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Aromaterapia

Introdução a Aromaterapia

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª M.ª Alessandra Safira Barbas
Prof. Me. Rodrigo Terrazas Sanzetenéa

Revisão Técnica:
Prof.ª M.ª Luciana Nogueira
Introdução a Aromaterapia

• Introdução;
• Breve Histórico da Aromaterapia;
• Plantas Aromáticas;
• Visão Geral da Estruturas das Plantas.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Introduzir o aluno no tema e apresentar a evolução história do uso das plantas aromáticas;
• Apresentar uma visão geral das plantas e sua estrutura.
UNIDADE Introdução a Aromaterapia

Introdução
“A aromaterapia é prática terapêutica secular que consiste no uso intencional
de concentrados voláteis extraídos de vegetais – os óleos essenciais (OE) – a fim
de promover ou melhorar a saúde, o bem-estar e a higiene” (BRASIL, 2018). Esta é
definição extraída da portaria n° 702/2018, que incluiu a aromaterapia juntamente com
outras práticas na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares. Esta
prática centenária é atualmente apoiada por diversos estudos científicos, além da prática
pelo uso popular e pode atuar sozinha ou complementando outras terapias tradicionais
ou alternativas, com o intuito de buscar a melhoria do bem-estar e qualidade de vida.

Os óleos essenciais são substâncias voláteis de origem vegetal, produtos do metabo-


lismo secundário destas plantas.

Diversas perguntas surgem quando se fala de óleos essenciais como: Do que se trata?
Seu uso é seguro? Óleo essencial e essência é a mesma coisa? Podemos utilizar em casa
com nossos familiares? Podemos abandonar o uso de outros medicamentos? Vamos ex-
plorar este tema e responder a estas e outras perguntas, para que você tenha segurança
na utilização e indicação destes produtos.

Uma das perguntas mais comuns é “como funcionam os óleos essenciais?” Abordando
do ponto de vista científico, podemos considerar as moléculas que compões os óleos
essenciais como fármacos, pois exercem ações dentro do organismo, alterando sua fun-
ção, portanto sua ação é farmacológica. Do ponto de vista alternativo, diversos autores
afirmam que os óleos essenciais têm a função sutil de restaurar as energias curativas or-
gânicas, trazendo ao corpo, à mente e ao espírito o equilíbrio necessário para uma vida
saudável. Independente da filosofia seguida para afirmar seu modo funcionamento, no
contexto histórico encontram-se diversas evidências do uso de ervas aromáticas desde a
antiguidade, seja na culinária, na religião, estética ou na medicina.

Breve Histórico da Aromaterapia


Durante milhares de anos, as ervas aromáticas, bálsamos e resinas foram utilizadas por
diversas civilizações para diversos fins, como medicamentos, na culinária, para embalsamar
os cadáveres em cerimônias religiosas e em sacrifícios, entre outras. Achados em sítios
arqueológicos demonstram o uso de ervas, como no caso do esqueleto “Shanidar IV”, en-
contrado na região do Iraque ao lado de depósitos de pólen, jacintos e ervas, datado de
6 mil anos.

A China, os Hindus e a Bacia do Mediterrâneo que abrange parte do Sul da Europa, do


Centro e o Leste com a bacia do Mar Negro, o Norte da África até seu interior com a bacia
do Rio Nilo, são considerados, cronologicamente e historicamente, os três grandes berços
geográficos da civilização aromática, e seus conhecimentos e procedimentos foram base
de estudos para as aplicações e à utilização da aromaterapia que conhecemos hoje. Os do-
cumentos médicos mais antigos conhecidos são chineses e datam de 3700 a.C. como os
manuais do imperador Kiwang-ti que cita plantas como ópio e gengibre, e o ervanário

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de Shen-nung considerado a primeira farmacopéia chinesa. Estes registros descrevem
que para cada doença existe uma planta que é seu medicamento natural.

