Conhecimento Tradicional e Medicina Etnoveterinária No

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE

FRANCISCO EDUARDO DOS SANTOS SOUSA

CONHECIMENTO TRADICIONAL E MEDICINA ETNOVETERINÁRIA NO


TRATAMENTO DE PITIOSE EM ÁREAS RURAIS DO MEIO NORTE
BRASILEIRO

Teresina
2021
FRANCISCO EDUARDO DOS SANTOS SOUSA

CONHECIMENTO TRADICIONAL E MEDICINA ETNOVETERINÁRIA NO


TRATAMENTO DE PITIOSE EM ÁREAS RURAIS DO MEIO NORTE
BRASILEIRO

Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-


Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da
Universidade Federal do Piauí (PRODEMA/UFPI/
TROPEN), como pré-requisito a obtenção do título de
Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Linha de Pesquisa: Biodiversidade e Utilização


Sustentável dos Recursos Naturais.

Orientador: Prof. Dr. José de Ribamar de Sousa Rocha

TERESINA
2021
FICHA CATALOGRÁFICA
Universidade Federal do Piauí
Biblioteca Comunitária Jornalista Carlos Castello Branco
Serviço de Processamento Técnico

S725c Sousa, Francisco Eduardo dos Santos.


Conhecimento tradicional e medicina etnoveterinária no
tratamento de pitiose em áreas rurais do meio norte brasileiro /
Francisco Eduardo dos Santos Sousa. – 2021.
92 f.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Piauí,


Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente,
Teresina, 2021.
“Orientador: Prof. Dr. José Ribamar de Sousa Rocha”

1. Pitiose. 2. Pythium insidiosum. 3. Etnoveterinária.


4. Oomicetos. 5. Meio Ambiente. I. Rocha, José Ribamar de Sousa.
II. Título.

CDD 574.52

Francisca das Chagas Dias Leite – Bibliotecária – CRB-3/1004


FRANCISCO EDUARDO DOS SANTOS SOUSA

CONHECIMENTO TRADICIONAL E MEDICINA ETNOVETERINÁRIA NO


TRATAMENTO DE PITIOSE EM ÁREAS RURAIS DO MEIO NORTE
BRASILEIRO

Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-


Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da
Universidade Federal do Piauí (PRODEMA/UFPI/
TROPEN), como pré-requisito a obtenção do título de
Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Linha de Pesquisa: Biodiversidade e Utilização


Sustentável dos Recursos Naturais.

Orientador: Prof. Dr. José de Ribamar de Sousa Rocha

Aprovada em: 31 / 08 /2021

José de Ribamar de Sousa Rocha – PRODEMA (Orientador)

Muriel Magda Lustosa Pimentel – CESMAC (Membro Externo)

Patrícia Maria Martins Napolis – PRODEMA – (Membro Interno)

TERESINA
2021
Dedico esta dissertação aos meus saudosos
avós maternos Amanda Rosa dos Santos
Freitas e Lourenço Pereira de Freitas
AGRADECIMENTOS

Agradeço inicialmente a Deus, que é o princípio e o fim de todas as coisas existentes.

À UFPI pela disponibilidade de recursos necessários à realização desta pesquisa. Ao Programa


de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA/UFPI) e ao Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo suporte e bolsa de
mestrado.

Agradeço ao meu Orientador, professor Dr. José de Ribamar de Sousa Rocha, pelo apoio,
incentivo, conversas, pelo auxílio na aquisição de novos conhecimentos sobre o mundo dos
Oomicetos e pela dedicação e paciência em orientar-me durante estes anos.

Aos professores do PRODEMA que contribuíram para o meu crescimento intelectual e


profissional. Aos funcionários José Santana (Zezinho), Dona Adália e Seu Antônio que se
dedicam em criar um ambiente de trabalho organizado e acolhedor para todos. Obrigado pelo
excelente trabalho prestado e pelo cafezinho dos intervalos das aulas.

Agradeço aos colegas da turma de mestrado do biênio 2019-2021. Obrigado pelas risadas,
conversas diárias e aprendizado. A Esdras Felipe; Antônio Reis; Jefferson; Pedro Melo e Luan
Brandão pela amizade, trabalhos em grupo, gargalhadas, passeios e aprendizados.

Obrigado Leticia Sousa e Natanael Silva pelas contribuições nesta pesquisa, pelos momentos
que me aconselharam e estiveram presentes. Em especial a Letícia Sousa que tornou a
caminhada mais agradável e me fez sorrir muito.

Aos colegas, Jacky Prosperi e Joseane Araújo, do Laboratório de Fungos Zoospóricos


(LFZ/UFPI) pela parceria e risadas.

Agradeço as minhas mães: Gevani Freitas e a tia Rita Pereira pelo amor, carinho, dedicação e
por todo o suporte espiritual, emocional e financeiro que me deram. Agradeço a Mãe Gevani
por não me deixar desanimar, por sempre me receber com palavras de incentivo, fé e
encorajamento. Palavras que sempre vinham quando eu mais precisava. Já à mãe Rita, quero
agradecer pelas advertências, pelos puxões de orelha, pelas tardes que me obrigava a estudar e
por ser melhor professora que eu poderia ter na infância. Sem as palavras de encorajamento as
dificuldades teriam me feito desistir e sem as advertências o comodismo teria me vencido. Cada
à sua maneira me ensinou que o maior bem do ser humano é sua família e seus amigos. As duas
são os meus maiores exemplos e a materialização do cuidado de Deus por mim.

Agradeço a Irailde dos Santos e sua família pelo apoio e suporte, e por me conceder o meu bem
mais precioso: a minha filha Acsa Loureny.

Aos meus avós maternos Loureço Pereira e Amanda Rosa, que hoje descansam em Deus, pelas
lições de fé, humildade, perseverança e ainda pelos sábios conselhos. Ao meu Pai Raimundo
Justino e a meus irmãos: Emanoel, Thiago, Leticia, Eduarda e Hernandes que sempre me
apoiaram nessa jornada.

Há uma lista enorme de pessoas que eu gostaria de agradecer, mas são tantos nomes que não
conseguiria lembrar de todos e por esse motivo estendo a minha gratidão a vocês ao agradecer
pessoas que são importantes para mim, pois foram os irmãos que Deus me permitiu escolher:
Weigande Keynes, Antônio Carlos, Francisco Filho, Lucas Abreu, Maciel de Jesus, Thiago
Palhares e Adriano Soares, obrigado pelo apoio e incentivo.

Muito obrigado!
Tudo sempre parece impossível até que esteja
feito.

Nelson Mandela
RESUMO

A pitiose é uma infecção fúngica causada pelo microrganismo Pythium insidiosum. Esse
patógeno acomete plantas, animais, inclusive humanos, e causam sérios prejuízos econômicos.
Deste modo, o conhecimento etnoveterinário dos criadores de animais domesticados de rebanho
sobre a pitiose é relevante para auxiliar na promoção da saúde animal, além da implementação
de políticas públicas que minimizem os impactos econômicos causados pela doença. Esse
trabalho está estruturado em três capítulos com os respectivos objetivos: (1) realizar uma
revisão sistemática da literatura acerca dos casos de pitiose notificados e publicados de 2000 a
2019 no Brasil; (2) registrar o conhecimento etnoveterinário dos criadores de animais
domesticados em comunidades rurais do Piauí; e (3) documentar os tratamentos
etnoveterinários utilizados por vaqueiros e agricultores em uma área rural do Piauí, Meio-Norte
do Brasil. Para o primeiro objetivo foram compilados 60 trabalhos sobre pitiose no Brasil. Esses
estudos difundiram-se nas cinco regiões do Brasil e em 17 unidades federativas. Um total de
430 notificações foram encontradas, com os Equinos (n = 190; 44,18%) e bovinos (n = 116;
26,98%) sendo os mais acometidos pela pitiose. Dos 430 animais notificados 151 morreram,
dos quais 101 (66,89%) eram ovinos e 41 (27,15%) equinos. Para alcançar o segundo objetivo
foram realizadas 109 entrevistas semiestruturadas com os criadores de animais domésticos de
rebanho do município de São Félix do Piauí. Dos participantes da pesquisa 67 eram vaqueiros
e 42 agricultores, com idade entre 18 e 77 anos. Os animais comumente criados são caprinos,
ovinos, equinos e bovinos, entretanto houve relatos da criação de suínos e felinos. Os animais
mais acometidos pela doença foram os equinos (n = 123; 95,3%) e os menos afetados foram os
ovinos (n = 2; 1,6%). As perdas econômicas sofridas pelos entrevistados, em função da pitiose,
variaram de R$ 50,00 a R$ 7.000,00. O terceiro objetivo foi alcançado por meio da elaboração
de uma lista de fitoterápicos e zooterápicos utilizados pelos entrevistados no tratamento da
pitiose. Para isso, utilizou-se o valor de uso para determinar a importância relativa das espécies.
Foi registrado o uso de 16 plantas e 02 animais (01 réptil e 01 anfíbio) para o tratamento da
doença. As plantas medicinais mais usadas eram folha de fonte (Philodendron cordatum K.) e
banana-brava (Cathasetum sp.), e os zooterápicos citados foram couro de sapo-cururu (Rhinella
jimi) e cinza do chocalho de cascavel (Crotalus durissus). Os tratamentos apresentaram eficácia
em 27 dos casos de pitiose. Os resultados contribuem com informações acerca de qual grupo
animal é mais afetado pela pitiose no Brasil e no Piauí. Possibilitou a verificação da distribuição
da doença no país e a identificação dos fitoterápicos e zooterápicos utilizados no tratamento da
doença. Além disso, proporcionam a verificação dos impactos econômicos causados pela
pitiose e podem auxiliar na elaboração e implementação de políticas públicas que minimizem
o impacto econômico da pitiose dentro do estado.

Palavras-chave: Pitiose. Pythium insidiosum. Etnoveterinária. Oomicetos.


ABSTRACT

Pythiosis is a fungal infection caused by the microorganism Pythium insidiosum. This pathogen
affects plants, animals, including humans, and causes serious economic damage. Thus, the
ethnovet knowledge of breeders of domesticated herd animals about pythiosis is relevant to
help in the promotion of animal health, in addition to the implementation of public policies that
minimize the economic impacts caused by the disease. This work is structured in three chapters
with the respective objectives: (1) to carry out a systematic review of the literature on cases of
pythiosis reported and published from 2000 to 2019 in Brazil; (2) register the ethnovet
knowledge of the breeders of domesticated animals in rural communities in Piauí; and (3)
document the ethnovet treatments used by cowboys and farmers in a rural area of Piauí, Mid-
North of Brazil. For the first objective, 60 works on pythiosis in Brazil were compiled. These
studies were disseminated in the five regions of Brazil and in 17 federative units. A total of 430
notifications were found, with Horses (n = 190; 44.18%) and cattle (n = 116; 26.98%) being
the most affected by pythiosis. Of the 430 animals notified, 151 died, of which 101 (66.89%)
were sheep and 41 (27.15%) horses. To reach the second objective, 109 semi-structured
interviews were carried out with livestock breeders in the municipality of São Félix do Piauí.
Of the survey participants 67 were cowboys and 42 farmers, aged between 18 and 77 years.
Commonly bred animals are goats, sheep, horses and cattle, however there have been reports
of swine and feline rearing. The animals most affected by the disease were horses (n = 123;
95.3%) and the least affected were sheep (n = 2; 1.6%). The economic losses suffered by the
interviewees, due to pythiosis, ranged from R$50.00 to R$7,000. The third objective was
achieved through the elaboration of a list of herbal and zootherapics used by the interviewees
in the treatment of pythiosis. For this, the use value was used to determine the relative
importance of the species. The use of 16 plants and 02 animals (01 reptile and 01 amphibian)
for the treatment of the disease was registered. The most used medicinal plants were spring
leaves (Philodendron cordatum K.) and wild banana (Cathasetum sp.), and the zootherapics
mentioned were cane toad leather (Rhinella jimi) and rattlesnake rattle ash (Crotalus durissus).
The treatments were effective in 27 of the cases of pythiosis. The results contribute information
about which animal group is most affected by pythiosis in Brazil and Piauí. It enabled the
verification of the distribution of the disease in the country and the identification of herbal and
zootherapics used in the treatment of the disease. In addition, they provide verification of the
economic impacts caused by pythiosis and can assist in the development and implementation
of public policies that minimize the economic impact of pythiosis within the state.

Keywords: Pythiosis. Pythium insidiosum. Ethnoveterinary. Oomycetes


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

CAPÍTULO I

Figura 1: A) Distribuição das notificações de pitiose publicadas nos anos de 2000 a 2019 por
região e Unidades Federativas do Brasil; B) Quantidade de imunoterápicos comercializados e
trabalhos publicados nos anos de 2000 a 2019. ........................................................................ 31

Figura 2: Procedimentos e medicamentos utilizados para tratar pitiose e suas respectivas


eficácias. ................................................................................................................................... 32

CAPÍTULO II

Figura 1. Mapa de localização do município de São Félix, estado do Piauí, Brasil................ 50

CAPÍTULO III

Figura 1. Mapa de localização do município de São Félix do Piauí, no estado do Piauí, Brasil.
.................................................................................................................................................. 66
LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO I

Tabela 1. Resultados da pesquisa com a combinação de palavras-chave no Portal de Periódicos


CAPES (PPC) e Google Acadêmico (GA), 2000-2019. .......................................................... 28

CAPÍTULO II

Tabela 1. Perfil socioeconômico dos entrevistados, quantidade de casos de pitiose tratados e


tipo de contato que os entrevistados tiveram com a doença. Em número (N) e em porcentagem
(%) ............................................................................................................................................16
Tabela 2. Resumo do GLM aplicado para identificar as principais variáveis que influenciam o
conhecimento etnoveterinário dos agricultores e vaqueiros sobre a Pitiose. ........................... 56

CAPÍTULO III

Tabela 1. Fitoterápicos e zooterápicos utilizados na medicina etnoveterinária no município de


São Félix do Piauí, Meio-Norte do Brasil. ............................................................................... 69
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADAPI Agência de Defesa Agropecuária do Piauí


CAAE Certificado de Apresentação de Apreciação Ética
AIC Critério de Informação de Akaike
CCN Centro de ciências Naturais
ELISA Enzyme-linked Immunsorbet Assay
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
GA Google Acadêmico
GLM Modelo Linear Generalizado
HIST Histopatológicos
IBGE Instituto Brasileiro de geografia e estatística
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
IHQ Imunoistoquímicos
ISOL Isolamento do Patógeno
LAPEMI Laboratório de Pesquisa Micológica
PCR Polymerase Chain Reaction
PIB Produto Interno Bruto
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PPC Portal de Periódicos CAPEs
PRODEMA Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente
SciELO Scientific Electronic Library Online
SIDRAS Sistema de Recuperação Automática
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UFPI Universidade Federal do Piauí
UFSM Universidade Federal de Santa Maria
UV Valor de Uso
Sumário
1 INTRODUÇÃO GERAL .................................................................................................. 14

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 18
2 CAPÍTULO I: Registros de Pitiose no Brasil de 2000 a
2019:umarevisão................................................................................25
Introdução................................................................................................................. 26
Materiais e métodos ................................................................................................. 27
Resultados ................................................................................................................. 29
Discussão ................................................................................................................... 33
Conclusões................................................................................................................. 38
Referências ................................................................................................................ 39
3 CAPÍTULO II: Conhecimento etnoveterinário de vaqueiros e agricultores sobre
Pitiose em áreas rurais do Meio-Norte do Brasil..............................47
Introdução................................................................................................................. 48
Materiais e métodos ................................................................................................. 49
Área de estudo .......................................................................................................... 49
Coleta de dados......................................................................................................... 51
Reconhecimento e Identificação da Pitiose ............................................................ 51
Análise de dados ....................................................................................................... 52
Resultados ................................................................................................................. 52
Referências ................................................................................................................ 58
4 CAPÍTULO III Medicina etnoveterinária no tratamento da Pitiose em áreas rurais do
Meio-Norte do Brasil.................................... ................................63
Introdução................................................................................................................. 64
Materiais e Métodos ................................................................................................. 65
Área de estudo .......................................................................................................... 65
Coleta de dados......................................................................................................... 66
Análise de dados ....................................................................................................... 67
Resultados e discussão ............................................................................................. 67
Considerações finais ................................................................................................. 70
Referências ................................................................................................................ 71
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 74

APÊNDICES ......................................................................................................................... 75

ANEXO..................................................................................................................................83
14

1 INTRODUÇÃO GERAL

O filo Oomycota por muito tempo foi agrupado com os fungos, mas com o avanço das
técnicas em microscopia e o advento da biologia molecular, a taxonomia desse grupo passou
por várias alterações e foi proposta uma nova classificação na qual o filo é dividido em três
classes: Peronosporomycetes, com as ordens Albuginales, Peronosporales sensu lato e
Rhipidiales; Saprolegniomycetes, com Atkinsiellales, Leptomitales e Saprolegniales; e Incertae
sedis composta por organismos basais das ordens Eurychasmales, Haptoglossales,
Olpidiopsidales, Haliphthorales (BEAKES; HONDA; THINES, 2014).

