1994 TCC Norodrigues

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- ........... ..............................................................

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARA

ANALISE DE
BALANÇO PARA
CONCESSÃO DE
CREDITO

Monografia em Ciências Contábeis


Neyla Oliveira Rodrigues
matricula 9034366

x r
Esta monografia foi submetida à coordenação do Curso de

Ciências Contábeis, como parte dos requisitos^necessários a ob­

tenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis, outorgado pela

Universidade Federal do Ceará.


A citação de qualquer trecho desta monografia é permitida,

desde que seja feita em conformidade com as normas de Ética Cien­

tifica.

Neyla Oliveira Rodrigues

Prof& Orientadora Coordenador da Disciplina

Marcelle Pretextato Mello

Prof. Convidado à Banca Examinadora

Monografia Aprovada em 17/06/94 CuCrz^<


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SUMARIO

* INTIRODÇAO.......................................... Pag 1

* CAPITULO 1
O QUE É ANALISE DE BALANÇO ............................ Pag 3

1.1. Em que consiste a Análise de Balanço ............. Pág 3

1.2. O Direcionamento da Análise de Balanço ........... Pág 3

1.3. A Análise de Balanço nos Bancos .................. Pág 4

* CAPITULO 2
PADRONIZAÇAO DO BALANÇO PATRIMONIAL ................... Pág 5

* CAPITULO 3
PADRONIZAÇAO DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

(DRE) ...................................................... Pág 7

* CAPITULO 4
INDICADORES ECONOMICO-FINANCEIROS UTILIZADOS PELAS INS­

TITUIÇÕES FIN/AICEIRAS ................................. Pág 8

4.1. Indicadores sob a forma de valores absolutos ..... Pág 8


4.1.1. Patrimônio Liquido ........................... Pág 8
4.1.2!. Capital Circulante Liquido ................... Pág 9
4.1.3. Capital de Giro Próprio ...................... Pág 9
4.1.5. Lucro Líquido do Exercício ................... Pag 10
4.2. Indicadores sob a forma de índices ............... Pag 10
4.2.1. Aspectos Económicos-Financeiros revelados pelos

indices ............................................. Pag 10

4.2.1.1. índices de Estrutura de Capitais ......... Pag 10

4.2.1.2. índices de Liquidez ...................... Pag 13

4.2.1.3. índices de Rentabilidade ................... Pag 17

4.2.1.4. Indicadores de Prazos Médios ............. Pag 20


4.2.1.5. índices de Dependência Bancaria .......... Pag 25

* CAPITULO 5
ANALISE GLOBALIZADA ................................... Pag 28
5.1. Análise Horizontal ............................... Pág 28
5.2. Análise Vertical ................................. Pág 29
5.3. Análise Horizontal/Vertical ...................... Pág 30

5.4. AH/AV e Análise através de indices ............... Pág 30

5.5. Padrões Históricos e Padrões Setoriais ........... Pág 31

5.6. Executando a Análise Globalizada ................. Pág 32

5.7. Parecer Conclusivo ............................... Pág 34

* CONCLUSÃO........................................... Pág 36

* REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................... Pág 37

* BIBLIOGRAFIA........................................ Pág 38
INTROIXJCÃO

Esta monografia converge para a transmissão de princípios


e técnicas sólidas de Análise de Balanço, realizados pelas Insti­

tuições Financeiras. As técnicas aqui apresentadas, comprovam as

suas validades, através de muitos anos de prática de Análise, ve­


rificadas no Banco do Nordeste do Brasil (BNB).
A análise de Balanço é hoje reconhecida como um importante

instrumento de apoio às decisões gerenciais referentes à conces­


são de crédito.

Este trabalho não contém tudo que se possa aprender sobre

as técnicas de analisar balanços, mas, apresenta recursos essen­


ciais para se executar com segurança as tarefas que exigem conhe­

cimentos básicos de interpretação de balanços.

No primeiro capitulo, procuro conceituar Análise de Balan­


ço, enfocando sua verdadeira significação como instrumento auxi­

liar para tomadas de decisões relativas a concessão de crédito.

No segundo capitulo, mostrarei sob o aspecto teórico, a

Padronização de Balanços e qual sua importância; a classificação


e reclassificação de contas; e a execução de deduções no Balanço

Patrimonial.

No terceiro capitulo, apresentarei a Padronização da De­


monstração de Resultado do Exercicio (DRE).

No quatro capitulo, identificarei os indicadores econômi-

cos-financeiros e os indices utilizados pelas Instruções Finan­

ceiras; mostrarei a significação de cada um, interpretando-os em

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seu valor intrínseco e classificando-os quanto aos aspectos eco-
nómico-financeiros por eles revelados.

Finalmente, no capitulo quinto, enfatizarei a realização

das Análises Verticais/Horizontais; a utilização correta dos Pa­

drões Setoriais; a Análise Globalizada, a emissão de parecer, su­


cinto, sobre a situação econômico-financeira da empresa analisa­

da .
A metodologia aqui apresentada é produto de consultas em
obras de autores conceituados e da prática realizada no BNB.

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l.Q 0 QUE g ANALISE DE BALANÇO

1.1 - EM QUE CONSISTE A ANALISE DE BALANÇO

Consiste na transformação dos saldos das contas de demons­

trações contábeis tradicionais e dos índices obtidos através das


combinações destes saldos, constituídos de termos técnicos e

acessíveis somente a especialistas, em informações simples, cla­

ras e objetivas, capazes de respaldar a tomada de decisão.


0 grau de perfeição da Análise de Balanço, está diretamen­

te proporcional ao grau de qualidade e profundidade das informa­


ções para basear as decisões gerenciais. A correta avaliação dos
riscos de um negócio é o passo fundamental para a boa administra­

ção de crédito.

12-0 DIRECIONAMENTO DA ANALISE DE BALANÇO

A Análise de Balanço por produzir informações importantes


sobre a estratégia, planos, limitações e potencialidades da em­
presa analisada, interessa a todos que pretendem relacionar-se

com ela, ou seja, a todos seus usuários.


