Resenhas Critícas de Textos - Fundamentos Da Arte e Educação

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

2024.1

DISCIPLINA: Fundamentos da Arte e Educação

Prof.ª Dr. BRUNO FERNANDES ALVES

DISCENTES: Júlia Souto Ferreira

Resenha crítica de textos

A) “Tendências e concepções do ensino de arte na educação escolar


brasileira”. Faça uma resenha do texto. Em seguida, faça um relato
sobre sua vivência com a disciplina de arte na educação básica,
apontando os pontos positivos e/ou negativos dessa experiência,
relacionando os mesmos às tendências/concepções presentes no texto.

O texto apresenta uma reflexão sobre as diferentes tendências e


concepções sobre o ensino de artes na educação escolar brasileira, tratando
dos avanços nesse campo desde a década de 1970. O artigo se destaca por
sua abordagem crítica e analítica, descrevendo não apenas as mudanças nas
práticas educativas, mas levantando questões sobre as consequências dessas
transformações para a formação dos educandos e para a sociedade.
O autor divide o ensino de artes em três linhas diferentes: a
pré-modernista, a modernista e pós-modernista. A tendência pré-modernista é
criticada por seu enfoque excessivo nas técnicas, o que tende a limitar a
expressão criativa dos estudantes, reduzindo eles a agentes passivos, meros
executores das tecnicas predefinidas. Esse tipo de abordagem pode muitas
vezes desconsiderar a individualidade e a diversidade cultural dos estudantes,
resultando em uma educação que não conversa com suas realidades.
O período de transição para o viés modernista, que tende a valorizar
mais as formas de expressão e criatividade, é apresentado como um avanço
significativo.Semana de Arte Moderna de 1922, em particular, exerceu um
papel importante na valorização da educação e das artes ao inserir novas
correntes artisticas que reconheceram, principalmente, a estética da arte
infantil. Esse momento se caracterizou como um período que desafiou os
ideais tradicionais da arte, focando em abordagens que prezavam pela livre
expressão e criatividade, aspectos presentes na produção artística das
crianças.Desse modo, a Semana de Arte Moderna contribuiu para a construção
de um novo olhar sobre a arte infantil, considerando-a um produto estético
digno de reconhecimento e estudo.
Entretanto, o autor também aponta que essa tendência, por mais que
seja “inclusiva” nesse aspecto, ainda precisa de uma ligação com a diversidade
cultural, muitas vezes favorecendo mais a experiência estética individual em
detrimento de um entendimentoo mais amplo das influências sociais, culturais
na arte. Isso ressalta a necessidade de um ensino que promova não apenas a
liberdade de expressão, mas também que considere o contexto cultural dos
estudantes.
A tendência pós-modernista é apresentada como abrangente, ao
abordar o ensino//aprendizagem de arte como conhecimento. Essa concepção
integra aspectos teóricos e críticos, enfatizando a importância da diversidade
cultural e da multidisciplinaridade. Os fundamentos dessa concepção incluem a
valorização da arte como um campo de saber que auxilia no desenvolvimento
da cognição, propiciando reflexões críticas e construção de novos saberes. O
autor diz que essa abordagem permite uma reflexão mais profunda sobre o
papel da arte na sociedade e na formação do indivíduo, sugerindo que a arte
não deve ser vista como uma disciplina isolada, mas como uma via para
diferentes formas de conexão com outras áreas de conhecimento e de
promoção de um entendimento sobre as diferentes realidades sociais.
Por mais que o texto ofereça uma análise crítica sobre as tendências de
ensino de arte, ele poderia se enriquecer com exemplos mais práticos que
mostrem como essas concepções poderiam ou podem ser trabalhadas em sala
de aula. A inclusão de estudos de caso ou experiências de professores
poderiam tornar a discussão mais concreta e acessível, fazendo com que os
leitores enxerguem a aplicação das tendências apresentadas.
Além disso, a obra poderia explorar mais a relação entre o ensino de
arte e as políticas educacionais no Brasil, considerando como que as condutas
do Estado influenciam a prática pedagógica. Essa análise poderia enriquecer a
discussão sobre as limitações e desafios enfrentados pelos educadores na
aplicação de uma educação artística que realmente atenda às necessidades
dos alunos.
Em resumo, o texto oferece uma contribuição valiosa para uma
discussão sobre o ensino de arte na educação escolar brasileira, trazendo uma
análise crítica das tendências e concepções que modelam essas práticas. O
texto destaca a importância de uma abordagem que valorize uma diversidade
cultural e promova uma reflexão crítica, contribuindo para o desenvolvimento
integral dos alunos. No entanto, a inclusão de exemplos práticos e uma análise
mais aprofundada das políticas educacionais poderiam fortalecer ainda mais a
argumentação do autor. A reflexão proposta é essencial para repensar o papel
da arte na educação e para promover práticas pedagógicas que realmente
dialoguem com a realidade dos estudantes contemporâneos.