As espécies pertencentes ao filo Oomycota podem ser encontradas em ambientes


aquáticos e terrestres, no entanto seus zoósporos precisam de condições úmidas para se
dispersarem (NAM; CHOI, 2019). A maioria destes microrganismos são saprófagos, mas
algumas espécies atuam como parasitas de plantas, crustáceos, algas, larvas de mosquito,
nematoides, rotíferos, outros fungos e mamíferos (ALEXOPOULOS; MIMS; BLACKWELL,
1996; WEBSTER; WEBER, 2007; ETTINGER; EISEN, 2020). Várias doenças, tanto de
plantas como de animais são causadas pelos oomicetos, tais como: míldios, podridões de frutos
e raízes em plantas anuais, ferrugem branca em plantas hortícolas e diversas doenças nos
vegetais, resultando em perdas econômicas consideráveis (MARGULIS, 2001; GARRIDO;
SÔNEGO; GOMES, 2004; AGRIOS, 2005; KIMATI et al., 2005; OLIVEIRA et al., 2014;
BELISLE, et al., 2019; LEE; SHIN; CHOI, 2020).

Um dos organismos pertencente aos oomicetos que merece destaque é o Pythium


insidiosum, pois causa graves perdas econômicas em uma variedade de plantas cultivadas e
podem parasitar os seres humanos e outros animais (MENDOZA; ALFARO, 1986; RIVIERRE
et al., 2005; TONDOLO, 2020). O P. insidiosum habita áreas pantanosas, mas são comumente
encontrados em áreas agrícolas irrigadas e em reservatórios de águas (SUPABANDHU et al.,
2008). Seu ciclo biológico se inicia pela colonização de plantas aquáticas de ambientes lênticos.
Nas estruturas destas plantas se desenvolve o micélio vegetativo e em seguida ocorre a
reprodução assexuada por meio da formação de zoósporos móveis biflagelados, que procuram
outros hospedeiros para poder reiniciar o ciclo de vida (MENDOZA; PRENDAS, 1988;
KRAJAEJUN et al., 2010; VILELA et al, 2018).

Análises realizadas por Mendoza, Hernandez e Ajello (1993) mostraram que os


zoósporos apresentam tropismo positivo em relação à pelos e tecidos de animais e vegetais.
Essas observações validam a teoria da infecção, segundo a qual alguns autores propuseram que
15

os zoósporos são atraídos por animais que estão em contato com a água contaminada e se
desenvolvem a partir de pequenas lesões cutâneas (MILLER, 1983; MENDOZA;
HERNANDEZ; AJELLO, 1993). Outros pesquisadores sugerem a possibilidade de os
zoósporos penetrarem através de folículos pilosos (SANTURIO et al., 1998). Apesar disso, os
fatores para o desenvolvimento da pitiose ainda não foram identificados, pois pouco se sabe
sobre as preferências ecológicas do P. insidiosum. Entretanto, a ocorrência da doença parece
estar associada a ambientes que contenham água parada com temperaturas entre 30° e 40ºC,
condições adequadas para a indução de formação dos zoósporos (SUPABANDHU et al., 2008).

A pitiose normalmente se desenvolve sob forma de úlceras e lesões granulomatosas


cutânea-subcutânea; porém, alguns casos de infecção óssea, pulmonar e disseminação sistêmica
foram descritos em animais (LEAL et al., 2001; REIS JÚNIOR et al., 2003; SANTURIO et al.,
2006; PAZ et al., 2021). Nos humanos, além do tipo cutâneo, foram registradas as formas
ocular, vascular e de disseminação em órgãos internos (KRAJAEJUN et al., 2006;
LAOHAPENSANG et al., 2009; LELIEVRE et al., 2014; PERMPALUNG; WORASILCHAI;
CHINDAMPORN, 2020).

A maioria dos casos de pitiose foram registrados em regiões tropicais e subtropicais


(MENDOZA et al., 2005) como, por exemplo, nos países da América do Sul (SALAS et al.,
2012; PEREIRA et al., 2013; ÁLVAREZ; VERGARA; ÁLVAREZ, 2017). Entre os quais
merece destaque o Brasil, por apresentar registro de caso de pitiose equina desde 1974 e possuir
uma das regiões com o maior índice de ocorrência de pitiose no mundo: o Pantanal (SANTOS;
LONDERO, 1974). Além disso, há registros da doença em outros estados do país (por exemplo,
LEAL et al., 2001; LUVIZARI; LEHMKUHL; SANTOS, 2002; SANTOS et al., 2011; BURNS
et al., 2013; BERNARDO et al., 2015; MUSTAFA et al., 2015). É válido destacar que estados
brasileiros com clima do tipo semiárido também apresentam casos da doença (BANDEIRA et
al., 2009; VAZ et al., 2009; CARRERA et al., 2013; SERRÃO, 2015; PIMENTEL et al., 2015).
Inclusive, só no estado do Piauí há registros de pitiose em ovinos e equinos (SOUZA et al.,
2008; ROCHA et al., 2010).

A doença apresenta altas taxas de mortalidade, principalmente nos equinos e ovinos,


pois antifúngicos convencionais são pouco eficazes e medicamentos antimicrobianos efetivos
ainda não foram disponibilizados para combater a infecção (MENDOZA; NEWTON, 2005;
KRAJAEJUN et al., 2014; PERMPALUNG et al., 2014; HILTON et al., 2016; IANISKI et al.,
2021). Independente das espécies infectadas, poucos casos de pitiose são registrados
16

anualmente, porém pode estar havendo uma subnotificação em virtude de a doença ocorrer
principalmente em áreas rurais (GAASTRA et al., 2010; HILTON et al., 2016).

Devido às condições econômicas dos criadores, particularmente em áreas rurais, a


dificuldade em adquirir medicamentos industrializados e a crescente demanda por alimentos
orgânicos (MONTEIRO; BEVILAQUA; CAMURÇA-VASCONCELOS, 2011; SILVA et al.,
2021a; TCHETAN et al., 2021), o conhecimento popular tradicional tem sido reconhecido
como de significativa importância em diversas áreas das ciências, como é caso da
Etnoveterinária (ABO-EL-SOOUD, et al., 2018). Esta se refere às práticas e saberes populares
acerca da utilização de fitoterápicos, zooterápicos e minerais para prevenir e tratar doenças em
animais de rebanho e de estimação (MATHIUS-MUNDY; MC CORKLE, 1989; BARBOZA;
SOUTO; MOURÃO, 2007; NIMBALKAR et al., 2020).

Na literatura encontra-se diferentes estudos acerca do conhecimento etnoveterinário nos


continentes Europeu, Asiático, Africano e Americano (MAYER et al, 2017; BORGES et al.,
2020; MCGAW et al, 2020; MAJEED et al., 2020). Esses trabalhos estão voltados ao registro
do uso de plantas medicinais, produtos ou subprodutos da fauna para tratamento de diversas
doenças em animais. Entretanto, pesquisas que destaquem esse conhecimento, em particular no
tratamento de doenças fúngicas, são pouco realizadas. Em se tratando do continente americano,
mais precisamente do Brasil, esses estudos tornam-se mais escassos (SCHONS et al., 2020).

No entanto, esses saberes não podem ser esquecidos e devem ser somados às pesquisas
científicas, pois o conhecimento etnoveterinário é utilizado por muitos criadores de animais
domésticos, fazendeiros e veterinários ao logo dos anos (MATHIAS, 2007; SILVA et al.,
2021b). A exemplo disso tem-se a pitiose, doença fúngica que em geral ocorre em lugares de
difícil acesso, dificultando a obtenção de medicamentos industrializados (HILTON et al.,
2016). Isso faz com que o conhecimento dos especialistas locais seja uma estratégia viável na
promoção da saúde animal (MUHAMMAD et al., 2005; ALBUQUERQUE et al., 2008; SILVA
et al., 2021b). Desse modo, torna-se necessário obter informações acerca do conhecimento
etnoveterinário que podem não apenas ser perdidos ao longo dos anos, por serem transmitidos
oralmente (FERNANDES; MELO, 2020), como também podem nortear a elaboração de
políticas públicas direcionadas a minimização dos impactos causados pela pitiose,
principalmente nas áreas rurais.

Com relação à sua organização estrutural, este trabalho é dividido em três capítulos. O
Capítulo I se refere ao manuscrito intitulado: Registro de Pitiose no Brasil de 2000 a 2019: uma
17

revisão. Neste, objetivou-se registrar os casos de pitiose notificados e publicados de 2000 a


2019 no Brasil e analisar a distribuição da doença no país durante esse intervalo de tempo.
Nesse sentido, a pesquisa foi norteada pelos seguintes questionamentos: a quantidade de
notificações de pitiose publicadas no Brasil reflete o número de casos da doença no país? O
número de notificações da doença difere entre o período chuvoso e de estiagem? Quais grupos
animais foram mais afetados pelo Pythium insidiosum no Brasil entre os anos de 2000 e 2019?

O capítulo II corresponde ao manuscrito "Conhecimento etnoveterinário de vaqueiros e


agricultores sobre Pitiose em áreas rurais do Meio-Norte do Brasil". Neste capítulo objetivou-
se: (1) documentar o conhecimento etnoveterinário sobre pitiose (2) avaliar como as variáveis
socioeconômicas e o contato com a doença afetam o conhecimento etnoveterinário de
agricultores e vaqueiros sobre a pitiose; e (3) estimar as perdas econômicas causadas pelo
Pythium insidiosum no município estudado. Os questionamentos que nortearam esse estudo
foram: qual o conhecimento etnoveterinário sobre pitiose dessas comunidades? (d) a pitiose
causa impacto econômico nas comunidades onde a doença ocorre? A hipótese defendida neste
capítulo é a de que o conhecimento etnoveterinário é influenciado por variáveis como idade,
contato direto com a doença e quantidade de animais tratados. Assim, este capítulo subsidiará
novas pesquisas acerca do conhecimento tradicional direcionado à pitiose, além de auxiliar na
formulação de políticas públicas direcionadas à realidade local. É válido destacar que até o
momento da realização desta pesquisa não foram encontrados estudos anteriores sobre
conhecimento etnoveterinária com enfoque para essa doença. Acredita-se que este estudo é
pioneiro no Brasil e até mesmo a nível mundial.

O capítulo III, por sua vez, é intitulado "Medicina etnoveterinária no tratamento da


Pitiose em áreas rurais do Meio-Norte do Brasil". Neste capítulo buscou-se investigar: (1) os
grupos animais mais acometidos pela pitiose; (2) a época do ano com mais relatos de ocorrência
da doença; e (3) os tratamentos etnoveterinários utilizados por vaqueiros e agricultores em uma
área rural no estado do Piauí, Meio-Norte do Brasil. Utilizou-se como norte os seguintes
questionamentos: quais os grupos animais mais acometidos pela pitiose em uma área rural do
Piauí? Em qual época do ano ocorre o maior relato de casos da doença nesta área estudada?
Quais os fitoterápicos ou zooterápicos mais utilizados para tratar a pitiose pelos vaqueiros e
agricultores que residem nesta área rural? As informações obtidas neste capítulo podem
subsidiar pesquisas futuras voltadas à medicina etnoveterinária e pitiose, uma vez que até o
momento da realização deste estudo não foram encontradas publicações anteriores a nível
nacional e, provavelmente, mundial.
18

REFERÊNCIAS

ABO-EL-SOOUD, K. Ethnoveterinary perspectives and promising future. International


journal of veterinary science and medicine, v. 6, n. 1, p. 1-7, 2018.

AGRIOS, A. G. Plant pathology. Molecular plant pathology, v. 15, n. 4, p. 315–8, 2005.

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25

2 CAPÍTULO I

Registros de Pitiose no Brasil de 2000 a 2019: uma revisão

Francisco Eduardo dos Santos Sousa¹, José de Ribamar de Sousa Rocha2

1 – Mestrando em Desenvolvimento e Meio ambiente – UFPI. Endereço para correspondência:


Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro Petrônio Portella– CCN, Dep. Biologia, Bairro Ininga,
CEP 64.049-550, Teresina- PI, Brasil. Email: eduardosbiologo @gmail.com
2 – Professor do Departamento de Biologia e do Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente – UFPI.
Endereço para correspondência: Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro Petrônio Portella – CCN,
Dep. Biologia, Bairro Ininga, CEP 64.049-550, Teresina- PI, Brasil Email: [email protected]

Resumo: Este artigo trata-se de uma revisão da literatura que teve como objetivos: registrar os
casos de pitiose notificados e publicados de 2000 a 2019 no Brasil; verificar qual grupo animal
tem sido mais afetado pelo Pythium insidiosum nas diferentes regiões do país; e analisar a
distribuição espaço-temporal dos casos de Pitiose no Brasil entre os anos de 2000 e 2019. Para
isso, foi realizada a combinação de palavras-chave no idioma inglês, português e espanhol a
fim de buscar artigos científicos no Portal de Periódicos da CAPES e Google Acadêmico.
Foram encontrados 60 trabalhos distribuídos em 17 Unidades Federativas do Brasil e em todas
as regiões do país. Um total de 430 notificações foi encontrado. Os Equinos (n = 190; 43,95%)
e bovinos (n = 116; 26,98%) se destacaram como os grupos mais acometidos pela pitiose. Dos
430 animais notificados 151 morreram, nos quais 101 (66,89%) eram ovinos e 41 (27,15%)
equinos. Deste modo, esta revisão agrega informações acerca do contexto em que se encontram
as pesquisas sobre pitiose e sua distribuição dentro do Brasil. Considerando os principais
resultados, torna-se evidente a necessidade de estudos que mencionem informações
epidemiológicas que possibilitem verificar com mais clareza a distribuição da pitiose nas
regiões e unidades federativas do Brasil.

Palavras-Chave: Pythium insidiosum. Infecção fúngica. Oomycota. Pitium vac.

Abstract: This article is a literature review that aimed to: register cases of pythiosis reported
and published from 2000 to 2019 in Brazil; verify which animal group has been most affected
by Pythium insidiosum in different regions of the country; and analyze the spatiotemporal
distribution of cases of Pythiosis in Brazil between the years 2000 and 2019. For this, keywords
in English, Portuguese and Spanish were combined in order to search for scientific articles in
the Portal de Periódicos da CAPES and Google Scholar. 60 works were found, distributed in
17 Federative Units in Brazil and in all regions of the country. A total of 430 notifications were
found. Horses (n=189; 43.95%) and cattle (n=116; 26.98%) stood out as the groups most
affected by pythiosis. Of the 430 animals notified, 151 died, of which 101 (66.89%) were sheep
and 41 (27.15%) horses. Thus, this review aggregates information about the context in which
research on pythiosis is found and its distribution within Brazil. Considering the main results,
the need for studies that mention epidemiological information that make it possible to verify
more clearly the distribution of pythiosis in the regions and federative units of Brazil becomes
evident.

Keywords: Pythium insidiosum. Fungal infection. Oomycota. Pitium vac.


26

Introdução

A pitiose é uma infecção fúngica causada pelo microrganismo Pythium insidiosum,


caracterizada pela formação de úlceras proliferativas e granulomatosas que na maioria dos casos
se desenvolve sob os tecidos cutâneos e subcutâneos (CARMO et al., 2015; CHITASOMBAT
et al., 2020). Essa doença acomete plantas e animais, podendo causar sérios prejuízos
econômicos (KAGEYAMA, 2014). Os mamíferos são um dos grupos mais afetados,
principalmente os equinos, caninos, bovinos e humanos, por apresentarem a maior quantidade
de indivíduos infectados (GAASTRA et al., 2010). Além das duas formas clínicas supracitadas,
neste grupo já foram observados casos de infecções pulmonar, intestinal, ocular, óssea e
disseminação sistêmica (GOAD, 1984; WORSTER et al., 2000; REIS et al., 2003;
BERREYESSA et al., 2008; AGARWAL et al., 2018).

O diagnóstico inicial da pitiose é obtido por meio da análise dos sinais clínicos,
histopatológicos, epidemiológicos, presença do agente etiológico nas lesões, além de
características micro e macroscópicas das feridas (SANTURIO et al., 2006a;
SCHANZEMBACH et al., 2019). Contudo, outras doenças como granulomas fúngicos ou
bacterianos, sarcóide com tecido de granulação exuberante e habronemose se assemelham a
pitiose, dificultando a identificação precisa da doença e fazendo com que seja necessário um
diagnóstico diferencial (ÁLVAREZ; VILORIA; AYOLA, 2013; BROMERSCHENKEL;
FIGUEIRÓ, 2014). Diante disso, a confirmação pode ocorrer por meio de técnicas de imuno-
histoquímica (IHQ), Polymerase Chain Reaction (PCR), Enzyme-Linked Immunosorbent
Assay (ELISA) e isolamento do agente (ISOL) (REIS et al., 2003; RIET-CORREA et al., 2003;
BANDEIRA et al., 2009; SCHANZEMBACH et al., 2019).

A dificuldade na identificação da doença é um dos fatores determinantes no processo de


tratamento da pitiose, pois o tempo de infecção, tamanho e local da lesão, estado nutricional,
idade do animal e evolução clínica afetam diretamente o resultado do tratamento (LEAL et al.,
2001b; CHECHI et al., 2021). Soma-se a isso, a ausência de ergosterol na membrana plasmática
do P. insidiosum que dificulta a ação de muitos antifúngicos, visto que esses medicamentos
atuam diretamente sobre esse componente celular (FUJIMORI et al., 2016). As principais
alternativas de tratamentos são imunoterapia, quimioterapia e remoção cirúrgica. Essas técnicas
são utilizadas levando-se em consideração os diversos fatores supracitados e a espécie
acometida pela doença (TORVORAPANIT et al., 2021).
27

A Pitiose ocorre com mais frequência em locais de clima tropical, subtropical e


temperados, com relato de casos nas Américas, Europa, Ásia, Oceania e África, particularmente
em ambientes que apresentam condições ambientais favoráveis para o desenvolvimento do
patógeno (REVIERRE et al., 2005; GAASTRA et al., 2010; ROMERO et al., 2019). No Brasil
há relatos de casos de pitiose desde 1974 (SANTOS; LONDEIRO, 1974) e nas últimas décadas
observou-se um aumento no número de casos da doença em equinos do Rio Grande do Sul
(MARCOLONGO-PEREIRA et al., 2014). Ainda assim, poucos são os registros de casos da
doença no país (CARMO; UZAL; RIET-CORREA, 2021). No entanto, acredita-se que em
todos os países de ocorrência do Pythium insidiosum a doença está subnotificada (GAASTRA
et al., 2010; HILTON et al., 2016).

