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ALGUNS ASPECTOS HISTÓRICOS DA CRIAÇÃO DE CURSOS DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA EM MINAS


GERAIS

SOME HISTORICAL ASPECTS OF THE CREATION OF DEGREE COURSES IN MATHEMATICS IN MINAS GERAIS

Paula Juliana Barbosa Faria¹


Lailson dos Reis Pereira Lopes²

Resumo
Este trabalho tem como objetivo descrever a trajetória de alguns cursos de formação de Professores
de Matemática no Estado de Minas Gerais. Apontamos neste estudo a criação dos cursos das
instituições UFMG, UFV, Unimontes e IFNMG. As criações dos cursos foram justificadas pela
demanda e falta de profissionais com formação adequada na área. O estudo tem uma abordagem de
pesquisa qualitativa, é caracterizado por pesquisa bibliográfica. A partir do levantamento das
pesquisas, percebemos que no início da implantação de curso houve muitas dificuldades, falta de
professores, recursos, entre outros. Portanto, na atualidade, é importante ressaltar que melhorou de
forma significativa a qualidade, disciplinas, professor formador qualificado, que até então nos
primeiros anos da implantação dos cursos, os professores eram engenheiros.
Palavras-chave: Educação Matemática; Formação de Professores; Estudo Histórico.
Introdução

A Formação de professores é um tema fundamental e sempre atual nos


campos de discussões, especialmente quando se trata de países em
desenvolvimento como é o caso do Brasil, para Libâneo (1998) a escola tem um
papel insubstituível quando se trata de preparação para novas gerações para
enfrentamento das exigências impostas pela sociedade moderna. Deste modo, deve
ter o compromisso de ajudar os alunos a se tornarem sujeitos pensantes, reflexivos,
capazes de construir elementos de compreensão e apropriação crítica da realidade.

A Matemática sempre está presente na nossa realidade, e quando se trata da


sala de aula, os alunos carregam consigo para a escola uma variedade de
perspectivas e comportamentos, que refletem experiências e saberes construídos
em seu meio social. Diante disso, para Paulo Freire (1986) o educador pode
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reconhecer e valorizar essa pluralidade cultural e social, empregando abordagens


que promovam a formulação de estratégias originais e independentes. Assim,
visando ao desenvolvimento do pensamento lógico-matemático e da habilidade para
enfrentar obstáculos.

A investigação da História da Educação Matemática, quando engajada com a


atualidade, oportuniza a compreensão do presente a partir da trajetória história
trilhada, sejam pelas políticas educacionais referentes ao currículo escolar, à
formação de professores, a ampliação da rede escolar, os incentivos que visam o
acesso e a permanência dos estudantes. Isso possibilita compreender e reavaliar o
cotidiano das salas de aula, a formação continuada dos educadores nas instituições
de ensino superior, entre outros.

Ao buscarmos identificar a trajetória trilhada para a implantação de curso


Licenciatura em Matemática surge a possibilidade de reflexões e de aprendizagens
sobre as tendências educacionais, as necessidades que levaram à implantação dos
cursos, os padrões e os desafios que surgiram ao longo do percurso e como foram
superados.

Neste cenário surge o interesse de investigar sobre a formação inicial do


Professor de Matemática. Para isso, optamos em fazer um breve panorama da
formação de professor por meio de um levantamento bibliográfico com o objetivo de
verificar onde surgiu e como foram os primeiros cursos de Licenciatura em
Matemática no Estado de Minas Gerais.

Desse modo, esse artigo tem como objetivo descrever a trajetória de alguns
cursos de formação de Professores de Matemática no Estado de Minas Gerais. A
justificativa está relacionada com a pesquisa de mestrado da primeira autora, que se
insere no tema formação de professores e que se encontra em andamento, se
ancora dentre outros, no desejo pessoal de compreender a respeito da formação de
professores de Matemática, e as contribuições dos cursos de Licenciatura em
Matemática para o progresso educacional no Estado de Minas Gerais, que propiciou
e propicia o desenvolvimento regional com a interiorização de indústrias, comércio,
saúde, crescimento profissional e pessoal de seus habitantes.

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Entendemos que os educadores responsáveis pela formação nos cursos de


Licenciatura em Matemática, bem como aqueles que atuam na formação continuada
desempenham um papel primordial na preparação dos professores que atuam na
educação básica.

