Clima Apostila

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO - UFERSA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS

Prof. Dr. José Espínola Sobrinho


Prof. Dr. Saulo Tasso Araújo da Silva
Sumário

SUMÁRIO

Introdução....................................................................................................................... 03
Conceitos gerais ............................................................................................................. 06
O globo terrestre e as relações terra-sol ......................................................................... 12
Organização e funcionamento das estações meteorológicas .......................................... 24
Radiação solar e terrestre ............................................................................................... 29
Temperatura do ar e do solo ........................................................................................... 44
Umidade do ar ................................................................................................................ 55
Pressão atmosférica ........................................................................................................ 61
Estudo dos ventos ..........................................................................................................
Condensação e precipitação pluviométrica ....................................................................
Evaporação e evapotranspiração ....................................................................................
Balanço hídrico do solo pelo método climatológico ......................................................
Classificações climáticas ................................................................................................
Introdução ao Sensoriamento Remoto ...........................................................................
ANEXOS ........................................................................................................................
3

INTRODUÇÃO

OS PRIMEIROS METEOROLOGISTAS

Conta a lenda que, há milhares de anos, ao amanhecer de um dia qualquer, um


desajeitado homem das cavernas saiu de sua gruta, ergueu uma mão peluda sobre os olhos e
fitou vagarosamente umas nuvens negras sobre o horizonte. Atentamente observou um bando
estranhos pássaros no céu. Abaixou-se e juntou o punhado de terá para jogar para o alto e ver
de que lado soprava o vento. Ficou algum tempo imóvel, fez uma previsão, emitiu um som
ininteligível e agitando os braços retornou a sua gruta.
Para aquele homem primitivo esse ato não foi um mero passatempo. Pelo
contrário, foi um assunto de máxima importância. Ele tinha que saber tudo que pudesse sobre
o tempo, pois isso lhe indicaria qual a direção a seguir, quando fosse caçar. Se tomasse a
direção certa, poderia caçar um tigre de dentes-de-sabre ou um mutante. Dessa forma simples,
idealizada, o homem das cavernas tornou-se o primeiro “meteorologista”.
O homem das cavernas desapareceu, ficaram seus ossos e utensílios. Porém
não deixou nenhum vestígio que pudesse indicar algum conhecimento mais concreto sobre a
atmosfera que o rodeava.
Mesmo nas civilizações mais adiantadas da antiguidade conhecia-se pouco
sobre meteorologia. Os egípcios, por exemplo, pouco ou nada sabiam. Atribuiu-se isso ao fato
de que no Egito o clima quase não varia durante o ano. A preocupação daquela civilização era
com o Nilo. Este sim está presente em todas as suas manifestações culturais. Para eles, as
cheias do Nilo, enriquecendo os solos inundados, eram tão importantes como a previsão do
tempo é para nós.
Paralelamente, destaca-se que na antiguidade fazer perguntas a respeito das
chuvas, dos ventos e das tempestades era considerado um sacrilégio e contra a vontade dos
deuses. O controle do tempo estava, exclusivamente, nas mãos dos deuses.
No Velho Testamento, alguns personagens previram corretamente o tempo
através da palavra de Deus. Nunca um meteorologista fez uma afirmação tão precisa em
relação ao tempo como Elias, quando disse a Jó: “do sul vem o tufão e do norte virá o frio”
(Jó 37:9). Noé previu quarenta dias de chuva e estava tão convicto que construiu uma arca
para salvar do dilúvio pessoas e animais (Gn 7:4-17). José, herói bíblico, foi além. A partir de
um sonho, fez uma surpreendente visão: “vai haver sete anos de abundância no Egito e os sete
anos seguintes serão de fome” (Gn 41:29-30). E assim aconteceu.
4

Ainda na antiguidade, os babilônios, cerca de seis mil anos atrás, deixaram


vestígios sobre estudos atmosféricos. Porém foram os gregos, alguns séculos mais tarde4, os
primeiros a estudar a atmosfera cientificamente.
De todos os sábios gregos, quem mais se distinguiu em meteorologia foi
Aristóteles. Ele nasceu no ano de 384 AC. e foi um dos mais brilhantes pensadores de todos
os tempos.
Aristóteles estudou os ventos e as condições de tempo relacionadas. Também
estudou as nuvens, as chuvas, o raio, o trovão e o orvalho. Por fim escreveu um livro
chamado “Meteorologia”, que em grego significa coisas acima da Terra.
Em seu livro, Aristóteles cometeu alguns erros e muitos acertos. Os erros eram
esperados, pois não contava com termômetro, barômetro ou qualquer outro instrumento de
medição. A sua afirmação de que tudo que existia no mundo era uma combinação de quatro
elementos (terra, água, fogo e ar) foi um dos erros mais evidentes. Também errou quando
disse que os tremores de terra eram causados por ventos que nela se infiltravam, e que os
ventos que varriam o Mar Mediterrâneo sopravam do norte para o sul. Mas tinha razão em
muitas afirmações feitas, pasmem, há mais de dois mil anos e sem instrumentos, tais como: o
ar que tende a subir para as altas camadas atmosféricas e a evaporação causada pelo calor do
sol, indo além, que esse vapor de água, sofrendo um abaixamento de temperatura, ao subir,
cai sob a forma de chuva. Esta é uma explicação concisa e precisa sobre a causa das chuvas.
Explicou que uma nuvem é apenas condensação do vapor de água. E, na realidade, é isso
mesmo.
O livro “Meteorologia”, de sua autoria, foi uma obra extraordinária, mas não
correspondeu à expectativa popular. Quem compreendeu isso foi outro grego, Teofrasto, que,
tirando partido da leitura do livro de Aristóteles e dos ensinamentos dos babilônios, escreveu
um livro ao gosto popular da época, chamado “O Livro dos Sinais”.
No “Livro dos Sinais”, Teofrasto mencionava oito maneiras de prever chuva,
24 para tempo bom, 45 para ventos, 50 para tempestades e 7 para prever o tempo com um ano
de antecedência, entre mais de duas centenas de provérbios sobre previsão de tempo.
Algumas regras de Teofrasto fazem sentido, outras são absurdas. Demonstra
bons conhecimentos de meteorologia quando afirma que após um nevoeiro há pouca chance
de chuva e comete disparates ao afirmar que haverá tempestade quando um burro abana as
orelhas.
5

O livro de Teofrasto foi um êxito entre os gregos e, mais tarde, entre os


romanos. Tudo o que tinham a fazer para saber sobre o tempo era abrir o livro na página certa,
a partir de observações rudimentares.
Os romanos conquistaram a Grécia e após a queda de Roma sobreveio a idade
média – idade das trevas – e a meteorologia voltou a marcar passo.
Até o renascimento, a última palavra em meteorologia era o que havia sido dito
na obra de Aristóteles.
Por isso, não há dúvida, Aristóteles foi o pai da Meteorologia.
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UNIDADE I

CONCEITOS GERAIS

Meteorologia – É a parte da física que estuda os fenômenos atmosféricos, físicos, químicos e


dinâmicos e todos os efeitos da atmosfera sobre a superfície da Terra, dos mares e dos
animais de uma maneira geral, tendo como objetivo a completa compreensão, a previsão
precisa e o controle artificial dos fenômenos que atuam na atmosfera. Estudo dos meteoros.
Meteoro – É todo fenômeno que ocorre na atmosfera, ou na superfície do solo em decorrência
de processos atmosféricos (elementos meteorológicos).
Meteorito – São partículas sólidas resultantes da desintegração de planetas e que atingem a
superfície terrestre ao penetrarem na atmosfera e serem atraídas pela força da gravidade.

Subdivisões da Meteorologia:

 Meteorologia Física – Estuda os processos físicos da atmosfera.


 Meteorologia Dinâmica – Estuda as forças que originam os movimentos na atmosfera.
 Meteorologia Sinótica – Estuda os elementos meteorológicos com a finalidade de
previsão do tempo.
 Meteorologia Marítima – Aplica os conhecimentos da meteorologia na navegação
marítima.
 Meteorologia Aeronáutica - Aplica os conhecimentos da meteorologia na navegação
aérea.
 Meteorologia Agrícola ou Agrometeorologia – Estuda os efeitos dos elementos
meteorológicos nas atividades agrícolas.
 Biometeorologia - Estuda os efeitos dos elementos meteorológicos sobre os animais.
 Climatologia – Estuda estatisticamente os elementos meteorológicos e suas
interrelações, através de seus valores médios, freqüências, variações e distribuição
geográfica.
 Climatologia Agrícola – Estuda a interação entre os elementos meteorológicos com a
agricultura, em seus vários campos de atuação, com o objetivo de definir a influência
de cada um desses elementos sobre a produtividade agrícola.

Tempo – É um conjunto de elementos meteorológicos que caracterizam as condições da


atmosfera de um determinado local em um dado instante.

Clima – É um conjunto de elementos meteorológicos que representam as condições médias da


atmosfera de uma determinada região.

COMPOSIÇÃO E ESTRUTURA DA ATMOSFERA

Camadas que compõem a Terra;


 Núcleo Interno ≈ 1200 km de diâmetro;
 Núcleo Externo ≈ 2000 km de espessura;
 Manto ≈ 3000 km de espessura;
 Crosta ≈ 40 km de espessura;
 Atmosfera ≈ 1000 km de espessura - É a camada mais externa, apresentando-se
completamente na forma gasosa e que vai da superfície da crosta até o espaço interestelar.
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COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA ATMOSFERA

O ar atmosférico é constituído por um grupo de gases com concentrações


aproximadamente constantes, e por um outro grupo de elementos com concentrações
variáveis, além de várias partículas sólidas e líquidas como aerossóis, gotas d‟água e cristais
de gelo, os quais são variáveis, em quantidade, no tempo e no espaço.

Importância dos Principais Gases Atmosféricos

 NITROGÊNIO
Embora seja o constituinte mais abundante na atmosfera, não desempenha nenhum
papel relevante, em termos químicos ou energéticos, nas vizinhanças da superfície da Terra.
Na alta atmosfera ele absorve um pouco de energia solar de pequeno comprimento de onda
(ultravioleta) passando à forma atômica. O nitrogênio presente na molécula de vários
compostos orgânicos vegetais (proteínas) não é oriundo da atmosfera, mas sim do solo.
Alguns seres vivos como as leguminosas fixam esse elemento a partir do nitrogênio
atmosférico, através das rizobactérias encontradas nos nódulos das raízes.

Tabela 01. Composição não variável do ar seco até 25 km de altitude (Goody e Walker, 1975)
Constituinte Fração molar Massa molecular
(% do volume) (g . mol-1)
Nitrogênio (N2) 78,084 28,013
Oxigênio (O2) 20,946 31,999
Argônio (A) 0,934 39,948
Dióxido de Carbono (CO2) 0,031 44,010
Neônio (Ne) 0,0018 20,183
Hélio (He) 0,000524 4,003
Criptônio (Kr) 0,00015 83,800
Hidrogênio (H2) 0,00005 2,016
Xenônio (Xe) 0,000008 131,300
Ozônio ( O3) 0,000001 47,998
-18
Radônio (Rn) 6.10 222,0
Massa molecular média 28,964

 OXIGÊNIO E OZÔNIO
O oxigênio desempenha um papel importante, do ponto de vista biológico, pois torna
possível a vida aeróbia na Terra. É responsável pela oxidação de compostos orgânicos, através
do processo fisiológico da respiração, além de possibilitar a formação de ozônio na atmosfera.
O oxigênio molecular (O2) na alta atmosfera se dissocia ao absorver a radiação
ultravioleta de comprimento de onda entre 0,13 e 0,20 μm. Os átomos de oxigênio, assim
formados, podem se combinar entre si ou com moléculas ou átomos de outros constituintes
atmosféricos. No caso do ozônio, temos:
OBS: 1 μm = 10-6 m = 10-3 mm
1 Å = 10-4 μm

O + O + M → O2 + M

O2 + O + M → O3 + M
8

A presença da molécula (M) de um gás qualquer é importante para absorver a energia


química liberada durante a combinação, sem a qual o produto final seria instável e tornaria a
se dissociar. Essa liberação de energia é responsável pelo aquecimento da atmosfera em torno
dos 50 km de altitude.
A recombinação fotoquímica é responsável por quase todo o ozônio presente no ar. As
descargas elétricas na atmosfera também produzem ozônio, mas a quantidade formada é
insignificante.
O ozônio é encontrado desde a superfície terrestre até cerca de 100 km de altitude. A
camada entre 10 e 70 km é chamada de ozonosfera por ser mais rica em ozônio, porém em
média a maior concentração está próximo aos 35 km. A concentração de O3 varia com a
latitude do local, com época do ano, com a hora do dia e com a maior ou menor atividade do
Sol.
O ozônio é um gás instável e se dissocia ao absorver radiação ultravioleta de
comprimento de onda entre 0,23 e 0,29 μm, produzindo uma molécula e um átomo de
oxigênio. Outras substâncias presentes na atmosfera podem destruir o ozônio como os
fluorocarbonos (CFC) dos spays, o gás freon usado na refrigeração e a fumaça das aeronaves.
O equilíbrio assegurado pelos processos naturais de formação e destruição do ozônio é
muito delicado, pois se todo o ozônio atmosférico fosse concentrado junto à superfície, sob
pressão e temperatura normais, formaria uma camada com apenas 3 mm de espessura.
O ozônio atua como um filtro à radiação ultravioleta proveniente do Sol não deixando
que a mesma atinja, em grandes proporções, a superfície terrestre, o que causaria câncer de
pele ao destruir o DNA das células epidérmicas. Por outro lado, se o ozônio aumentasse a
ponto de absorver totalmente a radiação ultravioleta, não haveria formação da vitamina D no
organismo animal e, como conseqüência, estaria comprometida a fixação do cálcio e do
fósforo, indispensáveis à formação do tecido ósseo.

 VAPOR D‟ÁGUA
A concentração de vapor d‟água na atmosfera é pequena e bastante variável e, em
geral, diminui com a altitude, atingindo no máximo 4% em volume.
O vapor d‟água apesar de sua baixa concentração tem grande importância por
influenciar na distribuição da temperatura do ar, por participar ativamente dos processos de
absorção e emissão de calor sensível pela atmosfera, além de atuar como veículo transferidor
de energia ao transferir calor latente de evaporação de uma região para outra, o qual é liberado
como calor sensível, quando o vapor se condensa.
O vapor d‟água é responsável pela origem das nuvens e pela formação de outros
elementos meteorológicos como chuva, neve, orvalho etc..

 GÁS CARBÔNICO
Do total de dióxido de carbônico existente na Terra, cerca de 98% se encontra
dissolvido na água dos oceanos, sob a forma de bicarbonato, quase todo o restante está na
atmosfera, onde sua concentração oscila muito pouco em torno de 0,5 g/kg de ar.
Existe um intercâmbio contínuo do CO2 entre a atmosfera e os seres vivos (respiração
e fotossíntese), os materiais da crosta (combustão e oxidação) e os oceanos.
O CO2 desempenha papel importante na energética do sistema globo-atmosfera,
absorvendo energia solar e terrestre de determinados comprimentos de onda e emitindo
energia em direção à superfície.
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CARACTERÍSTICAS DAS CAMADAS QUE COMPÕEM A ATMOSFERA

Diversas tentativas já foram feitas no sentido de se dividir a atmosfera em camadas


aproximadamente homogêneas, no que concerne às suas propriedades físicas. O critério aceito
atualmente fundamenta-se na variação da temperatura do ar com a altitude (Figura 1).
Pode-se dizer que:
 50% da massa total da atmosfera encontra-se abaixo dos 5 km;
 75% abaixo dos 10 km;
 95% abaixo dos 20 km.

TROPOSFERA
 É a camada que está em contato com a superfície terrestre e por ela aquecida;
 É a camada mais importante em termos de meteorologia, pois nela se encontra cerca de ¾
da massa total da atmosfera e quase todo o vapor d‟água, dando origem às nuvens e aos
fenômenos meteorológicos decorrentes da água;
 A temperatura do ar diminui com a altitude na razão de -6,5°C km-1;
 Estão presentes os movimentos convectivos que permitem as transferências verticais de
calor e vapor d‟água para os níveis mais elevados;
 A velocidade do vento aumenta com a altitude atingindo valores máximos (150 a 200 km/
h) perto da tropopausa;
 A espessura varia com a latitude e época do ano:
Pólos → 6 km no inverno e 10 km no verão;
Trópicos → 15 a 18 km.

TROPOPAUSA
 É a região de transição entre a troposfera e a estratosfera. Caracteriza-se por apresentar
isotermia em torno de -55°C;
 Sua espessura é de:
Pólos → 6 a 10 km;
Trópicos → 13 a 18 km.

ESTRATOSFERA
 Vai dos 18 aos 50 km de altitude;
 Nesta camada ocorre um aumento da temperatura, atingindo no topo da mesma 0 oC, em
função da presença do ozônio que absorve a radiação ultravioleta, transformando-a em
calor;
 Os movimentos convectivos e advectivos já se encontram praticamente ausentes.

ESTRATOPAUSA
 Zona de transição entre a estratosfera e a mesosfera com isotermia em torno de 0°C;
 Espessura: dos 48 aos 53 km.

MESOSFERA
 Vai dos 53 aos 80 km;
 Apresenta diminuição de temperatura na faixa de -3,5°C/km atingindo em seu limite
superior, cerca de -95°C;
 Nesta camada o ar já se encontra praticamente rarefeito, porém os meteoritos que penetram
nesta camada em alta velocidade tornam-se incandescente devido ao seu atrito com o ar,
provocando a fusão de sua matéria e originando as conhecidas estrelas cadentes. Só os
maiores conseguem chegar à superfície da Terra.
10

MESOPAUSA
 Vai dos 80 aos 90 km;
 Zona de transição entre a mesosfera e a termosfera com isotermia em torno de -95oC;

TERMOSFERA

 A partir dos 90 km onde o ar já se encontra totalmente rarefeito (densidade estimada em


torno de 0,00002 g/m3);
 Caracteriza-se por um contínuo aumento da temperatura com a altitude, podendo atingir
1800°C durante o dia e 900oC à noite;

OBS: Alguns autores citam a camada IONOSFERA, que seria mais uma camada de sentido
fisico-químico, acima dos 60 km, caracterizada pelo aumento da concentração de íons com a
altitude. É a camada onde se encontram os satélites e os radares pela facilidade com que as
ondas de rádio são absorvidas e refletidas.

Figura 1 – Estrutura vertical média da atmosfera, segundo o critério térmico.


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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO – UFERSA


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS - DCA
DISCIPLINA: CLIMATOLOGIA

1a LISTA DE EXERCÍCIOS
Unidade II 12

UNIDADE II

O GLOBO TERRESTRE E AS RELAÇÕES TERRA-SOL

A superfície terrestre é totalmente irregular, não existindo, até o momento, definições


matemáticas capazes de representá-la sem deformá-la. A forma da Terra se assemelha mais a
um elipsóide, o raio equatorial é aproximadamente 23 km maior do que o polar, devido ao
movimento de rotação em torno do seu eixo.
O modelo que mais se aproxima da sua forma real, e que pode ser determinado através
de medidas gravimétricas, é o geiodal. Neste modelo, a superfície terrestre é definida por uma
superfície fictícia determinada pelo prolongamento do nível médio dos mares estendendo-se
em direção aos continentes

TERRA:
 Forma: geóide;
 Raio Equatorial: ≈ 6.371 km;
 Raio Equatorial > Raio Polar ≈ 21,5 km.

Figura 2 – Geóide. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Geoids_sm.jpg

Figura – modelos representativos da superfície terrestre.


Unidade II 13

MOVIMENTOS DA TERRA
 Rotação: 23 horas, 56 minutos e 4 segundos;
 Translação: 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos;
 Movimento de Spin ou de precessão: De acordo com a inclinação do eixo Norte-Sul da
Terra que pode variar de 22,1o a 24,5o (45.000 anos). No momento a inclinação é de
23,45o.

Translação e formação
das estações do ano

Figura 3 – Movimento de rotação da Terra.


Fonte: www.prof2000.pt/users/angelof/af16/ts_sistema_solar/consequencias_mov_terra.htm

DISTÂNCIA TERRA-SOL

A órbita da Terra em torno do Sol é uma elipse ficando a Terra posicionada em um


dos focos da elipse, por este motivo a distância Terra-Sol varia ao longo do ano, atingindo um
ponto de máxima aproximação do Sol em janeiro (PERIÉLIO) e um ponto de mínima
aproximação em julho (AFÉLIO) estes pontos são chamados de APSIDES e ocorrem
variando ano a ano do dia 1 ao dia 6. Como a excentricidade da órbita terrestre se aproxima de
uma circunferência, esta variação na distância é mínima atingindo no máximo 2% para mais
ou para menos da distância média (149.700.000 km ≈ 150.106 km).

Em 2004:
Posição Mês Dia Hora Distância (milhões de km)
Periélio Janeiro 04 15 147,10
Afélio Julho 05 08 152,10
Unidade II 14

Figura 4 – Diferença da duração das Estações.


Fonte: www.prof2000.pt/users/angelof/af16/ts_sistema_solar/consequencias_mov_terra.htm
Unidade II 15

EQUAÇÕES PARA DETERMINAÇÃO DA DISTÂNCIA TERRA-SOL

 Equação de SPENCER (1971)


2
D
   1, 000110  0, 034221 CosX  0, 001280 SenX  0, 000719 Cos2 X  0, 000077 Sen2 X
D

em que:
2
D
  é o raio vetor Terra-Sol ou fator de correção (R) à excentricidade terrestre (adimensio-
D
 
nal);
D , a distância média Terra-Sol (150.106km);
D é a distância instantânea Terra-Sol (km);
X é o ângulo diário (radianos).

