Conhecimento Tradicional e Medicina Etnoveterinária No
Conhecimento Tradicional e Medicina Etnoveterinária No
Conhecimento Tradicional e Medicina Etnoveterinária No
Teresina
2021
FRANCISCO EDUARDO DOS SANTOS SOUSA
TERESINA
2021
FICHA CATALOGRÁFICA
Universidade Federal do Piauí
Biblioteca Comunitária Jornalista Carlos Castello Branco
Serviço de Processamento Técnico
CDD 574.52
TERESINA
2021
Dedico esta dissertação aos meus saudosos
avós maternos Amanda Rosa dos Santos
Freitas e Lourenço Pereira de Freitas
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu Orientador, professor Dr. José de Ribamar de Sousa Rocha, pelo apoio,
incentivo, conversas, pelo auxílio na aquisição de novos conhecimentos sobre o mundo dos
Oomicetos e pela dedicação e paciência em orientar-me durante estes anos.
Agradeço aos colegas da turma de mestrado do biênio 2019-2021. Obrigado pelas risadas,
conversas diárias e aprendizado. A Esdras Felipe; Antônio Reis; Jefferson; Pedro Melo e Luan
Brandão pela amizade, trabalhos em grupo, gargalhadas, passeios e aprendizados.
Obrigado Leticia Sousa e Natanael Silva pelas contribuições nesta pesquisa, pelos momentos
que me aconselharam e estiveram presentes. Em especial a Letícia Sousa que tornou a
caminhada mais agradável e me fez sorrir muito.
Agradeço as minhas mães: Gevani Freitas e a tia Rita Pereira pelo amor, carinho, dedicação e
por todo o suporte espiritual, emocional e financeiro que me deram. Agradeço a Mãe Gevani
por não me deixar desanimar, por sempre me receber com palavras de incentivo, fé e
encorajamento. Palavras que sempre vinham quando eu mais precisava. Já à mãe Rita, quero
agradecer pelas advertências, pelos puxões de orelha, pelas tardes que me obrigava a estudar e
por ser melhor professora que eu poderia ter na infância. Sem as palavras de encorajamento as
dificuldades teriam me feito desistir e sem as advertências o comodismo teria me vencido. Cada
à sua maneira me ensinou que o maior bem do ser humano é sua família e seus amigos. As duas
são os meus maiores exemplos e a materialização do cuidado de Deus por mim.
Agradeço a Irailde dos Santos e sua família pelo apoio e suporte, e por me conceder o meu bem
mais precioso: a minha filha Acsa Loureny.
Aos meus avós maternos Loureço Pereira e Amanda Rosa, que hoje descansam em Deus, pelas
lições de fé, humildade, perseverança e ainda pelos sábios conselhos. Ao meu Pai Raimundo
Justino e a meus irmãos: Emanoel, Thiago, Leticia, Eduarda e Hernandes que sempre me
apoiaram nessa jornada.
Há uma lista enorme de pessoas que eu gostaria de agradecer, mas são tantos nomes que não
conseguiria lembrar de todos e por esse motivo estendo a minha gratidão a vocês ao agradecer
pessoas que são importantes para mim, pois foram os irmãos que Deus me permitiu escolher:
Weigande Keynes, Antônio Carlos, Francisco Filho, Lucas Abreu, Maciel de Jesus, Thiago
Palhares e Adriano Soares, obrigado pelo apoio e incentivo.
Muito obrigado!
Tudo sempre parece impossível até que esteja
feito.
Nelson Mandela
RESUMO
A pitiose é uma infecção fúngica causada pelo microrganismo Pythium insidiosum. Esse
patógeno acomete plantas, animais, inclusive humanos, e causam sérios prejuízos econômicos.
Deste modo, o conhecimento etnoveterinário dos criadores de animais domesticados de rebanho
sobre a pitiose é relevante para auxiliar na promoção da saúde animal, além da implementação
de políticas públicas que minimizem os impactos econômicos causados pela doença. Esse
trabalho está estruturado em três capítulos com os respectivos objetivos: (1) realizar uma
revisão sistemática da literatura acerca dos casos de pitiose notificados e publicados de 2000 a
2019 no Brasil; (2) registrar o conhecimento etnoveterinário dos criadores de animais
domesticados em comunidades rurais do Piauí; e (3) documentar os tratamentos
etnoveterinários utilizados por vaqueiros e agricultores em uma área rural do Piauí, Meio-Norte
do Brasil. Para o primeiro objetivo foram compilados 60 trabalhos sobre pitiose no Brasil. Esses
estudos difundiram-se nas cinco regiões do Brasil e em 17 unidades federativas. Um total de
430 notificações foram encontradas, com os Equinos (n = 190; 44,18%) e bovinos (n = 116;
26,98%) sendo os mais acometidos pela pitiose. Dos 430 animais notificados 151 morreram,
dos quais 101 (66,89%) eram ovinos e 41 (27,15%) equinos. Para alcançar o segundo objetivo
foram realizadas 109 entrevistas semiestruturadas com os criadores de animais domésticos de
rebanho do município de São Félix do Piauí. Dos participantes da pesquisa 67 eram vaqueiros
e 42 agricultores, com idade entre 18 e 77 anos. Os animais comumente criados são caprinos,
ovinos, equinos e bovinos, entretanto houve relatos da criação de suínos e felinos. Os animais
mais acometidos pela doença foram os equinos (n = 123; 95,3%) e os menos afetados foram os
ovinos (n = 2; 1,6%). As perdas econômicas sofridas pelos entrevistados, em função da pitiose,
variaram de R$ 50,00 a R$ 7.000,00. O terceiro objetivo foi alcançado por meio da elaboração
de uma lista de fitoterápicos e zooterápicos utilizados pelos entrevistados no tratamento da
pitiose. Para isso, utilizou-se o valor de uso para determinar a importância relativa das espécies.
Foi registrado o uso de 16 plantas e 02 animais (01 réptil e 01 anfíbio) para o tratamento da
doença. As plantas medicinais mais usadas eram folha de fonte (Philodendron cordatum K.) e
banana-brava (Cathasetum sp.), e os zooterápicos citados foram couro de sapo-cururu (Rhinella
jimi) e cinza do chocalho de cascavel (Crotalus durissus). Os tratamentos apresentaram eficácia
em 27 dos casos de pitiose. Os resultados contribuem com informações acerca de qual grupo
animal é mais afetado pela pitiose no Brasil e no Piauí. Possibilitou a verificação da distribuição
da doença no país e a identificação dos fitoterápicos e zooterápicos utilizados no tratamento da
doença. Além disso, proporcionam a verificação dos impactos econômicos causados pela
pitiose e podem auxiliar na elaboração e implementação de políticas públicas que minimizem
o impacto econômico da pitiose dentro do estado.
Pythiosis is a fungal infection caused by the microorganism Pythium insidiosum. This pathogen
affects plants, animals, including humans, and causes serious economic damage. Thus, the
ethnovet knowledge of breeders of domesticated herd animals about pythiosis is relevant to
help in the promotion of animal health, in addition to the implementation of public policies that
minimize the economic impacts caused by the disease. This work is structured in three chapters
with the respective objectives: (1) to carry out a systematic review of the literature on cases of
pythiosis reported and published from 2000 to 2019 in Brazil; (2) register the ethnovet
knowledge of the breeders of domesticated animals in rural communities in Piauí; and (3)
document the ethnovet treatments used by cowboys and farmers in a rural area of Piauí, Mid-
North of Brazil. For the first objective, 60 works on pythiosis in Brazil were compiled. These
studies were disseminated in the five regions of Brazil and in 17 federative units. A total of 430
notifications were found, with Horses (n = 190; 44.18%) and cattle (n = 116; 26.98%) being
the most affected by pythiosis. Of the 430 animals notified, 151 died, of which 101 (66.89%)
were sheep and 41 (27.15%) horses. To reach the second objective, 109 semi-structured
interviews were carried out with livestock breeders in the municipality of São Félix do Piauí.
