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Ciência & Saúde Coletiva

cienciaesaudecoletiva.com.br DOI: 10.1590/1413-81232024298.06532023


ISSN 1413-8123. v.29, n.8

Arranjos e inovações para o cuidado em saúde mental 1

no enfrentamento da COVID-19: revisão integrativa

ARTIGOS DE REVISÃO
Mental health care measures and innovations to cope with
COVID-19: an integrative review

Amanda Seraphico Carvalho Pereira da Silva (https://orcid.org/0000-0003-4595-0248) 1


Lumena Almeida Castro Furtado (https://orcid.org/0000-0001-7897-9739) 1
Luís Fernando Nogueira Tofani (https://orcid.org/0000-0002-1092-2450) 1
André Luiz Bigal (https://orcid.org/0000-0003-1020-2629) 1
Larissa Maria Bragagnolo (https://orcid.org/0000-0002-6643-8465) 1
Amanda da Cruz Santos Vieira (https://orcid.org/0009-0002-2446-1541) 1
Carolina Loyelo Lima (https://orcid.org/0009-0008-5073-5677) 1
Letícia Bucioli Oliveira (https://orcid.org/0009-0003-6814-9418) 1
Arthur Chioro (https://orcid.org/0000-0001-7184-2342) 1

Abstract This integrative review aims to iden- Resumo A presente revisão integrativa tem
tify the mental health care measures that were por objetivo identificar os arranjos de cuidado
produced during the COVID-19 pandemic. This em saúde mental que foram implementados no
research was conducted on three databases (Sci- enfrentamento à pandemia de COVID-19. Rea-
ELO, PubMed, and LILACS) with the following lizou-se busca em três bases de dados (SciELO,
descriptors in Portuguese, English, and Spanish: PubMed e LILACS), em português, inglês e es-
“SAÚDE MENTAL” or “SALUD MENTAL” or panhol, com os descritores “SAÚDE MENTAL”
“MENTAL HEALTH” AND “COVID-19” from or “SALUD MENTAL” or “MENTAL HEALTH”
2020 to 2021. In total, 3,451 articles were found, AND “COVID-19”, no período de 2020 a 2021.
43 of which were analyzed. Most measures were Foram encontrados 3.451 artigos, sendo 43 se-
digital, stemmed from public institutions, focused lecionados para análise. Em relação ao cuidado
on the local perspective, and were integrated with em saúde mental, os principais arranjos identifi-
the public health care system. This study discuss- cados foram os digitais, de natureza pública, de-
es the models of care in mental health based on senvolvidos na esfera municipal e com integração
measures to cope with the COVID-19 pandemic. com a rede de saúde. Os modelos de cuidado em
It also discusses the Brazilian health care system, saúde mental para o enfrentamento da pande-
reiterating its resilience. In conclusion, digital mia são discutidos a partir dos tipos de arranjo
measures occurred most often. This study suggest produzidos nesse contexto sanitário emergencial
the evaluation of the accessibility of this mental e crítico. Apresenta-se, ainda, um recorte da re-
health care model for most vulnerable groups. alidade encontrada no Sistema Único de Saúde
Finally, this research reinforces the importance (SUS), reiterando sua resiliência. Concluiu-se que
of the Brazilian health care system for public os arranjos digitais foram os mais usados e que
health and access to information to cope with the há necessidade de investigar a acessibilidade deste
COVID-19 pandemic. modelo para populações com maior vulnerabili-
Key words Mental health, COVID-19, Commu- dade social. Reafirma-se a importância do SUS
nity support, Healthcare models para o enfrentamento da COVID-19 e no acesso
a informações de saúde.
1
Universidade Federal de
São Paulo. R. Botucatu 740, Palavras-chave Saúde mental, COVID-19, Apoio
Vila Clementino. 04023- comunitário; Modelos de assistência à saúde
062 São Paulo SP Brasil.
amandaseraphico96@
gmail.com
Cien Saude Colet 2024; 29:e06532023
2
SilvaASCP et al.