A Análise de Balanço é direcionada segundo as principais

necessidades de seus usuários. Estas necessidades e interesses

particulares determinarão a abrangência e aprofundamento da aná­

lise .
Por isso, pode assumir caráter mais conservador ou mais

3
liberal, ser mais abrangente ou mais restrita, dar maior destaque

a este ou aquele aspecto da situaçao global da empresa analisada.

1.3 - A ANALISE DE BALANÇO NOS BANCOS

...” os bancos são empresas que têm

por objeto o exercicio do crédito,


que pode ser efetuado com meios

próprios e com meios provindos me­

diante uma função eminentemente me­


diadora: soma de fundos de tercei­
ros (sobretudo fundos de economias)

para empregá-los em operações de­


senvolvidas entre comerciante, in­

dustriais, agricultores, etc., que


necessitam de meios financeiros.
Antônio Renzi apud Colli & Fontana

(1990). "

0 banco é uma instituição de crédito, que tem como objeto

principal, a intermediação do crédito, ou seja, depositar o capi­


tal de quem dispõe e emprestá-lo a quem necessita. Este ao conce­

der empréstimos, corre riscos relevantes, por estar utilizando,

em sua maioria recursos de terceiros, que, por sua vez, apresen­

tam custos elevados (os juros) e são exigiveis num determinado

prazo. Então, o banco ao receber propostas dos tomadores de em­


préstimos precisa, primordialmente, analisar suas idoneidades,

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moral e profissional, comprovadas através de fichas cadastrais

atualizadas, capacidades de pagamento e as rentabilidades no em­

preendimento .
Obviamente, a análise da capacidade de pagamento, há de

ser conservadora, dedicando especial cuidado à correta avaliaçao

dos riscos a que estarão sujeito os capitais emprestados, de modo

que o seu retorno possa ocorrer pacificamente nos vencimentos

pactuados.

2.0 PADRONIZAÇÃO DO BALANÇO PATRIMONIAL

A Padronização é um passo importante e indispensável para

iniciar-se uma análise. Isto por que, mesmo as empresas menos

complexas apresentam em suas demonstrações uma abundância de con­


tas que lhes são peculiares; e para um bom entendimento se faz

necessário um resumo e enquadramento destas contas em modelos pa­

dronizados, previamente elaborados em conformidade com as neces­


sidades e interesses do seu usuário.
A Padronização do Balanço Patrimonial segue, ordinariamen­

te, os seguintes passos:

1°) Classificação apropriada das contas do Balanço:

0 advento da Lei das Sociedades por Ações veio cooperar


com o trabalho dos analistas, pois uma vez tornados obrigatórios

os critérios de classificação contidos nesta Lei, as demonstra­

ções financeiras tornaram-se uniformes.

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Ao Analista compete, a principio, aceitar a classificação
feita pela empresa; obviamente, se estiver em conformidade com as
normas da Lei 6.404/76. Depois, o analista precisará fazer algu­

mas reclassificações nas contas do Balanço, para determinar a re­


al estrutura do Patrimônio da empresa, em função dos objetivos da

análise.
" 0 trabalho de padronização exige
experiência em contabilidade e Aná­
lise de Balanço. Na vida profissio­

nal constata-se que para adquirir


prática satisfatória é necessário

padronizar grande número de Balan­

ços; segundo Dante C. Matarazzo

(1992)."

2°) Reclassificação de contas:

Após a classificação das contas em modelo padronizado pelo


banco - geralmente, coincide substancialmente com a estrutura do

Balanço Patrimonial instituída pela Lei 6404/76 -, em face da sua

natureza particular de análise, que visa conhecer a capacidade da


empresa de receber crédito, serão necessárias reclassificações de

algumas contas.
Exemplo tipico de reclassificação, é da conta Duplicatas
Descontadas, que, segundo a Lei das S.A., é apresentada nos Ba­
lanços das empresas como conta "retificadora" de Duplicatas a Re­
ceber e que, para efeito de Análise, é reclassifiçada no Passivo

Circulante, como obrigação da empresa para com as Instituições


Financeiras.

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Esta divergência de classificaçao se deve ao fato de que:

- Do ponto de vista da empresa, as Duplicatas Descontadas

representam uma redução no valor das Duplicatas a Receber: é co­

mo a empresa já tivesse recebido aquelas duplicatas, uma vez que


o banco deverá cobrá-las do sacado e somente na hipótese de este

não liquidá-las é que a empresa será chamada a honrá-las. Para a


empresa, a responsabilidade para com o banco, no caso das Dupli­
catas Descontadas, assemelha-se a um aval, a uma responsabilida­

de “indireta".
- Do ponto de vista do banco, que é um emprestador de di­

nheiro, interessa saber a real situaçaQ da empresa, qual seu ní­

vel de endividamento, admitida a hipótese de o sacado não pagar

as duplicatas. Por outro lado, sob o aspecto financeiro, o des­

conto de duplicatas representa recursos tomados pela empresa jun­

to ao banco e não se distingue de outros empréstimos.

3°) Deduções de contas:


Após a reclassificação, se for detectado valores represen­
tativos de elementos patrimoniais inadequados para a cobertura de

obrigações da empresa, estes deverão ser deduzidos. Ex. Duplica­

tas a Receber de falidas e/ou de concordatárias.

3.0 PADRONIZAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DO__RESULTADO DE EXEBCIGIP

LDRE)

A padronização da DRE segue praticamente o modelo de sua


estrutura determinada no Art. 187 da Lei n° 6.404/765, sendo ne­

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cessário, para fins de Análise, a transposiçao das Receitas e

Despesas Financeiras, consideradas nesta Lei como Operacionais,


para o grupo Não Operacional.

0 conceito atual de "operacional”, adotado pela Lei, é

bastante amplo, segundo ele, entende-se como "operacional” toda

receita ou despesa relacionada com as atividades da empresa, quer

se trate da atividade principal, quer de atividade acessória;

abrangendo, inclusive, as despesas e receitas financeiras, que

não dependem da maior ou menor atividade operacional da empresai,

mas sua estrutura de capitais (do volume de seus empréstimos).


No entanto, para fins de Análise, as despesas e receitas
financeiras são transportadas para o grupo Não Operacional.

