MOTTA, RodrigoPattoSá. Cultura Política e Historiografia
MOTTA, RodrigoPattoSá. Cultura Política e Historiografia
MOTTA, RodrigoPattoSá. Cultura Política e Historiografia
14 Para Motta, como “tudo tem sido explicado pela influência dos fatores culturais,
a política não poderia ser exceção, daí o caráter sedutor de cultura política, que
permita uma abordagem culturalista dos fenômenos relacionados as disputas de
poder”.
Tornou-se um conceito da moda tanto para mídia, quanto em vários estudos. A
partir dessa inferência, aponta cuidados para evitar a “banalização” ou usos
inapropriados, “sem preocupação com rigor e clareza na sua utilização. Muitas
vezes, a categoria tem servido de rótulo novo para conteúdo antigo, como
estratégia para alcançar melhor inserção no mercado acadêmico ou na mídia”.
Diz que a expressão as vezes é utilizada “sem a preocupação de definir seu
significado- em situações em que o mais apropriado seria usar termos como
ideias políticas, discursos políticos ou hábitos políticos”. Também não concorda
que se fale “ em cultura política de épocas, às vezes até de períodos de tempos
mais precisos, como décadas (a cultura política da década de 1920...) ”.
Ele justifica suas preocupações com a “convicção de que para haver
inteligibilidade na discussão acadêmica são necessárias clareza e algum rigor no
uso de conceitos e categorias”. Diz ainda que, “os conceitos são polissêmicos” é
possível “admitir a existência ade mais de um significado”, porém “há
concepções mais consistente e precisas, enquanto existem usos inadequados e
/ou confusos”.
Sugestão de cautela no uso do conceito. Mas, cultura política “envolve um
campo intelectual muito fértil”.
15 Tem possibilidades “instigantes de alargar nossos horizontes de conhecimento e
compreensão. Por isso, a exposição se centrará na discussão dos aspectos
problemáticos do uso de cultura política, mas também nas potencialidades que
ele oferece”.
Destaca que antes via fazer “breves referências á origens do conceito”, com o
objetivo de “situar a discussão e esclarecer a maneira como ele será apropriado
no seu texto.
Origens da categoria- foi construída no século XX, mas com base em autores
que escreveram no século XIX. “Um deles foi Alexis de Tocqueville, no livro A
Democracia na América, de 1835”. Em síntese, a obra destaca “que a força da
organização política dos norte-americanos derivava não somente das
instituições, mas tinha relação com os hábitos e costumes daquele povo, o que
ele chamou de ‘hábitos do coração’ (Formisano, 2001:393-426) ”. Na busca dos
precursores entende que valeria a pena “investigar a eventual contribuição da
historiografia e filosofia alemãs do século XIX, que desenvolveram o conceito
de Kultur” (itálico no texto).
Segundo o autor, em “seus usos iniciais o conceito implicava certa
hierarquização, a compreensão de que alguns povos possuem cultura política,
são mais avançados, enquanto outros ainda não tem, ou apenas em forma
inferior e incompleta”. Nos ‘casos de ausência era necessário desenvolver a
cultura política, inculcá-la nos povos e sociedades ignaros”. Nesse sentido, diz
que no Brasil “o termo cultura política” aparece no título da “conhecida revista
do Estado Novo.
Importa destacar que como referência (nota de rodapé) sobre a revista Cultura
Política utiliza o texto de Ângela Castro Gomes, publicado em 1996, História e
historiadores: política cultural do Estado Novo. Rio de Janeiro: FGV, 1996.
O objetivo era criar uma cultura política para uma nação considerada em
estágio infantil”.