Introdução de contaminação, falta de equipamentos de pro-


teção e/ou em função do luto causado pela perda
A saúde mental é um dos campos mais comple- de colegas e pacientes, essa população lida com
xos, transversalizados e amplos dentro da área diversos agravantes para as condições de vida, tra-
da saúde, sendo multiprofissional, não restrito às balho e saúde mental7.
patologias ou semiologias, realizado em ato, nos O presente estudo faz parte de uma pesquisa
territórios e em liberdade¹. mais ampla, financiada pela Fundação de Amparo
A eclosão da pandemia de COVID-19, com à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) – PP-
ponto inicial na China, mas que se alastrou rapi- SUS, coordenada por pesquisadores da Univer-
damente para todos os países, exigiu grande ca- sidade Federal de São Paulo (Unifesp), em cola-
pacidade de adaptação e resiliência dos serviços boração com universidades públicas brasileiras e
de saúde. As recomendações iniciais da Organi- portuguesas, com apoio da Secretaria Estadual de
zação Mundial de Saúde (OMS) indicavam como Saúde de São Paulo (SES-SP) e do Conselho dos
principais ações de combate à disseminação do Secretários Municipais de São Paulo (COSEMS-
novo coronavírus a higienização das mãos, o uso -SP).
de máscaras, o isolamento social e a restrição das Frente ao exposto, busca-se no presente artigo
atividades não essenciais². Essas medidas foram identificar os arranjos de cuidado em saúde men-
adotadas, com maior ou menor grau de adesão tal que foram implementados na pandemia, par-
pública, pela maioria dos países. tindo-se da seguinte questão de pesquisa: quais ar-
Os serviços de saúde foram obrigados a re- ranjos foram produzidos para o cuidado em saúde
adequar seu modo de funcionamento. Segundo mental no contexto da pandemia de COVID-19?
o Relatório da Organização Pan-Americana de
Saúde, que abordou a situação de 35 países signa-
tários da organização, os serviços de saúde men- Metodologia
tal na América Latina sofreram com a falta de
financiamento adequado para a continuidade da A metodologia escolhida para a realização dessa
oferta de cuidado³. Além disso, aponta a falta de pesquisa foi a revisão integrativa, que, segundo
planejamento para o cuidado com os grupos em Mendes et al.,8 busca, na literatura, aglutinar pro-
situações de vulnerabilidade, a descontinuidade duções que tenham resultados e reflexos nas práti-
no atendimento a usuários de álcool e outras dro- cas cotidianas e sintetizar esses achados.
gas e que os serviços específicos para atendimento A partir da pergunta de pesquisa, foram de-
dessas populações, bem como os de cuidados pri- finidos como estratégia de busca os descritores
mários, foram mais precarizados durante a pan- “SAÚDE MENTAL” or “SALUD MENTAL” or
demia, em detrimento dos serviços ambulatoriais “MENTAL HEALTH” AND “COVID-19”. As ba-
e hospitalares em saúde mental. ses de dados utilizadas foram SciELO, LILACS e
As ações para combate à COVID-19, somadas PubMed. A busca foi realizada em 18 de janeiro
às novas formas de funcionamento dos serviços de 2022 com esses descritores, nas línguas por-
de saúde mental, também foram agravantes para tuguesa, inglesa e espanhola, compreendendo as
a piora nos índices de saúde mental³. Os níveis de publicações referentes aos anos de 2020 e 2021,
ansiedade e depressão na vivência da pandemia bem como aquelas já publicadas no curto período
aumentaram significativamente, tanto nas cama- referente ao ano de 2022.
das mais pobres quanto nas mais ricas4. Foram encontradas 3.451 produções nesse
Vale destacar que na vigência de processos período, sendo 92 na base da LILACS, 245 na
epidêmicos anteriores, como ebola e H1N1, entre SciELO e 3.114 na PubMed. A etapa seguinte da
outros, evidenciou-se que a saúde mental das po- coleta foi a exclusão de duplicidade pelas bases. As
pulações tende a piorar, não sendo a COVID-19 publicações selecionadas foram analisadas por lei-
exceção à regra5. Segundo levantamento realiza- tura de títulos e resumos e foram excluídas todas
do por Garrido e Rodrigues (2020), no Brasil o aquelas que não fossem artigos científicos e/ou
consumo de álcool e outras drogas na população que não respondessem à pergunta norteadora da
geral aumentou a partir da exigência de isolamen- pesquisa. A etapa final contemplou a leitura na
to social imposta como medida de prevenção da íntegra dos artigos que restaram, sendo excluídos
COVID-196. aqueles sem acesso na íntegra e gratuito ou que
Outro grupo sumariamente afetado pelas não respondessem à pergunta de pesquisa.
emergências de saúde pública são os profissionais A Figura 1 explicita cada etapa desse proces-
de saúde que atuam na linha de frente. Por medo so de seleção dos artigos, evidenciando o número
3

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Identificação por LILACS PubMed SciELO
descritores (n=92) (n=3.114) (n=245)

Total de registros
(n=3.451)

Avaliação de duplicidade Subtotal


(105 excluídos) (n=3.346)

Avaliação por títulos e Exclusão: não é artigo de Subtotal


resumos (3.254 excluídos) pesquisa, não aborda a (n=92)
questão da pesquisa

Avaliação por leitura na Exclusão: não disponível


Artigos selecionados
íntegra (49 excluídos) na íntegra, não aborda a
(n=43)
questão da pesquisa

Figura 1. Fluxograma do processo de seleção dos artigos revisados.