Mediante o exposto, têm-se as seguintes hipóteses: (1) as notificações dos casos de


pitiose estão subamostradas no país devido às dificuldades de acesso ao local de ocorrência e
de um diagnóstico conclusivo da doença; (2) o período chuvoso apresentará o maior número de
casos, pois o Pythium insidiosum depende de ambientes úmidos para o seu desenvolvimento.
Assim, a pesquisa teve como objetivos: a) registrar os casos de pitiose notificados e publicados
de 2000 a 2019 no Brasil; b) verificar qual grupo animal tem sido mais afetado pelo Pythium
insidiosum nas diferentes regiões do país; c) Identificar qual dos períodos (chuvoso – estiagem)
apresenta o maior número de notificações; e d) Analisar a distribuição espaço-temporal dos
casos de Pitiose no Brasil entre os anos de 2000 e 2019.

Materiais e métodos

As informações acerca dos casos de pitiose foram retiradas de artigos científicos


publicados e disponibilizados nos bancos de dados do Google Acadêmico e Portal de Periódicos
CAPES (TILAHUN; ETIFU; SHEWAGE, 2019). Para o levantamento dos dados foram
utilizadas as seguintes palavras-chave: “Pitiose + Brasil”; “Pitiose + kunker + Brasil”;
“Oomycota + Pitiose + Pythium insidiosum + Brasil” e suas variações nos idiomas inglês e
espanhol (Tabela 1). O levantamento bibliográfico englobou trabalhos científicos publicados
de 2000 a 2019 e a pesquisa foi realizada de setembro de 2019 a janeiro de 2020.

Os trabalhos encontrados foram previamente analisados por meio do título ou resumo e


foram selecionados com base nos seguintes critérios de inclusão: (1) identificação do animal
diagnosticado com pitiose; (2) menção da unidade federativa do Brasil à qual o animal
acometido pela doença pertencia; (3) confirmação do diagnóstico por meio de teste
28

histopatológico, sorológico ou da identificação do patógeno a partir do cultivo das cepas


retiradas dos animais infectados. Embora a seleção tenha se dado primordialmente pela análise
do título e resumo, também foi feita a leitura completa de trabalhos nos quais esses critérios
não estavam presentes no resumo.

Tabela 1. Resultados da pesquisa com a combinação de palavras-chave no Portal de Periódicos CAPES (PPC) e
Google Acadêmico (GA), 2000-2019.

Resultados Trabalhos Resultados Trabalhos


Palavras-chave em português
PPC selecionados GA selecionados

Pitiose + Brasil 48 15 469 22


Pitiose + Kunker + Brasil 1 0 230 5

Pitiose + Pythium insidiosum +


36 1 599 1
Brasil

Oomycota + Pitiose + Pythium


3 0 353 0
insidiosum + Brasil

Combinação de palavras-chave
em inglês

Pythiosis + Brazil 204 12 846 3


Pythiosis + Kunker + Brazil 7 0 230 0

Pythiosis + Pythium insidiosum +


166 1 599 0
Brazil

“Oomycota + Pythiosis + Pythium


18 0 353 0
insidiosum + Brazil

Palavras-chave em Espanhol
Pitiosis + Brasil 10 0 82 0
Pitiosis + Kunker + Brasil 0 0 228 0

Pitiosis + Pythium insidiosum +


7 0 578 0
Brasil

Oomycota + Pitiosis + Pythium


2 0 339 0
insidiosum + Brasil

Total 502 29 4906 31

Foram excluídos trabalhos de revisão com dados de vários anos, a fim de evitar
sobreposição de casos. Além disso, foram excluídos artigos duplicados, livros, capítulos de
livros, trabalhos de conclusão de curso, dissertações, teses, resumos simples ou completos
publicados em anais de eventos científicos e artigos em que a confirmação do diagnóstico
ocorreu apenas com base na anamnese do animal e nos aspectos clínicos da doença.
29

Encontrou-se 502 artigos no Portal de Periódicos Capes e 4.906 no Google Acadêmico,


totalizando 5.468 trabalhos na busca primária. Após as análises, 5.346 artigos foram
eliminados, 38 desses eram trabalhos duplicados que estavam presente nas duas bases de dados.
Desse modo, os artigos restantes que atenderam aos critérios de inclusão foram lidos e tabulados
de acordo com o ano de publicação, animal acometido pela doença, ano e mês da ocorrência do
caso, teste utilizado no diagnóstico, número de mortos, entre outros.

Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva. Além disso, utilizou-se o
software QGis© versão 3.6.1 (QGis Development Team, 2021) na elaboração de um mapa
coroplético para demostrar a distribuição dos trabalhos e notificações dos casos de pitiose
publicados de 2000 a 2019 nas unidades federativas do Brasil. Para verificar se o número de
notificações de pitiose estava correlacionado com o número de trabalhos publicados adotou-se
o Coeficiente de Correlação de Pearson. Também foi elaborado um mapa coroplético com o
número de notificações da doença por região do país e a quantidade de imunoterápicos
comercializada para o mesmo período (2000-2019). Os dados das vacinas foram extraídos do
relatório de avaliação dos impactos das tecnologias geradas pela Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA, 2020), a fim de verificar uma possível subnotificação nos casos de
pitiose. Isso porque os imunoterápico são utilizados no tratamento e não na prevenção da
doença.

Com uso do teste não-paramétrico de Mann-Whitney foi possível avaliar a influência da


sazonalidade (período chuvoso e de estiagem) no número de notificações da doença. Todas as
análises estatísticas desta revisão foram computadas por meio do software PAST©
(PAleontological STatistical) versão 4.03 (HAMMER; HARPER; RYAN, 2001).

Resultados

Um total de 60 artigos científicos distribuídos em todas as regiões do Brasil foi


selecionado por atenderem aos critérios de inclusão. As regiões Sul e Sudeste do país
apresentaram o maior número de publicações, ambas com 16 trabalhos (26,67%). Em seguida
encontrou-se a região Nordeste com 15 pesquisas realizadas (25,00%). As regiões Centro-
Oeste (n = 9; 15,00%) e Norte (n = 1; 1,67%) foram as menos representativas. Houve trabalhos
que corresponderam a mais de uma região simultaneamente: Norte + Sudeste (n = 1; 1,67%);
Sul +Sudeste (n = 1; 1,67%); e Nordeste + Sudeste (n = 1; 1,67%).
30

Os estudos estão subdivididos em 16 unidades federativas do Brasil, com as maiores


representatividades no Rio Grande do Sul (n = 12; 20,00%), Paraíba (n = 8; 13,33%) e São
Paulo (n = 7; 11,67%). Por outro lado, as menores expressividades foram encontradas em Santa
Catarina, Piauí, Tocantins, Bahia, Goiás e Sergipe, com apenas um trabalho (1,67%) cada
(Figura 1A). Dois trabalhos apresentaram dados de mais de uma unidade federativa: São Paulo
+ Paraná, Tocantins + São Paulo e RN + PB + MG (n = 3; 5,00%). Também houve
simultaneidade de um estudo (1,67%) entre Rio Grande do Norte + Paraíba + Minas Gerais.

Os trabalhos analisados descreveram 430 notificações de pitiose nas cinco regiões e em


17 unidades federativas do Brasil. Consideraram-se como notificação os casos de pitiose que
foram diagnosticados e relatados em trabalhos publicados entre os anos de 2000 e 2019. As
regiões Sul e Nordeste se destacaram com 141 (32,79%) e 121 (28,14%) notificações,
respectivamente. O Sudeste apresentou 90 notificações (20,93%), ficando à frente do Centro-
Oeste 76 (17,67%) e do Norte, que registrou apenas dois casos da doença (0,47%). O Rio
Grande do Sul foi o estado que também apresentou o maior número de notificações (n = 135;
31,39%), ao passo que Sergipe obteve a menor quantidade delas (n = 1; 0,23%). Com isso,
verificou-se que a quantidade de notificações da doença foi positivamente correlacionada com
o número de estudos por estado (r de Pearson = 0,80; p < 0,001) (Figura 1B).
31

Figura 1: A) Distribuição das notificações de pitiose publicadas nos anos de 2000 a 2019 por região e
Unidades Federativas do Brasil; B) Quantidade de imunoterápicos comercializados e trabalhos
publicados nos anos de 2000 a 2019.

Dos animais diagnosticados com pitiose, os equinos apresentaram o maior número de


indivíduos acometidos pela doença (n = 190; 44,18%), seguido dos bovinos (n = 116; 26,98%)
e ovinos (n = 105; 24,42%). Os animais com menos expressividade foram os caninos (n = 14;
3,26%) e humanos (n = 2; 0,47%). Com apenas um (0,23%) animal infectado tem-se caprino,
felino e avestruz. Esses animais estavam distribuídos em diferentes unidades federativas do
país, com destaque para o Rio Grande do Sul que deteve quase um terço de todos os animais
infectados (n = 135; 31,40%), dos quais 86 eram bovinos (20,00%), 43 equinos (10,00%), cinco
caninos (1,16%) e um ovino (0,23%). Com exceção do Mato Grosso do Sul, com 32 (7,44%)
animais infectados, as demais unidades federativas apresentaram menos que 30 indivíduos
infectados.

Os diagnósticos da doença foram confirmados por meio de testes histopatológicos


(HIST), imunoistoquímicos (IHQ), Polymerase Chain Reaction (PCR), Enzyme-Linked
Immunosorbent Assay (ELISA) e técnica de isolamento do patógeno (ISOL). A maioria dos
trabalhos (n = 34; 56,67%) descreveram a utilização de dois testes, com destaque para HIST +
32

IHQ (n = 17; 28,33%). Em contrapartida, 12 trabalhos descreveram o uso de apenas um teste,


sendo o HIST (n = 9; 15,00%) o mais utilizado. Houve também a combinação de três testes
diferentes em nove trabalhos; três estudos relataram quatro testes e dois usavam os cinco testes
citados. De modo geral, o teste HIST foi usado 55 vezes (42,19%), IHQ 28 (21,88%), a técnica
de ISOL 23 (17,97%), a PCR 15 (11,72%) e oito de ELISA (6,25%) (Apêndice 1).

O período específico em que o animal apresentou a doença estava presente em 303


notificações. De 2000 a 2019 os meses de setembro e outubro não houve registro de notificação.
Janeiro e junho se destacaram com as maiores quantidades de casos, 142 (20,75%) e 44
(46,86%), respectivamente. Em seguida encontrava-se fevereiro (n = 33; 10,89%) e novembro
(n = 31; 10,23%). Os meses menos representativos foram maio com 18 casos (5,94%), enquanto
abril, março, agosto, dezembro e junho apresentaram menos que nove registros. Dessa forma,
209 (62,05%) notificações ocorreram durante o período chuvoso e 94 (37,95%) no período de
estiagem. O teste de Mann- Whitney revelou diferença significativa no número de casos
registrados entre os períodos sazonais, com o maior número de notificações para o período
chuvoso (Teste U de Mann-Whitney = 1,5; p < 0,05; Ranking médioEstiagem = 1,65; Ranking
médioChuvoso = 3,85).
Quanto às formas de tratamento, 50 trabalhos descreveram os métodos e medicamentos
usados. Desses, 20 registraram a excisão cirúrgica + imunoterápicos e antifúngicos +
antibióticos como a terapia mais utilizada. Em 12 estudos foram utilizados somente
antifúngicos e em sete apenas imunoterápicos. O tratamento menos aplicado, descrito em dois
trabalhos, foi à associação de imunoterápico + antifúngicos. O tratamento presente na maioria
dos trabalhos mostrou-se eficaz em 13 dos estudos, os antifúngicos em sete, imunoterápicos em
seis, a excisão cirúrgica em três e os imunoterápicos + antifúngicos em dois (Figura 2). É
importante destacar que os cinco trabalhos com bovinos não trazem essas informações, pois
esses animais se recuperaram espontaneamente.

Excisão Cirúrgica + Medicamentos


Antifúngicos
Imunotérapicos
Antifúngico + Antibióticos
Excisão Cirúrgica
Imunoterapicos + Antifúngicos
1 3 9 27
Eficaz Ineficaz
Figura 2: Procedimentos e medicamentos utilizados para tratar pitiose e suas respectivas
eficácias.
33

Dos 60 trabalhos analisados, seis não registraram se os 40 animais diagnosticados nesses


estudos se recuperaram ou morreram. O restante dos trabalhos corresponde à somatória de 390
indivíduos acometidos por pitiose. Desse total, 151 (38,72%) animais morreram. Os ovinos
foram os mais representativos com 101 (66,89%) mortos e, em seguida, os equinos com 41
(27,15%) óbitos. Os menos expressivos foram os caninos (n = 8; 5,30%) e felinos (n = 1;
0,66%). Para os demais grupos não houve registro de morte.

Discussão

Muitos estudos apontam o Pantanal Mato-grossense, situado na região Centro-Oeste do


Brasil, como um dos locais de maior prevalência e incidência de pitiose no mundo
(MENDOZA; AJELLO; MCGINNIS, 1996; LEAL et al., 2001a; SANTURIO; FERREIRA,
2008; SILVA; COSTAS; OLIVEIRA HENRIQUE, 2019; VIANA et al., 2020). Entretanto, o
levantamento mostrou que nos últimos 20 anos a região está entre as menos representativas em
publicações de notificação acerca de pitiose, ficando à frente apenas do Norte do país. Isso
demonstra que o número de publicações sobre pitiose para cada estado ou região, ainda que se
tenha relatos de ocorrência da doença, não reflete de forma confiável o número de casos. Assim,
aponta-se como um dos possíveis motivos para isso a existência de grupos de pesquisas
conceituados nesses locais.

Por exemplo, o fato de o Rio Grande do Sul se destacar em número de publicações pode
ser porque neste estado encontra-se o Laboratório de Pesquisa Micológica (LAPEMI-UFSM).
Esse é um dos maiores grupos de pesquisa sobre a pitiose no Brasil e, juntamente com a
Embrapa Pantanal, desenvolveram um imunoterápico que, em muitos casos, se mostrou eficaz
no tratamento da pitiose (MONTEIRO, 1999; BECEGATTO et al., 2017). Além disso, vale
ressaltar que a primeira notificação de pitiose equina no Brasil ocorreu no Rio Grande do Sul
(SANTOS; LONDERO, 1974). Desse modo, acredita-se que fatores como esses podem ser o
real motivo de alguns locais serem mais expressivos em número de publicações.

Os resultados mostraram que embora alguns estados tenham se destacado em quantidade


de publicações e o número de casos de pitiose esteja aumentando ao longo dos anos
(MARCOLONGO-PEREIRA et al., 2012; SANTOS et al., 2014), está ocorrendo uma
subnotificação da doença no país. Isso se torna evidente ao se comparar o número de casos
notificados e a quantidade de “Pitium Vac”, imunoterápico usado no tratamento da pitiose,
produzido e comercializado nos anos de 1999 a 2019. Por exemplo, apesar do Norte ter
34

registrado apenas duas notificações ao longo dos anos do levantamento, essa foi a região que
mais comercializou o medicamento (9.942) entre os anos de 1999 e 2019 (EMBRAPA, 2020).

Os achados desta pesquisa corroboram com as informações defendidas por diferentes


pesquisadores de que os equinos são os mais afetados pelo Pythium insidiosum no Brasil
(MENDOZA; NETWON, 2005; SANTURIO et al., 2006a; PAL et al., 2014). Por outro lado,
diferem daqueles publicados por Santurio et al. (2006a), pois verificou-se que os bovinos foram
os mais infectados pela doença após os equinos, e não os caninos como observado pelos autores.
Tais dados também divergem dos resultados encontrados por Galiza et al. (2014). Os autores
verificaram que 12 animais de companhia (cães ou gatos) foram acometidos pela doença,
enquanto apenas um ruminante foi diagnosticado (bovino, ovino ou caprino). Apesar das
informações relatadas por esses autores, é válido ressaltar que somente em 2005 foram relatados
70 casos de pitiose em bovinos no país (GABRIEL et al., 2008). Outro aspecto relevante é que
esses animais apresentam cura espontânea (SANTURIO et al., 1998; GABRIEL et al., 2008),
o que dificulta a identificação da infecção e, consequentemente, afeta o número de notificações.
Dessa forma, os resultados encontrados nesta revisão permitem inferir que a doença em bovinos
pode ser mais frequente que o considerado.

Com relação ao número de notificações, muitos fatores contribuem para o Rio Grande
do Sul se sobressair dos demais estados. Como mencionado anteriormente, é provável que o
primeiro deles seja a existência de um grupo de pesquisa que desenvolve estudos na região
desde 1996 (MORAES et al., 2013). Somam-se a isso condições geográficas e ecológicas que
favorecem o desenvolvimento do patógeno, além de o estado apresentar um dos maiores
plantéis de bovinos do Brasil e possuir, em média, o terceiro maior rebanho de equinos nas duas
últimas décadas (IBGE, 2020).

