Aula 2 - Solos

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CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES

DOS SOLOS
FUNÇÕES DO SOLO

 Substrato essencial para a vida terrestre;

 Fator de controle natural dos ciclos de elementos e

energia dos ecossistemas;

 Filtro bioquímico essencial nas trocas entre a atmosfera

e a litosfera;

 Substrato essencial para a produção de alimentos e

matérias-primas.
USOS DO SOLO

 Como elemento de fixação e nutrição da vida vegetal;


 Como fundação para edificações, aterros, estradas,
sistemas de disposição de resíduos, etc.;
 Como elemento a ser extraído e utilizado na área da
construção em geral e na manufatura de objetos diversos;
 Como elemento de armazenamento de combustíveis
fósseis; e
 Como elemento de armazenamento de água para fins
diversos com destaque para o uso da água como
manancial de abastecimento público.
SOLO

 É a formação natural que se desenvolve na porção


superficial da crosta terrestre.

 É o resultado da interação dos processos físicos,


químicos e biológicos sobre as rochas superficiais da
crosta terrestre (DERÍSIO, 2007).
OUTROS ASPECTOS CONCEITUAIS - DEFINIÇÕES

 Parte superficial inconsolidada do manto de


intemperismo de partículas da rocha desintegrada,
matéria orgânica, água, ar e organismos. Fonte de
nutrientes das plantas;

 Material natural que compõem a parte superficial do


planeta Terra, constituído por horizontes (camadas)
de compostos minerais e/ou orgânicos. É resultante
da alteração e evolução de um material original
(rocha ou mesmo outro solo), diferindo deste por
características físicas, químicas, morfológicas,
mineralógicas e biológicas, e

 Em termos geotécnicos é todo material que pode ser


escavado manualmente, sem o uso de explosivos.
OUTROS ASPECTOS CONCEITUAIS - DEFINIÇÕES

 Matéria natural produto da alteração, do


remanejamento e da evolução do material original
(rocha ou mesmo outro solo), sob a ação da vida, da
atmosfera e das trocas de energia que aí se
manifestam e constituído por quantidades variáveis
de minerais, matéria orgânica, ar, água intersticial da
zona não saturada, organismos vivos, incluindo
plantas, bactérias, fungos, protozoários,
invertebrados e outros animais (CETESB, 2004).

 Solo agrícola: superfície da terra utilizada para


exploração agro-silvo-pastoril.
FORMAÇÃO DOS SOLOS

 Solos são misturas bastante complexas de uma


ampla faixa de composições derivadas do material da
rocha subjacente e do material que é transportado
por rios, pelo vento, gelo e deslizamentos para a área
de formação do solo.

 Na formação dos solos, é produzida uma mistura de


sólido, líquido e gás.

 O arranjo espacial destas fases dá ao solo sua textura


característica.
FORMAÇÃO DOS SOLOS

 Rochas parcialmente decompostas estão sujeitas a um ataque


contínuo pela atmosfera e água de chuva que as atravessam.

 Material dissolvido e partículas coloidais são carregados de uma


camada para outra.

 Vegetação fornece ácidos à água e modifica a propriedade de


argilas.

 Bactérias ajudam a decomposição da MO e servem de


catalisadores para reações inorgânicas (oxidação do Fe e Mn).

 Esse complexo de reações resulta na formação do solo.


PERFIL DO SOLO = seqüência
vertical de horizontes
Os solos podem ser imaturos
ou maduros e podem conter
uma quantidade variável de
material orgânico
dependendo da natural do
material de origem que é
alterado, o clima e a extensão
da vegetação presente.

Solos húmicos ou ricos em


MO são comuns em áreas
pantanosas, mas os solos
em muitas paisagens são
dominados por minerais
silicáticos.

10
A alteração das rochas transfere substâncias químicas
entre a geosfera, hidrosfera e a biosfera.

Este processo geral é o principal fator:

 1. no ciclo das rochas


 2. na manutenção dos ecossistemas terrestres
 3. nas composições dos oceanos
 4. na composição da atmosfera
CONSTITUINTES DO SOLO

• Em um solo tipicamente orgânico e


siltoso, que é ideal para o crescimento
das plantas, o componente sólido no
horizonte superficial representa cerca de
50% do volume (45% mineral e 5%
matéria orgânica), os gases
correspondem a cerca de 20 a 30%, e a
água corresponde cerca de 20 a 30%.