Fonte: Autores.

total ao final de cada fase. O escopo final contou Os países onde mais artigos foram identifica-
com 43 artigos selecionados. dos com arranjos em saúde mental foram Brasil
(23%), Estados Unidos (18%), Canadá (9%) e
China (9%), sendo possível constatar ao menos
Resultados e discussão uma produção em cada continente. A abrangên-
cia dos arranjos, ainda que não descrita em todos
Os 43 artigos selecionados tratavam de arranjos os artigos, indica que foram desenvolvidos na es-
produzidos ou fomentados a partir da pandemia fera municipal (30,2%), nacional (27,9%) e inter-
de COVID-19 para o cuidado em saúde mental na aos serviços (23,2%).
(Quadro 1). A modalidade dos arranjos foi classificada
Para a análise, os artigos foram classificados, como presencial e/ou digital, sendo que, em al-
após a leitura, a partir dos seguintes critérios: tipo guns casos, um mesmo arranjo apresentou-se de
de estudo; público-alvo; abrangência; nacionali- forma híbrida, ou seja, em ambas as modalida-
dade; modalidade de arranjo; finalidade do ar- des. Os arranjos digitais foram classificados em
ranjo; natureza do arranjo; integração com rede seis categorias: redes sociais, aplicativos desen-
pública de saúde; abrangência na rede de saúde; volvidos para o enfrentamento da COVID-19,
arranjo comunitário; e período da intervenção. hotline, teleatendimento, telemonitoramento e
O tipo de estudo predominante foi de relato educação em saúde (Quadro 2). A modalidade
de experiência (51,1%), seguido de estudos de mais utilizada foi a de arranjos digitais (80%).
intervenção (20,9%). Os arranjos tiveram como Em relação à finalidade, em termos de aná-
público-alvo, majoritariamente, a população de lise, os achados foram categorizados como: au-
profissionais da saúde (39%), usuários de ser- tocuidado, diagnóstico, educação em saúde e
viços de saúde mental (16%) e a população em terapêuticos. Um arranjo poderia ser encaixado
geral (11%). O período de intervenção das pes- em mais de uma finalidade, sendo a de ordem te-
quisas é datado, especialmente, do primeiro se- rapêutica a majoritária (83,7%).
mestre de 2020.
4
SilvaASCP et al.

Quadro 1. Artigos selecionados com título, autoria e ano de publicação.


Títulos Autores Ano
A “Mental Health PPE” model of proactive mental health support for frontline Gray et al.9 2021
health care workers during the COVID-19 pandemic
A collaborative and evolving response to the needs of frontline workers, patients Bröcker et al.10 2021
and families during the COVID-19 pandemic at Tygerberg Hospital, Western Cape
Province, South Africa
A health care workers mental health crisis line in the age of COVID-19 Feinstein et al.11 2020
A Mobile Phone-Based Intervention to Reduce Mental Health Problems in Health Fiol-DeRoque et 2021
Care Workers During the COVID-19 Pandemic (PsyCovidApp): Randomized al.12
Controlled Trial
Accredited Social Health Activist (ASHA) and Her Role in District Mental Health Rahul et al.13 2021
Program: Learnings from the COVID 19 Pandemic
Adaptations and Innovations to Minimize Service Disruption for Patients with Guan et al.14 2021
Severe Mental Illness during COVID-19: Perspectives and Reflections from an
Assertive Community Psychiatry Program
Adaptation of psychiatric practice in public and private mental health institutions Oppel M15 2021
of the City of Buenos Aires during the COVID-19 pandemic.
Addressing Emotional Wellness During the COVID-19 Pandemic: the Role of Moon et al.16 2021
Promotores in Delivering Integrated Mental Health Care and Social Services
Addressing the Consequences of the COVID-19 Lockdown for Children’s Mental Hamoda et al.17 2021
Health: Investing in School Mental Health Programs
Atividades socioculturais como interface de bem-estar emocional e de prevenção Sousa, Jenny Gil18 2021
da transmissão da Covid-19 em estruturas residenciais para pessoas idosas
Battle Buddies: Rapid Deployment of a Psychological Resilience Intervention for Albott et al.19 2021
Health Care Workers During the COVID-19 Pandemic
Capacitação nacional emergencial em Saúde Mental e Atenção Psicossocial na Noal et al.20 2020
Covid- 19: um relato de experiência
Characteristics of Calls to a COVID-19 Mental Health Hotline in the First Wave of Abdullah et al.21 2020
the Pandemic in New York
COMVC-19: A Program to protect healthcare workers’ mental health during the Fukuti et al.22 2021
COVID-19 Pandemic. What we have learned
Ensuring mental health care during the SARS-CoV-2 epidemic in France: A Chevance et al.23 2021
narrative review
Establish a Real-time Responsible Home Quarantine and Monitoring Management Lee et al.24 2020
mHealth Platform
Estratégias de enfrentamento para manutenção da saúde mental do trabalhador Nascimento et al.25 2020
emtempos de Covid-19: Uma Revisão Integrativa / Strategies for worker’s mental
healthmaintenance in Covid-19 times: An Integrative Review
Exploring Usage of COVID Coach, a Public Mental Health App Designed for the Jaworski et al.26 2022
COVID-19 Pandemic: Evaluation of Analytics Data
Fostering Resilience in Pregnancy and Early Childhood During the COVID-19 Liu et al.27 2021
Pandemic: The HUGS/Abrazos Program Design and Implementation
Grupo virtual de apoio aos cuidadores familiares de idosos com demência no Mattos et al.28 2021
contexto da COVID-19
Grupos de terapia ocupacional em telessaúde na pandemia de Covid-19: Ferrari et al.29 2021
perspectivas de um Hospital-Dia de Saúde Mental
Implementation of a telemental health service for medical students during the Liberal et al.30 2022
COVID-19 pandemic
continua
5