2
X  d  1 , em que d é número do dia em questão, no calendário Juliano.
365

 Equação de DUFFIE e BECKMAN (1977)

2
D 2d 
   1  0,033Cos 
D  
  365
Em que:
D , a distância média Terra-Sol (150.106km);
D é a distância instantânea Terra-Sol (km);
d é número de ordem do dia do ano (d = 1 em 1 de janeiro e d = 365 em 31 de dezembro)

OBS:
UA → Unidade Astronômica → 1 AU = 1,496.108 km
AL → Ano Luz → 1 AL = 9,46.1012 km
Unidade II 16

COORDENADAS TERRESTRES, GEOGRÁFICAS OU DE POSIÇÃO

São parâmetros que servem para a localização de pontos situados sobre a superfície
terrestre, tomando-se como referência o nível médio do mar, o equador terrestre e o meridiano
de Greenwich.

 ALTITUDE (z)→ É a distância vertical de um ponto ao nível médio do mar. Será po-
sitiva quando o local em questão estiver acima do nível médio do mar e negativa quando
abaixo. Ex: Mossoró: z = 40,5 m

 LATITUDE (Φ) → É o ângulo compreendido entre o plano do equador e o prolonga-


mento de um raio terrestre passando pelo ponto em questão. Varia de 0 a ±90o para Norte ou
para Sul. Ex: Mossoró: Φ = 5o 12‟ 36” S.
Os paralelos de 23o 27‟N e 23o 27‟S recebem os nomes de Trópico de Câncer e Trópico
de Capricórnio, respectivamente. Os paralelos de 66o 33‟N e 66o 33‟S são denominados de
Círculo Polar Ártico e Círculo Polar Antártico.

 LONGITUDE (L) → É o ângulo formado entre o plano do meridiano local e o plano


do meridiano de Greenwich. Varia de 0o a 180o para Leste (E) ou para Oeste (W) do meridia-
no de Greenwich. O meridiano de 180o é chamado de Linha de Mudança de Data.

Figura 5 – Pólos Norte (N) e Sul (S), eixo terrestre (NS), plano do equador (E), equador (e),
plano paralelo (P), paralelo (p), plano meridiano (M) e meridiano (m).
Fonte:
Unidade II 17

HORÁRIOS USADOS EM METEOROLOGIA E ASTRONOMIA

TEMPO SOLAR VERDADEIRO → é aquele que leva em consideração o movimento apa-


rente do Sol através do céu.

DIA SOLAR VERDADEIRO → É o espaço de tempo compreendido entre duas passagens


consecutivas do Sol sobre um determinado meridiano. Este dia começa no momento da pas-
sagem do Sol sobre o meridiano oposto ao do local em consideração. Sua duração varia ao
longo do ano em função da variação da velocidade de translação da Terra.
V  w.D
Em que:
V é a velocidade de translação da Terra;
W é a velocidade angular da Terra;
D é a distância Terra-Sol.

TEMPO SOLAR MÉDIO → É aquele em que o DIA é obtido dividindo-se o ano solar verda-
deiro por 365,2422 dias de exatamente 24 horas cada um.

TEMPO LEGAL → É aquele escolhido por uma determinada Nação para ter validade sobre
seu Território.

EQUAÇÃO DO TEMPO (∆t)→ É a diferença (positiva, negativa ou nula) entre a hora solar
verdadeira (h*) e a hora solar média (h) em uma determinada data. É uma correção a ser apli-
cada à hora solar média, para se obter a hora solar verdadeira. Seu valor varia ao longo do
ano, por causa da variação da velocidade de translação da Terra (2a Lei de Keppler).

t  h * - h

h*  h  t  
∆λ, é uma correção usada quando a localidade não se encontra sobre o meridiano central de
seu fuso horário. Esta correção será positiva se o local estiver a oeste do meridiano central
(pois o meio dia solar verdadeiro vai ocorrer mais tarde que no meridiano central), ou negati-
va se o local estiver a leste (pois o meio dia solar verdadeiro no local vai ocorrer mais cedo).
Esta correção deverá levar em consideração a relação da velocidade angular de rotação da
Terra (15o/hora). Assim, se a diferença de longitude for 5o a correção será de ± 20 minutos
conforme a localidade esteja a oeste ou a leste do meridiano central do fuso.

G. W ROBERTSON e D. A. RUSSELO sugerem a equação:

t  0, 002733  7,343Sen  F   0,5519Cos( F )  9, 47 Sen(2 F )  3, 03Cos(2 F )  0,3289Sen(3F ) 


0, 07581Cos(3F )  0,1935Sen(4 F )  0,1245Cos(4 F )
360d
F é a fração angular do dia.
365

Dia mais longo do ano: 04 de novembro (≈ +18 minutos).


Dia mais curto do ano: 15 de fevereiro (≈ -14 minutos).

Ou ainda, tem-se a equação simplificada:


Unidade II 18

t  9,87 sen  2B   7,53 cos  B   1,5 sen  B 

2  d  81 360  d  81


Em que: B    0,9863  d  81
365 365

ÂNGULOS ESTUDADOS NAS RELAÇÕES TERRA-SOL

 DECLINAÇÃO SOLAR (δ) → É o ângulo compreendido entre o plano do equador


Terrestre e a linha que liga o centro da Terra ao centro do Sol. Seu valor varia de 0o nas pas-
sagens dos equinócios (21 de março e 23 de setembro) a ±23o e 27‟nos solstícios (21 de de-
zembro e 22 de junho). Esta variação ocorre em função da inclinação do eixo Norte-Sul da
Terra e delimita as estações do ano.

G. W ROBERTSON e D. A. RUSSELO:

  0,3964  3,631Sen F   22,97Cos( F )  0,03838Sen (2F )  0,3885Cos(2F )  0,07659Sen (3F )  0,1587Cos(3F )  0,01021Cos(4F )

360d
em que: F 
365

KLEIN (1977):

 360o d  80
  23,45 Sen 
O
 (δ em graus) quando o Sol ascende;
 365 

 360o 284  d 
  23,45 Sen 
O
 (δ em graus) quando o Sol descende
 365 

EQUINÓCIO → Posição em que os raios solares incidem perpendicularmente sobre o equa-


dor terrestre (δ = 0o 21 de março e 23 de setembro).

SOLSTÍCIO → Posição em que os raios solares incidem perpendicularmente sobre os Trópi-


cos (δ = ±23,45o 22 de junho e 22 de dezembro).
Unidade II 19

Figura -

ESTAÇÕES DO ANO
Ocorrem na seguinte ordem no Hemisfério Sul e no Hemisfério Norte.
HEMISFÉRIO SUL HEMISFÉRIO NORTE
Início Estação Final δ Início Estação Final δ
o o
21/12 Verão 21/03 -23,45 a 0 21/12 Inverno 21/03 -23,45o a 0o
21/03 Outono 22/06 0o a +23,45o 21/03 Primavera 22/06 0o a +23,45o
22/06 Inverno 23/09 +23,45o a 0o 22/06 Verão 23/09 +23,45o a 0o
23/09 Primavera 21/12 0o a -23,45o 23/09 Outono 21/12 0o a -23,45o

Exemplo 1: Calcule a declinação solar no dia 10/05.


Resolução:
- Cálculo do dia de ordem do ano: 31 + 28 + 31 + 30 + 10 = 130 dias.
- Cálculo da declinação solar em 10/05:
 360o 130  80  
  23, 45O Sen    17, 78º
 365 
Exemplo 2: Calcule a declinação solar no dia 25/02.
Resolução:
- Cálculo do dia de ordem do ano: 31 + 25 = 56 dias.
- Cálculo da declinação solar em 25/02:
 360o  56  80  
  23, 45O Sen    9, 41º
 365 

ÂNGULO HORÁRIO DO SOL (w) → É o ângulo formado pelo deslocamento do Sol para
leste ou para oeste do meridiano local, em função do movimento de rotação da Terra em torno
do seu eixo. Seu valor será negativo pela manhã e positivo à tarde e varia de 0o a 90o ao nascer
e pôr do Sol.
w  h * 1215o
Unidade II 20

em que h* é a hora solar verdadeira (0 a 24).

ÂNGULO ZENITAL DO SOL (Z) → É o ângulo formado entre a linha vertical de um de-
terminado local, em um dado instante, e a linha que liga este local ao centro do Sol. Pode ser
medido com um teodolito ou com um telescópio, porém é mais fácil calculá-lo.

Cos(Z )  Sen( )Sen( )  Cos( )Cos( )Cos( w)

OBS. O ângulo de elevação do Sol (E) é igual ao complemento do ângulo zenital. Ou seja:
E  90º Z

Zênite

Ângulo
Zenital (Z1)

Figura 6 – Zênite do observador e ângulo zenital.

SITUAÇÃO PARA OS PÓLOS

PÓLO NORTE
Φ = 90o , logo: cos Φ = 0 e sen Φ = 1

cos Z = sen δ e 90o – Z = E = δ


 O ângulo de elevação do Sol (E) é sempre igual à sua declinação. O Sol permanece
acima do plano do horizonte (E > 0o) apenas enquanto sua declinação for positiva (21/3 a
23/9), parecendo girar continuamente em torno do observador e assumindo a cada momento,
um ângulo de elevação diferente, cujo valor máximo (E = 23o 27‟) ocorre em 22 de junho.

PÓLO SUL

Φ = -90o , logo: cos Φ = 0 e sen Φ = -1

cos Z = -sen δ e 90o – Z = E = -δ

 O Sol permanece acima do plano do horizonte (E > 0o) apenas enquanto sua declina-
ção for negativa (23/9 a 21/3), parecendo girar continuamente em torno do observador e as-
Unidade II 21

sumindo a cada momento, um ângulo de elevação diferente, cujo valor máximo (E = -23o 27‟)
ocorre em 21 de dezembro.

Nos pólos há um período de iluminação contínuo que dura cerca de seis meses consecutivos e
um período de seis meses de noite.

AO MEIO DIA SOLAR

W = 0o, cos0o = 1

cos(Z )  sen( )sen( )  cos( )cos( )


Z   ou Z  
Z terá que ser sempre positivo.

CONCLUSÕES:

 O sol só culmina zenitalmente em pontos situados entre os trópicos;


 A culminação zenital do Sol ocorre em datas tanto mais próximas quanto mais perto de
um dos trópicos estiver o local em consideração;
 No equador o tempo transcorrido entre duas culminações zenitais sucessivas do Sol é de
seis meses;
 Sobre os trópicos há apenas uma culminação zenital do Sol por ano;
 O Sol não pode culminar no zênite de locais situados em latitudes além dos trópicos.
Unidade II 22

AZIMUTE DO SOL (A)

É o ângulo formado entre a direção Norte-Sul e a projeção do Sol sobre a linha do horizonte,
tomando-se como referencial o Sul. Seu valor será negativo para Leste e positivo para Oeste,
0o para Sul e 180o para Norte.
sen( w)cos( )
sen( A) 
sen( Z )

CÁLCULO DO FOTOPERÍODO

FOTOPERÍODO (N) → É o número máximo de horas de sol que poderá ocorrer em determi-
nado dia e local da Terra. Seu valor varia com a latitude e a declinação solar.

Ao nascer e pôr do Sol: Z = 90o e cos Z = 0

SenSen
CosH   então CosH  tg.tg e ainda H  arcCos tg.tg 
CosCos
Inserir informação sobre a correção 0,83°
H  arcCos tg.tg   0,83o
em que H é o ângulo horário ao nascer e pôr do Sol.

2 H 2arcCos tg .tg   0,83o


N 
15o 15o

CONCLUSÕES:

 Na primavera e no verão de cada hemisfério Φ e δ têm sinais iguais então:


tg.tg  0 → H > 90o → N> 12 horas;

 No outono e no inverno de cada hemisfério os sinais de Φ e δ são opostos, logo:


tg.tg  0 → H < 90o → N < 12 horas;

 Para qualquer latitude quando tg.tg  0 a declinação do Sol é nula e o N = 12 horas


(equinócios);

 Quando a latitude do local for 0o, também tg.tg  0 , independente da declinação do


Sol e em qualquer época do ano o N será sempre igual a 12 horas (sobre o equador terres-
tre).

Para fins práticos usa-se a equação citada com uma correção:

 2 

N   o  0,83o  arcCos tg .tg 
15 
Unidade II 23

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO – UFERSA


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS - DCAT
DISCIPLINA: CLIMATOLOGIA

1a LISTA DE EXERCÍCIOS

1. Determinar o número do dia Juliano (d) para a data de 26 de agosto de 2011.

2. Estimar a distância Terra-Sol (D) para o dia 26 de agosto de 2011, considerando que a
distância média é 150 . 106 km. Usar a equação de ROBERTSON E RUSSELO (1977).

3. Estimar a distância Terra-Sol (D) para os dias correspondentes aos APSIDES de 2003.
Usar a equação de DUFFIE e BECKMAN (1977).
Periélio → 04 de janeiro
Afélio → 04 de julho

4. Calcular pelas equações de ROBERTSON E RUSSELO (1977) e KLEIN (1977) a


declinação solar (δ) para Mossoró-RN para o dia 26 de agosto de 2011.

5. Determinar a equação do tempo (∆t) e a hora solar verdadeira (h*) para as 10:00 horas
(hora solar média h) do dia 26 de agosto de 2011, em Mossoró-RN (5o11‟S; 37o20‟W),
considerando como padrão o fuso horário de Brasília-DF (3 horas = 45o).

6. Estimar o ângulo horário do Sol (w) para as 10:00 horas (hora solar média) do dia 26 de
agosto de 2011, em Mossoró-RN (5o11‟S; 37o20‟W).

7. Calcular o ângulo zenital do Sol (Z) para as 10:00 horas (hora solar média) do dia 26 de
agosto de 2011, em Mossoró-RN (5o11‟S; 37o20‟W). Calcule também o valor de Z para o
meio dia solar.

8. Encontrar o valor do azimute solar (A) as 10:00 horas (hora solar média) do dia 26 de
agosto de 2011, em Mossoró-RN (5o11‟S; 37o20‟W).

9. Calcular o ângulo horário ao nascer e pôr do Sol (H) para Mossoró-RN do dia 26 de
agosto de 2011.

10. Calcular a hora de nascer e pôr do Sol (HNS e HPS) e o fotoperíodo (N) para 26 de
agosto de 2011 em Mossoró-RN.
Unidade III 24

UNIDADE III

ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DAS ESTAÇÕES METEOROLÓGICAS

1. ESTAÇÃO METEOROLÓGICA → É o local tecnicamente escolhido e preparado onde


deverão ser instalados equipamentos com o objetivo de se fazer a avaliação de um ou de vá-
rios elementos meteorológicos.

É usual definir-se estação meteorológica como o local onde se efetua a avaliação de


um ou vários elementos meteorológicos. As estações meteorológicas geralmente dispõem dos
instrumentos necessários e suficientes à avaliação dos elementos que se pretendem conhecer,
e de observadores, devidamente capacitados, para realizar observações sensoriais e proceder à
correta operação daqueles instrumentos.
A existência das estações meteorológicas automáticas que, dispondo de equipamento
capaz de efetuar a avaliação, o registro e a transmissão dos valores assumidos pelos diferentes
elementos, dispensam a presença contínua de observadores. Tais estações têm sido instaladas
em zonas oceânicas e em áreas povoadas ou de difícil acesso.

2. OBSERVAÇÃO METEOROLÓGICA → É uma prática que consiste em uma série de pro-


cedimentos sistemáticos e padronizados de acordo com normas da OMM (Organização Mun-
dial de Meteorologia), que tem como objetivo a avaliação qualitativa e quantitativa dos ele-
mentos meteorológicos que caracterizam o estado da atmosfera em um dado local, em um da-
do instante.

Tipos de observação meteorológica:


 INSTRUMENTAL → Feita através de instrumentos. Ex: Temperatura, Umidade do
ar, Pressão atmosférica, etc..
 SENSORIAL → Feita através dos sentidos do observador. Ex: Nebulosidade, visibili-
dade, etc..

3. ELEMENTO METEOROLÓGICO → É cada uma das grandezas medidas, calculadas ou


estimadas em cada observação. Ex: Temperatura, Umidade do ar, Pressão atmosférica, etc..

4. DADO METEOROLÓGICO → É o valor assumido por cada elemento meteorológico em


uma observação. Podem ser:
 INSTRUMENTAL → Obtido através de instrumentos. Ex: Temperatura, Umidade do
ar, Pressão atmosférica, etc..
 SENSORIAL → Avaliado pelo observador. Ex: Nebulosidade, visibilidade, etc..
 DERIVADO → Obtido através de cálculos aplicados aos dados medidos. Ex: Ponto
de orvalho, Umidade relativa do ar, Altura do teto nos aeroportos, etc..

5. TIPOS DE ESTAÇÕES METEOROLÓGICAS


 ESTAÇÕES SINÓTICAS → São aquelas mais sofisticadas que têm como objetivo a
previsão do tempo. Essas estações fazem observações em horários comuns internacio-
nalmente aceitos de acordo com o Tempo Médio de Greenwich (TMG).
Horários de medida:
Horário em Greenwich : 0:00, 6:00, 12:00 e 18:00 horas.
Horário no Brasil : 3:00, 9:00, 15:00 e 21:00 horas.
Unidade III 25

 ESTAÇÕES CLIMATOLÓGICAS → São aquelas que fazem todas as observações de


superfície com o objetivo de fazer a classificação e a caracterização climática da regi-
ão. Existem dois tipos:
PRINCIPAL OU DE 1a ORDEM → Medem e registram os elementos meteorológicos.
ORDINÁRIA OU DE 2a ORDEM → Apenas medem os elementos meteorológicos.

 ESTAÇÕES ESPECIAIS → São aquelas que têm como objetivo coletar dados de
elementos meteorológicos específicos em uma determinada área.
 Estações Aeronáuticas → Coletam dados de elementos meteorológicos necessários à segu-
rança dos aeroportos e das aeronaves. As observações são feitas de hora em hora.
 Estações Marítimas → Coletam dados de elementos meteorológicos necessários à seguran-
ça dos navios e da navegação marítima.
 Estações Actinométricas → Coletam dados específicos de radiação solar.
 Estações Ozonométricas → Coletam dados específicos da camada de ozônio na atmosfera.
 Estações Agrometeorológicas → Coletam dados com o objetivo de fornecer aos agriculto-
res, informações que permitam estabelecer a influência dos elementos meteorológicos na
produção agrícola. Nestas estações, além das observações de superfície, são feitas também
observações de natureza biológica, como temperatura das folhas, observações fenológicas
de crescimento e desenvolvimento das plantas, pragas e doenças, evapotranspiração, etc..
 Estações Automáticas → São estações totalmente computadorizadas, nas quais todos os
elementos meteorológicos são medidos através de sensores eletrônicos analógicos ou digi-
tais, sendo possível se fazer leituras com freqüência de até um segundo, totalizando assim,
86.400 leituras diárias de um mesmo elemento meteorológico.

6. CONDIÇÕES PARA A INSTALAÇÃO DE UMA ESTAÇÃO CLIMATOLÓGICA:


a. O terreno deve ser plano e representativo da topografia média da região;
b. Ter água e energia;
c. Ficar distante de prédios e árvores de grande porte;
d. O solo deve ser gramado, de preferência com grama batatais (Paspalum notatum, L.);
e. A área do cercado varia de acordo com o número de equipamentos a serem instalados
(≈ 450 m2);
f. Deve ser cercada com pelo menos 8 fios de arame, para evitar a entrada de animais;
g. Deve ter uma sede e um ou dois observadores meteorológicos.

7. IDENTIFICAÇÃO DA ESTAÇÃO
Estação Jerônimo Rosado da ESAM:
 Latitude (): 5o 12” 36‟ S;
 Longitude (): 37o 18” 43‟ W;
 Altitude (z): 18 m.

8. INSTRUMENTOS METEOROLÓGICOS
A aquisição de conhecimentos relativos ao tempo é um objetivo do ramo da ciência
denominada meteorologia. Os fenômenos meteorológicos são estudados a partir das observa-
ções, experiências e métodos científicos de análise. A observação meteorológica é uma avali-
ação ou uma medida de um ou vários parâmetros meteorológicos. As observações são senso-
riais quando são adquiridas por um observador sem ajuda de instrumentos de medição, e ins-
trumentais, em geral chamadas medições meteorológicas, quando são realizadas com instru-
mentos meteorológicos.
Unidade III 26

Portanto, os instrumentos meteorológicos são equipamentos utilizados para adquirir


dados meteorológicos (termômetro/temperatura do ar, pressão atmosférica/barômetro, higrô-
metro/umidade relativa do ar etc).
A reunião desses instrumentos em um mesmo local é denominada estação meteoroló-
gica. E o conjunto dessas estações distribuídas por uma região, é denominado rede de estações
meteorológicas.

Estações Sinóticas: O termo sinótico significa visto ao mesmo tempo. Por conseguinte, as es-
tações dessa categoria devem realizar observações simultaneamente, em horários comuns, in-
ternacionalmente aceitos e baseados no Tempo Médio de Greenwich (TMG). Essa é a condi-
ção que se impõe quando há necessidade de se comparar dados coletados em diferentes locais,
procedimento indispensável à previsão do tempo.
Estações Climatológicas: Basicamente, as estações climatológicas destinam-se à obtenção de
dados meteorológicos para caracterização do clima. A rotina de trabalho das mesmas difere
um pouco das sinóticas e os horários cumpridos não seguem necessariamente o TMG.

