Guia de Primeiros Socorros 2023
Guia de Primeiros Socorros 2023
Guia de Primeiros Socorros 2023
PRIMEIROS SOCORROS
Revisto e adaptado às
guidelines do European
Resuscitation Council 2020
Rev. 4-
2023
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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Índice
Introdução..................................................................................................................... 4
Definição e objetivos do Primeiro Socorro .................................................................... 4
Interação com o SIEM .................................................................................................. 5
Abordagem da Vítima e Pré-Socorro ............................................................................ 6
Avaliação primária........................................................................................ 6
Avaliação secundária ................................................................................... 7
Valores de Referência .................................................................................. 7
Prioridades de Socorro ................................................................................................. 9
Hemorragias ............................................................................................................... 10
Hemorragias Externas................................................................................ 10
Hemorragias Internas Invisíveis ................................................................. 11
Hemorragias Internas Visíveis.................................................................... 12
Lesões da Pele ........................................................................................................... 14
Feridas ....................................................................................................... 14
Caso especial: amputação ......................................................................... 15
Queimaduras ............................................................................................. 16
Por calor .................................................................................................. 16
Por frio ....................................................................................................... 18
Suporte Básico de Vida – SBV ................................................................................... 19
A Cadeia da Sobrevivência ........................................................................ 20
Segurança do Reanimador ........................................................................ 24
Algoritmo de Suporte Básico de Vida ......................................................... 26
Segurança do Reanimador – Parte 2 ......................................................... 33
Obstrução da Via Aérea – OVA.................................................................. 36
Posição Lateral de Segurança ................................................................... 40
Casos Especiais......................................................................................... 42
Suporte Básico de Vida Pediátrico ............................................................. 46
Obstrução da Via Aérea (OVA) Pediátrica.................................................. 49
Lesões músculo-esqueléticas ..................................................................................... 50
Fraturas ..................................................................................................... 50
Lesões articulares ...................................................................................... 51
Traumatologia Geral ................................................................................................... 53
Traumatismo Craniano (TCE): Causas, Consequências e Tratamento ...... 53
Traumatismo da coluna - traumatismos vertebro medulares (TVM) ........... 55
Urgências e Emergências Médicas ............................................................................. 57
Ataque cardíaco ......................................................................................... 57
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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Acidente Vascular Cerebral – AVC e Acidente Isquémico Transitório (AIT) 59
Diabetes ..................................................................................................... 61
Crise Convulsiva e Epilepsia ...................................................................... 62
Primeiros Socorros Pediátricos ................................................................................... 66
A mala de primeiros socorros ..................................................................................... 67
Bibliografia .................................................................................................................. 69
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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Introdução
Este guia tem como objetivo permitir uma consulta rápida em caso de
emergência ou um fácil acompanhamento dos tópicos fundamentais
numa ação de formação em primeiros socorros.
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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Interação com o SIEM
O Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM) é um conjunto de
meios e ações coordenadas que possibilitam uma ação rápida e eficaz
em situações que envolvam emergências médicas.
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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Abordagem da Vítima e Pré-Socorro
A finalidade do pré-socorro é estabilizar o estado das vítimas,
evitando que o mesmo se agrave até que chegue a ajuda mais
diferenciada. É por isso fundamental evitar erros comuns (como
mobilizar a vítima, dar-lhe água, etc.) e abordá-la da forma mais
adequada, em função do seu estado e origem do problema.
Avaliação primária:
3
Alguns autores consideram integrar este passo na avaliação secundária, bem como uma
sequência de procedimentos ligeiramente distinta. Em nosso entender esta questão não se
levanta, já que o mais importante é o socorrista saber como proceder em casos distintos.
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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Avaliação secundária:
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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Escala de avaliação de consciência (disfunção neurológica) – permite
avaliar o grau de consciência da vítima.
Escala de coma de
Glasgow (disfunção
neurológica) – permite
classificar objetivamente
as principais respostas da
vítima a estímulos e
consequentemente o seu
grau objetivo de
inconsciência/coma.
