GF Aula 05
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AULA 05
Administração de Estoques
METAS DA AULA:
OBJETIVOS:
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
Estabelecer os conceitos da administração de estoques;
Distinguir quais os custos que envolvem a manutenção ou não do estoque;
Definir as técnicas para administração de estoques.
INTRODUÇÃO
BOX ATENÇÃO
Os estoques são constituídos de bens destinados à venda ou à produção, vinculados aos
objetivos da empresa. São representados por matéria-prima, componentes, insumos,
produtos em processo e produtos acabados.
Lemes Jr. et al, 2005.
Manter estoques é importante porque possibilita à empresa prestar um melhor serviço aos seus
clientes. Porém, também exige um investimento de capital. Um investimento excessivo em
estoques afeta negativamente o desempenho financeiro e eficiência da empresa (diminui o
retorno sobre o total de ativos e o giro do estoque) e também acarreta maiores custos de
estocagem. Por isso é necessário girar o estoque rapidamente para reduzir os custos de
financiamento.
Na Aula 05 você viu que uma administração eficiente de estoques pode levar a empresa a
obter um ciclo de caixa satisfatório, por isso é tão importante seu estudo na administração
financeira. É importante notar que um estoque muito baixo, embora represente um menor
custo de estocagem, aumenta o custo de oportunidade de estar sem estoque e assim aumentar
a insatisfação do cliente. Uma administração correta de estoques tem como objetivo equilibrar
os custos de estocagem de maneira a não prejudicar o atendimento da demanda.
Analisando as vantagens de possuir estoques, deve-se compará-las com seus custos para
decidir quanto deve ter de estoque e quando deve solicitar a reposição dos produtos que estão
sendo vendidos ou consumidos no processo de produção. a decisão de quanto e quando
comprar é, portanto, uma das mais importantes a serem tomadas na gestão de estoques.
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DOS ESTOQUES
As características básicas dos estoques giram em torno de dois aspectos principais: tipos de
estoque e os diferentes pontos de vista com relação ao nível apropriado de estoque, conforme
veremos a seguir.
Tipos de estoques
Estoque de matérias-primas – Itens comprados por uma empresa para o uso na produção de
um produto acabado. As políticas de estocagem devem estar voltadas para atender às
necessidades básicas de produção, já que estoques de matérias-primas insuficientes podem
causar graves transtornos na produção, como uma paralisação, por exemplo. O nível de cada
matéria-prima depende do tempo de espera que empresa leva para receber seus pedidos, a
freqüência do uso, o investimento exigido e as características físicas do estoque.
Componentes – São partes do produto final que a ele são agregadas durante o processo de
produção. Sua importância também é grande para o processo produtivo, pois sua falta
ocasiona possibilidade de perdas financeiras.
Estoque de produtos em processo – Todos os itens que estão em produção no momento.
Mesmo que apenas algumas operações sejam necessárias, sua complexidade pode tornar o
processo produtivo demorado, acarretando um estoque elevado de produtos em fabricação.
Estoque de produtos acabados – Itens que estão prontos para a venda, mas não ainda foram
vendidos, podem ser originários do processo produtivo da empresa ou adquiridos de outros
fornecedores. O nível de produtos acabados é determinado em grande parte pela projeção da
demanda, pelo processo produtivo e pelo investimento exigido em produtos acabados.
Comumente existem pontos de vista distintos quanto aos níveis apropriados de estoques entre
os executivos das áreas de finanças, marketing, produção e compras, já que cada um encara
esses níveis de acordo com seus objetivos. A seguir são apresentados tais pontos de vista:
a) Área financeira - O administrador financeiro, que considera o estoque como investimento,
precisa reconhecer e levar em conta a inter-relação que existe entre estoques e duplicatas a
receber, quando tomar decisões de produção-venda. Ele deve estar certo de que não há
recursos demais investidos em todos os tipos de estoques.
b) Marketing - o diretor de marketing já prefere maiores níveis de estoque de modo a garantir
entregas rápidas e um mínimo de falta de estoques, para, assim, manter os clientes satisfeitos.
c) Produção - o diretor de produção prefere ter a certeza de que há estoque suficiente para
possibilitar uma produção contínua. As ações do diretor de produção afetam diretamente o
nível do estoque de produtos acabados.
d) Compras - o gerente de compras preocupa-se com as matérias-primas e geralmente prefere
maiores níveis de estoques, com o objetivo de obter descontos por quantidade.
a) Custos de Manter
Também chamados de custos de estocar, custos de carregar o estoque, ou ainda custos de
carregamento. Os seguintes custos estão diretamente ligados à manutenção de estoques:
investimento aplicado, armazenagem, transferência, impostos, seguros, perdas, controle e
obsolescência.
