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1.

Introdução

A bilharziose, também conhecida como esquistossomose, é uma doença parasitária que


afeta milhões de pessoas em regiões tropicais e subtropicais. A doença é causada por parasitas
do gênero Schistosoma, que vivem em caramujos de água doce, e é transmitida aos humanos
quando entram em contato com águas contaminadas. Devido à sua disseminação em áreas de
infraestrutura precária e condições de saneamento insuficientes, a bilharziose representa um
sério problema de saúde pública. Essa enfermidade pode resultar em complicações hepáticas,
urinárias e até neurológicas, dependendo da espécie de Schistosoma envolvida.

Esta pesquisa aborda as principais causas, os tipos de bilharziose, o ciclo de vida do


parasita, o período de incubação, sintomas, diagnóstico, tratamento e estratégias de prevenção
e controle, destacando a importância de ações integradas para combater a propagação dessa
doenç

2. Causas e Ciclo de Vida do Parasita

A bilharziose é causada pelo parasita Schistosoma, um tipo de trematódeo. As


principais espécies que causam a doença são Schistosoma mansoni, Schistosoma
haematobium, Schistosoma japonicum, Schistosoma intercalatum e Schistosoma mekongi.
Cada uma dessas espécies tem diferentes hospedeiros intermediários, geralmente caramujos
de água doce específicos para cada região geográfica.

2.1 Ciclo de Vida do Parasita


O ciclo de vida do Schistosoma é complexo e requer dois hospedeiros: o caramujo de
água doce e o ser humano. O ciclo segue as etapas a seguir:

1. Liberação das Cercárias na Água: Após serem eliminados nas fezes ou urina dos
humanos infectados, os ovos eclodem em larvas chamadas miracídios. Essas larvas nadam até
encontrarem caramujos hospedeiros específicos.

2. Desenvolvimento no Caramujo: Dentro do caramujo, os miracídios sofrem várias


transformações, tornando-se cercárias. Em períodos de cerca de quatro a seis semanas, as
cercárias são liberadas novamente na água.

3. Infecção Humana: Quando uma pessoa entra em contato com a água contaminada,
as cercárias penetram ativamente na pele, podendo causar uma erupção cutânea transitória.
Após penetrar na pele, elas perdem suas caudas e se tornam esquistossômulos, migrando pela
corrente sanguínea até o fígado.

4. Desenvolvimento e Reprodução: No fígado, os vermes amadurecem e formam pares


macho e fêmea, que migram para as veias do intestino ou da bexiga, dependendo da espécie.
Os vermes começam a depositar ovos que, ao se alojarem em tecidos, causam inflamação e
danos ao hospedeiro.

2.2 Espécies de Schistosoma e Seus Hospedeiros


Cada espécie de Schistosoma tem um caramujo hospedeiro específico e causa
diferentes formas da doença, dependendo do local do corpo onde os ovos se depositam. Por
exemplo:

Schistosoma mansoni: comum na América do Sul, Caribe e partes da África, usa


caramujos do gênero Biomphalaria como hospedeiro.

Schistosoma haematobium: prevalente na África e Oriente Médio, utiliza caramujos


do gênero Bulinus e afeta o trato urogenital.

Schistosoma japonicum: encontrado na Ásia, infecta caramujos do gênero


Oncomelania e é associado à forma mais severa da doença, com danos neurológicos.

Esse ciclo se repete constantemente em áreas endêmicas, mantendo o parasita em


circulação e perpetuando a infecção entre a população local.

3. Tipos de Bilharziose

A bilharziose é classificada com base na localização dos ovos depositados pelos


vermes adultos e nos órgãos afetados. Abaixo estão os tipos mais comuns.

3.1 Esquistossomose Intestinal

Causada por Schistosoma mansoni e Schistosoma japonicum, a esquistossomose


intestinal compromete principalmente o fígado e o trato digestivo. Os vermes adultos
depositam ovos nas paredes intestinais, e, quando os ovos ficam retidos nos tecidos, podem
causar inflamação, fibrose hepática e formação de granulomas, resultando em um quadro
grave de hipertensão portal.

3.2 Esquistossomose Urogenital

A esquistossomose urogenital é causada pelo Schistosoma haematobium, sendo


prevalente na África e no Oriente Médio. Esse tipo de bilharziose afeta principalmente a
bexiga e o trato urinário. Os ovos do parasita causam lesões no epitélio da bexiga, levando a
um quadro de hematúria (sangue na urina), dor ao urinar e, em casos graves, câncer de bexiga.

3.3 Esquistossomose Hepatoesplênica

Quando a esquistossomose afeta o fígado e o baço, geralmente associada a


Schistosoma mansoni e Schistosoma japonicum, a condição é conhecida como
hepatoesplênica. A deposição de ovos nas veias hepáticas leva a um processo inflamatório,
com o desenvolvimento de fibrose periportal e um quadro clínico de esplenomegalia e varizes
esofágicas.

3.4 Esquistossomose Neurológica

Menos comum, mas altamente debilitante, a esquistossomose neurológica ocorre quando os


ovos de Schistosoma japonicum atingem o sistema nervoso central. Isso pode causar
convulsões, déficits motores, alterações cognitivas e até mesmo paralisia, em casos graves.
Esse tipo de bilharziose representa uma forma severa e potencialmente fatal da doença.

