Freq - 2023

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Grupo II

1) In casu supra para atender a qual será o tribunal competente, sendo que estamos
perante um contrato celebrado entre um português e um alemão, residente em Berlin
e cujo contrato foi celebrado em Portugal temos de observar se é aplicável o
regulamento de Bruxelas 1215/2012 (Art.º 59.º CPC). De acordo com o âmbito material
ou critério objetivo do Regulamento, o mesmo só se aplica a matéria civil e comercial.
(art.º 1.º n.º1 R.E) logo aqui é aplicável por se tratar de matéria civil. Seguimos então
para o critério subjetivo, da competência do regulamento (Capítulo 2 R.E), por sua vez
as pessoas domiciliadas num estado-membro devem ser demandadas nesse Estado-
membro (Art.º 4.º R.E) mas podem ser demandadas no tribunal de outro estado-
membro no termo das regras enunciadas nas secções 2 a 7 do Regulamento (Art.º 5.º
R.E). Ao observarmos as regras aplicar devemos começar pelo fim, sendo que
observamos primeiro se aqui se aplica alguma das regras enunciadas na secção 7 (Art.º
25.º R.E) que se trata de pactos de convenção, aqui não existe. Na Secção 6,
competências exclusivas (Art.º 24.º R.E) também não se aplica. E por sua vez da secção
6 até a 3 não se aplicam também. Assim ao observarmos a secção 2, já vamos aplicar o
regulamento, através do (Art.º 7.º n.º1 al.A R.E) sendo que se trata de matéria
contratual. Aqui este artigo vem-nos indicar que Dennis, alemão poderá ser
demandado em Portugal, sendo que foi onde foi celebrado o contrato. Assim passamos
para a competência interna dos tribunais portugueses, para saber qual o tribunal onde
deveria ser intentada a ação. A competência está dividida pelo CPC e pela LOSJ (Art.º
60.º nº1) e reparte-se pela matéria, o valor, a hierarquia e o território (Art.º 60.º n.º2
CPC e 37.º LOSJ). Em razão da matéria, a competência dos tribunais judiciais é residual,
sendo que só se aplica quando outras ordem jurisdicionais não sejam aplicáveis, como
o fiscal e administrativo. (Art.º 64.º CPC 211.º CRP e 40.º n.º1 LOSJ). Por sua vez, a LOSJ
determina quais as causas que, em razão da matéria são da competência dos tribunais
e dos juízos de competência especializada (Art.º 65.º CPC e 40.º n.º2 LOSJ).
Em razão do valor a LOSJ determina os que são de juízo local ou central (Art.º 66.º CPC)
(Art.º 44.º LOSJ) sendo para mais de 50.000€ o central (Art.º 117.º LOSJ) e au contrariu
(Art.º 130.º LOSJ). Em razão da hierarquia, por norma salvas raras exceções as ações
começam no tribunal de 1ª instância (Art.º 67.º e 42.º LOSJ) que se dividem em
competência territorial alargada e em tribunais de comarca (Art.º 33.º n.º1 LOSJ).
Sendo que os tribunais de 1ª instância são em regra os tribunais de comarca (Art.º
79.º LOSJ). Que se desdobram em juízos de competência especializada, genérica e de
proximidade (Art.º 81.º LOSJ). Por último em razão do território trata-se de saber onde
deve ser proposta a ação, sendo que vamos ter a regra geral mas devemos atender as
exceções primordialmente (Art.º 70.º e ss CPC e 43.º LOSJ). No caso em concreto
aplicaríamos o Art.º 80.º n.º1, no qual seria competente o tribunal do domicílio do réu,
princípio da coincidência. Assim, com tudo em vista o tribunal competente seria o
tribunal comarca de Setúbal, no juízo local cível de Setúbal.
Desta forma, acontece que o autor intentou a ação no tribunal de juízo de comércio do
porto, logo estamos perante uma incompetência absoluta do tribunal (Art.º 96.º al.A) o
que vai absolver o réu da instância (Art.º 99.º n.º1) ou no prazo de 10 dias findo os
articulados se a incompetência só for decretada depois pode remeter o processo para
o tribunal competente (Art.º 99.º n.º2).

2) A) Relativamente a primeira contestação apresentada, perante a ilegitimidade aqui


levanta-se a questão de Bento ter ou não ter personalidade judiciária, sendo que a
legitimidade é auferida pelo autor na P.I (Art.º 30.º n.º1) e é configurada pelo autor
(Art.º 30.º n.º3) regra geral de aferição da legitimidade processual em função da
titularidade dos interesses em causa, doutrina de Barbosa Magalhães. Por sua vez, a
personalidade judiciária consiste na suscetibilidade de ser parte. Ser parte, em sentido
formal, é a possibilidade de propor uma ação, ou de ter uma ação proposta contra si.
No sentido material é ser sujeito da relação material controvertida. (Art.º 11.º n.º1).
Por sua vez quem tiver personalidade juridica tem igualmente personalidade judiciária,
que tem inicio com o nascimento completo e cessa com a morte (Art.º 11.º n.º2 CPC e
66.º e 68.º CC), é o principio da coincidência ou equiparação. Acontece que, a
sociedade civil também tem personalidade judiciária, mesmo não tendo personalidade
jurídica (Art.º 12.º al.C). Neste caso o ato não foi praticado por uma sucursal (Art.º
13.º) mas sim por Bento, que sendo dono covinha saber se este também teria ou não
poder de representação em nome da sociedade (Art.º 25.º n.º1). Desta forma, a falta
de personalidade judiciária por parte de Bento como representante poderia ser sanada
mediante a intervenção da administração principal (Art.º 14.º). A falta da mesma é
uma exceção dilatória e importa a absolvição do réu da instância (Art.º 576.º n.º2,
278.º al.C e 577.º al.C).
3) B) Quando entramos na matéria de interesse processual, o mesmo traduz-se na
necessidade de instaurar e fazer seguir a ação, ou seja, na carência de tutela
jurisdicional. Esta necessidade não tem de ser absoluta, o recurso ao tribunal não tem
de ser a única via ou a última possibilidade para a realização do interesse em causa.
Não têm de se mostrar esgotados os meios extrajudiciais, mas o recurso a ação deve
mostrar-se justificado atenta à relação material controvertida tal como configurada
pelo autor. O interesse em agir trata-se de um pressuposto processual positivo sendo
que a sua verificação é essencial para se conhecer do mérito da causa para evitar que
as pessoas sejam obrigadas a, em juízo, defender os seus interesses quando não existe
qualquer interesse da contraparte que o justifique, e evitar que os tribunais se vejam
ocupados com ações em que não se justifica a sua intervenção. Assim, o interesse em
agir é o interesse do recurso ao processo para alcançar a utilidade derivada da
procedência da ação, e existe quando há necessidade do recurso aos tribunais para
alcançar aquela utilidade. A falta de interesse processual constitui uma exceção
dilatória, porquanto obsta a que o tribunal conheça do mérito da causa dando origem
à absolvição do réu da instância (Art.º 576.º n.º2 e 278.º al.E). No caso presente
sabendo nós que nada obsta a que os simuladores possam arguir a nulidade do
negócio simulado (Art.º 242.º n.º1 CC) e sendo que a nulidade só pode ser arguida em
tribunal então o mesmo tem interesse processual em agir.

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