Resenha Do Livro A Escola Dos Annales

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CURSO DE HISTÓRIA/ UEMA CAMPUS SÃO LUÍS

DISCIPLINA: METODOLOGIA DA PESQUISA


DOCENTE: ADRIANA ZIERER
DISCENTE: ALESSANDRA DE OLIVEIRA GOMES

RESENHA DO LIVRO “A ESCOLA DOS ANNALES”, DE PETER BURKE

SÃO

LUÍS

2024
O

AITOR
Peter Burke, historiador britânico nascido em 1937, é um dos mais

proeminentes intelectuais na área da história cultural e das ciências

humanas. Com uma vasta produção acadêmica, seu trabalho abrange desde

a história renascentista até a história da comunicação. Ao longo de sua

carreira, Burke se destacou por apresentar análises acessíveis de

importantes movimentos historiográficos. Nesse contexto, o livro “A Escola

dos Annales” tem grande relevância, oferecendo uma análise crítica e

abrangente desse movimento que mudou os rumos da historiografia

mundial no século XX.

A Escola dos Annales surgiu na França em 1929, com a fundação da revista

Annales d’histoire économique et sociale por Marc Bloch e Lucien Febvre. A

escola rompeu com as narrativas tradicionais da história, que se baseavam

em eventos políticos e figuras de destaque, propondo uma nova abordagem

que integrava a história com as ciências sociais e focava em temas como a

longa duração, as estruturas sociais e a vida cotidiana. A Escola dos Annales

deu origem a uma nova maneira de pensar a história, como história-

problema, onde o historiador atua mais como investigador do que como

simples narrador de fatos.

No livro, Burke divide a evolução da escola em três gerações principais. A

primeira geração é a de Bloch e Febvre, que fundaram o movimento. Eles

foram pioneiros ao enfatizar a importância de uma história mais ampla,

incorporando a psicologia, sociologia e economia para compreender os

fenômenos históricos. Bloch, com sua obra Os Reis Taumaturgos,

exemplifica esse novo caminho ao estudar a crença medieval nos poderes

curativos dos reis, enquanto Febvre com O Problema da Incredulidade no

Século XVI explora as mentalidades e a história das ideias.

. Introdução

Apresentação do livro: “Escola de Annales” de Peter Burke.

Objetivo da resenha: Analisar criticamente a obra, destacando a biografia do

autor, o contexto histórico e as principais contribuições do livro.


2. Biografia de Peter Burke

Formação e carreira: Peter Burke é um historiador inglês, nascido em 1937.

Ele é professor emérito da Universidade de Cambridge e já lecionou em

instituições renomadas como Princeton e Essex1.

Principais obras: Além de “Escola de Annales”, Burke é autor de livros como

“O que é história cultural?” e “A escrita da história: novas perspectivas”1.

Contribuições para a historiografia: Burke é conhecido por seu trabalho em

história cultural e por suas análises críticas sobre a historiografia.

3. Contextualização Histórica

Origem da Escola dos Annales: Surgiu na França em 1929 com a fundação

da revista “Annales d’Histoire Économique et Sociale” por Lucien Febvre e

Marc Bloch2.

Objetivos do movimento: Reagir contra o positivismo histórico e promover

uma nova abordagem historiográfica que enfatizasse a longa duração e a

interdisciplinaridade2.

Principais figuras: Além de Febvre e Bloch, outros nomes importantes

incluem Fernand Braudel, Jacques Le Goff e Emmanuel Le Roy Ladurie1.

4. Estrutura do Livro

Capítulos principais: O livro é dividido em cinco capítulos que abordam

desde os fundadores da Escola dos Annales até sua influência global1.

O antigo regime na historiografia e seus críticos.

Os fundadores: Lucien Febvre e Marc Bloch.

Era de Braudel.

A terceira geração.

Os Annales numa perspectiva global.

5. Análise Crítica

Contribuições para a historiografia: Burke destaca como a Escola dos

Annales revolucionou a historiografia ao introduzir novas metodologias e

enfoques2.

Interdisciplinaridade: A obra mostra como a Escola dos Annales integrou

diferentes disciplinas, como sociologia e antropologia, na análise histórica2.

Críticas: Alguns críticos argumentam que a ênfase na longa duração pode

negligenciar eventos e mudanças rápidas que também são importantes para

a compreensão histórica2.
6. Conclusão

Síntese dos pontos principais: Recapitulação das contribuições de Peter

Burke e da Escola dos Annales para a historiografia.

Reflexão pessoal: Considerações sobre a relevância do livro para os estudos

históricos contemporâneos.

A segunda geração, liderada por Fernand Braudel, é um dos pontos centrais

do livro. Burke destaca o conceito de longa duração que Braudel

desenvolveu em sua obra O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrâneo na Época

de Felipe II. Braudel argumentava que a história deve ser analisada em

diferentes camadas temporais: eventos de curta duração, as conjunturas

econômicas e sociais de médio prazo e as estruturas de longa duração, que

moldam de maneira mais profunda as sociedades. Essa perspectiva ampliou

o foco dos historiadores, indo além dos fatos imediatos e eventos políticos.