Of the survey participants 67 were cowboys and 42 farmers, aged between 18 and 77 years.
Commonly bred animals are goats, sheep, horses and cattle, however there have been reports
of swine and feline rearing. The animals most affected by the disease were horses (n = 123;
95.3%) and the least affected were sheep (n = 2; 1.6%). The economic losses suffered by the
interviewees, due to pythiosis, ranged from R$50.00 to R$7,000. The third objective was
achieved through the elaboration of a list of herbal and zootherapics used by the interviewees
in the treatment of pythiosis. For this, the use value was used to determine the relative
importance of the species. The use of 16 plants and 02 animals (01 reptile and 01 amphibian)
for the treatment of the disease was registered. The most used medicinal plants were spring
leaves (Philodendron cordatum K.) and wild banana (Cathasetum sp.), and the zootherapics
mentioned were cane toad leather (Rhinella jimi) and rattlesnake rattle ash (Crotalus durissus).
The treatments were effective in 27 of the cases of pythiosis. The results contribute information
about which animal group is most affected by pythiosis in Brazil and Piauí. It enabled the
verification of the distribution of the disease in the country and the identification of herbal and
zootherapics used in the treatment of the disease. In addition, they provide verification of the
economic impacts caused by pythiosis and can assist in the development and implementation
of public policies that minimize the economic impact of pythiosis within the state.
CAPÍTULO I
Figura 1: A) Distribuição das notificações de pitiose publicadas nos anos de 2000 a 2019 por
região e Unidades Federativas do Brasil; B) Quantidade de imunoterápicos comercializados e
trabalhos publicados nos anos de 2000 a 2019. ........................................................................ 31
CAPÍTULO II
CAPÍTULO III
Figura 1. Mapa de localização do município de São Félix do Piauí, no estado do Piauí, Brasil.
.................................................................................................................................................. 66
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
CAPÍTULO III
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 18
2 CAPÍTULO I: Registros de Pitiose no Brasil de 2000 a
2019:umarevisão................................................................................25
Introdução................................................................................................................. 26
Materiais e métodos ................................................................................................. 27
Resultados ................................................................................................................. 29
Discussão ................................................................................................................... 33
Conclusões................................................................................................................. 38
Referências ................................................................................................................ 39
3 CAPÍTULO II: Conhecimento etnoveterinário de vaqueiros e agricultores sobre
Pitiose em áreas rurais do Meio-Norte do Brasil..............................47
Introdução................................................................................................................. 48
Materiais e métodos ................................................................................................. 49
Área de estudo .......................................................................................................... 49
Coleta de dados......................................................................................................... 51
Reconhecimento e Identificação da Pitiose ............................................................ 51
Análise de dados ....................................................................................................... 52
Resultados ................................................................................................................. 52
Referências ................................................................................................................ 58
4 CAPÍTULO III Medicina etnoveterinária no tratamento da Pitiose em áreas rurais do
Meio-Norte do Brasil.................................... ................................63
Introdução................................................................................................................. 64
Materiais e Métodos ................................................................................................. 65
Área de estudo .......................................................................................................... 65
Coleta de dados......................................................................................................... 66
Análise de dados ....................................................................................................... 67
Resultados e discussão ............................................................................................. 67
Considerações finais ................................................................................................. 70
Referências ................................................................................................................ 71
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 74
APÊNDICES ......................................................................................................................... 75
ANEXO..................................................................................................................................83
14
1 INTRODUÇÃO GERAL
O filo Oomycota por muito tempo foi agrupado com os fungos, mas com o avanço das
técnicas em microscopia e o advento da biologia molecular, a taxonomia desse grupo passou
por várias alterações e foi proposta uma nova classificação na qual o filo é dividido em três
classes: Peronosporomycetes, com as ordens Albuginales, Peronosporales sensu lato e
Rhipidiales; Saprolegniomycetes, com Atkinsiellales, Leptomitales e Saprolegniales; e Incertae
sedis composta por organismos basais das ordens Eurychasmales, Haptoglossales,
Olpidiopsidales, Haliphthorales (BEAKES; HONDA; THINES, 2014).
os zoósporos são atraídos por animais que estão em contato com a água contaminada e se
desenvolvem a partir de pequenas lesões cutâneas (MILLER, 1983; MENDOZA;
HERNANDEZ; AJELLO, 1993). Outros pesquisadores sugerem a possibilidade de os
zoósporos penetrarem através de folículos pilosos (SANTURIO et al., 1998). Apesar disso, os
fatores para o desenvolvimento da pitiose ainda não foram identificados, pois pouco se sabe
sobre as preferências ecológicas do P. insidiosum. Entretanto, a ocorrência da doença parece
estar associada a ambientes que contenham água parada com temperaturas entre 30° e 40ºC,
condições adequadas para a indução de formação dos zoósporos (SUPABANDHU et al., 2008).
anualmente, porém pode estar havendo uma subnotificação em virtude de a doença ocorrer
principalmente em áreas rurais (GAASTRA et al., 2010; HILTON et al., 2016).
No entanto, esses saberes não podem ser esquecidos e devem ser somados às pesquisas
científicas, pois o conhecimento etnoveterinário é utilizado por muitos criadores de animais
domésticos, fazendeiros e veterinários ao logo dos anos (MATHIAS, 2007; SILVA et al.,
2021b). A exemplo disso tem-se a pitiose, doença fúngica que em geral ocorre em lugares de
difícil acesso, dificultando a obtenção de medicamentos industrializados (HILTON et al.,
2016). Isso faz com que o conhecimento dos especialistas locais seja uma estratégia viável na
promoção da saúde animal (MUHAMMAD et al., 2005; ALBUQUERQUE et al., 2008; SILVA
et al., 2021b). Desse modo, torna-se necessário obter informações acerca do conhecimento
etnoveterinário que podem não apenas ser perdidos ao longo dos anos, por serem transmitidos
oralmente (FERNANDES; MELO, 2020), como também podem nortear a elaboração de
políticas públicas direcionadas a minimização dos impactos causados pela pitiose,
principalmente nas áreas rurais.
Com relação à sua organização estrutural, este trabalho é dividido em três capítulos. O
Capítulo I se refere ao manuscrito intitulado: Registro de Pitiose no Brasil de 2000 a 2019: uma
17
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25
2 CAPÍTULO I
Resumo: Este artigo trata-se de uma revisão da literatura que teve como objetivos: registrar os
casos de pitiose notificados e publicados de 2000 a 2019 no Brasil; verificar qual grupo animal
tem sido mais afetado pelo Pythium insidiosum nas diferentes regiões do país; e analisar a
distribuição espaço-temporal dos casos de Pitiose no Brasil entre os anos de 2000 e 2019. Para
isso, foi realizada a combinação de palavras-chave no idioma inglês, português e espanhol a
fim de buscar artigos científicos no Portal de Periódicos da CAPES e Google Acadêmico.
Foram encontrados 60 trabalhos distribuídos em 17 Unidades Federativas do Brasil e em todas
as regiões do país. Um total de 430 notificações foi encontrado. Os Equinos (n = 190; 43,95%)
e bovinos (n = 116; 26,98%) se destacaram como os grupos mais acometidos pela pitiose. Dos
430 animais notificados 151 morreram, nos quais 101 (66,89%) eram ovinos e 41 (27,15%)
equinos. Deste modo, esta revisão agrega informações acerca do contexto em que se encontram
as pesquisas sobre pitiose e sua distribuição dentro do Brasil. Considerando os principais
resultados, torna-se evidente a necessidade de estudos que mencionem informações
epidemiológicas que possibilitem verificar com mais clareza a distribuição da pitiose nas
regiões e unidades federativas do Brasil.