É provável que esses dois últimos fatores também influenciem o número de notificações
por grupos para cada estado, uma vez que o tamanho dos plantéis muda de um local para outro
conforme as condições ambientais e os interesses econômicos de cada estado. Assim, os grupos
de maior interesse econômico acabaram recebendo mais atenção e apresentando um maior
número de notificações. Isso explica o fato de os ovinos e caprinos serem os mais
representativos nos estados da região Nordeste, enquanto nos estados da região Sul e Sudeste
foram os bovinos e equinos. Segundo Almeida e Silva (2010) tal realidade acontece porque
conhecer as doenças que acometem os animais base da pecuária de cada estado e/ou região é
determinante para a diminuição dos impactos econômicos enfrentados.
35

O tratamento da pitiose apresenta várias complicações, pois tradicionalmente o


diagnóstico é realizado com base nos aspectos clínicos, histopatológico e isolamento do agente
(CHANDLER et al., 1980; SCHWARZ, 1982; SHARON, 2007; BROMERSCHENKEL;
FIGUEIRÓ, 2014). Entretanto, as diferenças histológicas entre o Pythium insidiosum e as
demais classes de zigomicetos não podem ser feitas apenas com base nas colorações de rotina
(SHERDING; JOHNSON, 2008). Adicionalmente, tem-se que os aspectos clínicos são
limitados, visto que patologias como habronemose, neoplasias, tecidos de granulação
exuberante podem conter aspectos semelhantes à pitiose (SANTURIO et al., 2006b). Além
disso, o isolamento do patógeno pode ser inibido pela existência de outros microrganismos no
local da lesão (BANDEIRA et al., 2009).

Esses fatores dificultam a confirmação do diagnóstico e retardam o tratamento da


doença (SANTURIO et al., 2006a). Dessa maneira, com o intuito de promover o diagnóstico
seguro e precoce da doença, métodos como imunohistoquímicos (IHQ), técnica de Enzyme-
Linked Immunosorbent Assay (ELISA), Polymerase Chain Reaction (PCR) e outros, passaram
a ser utilizados (MILLER; CAMPBELL, 1982; BROWN et al., 1988; MENDONZA et al.,
1996). Apesar disso, observou-se que alguns trabalhos ainda se baseiam apenas na forma
tradicional de diagnóstico (NASCIMENTO et al., 2010; ARAGÃO et al., 2014). Isso pode ser
consequência das dificuldades para utilizar técnicas mais precisas, uma vez que além de não
estarem disponíveis em larga escala, precisam de laboratórios com equipamentos específicos.
Além disso, quando comparadas a outros métodos possuem custo elevado e demandam muito
tempo (SCHANZEMBACH et al., 2019).

Mesmo diante dessas adversidades, os resultados mostraram que os achados clínicos,


epidemiológicos e histopatológicos quando analisados de forma detalhada e criteriosa
apresentam-se como confiáveis na hora do diagnóstico da pitiose. Pode-se utilizar como
exemplo os trabalhos de Santos et al. (2011b), Carvalho et al. (2016) e Soares et al. (2019), nos
quais o diagnóstico inicial foi realizado com base nos achados clínicos e histológicos, sendo
posteriormente confirmado por meio de PCR e IHQ. Embora existam estudos que apontam a
necessidade de testes adicionais para a confirmação da doença (SANTURIO et al., 2006b,
SILVA et al., 2020), pesquisadores como Vaz et al. (2009) e Dória et al. (2014) encontraram
resultados que lhes permitiram concluir que a caracterização clínica das feridas associada ao
resultado histopatológico sugestivo para pitiose constituem métodos de diagnóstico confiáveis
e podem ser confirmados pela IHQ.
36

É válido ressaltar que a PCR, IHQ e ELISE são mais indicados porque evitam erros de
diagnóstico como o relatado por Farias Maciel (2008). Ademais, essas técnicas são eficientes e
rápidas na identificação do agente, favorecendo o tratamento da doença. Por exemplo, a técnica
IHQ é mais vantajosa porque além de ser altamente confiável pode ser usada em amostras
previamente fixadas (REIS JR; NOGUEIRA, 2002). Isso explica o fato de ter sido a mais
utilizada na realização da confirmação dos diagnósticos dos casos de pitiose evidenciados nesta
revisão.

Durante o início do diagnóstico, um ponto importante é a anamnese. As informações


coletadas nessas entrevistas são úteis para obtenção de dados epidemiológicos que possibilitam
a verificação do modo de distribuição da doença ao longo dos anos (SOARES et al., 2020;
JEENA et al., 2020). Nos trabalhos analisados, a doença se distribui de forma variada ao longo
do ano, apresentando muitos casos nos primeiros meses do inverno (por exemplo, Bosco et al.
2005; Mustafa et al. 2015). Esses meses comumente retratam o maior número de casos devido
a fatores como o aumento da quantidade de água parada em ambientes distintos. Além disso,
os proprietários dos animais os deixam pastar livremente, facilitando o acesso a locais propícios
à contaminação pelo patógeno (MARENGO, 2010).

Nesta revisão, verificou-se que durante os meses de estiagem, como é o caso de


novembro, também ocorreu vários registros da doença (por exemplo, Pessoa et al., 2012). Esse
número de casos pode ser em função dos animais passarem a pastar em ambientes alagadiços,
onde há maior quantidade de gramíneas nessa época do ano. Associado a isso está o fato de o
nível da água presente nesses ambientes baixar, proporcionando um aumento da temperatura
que favorece o desenvolvimento do Pythium. Headley e Arruda Jr. (2004); e Souto et al. (2016)
relataram casos de pitiose que ocorreram durante o período seco no Sul e Sudeste. No entanto,
nesta pesquisa os estados de regiões com clima árido como o Nordeste foram os que
apresentaram mais casos da doença durante essa época do ano (TABOSA et al., 2004;
PORTELA et al., 2010; PESSOA et al., 2012; SOUTO et al., 2019a).

Com relação ao tratamento da pitiose, observou-se que mesmo diante da utilização de


diferentes procedimentos e medicamentos os animais acometidos pelo patógeno apresentaram
respostas variadas com relação à obtenção da cura. Em alguns casos o mesmo medicamento
manifestava resultado diferente (HUNNING et al., 2010; GOLONI et al., 2014). Isso demonstra
que é um desafio tratar essa doença, visto que aspectos como o tempo de infecção e o tamanho
das lesões podem interferir na obtenção de resultados positivos (ÁLVAREZ; VILORIA;
AYOLA, 2013). Adicionalmente, tem-se que os antifúngicos convencionais não são eficazes
37

no combate ao Pythium insidiosum, pois a composição de sua parede celular é de celulose e β-


glucanas, e a sua membrana plasmática não possui ergosterol, elemento principal sobre o qual
atua a maioria dos fungicidas (SAMPAIO; GOMES; COSENZA, 2016).

Esse levantamento evidenciou que o procedimento cirúrgico em associação com outros


medicamentos foram os procedimentos mais utilizados e eficazes. Não obstante, é importante
lembrar que tais procedimentos possuem custos elevados, além de que os animais correm risco
de recidivas ou até mesmo a perda da própria vida. De acordo com Mendonça et al. (2017), as
lesões se localizam frequentemente em áreas vascularizadas ou são profundas e exigem a
retirada de uma quantidade significativa de tecidos. Dias et al. (2012), entretanto, sugere que a
cirurgia associada à anfotericina B, Itraconazol, DMSO aumentam a taxa de sucesso do
tratamento, embora a anfotericina seja altamente nefrotóxica.

Outro tratamento presente em vários estudos desta revisão foi o uso de antifúngicos, tais
como itraconazol, fluconazole, anfotericina B, cetoconazole, terbinafina e iodeto de potássio.
Verificou-se que esses medicamentos possuem baixa eficácia quando se leva em consideração
o número de animais tratados/curados e, além de demandar tempo, pode causar problemas
renais e flebite devido ao excesso de toxinas (NOBRE et al., 2002, PEREIRA et al., 2010).
Nesse cenário, o imunoterápico se destaca como uma alternativa ao tratamento da pitiose, pois
do total de trabalhos que relataram a utilização deste medicamento apenas dois não
apresentaram resultados satisfatórios. O tempo e o tamanho da lesão também são determinantes
na efetividade do Pitium Vac, porém a resposta à imunoterapia pode ser obtida em um curto
período (SANTURIO et al., 2001). É menos dispendioso e não demanda tanto tempo de cuidado
como os demais, entretanto é importante destacar que alguns animais não exibem resposta ao
medicamento (SANTURIO et al., 2001; EMBRAPA, 2020). Ainda assim, para Bromerschenkel
e Figueiró (2014), esse método apresenta expectativas positivas, uma vez que pode ser usado
em conjunto com outros tratamentos ou isoladamente.

Devido todas as dificuldades encontradas, desde o diagnóstico até o tratamento, os


resultados mostram um elevado número de óbitos. Quando analisado os casos de morte, a taxa
de animais mortos entre os felinos e caninos. pode ocorrer devido à demora na identificação da
doença e porque vários tratamentos, assim como os imunoterápicos, não apresentam efetividade
para esses grupos de animais (SANTURIO et al., 2006a). Para os ovinos, o que pode ter levado
a óbito quase 100% de todos os animais com pitiose é o local afetado pelo patógeno, dado que
nesses animais o Pythium se instala com mais frequência na região das narinas, dificultando a
identificação da doença (CARMO; UZAL; RIET-CORREA, 2021). Os equinos por serem o
38

grupo mais afetado, especialmente em áreas do corpo de fácil observação da doença,


apresentaram baixo número de mortos em relação aos demais grupos (TARTOR et al, 2020).
Além disso, esses animais, no geral, apresentam maior valor econômico quando comparados
aos ovinos o que pode proporcionar um cuidado maior e impulsionar o proprietário a tomar
providências quanto ao diagnóstico e tratamento. Com isso, foi possível verificar que um
elevado número de animais está indo a óbito ao longo dos anos devido a pitiose.

Conclusões

Esta revisão agrega informações acerca do contexto em que se encontram as pesquisas


sobre pitiose e sua distribuição dentro do Brasil. Considerando os principais resultados, torna-
se evidente a necessidade de estudos que mencionem, além dos aspectos clínicos da doença,
informações sobre: (i) a localidade de origem do animal infectado; (ii) época do ano em que foi
contraída a doença; (iii) tipo de tratamento utilizado; e (iv) quantidade de óbitos. Além dessas,
outras informações epidemiológicas podem ser relevantes para verificar com mais clareza a
distribuição da pitiose nas regiões e unidades federativas do Brasil.

Destaca-se ainda a carência de pesquisas em: (i) áreas rurais do país, até mesmo nos
estados onde há expressivo número de pesquisas publicadas; e (ii) em áreas com baixo número
de publicações, mas com condições propícias para desenvolvimento da doença, tal como a
região Norte e Centro-Oeste do país. Principalmente levando-se em consideração que os estados
pertencentes as regiões Sul e Nordeste apresentaram as maiores concentrações de casos da
doença. Embora casos de pitiose em caninos, caprinos, felinos e ovinos difícil de diagnosticar,
sugere-se também registar os relatos da ocorrência da doença nesses animais, particularmente
em regiões do país onde não foram encontradas publicações.

Levando-se em consideração a gravidade, letalidade, dificuldade de diagnosticar a


pitiose e as perdas econômicas decorrentes da doença, reforça-se o desenvolvimento de estudos
que busquem analisar a efetividade de fitoterápicos no tratamento da pitiose, incluindo aqueles
provenientes do conhecimento etnoveterinário de comunidades rurais.
39

Referências

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3 CAPÍTULO II

Conhecimento etnoveterinário de vaqueiros e agricultores sobre Pitiose em áreas rurais


do Meio-Norte do Brasil
(Artigo a ser submetido ao Journal of Ethnopharmacology - Qualis: A2)

Francisco Eduardo dos Santos Sousa¹, José de Ribamar de Sousa Rocha2

1 – Mestrando em Desenvolvimento e Meio ambiente – UFPI. Endereço para correspondência:


Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro Petrônio Portella– CCN, Dep. Biologia, Bairro Ininga,
CEP 64.049-550, Teresina- PI, Brasil. Email: eduardosbiologo @gmail.com
2 – Professor do Departamento de Biologia e do Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente – UFPI.
Endereço para correspondência: Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro Petrônio Portella – CCN,
Dep. Biologia, Bairro Ininga, CEP 64.049-550, Teresina- PI, Brasil Email: [email protected]

Resumo: Este trabalho buscou avaliar como as variáveis socioeconômicas e o contato com a
pitiose afeta o conhecimento etnoveterinário de agricultores e vaqueiros; documentar o
conhecimento etnoveterinário da pitiose e estimar as perdas econômicas causadas pela doença.
Para alcançar tais objetivos foram realizadas 109 entrevistas semiestruturadas com aplicação
de albúm seriado aos criadores de animais domésticos do município de São Félix do Piauí. Dos
participantes da pesquisa 67 eram vaqueiros e 42 agricultores, com idade entre 18 e 77 anos.
Os animais comumente criados eram caprinos, ovinos, equinos e bovinos, entretanto houve
relatos da criação de suínos e felinos. O grupo mais acometido pela doença foi o de equinos (n
= 123; 95,3%) e os ovinos (n = 2; 1,6%) foram o menos afetado. A doença apresentada aos
entrevistados por meio do álbum seriado foi reconhecida pelos seguintes nomes: Esponja (n =
30), Ferida Brava (n = 25), Sarna (n = 11) e Sobre Cama (n = 4). O grupo animal mais acometido
pela doença foi os equinos (n = 53) e o período de recuperação do animal variava de um a nove
meses, dependendo do local e dimensão do ferimento. As perdas econômicas sofridas pelos
entrevistados, em função da pitiose, variaram de R$ 50,00 a R$ 7.000,00. Os resultados
evidenciaram que os vaqueiros e agricultores entrevistados possuem um conhecimento razoável
sobre pitiose, o que pode auxiliar na elaboração e implementação de políticas públicas. Além
disso, possibilitou a identificação dos impactos econômicos causados pela doença dentro do
município.

Palavras-Chave: Pitiose. Pythium insidiosum. Etnoveterinária. Doenças Fúngicas.

Abstract: This study aimed to evaluate how socioeconomic variables and contact with
pythiosis affect the ethnovet knowledge of farmers and herdsmen; document the ethnovet
knowledge of pythiosis and estimate the economic losses caused by the disease. To achieve
these objectives, 109 semi-structured interviews were carried out with the application of a serial
album to domestic animal breeders in the municipality of São Félix do Piauí. Of the survey
participants 67 were cowboys and 42 farmers, aged between 18 and 77 years. Commonly bred
animals were goats, sheep, horses and cattle, however there were reports of swine and feline
rearing. The group most affected by the disease was horses (n = 123; 95.3%) and sheep (n = 2;
1.6%) were the least affected. The disease presented to the interviewees through the serial
album was recognized by the following names: Sponge (n = 30), Ferida Brava (n = 25), Scabies
(n = 11) and Sobre Cama (n = 4). The animal group most affected by the disease was horses (n
= 53) and the animal's recovery period ranged from one to nine months, depending on the
location and size of the wound. The economic losses suffered by the interviewees, due to
48

pythiosis, ranged from R$50.00 to R$7,000. The results showed that the interviewed cowboys
and farmers have a reasonable knowledge of pythiosis, which can help in the development and
implementation of public policies. In addition, it made it possible to identify the economic
impacts caused by the disease within the municipality.

Keywords: Pythiosis. Pythium insidiosum. Ethnoveterinary. Fungal Diseases

Introdução

A convivência dos humanos com animais data de aproximadamente 8 a 12 mil anos e


os motivos que levaram a domesticação não estão completamente esclarecidos (FERNANDES
et al., 2017). Contudo, sabe-se que devido a essa proximidade surgiu à necessidade do cuidado
animal (PFUETZENREITER et al., 2004). Ao logo dos anos, os seres humanos foram
adquirindo conhecimentos e aprimorando práticas que lhes permitiam promover a saúde animal,
seja para fins alimentícios, transporte, rituais religiosos ou utilização como pets (ALVES et al.,
2012; BATISTA et al., 2017). Esse conjunto de saberes e práticas populares direcionados à
saúde do animal foram denominados de Etnoveterinária por McCorkle no ano de 1980
(AMORIM et al., 2018).

O conhecimento etnoveterinário é obtido por meio de experiências práticas, mas


também pode ser transmitido de forma oral, uma vez que a maior parte desse saber está com os
anciões das comunidades. De acordo com Mcggaw e Abdalla (2020), essa tendência é
preocupante, pois tais informações podem ser perdidas ao longo do tempo. Em virtude disso,
diversos estudos foram realizados abordando esse assunto em países como a Argélia, Suíça,
Etiópia e China (FEYERA et al., 2017; MIARA et al., 2019; MERTENAT et al., 2020; XIONG;
LONG, 2020). Entretanto, ainda existem países onde poucas são as pesquisas voltadas ao
conhecimento etnoveterinário, como é o caso do Brasil (OBERTO et al., 2020).