Por fim, a terceira geração, que inclui historiadores como Jacques Le Goff e

Emmanuel Le Roy Ladurie, buscou novas formas de entender a história

cultural e social, aprofundando-se na micro-história e em análises mais

detalhadas do cotidiano e das mentalidades. Esse período é marcado por

uma diversificação de temas e metodologias dentro da Escola dos Annales,

influenciando fortemente o desenvolvimento das ciências humanas na

segunda metade do século XX.

Burke enfatiza a inovação metodológica trazida pela escola, principalmente

o uso de fontes não convencionais, como diários, cartas e registros

econômicos, que permitiram uma investigação mais completa das

sociedades e suas dinâmicas internas. Ele também discute as críticas que a

Escola dos Annales recebeu, principalmente por sua ênfase na estrutura em

detrimento da agência individual e dos eventos políticos imediatos.

Conclusão:

Peter Burke oferece uma síntese detalhada e crítica da Escola dos Annales,
ressaltando tanto suas contribuições para a historiografia quanto seus

desafios. Ao contextualizar o movimento e destacar suas principais figuras e

obras, Burke facilita o entendimento da evolução da história como disciplina

e da importância de integrar diferentes campos do saber para compreender

melhor o passado. A leitura é essencial para quem deseja entender a

história moderna e as mudanças de paradigma nas ciências humanas no

século XX.
)Explique as estruturas mentais na Idade Média e relacione essas
estruturas com pelo menos 3 outras

As estruturas mentais na Idade Média referem-se aos modos


de pensamento, crenças e valores que prevaleciam entre as
pessoas durante esse período. Essas estruturas eram fortemente
influenciadas pela religião, especialmente pelo cristianismo, e
moldavam a visão de mundo dos indivíduos.

Estruturas Mentais na Idade Média

1. Religiosidade Profunda: A vida medieval era permeada pela


religião. A Igreja Católica tinha uma influência enorme na vida
cotidiana, determinando desde normas morais até práticas
sociais. A salvação da alma era o objetivo último, e a vida
terrena era vista como uma preparação para a vida após a
morte.

2. Cosmovisão Teocêntrica: O pensamento medieval era


teocêntrico, ou seja, Deus estava no centro de tudo. Toda a
criação e as atividades humanas eram vistas através da lente
da fé cristã. O conhecimento e a ciência eram subordinados à
teologia.

3. Hierarquia e Ordem: A sociedade medieval valorizava a ordem


e a hierarquia, tanto no plano divino quanto no terreno. A
existência de classes sociais rígidas, como a nobreza, o clero e
os camponeses, era justificada como parte de uma ordem
natural e divina.

Relação com Outras Estruturas

1. Estruturas Demográficas: A alta mortalidade e a baixa


expectativa de vida influenciavam a mentalidade medieval,
reforçando a dependência na religião como fonte de consolo e
explicação para a brevidade da vida. As epidemias, como a
Peste Negra, tinham um impacto devastador e eram muitas
vezes interpretadas como castigos divinos, o que reforçava
ainda mais a centralidade da fé e da Igreja na vida cotidiana.

2. Estruturas Sociais: A estrutura hierárquica e a ordem social


estavam intrinsecamente ligadas às crenças religiosas. O
sistema feudal, que dominava a organização social, refletia
uma visão de mundo onde cada classe tinha um papel
predefinido, considerado divinamente ordenado. A lealdade e a
obrigação entre senhores e vassalos eram vistas como um
reflexo da relação entre Deus e a humanidade.

3. Estruturas Políticas: A política medieval era fortemente


influenciada pela Igreja, que não só detinha grande poder
espiritual, mas também temporal. Reis e nobres
frequentemente justificavam seu poder pela vontade divina, e
a coroação de reis geralmente envolvia rituais religiosos. A
Igreja atuava como mediadora de conflitos e detentora de
terras, exercendo uma influência significativa sobre a política e
a administração dos reinos.

No livro “A Idade Média, Nascimento do Ocidente”, essas inter-


relações são exploradas para mostrar como as estruturas mentais não
apenas influenciavam, mas também eram influenciadas pelas condições
demográficas, sociais e políticas da época. Essa interação complexa
ajudou a moldar a civilização ocidental, estabelecendo fundamentos que
perduraram por séculos.

2- Com base no capítulo “O Significado da Idade Média”, de Franco


Jr. e outras leituras (texto sobre cordel, viagem de S. Saruê/Cocanha,
filme Romance etc.) estabeleça a relação entre O Medievo e
reminiscências medievais na sociedade brasileira (reminiscências
medievais: presença do Medievo em festividades, religiosidade e
cultura brasileira).

