Endometriose e Adenomiose
Endometriose e Adenomiose
Endometriose e Adenomiose
A endometriose é definida como a presença de glândula e/ou estroma endometrial fora do útero,
com predomínio, mas não exclusivo, na pelve feminina.
• A ação inflamatória crônica das lesões tem feito a endometriose ser considerada uma doença
sistêmica
Local mais frequentes em ordem decrescente de frequência: ovários, fundo de saco anterior e
posterior, ligamentos uterossacros, ligamentos largos posteriores, útero, trompas, cólon sigmóide,
apêndice e ligamentos redondos
• Outros locais: fora da pelve, no abdômen, tórax, cérebro e, até mesmo, na pele
• Ou seja, a endometriose pode aparecer em, praticamente, todo o corpo!
A endometriose é uma doença dependente do ESTROGÊNIO está relacionada à maior exposição ao
estrogênio.
• A quase totalidade do estrogênio das mulheres no menacme é produzida pelos ovários, mas
uma pequena parte pode ser produzida na gordura periférica, através da conversão dos
androgênios em estrona (estrogênio) pela enzima aromatase (aromatização).
• Os implantes de endometriose também produzem a aromatase, ou seja, têm a capacidade
de produzir estrógenos locais para sua própria “sobrevivência”.
• Por isso, os inibidores da aromatase são uma opção terapêutica para a endometriose.
Classificação da profundidade
Estadiamento
A teoria mais aceita, ainda hoje, para o desenvolvimento da endometriose é a teoria de Sampson, ou
da menstruação retrógrada.
Fatores de risco
→ Quanto maior e mais frequente for o refluxo tubário menstrual, maior será o risco de
desenvolver endometriose.
Fatores que podem aumentar a probabilidade de exposição da cavidade pélvica ao refluxo menstrual
tubário contendo células endometriais são fatores de risco:
Quanto menor a exposição ao estrogênio e menor o número das menstruações da mulher, menor o
risco de desenvolver endometriose. Fatores de proteção:
• multiparidade;
• intervalos prolongados de amamentação;
• menarca tardia (após os 14 anos);
• consumo de ácidos graxos ômega 3;
• uso de pílulas anticoncepcionais (proteção contra o endometrioma).
Quadro clínico
Sintomas da Endometriose
➢ Dismenorreia (progressiva)
➢ Dispareunia profunda
➢ Dor pélvica crônica (acíclica)
➢ Infertilidade
➢ Alterações Urinárias
➢ Disfunção intestinal
➢ Dor lombar
➢ Fadiga crônica
Essas sintomatologias estão relacionadas a dor miofascial e compressão de nervos, assim como
infiltração diafragmática pela endometriose.
Sintomas clássicos
Devemos pensar em endometriose sempre que a houver algum sintoma (sobretudo dor)
relacionado à menstruação.
• Como dor irradiada para membros inferiores, vulvodínia, dor em região glútea, dor torácica,
hemoptise, dor epigástrica, entre outros, que podem refletir lesões em localizações menos
usuais.
Exames de imagem
• Fica a critério da expertise de cada serviço, pois ambas têm vantagens e desvantagens
• Contudo, é reservado para casos de: dúvida diagnóstica, falha do tratamento clínico ou
indicação de tratamento cirúrgico.
• Não é rotina indicar a videolaparoscopia "puramente" diagnóstica.
Exames laboratoriais
Diagnóstico
MANEJO
A endometriose é uma doença crônica que requer um plano de tratamento com o objetivo de
aumentar o uso de tratamento clínico e reduzir procedimentos cirúrgicos repetidos
TRATAMENTO CLÍNICO
• AINES
• Não apresenta uso terapêutico específico, apenas para alívio temporário da dor nas pacientes
com endometriose
Tratamento hormonal:
Mecanismo:
Progestágenos
Anticoncepcionais combinados
Drogas:
Inibidores da aromatase
Opções terapêuticas:
Endometrioma assintomático
Endometrioma sintomático
Tratamento da infertilidade
Não há indicação de cirurgia de rotina antes do tratamento por reprodução assistida para aumentar
as taxas de gravidez em mulheres com endometriose mínima e leve, uma vez que os potenciais
benefícios não são claros.
Abordagem UpToDate:
A terapia hormonal para supressão ovariana em pacientes com infertilidade e endometriose não
deve ser prescrito, pois não há evidência!
• Única droga eficaz: análogo do GnRH, administrado por até 3 meses, porém
especificamente antes da FIV.
FIV: fertilização in vitro; VAS: escore analógico visual.
TRATAMENTO CIRÚRGICO
* Os sintomas da endоmetriоse geralmente desaparecem com a menopausa. Mulheres que estão próximas
da menopausa podem preferir tolerar sintomas subótimos controlados para evitar a cirurgia
Técnica
• A cirurgia conservadora (de preferência pela via laparoscópica) é a primeira escolha para a
maioria das mulheres que planejam o tratamento cirúrgico da endometriose, pois preserva a
fertilidade e a produção de hormônios, é menos invasiva e tem recuperação mais rápida.
• Desvantagem: maior taxa de recorrência dos sintomas (sobretudo se jovem) e necessidade
de nova cirurgia;
Cirurgia definitiva: histerectomia, com ou sem ooforectomia.
• Indicação de cirurgia definitiva: sintomas refratários aos outros tipos de tratamento, com
prole constituída (a endometriose é uma doença dependente do estrogênio).