Ciência & Saúde Coletiva, 29(8):1-14, 2024


Quadro 1. Artigos selecionados com título, autoria e ano de publicação.
Títulos Autores Ano
Implementing COVID-19 Mitigation in the Community Mental Health Setting: Alavi et al.31 2021
March 2020 and Lessons Learned
Intervenções para promoção da saúde mental durante a pandemia da COVID-19 Cavalcante et al.32 2021
Interventions to Ameliorate the Psychosocial Effects of the COVID-19 Pandemic Boldt et al.33 2020
on Children-A Systematic Review
Learning About the Current State of Digital Mental Health Interventions for Kemp et al.34 2021
Canadian Youth to Inform Future Decision-Making: Mixed Methods Study
Mental Health Care Goes Online: Practitioners’ Experiences of Providing Mental Feijt et al.35
Health Care During the COVID-19 Pandemic 2021
Mental health interventions implemented in the COVID-19 pandemic: what is the Moreira et al.36 2021
evidence?
Occupational Therapy in Mental Health via Telehealth during the COVID-19 Sánchez-Guarnido
Pandemic et al.37 2021
Online-Delivered Group and Personal Exercise Programs to Support Low Active Beauchamp et al.38
Older Adults’ Mental Health During the COVID-19 Pandemic: Randomized 2021
Controlled Trial
Plan A, Plan B, and Plan C-OVID-19: adaptations for fly-in and fly-out mental Roberts et al.39 2021
health providers during COVID-19
Practical Report of Disaster-Related Mental Health Interventions Following the Orui et al.40 2021
Great East Japan Earthquake during the COVID-19 Pandemic: Potential for
Suicide Prevention
Protecting vulnerable communities and health professionals from COVID-19 Ortega et al.41 2021
associated mental health distress: a comprehensive approach led by a public-civil
partnership in rural Chiapas, Mexico
Psychological interventions during COVID pandemic: Telehealth for individuals Graziano et al.42 2021
with cystic fibrosis and caregivers
Remote care for mental health: qualitative study with service users, carers and staff Liberati et al. 43 2021
during the COVID-19 pandemic
Salud mental y apoyo psicosocial (SMAPS): Dispositivos de cuidado de Dupont, Mario 2021
equipossanitarios de primera línea de respuesta telefónica ante COVID-19 / Alberto44
Mental healthand psychosocial support (SMAPS): health care devices of first line
telephoneresponse to COVID-19
Self-help cognitive behavioral therapy application for COVID-19-related mental Song et al.45 2021
health problems: A longitudinal trial
Suporte ético-emocional à profissionais de enfermagem frente à pandemia de Amaral, et al.46 2022
COVID- 19: relato de experiência
Teleatendimento psicológico em universidade pública da saúde no Calvet et al.47 2021
enfrentamento dapandemia: da Gestão com Pessoas à Telepsicologia / Remote
psychologicalcounseling at a public university of Health Sciences in coping of
pandemic: fromPeople Management to Telepsychology
The COVID PIVOT - Re-orienting Child and Youth Mental Health Care in the Hopkins L, Pedwell 2021
Light of Pandemic Restrictions G.
48

The impact of health education videos on general public’s mental health and Yang et al.49 2021
behavior during COVID-19
The Protective Impact of Telemedicine on Persons With Dementia and Their Lai et al.50 2020
Caregivers During the COVID-19 Pandemic
The use of mental health promotion strategies by nurses to reduce anxiety, stress, Pinho et al.51 2021
and depression during the COVID-19 outbreak: A prospective cohort study
Fonte: Autores.
6
SilvaASCP et al.