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) recomenda que, em princípio, a esti-


mativa ou determinação dos diversos elementos meteorológicos para fins sinóticos, deve ser
feita num intervalo de tempo tão curto quanto seja permitido pela experiência do observador.
 Horário das observações: As observações sinóticas deverão ser realizadas as 00:00,
06:00, 12:00 e 18:00 TMG, mas, ainda recomenda observações intermediárias, as
03:00, 09:00, 15:00 e 21:00 TMG. Rigorosamente nessas horas deve ser efetuada a lei-
tura do instrumento utilizado para a determinação da pressão atmosférica. A observa-
ção dos demais elementos deverá verificar-se dentro dos 10 minutos que antecedem
cada um daqueles horários.
 Tanque Classe A
 Pluviômetro
 Pluviógrafo
 Cata-vento Wild
 Anemômetros (tanque e 2 metros)
 Heliógrafo
 Actinógrafo
 Piranômetro
 Abrigo meteorológico: tem por finalidade manter certos instrumentos protegidos da
influência da radiação solar, e ao mesmo tempo, deixa-los em contato direto com o ar
livre. O mesmo deve ser pintado, externa e internamente, com tinta branca de alta re-
fletividade, para minimizar a absorção da radiação solar. Dentro do mesmo estão os
termômetros de Máxima e Mínima e ainda o Psicrômetro.

Termômetro de Máxima: instrumento que utiliza o mercúrio como elemento sensível, são
usados para indicar a temperatura máxima, verificada num dado intervalo de tempo.
Possui perto do bulbo, um dispositivo para impedir que o retorno de mercúrio ao bulbo se
verifique espontaneamente.
Termômetro de Mínima: destinado a indicar a temperatura mais baixa que ocorreu num
certo período. Têm, normalmente, o álcool etílico como elemento sensível.O bulbo desse
termômetro é bifurcado para aumentar sua eficiência.
Psicrômetro August: instrumento convencional utilizado para determinação de parâmetros
que caracterizam a umidade atmosférica. São instrumentos constituídos por dois
termômetros idênticos de mercúrio-em-vidro, instalados paralelamente, em suporte
apropriado. O bulbo de um desses termômetros está revestido por um tecido fino especial
(musselina).
Unidade III 27

Termohigrógrafo (Higrotermógrafo): são registradores duplos constiruídos pela reunião de


um termógrafo e de um higrógrafo num só chassis. Por conveniência, em um único
tambor de registro é utilizado. Registros de melhor qualidade são obtidos quando se
utilizam modelos de rotação diária, especialmente no que se refere às curvas de umidade.
Os temohigrógrafos substituem, com óbvias vantagens, higrógrafos e termógrafos
isolados.
Piranômetro - Mede a radiação solar global ou difusa, em cal.cm².mm¹.
Anemógrafo - Registra continuamente a direção (em graus) e a velocidade instantânea do
vento (em m/s), a distância total (em km) percorrida pelo vento com relação ao
instrumento e as rajadas (em m/s).

Escritório da estação: instrumentos ali instalados.


 Escritório da Estação
 Barógrafo
 Barógrafo aneróide
 Teodolito
 Termômetros: instrumentos usados para a determinação de temperatura, quando se limi-
tam a indicar o valor assumido por essa variável num dado instante. Classificam-se em:
termômetros de bulbo seco; termômetros de bulbo úmido; termômetros de solo (geoter-
mômetros); termômetros de imersão; termômetros de máxima e termômetros de mínima.
 Termógrafo: Registrador de temperatura utilizado em meteorologia. Os mais comumente
empregados baseiam-se também no efeito de dilatação-contração a que estão sujeitas certas
substâncias sob variação de temperatura.
Unidade III 28

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO – UFERSA


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS - DCA
DISCIPLINA: CLIMATOLOGIA

2a LISTA DE EXERCÍCIOS

1. O que é uma observação meteorológica?


2. Quais os tipos de observações meteorológicas?
3. Qual a finalidade e quais os tipos de psicrômetro?
4. Qual a finalidade da musselina nos termômetros de bulbo úmido?
5. Como o termômetro de máxima é preparado para obter uma nova leitura e qual a diferença
básica entre este e um termômetro comum?
6. Qual a importância da cor branca e das paredes duplas de venezianas do abrigo de instru-
mentos? Sua posição é a mesma em qualquer lugar no nosso planeta? Justifique a respos-
ta.
7. Fale do princípio de funcionamento dos termógrafos, indicando os tipos existentes e os
respectivos processos de medida associados?
8. Comente sobre os termohigrógrafos, dizendo para que servem e como são expostos.
9. Descreva sumariamente o funcionamento e papel do Catavento Wild, bem como o proce-
dimento de obter-se estimativas mais precisas de velocidade e direção do vento.
10. Faça um paralelo entre as vantagens e desvantagens dos pluviômetros em relação aos plu-
viógrafos.
11. Descreva o atmômetro de Piche, fale de sua finalidade e comente sobre suas medidas.
12. Qual o princípio de funcionamento dos microbarógrafos e qual a sua vantagem em relação
aos barômetros?
13. Como funciona o anemômetro totalizador e qual sua finalidade?
14. Qual a finalidade da bifurcação nos termômetros de mínima e como este é preparado no
dia a dia para indicar uma nova leitura?
15. Considerando que após uma chuva um pluviômetro cujo diâmetro da área de captação é
22,5676 cm armazenou 1,25 kg de água, qual deve ter sido a precipitação correspondente
a esta chuva?
16. Porque são usados três tipos de fitas no heliógrafo?
17. O que é radiação difusa e como esta grandeza é medida?
18. Descreva a instalação do tanque evaporímetrico classe A e de seus acessórios.
19. Descreva sumariamente o termômetro de mercúrio. Este tipo de instrumento pode ser usa-
do no pólo sul? Justifique.
20. O que é pluviômetro totalizador e para que serve?
21. Qual a importância do cercado de instrumentos numa estação meteorológica?
22. Qual a função do tranqüilizador no tanque classe “A”?
23. O que é barômetro e no que ele difere do barógrafo?
24. O que é radiação direta e como é obtida?
25. O que é insolação diária?
Unidade IV 29

UNIDADE IV

RADIAÇÃO SOLAR E TERRESTRE

A principal fonte de energia, responsável por praticamente todos os processos físicos e


biológicos ocorridos na Terra, provém da radiação solar, que age na formação do clima desde
o gelo do Ártico até os desertos da África. As plantas preservam cerca de 3 % da energia solar
incidente no processo de fotossíntese.
A energia solar afeta todos os processos fisiológicos da vida vegetal e animal. A
formação da clorofila toma lugar sobre a influência dos raios solares; a assimilação de
carbono do CO2 da atmosfera é processada às expensas da energia recebida do sol pelas
plantas; a absorção dessa energia é feita pelos pigmentos de clorofila. A evaporação da água
pelas superfícies vegetais e pelo solo ocorre sob a ação da energia solar que também é
responsável pela diferenciação dos tecidos das plantas.
O fotoperíodo e o fototropismo que relacionam diretamente os vegetais com a radiação
solar e a própria composição química das plantas que está diretamente ligada à qualidade da
radiação solar, são muitos exemplos da importância do estudo desse parâmetro para a
agricultura.
Estudos envolvendo a radiação solar são importantes por ser esta a principal fonte de
energia para todos os processos físicos e biológicos que ocorrem na biosfera. Quando a
radiação solar penetra na atmosfera, sofre uma série de processos que a modificam. Da
radiação solar que chega à superfície da Terra, em média 8,03 % corresponde à radiação
ultravioleta, 46,41% corresponde à radiação visível (PAR), que é efetivamente utilizada na
fotossíntese e 46,40 % à radiação infravermelha. As comunidades vegetais interceptam tanto a
radiação solar direta como a difusa, e grande parte dessa radiação pode atingir diretamente o
solo abaixo do dossel, penetrando através das aberturas na folhagem. Por outro lado, a
radiação interceptada na comunidade vegetal experimenta os efeitos de reflexão, transmissão
e absorção. Cada um desses processos apresenta um comportamento diferencial que
dependerá das características do dossel, no que concerne à sua geometria, altura, orientação e
coloração das folhas. As folhas mostram uma absorção preferencial pela radiação de
comprimentos de onda entre 0,4 e 0,7 m, o campo fotossinteticamente ativo.

DADOS SOBRE O SOL

De uma forma simplificada, pode-se considerar que a matéria solar encontra-se no


estado gasoso. O hidrogênio é seu principal constituinte, com cerca de 75 % da matéria solar.
O hélio apresenta-se com 24,25 %. O restante corresponde a dezenas de outros elementos
químicos.

Tabela 02. Características do sol


Raio médio 6,9060 . 1010 cm
Massa 1,989 . 1033 g
Volume 1,414 . 1033 cm3
Densidade média 1,404 g cm3
Gravidade à superfície 2,740 . 104 cm s-2
Período de rotação no equador 24,65 dias
Fonte: VORONTSON-VIELIAMINOV (1974); COULSON (1975)
Unidade IV 30

Tabela 03. Composição do Sol em % de massa.


Elemento %
Hidrogênio 75,00
Hélio 24,25
Outros constituintes 0,75
Fonte: VORONTSON-VIELIAMINOV (1974); COULSON (1975)

A partir do centro o sol é composto das


seguintes camadas: Núcleo, Zona
Convectiva, Fotosfera, Camada Inversora,
Cromosfera e Coroa.

Figura 07. Estrutura esquemática do sol (ALARSA, F. et al., 1982).

 O Núcleo é a região mais interna onde ocorrem as transformações do hidrogênio em


hélio. Tem um diâmetro da ordem de 1.100.000 km. Sua temperatura é de
aproximadamente 20.000.000 K.
 A Zona Convectiva é responsável pelo transporte de energia do núcleo, até a superfície
do sol. Tem espessura de aproximadamente 150.000 km.
 A Fotosfera é a região visível do sol, de onde provém a maior parte da energia radiante
que chega à Terra. Tem espessura de cerca de 300 km e encontra-se a uma temperatura
em torno de 5.770 K.
 A Camada Inversora é responsável pelo aparecimento de raias escuras indicadoras dos
elementos químicos ali existentes. Sua espessura é em torno de 2.500 km e a temperatura
próximo de 4.000 oC.
 A Cromosfera tem cor avermelhada, sua temperatura aumenta gradativamente desde a
Camada Inversora, atingindo 50.000oC. Tem espessura estimada entre 6.000 e 15.000
km.
 A Coroa é a camada mais externa e não tem espessura definida, pois depende da
atividade solar Sua temperatura oscila entre valores próximos a 1.000.000oC.
 Ocorrem no sol inúmeros fenômenos de grande importância como as Manchas Solares.
A atividade do sol não é constante. Observa-se uma periodicidade da ordem de 11 anos
na atividade solar.

Figura 08. Atividade solar evidenciada pelo número de manchas (LIOU, K. N., 1980)
Unidade IV 31

O sol emite radiação em praticamente todos os comprimentos de onda, embora 99,9 %


da energia vinda do sol se situe na faixa compreendida entre 0,15 e 4,0 m de comprimento
de onda. Dentro desse intervalo, cerca de 52 % da radiação solar que atinge a superfície da
Terra está na faixa espectral do infravermelho, 44 % no visível e 4 % no ultravioleta
(LEMON, 1965).
A energia solar que, num dado instante e local, atinge a superfície terrestre é chamada
de radiação global, que pode ser dividida em duas componentes:
 A radiação direta que provém diretamente do disco solar, quando este se mostra total ou
parcialmente visível; e,
 A radiação difusa, resultante da ação de espalhamento da atmosfera e que atinge o local
considerado após ter sofrido um ou mais desvios.

Figura 09. Distribuição espectral da radiação solar no tôpo da atmosfera e ao nível médio do
mar, comparadas com a da emissão de um corpo negro a 6000 K.

Radiação Eletromagnética, ou energia radiante, é a energia que se propaga sem


necessidade da presença de um meio material.
A radiação, se caracteriza pelo comprimento de onda (), ou pela freqüência de
oscilação (). O comprimento de onda é definido como a distância que separa duas cristas
consecutivas da onda; a freqüência pelo número de cristas que passa por um ponto de
referência, na unidade de tempo. O comprimento de onda é normalmente expresso em
centímetros, em micrometros, ou em Angstrom (1A = 10-4 cm) e a freqüência em ciclos por
segundo , Hertzs (Hz) (VAREJÃO E SIVA, 2000).
O produto do comprimento de onda () pela freqüência de oscilação () é igual à
velocidade de propagação da luz no vácuo (C):

C=

Sendo C = 2,997925 . 10 10 cm s-1 (YAVORSKY & DETLAF, 1979).

São conhecidas radiações com comprimento de onda que variam desde 10 -10 cm (raios
gama) até cerca de 10 7 cm (ondas longas de rádio). O espectro eletromagnético é, portanto,
o conjunto de radiações eletromagnéticas ordenadas de acordo com suas freqüências, seus
comprimentos de ondas ou número de ondas.
PROPRIEDADES RADIANTES DOS CORPOS
Unidade IV 32

São características inerentes a cada corpo que permitem a diferenciação entre os


mesmos em função dos comprimentos de onda absorvidos, transmitidos, refletidos ou
emitidos.

Tabela 02. Divisão dos comprimentos de onda do espectro solar.


Tipo de Radiação Comprimento de onda (m) % da Constante Solar
Raios x e raios gama < 0,001 -
Radiação ultravioleta 0,001 a 0,39 8,03
Luz visível 0,39 a 0,77 46,41
Radiação infravermelha 0,77 a 1000 46,40
Ondas de rádio, radar, televisão etc. > 1000 -
Fonte: IQBAL (1983)

Tabela 03. Divisão dos comprimentos de onda do espectro solar visível.


Cor Faixa de comprimento de onda (m) % da Constante Solar
Violeta 0,39 a 0,45 7,96
Indigo-azul 0,45 a 0,49 5,39
Verde 0,49 a 0,58 11,70
Amarelo 0,58 a 0,60 2,63
Laranja 0,60 a 0,62 3,16
Vermelho 0,62 a 0,77 15,57
Fonte: IQBAL (1983)

Corpo negro:
No estudo da radiação é conveniente considerar como modelo um corpo absorvente
perfeito, ou seja, que apresente a = 1 para qualquer comprimento de onda. A este modelo,
apenas conceitual (não existe na natureza), chama-se corpo negro. Ou seja, é aquele corpo
capaz de absorver integralmente toda a energia radiante incidente sobre ele.

Espelho Perfeito: É aquele corpo capaz de refletir integralmente toda a energia radiante
incidente sobre ele (r=1).

Emitância (Eλ): É a capacidade que um determinado corpo apresenta de emitir ou perder


energia para outro corpo ou para o meio, depois que esta energia for transformada da forma
de onda curta para a forma de onda longa.

Emissividade (): A emissividade de um corpo é definida como a razão entre a emitância


monocromática deste corpo e a emitância monocromática de um corpo negro, estando
ambos à mesma temperatura. Obviamente a emissividade de um corpo negro é igual a 1.

Absortividade (a): A absortividade monocromática de um corpo é definida como a razão


entre a quantidade de energia radiante absorvida pelo corpo e o total incidente sobre ele,
para um dado comprimento de onda. A absortividade de um corpo negro é igual a 1.

Fa
a  (02)
F
Refletividade (r): A refletividade monocromática de um corpo é dada pela razão entre a
quantidade de energia radiante refletida pelo corpo e o total incidente sobre ele, para um
dado comprimento de onda. Um corpo negro tem refletividade igual a 0.
Unidade IV 33

Fr
r  (03)
F

Transmissividade (t): A transmissividade monocromática de um corpo é definida como a


razão entre a quantidade de energia radiante transmitida e o total incidente sobre ele, para
um dado comprimento de onda. Um corpo negro tem transmissividade igual a 0.

Ft
t  (04)
F

a  r  t   1

CONSTANTE SOLAR (Io)

Denomina-se constante solar à quantidade de energia proveniente do sol que, na


unidade de tempo, é interceptada por uma superfície plana, de área unitária, perpendicular à
direção dos raios solares e situada, fora da influência da atmosfera, a uma distância média
Terra-sol. Ou seja, é a irradiância em uma área normal à direção de propagação da energia
solar, que seria observada, imediatamente acima da atmosfera, quando a Terra estivesse à
distância média do sol. Seu valor pode ser estimado dividindo-se a emitância total do sol pela
área de uma esfera, cujo raio seja igual à distância média Terra-sol, o que corresponde a
aproximadamente 1367 W m-2, 1,96 cal cm-2 min-1, 118 MJ m-2, com uma variação de  7 W
m-2 (IQBAL, 1983).

IRRADIÂNCIA SOLAR NO TÔPO DA ATMOSFERA

A energia solar que atinge uma superfície plana e horizontal, localizada fora da
influência da atmosfera (Qo), depende da latitude (), da declinação solar () e do ângulo
zenital (Z) no instante que se considere.
Para um determinado dia o valor de Qo pode ser estimado pela equação:

 1440 I o 
Qo   2 
Hsensen  cos  cos senH  ~ cal cm-2 dia-1 (05)
 R 

em que H é o ângulo horário ao nascer e pôr do sol, com a observação de que o primeiro valor
de H deve ser expresso em radianos.
Unidade IV 34

LEIS DA RADIAÇÃO

Estudaremos aqui algumas das leis que explicam o comportamento da energia


radiante desde sua origem até sua interação com a matéria.

Lei de Kirchhoff

Para um determinado comprimento de onda e uma dada temperatura a absortividade


de um corpo é igual à sua emissividade.

a     

Em 1859, Gustav Kirchhoff descobriu que sob condições de equilíbrio radiativo, o


quociente entre a emitância monocromática (E) de um corpo e seu correspondente
coeficiente de absorção (a), depende apenas do comprimento de onda () e da temperatura
absoluta (T), ou seja (COULSON, 1975):

E
   , T  (06)
a

onde є (,T) é a emissividade monocromática.

Lei de Stefan-Boltzman

Em 1879, Josef Stefan mostrou experimentalmente que a radiação emitida pelo


corpo negro em todos os comprimentos de onda (emitância total) é proporcional à
quarta potência de sua temperatura absoluta. Ludwig Boltzman, em 1884, chegou à
comprovação teórica dessa proporcionalidade, através da termodinâmica (COULSON,
1975).
A expressão que representa esta lei é:

 
Me   M e d   E  , T d  T 4 (07)
0 0

onde  é chamada de constante de Stefan-Boltzman. De acordo com LIST (1971):


 = 8,132 .10-11 cal cm-2 min-1 K-4 = 5,6697 .10-8 W m-2 K-4;
Me, é a emitância do corpo.
Admite-se que a emitância dos corpos reais pode ser expressa como uma fração da
emitância do corpo negro (máxima). Assim,

Me = T4 (08)

Sendo  o coeficiente de proporcionalidade, conhecido como coeficiente de emissividade do


corpo em questão (Tabela 4).
O parâmetro  traduz o grau de “enegrecimento” do corpo (SELLERS, 1965), ou seja,
o quanto sua emitância se aproxima da do corpo negro.

Tabela 04.Coeficientes de emissividade para algumas superfícies.


Unidade IV 35

Superfícies 
Água 0,92 a 0,96
Areia molhada 0,95
Areia seca 0,89 a 0,90
Gelo 0,82 a 0,995
Solo molhado 0,95 a 0,98
Algodão 0,96 a 0,97
Cana de açúcar 0,97 a 0,98
Feijão 0,93 a 0,94
Fumo 0,97 a 0,98
Milho 0,94 a 0,95
Fonte: SELLERS (1965); MONTEITH (1975)

Lei de Wien

O comprimento de onda para o qual a emitância espectral de um corpo negro é


máxima (λ*), é inversamente proporcional à sua temperatura absoluta (T).

K
* 
T

No princípio da última década do século XIX os resultados experimentais mostravam


que, para cada temperatura (T), devia haver um determinado comprimento de onda (m)
correspondente ao máximo da função E (,T). Então, (m) é a abcissa do ponto onde se
verifica a máxima emissividade à temperatura selecionada.
Em 1894, Wilhelm Wien concluiu que:

Km = 2897,8 m K ( 09)

Conhecida como lei do deslocamento de Wien, uma vez que exprime o deslocamento
máximo da função E (,T) ao longo do eixo das abcissas. A equação, acima, evidencia que
quando a temperatura aumenta, o valor de m diminui. Fisicamente essa equação revela que ,
quanto maior a temperatura da superfície emissora, mais se aproximará do ultravioleta o
comprimento de onda da radiação emitida com maior intensidade. Caso a temperatura da
superfície emissora venha a diminuir, esse deslocamento acontecerá na direção do
infravermelho. Com isto deduz-se que qualquer corpo luminoso que venha progressivamente
a se resfriar, deixará de emitir luz visível.
Em 1898, Wien chegou à conclusão que o máximo de E (,T), isto é, a ordenada
correspondente a m deveria ser proporcional à quinta potência da temperatura absoluta do
corpo negro. Desse modo,

E (m, T) = KT5 (10)

É a segunda lei de Wien, onde K é um fator de proporcionalidade.


Unidade IV 36

Figura 04. Verificação gráfica da Lei de Wien.

Lei de Planck

A energia emitida por um corpo negro é função da sua temperatura e da


freqüência da radiação.

Até o final do século XIX, a forma da função E (,T), continuava a ser o maior desafio
científico enfrentado pelos pesquisadores dessa área do conhecimento humano. Em 1900
Planck conseguiu demonstrar a forma da função E (,T):

E  , T  
C1
(11)
 C  
5 exp  2   1
  T  
Em que:
E (,T), expressa a emitância monocromática do corpo negro em W m-2 m-1;
, é o comprimento de onda em m;
T, a temperatura em K;
C1 = 3,7427 . 108 W m4 m-2;
C2 = 1,4388 . 104 m K.