No Brasil os poucos trabalhos voltados aos saberes tradicionais na promoção da saúde


animal estão focados na utilização de fitoterápicos e/ou zooterápicos (BARBOZA; SOUTO;
MOURÃO, 2007.; VIU; VIU, 2011). Conforme Batista et al. (2017) esses produtos são
utilizados no tratamento de distúrbios gastrointestinais, distúrbios do sistema nervoso, como
anti-helmíntico e problemas de pele e/ou pelo. Porém, o tratamento para outras enfermidades,
como as provocadas por fungos são pouco abordas, havendo indicação de poucos fitoterápicos
(ver VICENTINI et al., 2016).
49

Nesta perspectiva, fica evidente a necessidade de pesquisas direcionadas a investigação


dos saberes etnoveterinários no tratamento de doenças fúngicas no país. Soma-se a isso os
prejuízos econômicos que esses organismos podem causar e o fato deles poderem ocupar as
mais diversas regiões do planeta (MENDOZA; ALFARO, 1986). Por exemplo, uma doença
causada por fungo que tem provocado grandes perdas econômicas no Brasil é a pitiose
(OLIVEIRA et al., 2014). Essa enfermidade é provocada pelo agente etiológico Pythium
insidiosum, que se instala no corpo do animal e provoca lesões granulomatoses e ulcerativas
(CARMO et al., 2015).

A pitiose foi registrada em quase todos os estados brasileiros, porém devido a sua
ocorrência ser em localidades de difícil acesso e dificuldades no momento de identificação da
doença, acredita-se que esteja correndo uma subnotificação (GAASTRA et al., 2010; HILTON
et al., 2016). Esta ideia pode ser reforçada quando se observa a quantidade de Pitium Vac
(imunoterápico usado para tratar a doença) vendido para o estado do Piauí ao logo dos últimos
10 anos e a quantidade de notificações da doença para este mesmo estado, por exemplo
(ROCHA et al., 2010; EMBRAPA, 2020).

Partindo do pressuposto de que a maioria dos casos de pitiose no estado do Piauí são
subnotificados, esta pesquisa buscou documentar o conhecimento etnoveterinário da pitiose;
avaliar como as variáveis socioeconômicas e o contato com a doença afetam o conhecimento
etnoveterinário de agricultores e vaqueiros sobre a pitiose; e estimar as perdas econômicas
causadas pela doença no município estudado. A hipótese aqui testada foi a de que o
conhecimento etnoveterinário é influenciado por variáveis como idade, contato direto com a
doença e quantidade de animais tratados. Este é o primeiro estudo no Brasil acerca do
conhecimento etnoveterinário no tratamento da infecção causada pelo Pythium insidiosum.

Materiais e métodos

Área de estudo

Este estudo foi realizado no município de São Félix do Piauí (05º55'57" S; 42º06'50"
W), localizado no estado do Piauí, Nordeste do Brasil (Figura 1). São Félix está localizado a
149 km da capital do estado, com uma população de 2.942 habitantes (IBGE, 2010). O Índice
de Desenvolvimento Humano dessa região foi considerado médio em 2010 (IDH = 0,610)
(PNUD, 2013). O Produto Interno Bruto (PIB) per capita local, no ano de 2016, girava em
torno de R$ 8.966.133,00 (PNUD, 2013; IBGE, 2020).
50

Figura 1. Mapa de localização do município de São Félix, estado do Piauí, Brasil.

A área municipal está parcialmente incluída na Bacia do rio Berlengas (SOUSA et al.,
2012) e dispõe de outros habitats aquáticos como riachos (por exemplo, Santo Antônio, Salobro,
Castelo e Mocambo) (IBGE, 2010). Essa área faz parte de uma extensa zona de transições
ecológicas de Cerrado (savana neotropical) e Caatinga arbustiva (JACOMINE et al., 1986;
IBGE, 2010). No ano de 2017 mais de 91,51% do território era coberto por flora nativa (INPE,
2017). O clima é tropical semiárido, com temperatura média anual acima de 26 °C e
precipitação anual variando de 1300 mm a 1600 mm (ALVARES et al., 2013).
Os residentes de São Félix do Piauí são dependentes de serviços básicos na área urbana
(por exemplo, serviços de saúde, estabelecimentos de ensino ou produtos industrializados).
Entre as atividades econômicas local desenvolvidas no decorrer de todo o ano estão a
agricultura de subsistência e pecuária com destaque para a criação de aves, bovinos, caprinos,
equinos e ovinos (IBGE, 2010). De acordo com dados do Sistema do IBGE de Recuperação
Automática (SIDRA, 2018), estão registrados neste município mais de 6 mil bovinos, 115
equinos, 6.850 caprinos e 7.548 ovinos. Somente para bovinos, sabe-se que ao menos 169
criadores desses animais estão registrados na Agência de Defesa Agropecuária do Piauí
(ADAPI) (ver Lei Ordinária 56.491, de 26 de agosto de 2005).
51

Coleta de dados

Os dados foram coletados de fevereiro de 2019 a abril de 2021. A seleção dos


participantes foi aleatória a partir de uma amostra de criadores de animais maiores de 18 anos
de idade. O tamanho da amostra foi calculado com base em Bernard (1988), dentro de um nível
de confiança de 95%. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com aplicação de
formulário e álbum seriado de fotografias de animais que apresentavam sintomas da doença
(BERNARD, 2017). Os animais presentes nas fotografias pertenciam à classe Mammalia
(equinos, bovinos, caninos, caprinos e ovinos) e foram selecionados por serem criados ou
comumente avistados na região. Além disso, estes são os grupos mais afetados pela doença. O
álbum foi elaborado com base em imagens retiradas de Carreira et al. (2013), Bernardo et tal.
(2015) e teve como finalidade ajudar na identificação da pitiose.
O consentimento de participação se deu pela assinatura do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE) conforme a Resolução nº 466/2012, do Conselho Nacional de
Saúde. O termo foi elaborado e assinado em duas vias, com uma sendo entregue ao entrevistado
e outra ao pesquisador responsável pelo estudo. Esta pesquisa foi submetida e aprovada pelo
Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos da Universidade Federal do Piauí (CAAE:
21790419.0.0000.5214). Para cada entrevistado, foram coletadas as seguintes informações:
idade, escolaridade, profissão, observação direta da doença, aspectos clínicos que melhor
caracterizam a pitiose, quantidade de animais tratados e os danos econômicos causados pelo
Pythium insidiosum a esses criadores. Antes disso, foi estabelecido a “técnica de
relacionamento” (Rapport) com os entrevistados para garantir maior confiabilidade durante a
coleta dos dados (SIEBER; TOLICH, 2013).

Reconhecimento e Identificação da Pitiose

Neste estudo, considerou-se como conhecimento efetivo o reconhecimento da doença a


partir das imagens de animais acometidos pela pitiose apresentadas aos entrevistados por meio
de álbum seriado. Adicionalmente foram utilizados os seguintes aspectos para identificar a
pitiose: quais animais apresentaram a doença; quantidade de doentes por período; épocas do
ano em que surgiram os primeiros sinais e sintomas da infecção; se o local onde os animais
doentes bebiam havia a presença de plantas aquáticas, principalmente gramíneas, ou se
pastavam em áreas alagadiças (ver SILVA et al., 2020). Levou-se também em consideração as
características clínicas da ferida, tais como: evolução, coloração, diâmetro, secreções
52

produzidas no local da infecção, transmissibilidade e tempo de tratamento (VIANA et al.,


2020).

Análise de dados

As informações utilizadas na identificação da doença foram utilizadas para quantificar


o conhecimento dos agricultores e vaqueiros. Assim, foi usado um Modelo Linear Generalizado
(GLM) para avaliar as variáveis que exercem influência no conhecimento etnoveterinário sobre
pitiose. A natureza dos dados foi examinada previamente de acordo com Zuur et al. (2010). Foi
utilizada duas variáveis contínuas: idade e quantidade de animais tratados. As demais variáveis
categoricas: escolaridade (Analfabeto = 1; Ensino Fundamental incompleto = 2; Ensino
Fundamental completo = 3; Ensino Médio incompleto = 4); profissão (Vaqueiro = 1; Agricultor
= 2); contato com a doença (Não teve contato = 1; Apenas viu = 2; (Tratou animal doente = 3).

Para testar a distribuição de conhecimento foi utilizado um GLM com distribuição


Poisson, esse tipo de modelo linear permite trabalhar com dados categóricos e numéricos que
não apresentam distribuição normal. Dois modelos foram testados, ambos apresentavam como
variável resposta o conhecimento dos entrevistados acerca da pitiose. Utilizou-se o Critério de
Informação de Akaike (AIC) (CAVANAUGH; NEATH, 2019) para selecionar o modelo que
melhor explicou a influência das variáveis preditoras sobre o conhecimento, sendo selecionado
aquele que apresentou o menor valor de AIC. O modelo utilizado foi simplificado por meio da
função Stepwise, do pacote “MASS”. A representatividade do modelo selecionado foi
verificada por meio do uso do pacote “rsq”. Todos as análises foram executadas no software R
(versão R 4.1.1), com nível de significância de 5% (p > 0,05).

Resultados e Discussão

Um total de 109 criadores de animais participou do estudo, dos quais 67 eram vaqueiros
e 42 agricultores. Todos os participantes eram do gênero masculino, com idade variando de 18
a 77 anos (46,8 ± 17,7). De modo geral, os entrevistados possuíam baixa escolaridade e as
principais atividades econômicas desenvolvidas por eles eram agricultura familiar e a criação
de animais domésticos de rebanho para abate ou para a realização de atividades voltadas ao
pastoreio e/ou agricultura (Tabela 1). O sistema de criação animal utilizado pelos participantes
variou entre aberto (livres a pastar durante todo o ano), semiaberto (soltos em determinadas
épocas do ano) e fechado (presos durante todo o ano).
53

Tabela 1. Perfil socioeconômico dos entrevistados, quantidade de casos de pitiose tratados e tipo de
contato que os entrevistados tiveram com a doença. Em número (N) e em porcentagem (%).

Nº de
Dados dos participantes da pesquisa %
Entrevistados
18 a 30 anos 19 18,4
31 a 42 anos 26 25,2
Idade
43 a 54 anos 26 25,2
55 a 77 anos 32 31,0
Analfabeto 55 50,4
Ens. Fund. Incompleto 38 34,8
Escolaridade
Ens. Fund. Completo 14 12,8
Ens. Médio Incompleto 2 1,8
Vaqueiro 67 61,5
Profissão
Agricultor 42 38,5
Não teve 24 22,0
Contato com a
Apenas viu 36 33,0
Pitiose
Tratou animal infectado 49 45,00
1-animal 62 72,9
2-animais 10 11,7
Quantidade de
3-animais 6 7,0
animais
4-animais 3 3,5
tratados
5-animais 2 2,3
6-animais 2 2,3

Embora em muitos casos o vaqueiro seja reconhecido como aquele que pratica o esporte
“vaquejada”, existe a Lei nº 12.870, de 15 de outubro de 2013, que reconhece a atividade de
vaqueiro como profissão e determina que entre as suas atribuições esteja a de cuidar da saúde
dos animais como, por exemplo, bovino, equino e caprino. Levando em consideração o tamanho
da amostra e o fato de que o vaqueiro tem desaparecido ao longo dos últimos anos (PEREIRA,
2019), é válido destacar que neste trabalho o número de entrevistados que ainda desenvolvem
essa atividade é considerável. Isso evidencia que no Nordeste ainda existe um número razoável
de pessoas do campo que lidam constantemente com o bem-estar de animais doméstico de
rebanho (NUNES, 2019) e podem, portanto, apresentar conhecimento tradicional acerca de
doenças e tratamentos não registrados na literatura.

Os entrevistados relataram que em virtude das condições ambientais locais o sistema de


criação varia, mas na maioria dos casos os animais pastam livremente durante a estiagem. Tais
fatores aumentam os riscos de contrair a pitiose, pois durante esse período há maior
disponibilidade de alimento (gramíneas, plantas aquáticas e outros) dentro ou nas margens de
açudes, barragens e lagoas, locais normalmente frequentados pelos animais, seja para beber ou
se alimentar (SILVA et al., 2017). A presença de plantas aquáticas em associação com o
aumento da temperatura da água, evento que ocorre com maior frequência durante a estiagem
54

(HEADLEY; ARRUDA JR., 2004; SOUTO et al., 2016), tornam esses ambientes propícios ao
surgimento do patógeno, visto que ele depende da ambientes úmidos ou alagadiços com plantas
e temperatura elevada (30º C a 40º C) (SUPABANDHU et al., 2008). Ainda assim, os relatos
são de que o maior número de casos da infecção (n = 50; 89,2%) ocorreu durante o período
chuvoso. No de estiagem os casos diminuíram consideravelmente (n = 06; 10.8%).

Segundo Kageyama (2014), o maior número de casos de pitiose ocorre no período


chuvoso e está relacionado ao aumento da disponibilidade de água em diversos ambientes,
evento que acontece nos primeiros meses do inverno. Por outro lado, de acordo com esse
mesmo autor, o aumento da temperatura se inicia nos últimos meses desse mesmo período. Isso
mostra que as informações fornecidas pelos entrevistados acerca da distribuição da doença ao
longo dos anos estão em conformidade com o observado na literatura.

A doença apresentada aos entrevistados por meio do álbum seriado foi reconhecida
pelos seguintes nomes: Esponja (n = 30), Ferida Brava (n = 25), Sarna (n = 11) e Sobre Cama
(n = 4). Alguns participantes da pesquisa também a identificaram por dois nomes: Beiço Branco
e Esponja (n = 1); Beiço Inchado e Ferida Brava (n = 1); Ferida Brava e Sarna (n = 1); Ferida
Brava e Esponja (n = 2); e Sarna e Esponja (n = 6). O local da infecção variou de acordo com
o grupo acometido pelo patógeno. Nos equinos as regiões afetadas foram: membros anteriores
e posteriores; abdômen e peito; inserção do rabo; região do pescoço; região próxima ao
umbigo e no cilhadouro. Os lábios superior e inferior, as narinas e a região facial também foram
relatadas, mas devido a grande quantidade de casos de habronemose nessas extremidades
optou-se por considerar como possíveis infecções por larvas de habronema. Para os ovinos
houve relato da infecção na narina e nos lábios superiores. Nos caninos foram citados o rabo e
os membros anteriores e posteriores.

Em relação a denominação da doença, observou-se que dentre os nomes citados pelos


participantes da pesquisa, a designação “Ferida brava” é a mais utilizada no reconhecimento da
pitiose, tanto no estado onde foi realizado o estudo quanto em outras unidades federativas do
Brasil (CARVALHO et al., 1984; ROCHA et al., 2010). Porém, o nome mais citado pelos
agricultores e vaqueiros foi “Esponja”, denominação também utilizada para a habronemose
(OLIVEIRA et al., 2016). Essa doença apresenta semelhança clínica com pitiose (ÁLVAREZ;
VILORIA; AYOLA, 2013), mas alguns aspectos epidemiológicos as diferem, pode-se usar
como exemplo a época do ano em que as doenças ocorrem, uma é mais frequente no verão
(habronemose) a outra no inverno (pitiose) (MUSTAFA et al., 2015; OLIVEIRA et al., 2016).
55

Um outro aspecto que permitiu pressupor que a enfermidade relatada pelos entrevistados
foi pitiose é a localização da infecção. De modo geral, os membros citados pelos agricultores e
vaqueiros como sendo os mais afetados pelo patógeno foram aqueles que podem ter o maior
contato com água, tais como os membros abaixo do corpo do animal. Os casos em que a região
afetada também era mais propícia para o desenvolvimento de habronemose, como extremidades
da boca, das narinas e dos olhos não foram considerados. A alta incidência de pitiose localizada
nos membros locomotores, abdômen e tórax pode estar associada a maior probabilidade do
animal sofrer lesões nessas áreas e a capacidade do zoósporo de ser atraído por quimiotaxia
para esses ferimentos (SCOTT; MILLER, 2011).

Os aspectos supracitados ajudam na identificação da pitiose, mas para se chegar ao


diagnóstico mais conclusivo da doença, devem-se considerar as características macroscópicas
das lesões. Dessa forma, os sinais e sintomas mais citados pelos criadores foram: (i) ferimento
arredondado de bordas irregulares, com secreção purulenta e/ou purosanguinolenta
constante; (ii) aparente prurido e dor, pois os animais se mutilavam; (iii) fístulas dispostas em
todo o ferimento; (iv) presença de estruturas enrijecidas semelhante a pedaços de cartilagem
com coloração amarelo esbranquiçado; e (v) a não transmissibilidade entre animais. Os
entrevistados consideram a infecção como difícil de ser tratada, visto que alguns medicamentos
faziam efeito por um curto período, após isso a doença evolui rapidamente. O tempo
de tratamento da infecção variava de um a nove meses, dependendo do local e dimensão do
ferimento. No entanto, quanto maior a lesão mais demorada e difícil era curar.

De acordo Bromerschenkel (2014), os primeiros aspectos clínicos da pitiose são:


prurido, dor, inapetência e emagrecimento. Alguns desses sintomas levam o animal a
automutilação, na tentativa de aliviar o desconforto (LEAL et al., 2001). Uma outra
característica descrita pelos participantes da pesquisa que é marcante na identificação da pitiose
é a presença de “kunkers”, estrutura de tamanho e forma variadas com coloração bronco-
amarelada (GAASTAR et al., 2010). Estas estruturas são formadas por colágeno, arteríolas,
células inflamatórias e hifas do Oomicetos (HILTON et al., 2016) e para os entrevistados se
assemelha a pedaços de cartilagem que se soltam do local infeccionado. Desta forma, é válido
ressaltar que os agricultores e veterinários apresentam um conhecimento razoável sobre pitiose.

O conhecimento etnoveterinário acerca da infecção apresentou uma associação


significativa com as variáveis idade, contato direto com a doença e quantidade de animais
tratados no GLM selecionado (Tabela 1). Este modelo explicou 79,00% da variação do
conhecimento sobre pitiose levando-se em consideração as variáveis testadas. O contato direto
56

foi o fator de maior influência sobre o conhecimento dos entrevistados. Uma das justificativas
possíveis é que ao tratar os animais infectados, os criadores experienciam todos os estágios da
doença, com isso estão mais predispostos a relatarem mais características sobre a pitiose do que
aqueles que não tiveram contato, por exemplo.

