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Elementos constitutivos

do processo perceptivo

As relações entre os indivíduos e o mundo dá-se através de mecanismos perceptivos,


sendo todo o conhecimento adquirido através da percepção. Para começarmos a falar
de percepção, é necessário entender o que ela é e como ela atua no indivíduo.
Em um primeiro momento, não se pode negar que a percepção tem uma ligação direta
com a sensação, pois é esta que irá, no primeiro instante, captar os estímulos internos
ou externos para que o indivíduo comece a perceber, categorizar e distinguir os
estímulos de outros. A percepção é o processo pelo qual concebemos a realidade, sendo
que ela trabalha como base do comportamento humano, agindo de maneira consciente
sobre a comunicação, sobre os pensamentos e sentimentos. Segundo Dalgalarrondo
(2000, p. 81) a percepção é “a tomada de consciência, pelo indivíduo, do estímulo
sensorial [...]. Diz respeito à dimensão propriamente neuropsicológica e psicológica do
processo”. Assim, transforma os estímulos sensoriais em processos perceptivos
conscientes.
O processo perceptivo ocorre no instante da captação, por meio dos sentidos, de um
estímulo que logo em seguida é enviado ao cérebro. Ela não fornece uma imagem exata
do que é real, sendo o significado que damos às experiências vividas, que serão
experienciadas dependendo das expectativas e motivações do que foi aprendido durante
o desenvolvimento social e também da atenção de cada indivíduo. Gerring e Zimbardo
(2005, p. 151) afirmam que a percepção é
[o] conjunto de processos que organiza a informação na imagem
sensorial e interpreta na forma de algo produzido por objetos ou
eventos no mundo exterior [...] como tendo sido produzidas pelas
propriedades dos objetos ou eventos no mundo exterior,
tridimensional.

Processo perceptivo e seus elementos


Há diversos tipos de elementos do processo perceptivo, podendo este ser classificado
por finalidade, tempo, abstração, associação, visual, personalização, entre outros. Esse
processo é complexo e abrange todos os sentidos, ou seja, é obtido através dos cinco
sentidos – visão, audição tato, paladar e olfato – e implica na pessoa em sua totalidade,
trazendo a construção de significados.
Independentemente de o indivíduo perceber as coisas que o cercam, ele vive em um
mundo complexo, não de informações distintas e separadas, estando em contato a todo
momento não com sensações separadas, mas com imagens inteiras. Luria (2000) ainda
afirma que o reflexo das imagens que estão a nossa volta ultrapassa os limites das
sensações de forma isolada, mas irá se basear em um trabalho conjunto dos órgãos
dos sentidos, sendo uma síntese de sensações isoladas atuando nos complexos
sistemas conjuntos.
A síntese pode alcançar tanto somente uma modalidade, quanto várias modalidades. Ou
seja, ao analisar uma foto, é possível reunir impressões visuais isoladas em uma imagem
integral, ou, ao vermos uma maçã unem-se as impressões visuais, táteis e gustativas e
ainda é possível acrescentar os conhecimentos a respeito da fruta. Segundo Luria (1999,
p. 39), “[s]omente como resultado dessa unificação é que transformamos sensações
isoladas numa percepção integral, passamos do reflexo de indícios isolados ao reflexo
de objetos ou situações inteiros”.

É errôneo dizer, então, que o processo de percepção se dá a partir de uma transição das
sensações simples para sensações complexas somente pela soma das mudanças, já que
esse processo passa por etapas muito mais complexas.

O processo perceptivo, dessa forma, irá requerer que haja discriminação do conjunto
de indicativos atuantes (cor, peso, propriedades táteis, sabor, entre outros), juntamente
com os indicativos básicos determinantes e com a abstração concomitante
de indicativos inexistentes. Assim, demanda a unificação dos principais indicativos do
grupo e busca semelhança de um conjunto de indicativos percebidos e despercebidos
com o conhecimento que já se tem anteriormente daquele objeto. Havendo, no processo
dessa comparação, a hipótese de que o objeto que foi proposto se encaixe com a
informação que chega ao cérebro, acontecerá a identificação do objeto e o processo
perceptivo estará concluído. Por outro lado, se o resultado dessa comparação não
acontecer, isto é, a coincidência de hipótese com a informação real que chega ao
indivíduo, a busca de uma solução correspondente irá continuar enquanto o indivíduo
não identificar o objeto ou incluir esse objeto em uma determinada categoria.
Segundo Luria (1999, p. 39-40),