Lei de Beer-Bouguer-Lambert

Quando um feixe monocromático de radiação atravessa um meio


absorvente homogêneo, ele é atenuado exponencialmente.
Essa atenuação pode ocorrer tanto por absorção, como por difusão
(espalhamento). A difusão será tanto mais eficiente quanto menor for o comprimento de onda
da radiação. Por isso que o céu se apresenta azul.
Fisicamente esta lei pode ser representada por:
  0 exp  k  Y  (12)
Onde: λ é o fluxo monocromático transmitido;
oλ, é o fluxo monocromático incidente;
k , o coeficiente monocromático de extinção;
Y, o caminho ótico.
Unidade IV 37

Figura 05. Verificação gráfica da Lei de Beer-Bouguer-Lambert.

Lei de Lambert

Quando um fluxo radiante (F) incide sobre uma superfície (S) formando um
ângulo (Z) com a normal à superfície, a irradiância (I) sobre a superfície considerada
será o produto da irradiância na superfície normal aos raios solares (I N) pelo cosseno
do ângulo de incidência (cos Z).

Matematicamente, teremos:

I Z  I N cos(Z ) (13)

Figura 06. Verificação gráfica da Lei de Lambert.


Unidade IV 38

INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO SOLAR COM A ATMOSFERA

De acordo com a Tabela 05, os principais elementos químicos que absorvem a


radiação solar na atmosfera, são: O2, O3, CO2, H2O, O e N, embora NO, N2O, CO e CH4
também absorvam radiação, porém em pequenas quantidades. De uma forma geral, o
nitrogênio, o oxigênio e o argônio representam mais de 99,99% da composição não variável
da atmosfera.
Em resumo, do total de radiação que incide no topo da atmosfera, 25 % é refletido
pelas nuvens e 14 % difundido, enquanto 1 a 2 % é absorvido pelas nuvens; 18 % é espalhada
para a atmosfera, sendo 7 % difundida para o espaço e 11% para a superfície; 16 % é
absorvido pela atmosfera, enquanto 26 % atinge diretamente à superfície, a qual reflete 5 %.
Portanto, dependendo do tamanho dos elementos espalhadores e do comprimento de
onda da radiação, distingue-se dois tipos de espalhamento:

Espalhamento Seletivo

Espalhamento Rayleigh  é produzido essencialmente pelas moléculas de gases constituintes


da atmosfera ou por partículas cujas dimensões são inferiores ao comprimento de onda da
radiação interagente (r < 0,1.).
Espalhamento Mie  ocorre quando a atmosfera contém essencialmente partículas esféricas,
cujos diâmetros são da mesma ordem de grandeza ou maior do que o comprimento de onda da
radiação incidente (r > 0,1.).

Espalhamento Não-seletivo
Ocorre quando o diâmetro das partículas é muito maior do que o comprimento de onda
da radiação incidente.

BALANÇO DE RADIAÇÃO NA SUPERFÍCIE

O balanço de radiação na superfície é efetuado fazendo-se a soma dos fluxos de


radiação de ondas curtas e ondas longas, conforme a equação abaixo:

Q*  K *  L*

Q*  K   K   L   L  (14)

em que:
Q* representa o saldo de radiação;
K é a radiação de onda curta incidente;
K é radiação de ondas curtas refletida pela superfície;
L é a radiação de onda longa emitida pela atmosfera na direção do solo;
L é a radiação de onda longa emitida pela superfície, adicionada à radiação atmosférica de
onda longa refletida pelo solo.
Unidade IV 39

Figura 07 – Esquematização do balanço de radiação na atmosfera.

Rn K K L L Rn L L

Balanço diurno Balanço noturno


a) Balanço de Radiação de Onda Curta

O balanço de radiação de ondas curtas na superfície do solo (K*) será determinado a partir
dos fluxos de radiação incidente e refletida, com base na equação:

K *  K   K  K  1  r  (15)

em que: r é o albedo de ondas curtas da superfície, obtido pela razão K /K. Quando não

Prescott.

 n
K  Qo a  b 
 N
onde:
Unidade IV 40

Qo é a irradiância solar no topo da atmosfera;


N é a insolação diária;
N é o comprimento máximo do dia (fotoperíodo);
a e b são constantes determinadas para cada localidade; (Sugestão: b = 0,52 e a  0,29 cos  )

b) Balanço de Radiação de Onda Longa

O balanço de radiação de ondas longas será determinado pela equação:


L  L   L  (16)
Para calcular a radiação de onda longa emitida pela atmosfera (L) será usada a
equação proposta por BRUNT (1932) a qual foi testada nas condições semi-áridas do
Nordeste por LEITÃO (1989) e mostrou ótimos resultados, qual seja:

L  Ta4 0,44  0,08 e  (17)

em que: e é pressão parcial do vapor d'água em mb, e Ta é a temperatura do ar. A


Equação (17) é uma das mais usadas, porém suas constantes devem ser ajustadas ao local de
sua utilização.
A radiação de ondas longas (L) emitida pela superfície, será calculada com base na
equação de STEFAN-BOLTZMANN:
L   Ts4
(18)

onde: є é a emissividade da superfície, Ts a temperatura média da superfície e  é a constante


de Stefan-Boltzmann igual a 5,6697 . 10-8 W m-2 K-4. Segundo MONTEITH (1975), a
emissividade da maioria das superfícies vegetais varia entre 0,90 e 0,98. Neste trabalho será

Para fins práticos, é mais comum usar a equação de BRUNT-PENMAN:

n
L*   Ta4 (0,09 e  0,56)(0,1  0,9 ) (19)
N
Radiação Infravermelho - IR

A radiação infravermelho (IR) na superfície pode ser obtida diretamente através de


medidas radiométricas.

Radiação Fotossinteticamente Ativa - PAR

A radiação fotossinteticamente ativa (PAR) na superfície normalmente é obtida


subtraindo-se da radiação global (K), as radiações ultravioleta (UV) e infravermelho
incidentes (IR):

PAR  K  UV   IR  (19)

A radiação ultravioleta (UV) incidente na superfície deve ser obtida subtraindo-se da


radiação global (K) a radiação PAR  e a radiação infravermelha (IR) :
UV  K   PAR  (20)

IRRADIÂNCIA SOLAR EM SUPERFÍCIES INCLINADAS


Unidade IV 41

Superfícies planas com inclinações e orientações diferentes recebem, também,


quantidades diferentes de radiação solar, quando comparadas com uma superfície horizontal e
plana, em um mesmo local e mesma época do ano.
Superfícies com a mesma inclinação e orientação Norte ou Sul recebem a mesma
quantidade de radiação solar que receberia uma superfície plana e horizontal localizada a
tantos graus de latitude mais a norte ou mais a sul do local em questão, quanto seja o seu
ângulo de inclinação.
Superfícies com mesma inclinação e orientação Leste ou Oeste, recebem a mesma
quantidade de radiação solar durante o dia, uma vez que para uma (orientação leste) o Sol se
põe mais cedo, enquanto que para a outra (orientação oeste) o Sol nasce mais tarde.
Nos cálculos da radiação solar em superfícies inclinadas, pode ser levada em
consideração a seguinte relação:

Qoi K i Qoi
 ou K  i  KH (21)
QoH K  H QoH

onde:
Qoi; é a radiação solar no topo da atmosfera para a superfície inclinada;
QoH; a radiação solar no topo da atmosfera para a superfície horizontal;
K↓i; a radiação global incidente na superfície inclinada;
K↓H; a radiação global incidente na superfície horizontal.

RADIAÇÃO SOLAR E AS PLANTAS


Unidade IV 42

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO – UFERSA


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS - DCA
DISCIPLINA: CLIMATOLOGIA

3a LISTA DE EXERCÍCIOS

1. Estimar o valor da constante solar para um determinado dia do ano considerando que a
distância média Terra-Sol é 149.700.000 km e que a emitância média do Sol é de 54,5.1026
cal .min-1.

2. No acompanhamento diário dos dados de temperatura da superfície de um solo, foram


registradas as temperaturas de 45oC (máxima) e 25oC (mínima). Estimar a energia emitida
pela referida superfície nos dois momentos de temperaturas extremas.

3. Use a lei de Planck para estimar a emitância do Sol em cada uma das faixas do espectro
visível do Sol. Usar o comprimento de onda médio de cada faixa.

4. Estimar os comprimentos de onda para os quais a emitância de um corpo é máxima,


considerando-se as temperaturas de 27oC e 5497oC.

5. Estimar a quantidade de radiação solar que deverá incidir em uma superfície plana e
horizontal no topo da atmosfera na cidade de Mossoró-RN (5o11‟S; 37o20‟W) no dia 25 de
setembro de 2003. Expressar o resultado em cal.cm-2.min-1; Watt.m-2 e MJ.m-2.
DADOS:
Fator de correção à excentricidade terrestre: 0,9941
Declinação solar: - 0,61o

6. Determinar os valores médios de todos os componentes do balanço de radiação ao meio dia


(hora local), na cultura da mangueira, no dia 05 de janeiro de 2002 em Mossoró-RN,
considerando-se os seguintes dados:
 Temperatura do ar: 35,34oC;
 Temperatura do dossel vegetativo: 36,4oC;
 Pressão atual do vapor d‟água: 36,3mb;
 Radiação de ondas curtas incidente: 1025W.m-2;
 Albedo da mangueira: 17,4%.

7. Uma Estação Agrometeorológica na cidade de Mossoró-RN (Lat: 5o11‟S) forneceu no dia


22 de setembro de 2003 os seguintes dados meteorológicos:
 Temperatura média do ar: 24,9oC;
 Insolação diária: 8,4 horas;
 Pressão atual do vapor d‟água: 20,2 mmHg;
 Albedo do algodão: 21 %;
 Irradiância solar no topo da atmosfera: 767 cal cm-2 d-1;
 Fotoperíodo diário: 11,75 horas.

Determinar à superfície da cultura:


a) O balanço de radiação de ondas curtas;
b) O balanço de radiação de ondas longas;
c) O balanço total de radiação.
Unidade IV 43

8. Determinar a radiação solar global, média diária, incidente na cidade de Goiânia, no mês
de setembro, considerando-se as seguintes condições de orientação e inclinação da
superfície:
 Superfície plana e horizontal:
 Superfície plana orientada para Norte com 15o de inclinação;
 Superfície plana orientada para Sul com 15o de inclinação;
 Superfície plana orientada para Leste com 15o de inclinação;
 Superfície plana orientada para Oeste com 15o de inclinação.

OBS:
 Latitude do local: 16o 41‟S;
 Insolação média mensal em setembro: 360 horas.

9. Raciocine e responda as seguintes perguntas:


a) Qual a inclinação ótima para um coletor solar plano e fixo para ser usado durante todo
o ano em Goiânia ?
b) Qual a inclinação ótima para um coletor solar plano e móvel para ser usado no dia 22
de setembro em Goiânia ?
c) Quais serão os dias durante o ano, em Mossoró-RN, nos quais um coletor solar plano,
horizontal e fixo, absorverá o máximo de radiação possível?
Unidade V 44

UNIDADE V

TEMPERATURA DO AR E DO SOLO

A temperatura reflete o nível de energia térmica de um corpo. A temperatura do ar


reflete a temperatura reinante em um ponto da atmosfera próximo á superfície terrestre e
expressa a energia contida no meio.

ESCALAS DE TEMPERATURA

Escala Ponto de Fusão Ponto Tríplo Ponto de Ebulição


KELVIN (oK) 273,15 273,16 373,15
CELSIUS (oC) 0 0,01 100
FARENHEIT (oF) 32 32,018 212
RANKINE (oR) 491,670 491,688 671,670

O balanço de radiação da superfície por ser variável ao longo do dia e do ano,


promove variações na temperatura do solo e do ar.

Figura 1. Curso diário da radiação solar absorvida pelo solo e emissão efetiva terrestre.

Áreas I + II → Total diário de radiação absorvido;


Áreas I + III → Total diário da radiação efetiva terrestre;
Área I → Radiação solar absorvida e usada para repor parte da emissão efetiva terrestre;
Área II → Fração excedente da radiação solar absorvida que estará disponível para outros
processos;
Área III → Déficit de radiação da superfície.
Nos pontos A e B o balanço de radiação é nulo (Temperaturas máxima e mínima). No
intervalo entre A e B é positivo, enquanto que no intervalo BA é negativo.
Unidade V 45

FLUXOS DE CALOR NO SISTEMA SOLO/ATMOSFERA

Figura 2. Repartição do balanço de radiação Q na superfície do solo.

Q* → Balanço de radiação na superfície;


A → Fluxo de calor para aquecimento do ar;
S → Fluxo de calor para o interior do solo;
E → Fluxo de calor latente usado na evaporação;

TEMPERATURA DO SOLO

A temperatura do solo influencia diretamente:


 a fertilidade do solo;
 a atividade da flora microbiana;
 a atividade dos íons;
 a absorção de água pelas raízes;
 a decomposição da matéria orgânica;
 a germinação das sementes;
 a atividade metabólica e crescimento das raízes;
 a permeabilidade da membrana citoplasmática das raízes;
 a viscosidade do protoplasma das raízes.

O balanço de energia em um horizonte de solo considerado é dado por:

Q
Qz; t   Qz  dz; t    dz
z

o sinal negativo indica que uma quantidade de calor está sendo absorvida pela camada de solo
considerada, quantidade esta que é responsável pelo seu aquecimento.
Unidade V 46

DETERMINAÇÃO DA TEMPERATURA DO SOLO EM UMA DADA PROFUNDIDADE

 w 
 z 
 w 
T z, t   T  To exp
 D 

sen wt  z 
2

2 D 
 

T(z,t) é a temperatura do solo na profundidade (z) e no tempo (t) (oC);


T é a temperatura média do perfil de solo (oC);
To é a amplitude máxima de temperatura na superfície do solo (oC);
w é a velocidade angular da Terra (7,27 . 10-5 rad . seg-1);
D é a difusividade térmica do solo (cm2 . seg-1).
Na superfície do solo z=0:

T 0, t   T  To senwt 

T T
senwt 
To

DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE DE FLUXO DE CALOR NO SOLO EM UMA


DADA PROFUNDIDADE

 w 
 z 
 w 
Qz, t   To k
w  2 D 
exp  sen wt  z  
D  2 D 4

Q(z,t) é a densidade de fluxo de calor no solo;


K é a condutividade térmica do solo (cal . cm-1 . seg-1 . oC).

Na superfície do solo z = 0:
w  
Q0, t   To k sen wt  
D  4

Condutividade Térmica do solo → é a quantidade de calor que flui por unidade de tempo
através de uma unidade de seção transversal do solo, em resposta a uma variação de
temperatura específica. Seu valor depende da composição da fração sólida do solo, do teor de
umidade, da densidade global, da porosidade e do teor de matéria orgânica do solo.
Para a maioria dos solos considera-se k = 2,5 . 10-3 cal . cm-1 . seg-1 . oC.
Então k pode ser encontrado por:
ant ln a 
k
Tob 2
Em que:
a, é o coeficiente linear da reta do ln de Qmax.
b é o coeficiente angular da reta do ln de Qmax.
Unidade V 47

Difusividade Térmica do solo → é uma função parabólica do teor de umidade do solo, isto é,
um teor de umidade baixo reduz o efeito isolante do espaço livre (poro) ocupado pelo ar, mas
à medida que a umidade aumenta, os poros são preenchidos progressivamente. Seu valor
médio para a maioria dos solos é D = 5 . 10-3 cm2 . seg-1.
Então D pode ser encontrado por:

w
D
2b 2
Em que:
w é a velocidade angular da Terra (rad/s)
b é o coeficiente angular da reta do ln de Qmax.

VARIAÇÃO DA TEMPERATURA DO SOLO

A variação diária e anual da temperatura do solo acompanha a variação do balanço de


radiação na superfície. Durante o dia quando o balanço de radiação é positivo, a temperatura
do solo diminui com a profundidade, enquanto que durante a noite quando o balanço é
negativo, a temperatura aumenta com a profundidade. Abaixo dos 40 a 50 cm verifica-se
isotermia.

Tautócronos → são representações gráficas da temperatura do solo ou do ar com a


profundidade ou com a altura, respectivamente.

Amplitude Térmica → é a diferença entre as temperaturas máxima e mínima em um


determinado espaço de tempo. A amplitude térmica do solo diminui com a profundidade.

Isotermas → são linhas que unem pontos de mesma temperatura média.

TRANSFERÊNCIA DE CALOR NO SISTEMA SOLO/ATMOSFERA

CONDUÇÃO → é a troca de energia cinética entre as moléculas de uma massa de ar, que
ocorre em função da diferença de temperatura existente entre elas.

CONVECÇÃO → é o movimento vertical de massa de ar na atmosfera que ocorre em função


da menor densidade da massa de ar em relação ao meio (convecção livre), ou em função de
forças mecânicas que atuam fazendo com que as massas de ar se elevem na atmosfera,
levando consigo calor (convecção forçada).
A convecção livre ocorre em função do aquecimento da superfície do solo e a forçada
em função do encontro de massas de ar devido à variação na topografia da região.

TRANSIÇÃO DE FASE → é o aquecimento ou resfriamento de uma massa de ar que ocorre


em função da mudança de fase da água existente em seu interior.

DIFUSÃO TURBULENTA → é a transferência de calor do solo para a atmosfera que é feita


através de movimentos desordenados de massas de ar que se elevam na atmosfera, levando
consigo além de energia cinética, outros componentes como o vapor d‟água, partÍculas de
poeira, etc..
Unidade V 48

VARIAÇÃO DIÁRIA E ANUAL DA TEMPERATURA DO AR

Variação diária:
Quando o balanço de radiação na superfície começa a ser positivo (A), o ar em contato
com o solo começa a se aquecer por condução. Esse ar aquecido expande-se, eleva-se e é
substituído por um ar mais denso, iniciando-se uma convecção livre que aumenta
proporcionalmente com a radiação. Assim, o ar vai se aquecendo continuamente, sendo que a
camada mais próxima do solo se aquece mais rápida e intensamente.
A temperatura máxima do ar em contato com o solo, ocorre simultaneamente com a
temperatura máxima da superfície. À medida que se afasta da superfície, a temperatura
máxima sofre um atraso continuamente, indo acontecer a 2 m de altura cerca de 2 horas
depois de ter ocorrido na superfície.
Após atingir a máxima, a temperatura do ar entra em declínio em decorrência da
diminuição da temperatura do solo, com o balanço de radiação decrescente.
Quando o balanço de radiação torna-se negativo, estabelece-se um fluxo de calor por
condução do ar para a superfície. Este fluxo passa a resfriar o ar. Com o resfriamento aumenta
a densidade do ar e as diversas camadas tendem a acamar-se umas sobre as outras. O processo
se intensifica durante a noite, até a nova inversão no balanço de radiação, quando a
temperatura do ar junto ao solo é mínima. A mínima se atrasa para as camadas mais afastadas
da superfície do solo.

Variação anual:
É determinada basicamente pelo curso anual da radiação solar global incidente sobre a
superfície.

FATORES QUE INFLUENCIAM A TEMPERATURA DO AR

 Proximidade do oceano;
 Altitude;
 Albedo da superfície;
 Tipo de vegetação.
A temperatura média para um determinado mês pode ser estimada a partira das
coordenadas geográficas do local pela equação:

tm  A  B  C  Dz
onde:
A, B, C, e D são coeficientes determinados para cada região;
Φ é a latitude do local;
λ a longitude;
z a altitude.

Exemplo:
Localidade: Mossoró Constantes: tm = 28,52 oC
Mês: Outubro A: - 1,2237
: 5o 11‟S; B: 0,3722
: 37o 20‟W; C: 0,8508
Z: 15 m; D: -0,00583
Unidade V 49

Gradiente de Temperatura do ar → é a variação de temperatura em função da altitude ou da


distância horizontal.
Gradiente Vertical (G):

t
G  6,5o C.km1
z
onde:
∆t, é a variação vertical da temperatura do ar (oC);
∆z, a variação da altura (km).

UNIDADES TÉRMICAS DE CRESCIMENTO

São parâmetros que relacionam o ciclo vegetativo de uma determinada cultura, com a
quantidade de calor à qual esta cultura estará exposta desde a germinação da semente até a
maturação dos frutos.

Temperaturas Cardeais → são limites de temperatura aos quais estão sujeitas todas as
espécies vegetais, acima ou abaixo das quais as plantas passam a sofrer influência no seu
desenvolvimento vegetativo.

Temperatura Máxima (tS) → é aquela acima da qual a planta cessa o seu desenvolvimento
vegetativo.
Temperatura Ótima (tO) → é a faixa de temperatura na qual a planta otimiza o seu
desenvolvimento vegetativo.
Temperatura Mínima o Basal (tI) → é aquela abaixo da qual a planta cessa o seu
desenvolvimento vegetativo.

Exemplo:
Melão:
tS; 44 a 50 oC;
tO: 31 a 37 oC;
tI: 15 a 18 oC.

Grau Dia (GD) → corresponde à ocorrência, durante um dia, de temperatura do ar 1 oC dentro


da faixa ótima da cultura em estudo (VILA NOVA et al. 1972).
OBS:
tN → temperatura mínima do dia;
tX → temperatura máxima do dia.

CASO I → dias em que tN > tI e tX < tS CASO II → dias em que tN ≤ tI e tX < tS

GD 
tN  tI   tX  tN  tX  tI 2
GD 
2 2tX  tN 
CASO III → dias em que tN > tI e tX > tS CASO IV → dias em que tN ≤ tI e tX > tS

GD 
tX  tI   tX  tN   tX  tS 2 GD 
tX  tI 2  tX  tS 2
2 2tX  tN  2tX  tN  2tX  tN 
Unidade V 50

O número de dias de uma cultura no campo pode ser estimado, conhecendo-se o


número total de graus-dias requerido pela cultura (GDT), a temperatura média da região (tm)
é a temperatura mínima ou basal da cultura (tI);

GDT
N o dias 
tm  tI 
Constante Térmica (CT) → é a quantidade de unidades de calor acumuladas desde a
germinação até a maturação dos frutos de uma determinada cultura. Este valor é
aproximadamente constante para uma mesma cultura, mesma localidade e mesma época do
ano (Exemplo: milho → CT = 2500 oC).