Exemplo (Lemes Jr. et al, 2005): Imagine uma empresa que utilize 24.000 peças por ano na
fabricação do principal produto de venda. Faz 8 compras por ano. Cada peça custa R$17,00.
Tem-se que:
Volume comprado por encomenda = 24.000 / 8 = 3.000 peças
Estoque médio = 3.000 / 2 = 1.500 peças
Valor do estoque médio = 1.500 x 17,00 = R$25.500,00
Se o custo financeiro de manter o estoque for de 18% ao ano, o encargo de financiamento será
de: 25.500,00 x 0,18 = R$4.590,00
Se a empresa tem custos de armazenamento de R$600,00, custos de seguro de R$250,00 e
custos com perdas por obsolescência de R$500,00; então o custo total para manter o estoque
médio será de:
Custo de Manter: CM = custo financeiro + custo de armazenamento + custo de seguro + custo
com perdas e obsolescência.
CM = 4.590,00 + 600,00 + 250,00 + 500,00 = 5.940,00
Em termos percentuais = 5.490,00 / 25.500 = 0,233 = 23,3%
Confirmando: CM = taxa x p x Uem = 0,233 x 17,00 x 1.500 = 5.941,00 (A diferença está no
arredondamento da taxa).
Perceba que o custo de estocagem se altera, de acordo com o número de pedidos por ano, a
quantidade pedida e a quantidade consumida.
c) Custo de Faltar
A falta de estoques pode trazer conseqüências negativas sérias para a empresa, tais como:
• Atraso na produção/entrega do produto ao cliente, quando todo o pedido do cliente não
pode ser atendido.
• Custo da compra eventual, fora de programação e com reduzido poder de negociação.
• Custos de reemissão de faturamento, embalagem e despacho de mercadoria, quando
parte do pedido é atendido e os produtos em falta seguem posteriormente.
• Custo da venda perdida, quando o cliente vai comprar o produto no concorrente.
• Custo do cliente perdido, quando o cliente vai comprar o produto no concorrente e
troca do fornecedor.
Percebemos, então, que o estoque é um investimento, no sentido em que exige que a empresa
empregue seu dinheiro. Em geral, quanto maiores forem os saldos médios do estoque, maior a
quantia investida exigida, e vice-versa.
Exemplo (Gitman, 2004): A Ultimate Manufacturing está pretendendo aumentar os lotes de
produção, de modo a reduzir os elevados custos de preparação das máquinas utilizadas na
elaboração de seu único produto: monta cargas.
• A redução total anual nos custos de preparação que poderia ser obtida foi estimada em
$20.000.
• Como resultado dos maiores lotes de produção, espera-se que o investimento médio
em estoques aumente de $200.000 para $300.000.
Caso a empresa possa ganhar 25% ao ano em investimento de igual risco, o custo anual sobre
os $100.000 adicionais de estoque ($300.000 - $200.000) será de $25.000 (0,25 × $100.000).
Comparando-se esse custo anual de $25.000 com a economia de $20.000, vê-se que a
proposta deve ser rejeitada, na medida em que resulta numa perda anual de $5.000.
1. O Sistema ABC
O Sistema ABC é uma metodologia que separa os estoques por sua importância, e permite
que a administração dê mais atenção aos itens mais representativos. Numa empresa,
geralmente, existe uma pequena parcela dos estoques responsável pela maioria de sua receita,
e, por outro lado, existe, também, uma grande quantidade de itens que terão reduzida
participação na receita.
Com relação ao gerenciamento de produtos em estoque, divide-se o total dos itens em três
grupos por ordem decrescente de importância quanto ao valor dos investimentos feitos em
cada grupo: A, B e C. Geralmente, são classificados como A os produtos em estoque que
requerem maior volume de investimentos porém representam a menor quantidade de
produtos; são também os que demandam maior atenção exigindo acompanhamento
permanente dos níveis de estoque. Cada empresa estabelece as relações de investimentos e
quantidades para a separação dos grupos de produtos. Como regra geral, o grupo A representa
produtos que têm valor equivalente a 70% do total de investimentos em estoques e 10% do
total de itens dos estoques.