[n]a percepção de objetos conhecidos (um copo, uma garrafa, uma


mesa), esse processo de identificação do objeto ocorre com muita
rapidez, bastando ao homem unir dois-três indícios perceptíveis para
chegar à solução adequada. Na percepção de objetos novos ou
desconhecidos, o processo de sua identificação é bem mais complexo
e assume formas bem mais desenvolvidas.

Imaginemos que o homem examina um dispositivo histológico


desconhecido para a obtenção de delicadíssimos cortes de tecidos: o
micrótomo. Inicialmente ele percebe uma complexa construção
instalada numa pesada base de ferro fundido, em seguida distingue
partes metálicas isoladas e pode ter a súbita impressão de tratar-se
de uma balança. No entanto ele não vê os pratos indispensáveis à
balança ou as escalas que representam o peso. Ele continua a
examinar esse objeto desconhecido até que seus olhos distinguem a
superfície plana do aparelho e uma lâmina muito afiada. Então ele
pode lembrar-se de que viu algo semelhante numa mercearia e que
esse aparelho era empregado para cortar presunto ou salame em
fatias finas. Somente depois disto a lâmina aguda, contígua à
superfície metálica, torna-se indício determinante e o sujeito começa
a formar a idéia de que o objeto percebido tem relação com os
instrumentos de corte cujas hélices micrométricas parecem assegurar
uma regulação precisa da espessura dos cortes.
Assim, como visto no exemplo dado pelo autor, a percepção plena do objeto irá
aparecer como uma implicação complexa de um trabalho de análise e síntese, trazendo
apenas indicativos essenciais e inibindo os indicativos secundários, combinando nesse
todo apreendido os detalhes perceptivos.
Estão incluídos no processo perceptivo muito além da simples excitação dos órgãos
quando chega o estímulo no córtex cerebral, já que componentes motores também
atuam nesse processo em forma de apalpação do objeto, assim como o movimento dos
olhos, que distinguem o que chama mais atenção.
Estando a atividade receptora muito próxima aos processos de pensamento direto,
essa semelhança ocorrerá quanto mais novo e mais complexo for o objeto que está
sendo compreendido.

Peculiaridades do processo perceptivo


Luria (1991) afirma que existem quatro aspectos básicos no processo de percepção do
indivíduo:
Como já foi colocado anteriormente, a percepção do indivíduo ocorrerá pe
conhecimentos anteriores e experiências já vividas, o que fará com que seja
Caráter ativo e imediato
imaginar objetos que não estão presentes naquele momento e planejar açõe
sendo responsável pela captação e discriminação dos estímulos.
É responsável pela categorização e significação das diferentes percepções,
indivíduo irá atribui-las, num primeiro momento, a determinadas categorias
Caráter material e genérico
medida que vai se evoluindo e tendo uma maior vivência, consegue aprim
percepção daquele estímulo.
Tem-se informações sobre determinado objeto por experiências anteriores
pelas suas propriedades. A percepção fará a correção da impressão desse e
imediatamente, sendo capaz de corrigir os traços perceptivos mesmo que o est
Constância e correção
de lugar ou de cor, por exemplo. Ainda que o objeto esteja em movimento, o
consegue manter a percepção sobre ele. É entre os dois e os quatorze anos
evolução sobre tamanho, constância e cor.
É a possibilidade dessa função psicológica, que é a percepção, ser diri
voluntariamente para outra função psicológica, que é a atenção. Ou seja,
Móvel e dirigível
percepção é capaz de ser dirigível, sendo possível deslocar a percepção par
indivíduo quiser.
CONTINUE

