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CIRURGIAS PERIODONTAIS PARA A CORREÇÃO ESTÉTICA DO

SORRISO GENGIVAL

Angélica Lustosa Pimenta Funabashi

Karen Fernandes Dias

Graduandos em ODONTOLOGIA

Prof. Orientador, Dr. Fabio Matos Chiarelli


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RESUMO

Os procedimentos estéticos na Odontologia tem ganhado cada vez mais


espaço. Dentre estes procedimentos, a correção do sorriso gengival tem sido
uma alternativa recorrente, procurada pelos pacientes com o objetivo de trazer
ao sorriso harmonia e estética, melh orando a qualidade de vida e o bem-estar
dos indivíduos que se queixam da exposição excessiva da gengiva.
Diante disso, inúmeros tratamentos tem sido propostos para a correção
gengival, desde harmonizações faciais com o uso de toxina botulínica até
cirurgias periodontais, a qual daremos maior enfoque, como gengivoplastia,
gengivectomia, osteotomia, osteoplastia, uso da piezocirurgia, cirurgia de
reposicionamento labial e cirurgias ortognáticas.

As causas do sorriso gengival são diversas, logo antes de propor um


tratamento, é necessário averiguar minuciosamente a etiologia do excesso
gengival, para que assim seja realizado um excelente diagnóstico, e
posteriormente a escolha do melhor tratamento apresentado ao paciente.

Palavras-chave: Estética, Sorriso Gengival, Aumento de Coroa Clínica


Estético, Cirurgia Periodontal.
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ABSTRACT

Aesthetic procedures in Dentistry have been gaining more and more


space. Among these procedures, gingival smile correction has been a recurrent
alternative, sought by patients with the aim of bringing harmony and esthetics to
the smile, improving the quality of life and well-being of individuals who complain
about excessive gingival exposure.

Therefore, numerous treatments have been proposed for gingival


correction, from facial harmonization with the use of botulinum toxin to periodontal
surgery, which we will focus on, such as gingivoplasty, gingivectomy, osteotomy,
osteoplasty, piezoelectric surgery, lip repositioning surgery and surgeries
orthognathic.

The causes of gingival smile are diverse, right before proposing a


treatment, it is necessary to thoroughly investigate the etiology of gingival excess,
so that an excellent diagnosis can be made, and subsequently, the choice of the
best treatment presented to the patient.

Key-Words: Aesthetics, Gingival Smile, Clinical Crown Augmentation,


Periodontal Surgery.
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INTRODUÇÃO

A estética do sorriso tem se tornado uma busca frequente pelos pacientes


nos consultórios odontológicos. Impulsionados pelo desenvolvimento da técnica,
pelos rápidos resultados e pelos padrões de beleza, o sorriso ideal se tornou um
anseio social. Estudos que dizem respeito à harmonização da face e sorriso de
forma fisiológica e anatômica são comprovados por meio do conhecimento dos
músculos, proporções áureas, alterações esqueléticas, gengivais, forma,
contorno, cor dos dentes, erupção passiva alterada e outros fatores
(BOUGUEZZI et al., 2020; ZARDAWI et al., 2019).
A exposição gengival excessiva é multifatorial e a sua correção dependerá
necessariamente de sua etiologia. No entanto, o sorriso gengival não é uma
patologia e não precisa indispensavelmente ser corrigido, dependendo assim da
vontade do paciente. É necessário escutar os desejos e insatisfações do mesmo,
realizar um minucioso exame clínico e com base nisso, elaborar o melhor
diagnóstico e plano de tratamento individualizado (DYM et al., 2019).

Dentre os tratamentos para a correção do sorriso gengival podemos citar:


As técnicas de cirurgia periodontais modernas, como o uso do lasers cirúrgicos
e cirurgia piezoelétrica, e as técnicas convencionais através de gengivectomia,
gengivoplastia, osteotomia, osteoplastia, o uso de toxina botulínica, o
reposicionamento labial, cirurgias ortognáticas e cirurgia sem retalho. (LAVU et
al., 2019).