Embora esta escala possa
não ter grande
representatividade para o
socorrista comum, ela é
importante para as
equipas de socorro.
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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Prioridades de Socorro
Como é obvio, nem todas as situações em primeiro socorro têm a
mesma gravidade e, como tal, o socorrista deve avaliar quais têm
maior prioridade de atendimento e que são naturalmente as situações
emergentes, ou seja, aquelas que colocam em risco imediato uma ou
mais funções vitais e, consequentemente, a própria vida das vítimas.
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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Hemorragias
As hemorragias podem classificar-se de
diferentes formas, seja quanto à
proveniência, tipo de vasos afetados, forma
de apresentação…
Hemorragias Externas
Primeiros Socorros:
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membros e é normalmente aplicado na raiz dos mesmos, isto é, na
parte superior do braço ou da coxa, conforme o caso.
Por ser extremamente traumático, o garrote apenas deve ser aplicado
em casos extremos, se a hemorragia for realmente grave. Por isso e
porque está em causa a vida da vítima, não é recomendável que o
socorrista alivie ou retire o garrote. Deve, no entanto, anotar a hora
de colocação num local bem visível (como a testa da vítima) para que
as equipas de socorro possam decidir se e quando o aliviar para não
comprometer demasiado a irrigação do membro.
Tradicionalmente em Portugal esta anotação é feita com 6 dígitos
consecutivos: HGHHMM, em que HG significa Hora de Garrote, HH
os 2 dígitos da hora e MM os 2 dígitos do minuto.
HG1323
Não colocar traços ou pontos a separar os dígitos.
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• Tendência para perda de consciência
• Respiração e circulação fracas, mas bastante rápidas
• Pressão arterial muito baixa
• Dor local; aparecimento de equimoses (nódoas negras)
• Sede muito intensa
• …
Primeiros Socorros:
Primeiros Socorros:
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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pare (pode demorar vários minutos) ou, em alternativa…
• Introduzir pequenos rolos de compressa em ambas as narinas e
mantê-los até que claramente a hemorragia tenha parado.
Cuidado ao retirá-los pois podem estar colados à mucosa nasal
e ao retirar, despoletar nova hemorragia;
• Pode ainda combinar os métodos anteriores com a colocação de
frio sobre o nariz, o que irá contrair os vasos e diminuir o fluxo
de sangue. Para tal, pode usar um pacote de frio instantâneo
(vulgarmente existente em malas de primeiros socorros) ou
mesmo um saco de gelo embrulhado num pano. Nunca colocar
gelo diretamente sobre a pele, pois ao fim de algum tempo irá
provocar lesões.
MUITA ATENÇÃO:
4
A Caduceus encontra-se neste momento acreditada para ministrar esta ação (N. do A.)
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Lesões da Pele
Feridas
Primeiros Socorros:
Fatores de gravidade:
• Hemorragias graves
• Feridas profundas
• Objetos encravados (empalados)
• Mordeduras de animais
• Feridas em zonas sensíveis (olhos, mucosas, …)
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Estas situações irão requerer procedimentos especiais e são sempre
da competência de técnicos diferenciados. Assim basicamente, o
socorrista limitar-se-á a conter as hemorragias (se existentes), cobrir
a ferida e enviar a uma unidade de saúde. Caso haja objetos
empalados, estes devem ser imobilizados, mas nunca removidos.
Finalmente, no caso das mordeduras de animal, deve lavar-se
abundantemente a ferida e, se possível, o animal deve ser visto por
um veterinário para descartar doenças transmissíveis ao ser humano.
Muita atenção:
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Queimaduras
As queimaduras
classificam-se assim em
primeiro, segundo e
terceiros graus, conforme
a camada ou camadas de
pele afetada (s).
Obviamente que será tanto
mais grave, quanto mais
profunda for.
Tendo em conta os
destinatários deste
manual, debruçar-nos-emos essencialmente sobre as queimaduras
térmicas (calor e frio).
