Series - Texto 01 Introducao
Series - Texto 01 Introducao
Series - Texto 01 Introducao
Introdução
Estritamente falando, a operação de adição só faz sentido quando aplicada a um par de números reais.
Porém, devido à propriedade associativa em IR , podemos efetuar uma soma de 3, 4 , 5 , ...,100 ou mais
números, sem incorrer em erros. Por exemplo, podemos obter a soma 2 + 3 + 7 como 2 + 3 + 7 =
(2 +3) + 7 , ou então como 2 + 3 + 7 = 2 +(3 + 7), o resultado é o mesmo.
Mas, como somar infinitos números, como obter a soma de infinitas parcelas ? No que se segue,
vamos estender o conceito de adição para uma infinidade de números e definir o que significa tal soma.
Chamaremos estas “somas infinitas” de séries.
Breve Histórico
Nesta mesma época, N. Oresme (C. Boyer, pg. 182) deu a primeira prova que a chamada “série
harmônica” é divergente, ou seja,
Como cada parcela entre parênteses é ½ , temos que a soma de todas as parcelas pode ser
majorada por uma infinidade de parcelas iguais a ½ , que tem soma infinita.
Outros avanços relacionados com séries foram obtidos (em 1668) por J. Gregory e N. Mercator , que
trabalharam as chamadas “séries de potências de x” . Estas séries foram usadas para exprimirem funções
conhecidas, como sen x, cos x, tg x, etc.
Gregory utilizou que a área sob a curva é obtida através da função arctg x .
2
Por sua vez, Mercator usou que a área sob a hipérbole entre 0 e x é ln(1+x), para chegar à
expressão (C. Boyer, pgs. 265, 266)
Outros nomes ilustres no Sec. XIX compõem o cenário que trata da convergência das séries
numéricas e das séries de funções, como Lagrange, Laplace, Dirichlet, Fourier, Cauchy, Bolzano e
Weierstrass. A seguir trataremos desta questão.
Exemplos de somas infinitas surgem muito cedo, ainda no Ensino Fundamental, com o estudo das
dízimas periódicas. Por exemplo, a soma
0,1 + 0,01 + 0,001 + .... = 0,111... pode ser interpretada como a soma de uma progressão geométrica
(com infinitos termos)
de razão , cuja soma é = (veremos mais tarde as
De forma análoga, chamando por exemplo 0,333... = x temos 3, 333... = 10x . Subtraindo-se essas
equações ficamos com 9x = 3, ou seja , x = 3/9 = 1/3 . Concluímos daí que
Como pode ser visto no desenrolar da história das séries infinitas, encarar somas infinitas nos
mesmos moldes das somas finitas, usando as propriedades das operações, pode nos levar a dificuldades e
conclusões equivocadas. Vejamos os seguintes exemplos:
1. A série de Grandi
O que acontece neste exemplo é que as operações que são válidas para somas finitas, como a
associatividade, por exemplo, não são válidas em geral para somas infinitas.
2. O paradoxo de Zenão
No século V A.C. Zenão ( ou Zeno de Eléia) apresentou o seguinte problema: “ Para se caminhar
um quilômetro devemos caminhar primeiro meio quilômetro. Para caminhar este meio quilômetro
devemos caminhar um quarto de quilômetro. Para caminhar este um quarto de quilômetro devemos antes
caminhar um oitavo de quilômetro e assim indefinidamente”. Zenão colocou que este movimento era
impossível pois sequer se iniciaria!
A origem do paradoxo é que não podemos realizar um número infinito de tarefas num tempo finito. Mas
o quilômetro permanece inalterado pela nossa decomposição em meio quilômetro, mais um quarto de
quilômetro, mais um oitavo de quilômetro, etc...Assim,
. Este resultado pode ser pensado como a soma de uma PG infinita de razão . (
3. A série harmônica
A série harmônica é a série
Os termos da série harmônica estão decrescendo e tendendo para zero. À primeira vista parece que a
“soma” tende a um número finito.
Hoje em dia, com o uso do computador, podemos fazer cálculos experimentais interessantes:
Vamos supor que levamos 1 segundo para somar cada termo.