O conceito de aumento de coroa foi introduzido pela primeira vez por DW


Cohen em 1962, visando aumentar a extensão da estrutura dentária supra
gengival para fins restauradores, estéticos ou uma combinação de ambos. A
correção do sorriso gengival tem se destacado por seus significativos resultados
na vida das pessoas que apresentam exposição excessiva da gengiva, tendo em
vista que o sorriso é responsável pelas expressões, gestos, afeições e pode
influenciar na vida profissional, emocional e psicossocial das pessoas. (AHMAD,
et al., 2018)

Em conformidade com Antoniazzi (2017), o sorriso de um indivíduo pode


trazer influências positivas e negativas para a sua qualidade de vida e a
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exposição gengival exacerbada é um fator que pode impactar negativamente na


satisfação e bem-estar desses indivíduos.

Segundo Levi et al, 2019, para o sorriso ser considerado estético deve
possuir menos de 4mm de exposição de gengival. A prevalência do sorriso
gengival varia de 10,5% a 29%, com uma maior incidência em mulheres. O
sorriso ideal deve trazer equilíbrio entre os dentes, a gengiva e os lábios.

Com base nessas evidências, o objetivo deste trabalho é identificar as


causas do sorriso gengival bem como seu correto diagnóstico e tratamento,
enfatizando a terapia de correção de sorriso gengival por meio de técnicas
cirúrgicas periodontais modernas e convencionais.

METODOLOGIA

Tratou-se de um estudo de revisão integrativa da literatura, desenvolvido


com a finalidade de reunir e sintetizar achados de estudos realizados, mediante
diferentes metodologias, com o intuito de contribuir para o aprofundamento do
conhecimento relativo ao tema investigado.
Os critérios de inclusão foram estudos clínicos prospectivos, relatos e
estudos de casos clínicos que incluíram: indivíduos com exposição gengival
excessiva como queixa principal; mínimo de 3 mm de exposição gengival
excessiva relatada na região bucal anterior durante a fase inicial do tratamento;
uma descrição dos resultados obtidos em milímetros ou percentagens.
Foram selecionados trabalhos realizados entre os anos de 2017 a 2021,
com artigos em sua maioria em inglês. Os critérios de exclusão foram estudos
não relacionados ao tema, revisão de literatura, cartas ao editor ou editoriais,
resumos de congressos, opiniões pessoais, livros e / ou capítulos de livros.
Como fonte de estudo primária foram utilizadas as bases de dados eletrônicas
PubMed /MEDLINE, Web of Science, Scopus, Cochrane Library, LILACS,
SciELO, Google Scholar, Bireme, por meio dos seguintes descritores, “Gummy
smile”, “ Gingival Smiles”, “ Gingival overgrowth”, “ Excessive gingival”,
“gingivectomy”, “gingivoplasty”, “flapless”.
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REFERENCIAL TEÓRICO

Etiologia, Conceito e Diagnostico do Sorriso Gengival

A odontologia possui diversas especialidades e é pautada em


reestabelecer a saúde e função mastigatória, como também a estética, que
nos últimos anos tem se desenvolvido de forma crescente. Logo a busca pela
face e o sorriso proporcional e harmônico, faz com que os pacientes procurem
o consultório odontológico afim de buscar correções no sorriso, lábios e
dentes. São diversos os fatores que podem gerar insatisfação na condição do
sorriso, como por exemplo a exposição gengival exacerbada, que pode ser
conhecida como sorriso gengival, caracterizado pela Academia Americana de
Periodontia (AAP) como uma distorção e condição muco gengival anormal na
região que circunda os elementos dentários. (MOURA, et al., 2017).
Para que um sorriso seja nomeado agradável, este deve apresentar além
da estética branca, composta pelos elementos dentários, a estética rosa,
caracterizada pelo arcabouço de sustentação gengival. Logo segundo Zardawi,
et al, (2019) um sorriso pode ser considerado gengival quando este apresenta
3mm ou mais de exposição. Por outro lado, as condições normais de exposição
gengival quando o lábio superior se movimenta apicalmente, estaria entre 1mm
a 2 mm. Além disso, é importante ressaltar que o SG expressa de 10,5% a 29%
de prevalência, acometendo em sua maior parte, mulheres. (DELIBERADOR
et al., 2013).
A etiologia do SG pode ocorrer por uma série de fatores associados ou
não, como erupção passiva alterada da dentição maxilar, linha do lábio alta,
lábio superior hipermóvel, excesso maxilar vertical, e etc. Dessa forma, um
diagnóstico diferencial é imprescindível para uma terapêutica adequada, pois
os tratamentos para a correção de sorriso gengival variam de cirurgias
ortognáticas, cirurgias periodontais, piezocirurgias, aplicação de toxina
botulínica, entre outros, e dependera principalmente da causa. (MELE, et. al.
2018), (DELIBERADOR, et al. 2020).
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A indicação do aumento de Coroa se aplica a elementos com a porção