• A distribuição de gases e água no


espaço poroso pode mudar rapidamente
dependendo das condições climáticas.
CONSTITUINTES DO SOLO
FASE GASOSA

 Em um solo bem desenvolvido, a fase gasosa pode


variar de 25 a 50% nos espaços vazios.

 O crescimento das plantas no solo oxida açúcares que


absorvem O2 e produzem CO2 no processo de
respiração.

 A decomposição aeróbica também ocorre com a quebra


da matéria orgânica pela reação com O2 produzindo CO2
adicional.
FASE GASOSA
 O ar no solo tem tipicamente uma concentração de O2
mais baixa e de CO2 mais alta em relação ao ar
atmosférico.

 O ar no solo pode também ter concentrações


substanciais de H2O como resultado da evaporação de
qualquer água líquida presente.

 Solos encharcados e de pântanos freqüentemente tem


CH4 e H2S em concentrações significativas, produzidos
pelo decaimento da matéria orgânica, resultando num
ambiente anóxico.
A água contida no solo pode ser classificada em:
Água de constituição: é aquela que faz parte da estrutura molecular da partícula
sólida.
Água adesiva ou adsorvida: é a película de água que envolve a partícula sólida e a ela
se adere fortemente (0,005μ).
Água livre: é a que se encontra em uma determinada zona do terreno (na superfície ou
em profundidade) enchendo todos os seus vazios. O seu estudo rege-se pelas leis da
hidráulica.
Água higroscópica: é a que ainda se encontra em um solo seco ao ar livre.
Água capilar: é aquela que nos solos de grãos finos sobe pelos interstícios
"capilares" deixados pelas partículas sólidas, além da superfície livre da água.
FASE LÍQUIDA

 A fase líquida nos solos é denominada de solução do


solo e pode variar de 1 a 35%.

 É derivada da precipitação atmosférica e é modificada


pela reação com os minerais e a matéria orgânica que
ela encontra.

 Esta solução lixivia material de níveis mais altos e os


deposita em níveis mais baixos das camadas do solo.
Parte deste material pode ser carreada como
quelatos.
FASE LÍQUIDA

 Quelatos são moléculas orgânicas derivadas da


matéria orgânica do solo que se comportam como
ácidos fracos em soluções aquosas e podem ligar-se
a metais em dois ou mais sítios atômicos.

 A ordem de estabilidade do mais alto para o mais


baixo dos quelatos metálicos é comumente Fe3+, Fe2+,
Ca2+, Mg2+.

 Exemplos de quelatos: íon oxalato (COO)22-, EDTA


(ácido tetraacético etileno diamina).
FASE SÓLIDA: MINERAL

Primários: Feldspatos – álcali feldspatos contém K e Na


em sua composição e plagioclásios, contendo Na a Ca;
Olivinas, Piroxênios e Anfibólios são encontrados nas
frações mais pesadas do solo e contém Mg e Fe em sua
composição química.

Secundários: Filossilicatos; Óxidos, Hidróxidos,


Oxihidróxidos, Minerais de carbonato e sulfato.
FASE SÓLIDA: MINERAL

FILOSSILICATOS = MINERAIS DE ARGILA


“Argila” é um termo geral para materiais inorgânicos com tamanho <
2 µm, enquanto que o termo “minerais de argila” refere-se a um
mineral específico que ocorre principalmente na fração de solo do
tamanho da argila. Estes minerais possuem um papel importante no
solo, pois fazem parte de numerosos processos e reações químicas
que ocorrem no solo.