Uma vez que o ano tem aproximadamente 31.557.600 segundos, neste período de tempo seríamos
capazes de somar a série até n = 31.557.600, obtendo para a soma um valor pouco superior a 17.
Em 10 anos a soma chegaria perto de 20.
Em 100 anos, esta soma estaria a pouco mais de 22.
Tudo leva a pensar que esta soma tende a um valor finito. No entanto, isto é falso! Esta série tem soma
infinita. Vimos acima, na apresentação histórica, o argumento de Oresme.
Uma série infinita é uma expressão que pode ser escrita na forma
onde os números a1, a2, a3, .... são chamados de termos da série e an de termo
geral da série
4
..........................................
A seqüência dos números s1, s2, s3, s4,....pode ser interpretada como uma seqüência de aproximações do
valor de 1/9.
À medida que tomamos mais termos da série infinita a aproximação fica melhor o que nos sugere que
a soma desejada deve ser o limite dessa seqüência de aproximações. Para comprovar este fato vamos
calcular o limite dessa seqüência, quando o número n de termos tomados tende a um número cada vez
maior, isto é, n .
Temos que (I )
Vamos dar uma outra expressão para sn de modo a facilitar o cálculo do limite
No processo que fizemos no exemplo anterior, construímos uma seqüência de somas finitas e o limite
dessa seqüência correspondeu ao valor da soma, uma vez que
O exemplo acima motiva a definição mais geral do conceito de “soma” de uma série infinita.
s3 = a 1 + a 2 + a 3
...........................
sn = a1 + a2 + a3 +...+an = sn-1 + an =
A seqüência é chamada de seqüência das somas parciais da série e sn é chamado de n-ésima soma
parcial .
Quando n cresce, as somas parciais incluem mais e mais termos da série. Logo, se quando n + a
soma sn tender a um valor finito, podemos tomar este limite como sendo a soma de TODOS os termos da
série . Mais formalmente, temos:
Observações:
1) Os símbolos a1 + a2 + a3 +...+ an + ….= tanto são usados para indicar uma
série como a sua soma que é um número. Rigorosamente o símbolo só deveria indicar a
série no caso dela convergir.
2) O índice da soma de uma série infinita pode começar com n = 0, no lugar de n = 1. Neste caso
consideramos a0 como o primeiro termo da série e so = ao a primeira soma parcial.
Exemplos:
2)
Consideremos as somas parciais
s1 = 1
s2 = 1 – 1 = 0
s3 = 1 1 + 1 = 1
s4 = 1 1 + 1 1 = 0
A seqüência das somas parciais é 1, 0, 1, 0, 1, 0, ... e portanto o limite não existe e a série diverge.
Solução:
a)
b)
De fato:
.................
s0= 1
s1 = 1 + 1 = 2
Observemos que desde a soma parcial s7 já temos precisão até a 4a casa decimal !!
A Série Geométrica
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O nosso primeiro exemplo de série infinita 0,1 + 0,01 + 0,001 + .... é um caso particular de uma série
especial, chamada série geométrica.
geralmente,
Exemplos:
1) 0,1 + 0,01+ 0,001 + 0,0001 + ... = é uma série geométrica de
razão r = 1/10 e a = 1.
2) 3 3.2 + 3.22 3.23 + 3.24 ..... = é uma série geométrica de razão r = 2 e a = 3
O resultado seguinte nos diz quando a série geométrica é convergente e quando é divergente
Converge para se
Diverge, se
Demonstração:
1)
i) r = 1
Se r = 1 a série fica e portanto a n-ésima soma parcial é s n = na e portanto
Se r = –1 a série fica .
A seqüência das somas parciais nesse caso fica a, 0, a, 0, a, 0,..... e portanto a série diverge pois o limite
de sn não existe.
2)
(I)
( II )
Exemplo: Verifique se as seguintes séries geométricas são convergentes e em caso afirmativo determine
a sua soma :
1) 2) 3) 4) 5)
6)
Referências Bibliográficas:
1. O Cálculo com Geometria Analítica, vol II – Louis Leithold
2. Cálculo – Um Novo Horizonte, vol II – Howard Anton
3. Cálculo – vol II – James Stewart
4. História da Matemática – Carl Boyer