Educação e Qualidade - Desafios Do Século XXI

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REGIÃO ACADÉMICA III

UNIVERSIDADE 11 DE NOVEMBRO
Instituto Superior de Ciências da Educação de Cabinda
(ISCED – CABINDA / 2018)
3ª Edição
do
A Educação Hoje e Amanhã:
23 de Setembro
Legislação, Financiamento, Investigação e Práticas Pedagógicas

EDUCAÇÃO E QUALIDADE:
“DESAFIOS DO SÉCULO XXI”

PRELECTOR: ALBERTO PADI SITA


RESUMO Por: Alberto Padi Sita

“Na era do conceito, a mente que não se abrir para alguma coisa nova, é velha”.

O objectivo deste estudo é promover reflexões sobre o futuro do ensino superior em Angola,
baseadas na norma NP EN ISO 9001:2008 que define as linhas de força para um sistema de
gestão da qualidade das organizações. Esta pesquisa vem contribuir no processo da qualidade
nas instituições de ensino superior público e privado em Angola, que ultrapasse as fronteiras da
satisfação e sugerir um modelo de cursos prioritários e competitivo no sector do ensino
superior, que favorece a maximização de resultados da qualidade num processo que pode
começar em 2018 à 2025. Apresenta como estudo de caso as instituições da Região Académica
III em Angola. A justificação desta pesquisa, é fundamentada por algumas razões: 1ª, pelo facto
de tratar de um estudo actual e bastante debatido nos dias de hoje, está ligada à gestão e
inovação da qualidade e estuda os motivos da fuga de estudantes da púbica para as privadas em
tempos de crise. 2ª, o modelo apresenta nove estratégias inovadoras e cursos prioritários
capazes de trazer qualidade nas IES públicas e privadas em Angola. A metodologia, obedeceu
um design exploratório e bibliográfico com 43 estudantes, 26 funcionários administrativos e 22
docentes, que contribuíram na pesquisa. Viu-se que a qualidade nas instituições superior
pública e privada, constitui orgulho de um País. Assim, o modelo estratégico apresentado pode
ser o caminho.

Palavras-chave: Qualidade de ensino, estratégias inovadoras, ISO 9001:2008, cursos prioritários,


gestão participativa.

O futuro do ensino superior em angola Alberto Padi Sita


Por: Alberto Padi Sita

CONTEXTUALIZACAO DA QUALIDADE DO ENSINO SUPERIOR EM


ANGOLA

Introdução

 As organizações actualmente, tendo em conta as diversas mudanças


acontecendo dia-após-dia na conjuntura multi-sectorial no contexto
mundial, têm sofrido exigências de modos a garantirem qualidade nos
seus serviços, pese embora ter vários significados. A qualidade dos
serviços é uma temática que preocupa os países.

 A velocidade dessas mudanças orientam as pessoas à necessidade de


desenvolverem competências que lhes possibilitem a adaptação a novas
situações, aumentando a capacidade de resolução dos novos e complexos
problemas, no sentido de permitir, com sucesso o cumprimento dos
objectivos desses País. Angola, não está fora desses requisitos e sobre
tudo, quando se trata das Instituições de Ensino Superior.

O futuro do ensino superior em angola Alberto Padi Sita


CONTEXTUALIZACAO DA QUALIDADE DO ENSINO SUPERIOR EM
ANGOLA

Introdução

“Angola nos últimos anos investiu + de 480 milhões de dólares em instituições de ensino público... a
começar por investir para o aumento da quantidade e agora impõe-se que haja mais investimentos para
melhorar a qualidade do ensino que é prestado”.
José Eduardo dos Santos (Julho: 2012)

Manuel Vicente no acto oficial de abertura do ano académico 2017 na província


de Bengo, recordou que: Angola tem cerca de 24 universidades públicas e 41
privadas.
“O ensino superior tem conhecido um crescimento quantitativo notório. É de salientar, no entanto, que o
crescimento quantitativo que se verifica deve ser acompanhado de um esforço que promova a qualidade e
assim, o Governo prevê gastar neste ano, + de 80 milhões de kwanzas (ou seja mais de 482.155,71
milhões de euros) com o ensino superior público, equivalente a 1% de todas as despesas orçamentadas
para este ano”.