• A ooforectomia reduz risco de recorrência, contudo evoluem com sintomas da menopausa
(fogachos e secura vaginal).
• A cirurgia não é o tratamento curativo da endometriose em 100% dos casos.
•
Cuidados pós-operatórios
→ Terapia hormonal supressora a longo prazo (pelo menos 6 a 24 meses) >> pode reduzir
a recorrência da endometriose e, assim, evitar a necessidade de múltiplas cirurgias >> As
opções para terapia médica pós-operatória são as mesmas da terapia médica inicial.
A terapia hormonal pode ser necessária para tratar sintomas relacionados à menopausa cirúrgica,
após a ooforectomia bilateral.
Endometriose peritoneal
Parede abdominal
• Clínica: nódulo, que pode ser doloroso, geralmente próximo a uma cicatriz cirúrgica prévia (por
exemplo, de cesárea).
• Pode variar de tamanho, ficar roxo e sangrar durante o período menstrual.
• Exame: USG e RNM
• Manejo: exérese da lesão.
Umbilical
• Clínica: nódulo na cicatriz umbilical, que pode variar de tamanho, ficar roxo e sangrar durante
o período menstrual.
• Exame: USG e RNM
• Manejo: exérese da lesão.
Canal inguinal
• Clínica: nódulo na virilha que pode causar dor durante a menstruação e até variar de tamanho
nesse período
• Exame: USG e RNM
• Manejo: exérese da lesão.
Diafragma
• Clínica: dor no ombro direito durante a menstruação, dor para respirar e desconforto na
posição reclinada.
• Em geral, o tratamento é clínico. Contudo, se lesões profundas: ressecção completa.
Endometriose retrocervical
• Manejo: excisão completa dos focos com liberação do reto quando aderido na região
retrocervical
• Sítios: reto (79%), sigmoide (24%), apêndice cecal (5%), íleo terminal (2%), e ceco (1%)
• Sempre são lesões de endometriose profunda.
• Clínica: dor (geralmente cíclica), tenesmo e, em alguns casos, enterorragia durante o
período menstrual.
• Manejo clínico: AINES, pílulas anticoncepcionais combinadas ou de progesterona ou
análogos do GnRH
O tratamento cirúrgico com ressecção da área acometida é a forma terapêutica mais efetiva.
Indicações:
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ADENOMIOSE
• Manifesta-se como um espectro de lesões que pode variar de uma zona funcional
levemente espessada a adenomiose uterina com espessura total do miométrio
• Histologicamente se caracteriza pela invasão benigna do endométrio no miométrio, além de
2,5 mm de profundidade
• A invaginação do endométrio para a musculatura uterina leva a aumento volumétrico uterino
e por vezes, sangramento, dor pélvica e infertilidade.
Fisiopatologia
A afecção ocorre quando o limite normal entre a camada basal do endométrio e o miométrio é
interrompido, o que resulta em uma invaginação do endométrio para o íntimo da camada muscular
uterina.
Classificação
Fatores de risco
• Idade de 40 a 50 anos
• Menarca precoce (antes dos 10 anos de idade)
• Ciclos menstruais curtos (menos de 24 dias de intervalo)
• Multiparidade (≥2 gestações)
• História de abortamento
• Cirurgias uterinas prévias (curetagem / cesárea)
• Uso prévio de contraceptivos hormonais e tamoxifeno
• IMC elevado
Quanto maior o número de ciclos menstruais, maior o estímulo estrogênico (cumulativo), logo, maior
o risco para desenvolvimento de adenomiose.
Quadro clínico
Exame físico:
USG
Considerando-se a maior disponibilidade e o menor custo, US é considerada o exame de primeira
linha
A. Espessamento assimétrico.
B. Cistos miometrais.
C. Ilhas hiperecogênicas.
D. Sombra em forma de leque.
E. Linhas e brotos subendometriais ecogênicos.
F. Vascularização translesional.
G. Zona juncional irregular.
H. Zona juncional interrompida.
MANEJO
TRATAMENTO CLÍNICO
Para as mulheres sem prole constituída, o tratamento hormonal pode ser eficaz no tratamento do
sangramento uterino anormal e dismenorreia.
• Mas, esses medicamentos impedem a gravidez, podendo ser utilizados somente até o
momento em que a paciente deseja engravidar
SIU-LNG*
➢ Tratamento clínico preferido, pois age no local da doença e apresenta baixa absorção sistêmica
da progesterona
➢ progesterona age provocando a atrofia endometrial e reduzindo a espessura da zona juncional,
melhorando o sangramento uterino anormal e a dismenorreia.
TRATAMENTO CIRÚRGICO
→ Indicação: mulheres com prole concluída, com sintomas intensos de sangramento uterino
anormal e dismenorreia, que não responderam à terapêutica medicamentosa, seja
hormonal, sejam intervenções menos invasivas
→ Nota: DOR PODE CONTINUAR após a histerectomia, pois as vias neurais da dor ainda
podem estar ativas.
MANEJO CONSERVADOR
O tratamento cirúrgico conservador está indicado para as pacientes sem prole constituída que não
responderam ao tratamento clínico
Ablação endometrial
• Destruição de todo o endométrio que recobre a cavidade uterina por meio do calor ou do frio.
• Essa “cauterização” do endométrio pode ser realizada mediante corrente elétrica monopolar
ou bipolar, balão térmico, crioterapia, laser, microondas ou até mesmo soluções aquecidas
• Melhora SUA, mas não parece melhorar disminorreia