Propriedades da
percepção
Uma das teorias que mais se concentraram em explicar a
percepção foi a teoria da Gestalt. Ela afirma que a percepção
tem como um dos princípios organizadores o fato de que os
objetos são percebidos de maneira unificada, ou seja, a
percepção não se trata de sensações individuais que
aglomeramos em nossa mente, mas ocorre de maneira
organizada e espontânea sempre que olhamos a nossa volta,
combinando partes do campo perceptivo como se apresenta, de
acordo com Schultz e Schultz (1992).
As percepções são consideradas normais se o que o indivíduo
percebe é, de fato, o que está a sua volta, ou seja, o que
realmente se ouve, se vê e se sente. Alterações da percepção
podem ocorrer, sendo por ilusões e alucinações, que podem ser
criadas pelo homem e até mesmo pelos animais, como, por
exemplo, a camuflagem, que é usada por homens na guerra
assim como por animais para sua sobrevivência. Por outro lado,
a percepção pode ser diferenciada de acordo com algumas
propriedades que ela apresenta como veremos a seguir.

Percepção seletiva e sensitiva


Já ouviu falar que quando você quer alguma coisa, todo o universo
conspira para que você consiga o que deseja? O que está por traz
disso é a percepção seletiva.
No mundo, há muita informação, mas não conseguimos perceber
tudo o que está ao nosso redor, assim, a percepção seletiva é
esse filtro natural, podendo ser consciente ou inconsciente, em que
o que se enxerga são os estímulos que prendem a atenção do
indivíduo. Dessa forma, sendo definido um foco, o que está ao redor
que não é de grande importância para o indivíduo é ignorado.
Já a percepção sensitiva ocorre quando se passa muito tempo com
um estímulo muito próximo e ocorre a adaptação sensitiva,
consistindo em perder a capacidade ou a sensibilidade ao estímulo
com o qual se está tendo um grande contato.

Diferentes fatores que influenciam na percepção


A percepção ocorre principalmente através da atenção, que é a
responsável por iniciar o processo de percepção seletiva, fazendo
com que o indivíduo perceba alguns fatores ao seu redor e ignore
outros como já foi exemplificado anteriormente.

Fatores externos

Há algumas características dos estímulos que irão determinar nossa


atenção com frequência, tais como a intensidade, contraste, movimento e a
incongruência.

Fatores Internos
Influenciam a nossa atenção, tais como a motivação, experiências
anteriores e fenômenos sociais.

Vejamos no quadro a seguir as características de cada um deles.


Perspectivas teóricas do
estudo da percepção

Aqui iremos abordar o conceito de percepção dentro de diversas


perspectivas teóricas e, de acordo com suas particularidades,
apresentar o que é esse fenômeno e como ele ocorre.
A percepção tem diferentes significados dependendo da abordagem
teórica em que ela é trabalhada, mas o que podemos dizer, e que
todos concordam, é que a percepção é uma interpretação da
realidade, não se tratando da realidade em si. No senso comum, por
exemplo, acredita-se que algo é real através da experiência individual
de cada ser humano, e essa experiência apresenta, muitas vezes,
resultados diferentes de acordo com cada indivíduo, pois cada um
interpreta a realidade a sua volta de forma diferente e a partir dos
seus pressupostos vividos.
Cavalcanti (2008) afirma que
[n]a perspectiva do senso comum, o conceito de percepção tem os
seus usos relacionados com os sentidos, principalmente com a visão,
de modo que a percepção passa a ser tratada como um sinônimo de
capacidade e apreensão sensorial. Quando um indivíduo enxerga, ele
está percebendo objetos no seu campo visual ou quando este escuta,
ele está percebendo sons no ambiente.
Na psicologia, o conceito de percepção toma que o indivíduo faz
uma organização e interpretação dos estímulos que foram recebidos
pelos órgãos dos sentidos, e, com isso, existe a possibilidade de
identificar objetos e acontecimentos a sua volta. Assim, a percepção
apresenta duas etapas, sensorial e intelectual, sendo as duas
complementares, pois não proporcionam uma visão realista do que
está a sua volta, havendo necessidade da interferência do intelecto.
Já segundo a filosofia, a percepção irá descrever uma situação que o
espírito irá captar utilizando a intuição e os estímulos exteriores,
sendo que cada filósofo apresenta o conceito de percepção de forma
distinta, de acordo com sua base teórica. Conforme, Gomes (2005
apud Descartes, s.p) “[p]ercepções [...] derivam dos objetos, mas
diferiam das simples sensações por envolverem julgamentos mentais
ativos. ‘Eu compreendo somente pela faculdade do julgamento, a
qual está na mente; o que eu acredito eu vi com meus olhos”.