Ensino superior:
“É o conjunto de instituições, disposições e recursos que visam a formação de
quadros de alto nível para os diferentes ramos de actividade económica e social do País”
(Decreto nº 90/09 de 15 de dezembro, artigo 3º)

O futuro do ensino superior em angola Alberto Padi Sita


PROBLEMÁTIZAÇÃO

A qualidade do ensino, é uma variável sine qua non para o desenvolvimento de um


país. Tendo em conta a proliferação das instituições de ensino superior e a cifra de
certificados circulando no país, bem como a fuga de docentes universitários
efectivos para outras empresas dentre e outras inquietações de maior ou menor
ocorrência local e nacional a começar nas infraestruturas, governação das
instituições universitárias, programas de ensino e os conteúdos lecionados, levou-
me a reflectir o futuro do ensino superior em Angola diante da diversidade
socioeconómico actual, nas seguintes questões de partida:

1. Tendo em conta a proliferação das Instituições de Ensino Superior no Pais e o número


crescente de graduados, será sinonimo de que estamos perante um ensino de
qualidade?

2. A qualidade nas Instituições de Ensino Superior, depende da liderança?

O futuro do ensino superior em angola Alberto Padi Sita


OBJECTIVOS DA INVESTIGAÇÃO

GERAL

 Promover reflexões sobre o futuro do ensino superior em Angola baseadas


na norma NP EN ISO 9001:2008 que define as linhas de força para um
sistema de gestão da qualidade das organizações.
Esta norma é aplicada em mais de 170 países do mundo, sendo
componente estratégica estabelece, como uma organização
deve avaliar a satisfação dos seus clientes quanto a organização,
produtos e serviços que recebem.
ESPECIFICOS

 Contribuir no processo da qualidade nas instituições de ensino superior


público e privado em Angola, que ultrapasse as fronteiras da satisfação.

 Sugerir um modelo prioritário e competitivo no sector do ensino superior,


que favorece a maximização de resultados da qualidade num processo que
pode começar em 2018 à 2025 com um investimento de mais de 482 mil
dólares Americanos.

O futuro do ensino superior em angola Por: Alberto Padi Sita


MODELO METODOLOGICO UTILIZADO

Tendo em conta à sua amplitude e objectivos, caracterizou-se a pesquisa como sendo exploratória e bibliográfica, para
proporcionar maior familiaridade com os problemas, com vista a torná-los mais explícito e construir hipóteses.
“É uma metodologia essencialmente qualitativa e quantitativa onde o investigador é o instrumento principal” Bodgan e Biklen (1994, p.292).
ESTUDO EXPLORATÓRIO

Âmbito dos sistemas de garantia da qualidade


A qualidade pode ser atendida de várias maneiras, dependendo da visão do
pesquisador e dos objectivos que se quer atingir.

A qualidade é um conceito visto como opção, para a reorientação gerencial que considera
os serviços, o cliente interno e externo o centro de atenção da organização.

O aumento de instituições de ensino superior e de licenciados não traduz a


qualidade de ensino. O nosso ensino superior desde o seu início em 1962 até 2002,
deu passos significativos no que tange a proliferação. Mas, não acompanhou a
qualidade, embora haja algumas excepções, sobretudo nas áreas das ciências
sociais. A qualidade de ensino no país ainda é um desafio.

Para um ensino de qualidade e competitivo, é necessário um processo que depende


desde a organização do sistema do ensino, passando pela organização dos cursos,
harmonização dos planos curriculares, contextualização dos conteúdos que são
lecionados, reconhecimento do professor universitário, e uma investigação científica
sustentada.

O futuro do ensino superior em angola Por: Alberto Padi Sita


ESTUDO EXPLORATÓRIO

Âmbito dos sistemas de garantia da qualidade


É preciso o reconhecimento dos quadros nacionais dado que são imprescindíveis
para diminuir as importações e aumentar as exportações de modo a melhorar a
situação económica do país.

Liderança é uma virtude ética que visa influenciar as pessoas a empenhar-se de


uma forma aberta e participativa num determinado processo, com objectivos de
saírem-se bem. Mas, acima de tudo, é uma acção ou função demostrada por uma
pessoa humilde que estimula e ajuda o grupo e a organização a crescer.
O estilo de governação das instituições universitárias influencia o processo da
qualidade, quando não garantir eficiência e a eficácia de gestão.
É objectivo de qualquer organização garantir eficácia e a eficiência nos seus serviços.
(DRUCKER, 1998)

Eficiência
está na forma como fazemos as coisas. Exige o amor, ética, domínio do processo e ser ágil, minimizando as ropturas.
Geralmente está ligada ao nível operacional.

Eficácia
é fazer as coisas certas. O que significa, fazer com que as coisas certas sejam feitas de acordo aos objectivos planeados
atendendo o ambiente que o rodeia. está voltado aos resultados. E geralmente está ligada ao nível gerencial.