Os Egípcios utilizavam essências aromáticas no processo de mumificação e os sarcó-


fagos eram também aromatizados, queimavam olíbano na aurora e mirra ao anoitecer
como forma de revência ao sol (Deus Rá) e a lua. As plantas medicinais também eram
utilizadas pelos egípcios na medicina, que dominavam técnicas de extração por desti-
lação e infusão a quente, existe registro do uso de óleo essencial de mirra como anti-
-inflamatório e do uso do extrato obtido do salgueiro (que hoje sabe-se ser uma fonte de
ácido salicílico). O Papiro de Ebers é um dos registros mais famosos do uso terapêutico
de plantas e em conjunto com o papiro de Edwin-Smith indicam formulações com cerca
de 125 ervas, entre elas algumas ervas aromáticas utilizadas até os dias de hoje como
anis, canela, cardamomo e açafrão.

Na tumba do famoso faraó menino Tutancâmon foram encontrados óleos essenciais de ce-
dro, coentro, mirra, olíbano e zimbro, mas foi Cleópatra que utilizava um perfume feito com
óleo essencial extraído das flores de henna, açafrão, menta e zimbro chamado cyprinum,
que eternizou esta ligação do uso de aromas no Egito.

É um beta-hidroxiácido que serve para:


• Tratar acne e controlar a oleosidade
• Remover células mortas da pele
• Combater fungos e bactérias
• Suavizar rugas e linhas de expressão

Figura 1 – Thutmosis III na frente de Amon-Rá queimando


incenso em um santuário dedicado a Hathor – Deir el-Bahari.
Fonte: antigoegito.org

A região do mediterrâneo teve um período de grande comercialização de cereais,


vinhos, óleos essenciais, resinas e azeites impulsionada pela construção dos primeiros
portos, em especial envolvendo gregos, egípcios e palestinos, justificando a quantidade

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de registros encontrados em diversos locais do uso dos óleos essenciais e plantas aromá-
ticas em períodos históricos próximos.

Mas a história do uso de aromas não se limita aos continentes ao redor do Mediter-
râneo, na Austrália as populações aborígenes que viviam no continente Australiano há
40.000 anos aprenderam a se adaptar às mais duras condições de vida do seu meio. Elas
desenvolveram um excepcional conhecimento da flora indígena, e já faziam uso das folhas
de Melaleuca alternifólia, planta aromática que ainda faz parte do “arsenal” terapêutico
moderno, tanto na aromaterapia como insumo ativo para preparações farmacêuticas.

A Índia é uma região com grande variedade de plantas aromáticas que são utilizadas
há mais de 7000 anos no tratamento de doenças físicas, emocionais e espirituais pelos
mestres religiosos (Rishis) em cerimônias para tratar o corpo e o espírito. Vale apontar
que os compostos aromáticos são também utilizados pela medicina Ayurvédica, um dos
sistemas de saúde mais antigos conhecido que teve origem na região onde hoje ficam a
Índia e o Paquistão.

Na cultura indiana dois livros famosos marcam este tema, o Riga Veda e o
Sucrutasamhitâ, que catalogam inúmeras fórmulas de banhos aromáticos, sinergias
aromáticas e massagens nas quais eram utilizadas as plantas aromáticas e os óleos es-
senciais, entre elas o manjericão, considerado sagrado, o cálamo, os capins do gênero
Andropogon (capim limão, cidreira, citronela, vetiver etc.), o espicanardo, a canela, o
cardamono, o coentro, o gengibre, a mirra e outras 700 substâncias aromáticas.

Figura 2 – Rig Veda – Livro dos hinos


Fonte: ucuenca.edu.ec

Apesar do Rig Veda ou Rigveda ser um livro de Hinos, descreve informações histó-
ricas importantes como a forma de destilação das ervas em oficinas, os lugares em que
eram extraídos os extratos alcoólicos que seriam utilizados nos perfumes, em cerimônias
religiosas e nos tratamentos terapêuticos medicinais.

Dentre outros registros importantes históricos, o Kiphi, composto de 70 plantas e ou-


tras misturas fito-aromáticas, era intensamente utilizado na Grécia. Na cidade de Atenas,
as grande epidemias e pestes eram tratadas também com a queima de plantas aromáti-
cas, como lavanda, alecrim, hissopo, segurelha e outras pelos médicos. Foi Hipócrates,
conhecido como Pai da Medicina, quem tratou inicialmente epidemias com as ervas e

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tratava doenças femininas com banhos aromáticos. Teofrasto, autor do livro O Tratado dos
Odores, relata em sua obra as funções terapêuticas dos perfumes e dos óleos essenciais
sobre os órgãos internos, indicando o aroma mais conveniente para cada parte do corpo.