Teoria da Gestalt
A Psicologia da Gestalt surge no princípio do século XX, por volta
de 1912, e incorpora em sua teoria um elemento que foi ignorado no
estruturalismo, que é a relação entre os estímulos.
Assim, a Gestalt trabalha com a ideia de um processo para dar
contorno ao que está exposto ao olhar, configurando o que é
colocado diante dos olhos do indivíduo. Ela traz a conceito de
conhecer o objeto pelo seu todo e não pelas suas partes, tendo suas
próprias leis que coordenam seus elementos. É uma teoria que
traz duas propriedades relacionadas à qualidade das formas:

Sensíveis Próprias do objeto.

Formais Próprias da nossa concepção.

É uma teoria que trabalha em relação à teoria da forma, ou seja,


sugere que o cérebro humano tem a tendência de,
automaticamente, desmembrar a imagem em partes distintas,
organizá-las de acordo com que o cérebro concebe como forma,
tamanho, cor e textura semelhantes, que posteriormente serão
reagrupadas novamente em um conjunto representativo que
possibilita a compreensão do significado revelado. Sendo assim,
o princípio básico da teoria da Gestalt é que o todo é
interpretado diferentemente da soma das suas partes.
Esta alegação leva à descoberta de diferentes fatos que
acontecem durante o processo perceptivo.
Para a Gestalt, durante o processo perceptivo, há fatores que
são objetivos e subjetivos, que apresentam uma variação em
relação à sua importância relativa. O indivíduo tende a isolar
as “boas formas”, representando essa relação entre o
organismo e o meio, ocorrendo o mesmo entre as relações
de figura-fundo, no qual a percepção é organizada de maneira
que todo campo perceptivo irá se diferenciar em um fundo e em
uma forma. Dessa forma, os elementos, figura e fundo estão
intimamente ligados e não existem independentemente,
representando o principal foco de estudo da teoria da Gestalt.
Para a Gestalt, a percepção irá variar significativamente de uma
pessoa para outra, pois a ela depende de inúmeras variáveis,
tais como experiências culturais e pessoais, estado
motivacional, entre outros.

Além do princípio figura e fundo, a teoria da Gestalt também


determina vários outros princípios ou leis da percepção, como
veremos a seguir:
(Clique nos tópicos abaixo para saber mais)
Lei da Proximidade

Os elementos são dispostos de acordo com a distância a que se encontram
uns dos outros. Quanto mais perto uns dos outros, mais são percebidos como
um grupo. Quanto mais longe, menos são percebidos como um mesmo grupo.
Lei da Semelhança

Os objetos semelhantes tendem a se agrupar. Essa semelhança pode ocorrer
na cor dos objetos, na textura e na sensação de peso e volume dos elementos.
Estas características podem ser percebidas quando se cria relações ou
agrupamentos de elementos na formação de uma figura. Por outro lado,
quando não se usa de maneira adequada, pode haver uma maior dificuldade
na percepção visual, como, por exemplo, quando se usa uma textura
semelhante no plano de fundo e nos elementos do primeiro plano, em que fica
mais difícil de identificar a figura desejada no primeiro plano.
Lei da Continuidade

Mantendo-se homogênea a proximidade, a percepção é disposta de acordo
com a similaridade dos estímulos. Se vários elementos de um desenho
apontam para o mesmo lado, por exemplo, o resultado final será mais
facilmente detectado, facilitando a compreensão. Os elementos dispostos de
maneira harmônica irão proporcionar um conjunto mais harmônico.
Lei da Simplicidade

Esta lei de maior influência da Gestalt-terapia, apresenta uma grande
relevância, pois declara que todas as formas tendem a ser entendidas em seu
caráter mais simples. Isto é, quanto mais simples, mais facilmente é entendida.
Desta maneira, a parte mais facilmente compreendida em um desenho é a
mais regular, que irá requerer uma percepção mais simplificada.
Lei do Fechamento

Elementos são agrupados de maneira que se pareçam completar um ao outro.
Na mente do indivíduo, é visto um objeto completo mesmo quando não há um.
O conceito de encerramento está relacionado ao fechamento visual, como se
completássemos visualmente um objeto inacabado.