Por calor:
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Por frio:
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Suporte Básico de Vida – SBV
Introdução
Este capítulo
encontra-se de
acordo com as
normas e manuais
do Conselho
Europeu de
Ressuscitação,
com as adaptações
introduzidas pelas
guidelines
publicadas em
Outubro de 2015 e
revistas em 2020.
A legislação
portuguesa tem
introduzido
recentemente vários Diplomas que conduzem à obrigatoriedade de
diversos profissionais necessitarem obrigatoriamente de frequentar
formação Acreditada em SBV, para o desempenho de diversas
funções, designadamente no tocante ao transporte de doentes
(independentemente de ser ou não em ambulância). Tal faz, em
nosso entender, todo o sentido, na medida em que qualquer pessoa,
particularmente doentes instáveis, pode a todo o momento necessitar
de intervenção ao nível do suporte básico de vida, pelo que, tal como
ocorre já há décadas noutros países, estes conhecimentos deveriam
fazer parte da formação cívica obrigatória de qualquer cidadão.
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A Cadeia da Sobrevivência
Como é sabido, cada elo da cadeia terá um tempo útil para ser
colocado em prática, sem o que, a eficácia dos elos seguintes será
desde logo comprometida. É, pois, comum afirmar-se que esta cadeia
‘tem a força do elo mais fraco’ ou, por outras palavras, se um dos
elos falhar, todos os subsequentes passarão a ficar comprometidos.
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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2º Elo: Início das manobras de Suporte Básico de Vida
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Alerta. Por outro lado, mesmo obtendo êxito na ressuscitação, é
importante a manutenção de cuidados médicos, a fim de evitar e/ou
intervir precocemente sobre consequências de lesões adquiridas no
período da paragem circulatória e assim proporcionar uma maior
qualidade de vida futura ao paciente.
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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Segurança do Reanimador
Qualquer socorrista por mais experiente que seja sabe que, perante a
presença de uma vítima, a primeira tendência é abordá-la seja de
que forma for. ERRO CRASSO!
• Risco de atropelamento
• Risco de incêndio ou explosão (derrame de combustíveis, cheiro
a gás em espaços fechados, …)
• Riscos elétricos
• Risco de queda de estruturas ou objetos diversos
• Risco de violência ou agressão por parte da própria vítima ou
de ‘mirones’
• Etc.
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Caso se aperceba da existência de algum dos riscos supracitados ou
de qualquer outro, por muito urgente que lhe pareça socorrer a
vítima, deve obrigatoriamente em primeiro lugar tomar as medidas
necessárias para eliminar ou pelo menos minimizar os perigos,
tornando assim o local minimamente seguro para si, para a própria
vítima e para outras pessoas que possam posteriormente chegar,
incluindo as equipas de socorro.
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Algoritmo de Suporte Básico de Vida
Garantidas
•Verificar condições de segurança
Inconsciente?
•Verificar consciência
Ajuda a
•Chamar ajuda e Ligar 112 (ajuda diferenciada)
caminho?
•2 insuflações... 30 compressões...
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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certo, comprometem todo o processo. Daí que, se tiver de abandonar
temporariamente a vítima para os garantir, deve fazê-lo.
CONDIÇÕES DE SEGURANÇA
1º PEDIDO DE AJUDA
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De acordo com os mais recentes algoritmos para socorristas indiferenciados, este pedido
passou a ser efetuado conjuntamente com o pedido de ajuda diferenciada. Nada obsta,
contudo a que seja feito antes, se aplicável.
7 Esta manobra é também vulgarmente chamada subluxação da mandíbula, mas preferimos
usar o termo tração ou protusão, pois o outro pode induzir interpretações erradas.
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eficaz, e requere a presença de um segundo socorrista, pelo que, na
dúvida, pode aplicar-se (com cuidado) a extensão da cabeça.
V.O.S.
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não havendo outros sinais de vida, assume-se que há paragem
cardiorrespiratória (PCR).
