Pauletti Bromelias

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DESENVOLVIMENTO DE BROMÉLIAS EM AMBIENTES

PROTEGIDOS COM DIFERENTES ALTURAS E NÍVEIS DE


SOMBREAMENTO

PAULETTI KARLLIEN ROCHA

Dissertação apresentada à Escola Superior de


Agricultura “ Luiz de Queiroz”, Universidade de São
Paulo, para obtenção do título de Mestre em
Agronomia, Área de Concentração: Irrigação e
Drenagem.

PIRACICABA
Estado de São Paulo – Brasil
Abril – 2002
DESENVOLVIMENTO DE BROMÉLIAS EM AMBIENTES
PROTEGIDOS COM DIFERENTES ALTURAS E NÍVEIS DE
SOMBREAMENTO

PAULETTI KARLLIEN ROCHA


Engenheira Agrônoma

Orientador: Prof. Dr. IRAN JOSÉ OLIVEIRA DA SILVA

Dissertação apresentada à Escola Superior de


Agricultura “ Luiz de Queiroz”, Universidade de São
Paulo, para obtenção do título de Mestre em
Agronomia, Área de Concentração: Irrigação e
Drenagem.

P I R A C IC A B A
Estado de São Paulo – Brasil
Abril – 2002
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP

Rocha, Pauletti Karllien


Desenvolvimento de bromélias cultivadas em ambientes protegidos
com diferentes alturas e níveis de sombreamento / Pauletti Karllien
Rocha. - - Piracicaba, 2002.
84 p. : il.

Dissertação (mestrado) - - Escola Superior de Agricultura Luiz de


Queiroz, 2002.
Bibliografia.

1. Bromélia 2. Estufa 3. Sombreamento I. Título

CDD 635.93422

“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”
Aos meus pais,
José Francisco e Maria Helena Rocha,
À Joaquina, minha amada avó, pelo
amor e pelo incentivo,
Ofereço e Dedico.
AGRADECIMENTOS

A Deus pela minha vida;


À Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ/USP e ao
Núcleo de Pesquisa em Ambiência (NUPEA), através do Departamento de
Engenharia Rural, pela oportunidade de aperfeiçoamento;
Ao professor Dr. Iran José Oliveira da Silva, pela orientação durante todo o
período de elaboração e de execução deste trabalho;
A todos os professores do Departamento de Engenharia Rural,
ESALQ/USP, em especial à professora Dr. Daniella Jorge de Moura, aos
professores do Departamento de Ciências Exatas Dr. Paulo César Sentelhas e
Drª. Sônia Maria De Estêfano Piedade e ao professor Dr. Roberval de Cássia
Salvador Ribeiro do Departamento de Produção Vegetal, pela colaboração e pelas
sugestões;
Aos colegas e amigos do Núcleo de Pesquisa em Ambiência,
especialmente às amigas Edilaine Regina Pereira e Soraia Vanessa Matarrazzo,
aos amigos José Luís Martins e Luiz Carlos Roma Júnior e aos colegas do curso
de pós-graduação em Irrigação e Drenagem;
Aos funcionários do Departamento de Engenharia Rural da ESALQ, pela
amizade e pelos serviços prestados;
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP –,
pela concessão da bolsa de estudos;
Ao senhor Rolf E. Zornig, proprietário da Empresa Bromélias Rio, pela
doação das mudas de bromélias;
v

A todos aqueles que contribuíram de qualquer forma e em qualquer etapa,


para a realização deste trabalho.
SUMÁRIO
Página

LISTA DE FIGURAS.................................................................................... viii


LISTA DE TABELAS.................................................................................... xi
RESUMO...................................................................................................... xvii
SUMMARY................................................................................................... xix
1 INTRODUÇÃO.................................................................................... 1
2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................... 4
2.1 Bromélias............................................................................................ 4
2.1.1 Origem e História.............................................................................. 4
2.1.2 Morfologia......................................................................................... 7
2.1.3 Classificação taxonômica................................................................. 8
2.1.4 Produção comercial de bromélias.................................................... 11
2.2 Cultivo em ambiente protegido........................................................... 12
2.3 Ambiência em cultivo protegido.......................................................... 14
2.4 Ventilação........................................................................................... 17
2.5 Sistema de resfriamento adiabático evaporativo por nebulização...... 19
2.6 Luminosidade...................................................................................... 20
2.7 Microclima no interior dos ambientes protegidos................................ 23
2.7.1 Radiação solar.................................................................................. 23
2.7.2 Temperatura do ar............................................................................ 24
2.7.3 Umidade relativa do ar...................................................................... 25
2.7.4 Temperatura de globo negro e carga térmica radiante.................... 27
3 MATERIAL E MÉTODOS................................................................... 28
vii

3.1 Localização do experimento............................................................... 28


3.2 Instalação do experimento.................................................................. 28
3.2.1 Ambientes protegidos....................................................................... 30
3.2.2 Bancadas de cultivo e sistema de sombreamento........................... 30
3.2.3 Material vegetal................................................................................ 33
3.2.4 Recipientes para o cultivo................................................................ 34
3.2.5 Substrato ......................................................................................... 35
3.2.6 Espaçamento entre os vasos........................................................... 35
3.2.7 Adubações........................................................................................ 36
3.2.8 Sistema de irrigação e nebulização.................................................. 36
3.2.9 Controle de pragas e de doenças..................................................... 39
3.3 Coleta de dados.................................................................................. 39
3.3.1 Dados micrometeorológicos............................................................. 39
3.3.2 Dados da planta................................................................................ 43
3.4 Delineamento estatístico..................................................................... 46
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................... 49
4.1 Características do ambiente............................................................... 49
4.1.1 Temperatura do ar............................................................................ 49
4.1.2 Umidade relativa do ar..................................................................... 52
4.1.3 Radiação solar global....................................................................... 56
4.1.4 Temperatura de globo negro e carga térmica radiante.................... 58
4.1.5 Intensidade luminosa........................................................................ 61
4.2 Características do desenvolvimento da planta................................... 64
4.2.1 Aechmea fasciata 65
4.2.2 Guzmania lingulata........................................................................... 71
4.3 Considerações finais 80
4.4 Sugestões para novas pesquisas 81
5 CONCLUSÕES................................................................................... 82
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 83
LISTA DE FIGURAS

Página

1 Fotos das duas espécies de bromélias adultas utilizadas no


experimento, (a) A. fasciata e (b) G. lingulata...................................... 10

2 Organograma referente ao ambiente protegido com altura de 3,5m.... 29

3 Organograma referente ao ambiente protegido com altura de 3,0m.... 29

4 Vista dos ambientes protegidos (1 e 2), com 3,5 e 3,0m de altura,


respectivamente, utilizados na condução do experimento, no
NUPEA/ESALQ/USP, em Piracicaba, SP............................................. 30

5 Desenho esquemático da distribuição dos tratamentos, no interior


dos ambientes protegidos com diferentes alturas................................ 31

6 Vista de uma das bancadas de cultivo, com a estrutura de


sombreamento com tela de 40%, fixada acima da sua superfície........ 32

7 Telas com diferentes percentagens de sombreamento, utilizadas no


experimento.......................................................................................... 32
ix

8 Mudas de A. fasciata (a) e G. lingulata (b), utilizadas na condução do


experimento.......................................................................................... 33

9 Vasos de 15 e 10cm de diâmetro na parte superior, utilizados no


experimento para o acondicionamento das mudas de bromélias......... 34

10 Vista de uma das bancadas de cultivo, com as mudas de G. lingulata


transplantadas para os vasos nº 10, localizada no interior do
ambiente protegido com altura de 3,5m............................................... 35

11 Bomba KSB, com sistema de filtragem de água (a) e painel de


acionamento do sistema de irrigação e de nebulização (b), situados
na área experimental do NUPEA/ESALQ/USP, em Piracicaba,
SP......................................................................................................... 37

12 Microaspersor sob a tela de sombreamento de 18%, que promoveu


a irrigação das plantas sobre a bancada de cultivo.............................. 38

13 Vista do ambiente protegido com altura de 3,5m, com o sistema de


nebulização acionado........................................................................... 38

14 Sistemas automáticos de aquisição de dados, usados na coleta de


dados tanto no interior dos ambientes protegidos (a), quanto no
exterior (b)............................................................................................ 40

15 Termômetro de globo negro (a) e luxímetro digital (b), utilizados para


a coleta de dados de temperatura de globo negro (°C) e de
intensidade luminosa (lux).................................................................... 42
x

16 Desenho esquemático, mostrando o critério adotado para a medida


do maior diâmetro (MD) e da folha com maior largura (L), da espécie
A. fasciata (Kanashiro, 1999)................................................................ 45

17 Plantas da espécie G. lingulata com queimaduras nas folhas e ao


lado vaso com a planta já morta, foto referente aso 380 dias de
cultivo sob a tela de sombreamento de 18%........................................ 78

18 Plantas de A. fasciata submetidas a diferentes níveis de


sombreamento, ao longo do ciclo de cultivo de 380 dias.................... 79

19 Plantas de G. lingulata submetidas a diferentes níveis de


sombreamento, ao longo do ciclo de cultivo de 380 dias.................... 79
LISTA DE TABELAS
Página

1 Distribuição da produção de flores no Brasil, número de produtores,


área cultivada e vendas por região/estado – 1999............................... 14

2 Médias referentes às medidas realizadas nas mudas de bromélias,


no início do experimento....................................................................... 33

3 Delineamento inteiramente ao acaso, para as variáveis


microclimáticas..................................................................................... 47

4 Delineamento inteiramente casualizado, com parcela subdividida


com fatorial na parcela, para as variáveis da parte vegetativa das
bromélias.............................................................................................. 47

5 Blocos ao acaso no esquema fatorial 2 x 4, com repetição dentro de


blocos, para a variável intensidade luminosa
(lux)....................................................................................................... 48

6 Resultado do teste de Tukey para as médias horárias de


temperatura do ar (°C), em função dos diferentes ambientes
analisados no intervalo das 8 às 18h, ESALQ/USP, em Piracicaba,
SP........................................................................................................ 50
xii

7 Resultados do Teste de Tukey, para as médias horárias de


temperatura do ar (°C), sob as telas de sombreamento com
diferentes percentagens no ambiente com altura de 3,5m, no
intervalo das 8 às 18h, ESALQ/USP, em Piracicaba,
SP......................................................................................................... 51

8 Resultados do Teste de Tukey, para as médias horárias de


temperatura do ar (°C), sob as telas de sombreamento com
diferentes percentagens no ambiente protegido com altura de 3,0m,
no intervalo das 8 às 18h, ESALQ/USP, em Piracicaba,
SP......................................................................................................... 52

9 Resultados do Teste de Tukey, para as médias horárias de umidade


relativa do ar (UR%) coletadas nos ambientes internos (3,0 e 3,5m
de altura) e no ambiente externo, no intervalo das 8 às 18h,
ESALQ/USP, em Piracicaba, SP.......................................................... 54

10 Resultados do Teste de Tukey, para as médias horárias de


umidade relativa do ar (%), sob as telas de sombreamento com
diferentes percentagens no ambiente protegido com altura de 3,5m,
no intervalo das 8 às 18h, ESALQ/USP, em Piracicaba,
SP......................................................................................................... 55

11 Resultados do Teste de Tukey, para as médias horárias de


umidade relativa do ar (%), sob as telas de sombreamento com
diferentes percentagens no ambiente protegido com altura de 3,0m,
no intervalo das 8 às 18h, ESALQ/USP, em Piracicaba,
SP......................................................................................................... 56
xiii

12 Resultados do Teste de Tukey para as médias horárias de radiação


solar (W/m2) coletadas nos ambientes internos (3,0 e 3,5m de altura)
e no ambiente externo, no intervalo das 8 às 18h, ESALQ/USP, em
Piracicaba, SP...................................................................................... 57

13 Resultado do Teste de Tukey para as médias horárias de


temperatura de globo negro (TGN - °C) e carga térmica radiante
(CTR - W/m2 ), medidos no interior dos ambientes com alturas de 3,5
e 3,0m, e no ambiente externo, no intervalo das 8 às 18h,
ESALQ/USP, em Piracicaba, SP.......................................................... 59

14 Resultado do teste de Tukey para as médias horárias de


temperatura de globo negro (°C), sob as telas de sombreamento
com diferentes percentagens no ambiente protegido com altura de
3,5m, no intervalo das 8 às 18h, ESALQ-USP, Piracicaba, SP............ 60

15 Resultado do teste de Tukey para as médias horárias de


temperatura de globo negro (°C), sob as telas de sombreamento
com diferentes percentagens no ambiente protegido com altura de
3,0m, no intervalo das 8 às 18h, ESALQ-USP, Piracicaba, SP............ 61

16 Resultado do teste de Tukey para as médias horárias de intensidade


luminosa (lux) entre os ambientes com alturas de 3,5 e 3,0m, no
intervalo das 8 às 18h, ESALQ/USP, em Piracicaba, SP.....................
62
17 Resultado do teste de Tukey para as médias horárias de intensidade
luminosa (lux), relacionando a altura (3,5m) e as diferentes telas de
sombreamento, no intervalo das 8 às 18h, ESALQ-USP, Piracicaba,
SP......................................................................................................... 63
xiv

18 Resultado do teste de Tukey para as médias horárias de intensidade


luminosa (lux), relacionando a altura (3,0m) e as diferentes telas de
sombreamento, no intervalo das 8 às 18h, ESALQ-USP, Piracicaba,
SP......................................................................................................... 63

19 Resultado do Teste de Tukey para a variável altura da planta (cm),


em função dos sombreamentos e da altura do ambiente protegido
(3,5m), da espécie A. fasciata , ESALQ-USP, Piracicaba, SP............. 66

20 Resultado do Teste de Tukey para a variável altura da planta (cm),


em função dos sombreamentos e da altura do ambiente protegido
(3,0m), da espécie A. fasciata , ESALQ-USP, Piracicaba, SP............. 66

21 Resultado do Teste de Tukey para a variável número de folhas, em


função dos sombreamentos e da altura do ambiente protegido
(3,5m), da espécie A. fasciata , ESALQ-USP, Piracicaba, SP............. 67

22 Resultado do Teste de Tukey para a variável número de folhas, em


função dos sombreamentos e da altura do ambiente protegido
(3,0m), da espécie A. fasciata , ESALQ-USP, Piracicaba, SP............. 68

23 Resultado do Teste de Tukey para a variável largura da folha (cm),


em função dos sombreamentos e da altura do ambiente protegido
(3,5m), da espécie A. fasciata , ESALQ-USP, Piracicaba, SP............. 69

24 Resultado do Teste de Tukey para a variável largura da folha (cm),


em função dos sombreamentos e da altura do ambiente protegido
(3,0m), da espécie A. fasciata , ESALQ-USP, Piracicaba, SP............. 69
xv

25 Resultado do Teste de Tukey para a variável diâmetro da roseta


(cm), em função dos sombreamentos e da altura do ambiente
protegido (3,5m), da espécie A. fasciata, ESALQ-USP, Piracicaba,
SP......................................................................................................... 70

26 Resultado do Teste de Tukey para a variável diâmetro da roseta


(cm), em função dos sombreamentos e da altura do ambiente
protegido (3,0m), da espécie A. fasciata, ESALQ-USP, Piracicaba,
SP......................................................................................................... 71

27 Resultado do Teste de Tukey para a variável altura da planta (cm),


em função dos sombreamentos e da altura do ambiente protegido
(3,5m), da espécie G. lingulata, ESALQ-USP, Piracicaba, SP............ 72

28 Resultado do Teste de Tukey para a variável altura da planta (cm),


em função dos sombreamentos e da altura do ambiente protegido
(3,0m), da espécie G. lingulata, ESALQ-USP, Piracicaba, SP............ 73

29 Resultado do Teste de Tukey para a variável número de folhas, em


função dos sombreamentos e da altura do ambiente protegido
(3,5m), da espécie G. lingulata, ESALQ-USP, Piracicaba, SP............ 74

30 Resultado do Teste de Tukey para a variável número de folhas, em


função dos sombreamentos e da altura do ambiente protegido
(3,0m), da espécie G. lingulata, ESALQ-USP, Piracicaba, SP............ 74

31 Resultado do Teste de Tukey para a variável largura da folha (cm),


em função dos sombreamentos e da altura do ambiente protegido
(3,5m), da espécie G. lingulata, ESALQ-USP, Piracicaba, SP............ 75
xvi

32 Resultado do Teste de Tukey para a variável largura da folha (cm),


em função dos sombreamentos e da altura do ambiente protegido
(3,0m), da espécie G. lingulata, ESALQ-USP, Piracicaba, SP............ 76

33 Resultado do Teste de Tukey para a variável diâmetro da roseta


(cm), em função dos sombreamentos e da altura do ambiente
protegido (3,5m), da espécie G. lingulata, ESALQ-USP, Piracicaba,
SP......................................................................................................... 77

34 Resultado do Teste de Tukey para a variável diâmetro da roseta


(cm), em função dos sombreamentos e da altura do ambiente
protegido (3,0m), da espécie G. lingulata, ESALQ-USP, Piracicaba,
SP......................................................................................................... 77
DESENVOLVIMENTO DE BROMÉLIAS EM AMBIENTES PROTEGIDOS COM
DIFERENTES ALTURAS E NÍVEIS DE SOMBREAMENTO

