de desempenho de dados papeis.
Será que o actor e o observador apresentam igual propensão para incorrer no Erro Fundamental da
Atribuição?
Divergências ator-observador
O ator tem maior tendência para atribuir o seu comportamento a factores situacionais enquanto o observador
(psicólogo) tende a atribuir o comportamento do actor a factores disposicionais. (Jones & Nisbett, 1972)
Quando o ator é bem sucedido, continua a atribuir o seu comportamento a causas situacionais?
Self-Serving Bias
Pessoas que apresentam maior tendência para atribuir os seus sucessos a causas internas (capacidade) e os
seus fracassos a causas externas (dificuldade da tarefa) apresentam um viés de auto-conveniência,
enviesamentos em benefício do próprio, o que leva a capitalização dos sucessos e desvalorização dos
fracassos.

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