A análise do capítulo “O Significado da Idade Média”, de Hilário Franco


Júnior, juntamente com outras leituras e produções culturais (como textos
sobre cordel, “A Viagem de São Saruê/Cocanha” e o filme “Romance”),
revela várias reminiscências medievais na sociedade brasileira
contemporânea. Essas reminiscências são visíveis em diversos aspectos da
cultura, festividades e religiosidade brasileiras, mostrando a persistência de
elementos do Medievo adaptados ao contexto nacional.

Festividades

1. Festas Juninas: As Festas Juninas brasileiras, celebradas em junho em


homenagem a santos como São João, São Pedro e Santo Antônio, têm
raízes em festividades medievais europeias. Essas festas envolvem
fogueiras, danças (como a quadrilha, que tem origens nas danças de
corte europeias), e comidas típicas, muitas das quais remetem a tradições
agrárias da Idade Média.

2. Carnaval: Embora o Carnaval brasileiro seja uma festa sincrética com


influências de várias culturas, suas raízes podem ser traçadas até as
celebrações medievais pré-quaresmais. Na Idade Média, o Carnaval era
um período de excessos e festas antes da austeridade da Quaresma,
uma tradição que continua até hoje.

Religiosidade

1. Festas Religiosas e Romarias: Muitas festas religiosas brasileiras, como a


Festa do Círio de Nazaré e a Romaria de Aparecida, são reminiscentes
das peregrinações medievais. Assim como na Idade Média, essas
romarias envolvem longas jornadas de fé, devoção coletiva e festividades
religiosas.

2. Sincretismo Religioso: O sincretismo religioso no Brasil, particularmente a


combinação de práticas católicas com elementos de religiões africanas e
indígenas, pode ser comparado com a mescla de crenças pagãs e cristãs
que ocorreu na Idade Média. A adaptação do catolicismo às culturas
locais é um paralelo direto ao processo de cristianização medieval.

Cultura

1. Literatura de Cordel: A literatura de cordel brasileira, com suas narrativas


rimadas e ilustradas, tem semelhanças com as tradições literárias
medievais, como os trovadores e as histórias de cavalaria. Muitos temas
de cordel abordam façanhas heróicas, milagres e figuras históricas,
reminiscente das sagas medievais.

2. Mitos e Lendas: Os mitos e lendas populares no Brasil, como as histórias


de São Saruê e Cocanha, refletem a tradição medieval de criar utopias e
lugares mágicos. Esses contos frequentemente apresentam um mundo de
abundância e ausência de trabalho, similar às lendas medievais sobre a
Terra da Cocanha.

3. Cinema e Televisão: O filme “Romance” exemplifica a presença de temas


medievais na mídia moderna brasileira. A história de amor trágica e a
busca por ideais elevados são elementos comuns tanto no filme quanto
na literatura medieval. Além disso, a reinterpretação de clássicos literários
medievais na tela demonstra como essas narrativas continuam a ressoar
culturalmente.
3- Faça um balanço do livro Uma História do Corpo na Idade Média, de
Le Goff.

“Uma História do Corpo na Idade Média” é uma obra


organizada por Jacques Le Goff e Nicolas Truong, que explora as
percepções e representações do corpo humano durante a Idade
Média. Este livro é um estudo aprofundado que reúne contribuições
de vários historiadores e aborda diferentes aspectos culturais,
sociais e religiosos que moldaram a visão do corpo medieval.

Pontos principais do livro:

1. Corpo e Religião: A obra discute como o Cristianismo


influenciou a percepção do corpo, enfatizando a dualidade
entre corpo e alma. A igreja medieval tinha um papel
central na definição do que era aceitável ou pecaminoso
em relação ao corpo, influenciando desde práticas de
higiene até atitudes em relação à sexualidade.

2. Corpo e Medicina: O livro explora o conhecimento médico


da época, baseado principalmente nos escritos de
Hipócrates e Galeno, mas também influenciado pelas
práticas populares e religiosas. A medicina medieval tinha
uma visão holística do corpo, onde saúde e doença eram
vistas como resultados do equilíbrio ou desequilíbrio dos
humores.

4. Corpo e Sociedade: Le Goff e Truong discutem como o corpo era


um marcador de status social. A aparência física e os
comportamentos corporais podiam indicar a posição social de
uma pessoa. Vestimentas, gestos e a própria constituição física
eram interpretados como reflexos da ordem social e moral.

5. Corpo e Sexualidade: A obra também aborda a sexualidade na


Idade Média, destacando as normas e tabus que envolviam o
corpo sexualizado. A moralidade sexual era fortemente regulada
pela Igreja, que promovia a castidade e a repressão dos desejos
corporais, especialmente fora do matrimônio.

6. Corpo e Cultura: Finalmente, o livro analisa como a cultura


medieval expressava e representava o corpo através da arte,
literatura e festivais. Essas expressões culturais fornecem
insights sobre as percepções coletivas e individuais do corpo
durante a Idade Média.

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