Autora: PAULETTI KARLLIEN ROCHA


Orientador: Prof. Dr. IRAN JOSÉ OLIVEIRA DA SILVA

RESUMO

O objetivo geral deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes alturas de


ambientes protegidos e de diferentes níveis de sombreamento no cultivo de
bromélias das espécies Aechmea fasciata e Guzmania lingulata. O experimento
foi conduzido no período de 03 de abril de 2001 a 3 de abril de 2002, em dois
ambientes protegidos, instalados, no sentido leste -oeste, na área experimental
do Núcleo de Pesquisa em Ambiência (NUPEA), junto ao Departamento de
Engenharia Rural, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,
Universidade de São Paulo, em Piracicaba, SP. Ambos os ambientes
protegidos possuíam dimensões de 6,4m de largura por 17,5m de comprimento,
com alturas diferenciadas, de 3,0m e de 3,5m. Esses ambientes possuíam
cobertura plástica de polietileno de baixa densidade (PEBD), com 150µ de
espessura. A avaliação dos níveis de sombreamento aplicados às plantas no
interior dos ambientes foi viabilizada pelo uso de telas de polipropileno de cor
preta que proporcionaram sombreamentos de 18, 40, 60 e 80%. As mudas
utilizadas no experimento foram obtidas através de micropropagação, e
xviii

transplantadas para os vasos plásticos com uma idade aproximada de 90 dias


em condições ex vitro. Avalio-se nos ambientes protegidos com diferentes
alturas, a temperatura do ar, a umidade relativa, a temperatura de globo negro,
a carga térmica radiante e a intensidade luminosa. Essa avaliação foi realizada
pela leitura direta nos seguintes instrumentos: psicrômetros, termômetro de
globo negro, anemômetro e luxímetro digital. Foram ainda realizadas coletas de
dados de temperatura do ar, de umidade relativa e de radiação solar global,
através de uma estação meteorológica automática. O desenvolvimento das
plantas, sob os diferentes níveis de sombreamento e as diferentes alturas dos
ambientes, foi avaliado através do número de folhas, da altura das plantas, da
largura das folhas e do diâmetro da roseta. Nas condições em que foi
conduzido o experimento, concluiu-se que não houve diferença significativa nos
ambientes com diferentes alturas, quando relacionou-se a umidade relativa do
ar, a temperatura do ar, a temperatura de globo negro, a carga térmica de
radiação, a luminosidade e a radiação solar global. A A. fasciata, submetida aos
vários níveis de sombreamento, mostrou um melhor desenvolvimento sob as
telas de 40%, enquanto que para G. lingulata as telas de 60 e 80% de
sombreamento proporcionaram desenvolvimento semelhante das plantas.
GROWTH OF BROMELIADS IN GREENHOUSES WITH DIFFERENT
HEIGHTS AND LEVELS OF SHADING

Author: PAULETTI KARLLIEN ROCHA


Adviser: Dr. IRAN JOSÉ OLIVEIRA DA SILVA

ABSTRACT

The objective of this research was to evaluate the effect of different


greenhouses heights and levels of shading on the growth of Aechmea fasciata
and Guzmania lingulata (Bromeliaceae). The experiment was done from march
26’th of 2001 to april third of 2002, in two greenhouses, built in east-west
orientation, at the experimental area of Nucleos of Environment Research –
NUPEA, Rural Engineering Department, “Luiz de Queiroz” College of
Agriculture, University of São Paulo, Piracicaba, Brazil.
Greenhouses measured: 6.4m in width, 17.5m in length and heights of
3.0m and 3.5m. They were covered with 150µ thick low density polyethylene
(PEBD). Black polypropylene cloth providing shading of 18%, 40%, 60%, and
80% was used. The plants used in the experiment were obtained through
micropropagation and transplanted to plastic pots at approximately 90 days after
ex vitro culture. The air temperature, the relative humidity, the black globe
temperature, the radiant thermal load, and light intensity were evaluated inside
the greenhouses. These evaluations were carried out through the direct reading
from the following instruments: psycrometers, black globe thermometer,
anemometer and digital luximeter. Air temperature, relative humidity and global
xx

solar radiation were also obtained through sensors connected to an automatic


meteorological station. The development of the plants under different levels of
shading and different heights was evaluated according to the number of leaves,
height of plants, width of leaves, and the diameter of the rosette. Under the
conditions used for the experiment, it can be concluded that the 3.5m high
greenhouse showed lower air relative humidity when compared to the 3.0m high
greenhouse. Plants of A. fasciata growing under different levels of shading had
a better development under 40% cloths, while G. lingulata showed a more
vigorous grouth under 60% and 80% of shading.
1 INTRODUÇÃO

As bromélias, família Bromeliaceae, contam com quase 3.000 espécies,


típicas das Américas. No Brasil, elas crescem em profusão, especialmente na
mata Atlântica. As espécies brasileiras são extremamente apreciadas em todo o
mundo, tanto pelas cores, pelas formas e pelos desenhos da própria planta,
quanto pela sua inflorescência; daí o grande interesse ornamental que
despertam, justificando o aumento de sua produção por muitos produtores
rurais, e a consideração de ser a bromélia planta ornamental por excelência.
Outro fator que contribuiu para essa popularidade, além de sua beleza, foi o
fato de ser uma planta que não requer muitos cuidados e tem grande
resistência.
Denominadas popularmente como “gravatás”, as bromélias brasileiras já
eram conhecidas pelos nossos índios, que chamavam também de “carauá”,
“carandá” ou “caraguá” (Paula, 2000). Segundo Reitz (1983), as bromélias
foram consideradas focos de mosquitos transmissores da malária, devido ao
formato das folhas, que facilita o acúmulo de água. Por esse motivo, muitas
áreas foram desmatadas, a fim de eliminar as bromélias. Todavia, após a
destruição de várias áreas, não se observou a esperada diminuição da
densidade dos transmissores da malária.
No Brasil, apenas no final do século XX, as bromélias passaram a ser
novamente admiradas e cultivadas em escala comercial, graças aos trabalhos
de pesquisadores, colecionadores, paisagistas e outros. Hoje , as bromélias
estão em pleno processo de popularização (Paula, 2000). Seu cultivo ganhou
2

impulso entre os produtores, sendo hoje uma atividade economicamente


rentável e uma boa opção na floricultura.
Segundo Matsunaga (1995), o Brasil tem potencial para ampliar as
exportações com a produção de plantas tropicais como helicônia, antúrio,
orquídea e bromélia. O crescente aumento na produção comercial de bromélias
traz vantagens tanto para o produtor, que tem um aumento de renda, quanto
para o meio ambiente, reduzindo o extrativismo predatório de algumas espécies
que se encontram em extinção.
O mercado brasileiro de flores e de plantas ornamentais movimenta,
anualmente, cerca de um bilhão de reais, sendo o Estado de São Paulo, cuja
produção é voltada, quase exclusivamente, para o mercado interno ,
responsável por 70% desse montante. Segundo especialistas do setor, há uma
expectativa de crescimento anual de 20% (Arruda et al., 1996). As estimativas e
os números que aparecem na imprensa são, com freqüência, desencontrados.
Há afirmações de que o setor movimentou mais de 1 bilhão de dólares em 1999
e que seu crescimento , na década de 1990, ocorreu a uma taxa de 25% ao ano.
Outras informações falam em valores de mercado de 2,7 bilhões de reais e
crescimento anual de 20%. A falta de precisão nas informações, na verdade, é
reflexo da falta de organização do setor e da forma tradicional como o negócio é
tocado por grande parte dos produtores e por outros elementos da cadeia de
comercialização (FNP, 2001). Segundo o Instituto Brasileiro de Floricultura
(2002), o varejo brasileiro do setor florícola apresentou um faturamento de US$
1,5 bilhão em 1999, o que significa crescimento de 89%, em relação a 1995.
Dentre as dificuldades que os produtores têm encontrado, observa-se a
carência de informações sobre a influência da estrutura dos ambientes
protegidos, em relação ao microclima gerado no seu interior, e do
sombreamento a ser utilizado para um melhor desenvolvimento das plantas.
O grande desconhecimento dos aspectos estruturais, de geometria e forma,
e dos aspectos térmicos de estruturas, para a produção em ambiente protegido,
faz com que técnicos da área questionem os princípios básicos da construção.
3

A falta de estudos quanto ao dimensionamento dos ambientes protegidos,


relacionado ao microclima formado no interior deles, em diferentes estações do
ano, dificulta o planejamento adequado e a adaptação regionalizada, que
impedem o desenvolvimento de novas técnicas .
Considerando os fatores altura dos ambientes protegidos e luminosidade, o
presente trabalho justifica-se no sentido de fornecer dados importantes para o
cultivo comercial de bromélias.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência de alturas de ambientes
protegidos (3,0 e 3,5m – pé-direito) no microclima gerado em seu interior, e a
influência de quatro telas com diferentes níveis de sombreamento no
desenvolvimento de duas diferentes espécies de bromélias.
2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Bromélias

2.1.1 Origem e História

As bromélias, família Bromeliaceae, são plantas típicas das zonas tropicais


e subtropicais das Américas; atualmente, dividem-se em três subfamílias.
Habitam quase todos os ecossistemas observados desde o Chile até a parte
sul dos Estados Unidos (a única exceção fica por conta da Pitcairnia feliciana,
exclusiva do Golfo de Guiné, na África). Desse modo, podemos encontrar
bromélias tanto ao nível do mar, quanto em altitudes acima de 4.000m, em
zonas de elevada precipitação, ou em áreas semi-áridas e até desérticas
(Leme, 1984).
No Brasil, encontram-se em todas as regiões, com maior diversidade na
região da Mata Atlântica, entre Santa Catarina e Bahia. Dos 54 gêneros e cerca
de 2.663 espécies que constituem a família Bromeliaceae, 70% dos gêneros e
mais de 40% das espécies ocorrem no Brasil (Paula, 2000).
As bromélias caracterizam-se por serem plantas herbáceas, epífitas,
perenes, com folhas geralmente formando uma roseta, que, na grande maioria
das espécies, acumula água (Paula, 2000). Por esse fato, associou-se às
bromélias o problema da malária. Adolpho Lutz, encarregado de pesquisar a
relação malária-bromélia, encontrou larvas de mosquitos nos pequenos tanques
das Bromeliaceas o que o levou a, em 1983, concluir que “mosquitos criados
em gravatás podem transmitir malária”. A partir daí, foi realizado um estudo
5

taxonômico das Bromeliaceas, efetuado pelo Pe. Raulino Reitz, especialista


nessa família. Após a análise dos dados, ficou demostrado que não existem
espécies preferenciais de Bromeliaceas para a ovoposição das larvas dos
mosquitos transmissores de malária; mas também ficou esclarecido que
existem “condições ecológicas necessárias” para o desenvolvimento completo
dos mosquitos. Como conseqüência, muitas dessas plantas foram destruídas
por dois métodos: retirada manual e desmatamento; já em outra tentativa de
destruição das Bromeliaceas foram utilizados ervicidas. Porém, não se
obtiveram resultados positivos na eliminação do transmissor, que continuou em
elevada densidade (Reitz, 1983).
As bromélias possuem, na superfície da folha, tricomas, chamados
escamas peltadas ou foliares, que conferem a essas plantas capacidade
singular de absorção de água e nutrientes, até mesmo do ar; daí o cuidado que
se deve ter quanto ao uso de adubos e de defensivos químicos (Paula, 2000).
Os pêlos escamosos, encontrados nas folhas das bromélias, são responsáveis
pela alimentação, sugando a água e, com ela, as substâncias alimentícias em
solução (Reitz, 1983).
Dependendo do ecossistema envolvido, as bromélias podem vegetar em
vários tipos de solo (terrestres); sobre acúmulos orgânicos (epífitas) e
diretamente sobre rochas nuas (rupícolas). A maioria das espécies conhecidas
são epífitas, sendo, por isso, erroneamente consideradas, pelos leigos, como
parasitas. Na verdade, as raízes dessas plantas têm mera função de
sustentação e as espécies epífitas apenas utilizam os galhos de outros vegetais
para alcançar uma posição estratégica na floresta e receber maior
luminosidade, drenagem adequada e carga acentuada de ar circulante.
As bromélias conseguiram, durante sua evolução, adaptarem-se às mais
diferentes condições de clima e de luminosidade. O sucesso na escolha do
ambiente ideal varia de gênero para gênero. Na mata, as bromélias fixam-se de
acordo com a luminosidade e a umidade atmosférica:
6

a) Heliófitas: espécies exigentes de luz, geralmente afixadas nos galhos


superiores e médios das árvores mais altas;
b) Esciófitas: tolerantes à sombra, espécies sempre afixadas a pouca
altura ou estabelecidas no solo ou em pedras;
c) Mesófitas ou indiferentes: afixadas em troncos, em galhos médios ou
inferiores das árvores.
A abundância e a distribuição das espécies de Bromeliaceas são muito
variáveis, de acordo com as diferentes situações topográficas da região.
Tanto a falta, quanto o excesso de luz podem prejudicar as bromélias. Os
sintomas de falta de luz são folhas macias, caídas, mais longas que o normal;
já os de excesso de luz são folhas amareladas ou amarronzadas, ressecadas,
mais curtas que o normal da espécie e queimaduras diversas (Reitz, 1983;
Paula, 2000).
Estudo feito em uma população da bromélia Neoregelia johannis, na mata
Atlântica da Ilha Grande, no litoral fluminense, mostrou diferenças acentuadas,
entre os indivíduos, no tamanho e na coloração das folhas. Carvalho et. al
(1998) e Carvalho & Rocha (1999) provaram existir relação direta entre a
intensidade de luz do ambiente e as características das folhas desse vegetal.
Dependendo da quantidade de luz que incida sobre a planta , ela poderá ter
determinada coloração (decorrente da concentração de pigmentos), e tamanho
e formato próprios.
Essa capacidade de adaptação dos vegetais a ambientes heterogêneos é
conhecida como “plasticidade”. As características do local onde a planta está
fixada (seu microhabitat) determinam o grau de insolação ou de sombreamento
sobre ela. As bromélias que habitam locais mais sombreados têm folhas mais
compridas e mais estreitas (mas com maior superfície) do que as que vivem em
áreas expostas ao sol. As plantas fixadas em áreas de sombra aumentam sua
superfície foliar para receber maior quantidade de luz solar, já que esta é
essencial para certas atividades metabólicas vegetais (como fotossíntese e
crescimento). Já as bromélias que vivem sob sol direto não precisam se ‘esticar’
7

em busca de luz. Ao contrário, elas reduzem a área foliar, para evitar que a
insolação e a temperatura de seu microhabitat causem um excesso de
evaporação da água presente nas folhas Carvalho et al (1998) e Carvalho &
Rocha (1999).
A umidade ideal para cada espécie é a predominante da região, quando a
planta ocorre na natureza. Contudo, de modo geral, pode-se dizer que se
desenvolvem satisfatoriamente entre 15° e 30°C, em locais ventilados e com
alta umidade relativa do ar (Paula , 2000). O mesmo autor afirma que, apesar de
as bromélias apreciarem alta umidade relativa do ar, não toleram excesso de
água junto ao sistema radicular. Por isso, é recomendável pulverizar água nas
folhas, quando a temperatura estiver acima de 35°C.

2.1.2 Morfologia

Segundo Reitz (1983), as Bromeliáceas possuem:


a) Raízes: nas bromélias epífitas, as raízes servem principalmente como
elemento de fixação, pois a nutrição é feita por pêlos escamosos;
b) Caule: todas as bromeliáceas têm caule, mas, como na maioria dos
casos é muito curto, torcido e densamente coberto por folhas,
formando uma roseta, tornou-se praxe denominá-las “acaules”;
c) Folhas: costumam ter na base uma parte alargada, chamada bainha, a
qual esta, na maior parte das bromélias epífitas, desempenha um
papel importante na alimentação da planta. São providas de pêlos
escamosos que absorvem o alimento. Sua inserção no caule e a
disposição das bordas da bainha ocorrem de tal modo, que, em muitos
casos, formam um receptáculo que permite guardar água. A coloração
da bainha é muito variada nas diferentes espécies. Também o é a
lâmina foliar: ligulada, triangular-aguda, linear, cilíndrica. Quanto à
consistência, há várias, desde o tipo de folhas flácidas, dobradas, até
as extremamente duras e resistentes. Algumas espécies apresentam
8

margens espinhosas. A cor das folhas é, em geral, verde ou verde-


acinzentada, em virtude do revestimento com escamas brancacentas;
algumas espécies tornam se avermelhadas, quando expostas ao sol
intenso; outras aparecem verdes, ou pouco pintadas de roxo, quando
vegetam na sombra. Podem ainda aparecer com as lâminas foliares
longitudinalmente estriadas nas cores verde e amarela;
d) Inflorescência: simples ou composta, apresentando, em geral, brácteas
belamente coloridas;
e) Flores: todas são trímeras, nascem na axila de uma bráctea; são
hermafroditas ou essencialmente unissexuadas;
f) Fruto: em baga ou cápsula;
g) Sementes: nuas, aladas ou plumosas.

2.1.3 Classificação taxonômica

De acordo com Paula (2000), a classificação da família Bromeliaceae


iniciou-se com Linnaeus, por meio do estabelecimento do gênero Bromelia,
constituído de 14 espécies. Posteriormente, Jussieu, em 1789, estabeleceu a
tribo Bromelia e a família Bromeliaceae. O mesmo autor relata que a
classificação considerada mais completa é a proposta por Smith & Downs 1 .
A família Bromeliaceae é dividida em 3 subfamílias:

a) Subfamília Bromelioideae (ex. Gênero: Aechmea – 217 espécies


ocorrentes no Brasil);
b) Subfamília Tillandisiodeae (ex. Gênero: Guzmania – 175 espécies
ocorrentes no Brasil);
c) Subfamília Pitcairnioideae (ex. Gênero Pitcairnia – espécies
ocorrentes na África).

1
SMITH, L.B., DOWNS, R. J. Bromeliaceae, subfamily Bromelioideae. In: Flora neotropica. New York: Botanical
Garden, 1979. p.1493-2142. (Flora neotropica. Monograph, 14, part 3).
9

2.1.3.1 Aechmea (Bromelioideae)

A espécie mais conhecida é a A. fasciata Baker, exclusiva da Floresta


Tropical Atlântica do Rio de Janeiro e do Espírito Santo (Reitz, 1983; Willians &
Hodgson, 1990). Foi introduzida na Europa em 1826, e hoje pode ser
encontrada em inúmeros países.
São herbáceas perenes, epífitas, acaule, de folhagem e florescimento
vistosos, de 30 a 40 cm de altura. Apresentam folhas em roseta foliar aberta
com cisterna, laminares, coriáceas, com espinhos. São marmorizadas de verde
com escamas cinza-prateadas, principalmente na face inferior das folhas.
Inflorescência simples, vistosa, forma piramidal e com longa durabilidade, flores
com sépalas, apresentando um espinho no ápice, ovário ínfero, fruto baga,
vivamente colorido (Reitz, 1983; Lorenzi, 1999; Paula, 2000).
A bromélia dessa espécie propaga-se por rizomas a partir da base,
apresenta folhas de 10 a 20 em roseta cilíndrica ou levemente fuliforme, mede
de 30 a 100cm de comprimento e possui, de ambos os lados escamas pálidas.
Segundo Kämpf (2000), as Bromeliaceaes de folhas coloridas (A.
fasciata) são plantas de meia sombra e necessitam de nível médio de
iluminação, entre 500 e 1.000 lux.
Conforme Leme (1984), a espécie A. fasciata é integrante do subgênero
Platyaechmea, classificada pela primeira vez, em 1928 como Bilbergia fasciata
Lindley.
Segundo Reitz (1983), a A. fasciata apresenta variedades naturais:
a) A. fasciata var. fasciata, com folhas verdes igualmente coloridas
(concolores), com faixas brancas transversais;
b) A. fasciata var. pruinosa, com folhas branco-farinosas;
c) A. fasciata var. purpurea, com folhas vermelho-purpúreas e
d) A. fasciata var. flavi-vittata, cujas folhas têm listras longitudinais
alternantes verdes e amarelas.
10

Atualmente, em São Paulo, a A. fasciata (Figura 1a) é a bromélia mais


comercializada, seguida por Guzmania (var. compacta, empire, magenta, cherry
e denise), segundo Vitari (1984).