O futuro do ensino superior em angola Por: Alberto Padi Sita


ESTUDO EXPLORATÓRIO
Âmbito dos sistemas de garantia da qualidade
Velho conceito de qualidade
Qualidade significa satisfazer os requisitos do produto e a opinião do cliente
não conta. O nosso ensino superior público ou privado é quase cópia do
ensino médio. O professor entra na sala de aula e prega o que pensa que
sabe e a opinião do aluno não vale.
Ė verdade que a liberacao da energia atomica mudou tudo, menos nossa maneira de pensar.
“EINSTEIN”

A sala de aula converteu-se em local de terror. Não podemos continuar a


administrar o ensino superior de forma lipua-lipua. O momento do capataz-
chefe acabou. Precisamos olhar o aluno, como marca envolvida no sucesso
da instituição e prestar atenção as suas opiniões. E a qualidade deste
processo está nos resultados.
Na nova era a opinião do cliente é importante. Esse modelo de gestão
considera o aluno como parceiro ou seja stakeholder da gestão da
organização.
O futuro do ensino superior em angola Por: Alberto Padi Sita
ESTUDO EXPLORATÓRIO

Âmbito dos sistemas de garantia da qualidade


Estudantes de diversos cursos da universidade pública emigram para
instituições privadas, dando seguimento os seus estudos. A falta de estratégias
de gestão que resultem em benefícios no que toca á melhoria da qualidade dos
serviços e da produtividade que melhor acomodam seus estudantes face a
competitividade do mercado, dando espaço as instituições privadas, conquistar
seus clientes e o mercado.
O parceiro hoje é mais exigente e insatisfeito. Varias organizações tornaram-
se velhas no mercado porque estão satisfeitas a maneira que gerenciam o
ensino superior. A satisfação é um estado que paralisa, estagna e
adormece. Nos conduz a um estado perigoso de velhice e tranquilidade.

Guimarães Rosa, escritor brasileiro, dizia: O animal


satisfeito dorme.

O futuro do ensino superior em angola Por: Alberto Padi Sita


LINHAS DE FORÇA PARA O PROCESSO DE ENSINO SUPERIOR
EM ANGOLA

Factores criticos da qualidade


Benjamin Disraeli (Advogado, escritor e político britânico), aconselha que: “Uma Instituição universitária deve ser
um espaço de luz, de liberdade e de aprendizagem.”

O papel da universidade é de orientar a construção do conhecimentos e


promover debates de qualidade e inovação, para que se alcancem os
objectivos que sejam úteis à sociedade.

Para Deming, a qualidade é um grau previsível de uniformidade e confiança


ao mais baixo custo e adaptação às necessidades do mercado.

Ishikawa, considera que para se ter qualidade é necessária a satisfação do


cliente interno e externo de modo a que as suas expectativas sejam atingidas,
com base uma melhoria contínua do processo.
Junior e Bonelli (2006), definem qualidade sendo o conjunto de acções dirigidas a fim de se obter características
do serviço com capacidade de satisfazer plenamente as necessidades e expectativas do cliente.

O futuro do ensino superior em angola Por: Alberto Padi Sita


LINHAS DE FORÇA PARA O PROCESSO DE ENSINO SUPERIOR
EM ANGOLA

Factores criticos da qualidade

A Directora Nacional de Formação Avançada e Investigação Científica do


Ministério do Ensino Superior, mencionou : (Nova Gazeta, 2016, p.19)

“há déficet de professores mestres e doutores nas instituições públicas


do Ensino Superior […] apenas 22 por cento dos docentes possui grau de
mestre e seis por cento o grau de doutoramento”.

Na Região Académica III em Cabinda, notamos por exemplo, instituições em


tabelas de riscos de aceitação de estudantes e de quadros docentes efectivos
que mostramos:

O futuro do ensino superior em angola Por: Alberto Padi Sita


ESTUDO DE CASO:
Instituto Superior Politécnico Lusíada de Cabinda – ISPLC (inaugurada em 2002)
Funciona num estabelecimento não próprio.

Análise de resultados do inqérito realizado no ISPLC

Por: Alberto Padi Sita


ANÁLISE DE RESULTADOS DO INQÉRITO REALIZADO NO ISPLC

O futuro do ensino superior em angola Por: Alberto Padi Sita


(inaugurada em 2003)
ANÁLISE DE RESULTADOS DO INQÉRITO REALIZADO NO ISPCAB
Funciona num estabelecimento não próprio.