Os produtos do grupo B vêm em seguida, em termos de investimento, e são controlados por
meio de contagens freqüentes; são poucos bens, mas que têm grande representatividade em
termos de investimentos. Tanto no grupo A quanto no B a quantidade de itens de produtos é
relativamente pequena, sendo menor no grupo A. Os produtos do Grupo B, de forma geral,
compõem 20% do total de investimentos em estoques e 20% do total de itens.
No grupo C há grande quantidade e variedade de itens de produtos e menores investimentos
totais. O controle é feito de forma mais simplificada. Representa cerca de 10% do total de
investimento em estoques e 70% do total de itens dos estoques.
Na tabela a seguir é apresentada a distribuição dentro dos grupos:
Grupos Valor Itens
A 70% 10%
B 20% 20%
C 10% 70%
Fonte: Lemes Jr. et. al., 2005.
1000
800
Custo de Pedir
Custo ($)
200
0
0
Q*
200
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
Podemos perceber pela análise do gráfico que o custo de manter cresce com o aumento de
estoque (isso porque, como vimos anteriormente, este é um custo variável) e o custo de pedir
diminui com o aumento de estoque (isso porque esse custo tende a ser fixo por pedido).
Combinando estes dois custos se constata que o custo total vinculado ao estoque diminui até
certo ponto, com o aumento do nível de estoque. A partir desse ponto, Q*, o custo total
vinculado ao estoque aumenta com o crescimento do estoque.
Abordagem Matemática
Vimos por meio do gráfico que pode existir um valor Q* que minimiza o custo total de
estocagem. Agora, como podemos encontrar este valor? É o que veremos a seguir.
Considere:
S = demanda de materiais em unidades, relativas a certo período (por exemplo, um ano), ou
número de unidades demandadas num certo período
O = Custo de processamento da cada pedido, em $
C = Custo unitário de estocagem dos materiais durante o período, em $
Q = Quantidade de unidades solicitadas em cada pedido.
Além disso, suponha que a demanda seja constante e o prazo de entrega é conhecido e
constante. A partir dessas premissas, é colocado um pedido de maneira que a entrega de Q
unidades ocorra exatamente quando o estoque existente acabar.
Como o estoque inicial é Q unidades e o estoque final é zero no instante da reposição, o
estoque médio é:
Q+0 Q
=
Estoque médio = 2 2
Como se sabe que a demanda no período é S e como são encomendadas Q unidades por
pedido, o total de pedidos colocados no período é:
S
Número de pedidos colocados por período = Q
Os custos de pedir permanecem constantes de um pedido para o outro, independentemente do
número de unidades encomendadas em cada pedido, com isso:
Custo de Pedir = Custo por pedido X números de pedidos colocados
S
O×
Custo de pedir = Q
O custo unitário de manutenção do estoque por período é C. Como o estoque médio é Q/2, o
custo total de manter estoque é:
Q
C×
Custo de manter o estoque = 2
Logo, o custo total de estocagem poderia se dar da seguinte maneira:
S Q
O× C×
Custo Total = Q + 2
Vimos tudo isso para chegar à seguinte conclusão: o lote econômico de compra corresponderá
a uma quantidade Q* onde o custo de pedir é igual ao custo de manter o estoque (onde o custo
total vinculado ao estoque é mínimo). Ou seja:
S Q
O× C×
Q = 2
Multiplicando os dois membros da igualdade por Q, temos:
S Q
O× ×Q C× ×Q
Q = 2
Q2
O×S = C×
2
Multiplicando ambos os membros por 2, obtemos:
Q2
2×O×S = 2×C×
2
2 × O × S = C × Q2
Dividindo os dois membros por C, obtemos:
2 × O × S C × Q2 2×O×S
= ⇒ = Q2
C C C
Extraindo a raiz quadrada, temos:
2×O×S 2×O×S
= Q2 ou Q * =
C C
Vejamos um exemplo:
Exemplo (Gitman, 2004): Suponha-se que a RLB Indústrias., fabricante de equipamentos
eletrônicos de teste, use 1.600 unidades de certo item por ano. Seu custo de pedido é igual a
R$ 50 por pedido e o custo de carregamento de uma unidade é de R$ 1 por ano. Substituindo
na equação anterior, obtemos:
Ponto de Emissão de Novo Pedido
Uma vez determinado o LEC da empresa, ela deve calcular em que momento deve fazer seus
pedidos, ou seja, o ponto de emissão de um novo pedido. Mais especificamente, o ponto de
emissão de novo pedido deve levar em conta o tempo necessário para emitir e receber
pedidos. Supondo que o estoque é consumido a uma taxa constante durante o ano (ou seja,
não há sazonalidade), o ponto de emissão de novo pedido pode ser determinado usando-se a
seguinte equação:
Ponto de emissão de novo pedido = Número de dias de espera x Consumo diário
Exemplo (Gitman, 2004): Usando o exemplo anterior da RLB, se ela souber que são
necessários dez dias para emitir e receber um pedido e o consumo anual for de 1.600
unidades, o ponto de emissão de novo pedido será assim calculado:
Assim, quando o estoque da RLB chegar a 45 unidades, ela deve fazer um pedido de 400
unidades. Entretanto, se a empresa desejar proteger-se contra faltas deverá fazer um pedido
antes que o estoque chegue a 45 unidades.