CT   t

tm, é a temperatura média de cada dia desde a germinação até a maturação dos frutos.
CT
N o dias 
tm

TEMPERATURA E O CONCEITO DE GRAUS-DIAS

Para que uma cultura possa se desenvolver plenamente é necessário que ocorra uma tempera-
tura mínima apropriada para cada fase do seu ciclo fisiológico, sendo denominada temperatu-
ra base.

Várias culturas já tiveram suas temperaturas base determinadas, possibilitando assim a utili-
zação do conceito de graus-dia. Este conceito é bastante interessante para se determinar datas
prováveis de colheitas ou se estabelecer o melhor dia para o plantio de uma cultura, visando a
sua colheita em uma data pré-definida.

GRAUS-DIA é a diferença entre a temperatura média do dia e a temperatura base (conside-


rando existir uma única temperatura base). O somatório dos graus-dia ao longo de todo ciclo
de uma cultura é denominada de CONSTANTE TÉMICA.

Cada cultura teoricamente possui três faixas de temperatura em que as mesmas devem se de-
senvolver: a temperatura mínima (abaixo da qual a cultura não se desenvolve), a temperatura
ótima de desenvolvimento (ideal) e a temperatura máxima (acima da qual o desenvolvimento
da cultura será prejudicado ou impossibilitado)
Unidade V 51

APLICAÇÃO (EXEMPLO)

Vamos resolver um exemplo em passos: uma cultura que possui exigência de 740 graus-dia
(GD) e uma temperatura base de 6,0°C, vai ser semeada no dia 15 de agosto. Qual será a data
provável da colheita?

Conhecendo-se as temperaturas médias mensais, a partir do mês em questão:

Mês AGO SET OUT NOV


Temperatura média mensal (ºC) 13,0 14,5 16,7 18,8

1º PASSO
Para cada mês, subtrair o valor da temperatura média da temperatura base
Agosto 13,0 – 6,0 = 7,0 °C
Setembro 14,5 – 6,0 = 8,5 °C
Outubro 16,7 – 6,0 = 10,7 °C
novembro 18,8 – 6,0 = 12,8 °C
2º PASSO
Multiplicar o número de dias do mês pelo valor encontrado na subtração acima, para determi-
nar a quantidade de graus-dia (GD) no mês.
OBS: como a semeadura será realizada no dia 15 de agosto, e o mesmo possui 31 dias, restam
apenas 16 dias após a semeadura.

Agosto 16 dias x 7,0°C = 112,0 GD


Setembro 30 dias x 8,5°C = 255,0 GD
Outubro 31 dias x 10,7°C = 331,7 GD
novembro 30 dias x 12,8°C = 384,0 GD

3º PASSO
Somam-se os valores de graus-dia, a partir da semeadura, sendo que o valor não pode ultra-
passar a exigência de graus-dia da cultura.
AGO  SET  OUT  NOV  SOMA
112,0  255,0  331,7  384,0  1082,7GD
1082,7GD  740,0GD (não atende)

112,0  255,0  331,7  698,7GD


698,7GD  740,0GD (OK!)
Se fosse somado o mês de novembro inteiro, o valor ultrapassaria os 740 GD.
Porém, o valor obtido até agora não atende a necessidade de graus-dia da cultura.
Isto quer dizer que a colheita será realizada em algum dia de novembro.

4º PASSO
Para saber a data da colheita, deve-se primeiro subtrair o valor requerido de GD (740,0) do
valor obtido do somatório (698,7)
740,0  698,7  41,3GD
Ou seja, faltam mais 41,3GD no mês de novembro para a cultura estar pronta para a colheita.
Divide-se então o número de graus dia restantes pelo valor da subtração do 1° passo para o
mês de novembro.
Unidade V 52

41,3GD
 3dias
12,8GD
São necessários mais três dias de novembro para se completar o número de graus dia requeri-
dos pela cultura.
Temos então a data de 04 de NOVEMBRO como a data mais provável para a colheita.

PROBLEMAS NO CONCEITO DE GRAUS-DIAS

Apesar de sua praticidade, este conceito apresenta alguns problemas:


 Utiliza somente uma única temperatura base em todo ciclo da cultura (a temperatura
base varia de acordo com o estágio de desenvolvimento);
 Não considera o número de horas de insolação no dia e que o crescimento planta varia
de acordo com a faixa de temperatura no qual a mesma está exposta;
 Não leva em conta a disponibilidade de nutriente no solo, o espaçamento entre plantas,
a textura do solo, sua temperatura e a disponibilidade de água durante todo o ciclo da
cultura.
Unidade V 53

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO – UFERSA


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS - DCA
DISCIPLINA: CLIMATOLOGIA

4a LISTA DE EXERCÍCIOS

1. A temperatura da superfície do solo em um dado instante é 35 oC. Estimar a temperatura a


30 cm de profundidade ? Sabe-se, que:
 Amplitude máxima de temperatura na superfície: 18 oC;
 Temperatura média do perfil de solo: 27 oC;
 Difusividade térmica do solo: 5,0 . 10-3 cm2 . s-1;
 Velocidade angular da Terra: 7,27 . 10-5 rad. s-1.

2. O aumento de temperatura na superfície de um solo teve início às 6:00 horas. Determinar


qual será a provável temperatura na superfície desse mesmo solo, às 15:00 horas, conhe-
cendo-se:
 Amplitude máxima de temperatura na superfície: 17 oC;
 Temperatura média do perfil de solo: 28 oC;
 Velocidade angular da Terra: 7,27 . 10-5 rad. s-1.

3. Considerando que a temperatura na superfície de um solo é 34 oC, estime as densidades de


fluxo de calor nesse instante na superfície do solo e a 20 cm de profundidade.
Dados sobre o solo:
 Amplitude máxima de temperatura na superfície: 16 oC;
 Temperatura média do perfil de solo: 26 oC;
 Difusividade térmica do solo: 5,0 . 10-3 cm2 . s-1;
 Velocidade angular da Terra: 7,27 . 10-5 rad. s-1;
 Condutividade térmica do solo: 2,5 . 10-3 cal . cm-1. s-1. oC-1.

4. Determinar os valores da condutividade e difusividade térmica de um solo, conhecendo-se


os seguintes dados experimentais:
Profundidade (z) (cm) Qmax. (cal . cm-2. min-1) ln Qmax.
10 0,195
20 0,110
30 0,033
 Amplitude máxima de temperatura na superfície: 16 oC.

5. No dia 01 de outubro de 2003 a Estação Meteorológica da ESAM registrou os seguintes


dados:
 Temperatura do ar às 9:00 horas: 29,2 oC;
 Temperatura do ar às 15:00 horas: 33,2 oC;
 Temperatura do ar às 21:00 horas: 27,6 oC;
 Temperatura máxima do ar: 36,0 oC;
 Temperatura mínima do ar: 23,9 oC;
Determinar a temperatura média compensada do referido dia.
Unidade V 54

6. Estimar a temperatura média mensal do ar na cidade de Petrolina-PE em no mês de de-


zembro, conhecendo-se os seguintes dados:
 Latitude: 9o 26‟ S;
 Longitude: 40o 26‟ W;
 Altitude: 375 m;
 A: 10,8093;
 B: 0,0278;
 C: 0,4600;
 D: -0,00519

7. Admitindo-se que as temperaturas limites (superior e inferior) de uma cultivar são 15oC e
30oC, respectivamente, computar a quantidade de graus-dia correspondente a cada uma das
situações seguintes:
 tX: 31oC e tN: 18 oC;
 tX: 34oC e tN: 22 oC;
 tX: 28oC e tN: 12 oC.
Unidade VI 55

UNIDADE VI

UMIDADE DO AR

1. CONCEITO → é a quantidade total de água existente na atmosfera na forma de vapor.


Seu valor depende da quantidade de água presente no local e da disponibilidade de energia no
meio. Os maiores valores são registrados próximo à superfície do solo, atingindo no máximo
4% em volume.

2. ÍNDICES DE UMIDADE → são parâmetros que servem para contabilizar a quantidade de


vapores de água existente na atmosfera em um dado instante.

2.1. Razão de Mistura (w)


É a relação entre a massa de vapor d‟água (mv) e a massa de ar seco (ma) em uma determinada
massa de ar.
mv
w
ma
De acordo com a equação geral dos gases: PV  nRT
Em que:
P; á pressão atmosférica;
V; o volume da massa de ar;
R; a constante universal dos gases;
T; a temperatura absoluta.
n; o número de moles da substância;
m
n sendo m é a massa total da substância e M a massa molecular.
M
m
PV  RT  m
MPV
M RT
Para o vapor d‟água: Para o ar seco:
M v eV M a PaV
mv  ma 
RT RT
e é a pressão atual de vapor d‟água
Portanto a razão de mistura será:
M v eV
Mv e
w  RT  w
M a PaV M a Pa
RT
Sendo: Mv = 18,015 g e Ma = 28,964 g
18,015e e
w  w  0,622 como: P  Pa  e então Pa  P - e
28,964 Pa Pa

e
w  0,622 (g.g-1)
Pe
Unidade VI 56

2.2. Pressão Atual do Vapor D’água (e)


É a pressão parcial exercida pelos vapores d‟água na massa de ar onde estão contidos, em
relação à pressão parcial máxima, em condições de saturação.

Equação de FERREL (1886)

e  esu  0,000661  0,00115tu Pt  tu  (mb)

esu é a pressão de saturação do vapor d‟água à temperatura do bulbo úmido;


tu é temperatura do bulbo úmido;
t é a temperatura do bulbo seco;
P é a pressão atmosférica.

2.3. Pressão de Saturação do Vapor D’água (es)


é a pressão máxima exercida pelos vapores d‟água na massa de ar em estão contidos, a uma
determinada temperatura.

Equação de TETENS (1930):

 17,2693882.t 
es  6,178 exp   (mb)
 t  237,3 

Para calcular esu substitui-se t por tu.

2.4. Umidade Específica (q)


→ é a relação entre a massa de vapor d‟água (mv) e a massa de ar úmido existente em uma
dada massa de ar (mu).

mv
q
mu
0,622e
q (g .g-1)
P  0,378.e

2.5. Umidade Absoluta (UA)


→ é a relação entre a massa do vapor d‟água (mv) contida na amostra de ar e o volume total
da amostra (V).

mv
UA 
V

216,68e
UA  (g.m-3)
t  273,15
Unidade VI 57

2.6. Umidade Absoluta de Saturação (UAS)


→ é a relação entre a massa do vapor d‟água (mv) contida na amostra de ar e o volume total
da amostra (V) quando o ar encontra-se saturado.

mv
UA 
V
216,68es
UAS  (g.m-3)
t  273,15

2.7. Umidade Relativa (UR)


→ é a relação entre o teor de vapor d‟água existente no ar em um determinado momento e o
teor máximo que deveria existir se a massa de ar estivesse saturada, à mesma temperatura.

e UA
UR  100  100 (%)
es UAS

2.8. Temperatura do Ponto de orvalho (To)


→ é a temperatura na qual a pressão atual do vapor d‟água (e) é igual à pressão de saturação
(es).

186,4905  237,3 log e


To  (oC)
log e  8,2859
2.9. Déficit de Saturação → é a diferença entre a pressão de saturação (es) e a pressão atual
do vapor d‟água na atmosfera.

e  es  e (mb)

3. Variação Diária da Umidade do Ar → A umidade do ar apresenta um curso diário inverso


da temperatura do ar com os maiores valores ocorrendo à noite e madrugada e os menores
durante o dia.

4. Variação Anual da Umidade do Ar → Acompanha a variação anual da cobertura do céu e


das precipitações. Os maiores valores ocorrem no período chuvoso.
Unidade VI 58

APLICAÇÃO
Utiliza-se de um secador que trabalha com fluxo de ar de 200 m³ hora -1 para secar uma
tonelada de milho de 14% a 10% de umidade em peso. O ar na entrada possui 42°C e UR% de
25. Na saída o ar está com 37°C e 92% de UR. Quanto tempo levará para secar a tonelada de
milho, sabendo-se que a capacidade do secador é de 200 kg de sementes?

SOLUÇÃO:

Na entrada o ar tem 42°C e UR de 25%


A pressão de saturação do vapor d‟água na atmosfera é igual a:
 17,2693882.t   17,2693882.(42)  es  82,9mb
es  6,178 exp   mb  es  6,178 exp   
 t  237,3   42  237,3 
A pressão real de vapor (ea) d‟água na atmosfera será:
ea UR.e S
UR  100  ea   ea 
25.(82,9)
 ea  20,73mb
es 100 100
Logo a umidade absoluta do ar na entrada é:
216,68e 216,68(20,73)
UA  (g.m-3)  UA   UA  14,26 g.m-3
t  273,15 42  273,15

Na saída o ar tem 37°C e UR de 92%


A pressão de saturação do vapor d‟água na atmosfera é igual a:
 17,2693882.t   17,2693882.(37) 
es  6,178 exp    es  6,178 exp    es  63,5mb
 t  237,3   37  237,3 
A pressão real de vapor (ea) d‟água na atmosfera será:
e UR.e S 92.(63,5)
UR  100  ea   ea  
es 100 100
ea  58,4mb
Logo a umidade absoluta do ar na saída é:
216,68e 216, 68(58, 4)
UA  (g.m-3)  UA   UA  40,81 g.m-3
t  273,15 37  273,15

Para que a umidade em peso do milho seja 10%, é necessário perder 4% em água, o que
corresponde a 200 x 0,04 = 8 kg de água. (8.000g)
Cada m³ de ar que passa pelo secador extrai 40,81  14,26  26,55 gramas de água
Se cada m³ de ar extrai 26,55gH2O, para que sejam extraídas 8.000 gramas é necessário
circular 8.000 ÷ 26,55 = 301,3 m³
Se a velocidade de passagem do ar é 200 m³ por hora seria necessário 301,3 ÷ 200 = 1,51
horas para secar os 200 kg de semente.
Como a quantidade de semente à secar é de 1000 kg logo seriam necessários 1000 ÷ 200 = 5
cargas.
Se o tempo de secar uma carga é de 1,51 horas, o tempo total para secar 5 cargas seria:
5 x 1,51 = 7,55 horas ou 7 horas e 33 minutos.
Unidade VI 59

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO – UFERSA


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS - DCA
DISCIPLINA: CLIMATOLOGIA

5a LISTA DE EXERCÍCIOS

1. Em um dado instante foram registrados os seguintes dados: pressão atmosférica, 735 mm


de Hg e as leituras feitas por um psicrômetro com aspiração: 19,3 oC e 13,7 oC. Calcular
pelo método analítico os seguintes índices de umidade:
 pressão atual do vapor d‟água;
 razão de mistura;
 umidade específica;
 umidade absoluta;
 umidade relativa;
 temperatura do ponto de orvalho.

2. Usando a equação, calcular a temperatura do ponto de orvalho, a partir dos dados abaixo:
 Temperatura do bulbo seco: 28 oC;
 Temperatura do bulbo úmido: 25 oC;
 Pressão atmosférica: 760 mm Hg.

3. Com o uso das tabelas e os dados fornecidos abaixo, determinar a temperatura do ponto de
orvalho e umidade relativa do ar.
 Temperatura do bulbo seco: 25 oC;
 Temperatura do bulbo úmido: 20 oC;
 Pressão atmosférica: 740 mm Hg;
 Altitude: 300 m;
 Psicrômetro sem aspiração.

4. Deseja-se saturar o ambiente interior de uma estufa que possui um volume de aproxima-
damente 200 m3, porém mantendo-se a temperatura constante. Os únicos dados disponíveis
são as temperaturas de um psicrômetro sem aspiração: 27,3 oC e 24,7 oC.

5. Um termohigrógrafo registrou uma temperatura de 30 oC e umidade relativa do ar de 50%.


Estimar :
 pressão atual do vapor d‟água;
 pressão de saturação;
 umidade absoluta;
 umidade absoluta de saturação;
 temperatura do ponto de orvalho.

6. Em uma determinada altura na atmosfera foram medidos os seguintes dados:


temperatura: 5 oC; razão de mistura: 6,4 g/kg; pressão atmosférica: 750 hPa.
Calcular:
 pressão atual do vapor d‟água;
 pressão de saturação;
 umidade específica;
 umidade absoluta;
 umidade relativa;
 temperatura do ponto de orvalho.
Unidade VI 60

7. Usando o gráfico psicrométrico e os dados de temperatura do problema 3 estimar:


 razão de mistura;
 umidade absoluta;
 pressão atual do vapor d‟água;
 umidade relativa;
 temperatura do ponto de orvalho.
Unidade VII 61

UNIDADE VII

PRESSÃO ATMOSFÉRICA

1. Conceito → é o peso exercido por uma coluna de ar, com secção reta de área unitária, que
se encontra acima do observador, em um dado instante e local. Fisicamente representa o peso
que a atmosfera exerce por unidade de área. O movimento da atmosfera está diretamente
relacionado com a distribuição da pressão atmosférica.

F
P
S
P; pressão atmosférica;
F; força exercida pelo peso da coluna de ar;
S; área da superfície.

2. Unidades Usadas

1 atm = 760 mm Hg = 1013,25 mb = 1013,25 hPa


= 1,013 . 105 N . m-2 = 1,013 . 105 Pa = 1033 cm de H2O

3. Variação da Pressão Atmosférica com a Altitude

A pressão atmosférica diminui com a altitude em função da diminuição da densidade do ar, da


aceleração da gravidade e da temperatura do ar. Esta variação é exponencial, mas varia no
decorrer do dia e do ano. Para se entender esta variação é necessário definir a atmosfera
padrão.

a) O ar é considerado seco e sua composição química é constante em todas as altitudes;


b) A aceleração da gravidade é uniforme e igual a 9,8062 m . s-2;
c) A temperatura e a pressão atmosférica ao nível do mar assumem valores de 15 oC e 760
mm Hg, respectivamente;
d) O gradiente vertical de temperatura é de -6,5 oC / km até os 11.000 metros e daí até
20.000 metros a temperatura é constante e com valor igual a -56,5 oC.

Assim, a temperatura (T) e a pressão atmosférica (P) podem ser estimadas em qualquer altura:

5, 2568
 0,0065.z 
P  7601   e T  15  0,0065.z
 288 
Onde z é a altitude (m).

OBS: Para uma latitude média a pressão atmosférica diminui cerca de 1/30 do seu valor para
cada 275 metros de altitude.
Unidade VII 62

VARIAÇÃO DIÁRIA E ANUAL DA PRESSÃO ATMOSFÉRICA

A variação diária da pressão atmosférica apresenta dois valores máximos às 10:00 e 22:00
horas e dois mínimos às 4:00 e 16:00 horas.
A variação anual da pressão atmosférica apresenta um curso inverso da temperatura. Isto
porque nas épocas frias as massa de ar são mais densas e mais pesadas, enquanto que nas
épocas quentes elas são mais secas, menos densas e mais leves.

ISÓBARAS
→ são linhas imaginárias que unem pontos de mesma pressão atmosférica reduzida ao nível
médio do mar, elas formam núcleos nos quais a pressão atmosférica cresce (centro de alta
pressão) ou decresce (centro de baixa pressão) em direção ao centro.

Os principais fatores que influenciam a pressão atmosférica, são:


temperatura do ar
latitude do local
altitude.

A pressão atmosférica pode ser medida por Barômetros, os mais conhecidos são os
barômetros aneróides, que não necessitam correções e os barômetros de mercúrio, que apesar
de serem mais precisos, necessitam as seguintes correções nas leituras:

1. Correção Instrumental (Ci)


→ é feita como recomendação de fábrica, podendo ser positiva ou negativa.

LB = PB ± Ci

Sendo: LB, a leitura barométrica e PB a pressão barométrica.

2. Correção da Temperatura (Ct)


→ esta será negativa se a temperatura local for maior que zero e positiva se a temperatura
local for abaixo de zero.

Para os Barômetros tipo FUESS:

Ct  1,63.104 LB  30,38.t

onde:
LB é a leitura barométrica, feita a correção instrumental (mb);
T é a temperatura do ar medida no termômetro do barômetro (oC).

Assim, podemos calcular a leitura barométrica corrigida (LBC):

LBC = LB ± Ct
Unidade VII 63

3. Correção da Latitude (CΦ)


→ será positiva se a latitude do local for maior que 45o e negativa se a latitude for menor que
45o.

4. Correção da Altitude (Cz)


→ será negativa para localidades acima do nível do mar e positiva para locais abaixo do nível
médio do mar.

A correção da gravidade (Cg) = (CΦ + Cz) pode ser determinada pela fórmula:
 g  , z  
Cg  LBC   1
 gn 
onde:
LB é a leitura barométrica, feita a correção instrumental (mb);
gn a gravidade normal (980,665 cm . s-2);
g (Φ,z); a gravidade do local (cm.s-2);
Cg; correção da gravidade (mb).

g  , z   g  ,0   3,006.z  1,118z  z' .104

g  ,0  980,616 1  0,0026373cos  2   0,0000059cos 2  2 


sendo:
z a altitude do local;
z‟ a altitude média da região num raio de 150 km.

