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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO (UFERSA)

CENTRO MULTIDISCIPLINAR DE PAU DOS FERROS (CMPF)


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS E TECNOLOGIA (DETEC)

SINAIS E SISTEMAS

Capı́tulo 4 - Série de Fourier de Tempo


Contı́nuo

Prof. Pedro Thiago Valério de Souza


UFERSA – Campus Pau dos Ferros
[email protected]
Espectro de Frequências de um Sinal
• Como saber se um sinal qualquer (por exemplo, minha voz) é composto
por frequências mais altas (agudas) ou mais baixas (graves)?
• Como medir a “importância” de uma componente de frequência para
composição de um sinal?

Figura 1: Um sinal de áudio e seu espectro de frequências.

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Espectro de Frequências de um Sinal

Figura 2: Um prisma reflete quais componentes de cor uma determinada luz possui.

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Espectro de Frequências de um Sinal

Figura 3: Vários softwares permitem calcular o espectro de frequências de um sinal de


áudio.

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Espectro de Frequências de um Sinal
Como identificar quais componentes de frequência compõem um determinado
sinal?
• Sinais periódicos → série de Fourier;
• Sinais aperiódicos → transformada de Fourier.

Aplicações:
• Análise espectral de sinais;
• Filtros seletivos em frequência (passa-baixas, passa-altas, etc...);
• Equalização de som;
• Medição da taxa de distorção harmônica em sistemas fotovoltáicos;
• Sistemas de comunicações.

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Espectro de Frequências de um Sinal

Figura 4: O estudo das ferramentas de Fourier é de suma importância em sistemas de


comunicações, principalmente para entender o espectro eletromagnético.

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Sinais Periódicos
Definição: x(t) = x(t + T0 ), sendo T0 o perı́odo fundamental.
2𝜋 𝜔0 1
Frequência fundamental: 𝜔0 = (em rad/s) ou f0 = = (em Hz).
T0 2𝜋 T0

Figura 5: Sinal periódico com periódo fundamental T0 .

∫ a+T0 ∫ b+T0
x(t)dt = x(t)dt
a b

Notação - Integral em um perı́odo: x(t)dt
T0

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Série de Fourier de Tempo Contı́nuo
Ideia: Escrever x(t) como uma combinação linear de sinais senoidais
harmonicamente relacionados.
• cos(𝜔0 t) → primeira harmônica (fundamental);
• cos(2𝜔0 t) → segunda harmônica;
• cos(3𝜔0 t) → terceira harmônica;
• cos(k𝜔0 t) → k-ésima harmônica.
Se conseguirmos fazer isso, podemos saber qual é a composição de cada
cosseno (cada frequência) na formação do sinal.
Formas para representação da série de Fourier:
• Forma trigonométrica;
• Forma trigonométrica compacta;
• Forma exponencial.

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Forma Trigonomética para a Série de Fourier
Sendo um sinal x(t) real e periódico com perı́odo T0 , então:

∑︁
x(t) = a0 + ak cos(k𝜔0 t) + bk sen (k𝜔0 t)
k=1

Ou seja, qualquer sinal periódico pode ser escrito como a soma de um termo
constante (DC) a0 e infinitas harmônicas. Os coeficientes a0 , ak e bk podem
ser determinados como: ∫
1
a0 = x(t)dt
T0 T0

2
ak = x(t) cos(k𝜔0 t)dt
T0 T0

2
bk = x(t) sen (k𝜔0 t)dt
T0 T0

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Forma Trigonomética Compacta
Propriedade: A cos(𝜔0 t) + B sen (𝜔0 t) = C cos(𝜔0 t + 𝜃), em que:
 
√︁
2 2
−B
C = A +B 𝜃 = arctan
A

Desta forma:

∑︁
x(t) = a0 + ak cos(k𝜔0 t) + bk sen (k𝜔0 t)
k=1

∑︁
= C0 + Ck cos(k𝜔0 t + 𝜃 k )
k=1

em que:
C0 = a0
√︃
Ck = a2k + b2k
 
−bk
𝜃 k = arctan
ak

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Forma Trigonomética Compacta
Espectro de Frequências:

∑︁
x(t) = C0 + Ck cos(k𝜔0 t + 𝜃 k )
k=1

• Soma de diferentes cossenos com frequências múltiplas da fundamental;


• Ck → amplitude do cosseno com frequência k𝜔0 ;
• 𝜃 k → fase do cosseno com frequência k𝜔0 ;
O espectro de frequências é formado por dois gráficos:
• Ck × k𝜔0 → espectro de amplitude;
• 𝜃 k × k𝜔0 → espectro de fase.
O espectro de frequência permite ver a “importância” de cada componente de
frequência no sinal x(t).

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Forma Trigonomética Compacta
Um sinal tem uma identidade dupla - a do domı́nio do tempo e a do domı́nio
da frequência. As duas identidades se complementam e juntas, fornecem
uma melhor compreensão de um sinal.

Figura 6: Domı́nio do tempo e da frequência só são duas formas de ver o mesmo sinal.

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Forma Trigonomética Compacta
Exemplo 4.1 Obtenha a representação trigonométrica compacta da série de
Fourier do sinal abaixo. Esborce o gráfico do espectro de magnitude e
espectro de fase.

x(t) = 2 + 3 cos(2t) + 4 sen (2t) + 2 sen (3t + 30◦ ) − cos(7t + 150◦ )

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Forma Trigonomética Compacta

Figura 7: Espectro de magnitude e fase do sinal do Exemplo 4.1.

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Forma Trigonomética Compacta
Exemplo 4.2 Obtenha a representação trigonométrica compacta da série de
Fourier do sinal apresentado abaixo. Esborce o gráfico do espectro de
magnitude e espectro de fase.

Figura 8: Sinal para o Exemplo 4.2.

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Forma Trigonomética Compacta

Figura 9: Espectro de magnitude e fase do sinal do Exemplo 4.2.

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Aproximação por Soma de Harmônicas
Sendo x(t) um sinal periódico, então:

∑︁
x(t) = C0 + Ck cos(k𝜔0 t + 𝜃 k )
k=1

Utilizando apenas as N primeiras harmônicas:


N
∑︁
xN (t) = C0 + Ck cos(k𝜔0 t + 𝜃 k )
k=1

É de se esperar que a medida que N aumenta, mais próximo será xN (t) de


x(t).

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Aproximação por Soma de Harmônicas

Figura 10: Aproximação por soma de harmônicas para o sinal do Exemplo 4.2.

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Forma Trigonomética Compacta
Exemplo 4.3 Obtenha a representação trigonométrica compacta da série de
Fourier do sinal apresentado abaixo. Esborce o gráfico do espectro de
magnitude e espectro de fase.

Figura 11: Sinal para o Exemplo 4.3.

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Forma Trigonomética Compacta

Figura 12: Espectro do sinal do Exemplo 4.3.

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Efeito da Simetria
Coeficientes da série de Fourier:

1
a0 = x(t)dt
T0 T0

2
ak = x(t) cos(k𝜔0 t)dt
T0 T0

2
bk = x(t) sen (k𝜔0 t)dt
T0 T0

Sendo x(t) um sinal simétrico par, então:


∫ ∫
1 2
a0 = x(t)dt = x(t)dt
T0 T0 T0 T0 /2
∫ ∫
2 4
ak = x(t) cos(k𝜔0 t)dt = x(t) cos(k𝜔0 t)dt
T0 T0 T0 T0 /2

2
bk = x(t) sen (k𝜔0 t)dt = 0
T0 T0

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Efeito da Simetria
Assim sendo, para sinais simétricos pares:

∑︁
x(t) = a0 + ak cos(k𝜔0 t) + bk sen (k𝜔0 t)
k=1

∑︁
= a0 + ak cos(k𝜔0 t)
k=1

∑︁
= C0 + Ck cos(k𝜔0 t + 𝜃 k )
k=1

por comparação:
C0 = a0
Ck = |ak |
(
0, ak ≥ 0
𝜃k =
−𝜋, ak < 0

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Efeito da Simetria
Sendo x(t) um sinal simétrico ı́mpar, então:

1
a0 = x(t)dt = 0
T0 T0

2
ak = x(t) cos(k𝜔0 t)dt = 0
T0 T0
∫ ∫
2 4
bk = x(t) sen (k𝜔0 t)dt = x(t) sen (k𝜔0 t)dt
T0 T0 T0 T0 /2
logo:

∑︁
x(t) = a0 + ak cos(k𝜔0 t) + bk sen (k𝜔0 t)
k=1

∑︁ ∞
∑︁
= bk sen (k𝜔0 t) = C0 + Ck cos(k𝜔0 t + 𝜃 k )
k=1 k=1


 0, bk = 0


C0 = 0 Ck = |bk | 𝜃 k = −𝜋/2, bk > 0

bk < 0

 𝜋/2,

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Existência e Convergência da Série de Fourier
Significado de existência e convergência da série de Fourier:
• Existência: Valores dos coeficientes da série finitos;
• Convergência: Representação em série de x(t) converge. Sendo,

N
∑︁
xN (t) = C0 + Ck cos(k𝜔0 t + 𝜃 k )
k=1

A representação converge caso:


∫ ∞
lim |x(t) − xN (t)| 2 dt = 0
N→∞ −∞

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Condições de Dirichelet
1 Em qualquer perı́odo, x(t) deve ser absolutamente integrável:
∫ ∞
|x(t)|dt < ∞
−∞

Figura 13: Exemplo de sinal que viola a primeira condição de Dirichlet.

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Condições de Dirichelet
2 Existe uma quantidade finita de máximos e mı́nimos durante um perı́odo.

Figura 14: Exemplo de sinal que viola a segunda condição de Dirichlet.

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Condições de Dirichelet
3 Em qualquer perı́odo existe uma quantidade finita de descontinuidades.

Figura 15: Exemplo de sinal que viola a terceira condição de Dirichlet.

Apenas sinais patológicos é que não satisfazem as condições de Dirichlet, ao


ponto que sinais periódicos práticos sempre possuem série de Fourier.

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Efeito Gibbs
Forma compacta da série de Fourier:

∑︁
x(t) = C0 + Ck cos(k𝜔0 t + 𝜃 k )
k=1

• Se um sinal x(t) não apresenta descontinuidades, então é claro que ele


pode ser composto por uma soma de funções contı́nuas (cossenos);
• Todavia, se um sinal é descontı́nuo, como é que ele pode ser escrito
como uma soma de funções que não apresentam descontinuidade?
• Convergência na média:

N
∑︁
xN (t) = C0 + Ck cos(k𝜔0 t + 𝜃 k )
k=1
∫ ∞
lim |x(t) − xN (t)| 2 dt = 0
N→∞ −∞
| {z }
Energia do Erro
Basta que a energia do erro vá à zero.
• Efeito Gibbs.
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Efeito Gibbs

Figura 16: Efeito Gibbs em um sinal descontı́nuo.

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Forma Exponencial de Fourier
Forma trigonométrica compacta:

∑︁
x(t) = C0 + Ck cos(k𝜔0 t + 𝜃 k )
k=1

Utilizando-se identidade de Euller:


Ck  j (k𝜔0 t+𝜃k )
+ e−j (k𝜔0 t+𝜃k )

Ck cos(k𝜔0 t + 𝜃 k ) = e
2
Após (muito) esforço, demonstra-se que:

∑︁
x(t) = Dk ejk𝜔0 t
k=−∞

1
Dk = x(t)e−jk𝜔0 t dt
T0 T0

Dk são os coeficientes exponenciais de Fourier, representados de forma


compacta por: x(t) ←→ Dk .