Percurso Metodológico

Este trabalho tem uma abordagem qualitativa, recorte de uma pesquisa que
busca na qualidade dos dados, compreender os motivos, as crenças e as
tendências presentes na formação de professores. Conforme Ludke e André (2013),
a abordagem qualitativa bebe da fonte direta de dados, isto significa que os dados
obtidos estão ligados diretamente com o pesquisador e com as análises do tema
estudado. O pesquisador é mais preocupado com o processo do que o produto, pois
é mais atento a compreender e retratar a visão e concepção dos autores
encontrados na área escolhida.

Este trabalho também é caracterizado por pesquisa bibliográfica, pois permite


reunir informações e dados que possibilitam a análise do material escolhido. A
pesquisa bibliográfica na maioria das vezes é realizada por meio de arquivos
escritos, as informações são colhidas através de fichamentos, pois de acordo com
Fiorentini (2013) a ficha de anotações permite organizar de modo estruturado as
referências e ideias dos documentos. Ainda segundo o referido autor, a pesquisa
bibliográfica é dividida em tipos de estudos, o nosso trabalho é caracterizado pelo
tipo estado do conhecimento, uma vez que procuramos realizar um levantamento e
análise de artigos e pesquisas de mestrado e doutorado.

Para a coleta de dados foram consultadas as teses, dissertações e projetos


políticos pedagógicos, dos autores Almeida (2015), Ferreira (2018), UFV (2020) e
IFNMG (2023) que apresentam a trajetória trilhada por algumas instituições
mineiras, para a criação e implementação de cursos de licenciatura em Matemática.

Elaboramos questões para análise das pesquisas encontradas, visando obter


resultados esperados e aprofundar nas discussões. O que as pesquisas apontam a
respeito da implantação e implementação dos cursos de Licenciatura em
Matemática em Minas Gerais? Quais as contribuições e dificuldades encontradas?

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Quem foram os primeiros professores destes cursos? Utilizaremos singular ou


plural? Curso ou cursos?

Breve panorama da Formação de Professor no Brasil

A formação de professores é um assunto sempre presente nas discussões,


seja na acadêmica, seja nos eventos científicos, conferências, congressos e
seminários sobre educação. A busca pela inovação e aprimoramento sobre a
formação de professores é constante, até os dias atuais existem problemas e
desafios antigos que ainda não tiveram soluções satisfatórias.

O curso de licenciatura foi criado no Brasil por volta de 1930, com o formato 3
+ 1, em que as disciplinas de conteúdo específico do curso tinham duração de três
anos e as disciplinas pedagógicas eram de duração um ano, assim não havia
articulação entre conteúdo específico e pedagógico.

Após esse período foi criada a licenciatura curta e licenciatura plena com o
objetivo de formar professores. A primeira visava atender a demanda de professores
para a expansão do ensino secundário no país, uma vez que formava professores
em um período mais curto. Os cursos de licenciatura curta foram extintos a partir da
aprovação Lei 9394/96.

Fiorentini (2013) afirma que até o final dos anos 60 é difícil determinar como
era a formação do professor, pois era tema de pouca relevância política,
desvalorizado. Nos anos 70, a formação do professor era técnica. Para Pereira
(2006) o professor era concebido como um organizador dos componentes do
processo de ensino aprendizagem, como por exemplo, seleção de conteúdo,
estratégias de ensino, avaliação, objetivo do estudo, entre outros. Assim, esse
processo exigia muita organização de planejamento para que pudesse garantir
resultados eficazes e eficientes. Desejava um ensino eficiente, procurava entender
como os elementos tipo o comportamento do professor influencia no ensino
aprendizagem.

No período da década de 80, inicia o debate sobre a formação do educador,


o seu compromisso com as classes. Formar o educador, ou seja, formar especialista
de conteúdo e facilitador de aprendizagem. Assim, deixando de lado a
modernização, uso de recursos tecnológicos e seus métodos de ensino.

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Predominava os métodos naturalistas ou interpretativos, um dos objetivos era elevar


os padrões educacionais.

Surge também a indignação dos professores com a sua remuneração e


busca de melhores condições de trabalho, problemas que debate até hoje. Outro
desafio foi à expansão do ensino, o número de alunos matriculados não foi
proporcional aos investimentos recebidos pelo governo.