Behaviorismo radical
Skinner traz a explicação de percepção através do conceito
de comportamento perceptivo, que são muitos comportamentos
inter-relacionados a um comportamento complexo.
Trazendo a explicação da percepção, segundo Lopes e Abbid (2002),
em termos de comportamento perceptual, considera-se a influência
de variáveis ambientais nesta resposta, evidenciando que a
questão deve ser tratada em termos de controle de estímulos e não
como uma tarefa cognitiva. De acordo com Cavalcanti (2008),
Skinner (1974/2006) afirma que o ambiente afeta o organismo antes
e depois que este se comporta, pois o contexto em que a resposta
ocorre, o comportamento em si, assim como suas conseqüências no
ambiente se relacionam para formar o histórico de reforço do
indivíduo. Portanto, se o comportamento é reforçado ou não em um
determinado contexto, este contexto, ou estímulo antecedente, passa
a exercer controle sobre este comportamento. Assim sendo, o
comportamento perceptual tem relação tanto com estímulos
discriminativos e estímulos delta quanto com a presença ou não de
reforçadores no ambiente (Silva, 2000). A teoria da percepção na
análise do comportamento, referida de forma mais econômica como
comportamento perceptual, abrange diversos comportamentos e
todos estes comportamentos possuem uma relação com os princípios
de controle de estímulos.
O estudo da percepção de Skinner pode ser desmembrado em dois
momentos:
 Momento 1
O estudo do comportamento perceptivo como precorrente.
 Momento 2
O estudo dos precorrentes do comportamento perceptivo.
O estudo do comportamento perceptivo como precorrente dá-se
de maneira que a investigação passa pelo comportamento perceptivo
e desempenha um papel fundamental de modificação do ambiente,
passando pelo processo de resolução de problemas e permitindo a
emissão de um comportamento discriminativo que leve à solução das
questões.
Conforme Simonassi e Cameschi (2003),
[c]omportamentos precorrentes são ações operantes que geram
estímulos discriminativos que afetam a probabilidade de ocorrência
de respostas subseqüentes (Skinner, 1969/1980; Baum, 1994 /1999).
As categorias de ação precorrentes ocorrem tipicamente em
situações de resolução de problemas, onde uma resposta
subseqüente pode ser ou não a resposta-solução.
Na segunda etapa, a investigação já trabalha com uma série
de outros elementos e comportamentos, como a atenção e
consciência, que irão modificar a probabilidade de emissão de
comportamento perceptivo. Realizando a análise das relações dos
demais comportamentos com o comportamento perceptivo, atinge-se
o ponto mais alto da linearidade da teoria da percepção no
behaviorismo radical, o que Skinner considera mais convincente do
que as explicações chamadas de mentalistas, como a Gestalt, a
femonenologia, entre outras teorias que fazem o uso da teoria das
cópias, como é nomeado por Skinner. Loppes e Abbid (2002) afirmam
que, quando a percepção é explicada através dos conceitos de
comportamento perceptivo, não há necessidade de nenhuma
outra mediação mental, considerando que a percepção é mais uma
questão de controle de estímulos do que de cópia mental, se houver a
identificação das variáveis que controlam o seu comportamento.

Outras teorias da percepção


Entre a psicologia e a filosofia, são diferentes as teorias que abordam
e conceituam a percepção, pois a ela é central no entendimento da
psique do homem. Assim, veremos, a seguir, mais algumas teorias
que complementam o entendimento sobre a percepção.

O associassonismo tem como principal representante Wundt,


considerado o pai da psicologia, que criou o primeiro laboratório de
psicologia experimental no final do século XIX. Segundo essa teoria, a
percepção é formada por átomos de sensações isoladamente, ou
seja, as sensações são captadas isoladamente pelo cérebro e, em
seguida, são associadas entre si, construindo a percepção global do
objeto. O indivíduo, nessa teoria, atua como receptor passivo dos
estímulos.

