Gastro Cirurgica
Gastro Cirurgica
Gastro Cirurgica
ANATOMIA DO ESOFAGO
Camadas do esofago
Mucosa -> submucosa (+ resistente) -> muscular circular interna -> muscular longitudinal externa (1/3
proximal e musculo estriado voluntário e 2/3 distal é ML) -> adventícia
Esfíncteres:
o Superior é M cricofaríngeo (triângulo de Killian: tireofaríngeo + cricofaríngeo -> zona de fraqueza que
as camadas internas, mucosa e submucosa, podem se herniar, formando divertículos)
o Inferior: cardia
Esofago cervical é da A tireóidea inferior, torácica é aorta + A brônquicas e abdominal pela A gástrica
esquerda e frênicas
Clinica:
Pirose
Regurgitação
Complicações: esofagite, ulceras, esofago de Barret, estenose péptica -> não são obrigatórias
Faringite, rouquidão, broncoespasmo -> conteúdo gástrico caindo da orofaringe
Tosse crônica, pneumonia
Diagnóstico
EDA -> normal em 50% dos casos e não pede para todos, apenas em complicações OU:
>40 anos
Sinais de alarme (sangramentos, disfagia, perda de peso, anemia)
Refratários ao tratamento clínico (fazer prova terapêutica se sintomas clássicos)
PADRÃO OURO: pHmetria de 24h -> confirmar o refluxo, sintomas atípicos
Tratamento
Medidas antirrefluxo (elevação de cabeceira, diminuir peso, evitar alimentos que agravam a clínica, fracionar a dieta,
não deitar após as alimentações)
Cirúrgico:
Fundoplicatura VLP -> se refratário, uso crônico de IBP ou complicações (estenose ou ulcera)
ANTES: pHmetria 24h (conformação) ou esofagomanometria (escolha da técnica)
Esofago de barret
Metaplasia intestinal -> transforma o epitélio escamoso estratificado por colunar intestinal
Lesão pré adenocarcinomatosa
Melhora sintomática inicial
Diagnóstico: EDA (coloração vermelho salmão com mucosa mais clara) + biopsia
Tratamento: IBP + vigilância EDA
OBS: metaplasia (EDA 3-5 anos) -> displasia de baixo grau (ablação endoscópica e EDA 6-12 meses) -> displasia de
alto grau (CA in situ, podendo fazer ablação ou esofagectomia distal) -> adenocarcinoma invasivo
CA DE ESOFAGO
Classificação histológica
Epidermoide (escamoso):
Acontece no tecido normal do esofago e pega terço médio do esofago
+ comum no Brasil
Fatores de risco: etilismo e tabagismo, além de bebidas quentes, alimentos defumados, acalasia, estenose
caustica, tilose palmar e plantar
Adenocarcinoma:
Localizado em terço distal
+ comum nos EUA
Fatores de risco: Barret, tabagismo, obesidade
Clínica
Disfagia de condução
Perda ponderal, halitose, rouquidão (indica que teve invasão do nervo laríngeo recorrente)
Diagnóstico
Esofagografia baritada (sinal da maça mordida)
PADRÃO OURO: EDA + biopsia
Estadiamento
TC de tórax e abdome (avaliar metástases)
USG endoscópica -> faz estadiamento loco regional, com padrão ouro para T e N
OBS: precoce é quando acomete até submucosa (T1 a ou b; estagio I)
Tratamento
Na ausência de metástases a distância = cirurgia (esofagectomia + linfadenectomia)
Se até T1a é mucosectomia por EDA
Se T4b (pega estrutura adjacente) ou M1 -> paliação (faz RT)
Neoadjuvante
5x QT/RT
>= T3
N+
>= 3cm
Indiferenciado
ESOFAGITES
Infecciosas
Comum em imunossuprimidos (AIDS, QT, corticoide)
Outros fatores de risco -> acalasia (estase esofágica, DM, ATB prolongado)
Principais etiologias: candida albicans, Herpes e CMV
Quadro clínico
Odinofagia
Disfagia
Febre
H ERPES :
Ulcerações rasas, com bordas elevadas, em vulcão
Cels multinucleadas, inclusões Cowdry tipo A
Fazer biópsia no halo da lesão (periferia)
Aciclovir VO 14-21d
CMV:
Ulceras lineares profundas e pouco numerosas
Inclusões em olho de coruja
Fazer biópsia no centro da lesão
Ganciclovir IV 14-21d
Esofagite eosinofílica
Infiltração esofágica crônica por eosinófilos imune mediada
Fatores de risco: alergia alimentar, asma, eczema, rinite, HF e sexo masculino
Quadro clínico
Disfagia
Impactação alimentar
Dor retroesternal ou epigástrica
Dificuldade alimentar se crianças
Tratamento
Dieta -> retirar gatilhos alimentares
IBP -> teste terapêutico por 8 semanas (manter terapia crônica)
Corticoide -> tópico (Ex: fluticasona ou budesonida spray)
Fisiopatologia
É a perda de mucosa gástrica ou duodenal em direção as camadas mais profundas.
