Immanuel Kant e A Etica Deontologica Uma Visao Geral

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Immanuel Kant e a Ética Deontológica: Uma

Visão Geral
Este documento visa apresentar a Ética Deontológica de Immanuel Kant de forma acessível, explorando seus principais
conceitos e aplicações práticas. Abordaremos o conceito de imperativo categórico, a liberdade da vontade e o dever moral,
além de analisar as críticas e limitações da teoria kantiana. Por fim, discutiremos a relevância da Ética Deontológica nos dias
atuais, considerando sua influência sobre o pensamento jurídico e moral contemporâneo.

por ana duarte


O que é a Ética Deontológica?
A Ética Deontológica, também conhecida como ética do dever, é uma teoria moral que defende que a moralidade de uma ação
reside na sua intenção e conformidade com regras universais, e não nas consequências que ela gera. Em outras palavras, para
Kant, uma ação é moralmente correta se é realizada por dever, ou seja, por respeito à lei moral em si mesma, e não por
qualquer interesse pessoal ou resultado desejável.

Em contraste com outras teorias éticas, como o utilitarismo, que prioriza a maximização da felicidade ou bem-estar, a Ética
Deontológica de Kant enfatiza a importância da razão prática e da autonomia moral. A razão, para Kant, é a capacidade
humana de pensar e agir de forma livre e independente, guiada por princípios universais e imparciais.
Os principais conceitos da Ética Deontológica de
Kant
A Ética Deontológica de Kant se baseia em alguns conceitos fundamentais, que são essenciais para a compreensão de sua
teoria:

Imperativo Categórico: Um princípio universal que determina o dever moral. Ele afirma que devemos agir somente de
acordo com máximas que possamos desejar que se tornem leis universais.
Autonomia Moral: A capacidade de agir de forma livre e autônoma, sem sermos influenciados por desejos, inclinações ou
interesses pessoais.
Dever Moral: A obrigação de agir de acordo com o imperativo categórico, independentemente das consequências.
Boa Vontade: A disposição de agir de acordo com o dever, independentemente dos desejos ou inclinações pessoais. A boa
vontade é o único bem que é bom em si mesmo, segundo Kant.
A teoria do imperativo categórico
O imperativo categórico é o princípio fundamental da Ética Deontológica de Kant. Ele define o dever moral como a obrigação
de agir de acordo com princípios universais e imparciais. O imperativo categórico pode ser formulado de diversas maneiras,
mas uma das mais conhecidas é:

“Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal.”

Em outras palavras, para Kant, uma ação é moralmente correta se a máxima que a guia pode ser universalizada, ou seja, se
pode ser aplicada a todos os seres racionais em todas as situações. Um exemplo clássico é a máxima “não mentir”. Se todos
mentissem, a própria possibilidade de comunicação e confiança seria destruída, tornando a máxima “não mentir” impossível de
ser universalizada.
Exemplos práticos da aplicação da Ética
Deontológica
A Ética Deontológica pode ser aplicada a diversas situações da vida real, como no âmbito profissional, pessoal e jurídico. Por
exemplo, um médico que precisa decidir se deve mentir para um paciente sobre seu diagnóstico. De acordo com a Ética
Deontológica, ele não deve mentir, mesmo que isso possa causar sofrimento ao paciente, pois a verdade é um princípio
universal e imparcial.

Situação 1 Situação 2

Um funcionário de uma empresa descobre um esquema Um juiz precisa decidir um caso complexo e controverso. Ele
fraudulento. Ele tem a opção de denunciar o esquema, o que tem a opção de se deixar influenciar por pressões políticas
pode prejudicar sua carreira, ou de se omitir, o que seria ou de seguir a lei e a justiça, mesmo que isso possa gerar
considerado um ato de corrupção. Segundo a Ética reações negativas. A Ética Deontológica sugere que o juiz
Deontológica, ele deve denunciar o esquema, pois a deve agir de acordo com a lei e a justiça, pois a
honestidade é um princípio universal que deve ser seguido. imparcialidade e a justiça são princípios universais e
imprescindíveis para o funcionamento de um sistema
jurídico.
A liberdade da vontade e o dever moral
Para Kant, a liberdade da vontade é essencial para a moralidade. A vontade livre é a capacidade de agir de forma autônoma,
sem ser influenciada por desejos, inclinações ou interesses pessoais. Segundo Kant, quando agimos por dever, estamos
exercendo nossa liberdade da vontade, pois estamos agindo de acordo com a lei moral que nós mesmos criamos.

Em outras palavras, o dever moral não é uma imposição externa, mas sim um resultado da razão prática. Ao reconhecer o
imperativo categórico, reconhecemos a nossa própria liberdade e capacidade de agir de forma moralmente correta.
Críticas e limitações da Ética Deontológica
A Ética Deontológica de Kant tem sido alvo de críticas por parte de diversos filósofos, que apontam para suas limitações e
dificuldades de aplicação. Uma das principais críticas é que a teoria kantiana pode levar a resultados contraintuitivos e injustos
em algumas situações. Por exemplo, se a máxima “não mentir” é universalizada, seria errado mentir para proteger uma pessoa
inocente de um criminoso, mesmo que essa mentira pudesse salvar a vida dela.

Rigidez Excessiva: A Ética Deontológica pode ser considerada muito rígida, pois não considera as consequências das ações,
apenas a intenção e a conformidade com o dever.
Dificuldade de Aplicação Prática: Em situações complexas, pode ser difícil determinar qual máxima deve ser
universalizada e como aplicar o imperativo categórico.
Desconsideração das Emoções: A Ética Deontológica de Kant tende a desconsiderar as emoções e as intuições morais, que
também desempenham um papel importante na tomada de decisões.
Conclusão: a relevância da Ética Deontológica
nos dias atuais
Apesar de suas críticas e limitações, a Ética Deontológica de Kant continua a ser uma teoria moral relevante nos dias atuais.
Ela nos fornece um framework para pensar sobre a moralidade e a justiça, enfatizando a importância da razão prática, da
autonomia moral e do dever. A Ética Deontológica oferece um contraponto valioso ao utilitarismo e outras teorias éticas que
priorizam as consequências das ações.

No mundo contemporâneo, marcado por dilemas éticos complexos, como a inteligência artificial, a bioética e as questões
ambientais, a Ética Deontológica de Kant pode servir como uma ferramenta para a reflexão e tomada de decisões morais
responsáveis. O princípio de agir de acordo com máximas que possam ser universalizadas nos ajuda a pensar em termos de
princípios universais e imparciais, promovendo uma sociedade mais justa e ética.

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