Já a teoria da percepção direta, formulada por Gibson (1904-1980),


afirma que as informações que chegam aos receptores são
satisfatórias para esclarecer sobre os processos perceptivos. Segundo
ela, a cognição não é relevante para percepção. Conforme Sillman,
[a] percepção direta é possível pela disponibilidade de informação
significativa que, segundo Gibson (1986), consiste em padrões
invariantes que especificam a estrutura do ambiente para um animal
capaz de captá-la, sem que essa estrutura necessite ser reconstruída
internamente partindo de fragmentos (dados) do mundo obtidos
pelos órgãos dos sentidos.

Há também as teorias ascendentes, chamadas também


de bottom-up, e as teorias descendentes da percepção,
chamadas de top-down. Essas teorias consideram praticamente
todos os processos cognitivos, porém a primeira considera
percepções acionadas por estímulos, enquanto na segunda são
consideradas as experiências acumuladas, conhecimentos trazidos de
vivências anteriores. As teorias ascendentes abarcam:
(Clique nos tópicos abaixo para saber mais)
Teoria do padrão

Afirma que o indivíduo traz consigo padrões armazenados na memória. Assim,
a percepção ocorrerá quando o indivíduo visualiza um estímulo e o compara
com outro que foi guardado em sua memória.
Teoria dos protótipos

Defende que o indivíduo tem um modelo representativo com traços e
características de objetos, não existindo uma correspondência exata, mas
generalizada.
Teoria das características

Declara que não se percebe o modelo por inteiro, mas sim por suas
características.
Já as teorias descendentes, que são aquelas que o ser humano traz
consigo análises mais elevadas, enfatizando os conhecimentos
prévios, experiências e a interpretação que o indivíduo já possui,
levando também em conta as expectativas relacionadas a percepção,
abarcam três outras teorias:

Efeitos das necessidades



As necessidades influenciam na percepção do indivíduo, ou seja, se você tem
necessidade de algo a sua percepção o levará a criar imagens que pertençam ao que
você necessita.
Efeitos dos contextos

O contexto poderá influenciar nos objetos que são adquiridos.
Efeitos das motivações

A influência que a motivação tem sobre a nossa percepção.
Formas e função da
percepção

A percepção é extremamente importante para o reconhecimento do


indivíduo no mundo. É possível observar diferentes tipos de
percepção adequadas aos estímulos que são recebidos, permitindo a
organização de informações que estão sendo emitidas tanto
pelo mundo externo, quanto interno do indivíduo. Segundo Barreto
(2009),
[o]s sentidos têm a função de nos fazer conhecer o percebido. Dá-nos
uma concepção dos objetos e uma confiança em sua existência, uma
sensação que acompanha a percepção. Ao cheirar uma rosa o seu
odor está inscrito na flor que é a base para a percepção, neste caso, é
a qualidade da rosa que percebo pelo olfato.
Há diversas formas de perceber as coisas que estão ao nosso redor,
uma vez que a percepção tem estreita ligação com os cinco
sentidos: visão, audição, tato, paladar e olfato.

Percepção visual
Para muitos teóricos, a percepção visual é a percepção que mais se
destaca, Skinner afirma isso, colocando não necessariamente que a
visão seja o sentido mais importante que temos, mas que a visão é o
sentido mais complexo e desenvolvido.

A percepção visual será, então, caracterizada pela captação de


formas, cores, movimentos, luminosidade e relações espaciais.

Para uma melhor compreensão de como ocorre a captação desses


estímulos pela visão, é necessário compreender a estrutura do
sistema visual, no qual o olho, que é uma área periférica desse
sistema, irá representar um complexo aparelho que irá se dividir em
vários componentes. Os olhos, assim, agem como uma porta de
entrada para o sistema visual, no qual, em seguida, o córtex cerebral
faz o papel de transportar e organizar a informação visual, sendo,
então, na parte do córtex cerebral onde se constrói a percepção.
Conforme Luria (1991),
[n]o aparelho do olho podemos distinguir a parte sensível à luz
(retina) e vários dispositivos auxiliares de caráter motor; dentre estes
um (a íris e o cristalino) assegura a afluência dos raios luminosos que
chegam à retina, a focalização da imagem e a proteção do aparelho
contra influências estranhas (a córnea) e permite realizar o
movimento do dispositivo complexo (os músculos do olho).