Existe um desbalanço entre os fatores protetores e agressores, além disso existem facilitadores na doença, como o
Helicobacter pylori e AINE.
H. pylori causa uma gastrite que inicia no antro, com destruição de cels D e diminuição de somatostatina
(isso leva ao aumento de gastrina, pois a somatostatina inibe ela), levando a uma hipercloridria.
Em um estágios posterior, Isso leva a uma infecção disseminada e destruição de cels parietais, levando a não
produção de barreira (hipocloridria)
AINE: causa uma inibição da COX (COX1: produz prostaglandinas, quem estimulava a produção de barreira;
COX2: inflamatório), não produzindo prostaglandinas, que inibe produção de muco, bicarbonato e
microcirculação, não tendo barreira de proteção
Clínica
Dispepsia (sd dispéptica): dor epigástrica + saciedade precoce + plenitude pós prandial
Dor que piora com alimentação é no estomago, enquanto que a ulcera duodenal a dor ocorre 2-3h após
alimentos
Abordagem
ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA
INDICAÇÃO: sinais de alarme (disfagia, emagrecimento, odinofagia, vômitos persistentes, anemia, HF de 1º grau de
CA gástrico, idade >= 45-60 anos, sangramento digestivo)
Realiza biopsia de mucosa gástrica para pesquisa de H. pylori (teste de urease/ histologia/ cultura) -> quem
produz urease é o H. pylori
Tratamento
ERRADICAR A H. PYLORI SE PRESENTE:
Claritromicina 500mg 12/12h + amoxicilina 1g 12/12h + omeprazol 20mg 12/12h (IBP) por 14 dias
Suspender IANE e erradicar HP (se presente)
Biopsia para descartar malignidade
Manter IBP por 4-8 semanas
Noda EDA após 8 semanas: se suspeitar de malignidade (ulcera > 2cm, idoso, HF)
OBS: um diagnóstico de exclusão é a dispepsia funcional -> psicossomático
Tratamento cirúrgico
Indicações:
Doença refrataria
Complicações de urgência (HD refrataria, AA perfurativo -> pneumoperitônio)
Classificação de Johnson
HIPERCLORIDRIA :
Duodenal -> sempre se desenvolve em hiper
Gástrica II – corpo gástrico + duodenal
Gástrica III – pré pilórica
Se hiper: vagotomia + antrectomia + piloroplastia + BII -> nervo vago serve para controle do piloro e
esvaziamento gástrico, não ocorrendo mais o relaxamento do piloro
Se gástrica: retirar a ulcera (CA? -> alguma gastrectomia)
RECONSTRUÇÃO DE TRÂNSITO
O problema de retirar o antro é pensar em reconstrução de trânsito (Billroth I, com gastrodueodenostomia, ou
Billroth II, com gastrojejunostomia + alça aferente) -> não anastomosa no II porque a gastrostomia é maior e isso não
dá para juntar, por isso junta o jejuno
HIPOCLORIDRIA : pequena curvatura é onde tem menos acido
Gástrica I – pequena curvatura baixa -> antrectomia + BI (gastroduodenostomia)
Gástrica IV – pequena curvatura alta -> gastrectomia subtotal + Y de Roux (imagem)
CA GÁSTRICO
90% é adenocarcinoma
Fatores de risco:
Baixo nível socioeconômico
Infecção pelo H. pylori
Gastrite crônica atrófica
Anemia perniciosa
Grupo sanguíneo A
Dieta rica em nitrosaminas (defumados, embutidos)
Tabagismo
Cirurgia gástrica prévia
HF
Diagnóstico
EDA com biopsia
Tratamento
Demais pacientes com doença não metastáticas: ressecção com margem (6cm, mas se difuso 8cm) +
linfadenectomia a D2
Tumor distal: gastrectomia subtotal + Y de Roux
Tumor proximal: gastrectomia total + Y de Roux
OBS: RT + QT adjuvante nos tumores T3/T4/N+
Quadro clínico:
Hematêmese (vomito com sangue) -> confirma HDA
Melena: evacuação escura e fétida -> sugere HDA
Hematoquezia: sangue vermelho vivo pelo reto -> sugere HDB
Hipovolemia
Abordagem inicial:
1. Estabilização clínica
A (Garantir perviedade das VAS)
B (fornecer O2 se necessário)
C (2 acessos periféricos e reposição volêmica)
Etiologias
Sem hipertensão portal:
Ulcera péptica (+ comum)
Mallory-Weiss
Gastrite e esofagite
Neoplasias
Com hipertensão portal:
Varizes esofagogástricas
Diagnóstico
Principal exame: ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA
Em até 24h a admissão (12h se varizes)
Realizar após estabilização hemodinâmica
E SE NÃO ESTABILIZAR ?