Os gregos foram grandes influenciadores dos romanos nas questões aromáticas, pro-
porcionando a base para seus estudos sobre os perfumes. Durante o Reinado de Nero,
Dioscórides Pedânio – médico grego considerado o pai da farmacologia (90-40 a.C) –
publicou sua obra o sobre matéria médica onde relata sua pesquisa sobre as origens da
invenção da destilação e as possibilidades médicas das águas destiladas (hidrossóis). essa
obra foi referência para toda medicina ocidental durante um milênio. Dioscorides era
exímio conhecedor do Kyphi.

Ibin Sina (980 d.C. a 1037 d.C.) mais conhecido como Avicena, foi um polímata
Persa que escreveu várias obras parte delas dedicadas à medicina, incluindo o Cânone
de Medicina. Foi o produtor do primeiro óleo essencial puro retirado da Rosa centifolia.
Avicena utilizava amplamente os óleos essenciais de forma terapêutica.

Polímata = indivíduo que estuda ou conhece muitas ciências.

Um dos episódios mais marcantes da medicina e que envolve o uso de ervas aro-
máticas aconteceu no século XIV, na pandemia de peste negra, que matou milhões de
pessoas (cerca de 25% da população europeia). Os médicos dessa época utilizavam uma
roupagem específica com uma máscara com longo nariz, no qual eles colocavam ervas
aromáticas ou óleos essenciais na ponta como forma de prevenção da Peste, acreditando
que estariam protegidos para tratar seus doentes.

Figura 3 – Roupagem médica utilizada no século XIV


para prevenção da peste negra
Fonte: npr.org

O Físico (origina “The Physician”): Direção: Philipp Stölzl


Ainda criança, Rob vê sua mãe morrer em decorrência da “doença do lado”. O garoto cresce sob
os cuidados de Bader (Stellan Sarsgard), o barbeiro local, que vende bebidas que prometem curar

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doenças. Ao crescer, Rob (Tom Payne) aprende tudo o que Bader sabe sobre cuidar de pessoas
doentes, mas ele sonha em saber mais. Após Bader passar por uma operação nos olhos, Rob des-
cobre que na Pérsia há um médico famoso, Ibn Sina (Ben Kingsley), que coordena um hospital,
algo impensável na Inglaterra. Para aprender com ele, Rob aceita não apenas fazer uma longa
viagem rumo à Ásia mas também esconde o fato de ser cristão, já que apenas judeus e árabes
podem entrar na Pérsia. Disponível em: https://bit.ly/3hEBqn4

O termo aromaterapia foi lançado profissionalmente por Maurice Renné Gattefossé


em 1928, quando citou em um artigo científico o uso de óleos essenciais na sua totalida-
de, sem que esses fossem divididos em seus constituintes básicos. A partir daí, foi publica-
do, em 1937, o livro Aromathérapie: Les Huiles essentielles hormones végétales. Nesse
livro, Gattefossé catalogou as numerosas possibilidades terapêuticas dos óleos essenciais,
relatando assim a sua experiência pessoal com o óleo de lavanda que o levou a pesquisar
mais profundamente os óleos. Nos seus estudos, ele verificou que os óleos essenciais são
mais efetivos em sua totalidade do que seus componentes isolados e/ou sintetizados.

Figura 4 – Maurice Renne Gattefosse em 1938


Fonte: Wikimedia Commons

Outros aromaterapeutas importantes do século XX foram Jean Valnet, Marguerite


Maury e Robert B. Tisserand. Nos anos 1970, Dr. Jean Valnet deu início ao movimen-
to renascentista francês, introduzindo na sociedade francesa o conhecimento correto do
extraordinário poder curativo dos óleos essenciais a partir da publicação de sua obra,
Aromathérapie, donde. Com isso, ele lançou a nova onda de interesse pelas “essências”
na população civil e médica. Esse autor é conhecido também pelo seu trabalho utilizando
óleos essenciais para tratar soldados feridos durante a Segunda Guerra Mundial para su-
prir a falta de antibióticos.