4. Período de Incubação e Sintomas


O período de incubação, que é o tempo entre a infecção e o início dos sintomas, varia entre
duas a seis semanas. Os sintomas da bilharziose são classificados em fases aguda e crônica.

4.1 Fase Aguda (Febre de Katayama)

Logo após a infecção, ocorre uma reação inflamatória chamada febre de Katayama,
caracterizada por sintomas como febre alta, calafrios, suor noturno, dores musculares, tosse,
diarreia e, em alguns casos, erupções cutâneas. Esses sintomas são uma resposta imunológica
ao parasita.

4.2 Fase Crônica

Se não tratada, a doença pode evoluir para uma fase crônica com complicações mais graves,
como:

 Esquistossomose Intestinal: Pode evoluir para fibrose hepática, hipertensão portal e


formação de varizes esofágicas.
 Esquistossomose Urogenital: Causa hematúria e pode levar a complicações renais e
câncer de bexiga.
 Esquistossomose Neurológica: Sintomas neurológicos como convulsões e deficit
cognitivo.

Esses sintomas refletem a severidade da infecção e os danos aos órgãos causados pela
inflamação crônica e pela presença dos ovos nos tecidos.

5. Diagnóstico

Para diagnosticar a bilharziose, é possível utilizar métodos diretos e indiretos.

5.1 Exames Parasitológicos

Os exames parasitológicos são considerados o padrão-ouro no diagnóstico de bilharziose. Em


regiões endêmicas, a presença de ovos nas fezes ou urina é um indicador direto da infecção.
5.2 Exames Sorológicos

Em áreas de baixa endemicidade ou em casos de infecção recente, o diagnóstico sorológico é


utilizado para detectar anticorpos específicos.

5.3 Imagens e Avaliação Clínica

A ultrassonografia e a tomografia computadorizada podem identificar lesões hepáticas, fibrose


periportal e comprometimento da bexiga, ajudando a avaliar a extensão dos danos causados
pela infecção.

6. Tratamento

O tratamento padrão é realizado com praziquantel, que é altamente eficaz contra as espécies
de Schistosoma.

6.1 Praziquantel

O praziquantel é a primeira linha de tratamento, sendo administrado em dose única ou


múltiplas doses, dependendo da gravidade da infecção.

6.2 Oxamniquine e Outras Opções

Em algumas regiões, o uso de oxamniquine pode ser necessário quando o praziquantel


apresenta resistência

7. Prevenção e Controle

 As estratégias de prevenção incluem:


 Saneamento Básico: Evita a contaminação de corpos d'água.
 Controle dos Caramujos: Diminui a população de hospedeiros intermediários.
 Educação e Conscientização: Instrução
Claro, aqui está a continuação do trabalho sobre a bilharziose, finalizando com referências
bibliográficas.

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7. Prevenção e Controle

A prevenção e o controle da bilharziose são de extrema importância para reduzir a


disseminação e o impacto da doença em áreas endêmicas. As principais estratégias de
prevenção incluem:

7.1 Saneamento Básico e Tratamento de Águas Residuais

Investimentos em saneamento básico são fundamentais para reduzir a contaminação de corpos


d’água com ovos de Schistosoma. Isso inclui o tratamento adequado de esgotos e a construção
de redes de saneamento em áreas urbanas e rurais, de modo a evitar que fezes e urina
contaminadas cheguem a rios, lagos e outros ambientes aquáticos.

7.2 Controle dos Caramujos Hospedeiros

O controle da população de caramujos, hospedeiros intermediários do parasita, é uma


estratégia de combate direta contra a transmissão da bilharziose. Isso pode ser feito utilizando
métodos químicos, como o uso de moluscicidas, ou por meio de práticas biológicas, como a
introdução de predadores naturais dos caramujos.

7.3 Educação e Conscientização da População

Campanhas educativas são essenciais para informar a população sobre os riscos da bilharziose
e as maneiras de evitá-la. Ensinar as comunidades a evitar o contato com águas possivelmente
contaminadas e a reconhecer os sintomas iniciais da doença pode reduzir a incidência e
facilitar o diagnóstico precoce.
7.4 Triagem e Tratamento em Massa

Em regiões onde a bilharziose é altamente prevalente, programas de tratamento em massa


com praziquantel são implementados. A administração periódica desse medicamento reduz a
carga parasitária nas comunidades, interrompendo o ciclo de transmissão da doença e
diminuindo a prevalência.

8. Conclusão

A bilharziose é uma doença parasitária que afeta milhões de pessoas, especialmente em


regiões tropicais e subtropicais. A enfermidade impõe um ônus considerável sobre a saúde
pública, a economia e a qualidade de vida das populações afetadas. Este trabalho destacou as
principais causas, os tipos de bilharziose, o ciclo de vida do parasita, o período de incubação,
os sintomas, métodos de diagnóstico, opções de tratamento e estratégias de prevenção e
controle.

Diante da complexidade e da persistência da bilharziose em várias regiões do mundo, é


necessário um enfoque multidisciplinar que inclua esforços governamentais, pesquisas
científicas, intervenções de saúde pública e programas educacionais. Essas medidas
integradas são fundamentais para que, em longo prazo, se consiga erradicar ou pelo menos
reduzir significativamente a incidência da bilharziose, promovendo uma vida mais saudável e
livre de doenças para milhões de pessoas.
Referências Bibliográficas

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