Faz angio embolização ou procedimento cirúrgico
Classificação de Forrest
IA: sangramento pulsátil (A de arterial)
IB: sangramento babando (B de babando)
IIA: vaso visível
I e IIA-> ALTO RISCO de ressangramento)
Terapia endoscópica: clipagem,
coagulação térmica, injeção de
epinefrina
IIB: coagulo -> RISCO INTERMEDIÁRIO
Tratar como alto ou baixo risco
IIC: hematina
III: base clara e limpa
IIC e III -> BAIXO RISCO
Tratamento clínico (sem
endoscópico): reintroduzir dieta,
erradicar H. pylori+ e suspender
AINE, IBP VO
Varizes esofagogástricas
Principal causa: cirrose hepatica
Mecanismo: obstrução hepatica, com dificuldade de a veia porta ultrapassar o parênquima hepatica, levando ao
shunt venoso
OBS: Veia porta é formada pela V. mesentérica superior e esplênica.
Tratamento:
ATB profilático: sempre que fizer sangramento faz ceftriaxona IV por 7d ou ciprofloxacino VO (Quinolonas)
Vasoconstritor esplâncnico: terlipressina IV por 5d (ou somatostatina, octreotide)
BB: propanolol e caverdilol (principal) -> NÃO indicar nos primeiros dias, primeiro tem que estabilizar, e não
começa de cara porque o BB já tem tendencia a hipotensão. Faz profilaxia secundaria para ressangramento
Endoscópico: ligadura elástica (preferência), mas se tiver varizes gástricas isoladas faz cianoacrilato (cola)
SE SANGRAMENTO INCONTROLÁVEL , O QUE FAZ?
Balão de Sengstaken-Blakemore -> usado como terapia ponte por 24h
Faz a compressão da mucosa do estomago e esofago
Risco: pode perfurar e causar necrose
SE A EDA FALHAR?
2ª tentativa endoscópica, podendo associar método de 2ª linha
Ex: escleroterapia (etamolin) ou TIPS (shunt porto sistêmico transjugular intra-hepática entre veia porta e veia
hepatica -> ajuda a diminuir pressão portal) ou cirurgia
Síndrome de Mallory-Weiss
Laceração na JEG -> ocorre por vômitos rigorosos após libação alcóolica ou hiperêmese gravídica
TTO: IBP + antieméticos
TTO endoscópico: indicado se sangramento ativo e usa terapia hemostática (clipagem, epinefrina)
Lesão de Dieulafoy
Artéria dilatada aberrante na submucosa gástrica, circundada por mucosa normal, causando sangramento volumoso
no fundo gástrico.
FR: homens, DCV, AINEs
TTO: terapia hemostática endoscópica
Diagnostico
Colonoscopia -> após estabilização e preparo intestinal (com manitol)
SEMPRE fazer EDA antes se suspeitar de HDA (Ex: se instabilidade ou hematoquezia grave)
Angiografia: caso haja instabilidade hemodinâmica refratária -> permite fazer embolização arterial e ser
guiada por angioTC (coloca escleroterapia)
Cintilografia com hemácias marcadas: usada para sangramento de difícil diagnóstico (é o exame mais
sensível) -> ele dá uma ideia topográfica do sangramento
Angiodisplasia
Má formação vascular de origem venosa -> vaso ingurgitado que pode sangrar, dilatando até sangrar
O sangramento é mais lento e menos volumoso
Mais comum em idosos e ceco/ cólon ascendente (DIREITO)
TTO: hemostasia por colonoscopia
DIRETA:
Adquirida: Fraqueza da parede posterior, mas não é qualquer região, é o triangulo de Hesselbach (ligamento
inguinal, vasos epigástricos inferiores e borda inguinal do musculo reto do abdome)
Diagnóstico
Clínico! -> ver o abaulamento redutível e manobra de valsalva (leva ao aumento da pressão abdominal)
MV: coloca o dedo por dentro do canal inguinal, se o abaulamento bater no index do dedo = indireto (ponta
do dedo), se bater na polpa do dedo (dentro) = direta
OBS: eu entro com o dedo no canal inguinal externo em direção ao interno, entao se a hernia vem do interno, ela
bate na ponta, mas se ela vem da parede posterior, ela bate na polpa.
