MRE Cap 04

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 9

4 O edifício e o projeto

Neste capítulo o objeto é o edifício de grande porte que caracteriza uma edificação
complexa, que deve ser representada em forma de projeto. Servirá para consolidar o
conhecimento da disciplina e direcionar estudos sequenciais acerca dos assuntos liga-
dos à produção de produtos. O foco será a documentação de decisões projetuais do
profissional em forma de projeto. Também se conhecerá o BIM, que é uma tecnologia
que revoluciona as áreas de Arquitetura, Engenharia e Construção.

Edifício de múltiplos pavimentos


As regras de representação de um edifício de múltiplos pavimentos é a mesma que
uma edificação simples, de um pavimento apenas. Ou melhor:

Irá alterar o tamanho do desenho, as folhas e a quantidade de representa-


ção, mas não irá alterar as regras relacionadas em forma de apresentação.

Todos os pavimentos são representados e detalhados. Caso dois ou mais pavimentos


sejam iguais, somente uma planta baixa pode ser utilizada. É necessário deixar clara a
informação sobre a quais pavimentos a planta baixa se refere. Neste sentido, a infor-
mação a respeito do pavimento se encaixa.

No entanto, primeiramente, é pertinente fazer aqui uma relação entre os termos tra-
tados para que haja o esclarecimento de que as regras de representação não irão mu-
dar entre objetos e edificações. Muitas vezes o termo pode se referir a um objeto ou
a uma edificação. Apenas as legendas e a forma de tratamento poderão ser ajustadas
de acordo com o objeto a ser representado.

1
A tabela a seguir traz um comparativo inicial para as vistas ortogonais e suas respecti-
vas abordagens. Será possível notar que as perspectivas não mudam nas duas aborda-
gens apresentadas na tabela. Vejamos:

Terminologias para as respectivas abordagens.

TERMINOLOGIAS PARA PEÇAS, OBJETOS, TERMINOLOGIAS PARA EDIFICAÇÕES


PRODUTOS DE FORMA GERAL DE UM OU MAIS PAVIMENTOS

Vista Frontal. Fachada Frontal.

Vista Lateral. Fachada Lateral Esquerda ou Direita.

Vista Posterior. Fachada Posterior.

Vista Superior. Planta de Cobertura, Planta de Situação e Locação.

Planta Baixa do 1º Pavimento.


Corte Horizontal. Planta Baixa do 2º Pavimento.
Planta Baixa dos demais pavimentos.

Corte Vertical Transversal ou Longitudinal. Corte AA, Corte BB e demais cortes.

Fonte: Elaborada pelo autor (2021).

Todos os produtos gerados pela modelagem podem servir de material para a produ-
ção de projetos. Vistas e perspectivas do objeto em forma de imagens irão compô-lo.
Claro que os vídeos serão apresentados de maneira bem específica, mas as imagens
que podem ser exportadas do modelo digital são material para a diagramação de pran-
chas de projeto.

É importante destacar que alguns pesquisadores também tratam o projeto


como um produto, ou seja, um produto que representa outro.

É muito importante pensar no projeto do produto, pois o leitor precisa entender o que
se pretende com o objeto modelado. Esse leitor é seu cliente, e ele pode ser o emprei-
teiro, o profissional que vai executar uma parte do seu objeto ou outro profissional
que irá executar um projeto complementar.

2
O projetista precisa produzir visualizações do seu projeto que facilitem o entendimento
do leitor. Se for necessário, gere várias perspectivas e outras vistas do seu objeto.

O importante é se fazer entender com o desenho e a representação.

Escalas
As escalas são as proporções que utilizamos para representar o objeto nas imagens,
projetos e visualizações. Também é possível verificar a utilização das escalas em protó-
tipos físicos ou em modelos impressos em 3D.

O processo de modelagem virtual muitas vezes pode ser percorrido sem essa noção de
escala. No entanto, no momento de gerar as vistas ou produtos, esse conceito precisa
ser evidenciado, pois a representação não será do tamanho do objeto na realidade.

É natural fazer esse ajuste no tamanho de representação dos objetos, pois eles ora são
muito grandes, ora muito pequenos. Por exemplo, quando se desenha uma edificação
em um papel, esta precisa naturalmente ser reduzida. No entanto, quando se desenha
uma peça muito pequena, esta precisa naturalmente ser aumentada.

Objetos muito pequenos têm suas representações aumentadas pela escala de am-
pliação e objetos muitos grandes possuem suas representações diminuídas pela es-
cala de redução.

Quando é possível representar o objeto no papel em sua verdadeira dimensão, o de-


senho é elaborado sem escala. Chama-se escala natural ou o objeto em sua verda-
deira grandeza.

As escalas podem ser:

• Gráficas: são representações em barra da dimensão e representam a relação


entre o desenho e a realidade por meio do tamanho visual. Por exemplo:

Escala gráfica.

0 1 2 4

Fonte: O autor (2021).

3
• Numéricas: são propriamente os números que representam a relação entre
a representação e o objeto na realidade. Elas podem ser escalas de ampliação
(1:X), redução (X:1) ou natural (1:1). A seguir, uma tabela com o resumo das esca-
las numéricas:

Resumo das escalas numéricas.

TAMANHO
TAMANHO
DO SEPARAÇÃO
ESCALA DA PEÇA EXEMPLO DEFINIÇÃO UTILIZADAS EM:
DESENHO : ou /
REAL = R
=D

Na representação de
A representação do
peças muito pequenas,
AMPLIAÇÃO X : 1 X:1 desenho é maior do que
peças de relógios e
a dimensão real.
eletrônicos.