Vamos, aqui, analisar um pouco mais detalhadamente cada parte do


olho citada.

A retina pode ser considerada a estrutura mais fundamental, já que


é a camada mais interna e consegue captar luz através de células
receptoras fotossensíveis, processando os impulsos luminosos através
de uma rede de neurônios.

Existem dois tipos de células receptoras fotossensíveis que são


responsáveis por traduzir as imagens recebidas em uma
representação organizada: bastonetes e cones.

Stolfi (2008) afirma, sobre essas duas células, que

[n]a retina temos duas classes de células sensíveis à luz:

 Cones: Células sensíveis à intensidade e à cor


(compreendem três sub-tipos: L, M e S, sensíveis
respectivamente ao amarelo, verde e azul); são
responsáveis pela Visão Fotópica, ou visão de luz intensa.
Dos cerca de 7.000.000 de cones existentes na retina,
metade situam-se na Fóvea. Muitos cones são ligados
individualmente a terminações nervosas; seu diâmetro
varia de 1 a 5 µm.
 Bastonetes: Células sensíveis apenas à intensidade,
responsáveis pela Visão Escotópica, ou visão em condições
de pouca luz. Há cerca de 75 a 150 milhões de bastonetes
na retina, mas são praticamente inexistentes na Fóvea. Por
serem ligados em grupos às terminações nervosas,
formam conjuntos mais sensíveis à luz do que os Cones,
porém com menor capacidade de resolução de detalhes. A
visão escotópica não proporciona sensação de cor.

Essas duas células trabalham conjuntamente, sendo que os cones


proporcionam uma visão colorida e detalhada, enquanto os
bastonetes trabalham com a baixa luminosidade, promovendo
contraste e detecção de movimento.

Há fatores ambientais ou individuais que podem influenciar a


percepção visual, interferindo no resultado final da nossa percepção.
O quadro a seguir mostra alguns desses fatores:
Tendo o conhecimento da estrutura visual, é possível perceber
melhor como vemos e como ocorre a percepção no nosso
sistema visual.

Percepção auditiva
Essa é a percepção que temos dos sons através do ouvido, estando
ligada ao volume e intensidade do som e ritmo. Assim como a
percepção visual, é considerada como uma das percepções que mais
se destacam.

A percepção auditiva interpreta os sentidos que estão em torno e


essa interpretação é um processo ativo que irá depender dos nossos
conhecimentos prévios e processos cognitivos. Luria (1991) afirma
que “[o] nosso ouvido percebe tons e ruídos. Os tons são oscilações
rítmicas regulares do ar; e a freqüência dessas oscilações determina
a altura do tom, enquanto a amplitude dessas oscilações determina a
intensidade do som”. As oscilações que ocorrem irão variar de acordo
com a frequência e altura do som, ou seja, quanto maior a
frequência, maior a altura.

O aparelho periférico é formado por um dispositivo bem complexo,


como aponta Luria (1991):
Os tons que atuam sobre o homem e os ruídos passam pela entrada
do ouvido e chegam ao tímpano, uma película elástica dotada da
capacidade de oscilar-se em ritmo com o som. Através do sistema de
ossículos situados no ouvido médio (bigorna, martelo, estribo), essas
oscilações são transmitidas através da janela oval ao aparelho do
ouvido interno, onde está situado o aparelho da recepção auditiva —
a cóclea, cheia de líquido (endolinfa). As oscilações, transmitidas pelo
referido aparelho do ouvido médio, põem em movimento o líquido da
cóclea e provocam oscilações correspondentes nesse sistema
fechado. Na membrana básica da cóclea, está situado um dispositivo
especial que transforma as oscilações do líquido em excitações
nervosas — o órgão de Kortiv —, dispositivo extraordinário dotado da
propriedade de transformar oscilações sucessivas em excitação de
células nervosas isoladas espacialmente distribuídas.

O que se percebe, assim, é que a cada som que chega ao


aparelho do receptor auditivo, uma ou várias séries de cordas
sofrem uma oscilação, provocando excitações dos nervos
através das células capilares correspondentes. Ocorrendo
oscilações nas cordas mais curtas quando no caso de sons altos
e oscilações das cordas mais longas quando há sons mais
baixos.