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Figura 5 – Dr. Jean Valnet, médico francês
Fonte: Reprodução

Marguerite Maury, bioquímica australiana, foi pioneira nos estudos para utilização
dos óleos essenciais com fins cosméticos. Introduziu também a visão holística da aroma-
terapia, criando modos variados de aplicação dos óleos através da massagem, personali-
zando sinergias e associação com as características temperamentais e de personalidade
de seus clientes.

Figura 6 – Marguerite Maury, bioquímica australiana


Fonte: Reprodução

O primeiro livro de Aromaterapia publicado em inglês foi The Art of Aromatherapy


(1977), escrito por Robert B. Tisserand, um aromaterapeuta inglês que introduziu a
Aromaterapia nas nações de língua inglesa. Tisserand também escreveu vários livros e
fundou duas associações de aromaterapia, tendo editado um jornal internacional sobre o
assunto. Em 2017, completou 50 anos de estudos sobre aromaterapia.

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Em 1989 foi criado o termo “Aromacologia” com objetivo de separar a linha de estu-
dos alicerçada nas bases científicas das informações angariadas pelos anos de utilização
consagradas pelo uso.

Nos finais do século XX e no início do século XXI, houve um aumento na busca por
produtos naturais, interesse que esteve em queda desde o advento da indústria farma-
cêutica a partir da Segunda Guerra Mundial, impulsionados por uma onda global de in-
centivo às práticas integrativas e complementares. Atualmente, os óleos essenciais estão
ganhando espaço pelo aumento de publicações cientificas e pelo aumento no número
de fornecedores, facilitando assim o acesso a estes produtos.

Plantas Aromáticas
Na antiguidade acreditava-se que o perfume das flores estava associado a alma dos ve-
getais, que ao emitir seu perfume expressavam sua personalidade. Quando os herboristas
começaram a extrair e conservar os perfumes vegetais, tinham em mente que dentro dos
frascos de seus laboratórios estavam armazenadas a alma das rosas, violetas e jasmins.

Ao extrair essas substâncias verificaram que elas não se misturavam com a água e tinha
um aspecto oleoso, por esse motivo deram o nome de óleos essenciais. No decorrer dos
estudos e anos percebe-se que possuíam uma característica específica, a volatilidade,
ou seja, evaporam facilmente perfumando muito intensamente o ambiente, propriedade
que influenciou na nomenclatura mais moderna e técnica que podemos encontrar em
literatura, Óleo Volátil.

Figura 7 – Plantas diversas


Fonte: Getty Images

A partir do século XIX, com o desenvolvimento das ciências e das pesquisas químicas,
os processos metabólicos vegetais passaram a ser mais bem compreendidos e houve e
descoberta dos grupos de substâncias químicas específicas responsáveis pelo odor das
plantas e suas respectivas funções nos vegetais.

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As plantas aromáticas destacam-se pela sua utilização na prática terapêutica milenar
e seu cheiro singular. Nos primórdios, quem mais adotava essa prática era a população
carente. Contudo, recentemente, o uso das plantas como fonte de terapia é predominan-
temente utilizado em países em desenvolvimento.

Figura 8 – Diversos tipos de plantas aromáticas


Fonte: Getty Images

Especialmente na Ásia, América Latina e África, essas plantas são uma solução al-
ternativa para problemas de saúde (SARTORATTO, 2014). Só na China, até o início da
década de 1990, foram desenvolvidos cerca de 11.000 medicamentos derivados das plan-
tas. Posteriormente, aprimorando os conhecimentos e isolando os princípios ativos das
plantas biologicamente ativas, iniciou-se uma nova era na investigação e no uso de plantas
aromáticas e medicinais. Dentre as variadas atividades biológicas dessas ervas, destacam-
-se ações: antiviral, anticarcinogénica, antibacteriana, antioxidante, antifúngica, colérica,
hepatoprotetora, larvicida e/ou repelente e enzimática estimulante (COELHO, 2009).

As plantas aromáticas pertencem ao grupo das plantas medicinais, justamente por


apresentarem componentes químicos com comprovadas características terapêuticas re-
lacionadas com as que exercem na planta que os produz e que justificam a sua utilização
na fitoterapia (CUNHA et al., 2009; MSAADA et al., 2012).