RELATO DE EXPERIÊNCIA

Minha experiência com a disciplina de arte na educação básica foi


bastante limitada. No antigo maternal, as lembranças são vagas, e as
atividades relacionadas à arte não se destacaram de forma significativa. À
medida que progredia nas etapas seguintes da minha formação, percebi que o
ensino de arte se tornava cada vez mais superficial. Quando havia, tratava-se
de um conteúdo distante da realidade vivida pelos alunos, sem conexão com a
cultura local ou com as nossas experiências diárias. A abordagem me parecia
mecânica, focada em técnicas e regras,como por exemplo estudos de cores,
traços e retas, sem espaço para a expressão criativa ou reflexões mais
profundas sobre o significado da arte. Esse tipo de ensino se assemelha à
tendência pré-modernista, mencionada no texto, onde o foco excessivo nas
técnicas limitava a minha participação de maneira ativa, sem considerar minha
individualidade e meus contextos culturais

Apenas no ensino médio comecei a ter um contato mais próximo com as


artes, mas mesmo assim, a sala de aula ainda era muito defasada. A carga
horária curta e o desinteresse generalizado dos estudantes contribuíram para
um ambiente onde a arte era vista como algo secundário. O ensino artístico
regular não parecia considerar o valor da arte na formação integral dos
estudantes, faltando a conexão com a diversidade cultural e o desenvolvimento
crítico, como apontado nas tendências pós-modernistas descritas no texto. O
ensino de arte continuava distante das realidades sociais e culturais dos
estudantes, reforçando a crítica do autor sobre a falta de aplicação prática dos
conteúdos artísticos na sala de aula

Foi somente através de oficinas voluntárias e optativas de teatro e


música que consegui vivenciar as artes de forma mais eficaz. Essas atividades
extracurriculares trouxeram uma dimensão mais prática e criativa, permitindo
uma conexão maior com a expressão artística e o desenvolvimento de
habilidades que o currículo formal não abordava de maneira satisfatória. Esses
escritórios foram momentos importantes, onde pudemos experimentar a arte de
maneira mais livre, alinhada ao que o texto descreve como a tendência
modernista, com valorização da criatividade e da

Esses projetos permitiram-me uma experiência enriquecedora,


compatível com uma tendência de ensino mais distinta para a criatividade,
expressão individual e interdisciplinaridade. No entanto, a experiência dentro
da sala de aula regular avançou um caminho mais próximo da tendência
pré-modernista, com foco técnico e distante da realidade dos estudantes,
limitando o potencial formativo da arte. Esse contraste entre o ensino formal e
as atividades extracurriculares reflete a necessidade de uma abordagem mais
ampla e integrada, que valorize não apenas as técnicas, mas também a
diversidade cultural e o potencial da arte como campo de saber, conforme
destacado na abordagem pós-modernista do artigo.
B) “Invisibilidade, mitografia e silenciamentos na arte: perspectivas
feministas na historiografia da arte” e “(Des)memórias: por uma revisão
feminista da História da Arte no Brasil” A arte sofreu transformações com
o passar do tempo, sempre influenciada por alguma mudança ocorrida
na sociedade em seus aspectos históricos, filosóficos, culturais,
científicos e políticos; do mesmo jeito que sofre influência, a arte
influencia comportamentos, costumes, modas e discursos. E, como não
poderia deixar de ser, questões de gênero, classe, raça,
representatividade, silenciamento de minorias e comunidades
historicamente excluídas também marcam presença no universo da arte.
Diante do exposto e partindo dos textos indicados, responda:

A) Faça uma resenha que aponte os pontos de convergência entre os dois


textos.
B) Indique um/uma artista (de qualquer linguagem artística) que discuta, de
forma crítica, as temáticas de representação do corpo e de gênero em
sua produção estética.
C) Como esses temas da representação do corpo e das questões de
gênero poderiam ser abordados em sala de aula? Dê um pequeno
exemplo.
A) A invisibilidade das mulheres na História da Arte é uma temática
recorrente em diversos trabalhos contemporâneos. Os textos que abordam
essa questão ressaltam a necessidade de trabalhos que renovem a
historiografia sobre as mulheres na arte, reconhecendo as contribuições de
artistas mulheres. Esta resenha tem como objetivo explorar como os dois
textos destacam da emergencia de questionar as relações de poder entre
gêneros nas instituições culturais e a importância de uma nova estrutura de
pensamento que valorize a experiência feminina nas artes.
Um dos principais pontos que surgem das análises é a invisibilidade das
mulheres que são artistas, que apesar da importância de suas contribuições,
frequentemente são levadas ao esquecimento pelo simples fato de serem
mulheres. A historiografia tradicional priorizou durante muito tempo (e ainda
possuímos resquícios desse tipo de narrativa) as narrativas masculinas,
resultando em uma construção histórica que colocava às margens as vozes
femininas. Essa invisibilidade não é apenas uma questão de reconhecimento,
mas reflete um sistem que é predominantemente masculino que, ao longo do
tempo, silenciou as experiências e produções artisticas das mulheres.
Os textos convergem na ideia de que é imprescindível uma crítica
feminista que não apenas resgate as obras e trajetórias das artistas mulheres,
mas que também questione as estruturas de poder que perpetuam a
desigualdade de gênero. Essa crítica deve ir além da simples inclusão de
artistas femininas na narrativa histórica; deve buscar uma reinterpretação
crítica das relações de gênero na produção artística. A urgência dessa
abordagem é evidente, pois a história da arte não pode ser compreendida de
forma completa sem considerar as contribuições e experiências das mulheres.
A importância de reconhecer as contribuições de artistas como Maria
Izquierdo e Anita Malfatti é um ponto de convergência significativo entre os
textos. Ambas as artistas, apesar de suas obras impactantes, enfrentaram
barreiras que limitaram seu reconhecimento no cenário artístico. O
reconhecimento dessas figuras é fundamental para a construção de uma
narrativa mais inclusiva e plural, que valorize a diversidade de vozes e
experiências na arte. Essa valorização não apenas enriquece a história da arte,
mas também oferece novas perspectivas sobre a produção cultural.
Outro aspecto crucial abordado nos textos é a necessidade de
questionar as relações de poder entre gêneros nas instituições culturais. As
instituições, muitas vezes, perpetuam a marginalização das mulheres na arte,
seja por meio da falta de exposições antológicas ou pela predominância de
retrospectivas que enfatizam o desenvolvimento dos artistas em detrimento de
suas obras mais significativas. Essa crítica às instituições culturais é essencial
para garantir que as contribuições das mulheres sejam reconhecidas e
celebradas, promovendo uma maior inclusão na narrativa artística.
Os textos também enfatizam a relevância de uma nova estrutura de
pensamento que considere a experiência feminina e a diversidade de vozes na
arte. A produção artística das mulheres não deve ser vista de forma
homogênea, mas sim em suas especificidades e contextos. Essa abordagem
permite uma compreensão mais rica e complexa das obras, levando em conta
as questões emocionais, sociais e intelectuais que moldaram as carreiras das
artistas. A diversidade de vozes é fundamental para uma análise crítica das
representações sociais e culturais que historicamente marginalizaram as
mulheres.
As convergências entre os textos analisados revelam um compromisso
comum com a revisão histórica e a valorização da produção cultural feminina. A
invisibilidade das mulheres na História da Arte é uma questão que demanda
atenção e ação, e a crítica feminista se apresenta como uma ferramenta
essencial para essa transformação. Ao reconhecer as contribuições das
artistas mulheres, questionar as relações de poder nas instituições culturais e
valorizar a experiência feminina, os textos propõem um olhar mais inclusivo e
plural sobre a arte e suas narrativas. Essa abordagem não apenas enriquece a
história da arte, mas também contribui para a construção de uma sociedade
mais justa e igualitária.

B) e C) Pina Bausch, uma das maiores coreógrafas do século XX, é conhecida


por suas produções que questionam as convenções sociais, especialmente em
relação ao corpo e às questões de gênero. Sua abordagem única, o
Tanztheater (dança-teatro), mistura dança e teatro para explorar as emoções e
os conflitos humanos. Uma de suas obras mais emblemáticas é a releitura de'A
Sagração da Primavera" (1975), baseada no balé original de Igor Stravinsky,
que aborda os sacrifícios, o ritual, e as dinâmicas de poder e violência sobre o
corpo feminino.Na sala de aula, a expressão corporal pode ser uma ferramenta
poderosa para explorar as expectativas do gênero.Esses temas podem ser
abordados em sala de aula por meio de atividades de expressão corporal que
incentivem os alunos a desafiar estereótipos de gênero. Por exemplo, os
alunos podem participar de uma sessão na qual criam movimentos que
rompem com as normas tradicionais de gênero, explorando formas não
convencionais de expressão. Trabalhando individualmente ou em grupo, eles
desenvolvem pequenas performances que mostram como o corpo pode
expressar emoções e ideias além das limitações sociais. Ao final, uma
discussão em grupo permitiria refletir sobre como esses movimentos podem
desconstruir ou, em alguns casos, reforçar os papéis de gênero.

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