Quadro 2. Artigos com arranjos digitais, separados por tipo de tecnologia digital utilizada e título.
Título Digital
A “Mental Health PPE” model of proactive mental health support for frontline health Hotline
care workers during the COVID-19 pandemic
A health care workers mental health crisis line in the age of COVID-19 Hotline
A Mobile Phone-Based Intervention to Reduce Mental Health Problems in Health Care Aplicativo
Workers During the COVID-19 Pandemic (PsyCovidApp): Randomized Controlled
Trial
Adaptations and Innovations to Minimize Service Disruption for Patients with Severe Teleatendimento
Mental Illness during COVID-19: Perspectives and Reflections from an Assertive
Community Psychiatry Program
Adaptation of psychiatric practice in public and private mental health institutions of Telemonitoramento
the City of Buenos Aires during the COVID-19 pandemic.
Addressing Emotional Wellness During the COVID-19 Pandemic: the Role of Teleatendimento
Promotores in Delivering Integrated Mental Health Care and Social Services
Addressing the Consequences of the COVID-19 Lockdown for Children’s Mental Aplicativo
Health: Investing in School Mental Health Programs
An integer programming model to assign patients based on mental health impact for Aplicativo
tele-psychotherapy intervention during the Covid-19 emergency
Capacitação nacional emergencial em Saúde Mental e Atenção Psicossocial na Educação em saúde
Covid-19: um relato de experiência
Characteristics of Calls to a COVID-19 Mental Health Hotline in the First Wave of the Hotline
Pandemic in New York
COMVC-19: A Program to protect healthcare workers’ mental health during the Aplicativo e hotline e
COVID-19 Pandemic. What we have learned educação em saúde
Ensuring mental health care during the SARS-CoV-2 epidemic in France: A narrative Educação em saúde
review
Establish a Real-time Responsible Home Quarantine and Monitoring Management Aplicativo e
mHealth Platform telemonitoramento
Estratégias de enfrentamento para manutenção da saúde mental do trabalhador Teleatendimento e
emtempos de Covid-19: Uma Revisão Integrativa / Strategies for worker’s mental presencial
healthmaintenance in Covid-19 times: An Integrative Review
Exploring Usage of COVID Coach, a Public Mental Health App Designed for the Aplicativo
COVID-19 Pandemic: Evaluation of Analytics Data
Grupo virtual de apoio aos cuidadores familiares de idosos com demência no contexto Teleatendimento
da COVID-19
Grupos de terapia ocupacional em telessaúde na pandemia de Covid-19: perspectivas Teleatendimento
de um Hospital-Dia de Saúde Mental
Implementation of a telemental health service for medical students during the Aplicativo e
COVID-19 pandemic teleatendimento
Implementing COVID-19 Mitigation in the Community Mental Health Setting: March Teleatendimento e
2020 and Lessons Learned telemonitoramento e
presencial
Intervenções para promoção da saúde mental durante a pandemia da COVID-19 Teleatendimento
Interventions to Ameliorate the Psychosocial Effects of the COVID-19 Pandemic on Teleatendimento
Children-A Systematic Review
Learning About the Current State of Digital Mental Health Interventions for Canadian Redes sociais e
Youth to Inform Future Decision-Making: Mixed Methods Study teleatendimento
Mental health interventions implemented in the COVID-19 pandemic: what is the Aplicativo e
evidence? telemonitoramento
Occupational Therapy in Mental Health via Telehealth during the COVID-19 Teleatendimento
Pandemic
Online-Delivered Group and Personal Exercise Programs to Support Low Active Older Aplicativo e
Adults’ Mental Health During the COVID-19 Pandemic: Randomized Controlled Trial presencial
continua
7

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Quadro 2. Artigos com arranjos digitais, separados por tipo de tecnologia digital utilizada e título.
Título Digital
Plan A, Plan B, and Plan C-OVID-19: adaptations for fly-in and fly-out mental health Teleatendimento e
providers during COVID-19 presencial
Practical Report of Disaster-Related Mental Health Interventions Following the Teleatendimento e
Great East Japan Earthquake during the COVID-19 Pandemic: Potential for Suicide telemonitoramento e
Prevention presencial
Protecting vulnerable communities and health professionals from COVID-19 Hotline e presencial
associated mental health distress: a comprehensive approach led by a public-civil
partnership in rural Chiapas, Mexico
Psychological interventions during COVID pandemic: Telehealth for individuals with Teleatendimento
cystic fibrosis and caregivers
Remote care for mental health: qualitative study with service users, carers and staff Teleatendimento e
during the COVID-19 pandemic Telemonitoramento
Salud mental y apoyo psicosocial (SMAPS): Dispositivos de cuidado de Teleatendimento e
equipossanitarios de primera línea de respuesta telefónica ante COVID-19 / Telemonitoramento e
Mental healthand psychosocial support (SMAPS): health care devices of first line educação em saúde
telephoneresponse to COVID-19
Self-help cognitive behavioral therapy application for COVID-19-related mental health Aplicativo
problems: A longitudinal trial
Suporte ético-emocional à profissionais de enfermagem frente à pandemia de Hotline
COVID-19: relato de experiência
Teleatendimento psicológico em universidade pública da saúde no Teleatendimento e
enfrentamento dapandemia: da Gestão com Pessoas à Telepsicologia / Remote Telemonitoramento e
psychologicalcounseling at a public university of Health Sciences in coping of Educação em saúde
pandemic: fromPeople Management to Telepsychology
The COVID PIVOT - Re-orienting Child and Youth Mental Health Care in the Light of Teleatendimento
Pandemic Restrictions
The impact of health education videos on general public’s mental health and behavior Aplicativo e educação
during COVID-19 em saúde
The Protective Impact of Telemedicine on Persons With Dementia and Their Teleatendimento
Caregivers During the COVID-19 Pandemic
Fonte: Autores.

25

20
Quantidade descrita

15

10

0
Terapêutico Diagnóstico Capacitação em saúde Autocuidado

Finalidade do Arranjo

Gráfico 1. Finalidade dos arranjos descritos e quantidade de arrranjos encontrados.