Abstract: This article is a literature review that aimed to: register cases of pythiosis reported
and published from 2000 to 2019 in Brazil; verify which animal group has been most affected
by Pythium insidiosum in different regions of the country; and analyze the spatiotemporal
distribution of cases of Pythiosis in Brazil between the years 2000 and 2019. For this, keywords
in English, Portuguese and Spanish were combined in order to search for scientific articles in
the Portal de Periódicos da CAPES and Google Scholar. 60 works were found, distributed in
17 Federative Units in Brazil and in all regions of the country. A total of 430 notifications were
found. Horses (n=189; 43.95%) and cattle (n=116; 26.98%) stood out as the groups most
affected by pythiosis. Of the 430 animals notified, 151 died, of which 101 (66.89%) were sheep
and 41 (27.15%) horses. Thus, this review aggregates information about the context in which
research on pythiosis is found and its distribution within Brazil. Considering the main results,
the need for studies that mention epidemiological information that make it possible to verify
more clearly the distribution of pythiosis in the regions and federative units of Brazil becomes
evident.
Introdução
O diagnóstico inicial da pitiose é obtido por meio da análise dos sinais clínicos,
histopatológicos, epidemiológicos, presença do agente etiológico nas lesões, além de
características micro e macroscópicas das feridas (SANTURIO et al., 2006a;
SCHANZEMBACH et al., 2019). Contudo, outras doenças como granulomas fúngicos ou
bacterianos, sarcóide com tecido de granulação exuberante e habronemose se assemelham a
pitiose, dificultando a identificação precisa da doença e fazendo com que seja necessário um
diagnóstico diferencial (ÁLVAREZ; VILORIA; AYOLA, 2013; BROMERSCHENKEL;
FIGUEIRÓ, 2014). Diante disso, a confirmação pode ocorrer por meio de técnicas de imuno-
histoquímica (IHQ), Polymerase Chain Reaction (PCR), Enzyme-Linked Immunosorbent
Assay (ELISA) e isolamento do agente (ISOL) (REIS et al., 2003; RIET-CORREA et al., 2003;
BANDEIRA et al., 2009; SCHANZEMBACH et al., 2019).
Materiais e métodos
Tabela 1. Resultados da pesquisa com a combinação de palavras-chave no Portal de Periódicos CAPES (PPC) e
Google Acadêmico (GA), 2000-2019.
Combinação de palavras-chave
em inglês
Palavras-chave em Espanhol
Pitiosis + Brasil 10 0 82 0
Pitiosis + Kunker + Brasil 0 0 228 0
Foram excluídos trabalhos de revisão com dados de vários anos, a fim de evitar
sobreposição de casos. Além disso, foram excluídos artigos duplicados, livros, capítulos de
livros, trabalhos de conclusão de curso, dissertações, teses, resumos simples ou completos
publicados em anais de eventos científicos e artigos em que a confirmação do diagnóstico
ocorreu apenas com base na anamnese do animal e nos aspectos clínicos da doença.
29
Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva. Além disso, utilizou-se o
software QGis© versão 3.6.1 (QGis Development Team, 2021) na elaboração de um mapa
coroplético para demostrar a distribuição dos trabalhos e notificações dos casos de pitiose
publicados de 2000 a 2019 nas unidades federativas do Brasil. Para verificar se o número de
notificações de pitiose estava correlacionado com o número de trabalhos publicados adotou-se
o Coeficiente de Correlação de Pearson. Também foi elaborado um mapa coroplético com o
número de notificações da doença por região do país e a quantidade de imunoterápicos
comercializada para o mesmo período (2000-2019). Os dados das vacinas foram extraídos do
relatório de avaliação dos impactos das tecnologias geradas pela Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA, 2020), a fim de verificar uma possível subnotificação nos casos de
pitiose. Isso porque os imunoterápico são utilizados no tratamento e não na prevenção da
doença.
Resultados
Figura 1: A) Distribuição das notificações de pitiose publicadas nos anos de 2000 a 2019 por região e
Unidades Federativas do Brasil; B) Quantidade de imunoterápicos comercializados e trabalhos
publicados nos anos de 2000 a 2019.
Discussão
Por exemplo, o fato de o Rio Grande do Sul se destacar em número de publicações pode
ser porque neste estado encontra-se o Laboratório de Pesquisa Micológica (LAPEMI-UFSM).
Esse é um dos maiores grupos de pesquisa sobre a pitiose no Brasil e, juntamente com a
Embrapa Pantanal, desenvolveram um imunoterápico que, em muitos casos, se mostrou eficaz
no tratamento da pitiose (MONTEIRO, 1999; BECEGATTO et al., 2017). Além disso, vale
ressaltar que a primeira notificação de pitiose equina no Brasil ocorreu no Rio Grande do Sul
(SANTOS; LONDERO, 1974). Desse modo, acredita-se que fatores como esses podem ser o
real motivo de alguns locais serem mais expressivos em número de publicações.
registrado apenas duas notificações ao longo dos anos do levantamento, essa foi a região que
mais comercializou o medicamento (9.942) entre os anos de 1999 e 2019 (EMBRAPA, 2020).
Com relação ao número de notificações, muitos fatores contribuem para o Rio Grande
do Sul se sobressair dos demais estados. Como mencionado anteriormente, é provável que o
primeiro deles seja a existência de um grupo de pesquisa que desenvolve estudos na região
desde 1996 (MORAES et al., 2013). Somam-se a isso condições geográficas e ecológicas que
favorecem o desenvolvimento do patógeno, além de o estado apresentar um dos maiores
plantéis de bovinos do Brasil e possuir, em média, o terceiro maior rebanho de equinos nas duas
últimas décadas (IBGE, 2020).
É provável que esses dois últimos fatores também influenciem o número de notificações
por grupos para cada estado, uma vez que o tamanho dos plantéis muda de um local para outro
conforme as condições ambientais e os interesses econômicos de cada estado. Assim, os grupos
de maior interesse econômico acabaram recebendo mais atenção e apresentando um maior
número de notificações. Isso explica o fato de os ovinos e caprinos serem os mais
representativos nos estados da região Nordeste, enquanto nos estados da região Sul e Sudeste
foram os bovinos e equinos. Segundo Almeida e Silva (2010) tal realidade acontece porque
conhecer as doenças que acometem os animais base da pecuária de cada estado e/ou região é
determinante para a diminuição dos impactos econômicos enfrentados.
35
É válido ressaltar que a PCR, IHQ e ELISE são mais indicados porque evitam erros de
diagnóstico como o relatado por Farias Maciel (2008). Ademais, essas técnicas são eficientes e
rápidas na identificação do agente, favorecendo o tratamento da doença. Por exemplo, a técnica
IHQ é mais vantajosa porque além de ser altamente confiável pode ser usada em amostras
previamente fixadas (REIS JR; NOGUEIRA, 2002). Isso explica o fato de ter sido a mais
utilizada na realização da confirmação dos diagnósticos dos casos de pitiose evidenciados nesta
revisão.
Outro tratamento presente em vários estudos desta revisão foi o uso de antifúngicos, tais
como itraconazol, fluconazole, anfotericina B, cetoconazole, terbinafina e iodeto de potássio.
Verificou-se que esses medicamentos possuem baixa eficácia quando se leva em consideração
o número de animais tratados/curados e, além de demandar tempo, pode causar problemas
renais e flebite devido ao excesso de toxinas (NOBRE et al., 2002, PEREIRA et al., 2010).
Nesse cenário, o imunoterápico se destaca como uma alternativa ao tratamento da pitiose, pois
do total de trabalhos que relataram a utilização deste medicamento apenas dois não
apresentaram resultados satisfatórios. O tempo e o tamanho da lesão também são determinantes
na efetividade do Pitium Vac, porém a resposta à imunoterapia pode ser obtida em um curto
período (SANTURIO et al., 2001). É menos dispendioso e não demanda tanto tempo de cuidado
como os demais, entretanto é importante destacar que alguns animais não exibem resposta ao
medicamento (SANTURIO et al., 2001; EMBRAPA, 2020). Ainda assim, para Bromerschenkel
e Figueiró (2014), esse método apresenta expectativas positivas, uma vez que pode ser usado
em conjunto com outros tratamentos ou isoladamente.