Seja qual for o caso, quem efetuar a chamada deve ter alguns pontos
em linha de conta, designadamente:
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• Medidas já tomadas/que se pretendem tomar (início de RCP, …)
• Confirme o seu número de telefone e/ou de outra pessoa que
permaneça no local
• Outras que o centralista possa considerar importantes
• Não desligue a chamada sem que o centralista indique ser
apropriado
Importa relembrar que, se não for o socorrista e sim uma pessoa sem
qualquer experiência, estas informações lhe devem ser passadas de
uma forma simples e clara, sem recurso a linguagem técnica, de
modo a que a pessoa facilmente entenda o que tem a fazer. Da
mesma forma, sublinhar uma vez mais que, sempre que possível, a
chamada deve ser efetuada na proximidade da vítima para verificar
em tempo real possíveis questões que o centralista venha a colocar
(se a vítima respira, aspeto das pupilas, etc.).
COMPRESSÕES TORÁCICAS
VENTILAÇÃO ASSISTIDA
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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• Mantenha a via aérea aberta e desobstruída (extensão da cabeça)
e com os dedos polegar e indicador, aperte o nariz da vítima. Com
a outra mão, mantenha a mandíbula para cima, permitindo, no
entanto, que a boca se mantenha aberta.
• Inspire profundamente e coloque os seus lábios ao redor dos da
vítima, selando-os por completo (ver nota abaixo relativa a uso
de máscara).
• Expire lentamente para dentro da boca da vítima (aprox. 1
segundo).
• Cada expiração deve ser suficiente para expandir o tórax da vítima
como se ela estivesse a ventilar espontaneamente.
• Permita que o ar saia, mantendo a extensão da cabeça e
afastando a sua boca da vítima, enquanto enche de novo o seu
tórax e olha para o tórax da vítima para verificar o movimento.
• Repita os passos anteriores de forma a fornecer uma segunda
insuflação.
Não esqueça que um pano ou um lenço não constituem uma proteção eficaz e
podem até aumentar o risco de contaminação.
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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Segurança do Reanimador – Parte 2
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A mais comum, é vulgarmente conhecida por PocketMask (máscara
de bolso) e, salvaguardadas as distintas variantes existentes no
mercado, tem normalmente a seguinte configuração:
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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dispositivos mais avançados (tubos orofaríngeos), é fundamental
manter a extensão da cabeça durante as insuflações, de contrário, a
via aérea estará obstruída e as mesmas não serão eficazes.
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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Obstrução da Via Aérea – OVA
CONCEITOS
CENÁRIOS
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Atualmente esta manobra tende a designar-se simplesmente como compressões abdominais.
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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consiste na aplicação de até 5 compressões abdominais. A
sequência pode ser repetida até que o objeto seja expelido
ou, se tal não ocorrer, quando a vítima passar à fase de
inconsciência.
Há que ter em conta que as compressões abdominais devem
ser aplicadas com a força necessária para induzir uma saída
brusca de ar suficiente para arrastar consigo o objeto. Pode,
portanto, ser traumática e induzir efeitos indesejados como
o vómito, mas por se tratar de mais uma manobra de ‘life-
saving’ (salvamento da vida), há que aplicá-la sem receios
desde que da forma correta.
A abordagem é efetuada por trás da vítima10 (caso esta se
encontre de pé), colocando-se o socorrista numa posição de
equilíbrio para que não haja o risco de caírem ambos. O
socorrista coloca a sua mão dominante (com o punho
fechado) no abdómen da vítima na zona do diafragma
(sensivelmente a meia distância entre o apêndice xifóide e o
umbigo) e, abraçando a vítima, segura o punho dominante
com a outra mão. Pede à vítima que se deixe cair para a
frente (o peso da vítima ajuda à compressão, mas, uma vez
mais cuidado com o equilíbrio para que não caiam ambos).