2.1.3.2 Guzmania (Tillandsioideae)

As espécies desse gênero, cerca de 175, além de um grande número de


híbridos comerciais (Paula, 2000) ocorrem nas três Américas. Segundo Willians
& Hodgson (1990), a G. lingulata (Figura 1b), representante dessa subfamília, é
encontrada no Oeste da Índia, na América Central e no Brasil.
São plantas herbáceas perenes, robustas, muito variáveis, de
florescimento decorativo, de 20 a 30cm de altura, apresentam folhas laminares
em roseta aberta, sem espinhos, formando cisterna. Inflorescência sobre haste
ereta, compostas, com brácteas escapais vivamente coloridas (verde, amarela,
laranja, rósea e vermelha), que usualmente se estendem acima da roseta; as
flores têm pétalas brancas ou vermelhas. São geralmente epífitas (Willians &
Hodgson, 1990; Lorenzi, 1999; Paula, 2000).
A maior parte das Guzmanias são encontradas em locais com pouca
luminosidade (Willians & Hodgson, 1990). Segundo Kämpf (2000),
Bromeliaceaes de folhas verdes como esta espécie, são plantas de sombra e
toleram baixo nível de iluminação, entre 300 e 500 lux.
(a) (b)

Figura 1 - Fotos das duas espécies de bromélias adultas utilizadas no


experimento, (a) A. fasciata e (b) G. lingulata
11

2.1.4 Produção comercial de bromélias

A produção de bromélias em escala comercial é uma atividade viável e


tem-se desenvolvido bastante no Brasil, seguindo os passos de outros países,
como os Estados Unidos, a Holanda e a Bélgica. Seu cultivo ganhou impulso
nos últimos tempos, constituindo, hoje uma atividade economicamente rentável
e uma boa opção na floricultura. Esse crescente aumento na produção
comercial de bromélias traz vantagens tanto para o produtor, que tem aumento
de renda, quanto para o meio ambiente , reduzindo o extrativismo predatório de
algumas espécies que se encontram em perigo de extinção; tal situação poderá
ser amenizada, na medida que cresce a consciência da necessidade de
preservar a natureza e incrementar a produção comercial dessas plantas.
Todavia ainda são poucas as informações quanto a essa atividade comercial
(Andrade & Demattê, 1999; Kanashiro, 1999).
Segundo estudo de Andrade & Demattê (1999), sobre a produção e a
comercialização de bromélias nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, os maiores
produtores de bromélias estão assim distribuídos: oito no Estado de São Paulo,
dez no Rio de Janeiro, dois no Rio Grande do Sul e sete em Santa Catarina. A
análise dos dados obtidos mostrou que a produção comercial de bromélias se
intensificou no nosso país, a partir da década de 90. Para a grande parte do
grupo estudado, com destaque para o Rio de Janeiro e para o Sul, o início do
cultivo comercial derivou da paixão já existente em colecionar bromélias e
orquídeas, ou da atividade relacionada ao paisagismo, já que percebeu a
grande possibilidade do uso de bromélias em jardins.
De acordo com Estrelas Tropicais, Globo Rural (2000), os maiores
produtores de bromélias estariam no Estado de São Paulo, sendo a empresa
Bromélias Rio, sediada em Campinas, com uma área de produção em estufa de
10ha, considerada o maior produtor, com a produção média de 40 mil
vasos/mês. Outro grande produtor está em Holambra: possui uma área de
8,5ha de estufas e produção média de 40 a 50 mil vasos/mês.
12

Os dados obtidos no estudo de Andrade & Demattê (1999) mostram que


os produtores menos especializados e que usam menos tecnologia optam pelo
cultivo por meio de sementes colhidas de matrizes próprias; já os que buscam
especialização e melhores recursos tecnológicos trabalham com material de
propagação mais tecnificado, como aquele proveniente de cultivo de
meristemas, ou de sementes selecionadas. Esta opção, além de uniformizar as
plantas, pois normalmente são híbridas, diminui o ciclo de produção.

2.2 Cultivo em ambiente protegido

O cultivo de flores e de hortaliças em ambientes protegidos é uma


atividade que se encontra em franca expansão no Brasil. A principal vantagem
dessa técnica consiste na possibilidade de produção nos períodos de
entressafra, o que permite maior regularização da oferta e melhor qualidade dos
produtos (Sentelhas & Santos, 1995).
Destaca-se, ainda, como estratégia para superar limitações climáticas,
especialmente se considerarem a sua eficiência na captação da energia
radiante e o melhor aproveitamento, pelas plantas da temperatura e da água
disponível e dos nutrientes (Slater, 1983).
No Brasil, diversas pesquisas têm confirmado tal hipótese, indicando que,
mesmo em ambientes protegidos não-climatizados, os rendimentos superam
aqueles obtidos no campo. Adicionalmente, os produtos colhidos apresentam
melhor qualidade, as plantas consomem menos água, diminui-se a lixiviação
dos nutrientes e melhora-se o aproveitamento da radiação solar (Martins et al.,
1999).
O descobrimento do polímero de polietileno, no fina l da década de 1930, e
sua subseqüente introdução na agricultura, no início da década de 1950,
revolucionaram a produção comercial de algumas hortaliças em diversas
regiões do mundo (Lamont Júnior, 1996). No Brasil, a introdução dessa
tecnologia remonta à década de 1970, com a instalação de projetos pioneiros
13

de cultivo de tomate, pelo Instituto Adventista Agroindustrial de Manaus, no


Amazonas, e o cultivo de pepino japonês por produtores cooperados da extinta
Cooperativa Agrícola de Cotia, na região do cinturão verde da cidade de São
Paulo (Martins, 1996; Kumagaia, 1991).
Segundo Goto (1997), a utilização de plásticos na olericultura ocorreu pela
primeira vez em grande escala no Brasil, no início da década de 1970, como
‘mulching’ na cultura do morango. De acordo com o levantamento efetuado em
1999, cerca de 1.390ha foram cultivados com hortaliças em ambientes
protegidos no Brasil, no ano de 1998. São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul
foram os estados com maior área de produção (Vecchia & Koch, 1999).
Segundo o Instituto Brasileiro de Floricultura (2000), a produção brasileira
de flores e de plantas ornamentais, inicialmente concentrada no Estado de São
Paulo, tem se expandido por todo o país, com cultivos nos Estados do Rio de
Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul,
Pernambuco, Ceará e no Norte do país.
A Tabela 1 mostra a distribuição da produção no Brasil e revela que
somente 20% da área total é cultivada em estufas.
Entre as culturas produzidas em ambientes protegidos, destaca-se a
floricultura como a atividade que mais tem investido em tecnologia no país,
devido, principalmente, ao alto valor econômico que os produtos atingem e ao
elevado nível de exigência do mercado consumidor (Furlan, 2001).
14

Tabela 1 - Distribuição da produção de flores no Brasil, número de produtores,


área cultivada e vendas por região/estado - 1999.

Região/ Produtores Área cultivada (ha) Vendas


Estado N

Campo Estufa Total Participação R$ Participação


% milhões %
SP 1.500 2.748 709 3.457 71,3 240,0 74,5
RJ 100 70 10 80 1,6 8,0 74,5
MG 350 100 18 118 2,4 11,8 3,7
Total SE 1.950 2.918 737 3.655 75,4 259,8 80,6
PR 90 100 80 180 3,7 9,0 2,8
SC 115 300 40 340 7,0 17,0 5,3
RS 270 520 50 570 11,8 28,0 8,7
Total S 475 920 170 1.090 22,5 54,0 16,8
NE 80 30 30 60 1,2 5,0 1,6
CO 20 20 5 25 0,5 2,0 0,6
N 20 10 10 20 0,4 1,5 0,5
Total 2.545 3.898 852 4.850 100,0 322 100,0
Fonte: Augusto Aki
Elaboração: L&L Consultores

Com o aumento da produção de flores e de plantas ornamentais em


ambientes protegidos, faz-se necessária a geração de novas informações
tecnológicas a respeito do manejo desses ambientes.

2.3 Ambiência em cultivo protegido

O uso de coberturas plásticas é responsável por alterações em diversos


elementos meteorológicos, tornando viável a produção de vegetais em épocas,
ou em lugares, cujas condições climáticas são críticas. A radiação solar é um
dos principais elementos alterados pelo uso de coberturas plásticas. No entanto
nem todas as modificações microclimáticas são benéficas aos cultivos (Farias
et al., 1993 e Sentelhas & Santos, 1995) .
15

O controle microclimático eficiente, durante o verão, é um dos maiores


desafios para produtores que utilizam o cultivo em ambiente protegido, no
sentido de obterem produtos de melhor qualidade, fora da época convencional.
O cultivo no verão, apesar de ser favorecido pelo efeito “guarda-chuva”,
proporcionado pelo ambiente protegido, enfrenta problemas sérios de
temperatura elevada do ar, que pode causar até a morte da planta (Furlan,
2001).
Em alguns casos, o manejo do ambiente pode assegurar a obtenção de
uma planta de qualidade superior; em outros, a modificação do ambiente é
indispensável para possibilitar a viabilidade econômica do empreendimento.
A radiação solar é a principal responsável pelas modificações
microclimáticas ocorridas no interior dos ambientes protegidos, influenciando,
diretamente, a temperatura e a umidade relativa do ar.
A temperatura no interior de ambientes protegidos está diretamente ligada
às condições ambientais internas e externas, sendo verificados os maiores
valores de temperatura do ar geralmente próximos ao meio-dia. Esse padrão
pode ser alterado, em função da radiação solar incidente (Farias, 1991).
A temperatura está relacionada tanto ao crescimento, devido ao seu efeito
na velocidade das reações bioquímicas e dos processos internos de transporte
de seiva, quanto ao desenvolvimento normal das plantas. Tais processos só
ocorrem, de forma adequada, segundo certos limites térmicos, sendo que
diferentes espécies toleram distintos limites de temperatura (Sentelhas et al.,
1998).
De acordo com Alpi & Tognoni (1991), as variações de temperatura no
interior de ambientes protegidos, notadamente no sentido vertical, são causa
direta dos fenômenos de transmissão de calor por irradiação, condução e,
principalmente, convecção. Sendo assim, ocorre um gradiente de temperatura
no interior da estufa, variando, durante o dia, de um mínimo, próximo ao solo,
até um máximo, contíguo ao teto.
16

Avaliando o efeito de diferentes manejos de cortinas e de sistemas de


resfriamento na redução da temperatura do ar no interior de ambientes
protegidos, Furlan (2001), concluiu que a combinação entre o manejo de
cortinas e a nebulização foi o sistema mais eficiente na redução da temperatura
do ar.
A variação da umidade do ar no interior dos ambientes protegidos
depende, principalmente, da temperatura do ar e da ventilação. Por sua vez, a
temperatura do ar varia, principalmente, em função da densidade de fluxo de
radiação solar incidente e da própria ventilação, a qual depende da área, da
localização e do manejo das aberturas, bem como da velocidade de troca do ar
entre o interior e o exterior do ambiente (Buriol, 2000).
De acordo com Sganzerla (1995), quanto maior a relação volume/área de
uma estufa, maiores serão os contrastes na umidade relativa e na temperatura
do ar. Ambientes protegidos com pé-direito baixo apresentam maiores
problemas com a elevação de temperatura, tornando o controle mais difícil
(Furlan, 2001).
Estudando as alterações microclimáticas em ambientes protegidos, em
função do pé-direito (3,0 e 3,5m), Nascimento & Silva (1999), encontraram
valores superiores de temperatura do ar para o ambiente com menor altura,
sendo essa diferença mais significativa no interva lo das 10 às 16h, quando a
redução da temperatura do ar, em relação ao ambiente de maior altura, chegou
a 0,58°C. A umidade relativa do ar manteve-se em média 2,0% maior no
ambiente com maior altura.
Seemann (1979), afirmou que a temperatura do ar, no interior dos
ambientes protegidos, difere das externas e depende da densidade de fluxo de
radiação solar incidente no interior deles, além do manejo. A variação de
temperatura depende também do tamanho do ambiente quanto do volume de
ar a ser aquecido.
O efeito da cobertura plástica é maior sobre as temperaturas máximas;
atribuem o fato à íntima relação entre a temperatura e a radiação solar, ao
17

menor volume de ar a ser aquecido e ao efeito eficiente dos ambientes, que


impedem o resfriamento do mesmo, causado pela ação dos ventos (Tanaka &
Genta,1982).
O menor volume de ar a ser aquecido no interior dos ambientes e a
redução da influência dos ventos no resfriamento do ambiente fazem com que
durante o dia, a radiação solar incidente compense as perdas de calor que
ocorrem através da cobertura, permitindo atingir temperaturas mais elevadas
que no ambiente externo (Martinez Garcia, 1986; Camacho, 1995).

2.4 Ventilação

A ventilação natural é um dos principais processos de modificação do


microclima interno de uma construção que visa à exploração agrícola. O
aproveitamento dos ventos predominantes da região e das características
construtivas de uma estrutura são fatores primordiais para a eficiência do
sistema, no condicionamento do ambiente interno.
Um dos grandes problemas em produções cultivadas em ambiente
protegido é o excesso de calor interno, acumulado ao longo do dia, em função
da radiação solar incidente. Diante disso, em países tropicais, o emprego de
mecanismos que favoreçam o uso de ventilação natural maximiza a qualidade
do ambiente interno, promovendo uma mudança nas características
psicrométricas do ar. As diferenças entre a temperatura do ambiente externo e
a do interno promovem a variação na pressão, que, por conseqüência, alteram
o fluxo de ar no ambiente de produção (Camargo et al., 2000).
Segundo Cermenõ (1994), Martins & Gonzales (1995), Oliveira (1997), a
ventilação natural é um fator extremamente importante, no que se refere à
renovação do ar no interior dos ambientes. Com a renovação, o ar atua sobre a
temperatura e a umidade relativa, evitando o calor excessivo, durante o dia, e
assegurando a taxa mínima de CO2, o principal elemento químico para o
crescimento dos vegetais.
18

Há dois tipos de ventilação, a natural e a forçada. A natural depende


basicamente do formato das instalações e das características climáticas
regionais. A ventilação forçada ocorre por meio de exaustores, ou ventiladores,
dimensionados e posicionados estrategicamente nas estufas (Hardoim, 1995).
A ventilação natural no interior das instalações, ocorre pelo aquecimento
diferencial do ar, ou pela ação dos ventos. Esse aquecimento diferencial do ar,
que ocasiona a ventilação, é conhecido como efeito “termo-sifão”. De acordo
com Rault (1990), é necessário o desenvolvimento de ambientes que possuam
o efeito “termo-sifão” eficiente, pois, em regiões de clima quente, a temperatura
do ar no interior deles pode vir a prejudicar o desenvolvimento das plantas.
Outra grande vantagem de se utilizar ambientes com sistemas de ventilação
natural é que o custo de instalação e de manutenção desse tipo de sistema é
bem inferior ao dos sistemas mecânicos automáticos.
Desenvolvendo um novo modelo de estufa que se adaptasse às condições
climáticas do mediterrâneo, Brun & Lagier (1985), concluíram que a estufa que
se utilizava do efeito “termo-sifão” eficazmente foi a que apresentou melhor
rendimento da cultura e melhor índice de controle de temperatura do ar.
Comparando diferentes modelos de estufas, para determinar qual a mais
eficiente em regiões de clima quente, Feuilloley et al. (1990) e Rault (1990)
concluíram que as estufas com abertura no teto e nas paredes são as mais
eficientes, pois geram uma excelente circulação do ar.
Avaliando o sistema de ventilação natural com o uso de janela zenital, em
ambientes protegidos, Kai et al. (2000), verificaram que a condição de maior
ventilação natural, proporcionada pela abertura da janela zenital, promoveu
valores mais reduzidos de temperatura do ar, quando comparados aos
produzidos sob a condição da janela zenital fechada. Reforçaram, assim, os
estudos realizados por Feuilloley et al. (1990) e Rault (1990).
Além da ventilação, outros sistemas são utilizados como forma
complementar para reduzir a temperatura no interior dos ambientes protegidos,
tais como sombreamento, irrigação e umedecimento (Martins et al. 1995).
19

2.5 Sistema de resfriamento adiabático evaporativo por nebulização

O resfriamento evaporativo é um processo adiabático, ou seja, que não gera


ganho ou perda de calor; portanto a energia requerida para evaporar a água é
suprida pelo ar, com conseqüentes umedecimento e redução da temperatura do
ar (Abreu et al., 1999).
De acordo com Baêta & Souza (1997), no resfriamento evaporativo
adiabático, nenhum calor externo é adicionado durante o processo, e o
conteúdo total de calor não varia. Há simplesmente uma mudança ambiental
que melhora, de forma considerável, as condições de conforto.
Estudando o efeito do sistema de resfriamento por nebulização em ambiente
protegido, Montero et al. (1990) usaram, em seu experimento, dois ambientes
protegidos, cobertos com um filme multi-EVA e uma tela de sombreamento
aluminizada, transmitindo 45% da radiação solar incidente. As dimensões dos
ambientes eram 19,2 x 12,0m. O sistema de nebulização foi instalado em um
dos ambientes protegidos, utilizando-se 26 bocais. Os resultados mostraram
que o resfriamento evaporativo dos ambientes protegidos abaixou a
temperatura do ar em 3,0°C, na média, quando comparado ao ambiente
protegido-controle. A redução máxima de temperatura, durante dias de sol, foi
de 5,0°C, com o conseqüente aumento da umidade relativa, que se manteve
em 85%, nos ambientes com sombreamento.
A principal vantagem do sistema de resfriamento por nebulização é a
uniformidade de resfriamento em todo o ambiente, eliminando a necessidade de
ventilação forçada, o que resulta em um resfriamento mais efetivo, adaptável a
ambientes com estruturas mais simples. Entretanto apresenta, como
desvantagens, o alto custo de instalação, a necessidade do uso de água de boa
qualidade e o aumento da ferrugem nas estruturas metálicas e nos
equipamentos do ambiente protegido (Martins et al., 1995; Furlan, 2001).
A eficiência do processo de resfriamento, segundo Martins et al. (1995),
depende das condições de radiação solar, da temperatura externa, da umidade
20

relativa interna do ar e da ventilação do ambiente. Obviamente, a temperatura


interna do ambiente protegido dependerá, além desses fatores, da qualidade do
filme plástico utilizado.
Segundo Alpi & Tognoni (1991), uma das vantagens do sistema de
resfriamento por nebulização é que ele permite o resfriamento do ambiente,
sem a necessidade de criar sombra, e, ao mesmo tempo, permite baixas
temperaturas e fortes intensidades de luz, gerando no verão, boas condições
para muitas espécies de plantas, tanto ornamentais como hortícolas.
Comparando a temperatura do ar externa e a interna, em ambientes
protegidos similares, Montero & Antón (1994), observaram que, em um dia de
verão em Barcelona, Espanha, com umidade relativa de 59%, ao meio-dia, a
temperatura do ambiente com nebulização era de 2,0 a 3,0 °C menor que a do
ambiente externo, enquanto, no ambiente-controle, de aproximadamente 6,0 °C
acima da temperatura externa. O resfriamento por evaporação é o mais efetivo
método para baixar a temperatura do ar, tanto em ambientes protegidos em
áreas secas, como em áreas úmidas, durante as primeiras fases do
desenvolvimento da cultura.