Conclusões
Destaca-se ainda a carência de pesquisas em: (i) áreas rurais do país, até mesmo nos
estados onde há expressivo número de pesquisas publicadas; e (ii) em áreas com baixo número
de publicações, mas com condições propícias para desenvolvimento da doença, tal como a
região Norte e Centro-Oeste do país. Principalmente levando-se em consideração que os estados
pertencentes as regiões Sul e Nordeste apresentaram as maiores concentrações de casos da
doença. Embora casos de pitiose em caninos, caprinos, felinos e ovinos difícil de diagnosticar,
sugere-se também registar os relatos da ocorrência da doença nesses animais, particularmente
em regiões do país onde não foram encontradas publicações.
Referências
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47
3 CAPÍTULO II
Resumo: Este trabalho buscou avaliar como as variáveis socioeconômicas e o contato com a
pitiose afeta o conhecimento etnoveterinário de agricultores e vaqueiros; documentar o
conhecimento etnoveterinário da pitiose e estimar as perdas econômicas causadas pela doença.
Para alcançar tais objetivos foram realizadas 109 entrevistas semiestruturadas com aplicação
de albúm seriado aos criadores de animais domésticos do município de São Félix do Piauí. Dos
participantes da pesquisa 67 eram vaqueiros e 42 agricultores, com idade entre 18 e 77 anos.
Os animais comumente criados eram caprinos, ovinos, equinos e bovinos, entretanto houve
relatos da criação de suínos e felinos. O grupo mais acometido pela doença foi o de equinos (n
= 123; 95,3%) e os ovinos (n = 2; 1,6%) foram o menos afetado. A doença apresentada aos
entrevistados por meio do álbum seriado foi reconhecida pelos seguintes nomes: Esponja (n =
30), Ferida Brava (n = 25), Sarna (n = 11) e Sobre Cama (n = 4). O grupo animal mais acometido
pela doença foi os equinos (n = 53) e o período de recuperação do animal variava de um a nove
meses, dependendo do local e dimensão do ferimento. As perdas econômicas sofridas pelos
entrevistados, em função da pitiose, variaram de R$ 50,00 a R$ 7.000,00. Os resultados
evidenciaram que os vaqueiros e agricultores entrevistados possuem um conhecimento razoável
sobre pitiose, o que pode auxiliar na elaboração e implementação de políticas públicas. Além
disso, possibilitou a identificação dos impactos econômicos causados pela doença dentro do
município.
Abstract: This study aimed to evaluate how socioeconomic variables and contact with
pythiosis affect the ethnovet knowledge of farmers and herdsmen; document the ethnovet
knowledge of pythiosis and estimate the economic losses caused by the disease. To achieve
these objectives, 109 semi-structured interviews were carried out with the application of a serial
album to domestic animal breeders in the municipality of São Félix do Piauí. Of the survey
participants 67 were cowboys and 42 farmers, aged between 18 and 77 years. Commonly bred
animals were goats, sheep, horses and cattle, however there were reports of swine and feline
rearing. The group most affected by the disease was horses (n = 123; 95.3%) and sheep (n = 2;
1.6%) were the least affected. The disease presented to the interviewees through the serial
album was recognized by the following names: Sponge (n = 30), Ferida Brava (n = 25), Scabies
(n = 11) and Sobre Cama (n = 4). The animal group most affected by the disease was horses (n
= 53) and the animal's recovery period ranged from one to nine months, depending on the
location and size of the wound. The economic losses suffered by the interviewees, due to
48
pythiosis, ranged from R$50.00 to R$7,000. The results showed that the interviewed cowboys
and farmers have a reasonable knowledge of pythiosis, which can help in the development and
implementation of public policies. In addition, it made it possible to identify the economic
impacts caused by the disease within the municipality.
Introdução
A pitiose foi registrada em quase todos os estados brasileiros, porém devido a sua
ocorrência ser em localidades de difícil acesso e dificuldades no momento de identificação da
doença, acredita-se que esteja correndo uma subnotificação (GAASTRA et al., 2010; HILTON
et al., 2016). Esta ideia pode ser reforçada quando se observa a quantidade de Pitium Vac
(imunoterápico usado para tratar a doença) vendido para o estado do Piauí ao logo dos últimos
10 anos e a quantidade de notificações da doença para este mesmo estado, por exemplo
(ROCHA et al., 2010; EMBRAPA, 2020).
Partindo do pressuposto de que a maioria dos casos de pitiose no estado do Piauí são
subnotificados, esta pesquisa buscou documentar o conhecimento etnoveterinário da pitiose;
avaliar como as variáveis socioeconômicas e o contato com a doença afetam o conhecimento
etnoveterinário de agricultores e vaqueiros sobre a pitiose; e estimar as perdas econômicas
causadas pela doença no município estudado. A hipótese aqui testada foi a de que o
conhecimento etnoveterinário é influenciado por variáveis como idade, contato direto com a
doença e quantidade de animais tratados. Este é o primeiro estudo no Brasil acerca do
conhecimento etnoveterinário no tratamento da infecção causada pelo Pythium insidiosum.
Materiais e métodos
Área de estudo
Este estudo foi realizado no município de São Félix do Piauí (05º55'57" S; 42º06'50"
W), localizado no estado do Piauí, Nordeste do Brasil (Figura 1). São Félix está localizado a
149 km da capital do estado, com uma população de 2.942 habitantes (IBGE, 2010). O Índice
de Desenvolvimento Humano dessa região foi considerado médio em 2010 (IDH = 0,610)
(PNUD, 2013). O Produto Interno Bruto (PIB) per capita local, no ano de 2016, girava em
torno de R$ 8.966.133,00 (PNUD, 2013; IBGE, 2020).
50
A área municipal está parcialmente incluída na Bacia do rio Berlengas (SOUSA et al.,
2012) e dispõe de outros habitats aquáticos como riachos (por exemplo, Santo Antônio, Salobro,
Castelo e Mocambo) (IBGE, 2010). Essa área faz parte de uma extensa zona de transições
ecológicas de Cerrado (savana neotropical) e Caatinga arbustiva (JACOMINE et al., 1986;
IBGE, 2010). No ano de 2017 mais de 91,51% do território era coberto por flora nativa (INPE,
2017). O clima é tropical semiárido, com temperatura média anual acima de 26 °C e
precipitação anual variando de 1300 mm a 1600 mm (ALVARES et al., 2013).
Os residentes de São Félix do Piauí são dependentes de serviços básicos na área urbana
(por exemplo, serviços de saúde, estabelecimentos de ensino ou produtos industrializados).
Entre as atividades econômicas local desenvolvidas no decorrer de todo o ano estão a
agricultura de subsistência e pecuária com destaque para a criação de aves, bovinos, caprinos,
equinos e ovinos (IBGE, 2010). De acordo com dados do Sistema do IBGE de Recuperação
Automática (SIDRA, 2018), estão registrados neste município mais de 6 mil bovinos, 115
equinos, 6.850 caprinos e 7.548 ovinos. Somente para bovinos, sabe-se que ao menos 169
criadores desses animais estão registrados na Agência de Defesa Agropecuária do Piauí
(ADAPI) (ver Lei Ordinária 56.491, de 26 de agosto de 2005).
51
Coleta de dados
Análise de dados
Resultados e Discussão
Um total de 109 criadores de animais participou do estudo, dos quais 67 eram vaqueiros
e 42 agricultores. Todos os participantes eram do gênero masculino, com idade variando de 18
a 77 anos (46,8 ± 17,7). De modo geral, os entrevistados possuíam baixa escolaridade e as
principais atividades econômicas desenvolvidas por eles eram agricultura familiar e a criação
de animais domésticos de rebanho para abate ou para a realização de atividades voltadas ao
pastoreio e/ou agricultura (Tabela 1). O sistema de criação animal utilizado pelos participantes
variou entre aberto (livres a pastar durante todo o ano), semiaberto (soltos em determinadas
épocas do ano) e fechado (presos durante todo o ano).