ÓXIDOS, HIDRÓXIDOS E OXIDRÓXIDOS


Óxidos de alumínio, ferro e manganês assumem um papel
extremamente importante na química do solo, podendo ser
encontrados em grandes quantidades. Estes minerais tem efeitos
significativos sobre muitos processos químicos do solo por causa de
suas elevadas áreas de superfície específica e reatividade.
MINERAIS DE CARBONATO E SULFATO

Os principais carbonatos encontrados em solos são


calcita (CaCO3), magnesita (MgCO3), dolomita
(CaMg(CO3)2), ankerita (Ca,Fe,Mg)2(CO3)2), siderita
(FeCO3) e rodocrosita (MnCO3). O principal mineral de
sulfato é o gipso (CaSO4.2H2O). Os minerais de
carbonato e sulfato são extremamente solúveis
comparados aos minerais de solo com sílica (silicatos)
e são mais predominantes em regiões áridas e semi-
áridas.
DEFINIÇÕES DE MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO E SUBSTÂNCIAS HÚMICAS

Termo Definição
Resíduos Tecidos de plantas e animais não decompostos e seus produtos da decomposição
orgânicos parcial.
Biomassa do solo Matéria orgânica presente no tecido microbiológico vivo.
Húmus Total dos compostos orgânicos no solo exclusivos de tecidos de plantas e animais
não decompostos, seus produtos da decomposição parcial e a biomassa do solo.
Matéria orgânica Mesmo que húmus.
do solo
Substâncias Uma série de substâncias relativamente de alto peso molecular e cor marrom a
húmicas preto, formadas por reações secundárias de síntese. O termo é usado como um
nome genérico para descrever o material colorido ou suas frações obtidas com base
em suas características de solubilidade. Estes materiais são distinguidos no
ambiente do solo (ou sedimentos) dos biopolímeros de microorganismos e plantas
superiores (incluindo a lignina).
Substâncias não- Compostos pertencentes a classes conhecidas da bioquímica, tais como amino
húmicas ácidos, carboidratos, gorduras, ceras, resinas e ácidos orgânicos. O húmus contém
muitos destes, senão todos, dos compostos bioquímicos sintetizados pelos
organismos vivos.
Humina A fração alcalina da matéria orgânica do solo ou húmus.
Ácido húmico O material orgânico de cor escura que pode ser extraído do solo por vários
reagentes e que é insolúvel em ácido diluído.
Ácido fúlvico O material colorido que permanece em solução depois da remoção do ácido húmico
por acidificação.
Ácido A porção de ácido húmico solúvel em álcool.
himatomelânico
• Os materiais húmicos tem uma grande afinidade pelos cátions de
metais pesados, retirando-os da água por meio de reações de troca
iônica.

• Formam complexos com os íons metálicos através dos grupos –


COOH dos ácidos húmicos e fúlvicos.

• Os ácidos húmicos formam complexos insolúveis enquanto que os


complexos de ácidos fúlvicos são solúveis.
PROPRIEDADES GERAIS DA MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO E OS EFEITOS
ASSOCIADOS NO SOLO
Propriedade Observações Efeitos sobre o solo
Cor A cor escura típica de muitos solos é causada pela Pode facilitar o aquecimento
matéria orgânica
Retenção de A matéria orgânica pode reter até 20 vezes o seu peso Ajuda a previnir a secagem e redução
água em água (encolhimento) do solo. Pode melhorar
significativamente as propriedades de
retenção-mistura de solos arenosos.
Combinação com Cimenta partículas de solo em unidades estruturais Permite troca de gases. Estabiliza
os minerais de chamadas de agregados estruturas. Aumenta a permeabilidade.
argila
Quelante Forma complexos estáveis com Cu2+, Mn2+, Zn2+, e Podem alcançar a disponibilidade de
outros cátions polivalentes. micronutrientes para plantas superiores
Solubilidade em A insolubilidade da matéria orgânica ocorre por causa Perda de pouca quantidade de matéria
água da sua associação com as argilas. Também, os sais orgânica por lixiviação.
de cátions di- ou trivalentes com matéria orgânica são
insolúveis. A matéria orgânica isolada é parcialmente
solúvel em água.