4.0 INDICADORES ECONOMICO-FIWAiCEIlRJS UTILIZADOS PELAS

INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

4.1 - INDICADORES SOB A FORMA DE VALORES ABSOLUTOS:

4.1.1 - PATRIMÔNIO LIQUIDO: É um indicador econômico-fi-

nanceiro de grande importância para a análise. Ele tem sido o

mais nobre dentre os parâmetros instituídos para concessão de

crédito por parte dos bancos, pelo fato de representar o patrimô­

nio da empresa visto sob a ótica da "descontinuidade", isto é,


como se a empresa tivesse de pagar, imediatamente, todas suas

obrigações. 0 Patrimônio Liquido representa o patrimônio da em

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presa sob a ótica mais adequada aos interesses de seus credores,
além de indicar a situação econômica-financeira da empresa.
Vale-se ressaltar a importância do exame de sua evolução

ou involução no tempo, em termos reais, ou seja, levando em conta


a inflação do periodo compreendido pelos Balanços analisados.
Nunca se poderá comparar valores absolutos de datas diferentes,
sem levar em consideração a inflação do periodo, pois não se pode

comparar valores heterogêneos.

4.1.2 - CAPITAL CIRCULANTE LIQÜIEO: Corresponde ao liquido


dos recursos circulantes, isto é, ao Ativo Circulante menos o

Passivo Circulante. Ele indica, em valores absolutos, a parcela

do Ativo Circulante não financiada pelo Passivo Circulante. É o

Capital de Giro da empresa.

4.1.3 - CAPITAL DE GIRO PROPRIO: Corresponde à parcela dos


recursos próprios não aplicada no Ativo Permanente. Para o cálcu­

lo do CGP, deduz-se dos recursos próprios a parcela do Ativo Per­

manente não financiada com recursos de terceiros.


Se a empresa tiver Realizável a Longo Prazo», o valor deste

grupo deverá ser considerado como Permanente e, como tal, inclui-

do na fórmula para o cálculo do CGP.

Quanto maior for a participação dos recursos próprios no

Ativo Circulante, tanto menor será a pressão das dividas da em­

presa (tanto de curto comó de longo prazo) sobre a sua capacidade

de pagamento no curto prazo.

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4.1.4 - VENDAS LIQUIDAS: Registram, em valor nominal, o

montante das vendas realizadas durante o curso do exercicio. 0


comportamento das Vendas Liquidas ao longo do tempo só pode ser

verificado se for levada em conta a inflação do periodo conside­

rado .

4.1.5 - LUCRO LIQUIDO DO EXERCÍCIO: Representa a parcela

do lucro que ficou retida na empresa, após retirado o IR (imposto

de Renda) e as diversas participações.

4.2 - INDICADORES SOB A FORMA DE INDICES

A Análise feita através de indices é aquela que estuda a

situação econômico-financeira das empresas por meio das "rela­

ções" entre contas ou grupo de contas das demonstrações financei­

ros .

4.2.1 - ASPECTOS ECONOMICO-FINANCEIROS REVELADOS PELOS ÍN­

DICES

4.2.1.1 - INDICES DE ESTRUTURA DE CAPITAIS:

Estes indices revelam aspectos da empresa analisada rela­

cionados com a estrutura de recursos, principalmente quanto às

origens.
I - PARTICIPAÇAO DOS CAPITAIS DE TERCEIROS (PCT)

É a relação percentual entre os recursos de terceiros e os

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recursos próprios aplicados na empresa.

EXIGíVEL TOTAL

PCT =----------------- x 100 x %

RECURSOS PROPRIOS

Este indicador, também é chamado Grau de Endividamento,

que, aliás, é um nome mais apropriado, pois é, exatamente, isso


que este indice revela: o grau de endividamento da empresa, esta­
belecendo a relação entre as dividas e os recursos não exigiveis.

A conceituação geral deste indice é, quanto menor melhor,


pois indicará que a operacionalidade da empresa não está, dema­

siadamente, dependente do capital de terceiros. Empresas que uti­

lizam recursos de terceiros para pagar suas dividas, ao invés de


aplicá-los em investimentos que gerarão novos recursos, acabam

caindo num ciclo vicioso de tomar empréstimos sucessivos e tor­


nam-se fortes candidatas à insolvência.

II - COMPOSIÇÃO DO EXIGÍVEL (CE)

A finalidade deste indice é estabelecer a relação percen­


tual entre as obrigações de curto prazo e o Exigivel total.

PASSIVO CIRCULANTE
CE =-----------------------------------

PASS. CIRC. + EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

A importância deste indicador sobressai-se quando se ana­

lisa um periodo em que figuram no mínimo trés balanços, quando se

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pode verificar o comportamento da composição das obrigações da

empresa em termos de prazos. Pode-se saber, através deste indice,


se a empresa vem conseguindo renovar os empréstimos de longo pra­

zo ou se, ao invés, as obrigações de curto prazo estão aumentando

sua participação percentual no total do Exigivel.


Uma empresa pode apresentar um alto endividamento a longo

prazo, e isto não significar, necessariamente, estado de insol-


vência; o mesmo não se pode dizer em relação a um alto endivida­
mento a curto prazo, que pode significar um iminente aperto fi­

nanceiro .
III - IMOBILIZAÇAO DO CAPITAL PROPRIO (ICP)

Indica quanto a empresa aplicou do Patrimônio Liquido no

seu Ativo Permanente.

AT. PERMANENTE

ICP =--------------
PATR. LIQUIDO

A conceituação deste indice é de quanto MgCOR, melhor.

0 ideal, em termos financeiros, é que a empresa utilize


seus recursos próprios para cobrir o Ativo Permanente e financiar

parte do Ativo Circulante. A existência do Capital de Giro Pró­


prio significará menor dependência do capital de terceiros para o

financiamento do Ativo Circulante.


IV - IMOBILIZAÇAO DOS RECURSOS CfíO-COCEOAAgCTgS (IRNC)

Indica quanto do Capital Próprio e dos recursos não-circu-

lantes (não-correntes) foi aplicado em Ativos de longa maturação

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financeira (Permanente).

