Fiicha 2 D. F e Sua Analise Actualizada 27.08.24

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 10

Capitulo II-Demostrações Financeiras e Sua Análise

As demonstrações financeiras

As demonstrações financeiras constituem um importante instrumento de apoio à tomada de


decisão nas organizações, permitindo o conhecimento da situação financeira e económica.
Talvez por essa razão, as demonstrações financeiras divulgadas pelas entidades têm sido
objecto de diversos estudos. Silva e Souza (2011, p. 69) afirmam que: “as demonstrações
financeiras também são chamadas de relatórios contabilísticos e são a fonte de informações
para análise, servindo de base, inclusive para avaliar possíveis investimentos”.

Para Ribeiro (2003) as demonstrações financeiras são relatórios ou quadros técnicos que
contêm dados extraídos dos livros, registos e documentos que compõem o sistema
contabilístico de uma entidade.

O Sistema de Normalização Contabilística (SNC), na Base de Apresentação das Demonstração


Financeiras (BADF), define as demonstrações financeiras como uma “representação
estruturada da posição financeira e do desempenho financeiro de uma entidade”; e no parágrafo
47 da Estrutura Conceptual (EC) do mesmo normativo afirma que: “as demonstrações
financeiras retratam os efeitos financeiros das transações e de outros acontecimentos ao agrupá-
los em grandes classes de acordo com as suas características económicas”.

A Norma Contabilística e de Relato Financeiro 1 (NCRF 1) contêm a estrutura e o conteúdo


das demonstrações financeiras. Esta norma, nos parágrafos 6 a 8, relata a forma como as
demonstrações financeiras devem ser identificadas no momento da sua elaboração: ʺas
demonstrações financeiras devem ser identificadas claramente e distinguidas de outra
informação no mesmo documento publicada.ʺ

É importante que os utilizadores consigam distinguir informação que seja preparada a partir
das NCRF de outra informação que possa ser útil aos utentes mas não seja objecto desses
requisitos.

De acordo com a NCRF 1 (p.8), os elementos que se seguem, devem ser sempre referenciados
de forma relevante e repetidas, para facilitar a compreensão da informação apresentada:

a) “O nome da entidade que relata ou outros meios de identificação, e qualquer alteração nessa
informação desde a data do balanço anterior;

1
b) Se as demonstrações financeiras abrangem a entidade individual ou um grupo de entidades;
c) A data do balanço ou o período abrangido pelas demonstrações financeiras, conforme o que
for apropriado para esse componente das demonstrações financeiras;

d) A moeda de apresentação, por regra o Metical; e

e) O nível de arredondamento, que não pode exceder o milhar de unidades da moeda referida
em

d) usado na apresentação de quantias nas demonstrações financeiras”.

O mesmo documento (NCRF1) no seu parágrafo 9 alíneas a) e b), vem estabelecer o período
em que as demonstrações financeiras devem ser apresentadas, ou seja, o período de relato: “as
demonstrações financeiras devem ser apresentadas pelo menos anualmente. Quando se altera
a data do balanço de uma entidade e as demonstrações financeiras anuais sejam apresentadas
para um período mais longo ou mais curto do que um ano, a entidade deve divulgar, além do
período abrangido pelas demonstrações financeiras:

a) Razão para usar um período mais longo ou mais curto; e

b) O facto de que não são inteiramente comparáveis quantias comparativas da demonstração


dos resultados, da demonstração das alterações no capital próprio, da demonstração de fluxos
de caixa e das notas do anexo relacionadas”.

Existem dois pressupostos subjacentes à elaboração das demonstrações financeiras, que são:
Regime do acréscimo (periodização económica): “os efeitos das transações e de outros
acontecimentos são reconhecidos quando eles ocorram e não quando caixa ou equivalentes de
caixa sejam recebidos ou pagos, isto é, os registos são efetuados não com base no caixa mas
sim com base na ocorrência das transações. Sendo assim, informa-se aos utentes não apenas as
transações passadas envolvendo o pagamento e o recebimento de caixa mas também das
obrigações de pagamento no futuro e de recursos que representem caixa a ser recebida no futuro
que seja mais útil aos utilizadores na tomada de decisões económicas”.

Continuidade: as demonstrações financeiras são normalmente preparadas no pressuposto de


que uma entidade é uma entidade em continuidade e de que continuará a operar no futuro
previsível. Daqui que seja assumido que a entidade não tem nem a intenção nem a necessidade
de liquidar ou de reduzir drasticamente o nível das suas operações.

2
Objetivos e importância das demonstrações financeiras

De acordo com Silva e Souza (2011, p. 68) “as demonstrações financeiras são utilizadas pela
gestão da entidade para prestar contas e levar informações sobre o aspeto económico-financeiro
aos acionistas, credores, governo e outros interessados.