Resposta comentada:
A empresa minimizará o custo total de pedir e manter se 774 unidades forem requisitadas em
cada pedido de compra. Já que o consumo anual é de 10.000 unidades, a empresa deve emitir
13 pedidos de compra, solicitando 774 unidades de cada vez.
CONCLUSÃO
ATIVIDADES FINAIS:
Resposta comentada:
Os estoques são componentes importantes dos ativos circulantes, principalmente nas
empresas comerciais e industriais, por representarem grandes volumes de dinheiro aplicado
em relação aos demais ativos circulantes.
São ainda os ativos circulantes de menor liquidez. Os estoques são representados por
matérias-primas, componentes, insumos, produtos em processo e produtos acabados e se
constituem nos bens comercializáveis pelas empresas comerciais e destinados à produção e
venda pelas empresas industriais. Por este motivo, a administração dos estoques deve ser
objeto de políticas que traduzam resultados eficazes em sua gestão. Exemplo: o giro mais
lento do estoque impacta diretamente no fluxo de caixa da empresa, porque as duplicatas a
pagar vencem e o produto ainda não foi vendido.
Resposta comentada:
Várias áreas da empresa têm vinculação com a administração de estoques, destacando-se
dentre elas:
a. A área de compras tem sua atenção focada na aquisição de matérias-primas, insumos e
componentes nas empresas industriais e nas empresas comerciais em mercadorias.
b. A área de produção ao utilizar as partes dos produtos em fabricação tem a tendência de
desejar grandes volumes de estoque para atender bem suas atividades. Quanto maior for o
ciclo de produção, maiores serão os volumes de estoques.
c. A ênfase da área de marketing é maior em produtos acabados e seus gestores têm grande
interesse em manter estoques suficientes para que as vendas não sejam prejudicadas por falta
de estoques.
d. Já a área de finanças tende a demandar esforços com o objetivo de minimizar todos os tipos
de estoques, partindo do pressuposto que os estoques requerem recursos financeiros, que
incorrem em custo de oportunidade.
As causas de conflitos funcionais estão ligadas às especificidades de cada área. Por exemplo:
a área de produção quer produzir a plena capacidade para evitar ociosidade e para reduzir
custos unitários; a área de vendas quer maior variedade de produtos, a área financeira quer
que seja produzido só o que vende (giro alto), a área de compras quer reduzir o número de
vezes que faz o pedido, e assim por diante. São conflitos funcionais existentes em todas as
empresas.
03. A Newton Corporation tem 16 diferentes itens em estoque. A lista da quantidade média de
cada um desses itens estocados, bem como seus custos unitários, é fornecida abaixo. A
empresa deseja introduzir o sistema ABC de administração de estoques. Sugira uma
subdivisão dos itens em classificações de A, B e C. Justifique sua seleção e indique os itens
que seriam considerados limítrofes.
Resposta Comentada:
São classificados como A aqueles que requerem o maior investimento. Como B aqueles que
representam maior investimento, depois de A e, como C os muitos itens de pequenos
investimentos
Observação: Há diferentes critérios para classificar o estoque, então há mais de uma resposta
correta. A importância de um item para a empresa é uma decisão subjetiva.
Resposta comentada:
O LEC conduz à minimização dos custos de pedir e manter enquanto maximiza quantidade
pedida.
05. A Alexis Company utiliza 800 unidades de um produto por ano, em ritmo contínuo. O
produto tem custo fixo de R$50 por pedido e seu custo de carregamento é de R$2 por
unidade, por ano. São necessários cinco dias para receber um lote, após a emissão do pedido,
e a empresa deseja manter um estoque de segurança equivalente a dez dias de consumo.
RESUMO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
LEMES JR., Antonio Barbosa; RIGO, Claudio Miessa; CHEROBIM, Ana Paula Mussi
Szabo. Administração Financeira - Princípios, Fundamentos e Práticas Brasileiras. 2ª
Edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.