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Forma Exponencial de Fourier
Coeficientes da Série Exponencial de Fourier: São complexos, ou seja:

Dk = Re{Dk } + jIm{Dk } = |Dk |ej∡Dk

Relação entre a Forma Exponencial e a Forma Trigonométrica:



∑︁
x(t) = C0 + Ck cos(k𝜔0 t + 𝜃 k )
k=1


∑︁
x(t) = Dk ejk𝜔0 t
k=−∞

Verifica-se que: ∫
1
C0 = D0 = x(t)dt
T0 T0

Ck = 2|Dk | k≠0
𝜃 k = ∡Dk k≠0

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Forma Exponencial de Fourier
Espectro (exponencial) de Frequências:
• |Dk | × k𝜔0 → espectro de amplitude;
• ∡Dk × k𝜔0 → espectro de fase.
O espectro (exponencial) de frequência permite ver a “importância” de cada
componente de frequência no sinal x(t).
O espectro exponencial de Fourier possui tanto frequências positivas como
frequências negativas.
• Frequência negativa: De fato, no mundo real elas não existem. O
espectro negativo surge somente pois:
1 j 𝜔0 t
cos(𝜔0 t) = (e + e−j 𝜔0 t )
2
• Pode-se interpretar uma frequência negativa como algo que “gira”, mas
no sentido oposto ao convencional (sentido convecional → anti-horário).
A não ser que seja dito, quando falamos sobre espectro de frequências de um
sinal, sempre estamos nos referindo ao espectro exponencial.

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Forma Exponencial de Fourier
Exemplo 4.4 Obtenha a representação exponencial da série de Fourier do
sinal apresentado abaixo. Esborce o gráfico do espectro de magnitude e
espectro de fase.

Figura 17: Sinal para o Exemplo 4.4.

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Forma Exponencial de Fourier

Figura 18: Espectro de magnitude e fase do sinal do Exemplo 4.4.

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Forma Exponencial de Fourier
Exemplo 4.5 Obtenha a representação exponencial da série de Fourier do
sinal apresentado abaixo. Esborce o gráfico do espectro de magnitude e
espectro de fase.

Figura 19: Sinal para o Exemplo 4.5.

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Forma Exponencial de Fourier

Figura 20: Espectro de magnitude e fase do sinal do Exemplo 4.5.

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Propriedades da Série de Fourier
Para todas as propriedades, considerar x(t) e y(t) periódicos com perı́odo
2𝜋
T0 = e:
𝜔0
x(t) ←→ Xk
y(t) ←→ Yk
Propriedade 1 - Lineariedade: ax(t) + by(t) ←→ aXk + bYk .
Propriedade 2 - Deslocamento no tempo: x(t − 𝜏) ←→ e−jk𝜔0 𝜏 Xk .
Propriedade 3 - Deslocamento em frequência: ejM 𝜔0 t x(t) ←→ Xk−M .
dx(t)
Propriedade 4 - Derivação no tempo: ←→ jk𝜔0 Xk
dt
∫ t
1
Propriedade 5 - Integração no tempo: x(𝜏)d𝜏 ←→ Xk .
−∞ jk𝜔0
Válido somente se X0 = 0 e a integral convergir.

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Propriedades da Série de Fourier
Propriedade 6 - Reflexão: x(−t) ←→ X−k .
Propriedade 7 - Conjugação: x∗ (t) ←→ X−k ∗ .

Propriedade 8 - Simetria:
• |Xk | = |X−k |: espectro de magnitude é simétrico par;
• ∡Xk = −∡X−k : espectro de fase é simétrico ı́mpar;
• Se x(t) é real e par, os coeficientes Dk são reais (∡Xk = 0 ou ∡Xk = 𝜋).
• Se x(t) é real e ı́mpar, os coeficientes Dk são puramente imaginários
(∡Xk = ±𝜋/2).
∫ ∞
1 ∑︁
Propriedade 9 - Teorema de Parseval: Px = x2 (t)dt = |Xk | 2
T0 T0 k=−∞

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Propriedades da Série de Fourier
Exemplo 4.6 Obtenha a representação exponencial da série de Fourier do
sinal apresentado na Figura abaixo. Utilize as propriedades da série de
Fourier, juntamente com a série de Fourier para o trem de impulsos, obtida no
Exemplo 4.5.

Figura 21: Sinal para o Exemplo 4.6.

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Propriedades da Série de Fourier

Figura 22: Espectro de magnitude e fase do sinal do Exemplo 4.6.

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