Tabela 2. Resumo do GLM aplicado para identificar as principais variáveis que influenciam o
conhecimento etnoveterinário dos agricultores e vaqueiros sobre a Pitiose.

Estimate Z P
Intercept 2.974e-01 1.354 0.175642
Idade 9.871e-03 2.312 0.020756 *
Q. de Animais tratados 9.871e-03 4.332e-02 2.166 0.030340 *
Não Teve Contato 2.100e+01 3.155e+03 0.994689
Contato Direto 4.882e-01 1.399e-01 0.000482 ***

A variável "não teve contato" não exerceu influência no modelo, sugerindo que os
criadores sem experiências diretas possuem pouco ou nenhum conhecimento sobre a doença. A
ideia de que experiências diretas com o animal acometido contribuem para um maior
conhecimento sobre pitiose pode ser apoiada por estudos realizados acerca do conhecimento de
outras patologias como (NIMBALKAR et al., 2020), por exemplo.

A variável "quantidade de animais tratados" teve baixa importância no GLM, ainda que
tenha influenciado significativamente, possivelmente porque quanto maior o número de casos
experienciados maiores as chances de identificar e tratar a doença. Consequentemente, mais
conhecimento para estes criadores, visto que a pitiose apresenta várias fases de evolução e varia
entre os grupos acometidos (TARTOR et al, 2020; ARMO; UZAL; RIET-CORREA, 2021). A
pitiose em bovinos, por exemplo, é menos identificável quando comparada a outros grupos,
pois esses animais apresentam cura espontânea (SANTURIO et al., 1998; GABRIEL et al.,
2008). Dessa forma, as diferentes realidades observadas podem amplificar os conhecimentos
dos criadores que identificaram e trataram a doença, principalmente os criadores que relataram
cuidar de mais de um grupo animal.

Acredita-se que quanto maior a idade dos criadores maiores são as probabilidades destes
conhecerem a doença em algum momento de sua vida, provavelmente por isso a idade tenha
influenciado significativamente no modelo, embora com baixa importância. De acordo com
Fernandes e Melo (2020), os mais idosos detêm os saberes e práticas etnoveterinárias que são
transmitidos de geração a geração. Essa mesma tendência também é observada em pesquisas
57

que investigam o conhecimento tradicional daqueles cuja ocupação exige contato direto com a
natureza, tais como agricultores, pescadores e extrativistas (BYG; BALSLEV, 2001; ARAÚJO;
LOPES, 2012; CAMPOS et al., 2019; SILVA et al., 2019).

Os danos causados pela pitiose a um criador variaram de R$ 50,00 (cinquenta reais) a


R$ 13.000,00 (treze mil reais). Levando-se em consideração a quantidade de animais
acometidos pela doença (n = 127) e o total de animais que foram a óbito (n = 64), dos quais a
maioria eram equinos, a perda econômica total do município de São Félix do Piauí ultrapassa a
casa dos R$ 102.000,00 (cento e dois mil reais). No entanto, sabe-se que esse valor é
subestimado, uma vez que o número de animais acometidos e óbitos pode ser mais elevado do
que o registrado. É válido ressaltar que os prejuízos causados pela pitiose vão além do óbito,
pois antes disso têm-se custos com os tratamentos ou o fato de muitos dos animais serem
retirados das suas atividades de forma temporária ou até mesmo definitiva (MORAES et al.,
2013; BECEGATTO et al., 2017).
No caso dos tratamentos, a literatura aponta que muitos criadores optam pelo uso de
fitoterápicos e/ou zooterápicos devido ao custo e facilidade de acesso (ALMEIDA; FREITAS;
PEREIRA, 2006; LIMA et al., 2012). Mesmo com a utilização da medicina tradicional, os
prejuízos causados pela pitiose aos criadores na referida área de estudo é considerado elevado,
principalmente ao observar que a renda mensal destes corresponde um salário-mínimo (IBGE,
2010). Além disso, muitos dos criadores tinham a criação de animais como única fonte de renda
e subsistência.

Conclusões

Este estudo permite inferir que agricultores e vaqueiros possuem um conhecimento


considerável acerca de pitiose, visto que sabem o período em que os casos da doença são mais
frequentes, os membros e as partes do corpo dos animais onde a infecção é mais comum, os
principais sintomas e as dificuldades em tratar a doença. Ainda que seja necessário a
confirmação desse conhecimento por meio de exames complementares que leve a um
diagnóstico conclusivo da doença, fica evidente que os aspectos clínicos e epidemiológicos
descritos pelos entrevistados leva a supor que a doença reconhecida como “Esponja” e “Ferida
Brava” por agricultores e vaqueiros é a pitiose.

Os danos econômicos relatados demonstram a necessidade de políticas públicas que


visem auxiliar os agricultores e vaqueiros na prevenção e tratamento da pitiose. Desta forma,
salienta-se que o conhecimento etnoveterinário pode contribuir com maiores informações
58

acerca de como a pitiose se comporta e fornecer suporte para a formulação de estratégias que
minimizem os impactos econômicos causados pela doença.

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63

4 CAPÍTULO III

Medicina etnoveterinária no tratamento da Pitiose em áreas rurais do Meio-Norte do


Brasil
(Artigo a ser submetido ao Journal of Veterinary and Science – Qualis A2)

Francisco Eduardo dos Santos Sousa¹, José de Ribamar de Sousa Rocha2

1 – Mestrando em Desenvolvimento e Meio ambiente – UFPI. Endereço para correspondência:


Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro Petrônio Portella– CCN, Dep. Biologia, Bairro Ininga, CEP
64.049-550, Teresina- PI, Brasil. Email: eduardosbiologo @gmail.com
2 – Professor do Departamento de Biologia e do Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente – UFPI.
Endereço para correspondência: Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro Petrônio Portella – CCN, Dep.
Biologia, Bairro Ininga, CEP 64.049-550, Teresina- PI, Brasil Email: [email protected]

Resumo: A pitiose é uma infecção provocada pelo Pythium insidiosum, espécie de Oomiceto
que acomete plantas, humanos e outros animais. Assim, este estudo teve como objetivo
investigar os grupos animais mais acometidos pela pitiose, a época do ano com mais relatos de
ocorrência da doença e os tratamentos etnoveterinários utilizados por vaqueiros e agricultores
em uma área rural no estado do Piauí, Meio-Norte do Brasil. As informações foram obtidas por
meio de questionários semiestruturados aplicados a residentes locais (67 vaqueiros e 42
agricultores). Verificou-se que os equinos foram os mais acometidos pela pitiose e o inverno
foi a época com mais relatos de casos. Registrou-se o uso de 16 plantas e dois animais (um
réptil e um anfíbio) para o tratamento da pitiose. Folha-de-fonte (Philodendron cordatum K.),
banana-brava (Cathasetum sp.) e mandioca (Manihot esculenta C.) foram importantes recursos
medicinais para a área estudada. O conhecimento popular e as práticas de saúde animal podem
contribuir para o entendimento das interações entre os humanos e o ambiente local, além de
auxiliar na formulação de estratégias de conservação e políticas públicas direcionadas à
realidade local.

Palavras-chave: Medicina Tradicional. Fitoterápicos. Zooterápicos. Pythium insidiosum,


Oomicetos.

Abstract: Pythiosis is a fungal infection caused by Pythium insidiosum, a species of Oomycete


that affects plants, humans and other animals. Thus, this study aimed to investigate the animal
groups most affected by pythiosis, the time of year with the most reports of occurrence of the
disease and the ethnovet treatments used by cowboys and farmers in a rural area in the state of
Piauí, Mid-North of Brazil. Information was obtained through semi-structured questionnaires
applied to local residents (67 cowboys and 42 farmers) about animals affected by pythiosis,
names given to the disease, time of year that most cases of pythiosis occur and ways to identify
and treat it there. It was found that horses were the most affected by pythiosis and winter was
the time with the most case reports. The use of 16 plants and two animals (one reptile and one
amphibian) for the treatment of pythiosis was recorded. Spring leaf (Philodendron cordatum
K), wild banana (Cathasetum sp.) and cassava (Manihot esculenta C.) were important medicinal
resources for the studied area. Popular knowledge and animal health practices can contribute to
64

understanding the interactions between humans and the local environment, in addition to
helping to formulate conservation strategies and public policies aimed at the local reality.

Keywords: Traditional Medicine. Herbal Medicines. Zootherapy. Pythium insidiosum.


Oomycetes.

Introdução

A necessidade do cuidado animal surgiu a partir da convivência dos humanos com os


animais, uma vez que em determinadas sociedades muitos dos animais deixaram de ser
utilizados apenas como fonte de alimento e passaram a receber destaque igual ou superior aos
humanos (BATISTA et al., 2017; ALVES; BARBOZA, 2018; SIKARWAR; TIWART, 2020).
Uma das práticas comumente utilizadas na promoção do bem-estar animal é a medicina
etnoveterinária (BADAR et al., 2017). Tal prática pode ser definida como um conjunto de
conhecimentos que abrange conceitos, crenças, habilidades e condutas relacionadas com a
prevenção e/ou tratamento de enfermidades animais (AZIZ; KHAN; PIERONI, 2020).

A medicina tradicional é desenvolvida ao longo de muitos anos, fazendo parte do


patrimônio imaterial de uma comunidade (McCORKLE, 1986; BARBOZA et al., 2007;
RITTER et al. 2012). Via de regra, esta é transmitida oralmente ou a partir da observação de
habilidades práticas de geração em geração (YOGESWARI et al., 2017). Acredita-se que ao
menos 80% da população residente nos países em desenvolvimento como o Brasil, por
exemplo, depende do conhecimento etnoveterinário para o controle e tratamento das doenças
que acometem os seus animais (BORGES et al., 2020). Na verdade, em todos os países do
mundo os agricultores e pecuaristas usam produtos obtidos de plantas (fitoterápicos) e animais
(zooterápicos) na promoção e conservação do bem-estar animal (QUEIROZ DIAS et al., 2019;
RAFIQUE KHAN; AKHTER; HUSSAIN, 2021).

Os fitoterápicos e zooterápicos são considerados alternativas viáveis, visto que se


comparado aos medicamentos alopáticos apresentam baixo custo (ALVES; ALVES, 2011).
Além disso, estes estão disponíveis localmente e apresentam-se como tratamentos menos
prejudiciais aos animais acometidos por doenças que ainda não possuem medicamentos
industrializados efetivos (ABO-EL-SOOUD, 2018), como é o caso da pitiose. A pitiose é uma
infecção fúngica provocada pelo Pythium insidiosum, espécie de Oomiceto que acomete
plantas, humanos e outros animais (CARMO et al., 2015). A maioria dos casos ocorre em áreas
isoladas, antifúngicos convencionais são pouco eficazes e não há disponibilidade de
medicamentos antimicrobianos que contenham a infecção (HILTON et al., 2016; IANISKI et
65

al., 2021). Devido isso, a doença tem apresentado altas taxas de mortalidade e prejuízos
econômicos no Brasil (PAZ et al., 2021).

Mediante o contexto, torna-se relevante obter informações sobre o uso da medicina


tradicional no tratamento da pitiose, principalmente para minimizar a erosão do conhecimento
etnoveterinário. Isso porque a transmissão dos conhecimentos relacionados ao uso de plantas e
animais ocorre, majoritariamente, de forma oral, inviabiliazando registros e documentação
adequada (OYDA, 2017; BORGES et al., 2020). Nesse contexto, o presente estudo teve como
objetivo investigar os grupos animais mais acometidos pela pitiose, a época do ano com mais
relatos de ocorrência da doença e os tratamentos etnoveterinários utilizados por vaqueiros e
agricultores em uma área rural do Piauí, Meio-Norte do Brasil. Nesta região, a medicina
tradicional é frequentemente utilizada na promoção do bem-estar animal, uma vez que muitos
dos habitantes ainda mantêm o modo de vida estabelecido no século XVII como, por exemplo,
a forma de criação de equinos, bovinos e caprinos (IBGE, 2010). As informações obtidas neste
estudo podem subsidiar pesquisas futuras voltadas à medicina etnoveterinária e pitiose, uma
vez que até o momento da realização deste estudo não foram encontradas publicações anteriores
a nível nacional e, provavelmente, mundial.

Materiais e Métodos

Área de estudo

O município de São Félix do Piauí (05º55’57” S; 42º06’50” W) situa-se na mesorregião


do Centro-Norte do estado do Piauí, Nordeste do Brasil (Figura 1) e corresponde a uma área de
627,033 km² (IBGE, 2020). A área municipal está parcialmente incluída na Bacia do rio
Berlengas (SOUSA et al., 2012) e dispõe de outros habitats aquáticos como riachos (por
exemplo, Santo Antônio, Salobro, Castelo e Mocambo) (IBGE, 2010). O clima é tropical
semiárido, com temperatura média anual acima de 26 °C e precipitação anual variando de 1.300
mm a 1.600 mm (ALVARES et al., 2013). A vegetação faz parte de uma extensa zona de
transição ecológica de Cerrado (savana neotropical) e Caatinga arbustiva (JACOMINE et al.,
1986; IBGE, 2010).
66

Figura 1. Mapa de localização do município de São Félix do Piauí, no estado do Piauí, Brasil.

A população total de São Félix do Piauí é aproximadamente 2.942 habitantes (IBGE,


2010), dos quais 55,78% vivem em áreas urbanas. Esta população tem um Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,610 (PNUD, 2013). As principais atividades econômicas
do munícipio são a agricultura de subsistência (principalmente arroz, feijão e milho) e a
pecuária, com destaque para a criação de bovinos (6 mil cabeças), caprinos (6.850 cabeças),
equinos (115 cabeças) e ovinos (7.548 cabeças) (IBGE, 2010; SIDRA, 2018). Somente para
bovinos, sabe-se que ao menos 169 criadores desses animais estão registrados na Agência de
Defesa Agropecuária do Piauí (Lei Ordinária 56.491, de 26 de agosto de 2005).

Coleta de dados

A pesquisa de campo foi realizada entre fevereiro de 2019 e abril de 2021. Foram
desenvolvidas entrevistas semiestruturadas com 67 vaqueiros e 42 agricultores, com idades
variando de 18 a 77 anos. Os participantes foram selecionados a partir de uma amostra de
vaqueiros e agricultores maiores de 18 anos de idade encontrados casualmente na comunidade.
Antes da realização deste estudo foram repassadas informações gerais sobre a natureza e
objetivos da pesquisa. O consentimento de participação se deu pela assinatura do Termo de
67

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) conforme a Resolução nº 466/2012, do Conselho


Nacional de Saúde. O termo foi elaborado e assinado em duas vias, com uma sendo entregue
ao entrevistado e outra ao pesquisador responsável pelo estudo. Esta pesquisa foi submetida e
aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos da Universidade Federal do
Piauí (CAAE: 21790419.0.0000.5214).

Os questionários foram baseados nos aspectos clínicos que melhor caracterizam a


pitiose (por exemplo, SANTURIO et al., 2006) e apresentava informações sobre: quais animais
eram criados pelos entrevistados; quais os nomes atribuídos à pitiose; qual a época do ano que
mais ocorre casos da doença; como os entrevistados conseguiram identificá-la e tratá-la. Os
nomes e as formas de tratamento da doença foram registrados usando a terminologia empregada
pelos entrevistados. O material botânico e zoológico foi identificado com a ajuda de
especialistas por meio de: (1) exame de espécimes coletadas da área de estudo; (2) fotografias
tiradas durante as entrevistas; e (3) nomes vernáculos, com a ajuda de taxonomistas
familiarizados com a flora e fauna da região.

Análise de dados

Utilizou-se o valor de uso de uma espécie (planta ou animal) por entrevistado para
determinar a importância relativa das espécies locais utilizadas no tratamento da pitiose. Os
valores foram calculados usando a fórmula UV = ∑U / n, adaptada de Phillips et al. (1994).
Nesta fórmula, o UV corresponde ao valor de uso de uma espécie; V é o número de citações de
uma espécie; e n o número de entrevistados. Os demais dados foram analisados por meio de
estatística descritiva como porcentagem e distribuição de frequência.

Resultados e discussão

O grupo animal mais acometido pela pitiose foi o dos equinos (n = 123; 95,3%), ao
passo que os caninos (n = 4; 3,1%) e ovinos (n = 2; 1,6%) tiveram menor expressividade. De
acordo com Santúrio et al. (2001), os equinos são frequentemente acometidos pela pitiose
porque estes possuem o hábito de pastejar em áreas alagadas. Por exemplo, na área de estudo
encontram-se diferentes açudes e riachos (Santo Antônio, Salobro, Castelo, Mocambo, dentre
outros) (IBGE, 2010), que são frequentados por estes animais quando os seus proprietários os
deixam pastar livremente no período de estiagem. Outros estudos realizados no Brasil também
relatam que esse grupo é o mais afetado (MENDOZA; NETWON, 2005; SANTURIO et al.,
68

2006a; PAL et al., 2014). Em contrapartida, caninos e ovinos podem ter sido menos acometidos
porque segundo os vaqueiros e agricultores entrevistados estes conviviam em um regime de
criação domiciliar com pouco acesso a ambientes com vegetação aquática.