Todas as plantas produzem compostos através do seu metabolismo, que são impres-
cindíveis para seu desenvolvimento e sobrevivência. Podemos dividir estes compostos
em dois grandes grupos, os metabolitos primários, comuns em todos os seres vivos e re-
lacionados com os processos de fotossíntese, respiração, assimilação e transporte de nu-
trientes e água – são os carbohidratos, lipídeos e proteínas; e os metabolitos secundários
(específicos de cada organismo e derivados dos primários) – como terpenos, compostos
fenólicos e compostos nitrogenados que são derivados de diversas vias metabólicas.

Durante um tempo acreditou-se que os metabolitos secundários, eram subprodutos do


metabolismo primário sem função no vegetal, atualmente sabe-se que esses apresentam
funções específicas relacionadas principalmente com a defesa da planta, e produzidas mui-
tas vezes, em resposta ao stress fisiológico (COELHO, 2009; DJILANI; DICKO, 2012).

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Em Síntese
Podemos dizer que metabolismo é o conjunto de reações químicas que ocorre no interior
das células. Chamamos metabolismo primário as reações químicas comuns às espécies
relacionadas as funções essenciais no vegetal e são comuns às diferentes espécies. Já o
metabolismo secundário aborda as reações específicas em algumas espécies (não acon-
tecem em todas as plantas) e possuem um papel importante na interação da planta
com o meio ambiente em que vive, como proteção contra patógenos e estímulo para
polinização entre outros.

São três grandes grupos de metabólitos secundários:


• Terpenos;
• Compostos fenólicos;
• Alcalóides.

Os compostos fenólicos são bem famosos por suas características antioxidantes, te-
nho no vinho um dos seus representantes mais famosos. Entre os compostos aromáticos
desta classe mais comuns estão o aldeído cinâmico da canela e a vanilina da baunilha.
Estes compostos são atrativos para os animais para a polinização e dispersão de semen-
tes, protege os vegetais dos raios UV, insetos e microrganismos.

Não vamos entrar no tema alcalóides por não serem parte do tema estudado, mas caso
queira saber mais do assunto, você pode acessar o link disponível em: https://bit.ly/3nC1inp

Os terpenos são moléculas (monômeros) que se unem formando moléculas maiores,


a partir da molécula inicial chamada Isopreno e que possui 5 átomos de carbono. Essa
ligação entre as unidades de isoprenos nos dá a classificação da molécula, de acordo
com o número de unidades, conforme Tabela a seguir.

Tabela 1
Quantidade de N° de átomos
Nome Exemplos
Isoprenos de carbono
1 5 Isopreno Cadeias laterais de citocininas
2 10 Monoterpeno Óleos essenciais
3 15 Sesquiterpeno Lactonas
4 20 Diterpeno Giberelinas
6 30 Triterpeno Esteróides e Saponinas
8 40 Tetraterpeno Carotenóides
N n Polisopreno Borracha
Fonte: Adaptada de PERES, 2021

Os terpenos de interesse para nós são os monoterpenos, categoria que se enquadram


os óleos essenciais. São moléculas de baixo peso molecular e muito voláteis e dentre

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suas funções estão atrair polinizadores, repelir insetos e pragas e podem estar estocados
em diferentes estruturas do vegetal como flores, folhas, cascas, madeiras e frutos.

Tabela 2
Parte da planta Exemplo de OE
Flores Laranjeira, rosa
Folhas Capim-limão, eucalipto, louro
Cascas do caule Canela
Madeira Sândalo, pau-rosa
Frutos Erva-doce

Nesse ínterim das pesquisas, o fato mais interessante descoberto foi que os terpenos
são muito frequentes nos organismos vegetais e animais, exercendo diversas funções
metabólicas, explicando com isso sua utilidade como medicamentos e sua atuação posi-
tiva nas funções orgânicas corporais.

No ser humano, os óleos essenciais são utilizados com diversas funções, muitas já
comprovadas por estudos científicos e diversas outras ainda como uso consagrado, são
elas: funções antissépticas, narcóticas, excitantes, calmantes, cicatrizantes, dentre outras.