coronária curta pelo excesso gengival, como também a situações na qual o
acesso restaurador fica impossibilitado diante de lesões cariosas
subgengivais ou de grande extensão. (Lavu, et al., 2019).
Durante o desenvolvimento do ser humano quando a gengiva não
migra para posição correta, acarretando em excesso gengival e
consequentemente em uma coroa clínica reduzida, podemos denominar tal
etiologia como Erupção Passiva alterada. O tratamento proposto em pacientes
com Erupção Passiva Alterada é a cirurgia periodontal, para devolução do
espaço biológico e harmonização das relações de altura e largura da porção
coronária do elemento dentário. (LEVI, et al. 2019).
Vale ressaltar que o excesso gengival, pode ser confundido com um
inchaço da gengiva, o qual estaria relacionado com questões patológicas
devido hiperplasia e hipertrofia gengival e presença de matriz extracelular,
podendo ser ou não induzida por placa. (BEAUMOUNT, et al, 2017).
Diante disto, quando a causa estiver relacionada com razões não
estéticas, ou seja, patológicas, poderá ser acarretada por alterações
inflamatórias causadas por má higienização, como restaurações mal polidas
e aparelhos ortodônticos; além do mais pode ser relacionada a abcessos de
origem periodontal ou endodôntica e fatores sistêmicos como medicação
hormonal, gravidez, puberdade, uso de anti convulsionantes,
imunossupressores e etc. Logo o correto diagnóstico será primordial para
averiguar a situação do paciente que venha se queixar do sorriso gengival por
razões estéticas. (BEAUMOUNT, et al, 2017).
Atualmente, além das técnicas convencionais existentes, é possível
lançar mão de novas tecnologias como o desenho digital do sorriso, o qual
permite um diagnóstico diferenciado, de alta qualidade, praticidade e
previsibilidade objetivando um plano de tratamento individualizado, ou seja,
personalizado, permitindo ao paciente a visualização do resultado através de
fotografias expondo a relação dos dentes, gengiva, lábio e face. (LEVI, et al,
2019).
Para um excelente prognóstico, o diagnóstico do sorriso gengival deve
determinar a região da margem da gengiva à borda incisal, profundidade da
sondagem, largura da gengiva queratinizada, sobressaliência e sobremordida
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dos dentes e os limites verticais do sorriso, é necessário também realizar uma


análise radiográfica para melhor visualização e determinação do nível ósseo.
(MOSTAFA, 2017)

PLANEJAMENTO E ABORDAGENS CIRÚRGICAS

Cirurgia Periodontal Estética: Gengivoplastia e Gengivectomia

A gengivectomia é um procedimento cirúrgico periodontal, utilizado para


correção do sorriso com excesso gengival. Pode ou não estar associada com
remoção óssea e tem por finalidade trazer ao elemento dental contorno gengival
estabelecendo os aspectos funcionais e estéticos.
Geralmente quando o espaço biológico presente, for de aproximadamente
3mm de tecido gengival, abrangendo desde a margem da gengiva até a crista
óssea, podendo ser mensurado através da sondagem, a gengivectomia será
indicada, por meio de incisões que removam superficialmente o tecido gengival.
Por outro lado, caso a altura óssea, esteja próxima a Junção cemento-esmalte a
osteotomia deverá ser preconizada. (MOSTAFA, 2017).
A gengivectomia pode ser indicada para remoção de bolsas supra ósseas,
remoção de excesso gengival e abcessos periodontais supra-ósseos. Além disso
urge destacar que pode ser contra indicada em casos de pouca inserção
gengival e quando a bolsa periodontal estiver apicalmente em direção a junção
mucogengival. (HUERTA, et al., 2019).
A gengivectomia pode ser realizada por métodos convencionais por meio
de bisturi, broca de cerâmica e dispositivos eletro cauterizadores, como por
métodos contemporâneos que utilizam lasers cirúrgicos que possuem ótima
capacidade de coagulação, mínima ruptura microscópica e rápida cicatrização.
A escolha do melhor instrumento dependerá do caso clínico, bem como análise
minuciosa. (KAZAKOVA et al., 2018).
Quando o tratamento estiver pautado em um remodelamento anatômico
gengival delicado e suave, com a ausência de bolsas periodontais
denominaremos de gengivoplastia, o qual pode complementar a gengivectomia
durante o procedimento cirúrgico periodontal. (HUERTA, et al., 2019).
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A cirúrgica periodontal é realizada manualmente dependendo da destreza


ao manipular os tecidos, conhecimento científico e anátomo-biológico do
profissional. (LIONE et al., 2019) (PORTOCARRERO et al., 2018).