A pressão real (PR) será calculada por:

PR  P  Ci  Ct  C  Cz
ou
PR  P  Ci  Ct  Cg
Problema:
Os dados abaixo foram coletados na cidade de Ponta Grossa – PR (Lat: 25o 6‟S ; Long: 50o
10‟W; Alt: 868 m).
 Leitura no barômetro: 691,2 mm Hg;
 Temperatura do barômetro: 20,2 oC;
 Temperatura do ar: 21,1 oC;
 Correção instrumental: -0,12 mm Hg.
Determinar:
 Leitura barométrica;
 Correção da temperatura;
 Correção da gravidade com relação à latitude;
 Correção da gravidade com relação à altitude;
 Pressão atmosférica real;
 Pressão atmosférica reduzida ao nível médio do mar.
Unidade VII 64

REDUÇÃO DA PRESSÃO ATMOSFÉRICA AO NÍVEL MÉDIO DO MAR

Quando existe necessidade de comparar pressões atmosféricas medidas em locais de altitudes


diferentes, o efeito na diferença de altitude deve ser eliminado.
As pressões reais de todas as estações, são convertidas para um determinado nível de
referência por redução de altitude.
No Brasil o nível de referência adotado é o nível médio do mar (NMM).
As tabelas são função da fórmula:

Em que:
Po é a pressão reduzida ao NMM (mb);
P é a pressão real (mb);
z é a altitude local (m)
T é a temperatura do ar (K)
Unidade VIII 65

UNIDADE VIII

ESTUDO DOS VENTOS

1. Conceito→ Vento é o deslocamento do ar com relação à superfície terrestre que se origina


através dos gradientes de pressão atmosférica, mas que são influenciados pelo movimento de
rotação da Terra, pela força centrífuga ao seu movimento e pelo efeito do atrito com a
superfície do solo. Os gradientes de pressão se formam devido ao aquecimento diferenciado
da superfície do solo.

2. Gradiente Horizontal de Pressão (G) → é a taxa de variação da pressão atmosférica por


unidade de distância horizontal. Sua atuação é no sentido perpendicular às isóbaras e são
originados devido ao aquecimento diferenciado da superfície terrestre originando diferentes
pressões.

P
G
x
∆P é a variação da pressão atmosférica (mb);
∆x é a variação da distância horizontal (100 km).

OBS: quanto menor a distância entre as isóbaras, maior será a velocidade do vento.

P P P
P  i j k
x y z

O gradiente de pressão (G) gera uma força (F) que atua na mesma direção de G, porém
em sentido contrário. Esta força tende a fazer com que as massas de ar se desloquem dos
centros de alta para os de baixa pressão. Assim, podemos afirmar que a força F origina e
mantém os ventos.

3. Efeito do Movimento de Rotação da Terra (D) → A variação da velocidade linear da Terra


faz com que todos os corpos que se deslocam com relação a ela sofram uma modificação na
direção do seu movimento. Esse efeito é sentido como se ocorresse continuamente a ação de
uma força perpendicular à direção do movimento modificando a mesma, para a direita no
hemisfério Norte e para a esquerda no hemisfério Sul. Esta força é chamada de Força
Defletora do Movimento de Rotação da Terra ou Força de Coriolis (D).

D  2mVsen
onde:
m; é a massa da massa de ar em movimento;
V; a velocidade de deslocamento da massa de ar;
W; a velocidade angular da Terra;
Φ; a latitude do local.

No equador:
Φ = 0, sen 0 = 0, logo, D é nula.

Nos pólos:
Φ = 90o, sen 90o = 1, logo, D = 2mVω
Unidade VIII 66

4. Efeito da Força Centrífuga (C) → Ao ser originado o vento tende a se deslocar na mesma
direção e sentido da força do gradiente de pressão, porém com a atuação da força de Coriollis
o movimento tende a ser curvo, aparecendo, assim, a força centrífuga atuando sempre de
dentro para fora do movimento. Assim, a direção resultante do vento tende a ser no sentido
paralelo às isóbaras. Este vento é chamado de vento gradiente e ocorre acima dos 500 metros
de altitude. A direção resultante deste vento é função de três forças: F, C e D.

5. Efeito da Força de Atrito com a Superfície do Solo (A) → As massas de ar que se deslocam
abaixo de 500 metros passam a sofrer a ação de mais uma força que é a força de atrito com a
superfície do solo. Esta força atua na mesma direção e em sentido contrário à velocidade do
vento. Por este motivo a velocidade do vento diminui à medida que nos aproximamos da
superfície do solo. A direção resultante do vento passa a ser, agora, função de quatro forças:
F, D, C e A. A direção tenderá ligeiramente para a direção da força do gradiente de pressão,
cortando as isóbaras formando com elas um ângulo de no máximo 15o, só que a força do
gradiente é constante, enquanto que as forças de Coriollis e centrífuga são proporcionais à
velocidade do vento.
A circulação nas células de pressão ocorrem na forma espiral, em função do pequeno
ângulo formado entre a direção resultante do vento e as isóbaras.
No hemisfério Sul nos centros de baixa pressão, a circulação das massas de ar ocorre
de fora para dentro do núcleo e no sentido horário, caracterizando os ciclones. Já para as
células de alta pressão a circulação ocorrerá de dentro para fora do núcleo e no sentido anti-
horário caracterizando os anticiclones.

6. Perfil Vertical da Velocidade do Vento:

6.1. Solo Descoberto → A velocidade do vento diminui à medida que nos aproximamos da
superfície do solo, atingindo zero, praticamente na superfície. O perfil assume, então, uma
forma exponencial e dependerá dos valores da velocidade do vento, da rugosidade da
superfície e dos valores dos gradientes de temperatura próximo ao solo.

6.2. Solo com Vegetação → O perfil da velocidade do vento só se estabelecerá a partir de uma
determinada altura, esta altura varia de espécie para espécie vegetal e é chamada de
Deslocamento do Plano Zero (d).

Montheith, 1975 aconselha as equações para plantas entre 20 e 200 cm de altura:

ln d = 0,979 ln h - 0,154 ou d = 0,63 h

onde h é a altura média das plantas.

7. Variação Diária da Velocidade do Vento → O curso diário acompanha o mesmo


comportamento do balanço de radiação da superfície, com os maiores valores acontecendo
durante o dia e os menores durante à noite.

8. Variação Anual da Velocidade do Vento → O curso anual tem comportamento diferente


para cada região, em função do posicionamento do local com relação aos centros de pressão.
De um modo geral, o curso anual da velocidade do vento acompanha o mesmo
comportamento do balanço de radiação na superfície.

9. Tipos de Vento
Unidade VIII 67

9.1. Quanto a altura:

9.1.1. Vento Geostrófico → ocorrem em direção paralela às isóbaras, nas camadas altas da
atmosfera, acima de 3000 metros e não sofrem influência do atrito com a superfície;

9.1.2. Vento Gradiente → ocorrem em direção paralela às isóbaras, nas camadas da atmosfera
acima de 500 e abaixo 3000 metros e também não sofrem influência do atrito com a
superfície;
9.1.3. Vento Ciclostrófico → ocorrem próximo à superfície do solo, em forma de espiral, e
sofrem grande influência do atrito com a superfície.

9.2. Quanto ao local de ocorrência:

9.2.1. Brisa Terra-mar → ocorre à noite quando o vento sopra do continente para o oceano;

9.2.2. Brisa Marítima → ocorre durante o dia quando o vento sopra do mar para o continente;

9.2.3. Brisa do Vale (ventos anabáticos) → ocorre durante o dia quando o vento sopra
ascendente do vale para a montanha;

9.2.4. Brisa da Montanha (ventos catabáticos) → ocorre durante a noite quando o vento sopra
descendente da montanha para os vales;

9.2.5. Monções → são ventos que ocorrem em algumas partes do mundo no verão soprando
do oceano para o continente e no inverno do continente para o oceano em função dos
diferentes centros de pressão formados.

10. Fórmulas para redução da velocidade do vento:

1
V2  Z 2  7
 
V1  Z1 
V2 e Z2; velocidade do vento e altura no nível mais alto;

V1 e Z1; velocidade do vento e altura no nível mais baixo;

 4,868ln 67,75Z  5,42


V2 1

VZ

V2; velocidade do vento a 2 metros de altura;

VZ; velocidade do vento na altura Z desejada;


Unidade VIII 68

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO – UFERSA


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS - DCA
DISCIPLINA: CLIMATOLOGIA

6a LISTA DE EXERCÍCIOS

1. Os dados abaixo foram coletados na cidade de Ponta Grossa/PR (25o6‟S; 50o10‟W; 50 m).
 Leitura no barômetro: 691,2 mm Hg;
 Temperatura do barômetro: 20,2 oC;
 Temperatura do ar: 21,1 oC;
 Correção instrumental: -0,12 mm Hg;
 Gravidade normal: 980,665 cm.s-2;
 Altitude média da região: 70 m.
Determinar:
 Leitura barométrica;
 Correção da temperatura;
 Correção da gravidade com relação à latitude;
 Correção da gravidade com relação à altitude;
 Pressão atmosférica real;
 Pressão atmosférica reduzida ao nível médio do mar.

2. A velocidade do vento foi medida a 2m de altura por um anemômetro totalizador e regis-


trou as seguintes leituras:
 10:00 horas → 58359;
 12:00 horas → 58580.
Calcular a velocidade média do vento, no período, expressando o resultado em m.s-1;
km.h-1e em nós.

3. Com base no resultado do problema anterior, estimar a velocidade média do vento que atu-
aria na altura do eixo horizontal de um moinho de vento instalado a 15 metros de altura.

4. Com os dados da Tabela (anexo) reduzir os dados da velocidade do vento para 2 metros de
altura e fazer a rosa dos ventos para o mês em questão.
Unidade VIII 69

TABELA 1.
Dados da velocidade e direção do vento em Mossoró-RN no mês de janeiro de 2000.
Dia Vel. a 10 m Vel. a 2 m Direção Predomi-
(m.s-1) (m.s-1) nante
01 3,3 NE
02 3,3 E
03 5,3 NE
04 4,7 NE
05 4,3 SE
06 1,7 NE
07 0 C
08 2,7 E
09 4,3 NE
10 4,7 NE
11 5,3 NE
12 3,7 NE
13 6,0 NE
14 5,3 NE
15 5,0 NE
16 4,0 NE
17 5,3 NE
18 4,3 E
19 4,0 N
20 4,3 E
21 1,7 SE
22 4,3 NE
23 4,3 E
24 2,7 NE
25 5,0 NE
26 6,0 SE
27 3,3 E
28 4,0 SE
29 1,7 SE
30 2,0 NE
31 6,3 E
Média 3,96 NE
Unidade IX 70

UNIDADE IX

CONDENSAÇÃO E PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA

1. Conceito → Precipitação é o processo pelo qual a água condensa na atmosfera e atinge gra-
vitacionalmente a superfície do solo, na forma de chuva, granizo, neve, orvalho etc..

2. Origem → As precipitações originam-se de massas de ar que se resfriam adiabaticamente,


formando as nuvens e se expandem elevando-se na atmosfera.

3. Formas de Ocorrência →

 Quando a temperatura da nuvem é menor ou igual a – 12 oC → a água existe nas for-


mas de vapor e líquida, logo a precipitação deverá ser na forma de chuva;
 Quando a temperatura da nuvem é menor que – 12 oC e maior que – 40 oC → a água
existe nas fases de vapor, líquida e sólida, logo a precipitação deverá ser na forma de
chuva ou granizo;
 Quando a temperatura da nuvem é menor ou igual a – 40 oC → a água existe nas fases
de vapor, sólida e neve, logo a precipitação poderá ser na forma de chuva, granizo ou
neve;

4. Fases de formação das precipitações →

 Evaporação da água dos rios, lagos, mares etc.;


 Resfriamento das gotículas de vapor d‟água;
 Saturação da massa de ar;
 Nucleação ou formação dos núcleos de vapor d‟água;
 Condensação da massa de ar;
 Precipitação.

5. Forças que atuam no processo de precipitação:

 Gravidade (g) → Atua para baixo em função do peso das gotículas de água;
 Empuxo (E) → É a pressão exercida pelo vapor d‟água em função da gravidade. Tem
sentido contrário à gravidade;
 Ação das correntes ascendentes (A) → Atua para cima na mesma direção do empuxo.

* Quando A + E > g as gotículas de vapor se elevam no interior da nuvem e a mesma tende a


se expandir e elevar-se na atmosfera.
* Quando g > A + E as gotículas de vapor descendem no interior da nuvem e a mesma tende a
descer na atmosfera provocando a precipitação.
Coalescência → É o processo de aumento de tamanho das gotículas de água no interior da
nuvem que pode ser provocado por:
* Pela difusão do vapor d‟água em direção à superfície da nuvem onde se condensará;
* Pela colisão das gotículas devido às diferentes velocidades em função das forças elétricas,
da força da gravidade e do movimento turbulento no interior da nuvem.

NUVEM → são massas de ar que se resfriam adiabáticamente se expandem e se elevam na


atmosfera podendo provocar chuva ou não.

6. Principais tipos de nuvens:


Unidade IX 71

As nuvens se desenvolvem:

 Nas regiões tropicais → Do nível do mar até os 18 km ;


 Nas latitudes médias → Do nível do mar até os 13 km ;
 Nas regiões polares → Do nível do mar até os 8 km ;

6.1. Quanto à altura:

Camada Regiões Polares Regiões Tempe- Região Tropical Tipos mais Fre-
radas qüentes
Superior 3 a 8 km 5 a 13 km 6 a 18 km Ci, Cs, Cc
Média 2 a 4 km 2 a 7 km 2 a 8 km Ac, As, Ns
Inferior Até 2 km Até 2 km Até 2 km Sc,St

Ci → Cirro;
Cs → Cirrostrato;
Cc → Cirrocúmulo;
Ac → Altocúmulo;
As → Altostrato;
Ns → Nibostrato;
Sc → Estratocúmulo;
St → Estrato;

Cu → Cúmulo;
Cb → Cumulonimbo → Essas nuvens têm suas bases na camada inferior e seus topos na ca-
mada média e muitas vezes na camada superior da atmosfera.

7. Tipos de Chuva

7.1. CONVECTIVAS → Ocorrem na época mais quente do ano. É a típica chuva de verão,
com grande intensidade e curta duração. Pode produzir ventos locais e muitos raios. Ocorre
pela formação e elevação de massas de ar quente.

7.2. CICLÔNICAS OU FRONTAIS → É uma chuva de menor intensidade, com pingos me-
nores, e de longa duração. Pode ocorrer por vários dias, apresentando pausas e chuviscos en-
tre fases mais intensas.Na metade sudeste do continente, pode ocorrer em qualquer época do
ano, mas tem maior duração nos meses frios, quando os fenômenos atmosféricos são menos
intensos. Ocorre em uma imensa área simultaneamente e se forma pelo encontro de duas mas-
sas de ar, uma quente e úmida e outra fria, normalmente vinda do pólo sul.

7.3. OROGRÁFICAS → Ocorrem nas regiões serranas. Ocorre quando uma nuvem encontra
um alto obstáculo em seu caminho, como uma grande elevação do terreno, cadeia de morros,
serra, etc. Para a massa de ar transpor o obstáculo, é forçada a subir. O ar que sobe é ar que se
expande pela menor pressão atmosférica, e ar que se expande é ar que "dilui" calor. Massa
de ar que perde calor, perde junto a capacidade de conter umidade, o que gera nuvens e em
segmento, chuva. Daí a grande incidência de nebulosidade e chuvas, muitas vezes torrenci-
ais, nas encostas dos morros. Estas nuvens podem provocar tempestades elétricas perigo-
sas, pela proximidade da terra com as nuvens, sobretudo quando ocorre juntamente com outro
tipo de chuva (frontal, convectiva).
Unidade IX 72

8. Variação Anual das Precipitações

8.1. Região Sul → As precipitações variam pouco ao longo do ano;

8.2. Região Sudeste e centroeste → As maiores precipitações ocorrem na época mais quente
do ano, por volta do solstício de verão;

8.3. Região Norte → As maiores precipitações ocorrem por volta do equinócio de outono e as
menores por volta do equinócio de primavera;

8.4. Região Nordeste → As maiores precipitações ocorrem do final do verão ao início do ou-
tono;

9. Regimes Pluviométricos do Nordeste:

 Quixeramobim → As maiores precipitações ocorrem em março e abril, dependem do


posicionamento da ZONA DE CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL;
 Salvador → As maiores precipitações são em abril e maio, dependem das ONDAS DE
LESTE;
 Olinda → As maiores precipitações ocorrem em maio e junho, dependem das ONDAS
DE LESTE;
 Caetité → As maiores precipitações ocorrem em novembro e dezembro, dependem
das FRENTES FRIAS VINDAS DOS PÓLOS;
 Remanso → As maiores precipitações ocorrem em dezembro e janeiro, dependem das
FRENTES FRIAS VINDAS DOS PÓLOS e aos VÓRTICES CICLÔNICOS DA
ALTA TROPOSFERA (VCA);

10. Sistemas que Provocam Chuvas no Nordeste Brasileiro:

 ZONA DE CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL (ZCIT) → é uma banda de nuvens


que circunda a faixa equatorial do globo terrestre, formada principalmente pela con-
fluência dos ventos alísios do hemisfério norte com os ventos alísios do hemisfério
sul. De maneira simplista, pode-se dizer, que a convergência dos ventos faz com que o
ar, quente e úmido ascenda, carregando umidade do oceano para os altos níveis da at-
mosfera ocorrendo a formação das nuvens.A Zona de Convergência Intertropical -
ZCIT é o sistema meteorológico mais importante na determinação de quanto serão
abundantes ou deficientes as chuvas no setor norte do Nordeste do Brasil. Normal-
mente a ZCIT migra sazonalmente de sua posição mais ao norte, aproximadamente
12ºN, em agosto-setembro para posições mais ao sul e aproximadamente 4ºS, em mar-
ço-abril. A ZCIT é mais significativa sobre os Oceanos e por isso, a Temperatura da
Superfície do Mar-TSM é um dos fatores determinantes na sua posição e intensidade.

 FRENTE FRIA → Um outro importante mecanismo causador de chuvas no Nordeste


do Brasil está ligado à penetração de Frentes Frias-FF até as latitudes tropicais entre os
meses de novembro e janeiro. As frentes frias são bandas de nuvens organizadas que
se formam na região de confluência entre uma massa de ar frio (mais densa) com uma
massa de ar quente (menos densa). A massa de ar frio penetra por baixo da quente,
como uma cunha, e faz com que o ar quente e úmido suba, forme as nuvens e conse-
quentemente as chuvas.
Unidade IX 73

 VÓRTICE CICLÔNICO DE AR SUPERIOR → Os Vórtices Ciclônicos de Ar Supe-


rior - VCAS que atingem a região Nordeste do Brasil, formam-se no Oceano Atlântico
entre os meses de outubro e março e sua trajetória normalmente é de leste para oeste,
com maior freqüência entre os meses de janeiro e fevereiro.Os VCAS são um conjunto
de nuvens que, observado pelas imagens de satélite, têm a forma aproximada de um
círculo girando no sentido horário. Na sua periferia há formação de nuvens causadoras
de chuva e no centro há movimentos de ar de cima para baixo (subsidência), aumen-
tando a pressão e inibindo a formação de nuvens.

 LINHAS DE INSTABILIDADE → As Linhas de Instabilidade-LI, que se formam


principalmente nos meses de verão no hemisfério sul (dezembro a março), encontram-
se ao sul da Linha do Equador influenciando as chuvas no litoral norte do Nordeste e
regiões adjacentes e ocorrem no período da tarde e início da noite.As Linhas de Insta-
bilidade são bandas de nuvens causadoras de chuva, normalmente do tipo cumulus,
organizadas em forma de linha, daí o seu nome. Sua formação se dá basicamente pelo
fato de que com a grande quantidade de radiação solar incidente sobre a região tropi-
cal ocorre o desenvolvimento das nuvens cumulus, que atingem um número maior à
tarde, quando a convecção é máxima, com conseqüentes chuvas. Outro fator que con-
tribui para o incremento das Linhas de Instabilidade, principalmente nos meses de fe-
vereiro e março, é a proximidade da ZCIT.

 ONDAS DE LESTE → As ondas de leste-OL são ondas que se formam no campo de


pressão atmosférica, na faixa tropical do globo terrestre, na área de influência dos ven-
tos alísios, e se deslocam de leste para oeste, ou seja, desde a costa da África até o lito-
ral leste do Brasil.O Estado do Ceará também recebe chuvas nos meses de junho, julho
e agosto, que são influenciadas por esse sistema atmosférico denominado Ondas de
Leste. Este sistema provoca chuvas principalmente na Zona da Mata que se estende
desde o Recôncavo Baiano até o litoral do Rio Grande do Norte. Quando as condições
oceânicas e atmosféricas estão favoráveis as Ondas de Leste também provocam chu-
vas no Estado do Ceará, principalmente na parte centro-norte do Estado.

 OSCILAÇÃO 30 - 60 DIAS → Sistema Atmosférico (onda de pressão) que se desloca


de oeste para leste contornando o globo terrestre num período entre 30 a 60 dias, que
pode favorecer ou inibir a chuva, dependendo de sua fase, sobre a região nordeste,
quando de sua passagem (O-30-60).

OBSERVAÇÕES:

 Chuvas Ácidas → São chuvas cujo pH é menor que 5,6 e são provocadas pela presen-
ça na atmosfera dos óxidos de nitrogênio (NOx) e dos dióxidos de enxofre (SO2) que
reagem com o hidrogênio, com o oxigênio e a água das nuvens, gerando, por meio de
um processo fotoquímico, os ácidos nítrico e sulfúrico que caem na forma de chuva,
podendo provocar:

 alteração na composição dos solos;


 extermínio da vida aquática;
 doenças de pele e dos pulmões;
 paralização da fotossíntese, acarretando amarelecimento das folhas, inibição no cres-
cimento das plantas e diminuição no tamanho dos frutos.
Unidade IX 74

 Chuva Efetiva → É a fração da chuva total que é realmente utilizada pelas plantas,
uma vez que parte do total precipitado se perde por escoamento superficial, por perco-
lação profunda abaixo do sistema radicular ou por evaporação do solo para a atmosfe-
ra.