Fonte: Autores.
8
SilvaASCP et al.

A natureza dos arranjos foi majoritariamente O principal arranjo descrito entre os digitais
pública (49%)44, sendo que parte deles apresen- foram os de teleatendimento34,50, em diferentes
ta-se integrado com a rede de atenção à saúde formatos, como videochamadas, aplicativos de
(55%). Por vezes, o mesmo arranjo compunha, mídia digital, chamadas telefônicas, entre outros,
com partes diferentes da rede de atenção, e por tendo sido destinados a diversos públicos para
outras, um arranjo narrado como integrado à atendimentos individuais e em grupo29,35,42.
rede não se localizava em nenhum ponto especí- Lai, Yu e Yee50 ressaltam que os teleatendi-
fico, como no caso de países sem sistemas univer- mentos devem ser feitos, preferencialmente, em
sais de saúde. Entre aqueles referentes à rede de formato de videochamadas, para que os atendi-
saúde, foram desenvolvidos na atenção especia- dos possam ver com quem se comunicam. En-
lizada/ambulatorial (45,8%), na atenção básica fatizam que, na população com demência e seus
(33,3%) e na atenção hospitalar (20,8%). Por fim, cuidadores, os atendimentos por videoconferên-
destaca-se que 74,5% dos artigos narram arran- cia foram mais promotores de bem-estar e saúde
jos produzidos sem a participação comunitária mental do que os telefônicos.
(74,5%)9,11,32. Liberal et al.30 enfatizam que o teleatendimen-
to apresenta ainda algumas dificuldades para ser
Modelo digital implementado, como falta de capacitação pro-
fissional e ausência de diretrizes para realização.
O principal achado do estudo foi a utilização Apesar disso, reforçam que o espaço terapêutico
massiva dos arranjos em modelo digital, com di- de acolhimento ofertado pelo teleatendimento é
ferentes tipos de propostas de intervenção, mas essencial para o cuidado em saúde mental.
essencialmente destinados para oferta de tele- Além disso, a discussão acerca da acessibili-
consultas, via atendimentos virtuais, diagnósti- dade digital também foi relevante. Guan et al.14
cos ou linhas específicas para acompanhamento apontam a dificuldade das populações usuárias
em saúde mental. de serviços de saúde mental em relação à obten-
Sendo a pandemia de COVID-19 um evento ção de recursos tecnológicos/digitais. Os autores
sanitário de proporções inéditas nos últimos cem destacam que foi possível, via auxílio do governo
anos, alguns estudos demonstraram a utilização canadense, ofertar aparelhos eletrônicos para os
dos meios digitais para propagação de notícias e usuários.
informações educativas sobre a doença14,37. Essa Somam-se a essa ausência de recursos as difi-
disseminação de conhecimentos científicos tam- culdades envolvidas no uso das ferramentas vir-
bém foi destacada como algo promotor de bem- tuais. Ferrari et al.29 apontam que, na realidade
-estar, de saúde mental e de busca por apoio so- brasileira, o manejo via tecnologias digitais en-
cial e comunitário49. controu barreiras de acessibilidade, tanto pelas
Os recursos digitais também foram utilizados questões de desigualdades de acesso quanto pelo
para finalidade de telemonitoramento de casos fato de as plataformas não serem de fácil utiliza-
confirmados de COVID-1915,36,47, o que auxiliou ção. Essas considerações sobre acessibilidade e
na detecção de fatores preventivos ao agrava- uso de equipamentos digitais também são desa-
mento da própria doença, mas também da piora fios para o próprio sistema de saúde nacional.
do estado de saúde mental decorrente da mesma Por fim, destaca-se que apenas metade dos
e dos protocolos exigidos para infectados, como arranjos em formato digital foram descritos
isolamento e distanciamento físico. Os arranjos como integrados à rede pública de saúde16,17,19.
descritos acompanhavam as pessoas com CO- Esse volume, que não pode ser desprezado, per-
VID-19 diariamente, alguns tendo feito escalas mite indagar acerca da continuidade dos cuida-
de ansiedade e depressão para monitorar os sin- dos que esses arranjos produziram, assim como
tomas em pacientes isolados24. quais foram, de fato, as populações que tiveram
Destacam-se, ainda, os diferentes tipos de acesso aos recursos necessários para serem assis-
aplicativos desenvolvidos para o enfrentamento tidas de forma remota.
da COVID-1912,27,45, com distintas finalidades:
diagnósticas, terapêuticas, educativas e de auto- Modelo presencial
cuidado. Um exemplo desenvolvido no Brasil é
o aplicativo “COM-VC”, com finalidade terapêu- Esse formato de arranjo foi evidenciado em
tica e diagnóstica em saúde mental para profis- um número menor de publicações, mas deve ser
sionais da saúde, bem como de educação com destacado que foi o mais utilizado para os pro-
informações sobre a COVID-1922. fissionais da saúde e populações que já utiliza-
9