Osteotomia e Osteoplastia

Em 1921 Cohn-Stock descreveu a osteotomia segmentada anterior da


maxila pela primeira vez. Várias alterações e novos modelos de osteotomia
surgiram com o decorrer dos anos. A osteotomia é um procedimento muito
utilizado com associação de outras técnicas para a correção de sorriso gengival,
tratamentos de protrusão maxilar, e em tratamento ortodôntico.
Pode corrigir deformidades maxilares como nas seguintes condições:
expansão transversa da maxila, correção de mordida aberta anterior, indicada
para acelerar o tempo de tratamento ortodôntico, além de corrigir discrepância
no tamanho dos dentes. (ESTEVE et al., 2015).
Em casos de pacientes com sorriso gengival causado por excessivo
crescimento vertical da maxila, desarmonia da proporção largura/altura e do
contorno gengival zenital dos dentes anteriores superiores existe a indicação
para a osteotomia, como descrito por Gonçalves et. al (2017).
Ademais, a osteotomia é usada para retirar a exostose óssea e restaurar
o espaço biológico, respeitando o contorno ósseo e delimitando a distância entre
a junção cemento-esmalte e a crista óssea. Muitas vezes associada a outras
técnicas como a gengivectomia e a osteoplastia como descrito no caso clínico
de Levi et. al. (2019).
As cirurgias de aumento de coroa clínica com osteotomia, são realizadas
normalmente, com a média de 3 mm para a recuperação da junção cemento-
esmalte. Existe um conflito entre autores sobre a inclusão do sulco no espaço
biológico, quando ele não está incluso recupera-se 2 mm. Essa distância ainda
varia de acordo com o tamanho do dente e até mesmo nas diferentes faces de
um mesmo dente. (BAPTISTA, et al., 2020).
Apesar de avanços técnicos tanto na estabilidade e previsibilidade da
cirurgia maxilar, as cirurgias ainda estão sujeitas a complicações, como necrose
óssea, fístula oronasal e sinusal, desvitalização dentária e defeitos periodontais.
(GOLÇALVES et al., 2017).
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A osteoplastia também é uma técnica cirúrgica periodontal utilizada para


corrigir o excesso maxilar vertical. No entanto, esse tratamento disfarça a
quantidade óssea exposta e não corrige essa condição. Seus resultados são
satisfatórios de 40,7%, quando combinados com o aumento de coroa clínica
essa porcentagem aumenta para 60%. (FERREIRA et al., 2016).
Existem materiais biológicos como osso xenogênico (Bio-Oss TM) e
membrana reabsorvível (Bio-Gide TM) que são utilizados para regeneração
óssea guiada, corrigindo depressões e consequentemente, diminuindo a
exposição óssea. Eles têm mostrado resultados eficazes e satisfatórios, como
descrito por Ferreira et. al. (2019).

Cirurgia Periodontal de Aumento de Coroa Clínica Estética sem a Elevação


do Retalho “Flapless”

Em sua maioria as modalidades cirúrgicas periodontais existentes


atualmente, optam por cirurgias que prezam por elevação de retalho muco
periosteal para uma melhor visualização do campo cirúrgico e exposição óssea.
Contudo, existem alguns casos, como em pacientes com u m fenótipo ósseo fino
ou intermédiario, tecido queratinizado abundante e Erupção Passiva Alterada
como etiologia, que não urge do levantamento de retalho. (LOBO, et al., 2017).
A elevação do retalho, não se torna necessária nesta cirurgia periodontal
e, contudo, a osteotomia seria realizada via sulco gengival, com auxílio de
microcinzéis, sem elevação do retalho, conhecida também pelo termo em inglês
“Flapless”. Esta técnica possui inúmeros benefícios como um menor tempo
cirúrgico e melhores resultados estéticos. (LOBO, et al., 2017).
Para realização da técnica sem retalho é necessário realizar uma correta
tomografia Cone Beam 3D para um planejamento detalhado do caso, bem como
para uma melhor visualização da crista óssea. A execução da sutura no final do
procedimento, não se torna fundamental, visto que não há ruptura dos tecidos
das papilas interdentais. (LEMES, et al,. 2018).
A técnica Flapless pode estar associada com a Piezocirurgia,
desaprendendo do operador uma maior habilidade para localização da crista
óssea. Ao contrário da forma convencional, este procedimento não necessita da
utilização de cimentos cirúrgicos, suturas, além de apresentar um menor índice
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inflamatório e menor sangramento, permitindo ao paciente um excelente pós-


operatório. (ROCHA, et al., 2020).