De acordo Pereira (2006) nessa década de 80, foi abordado a importância do


professor em seu processo de formação para conscientizar da função da escola na
transformação da realidade social dos estudantes e ter clareza da necessidade da
prática educativa estar associada a uma prática social mais global.

Visando atender a uma parcela da população, a licenciatura em turno noturno


surgiu nos anos 90 com o objetivo de atender as pessoas que trabalhavam durante
o dia, reforçar, orientar e modificar as configurações dos cursos de licenciatura
daquela época. Pereira (2006) aborda que esses cursos noturnos passaram por
dificuldades de ordem política, material e de pessoal.

Anos 90 foi a formação do professor pesquisador, o professor que pensa na


ação, que reflete, busca melhorias, entende como é a sua docência. Pereira (2006)
fala que é necessário que o processo durante o seu processo de formação inicial ou
continuada deve reconhecer e compreender a construção e produção do
conhecimento escolar, entender as diferenças e semelhanças dos processos de
produção de conhecimento escolar, produção do saber científico e conhecer as
características da cultura escolar. Portanto, para Pereira, esses elementos
constituem apenas uma das características do trabalho docente.

No ano de 1996, temos a aprovação da Lei 9394/96, Lei de Diretrizes e


Bases da Educação Nacional, no artigo 64 que trata da formação dos profissionais
da educação, sobre o planejamento, administração, inspeção, supervisão e
orientação escolar. Estabelecendo uma formação adequada, em nível superior, em
cursos de licenciatura, e que esses profissionais possam ter uma formação teórica e
prática.

Nos últimos anos é perceptível o aumento das pesquisas sobre formação de


professores, a preocupação de conhecer e entender o processo de aprender e

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ensinar. Na atualidade o processo de formação de professor é contínuo. Nas últimas


décadas busca formar um profissional pesquisador e reflexivo.

Criação dos Cursos de Licenciatura em Matemática em Minas Gerais

Nessa seção, apresentaremos dados acerca da criação de cursos de


licenciatura em Matemática em Minas Gerais, destacaremos a criação do curso da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Viçosa
(UFV), na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), e Instituto Federal
do Norte de Minas Gerais (IFGNMG).

Curso Licenciatura em Matemática da UFMG

Com base no artigo desenvolvido por Ferreira (2018) identificamos que a


primeira academia que ofereceu o curso de Licenciatura em Matemática em Minas
Gerais foi a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Minas Gerais (FFCLMG). A
maioria dos professores que trabalhavam no curso de formação de professores
eram engenheiros.

Em 1939 foi realizada a fundação da primeira faculdade do Estado de Minas


Gerais, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, tendo como diretor o Dr. Lúcio
José dos Santos com a responsabilidade de redigir o regimento, estruturar cursos e
currículos de graduação, organizar o corpo docente, fazer funcionar cursos de
preparação para os exames vestibulares e elaborar o pedido de autorização federal
para funcionamento junto com a primeira equipe do Conselho Técnico
Administrativo foi composto pelos professores: padre Clóvis de Souza e Silva, José
Lourenço de Oliveira, Braz Pellegrino e Artur Versiani Veloso.

Também abordado por Ferreira (2018), apenas em 10 de outubro de 1940, os


estatutos foram aprovados. E, em cinco de novembro do mesmo ano, expediu-se o
Decreto-Lei nº 6486, autorizando o funcionamento dos cursos de Filosofia,
Matemática, Geografia e História, Ciências Sociais, Letras Neolatinas e Letras
Clássicas, que se iniciaram em 1941.

Vale ressaltar que as condições de criação da faculdade eram precárias.


Havia escassos recursos financeiros e materiais, falta de instalações adequadas,
biblioteca deficiente em qualidade e quantidade, etc. Por conta disso, era natural
que praticamente todos os professores fossem autodidatas nas matérias que

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ensinavam e trabalhassem em tempo parcial. Ferreira (2018, p. 18) detalha da


seguinte forma o processo de instalação.