Ciência & Saúde Coletiva, 29(8):1-14, 2024


vam os serviços de saúde mental10,13,38,40. Alguns em saúde mental com curtos períodos de respos-
estudos demonstraram arranjos que possibilitam ta, ou seja, linhas de emergência, telemonitora-
o manejo da saúde mental dos profissionais no mento e diagnósticos em saúde mental e/ou para
próprio espaço de trabalho, que se tornou um casos de COVID-1921,23,25. Esse suporte da rede
ambiente hostil em meio ao medo propagado ao de saúde mental, já existente antes do período de
longo da pandemia20,39. Pinho et al.51 reiteram a pandemia, em alguns estudos foi tido como ne-
importância de estratégias de saúde mental para cessário para o encaminhamento de demandas
redução de ansiedade, estresse e depressão em que não eram pontuais46.
enfermeiras da linha de frente51. Além da finalidade de acompanhamento e
Outros estudos demonstram ações que tive- encaminhamento para uma rede, os arranjos que
ram que ser desenvolvidas para tentar assegurar contaram com essa integração também puderam
o acesso e a continuidade do cuidado em saúde expandir o cuidado para além do setor de saú-
mental, de forma a evitar a disseminação do novo de, associando-se com intervenções escolares ou
coronavírus19,33,41. Sousa18 enfatiza que o acesso ainda com áreas do serviço social, garantindo
e a adaptação de atividades que eram exercidas uma visão mais integral da saúde mental das po-
previamente ao período da pandemia foram tão pulações16,17.
importantes para a saúde mental da população
idosa quanto as medidas sanitárias de prevenção Arranjos com participação comunitária
à COVID-1918. Cabe ainda destacar a importân-
cia, nos arranjos presenciais, das trocas interpes- Poucos foram os estudos que apresentaram
soais entre colegas de trabalho, vizinhos e conhe- arranjos construídos com a participação comuni-
cidos de diferentes ambientes. tária na sua execução e/ou implementação, ainda
Ainda na modalidade presencial, destaca- que todos fossem voltados para as populações e
ram-se os arranjos voltados para o autocuidado, comunidades em geral. Sete artigos descreveram
como meditação, atividades físicas e medidas de arranjos com participação comunitária. Todos fo-
proteção pessoal contra o vírus33. Beauchamp et ram realizados com integração na rede de saúde,
al.38 enfatizam que essas práticas alternativas de a maior parte construída no primeiro ano da pan-
cuidado apresentam resultados benéficos para a demia (2020), tendo como foco principal a finali-
saúde mental, podem ser feitas em casa e envol- dade terapêutica.
vem menos recursos financeiros para serem im- Os arranjos construídos pelas comunidades
plementadas38. foram os que mais incluíram populações espe-
cíficas dentro de cada proposta: profissionais de
Integração com a rede de saúde saúde da linha de frente, idosos em residencial
terapêutico, população em situação de vulnera-
Um achado importante da pesquisa é que a bilidades, crianças e usuários de saúde mental
maior parte dos arranjos desenvolvidos presen- (prévios à pandemia). Guan et al.14, por exemplo,
cialmente (66%) teve integração com as redes de referem arranjos que contemplaram serviços,
saúde, em especial no âmbito da atenção primária profissionais da saúde e população geral. Des-
e especializada. taca-se, com isso, que os arranjos que tiveram
A integração dos arranjos com a rede poderia participação comunitária em sua elaboração pu-
garantir a continuidade e longitudinalidade do deram alcançar as necessidades das populações
cuidado em saúde, assegurando promoção, pre- específicas, que auxiliaram na constituição dos
venção e reabilitação ao longo das fases de vida52. próprios arranjos.
Assim, torna-se necessária na produção e debate A participação comunitária possibilitou mais
deste artigo. acessibilidade em saúde, propiciando uma maior
Considerando que a maior parte dos arranjos universalização e integralidade do cuidado nos
foi digital, a preocupação com a integração deles locais em que foram implementados14,17,20,23. Além
à rede pública de saúde permite refletir inclusive disso, esses arranjos estavam associados aos mo-
sobre a continuidade dos projetos de cuidado28,46. delos de prevenção e enfrentamento aos quadros
Destaca-se que a maior parte dos arranjos que ti- mais comuns de saúde mental em vigência de
veram integração com a rede foi na atenção espe- pandemias (ansiedade, estresse e depressão) 16, 23.
cializada/ambulatorial43,48.
Grande parte dos arranjos que estiveram in-
tegrados com as redes de saúde era para cuidado
10
SilvaASCP et al.

