SIS UAB 2016 Disponibilizado
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Informática em Saúde
Sistemas de Informação em Saúde
Autores: Prof. Dr. Paulo Mazzoncini de Azevedo Marques
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O MODELO DE CERTIFICAÇÃO SBIS-CFM PARA S-RES 15
CAPÍTULO
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Capítulo 1
Sistemas de Informação em Saúde:
conceitos e funcionalidades
Prezado estudante: nessa semana vamos conceituar Sistemas de Informação em Saúde (SIS) e
buscar explicitar características e usos básicos dos SIS.
ATENÇÃO
Um sistema de informação tem por finalidade básica apoiar a criação desse ciclo virtuoso por
meio da aquisição e do armazenamento de dados, transformação de dados em informação por
meio da sua contextualização em uma situação específica e da disponibilização da informação
para sua transformação em conhecimento. O conhecimento, por sua vez, irá apoiar uma
tomada de decisão para posterior realização de ação buscando a otimização do processo.
Nesse contexto conceitual genérico, a existência de um sistema de informação independe de
qualquer tipo de tecnologia. Ele é um arcabouço de apoio à tomada de decisão. Para a área de
Informática em Saúde iremos considerar duas especificidades para os sistemas de informação:
• eles estão estruturados com base no uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs).
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Especialização em Informática em Saúde
Um Sistema de Informação em Saúde (SIS) tem como finalidade básica fornecer informações para
otimizar a gestão e os resultados dos programas e serviços de saúde. De forma mais específica,
um SIS é essencial para se monitorar a situação da atenção à saúde, o desempenho na execução
de ações e serviços de promoção, prevenção e curativos, bem como a disponibilidade e utilização
dos recursos existentes para tais fins. Em linhas gerais, um SIS é composto de mecanismos e
procedimentos para aquisição e análise de dados e para a prestação de informações necessárias
para suportar o planejamento e a programação orçamentários nos diferentes níveis de governo;
para o acompanhamento, a avaliação e a coordenação de programas e serviços de saúde; para
os cuidados à saúde do indivíduo; pesquisa e ensino na área da saúde, apoio à definição de
políticas nacionais baseadas em evidência, e como fonte de informação para o público em
geral. No que concerne à assistência ao paciente, o sistema de informação deve dar suporte
ao seu tratamento e acompanhamento, bem como apoiar o monitoramento de grupos com
necessidades especiais [WHO, 2000].
Segundo Marin (2010), diversos termos têm sido usados para descrever sistemas de informação
em saúde computadorizados ou informatizados. Por via de regra, os termos Sistemas de
Informação em Saúde e Registro Eletrônico de Saúde são termos usados para descrever
sistemas mais gerais com conceitos mais globais, enquanto que o termo Registro Médico de
Saúde representa um sistema mais específico, um registro mais localizado.
Definições da Iso
Registro Eletrônico em Saúde (RES): Um repositório Sistema de Registro Eletrônico em Saúde (S-RES):
de informações a respeito da saúde de indivíduos Sistema para registro, recuperação e manipulação
numa forma processável eletronicamente. das informações de um Registro Eletrônico em
Saúde.
Fonte: Cartilha sobre Prontuário Eletrônico - a Certificação de Sistemas de Registro Eletrônico de Saúde, 2012; http://www.
sbis.org.br/certificacao/Cartilha_SBIS_CFM_Prontuario_Eletronico_fev_2012.pdf
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acesso à informação necessária no momento e local exigidos. Por outro lado, as características
específicas de troca de informação envolvendo dados sensíveis identificados implicam em
aspectos bastante específicos para a arquitetura e funcionamento dos SIS.
De forma a se buscar garantir que os SIS efetivamente agreguem valor ao processo de saúde,
assegurando eficácia e eficiência na sua utilização, alguns cuidados devem ser tomados.