A representação do
Peças e objetos que
desenho é igual à
possuem dimensões
NATURAL 1 : 1 1:1 dimensão real. Desenho
próximas à dimensão
em sua verdadeira
do papel.
grandeza.

A representação do
Mapas, plantas, foto-
REDUÇÃO 1 : X 1:X desenho é menor do
grafias.
que a dimensão real.

Fonte: O autor (2021).

A escolha da escala se dá em função de três fatores. São eles:

1. Tamanho do papel ou tamanho da área de apresentação.


2. Tamanho do objeto a representar.
3. Nível de detalhes da representação.

O objeto precisa ser visto como é necessário para o projetista, dentro do papel ou área
de apresentação disponível. Tais fatores irão direcionar a escolha da escala em cada
representação. Um projeto pode conter desenhos em diferentes escalas. Uma mesma
prancha (folha do projeto) também pode conter desenhos em diferentes escalas.

É importante destacar que o texto possui uma altura ideal independentemen-


te da escala, pois somente o desenho se modifica quando a escala é alterada.
O texto dos projetos deve ser legível, independentemente da escala utilizada.

4
Modelagem da Informação da Construção, Building Informa-
tion Modelling – BIM
O Building Information Modelling - BIM foi denominado no Brasil como Modelagem da
Informação da Construção e é tratado como uma tecnologia que também engloba
uma metodologia de projeto e produção, uma cultura de trabalho e outras caracte-
rísticas que envolvem a produção do produto. É fato que o BIM não é somente um
software, pois ele prescreve uma forma de trabalhar com as disciplinas, que são os
outros profissionais nas equipes multidisciplinares. Orienta-se também uma dinâmica
colaborativa nos softwares, exigindo conexões de internet e equipamentos potentes
para trabalhar com objetos multidimensionais.

A modelagem BIM também pode ser entendida como um repositório de informa-


ções da edificação. Esse repositório deve ser único e on-line, sendo alimentado por
diversos profissionais ao longo do processo. Desse repositório, os projetos são retira-
dos juntamente com quaisquer informações do objeto em vários formatos.

Vejamos um exemplo:

Building Information Modelling - BIM.


Processo de projeto integrado

Equipe do projeto Equipe do projeto Equipe do projeto Equipe do projeto


arquitetônico estrutural hidrosanitário elétrico

Contratante
Análises do modelo ou cliente

MODELO INTEGRADO

Dados relativos Demais intervenientes


à demolição da edificação
Quantitativos

Serviços de
manutenção Imagens do modelo
Obra
Todos os projetos para a obra e passeios virtuais
Alimenta a obra e é
alimentado por ela
Contratante ou cliente
recebe o modelo como
documentação
e referência

Fonte: O autor (2021).

5
O fato alentador neste sentido é a possibilidade de utilizar o BIM individualmente,
de forma pontual, em seu próprio trabalho como profissional. Claro que no exemplo
apresentado anteriormente o BIM não será totalmente implantado, mas suas vanta-
gens já poderão ser experimentadas. O profissional que deseja utilizar um software
BIM logo irá usufruir do dinamismo das ferramentas.

Documento para o produto: projeto físico e modelo digital


As informações do produto devem ser documentadas em forma de projeto ou ar-
mazenadas em um modelo virtual seguro. Nesse momento, é necessário entender
o projeto como um documento para registrar as decisões dos profissionais partici-
pantes do processo.

O projeto pode ser elaborado em uma ou mais folhas dentro dos padrões de fora da
ABNT. Essa quantidade depende de quantas representações do objeto serão apresen-
tadas no projeto. A execução seguirá as informações demonstradas e qualquer neces-
sidade de modificação deve ser informada ao projetista, detentor dos direitos autorais.

O projeto também pode ser do tipo as-built, que significa: “como construído.” Nesse
caso, é diretamente a documentação do que foi executado incluindo-se as modificações
que porventura foram aplicadas na execução, mas não foram anteriormente planejadas.

O projeto ou modelo virtual também pode conter as informações geradas na etapa de


projeto, execução e manutenção. O BIM orienta esse armazenamento. As informações
geradas durante a fase de uso do edifício muitas vezes não são armazenadas. Sem re-
gistro, não há acompanhamento ou trabalho de programação. A área de manutenção
é bastante desenvolvida e igualmente trabalha com projetos e documentações.

De maneira geral, todas as informações sobre o produto devem ser registradas de algu-
ma forma durante todo seu ciclo de vida. Assim, os profissionais podem acompanhar o
desenvolvimento e a utilização do produto e alimentar novos processos de projeto.

6
RE SUMO

Neste capítulo vimos que os caminhos para a produção de projetos são muitos, com
várias possibilidades. Também conhecemos o BIM e quais são os desenvolvimentos
após a modelagem do objeto. O projeto também segue para produção ou execução
e servirá de documento para as fases de uso e manutenção do produto. Conseguimos
abordar a importância da documentação das informações do produto, seja na forma
de projeto ou de modelo digital.

As possibilidades agora são muitas e vários caminhos podem ser percorridos. Os


softwares somente darão apoio ao trabalho do profissional. É importante dominar
as decisões relacionadas à modelagem para que o objeto executado também seja
produzido com qualidade.

7
RE FE RÊ NCIA S

CHING, F. D. K. Representação Gráfica em Arquitetura. 3. ed. Porto Alegre:


Bookman, 2000.

MONTENEGRO, G. A. Desenho de projetos: em arquitetura, projeto de produto, co-


municação visual e design de interior. São Paulo: Blucher, 2007.

Você também pode gostar