As DFʼs apresentam informações úteis que revelam suas operações durante um determinado
período de tempo, e quando analisadas facilitam a detenção dos pontos fortes e fracos
encontrados na realização da sua atividade quer operacional ou não operacional.

Silva e Souza,(2011) afirmam, que demonstrações financeiras são os instrumentos utilizados


pela contabilidade para expôr a situação económico-financeira da empresa e prover aos
diversos utentes internos e/ou externos as informações essas que servem de base para a tomada
de decisões .

As demonstrações financeiras têm como finalidade:

✓ Proporcionar informação útil aos utilizadores;


✓ Avaliar a capacidade da entidade gerar dinheiro e equivalentes de dinheiro e da
tempestividade e certeza da sua geração;
✓ Informar sobre os recursos económicos controlados pela entidade, estrutura financeira,
liquidez e solvência.

O objetivo das demonstrações financeiras é:

✓ Proporcionar informação acerca da posição e do desempenho financeiro e dos fluxos


de caixa de uma empresa que seja útil a uma vasta gama de utentes na tomada de
decisão económica;
✓ Mostrar ainda os resultados da condução, por parte do órgão de gestão, dos recursos a
ele confiados.

As demonstrações financeiras para atingirem os seus objetivos devem fornecer as informações


relativas aos seguintes elementos:

✓ Ativos,
✓ Passivos, e
✓ Capital Próprio (CP),
✓ Rendimentos (réditos e ganhos) e
✓ Gastos (gastos e perdas),
✓ Demonstração das Alterações no Capital Próprio (DACP),

3
✓ Fluxos de Caixa.

Assim, temos as definições:


Activo: é um recurso controlado pela entidade como resultado de acontecimentos
passados e do qual se espera que fluam para a entidade benefícios económicos futuros;
Passivo: é uma obrigação presente da entidade proveniente de acontecimentos
passados, da liquidação da qual se espera que resulte um exfluxo de recursos da
entidade incorporando benefícios económicos;
Capital próprio: é o interesse residual nos ativos da entidade depois de deduzir todos
os seus passivos.

Outras definições
Rendimentos: são aumentos nos benefícios económicos durante o período
contabilístico na forma de influxos ou aumentos de ativos ou diminuições de passivos
que resultem em aumentos no capital próprio, que não sejam os relacionados com as
contribuições dos participantes no capital próprio.

Os rendimentos em réditos e ganhos, definindo os primeiros como aqueles rendimentos que


provêm do decurso das actividades correntes (ou ordinárias) de uma entidade sendo referidos
por uma variedade de nomes diferentes incluindo vendas, honorários, juros, dividendos,
royalties e rendas.

Os Gastos (gastos e perdas): são diminuições nos benefícios económicos durante o período
contabilístico na forma de exfluxos ou deperecimentos de ativos na incorrência de passivos que
resultem em diminuições do capital próprio, que não sejam relacionadas com distribuições aos
participantes no capital próprio.

A distinção entre gastos e perdas é apresentada da seguinte forma: na definição de gastos


engloba perdas assim como aqueles gastos que resultem do decurso das atividades correntes
(ou ordinárias) da entidade. Os gastos que resultem do decurso das atividades ordinárias da
entidade incluem, por exemplo, o custo das vendas, os salários e as depreciações. Tomam
geralmente a forma de um exfluxo ou deperecimento de activos tais como dinheiro e seus
equivalentes, inventários e ativos fixos tangíveis.

4
Importância das demonstrações financeiras

Para entender a importância das demonstrações financeiras importa identificar os seus


utilizadores e os requisitos essenciais porque se deve pautar essa informação. Assim, são
interessados nas DFʼs:

✓ Os stakeholders da empresa para a possível tomada de decisão são;


✓ Investidores;
✓ Os fornecedores de capital de risco e os seus consultores estão ligados ao risco
inerente e ao retorno proporcionado pelos seus investimentos.

Todos eles necessitam de informação para os ajudar a determinar se devem comprar, deter
ou vender.

Os acionistas estão também interessados em informação que lhes facilite determinar a


capacidade da entidade pagar dividendos.

Empregados: Os empregados e os seus grupos representativos estão interessados na


informação acerca da estabilidade e da lucratividade dos seus empregadores. Estão
também interessados na informação que os habilite a avaliar a capacidade da entidade
proporcionar remuneração, benefícios de reforma e oportunidades de emprego.

Mutuantes: Os mutuantes estão interessados em informação que lhes permita determinar


se os seus empréstimos, e os juros que a eles respeitam, serão pagos quando vencidos.