Um aspecto muito importante a se considerar é buscar definir, de forma clara e objetiva, a
abrangência dos SIS, ou seja, identificar os resultados esperados com a sua implantação.
REFLITA A RESPEITO
Além disso, avaliações e definições referentes aos aspectos técnicos de implantação, recursos
humanos e fontes de financiamento devem ser também consideradas.
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Especialização em Informática em Saúde
ATENÇÃO
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Especialização em Informática em Saúde
O objetivo do sistema com CDS é ser um programa de digitação de fichas que contém dados
coletados em cadastros, visitas domiciliares, atendimentos e atividades desenvolvidas nas UBS
pelas equipes de AB, que são posteriormente enviadas para a base federal.
O desenvolvimento e a implantação do e-SUS AB nas versões PEC e CDS fazem parte de uma
estratégia do Ministério da Saúde de fortalecimento do SUS com a adoção do modelo de e-Saúde
em nível nacional. Essa estratégia tem uma mudança de paradigma muito importante no que
se refere ao funcionamento dos sistemas de informação em saúde em âmbito nacional, que é a
adoção na prática de uma arquitetura focada na inserção de dados no ponto de atenção à saúde
do indivíduo, considerando que a informação para a gestão é gerada a partir da integração dos
dados do registro eletrônico em saúde de cada cidadão.
Para tanto, via de regra, os SIS devem possuir quatro funções básicas:
• geração de dados,
• compilação,
• análise e síntese, e
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REFLITA A RESPEITO
O RIS é responsável pela gestão organizacional das atividades do serviço por meio de um
processo de agendamento eletrônico e também pelo arquivamento e disponibilização dos laudos
dos exames realizados. O RIS também é responsável pela transferência de dados demográficos
sobre os pacientes e exames para o PACS (do inglês, Picture Archiving and Communication
System), que é o sistema voltado para o arquivamento e distribuição de imagens, o qual, por
sua vez, é responsável pela inserção dessas informações nas interfaces dos equipamentos
de realização de exames, como tomografia computadorizada, ressonância magnética, etc.
Quando se trabalha com os padrões de comunicação especificados para a área da saúde, como
o HL7 (Health Level Seven) e o DICOM (Digital Imaging and Communications in Medicine),
a transferência de informação entre os vários sistemas é feita segundo um modelo Top-to-
Down, ou seja, do sistema mais genérico para os mais específicos. Dessa forma, o sistema mais
específico contém todas as informações propagadas pelos sistemas anteriores, além das suas
próprias, garantindo assim a consistência dos dados em todos os níveis.
De forma similar, a integração de sistemas também é feita para outros serviços e setores do
hospital, por exemplo, entre o HIS e o LIS (do inglês, Laboratory Information System), que é o
sistema responsável pelos exames laboratoriais. Nesse caso, se forem utilizados os padrões HL7
e LOINC (Logical Observation Identifiers Names and Codes), tanto os dados demográficos dos
pacientes e exames podem ser inseridos de forma automática nas interfaces dos equipamentos
laboratoriais como os resultados dos exames podem ser automaticamente enviados para o
S-RES.
Existem várias soluções de SIS comerciais e também algumas de código aberto e licença livre
voltadas para o atendimento em clínicas e serviços de pequeno e médio porte. Da mesma
forma, existem algumas soluções voltadas para os serviços públicos de atenção à saúde em
nível primário e secundário. Em geral, essas soluções seguem basicamente o mesmo modelo
de integração e fluxo de dados que os sistemas hospitalares, porém trabalhando em menor
escala e complexidade. Tal qual no ambiente hospitalar, a garantia da consistência, bem como
a otimização do fluxo de dados entre os diferentes módulos do sistema, do mesmo modo que
entre sistemas diferentes, depende necessariamente da adoção dos padrões de comunicação
estabelecidos para a área da saúde.