53
Tabela 1. Perfil socioeconômico dos entrevistados, quantidade de casos de pitiose tratados e tipo de
contato que os entrevistados tiveram com a doença. Em número (N) e em porcentagem (%).
Nº de
Dados dos participantes da pesquisa %
Entrevistados
18 a 30 anos 19 18,4
31 a 42 anos 26 25,2
Idade
43 a 54 anos 26 25,2
55 a 77 anos 32 31,0
Analfabeto 55 50,4
Ens. Fund. Incompleto 38 34,8
Escolaridade
Ens. Fund. Completo 14 12,8
Ens. Médio Incompleto 2 1,8
Vaqueiro 67 61,5
Profissão
Agricultor 42 38,5
Não teve 24 22,0
Contato com a
Apenas viu 36 33,0
Pitiose
Tratou animal infectado 49 45,00
1-animal 62 72,9
2-animais 10 11,7
Quantidade de
3-animais 6 7,0
animais
4-animais 3 3,5
tratados
5-animais 2 2,3
6-animais 2 2,3
Embora em muitos casos o vaqueiro seja reconhecido como aquele que pratica o esporte
“vaquejada”, existe a Lei nº 12.870, de 15 de outubro de 2013, que reconhece a atividade de
vaqueiro como profissão e determina que entre as suas atribuições esteja a de cuidar da saúde
dos animais como, por exemplo, bovino, equino e caprino. Levando em consideração o tamanho
da amostra e o fato de que o vaqueiro tem desaparecido ao longo dos últimos anos (PEREIRA,
2019), é válido destacar que neste trabalho o número de entrevistados que ainda desenvolvem
essa atividade é considerável. Isso evidencia que no Nordeste ainda existe um número razoável
de pessoas do campo que lidam constantemente com o bem-estar de animais doméstico de
rebanho (NUNES, 2019) e podem, portanto, apresentar conhecimento tradicional acerca de
doenças e tratamentos não registrados na literatura.
(HEADLEY; ARRUDA JR., 2004; SOUTO et al., 2016), tornam esses ambientes propícios ao
surgimento do patógeno, visto que ele depende da ambientes úmidos ou alagadiços com plantas
e temperatura elevada (30º C a 40º C) (SUPABANDHU et al., 2008). Ainda assim, os relatos
são de que o maior número de casos da infecção (n = 50; 89,2%) ocorreu durante o período
chuvoso. No de estiagem os casos diminuíram consideravelmente (n = 06; 10.8%).
A doença apresentada aos entrevistados por meio do álbum seriado foi reconhecida
pelos seguintes nomes: Esponja (n = 30), Ferida Brava (n = 25), Sarna (n = 11) e Sobre Cama
(n = 4). Alguns participantes da pesquisa também a identificaram por dois nomes: Beiço Branco
e Esponja (n = 1); Beiço Inchado e Ferida Brava (n = 1); Ferida Brava e Sarna (n = 1); Ferida
Brava e Esponja (n = 2); e Sarna e Esponja (n = 6). O local da infecção variou de acordo com
o grupo acometido pelo patógeno. Nos equinos as regiões afetadas foram: membros anteriores
e posteriores; abdômen e peito; inserção do rabo; região do pescoço; região próxima ao
umbigo e no cilhadouro. Os lábios superior e inferior, as narinas e a região facial também foram
relatadas, mas devido a grande quantidade de casos de habronemose nessas extremidades
optou-se por considerar como possíveis infecções por larvas de habronema. Para os ovinos
houve relato da infecção na narina e nos lábios superiores. Nos caninos foram citados o rabo e
os membros anteriores e posteriores.
Um outro aspecto que permitiu pressupor que a enfermidade relatada pelos entrevistados
foi pitiose é a localização da infecção. De modo geral, os membros citados pelos agricultores e
vaqueiros como sendo os mais afetados pelo patógeno foram aqueles que podem ter o maior
contato com água, tais como os membros abaixo do corpo do animal. Os casos em que a região
afetada também era mais propícia para o desenvolvimento de habronemose, como extremidades
da boca, das narinas e dos olhos não foram considerados. A alta incidência de pitiose localizada
nos membros locomotores, abdômen e tórax pode estar associada a maior probabilidade do
animal sofrer lesões nessas áreas e a capacidade do zoósporo de ser atraído por quimiotaxia
para esses ferimentos (SCOTT; MILLER, 2011).
foi o fator de maior influência sobre o conhecimento dos entrevistados. Uma das justificativas
possíveis é que ao tratar os animais infectados, os criadores experienciam todos os estágios da
doença, com isso estão mais predispostos a relatarem mais características sobre a pitiose do que
aqueles que não tiveram contato, por exemplo.
Tabela 2. Resumo do GLM aplicado para identificar as principais variáveis que influenciam o
conhecimento etnoveterinário dos agricultores e vaqueiros sobre a Pitiose.
Estimate Z P
Intercept 2.974e-01 1.354 0.175642
Idade 9.871e-03 2.312 0.020756 *
Q. de Animais tratados 9.871e-03 4.332e-02 2.166 0.030340 *
Não Teve Contato 2.100e+01 3.155e+03 0.994689
Contato Direto 4.882e-01 1.399e-01 0.000482 ***
A variável "não teve contato" não exerceu influência no modelo, sugerindo que os
criadores sem experiências diretas possuem pouco ou nenhum conhecimento sobre a doença. A
ideia de que experiências diretas com o animal acometido contribuem para um maior
conhecimento sobre pitiose pode ser apoiada por estudos realizados acerca do conhecimento de
outras patologias como (NIMBALKAR et al., 2020), por exemplo.
A variável "quantidade de animais tratados" teve baixa importância no GLM, ainda que
tenha influenciado significativamente, possivelmente porque quanto maior o número de casos
experienciados maiores as chances de identificar e tratar a doença. Consequentemente, mais
conhecimento para estes criadores, visto que a pitiose apresenta várias fases de evolução e varia
entre os grupos acometidos (TARTOR et al, 2020; ARMO; UZAL; RIET-CORREA, 2021). A
pitiose em bovinos, por exemplo, é menos identificável quando comparada a outros grupos,
pois esses animais apresentam cura espontânea (SANTURIO et al., 1998; GABRIEL et al.,
2008). Dessa forma, as diferentes realidades observadas podem amplificar os conhecimentos
dos criadores que identificaram e trataram a doença, principalmente os criadores que relataram
cuidar de mais de um grupo animal.
Acredita-se que quanto maior a idade dos criadores maiores são as probabilidades destes
conhecerem a doença em algum momento de sua vida, provavelmente por isso a idade tenha
influenciado significativamente no modelo, embora com baixa importância. De acordo com
Fernandes e Melo (2020), os mais idosos detêm os saberes e práticas etnoveterinárias que são
transmitidos de geração a geração. Essa mesma tendência também é observada em pesquisas
57
que investigam o conhecimento tradicional daqueles cuja ocupação exige contato direto com a
natureza, tais como agricultores, pescadores e extrativistas (BYG; BALSLEV, 2001; ARAÚJO;
LOPES, 2012; CAMPOS et al., 2019; SILVA et al., 2019).
Conclusões
acerca de como a pitiose se comporta e fornecer suporte para a formulação de estratégias que
minimizem os impactos econômicos causados pela doença.
Referências
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20, 2020.
63
4 CAPÍTULO III
Resumo: A pitiose é uma infecção provocada pelo Pythium insidiosum, espécie de Oomiceto
que acomete plantas, humanos e outros animais. Assim, este estudo teve como objetivo
investigar os grupos animais mais acometidos pela pitiose, a época do ano com mais relatos de
ocorrência da doença e os tratamentos etnoveterinários utilizados por vaqueiros e agricultores
em uma área rural no estado do Piauí, Meio-Norte do Brasil. As informações foram obtidas por
meio de questionários semiestruturados aplicados a residentes locais (67 vaqueiros e 42
agricultores). Verificou-se que os equinos foram os mais acometidos pela pitiose e o inverno
foi a época com mais relatos de casos. Registrou-se o uso de 16 plantas e dois animais (um
réptil e um anfíbio) para o tratamento da pitiose. Folha-de-fonte (Philodendron cordatum K.),
banana-brava (Cathasetum sp.) e mandioca (Manihot esculenta C.) foram importantes recursos
medicinais para a área estudada. O conhecimento popular e as práticas de saúde animal podem
contribuir para o entendimento das interações entre os humanos e o ambiente local, além de
auxiliar na formulação de estratégias de conservação e políticas públicas direcionadas à
realidade local.
understanding the interactions between humans and the local environment, in addition to
helping to formulate conservation strategies and public policies aimed at the local reality.