A época do ano com mais relatos de ocorrência de pitiose foi o período chuvoso (50
casos), em seguida teve-se a estiagem (06 casos). Devido o pátogeno da doença (Pythium
insidiosum) parasitar plantas áquaticas (KAGEYAMA, 2014), um dos fatores que contribuem
para o maior número de casos no período chuvoso está relacionado com o aumento da
quantidade de água em ambientes distintos, como poças, açudes e lagos. Associado a isso está
o fato de quando se está encerrando as chuvas o nível da água presente nesses ambientes baixar,
proporcionando um aumento da temperatura que favorece o desenvolvimento do Pythium.
Provavelmente por esses motivos, os animais que viviam em regime semiaberto, como os
equinos, foram comumente afetados. Marengo (2010), por exemplo, ressalta que tais hábitos
facilitam o acesso a locais propícios à contaminação pelo patógeno.

Neste estudo, foi registrado o uso de 16 plantas e 02 animais (01 réptil e 01 anfíbio) para
o tratamento da pitiose (Tabela 1). As espécies de plantas medicinais mais usadas eram folha
de fonte (Philodendron cordatum) (UV = 0,33), banana-brava (Cathasetum sp.) (UV = 0,24),
mandioca (Manihot esculenta Crantz) (UV = 0,21) e limão (Citrus limon (L.) Osbeck) (UV =
0,18). Esses usos etnoveterinários ainda não haviam sido registrados anteriormente no
tratamento da pitiose, assim como a utilização de outras espécies menos citadas: mamona
(Ricinus communis L.), ameixa-do-mato (Ximenia americana L.) e ciúme (Calotropis procera
(Aiton) W.T. Aiton) (Tabela 1). Em geral, pouco se sabe acerca da medicina tradicional no
tratamento da pitiose por comunidades locais do Brasil ou de outros países. Apenas tem-se
conhecimento que pesquisadores brasileiros e tailandeses já realizaram estudos in vitro e in vivo
com óleos essenciais extraídos de frutos e raízes (SRIPHANA et al., 2013; FONSECA et al.,
2015a; FONSECA et al., 2015b).
69

Tabela 1. Fitoterápicos e zooterápicos utilizados na medicina etnoveterinária no município de São


Félix do Piauí, Meio-Norte do Brasil.
Valor de Número de
Família/Espécie/nome local Parte utilizada Produtos associados
uso (UV) citações
Amaranthaceae
01 folha + babosa
Dysphania ambrosioides (L.) 0,03
Mosyakin & Clemants (mastruz)
Annonaceae 01 semente + sal de cozinha
Annona squamosa L. (ata) 0,03

Araceae + sal de cozinha


Philodendron cordatum (folha- 0,33 11 folha
+ casca de ameixa
de-fonte)
+ sal de cozinha
Dilleniaceae
Curatella americana L. 0,12 04 caule + banana-brava
(sambaíba) + repelentes
Euphorbiaceae 0,09 03 fruto -
Ricinus communis L. (mamona)
Manihot esculenta Crantz 0,21 07 Raiz + sal de cozinha
(mandioca)
Jatropha gossypiifolia L.
(pião-roxo) 0,03 01 folhas + pólvora-preta

Olacaceae + sal de cozinha


Ximenia americana L (ameixa- 0,09 03 caule
+ mata-bicheira
do-mato)
Solanaceae
Capsicum frutescens L. (pimenta- 0,06 02 folhas/fruto + sal de cozinha
malagueta)
0,09 03 folhas/fruto + sal de cozinha
Capsicum sp. (pimenta)
Nicotina sp. (fumo) 0,06 02 folhas + fumo/ + ciúme

+ sal de cozinha
Musaceae
Cathasetum sp. (banana-brava) 0,24 08 fruto +sambaíba/+pimenta

Pedaliaceae
Sesamum indicum (gergelim) 0,03 01 semente + sal de cozinha
+ sal de cozinha
Rutaceae
Citrus limon (L.) Osbeck) (limão) 0,18 12 fruto + pólvora-preta

Apocynaceae
Calotropis procera (Aiton) W.T. 0,06 02 folhas/caule + pimenta
Aiton (ciúme)
Asphodelaceae 0,03 01 folha + mastruz
Aloe sp. (babosa)

Bufonidae
Rhinella jimi, Stevaux, 2002 0,03 01 couro -

Viperidae
Crotalus durissus, Linnaeus 758 0,03 01 chocalho -
70

Os zooterápicos citados neste estudo foram couro de sapo-cururu (Rhinella jimi,


Stevaux, 2002) e cinza do chocalho de cascavel (Crotalus durissus, Linnaeus 1758), ambos
com UV = 0,03. Costa-Neto (2011) relata a utilização do couro de R. jimi como cicatrizante e o
chocalho de C. durissus no tratamento de problemas respiratórios em humanos. Apesar de na
medicina tradicional os fitoterápicos serem amplamente mais utilizados que os zooterápicos,
partes tanto do anuro quanto do ofídio são comumente utilizados na medicina tradicional para
tratar doenças humanas ou veterinárias (por exemplo, inflamações, infecções e ferimentos)
(COSTA-NETO, 1999; FERREIRA et al., 2009; SOUTO et al., 2012; PEREIRA; LUNA;
GOMES, 2018).
Os fitoterápicos e zooterápicos citados foram de uso tópico, ou seja, aplicados
diretamente no local lesionado. No entanto, 72,22% dos fitoterápicos eram associados a
produtos de mercado como: sal de cozinha (NaCl), pólvora preta e repelentes (Tabela 1).
Babosa (Aloe sp.), mastruz (Dysphania ambrosioides (L.) Mosyakin & Clemants) e ciúme (C.
procera) foram utilizados de forma isolada. Da mesma maneira, a cinza do chocalho de C.
durissus e o couro de R. jimi foram usados sem a associação de outros produtos. A associação
desses produtos aos fitoterápicos pode ser em virtude das reações químicas que potencializam
a ação do medicamento no local afetado. Por exemplo, Fonseca et al. (2015b) verificou que a
combinação de óleos essenciais de Origanum vulgare L. (orégano) e Mentha piperita (hortelã-
pimenta) obtiveram melhores resultados durante o tratamento de pitiose em coelhos.
Os usos etnoveterinários citados na Tabela 1 apresentaram eficácia em 27 dos casos de
pitiose tratados. Dentre os fitoterápicos mais efetivos estavam Cathasetum sp. (6 casos), P.
cordatum (5 casos) e M. esculenta (5 casos). Em contrapartida, Mamona (Ricinus communis
L.) em associação com sambaíba (Curatella americana L.) apresentaram efeito em apenas um
dos casos relatados. Esses resultados podem nortear pesquisas futuras para o desenvolvimento
de novos compostos antifúngicos de aplicação tópica, particularmente no tratamento de pitiose
em animais domesticados de rebanho. Acredita-se, entretanto, que apesar da oportunidade para
pesquisa e desenvolvimento de formulações fitoterápicas com efeito antifúngico, um longo
caminho entre a aprovação científica dessa atividade e a entrada de um medicamento no
mercado ainda existe (SOLATI et al., 2021).

Considerações finais

Este estudo etnoveterinário evidenciou que os equinos são os animais mais acometidos
pela pitiose, o que ressalta a importância de alerta para esse grupo, principalmente em períodos
71

chuvosos ou em ambientes com elevada quantidade de plantas aquáticas. Os vaqueiros e


agricultores apresentaram uma variedade considerável de fitoterápicos utilizados no tratamento
da pitiose, visto que tal prática ainda é pouco pesquisada para esta doença. Assim, ressaltamos
a necessidade de mais estudos sobre medicina etnoveterinária no tratamento da pitiose nas cinco
regiões do Brasil, particularmente aquelas com condições propícias para o desenvolvimento do
patógeno.
As espécies de plantas citadas neste estudo demonstraram potencialidade medicinal,
embora ainda não se tenha comprovações científicas de suas atividades biológicas. As espécies
Cathasetum sp., Philodendron cordatum e Manihot esculenta podem ser promissoras em
estudos de bioprospecção. Nesse contexto, destacamos que o conhecimento popular e as
práticas de saúde animal podem contribuir para o entendimento das interações entre os humanos
e o ambiente local. Além disso, pode auxiliar na formulação de estratégias de conservação e em
políticas públicas direcionadas à realidade local ou na descoberta de novos fitoterápicos para a
saúde humana ou animal.

Referências

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74

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mediante os resultados expostos nesta dissertação, é possível observar o contexto em


que se encontram as pesquisas sobre pitiose e sua distribuição dentro do Brasil. Isso evidencia
a necessidade de estudos que destacam informações não apenas dos aspectos clínicos da doença,
mas também a localidade de origem dos animais infectados; época do ano em que os animais
contraíram a doença; tipo de tratamento utilizado; e quantidade de óbitos. Além dessas, outras
informações epidemiológicas podem ser relevantes para verificar com mais clareza a
distribuição da pitiose nas regiões e unidades federativas do Brasil.

Foi possível verificar que existe uma carência de pesquisas em áreas rurais do país, até
mesmo nos estados onde há expressivo número de pesquisas publicadas, principalmente pelo
fato de a doença ocorrer em todas as regiões do Brasil. No entanto, o Sul e o Nordeste
apresentaram as maiores concentrações de casos da doença, embora possuam condições
ambientais diferentes. Isso mostra que o patógeno pode se desenvolver em uma diversidade
considerável de ambientes.

Levando-se em consideração a gravidade, letalidade, dificuldade de diagnosticar a


pitiose, sua capacidade de infectar caninos, caprinos, felinos, humanos, equinos, bovinos e
ovinos fica evidente a necessidade do desenvolvimento de estudos que busquem analisar a
efetividade fitoterápicos no tratamento da pitiose, incluindo aqueles provenientes do
conhecimento etnoveterinário de comunidades rurais.

Nesta perspectiva, o conhecimento de pessoas de comunidade rurais acerca da doença


pode fornecer formas de tratamento que ajudem a combater o Pythium insidiosum. Observamos
por meio desse estudo que os vaqueiros e agricultores apresentaram uma variedade considerável
de fitoterápicos utilizados no tratamento da pitiose, ainda assim tal prática é pouco pesquisada
para esta doença. Assim, ressaltamos a necessidade de mais estudos sobre medicina
etnoveterinária no tratamento da pitiose nas cinco regiões do Brasil, particularmente aquelas
com condições propícias para o desenvolvimento do patógeno.
75

APÊNDICES

APÊNDICE 1: Tipo de diagnóstico por grupo acometido pela pitiose. Legenda: Nº -


Número de trabalhos. (A) Avestruz; (F) Felino; (C1) Caprino; (As) Asino; (H); Humano; (C2)
Canino; (O) Ovino; (B) Bovino; (E) Equino. T/A: Teste por notificação de animais.
76

APÊNDICE 2: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título do projeto: Regiões brasileiras potencialmente apropriadas para a ocorrência de


Pythium insidiosum (Oomycota) e o conhecimento etnomicológico de pitiose em comunidades
rurais.
Pesquisador responsável: Francisco Eduardo dos Santos Sousa
Instituição/Departamento: Universidade Federal do Piauí/ Biologia
E-mail para contato: [email protected]
Telefone para contato: (86) 995028842

Você está sendo convidado a participar como voluntário de uma pesquisa. Este
documento, chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), visa assegurar
seus direitos como participante e você poderá manter uma cópia do mesmo, caso assim deseje,
e outra cópia ficará com o pesquisador. Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para
esclarecer suas dúvidas. Se houver perguntas antes ou mesmo depois de indicar sua
concordância, você poderá esclarecê-las com o pesquisador. Se preferir, pode levar este Termo
para casa e consultar seus familiares ou outras pessoas antes de decidir participar. Não haverá
nenhum tipo de penalização ou prejuízo se você não aceitar participar ou retirar sua autorização
em qualquer momento.
Está pesquisa estás sendo realizada em função da importância econômica, ecológica e
social da pitiose. E soma-se a isto, o fato de que os saberes existentes em comunidades
tradicionais, geralmente dos mais idosos, tem sido perdido através das gerações. Entretanto,
este conhecimento empírico não pode ser esquecido e deve ser adicionado as pesquisas
científicas, pois os povos tradicionais demonstram grande conhecimento.
Objetivos deste projeto é verificar o conhecimento etnomicológico de comunidades
rurais do semiárido piauiense sobre a pitiose. A coleta de dados ocorrerá por meio de entrevistas
utilizando formulários semiestruturados contendo perguntas abertas e fechadas.
A pesquisa não possui riscos físicos, químico ou biológicos. Os prováveis riscos que
você poderá sofrer serão constrangimentos, desconfortos ou incômodos ao responder o
formulário e fornecer informações pessoais, como por exemplo sua idade ou seu gênero. Caso
isso ocorra, a aplicação do questionário será interrompida imediatamente. Entretanto, o
questionário poderá ser respondido em um outro local e em outro momento, caso você permita.
Quanto aos benefícios da pesquisa, será registrar os seus conhecimentos a respeito da pitiose;
mapear a distribuição do fungo Pythium insidiosum no estado do Piauí, sendo de grande valia
no auxílio para adoção de políticas públicas adequadas, bem como esclarecer as principais
causas, sintomas e orientar práticas que possibilitem a prevenção da doença.
Você terá a sua identidade totalmente preservada, inclusive quando os resultados do
estudo forem divulgados. Os resultados obtidos no estudo serão utilizados para fins científicos
(divulgação em revistas e em eventos científicos) e os pesquisadores se comprometem em
manter o sigilo e identidade anônima, como estabelecem as Resoluções do Conselho Nacional
de Saúde nº. 466/2012 e 510/2016 que tratam de normas regulamentadoras de pesquisas que
envolvem seres humanos.
Você não terá nenhum custo com a pesquisa, e caso aja necessidade, por qualquer
motivo, asseguramos que você será devidamente ressarcido. Não haverá nenhum tipo de
77

pagamento por sua participação, ela é voluntária. No entanto, há garantia de indenização diante
de eventuais danos decorrentes da pesquisa.
Para qualquer outra informação, você poderá entrar em contato com o pesquisador
responsável, ou poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa – UFPI, que
acompanha e analisa as pesquisas científicas que envolvem seres humanos, no Campus
Universitário Ministro Petrônio Portella, Bairro Ininga, Teresina –PI, telefone (86) 3237-2332,
e-mail [email protected]. Horário de Atendimento ao Público, segunda a sexta, manhã: 08h00
às 12h00 e a tarde: 14h00 às 18h00. Em caso de dúvidas sobre a pesquisa, você poderá entrar
em contato com o pesquisador responsável: EDUARDO SOUSA. Telefone para contato: (86)
999329852 E-mail: [email protected].
Ciente e de acordo com o que fui anteriormente exposto, eu
_____________________________________________________, aceito participar desta
pesquisa, assino este consentimento em duas vias, rubrico as outras páginas e fico com a posse
de uma delas.

Data__ /____/_________

__________________________________________ ______________________________
Assinatura do participante CPF do participante

_________________________________________
Pesquisador Responsável
78

APÊNDICE 3: Formulário aplicado aos participantes da pesquisa.

Nº______
Data de preenchimento do questionário:_______/_______/_______
Sexo: ( ) Homem ( ) Mulher Idade:_______________
Escolaridade: ( ) Ensino Fundamental Incompleto ( ) Ensino Fundamental Completo ( )
Ensino Médio Incompleto ( ) Ensino Médio Completo ( ) Ensino Médio Incompleto ( )
Ensino Superior Completo ( ) Ensino Superior Incompleto

1) Dos animais citados abaixo quais são criados por você?


( ) Equinos ( ) Ovinos ( ) Caprinos ( ) Bovinos ( ) Caninos ( ) outo:_______________
2) Como os seus animais são criados?
( ) Soltos ( ) Presos ( ) Regime semiaberto (Pesos a noite e soltos durante o dia)
( ) Soltos no verão e presos no inverno ( ) Presos no inverno e soltos no verão
( )Outo:__________________
3) Quais doenças acometem os seus animais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
4) Você já cuidou ou já viu algum animal que apresentava feridas semelhantes às que estão
nas imagens?
( ) Cuidou ( ) Apenas viu ( ) Não teve contato ( ) Outros______________
5) Por quais nomes você conhece a doença que está presente no álbum?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

6) Quais animais apresentaram a doença que está nas imagens?


( ) Equinos ( ) Ovinos ( ) Caprinos ( ) Bovinos ( ) Caninos ( ) Outros_________________
7) Quantos animais adoeceram?
_____ Equinos _____ Ovinos _____Caprinos ____Bovinos ____Caninos ____Outros
8) Em quais locais do corpo dos animais aparecem os sinais da doença, ou seja, onde surgiram
as feridas?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
9) Em qual época do ano essa doença é mais frequente?
( ) Inverno ( ) Verão ( ) Outros_________________
79

10) Os animais que apresentaram está doença tinham contato com água de:
( ) Açudes ( ) Barragem ( ) Lagoas ( ) Outros__________________
11) Nos locais onde os animais bebiam e/ou banhava existiam plantas aquáticas?
( ) Sim ( )Não ( ) Não sei
12) Descreva os aspectos das feridas presentes nos animais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
13) Como você fez para tratar a doença?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
14) Essa doença é transmitida de um animal para outro?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
15) Dos animais que apresentaram a doença e foram tratados por você morreram? Cite quais
eram os animais.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
16) Por causa dessa doença quanto você perdeu em dinheiro durante um ano de tratamento?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

E
80

APÊNDICE 4: Álbum utilizado para auxiliar os entrevistados na identificação da doença.