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Referências
Bibliográficas
CARVALHO, A. de O. Sistemas de Informação em Saúde para municípios, volume 6 / André
de Oliveira Carvalho, Maria Bernadete de Paula Eduardo. – – São Paulo : Faculdade de Saúde
Pública da Universidade de São Paulo, 1998. – – (Série Saúde & Cidadania).
MARIN, H.F. Sistemas de informação em saúde: considerações gerais. J. Health Inform. 2(1):
20-4, 2010 Inform.
[WHO, 2006] Building foundations for eHealth: progress of Member States: report of the
WHO Global Observatory for eHealth. Geneva, World Health Organization, 2006. Disponível
em www.who.int/goe/publications.
[WHO, 2010] Monitoring the building blocks of health systems: a handbook of indicators
and their measurement strategies.1.Delivery of health care. 2.Monitoring. 3.Health care
quality, access, and evaluation. 4.Health care evaluation mechanisms. 5.National health
programs–organization and administration. World Health Organization, 2010. Disponível
em http://www.who.int/healthinfo/systems/WHO_MBHSS_2010_full_web.pdf
SAIBA MAIS
Para mais detalhes sobre os SIS de âmbito nacional, consultar http://www2.datasus.gov.br/
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Para uma lista de aplicações de código aberto para a saúde, consultar http://en.wikipedia.org/
wiki/List_of_open-source_healthcare_software
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Capítulo 2
Sistemas de Informação em Saúde:
ter ou não ter?
Prezado estudante: nessa semana vamos tentar entender quais são as vantagens e dificuldades
para adoção de um SIS.
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REFLITA A RESPEITO
Essa é uma questão bastante interessante, cuja resposta depende do entendimento das
possibilidades e dificuldades envolvidas na implantação de um S-RES no ambiente real de
atenção à saúde e será trabalhada aqui em uma atividade colaborativa de construção de
conhecimento.
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Referências
Bibliográficas
MARIN, H.F. Sistemas de informação em saúde: considerações gerais. J. Health Inform. 2(1):
20-4, 2010
MCDONALD, C. J. The barriers to electronic medical record systems and how to overcome
them. Journal of the American Medical Informatics Association. 4(3): 213-221, 1997.
PATRÍCIO, C.M. et al. O prontuário eletrônico do paciente no sistema de saúde brasileiro: uma
realidade para os médicos? Scientia Medica, Porto Alegre; 21(3):121-131, 2011.
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Capítulo 3
O Modelo de certificação SBIS-
CFM para S-RES
Prezado estudante: nessas próximas duas semanas vamos conhecer e tentar entender o Modelo
de certificação SBIS-CFM para S-RES.
REFLITA A RESPEITO
Imagine a situação em que dados confidenciais de um paciente sejam acessados sem a devida
autorização, utilizados de forma indevida e que isso implique em danos de qualquer natureza
para essa pessoa. Pelo código de ética médica, a responsabilidade de guarda da informação é
do médico e da equipe de saúde, e se estende também ao responsável legal pela instituição em
casos de hospitais e clínicas, por exemplo.
Foi em resposta a essa questão que o Conselho Federal de Medicina (CFM), em parceria com a
Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), desenvolveu o processo de certificação de
S-RES. Esse processo consiste em uma auditoria do sistema a ser certificado, de forma a verificar
se ele atende a uma série de requisitos funcionais. Tais requisitos estão descritos no Manual de
Certificação para Sistemas de Registro Eletrônico em Saúde (S-RES) e foram estabelecidos com
base em conceitos e padrões nacionais e internacionais de informática em saúde. Basicamente,
o CFM definiu o que o sistema deveria garantir em relação ao arquivamento e a manipulação
dos dados para que seu uso estivesse em conformidade com o código de ética médica, e a SBIS
transformou essas características de uso em requisitos técnicos funcionais. A SBIS também
criou um conjunto de procedimentos e testes práticos que permite verificar a conformidade do
sistema com os requisitos técnicos estabelecidos, e que estão descritos no Manual Operacional
de Ensaios e Análises para Certificação de S-RES. Tanto o manual de certificação quanto o de
ensaios e análises estão disponíveis para acesso público na página da SBIS na área referente à
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Especialização em Informática em Saúde
É importante destacar que a certificação de sistemas junto à SBIS é voluntária. Não existe
normatização nacional que exija a certificação. O próprio CFM exige conformidade com os
requisitos, mas não a certificação propriamente dita, que por ser um processo de auditoria
independente, feita por profissionais especializados, possui um custo associado. As informações
sobre como se solicitar a certificação, bem como os custos do procedimento, se encontram
também na página da SBIS.