2.6 Luminosidade

De acordo com Bliska & Honório (1996), a escolha do material de


cobertura pode alterar a quantidade de luz transmitida ao interior de estufas,
beneficiando as plantas, de acordo com suas exigências. Para Sentelhas et al.
(1998), conforme o tipo do material de cobertura, a luminosidade é atenuada de
forma diferenciada. Ao estudarem tal característica, verificaram que, para filmes
de polietileno de baixa densidade (PEBD) e PVC, os valores de atenuação
encontrados foram de 20 e 33%, respectivamente.
De acordo com Farias et al. (1993), o material plástico mais empregado
atualmente em cultivos protegidos é o polietileno de baixa densidade (PEBD), o
qual apresenta boa transparência à radiação solar (onda curta), com
21

transmissividade de 70 a 90% da radiação incidente, podendo atingir, entre as


14 e as 16h, o máximo de 93 a 95%.
Fugiwara (2000) realizou estudo, no qual foi analisada a influência da vida
útil de 5 coberturas plásticas, o PVC e o polietileno, com diferentes idades de
uso, na luminosidade interna dos ambientes protegidos. O autor concluiu que,
de forma geral, as coberturas de polietileno de baixa densidade apresentaram
uma intensidade luminosa maior que o PVC, visto que este material apresentou
uma maior retenção de impurezas, implicando menores taxas de luminosidade
interna.
Segundo Andriolo (2000), o primeiro elemento do ambiente a condicionar o
processo de produção é a radiação solar, sendo essencial, para a primeira
etapa da cadeia, que é a fixação de CO2 . É o elemento para o qual as
possibilidades de manejo são mais limitadas, pois a suplementação de luz, para
fins de fotossíntese, somente é utilizada em casos especiais, como na produção
de mudas e/ou de espécies de elevado valor comercial, como as flores. Quando
a radiação solar é excessivamente elevada, o crescimento é afetado
negativamente. Isso ocorre, principalmente, pela redução da fotossíntese e pelo
aumento da respiração, embora outras reações de síntese também sejam
afetadas. Considerando-se, de forma isolada, o manejo da radiação
excessivamente elevada pode ser feito facilmente, mediante a modificação da
transmissividade do material de cobertura do ambiente protegido. Isso pode ser
obtido pelo uso de telas de sombreamento, de telas refletoras, ou mediante a
pintura da superfície do material.
Para Cermeño (1994), a luminosidade possui importância decisiva em
todos os processos vitais das plantas. Existem funções de grande importância,
no desenvolvimento dos vegetais, que são influenciadas pela energia luminosa,
tais como a fotossíntese, o fotoperiodismo, o crescimento dos tecidos, a
floração, o amadurecimento dos frutos, entre outras.
Estudando o efeito da cobertura plástica sobre a radiação solar global no
interior do ambiente, Farias et al. (1993), concluíram que a percentagem de
22

radiação difusa foi, na maioria do tempo, superior no interior do ambiente, por


ser multidirecional é mais efetiva na fotossíntese, pois aumenta a capacidade
de captação pelo dossel das plantas, compensando, em parte, a opacidade do
plástico à radiação solar global.
Dentre os métodos utilizados para a redução da temperatura interna de
abrigos para cultivo protegido, o emprego de telas de sombreamento vem
sendo indicado como uma das soluções de menor custo econômico. Entretanto,
é importante que se estabeleçam níveis adequados de sombreamento, não
prejudiciais ao desenvolvimento e à produção das culturas (Faria Junior et al.,
2000).
O sombreamento com telas pretas de polipropileno reduz a luminosidade
no interior dos ambientes protegidos, de forma a atenuar as altas temperaturas.
Essa técnica apresenta o problema da diminuição da radiação solar, em
detrimento da fotossíntese, bem como o do incremento da radiação na faixa do
infravermelho, que chegaria em excesso até as plantas. Além disso, alguns
tipos de sombreamento podem reduzir a taxa de renovação do ar do ambiente
protegido, diminuindo, dessa forma, o efeito da redução da temperatura interna
(Matallana Gonzalez & Montero Camacho, 1993).
Os diferentes gêneros de bromélias requerem diferentes intensidades de
luz para seu pleno desenvolvimento. As Aechmeas necessitam de nível médio
de iluminação (500 a 1.000 lux), enquanto as Guzmanias, de um nível de
iluminação mais baixo (300 a 500 lux) (Trotman, 1990; Kämpf, 2000).
Para Head (1997), a luminosidade ótima é o máximo de luz solar que a
planta consegue receber, sem que provoque queimaduras ou perda de
coloração das folhas. Nesse sentido, a luminosidade é um fator diretamente
ligado à temperatura e à ventilação, quanto mais amena for a temperatura, mais
luz a planta consegue receber sem danos.
23

2.7 Microclima no interior dos ambientes protegidos

2.7.1 Radiação solar

A radiação solar incidente no interior de um ambiente protegido, coberto


com plástico, é sempre menor que a que incide sobre uma superfície livre,
devido à reflexão e à absorção pelo material da cobertura plástica Pezzopane
(1994).
Seemann (1979) afirmou que a absorção depende da composição química
e da espessura do material plástico, as quais, além de reduzir a densidade de
fluxo da radiação solar, possuem efeito seletivo, isto é, permitem a passagem
de certas faixas espectrais, e reduzem a transmitância de outras faixas de
comprimento de onda. Já a reflexão é condicionada pelas características da
superfície da cobertura e pelo ângulo de incidência da radiação solar.
Robledo & Martin2, citados por Farias et al. (1993), comentaram que, de
acordo com a coloração, a opacidade ou a transparência, os filmes plásticos
diferem quanto à absorção, à reflexão e à transmissão das radiações de onda
curta e longa; observaram também que, em determinadas condições de
temperatura e de umidade do ar, no interior dos ambientes, ocorre a
condensação de vapor d’água sobre a face interna da cobertura.
A aderência de gotas de água sobre o filme plástico reduz a
transmissividade do material; sendo assim, a camada de água condensada na
superfície inferior do filme de polietileno aumenta, consideravelmente, a
interceptação de radiação de ondas longas. Como conseqüência, pode-se obter
maior conservação de calor. Esta característica, embora vantajosa durante a
noite, não é desejável durante o dia, por impedir a entrada de parte da radiação
solar incidente, o que reduz a fotossíntese e afeta o crescimento e o
desenvolvimento das culturas (Tanaka & Genta, 1982)

2
ROBLEDO, F.P.; MARTIN, L.V. Aplicatión de los plásticos en la agricultura. Madrid: Mundi- Prensa, 1981, 552p.
24

As informações sobre as características dos filmes plásticos, utilizados na


agricultura, são de responsabilidade dos fabricantes. Estes devem informar
sobre seus filmes plásticos, de modo que o técnico, o agrônomo e o produtor
rural possam eleger os materiais e as marcas pela qualidade da luz que os
filmes transmitem (Furlan, 2001).

2.7.2 Temperatura do ar

A temperatura do ar, no interior dos ambientes protegidos, está


intimamente ligada ao balanço de energia, que irá depender de fatores como
tamanho da estufa, propriedades óticas da cobertura e condições
meteorológicas locais Buriol et al. (1993).
As características que afetam os processos de ganho e de perda de
energia, como volume de ar do ambiente protegido, condições atmosféricas
externas, área da superfície, transmissividade da cobertura, área de abertura,
ventilação e cobertura do solo, condicionarão a temperatura nesses ambientes
(Atarassi, 2000). Durante o dia, devido ao saldo positivo de radiação, a
superfície aquece a parcela de ar próxima a ela, desencadeando um processo
convectivo. Dentro do ambiente, esse processo é interrompido pela cobertura
plástica, que impede a ascensão do ar quente, o que provoca a elevação das
temperaturas durante o período diurno (Pezzopane, 1994). Com isso, as
temperaturas máximas internas atingem valores bem mais elevados que as do
ambiente externo.
Martins & Gonzalez (1995) afirmaram que, quando esse incremento de
temperatura no interior do ambiente atinge níveis muito elevados, tal efeito pode
ser minimizado com a abertura lateral ou superior do ambiente, ou com o uso
de um sistema de ventilação.
Camacho et al. (1995), em trabalho realizado em Pelotas, RS,
observaram que as temperaturas mínimas do ar, em ambientes com PEBD,
eram inferiores às do exterior, durante o período de junho a meados da
25

primavera. O fenômeno, denominado de “inversão térmica”, ocorre devido à alta


transmissividade do PEBD à radiação de onda longa (infravermelho), o que
permite grande perda de energia durante o período noturno. A redução da
temperatura ainda é auxiliada pela falta de movimentos verticais e horizontais
de massas de ar, no interior do ambiente, que, em condições de céu aberto,
transportariam energia entre as camadas, reduzindo o resfriamento contínuo.
Reis (1997) relatou que, em Brasília, DF, uma estufa do modelo teto em
arco, coberto com filme PEBD de 150µ, apresentou ganho de temperatura, com
relação ao meio externo, de até 8,7°C (às 14h) e que permaneceu maior que
7°C até às 2h da manhã, diminuindo gradativamente até às 8h, quando foi
observada a menor diferença (4,7°C). Folegatti et al. (1997) observaram que, na
primavera, os valores das temperaturas máxima, média e mínima do ar, dentro
do ambiente, foram sempre superiores aos do exterior (14,8%; 8,5% e 5,9%,
respectivamente), com menor valor das mínimas de 12,2°C e o maior valor das
máximas de 42,2°C.

2.7.3 Umidade relativa do ar

A umidade relativa do ar, no interior de um ambiente protegido, é


determinada diretamente pela temperatura, numa relação inversa entre ambas:
diminui durante o dia e aumenta durante a noite, no período de 24h, podendo
variar de 30 a 100%, dependendo logicamente, das condições climáticas da
região, conforme Lorenzo Mínguez3 citado por Martins et al. (1999).
A umidade relativa do ar influencia a transpiração, o crescimento, a
fecundação das flores e a ocorrência de doenças (Cermeño, 1994). Furlan
(2001) comenta que altos valores de umidade relativa do ar reduzem a taxa de
evapotranspiração da cultura e que, quando associados a altas temperaturas do
ar geram também condições muito favoráveis à ocorrência de doenças. Já
valores muito baixos de umidade relativa também podem provocar altas taxas

3
LORENZO MÍNGUEZ, P. Los determinantes microclimáticos de la horticultura intensiva en el sur mediterráneo. In:
Tecnologia de invernaderos II. Almeria: FIAPA, 1998. p.25-44.
26

de evapotranspiração, o que pode reduzir a taxa fotossintética e,


conseqüentemente, a produção da cultura.
Segundo Baêta & Souza (1997), em ambientes protegidos as plantas
cresceriam melhor quando expostas a alta umidade (70 a 80%) porque, assim,
o estresse evaporativo seria reduzido.
Farias et al. (1992) estudaram, na região Sul do Brasil, a variação dos
elementos meteorológicos no interior de ambientes com cobertura plástica;
encontraram, em relação ao meio externo, valores de umidade relativa máxima
mais elevados no período noturno, em razão da maior concentração de vapor
de água no interior do ambiente e dos valores de umidade relativa. Atribuíram
tal resultado ao fato de as cortinas estarem abertas, não retendo, portanto, o
vapor, e por estar a temperatura do ar mais elevada sob a cobertura plástica.
Em experimento conduzido em ambiente protegido, com feijão-de-
vagem, Farias et al. (1992), relataram que, no início do experimento, quando a
cultura estava pouco desenvolvida, os valores internos de umidade relativa do
ar foram inferiores aos observados externamente, ocorrendo, em seguida, um
período de equilíbrio entre os dois ambientes. Após o sétimo decêndio, os
valores internos mostraram-se superiores aos observados externamente. Nesse
período, a cultura, já bastante desenvolvida, liberou maior volume de água pela
transpiração e, também, pela maior freqüência de irrigação (devido ao maior
consumo de água pela cultura). O fato provocou o aumento da pressão de
vapor de água e, conseqüentemente, da umidade relativa do ar no interior do
ambiente, acentuada pela pequena renovação da massa de ar .
Pezzopane (1994) obteve, em seu experimento, em um dia que houve
manejo de cortina, valores similares de umidade relativa do ar, dentro e fora da
estufa plástica coberta com PEBD, e verificou que, quando a cortina
permaneceu fechada, houve muita diferença entre a umidade dentro e fora da
estufa, devido à não-renovação de ar. Com a abertura das cortinas laterais, a
umidade caiu rapidamente, ficando próxima aos valores observados
27

externamente, voltando a elevar-se com o fechamento das cortinas, a partir das


17h.

2.7.4 Temperatura de globo negro e carga térmica radiante

A temperatura indicada pelo globo provê uma estimativa dos efeitos


combinados da energia térmica radiante, procedente do meio ambiente em
todas as direções, da temperatura do ar, associada aos efeitos convectivos,
relacionados com a velocidade do vento. Segundo Silva (2000), um dos
melhores instrumentos para a determinação da carga térmica radiante (CTR) é
o globo de Vernon, também conhecido como globo negro.
A leitura é expressa em termos de temperatura de globo negro (TGN),
em graus Celsius, e provê uma medida indireta do calor radiante do ambiente
(Baccari Júnior, 1998). Quando a energia solar incide sobre a cobertura, ela é
refletida, absorvida ou transmitida, em quantidades que dependem das
propriedades físicas dos materiais que a compõem. A quantidade de energia
radiante absorvida, proveniente da cobertura, pode ser determinada através da
carga térmica de radiação (CTR), que expressa a radiação total recebida pelo
globo negro, de todos os espaços ou vizinhanças, influenciada por fatores tais
como, orientação, altura do ambiente, composição (Bond et al., 1955).
Em estudo realizado por Nascimento e Silva (1999) em ambientes
protegidos com alturas de 3,0 e 3,5m, foi observado que valores de temperatura
de globo negro e carga térmica de radiação não sofreram influência da
elevação do pé direito; os valores encontrados não foram significativos nos
horários estudados (8, 10, 12, 14, 16 e 18h).
3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Localização do experimento

O experimento foi conduzido no período de 26/03/2001 a 03/04/2002,


totalizando 000 dias, em dois ambientes protegidos, na área experimental do
Núcleo de Pesquisa em Ambiência (NUPEA), junto ao Departamento de
Engenharia Rural, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da
Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), situada no município de Piracicaba,
SP.
As coordenadas geográficas são: latitude 22°42’40”S, longitude
47°37’30”W e altitude de 570m.
Segundo a classificação climática de Köppen, Piracicaba possui clima
Cwa, ou seja, subtropical úmido, com estiagem no inverno.

3.2 Instalação do experimento

O trabalho foi desenvolvido de acordo com o fluxograma representado nas


Figuras 02 e 03.
Tratamento 01
Ambiente Protegido
Altura 3,5m

Nível I Nível II Nível III Nível IV


Sombreamento 18% Sombreamento 40% Sombreamento 60% Sombreamento 80%

Aechmea fasciata Guzmania lingulata Aechmea fasciata Guzmania lingulata Aechmea fasciata Guzmania lingulata Aechmea fasciata Guzmania lingulata

Figura 2 - Organograma referente ao ambiente protegido com altura de 3,5m.

Tratamento 02
Ambiente Protegido
Altura 3,0m

Nível I Nível II Nível III Nível IV


Sombreamento 18% Sombreamento 40% Sombreamento 60% Sombreamento 80%

Aechmea fasciata Guzmania lingulata Aechmea fasciata Guzmania lingulata Aechmea fasciata Guzmania lingulata Aechmea fasciata Guzmania lingulata

Figura 3 - Organograma referente ao ambiente protegido com altura de 3,0m.


30

3.2.1 Ambientes protegidos

Em função do esquema experimental, foram utilizados dois ambientes


protegidos, modelo arco Pampeana, pré-fabricados em ferro galvanizado, com
as seguintes dimensões: 17,5m de comprimento, 6,4m de largura como
medidas internas, e alturas de 3,0m e 3,5m, ambas orientadas no sentido leste -
oeste, cada uma com área total de 112,0m2. A cobertura dos ambientes
protegidos e o fechamento das laterais foram de polietileno de baixa densidade
(PEBD), com espessura de 150µ. As laterais dos ambientes foram dotadas de
sistemas de manivelas, que permitia o manejo das cortinas, as quais eram
abertas às 8 e fechadas às 18h (Figura 4).

Figura 4 - Vista dos ambientes protegidos (1 e 2), com 3,5 e 3,0m de altura
respectivamente, utilizados na condução do experimento, no
NUPEA/ESALQ/USP, em Piracicaba, SP.

3.2.2 Bancadas de cultivo e sistema de sombreamento

No interior de cada ambiente protegido, foram colocadas 8 bancadas de


cultivo, com as seguintes dimensões: 4m de comprimento por 1m de largura e
31

0,80m de altura. Cada uma delas possuía 20 plantas, sendo utilizadas somente
10 vasos, para a coleta de dados referente ao crescimento.
A Figura 5 mostra o esquema da disposição aleatória dos tratamentos,
no interior dos ambientes.

Espécie 1: Guzmania lingulata


Espécie 2: Aechmea fasciata

Estufa 3,5m
Espécie 1 Espécie 2

18%
40%
60%
80%
Estufa 3,0m
Espécie 2 Espécie 1

Figura 5 - Desenho esquemático da distribuição dos tratamentos, no interior dos


ambientes protegidos com diferentes alturas.