Manobra de Landivar: ocluir o anel interno + valsalva. Se tem abaulamento = direta, se não tem nada =
indireta
EXAMES:
USG ou TC de abdome
Classificação de Nyhus
Tipo I: hernia indireta com anel inguinal interno < 2cm
Anel interno NORMAL
(tipo da infância)
Tipo II: hernia indireta com anel inguinal interno > 2cm
Anel interno DILATADO
Tratamento
Hernioplastia à Lichtenstein
Reparo com tela
Pega o ligamento lacunar para fixar, visto que é o ponto de mais recidiva
Encarcerada x estrangulada
ENCARCERADA : foi para fora e ficou presa -> faz a redução só se não tiver sinais de sofrimento isquêmico
Conduta: manobra de redução
OBS: A hernia que tem maior caminho estreito, então a que mais fica presa é a indireta.
Tratamento
Técnica de mcvay (sem tela) ou Plug femoral
Hernia umbilical
+ comum na criança e tem tendencia ao fechamento até 2 anos
Defeito congênito
Indicação cirurgica:
o Associada a hérnia inguinal
o >2cm
o Associação a DVP
o Não fechamento espontâneo até 4-6 anos
Defeito adquirido no adulto, sendo indicado cirurgia se sintomático ou ascite volumosa
Hernia incisional
Em área de incisão cirurgica prévia
FR: infecção do sitio cirúrgico, técnica incorreta, desnutrição, idade avançada, uso de corticoide, obesidade e
aumento da PIA
Fios de sutura
Absorção: absorvíveis x inabsorvíveis
INABSORVÍVEL : sempre consegue manter sua força tênsil e + duração
Ex: Nylon, polipropileno, seda e algodão
Usar: aponeuroses, vascular, anastomose
Etiologia
São compostos puramente por colesterol ou tem ele em sua composição, misturado a sais de Ca, pigmentos da bile,
proteína e ácido graxo -> colesterol se precipita na bile e formar cálculos. Cálculos pretos (cirrose), encontrados
quase exclusivamente na vesícula ou cálculos marrons, encontrado nos ductos biliares.
Diagnóstico e clínica
USG de abdome total ou TC
Principal sintoma: dor em cólica, aparecendo após refeições gordurosas (maior participação de CCK
responsável pela contração biliar)
Dor epigástrica com migração para HD
Se a dor estender por > 5h suspeitar de complicação
Tratamento
Sintomáticos tem indicação cirurgica -> colecistectomia VLP ou aberta
Abordagem do Triangulo de Calot (hepatobiliar): ducto hepático comum (medial) + ducto cístico lateral
(inferior) + borda inferior do figado (superior)
Medicamentoso: AINEs, opioides, anti espasmódicos (escopolamina), jejum
Colecistite aguda
Complicação + comum da colelitiase. É a inflamação da VB por obstrução do ducto cístico ou infundíbulo (bolsa de
Hartmann)
CRITERIOS DE TOKIO:
A:
(1) Sinal de Murphy +
(2) dor ou sensibilidade em HD ou massa palpável
B:
(1) febre
(2) elevação da PCR
(3) leucocitose
C:
+ achados da imagem sugestivos de colecistite
Diagnóstico definitivo: 1A + 1B + 1C
Tratamento
Colecistectomia VLP ou aberta
ATB
Drenagem de bile infectada
Coledocolitíase
Migração do calculo para o ducto biliar comum (colédoco), podendo complicar e causar, icterícia obstrutiva,
colangite e pancreatite.
Colangite
Complicação decorrente de estase da bile por obstrução completa ou parcial da via biliar e de infecção bacteriana,
podendo evoluir para sepse.
Causas: calculo, neoplasia, parasitas
Tratamento
ATB + drenagem biliar
Faz por CPRE, CPT ou aberta
Melhor é CPRM (ressonância)
Pancreatite biliar
Obstrução do ducto pancreático causando inflamação aguda do pâncreas
Dor epigástrica ou periumbilical com irradiação em faixa, contínua
Náuseas e vômitos
Desidratação
CRITERIOS DE ATLANTA:
1. Quadro clínico compatível
2. Amilase: 3-5x limite superior (sobe 2-12h após início dos sintomas, com pico em 24h e normaliza em 2-3d)
3. Lipase: eleva-se em 12h, pico em 24h e normaliza em 7-10d
4. Imagem compatível (TC)
Precisa 2/3 para dar diagnóstico
Tratamento
Jejum
Hidratação
Analgesia e anti eméticos
Se leve já faz colecistectomia, se grave estabilizar e depois fazer
1) Trauma penetrante não tira o corpo estranho para não esvaziar o humor aquoso
2) não pode suturar quando tem laceração na margem da pálpebra —> faz atb e profilaxia de tétano
3) sobre queimaduras químicas lava o olho com 250ml e mede Ph, repete o processo até chegar num ph entre 6,5 e
8,5