Ação como A matéria orgânica exibe tamponamento em faixas de Ajuda a manter a reação uniforme no solo.
tampão pH ligeiramente ácido, neutro e alcalino.
Troca catiônica A acidez total de frações isoladas de húmus varia de Pode aumentar a CTC (capacidade de
1400 cmol.kg-1. troca catiônica) dos solos
Mineralização Decomposição da matéria orgânica produz CO2, NH4+, Uma fonte de elementos nutrientes para o
NO3-, PO43- e SO42-. crescimento das plantas.
Combinação com Afeta a bioatividade, persistência e biodegradabilidade Modifica a taxa de aplicação de pesticidas
compostos de pesticidas e outros químicos orgânicos. para o controle efetivo.
orgânicos
TIPOS DE SOLO

Areia Quartzosa Cambissolo Latossolo ( Perfil Latossolo Terra Roxa Estruturada


Vermelho-Amarelo

Os solos tendem a formar camadas composicionais por causa da


ação descendente da água reativa. Estas camadas são designadas
como horizontes O, A, B, C e R.
HORIZONTES MORFOLÓGICOS DO SOLO

 O - horizonte superficial, com acúmulo de matéria orgânica total ou


parcialmente decomposta, ocorrendo em solos de mata ou em solos
orgânicos, principalmente em baixadas.
 H – horizonte superficial ou não, de constituição orgânica pouco ou não
decomposta, típica de locais com estagnação de água.
 A - horizonte superficial, constituído de material mineral escurecido por
matéria orgânica, podendo ser também o horizonte de perda de colóides
minerais, apresentando, então, textura mais grosseira (mais arenoso).
 B - horizonte de subsuperfície, que ganha o material perdido pelo
horizonte A, textura mais fina (mais argiloso) que o horizonte A, mais
colorido e mais estruturado.
 C - horizonte de subsuperfície, parcialmente intemperizado, constitui
transição do solo para a rocha (material de origem).
 R - rocha (material de origem).
PROPRIEDADES GERAIS DOS HORIZONTES DO SOLO (J. Walther, 2005)
DESENVOLVIMENTO DE PERFIS DO SOLO

Depende de determinadas variáveis, como:


Tipo de leito rochoso: os horizontes serão mais distinguíveis em
solos formados sobre granito ou basalto do que sobre um leito de
argila caulinítica ou arenito de quartzo, pois nestes últimos, as
soluções de solo não encontrarão muito material que possa ser
levado de um horizonte para outro.

Clima: intensidade de precipitação pluviométrica – a quantidade de


material transportado será maior onde houver mais chuvas e a
quantidade de água de solo também será maior.

Topografia: em taludes inclinados o solo é levado embora antes que


os horizontes A e B possam ser diferenciados e em terrenos
pantanosos, o movimento da água é tão pouco significativo que não
pode haver muita transposição vertical.
DESENVOLVIMENTO DE PERFIS DO SOLO

Outros possíveis fatores seriam:

 A distribuição de chuvas pelas estações do ano;


 A duração do período de congelamento;
 A temperatura média;
 Fontes locais de soluções anormalmente ácidas ou
básicas.
CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DOS SOLOS
(SOLOS DE REGIÕES ÚMIDAS E ÁRIDAS)

• Solos pedalféricos (precipitação média maior que 635 mm/ano)


Laterita (trópicos)
Podzol (zona temperada) Temperatura
Tundra (zona ártica)

• Solos pedocálicos (precipitação média menor que 635 mm/ano)


Tchernoziem (precipitação de 300-630 mm/ano, frio)
Grau de
Castanho-marrom (precipitação de 250-380 mm/ano, quente) aridez
Desérticos e salinos (precipitação menor que 250 mm/ano, quente)

Pedalféricos: óxidos de Fe e silicatos de Al


Pedocálicos: sais de cálcio
CLASSIFICAÇÃO TEXTURAL DO SOLO
PROPRIEDADES FÍSICAS E QUÍMICAS DO SOLO

• As propriedades físicas e químicas do solo são


responsáveis por alguns dos mecanismos de atenuação de
poluentes, como filtração, lixiviação, adsorção, fixação
química, precipitação, oxidação, troca iônica e
neutralização.

– PROPRIEDADES FÍSICAS: textura, densidade,


porosidade, permeabilidade, fluxo de água, ar e calor.