Introdução
al., 2021). Devido isso, a doença tem apresentado altas taxas de mortalidade e prejuízos
econômicos no Brasil (PAZ et al., 2021).
Materiais e Métodos
Área de estudo
Figura 1. Mapa de localização do município de São Félix do Piauí, no estado do Piauí, Brasil.
Coleta de dados
A pesquisa de campo foi realizada entre fevereiro de 2019 e abril de 2021. Foram
desenvolvidas entrevistas semiestruturadas com 67 vaqueiros e 42 agricultores, com idades
variando de 18 a 77 anos. Os participantes foram selecionados a partir de uma amostra de
vaqueiros e agricultores maiores de 18 anos de idade encontrados casualmente na comunidade.
Antes da realização deste estudo foram repassadas informações gerais sobre a natureza e
objetivos da pesquisa. O consentimento de participação se deu pela assinatura do Termo de
67
Análise de dados
Utilizou-se o valor de uso de uma espécie (planta ou animal) por entrevistado para
determinar a importância relativa das espécies locais utilizadas no tratamento da pitiose. Os
valores foram calculados usando a fórmula UV = ∑U / n, adaptada de Phillips et al. (1994).
Nesta fórmula, o UV corresponde ao valor de uso de uma espécie; V é o número de citações de
uma espécie; e n o número de entrevistados. Os demais dados foram analisados por meio de
estatística descritiva como porcentagem e distribuição de frequência.
Resultados e discussão
O grupo animal mais acometido pela pitiose foi o dos equinos (n = 123; 95,3%), ao
passo que os caninos (n = 4; 3,1%) e ovinos (n = 2; 1,6%) tiveram menor expressividade. De
acordo com Santúrio et al. (2001), os equinos são frequentemente acometidos pela pitiose
porque estes possuem o hábito de pastejar em áreas alagadas. Por exemplo, na área de estudo
encontram-se diferentes açudes e riachos (Santo Antônio, Salobro, Castelo, Mocambo, dentre
outros) (IBGE, 2010), que são frequentados por estes animais quando os seus proprietários os
deixam pastar livremente no período de estiagem. Outros estudos realizados no Brasil também
relatam que esse grupo é o mais afetado (MENDOZA; NETWON, 2005; SANTURIO et al.,
68
2006a; PAL et al., 2014). Em contrapartida, caninos e ovinos podem ter sido menos acometidos
porque segundo os vaqueiros e agricultores entrevistados estes conviviam em um regime de
criação domiciliar com pouco acesso a ambientes com vegetação aquática.
A época do ano com mais relatos de ocorrência de pitiose foi o período chuvoso (50
casos), em seguida teve-se a estiagem (06 casos). Devido o pátogeno da doença (Pythium
insidiosum) parasitar plantas áquaticas (KAGEYAMA, 2014), um dos fatores que contribuem
para o maior número de casos no período chuvoso está relacionado com o aumento da
quantidade de água em ambientes distintos, como poças, açudes e lagos. Associado a isso está
o fato de quando se está encerrando as chuvas o nível da água presente nesses ambientes baixar,
proporcionando um aumento da temperatura que favorece o desenvolvimento do Pythium.
Provavelmente por esses motivos, os animais que viviam em regime semiaberto, como os
equinos, foram comumente afetados. Marengo (2010), por exemplo, ressalta que tais hábitos
facilitam o acesso a locais propícios à contaminação pelo patógeno.
Neste estudo, foi registrado o uso de 16 plantas e 02 animais (01 réptil e 01 anfíbio) para
o tratamento da pitiose (Tabela 1). As espécies de plantas medicinais mais usadas eram folha
de fonte (Philodendron cordatum) (UV = 0,33), banana-brava (Cathasetum sp.) (UV = 0,24),
mandioca (Manihot esculenta Crantz) (UV = 0,21) e limão (Citrus limon (L.) Osbeck) (UV =
0,18). Esses usos etnoveterinários ainda não haviam sido registrados anteriormente no
tratamento da pitiose, assim como a utilização de outras espécies menos citadas: mamona
(Ricinus communis L.), ameixa-do-mato (Ximenia americana L.) e ciúme (Calotropis procera
(Aiton) W.T. Aiton) (Tabela 1). Em geral, pouco se sabe acerca da medicina tradicional no
tratamento da pitiose por comunidades locais do Brasil ou de outros países. Apenas tem-se
conhecimento que pesquisadores brasileiros e tailandeses já realizaram estudos in vitro e in vivo
com óleos essenciais extraídos de frutos e raízes (SRIPHANA et al., 2013; FONSECA et al.,
2015a; FONSECA et al., 2015b).
69
+ sal de cozinha
Musaceae
Cathasetum sp. (banana-brava) 0,24 08 fruto +sambaíba/+pimenta
Pedaliaceae
Sesamum indicum (gergelim) 0,03 01 semente + sal de cozinha
+ sal de cozinha
Rutaceae
Citrus limon (L.) Osbeck) (limão) 0,18 12 fruto + pólvora-preta
Apocynaceae
Calotropis procera (Aiton) W.T. 0,06 02 folhas/caule + pimenta
Aiton (ciúme)
Asphodelaceae 0,03 01 folha + mastruz
Aloe sp. (babosa)
Bufonidae
Rhinella jimi, Stevaux, 2002 0,03 01 couro -
Viperidae
Crotalus durissus, Linnaeus 758 0,03 01 chocalho -
70
Considerações finais
Este estudo etnoveterinário evidenciou que os equinos são os animais mais acometidos
pela pitiose, o que ressalta a importância de alerta para esse grupo, principalmente em períodos
71
Referências
BORGES, A. K. M. et al. Natural Remedies for Animal Health in Latin America. In:
Ethnoveterinary Medicine. Springer, Cham, 2020. p. 311-344.
HILTON, R.E. et al. Swamp cancer : a case of human pythiosis and review of the literature.
British Journal of Dermatology, p. 1- 4, 2016.
RITTER, R. A. et al. Ethnoveterinary knowledge and practices at Colares island, Pará state,
eastern Amazon, Brazil. Journal of Ethnopharmacology, v. 144, n. 2, p. 346-352, 2012.
SRIPHANA, U. et al. New lignan esters from Alyxia schlechteri and antifungal activity
against Pythium insidiosum. Fitoterapia, v. 91, p. 39-43, 2013.
SOLATI, K. et al. Phytotherapy for wound healing: The most important herbal plants in
wound healing based on iranian ethnobotanical documents. Mini reviews in medicinal
chemistry, v. 21, n. 4, p. 500-519, 2021.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível verificar que existe uma carência de pesquisas em áreas rurais do país, até
mesmo nos estados onde há expressivo número de pesquisas publicadas, principalmente pelo
fato de a doença ocorrer em todas as regiões do Brasil. No entanto, o Sul e o Nordeste
apresentaram as maiores concentrações de casos da doença, embora possuam condições
ambientais diferentes. Isso mostra que o patógeno pode se desenvolver em uma diversidade
considerável de ambientes.
APÊNDICES
Você está sendo convidado a participar como voluntário de uma pesquisa. Este
documento, chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), visa assegurar
seus direitos como participante e você poderá manter uma cópia do mesmo, caso assim deseje,
e outra cópia ficará com o pesquisador. Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para
esclarecer suas dúvidas. Se houver perguntas antes ou mesmo depois de indicar sua
concordância, você poderá esclarecê-las com o pesquisador. Se preferir, pode levar este Termo
para casa e consultar seus familiares ou outras pessoas antes de decidir participar. Não haverá
nenhum tipo de penalização ou prejuízo se você não aceitar participar ou retirar sua autorização
em qualquer momento.