AT. PERMANENTE

IRNC = ---------------------------------
EXIG. LONGO PRAZO + PATR. LIQUIDO

0 alto grau de imobilização da empresa pode comprometer


sua liquidez. Em regra geral, os recursos não-correntes devem ex­
ceder o total investido no Permanente. Este excesso irá compor o

CCL, que poderá ser formado pelas parcelas do Patrimônio Liquido

e Exigivel a Longo Prazo não aplicadas no Ativo Permanente.


0 ideal é que o CCP (Capital Circulante Próprio) tenha

maior participação do que o Capital Circulante de Terceiros

(CCT), pois o primeiro não é exigivel, ao contrário do segundo,


que é exigivel, mesmo que a longo prazo.

É absolutamente normal uma empresa tomar dinheiro empres­

tado para atender suas necessidades de imobilização, desde que o

prazo de reembolso de tais empréstimos seja suficiente para que o

investimento feito possa gerar os recursos necessários para sal­


dar a divida contraida, sem prejuizo do andamento normal de suas

atividades.

4.2.1.2 - ÍNDICES DE LIQUIDEZ

Estes indices revelam a capacidade de pagamento das obri­

gações assumidas a curto e longo prazos.

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I - ÍNDICES DE LIQUIDEZ CORRENTE (ILC)
Este indice estabelece a relação entre o Ativo Circulante
e o Passivo Circulante. Também conhecido como indice Financeiro,

é considerado de curto prazo.

AT. CIRCULANTE

ILC =----------------
PASS. CIRCULANTE

Desvantagens: não revela a qualidade dos itens no Ativo

Circulante , nem a sincronização entre recebimentos e pagamentos,

ou seja, este indice compara valores cujo prazo de realização e

de exigibilidade se situa no decorrer de um ano, espaço de tempo


suficientemente longo para que nele possa ocorrer inúmeras e di­

ferentes situações relacionadas com a capacidade de pagamento da


empresa, e representadas pelo mesmo ILC, em face das muitas pos­
sibilidades de prazos, tanto dos débitos como dos créditos.
Vantagens: Estoques avaliados a custo, ou seja, por estes

estoques estarem subavaliados, em comparação ao mercado, no ato

da realização destes bens, a empresa apresentará maior capital de


giro, consequentemente, maior capacidade de pagamento.

II - INDICE DE LIQUIDEZ SECA (ILS)


Este é um indice de liquidez corrente mais rigoroso, pois

ao comparar o Ativo Circulante com o Passivo Circulante, não con­

sidera que os estoques serão vendidos; pelo contrário, pressupõe

que a empresa não venderá seus estoques. São deduzidas, também,

as Despesas Antecipadas.

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Em uma situação normal, dificilmente uma empresa deixará

de vender seus estoques, pelo menos uma vez por ano, somente em

casos de retração de mercado.

0 conservadorismo deste indice, o faz dispensável para


muitas empresas, por não transmitir a realidade da capacidade de

pagamento. Os supermercados, por exemplo, que têm grande quanti­

dade de estoques, se forem analisados por este indice, vão apre­


sentar capacidade de pagamento baixa, o que muitas vezes, não é a

realidade.

AT. CIRC. - EST. - DESP. ANTEC.

ILS =-------------------------------
PASS. CIRC.

A importância deste indice está diretamente relacionada

com o indicador de "rotação de estoques", que explanarei mais


adiante nos INDICES DE PRAZOS MÉDIOS.
0 INDICE DE LIQUIDEZ CORRENTE e o INDICE DE LIQUIDEZ SECA

são dois extremos: um considera que a empresa venderá todos seu


estoque e o outro admite que ela não venderá sequer uma parcela

dele.
III - INDICE DE LIQUIDEZ IMEDIATA (INSTANTANEA)
Este indice indica a capacidade do "Disponivel" em liqui­

dar as obrigações de curto prazo (Circulante). Numa economia in­


flacionária, se este indice for muito alto, isto indicará má ges­

tão dos recursos, pois desvalorizam-se a cada dia ou apresentam


baixo rendimento em aplicações de liquidez imediata (Ex. Fundao).

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Este índice é irrelevante na análise feita pelo (BNB).

DISPONIBILIDADES

ILI =----------------

PASS. CIRCULANTE

IV- ÍNDICE DE LIQUIDEZ GERAL

A liquidez Geral estabelece a relação entre o Realizável

Total (AT. CIRC. + RLP) e o Exigivel Total (PASS. CIRC. + ELP).


A conceituação deste indice é de quanto maior*, melhor,
pois significará que está aumentando a capacidade de pagamento da

empresa analisada.
Quando este quociente estiver maior que 1 (Ex. 1,30), isto signi­
ficará que todos os recursos do Passivo Circulante e Exigivel a

Longo prazo (=1) foram investidos no Ativo Circulante e Realizá­


vel a Longo Prazo (=1,30) e que o restante (=0,30) é recurso vin­
do do Patrimônio Liquido, ou seja, é o Capital de Giro Próprio.

AT. CIRC. + RLP

ILG =-----------------
PASS. CIRC. + ELP

Quando este índice se apresenta deficitário, sabe-se que


há recursos de terceiros aplicados pela empresa no seu Ativo Per­

manente .
Este indice deficitário não significa, à primeira instân­

cia, incapacidade de liquidar dívidas, pois como as de longo pra­

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zo não vencem de imediato, à tempo para a empresa gerar recursos
através de seus ativos e no tempo hábil liquidá-las. Porém, se
este indice apresentar-se decrescente numa série de anos, é sinal

que a empresa está perdendo sua capacidade de pagamento.

4.2.1.3 - ÍNDICES DE RENTABILIDADE

0 estudo da rentabilidade tem que ser analisado mediante


mecanismos adequados, numa economia inflacionária, que permitam

trabalhar com valor devidamente corrigidos. 0 cálculo da rentabi­


lidade com base em valores nominais não pode levar a resultados
segUrOS .
I - RENTABILIDADE DAS VENDAS (RV)

O Indice de Rentabilidade das Vendas estabelece a relação entre o


Lucro Liquido do Exercicio (após o imposto de renda) e a Receita

Operacional Líquida (ou Vendas Líquidas).