Vítima inconsciente
10 Por motivos óbvios, a Manobra de Heimlich não pode ser aplicada a 3 tipos de vítimas:
crianças muito pequenas (menores de 1 a 2 anos), grávidas e vítimas ‘incontornáveis’ (grandes
obesos). Nestes 3 casos as compressões devem ser em alternativa, efetuadas sobre o esterno,
na mesma zona das compressões torácicas do SBV.
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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O Algoritmo
Verificar
gravidade
Manobra Heimlich:
(5 Pancadas Iniciar Algoritmo
Intercostais + 5 SBV
Compressões
Abdominais)
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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Posição Lateral de Segurança
Tal como foi referido anteriormente, se a vítima respira de forma
normal, mas permanece inconsciente deve ser colocada em Posição
Lateral de Segurança (PLS). Esta é claramente por si só, uma
manobra que permite a manutenção de uma via aérea permeável e,
portanto, a sua descrição enquadra-se igualmente neste capítulo.
Quando uma vítima está inconsciente, em decúbito dorsal, mesmo
que respire espontaneamente pode desenvolver um quadro de
obstrução da via aérea, ou de regurgitação do conteúdo gástrico,
secreções ou sangue. Com a PLS, mantém-se a permeabilidade da
via aérea, evitando a obstrução por ‘queda’ da língua, bem como se a
vítima vomitar evita que o conteúdo entre nas vias aéreas.
Princípios da PLS
• Ser uma posição o mais lateral possível para que a cabeça fique
numa posição em que a drenagem da cavidade oral se faça
livremente;
• Ser uma posição estável;
• Não causar pressão no tórax que impeça a respiração normal;
• Permitir um acesso fácil à via aérea bem como a sua
observação;
• Ser possível voltar a vítima para decúbito dorsal de forma fácil
(caso deixe de respirar);
• Não causar nenhuma lesão à vítima;
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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ATENÇÃO:
A posição lateral de segurança não deve ser considerada
em vítimas com suspeita de trauma da coluna, para não
correr o risco de agravar as lesões, salvo se esta for
imprescindível.
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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Casos Especiais
Afogamento
Hipotermia
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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outro lado, dificulta as manobras de reanimação que, frequentemente
demoram mais tempo a ter êxito.
Portanto neste caso, os autores dividem-se e os protocolos de
atuação (mesmo hospitalar) variam conforme os casos. Assim e ao
nível do SBV, recomenda-se de forma genérica que se aqueça a
vítima (remover roupas molhadas, envolver em lençol isotérmico,
colocar em local aquecido, …) e seguir o algoritmo geral de SBV sem
alterações de maior.
Cuidado, no entanto, pois em casos extremos (congelamento de
extremidades, …) o manuseamento da vítima deve ser efetuado de
forma cuidada, sem movimentos bruscos e, especialmente, sem
contacto direto com fontes de calor.
Eletrocussão
Intoxicações
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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É, portanto, especialmente importante que o
socorrista se encontre bem protegido, que a vítima
(caso necessário) seja retirada do local contaminado
e, havendo necessidade, seguir como habitual o
algoritmo geral de SBV, recorrendo aos
equipamentos de proteção individual possíveis
(especialmente máscara de SBV e eventualmente
luvas).
Não esquecer que existe um serviço telefónico
permanente (CIAV: 800250250), que presta
aconselhamento quanto às atuações adequadas nestes casos. Mas se
não puder contactar este número poderá recorrer ao 112 como
habitual.
É ainda frequente que o SBV nestes casos seja particularmente
enriquecido se houver possibilidade de administrar oxigénio
suplementar durante a RCP mas, na maioria dos casos, isto só é
possível após chegada da ambulância. É expectável que os tripulantes
da ambulância possuam formação adequada em técnicas de
oxigenoterapia e conheçam as principais exceções, por exemplo no
caso de intoxicações com Paraquato (Gramoxone).
Gravidez
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Outras Exceções
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Suporte Básico de Vida Pediátrico
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desobstrução da via aérea e reverter o evento sem outro tipo de
intervenções.