Está pesquisa estás sendo realizada em função da importância econômica, ecológica e
social da pitiose. E soma-se a isto, o fato de que os saberes existentes em comunidades
tradicionais, geralmente dos mais idosos, tem sido perdido através das gerações. Entretanto,
este conhecimento empírico não pode ser esquecido e deve ser adicionado as pesquisas
científicas, pois os povos tradicionais demonstram grande conhecimento.
Objetivos deste projeto é verificar o conhecimento etnomicológico de comunidades
rurais do semiárido piauiense sobre a pitiose. A coleta de dados ocorrerá por meio de entrevistas
utilizando formulários semiestruturados contendo perguntas abertas e fechadas.
A pesquisa não possui riscos físicos, químico ou biológicos. Os prováveis riscos que
você poderá sofrer serão constrangimentos, desconfortos ou incômodos ao responder o
formulário e fornecer informações pessoais, como por exemplo sua idade ou seu gênero. Caso
isso ocorra, a aplicação do questionário será interrompida imediatamente. Entretanto, o
questionário poderá ser respondido em um outro local e em outro momento, caso você permita.
Quanto aos benefícios da pesquisa, será registrar os seus conhecimentos a respeito da pitiose;
mapear a distribuição do fungo Pythium insidiosum no estado do Piauí, sendo de grande valia
no auxílio para adoção de políticas públicas adequadas, bem como esclarecer as principais
causas, sintomas e orientar práticas que possibilitem a prevenção da doença.
Você terá a sua identidade totalmente preservada, inclusive quando os resultados do
estudo forem divulgados. Os resultados obtidos no estudo serão utilizados para fins científicos
(divulgação em revistas e em eventos científicos) e os pesquisadores se comprometem em
manter o sigilo e identidade anônima, como estabelecem as Resoluções do Conselho Nacional
de Saúde nº. 466/2012 e 510/2016 que tratam de normas regulamentadoras de pesquisas que
envolvem seres humanos.
Você não terá nenhum custo com a pesquisa, e caso aja necessidade, por qualquer
motivo, asseguramos que você será devidamente ressarcido. Não haverá nenhum tipo de
77
pagamento por sua participação, ela é voluntária. No entanto, há garantia de indenização diante
de eventuais danos decorrentes da pesquisa.
Para qualquer outra informação, você poderá entrar em contato com o pesquisador
responsável, ou poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa – UFPI, que
acompanha e analisa as pesquisas científicas que envolvem seres humanos, no Campus
Universitário Ministro Petrônio Portella, Bairro Ininga, Teresina –PI, telefone (86) 3237-2332,
e-mail [email protected]. Horário de Atendimento ao Público, segunda a sexta, manhã: 08h00
às 12h00 e a tarde: 14h00 às 18h00. Em caso de dúvidas sobre a pesquisa, você poderá entrar
em contato com o pesquisador responsável: EDUARDO SOUSA. Telefone para contato: (86)
999329852 E-mail: [email protected].
Ciente e de acordo com o que fui anteriormente exposto, eu
_____________________________________________________, aceito participar desta
pesquisa, assino este consentimento em duas vias, rubrico as outras páginas e fico com a posse
de uma delas.
Data__ /____/_________
__________________________________________ ______________________________
Assinatura do participante CPF do participante
_________________________________________
Pesquisador Responsável
78
Nº______
Data de preenchimento do questionário:_______/_______/_______
Sexo: ( ) Homem ( ) Mulher Idade:_______________
Escolaridade: ( ) Ensino Fundamental Incompleto ( ) Ensino Fundamental Completo ( )
Ensino Médio Incompleto ( ) Ensino Médio Completo ( ) Ensino Médio Incompleto ( )
Ensino Superior Completo ( ) Ensino Superior Incompleto
10) Os animais que apresentaram está doença tinham contato com água de:
( ) Açudes ( ) Barragem ( ) Lagoas ( ) Outros__________________
11) Nos locais onde os animais bebiam e/ou banhava existiam plantas aquáticas?
( ) Sim ( )Não ( ) Não sei
12) Descreva os aspectos das feridas presentes nos animais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
13) Como você fez para tratar a doença?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
14) Essa doença é transmitida de um animal para outro?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
15) Dos animais que apresentaram a doença e foram tratados por você morreram? Cite quais
eram os animais.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
16) Por causa dessa doença quanto você perdeu em dinheiro durante um ano de tratamento?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
E
80
ANEXOS
A DMA não cobra taxas de submissão, publicação ou de processo editorial. Os Direitos Autorais
sobre trabalhos publicados nesta revista são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista. O
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84
casos basta clicar com o botão direito do mouse numa mensagem nossa que esteja em sua caixa de spam
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Tipos de publicação
Eventualmente, a critério dos editores, a revista republicará artigos de grande interesse, traduzidos
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Desde 2020, são publicados dois volumes ao ano em fluxo contínuo, um referente ao período de
janeiro a junho e outro de julho a dezembro. Os artigos são disponibilizados online no volume referente ao
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É função dos Editores avaliar preliminarmente o conteúdo do trabalho submetido e, caso haja
restrições à publicação, não designá-lo para avaliação por pares. A rejeição nesta etapa do processo de
avaliação implica arquivamento do manuscrito e será comunicada por email aos autores num prazo médio
de 30 dias. Como de praxe na maioria das revistas, nesta etapa não será encaminhada uma avaliação
do manuscrito para os autores, mas a mensagem comunicando a não aceitação indicará uma das quatro
razões fundamentais a seguir:
1) O artigo “não segue nossas NORMAS PARA PUBLICAÇÃO”, estabelecidas nesta página.
85
2) O artigo “não se encaixa dentro do escopo e foco da revista” (descritos acima). Em particular,
enfatizamos a necessidade de uma abordagem que promova o diálogo entre diferentes áreas do
conhecimento. Desta perspectiva, decorre a exigência de que o problema de pesquisa se inscreva na
interface entre natureza e sociedade – esta não pode ser apenas um contexto. Por exemplo, manuscritos de
direito ambiental não serão aceitos se sua abordagem for exclusivamente jurídica, apenas porque tratam de
legislação ambiental – é preciso que conexões com outras dinâmicas (sociais, ecológicas, econômicas,
políticas, etc.) sejam parte da problematização e descobertas da pesquisa. Outro exemplo: manuscritos
empregando técnicas como SIG ou sensoriamento remoto não serão aceitos se a abordagem for
exclusivamente técnica, apenas porque há um potencial (contexto) de emprego em, digamos, gestão
ambiental – é preciso que tal potencial seja efetivamente discutido como parte da problematização e
descobertas da pesquisa.
3) O artigo “não apresenta o perfil esperado pela revista”. O perfil desejado pela DMA pode ser
resumido como o de manuscritos científicos originais e de qualidade, ou seja, que atendam às boas práticas
da redação científica, e tenham complexidade e sofisticação intelectual compatíveis com o nível que
almejamos para a revista. Exemplos de manuscritos que serão recusados por não serem de caráter científico
são textos jornalísticos, panfletários, anedóticos ou meros relatórios de pesquisa. Quanto à qualidade,
buscam-se artigos escritos profissionalmente, concisos, claros e objetivos, com boa estrutura de texto,
adequada problematização de pesquisa (com perguntas de pesquisa ou hipóteses claras), metodologia
explicitada e pertinente, respostas e conclusões coerentes e boa inferência lógico-científica, ilustrações de
boa qualidade, e minimamente relevantes e atuais. Serão recusados, por exemplo, textos extraídos de teses
e dissertações, sem a adequada conversão para o formato de artigo ou ensaio; textos com problemas sérios
de linguagem ou de redação e/ou conteúdos simplistas; e trabalhos com base empírica muito estreita, ou
cujas descobertas aportem pouca novidade.