ATENÇÃO
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SAIBA MAIS
Um aspecto importante que se deve ressaltar é que, como o acesso ao processo de certificação
é público por meio dos manuais existentes na página da SBIS, qualquer pessoa pode estudar
e aprender a fazer a auditoria de S-RES. Para ser um auditor credenciado junto à SBIS é
necessário fazer um treinamento teórico e prático oficial junto à Sociedade. Existem cursos
oferecidos no mercado por outras instituições que não a SBIS que também dão formação no
processo de certificação. Mas, a formação de auditores para a certificação SBIS-CFM é feita
pela Sociedade ou por meio de parcerias por ela oficialmente reconhecidas. Porém, existe um
mercado de trabalho crescente para profissionais que conheçam o processo de certificação e
saibam fazer a auditoria de sistemas. Muitas empresas procuram profissionais com esse perfil
para fazer uma consultoria conhecida como pré-certificação, ou seja, antes de submeterem
seus produtos ao processo de certificação SBIS-CFM fazem uma pré-avaliação para identificar
e corrigir as não conformidades de seus sistemas. Evidentemente, os profissionais que fazem
a consultoria pré-certificação não fazem parte do corpo de auditores da SBIS e os auditores da
SBIS estão ética e legalmente impedidos de prestar esse tipo de consultoria.
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Especialização em Informática em Saúde
REFLITA A RESPEITO
Em 2007, a resolução CFM n.º 1639/2002 foi revogada e substituída pela resolução CFM n.º
1821/2007, que aprovou as “Normas Técnicas Concernentes à Digitalização e Uso dos Sistemas
Informatizados para a Guarda e Manuseio dos Documentos dos Prontuários dos Pacientes,
Autorizando a Eliminação do Papel e a Troca de Informação Identificada em Saúde”. Com essa
resolução, o CFM tornou obrigatória a aderência aos requisitos da categoria Nível de Garantia
de Segurança 2 (NGS2) do processo de certificação SBIS-CFM para S-RES que utilizam o
certificado digital para os processos de assinatura e autenticação visando eliminar o papel nos
processos de registros de saúde.
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O Manual de Certificação versão 4.1 apresenta duas categorias certificáveis para os sistemas:
• Básica
• Obrigatória.
• Ambulatorial
• NGS1
• Obrigatório.
• NGS2
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• Funcionalidades (FUNC):
• Requisitos de Segurança:
• NGS1:
• Acesso local;
• Acesso Remoto.
• NGS2.
Todo o processo foi amplamente debatido com a sociedade, por meio de inúmeras apresentações
em congressos e seminários, além de consultas e audiências públicas realizadas especificamente
para validar e aprimorar todas as etapas da certificação. Merece destaque o empenho do Grupo
de Interesse em Certificação de Software e Padrões da SBIS, composto por voluntários que
dedicaram inúmeras horas para contribuir com a melhoria e aperfeiçoamento da certificação
como um todo.
A auditoria realizada em um S-RES será feita com base em cenários reais de utilização de
sistemas de registro eletrônico em saúde, concebidos de modo a testá-los de forma rigorosa,
garantindo o nível de funcionalidade e segurança demandados pela sociedade em geral.
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LEITURA OBRIGATÓRIA
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