Após efetuarmos 5 insuflações iniciais ou, caso não tenhamos acesso
a telefone de imediato, após 1 minuto de reanimação, reavaliamos a
criança. Se esta não recuperou, passamos então ao 3º elo que é o
pedido de ajuda diferenciada (112). Garantida a ajuda, retomamos as
manobras de reanimação.
Os restantes elos (desfibrilhação e suporte avançado de vida),
aplicam-se na sequência normal da Cadeia de adulto. Atenção,
contudo, à questão da desfibrilhação, que deve ser aplicada no modo
pediátrico.
E quanto ao algoritmo de SBV Pediátrico, o que muda?
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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1. Verifique e garanta sempre as condições
de segurança antes de abordar a vítima;
2. Avalie o estado de
consciência da vítima,
chamando por ela e tocando-
lhe em ambos os ombros. NOTA: nos infantes
efetua-se o chamado estímulo cruzado, apertando ligeiramente
a mão direita e o pé esquerdo e vice-versa.
3. Se inconsciente, abra a via aérea. Nota: no
infante não pronuncie demasiado a extensão da
cabeça. Apenas ligeiramente, mantendo uma
posição neutra. Se necessário, coloque-lhe uma
toalha dobrada por baixo das omoplatas para
manter o posicionamento da cabeça.
4. Verifique a ventilação com o método V.O.S.
(ver, ouvir, sentir);
5. Efetue 5 insuflações
eficazes. Por vezes, estas ventilações são
suficientes para desobstruir a via aérea e
resolver a situação;
6. Se as ventilações não resolveram, ligue
agora 112. Contudo, se não tem telefone à mão, efetue 1
minuto de RCP e só depois deve procurar o telefone e efetuar a
chamada. NOTA IMPORTANTE: em pediatria a RCP é efetuada
numa cadência de 15 compressões para 2 insuflações e não
30:2 como no adulto;
7. Mantenha RCP até que a vítima recupere, chegue ajuda
diferenciada que o substitua, ou até que esteja exausto.
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Imagens desta secção: fonte – Martins, 2022
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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Lesões músculo-esqueléticas
Fraturas
Diagnóstico
• Dor
• Inchaço; deformação
• Impotência funcional; mobilidade anormal
• Crepitação óssea (ruído ao mover o segmento afetado)
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Primeiros Socorros:
Lesões articulares
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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vez que o diagnóstico definitivo apenas será feito no hospital. Por
norma, estas lesões requerem algum tempo de repouso da
articulação e aplicações frias nas primeiras 24/48 h. Só após este
período, devem ser aplicados calor e/ou anti-inflamatório local.
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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Traumatologia Geral
Causas frequentes:
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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de traumatismo craniano. A velocidade e a força do impacto
podem resultar em danos significativos.
• Quedas: Principalmente em crianças e idosos, quedas em altura
podem causar (entre outros), traumatismos cranianos. Isso é
especialmente preocupante em ambientes onde essas faixas
etárias são mais vulneráveis, como em creches, jardins de
infância ou lares de idosos.
• Atividades desportivas: Desportos de contato ou atividades com
risco de queda, como futebol americano, rugby, boxe, ciclismo
ou skate, podem resultar em lesões na cabeça.
• Agressões Físicas: Pancadas na cabeça, como socos ou golpes
com objetos, também podem causar traumatismo craniano.
• Lesões por Explosão: Exposição a explosões, como em
acidentes industriais ou militares, pode gerar ondas de choque
que afetam o cérebro.
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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• Lesões Focais: Danos a uma área específica do cérebro podem
resultar em déficits sensoriais, motores ou cognitivos,
dependendo da área afetada.
Primeiros Socorros:
Diagnóstico
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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Primeiros Socorros:
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Urgências e Emergências Médicas
Ataque cardíaco
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ou bem mais grave (no caso de se tratar de uma obstrução total) e
conduzir a um cenário de enfarte agudo do miocárdio (EAM) e
subsequente paragem cardiorrespiratória. Esta situação é
extremamente grave, com um prognóstico bastante reservado e a
intervenção médica rápida é absolutamente fundamental.