11. Métodos de Previsão de Seca


11.1. Método das Analogias → Aquele em que a previsão era feita identificando-se situações
do passado que pudessem ser comparadas com situações presentes;

11.2. Método Estatístico → Baseia-se no fato de que o clima de uma região pode ser previsto
através do estudo estatístico de dados climáticos registrados no passado;

11.3. Método Físico-Estatístico → Baseia-se nos conhecimentos físicos e dinâmicos da at-


mosfera;

11.4. Método Numérico-Físico-Dinâmico → A previsão é feita através da resolução das


equações do movimento e da termodinâmica da atmosfera e do comportamento da radiação
solar, da pressão, dos ventos e das temperaturas dos oceanos. Necessita de supercomputadores
para rodar os modelos.

12. EL-Nino → É o aquecimento da água do Oceano Pacífico ao longo da região equatorial.


Com este aquecimento os processos evaporativos se intensificam e através da convecção
transportam grandes quantidades de vapores de água para a atmosfera, formando nuvens e
provocando chuvas acima do normal sobre o pacífico. Em conseqüência disso, forma-se uma
circulação térmica no sentido Oeste-Leste e onde essa massa de ar ascende provoca chuvas,
conseqüentemente onde desce, provoca seca. Quase sempre as regiões de descendência são:
Indonésia e Austrália, Oceano Indico, Oceano Atlântico e Nordeste do Brasil. O resfriamento
das águas do Oceano Pacífico abaixo do normal, ao longo da linha do equador, em contraste
com o El-nino, é chamado de La-Nina e normalmente costuma provocar secas na região Sul
do Brasil e enchentes na região nordeste. Deve-se ter cuidado com estas afirmativas, pois am-
bos os fenômenos, não explicam mais que 65 % da ocorrência de seca ou enchente na região
nordeste do Brasil.

13. Métodos para estimativa da precipitação pluviométrica média em uma região:

13.1. Método da média aritmética

 Pi
P i 1

Pi; é a precipitação em cada posto;


N; o número de postos.

13.2. Método de Thiessen


Unidade IX 75

 PiSi
P i 1
n

 Si
i 1

Si; é a área de influência de cada posto;


Pi; a precipitação média em cada posto.

13.3. Método das Isoietas

n
 Pi  Pi 1 
 Si 
P
i 1  2 
n

 Si
i 1

14. Preenchimento de falhas em séries históricas

n  Px 
  Pi Pi 
Px 
i 1  
N 1

Px; é a precipitação faltante;


Pi; precipitação em cada posto no ano em questão;
Px ; a precipitação média da localidade em questão;
Pi ; a precipitação média de cada posto.
Unidade IX 76

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO – UFERSA


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS - DCA
DISCIPLINA: CLIMATOLOGIA

7a LISTA DE EXERCÍCIOS

1. Provar matematicamente que em uma precipitação de 20 mm, cai 20 litros de água em cada
metro quadrado.

2. Determinar a quantidade de água caída sobre a área de uma propriedade de 500 hectares,
após uma chuva de 30 mm.

3. Em uma Fazenda, por descuido, o fazendeiro quebrou a proveta de seu pluviômetro. A


referida proveta havia vindo de fábrica, acompanhando o pluviômetro, e já era graduada
em mm. Para substituí-la foi comprada uma proveta graduada em ml. Determinar o fator
(f) que deverá ser multiplicada a leitura da nova proveta, para que o resultado seja
transformado em mm de chuva. Sabe-se, ainda, que a área de captação do pluviômetro tem
um diâmetro de 22,5 cm2.

4. Verificar se uma proveta graduada em mm pertence a um pluviômetro de área de captação


de 450 cm2, sabendo-se que 350 ml de água colocados na proveta, indicam uma
precipitação de 10 mm.

5. Os registros de uma estação meteorológica indicaram que uma chuva de 45 mm teve início
às 14:20 horas e término às 15:40 horas. Determinar a intensidade média dessa chuva.

6. De acordo com os dados da Tabela 1, determinar a precipitação pluviométrica media da


região usando os métodos da média aritmética e Thiessen.
Tabela 1. Dados pluviométricos de algumas cidades da Região Oeste do RN.
CIDADE PRECIPITAÇÃO MÉDIA ÁREA DE INFLUÊNCIA
(mm/ano) (km2)
Mossoró 658 3500
Apodi 735 1600
Caraúbas 610 1200
Areia Branca 830 2900
G. D. Rosado 500 1000
Upanema 600 1200
Assú 820 3500
São Rafael 630 1300

7. Usando o mapa de isoietas abaixo, determinar a precipitação pluviométrica média na bacia


hidrográfica.
Unidade IX 77

8. De acordo com o pluviograma (anexo) determinar:


a) a hora de início da precipitação;
b) a hora do final da precipitação;
c) a duração da precipitação;
d) o total precipitado;
e) a intensidade.

Mapa de Isoietas de uma Bacia Hidrográfica

650 700 750 800 850 900 950 1000

S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7

ÁREAS
S1 = 180 km2
S2 = 280 km2
S3 = 450 km2
S4 =670 km2
S5 = 600 km2
S6 = 400 km2
S7 = 200 km2

Pluviograma de uma chuva ocorrida em Mossoró-RN no dia 14 de Março de 1985.


Unidade X 78

UNIDADE X

EVAPORAÇÃO E EVAPOTRANSPIRAÇÃO

1. EVAPORAÇÃO → É o processo físico pelo qual a água passa de uma superfície livre ou
de uma superfície umedecida, para a atmosfera, na forma de vapor, a qualquer temperatura
abaixo da temperatura de ebulição.

2. DEFINIÇÕES

2.1. EVAPORAÇÃO DE LAGO (EL) → É a lâmina de água perdida para a atmosfera, na


forma de vapor, que ocorre em uma superfície de água livremente exposta às condições at-
mosféricas.

2.2. EVAPORAÇÃO POTENCIAL (EP) → É a lâmina de água que seria perdida para a at-
mosfera, na forma de vapor, por uma superfície de água pura livremente exposta às condições
atmosféricas.

2.3. EVAPORAÇÃO À SOMBRA (Ea) → É a lâmina de água que seria perdida para a at-
mosfera, na forma de vapor, por uma superfície de água pura livremente exposta às condições
atmosféricas, protegida da radiação solar direta e difusa.

3. FATORES QUE AFETAM À EVAPORAÇÃO

 Balanço de radiação na superfície;


 Pressão atual de vapor d‟água no ar;
 Temperatura do ar;
 Velocidade do vento.

4. CALOR LATENTE DE EVAPORAÇÃO (L) → É a quantidade de energia necessária para


evaporar a massa de 1 g de água a uma dada temperatura.

Para T= 0 oC → L = 2497 J.g-1, logo:

L = 2497 – 2,37 T (J.g-1)

Para T = 20 oC → L = 2450 J.g-1

Como 1 g = 1 cm3, admite-se:


L = 2450 J.g-1 = 2450 J.cm-3 = 245 J.mm-1

5. PODER EVAPORANTE DO AR (Ea) → É a capacidade de secamento apresentada pela


superfície evaporante em um dado instante.

Ea = f(u) ∆e

f(u); é uma função da velocidade do vento


∆e; é a variação da pressão atual de vapor, no período.

6.VARIAÇÃO DIÁRIA E ANUAL DA EVAPORAÇÃO


Unidade X 79

A variação diária e anual da evaporação acompanha o comportamento do balanço de


radiação na superfície evaporante.
Existem vários métodos para se estimar a evaporação em uma superfície de grandes
extensões de água, quase todos baseados na equação de DALTON.

EL  K 1  1,07V2 e0  ea 
onde:
EL; é a evaporação de lago (mm d-1);
V2; a velocidade do vento a 2 metros de altura (m s-1);
eo; a pressão de vapor na superfície da água (mb);
ea; a pressão de vapor a 2 metros de altura da superfície da água (mb);
K; é um coeficiente de ajuste:
K = 0,13 para grandes reservatórios;
K = 0,14 para reservatórios médios;
K = 0,15 para pequenos reservatórios;

7. TRANSPIRAÇÃO → é a evaporação da água que foi utilizada nos diversos processos me-
tabólicos necessários ao crescimento e desenvolvimento das plantas. Essa evaporação é feita
através dos estômatos que são estruturas de dimensões microscópicas (<50 μm) que encon-
tram-se nas folhas (5 a 200 por mm2) e que permitem a comunicação entre a parte interna da
planta e a atmosfera. Na maioria das plantas permanecem abertos durante o dia e fechados à
noite e nas condições de acentuado estresse hídrico. Este processo evita que as folhas sofram
um superaquecimento pela incidência direta da radiação solar, pois parte da energia absorvida
é usada na evaporação (2450 J.g-1). Quando há o estresse hídrico, essa energia não é dissipa-
da, havendo aquecimento da folha e conseqüente aumento do ∆e, daí a necessidade da planta
controlar a perda de água, fechando os estômatos para evitar o secamento e morte da folha.

8. EVAPOTRANSPIRAÇÃO → É a passagem da água para a atmosfera na forma de vapor,


através do processo conjugado de evaporação do solo e transpiração estomática e cuticular das
folhas das plantas. Difere do conceito de uso consuntivo, por que este contabiliza, também, a
água retida na planta, que foi usada em seus processos metabólicos.

8.1. FATORES QUE AFETAM A EVAPOTRANSPIRAÇÃO

 Balanço de radiação na superfície (80%);


 Pressão atual do vapor d‟água no ar (6%);
 Velocidade do vento (14%);
 Temperatura do ar;
 Disponibilidade de água no solo;
 Sistema radicular da cultura;
 Índice de área foliar;
 Fatores culturais;
 Características da cultura;
 Abertura dos estômatos;
 Fatores do solo.
Unidade X 80

8.2. TIPOS DE EVAPOTRANSPIRAÇÃO

8.2.1. EVAPOTRANSPIRAÇÃO POTENCIAL OU DE REFERÊNCIA (ETP ou Eto) → É a


máxima perda de água que poderá acontecer com uma cultura verde no campo, em pleno de-
senvolvimento vegetativo, de porte baixo e altura uniforme, que cobre totalmente uma super-
fície horizontal de solo, completamente exposta às condições atmosféricas reinantes no local,
sem que no solo exista nenhuma restrição de água. Admite-se que esta cultura possua uma al-
tura fixa de 0,12 m, albedo de 23% e resistência estomática de 69 s.m-1. Ex: Grama batatais
(Paspalum notatum, L.), Alfafa (Medicago sativa, L.).

8.2.2. EVAPOTRANSPIRAÇÃO REAL (ETr) → É a perda de água para a atmosfera, atra-


vés da evapotranspiração, que ocorre em uma cultura no campo, em pleno desenvolvimento
vegetativo em quaisquer condições de umidade do solo ou de elementos climáticos reinantes
no local.

8.2.3. EVAPOTRANSPIRAÇÃO DA CULTURA (ETc) → É a máxima perda de água para a


atmosfera, que ocorre através da evapotranspiração, com uma cultura em pleno desenvolvi-
mento vegetativo no campo livre de doenças e pragas, sem que no solo exista restrição de
água nem nutrientes.
8.2.4. EVAPOTRANSPIRAÇÃO ESTACIONAL (ETe) → É o total de água perdido para a
atmosfera, através da evapotranspiração de uma cultura, desde a germinação até a maturação
dos frutos.
Ex:
Alfafa 650 mm
Milho 500 a 550 mm
Trigo 400 a 450 mm
Soja 450 a 550 mm
Feijão de corda 300 a 400 mm
Algodão precoce 600 a 700 mm
Melão 500 a 600 mm

9. COEFICIENTE DE CULTIVO (Kc) → É a relação entre a aevapotranspiração da cultura


(ETc)e a evapotranspiração de referência (ETo). Seu valor varia com o estágio de desenvol-
vimento da cultura, com o tipo de solo e com as condições climáticas do local.

Estágios fenológicos da cultura para determinação do Kc:

ESTÁGIO INICIAL (I) → Compreende o plantio, germinação e desenvolvimento inicial da


cultura, até as plantas cobrirem 10% da superfície do solo.

DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO (II) → Vai do final do estágio I até as plantas atingi-


rem 80% do seu desenvolvimento vegetativo (início da floração).

FLORAÇÃO (III) → Do aparecimento das primeiras flores até o aparecimento dos primeiros
frutos.

FORMAÇÃO DOS FRUTOS (IV) → Do aparecimento dos primeiros frutos até o apareci-
mento dos primeiros frutos maduros.

MATURAÇÃO (V) → Do aparecimento dos primeiros frutos maduros até o final da colheita.
10. MÉTODOS PARA ESTIMATIVA DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA
Unidade X 81

10.1. MÉTODO DE THORNTHWAITE

Para 0 ≤ t < 26,5 oC

a
 10t 
ETo  16  f
 I 

Para t≥ 26,5 oC

ETo  415,85  32,24t  0,43t 2

onde:
t; é a temperatura média mensal;
I; o índice térmico mensal da região;
a; função cúbica do índice térmico;
f; fator de correção dependente do mês e do fortoperíodo.

12
I   0,2t 
1, 514

n 1

a  6,75.107 I 3  7,71.105 I 2  1,7912.102 I  0,49239

 ND  N 
f   
 30  12 

ND; é o número de dias do mês em questão;


N; o fotoperíodo médio do mês.

10.2. MÉTODO DO TANQUE CLASSE A

ETo  ECA.Kp

ECA; é a lâmina de água evaporada no tanque classe A;


Kp; o coeficiente de tanque.

Kp  0,482  0,024 ln( F )  0,000376V  0,0045UR


onde:

F; é a distância em metros da bordadura do tanque;


V; a velocidade do vento (km.d-1);
UR; a umidade relativa do ar (%).
Unidade X 82

10.3. MÉTODO DE PENMAN-MONTETH-FAO 1998

 900V2 es  e 
0,408S Rn  G  
ETo  t  273
S   1  0,34V2 

onde:
Rn; é a radiação líquida total diária (MJ. m-2.d-1)
G; o fluxo de calor no solo (MJ. m-2.d-1);
γ; é a constante psicrométrica (kPa.oC-1);
V2; a velocidade do vento a 2m (m.s-1);
es; a pressão de saturação (kPa);
e; a pressão atual do vapor (kPa);
S; a declividade da curva de saturação no gráfico psicrométrico (kPa.oC-1).

S
4098.es 
t  237,32

es 
estmáx  estmín 
2

 17,27t 
es  0,6108 exp  
 237,3  t 

UR.es
e
100

UR 
URmáx  URmín
2

t
tmáx  tmín 
2
P
  0,0016286  0,063 (k Pa oC-1)

  2,501  2,361.103 .t

onde:
P; é a pressão atmosférica (k Pa);
λ; o calor latente de evaporação (MJ.kg-1).

G  0,38t  td 
onde:
t; é a temperatura média diária do ar;
td; a temperatura média do ar nos três últimos dias ou a temperatura média do mês anterior.
Unidade X 83

10.3. MEDIDA DA EVAPORAÇÃO E DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO

10.3.1. MEDIDA DA EVAPORAÇÃO

A medida direta da evaporação exige a utilização de um reservatório (tanque) onde o


nível da água possa ser medido com precisão. É feita através de tanques evaporimétricos:
 TANQUE CLASSE A → Desenvolvido pelo Serviço Meteorológico dos Estados Uni-
dos. É um tanque cilíndrico, construído com chapa de ferro galvanizado, com 1,21 m
de diâmetro e 0,255 m de profundidade. Deve ser instalado sobre um estrado de ma-
deira a 0,15 m da superfície do solo, geralmente numa área gramada, quando o seu
propósito é estimar a evapotranspiração.
 TANQUE GGI – 3000 → Desenvolvido na antiga União Soviética. É um tanque ci-
líndrico com o fundo cônico, com 0618 m de diâmetro (3000 cm2 de área evaporante),
0,60 m de altura e 0,685 m de profundidade no centro. Este tanque fica enterrado no
solo com a borda a 0,075 m acima da superfície.
 TANQUE DE 20 m2 → É um tanque cilíndrico com 5 m de diâmetro e 2 m de profun-
didade, com uma superfície evaporante de 20 m2. É enterrado no solo com a borda a
0,075 m acima da superfície.

OBS: A evaporação medida pelo tanque classe A para ser comparada com o tanque de 20 m 2,
o mais preciso, torna-se necessário usar um coeficiente de tanque (Kp). Estudos mostram que
este coeficiente varia entre 0,67 e 0,89 com média de 0,76.

10.3.2. MEDIDA DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO


A medida direta da evapotranspiração é difícil e onerosa, justificando a sua utilização
somente em condições experimentais. Os equipamentos mais utilizados são os lisímetros ou
evapotranspirômetros que são constituídos de uma caixa impermeável, contendo um volume
de solo que permite conhecer com detalhes alguns termos do balanço hídrico do volume
amostrado. Os mais usados são:
 LISÍMETRO DE DRENAGEM → Baseia-se no princípio de conservação de massa
para a água em um volume de solo.
ARM  P  I  ET  AC  DP
Sendo:
P; a chuva (medida);
I; a irrigação (medida);
ET; a evapotranspiração (determinada);
AC; a ascensão capilar (desprezível);
DP; a drenagem profunda (medida).

 LISÍMETRO DE LENÇOL FREÁTICO CONSTANTE → Adota um sistema automá-


tico de alimentação e registro da água reposta de modo a manter o nível do lençol freá-
tico constante, sendo a evapotranspiração igual ao volume de água que sai do sistema
der alimentação.

 LISÍMETRO DE PESAGEM → Utiliza a medida automatizada de células de carga


instaladas sob uma caixa impermeável, medindo a variação de peso desta. Desse mo-
do, havendo consumo de água pelas plantas do lisímetro, ocorrerá uma diminuição do
peso do volume de controle, a qual é proporcional à evapotranspiração.
Unidade X 84

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO – UFERSA


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS - DCA
DISCIPLINA: CLIMATOLOGIA

8a LISTA DE EXERCÍCIOS

1. Estimar a lâmina de água evaporada em um grande reservatório de água, sabendo-se que


neste dia as temperaturas médias da água e do ar, foram 30 oC e 28 oC, respectivamente, e
a velocidade média do vento a 2 m, 6,5 m s-1.

2. De acordo com os dados abaixo, determinar a Evapotranspiração de Referência usando o


método do Tanque Classe A.
DADOS:
Bordadura: 10 m;
Velocidade do Vento: 2,2 m s-1 ou 190 km d-1;
Umidade Relativa do ar: 60%;
Evaporação no Tanque Classe A: 8,3 mm d-1.

3. Determinar a Evapotranspiração de Referência para todos os meses em Viçosa-MG (20o


45‟ S; 42o 51‟W; 690 m) utilizando o método de Thornthwaite.
Mês Tmédia (oC) N (h d-1) ETo (mm/mês)
Janeiro 22,1 13,2
Fevereiro 22,3 12,8
Março 21,8 12,2
Abril 20,0 11,6
Maio 17,7 11,2
Junho 16,0 10,9
Julho 15,4 11,0
Agosto 16,9 11,4
Setembro 18,3 12,0
Outubro 20,2 12,5
Novembro 20,2 13,2
Dezembro 21,3 13,3

4. Determinar a Evapotranspiração de Referência usando a equação de Penman-Monteith


proposta pela FAO, a partir dos dados abaixo:
 Saldo de radiação: 8,5 MJ m-2 d-1;
 Fluxo de calor no solo: 0,8 MJ m-2 d-1;
 Temperatura mínima do ar: 18 oC;
 Temperatura máxima do ar: 30 oC;
 Velocidade do vento a 2 metros: 1,8 m s-1;
 Umidade relativa mínima: 40%;
 Umidade relativa máxima: 100%;
 Constante psicrométrica: 0,063 kPa oC-1.
Unidade XI 85

UNIDADE XI

BALANÇO HÍDRICO DO SOLO PELO MÉTODO CLIMATOLÓGICO

1. CONCEITO

BALANÇO HÍDRICO → É a contabilização da água disponível em um solo para os vegetais,


considerando-se como entrada a precipitação pluviométrica e como saída a evapotranspiração,
levando-se em consideração, ainda, a capacidade de armazenamento de água pelo solo.

2. MÉTODOS PARA DETERMINAÇÃO DO BH

 Métodos diretos: através de tensiômetros e pesagens;


 Métodos indiretos: através de neutrômetros, radiação infravermelha, radiação gama
etc..
 Método climatológico: através dos dados climatológicos registrados no local.

CAPACIDADE DE ÁGUA DISPONÍVEL (CAD) → É a capacidade máxima que o solo


possui de armazenar água e deixá-la disponível para ser usada pelas plantas.

 CC  PMP 
CAD   .d .h
 100 

onde:
CC;é a capacidade de campo do solo (%);
PMP; é o ponto de murcha permanente do solo (%);
d; a densidade aparente (g cm3)
h; a profundidade ativa do sistema radicular da cultura (mm).

3. ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DO BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO

A estimativa do balanço hídrico climático pelo método proposto, em 1957, por Thorntwaite &
Mather, pode ser feita com o auxílio de uma calculadora e de uma planilha apropriada.