81
82
83

ANEXOS

ANEXO 1: Submissão do artigo na revista Desenvolvimento e Meio Ambiente -DMA

DIRETRIZES PARA A PUBLICAÇÃO

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO (versão 2021)

Apresentação e escopo da Revista

A revista Desenvolvimento e Meio Ambiente (DMA) é editada pelo Programa de Pós-Graduação em


Meio Ambiente e Desenvolvimento (PPGMADE) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Os principais
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nacional e internacional e divulgá-los amplamente em vários circuitos acadêmicos. Ancorado em uma
perspectiva interdisciplinar, o foco central da revista é a discussão de problemáticas que se inscrevam na
intersecção entre sociedade e natureza. Seu foco socioambiental busca uma visão inovadora,
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85

2) O artigo “não se encaixa dentro do escopo e foco da revista” (descritos acima). Em particular,
enfatizamos a necessidade de uma abordagem que promova o diálogo entre diferentes áreas do
conhecimento. Desta perspectiva, decorre a exigência de que o problema de pesquisa se inscreva na
interface entre natureza e sociedade – esta não pode ser apenas um contexto. Por exemplo, manuscritos de
direito ambiental não serão aceitos se sua abordagem for exclusivamente jurídica, apenas porque tratam de
legislação ambiental – é preciso que conexões com outras dinâmicas (sociais, ecológicas, econômicas,
políticas, etc.) sejam parte da problematização e descobertas da pesquisa. Outro exemplo: manuscritos
empregando técnicas como SIG ou sensoriamento remoto não serão aceitos se a abordagem for
exclusivamente técnica, apenas porque há um potencial (contexto) de emprego em, digamos, gestão
ambiental – é preciso que tal potencial seja efetivamente discutido como parte da problematização e
descobertas da pesquisa.

3) O artigo “não apresenta o perfil esperado pela revista”. O perfil desejado pela DMA pode ser
resumido como o de manuscritos científicos originais e de qualidade, ou seja, que atendam às boas práticas
da redação científica, e tenham complexidade e sofisticação intelectual compatíveis com o nível que
almejamos para a revista. Exemplos de manuscritos que serão recusados por não serem de caráter científico
são textos jornalísticos, panfletários, anedóticos ou meros relatórios de pesquisa. Quanto à qualidade,
buscam-se artigos escritos profissionalmente, concisos, claros e objetivos, com boa estrutura de texto,
adequada problematização de pesquisa (com perguntas de pesquisa ou hipóteses claras), metodologia
explicitada e pertinente, respostas e conclusões coerentes e boa inferência lógico-científica, ilustrações de
boa qualidade, e minimamente relevantes e atuais. Serão recusados, por exemplo, textos extraídos de teses
e dissertações, sem a adequada conversão para o formato de artigo ou ensaio; textos com problemas sérios
de linguagem ou de redação e/ou conteúdos simplistas; e trabalhos com base empírica muito estreita, ou
cujas descobertas aportem pouca novidade.

4) “Em seu estágio atual”, o manuscrito ainda não se encontra em condições de ser enviado aos
revisores. Trata-se de uma situação mais rara, em que os Editores julgam que o manuscrito tem méritos e
potencial para satisfazer as condições anteriores, mas ainda se encontra imaturo, necessitando de mais uma
ou duas rodadas de aperfeiçoamento pelos autores. Pode, por exemplo, haver conteúdos em excesso ou
desnecessários, ou ao menos um dos grandes componentes do manuscrito (como referencial teórico,
elaboração dos resultados, discussão dos mesmos, articulação teoria-empiria, etc.) se encontra ainda muito
embrionário e/ou o manuscrito ainda precisa de ao menos uma grande revisão para estar em condições de
submissão.

Os Editores poderão também realizar ou solicitar, quando julgarem necessário, pequenas


modificações nos originais, visando uma melhor adequação aos padrões da revista. Os editores enviarão
aos avaliadores apenas manuscritos cujos defeitos ou limitações tenham chances realistas de
correção pelos mesmos, sem uma carga despropositada de trabalho.

Os trabalhos aprovados pelos Editores para avaliação por pares serão encaminhados para, no
mínimo, dois avaliadores colaboradores da revista. A avaliação é feita pelo processo duplo-cego, no qual os
avaliadores não têm acesso ao(s) nome(s) do(s) autor(es) e vice-versa. O corpo de avaliadores da DMA é
formado apenas por pesquisadores doutores de instituições brasileiras e estrangeiras. A avaliação é feita
levando em conta o conteúdo, a estruturação do texto e a redação. Os avaliadores recomendarão a
aceitação, a rejeição ou a solicitação de modificações obrigatórias. Cabe aos Editores a decisão final sobre
86

a aceitação ou não do trabalho, com base nos pareceres emitidos pelos avaliadores. Os autores deverão
indicar 3 a 5 potenciais avaliadores para o seu manuscrito (ao menos um de instituição não
brasileira), inserindo os nomes e os respectivos e-mails de contato no campo COMENTÁRIOS PARA
O EDITOR no Passo 1 do processo de submissão no sistema. Sugira pesquisadores doutores com
bom conhecimento sobre o tema de sua submissão, e que tenham conduzido e publicado pesquisas
no mesmo campo. Idealmente, devem ser também pessoas que conheçam o processo de publicação
de revistas científicas. Os avaliadores indicados não necessariamente irão avaliar o manuscrito,
cabendo ao editor responsável decidir a inclusão de algum deles como revisor. A situação dos artigos
submetidos pode ser acompanhada através do sistema (www.revistas.ufpr.br/made) com o login utilizado
para a submissão.

É de responsabilidade dos autores de pesquisas que envolvam seres humanos, ter atendido aos
princípios éticos pertinentes, particularmente a aprovação por Comitês de Ética em Pesquisa. Também
recomendamos a consulta a nossa “Declaração de ética e boas práticas de publicação”, disponível em:
https://revistas.ufpr.br/made/about/editorialPolicies#custom-2

Publicação bilíngue

Todos os manuscritos submetidos a partir de 01 de março de 2021 e posteriormente aceitos para


publicação serão obrigatoriamente publicados no idioma original e também em inglês, ou seja, de forma
bilíngue.

A tradução e seu custeio serão de responsabilidade dos autores, devendo ser providenciados
apenas após a conclusão dos processos de avaliação e revisão do texto original. Compete aos autores
realizar o contato com os tradutores, solicitar orçamentos, e controlar prazos e custos da tradução. Esta
deverá ser necessariamente executada por um dos serviços aceitos pela revista (veja abaixo), cuja
qualidade é reconhecida pela DMA. Autores estrangeiros que tenham dificuldade de contratar os serviços
indicados devem entrar em contato com os editores para novas orientações. A DMA não se responsabiliza:
(1) pela qualidade do serviço de tradução, (2) por eventuais atrasos na entrega da tradução, (3) pelo
pagamento do serviço e (4) pela emissão de documentos como orçamentos e notas fiscais. O prazo para
que os autores providenciem a tradução será comunicado pelos editores quando a versão final do manuscrito
estiver pronta.

Textos submetidos diretamente em inglês por autores não anglófonos, caso aprovados para
publicação, também deverão ser encaminhados para revisão final pelos profissionais listados, salvo em
casos excepcionais definidos pelos editores. Assim, encorajamos a submissão em português quando houver
pesquisadores brasileiros entre os autores, deixando-se a elaboração da versão em inglês apenas para
depois do texto ser aprovado. No caso de textos submetidos originalmente em inglês, a revista se reserva o
direito de rejeitar os manuscritos caso o nível do idioma seja considerado insuficiente pela editoria.

Role até o final da página para conhecer a LISTA DE SERVIÇOS DE TRADUÇÃO


RECOMENDADOS E ACEITOS PELA DMA
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Informações para SUBMISSÃO NO SISTEMA (OJS)

O(s) nome(s) do(s) autor(es) NÃO deve(m) constar no arquivo do texto a ser submetido e
serão inseridos no sistema durante o processo de submissão.

No “Passo 3. Metadados da submissão (Indexação)” do processo de submissão no sistema, as


informações destacadas abaixo devem ser preenchidas, para todos os autores, conforme orientação
abaixo:

a) Nome, nome do meio e sobrenome: colocar o nome completo, sem abreviações,


correspondente a cada campo.

b) Email: email de contato do autor e que será posteriormente disponibilizado no arquivo final da
publicação.

c) ORCID iD: campo opcional, para o autor inserir seu identificador ORCID, caso desejado.

c) URL: neste campo pode-se colocar o endereço do Currículo Lattes (ex.


http://lattes.cnpq.br/4038470820319711), ou outro link para o Currículo do Autor ou, ainda, deixar em branco.

d) Instituição/Afiliação: vínculo institucional do Autor.

e) País: país do vínculo institucional.

f) Resumo da Biografia: indicar a formação do autor (área e instituição em que concluiu o respectivo
curso) da graduação e da última titulação (indicando se especialização, mestrado ou doutorado).

Estrutura e formatação dos manuscritos

A DMA publica trabalhos em português, inglês, espanhol e francês. Os manuscritos devem ser
enviados em sua língua original, sendo obrigatório título, resumo e palavras-chave na língua original,
em português e inglês.

Devem ser digitados em OpenOffice ou MS Word (salvos na extensão .doc ou .docx), em tamanho
de folha A4, margens superior e inferior de 2,5 cm e esquerda e direita de 3,0 cm, com 1,5 de espaço entre
linhas, fonte Times New Roman tamanho 12, texto alinhado à esquerda e todas as páginas numeradas. A
DMA não disponibiliza arquivo de layout.

As tabelas e figuras devem estar numerados em algarismos arábicos, com legendas em fonte
tamanho 10 e inseridos ao longo do texto, no primeiro ponto conveniente após sua primeira menção.

São aceitas figuras coloridas, preferencialmente em formato JPEG, embora também sejam
aceitáveis os formatos GIF, TIFF, BMP e PNG. Mapas, fotos e gráficos são considerados Figuras e
assim devem estar denominados no trabalho. No arquivo com o manuscrito para submissão, a qualidade
das figuras deve ser suficiente para avaliação, mas, se necessário, pode ser inferior à versão final, de modo
que o arquivo não ultrapasse 5 MB. Se o manuscrito for aceito, as figuras poderão ser novamente fornecidas
em melhor resolução para a versão de publicação (no mínimo 300 dpi), devendo ser enviadas
separadamente com a respectiva identificação (ex. Figura 1).
88

Deve-se utilizar a denominação Tabela, independente se o conteúdo é numérico ou textual. Os


Quadros são utilizados apenas quando o conteúdo é textual e abrange uma única coluna (Box). As Tabelas
devem conter apenas linhas horizontais, evitando-se, sempre que possível, linhas internas. Recomenda-se
fortemente que os autores verifiquem artigos já publicados pela revista quanto à formatação das
tabelas e figuras.

Os títulos das seções devem estar numerados em algarismos arábicos, destacados em negrito e
itálico (ex. 1. Introdução), e as subseções, em qualquer nível, numeradas e apenas em itálico. Os artigos
e ensaios não podem passar de 30 páginas e as resenhas de 5 páginas, incluindo figuras, tabelas e
referências.

A estrutura dos artigos e ensaios deve ser a seguinte:

a) Título na língua original, português e inglês;

b) Resumo (com no máximo 300 palavras) na língua original, português e inglês, acompanhados de
três a cinco palavras-chaves em cada um dos idiomas;

c) Introdução;

d) Corpo do artigo, com as seções julgadas pertinentes pelos autores;

e) Agradecimentos (opcional). Utilizar esta seção para mencionar bolsas e fontes de financiamento
de pesquisas;

f) Referências.

As resenhas não necessitam apresentar a estrutura acima. Deve ser apresentada no início a
referência completa da obra (conforme as normas para as referências abaixo) na língua original.

As notas de rodapé devem estar no fim da página (e não do documento) e numeradas em


algarismos arábicos, fonte Times New Roman tamanho 10, alinhado à esquerda.

Citações e referências

ATENÇÃO: A DMA possui normas próprias para citações e referências e não utiliza as normas
da ABNT.

Deve-se evitar a citação de monografias, dissertações, teses, resumos e artigos completos


publicados em anais de eventos, bem como relatórios de difícil acesso. Sempre que houver um número de
DOI (Digital Object Identifier), indicá-lo ao final da referência. No caso de artigos sem DOI, mas disponíveis
em endereços eletrônicos de revistas de livre acesso, indicar o link (“Disponível em: link”) ao final da
referência.

As citações e referências devem seguir os exemplos abaixo. Veja também artigos recentemente
publicados para exemplos.

Nas citações de obras com três ou mais autores, utilizar et al. após o primeiro autor. Nas referências,
manter todos os autores (ou ao menos os três primeiros e et al quando forem muito numerosos). As citações
89

devem estar ordenadas pelo ano. Exemplos para as citações: “segundo Deléage (2007), Toledo & Barrera-
Bassols (2009) e Pinheiro et al. (2010)...”; (Deléage, 2007; Toledo & Barrera-Bassols, 2009; Pinheiro et al.,
2010); (Moran, 1994, p. 17); (Deléage, 2007a; 2007b). A lista de referências deve estar em ordem alfabética
dos autores.

Livro

Vinha, V. (Org.). Economia do meio ambiente: teoria e prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

Ostrom, E. Governing the commons: the evolution of institutions for collective action. Cambridge
University Press, 1990.

Almeida, J. R. de; Bastos, A. C. S.; Malheiros, T. M.; Silva, M. da D. Política e planejamento


ambiental. Rio de Janeiro: THEX Editora, 3. ed., 2004.

Capítulo de livro

Faria, C. A. P. de. A multidisciplinaridade no estudo das políticas públicas. In: Marques, E.; Faria, C.
A. P. de F. (Orgs.). A política pública como campo multidisciplinar. São Paulo: Editora Unesp; Rio de Janeiro:
Editora Fiocruz, p. 11-21, 2013.

Davidson-Hunt, I. L.; Berkes, F. Nature and society through the lens of resilience: toward a human-
in-ecosystem perspective. In: Berkes, F.; Colding, J.; Folke, C. (Eds.). Navigating social-ecological systems:
building resilience for complexity and change. Cambridge University Press, 2003. p. 53-82.

Artigos de periódico

Gadda, T. M. C.; Marcotullio, P. J. Changes in Marine Seafood Consumption in Tokyo,


Japan. Desenvolvimento e Meio Ambiente, 26, 11-33, 2012. Disponível em:
http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/made/article/view/26043/19669

Walker, P. A. Political ecology: where is the politics? Progress in Human Geography, 31(3), 363-369,
2007. doi: 10.1177/0309132507077086

Teses e Dissertações

Bitencourt, N. de L. da R. A problemática da conservação ambiental dos terrenos de marinha: o caso


da Orla do Canal da Barra da Lagoa, Ilha de Santa Catarina, Brasil. Florianópolis, Tese (Doutorado em
Geografia) – UFSC, 2005.

Documentos em formato eletrônico


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MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia. Status atual das atividades de projeto no âmbito do
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) no Brasil e no mundo, 2007. Disponível em:
<www.mct.gov.br/upd_blob/7844.pdf>. Acesso em: jan. 2008.

Constituição, Leis, Decretos e Resoluções

Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. 11. ed. São Paulo,
Atlasm 1998.

Brasil. Lei n.° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília: DOU de 11/1/2002.

Brasil. Decreto n.° 5.300, de 7 de dezembro de 2004. Regulamenta a Lei n.° 7.661, de 16 de maio
de 1988, que institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro – PNGC, dispõe sobre regras de uso e
ocupação da zona costeira e estabelece critérios de gestão da orla marítima, e dá outras providências.
Brasília: DOU de 8/12/2004.

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n.° 004, de 18 de setembro de 1985.
Brasília: DOU de 20/1/1986.

Trabalhos em anais de congresso

Moura, R.; Kleinke, M. de L. U. Espacialidades e institucionalidades: uma leitura do arranjo sócio-


espacial e do modelo de gestão das regiões metropolitanas do sul do Brasil. In: Anais do Encontro Anual da
ANPOCS. Petrópolis, 24 de out., 2000.

CONDIÇÕES PARA SUBMISSÃO


Como parte do processo de submissão, os autores são obrigados a verificar a conformidade da
submissão em relação a todos os itens listados a seguir. As submissões que não estiverem de acordo com
as normas serão devolvidas aos autores.

1. O trabalho submetido é original e inédito, e não está sendo avaliado para publicação em outra
revista; caso contrário, justificar em “Comentários ao Editor”
2. O arquivo submetido não contém o(s) nome(s) do(s) autor(es), garantindo, portanto, o processo de
avaliação duplo-cego
3. O arquivo submetido atende rigorosamente às regras, políticas, estrutura e formatação exigida pela
revista, apresentadas nas NORMAS DE PUBLICAÇÃO
4. No arquivo submetido foram verificadas se todas as citações bibliográficas constam nas Referências
e vice-versa, bem como se as referências estão no formato exigido pela revista, conforme
apresentado nas NORMAS DE PUBLICAÇÃO
5. Foram acrescentados no campo COMENTÁRIOS PARA O EDITOR, no final da página deste passo
da submissão, ao menos 3 nomes de potenciais avaliadores para o seu manuscrito com os
respectivos e-mails de contato, sendo ao menos um de instituição não brasileira. Por favor, consulte
nossas Normas de Publicação a respeito.
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DECLARAÇÃO DE DIREITO AUT ORAL


Os Direitos Autorais sobre trabalhos publicados nesta revista são do autor, com direitos de primeira
publicação para a revista. O conteúdo dos trabalhos publicados é de inteira responsabilidade dos autores.
Como a revista é de acesso público (open access), os trabalhos são de uso gratuito em aplicações
educacionais e não-comerciais.

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