O sistema de sombreamento foi montado com o auxílio de uma estrutura


de arame, fixada à altura de 1,0m acima da superfície de cada bancada. As
telas de sombreamento foram fixadas aos arames, cobrindo todos os lados da
bancada (parte superior e laterais), conforme mostra a Figura 6.
32

Figura 6 - Vista de uma das bancadas de cultivo, com a estrutura de


sombreamento com tela de 40%, fixada acima da sua superfície.

Procurando estudar a resposta das diferentes espécies de bromélias ao


melhor nível de sombreamento, foram utilizadas diferentes telas, ou malhas
(Figura 7), comercializadas como Sombrites. As telas utilizadas possuem as
seguintes percentagens de sombreamento: 18, 40, 60 e 80%.
(18%) (40%)

(60%) (80%)

Figura 7 - Telas com diferentes percentagens de de sombreamento, utilizadas


no experimento.
33

3.2.3 Material vegetal

As mudas de A. fasciata e G. lingulata utilizadas no experimento foram


obtidas a partir de cultura de meristemas no laboratório de micropropagação da
empresa “Bromélias Rio”, especializada na produção de bromélias, sediada em
Campinas, SP (Figura 8).
(a) (b)

Figura 8 - Mudas de A. fasciata (a) e G. lingulata (b), utilizadas na condução do


experimento.

As primeiras avaliações vegetativas foram realizadas quando da chegada


das plantas ao Departamento, com idade “aproximada” de 90 dias. As medidas
foram feitas em 50 plantas de cada uma das espécies. As médias são
apresentadas na Tabela 2, de acordo com as medições realizadas:

Tabela 2 - Médias referentes às medidas realizadas nas mudas de bromélias,


no início do experimento.

Espécies
Medidas da parte aérea A. fasciata G. lingulata
Altura da planta (cm) 5,0 6,5
Número de folhas 7,1 6,3
Maior largura da folha (cm) 1,0 0,9
Diâmetro da roseta (cm) 19,9 22,1
34

3.2.4 Recipientes para o cultivo

O experimento foi dividido em duas fases, de acordo com o


desenvolvimento das plantas, e foram utilizados dois tamanhos de vasos
(Figura 9).

• Primeira fase: 5 primeiros meses após o transplantio. Foram utilizados vasos


plásticos de cor preta, com diâmetro, na parte superior, de 10cm (vaso no
10) e, na inferior, de 7,5cm, com altura de 7,5cm, providos de 5 orifícios de
drenagem na parte inferior. Os vasos tiveram o seu fundo preenchido com
2,0cm de pedras britadas, para facilitar a drenagem e para proporcionar uma
maior estabilidade vertical;

• Segunda fase: após os 5 meses do início do experimento, as plantas foram


transferidas para os vasos definitivos, também de cor preta, e com diâmetro
na parte superior, de 15cm (vaso no 15) e, na inferior, de 10,5cm, com altura
de 12,5cm, providos de 9 orifícios de drenagem na parte inferior. Os vasos
tiveram o fundo preenchido com 2,0cm de pedras britadas, para facilitar a
drenagem e para proporcionar uma maior estabilidade vertical.

Figura 9 - Vasos de 15 e 10cm de diâmetro, na parte superior, utilizados no


experimento para o acondicionamento das mudas de bromélias.
35

3.2.5 Substrato

O substrato utilizado para o acondicionamento das mudas nos vasos


possuía uma composição de 65% de casca de Pinus, com diâmetro de 12mm,
35% de xaxim compostado, enriquecido com super fosfato simples purificado,
nitrato de cálcio e MAP (monoamônio fosfato) granulado.

3.2.6 Espaçamento entre os vasos

Os vasos com as plantas de bromélias foram dispostos sobre as


bancadas de cultivo , com espaçamento de 20 x 20cm. Este espaçamento foi
alterado para 30 x 30cm, após o transplantio para os vasos de maior diâmetro
(nº15), evitando, assim, a competição entre as plantas.
Após realizadas as primeiras medidas, as plantas foram transplantadas
das bandejas de cultivo para os vasos, e submetidas aos diferentes níveis de
sombreamento. Os vasos com as mudas de bromélias foram dispostos sobre as
bancadas de cultivo, 20 vasos por bancada, totalizando 320 vasos nos dois
ambientes. Para a tomada de medidas da parte aérea, foram escolhidas, ao
acaso, 10 plantas por tratamento/bancada (Figura 10).

Figura 10 - Vista de uma das bancadas de cultivo, com as mudas de G.


lingulata transplantadas para os vasos n.º 10, localizada no interior
do ambiente protegido com altura de 3,5m.
36

3.2.7 Adubações

As adubações, realizadas semanalmente, consistiam de aplicações na


parte aérea (foliar) e no substrato (radicular). A solução preparada foi aplicada
com o auxílio de pulverizador, com capacidade de 4L, enquanto as adubações
no substrato foram realizadas manualmente, utilizando-se o adubo líquido,
marca Fertamim–M® (0,5L/100L). Cada vaso recebeu 200ml/semana da
solução.
Na primeira fase do experimento, quando as plantas se encontravam nos
vasos de no 10, foram aplicados, ao substrato, 50ml da solução, por planta.
Após o transplantio para os vasos de no 15, a quantidade da solução aplicada
ao substrato foi aumentada para 150ml da solução, por vaso.

3.2.8 Sistema de irrigação e de nebulização

Os sistemas foram compostos por uma bomba KSB, de 1cv, com


sistema de filtragem da água, cuja parte elétrica é composta por chave de
partida rápida Siemens, com três posições. Para o controle do acionamento
das válvulas do sistema de irrigação e de nebulização foi instalado um painel
controlador automático marca Galcon.
O painel permitiu fazer a programação dos horários e dos intervalos de
acionamento de ambos os sistemas. (Figuras 11a e 11b). Foram utilizadas três
caixas d’ água, com capacidade de 500L cada, para suprir as necessidades
hídricas dos dois ambientes protegidos.
37

(a) (b)

Figura 11 - Bomba KSB, com sistema de filtragem de água (a) e painel de


acionamento do sistema de irrigação e de nebulização (b),
situados na área experimental do NUPEA/ESALQ/USP, em
Piracicaba, SP.

3.2.8.1 Irrigação das plantas

O sistema de irrigação foi composto por duas linhas de microaspersores,


com sistema antigotejo, marca DAN®, instalados sob as telas de
sombreamento, á altura aproximada de 1,0m da superfície das bancadas. Cada
bancada possuiu dois microaspersores cada um com vazão de 104 L/h (Figura
12).
O acionamento do sistema foi controlado automaticamente pelo painel
Galcon®, a irrigação foi realizada a cada 2 dias, ficando o sistema ligado por
15min. Este intervalo foi definido de acordo com a umidade dos vasos.
38

Figura 12 - Microaspersor sob a tela de sombreamento de 18%, que promoveu


a irrigação das plantas sobre a bancada de cultivo.

3.2.8.2 Nebulização do ambiente

O sistema de nebulização tem, como finalidade, reduzir a temperatura do


ambiente de forma uniforme. Foi constituído por duas linhas com 34 bocais
(0,50m de espaçamento entre cada bocal), instalados a uma altura de 3m do
nível do solo. O modelo utilizado foi DAN FOGGER®, com vazão de 7L/h.
Seu acionamento foi realizado pelo painel de controle Galcon®,
programado para funcionamento diário no período das 10 às 18h, com
intervalos de acionamento de 4min, permanecendo acionado por cerca de
15seg (Figura 13).

Figura 13 - Vista do ambiente protegido com altura de 3,5m, com o sistema de


nebulização acionado.
39

3.2.9 Controle de pragas e de doenças

Apesar de as bromélias serem plantas rústicas e resistentes, não estão


livres dos ataques de pragas e de doenças, tais como lagartas, bacterioses e
fungos. Logo no início do experimento, foi constatado o aparecimento de
lagartas, controladas com a pulverização do inseticida clorpirifós 0,1%. Para o
controle da fusariose, foram realizadas aplicações semanais com o fungicida
benomil (5gr/L); as aplicações na parte aérea foram realizadas com um
pulverizador. Foi reali zada, também, a aplicação do mesmo fungicida
diretamente no substrato, nas mesmas proporções de diluição, sendo
colocados, em cada vaso 200ml.

3.3 Coleta de dados

3.3.1 Dados micrometeorológicos

Os dados foram coletados durante o período diurno (às 8, 10, 12, 14, 16
e 18h), no período de 26/04/2001 a 25/02/2002, tanto no ambiente externo,
quanto no interior dos ambientes protegidos.

3.3.1.1 Coleta automatizada

Foi instalado, no interior dos ambientes protegidos e fora deles um


sistema de aquisição de dados automatizado, marca Squitter®, modelo A 1000
(Figura 14a e 14b); programou-se que as coletas seriam descarregadas a cada
15min e armazenadas em um datalloger. Foram coletadas, através dos
sensores, a temperatura do ar, a umidade relativa do ar e a radiação solar.
As estações meteorológicas foram instaladas no centro dos ambientes
protegidos, à altura de 1,70m do solo.
40

(a) (b)

Figura 14 - Sistemas automáticos de aquisição de dados, usados na coleta de


dados tanto no interior dos ambientes protegidos (a), quanto no
exterior (b).

3.3.1.2 Coleta manual

Foram coletados, nos ambientes internos e externo, dados de


temperatura de globo negro, de intensidade luminosa e de velocidade do vento.
No interior das bancadas, sob as telas de sombreamento, foram
coletados dados de temperatura de bulbo seco e de bulbo úmido, de
temperatura de globo negro e de intensidade luminosa.
Todos os dados coletados foram registrados às 8, 10, 12, 14, 16 e 18h.

a) Temperatura de globo negro (TGN) e carga térmica radiante (CTR)

O termômetro de globo negro foi localizado no centro dos dois ambientes


em estudo, à uma altura de 1,70m da superfície do solo (Figura 15a), sua leitura
é realizada pela leitura direta no termômetro, sendo esta em graus Celsius.
Através do termômetro de globo negro é possível calcular a carga térmica
radiante que chega ao ambiente.
41

A Carga Térmica Radiante (CTR), proposta por Esmay (1979), pode ser
calculada pelas equações:

CTR = δ (TRM)4 eq. (1)


TRM=100 {2,51xVv0,5 ((tg+273)–(tbs+273)+((tg+273)/100)4)}0,25 eq. (2)

onde,

δ = constante de Stefan-Boltzmann (5,67 x 10-8 K4 x W/m2 );


TRM = temperatura radiante média, (K°);
Vv = velocidade do vento (m/s);
tg = temperatura de globo negro (°C) e
tbs = temperatura de bulbo seco (°C).

b) Intensidade luminosa

As medidas da intensidade luminosa, no interior dos dois ambientes e


dentro de cada estrutura sombreada, foram obtidas com o auxílio de um
luxímetro digital, marca Minipa® (Figura 15b).
As medidas realizadas no interior dos ambientes foram feitas no centro dos
mesmos à altura de 1,70m do solo; já as medidas realizadas sob as telas de
sombreamento foram feitas no centro das bancadas, na mesma altura em que
se encontravam as plantas. As medidas do nível de lux, realizadas com o
aparelho, estão na faixa de 0,1 lux a 200.000 lux.
42

(a) (b)

Figura 15 - Termômetro de globo negro (a) e luxímetro digital (b), utilizados para
a coleta de dados de temperatura de globo negro (°C) e de
intensidade luminosa (lux).

c) Velocidade do vento

As medidas referentes à velocidade do vento, em m/s, foram realizadas


com o auxílio de um anemômetro digital, marca Testo®; foram coletadas no
centro dos ambientes à altura de 1,70m, e fora dos ambientes protegidos.

d) Temperatura e umidade do ar sob as telas de sombreamento

Foram realizadas, sob as telas de sombreamento, medidas de


temperatura de bulbo seco e de bulbo úmido, através de higrômetro de leitura
direta, com escala graduada em °C, marca Incoterm®. Os higrômetros
encontravam-se sob as bancadas de cultivo, situados no centro, à uma altura
de 0,80m da superfície das mesmas.
A umidade relativa do ar, no interior das bancadas foi calculada pelas
equações descritas abaixo:

UR = ea/es * 100 (%), eq. (3)


ea = esu – A * Patm * (Ts – Tu), eq. (4)
43

esu = 0,6108 * 10(7,5*Tu/237,3 + Tu), eq. (5)


es = 0,6108*10(7,5*Ts/237,3 + Ts) , eq. (6)

onde,

UR = umidade relativa (%),


ea = pressão atual de vapor (kPa),
es = pressão de saturação (kPa),
esu = pressão de saturação, calculada através da temperatura de bulbo úmido
(kPa),
Ts = temperatura de bulbo seco (ºC),
Tu = temperatura de bulbo úmido (ºC),
A = constante do psicrômetro não ventilado (0,0008 ºC-1),
Patm = pressão atmosférica do local (95 kPa).

3.3.2 Dados da planta

Foram realizadas as seguintes medidas da parte vegetativa das plantas,


de acordo com a metodologia adotada por Kanashiro (1999): altura das plantas,
número de folhas, folha com maior largura e maior diâmetro da roseta.
As medidas da parte vegetativa apresentadas foram realizadas ao longo
do ciclo da planta, aos 20, 65, 110, 155, 200, 245, 290, 335 e 380 dias após o
transplantio das mudas para os vasos, totalizando um período de 360 dias de
cultivo sob as diferentes telas de sombreamento. O intervalo entre uma medida
e outra foi de 45 dias, adotado pelo fato de as plantas apresentarem
desenvolvimento lento.
Nos itens a seguir, são detalhadas a metodologia adotada por Kanashiro
(1999), para realizar as medições nas plantas.
44

3.3.2.1 Altura das plantas

A altura das plantas foi mensurada com régua graduada em centímetros,


considerando a medida compreendida entre a superfície do substrato e a
extremidade superior, formada pela folha mais alta.

3.3.2.2 Número de folhas

Foi feita pela contagem das folhas de cada planta, considerando-se as


folhas mais desenvolvidas e aquelas mais novas, em crescimento na parte
central da roseta. Não foram consideradas as folhas em processo de
senescência.

3.3.2.3 Maior largura da folha

Medida tomada na folha com maior largura, utilizando-se uma régua


graduada em centímetros (Figura 16).

3.3.2.4 Diâmetro da roseta

Foi determinado utilizando-se uma régua graduada em centímetros; a


medida foi feita considerando-se as extremidades de duas folhas opostas que
apresentam a maior dimensão.
A Figura 16 mostra um desenho esquemático de como foram realizadas
as medidas do maior diâmetro e da largura da folha.
45

Figura 16 - Desenho esquemático, mostrando o critério adotado para a medida


do maior diâmetro (MD) e da folha com maior largura (L), da
espécie A. fasciata (Kanashiro, 1999).
46

3.4 Delineamento estatístico

O delineamento estatístico, proposto por Piedade7, foi adotado de acordo


com cada variável a analisar:

• Ambientes protegidos
Ambiente com altura de 3,5m
Ambiente com altura de 3,0m
• Espécie: parcela
Espécie 1: G. lingulata
Espécie 2: A. fasciata
• Luminosidade: sub parcela
Tratamento 1: tela de sombreamento de 18%;
Tratamento 2: tela de sombreamento de 40%;
Tratamento 3: tela de sombreamento de 60%;
Tratamento 4: tela de sombreamento de 80%.
Foi realizado o Teste F de análise de variância e, posteriormente,
aplicado o Teste de Tukey, a 5% de probabilidade, na comparação de médias,
utilizando-se o Software SAS (Statistics Analisys System®).
Na Tabela 3, é apresentado o quadro do delineamento estatístico,
inteiramente casualizado para as variáveis analisadas no interior dos ambientes
(temperatura do ar, temperatura de globo negro, umidade relativa, carga
térmica radiante, radiação solar).
Os blocos referem-se aos dias de coleta de dados e os tratamentos aos
ambientes estudados, sendo ambiente externo, ambiente protegido com altura
de 3,5m e ambiente protegido com altura de 3,0m.

7
PIEDADE, S.M. (ESALQ. Depto de Ciêcias Exatas). Comunicação pessoal, 2001.
47

Tabela 3 - Delineamento inteiramente ao acaso para as variáveis


microclimáticas

C.V G.L
Blocos 204
Tratamento 2
Resíduo 408
Total 614

A Tabela 4 representa o delineamento estatístico aplicado às variáveis


da parte vegetativa. Para esta análise foram coletados dados de 360 dias de
desenvolvimento da planta sob as telas de sombreamento.

Tabela 4 - Delineamento inteiramente casualizado, com parcela subdividida


com fatorial na parcela, para as variáveis da parte vegetativa das
bromélias.

C.V G.L
Tela (T) 8
Altura (A) 1
TxA 8
Resíduo(A) 179
Total 162

A Tabela 5 representa o delineamento estatístico aplicado à


luminosidade dos ambientes, interno e externo, e sob as telas de
sombreamento.
48

Tabela 5 - Blocos ao acaso no esquema fatorial 2 x 4, com repetição dentro de


blocos, para a variável intensidade luminosa (.lux)

C.V G.L
Blocos (dias) 89
Rep (blo) 90
Ambientes* (A*) 4
Altura (A) 1
A* x A 4
Resíduo 1612
Total 1800

*
Ambiente: leva em consideração as quatro telas de sombreamento com níveis
diferentes e também o ambiente interno.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise dos dados, apresentada a seguir, refere-se ao período de 26 de


março de 2001 a 25 de fevereiro de 2002 de coleta de dados microclimáticos e
ao período de 9 de abril de 2001 a 3 de abril de 2002 de coleta de dados da
parte vegetativa, sendo de 360 dias de cultivo sob as telas de sombreamento.

4.1 Características do ambiente

4.1.1 Temperatura do ar

Os resultados apresentados referem-se às médias horárias de


temperatura do ar, nos ambientes com alturas de 3,0 e 3,5m e no ambiente
externo, nos horários em que foram realizadas as leituras (8, 10, 12, 14, 16 e
18h).
Por meio da análise estatística, Teste de Tukey a 5% de significância
(Tabela 6), aplicada para a variável temperatura do ar, pode-se afirmar que não
houve diferença significativa entre os ambientes com alturas de 3,0 e 3,5m.
Já comparando-se os ambientes protegidos com o ambiente externo,
observaram-se diferenças significativas para os horários mais quentes, das 10
às 16h. O ambiente com maior altura apresentou uma redução de 0,2°C, não
gerando, portanto, resultado estatístico significativo, o que converge para as
conclusões de Nascimento & Silva (1999). Os autores, em experimento
realizado em ambientes protegidos, com alturas diferenciadas (3,0 e 3,5m),
50
encontraram valores de redução da temperatura do ar de 0,9°C, para o
ambiente com maior altura, o que estatisticamente não foi significativo, na
comparação com o ambiente com menor altura, exceto para o horário de 17h.
O fato poder ser explicado pela relação da temperatura com a radiação
solar, bem como pelo menor volume de ar a ser aquecido, no ambiente com
menor altura (Martinez Garcia, 1986, Tanaka & Genta, 1982). Segundo Buriol
et. al., (1997), ambiente com maior altura possui maior volume de ar a ser
aquecido e, por essa razão, o seu aquecimento é mais lento.

