Texto - Povos Indígenas de Pernambuco

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ESCOLA CORONEL VALEIRIANO EUGÊNIO DE MELO – CAIXA D’ÁGUA – OLINDA

HISTÓRIA
PROF.: CARLOS FERNANDO
1 ANO DO ENSINO MÉDIO

POVOS INDÍGENAS
http://pib.socioambiental.org/pt/c/no-brasil-atual/quem-sao/povos-indigenas. Acesso em 26/04/2016
Em pleno século XXI a grande maioria dos brasileiros ignora a imensa diversidade de povos indígenas que
vivem no país. Estima-se que, na época da chegada dos europeus, fossem mais de 1.000 povos, somando entre
2 e 4 milhões de pessoas. Atualmente encontramos no território brasileiro 246 povos, falantes de mais de 150
línguasdiferentes. Os povos indígenas somam, segundo o Censo IBGE 2010, 896.917 pessoas. Destes, 324.834
vivem em cidades e 572.083 em áreas rurais, o que corresponde aproximadamente a 0,47% da população total
do país. A maior parte dessa população distribui-se por milhares de aldeias, situadas no interior de 700 Terras
Indígenas, de norte a sul do território nacional.
Falar, hoje, em povos indígenas no Brasil significa reconhecer, basicamente, seis coisas:
• Nestas terras colonizadas por portugueses, onde viria a se formar um país chamado Brasil, já havia
populações humanas que ocupavam territórios específicos;
• Não sabemos exatamente de onde vieram; dizemos que são "originárias" ou "nativas" porque estavam
por aqui antes da ocupação européia;
• Certos grupos de pessoas que vivem atualmente no território brasileiro estão historicamente vinculados
a esses primeiros povos;
• Os índios que estão hoje no Brasil têm uma longa história, que começou a se diferenciar daquela da
civilização ocidental ainda na chamada "pré-história" (com fluxos migratórios do "Velho Mundo" para a
América ocorridos há dezenas de milhares de anos); a história "deles" voltou a se aproximar da "nossa"
há cerca de, apenas, 500 anos (com a chegada dos portugueses);
• Como todo grupo humano, os povos indígenas têm culturas que resultam da história de relações que se
dão entre os próprios homens e entre estes e o meio ambiente; uma história que, no seu caso, foi (e
continua sendo) drasticamente alterada pela realidade da colonização;
• A divisão territorial em países (Brasil, Venezuela, Bolívia etc.) não coincide, necessariamente, com a
ocupação indígena do espaço; em muitos casos, os povos que hoje vivem em uma região de fronteiras
internacionais já ocupavam essa área antes da criação das divisões entre os países; é por isso que faz
mais sentido dizer povos indígenas no Brasil do que do Brasil.
A expressão genérica povos indígenas refere-se a grupos humanos espalhados por todo o mundo, e que são
bastante diferentes entre si. É apenas o uso corrente da linguagem que faz com que, em nosso país e em outros,
fale-se em povos indígenas, ao passo que, na Austrália, por exemplo, a forma genérica para designá-los seja
aborígines.
Indígena ou aborígine, como ensina o dicionário, quer dizer "originário de determinado país, região ou
localidade; nativo". Aliás, nativos e autóctones são outras expressões usadas, ao redor do mundo, para
denominar esses povos.
O que todos os povos indígenas têm em comum? Antes de tudo, o fato de cada qual se identificar como uma
coletividade específica, distinta de outras com as quais convive e, principalmente, do conjunto da sociedade
nacional na qual está inserida.
Índios, Ameríndios
Genericamente, os povos indígenas que vivem não apenas em nosso país, mas em todo o continente americano,
são também chamados de índios. Essa palavra é fruto do equívoco histórico dos primeiros colonizadores que,
tendo chegado às Américas, julgaram estar na Índia. Apesar do erro, o uso continuado - até mesmo por parte
dos próprios índios - faz da palavra, no Brasil de hoje, um sinônimo de indivíduo indígena. Como há certas
semelhanças que unem os índios das Américas do Norte, Central e do Sul, há quem prefira chamá-los, todos, de
ameríndios. Os índios ou ameríndios são, então, os povos indígenas das Américas. Em décadas passadas, uma
outra palavra era bastante usada no Brasil para designar genericamente os índios:silvícolas ("quem nasce ou
vive nas selvas"). O termo é totalmente inadequado, porque o que faz de alguém indígena não é o fato de viver
ou ter nascido na "selva".
HISTÓRICO DOS ÍNDIOS DE PERNAMBUCO. Postado por Manoel Messias Índio Kapinawá municipio
de Buíque-PE. http://www.famalia.com.br.