1º período – de 1939 a 1942 – da criação da Faculdade de


Filosofia até sua transferência para as instalações da Escola
Normal Modelo, momento que marca sua desvinculação da
Casa d’Itália; 2º período – de 1942 a 1946 – que se caracteriza
pelo esforço da direção da Escola em conseguir seu
reconhecimento pelo Governo Federal e o patrimônio
constituído em apólices do Governo Estadual, condições para
sua afirmação institucional; 3º período – de 1946 a 1952 –
quando a Faculdade já apresenta melhores condições para
seu funcionamento e é incorporada à Universidade de Minas
Gerais, cuja federalização ocorre também nesse período; 4°
período – de 1952 a 1966 – período no qual se consolida a
experiência da Faculdade de Filosofia até o início de seu
desmembramento. (Ferreira, 2018, p. 128)

O primeiro curso de Licenciatura em Matemática em Minas Gerais teve


iniciativa por um grupo de professores do Colégio Marconi, os docentes desejavam
criar uma instituição que tornasse possível a formação de professores para o ensino
secundário.

De acordo o projeto político pedagógico na UFMG, o curso de Matemática foi


criado pelo Decreto 6486, de 05/11/1940, iniciou-se em 1941, na então Faculdade
de Filosofia, que durante o período 1941-1956 a duração era três anos, nos quais
constam somente disciplinas diretamente ligadas à Física e à Matemática.

O projeto político pedagógico descreve sobre a distribuição das disciplinas


que era dividido em anos, da seguinte maneira: 1º ano: Análise Matemática,
Geometria Analítica e Projetiva, Física Geral e Experimental; 2º ano: Análise
Matemática; Geometria Descritiva e Complementos de Geometria; Mecânica
Racional; Física Geral e Experimental; 3º ano: Análise Superior; Geometria
Superior; Física Matemática; Mecânica Celeste.

Surgiram algumas modificações na estrutura do curso, no ano de 1961


acrescentaram no curso de Matemática as disciplinas de Álgebra Moderna,
Topologia dos Espaços Métricos e Topologia Geral, Desenho Geométrico, Cálculo
Numérico, Geometria Descritiva e Fundamentos da Matemática Elementar.

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No ano de 1968 conforme o projeto político pedagógico teve grandes


alterações na licenciatura, muitas delas em decorrência da mesma reforma. Todas
as disciplinas passam a ser semestrais, mudam as disciplinas Matemáticas e
físicas, adicionam duas disciplinas de História das Ciências Exatas. Vale destacar
que a partir desse currículo, passam a constar do curso de licenciatura duas
disciplinas de conteúdo matemático voltadas para a formação do futuro professor,
localizadas no 5º e 6º períodos e denominadas, respectivamente, Fundamentos da
Matemática Elementar I e Fundamentos da Matemática Elementar II.

A partir de 1984, o Colegiado do Curso de Matemática empreende estudos


para uma nova estruturação da licenciatura, incluíram algumas disciplinas com o
objetivo de desenvolver o raciocínio, a criatividade e a maturidade dos calouros do
curso de Matemática.

O curso da UFMG apresenta muitas semelhanças ao primeiro curso de


Licenciatura em Matemática do Brasil, o da Universidade de São Paulo – USP, que
serviu de base para a construção da proposta da instituição mineira.

Vale destacar que um dos maiores desafios para a implementação do curso


de formação de professores de Matemática foi a baixa procura, ao não despertar o
interesse dos educadores em atuação no estado. Uma explicação possível é a falta
de uma tradição universitária. Muitos professores eram leigos e lecionavam nas
escolas sem formação específica.

Curso Licenciatura em Matemática da UFV

Conforme o projeto pedagógico (2019) o curso de Matemática, habilitação


Bacharelado, da Universidade Federal de Viçosa (UFV) foi autorizado pelo
Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) em 1971, a primeira turma do
Curso foi implementada com três estudantes oriundos de transferência interna. A
primeira turma, com ingressantes via vestibular, foi iniciada em março de 1972.

Em 1975, iniciou-se o curso de licenciatura de 1º grau em Ciências, podendo


os estudantes, ao final, continuarem seus estudos, visando graduar-se também em
Licenciatura Plena numa das quatro áreas: Biologia, Física, Matemática ou Química.
Aos estudantes que optaram pela Matemática era também oferecida a possibilidade
de habilitarem-se como Bacharéis, desde que continuassem seus estudos.

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Em 1982, foram reestruturados os cursos de licenciatura Plena da UFV,


desvinculando-os do Curso de Ciências. Assim, a partir 1983, o Curso de
Matemática (Bacharelado) começou a oferecer aos Bacharéis a opção de se
habilitarem também como Licenciados, desde que cursaram as disciplinas de
formação pedagógica.