– PROPRIEDADES QUÍMICAS: pH, capacidade de troca


iônica, matéria orgânica, constituição química,
condutividade elétrica.
PROCESSOS DE DISSOLUÇÃO E SOLUBILIDADE

• Dissolução (de um sólido do solo) e precipitação (o processo de


depositar uma substância da solução do solo) são as reações
químicas que determinam o destino dos componentes minerais
inorgânicos dos solos. A formação do solo, os processos de
alteração e a mobilidade de contaminantes são todos afetados
pelo equilíbrio dissolução-precipitação da fase sólida.

• A precipitação de minerais ocorre quando as condições de


supersaturação existem na solução do solo (a solução do solo
contém mais soluto do que deveria estar presente no equilíbrio),
enquanto a dissolução ocorre apenas quando a solução do solo
é subsaturada. Muitas soluções de solo são subsaturadas com
respeito aos componentes minerais inorgânicos do solo, que
significa que estes solos estão em um contínuo estado de
dissolução.
CaAl2Si2O8 + 2CO2 + 3H2O = Al2Si2O5(OH)4 + Ca2+ + 2HCO3-
(anortita) (caulinita)

2NaAlSi3O8 + 2CO2 + 6H2O = Al2Si4O10(OH)2 + 2Na+ + 2HCO3- + 2H4SiO4


(albita) (esmectita)

KMgFe2AlSi3O10(OH)2 + 1/2O2 + 3CO2 + 11H2O = Al(OH)3 + 2Fe(OH)3 + K+ + Mg2+ +


(biotita) (gibbsita) (goetita)
3HCO3- + 3H4SiO4
PROCESSOS DE ADSORÇÃO E TROCA IÔNICA

Intercâmbio entre um íon na solução do solo com


outro íon numa superfície carregada. Estes processos
ocorrem na superfície das partículas do solo, que em
função da existência de carga elétrica passam a
exercer atração eletrostática sobre os íons
dissolvidos na solução do solo, que são adsorvidos e
sujeitos a serem trocados com outros íons da mesma
solução.
Adsorção
• A Capacidade de Troca de Cátions (CTC) caracteriza a capacidade de
adsorção do mineral por compostos inorgânicos

Propriedade Montmorilonita Ilita Caulinita Humus

Área (m2/g) 600-800 100-200 5-20


CTC (meq/100g) 80-100 15-40 3-15 ~ 200
Retenção de metais nos solos e
sedimentos

 Por adsorção sobre as superfícies das partículas


minerais.
 Por complexação pelas substâncias húmicas
das partículas orgânicas.
 Por reações de precipitação.
ASSOCIAÇÕES DE METAIS EM SOLOS E SEDIMENTOS

Detritos minerais (principalmente Ligação metálica na maior parte em


silicatos posições inertes)
Metal pesado como hidróxidos, Precipitação (quando o produto de
carbonatos ou sulfetos solubilidade excede no meio aquoso)
Minerais de argila (sorção) Sorção física (atração eletrostática)
Sorção química (troca de H+ em SiOH,
AlOH e Al(OH)2)
Betume, lipídios, substâncias húmicas, Sorção física
resíduos orgânicos Sorção química (COOH, Grupos OH-
Complexos

Óxidos/ Hidróxidos de Fe e Mn Sorção física


Sorção química
Co-precipitação (por exceder o produto
de solubilidade)

Carbonato de Ca Sorção física


Co-precipitação
FONTES DE POLUIÇÃO DOS SOLOS
POLUIÇÃO E DEGRADAÇÃO DO SOLO

 Os usos do solo provocam alterações no meio ambiente.


 A construção civil reflete-se na urbanização e ocupação do
solo.
 A exploração extrativa do solo resulta na remoção de
grandes quantidades de materiais e na alteração da
topografia.
 Como consequência da atividade agrícola ocorre a
aplicação de nutrientes e defensivos agrícolas no solo e a
remoção sazonal da cobertura vegetal.
POLUIÇÃO E DEGRADAÇÃO DO SOLO

 O principal dano decorrente da utilização do solo é a


suscetibilidade à erosão, que é causada pela ação das
águas e do vento com a remoção das partículas do solo.

 Esta remoção além de causar alterações no relevo, riscos


às obras civis, remoção da camada superficial e fértil do
solo, provoca o assoreamento dos corpos d’água
superficiais.