LLE
RV =--- x H0 x %

ROL

Este índice tem por objetivo medir a margem (percentual de

lucro em relação ao faturamento da empresa) de lucro.


A importância deste e dos demais índices de rentabilidade,
maior será, quanto melhor for o grau de informações. As Vendas da

empresa, nas Demonstrações Financeiras corrigidas pela Legislação

Societária, são registradas em seus valores nominais, o que pre­

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judica, sensivelmente, as informações que eles nos fornecem. Por
isso, será interessante utilizar a Correção Monetária Integral,

que aproximará as Receitas das Vendas à valores reais.


Sua interpretação é a seguinte: uma RV de 20%, indica que,
para cada $100,00 de vendas, a empresa obteve um lucro liquido de
$20,00, ou seja, a eficiência global da empresa é de $20,00.

II - RENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO LIQUIDO (RPL)


0 indice RPL estabelece a relação entre o Lucro Liquido do
Exercicio e o Patrimônio Liquido. Dentre os indicadores de renta­

bilidade empregados ns Análise de Balanços do BNB, este é o mais

importante.

LLE
RPL =--- x 100 x %

PLM

Patrimônio Liquido Médio, é a média aritmética dos valores

do PL do inicio e do fim do exercicio. Para esta fórmula se tor­

nar ideal é necessária a Correção Monetária do PL do inicio do


exercicio, para tê-lo a preço do final de exercicio.
É muito dificil estabelecer parâmetros para indicadores de

rentabilidade. Quanto ao PL, porém, pode-se comparar a sua renta­

bilidade com as taxas de rendimentos alternativos do mercado,

tais como: Caderneta de Poupança, CDB, RDB, Ações, etc. e com ta­

xas de outras empresas do mesmo ramo de atividade.


A rentabilidade empresarial é instável, pois num ano está

acima das taxas de mercado, noutro, abaixo e noutro equivalente.

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É importante lembrar que a ocorrência de prejuízos sucessivos, se

não for detida, leva a pessoa jurídica à falência; uma empresa


rentável é um empreendimento auto-sustentável, capaz de superar

grandes desafios e dificuldades .


III - RENTABILIDADE DO ATIVO (RA)

0 indice de Rentabilidade do Ativo estabelece a relação

entre o Lucro Líquido do Exercício e o Ativo da empresa.

LLE

IRA =------ x 100 = %

AT. Me.

Este índice, com valores expressos em moeda da mesma data,


mede a capacidade da empresa em gerar lucros.
"0 retorno sobre o Ativo pode ser interpretado como o cus­

to financeiro máximo que uma empresa poderia incorrer em suas


captações de fundos", segundo Eliseu Martins e Assaf Neto (1992).

Portanto, uma empresa não deve captar empréstimos a taxas de ju­

ros superiores ao retorno dado pelo Ativo, pois a empresa ao

aplicar estes recursos, terá um retorno inferior à remuneração


devida ao credor, colocando em maior risco o capital próprio.
Para as Instituições Financeiras, este índice será impor­

tante para a concessão de crédito, pois ele interpreta a capaci­


dade de geração de recursos da empresa através de seus ativos e

conseqüentemente a sua capacidade em liquidar empréstimos.

Para uma empresa que está em ascensão, que apresenta um

volume de vendas adequado com o montante de investimentos, a ten-

19
dencia é apresentar boa credibilidade perante as Instituições Fi­

nanceiras .
IV- GIRO DO ATIVO (GA)

Estabelece a relação entre as Vendas Liquidas e o Ativo da

empresa.

VL

GA =-------------
AT. TOTAL Me.

Indica quanto a empresa vendeu em relação a média dos re­

cursos investidos no Ativo. Quanto maior melhor, pois o aumento

relativo nas vendas liquidas demonstrará a capacidade destes ati­

vos em gerar receitas.

4.2.1.4 - INDICADORES DE PRAZOS MÉDIOS

Os indices de prazos médios revelam quantos dias, em média

a empresa tem de esperar para vender todo o estoque, para receber


o valor referente às vendas a prazo e para pagar aos fornecedo­
res.

Através da combinação desses índices, pode-se conhecer as

políticas administrativas adotadas pela empresa com relação a

seus fornecedores e, simultaneamente, a seus clientes.

I - PRAZO MÉDIO DE ROTAÇAO DE ESTOQUE (PMRE)


0 PMRE indica quantos dias serão necessários para a empre­

sa, mantendo a média de vendas do último exercício, vender todo o

estoque registrado no Balanço sob análise.


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ESTOQUES
PMRE 0--------- x 360 = DIAS

CMV

0 cálculo do PMRE, confronta os Estoques G^iercadorias +

Matérias-Primas) com o Custo das Mercadorias Vendidas, que cor­

responde ao valor das vendas "à preço de custo”. Isto por que os
Estoques, que representam vendas futuras, são registrados na Con­

tabilidade a preço de custo. Nada mais lógico que compará-los com

vendas a preço de custo.

PMRE = ESTOQUES : CMV = DIAS

360

Esta fórmula divide os estoques pelas vendas diárias e po­

de ser assim desdobrada:


a) Cálculo das vendas diárias: o valor das vendas

anuais (CMV) dividido por 360;


b) Cálculo do PMRE: o valor dos estoques dividido pelas
vendas diárias.
II - PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO DE VENDAS (PMRV)
0 Prazo Médio de Recebimento de Vendas indica quantos

dias, em média, a empresa concede de prazo a seus clientes, isto


é, quantos dias decorrem, em média, entre o dia em que é realiza­
da uma venda, a prazo e o dia em que essa conta é efetivamente

paga pelo cliente.

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Este indicador relaciona as Vendas Liquidas com os direi­

tos oriundos de vendas a prazo (Duplicatas a Receber1).