Fornecedores e outros credores comerciais: Os fornecedores e outros credores estão


interessados em informação que lhes permita determinar se as quantias que lhes são
devidas serão pagas no vencimento. Os credores comerciais estão provavelmente
interessados numa entidade durante um período mais curto que os mutuantes a menos que
estejam dependentes da continuação da entidade como um cliente importante.

Clientes: Os clientes têm interesse em informação acerca da continuação de uma


entidade, especialmente quando com ela têm envolvimentos a prazo, ou dela estão
dependentes.

Governo e seus departamentos: O Governo e os seus departamentos estão interessados


na alocação de recursos e, por isso, nas atividades das entidades. Também exigem

5
informação a fim de regularem as atividades das entidades, determinar as políticas de
tributação e como base para estatísticas do rendimento nacional e outras semelhantes.

Público: As entidades afetam o público de diversos modos. Por exemplo, podem dar uma
contribuição substancial à economia local de muitas maneiras incluindo o número de pessoas
que empregam e patrocinar comércio dos fornecedores locais.

As DFʼs podem ajudar o público ao proporcionar informação acerca das tendências e


desenvolvimentos recentes na prosperidade da entidade e leque das suas atividades.

Requisitos essenciais da informação financeira

Temos as características qualitativas das demonstrações financeiras e os atributos que tornam


a informação proporcionada nas demonstrações financeiras útil aos utentes.

Deem ter como base os quatro principais a saber: a compreensibilidade, a relevância, a


fiabilidade e a comparabilidade.

Compreensibilidade: Uma qualidade essencial da informação proporcionada nas


demonstrações financeiras é a de que ela seja rapidamente compreensível pelos utentes. Para
este fim, presume-se que os utentes tenham os seguintes pressupostos: os utentes têm um
razoável conhecimento das atividades económico - empresariais e da contabilidade, e vontade
de estudar a informação com razoável diligência.

Relevância: Para ser útil, a informação tem de ser relevante para a tomada de decisões dos
utentes. A informação tem a qualidade da relevância quando influencia as decisões económicas
dos utentes ao ajudá-los a avaliar os acontecimentos passados, presentes ou futuros ou
confirmar, ou corrigir, as suas avaliações passadas.

Fiabilidade: Para que seja útil, a informação também deve ser fiável. A informação tem a
qualidade da fiabilidade quando estiver isenta de erros materiais e de preconceitos, e os utentes
dela possam depender ao representar fidedignamente o que ela ou pretende representar ou pode
razoavelmente esperar -se que represente.

Conjunto das demonstrações financeiras

6
Um conjunto completo de demonstrações financeiras inclui: balanço; demonstração dos
resultados (DR); demonstração das alterações no capital próprio (DACP); demonstração dos
fluxos de caixa (DFC); e anexos.

1-O balanço: é um instrumento contabilístico que apresenta ou demonstra a posição financeira


da entidade num determinado período de tempo. O balanço para poder retratar a respetiva
situação, mostra de forma contabilística os ativos (bens e direitos, ou seja, aquilo que a
organização possui), os passivos (as suas dívidas) e evidencia a diferença entre ambos (Salas,
2005).

O balanço é como uma fotografia da entidade. A partir desta ferramenta os gestores podem
aceder a informações úteis à sua atividade e a partir daí passam a ter uma ideia mais ampla dos
meios monetários disponíveis, do estado das suas dívidas e das suas fontes de financiamento.
Segundo Neves (2000) o balanço de uma entidade retrata três ideias cruciais:

✓ A comparação entre o ativo e o passivo, evidenciando o capital próprio;


✓ um conjunto de contas, com valores de sinal contrário, em equilíbrio; e
✓ um mapa ou documento em que se representa aquela comparação e o equilíbrio de
contas.

É de notar que o balanço é constituído por bens e direitos que compõem o ativo, as obrigações
que constituem o passivo e a situação líquida correspondente ao capital próprio. O capital
próprio e o passivo representam as origens de capital e o ativo as devidas aplicações.

De acordo com as normas uma entidade deve apresentar ativos correntes e não correntes, e
passivos correntes e não correntes, como classificações separadas na face do balanço.

A norma determina as condições que levam a considerar um ativo como corrente:

• Espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido, no


decurso normal do ciclo operacional da entidade;
• Esteja detido essencialmente para a finalidade de ser negociado;
• Espera-se que seja realizado num período até doze meses após a data do balanço; ou
• É caixa ou equivalente de caixa, a menos que lhe seja limitada a troca ou uso para
liquidar um passivo durante pelo menos doze meses após a data do balanço.

Os elementos que não se enquadram neste âmbito podem ser considerados como ativo não
corrente. A norma determina que um elemento deve ser considerado como passivo
corrente quando:

7
• Se espere que seja liquidado durante o ciclo operacional normal da entidade;
• Esteja detido essencialmente para a finalidade de ser negociado;
• Deva ser liquidado num período até doze meses após a data do balanço; ou
• A entidade não tenha um direito incondicional de diferir a liquidação do passivo
durante pelo menos doze meses após a data do balanço.