Tabela 6. Resultado do Teste de Tukey para as médias horárias de temperatura


do ar (°C), em função dos diferentes ambientes analisados, no
intervalo das 8 às 18h, ESALQ-USP, Piracicaba, SP.

Horário T ar (3,5m) T ar (3,0m) T externa


8 21,7 a 21,3 a 17,5 a
10 26,1 a 26,9 a 22,4 b
12 29,2 a 29,5 a 27,7 b
14 29,9 a 30,1 a 27,1 b
16 28,0 a 28,2 a 26,9 b
18 21,7 a 21,8 a 21,9 a
Média 26,1 26,3 23,9
Médias seguidas pelas mesmas letras na mesma linha não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.

As Tabelas 7 e 8 referem-se à temperatura do ar nas bancadas de


cultivo, sob as telas de sombreamento com diferentes percentagens, nos
ambientes estudados. A bancada de cultivo que apresentou os maiores valores
de temperatura foi a que estava com a tela de sombreamento de 18%, para os
dois ambientes (3,5 e 3,0m). Não houve diferença significativa, entre os
ambientes protegidos, para a temperatura do ar sob as diferentes telas de
sombreamento. A tela com 18% de sombreamento deixava passar a maior
51
quantidade de radiação, o que proporcionou os maiores valores de temperatura
em ambos os ambientes, esta tela proporcionou um aumento na temperatura do
ar sob as bancadas, este aumento foi de 0,6 e 0,5°C, para os ambientes com
alturas de 3,5 e 3,0m respectivamente. Entre o ambiente externo e a tela de
18% este aumento foi de 2,8 e 2,9°C para as mesmas alturas dos ambientes
protegidos.
As telas de sombreamento de 40, 60 e 80%, usadas sobre as bancadas
de cultivo proporcionaram uma atenuação da temperatura do ar em ambos os
ambientes, em relação ao ambiente externo. As telas de sombreamento com 60
e 80% proporcionaram os maiores valores de atenuação da temperatura do ar.
Para o ambiente com altura de 3,5m a atenuação para as telas de 60 e 80%
variou entre 1,0 e 0,9 °C e para o ambiente com altura de 3,0m a atenuação
variou entre 0,9 e 1,0°C, respectivamente. Isto ocorreu devido às características
do material utilizado, estas telas são as que barram maior quantidade de
radiação solar incidente, quando comparadas com as telas de 18 e 40%,
consequentemente influenciando na temperatura.

Tabela 7. Resultado do Teste de Tukey para as médias horárias de temperatura


do ar (°C), sob as telas de sombreamento com diferentes
percentagens no ambiente protegido com altura de 3,5m, no intervalo
das 8 às 18h, ESALQ-USP, Piracicaba, SP.

Horário Tela 18% Tela 40% Tela 60% Tela 80%


8 21,7 a 21,2 b 20,6 b 20,7 b
10 25,8 a 24,6 b 24,4 b 24,4 b
12 29,6 a 27,6 b 27,6 b 27,8 b
14 32,1 a 29,6 b 29,6 b 29,7 b
16 28,4 a 26,4 b 26,2 b 26,1 b
18 22,5 a 22,4 a 21,9 a 22,2 a
Média 26,7 25,3 25,1 25,2
Médias seguidas pelas mesmas letras na mesma linha não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
52
Tabela 8. Resultado do Teste de Tukey para as médias horárias de temperatura
do ar (°C), sob as telas de sombreamento com diferentes
percentagens no ambiente protegido com altura de 3,0m, no intervalo
das 8 às 18h, ESALQ-USP, Piracicaba, SP.

Horário Tela 18% Tela 40% Tela 60% Tela 80%


8 22,0 a 21,4 b 21,0 b 21,0 b
10 26,5 a 25,6 b 25,3 b 25,2 b
12 29,5 a 29,0 b 27,8 b 27,8 b
14 32,6 a 30,4 b 29,7 b 29,6 b
16 28,2 a 26,2 b 26,7 b 26,5 b
18 21,9 a 21,9 a 22,0 a 21,5 a
Média 26,8 25,8 25,4 25,3
Médias seguidas pelas mesmas letras na mesma linha não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.

4.1.2 Umidade relativa do ar

Os valores de umidade relativa do ar, no interior dos ambientes


protegidos, são muito variáveis, e estão intimamente relacionados aos valores
de temperatura do ar. Por sua vez, a temperatura do ar varia principalmente em
função da densidade da radiação solar incidente e da própria ventilação, a qual
depende da área, da localização e do manejo das aberturas, bem como da
velocidade de troca do ar entre o interior e o exterior dos ambientes. Assim,
para um mesmo conteúdo de vapor d’água no ar, a umidade relativa é
inversamente proporcional à temperatura (Prados, 1986; Buriol et al., 2000).
Observando as temperatura do ar e a umidade relativa nos ambientes
protegidos, nota -se que à medida que a temperatura se eleva, a umidade
relativa tende a diminuir, o que converge para as conclusões do autor citado
anteriormente.
53
Na Tabela 9, são apresentados os resultados de umidade relativa do ar,
observados tanto no interior dos ambientes protegidos quanto no ambiente
externo. Os maiores valores de umidade relativa do ar foram encontrados no
ambiente com altura de 3,5m, para todos os horários.
Considerando-se a média ao longo do dia, o ambiente com menor altura
apresentou uma redução de 1,0 ponto percentual na umidade relativa, em
relação ao ambiente com maior altura; as maiores diferenças foram verificadas
nos horários das 10 e 14h, sendo de 1,3 e 1,1 ponto percentual,
respectivamente.
Com base na análise estatística realizada pelo Teste de Tukey a 5% de
significância, observou que não houve diferença significativa na umidade
relativa entre os ambientes com alturas de 3,0 e 3,5m. O fato de ter se
aumentado o volume de ar no ambiente de 3,5m, por meio da elevação do pé
direito da estufa não promoveu variações significativas nos valores de umidade
relativa do ar, pois, manteve-se a mesma área de exposição do solo, no caso
112,0m2, resultado concordante com Nascimento & Silva (2000), que não
encontraram diferenças significativas entre os ambientes com a mesma altura.
Isto pode ser explicado pelo fato do ambiente com maior altura possuir
um maior volume de ar, consequentemente uma maior quantidade vapor de
água existente na massa de ar, dificultando assim o processo evaporativo. O
aumento de volume se deu somente no sentido vertical, ou seja, a área de solo,
que é a que mais sofre o efeito da evaporação é a mesma para ambos
ambientes, sendo assim, os valores de umidade são mais acentuados no
ambiente com maior volume, concordando com Seemann, 1979 e Sganzerla,
1995.
Observou que os valores médios de umidade relativa do ar, para o
ambiente com altura de 3,5m e o exterior foi de 57,4 e 57,5%, respectivamente;
não apresenta ndo portanto, diferença significativa. A maior diferença foi
encontrada entre o ambiente com altura de 3,0m e o ambiente externo, sendo
esta diferença de 1,1 ponto percentual, mas esta diferença não foi significativa.
54
Verifica-se na Tabela 9 entre os horários das 8 e 10h e 16 e 18h, que
ouve uma variação média de 28 e 25,2 pontos percentuais, respectivamente,
para ambos ambientes protegidos estudados. Este fato ocorreu devido ao
manejo com as cortinas laterais, o que influenciou na redução da umidade
relati va a partir das 8h e no aumento às 18h.

Tabela 9. Resultados do Teste de Tukey, para as médias horárias de umidade


relativa do ar (UR%) coletadas nos ambientes internos (3,0 e 3,5m
de altura) e no ambiente externo, no intervalo das 8 às 18h, ESALQ-
USP, Piracicaba, SP.

Horário UR (3,5m) UR (3,0m) UR externa


8 82,7 a 82,2 a 79,0 b
10 54,7 a 53,4 a 62,5 b
12 45,0 a 44,0 a 51,1 b
14 42,7 a 41,6 a 45,9 b
16 47,0 a 46,0 a 45,5 b
18 72,2 a 71,2 a 61,0 b
Média 57,4 56,4 57,5
Médias seguidas pelas mesmas letras na mesma linha não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.

As Tabelas 10 e 11 referem-se à umidade relativa do ar no interior das


bancadas de cultivo, sob as telas de sombreamento com diferentes
percentagens nos ambientes estudados. As bancadas de cultivo que
apresentaram os maiores valores de umidade relativa foram a que estavam
com a tela de sombreamento de 60 e 80%, porém os valores encontrados não
foram significativos entre os dois ambientes estudados (3,5 e 3,0m).
A tela com 18% de sombreamento deixava passar a maior quantidade de
radiação, o que proporcionou os menores valores médios de umidade relativa,
55,8% para ambos os ambientes. A bancada com tela de 80% proporcionou um
55
aumento na umidade relativa média do ar em relação ao ambiente, sendo este
aumento de 6,4 pontos percentuais para o ambiente com altura 3,5m e 7,2
pontos percentuais para o ambiente com menor altura. Ficando claro que,
quanto maior a temperatura, menor será a umidade relativa de um ambiente,
concordando com Buriol et al., 2000).
Deve-se ressaltar que as variações da umidade relativa do ar no interior
das bancadas está diretamente relacionado com a trama das diferentes telas,
que permitem a maior ou menor movimentação da massa de ar no seu interior,
e consequentemente as trocas com o meio externo. Dessa forma verificou-se
que as telas com 18% apresentou os menores valores de umidade relativa
quando comparado com a tela de 80%, porém, sendo estas diferenças
estatísticas significativas.

Tabela 10. Resultado do Teste de Tukey para as médias horárias de umidade


relativa do ar (%), sob as telas de sombreamento com diferentes
percentagens no ambiente protegido com altura de 3,5m, no
intervalo das 8 às 18h, ESALQ-USP, Piracicaba, SP.

Horário Tela 18% Tela 40% Tela 60% Tela 80%


8 73,2 b 71,5 b 73,8 b 79,3 a
10 57,8 b 57,0 b 61,7 b 68,6 a
12 47,0 b 49,3 b 50,6 b 53,1a
14 45,4 b 49,0 b 47,3 b 55,2 a
16 51,7 b 54,7 b 56,9 b 61,5 a
18 59,6 b 58,4 b 62,9 b 65,3 a
Média 55,8 56,7 58,9 63,8
Médias seguidas pelas mesmas letras na mesma linha não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.
56
Tabela 11. Resultado do Teste de Tukey para as médias horárias de umidade
relativa do ar (%), sob as telas de sombreamento com diferentes
percentagens no ambiente protegido com altura de 3,0m, no
intervalo das 8 às 18h, ESALQ-USP, Piracicaba, SP.

Horário Tela 18% Tela 40% Tela 60% Tela 80%


8 71,2 b 72,7 b 74,3 b 78,5 a
10 56,6 b 61,1 b 64,6 b 67,8 a
12 50,0 b 49,0 b 51,3 b 54,6 a
14 44,4 b 47,9 b 50,6 b 54,8 a
16 50,3 b 55,0 b 53,6 b 60,3 a
18 62,5 b 63,9 b 62,4 b 65,6 a
Média 55,8 58,2 59,5 63,6
Médias seguidas pelas mesmas letras na mesma linha não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.

4.1.3 Radiação solar global

Na Tabela 12, são apresentados os valores médios de radiação solar


global (W/m2) observados no interior dos ambientes protegidos e no ambiente
externo.
Com base na análise estatística realizada pelo Teste de Tukey a 5% de
significância, observa-se que não houve diferença significativa entre os
ambientes com alturas de 3,0 e 3,5m, exceto para o horário das 18h.
O ambiente com menor altura teve redução de 11,2 W/m2, em relação ao
ambiente com maior altura; isso pode ser explicado pelo fato de o ambiente
com maior altura apresentar uma maior área lateral exposta à incidência de
radiação solar, devido ao aumento de 0,5m no pé direito.
Observa-se que a maior transmissividade da cobertura plástica à
radiação solar ocorreu das 10 às 14h, sendo menor nos horários de menor
57
elevação solar. A maior diferença encontrada entre os ambientes ocorreu no
horário das 12h, e foi de 25,8 W/m2 maior, no ambiente com altura de 3,5m.
A radiação solar global, no ambiente externo, foi superior à dos dois
ambientes protegidos, encontrando-se uma maior diferença quando se compara
o ambiente externo com o ambiente com altura de 3,5m; o valor é de 169,4
W/m2, convergindo para as conclusões de Pezzopane (1994), que afirma que a
radiação solar, incidente no interior de um ambiente protegido, é sempre menor
que a que incide numa superfície livre.
Considerando que a radiação solar incidente externa é 100%, verifica-se
por meio dos valores médios que o ambiente protegido com altura 3,5m teve
uma redução de 58,6% e o ambiente 3,0m teve uma redução de 55,7%.

Tabela 12. Resultados do Teste de Tukey para as médias horárias de radiação


solar (W/m2) coletadas nos ambientes internos (3,0 e 3,5m de
altura) e no ambiente externo, no intervalo das 8 às 18h, ESALQ-
USP, Piracicaba, SP.

Horário RS (3,5m) RS (3,0m) RS externa


8 114,5 b 123,5 b 241,8 a
10 352,8 b 338,5 b 580,6 a
12 404,8 b 379,0 b 676,7 a
14 333,3 b 308,3 b 531,2 a
16 136,3 b 126,9 b 260,5 a
18 2,7 a 0,9 b 2,7 a
Média 224,1 (58,6%) 212,9 (55,7%) 382,3 (100%)
Médias seguidas pelas mesmas letras na mesma linha não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.
58
4.1.4 Temperatura de Globo Negro (TGN) e Carga Térmica Radiante (CTR)

À medida que aumenta a altura de um ambiente, as plantas contidas em


seu interior ficam expostas a uma maior incidência de radiação, pelo fato de
que o ambiente com maior altura recebe uma maior quantidade de radiação
solar, isto se deve à sua maior superfície receptora nas laterais, em função da
declinação solar.
Os valores da Tabela 13 referem-se à análise estatística, pelo Teste de
Tukey a 5% de significância, para a temperatura do globo negro (°C) e a carga
térmica radiante (W/m2). Observou-se que a elevação da altura do ambiente em
0,5m proporcionou um aumento médio da temperatura de globo negro, e
conseqüentemente, da carga térmica radiante, quando comparado com o
ambiente externo, sendo esse aumento de 3,0°C e 168,5 W/m2 ,
respectivamente. Para o ambiente com menor altura este aumento foi de 2,4°C
e 168,4 W/m2.
As variações nos valores são mais evidentes nos horários mais quentes
do dia, entre 12 e 14h. Porém, não foram observadas diferenças significativas
para os valores médios de temperatura de globo negro e da carga térmica
radiante para os horários das 8 às 18h, resultados observados também por
Nascimento & Silva (2000).
Apesar das diferenças dos ambientes, em relação ao volume interno,
ambos receberam a mesma quantidade de água, proveniente da nebulização e
da microaspersão. Portanto o ambiente com menor volume de ar irá ter uma
maior quantidade de vapor de água no seu interior, em relação ao volume de ar
total.
59
Tabela 13. Resultado do Teste de Tukey para as médias horárias de
Temperatura de Globo Negro (TGN - °C) e Carga Térmica
Radiante (CTR - W/m2 ), medidos no interior dos ambientes com
alturas de 3,5 e 3,0m e no exterior, no intervalo das 8 às 18h,
ESALQ-USP, Piracicaba, SP.

Horário TGN 3,5m TGN 3,0m TGN ext CTR 3,5m CTR 3,0m CTR ext
8 27,4 b 27,4 b 36,4 a 474,6 b 470,3 b 662,6 a
10 37,6 b 36,9 b 41,3 a 545,5 b 553,7 b 779,6 a
12 41,5 a 41,0 a 43,1 b 605,3 b 585,0 b 780,3 a
14 42,6 a 40,6 a 45,6 b 610,5 b 561,1 b 806,3 a
16 33,8 b 33,9 b 39,4 a 522,2 b 553,1 b 708,8 a
18 22,9 a 22,4 a 24,9 b 429,8 b 425,2 b 461,4 a
Média 34,3 33,7 31,3 531,3 531,4 699,8
Médias seguidas pelas mesmas letras na mesma linha não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.

No interior das bancadas, sob as diferentes telas de sombreamento,


foram medidos a temperatura de globo negro; observou-se que, entre os
ambientes com alturas diferentes não houve diferenças significativas. Porém
quando comparado as telas num mesmo ambiente nota-se diferenças
significativas.
As Tabelas 14 e 15 mostram os valores médios horários de temperatura
de globo negro sob as telas de sombreamento, nos ambientes com alturas 3,5 e
3,0m, respectivamente. Pela análise estatística, realizada pelo Teste de Tukey
a 5% de significância, conclui-se que houve diferença significativa entre a tela
de 18% e as telas de 40, 60 e 80% de sombreamento, sendo estas diferenças,
para o ambiente com altura de 3,5m, de 2,0, 4,5 e 4°C, respectivamente. Para o
ambiente com altura de 3,0m estas diferenças foram de 3,5, 5,0 e 5,2°C,
respectivamente. As telas de 60 e 80% de sombreamento, quando comparadas
não apresentaram diferenças significativas.
60
Os maiores valores de temperatura de globo negro foram registrados
para ambos ambientes no horário das 14h, coincidindo com os maiores valores
de temperatura do ar no interior das bancadas. Observa-se que o maior valor
da temperatura do globo negro encontra-se na bancada com tela de
sombreamento de 18%, ou seja, a tela que mais deixa passar radiação solar,
com isso o termômetro de globo negro registrou os maiores valores.

Tabela 14. Resultado do Teste de Tukey para as médias horárias de


temperatura de globo negro (°C), sob as telas de sombreamento
com diferentes percentagens no ambiente protegido com altura
de 3,5m, no intervalo das 8 às 18h, ESALQ-USP, Piracicaba, SP.