 A erosão do solo está associada a fatores como clima, tipo


de solo e declividade do terreno.
SOLO CONTAMINADO X ÁREA CONTAMINADA

Solo contaminado
Não se refere a qualquer definição legal precisa. Um significado
mais amplo, definido pela NATO - CCMS (Committee on the
Challenges of Modern Society), é o seguinte:
“Solo que contenha substâncias que, quando presentes em
quantidades ou concentrações suficientes para causar dano,
direto ou indireto, ao homem, ao ambiente ou de vez em quando
a outros alvos”.

Área contaminada
Área onde há comprovadamente poluição causada por
quaisquer substâncias ou resíduos que nela tenham sido
depositados, acumulados, armazenados, enterrados ou
infiltrados, e que determina impactos negativos sobre os bens a
proteger (segundo CETESB).
FONTES DE CONTAMINAÇÃO E NATUREZA DE
CONTAMINANTES: GERAÇÃO DE PASSIVOS AMBIENTAIS
E ÁREAS DEGRADADAS

Fonte de contaminação: local onde foi gerada a


contaminação ou onde funciona ou funcionou uma
atividade potencialmente contaminadora.

Atividade potencialmente contaminadora: é aquela em


que ocorre o manejo de substâncias cujas
características físico-químicas, biológicas e
toxicológicas podem acarretar danos aos bens a
proteger, caso entrem em contato com os mesmos.
Exemplos de áreas nas quais contaminantes
podem ser encontrados

 Aterros e outras áreas de disposição de rejeitos


 Usinas de gás e postos de combustíveis
 Estações de tratamento de esgoto e fazendas
 Sobras/Refugos/Rejeitos em áreas de pátios
 Solos de ferrovias
 Refinarias de petróleo, áreas de estocagem de petróleo e
derivados
 Minas de metais, ligas metálicas e fundição
 Indústrias químicas, petroquímicas e farmacêuticas
 Produção de munições (bombas e armas) e áreas de teste
 Usinas de amianto
 Curtumes
 Usinas de produção de papel e impressão
 Indústrias de fabricação e uso de preservantes para madeira
Fonte de contaminação do solo e das águas subterrâneas – antiga área de disposição de resíduos
Fontes de Cenários
perigo
16- Resíduos 19- Percolação de
domesticos; poluentes lixiviados para a
17- Resíduos água subterrânea;
sólidos 20- Poluição da água
industriais; subterrânea pela
18- Aterro com percolação de
entulho, solo e contaminantes;
escória 21- Bombeamento de
águas contaminadas;
22- Irrigação com água
subterrânea contaminada;
23- Contaminação da água
potável;
24- Emissão de gases
tóxicos por resíduos;
25- Entrada de gases
nocivos nas casas;
26- Entrada de gases
nocivos através da rede de
esgoto;
27- Entrada de vapores na
edificação;
28- Rachaduras nas
construções devido a
recalques do aterro;
29- Contato dermal e
ingestão de material
tóxico;
32- Fechamento da estação
de tratamento de água
(medidas emergenciais)
7
Fonte de contaminação do solo e das águas subterrâneas – área industrial abandonada

Fontes de perigo Cenários


1- Vazamentos de tanques 5- Poluição do solo;
enterrados e sistema de tubulação; 6- Poluição de água subterrânea;
2- Valas com barris enferrujados 7- Percolação de poluentes na água subterrânea em
com resíduos tóxicos; direção ao rio;
3- Percolação no subsolo de 8- Fluxo superficial e subterrâneo de poluentes em
antigos vazamentos; direção ao rio;
4- Resíduos abandonados lançados 9- Erosão de resíduos sólidos tóxicos em direção ao rio;
sobre o solo 10- Deposição de metais pesados no fundo do rio;
12- Emissão de gases tóxicos;
13- Efeitos na vegetação;
31- Investigação confirmatória
(medidas de identificação)
FONTES DE CONTAMINAÇÃO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
I) Problemas com a qualidade das águas subterrâneas que se originam na
superfície do solo:
Infiltração de água de superfície contaminada;
Disposição no solo de materiais de resíduos líquidos e sólidos;
Pilhas de rejeitos;
Depósitos de lixo ou entulhos;
Sal espalhado nas estradas;
Lotes de alimentação de animais;
Fertilizantes e pesticidas;
Derramamentos ou vazamentos acidentais;
Materiais particulados de fontes presentes ou carregadas pelo ar;
Composto de folhas e outros rejeitos de terrenos.