Primeiros Socorros:
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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De uma forma geral, sempre que ocorre uma patologia deste tipo, o
doente apresenta um quadro sintomatológico muito específico, que
faz com que seja razoavelmente simples diagnosticar o problema,
designadamente (entre outros):
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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descurado, devendo procurar-se na mesma ajuda diferenciada, já que
o AIT pode prenunciar a prazo a ocorrência de um AVC.
A aplicação da Escala de
Cincinnati é uma forma
razoavelmente segura de
despistar a possibilidade de estar
a ocorrer um AVC e o CODU deve
ser imediatamente alertado se
esta suspeita existir.
Primeiros Socorros:
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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Diabetes
Diagnóstico
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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• Sede ou fome exacerbadas;
• Perda súbita de forças, desmaio;
• Hálito com forte odor cetónico (cheiro a acetona) ou frutado;
• Discurso confuso, desconexo;
• Aumento da frequência respiratória;
• Náuseas ou vómitos;
• …
Primeiros Socorros:
12
Dado que os valores da glicemia não são estanques, poderemos considerar
hiperglicemia grave algo acima dos 300 ou 400 mg/dl e hipoglicemia grave, valores
na ordem dos 50 mg/dl ou abaixo disso.
62
Guia Básico de Primeiros Socorros
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hipoxia, intoxicações e, claro, a mais comum que é a epilepsia.
Outro dos mitos que ainda hoje perdura, prende-se com a opinião
(infundada) de que o paciente poderia enrolar ou mesmo engolir a
própria língua, asfixiando em seguida.
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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percetíveis, pelo que não representa grande interesse prático para o
socorrista.
Primeiros Socorros:
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• O risco maior será, pois, o de eventuais lesões associadas à queda ou
aos espasmos, daí a recomendação de recorrer ao hospital após a
crise.
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Primeiros Socorros Pediátricos
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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A mala de primeiros socorros
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Guia Básico de Primeiros Socorros
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Qtd. ARTIGO
01 Adesivo hipoalergénico
01 Colar cervical ajustável
01 Colete refletor
10 Compressa esterilizada 10x10
12 Compressa esterilizada 5x5
10 Compressa esterilizada 7,5x7,5
05 Compressas não aderentes
01 Kit de glicemia
02 Kit proteção individual (bata, luvas, máscara, óculos, …)
01 Lanterna de reflexos pupilares
02 Lençol isotérmico
05 Lenços triangulares
10 Ligaduras de gaze (tamanhos diversos)
10 Ligaduras elásticas (tamanhos diversos)
1 cx Luvas vinil ou nitrilo (azuis no caso do setor alimentar)
01 Máscara ventilação assistida
01 Oxímetro de dedo
02 Pack calor
02 Pack frio
05 Pacotes de açúcar ou glicose
02 Penso queimados ou gel queimados (Hidrogel)
03 Pensos compressivos
20 Pensos rápidos diversos (azuis no caso do setor alimentar)
03 Pinça descartável
01 Solução Antisséptica (clorexidina)
100cc Soro Fisiológico
1 cx Soro Fisiológico unidoses
10 Suturas adesivas
02 Talas moldáveis
01 Tensiómetro digital
01 Termómetro digital
01 Tesoura forte
20 Toalhete álcool
06 Tubos orofaríngeos
---- Medicamentos diversos a ponderar em função das necessidades dos
utilizadores (apenas em malas individuais)13
13
Não esquecer que o socorrista não se encontra habilitado a administrar
medicamentos de qualquer tipo. Usar apenas quando devidamente prescritos.
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Bibliografia
Nota: ainda que a esmagadora maioria deste manual tenha sido
escrita pelo autor com recurso a diversas fontes bibliográficas, uma
pequena parte dos capítulos adicionados na última revisão (agosto
2023) foi elaborada com algum recurso experimental a plataformas
de IA e posteriormente revista e adaptada pelo autor.
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