No cabeçalho dessa planilha devem ser informados:

 o nome da localidade
 suas coordenadas geográficas
 a capacidade de armazenamento do solo adotada
 períodos de observação aos quais se referem as médias da temperatura do ar e dos
totais pluviométricos mensais.
Unidade XI 86

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA AMBIENTAL
DISCIPLINA: CLIMATOLOGIA

BALANÇO HÍDRICO DO SOLO PELO MÉTODO CLIMATOLÓGICO DE


THORNTHWAITE E MATHER (1955)
Local: Viçosa-MG
Latitude: 20o 45‟ S
Longitude: 42o 51‟ W
Altitude: 651 m
Período: 1931-1960
CAD: 100 mm
Mês ETo P P-ETo Neg.Ac. ARM ALT ETR DEF EXC
(mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
JAN 107 233 126 0 100 0 107 0 126
FEV 92 176 84 0 100 0 92 0 84
MAR 92 154 62 0 100 0 92 0 62
ABR 71 66 05 05 95 05 71 0 0
MAI 54 29 025 030 74 021 50 4 0
JUN 42 20 022 052 59 015 35 7 0
JUL 41 12 029 081 44 015 27 14 0
AGO 50 12 038 0119 30 014 26 24 0
SET 64 50 014 0133 26 04 54 10 0
OUT 81 124 43 037 69 43 81 0 0
NOV 89 183 94 0 100 31 89 0 63
DEZ 100 283 183 0 100 0 100 0 183
TOTAL 883 1342 459 - - 0 824 59 518

AFERIÇÕES:

12 12 12

 p   ETo   P  ETo
1 1 1

12

 ALT  0
1

12 12 12

 ETo   ETR   DEF 


1 1 1

12 12 12 12

 p   ETR   EXC    ALT


1 1 1 1

 NEG. ACUM 
 
ARM  CAD. exp  CAD 

 ARM 
NEG. ACUM  CAD. ln  
 CAD 
Unidade XI 87

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO - UFERSA


CENTRO DE ENGENHARIAS - CE
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIA AMBIENTAL - DECAM

DISCIPLINA: CLIMATOLOGIA

BALANÇO HÍDRICO DO SOLO


MÉTODO CLIMATOLÓGICO DE THORNTHWAITE E MATHER (1955)
MODELO DE PLANILHA
Local:
Latitude:
Longitude:
Altitude:
Período:
CAD:
Mês ETo P P-ETo Neg.Ac. ARM ALT ETR DEF EXC
(mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
TOTAL
Unidade XII 88

UNIDADE XII

CLASSIFICAÇÕES CLIMÁTICAS

CONCEITO → É uma prática que tem como objetivo definir em termos de temperatura,
umidade do ar, precipitação pluviométrica e suas distribuições estacionais, os limites dos
diferentes tipos climáticos ou regiões climáticas existentes na superfície da Terra.

REGIÃO CLIMÁTICA → É uma certa área da superfície terrestre, sobre a qual os efeitos
combinados de diversos fatores resultam em um conjunto de condições climáticas
aproximadamente homogêneas.

TIPOS DE CLASSIFICAÇÕES CLIMÁTICAS:


 DE MARTONE
 GAUSSEN E BAGNOULS
 EMBERGUER
 TRANSEAU
 HARGREAVES
 TROLL
 PAPADAKIS
 W. KOEPPEN
 W. C. THORNTHWAITE

 CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE W. KOEPPEN → Identifica as regiões


climáticas da Terra através do estudo da vegetação, associado a valores numéricos de
temperatura e precipitação pluviométrica.

 CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE W. C. THORNTHWAITE → Identifica os


tipos climáticos da Terra através do estudo da temperatura e das precipitações
pluviométricas e mais os dados da evapotranspiração que representam as necessidades
hídricas das plantas.

INDICES CLIMÁTICOS:
 INDICE DE UMIDADE (Iu)  INDICE DE ARIDEZ (Ia)
EXC DEF
Iu  100 Ia  100
ETo ETo
 INDICE EFETIVO DE UMIDADE (Im)  INDICE DE EFICIÊNCIA TÉRMICA
Im  Iu - 0,6 Ia  (IET)
IET  ETo anual

 VARIAÇÃO ESTACIONAL DO INDICE DE EFICIÊNCIA TÉRMICA (VEIET)


ETo nov  dez  jan 
VEIET  .100
ETo anual
Unidade XIII 89

UNIDADE XIII

INTRODUÇÃO AO SENSORIAMENTO REMOTO

O sensoriamento remoto pode ser definido, de uma maneira mais ampla, como sendo a forma
de se obter informações de um objeto ou alvo, sem que haja o contato físico com o mesmo.
As informações são obtidas utilizando-se a radiação eletromagnética, geradas por fontes natu-
rais como Sol e a Terra, ou por fontes artificiais como por exemplo o radar.
Outras definições que podem encontradas na literatura:
• Conjunto de atividades relacionadas com a aquisição e análise dos dados de sensores
remotos
• Sensores Remoto Passivo são sistemas opto-eletrônicos capazes de detectar e registrar,
sob forma de imagens, o fluxo de energia radiante refletido ou emitido por objetos dis-
tantes
• Método que utiliza a radiação eletromagnética (REM) como meio de detectar e medir
algumas características dos alvos de interesse

Embora esta técnica têm sido utilizada desde 1859, quando da descoberta do processo foto-
gráfico, só recentemente o termo sensoriamento remoto foi incorporado na linguagem cientí-
fica.
As técnicas de sensoriamento remoto foram amplamente utilizadas durante a primeira e se-
gunda guerra mundial no planejamento de missões com fins militares. Porém, até então, ape-
nas fotografias aéreas obtidas á média e baixa altitude mereciam destaque.
Em 4 de outubro de 1957, pela primeira vez na história de nossa civilização, um objeto não
tripulado foi lançado ao espaço exterior e pôs-se a gravitarem em torno da Terra. Na década
de 60 deu-se o início aos experimentos espaciais tripulados, como por exemplo, a série de es-
paçonaves Gemini e Apolo da Nasa. O que motivou o desenvolvimento de uma série de sen-
sores com o objetivo de obter informações sobre a superfície terrestre.
Em 1972, os EUA deram um salto, e colocou em órbita o primeiro satélite de sensoriamento
remoto com finalidade civil, destinado a obtenção de dados, de forma rápida, confiável e repe-
titiva dos alvos terrestres.
A partir de então inúmeros outros sistemas de obtenção de dados passivos ou ativos, orbitais
ou suborbitais foram desenvolvidos, e hoje a enorme quantidade de informações fornecidas
Unidade XIII 90

por estes sensores nos permite conhecer melhor o nosso planeta, sendo ferramenta indispen-
sável ao inventário, mapeamento e monitoramento dos recursos naturais.
No Brasil, o sensoriamento remoto tomou impulso na década de 60 com o Projeto Radambra-
sil, que tinha como objetivo realizar um levantamento integrado dos recursos naturais do país.
Este programa proporcionou o treinamento especializado de diversos técnicos brasileiros, que
até então só conheciam o manuseio de fotografias aéreas.
A extensão do território brasileiro, e o pouco conhecimento dos recursos naturais, aliado ao
custo de se obter informações por métodos convencionais, forma decisivos para o país entrar
no programa de sensoriamento remoto por satélite.
Hoje, inúmeras instituições do país utilizam-se desta tecnologia para obter informações de ca-
ráter geológico, geomorfológico, pedológico, hidrológico, agrícola, de qualidade ambiental,
etc..
Neste contexto, falaremos nos parágrafos que se seguem, os aspectos mais relevantes que ca-
racterizam as duas fases principais do sensoriamento remoto, a fase de aquisição e a fase de
utilização dos dados.
Na fase de aquisição são fornecidas informações referentes à radiação eletromagnética, aos
sistemas sensores, ao comportamento espectral dos alvos, a atmosfera, etc.. Na fase de utiliza-
ção são mencionadas as diferentes possibilidades de aplicação destes dados nas várias áreas
do saber, assim como: agronomia, geografia, engenharia civil, geologia, hidrologia, pedolo-
gia, meteorologia, etc...

Radiação eletromagnética
Como mencionado anteriormente, na metodologia de sensoriamento remoto duas fases podes
ser destacadas: a aquisição de dados, a qual está relacionada com os processos de deteção e
registro da informação, e a fase de utilização e/ou análise dos dados, que compreende o trata-
mento e a extração de informações dos dados obtidos.
Na fase de aquisição temos alguns elementos que devem ser bem compreendidos para uma
correta interpretação de dados adquiridos. Esses elementos são: radiação eletromagnética,
fonte de radiação, efeitos atmosféricos, comportamento espectral dos alvos e sistema sensor.
O fluxo de radiação eletromagnética ao se propagar pelo espaço pode interagir com superfí-
cies ou objetos, sendo por este refletido, absorvido e/ou reemitido. Este fluxo depende forte-
mente das propriedades físico-químicas dos elementos irradiados, e o fluxo resultante consti-
tui uma valiosa fonte de informações a respeito daquelas superfícies ou objetos. Dentro deste
contexto, pode-se conceituar sensoriamento remoto como um conjunto de atividades, cujo ob-
Unidade XIII 91

jetivo consiste na caracterização das propriedades físico químicas de alvos naturais, através da
detecção, registro e análise do fluxo de energia radiante, por eles refletidos e/ou emitidos.
De todas as formas de energia existente, a de especial importância para o sensoriamento re-
moto é a radiação eletromagnética ou energia radiante, cujas fontes principais são o Sol e a
Terra.
A radiação eletromagnética (REM) é definida como sendo a forma de energia que se move à
velocidade da luz, seja em forma de ondas ou de partículas eletromagnéticas, e que não neces-
sita de um meio material para se propagar.
É gerada quando uma partícula eletrizada é acelerada, possuindo assim dois componentes,
uma elétrica e outra magnética, que vibram perpendicularmente à direção de propagação.
A faixa de comprimento de onda, freqüência ou energia em que se encontra a radiação ele-
tromagética é praticamente ilimitada. A representação contínua da radiação eletromagnética
em termos de comprimento de onda, freqüência ou energia é denominada de espectro eletro-
magnético, conforme pode ser visto na figura abaixo.

Figura – Espectro eletromagnético


Fonte:

Trata-se da ordenação contínua da energia eletromagnética em função do comprimento de on-


da ou da freqüência. O espectro eletromagnético é subdividido em faixas, que representam re-
giões possuindo características peculiares em termos de processos físicos geradores de ener-
gia, ou mecanismos físicos de deteção desta energia. Embora o limite de cada faixa não seja
bem definido, as seguintes regiões podem ser destacadas: raios cósmicos, raios gama (<
0,03nm), raios X (0,3 – 3,0 nm), ultravioleta (0,003 – 0,4m), Visível (0,4 – 0,72m), infra-
vermelho próximo (0,72 – 1,3m), infravermelho médio (1,3 – 4,0m), infravermelho distan-
Unidade XIII 92

te (4,0 – 300m), microondas (1,0 – 100cm) e ondas de radio (> 100cm). A medida que se
avança para a direita do espectro temos onda de maior comprimento e menor freqüência.
A faixa espectral, que se estende de 0,3m a 15m, é a mais usada em sensoriamento remoto
(UV – IRD), embora a região de microondas também seja utilizada. Das faixas mais utilizadas
em sensoriamento remoto, algumas recebem denominações próprias, a saber: Espectro foto-
gráfico ( 0,3 – 0,9 m) , Espectro refletivo (0,3 - 4,0 m), Espectro emissivo (> 4,0 m) e Es-
pectro Infravermelho Termal ( 8,0 - 14 m).

CONCEITOS FUNDAMENTAIS:

LEIS DE RADIAÇÃO
Lei de Kirchhoff
Para um determinado comprimento de onda e uma dada temperatura a absortividade
de um corpo é igual à sua emissividade.
a     

Lei de Stefan-Boltzman
A radiação emitida pelo corpo negro em todos os comprimentos de onda (emitância to-
tal) é proporcional à quarta potência de sua temperatura absoluta.
 
Me   M e d   E  , T d  T 4 ou Me = T 4
0 0

Lei de Wien
O comprimento de onda para o qual a emitância espectral de um corpo negro é máxi-
ma (λ*), é inversamente proporcional à sua temperatura absoluta (T).
K
* 
T

Lei de Planck
A energia emitida por um corpo negro é função da sua temperatura e da freqüência da
radiação.

E  , T  
C1
 C  
5 exp  2   1
  T  
Unidade XIII 93

Lei de Beer-Bouguer-Lambert
Quando um feixe monocromático de radiação atravessa um meio absorvente homogê-
neo, ele é atenuado exponencialmente.
  0 exp  k  Y 

Lei de Lambert
Quando um fluxo radiante (F) incide sobre uma superfície (S) formando um ângulo (Z)
com a normal à superfície, a irradiância (I) sobre a superfície considerada será o pro-
duto da irradiância na superfície normal aos raios solares (IN) pelo cosseno do ângulo
de incidência (cosZ).
I Z  I N cos(Z )
Temperatura de brilho (Tb) é a temperatura que um corpo negro deveria ter para emitir a
mesma quantidade de radiação espectral de um corpo real.
Tb   T
Temperatura de Radiação (Tr) é a temperatura que um corpo negro deveria ter para possuir a
mesma radiância integrada de um corpo real, a uma dada temperatura.
Tr  T 4 

EFEITOS ATMOSFÉRICOS:
Quando se adquire um dado através de um sensor remoto, seja a nível orbital ou suborbital, o
sinal coletado interage com a atmosfera até atingir o sensor. Assim, torna-se importante co-
nhecer os efeitos causados pela atmosfera no sinal medido pelo sensor.
Dois são os processos de atenuação mais importantes que afetam a propagação da radiação
eletromagnética pela atmosfera: absorção e espalhamento.

Absorção: a radiação eletromagnética ao se propagar pela atmosfera é absorvida seletivamen-


te pelos seus vários constituintes, tais como: vapor d‟água, ozônio, dióxido de carbono, etc..
Dentro das faixas do ultravioleta e visível o ozônio é o principal atenuador por absorção, en-
quanto que na faixa do infravermelho o vapor d‟água e o dióxido de carbono são os principais
atenuadores.
Unidade XIII 94

Existe, entretanto, ao longo de todo o espectro eletromagnético, regiões onde a absorção at-
mosférica é relativamente pequena; estas regiões são conhecidas como janelas atmosféricas.
São essas regiões que são desenvolvidas praticamente todas as atividades de sensoriamento
remoto.
As principais janelas atmosféricas são:
0,3 – 1,3 m (ultravioleta – infravermelho próximo)
1,5 – 1,8 m (infravermelho médio)
2,0 – 2,6 m (infravermelho médio)
3,0 – 3,6 m (infravermelho médio)
4,2 – 5,0 m (infravermelho distante)
8,0 – 14,0 m (infravermelho termal)

Espalhamento: Enquanto no processo de absorção a radiação eletromagnética é absorvida,


transformada em outras formas de energia e reemitida em outros comprimentos de onda, no
processo de espalhamento a radiação solar incidente na atmosfera, ao interagir com esta, gera-
rá um campo de luz difusa que se propagará em todas as direções.
Dependendo do tamanho das partículas espalhadoras e do comprimento de onda da radiação,
pode-se distinguir três tipos de espalhamento.
a) Espalhamento molecular ou Rayleigh é produzido essencialmente pelas partículas de gases
constituintes da atmosfera, cujo diâmetro das partículas são menores que o comprimento de
onda da radiação.
 >> d  espalhamento ~ 1/ 4
b) Espalhamento Mie: ocorre quando o diâmetro das partículas presentes na atmosfera forem
da ordem do comprimento de onda da radiação.
 ~ d espalhamento~ 1/ 2 ou 1/ 
c) Espalhamento não-seletivo: ocorre quando o diâmetro das particlas são muito maiores que
os comprimentos de onda. Neste caso, a radiação eletromagnética de diferentes comprimentos
de onda será espalhada com igual intensidade. Este tipo de espalhamento explica a coloração
branca das nuvens.
 <<d  todos os „s são espalhados igualmente
Tanto no processo de planejamento de aquisição de dados por sensores remotos, quanto no
processo de interpretação, é importante levar em consideração o fenômeno de espalhamento,
pois a radiação eletromagnética coletada pelo sistema sensor não provém somente do alvo,
Unidade XIII 95

uma vez que a radiação espalhada pela atmosfera e por outros alvos poderá também atingir o
sistema sensor, mascarando, total ou parcialmente, a informação desejada.

SISTEMAS SENSORES

Sensor é um dispositivo capaz de responder à radiação eletromagnética em determinada faixa


do espectro eletromagnético, registrá-la e gerar um produto numa forma adequada para ser in-
terpretada pelo usuário.
Um sistema sensor é constituído basicamente de um coletor, que pode ser uma lente, espelho
ou antena e um sistema de registro, que pode ser um detetor ou filme.
Os sistemas sensores utilizados na aquisição e registro de informações de alvos podem ser
classificados segundo a resolução espacial (imageadores e não-imageadores), segundo a fonte
de radiação (ativos ou passivos) e segundo o sistema de registro (fotográfico e não-
fotográfico).
Sensores imageadores: são os sistemas que fornecem uma imagem de um alvo. Como exem-
plos estão os “scanners” e as câmaras fotográficas.
Sensores não-imageadores: são os sistemas que fornecem informações sobre o alvo sem pro-
duzir imagens, estas informações podem estar contidas em gráfico, tabelas, etc.. Como exem-
plo destes sensores temos os radiômetros, espectroradiômetros e termômetros de radiação.
Sensores ativos: os mesmos são ditos ativos quando têm uma fonte própria de radiação ele-
tromagnética. Exemplos como o radar e uma câmara fotográfica com flash.
Sensores passivos: os que não possuem fonte própria de radiação eletromagnética. Exemplos
como radiômetros, espectroradiômetros e termômetros de radiação
Sensores fotográfico: são sistemas sensores que utilizam como fonte de registro um filme fo-
tográfico. A câmarara fotográfica é um exemplo deste tipo de sensor.
Sensores não-fotográfico: são os sistemas que não utilizam como fonte de registro um filme.
Como exemplo têm-se: radiômetros, sensor TM/Landsat, sensor MSS/Landsat. SPOT.

Os dados de sensoriamento remoto podem ser agrupados em quatro domínios ou resoluções, a


saber: temporal, radiométrico, espectral, espacial ou geométrico.
• Resolução Temporal do Sistema Sensor está relacionada com a repetitividade ou fre-
qüência de amostragem da cena com que o sistema sensor possui na obtenção de in-
Unidade XIII 96

formações dos alvos. Por exemplo, o satélite Landsat 5 apresenta uma repetitividade
de 16 dias.
• Resolução Geométrica ou Espacial pode ser definida como sendo a mínima distância
entre dois objetos (alvos) que um sensor pode registrá-los como sendo objetos distin-
tos. Depende das características dos detetores, altitude da plataforma, contraste entre
os objetos, etc.. Por exemplo o sistema sensor TM possui uma resolução espacial de
30 metros, nas bandas 1, 2, 3, 4, 5 e 7.
• Resolução Espectral refere-se a melhor ou pior caracterização dos alvos em função da
largura espectral e/ou número de bandas em que opera o sistema sensor. Define a lar-
gura espectral das medidas do sensor. Uma alta resolução espectral é obtida quando as
bandas de um sistema sensor são estreitas e/ou se utiliza um maior número de bandas
espectrais. Quanto maior número de medidas menor será o intervalo de comprimento
de onda (banda espectral).
• Resolução Radiométrica é entendida como sendo a maior ou menor capacidade de um
sistema sensor em detectar e registrar diferenças de reflectância e/ou emitância dos
elementos da paisagem (rocha, solo, água, vegetação, etc..)No Landsat 5 – TM, as in-
formações dos alvos imageados são registradas em 256 tons (8 bits) distintos de cinza
ou números digitais.
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QUADRO - DIA DE ORDEM DO ANO


Mês
Dia JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
1 1 32 60 91 121 152 182 213 244 274 305 335
2 2 33 61 92 122 153 183 214 245 275 306 336
3 3 34 62 93 123 154 184 215 246 276 307 337
4 4 35 63 94 124 155 185 216 247 277 308 338
5 5 36 64 95 125 156 186 217 248 278 309 339
6 6 37 65 96 126 157 187 218 249 279 310 340
7 7 38 66 97 127 158 188 219 250 280 311 341
8 8 39 67 98 128 159 189 220 251 281 312 342
9 9 40 68 99 129 160 190 221 252 282 313 343
10 10 41 69 100 130 161 191 222 253 283 314 344
11 11 42 70 101 131 162 192 223 254 284 315 345
12 12 43 71 102 132 163 193 224 255 285 316 346
13 13 44 72 103 133 164 194 225 256 286 317 347
14 14 45 73 104 134 165 195 226 257 287 318 348
15 15 46 74 105 135 166 196 227 258 288 319 349
16 16 47 75 106 136 167 197 228 259 289 320 350
17 17 48 76 107 137 168 198 229 260 290 321 351
18 18 49 77 108 138 169 199 230 261 291 322 352
19 19 50 78 109 139 170 200 231 262 292 323 353
20 20 51 79 110 140 171 201 232 263 293 324 354
21 21 52 80 111 141 172 202 233 264 294 325 355
22 22 53 81 112 142 173 203 234 265 295 326 356
23 23 54 82 113 143 174 204 235 266 296 327 357
24 24 55 83 114 144 175 205 236 267 297 328 358
25 25 56 84 115 145 176 206 237 268 298 329 359
26 26 57 85 116 146 177 207 238 269 299 330 360
27 27 58 86 117 147 178 208 239 270 300 331 361
28 28 59 87 118 148 179 209 240 271 301 332 362
29 29 88 119 149 180 210 241 272 302 333 363
30 30 89 120 150 181 211 242 273 303 334 364
31 31 90 151 212 243 304 365
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