Horário Tela 18% Tela 40% Tela 60% Tela 80%


8 26,4 a 25,1 b 23,2 c 23,1 c
10 31,0 a 29,1 b 26,2 c 27,0 c
12 35,5 a 32,7 b 29,3 c 30,4 c
14 38,8 a 35,3 b 31,3 c 32,2 c
16 31,8 a 29,8 b 27,7 c 27,5 c
18 24,3 a 24,0 ab 23,0 c 23,2 bc
Média 31,3 29,3 26,8 27,3
Médias seguidas pelas mesmas letras na mesma linha não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.
61
Tabela 15. Resultado do Teste de Tukey para as médias horárias de
temperatura de globo negro (°C), sob as telas de sombreamento
com diferentes percentagens no ambiente protegido com altura de
3,0m, no intervalo das 8 às 18h, ESALQ-USP, Piracicaba, SP.

Horário Tela 18% Tela 40% Tela 60% Tela 80%


8 27,5 a 25,2 b 24,1 c 23,6 c
10 34,2 a 30,7 b 28,1 c 27,8 c
12 38,0 a 33,0 b 30,8 c 30,6 c
14 40,1 a 34,9 b 32,8 c 32,2 c
16 32,7 a 27,8 b 27,4 b 27,6 b
18 23,1 a 23,0 a 22,4 a 22,7 a
Média 32,6 29,1 27,6 27,4
Médias seguidas pelas mesmas letras na mesma linha não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.

4.1.5 Intensidade luminosa

A quantidade de luz, que atinge o ambiente, tem influência direta no


desenvolvimento das bromélias, determinando sua forma, seu tamanho e sua
coloração (Carvalho & Rocha, 1999).
As coberturas dos ambientes protegidos foram instaladas na mesma
época; portanto possuem a mesma idade. As diferenças observadas entre os
ambientes devem-se às condições atmosféricas no momento das leituras e à
deposição de poeira sobre as coberturas plásticas (Kai et al., 1999, Fugiwara,
2000).
A Tabela 16 apresenta os resultados de intensidade luminosa entre os
ambientes protegidos com 3,5 e 3,0m de altura. Nos horários com maior
intensidade luminosa, ou seja, das 10 às 14h não foram observadas diferenças
significativas, esses resultados concordam comas conclusões de Farias et al.
(1993) e Nascimento & Silva (2000), que encontraram maiores valores de
62
intensidade luminosa no mesmo horário, e as menores, nos horários das 8 e
18h, não apresentando diferenças significativas entre eles.
As diferenças não foram significativas devido ao fato do material de
cobertura ser o mesmo em ambos os ambientes e com a mesma idade de uso,
o efeito altura do ambiente não afetou o nível de luminosidade interna.

Tabela 16. Resultado do Teste de Tukey para as médias horárias de


intensidade luminosa (lux) entre os ambientes com alturas de 3,5 e
3,0m, no intervalo das 8 às 18h, ESALQ-USP, Piracicaba, SP.

Horário Ambiente 3,5m Ambiente 3,0m


8 2575,5 a 2862,4 a
10 5895,5 a 6137,2 a
12 7942,4 a 8177,6 a
14 7038,6 a 7042,8 a
16 2661,0 a 2400,7 a
18 436,2 a 380,3 a
Médias seguidas pelas mesmas letras e na mesma linha não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.

As Tabelas 17 e 18, apresentadas abaixo, referem-se à análise


estatística pelo Teste de Tukey a 5% de significância. Foi analisada a
intensidade luminosa (lux) nos ambientes protegidos e nas bancadas de cultivo,
sob as diferentes telas de sombreamento. Observa-se que houve diferença
significativa do ambiente (sem tela), em relação aos quatro níveis de
sombreamento estudados. As telas de sombreamento com 18, 40 e 60%
diferiram entre si, pelo Teste de Tukey em todos os horários observados.
Somente as telas com níveis de 60 e 80% de sombreamento não apresentaram
diferenças estatísticas significativas, pelo mesmo teste.
63
Tabela 17. Resultado do Teste de Tukey para as médias horárias de
intensidade luminosa (lux), relacionando a altura (3,5m) e as
diferentes telas de sombreamento, no intervalo das 8 às 18h,
ESALQ-USP, Piracicaba, SP.

Horário S/ tela Tela 18% Tela 40% Tela 60% Tela 80%
8 2575,5 a 1385,3 b 955,7 c 353,6 d 221,4 d
10 5895,5 a 3880,3 b 2523,6 c 922,0 d 652,2 d
12 7942,4 a 5880,3 b 3380,9 c 1419,8 d 954,3 d
14 7038,6 a 4506,9 b 2469,3 c 1196,7 d 871,7 d
16 2661,0 a 1182,4 b 833,6 c 683,3 d 230,3 d
18 436,2 a 227,1 b 119,7 c 58,8 d 33,1 d
Médias seguidas pelas mesmas letras e na mesma linha não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.

Tabela 18. Resultado do Teste de Tukey para as médias horárias de


intensidade luminosa (lux), relacionando a altura (3,0m) e as
diferentes telas de sombreamento, no intervalo das 8 às 18h,
ESALQ-USP, Piracicaba, SP.

Horário S/ tela Tela 18% Tela 40% Tela 60% Tela 80%
8 2862,4 a 1713,1 b 1013,8 c 409,1 d 284,5 d
10 6137,2 a 3967,1 b 2576,7 c 936,2 d 610,9 d
12 8177,6 a 5569,1 b 3474,8 c 1312,8 d 908,8 d
14 7042,8 a 4445,0 b 2568,4 c 1117,6 d 843,1 d
16 2400,7 a 1272,2 b 683,3 c 289,3 d 181,0 d
18 380,3 a 191,9 b 93,6 c 64,8 d 21,2 d
Médias seguidas pelas mesmas letras e na mesma linha não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.

As telas de sombreamento que mais impedem a passagem da


luminosidade são as de 60 e 80%, mostrando-se prejudiciais ao
64
desenvolvimento das plantas das espécie A. fasciata, a qual não apresenta
tolerância ao sombreamento excessivo. Já a espécie G. lingulata apresentou
uma maior tolerância ao sombreamento, o que pode ser verificado pelo
desenvolvimento das plantas sob os diferentes níveis de sombreamento.
A tela que apresentou melhores resultados, em relação ao
desenvolvimento das plantas de A. fasciata, foi a de 40% de sombreamento e,
para a G. lingulata, as telas com 60 e 80% de sombreamento.
As telas de sombreamento tem como finalidade básica o impedimento da
passagem de luz para o ambiente. Por sua vez, verifica-se que das telas de
sombreamento existentes no comércio existem aquelas que apresentam
diferenças significativas entre elas. Em função da tela verifica-se também
existem níveis em que a variação não e significativa, tendo como exemplos as
telas de 60 e 80%, apresentadas nos resultados das Tabelas 17 e 18.

4.2 Características do desenvolvimento da planta

Sendo as bromélias plantas que sofrem a influência direta da luz, são


apresentados a seguir os resultados, do seu cultivo sob as diferentes telas de
sombreamento, totalizando 360 dias.
São apresentados abaixo, os valores médios das variáveis altura, número
de folhas, largura da terceira folha e diâmetro da roseta das espécies A.
fasciata e G. lingulata. Essas medidas foram realizadas ao longo do período de
cultivo, sendo coletados dados aos 20, 65, 110, 155, 200, 245, 290, 335 e 380
dias.
65
4.2.1 Aechmea fasciata

4.2.1.1 Altura das plantas

Partindo do princípio de que o produto final é o de maior importância para


a comercialização, analisamos os dados de 360 dias de cultivo sob as
diferentes telas de sombreamento, que ocorreu no 338º dia.
Nas Tabelas 19 e 20, são apresentados os valores médios da altura das
plantas, nos ambientes de 3,0 e 3,5m de altura. As plantas sob as telas de 18%
de sombreamento tiveram seu crescimento prejudicado pela maior incidência
de luz, apresentando folhas amareladas e com queimaduras.
As plantas sob as telas de sombreamento de 60 e 80% também tiveram
seu crescimento prejudicado. A altura foi afetada pelo fato de as plantas
apresentarem folhas com menor rigidez, fazendo com que se dobrassem sobre
si, diminuindo assim, a sua altura. Isso ocorre pelo excesso de sombra a que
ficaram expostas as plantas, causando estiolamento (Carvalho & Rocha, 1999).
Observa-se um melhor desenvolvimento das plantas, com relação à
altura, no tratamento com o sombreamento de 40%, pois todas as 20 plantas da
bancada apresentaram altura uniforme.
Baseando-se nos resultados apresentados verifica-se que no ambiente
com 3,5m de altura as telas de 40, 60 e 80% apresentaram plantas com a
mesma média de altura, diferindo das telas de 18%. Porém, apesar de não
apresentarem diferenças estatísticas observa-se visualmente que as plantas
cultivadas sob as telas de 60 e 80% não apresentaram as características, como
cor e forma da planta, desejáveis da espécie (Lorenzi, 1999).
O mesmo resultado foi observado para o ambiente com altura de 3,0m.
66
Tabela 19. Resultado do Teste de Tukey para a variável altura da planta (cm),
em função dos sombreamentos e da altura do ambiente protegido
(3,5m), da espécie A. fasciata , ESALQ-USP, Piracicaba, SP.

Tempo em dias
Telas 20 65 110 155 200 245 290 335 380
18% 4,6 a 9,0 c 11,0 b 14,7 b 26,4 a 27,4 b 29,9 a 28,5 b 29,4 b
40% 5,3 a 11,6ab 13,1 b 18,5 a 28,3 a 28,1ab 30,1ab 30,8 a 34,5 a
60% 5,5 a 13,3 a 15,4 a 18,3 a 29,8 a 29,4ab 30,9 a 32,2 a 34,6 a
80% 4,9 a 11,4 b 13,2ab 17,2ab 26,4 a 31,2a 31,3 a 32,3 a 33,6 a
Médias seguidas pelas mesmas letras e na mesma coluna não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.

Tabela 20. Resultado do Teste de Tukey para a variável altura da planta (cm),
em função dos sombreamentos e da altura do ambiente protegido
(3,0m), da espécie A. fasciata , ESALQ-USP, Piracicaba, SP.

Tempo em dias
Telas 20 65 110 155 200 245 290 335 380
18% 6,0 a 9,7 b 13,4 a 14,2 b 24,0 b 23,5 c 27,5 a 28,6 b 31,1 b
40% 6,8 b 10,7ab 14,5ab 17,9ab 26,5ab 25,3bc 27,9 a 30,9ab 34,5 a
60% 6,8 b 11,5 a 15,3 a 21,9 a 28,6 a 28,6 a 27,8 a 31,6 a 34,5 a
80% 8,8 a 11,2ab 14,2 a 17,7 b 27,7 b 28,6 a 29,0 a 30,2ab 33,2ab
Médias seguidas pelas mesmas letras e na mesma coluna não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.

4.2.1.2 Número de folhas

Nas Tabelas 21 e 22, são apresentadas as medidas referentes ao


número de folhas das plantas. As plantas sob as telas de sombreamento de 18
e 40% apresentaram um número de folhas com poucas diferenças entre si.
Nos tratamentos com telas de 60 e 80%, observou-se um maior aumento
do número de folhas, em ambos os ambientes estudados. Em ambientes com
67
níveis elevados de sombreamento as plantas tendem a emitir maior número de
folhas, a fim de garantir uma maior área exposta à luz, garantindo, assim, suas
funções metabólicas, principalmente a fotossíntese, conforme explicam
Carvalho & Rocha (1999). Porém nos resultados encontrados observa -se que
as plantas emitiram um maior número de folhas sob as telas com menores
níveis de sombreamento, consequentemente as plantas sob as telas de 18 e
40% de sombreamento emitiram maior número de folhas.
Acredita-se que esta discordância, entre os resultados encontrados neste
trabalho e a literatura, seja em função da espécie estudada e do manejo
experimental. Deve-se considerar que cada espécie apresenta o seu nível ótimo
de sombreamento adequado ao seu desenvolvimento.

Tabela 21. Resultado do Teste de Tukey para a variável número de folhas, em


função dos sombreamentos e da altura do ambiente protegido
(3,5m), da espécie A. fasciata , ESALQ-USP, Piracicaba, SP.

Tempo em dias
Telas 20 65 110 155 200 245 290 335 380
18% 7,5ab 6,7 b 10,0 a 12,4 a 13,0 b 12,9ab 17,2 a 18,1 a 19,9 a
40% 8,4 a 8,9 a 11,5 a 13,2 a 14,0ab 14,1 a 16,3 a 17,0 a 19,4 a
60% 7,0 b 8,7 a 10,8 a 12,8 a 14,4 a 12,8 b 13,9 b 14,7 b 16,3 b
80% 7,1 b 8,5 a 11,6 a 14,1 a 13,0 b 12,2 b 13,5 b 14,2 b 16,2 b
Médias seguidas pelas mesmas letras e na mesma coluna não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.
68
Tabela 22. Resultado do Teste de Tukey para a variável número de folhas, em
função dos sombreamentos e da altura do ambiente protegido
(3,0m), da espécie A. fasciata , ESALQ-USP, Piracicaba, SP.

Tempo em dias
Telas 20 65 110 155 200 245 290 335 380
18% 7,0 a 7,6 b 8,9 b 10,8 a 13,5 a 13,9 b 17,2 a 18,2 a 20,4 a
40% 7,4 a 9,3ab 11,7 a 12,0 a 14,0 a 15,4 a 16,0 a 17,4 a 19,0 a
60% 6,7 a 9,6 a 12,8 a 13,3 a 13,2 a 12,5 c 14,2 b 14,9 a 16,1 b
80% 6,4 a 9,1ab 12,2 a 13,5 a 13,5 a 11,7 c 13,3 b 14,0 b 15,5 b
Médias seguidas pelas mesmas letras e na mesma coluna não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.

4.2.1.3 Largura da folha

As Tabelas 23 e 24 referem-se à largura das folhas das plantas.


Conforme Carvalho & Rocha (1999), as plantas submetidas a ambientes muito
sombreados tendem a ficar com as folhas mais estreitas, porém mais longas.
Isso ocorre para que haja aumento da sua área foliar, garantido assim,
atividades metabólicas da planta, como fotossíntese e crescimento. Já as
plantas que recebem grande quantidade de luz apresentam folhas com larguras
menores, a fim de evitar que a insolação e a temperatura causem excesso de
evaporação da água presente nas folhas.
De acordo com os resultados verificam-se que as diferenças começaram
a partir do 65º dia de cultivo das plantas sob as telas de sombreamento.
Quando se analisa as plantas no 380º dia verifica-se que os resultados são
concordantes com a literatura, ou seja, plantas submetidas a uma maior
intensidade luminosa apresentam folhas mais largas.
69
Tabela 23. Resultado do Teste de Tukey para a variável largura da folha (cm),
em função dos sombreamentos e da altura do ambiente protegido
(3,5m), da espécie A. fasciata , ESALQ-USP, Piracicaba, SP.

Tempo em dias
Telas 20 65 110 155 200 245 290 335 380
18% 1,2 a 2,5 b 3,1ab 3,6ab 5,3ab 6,7ab 7,8 a 7,8 a 8,0 b
40% 1,0 a 2,9 a 3,4 a 4,0 a 5,8 a 7,1 a 7,9 a 7,8 a 8,5 a
60% 1,1 a 2,8ab 3,1ab 3,7 ab 5,1 b 6,2 b 6,9 b 7,1 b 8,8 a
80% 1,2 a 2,7ab 2,8 b 3,2 b 4,4 c 6,4bc 6,9 b 7,2 b 7,8 b
Médias seguidas pelas mesmas letras e na mesma coluna não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.

Tabela 24. Resultado do Teste de Tukey para a variável largura da folha (cm),
em função dos sombreamentos e da altura do ambiente protegido
(3,0m), da espécie A. fasciata , ESALQ-USP, Piracicaba, SP.

Tempo em dias
Telas 20 65 110 155 200 245 290 335 380
18% 1,1 a 2,2 b 2,7 a 3,5 b 5,4 a 6,7 a 7,9 a 7,9 a 8,5 b
40% 1,1 a 2,7 a 3,5 c 4,1 a 5,7 a 7,1 a 8,1 a 8,2 a 9,0 a
60% 1,1 a 2,0 b 2,9 b 3,6 b 5,2 a 5,9 b 7,4 b 7,5 b 8,7 b
80% 1,2 a 2,3 b 2,7 b 3,1 c 4,4 b 6,9 a 7,1 a 7,3 b 8,4 b
Médias seguidas pelas mesmas letras e na mesma coluna não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.

4.2.1.4 Diâmetro da roseta

Para a variável diâmetro da roseta, as Tabelas 25 e 26 mostram as


maiores diferenças nas telas de 60 e 80% de sombreamento. Plantas
submetidas a áreas sombreadas tendem a ter sua área foliar aumentada; sendo
assim, as plantas destes tratamentos possuem o comprimento das folhas muito
70
superior aos encontrados para a mesma variável, sob as telas de
sombreamento de 18 e 40%. Esse maior diâmetro da roseta foi observado nos
dois ambientes.
Foi observado pelo Teste de Tukey que, não houve diferença estatística
entre as plantas sob as telas de 18 e 40% e entre as telas de 60 e 80% para o
ambiente com altura 3,5m. Houve uma diferença quando comparado as telas de
18 e 40% com as de 60 e 80%.
Esses resultados são concordantes com os encontrados por Carvalho &
Rocha (1999).

Tabela 25. Resultado do Teste de Tukey para a variável diâmetro da roseta


(cm), em função dos sombreamentos e da altura do ambiente
protegido (3,5m), da espécie A. fasciata, ESALQ-USP, Piracicaba,
SP.

Tempo em dias
Telas 20 65 110 155 200 245 290 335 380
18% 20,7ab 24,3 a 26,6 a 25,7 b 37,6 c 39,4 b 44,2 b 43,3 b 44,1 b
40% 21,1 a 26,3 a 27,2 a 29,0 b 46,0 b 44,5 b 46,9 b 47,1 b 47,3 b
60% 17,7 c 25,0 a 27,5 a 35,1 a 58,0 a 63,6 a 68,7 a 68,0 a 67,4 a
80% 18,9bc 24,7 a 27,4 a 33,8 a 57,5 a 61,2 a 62,7 a 63,2 a 63,2 a
Médias seguidas pelas mesmas letras e na mesma coluna não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.
71
Tabela 26. Resultado do Teste de Tukey para a variável diâmetro da roseta
(cm), em função dos sombreamentos e da altura do ambiente
protegido (3,0m), da espécie A. fasciata, ESALQ-USP, Piracicaba,
SP.