A grande maioria destas substâncias são aromáticas, ou seja, compostos orgânicos


em que pelo menos parte dos átomos de carbono (a base desses compostos) forma um
anel fechado, e essas substâncias receberam este o nome de “aromáticas”, por terem
sido identificadas inicialmente em vegetais odoríferos. As demais substâncias possuem
átomos ou grupos de átomos específicos que ajudam a determinar seu odor, um grande
exemplo são os compostos de enxofre que possuem um cheiro muito característico.

Terpenoides cerca de 30.000 compostos

Figura 9 – Estrutura química do Limoneno


Fonte: Adaptada de PERES, 2021

Apesar dos terpenos estarem presentes em diferentes essências, a nomenclatura


dada a cada um deriva-se da planta em que esse foi identificado a priori: gerânio, pinho,
menta, limão, erva-cidreira etc.

Os óleos voláteis são compostos pelas estruturas de base e também por álcoois, éste-
res, óxidos, ácidos, cetonas, aldeídos acetato, entre outros derivados de terpenos.

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UNIDADE Introdução a Aromaterapia

Geralmente os óleos de folhas e lenhos possuem composição química simples, po-


dendo conter de 90 a 98% de uma única substância; mas as outras essências, geral-
mente as flores, podem conter dezenas de substâncias. A forma de cultivo, período de
colheita e método de extração podem alterar as características do óleo essencial obtido,
dificultando a padronização e mensuração dos efeitos obtidos. Estas variações impactam
em especial na obtenção sintética destes compostos.

Em alguns casos, a mudança de região de plantio pode bloquear a produção de


essências. Podemos exemplificar como a alfazema, que é nativa de região temperada,
afastada do Equador, onde no verão os dias são muito mais longos que nos trópicos,
só completa seu ciclo vital quando produz flores e frutos; a exposição longa às altas
temperaturas das regiões tropicais faz com que ela não produza muitas flores e frutos,
sendo assim, não será possível produzir a essência de alfazema em condições climáticas
tropicais normais.

1,8-Cineol
α-Tujona
β-Tujona
Cânfora
α-Humuleno

Figura 10 – Composição do óleo essencial de Sálvia


(Salvia officinalis) cultivada em 6 regiões diferentes
Fonte: Adaptada de FRANZ, NOVAK

Cada planta possui uma proporção característica de óleo, variando de 0,01% até
10%. Contudo, a média fica entre 1% a 2%. As plantas mais odoríferas (com essências
mais fortes) são geralmente nativas dos trópicos. Algumas dessas plantas têm tanto óleo,
que poderíamos extrair simplesmente espremendo partes dela com as mãos (casca de
laranja por exemplo).

Visão Geral da Estruturas das Plantas


Assim como temos diversas partes em nosso corpo, as partes da planta desempe-
nham funções importantes para o vegetal. De modo simplório, podemos dizer que as
folhas fazem a respiração e a fotossíntese; as raízes absorvem os nutrientes e água do
solo; o caule sustenta o vegetal; e as flores e frutos estão relacionados com a reprodução,
ou seja, cada parte da planta possui um papel para que a planta se alimente, respire,
cresça e se reproduza.

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Vale observar ressaltar que essas partes não estão presentes em todas as plantas. Por
exemplo, os musgos e as samambaias não têm flores, nem frutos e se reproduzem atra-
vés de esporos. Já as folhas dos cactos se modificaram durante o seu processo evolutivo,
dando lugar aos espinhos, para evitar perda de água em locais áridos. Vamos falar um
pouco de cada parte do vegetal.

Folhas
As folhas apresentam uma grande diversidade de formatos. É a parte da planta res-
ponsável por realizar a fotossíntese, processo através do qual a planta produz o seu
próprio alimento.

Figura 11 – Folhas diversas


Fonte: Getty Images

Nas células das folhas há muitas estruturas, chamadas cloroplastos, que contêm a clo-
rofila, o pigmento que dá a cor verde à planta. A clorofila também absorve a luz do sol
para que a fotossíntese aconteça. Nas folhas também acontece respiração e transpira-
ção. Esses dois processos são possíveis porque na superfície da folha existem estruturas
chamadas de estômatos, que se abrem e fecham, permitindo a entrada e saída de gases
e água da planta.