DUPL. A RECEBER
PMRV =------------------ x 300 = DIAS

REC. OPER. LIQUIDA

OU

PMRV = DUPL. A RECEBER : REC. OPER. LIQUIDA = DIAA

330

Dividindo a Receita Operacional Líquida por 330, encontra­


remos as Vendas Líquidas diárias. Conhecendo este valor e o das
Vendas a prazo ainda não recebidas, é fácil calcular o prazo mé­

dio concedido pela empresa a seus clientes: é só dividir o valor


dos direitos oriundos de Vendas a prazo pelo valor das Vendas Lí­

quidas diárias.
III - PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO A FORNECEDORES (PMPF)

0 Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores indica quantos


dias, em média, os fornecedores concedem à empresa para liquidar
suas obrigações oriundas de compras a prazo.

FORNECEDORES
PMPF =-------------------- = 360 = HAS

COMPRAS DO EXERCÍCIO

OU
22
PMPF = FORNECEDORES : COMPRAS = DIAS

360

COMPRAS = CMV + EF - EI

IV - CICLO FINANCEIRO (CF)

A combinação dos índices de Prazos Médios (PMRE, PMRV e

PMPF) indica o Ciclo Financeiro da empresa:

CICLO FINANCEIRO = PMRE + PMRV - PMPF

0 Ciclo Financeiro indica o tempo decorrido entre o momen­

to em que a empresa paga suas contas a prazo (pagamento feito ao

fornecedor) e o momento em que recebe suas vendas a prazo (rece­

bimento do cliente). Neste periodo, a empresa precisa de finan­

ciamento para o seu Capital de Giro.


0 Ciclo Operacional é o lapso de tempo que vai da data em
que a empresa faz a compra a seus fornecedores até o dia em que

recebe de seus clientes o valor das mercadorias ou produtos ven­

didos. É, pois, a soma do PMRE com o PMRV.


Já o Ciclo Financeiro corresponde à diferença entre o Ci­

clo Operacional e o PMPF.

A combinaçao desses indicadores (PMRE, PMRV e PMPF) pode

apresentar três situações diferentes:

1* SITUAÇAO:

PMPF > Ciclo Operacional


* PMRE = 30dd; PMRV = 60dd; PMPF = lOOdd.

23
Neste caso, quando chegar o dia de pagar as compras aos

fornecedores, a empresa já terá recebido de seus clientes o valor

referente a suas vendas a prazo. É uma situaçao privilegiada.

2* SITUAÇÃO:
PMPF > PMRE mas PMPF < Ciclo Operacional

* PMRE = 60dd; PMRV = lOOdd; PMPF = 90dd.

Esta é a situação onde o PMPF é superior ao PMRE, mas é


inferior ao Ciclo Operacional. Em tal caso, a empresa, na data em
que terá de pagar suas compras, já disporá de duplicatas, por­

quanto já terá vendidos os estoques, mas ainda não terá recebido

o dinheiro do pagamento das duplicatas. Aqui já se vê o Ciclo Fi­


nanceiro, que representa o periodo em que a empresa precisa con­

trair empréstimos para Capitais de Giro. Em termos de "tempo:, é


esse o déficit verificado em sua estrutura de Capital de Giro.

PMPF < PMRE:

* PMRE = 60dd; PMRV 30dd; PMPF = 30dd.


Neste caso, a empresa terá de pagar aos fornecedores antes

de ter sequer vendido o que comprou. Como ainda não dispõe dè du­

plicatas, a empresa terá de recorrer a financiamentos.


Quanto maior o Ciclo Financeiro tanto pior para a empresa,
pois o CF representa, quase sempre, o tempo de uso de emprésti­
mos, implicando maiores custos e maior dependência em relação às
fontes de financiamento. Em suma, quanto maior for CF tanto maior
será a necessidade de Capital de Giro da empresa, o que implica
maior vulnerabilidade, caso haja insuficiência de Capital de Giro
Próprio.

24
Nos períodos em que as vendas da empresa apresentarem "pi­

ques" ou "grandes retrações", os indicadores de prazos médios

apresentarão distorções. Ae, todavia, esses "piques" ou "retra­

ções" forem comuns a todos os exercícios, o estudo do comporta­


mento de CF da empresa por meio dos Indicadores de Prazos Médios

continua perfeitamente válido.


0 estudo dos Indicadores de prazos Médios auxilia o estudo

dos Indicadores de Liquidez, com o qual está intimamente relacio­

nado .

4.2.1.5 - INDICES DE DEPENDENCIA BANCARIA

Estes índices fornecem boas informações a respeito do grau

de dependência bancária.

I - FINANCIAMENTO DE ATIVO POR INSTITUIÇÕES DE CRÉDITO

(FAIC)

Este indicador relaciona o valor dos recursos obtidos jun­

to a Instituições de Crédito (inclusive Duplicatas Descontadas)

com o valor total do Ativo.

INST. DE CRÉDITO

FAII =---------------- x 100 = %


AT. TOTAL

A finalidade da utilização deste índice é medir a partici­

pação percentual dos créditos de Instituições Financeiras no to­

tal dos recursos postos à disposição da empresa. Examinando-se os

25
três últimos balanços, pode-se conhecer o comportamento do endi­

vidamento da empresa junto a bancos. E, quanto a questão de cum­

primento de prazos, os bancos são credores muito mais rigorosos

que os fornecedores.
II - PARTICIPAÇAO DAS INSTITUIÇÕES DE CRÉDITO NO ENDIVIDA­

MENTO DA EMPRESA (PICEE)


Este indicador relaciona o valor dos recursos obtidos jun­

to a Instituições de Crédito, com o valor total do Exigivel (PC +

ELP). É um indicador que tem por finalidade medir a participação

percentual dos "Créditos de Instituições Financeiras" no total

das dividas da empresa.

INST. DE CRÉDITO

PICEE =----------------- x H0 x %

EXIG. TOTAL

III - FINANCIAMENTO DE ATIVO CIRCULANTE POR INSTITUIÇÕES

DE CRÉDITO A CURTO PRAZO (FACIC)

Este indicador relaciona o valor dos recursos de durto


prazo obtidos junto à Instituições de crédito (inclusive Duplica­
tas Descontadas) com o valor do Ativo Circulante.