Em 1988, foi promovida uma ampla reforma na estrutura curricular do Curso


de Matemática e passou-se a oferecer a possibilidade do estudante, a seu critério e
sob a orientação do Coordenador do Curso, fazer a Licenciatura ou o Bacharelado,
de modo independente, ou graduarem-se em ambas as habilitações.

A estrutura curricular do curso de Matemática esteve sempre organizada de


modo a atender ao currículo mínimo e à duração estabelecidos pelas resoluções do
Conselho Federal de Educação, contando com disciplinas obrigatórias e optativas.
O Curso de Matemática da UFV, nas modalidades licenciatura e Bacharelado, foi
reconhecido pelo Conselho Federal de Educação de acordo com o parecer no
447/82 – Portaria no 405, de 29/09/82 (Bacharelado) e Portaria no 704, de 18/12/81
(licenciatura).

Em 1999, a Comissão Coordenadora do Curso de Matemática iniciou a


reformulação do Projeto Pedagógico do Curso, a fim de elaborar um novo projeto
para atender às Diretrizes Curriculares do MEC constantes na nova Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996).

Para tanto, foram criadas novas disciplinas com conteúdo mais avançados.
Ainda, para atender aos princípios de flexibilização, o número de disciplinas no rol
de optativas foi aumentado para contemplar uma formação diversificada, tanto no
aspecto de ampliar ou aprofundar seus conhecimentos na área, quanto no de
adquirir conhecimento de outras áreas, afins ou não.

Curso Licenciatura em Matemática da Unimontes

De acordo com a Pesquisa de doutorado de Almeida (2015) a criação do


curso de Licenciatura em Matemática na Universidade Estadual de Montes Claros
(Unimontes) foi no ano de 1968. Antes de ser Unimontes, tinha o nome de FAFIL, e
foi reconhecido pelo Decreto Federal 74650/74. A criação do curso foi devido a
necessidade de profissionais, na região do Norte de Minas não tinha nenhuma

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escola de ensino superior. Muitos professores lecionam sem ter a formação


adequada.

De acordo com Almeida (2015) a iniciativa da criação do curso superior foi de


pessoas que já tinham concluído algum curso superior, e por questões profissionais,
pois já atuavam em instituições educacionais do município e que, detinham prestígio
social, poder político e econômico.

Almeida (2015) também apresentou algumas dificuldades na criação do


curso, uma delas era a falta de profissional para trabalhar. Até o ano de 1970 só
tinha um professor formado em Matemática, era o Francisco Bastos Gil. Os demais
professores eram formados em arquitetura, pedagogia e letras. Destacou a
desistência dos alunos, Almeida aborda que no primeiro ano havia 2 turmas, uma à
tarde e outra à noite com no total 64 alunos, no final estava só a turma da noite com
16 estudantes. O curso era dividido por série, com duração de 4 anos. Os primeiros
anos estudavam a parte específica e nos anos finais a parte didática.

Licenciatura em Matemática no IFNMG

Em conformidade com o projeto pedagógico (2023) o Instituto Federal do


Norte de Minas Gerais (IFNMG) ofertou o curso de Licenciatura em Matemática
sendo o primeiro no Campus Januária em 2007 com os principais objetivos de
superar a visão fragmentada na formação dos professores de Matemática e
promover uma formação ampla no sentido de enfrentar os desafios e dilemas da
docência.

Com esse estudo, surgiu a curiosidade de buscar entender como foi a criação
da licenciatura que cursei no Instituto Federal do Norte de Minas Gerais campus
Salinas durante os anos de 2017 a 2021. Dessa forma, busquei alguns documentos
no site do instituto que pudesse contribuir com esse estudo.

Em 2008 criou o curso Licenciatura em Matemática no campus Salinas. A


criação do Curso de Licenciatura de Matemática no IFNMG, campus Salinas surgiu
com a necessidade atender a uma demanda não só local, mas também regional,
que é a de formar professores para a educação básica, na área de Matemática. Nos
estudos da época, observou que no nível estadual e federal a ocorrência de um
curso de Licenciatura em matemática se dava apenas na Universidade de Montes

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Claros (UNIMONTES).

Assim, percebeu a necessidade de implementar mais cursos de formação de


professores em Matemática para amenizar o quadro caótico em relação ao ensino-
aprendizagem dessa disciplina. Diante dessa realidade, o IFNMG criou o curso de
Licenciatura em Matemática primeiro na cidade de Januária e posteriormente, em
Salinas no sentido de reverter este quadro de modo rápido, efetivo e com qualidade.