Elas podem ser classificadas de acordo com a disposição do limbo, que é a parte mais
conhecida delas. Assim, ela pode ser simples ou composta, como os trevos e as folhas
de palmeiras.

Raízes
As raízes apresentam formatos relacionados com a sua função. Elas ajudam a fixar a
planta ao solo e são responsáveis pela absorção de substâncias essenciais, como água e
sais minerais. Além disso, elas conduzem as substâncias e atuam também como reserva
de nutrientes.

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UNIDADE Introdução a Aromaterapia

Existem diferentes tipos de raízes, mas, de modo geral, há uma raiz primária princi-
pal e várias ramificações, que são as raízes laterais. Além dessas, ainda existem as raízes
aquáticas, como a vitória-régia.

Rizoma
É uma haste modificada que cresce logo abaixo da superfície do solo em direção ho-
rizontal, como, por exemplo, o gengibre, o açafrão da terra.

Figura 12 – Rizoma gengibre


Fonte: Getty Images

Caules
Os caules transportam os nutrientes produzidos na fotossíntese. Sustentam a planta e
fazem o transporte de substâncias através dessa. A água e os sais minerais são levados
através de vasos existentes dentro do caule, das raízes até das folhas. Os açúcares (produ-
zidos na fotossíntese) são transportados das folhas até as raízes. É no caule que são pro-
duzidos os hormônios vegetais, auxiliando no crescimento e desenvolvimento da planta.

Figura 13 – Caule da planta pata de vaca


Fonte: Reprodução

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Geralmente, os caules são aéreos e verticais, como no caso do tomateiro ou dos
troncos das árvores. Existem ainda os vegetais que possuem caules que crescem junto
ao solo e outros que são subterrâneos, como é o caso das bananeiras e do gengibre.

Flores
As flores são coloridas e atrativas. Elas são responsáveis pela reprodução da planta e
estão presentes apenas no grupo de plantas mais evoluído, chamado de angiospermas.

Figura 14 – Diversos tipos de gerânios


Fonte: Getty Images

As flores podem ser hermafroditas ou monoicas quando possuem ao mesmo tempo


as estruturas femininas (carpelos) e masculinas (estames). Um exemplo desse tipo de flor
são as tulipas, que também podem ter suas estruturas separadas em flores diferentes,
chamadas de dioicas, como ocorre com o mamoeiro.

Frutos
No interior dos frutos são encontradas as sementes. Os frutos são, geralmente, re-
sultado do desenvolvimento do ovário após a fecundação. As sementes são os óvulos
desenvolvidos. Aquelas que se encontram em condições apropriadas germinam no solo
originando novas plantas.

Figura 15 – Diversos tipos de frutos


Fonte: Getty Images

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UNIDADE Introdução a Aromaterapia

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Portal Óleos Essenciais
https://bit.ly/2Xm380H

Leitura
Aromaterapia: O Poder das Plantas e dos Óleos Essenciais
https://bit.ly/3tMUAvL
Aromaterapia e suas aplicações
https://bit.ly/3AjHUyO
Aromaterapia Base científica para uma prática milenar
https://bit.ly/2Xl1ZpZ

22
Referências
ANJOS, T. dos. Aromaterapia, terapia aplicada através dos óleos essenciais. Rio de
Janeiro: Roka, 1996.

BASER, K. H. C, BUCHBAUER, G. Handbook of Essential Oils: Science, Techno-


logy, and Applications. 3.ed. Flórida, EUA: CRC Press, 2020

BIRABÉN, S. R. Aromaterapia. São Paulo: Gente, 1997.

CORAZZA, S. Aromacologia: uma ciência de muitos cheiros. 4.ed. São Paulo: Editora
Senac, 2019.

DAVS, P. Aromaterapia. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

FERRER-HALLS, G. A Bíblia da Aromaterapia: o guia definitivo para o uso terapêu-


tico dos óleos essenciais. 1.ed. São Paulo: Pensamento, 2016.

GASPAR, E. D. Aromaterapia. 1. Ed. São Paulo: Pallas, 2006.

HOARE, J. Guia completo de aromaterapia: um curso estruturado para alcançar a


excelência profissional. São Paulo: Pensamento, 2011.

PERES, LÁZARO, E. P. Apostila Metabolismo Secundário. Curso fitoterapia aplicada


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