INST. DE CRÉDITO CURTO PRAZO

FACIC =----------------------------- x Hx x %

ATIVO CIRCULANTE

Para estes três indicadores relacionados com os créditos

26
de Instituições Financeiras não há parâmetros definidos. 0 que se

pode observar é que: Se, ao longo do periodo analisado, o indice


cresce, aumenta a dependência da empresa para com as Instituições

Financeiras, o que pode ser definido como piora em relação à es­


trutura de suas dividas. Se, ao invés, o indice acusa decréscimo,
pode-se dizer que a situação apresenta melhora.
IV - NIVEL DE DESCONTO DE DUPLICATAS (NDD)

Este indicador relaciona o valor das Duplicatas Desconta­

das com o valor das Duplicatas a Receber:

DUPL. DESC.

NDD =------------ = 100 = %

DUPL. a REC.

Através deste indicador o analista pode conhecer qual o


percentual de Duplicatas a Receber que vem, no periodo analisado,
sendo mantido em carteira. Basta subtrair de 100 o NDD, isto é:

100 - NDD = PERCENTUAL DE DR EM CARTEIRA.

A dependência a Instituições Financeiras influi grandemen­

te na rentabilidade da empresa e na pressão do Exigivel sobre sua

capacidade de pagamento. Afinal, não é a toa que as Instituições

de Crédito costumam ser boas cobradoras.

27
5.0 ANALISE GLOBALIZADA

Após feita a correta padronização dos balanços e apurados


os indicadores econômico-financeiros (já interpretados em seu va­
lor intrinseco, pode-se dar inicio à Análise Globalizada.

A Análise Globalizada compreende:

- Análise Horizontal;
- Análise Vertical;
- Padrões Históricos e Setoriais.

5.1 - ANALISE HORIZONTAL (AH)

A Análise Horizontal, também chamada Análise de Evolução


ou Análise de Crescimento, consiste na comparação dos valores de

cada item (conta ou grupo de contas) das Demonstrações Financei­


ras (Balanço Patrimonial e DRE), numa série de periodos, esco­

lhendo-se um deles como base de confronto.

0 objetivo da Análise Horizontal é mostrar a evolução de

cada item do demonstrativo financeiro analisado, revelando os ca­


minhos percorridos pela empresa e as possiveis tendências.
Para a determinação dos indices na série histórica:

a) Adota-se o indice 100 como representante dos valores


referentes ao ano que servirá de base para conforto com os demais

periodos;
b) Pela regra de três, simples e direta, calculam-se os

indices correspondentes aos periodos que serão confrontados com o

28
peréodo-base.
0 primeiro ano da série histórica é, normalmente, o esco­

lhido para servir de base. Antes do cálculo dos indèces, devem


ser corrigidos todos os valores para ao final do último exercicio

(CORREÇÃO MONETARIA INTEGRAL), somente assim, poderá proceder-se

à Análise Horizontal.

A Análise Horizontal não pode ser feita com valores nomi­

nais, pois nao se pode comparar valores heterogêneos. Dai a ne­


cessidade de se trabalhar com valores da mesma data e, preferen­

cialmente, da data do último balanço.

5.2 - ANALISE VERTICAL (AV)

A Análise Vertical, também chamada Análise de Estrutura ou

Análise de Composição, consiste na determinação do valor percen­

tual de cada parte em relação ao todo. Pode-se, portanto, fazer a


AV de um grupo (AC: Desp. Operacionais, etc.) ou de uma demons­

tração financeira (Balanço Patrimonial e/ou DRE). Na Análise Ver­

tical do Balanço Patrimonial, o todo será o Ativo (ou o Passivo)


total. Na DRE, o todo será o valor das Receitas Operacionais Li­

quidas .
Para a realização da AV, utiliza-se a mesma sistemática

empregada para a realização da Análise Horizontal: aplica-se a

regra de três, simples e direta.

29
5.3 - ANALISE HORIZONTAL / VERTICAL

A Análise Horizontal se complementa com a Vertical e vi­

ce-versa. Por isso, é recomendável que esses dois tipos de análi­


se sejam usados em conjunto.

Por exemplo: o grupo "INVESTIMENTO" pode apresentar, na

AH, um crescimento real de ao final do periodo considerado,

isto é, no último balanço. É um grande crescimento. Mas suponha­


mos que a AV indique que este grupo, no primeiro balanço da sé­

rie, representava 0,1 % do valor do Ativo Total e, no último ba­

lanço da série, passou a representar 0,7 % do ativo Total. Con­


clui-se que, apesar de apresentar enorme crescimento, esse item é

de pouca relevância para a Análise.


É necessário, portanto, que as conclusões sejam tiradas

com base na Análise Horizontal/Vertical.

5.4 - AH/AV E ANALISE ATRAVÉS DE INDICES

A Análise Através é de natureza genérica, relaciona gran­


des itens das Demostrações Financeiras, permitindo avaliar a si­
tuação econômico-financeira da empresa, sem contudo descer a por­

menores relacionados com o comportamento de algumas contas e gru­

pos de contas.

Já a análise H/V, embora não apresente uma visão geral da

empresa, desce a um nivel de minúcias que lhe possibilita locali­


zar pontos específicos de falhas, problemas e características da
empresa e até, em muitos casos, explicar as razões por que a em­

30
presa se encontra em determinada situação. Afinal, a regularidade

de comportamento dos diversos itens dos demonstrativos financei­

ros indica estabilidade e segurança, enquanto que a excessiva

flutuação é sinal de elevado risco.

5.5 - PADRÕES HISTÓRICOS E PADRÕES SETORIAIS

Um indice pode ser avaliado, por seu valor intrinseco, pe­


la comparação com indices de exercicios anteriores, da empresa; e

pela comparação com indices de outras empresas do mesmo ramo de

atividade.
A comparação com indices de exercicios anteriores, da mes­

ma empresei, isto é, com Padrões Históricos, é feita sem maiores

problemas, bastando ao analista dispor dos três últimos balanços

da empresa sob análise. Esta comparação visa revelar se, ao longo


do tempo, a situação econômico-financeira da empresa representada
pelos indices vem melhorando, mantendo-se no mesmo nivel ou pio­

rando .
Não há indices-padrão aplicáveis à Análise Horizontal nem
à Vertical. 0 seu emprego se restringe à Análise através de indi­

ces.

Para cada indice analisado existe um indice-padrão para

cada setor de atividade.