A história dos povos indígenas de Pernambuco, como a dos demais índios brasileiros, é tarefa ainda a ser
realizada. Ao pesquisador se oferecem, como ponto de partida, as dificuldades provocadas pelo fato de que
nossos índios não tinham uma linguagem escrita, e que na história do Brasil os personagens indígenas aparecem
como o quase animal a ser domado ou exterminado, e não como um semelhante que merecesse do europeu
conquistador um tratamento semelhante ao dispensado pelos historiadores e antropólogos modernos.
Assim, é na história da formação da sociedade brasileira que estão escritos, de forma nem sempre precisa, os
poucos dados existentes da história indígena, e do processo que significou a quase extinção dos habitantes
originais deste país. Se por um lado, a sociedade brasileira assimilou, além da contribuição à sua formação
étnica, usos e costumes indígenas, por outro, não lhe foi ensinado a valorizar a participação do elemento
indígena na alimentação, no português aqui falado, na habitação pobre de milhões de brasileiros que vivem em
casa de taipa, nos utensílios usados, etc. deixou-se de aprender que nomes como Gravatá, Caruaru e Garanhuns,
para citar apenas alguns municípios de Pernambuco, assim como até mesmo bairros do Recife, como
Parnamirim e Capunga, estão associados a antigos locais de moradia dos índios. esta mesma contradição é
encontrada no estudo da colonização portuguesa em terras pernambucanas que encerra por um lado aspectos de
esforço e tenacidade por parte dos portugueses e apresenta ao mesmo tempo exemplo lastimável e brutal de
extermínio do elemento indígena.
Como em outras regiões do Brasil, a ocupação do território pernambucano se iniciou pela costa, nas terras
apropriadas ao desenvolvimento da agroindústria do açúcar, empreendimento em cujo o início o indígena servia
de braço escravo nos engenhos e no trabalho das lavouras principalmente nos estabelecimentos que não
comportavam o dispêndio de capital exigido pelo elemento africano.
Marcando o fim de um primeiro período de povoação caracterizado por aparente tranquilidade, a reação dos
indígenas a tal regime de trabalho e exploração, cedo se fez sentir na forma de hostilidades, assaltos,
devastações de engenhos e propriedades, promovidos principalmente pelos Caetés, temíveis ocupantes da costa
de Pernambuco, e, posteriormente também pelos Potyguaras que habitavam no extremo norte de Pernambuco e
pelos Tabajaras, estes antigos aliados dos portugueses. A ação violenta dos portugueses foi redobrada quando
foi morto o primeiro bispo do Brasil, acontecimento que motivou a resolução régia estabelecendo escravidão
perpétua aos Caetés. Na prática, tal medida se estendeu a todos os demais indígenas do litoral e deu caráter
legal ao regime primário de esbulho, escravidão e morte instituído pelos chamados nobres que aqui se
instalaram. Desde então, a guerra contra os indígenas tomou caráter sistemático, atenuada apenas quando da
aliança de muitas tribos com os franceses e os holandeses que disputavam aos portugueses o domínio da terra,
exceto nessas ocasiões, restou aos índios sobreviventes o recurso de emigrar para mais longe da costa.
A prosperidade do empreendimento colonial, entretanto, dependia enormemente do gado que, além de produto
básico de alimentação servia como agente motor e meio de transporte, dando origem à primeira fase de
expansão da pecuária que se transformaria rapidamente na forma mais generalizada de ocupação das terras do
interior nordestino. No litoral, a agricultura e a criação de gado mostraram-se desde cedo incompatíveis, e, em
defesa das plantações, promoveu-se a retirada dos currais para o interior, distante dos engenhos, dos canaviais e
dos mandiocais.
Nos fins do século XVIII, vastas extensões do médio São Francisco estavam ocupadas, e o estabelecimento de
currais se faria também em direção ao norte, ao longo do vale do Rio Pajeú, atravessando Pernambuco e, em
seguida a Paraíba, o rio grande do norte, e a oeste, o Piauí. Iniciou-se também nas novas áreas ocupadas a
distribuição das sesmarias para as quais eram atraídas vastas populações para fundar os currais. As relações
entre criadores e indígenas eram bem menos hostis que entre estes e os senhores de engenho. os grupos mais
acessíveis ao convívio com os novos donos da terra e ao trabalho mais ameno nas fazendas de criação permitiu
a aliança entre brancos e índios embora isto não impedisse que várias guerras fossem necessárias para expulsar
ou exterminar as muitas tribos que se opuseram tenazmente à invasão do seu território. para reforçar a ação dos
criadores contra as nações rebeldes, convocaram-se inclusive os serviços dos paulistas, experientes
exterminadores de índios, muitos dos quais permaneceram como povoadores das terras.
O levantamento é incompleto e calcado apenas parte de fontes ainda a serem extensivamente exploradas, esta
informação torna-se particularmente significativa ao se considerar que, segundo relatório do governo da
província de Pernambuco publicado em 1873, dos aldeamentos acima citados restavam apenas 07 na segunda
metade do século passado: o de Escada, o do Riacho do Mato, o de Barreiros, o de Cimbres, o de Águas Belas,
o do Brejo dos Padres e o da Ilha de Assunção desaparecimento de tantas tribos é explicado pelas diversas
formas de alienação de terras indígenas postas em prática no nordeste, ou da resolução do governo em
determinada época de extinguir os aldeamentos existentes. destas últimas 7 aldeias algumas não alcançaram
nossos dias; os povos que compõem as restantes, os Xucuru, os Fulni-ô, os Pankararu e os Truká, foram
acrescidos os Atikum, os kambiwá e os kapinawá, identificados mais recentemente, como grupos indígenas
ainda existentes em Pernambuco e foram desocupadas.

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