Utilização da Piezocirurgia

A piezocirurgia surgiu com o avanço da Periodontia diante das limitações


apresentadas pelos instrumentos periodontais tradicionais, visando um corte
seguro, bem como um melhor controle operatório. (DELIBERADOR et al., 2020).
Sendo divulgada pela primeira vez em 1880 por Jacques e Pierre Currie.
A ultrassom tem sido amplamente utilizadas em cortes ósseos, acionando menor
pressão manual diante dos instrumentos rotatórios tradicionais e permitindo ao
operador um maior controle e sensibilidade.

Mediante vibrações eletricamente geradas, com frequência de 25 a 30


khz. a piezocirurgia assegura um corte meticuloso e determinado do tecido
ósseo, sem lesar o tecido mole adjacente com auxílio das pontas do osteótomo,
cuja morfologia fornece cortes ósseos micrométricos. (LAVU et al., 2019).

Internamente o dispositivo apresenta uma bomba peristáltica responsável


pelo resfriamento da ultrassom, impedindo um superaquecimento além de
permitir uma melhor visualização do campo operatório, através da retirada de
detritos e hemostasia. (THOMAS, et al., 2017).

No painel de controle é possível modular a potência e frequência do


piezoelétrico, este ainda possui diversas pontas que podem ser escolhidas de
acordo com o melhor plano de tratamento, as pontas da ultrassom são
autoclaváveis e revestidas de titânio ou diamante podendo ser indicadas para
alisamento radicular, remoção de cálculo supra e subgengivais, aumento de
crista, alongamento de coroa, extração de dente, coleta de enxerto ósseo,
cirurgia de implante e outros procedimentos maxilo mandibulares (THOMAS, et
al., 2017).

Embora a piezocirurgia tenha demonstrado ter um tempo cirúrgico maior


do que as osteotomias convencionais utilizando motor rotatório convencional,
sua utilização ainda assim é vantajosa diante da redução de intercorrências
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como lesões a tecidos moles, vasos sanguíneos, nervos e membranas mucosas


e por permitir uma maior lisura do osso, mediante ao corte. (OTAKE et al., 2018)

A Técnica moderna de piezocirurgia supera as convencionais por não


necessitar da realização de suturas ou deposição de cimentos cirúrgicos, ter um
menor índice inflamatório e sangramento, trazendo ao paciente uma rápida
recuperação. (ROCHA et al., 2020)

Cirurgia de Reposicionamento Labial

O procedimento de reposicionamento labial foi descrito pela primeira vez


por Robinstein e Kostianovsky em 1973 como cirurgias plásticas, originalmente
indicado para corrigir o sorriso gengival causado pelo lábio curto e/ou
hipermóvel. Este tratamento passou por várias modificações e combinações,
incluindo a utilização de miotomia/contenção muscular como intervenção
adicional que pode ser bem-sucedida em casos específicos. O principal objetivo
dessas modificações é prevenir a recidiva, principal complicação da cirurgia de
reposicionamento labial. (ALAMMAR et al., 2018) (ARDAKANI et al., 2021).

Segundo FOUDAH et al. (2019), é indicado o tratamento de sorriso


gengival através do reposicionamento labial em casos de excesso vertical da
maxila (VME) grau I simples com exposição gengival de 2 a 4 mm, VME grau II
moderado com exposição gengival de 4 a 8 mm e em casos de lábio curto e/ou
hipermóvel. Sendo contraindicado em casos de VME grave grau III e a
quantidade de gengiva queratinizada limitada.

Nessa técnica cirúrgica remove-se parte da mucosa acima da gengiva


inserida. Corrigindo o sorriso gengival através da limitação dos músculos
elevadores do sorriso (orbicular da boca, elevador do ângulo da boca, elevador
do lábio superior, zigomático menor). É um procedimen to seguro e possui
poucos efeitos colaterais, sendo que a intercorrência mais desagradável é a
formação de mucucele. (BOUGUEZZI et al., 2020).