Percepção tátil
A percepção tátil não se dá de maneira uniforme, sendo sentida em
algumas partes do corpo, como as mãos, língua e lábios, de maneira
mais sensibilizada. Entretanto, pode ser percebida em todo o
corpo, permitindo reconhecer, em contato com o corpo, a presença
dos objetos, assim como sua forma, tamanho e temperatura. Tendo
grande importância na afetividade e também no sexo.

A capacidade de diferenciar os objetos de pequenos tamanhos, a


percepção da dor e do calor são fatores presentes na percepção tátil.
Algumas partes do corpo têm uma sensibilidade maior ao calor, por
exemplo. Silva (2015) afirma que
[...] a percepção tátil ocorre nas sensações em resposta a estímulos
externos e alteração do ambiente. Estas se caracterizam como
exteroceptivas (fornecem informação a respeito do ambiente externo)
e interoceptivas ou viscerais (transmitem informações a respeito das
funções internas).
Silva (2015) ainda expõe que existem quatro tipos de sensações
exteroceptivas, sendo elas:

 •

dor;

 •

temperatura;
 •

proporção;
 •
pressão.
O sistema nervoso central do indivíduo sofre influências indiretas aos
sinais que são expressos na pele. Assim, os principais receptores
sensoriais presentes são:
Meissner Receptor de contato.
Pacini Receptor que dá a noção de pressão.
Ruffini Receptor que dá a percepção de calor.
Krause Receptor que dá a sensibilidade ao frio.
Terminações nervosas
Transmitem ao cérebro a percepção da dor.
livres
CONTINUE

Percepção gustativa
É a percepção importante para a alimentação, pois o paladar é o
que dá sentido aos sabores pela língua. Esse é o sentindo menos
desenvolvido pelos humanos, associado, muitas vezes, com o prazer,
sendo o seu principal fator a diferenciação de sabores.

E esses sabores são o doce, o amargo, o azedo e o salgado, sendo


que cada parte da nossa língua atua na recepção de cada sabor. O
paladar é captado por receptores gustativos presentes nas papilas
gustativas. Esses receptores estão presentes sobretudo na língua,
mas também podemos detecta-los na faringe, no palato, epiglote e
laringe.
Continued
Percepção olfativa
O nariz é o principal órgão do sentido do olfato, sendo que a
percepção olfativa é muito mais aguçada em alguns animais, como os
cachorros, do que nos seres humanos, mas ela é muito importante
para a alimentação, assim como ela é de grande importância em
relação à memória afetiva.

O olfato é colocado como fator de suma importância na cultura e nas


memórias do indivíduo, pois ela capta odores que nos fazem reviver
ou diferenciar culturas. Segundo Classen et al (1996, p. 13),
[a] natureza íntima, emocionalmente saturada da experiência
olfativa, assegura que tais odores codificados em valores são
interiorizados pelos membros da sociedade de um modo
profundamente pessoal. O estudo da história cultural dos odores é,
portanto, numa acepção muito correta, uma investigação sobre a
essência da cultura humana.
O alcance olfativo, assim como estudos que diferenciam um odor
do outro, bem como suas combinações, são alguns fatores que
englobam a percepção olfativa.

Outras formas de percepção


Além das cinco formas já exploradas, ainda existem mais três tipos de
percepção que derivam principalmente da percepção visual e
auditiva, pois são formas de percepção que não têm sentidos
específicos para serem utilizados, mas sim um conjunto deles. Assim,
temos:

Percepção espcial Utiliza a percepção visual e auditiva, trazendo o


envolvimento dos tamanhos e distanciamento dos objetos. É a percepção
que nos auxilia saber de onde está vindo um determinado som ou até
mesmo em qual direção o objeto está indo. A parte do cérebro que tem
papel de suma importância nesse tipo de percepção é o lobo parietal.

Percepção Temporal É uma percepção voltada para a duração e para situar


o individuo no tempo, tendo estreita ligação com as experiências vividas,
bem como saber distinguir os dias da semana, horas, ou até mesmo o
distanciamento de uma atividade para outra.
Propriopercepção É a capacidade de situar seu próprio corpo espacialmente.
Esta percepção está ligada ao sistema vestibular do ouvido, que permite
termos equilíbrio.

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