4) “Em seu estágio atual”, o manuscrito ainda não se encontra em condições de ser enviado aos
revisores. Trata-se de uma situação mais rara, em que os Editores julgam que o manuscrito tem méritos e
potencial para satisfazer as condições anteriores, mas ainda se encontra imaturo, necessitando de mais uma
ou duas rodadas de aperfeiçoamento pelos autores. Pode, por exemplo, haver conteúdos em excesso ou
desnecessários, ou ao menos um dos grandes componentes do manuscrito (como referencial teórico,
elaboração dos resultados, discussão dos mesmos, articulação teoria-empiria, etc.) se encontra ainda muito
embrionário e/ou o manuscrito ainda precisa de ao menos uma grande revisão para estar em condições de
submissão.
Os trabalhos aprovados pelos Editores para avaliação por pares serão encaminhados para, no
mínimo, dois avaliadores colaboradores da revista. A avaliação é feita pelo processo duplo-cego, no qual os
avaliadores não têm acesso ao(s) nome(s) do(s) autor(es) e vice-versa. O corpo de avaliadores da DMA é
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levando em conta o conteúdo, a estruturação do texto e a redação. Os avaliadores recomendarão a
aceitação, a rejeição ou a solicitação de modificações obrigatórias. Cabe aos Editores a decisão final sobre
86
a aceitação ou não do trabalho, com base nos pareceres emitidos pelos avaliadores. Os autores deverão
indicar 3 a 5 potenciais avaliadores para o seu manuscrito (ao menos um de instituição não
brasileira), inserindo os nomes e os respectivos e-mails de contato no campo COMENTÁRIOS PARA
O EDITOR no Passo 1 do processo de submissão no sistema. Sugira pesquisadores doutores com
bom conhecimento sobre o tema de sua submissão, e que tenham conduzido e publicado pesquisas
no mesmo campo. Idealmente, devem ser também pessoas que conheçam o processo de publicação
de revistas científicas. Os avaliadores indicados não necessariamente irão avaliar o manuscrito,
cabendo ao editor responsável decidir a inclusão de algum deles como revisor. A situação dos artigos
submetidos pode ser acompanhada através do sistema (www.revistas.ufpr.br/made) com o login utilizado
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princípios éticos pertinentes, particularmente a aprovação por Comitês de Ética em Pesquisa. Também
recomendamos a consulta a nossa “Declaração de ética e boas práticas de publicação”, disponível em:
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Publicação bilíngue
A tradução e seu custeio serão de responsabilidade dos autores, devendo ser providenciados
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As tabelas e figuras devem estar numerados em algarismos arábicos, com legendas em fonte
tamanho 10 e inseridos ao longo do texto, no primeiro ponto conveniente após sua primeira menção.
São aceitas figuras coloridas, preferencialmente em formato JPEG, embora também sejam
aceitáveis os formatos GIF, TIFF, BMP e PNG. Mapas, fotos e gráficos são considerados Figuras e
assim devem estar denominados no trabalho. No arquivo com o manuscrito para submissão, a qualidade
das figuras deve ser suficiente para avaliação, mas, se necessário, pode ser inferior à versão final, de modo
que o arquivo não ultrapasse 5 MB. Se o manuscrito for aceito, as figuras poderão ser novamente fornecidas
em melhor resolução para a versão de publicação (no mínimo 300 dpi), devendo ser enviadas
separadamente com a respectiva identificação (ex. Figura 1).
88
Os títulos das seções devem estar numerados em algarismos arábicos, destacados em negrito e
itálico (ex. 1. Introdução), e as subseções, em qualquer nível, numeradas e apenas em itálico. Os artigos
e ensaios não podem passar de 30 páginas e as resenhas de 5 páginas, incluindo figuras, tabelas e
referências.
b) Resumo (com no máximo 300 palavras) na língua original, português e inglês, acompanhados de
três a cinco palavras-chaves em cada um dos idiomas;
c) Introdução;
e) Agradecimentos (opcional). Utilizar esta seção para mencionar bolsas e fontes de financiamento
de pesquisas;
f) Referências.
As resenhas não necessitam apresentar a estrutura acima. Deve ser apresentada no início a
referência completa da obra (conforme as normas para as referências abaixo) na língua original.
Citações e referências
ATENÇÃO: A DMA possui normas próprias para citações e referências e não utiliza as normas
da ABNT.
As citações e referências devem seguir os exemplos abaixo. Veja também artigos recentemente
publicados para exemplos.
Nas citações de obras com três ou mais autores, utilizar et al. após o primeiro autor. Nas referências,
manter todos os autores (ou ao menos os três primeiros e et al quando forem muito numerosos). As citações
89
devem estar ordenadas pelo ano. Exemplos para as citações: “segundo Deléage (2007), Toledo & Barrera-
Bassols (2009) e Pinheiro et al. (2010)...”; (Deléage, 2007; Toledo & Barrera-Bassols, 2009; Pinheiro et al.,
2010); (Moran, 1994, p. 17); (Deléage, 2007a; 2007b). A lista de referências deve estar em ordem alfabética
dos autores.
Livro
Vinha, V. (Org.). Economia do meio ambiente: teoria e prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
Ostrom, E. Governing the commons: the evolution of institutions for collective action. Cambridge
University Press, 1990.
Capítulo de livro
Faria, C. A. P. de. A multidisciplinaridade no estudo das políticas públicas. In: Marques, E.; Faria, C.
A. P. de F. (Orgs.). A política pública como campo multidisciplinar. São Paulo: Editora Unesp; Rio de Janeiro:
Editora Fiocruz, p. 11-21, 2013.
Davidson-Hunt, I. L.; Berkes, F. Nature and society through the lens of resilience: toward a human-
in-ecosystem perspective. In: Berkes, F.; Colding, J.; Folke, C. (Eds.). Navigating social-ecological systems:
building resilience for complexity and change. Cambridge University Press, 2003. p. 53-82.
Artigos de periódico
Walker, P. A. Political ecology: where is the politics? Progress in Human Geography, 31(3), 363-369,
2007. doi: 10.1177/0309132507077086
Teses e Dissertações
MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia. Status atual das atividades de projeto no âmbito do
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) no Brasil e no mundo, 2007. Disponível em:
<www.mct.gov.br/upd_blob/7844.pdf>. Acesso em: jan. 2008.
Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. 11. ed. São Paulo,
Atlasm 1998.
Brasil. Lei n.° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília: DOU de 11/1/2002.
Brasil. Decreto n.° 5.300, de 7 de dezembro de 2004. Regulamenta a Lei n.° 7.661, de 16 de maio
de 1988, que institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro – PNGC, dispõe sobre regras de uso e
ocupação da zona costeira e estabelece critérios de gestão da orla marítima, e dá outras providências.
Brasília: DOU de 8/12/2004.
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n.° 004, de 18 de setembro de 1985.
Brasília: DOU de 20/1/1986.
1. O trabalho submetido é original e inédito, e não está sendo avaliado para publicação em outra
revista; caso contrário, justificar em “Comentários ao Editor”
2. O arquivo submetido não contém o(s) nome(s) do(s) autor(es), garantindo, portanto, o processo de
avaliação duplo-cego
3. O arquivo submetido atende rigorosamente às regras, políticas, estrutura e formatação exigida pela
revista, apresentadas nas NORMAS DE PUBLICAÇÃO
4. No arquivo submetido foram verificadas se todas as citações bibliográficas constam nas Referências
e vice-versa, bem como se as referências estão no formato exigido pela revista, conforme
apresentado nas NORMAS DE PUBLICAÇÃO
5. Foram acrescentados no campo COMENTÁRIOS PARA O EDITOR, no final da página deste passo
da submissão, ao menos 3 nomes de potenciais avaliadores para o seu manuscrito com os
respectivos e-mails de contato, sendo ao menos um de instituição não brasileira. Por favor, consulte
nossas Normas de Publicação a respeito.
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