Ademais, outras complicações foram relatadas na literatura: sensação de


desconforto, dormência, dificuldade em alguns movimentos do lábio superior por
conta de inchaço, hematoma e em alguns casos, parestesia. A mucocele que
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pode surgir, é em decorrência a lesões das glândulas salivares menores e


podem desaparecer sem a necessidade de intervenções. (FOUDAH et al., 2019).

Uma das técnicas descritas utiliza-se duas incisões ao longo da junção


mucogengival, conectadas nos primeiros molares de cada lado. Deixar o frênulo
intacto, ajuda a manter a posição da linha média labial, evita alterações na
simetria labial e diminui a morbidade associada ao procedimento, mas limita o
resultado na região dos incisivos centrais superiores. Por esse motivo, existem
casos onde o frênulo é preservado. Porém estudos mais amplos, concluem que
não manter o frênulo é uma melhor opção. (BOUGUEZI et al., 2020).

O procedimento de reposicionamento labial é considerado seguro e


eficaz. No entanto, apesar de apresentar resultados pós cirúrgicos satisfatórios,
estudos mais amplos e com acompanhamento a longo prazo são necessários
para melhorar as evidências científicas para indicar esse procedimento a longo
prazo. (ALAMMAR et al., 2018).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Um sorriso considerado estético é caracterizado pela exposição de até 3


mm de gengiva. A partir desta dimensão, valores su periores resultam no que
chamamos de sorriso gengival (LOBO et. al. 2017). Quando o tratamento do
excesso de gengiva estiver relacionado à Erupção Passiva Alterada, a opção
mais viável para correção é a cirurgia periodontal de aumento de coroa clínica
(MOURA et al; 2017).
Uma pesquisa relatada por Deliberador et. al. (2013), evidenciou que de
576 pacientes, 43,57% constataram exposição da gengiva ao sorrir. Tal excesso
nesses casos estariam relacionados a primeiramente excesso maxilar em
dimensão vertical, podendo ser corrigido com cirurgia ortognática envolvendo
Osteotomia LeFort I. A segunda causa seria devido a migração apical da margem
gengival, tendo como tratamento indicado a cirurgia estética gengival. A terceira
causa envolve a erupção passiva alterada e o tratamento pode ser feito por uma
gengivectomia e/ou retalho com ressecção óssea.
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A técnica cirúrgica mais comum é a convencional, podendo ser realizada


com o cabo de bisturi e a lâmina número 15, apesar de ser considerada uma
técnica eficiente para as cirurgias de gengivectomia e gengivoplastia, há indícios
que o bisturi não realizada uma hemostasia adequada, o que é de fundamental
importância no procedimento cirúrgico. (DELIBERADOR et al., 2013).
Em situações de fenótipos espessos, deve-se optar por técnicas
convencionais com elevação de retalho, visto que, além da realização da
osteotomia, é fundamental a realização da osteoplastia, ou seja, remoção de
osso em espessura. Por outro lado, nos fenótipos finos ou intermediários, a
osteoplastia é dispensável, sendo possível realizar o procedimento minimamente
invasivo (flapless) com uso de micro cinzéis via sulco gengival associado a
cirurgias utilizando ultrassom piezoelétrico (LOBO et al., 2017).
Lobo et al 2017, relataram um caso clínico de correção cirúrgica
periodontal no tratamento da Erupção Passiva Alterada com a técnica
minimamente invasiva sem elevação de retalho, que apresentou resultados
previsíveis e satisfatórios.

ANÁLISE E CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com os resultados obtidos nesta revisão de literatura, conclui-


se que as técnicas periodontais para a correção do sorriso gengival, contribui
significamente para a qualidade de vida e convívio no âmbito social, trazendo
além de melhoras estéticas, melhoras fisiológicas ao indivíduo.
A realização de uma correta e detalhada anamnese, bem como realização
de panorâmicas e tomografias Cone Beam 3D, permitirão um preciso diagnóstico
e planejamento do paciente, identificando assim a etiologia do sorriso gengival,
e a melhor opção de tratamento, diante das enumeras técnicas existentes.
Tais achados afirma a importância do conhecimento e do domínio da
técnica no âmbito da odontologia, uma vez que, constantemente buscamos
aprimorar e inovar os procedimentos odontológicos tornando-os cada vez menos
invasivo e mais promissor para o paciente e profissional.
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