Em Análise de Balanços não existem Padrões Setoriais Óti­

mos, ou seja, aqueles que seriam os ideais para as empresas de

determinado ramo de atividade. 0 Padrão Setorial indica tão-so­

mente a "Mediana" - que é o valor, em que num conjunto de elemen­

31
tos colocados em ordem crescente ou decrescente, se encontra exa­

tamente no meio, isto é, tem acima de si uma metade dos demais


elementos e abaixo de si a outra metade - apurada, com relação a

cada indice, em um grande número de empresas consideradas como


"UNIVERSO” representativo daquele setor*.
Cada empresa pode ser considerada única em relação a seus

problemas e ã maneira de solucioná-los.

Então, os Padrões Setoriais sã° utilizados para aquilatar

a posição da empresa analisada no contexto das empresas do seu


ramo de atividade. Em certas empresas, com diversidade de artigos
produzidos ou comercializados, com preponderância ora de uns, ora
de outros, há dificuldades no seu enquadramento em um único ramo

de atividade.

0 Padrão Setorial não é algo absoluto. Uma empresa pode

representar seus indices acima dos padrões do ramo e, ainda as­

sim, estar em situação dificil, uma vez que todo setor pode estar

atravessando crise. 0 valor do Padrão Setorial é relativo.


Os Padrões Setoriais são excelentes instrumentos auxilia­

res da Análise através de indices e ajudam a avaliar a situação


econômico-financeira da empresa revelada pelos indices dela ex­

traídos .

5.6 - EXECUTANDO A ANALISE GLOBALIZADA

Nesta fase do processo de Análise, já padronizados os Ba­

lanços apurados os indicadores econômico-financeiros e interpre­

tados em seu valor intrínseco; junta-se a estes instrumentos, a

32
experiência e perspicácia do analista, para correta compreensão

dos fatos que não vêm explícitos nas Demonstrações Financeiras. 0


analista avaliará todos os dados obtidos e os transformará em in­

formações úteis para a tomada de decisão. Este analisará, especi­

ficamente, o seguinte:
- Cada indicador, isoladamente:

. Os valores absolutos (como se comportaram ao longo do

tempo):
* Ativo Total; Patrimônio Liquido; Capital de Giro

Próprio; Vendas; e Lucro Líquido do Exercício.


. Os índices:

* em seu valor intrínseco, comparados com os parâme­

tros; comparados aos Padrões Históricos; comparados aos Padrões

Setoriais, para ver sua adequação ao ramo de atividade da empre­

sa .
- Avaliar (classificando como: BOA, SATISFATÓRIA, DEFI­
CIENTE) a situação patrimonial com relação aos seguintes aspectos

econômico-financeiros:
. ESTRUTURA DE RECURSOS, examinando:

* o comportamento da Situação Líquida do Patrimônio

ao Longo do tempo (AH) e as causas das variações ocorridas no PL;

* o endividamento da empresa;

* a adequação, quanto ao prazo, dos recursos aplica­

dos no Ativo Permanente;


* a estrutura do Passivo Exigível em termos de Parti­

cipações das Instituições de Crédito no total dos financiamentos;

33
* o comportamento da relação entre o CGP e o Ativo

Total;
* o comportamento da relação entre o CGP e o Patrimô­

nio Liquido.
. LIQUIDEZ, examinando:

* a Liquidez de curto prazo, refletida nos índices de

Liquidez Corrente e no comportamento do Ciclo Financeiro;

* a Liquidez de longo prazo (Indice de Liquidez Ge­


ral ) .

. RENTABILIDADE, examinando:

* a Rentabilidade do Patrimônio Liquido; e

* o comportamento da relação entre o Lucro Líquido do

Exercício e as Vendas Liquidas do Exercício.


- com base nos conceitos emitidos sobre cada um desses as­
pectos econômicos-financeiros, avaliar a situação global da em­

presa .

Tendo-se a Análise Horizontal/Vertical, fica fácil notar

quais os itens do Balanço Patrimonial (ou da DRE) que influíram

positivamente ou negativamente na situação da empresa, afetando-


lhe os aspectos econômicos-financeiros examinados.

5.7 - PARECER CONCLUSIVO

0 Parecer Conclusivo é o produto final de uma Análise de

Balanço completa. Por isso, o analista deverá ser sempre muito


equilibrado ao emitir o seu Parecer sobre a empresa analisada.
Deve ater-se à realidade dos fatos retratados nos indicadores

34
examinados , evitando atitudes passionais: nem otimismos excessi­

vos, nem demasiado conservadorismo.

0 Relatório deverá ser utilizado para embasar decisões ge­

renciais relacionadas com a concessão de crédito, pelo que preci­


sa ser fidedigno o mais possível. Este poderá ser sucinto, desde

que a clareza não seja prejudicada.

35
6.0 CONCLUSÃO

A Análise de Balanços feita pelas Instituições Financeiras

é um instrumento importante nas decisões de crédito. Esta, por­


tanto, dá maior destaque a interpretação de indicadores financei­

ros que refletem, a curto e longo prazos, a capacidade da empresa

cliente em liquidar suas obrigações.


A importância dada a Análise de Balanços nos Bancos Comer­

ciais tem vinculo direto com a aferição correta dos riscos que

serão assumidos no ato da concessão do crédito. Então, a informa­


ção dada pelos analistas ao interpretar as Demonstrações Finan­
ceiras, deve expressar a realidade dos fatos, eliminando, ao má­

ximo, as distorções causadas pela inflação.

A Análise perde sua finalidade, como instrumento de apoio


às grandes decisões financeiras, ao comparar valores heterogêne­
os, ou seja, valores que não estejam representados pela mesma mo­

eda. Atualmente, o método mais eficaz de se eliminar distorções,

é a Correção Monetária Integral.

A concessão e a estipulação do valor máximo do crédito,


são dadas, a partir do resultado da análise, em conjunto com ou­

tros requisitos imprecindiveis. Dai, vê-se, a necessidade de se

maximizar a capacidade de processamento de informações fidedig­


nas, para atender aos reais interesses dos gerentes de crédito.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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07. Fundamentos e Técnicas de Administração Financeira. Atlas

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