Os restantes passivos devem ser entendidos como não correntes.

2-Demonstração dos resultados: A demonstração dos resultados também pode ser chamada de
demonstração dos resultados do período.

Segundo Gitman (2010, p. 102) “fornece um resumo financeiro dos resultados operacionais da
entidade durante um período específico de tempo, sendo mais comum o período que vai até 31
de Dezembro de cada ano”.

Este documento permite avaliar a eficiência económica da entidade. Com a implementação do


SNC, este documento contabilístico também foi modificado, adotou-se um formato vertical em
substituição do formato horizontal. De acordo com a NCRF 1 (§35) “uma entidade não deve
apresentar itens de rendimento e de gasto como itens extraordinários, quer na face da
demonstração dos resultados quer no anexo”, o que constitui uma alteração significativa
relativamente ao Plano Geral de Contabilidade (PGC) que permitia o reconhecimento de
elementos como extraordinários.

A demonstração dos resultados é uma verdadeira combinação entre rendimentos e gastos de


forma a saber-se qual o resultado da entidade no final de um determinado período de tempo.
Isto é, a utilização da demonstração dos resultados permite realçar os seguintes aspetos: o
crescimento de cada resultado, indicando rubrica a rubrica o valor produzido pela entidade; e
os custos fixos e variáveis possibilitando, o estudo dos seus efeitos na criação da rendibilidade
de exploração do negócio.

3- Demonstração dos fluxos de caixa: é um balanço integrante do conjunto completo das


demonstrações financeiras, sendo desenvolvida exclusivamente na NCRF 2.

Para Kuster e Nogacz (2002) esta demonstração “é um instrumento que permite ao gestor
monitorar a evolução do equilíbrio ou desequilíbrio entre a entrada e saída de dinheiro durante
um determinado período, possibilitando a adoção antecipada de medidas que venham assegurar
a disponibilidade de recursos para o suprimento das necessidades de caixa”.

8
Para estes autores “toda a atividade realizada por uma entidade resume-se na entrada e saída
de dinheiro e é nesse jogo de entra e sai que o Fluxo de Caixa é importante, uma vez que ajuda-
nos a perceber antecipadamente quando vão faltar ou sobrar recursos”.

Objectivos da demonstração dos fluxos de caixa

1-Relatar os fluxos de caixa do período,

2- Classifica-los quanto ao seu destino ou origem por tipo de atividade,

3- Proporcionando deste modo informação que termite determinar o impacto dessas atividades
na posição financeira da entidade e quantias de caixa e seus equivalentes.

Segundo Almeida et al. (2010) este documento contabilístico auxilia os stakeholders a obter
informações concernentes à: necessidade de recurso ao financiamento externo; capacidade de
gerar fluxos de caixa positivos no futuro; relação entre o resultado patenteado nos documentos
de prestação de contas e os fluxos líquidos de caixa originados pelas atividades operacionais,
de investimento e de financiamento; capacidade da empresa em solver os compromissos e
pagar dividendos; explicação das variações ocorridas na situação financeira entre o início e o
final de um período contabilístico.

Elementos que integram a demonstração dos fluxos de caixa

Para permitir a sua compreensão o fluxo de caixa integra os seguintes elementos:

a) Actividades de financiamento: são as atividades que têm como consequência alterações


na dimensão e composição do capital próprio contribuído e nos empréstimos obtidos
pela entidade.
b) Actividades de investimento: são a aquisição e alienação de ativos a longo prazo e de
outros investimentos não incluídos em equivalentes de caixa.
c) Actividades operacionais: são as principais atividades produtoras de rédito da entidade
e outras atividades que não sejam de investimento ou de financiamento.

Caixa: compreende o dinheiro em caixa e em depósitos à ordem.

Equivalentes ao caixa: são investimentos financeiros a curto prazo, altamente líquidos


que sejam prontamente convertíveis para quantias conhecidas de dinheiro e que estejam
sujeitos a um risco insignificante de alterações de valor.

Fluxos de caixa: são influxos (recebimentos, entradas) e exfluxos (pagamentos, saídas) de


caixa e seus equivalentes.

9
A demonstração dos fluxos de caixa podia ser apresentada pelo método direto e/ou pelo
método indireto, mas o SNC veio determinar que os fluxos de caixa das atividades
operacionais sejam relatados pelo método direto.

Esta demonstração é de divulgação obrigatória, e hoje é considerada uma das mais


importantes por revelar as diferentes fontes de entrada e os diferentes destinos de saída de
meios monetários na entidade.

10

Você também pode gostar