Análise dos arranjos narrados nos estudos Destaca-se que metade dos estudos brasileiros
brasileiros são arranjos de educação em saúde, fato que reite-
ra o enfrentamento à desinformação e o papel do
Considerando que a COVID-19 foi um even- SUS na acessibilidade do conhecimento vigente
to sanitário de magnitude inédita para o Sistema sobre a pandemia21,23,47. A mesma autora desta-
Único de Saúde (SUS) brasileiro, que os serviços ca a importância das organizações comunitárias
e territórios tiveram que modificar rotinas e mo- e dos territórios na produção de vida e de saú-
dos de vida para enfrentar a pandemia, procura- de mental. Sob essa perspectiva, considerando a
-se aqui destacar os estudos produzidos no Brasil. relevância das articulações em comunidade para
Todos os estudos nacionais selecionados fo- a construção de ferramentas de enfrentamen-
ram realizados em 2020, abrangendo o primeiro to, destaca-se que apenas um arranjo narrado
ano da pandemia, em uma realidade em que a foi composto com a participação comunitária23.
vacinação ainda não era uma alternativa de cui- Nesse sentido, a produção de cuidados em saúde
dado no país. Além disso, a maior parte desses mental mais integrados com as comunidades nos
artigos trata de relatos de experiências, dando vi- territórios é um desafio para o SUS.
sibilidade às iniciativas dos serviços e suas cone- Como limitações da pesquisa, indica-se que
xões com a produção acadêmica, ainda que dian- a revisão foi realizada no início de 2022 e busca
te de um governo que ameaçava as universidades contemplar os dois anos anteriores, a fim de com-
públicas53. preender ações realizadas desde o princípio da
Destaca-se que a maior parte dos arranjos foi pandemia. No entanto, as dificuldades na produ-
de natureza pública e abarcou a saúde mental de ção e o longo tempo observado entre a submissão
profissionais da linha de frente, majoritariamente e publicação de artigos no meio científico pode
pelo modelo digital. As inovações digitais mais ter sido um dos motivos para o menor número
apontadas foram as criações de linhas telefônicas de publicações em 2021.
e de aplicativos para acolhimento de demandas
dessa população29,31,47.
A principal finalidade dos arranjos descritos Considerações finais
em território nacional dizia respeito a atividades
de cunho terapêutico, voltadas para suporte e Os arranjos e a invenções para o cuidado em
enfrentamento das demandas em saúde mental saúde mental no enfrentamento da COVID-19
causadas pela pandemia29,30,33. Considerando que foram analisados nesta revisão, que apontou o
a pandemia aumentou as demandas em saúde meio digital e as produções em saúde de forma
mental, o predomínio dessa finalidade terapêu- remota como uma das principais invenções na
tica se justifica. resposta à pandemia de COVID-19.
Destaca-se ainda que os arranjos integrados As possibilidades de cuidado em saúde men-
com o SUS eram voltados para a promoção de tal ampliaram-se, tendo como público diferentes
saúde mental, via educação em saúde, capacita- populações, mas sempre voltadas aos problemas
ção profissional e até mesmo autocuidado20,22,47. gerados em situações de emergência sanitária.
Dado que os estudos nacionais foram datados do Seja como ferramenta para o cuidado de si e/ou do
começo da pandemia, nenhum deles fazia uma coletivo, os arranjos em saúde mental foram mo-
análise de como os arranjos produzidos contri- dificados e adaptados para esta nova realidade.
buíram para a manutenção do cuidado em liber- As análises dos arranjos produzidos em terri-
dade e antimanicomial no país. tório nacional reiteraram a importância do SUS
Enfatiza-se que o SUS enfrentava uma histó- no cotidiano das populações, por ações que abar-
ria prévia à pandemia de desfinanciamento, mas caram desde o acolhimento de profissionais de
ainda assim demonstrou alta resiliência54. Em saúde da linha de frente até atividades de educa-
consonância, metade dos arranjos apresenta-se ção em saúde. No contexto da pandemia, o SUS
integrada à rede de saúde pública, o que reitera mais uma vez mostrou sua potência.
a importância do sistema de saúde na conjuntura Como desafios para a realidade nacional do
brasileira. sistema de saúde, aponta-se a integração com os
Para Caponi55, a ausência de ações centrais e territórios e comunidades, o que pode ampliar o
de coordenação do governo federal e o estímulo escopo de pessoas cuidadas pelos arranjos pro-
da disseminação de notícias falsas também foram duzidos.
fatores negativos determinantes para a constru- Outra indicação que pode servir de base
ção do enfrentamento da pandemia no Brasil55. para futuras pesquisas é investigar seus desdo-
11

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bramentos e se tais arranjos foram sustentáveis acesso mais amplo, inclusive para populações em
e continuados. Além disso, indica-se a investi- situação de vulnerabilidade, o que exigirá outras
gação das populações acessadas pelos arranjos, abordagens metodológicas.
buscando compreender se foram universais e de

Colaboradores

ASCP Silva e LFN Tofani: elaboração e supervi-


são do projeto, coleta e análise dos dados, elabo-
ração, redação e revisão final do artigo. LAC Fur-
tado: elaboração e supervisão do projeto, análise
dos dados, elaboração e revisão crítica do artigo.
AL Bigal, LM Bragagnolo, ACS Vieira, CL Lima e
LB Oliveira: elaboração do projeto, coleta e aná-
lise dos dados e elaboração do artigo. A Chioro:
elaboração e supervisão do projeto, análise dos
dados, elaboração e revisão final do artigo.

Financiamento

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de


São Paulo.
12
SilvaASCP et al.

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