Dessa maneira, o curso tem como objetivo promover uma formação ampla no
sentido de enfrentar os desafios e dilemas da docência; possibilitando o domínio
dos conteúdos específicos e a compreensão de questões envolvidas em seu
trabalho, sua identificação e resolução, autonomia para tomar decisões e
responsabilidade pelas opções feitas. O ano de implantação foi em 2009, autorizado
pela portaria nº 150, de 29 de setembro de 2009. Oferece anualmente 40 vagas, no
período noturno e pode acessar por meio do vestibular ou SISU. O tempo de
duração é no mínimo 4 anos com 8 semestres e no máximo 6 anos. Está inserido no
eixo tecnológico de Ciências Exatas e da Terra, possui carga horária de 3.200
horas.

Considerações finais

A partir desse estudo, podemos refletir sobre a criação dos cursos de


Licenciatura em Matemática em Minas Gerais. O primeiro na Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Minas Gerais, em que teve a iniciativa privada, que buscavam
por novos cursos de formação de professor, não teve muito apoio do governo. Os
docentes passaram por muitos desafios e dificuldades, entretanto serviu para
fortalecer ainda mais a vontade de criar o curso. Na atualidade é a Universidade
Federal de Minas Gerais, estrutura de qualidade, sendo avaliada desde 2007 a
melhor universidade federal do país.

Portanto, podemos considerar que mesmo com a evolução dos cursos, o


curso de formação de professor ainda precisa ser repensado, é importante ressaltar
que melhorou de forma significativa a qualidade, disciplinas, professor formador
qualificado, que até então nos primeiros anos da implantação do curso, os
professores eram engenheiros. Além disso, não existindo instituições que
promovessem a formação específica do professor de Matemática para atuar nesse

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nível de ensino, os docentes podiam exercer o magistério profissional com formação


técnica.

Vale destacar que também ocorreram várias mudanças na legislação


brasileira. Assim, o curso de Licenciatura em Matemática veio sofrendo alterações e
hoje desde os primeiros semestres têm os currículos compostos por prática e teoria
e estágio supervisionado. O curso veio aprimorando e buscando inovações para
atender melhor os professores em formação.

Ambos os cursos, da Faculdade e do IFNMG surgiram pela necessidade e


falta de profissional da área. O curso do IFNMG teve mais apoio governamental,
como também é um curso mais recente, não teve muita dificuldade. O governo já
entendia e apoia a educação.

É notável que com a implementação do curso houve mudanças na cidade, os


alunos de outras cidades mudaram para estudar, os centros aumentaram, mais
demanda de restaurantes, hotel, pousada, lotações entre outros.

Referências
Almeida, S. P. N. C. (2015). Um lugar: muitas histórias – o processo de formação de
professores de Matemática na primeira instituição de ensino superior da região de Montes
Claros/Norte de Minas Gerais (1960-1990). Dissertação, Belo Horizonte.
Ferreira, A. C. (2018). A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Minas Gerais:
reconstruindo a história da formação de professores de Matemática em Minas Gerais.
Artigo, Ouro Preto.
FIORENTINI, D. (Org). (2013). Formação de professores de matemática: explorando novos
caminhos com outros olhares. Editora: Mercado de letras, Campinas.
FREIRE, P. SHOR, I. (1986) Medo e ousadia: o cotidiano do professor. 10.ed. Editora Paz e
Terra, 224 p. Rio de Janeiro.
IFNMG. Projeto Pedagógico Licenciatura Em Matemática. 2023. 138 p. Disponível em: <
https://encurtador.com.br/WCWlR> Acesso em 10/07/2024.
LIBÂNEO, J. C. (1998) Adeus Professor, Adeus Professora? Novas exigências
educacionais e profissão docente. 13 ed. Cortez, São Paulo.
LUDKE, M. ANDRÉ, M. E. (2013). Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas. Gen,
São Paulo.
PEREIRA, J. E. D. (2006). Formação de Professores: Pesquisa, representação e poder.
Autêntica, São Paulo.
UFV. Projeto Político Pedagógico Licenciatura em Matemática. 2019. 187 p. Disponível em:
<https://mtm.ufv.br/projeto-pedagogico/>. Acessado em: 05/07/2024

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