O futuro do ensino superior em angola Por: Alberto Padi Sita


ANÁLISE DE RESULTADOS DO INQÉRITO REALIZADO NO ISPCAB

O futuro do ensino superior em angola Por: Alberto Padi Sita


(inaugurada em 2008)
ANÁLISE DE RESULTADOS DO INQÉRITO REALIZADO NO ISCED
Funciona num estabelecimento não próprio.

O futuro do ensino superior em angola Por: Alberto Padi Sita


Por: Alberto Padi Sita

9 Estratégias integradas para gestão da qualidade nas IES em Angola


1. Foco centrado em seu principal parceiro — a sociedade
2. Apostar em cursos prioritários e rentáveis desde o ensino médio ao superior nas
áreas de maior rentabilidades no processo de diversificação da economia no país
3. Possuir quadro docente efectivo e com espirito à investigação cientifica e a
responsabilidade social
4. Realizar serviços com maior qualidade e rigor e oferecer ao estudante mais valor
agregado e ao mesmo tempo optar por preços competitivos e harmonizados
5. Apostar em docentes e estudantes no sentido de desenvolver em parceria com
empresas e governo projectos inovador que possam beneficiar os diversos sectores no
país
6. Possuir uma estrutura orgânica com pessoal competente e não por afinidade e que
exercem funções em espirito de equipa, no estilo de gestão participativo e transparente
7. Definir acções político-pedagógicos oriundos de sua visão estratégica e definido pelo
consenso de sua equipa de trabalho – stakeholders para a atrair mais parceiros
8. Saber planear, distribuir, acompanhar e avaliar sistematicamente os processos
9. Saber investir o financiamento recebido para o ensino superior de qualidade no país.
O modelo proposto, é possível com a formação urgente de quadros
técnico-profissionais qualificados nos cursos prioritários e identificados
no País, desde o ensino médio ao superior estimulando assim, a indústria
nacional e transformar localmente as matérias-primas, que são exportadas
de forma bruta e que beneficiam outros países.

Modelo abaixo:

O futuro do ensino superior em angola Por: Alberto Padi Sita


Modelo dos cursos prioritários para o ensino superior em Angola

O futuro do ensino superior em angola Por: Alberto Padi Sita


CONCLUSÕES

1. A solução do problema da qualidade do ensino superior em Angola pode ser resolvido desde
o reconhecimento social do professor, até aos níveis de base.

2. Os planos curriculares de ensino devem ser criados e harmonizados em função das


prioridades e necessidades locais, nacionais e “além-fronteiras”.

3. Que o governo e empresas olhem para as instituições de ensino superior com uma visão de
parceria, onde se poderia assinar protocolos de apetrechamento das bibliotecas, laboratórios e
apoiar o processo de investigação científica dos professores.

4. Que as IES possam criar políticas de parcerias de bibliotecas em rede informática com
outras instituições locais, nacionais e internacionais.

5. Que as Instituições de ensino superior investam nas tecnologias de informação, porque


actualmente não se consegue viver numa instituição de ensino superior sem internet ao
alcance de estudantes e professores.

6. A qualidade nas instituições superior públicas e privadas, constitui orgulho de um País.


Assim, o modelo estratégico apresentado pode ser o caminho.

O futuro do ensino superior em angola Por: Alberto Padi Sita


Na era do conceito, a mente que não se abrir para alguma coisa nova, é velha.

OBRIGADO
Cabinda, 15 de Novebro de 2017

O futuro do ensino superior em angola Por: Alberto Padi Sita


BIBLIOGRAFIA

BOGDAN, R. & Biklen S. (1994). Investigação Qualitativa em Educação. Porto: Porto Editora.

CASCONCELLOS, C. dos S. (1998), Avaliação da aprendizagem: práticas de mudança – por uma


práxis transformadora. S. Paulo: Libertad.

DRUCKER, Peter (1998). Introdução à administração. Tradução de Carlos Afonso Malferrari. 3.ed. São
Paulo: Pioneira.

DECRETO n.º 90/09 de 15 de Dezembro - Conselho de Ministros (o processo de avaliação do ensino


superior)

ISO, Norma NP EN ISO 9001:2008, Sistemas de Gestão da Qualidade – requisitos, IPQ, Caparica, 2000.

HOFFMANN, J. (1996), Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola à


Universidade. 8ª ed. Porto Alegre: mediação.

MIRANDA, Roberto Lira. Qualidade total: rompendo as barreiras entre a teoria e a prática. 2. ed. São
Paulo: Makron Books, 1994.

SOUSA, N. Miguel (2011), Avaliação da aprendizagem: A prova que não prova nada – 1ª. Ed. Londrina:
Artgraf.

O futuro do ensino superior em angola Por: Alberto Padi Sita

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