Tempo em dias
Telas 20 65 110 155 200 245 290 335 380
18% 20,7 a 21,6 b 23,7 b 24,7 b 36,4 b 38,3 b 46,1 c 45,2 c 44,7 c
40% 20,4 a 23,1ab 26,2ab 28,5 b 40,6 b 40,4 b 48,0 c 48,5 c 47,3 c
60% 20,4 a 22,3ab 26,4ab 35,7 a 60,8 a 68,2 a 66,6 b 65,9 b 65,3 b
80% 21,6 a 24,7 a 29,2 a 37,6 a 63,7 a 66,5 a 76,8 a 77,0 a 77,4 a
Médias seguidas pelas mesmas letras e na mesma coluna não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.

O sombreamento de 40% proporcionou, um desenvolvimento mais


homogêneo entre as plantas do mesmo ambiente; elas apresentam uma boa
conformação das folhas e a coloração desejada nesta espécie (Lorenzi, 1999).
Analisando todos os parâmetros da planta (altura, número de folhas,
largura da folha e diâmetro da roseta), juntamente com os aspectos visuais (cor,
forma, rigidez das folhas) verificou-se que os melhores resultados foram
obtidos sob as telas de 40% de sombreamento, isto foi observado em ambos os
ambientes.

4.2.2 Guzmania lingulata

4.2.2.1 Altura das plantas

Nas Tabelas 27 e 28, são apresentados os valores médios da altura das


plantas nos ambientes de 3,0 e 3,5m de altura, realizados ao longo do ciclo de
cultivo, 380º dia.
72
Em virtude do excesso de luz incidente nas plantas submetidas às telas
de 18% de sombreamento, elas apresentam uma redução na altura, causada
por queimaduras drásticas, que acarretaram até a morte de algumas das
plantas. Isso ocorreu nos dois ambientes estudados.
Observa-se pelas Tabelas 27 e 28 que as plantas sob as telas de
sombreamento de 18% apresentaram diferenças significativas quando
comparadas com as plantas das demais telas. As plantas sob as telas de 40, 60
e 80% de sombreamento não apresentaram diferenças significativas entre si
para ambos os ambientes estudados. Os maiores valores de altura das plantas
foi observado sob as telas de 40%.
Esta espécie não sofreu o efeito do estiolamento, pois são plantas que
requerem uma menor quantidade de luz. As plantas sob as telas de 40, 60 e
80% apresentaram uma coloração característica da espécie, como folhas
verdes escuras (Lorenzi, 1999).

Tabela 27. Resultado do Teste de Tukey para a variável altura da planta (cm),
em função dos sombreamentos e da altura do ambiente protegido
(3,5m), da espécie G. lingulata, ESALQ-USP, Piracicaba, SP.

Tempo em dias
Telas 20 65 110 155 200 245 290 335 380
18% 5,4 c 8,3 b 10,2 c 10,6 b 12,4 b 17,0 a 19,3 b 20,3 c 21,5 b
40% 6,2bc 9,7ab 11,2bc 11,7 b 14,7 a 18,8 a 20,9ab 22,4ab 24,4 a
60% 6,8ab 9,8 a 12,7ab 13,0 a 15,7 a 18,9 a 21,1 a 22,7 a 23,2 a
80% 7,7a 9,8 a 13,1 a 13,8 a 15,8 a 17,6 a 19,9ab 20,9bc 22,2 a
Médias seguidas pelas mesmas letras e na mesma coluna não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.
73
Tabela 28. Resultado do Teste de Tukey para a variável altura da planta (cm),
em função dos sombreamentos e da altura do ambiente protegido
(3,0m), da espécie G. lingulata, ESALQ-USP, Piracicaba, SP.

Tempo em dias
Telas 20 65 110 155 200 245 290 335 380
18% 7,1ab 8,9 a 11,2 b 10,7 b 11,6 c 14,5 b 17,0 b 17,7 b 18,9 c
40% 6,0 b 8,0 a 11,1 b 12,2ab 16,9 a 18,2 a 22,1 a 23,3 a 24,9 a
60% 7,9 a 8,7 a 11,4ab 11,9ab 14,4 b 17,6 a 20,5 a 21,9 a 24,3 a
80% 7,5 a 7,8 a 13,0 a 13,4 a 15,9ab 18,8 a 21,5 a 22,3 a 24,2 a
Médias seguidas pelas mesmas letras e na mesma coluna não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.

4.2.2.2 Número de folhas

Foi observado nas Tabelas 29 e 30, pela análise estatística referente ao


380º dia de cultivo das plantas, sob as telas de sombreamento, que a tela de
18% proporcionou elevada incidência de luz sobre as plantas, causando
inicialmente um amarelamento das folhas e posteriormente queimaduras
graves, diminuindo assim o número médio de folhas.
Nos tratamentos sob as telas de 40, 60 e 80% observou-se que as
plantas apresentaram diferenças significativas entre si para a altura de 3,5m,
entre estas telas, a que apresentou uma maior média no número de folhas foi a
tela com 40% de sombreamento. Quando analisamos o ambiente com altura de
3,0m para estas mesmas telas (40, 60 e 80%) verifica-se que não houve
diferença significativa entre as telas de 40 e 60%, neste ambiente também
verifica-se que a tela de 40% apresentou as maiores médias para o número de
folhas.
74
Tabela 29. Resultado do Teste de Tukey para a variável número de folhas, em
função dos sombreamentos e da altura do ambiente protegido
(3,5m), da espécie G. lingulata, ESALQ-USP, Piracicaba, SP.

Tempo em dias
Telas 20 65 110 155 200 245 290 335 380
18% 6,9ab 7,6 a 10,4 a 11,6 a 13,1 a 14,0ab 14,3 a 15,2 a 17,2 b
40% 6,4 b 7,9 a 9,5 a 11,0 a 12,8 a 15,5 a 16,1 a 17,4 a 20,1 a
60% 7,1 a 8,5 a 10,9 a 11,3 a 13,2 a 14,4 a 16,4 a 17,3 a 17,2 b
80% 7,6 a 8,5 a 10,7 a 10,4 a 12,2 a 13,7 b 14,4 b 15,6 a 18,7 c
Médias seguidas pelas mesmas letras e na mesma coluna não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.

Tabela 30. Resultado do Teste de Tukey para a variável número de folhas, em


função dos sombreamentos e da altura do ambiente protegido
(3,0m), da espécie G. lingulata, ESALQ-USP, Piracicaba, SP.

Tempo em dias
Telas 20 65 110 155 200 245 290 335 380
18% 6,7 a 7,3 a 9,2 b 10,1 b 10,9 b 12,2 c 11,7 b 12,5 c 14,8 c
40% 6,9 a 7,9 a 10,9 a 12,3 a 14,5 a 16,1 a 17,5 a 18,9 a 22,7 a
60% 6,8 a 7,0 a 11,3 a 11,6ab 12,4ab 15,1ab 15,4 a 18,0ab 21,4 a
80% 6,1 a 7,0 a 10,2ab 11,3ab 11,9 b 12,7bc 15,3 a 16,1 b 17,9 b
Médias seguidas pelas mesmas letras e na mesma coluna não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.

4.2.2.3 Largura das folhas

Nas Tabelas 31 e 32, são apresentados os valores médios referentes à


largura das folhas; observou-se que as plantas sob as telas de 18% de
sombreamento possuem uma menor largura das folhas, quando comparadas às
de outros níveis de sombreamento, devido à alta incidência de radiação solar
sobre as plantas. O fato determina que as plantas reduzam sua área foliar, para
75
evitar, assim, a evaporação da água contida nas folhas (Carvalho & Rocha,
1999).
Para esta variável observa-se pelas tabelas que as diferenças entre as
telas surgiram a partira do 115º dia de cultivo das plantas sob as telas;
analisando a última coleta de dados, referente ao 380º dia, observa-se que para
ambos os ambientes estudados as telas de 40 e 60% de sombreamento não
apresentaram diferenças estatísticas entre si, o mesmo ocorreu quando
comparadas as telas de 18 e 80%. Dentre as telas estudadas as que
proporcionaram maior largura de folha foram as de 40 e 60%
A tela que proporcionou às plantas as menores larguras das folhas foi a
com 18% de sombreamento, isso pode ser explicado pelo fato destas plantas
não tolerarem alta incidência de luz, fazendo com que as plantas percam
maiores quantidades de água, prejudicando o seu desenvolvimento.

Tabela 31. Resultado do Teste de Tukey para a variável largura da folha (cm),
em função dos sombreamentos e da altura do ambiente protegido
(3,5m), da espécie G. lingulata, ESALQ-USP, Piracicaba, SP.

Tempo em dias
Telas 20 65 110 155 200 245 290 335 380
18% 0,9 a 1,1 a 1,4 a 1,6 a 1,8 b 2,4 b 2,8 a 3,0 b 3,3 b
40% 0,9 a 1,3 a 1,4 a 1,9 a 2,3 a 3,1 a 3,4 a 3,4 a 3,9 a
60% 0,9 a 1,3 a 1,6 a 1,9 a 2,3 a 3,0 a 3,5 a 3,5 a 3,9 a
80% 0,9 a 1,2 a 1,3 a 1,7ab 2,0ab 2,5 b 3,0 b 3,0 b 3,3 b
Médias seguidas pelas mesmas letras e na mesma coluna não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.
76
Tabela 32. Resultado do Teste de Tukey para a largura da folha (cm), em
função dos sombreamentos e da altura do ambiente protegido
(3,0m), da espécie G. lingulata, ESALQ-USP, Piracicaba, SP.

Tempo em dias
Telas 20 65 110 155 200 245 290 335 380
18% 1,0 a 1,2 a 1,4 a 1,6 b 1,7 b 2,1 b 2,6 b 2,8 b 3,0 b
40% 1,0 a 1,3 a 1,7 a 2,0 a 2,4 a 3,1 a 3,9 a 3,9 a 4,0 a
60% 1,0 a 1,2 a 1,4 a 1,8ab 2,2 a 3,0 a 3,5 a 3,5 a 4,0 a
80% 0,9 a 1,2 a 1,6 a 1,9ab 2,2 a 2,9 a 3,4 a 3,4 a 3,4 b
Médias seguidas pelas mesmas letras e na mesma coluna não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.

4.2.2.4 Diâmetro da roseta

Como já colocado anteriormente, plantas submetidas a áreas sob as


telas de 60 e 80% de sombreamento tendem a ter sua área foliar aumentada,
devido à redução da luminosidade que consequentemente promovera o
alongamento das folhas para a captação de maior quantidade de luz garantindo
assim os seus processos fotossintéticos (Carvalho & Rocha, 1999). .
Nas Tabelas 33 e 34 verifica-se que as plantas, aos 380 dias de cultivo
sob as telas de sombreamento, apresentaram uma diferença significativa entre
a tela de 18% quando comparada com as demais telas, isso ocorreu em ambos
os ambientes. A tela de 18% apresentou as menores médias para o diâmetro
da roseta; as telas de 40, 60 e 80% não diferiram entre si.
Plantas submetidas a um maior nível de sombreamento tendem a ter
suas folhas mais compridas, resultado que converge para os encontrados por
Carvalho & Rocha (1999).
77
Tabela 33. Resultado do Teste de Tukey para a variável diâmetro da roseta
(cm), em função dos sombreamentos e da altura do ambiente
protegido (3,5m), da espécie G. lingulata, ESALQ-USP, Piracicaba,
SP.

Tempo em dias
Telas 20 65 110 155 200 245 290 335 380
18% 20,5 b 23,1 a 25,7 a 24,3 b 21,8 b 27,4 b 30,7 b 32,3 b 34,1 b
40% 23,3 a 25,5 a 27,2 a 28,2 a 26,9 a 33,0 a 35,5 a 37,5 a 40,0 a
60% 21,5ab 24,3 a 27,4 a 26,8ab 29,9 a 35,4 a 38,0 a 39,4 a 42,2 a
80% 22,4ab 25,1 a 26,7 a 30,0 a 29,6 a 33,6 a 37,1 a 38,6 a 42,2 a
Médias seguidas pelas mesmas letras e na mesma coluna não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.

Tabela 34. Resultado do Teste de Tukey para a variável diâmetro da roseta


(cm), em função dos sombreamentos e da altura do ambiente
protegido (3,0m), da espécie G. lingulata, ESALQ-USP, Piracicaba,
SP.

Tempo em dias
Telas 20 65 110 155 200 245 290 335 380
18% 20,8 a 25,2 a 27,5 a 26,1 a 21,5 b 25,5 b 29,6 b 30,0 b 31,2 b
40% 20,9 a 23,5ab 27,1 a 25,7 a 27,4 a 34,7 a 40,2 a 41,2 a 43,3 a
60% 21,4 a 24,0 b 27,0 a 27,3 a 26,6 a 34,1 a 42,1 a 44,6 a 46,8 a
80% 21,1 a 22,7 b 29,3 a 28,6 a 29,9 a 36,9 a 43,8 a 45,1 a 48,6 a
Médias seguidas pelas mesmas letras e na mesma coluna não diferem entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.

A espécie G. lingulata mostrou-se mais sensível à radiação solar, visto


que as plantas dessa espécie quando submetidas à tela de 18% apresentaram
queimaduras graves nas folhas (Figura 17), já as plantas da espécie A. fasciata
sob a mesma tela apresentou apenas uma descoloração nas folhas, não sendo
foi observadas queimaduras.
78

Figura 17. Planta da espécie G. lingulata com queimaduras nas folhas e ao lado
vaso com a planta já morta, foto referente aos 380 dias de cultivo sob
a tela de sombreamento de 18%,.

Quando analisou-se os dados das telas que proporcionaram um maior


nível de sombra (60 e 80%), as plantas da espécie A. fasciata apresentaram
folhas mais compridas e estreitas do q ue as da espécie G. lingulata.
Concordando com Carvalho & Rocha (1999), esse trabalho confirma que
as bromélias são realmente dependentes da quantidade de radiação solar que
incide sobre elas, a qual determina a sua coloração, o tamanho e o formato das
plantas.
As Figuras 18 e 19 mostram as diferenças visualizadas nas plantas, em
função dos níveis de sombreamento. Observou-se que as plantas de A.
fasciata, submetidas a um maior nível de sombreamento - 60 e 80% -,
apresentaram folhas mais alongadas, com coloração mais escura. Já as plantas
de G. lingulata apresentam menores diferenças quanto à coloração e ao
tamanho, nas telas com maior sombreamento.
79

Figura 18 - Plantas de A. fasciata submetidas a diferentes níveis de


sombreamento, ao longo do ciclo de cultivo de 380 dias.

Figura 19 - Plantas de G. lingulata submetidas a diferentes níveis de


sombreamento, ao longo do ciclo de cultivo de 380 dias.

Analisando os dados microclimáticos e os parâmetros de


desenvolvimento das plantas, observou-se que o aumento de 0,5m na altura do
ambiente protegido não foi suficiente para causar alterações às plantas. As
variações no desenvolvimento destas plantas ocorreram em função das
diferentes telas de sombreamento utilizadas neste estudo.
80
Para a espécie A. fasciata o maior desenvolvimento para as variáveis
altura, número de folhas e largura da folha foi verificado sob a tela de 40%, os
valores de diâmetro da roseta foram maiores nas telas de 60 e 80%, porém este
maior desenvolvimento não traduz uma planta com melhores características
para esta variável, pela análise visual as plantas com um diâmetro de roseta
adequado são as que estão sob as telas de 40% de sombreamento, tendo em
média de 26 a 27cm.
Em função dos aspectos estudados pode-se verificar que as bromélias
são plantas altamente influenciadas pelo nível de luminosidade que as mesmas
são submetidas.
Analisando os mesmos dados para a espécie G. lingulata as plantas sob
as telas de 40% foram as que apresentaram um melhor desenvolvimento,
apresentaram folhas com uma coloração verde escura que é a cor
característica da espécie (Lorenzi, 1999).

4.3 Considerações finais

A ausência de informações técnico-científicas sobre o cultivo de


bromélias foi uma das grandes barreiras encontradas nesta pesquisa.
Verificou-se que as informações existentes são oriundas dos cultivos
comerciais, o que por sua vez, não são divulgados, impedindo o acesso às
mesmas.
Por serem plantas ornamentais de grande importância comercial,
estudos relacionados com a produção de bromélias devem ser conduzidas de
forma a esclarecer os gargalos existentes nos mais diferentes níveis da
produção.
Em sistemas de produção mais avançados verifica-se que as tomadas de
decisões são realizadas empiricamente em função da experimentação de
campo. Mesmo sendo um cultivo comercial, a inexistência de padrões de
excelência, dificulta a avaliação dos parâmetros da planta adulta.
81
Em função desses fatores, acredita-se que os dados oriundos dessa
pesquisa, possam fornecer informações úteis aos produtores de bromélias do
país.
Para as condições em que foram realizadas este trabalho verificou-se
que para as espécies estudadas, A. fasciata e G. lingulata, o melhor nível de
sombreamento foi proporcionado pela tela de 40%.

4.4 Sugestões para novas pesquisas

Diante da ausência de informações para o cultivo comercial de bromélias


verificou-se a existência de grandes lacunas em pesquisa e desenvolvimento na
área de controle do ambiente para esta cultura. Em função disso, sugere-se
novas pesquisas com os:

• Estudo dos níveis de sombreamento intermediários entre as telas com níveis


de sombreamento de 40 e 60%;
• Avaliação da influência de diferentes alturas da telas no sombreamento das
plantas;
• Estabelecimento de padrões ideais de comercialização em função das
características da planta;
• Avaliação as exigências de outras espécies de bromélias em relação ao
ambiente de produção.
5 CONCLUSÕES

Baseando-se nas condições em que foram realizadas esta pesquisa pode-


se concluir que:

• A variação da altura dos ambientes protegidos estudados (3,5 e 3,5m)


não apresentaram diferenças estatísticas significativas nas variáveis do
ambiente ( temperatura do ar, umidade relativa do ar, temperatura de
globo negro, carga térmica de radiação, radiação solar global e
intensidade luminosa);
• Quando se analisou o ambiente térmico sob as telas de sombreamento
verificou que houve diferenças estatísticas significativas nas variáveis
que foram estudadas neste microambiente (temperatura do ar, umidade
relativa, temperatura de globo negro e intensidade luminosa);
• Para as espécies estudadas, A. fasciata e G. lingulata, a tela de
sombreamento que proporcionou o melhor desenvolvimento,
diferenciando-se estatisticamente das demais em função dos parâmetros
(altura da planta, número de folhas, largura da folha e diâmetro da
roseta), foi a tela com nível de 40%.
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