II) Problemas com a qualidade das águas subterrâneas que se originam acima
do nível d’água:
Tanques sépticos ou com fluxo de esgotos e privadas;
Aterros;
Disposição de resíduos e escavações;
Vazamento de tanques estocados no subsolo;
Vazamento de oleodutos no subsolo;
Recarga artificial;
Poços profundos ou secos;
Cemitérios.
FONTES DE CONTAMINAÇÃO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

III) Problemas com a qualidade das águas subterrâneas


que se originam abaixo do nível d’água:

Disposição de resíduos em escavações úmidas;


Canais e poços de drenagem na agricultura;
Poço de disposição de resíduos;
Armazenamento no subsolo;
Minas;
Poços exploratórios;
Poços abandonados;
Poços de suprimento de água;
Desenvolvimento das águas subterrâneas.
AVALIAÇÃO DE RISCOS RELACIONADOS COM
SOLOS CONTAMINADOS

Os principais riscos associados com solos contaminados e


abandonados:
 Assimilação de contaminantes através do
crescimento das plantas em solos contaminados;
 Ingestão e inalação;
 Contato com a pele;
 Fitotoxicidade;
 Contaminação de fontes de água;
 Fogo e explosão;
 Ataque químico em materiais de construção.
AVALIAÇÃO DE RISCOS RELACIONADOS COM SOLOS
CONTAMINADOS
ALGUNS ALVOS POSSÍVEIS DE CONTAMINAÇÃO:
 Trabalhadores (p.ex. pelo contato com a pele ou inalação);
 O ambiente de trabalho (p.ex. por explosão ou fogo);
 Eventuais usuários;
 Ocupantes de prédios (p.ex. pela assimilação gradual de gás);
 Usuários de jardins, loteamentos (p.ex. pelo contato com a pele, e
o consumo de vegetais contaminados);
 Crianças (p. ex. pelo contato com a pele, ingestão);
 A população, de um modo geral, via qualquer rota de migração de
poluentes;
 Crescimento de plantas;
 Áreas vizinhas;
 Água subterrânea;
 Animais pequenos etc.;
 Fundações de prédios (p. ex. ataque no concreto);
 Serviços ou áreas de construção (p. ex. ataque nas tubulações,
cabos etc. e difusão através dos materiais de tubulação);
 Prédios (p.ex. combustão de material contaminante).
PARÂMETROS INDICADORES DA
POLUIÇÃO DOS SOLOS
 O solo atua como um “filtro”. A capacidade do
solo de depuração e imobilização de poluentes é
limitada em função das suas propriedades físicas,
químicas e biológicas.
• Granulometria
• Permeabilidade
• Mineralogia das argilas
• Capacidade de troca catiônica – CTC
• pH
• Teor de matéria orgânica
• População microbiológica
 É preciso proteger a qualidade dos
solos para preservar a qualidade
das águas subterrâneas.
 Adsorção: os ânions (p.ex. NO3- e Cl-) apresentam
maior dificuldade para serem adsorvidos. O nitrato, ao
percolar para profundidades do solo onde as raízes não
alcançam, dificilmente encontra obstáculos para a tingir a
água subterrânea.
 Complexação

 Decomposição (p. ex. substâncias biodegradáveis)

 Transformações (p. ex. ciclo do nitrogênio)

 Perdas (p. ex. exportação pelas culturas, volatilização)


 Constituintes primários das rochas/minerais: O,
Si, Al, Fe, C, Ca, K, Na e Mg.

 Macronutrientes: N, P, K, S, Mg e Ca
 Micronutrientes
• Essenciais: B, Cu, Fe, Mn, Mo e Zn
• Benéficos: Co, Ni, Si, Se e V

 Tóxicos: Al, Cd, Cr, Hg, Pb, Na (por conta da


salinização).
 Toxicidade às plantas;
 Toxicidade aos organismos do solo;
 Perda de produtividade e consequente redução
do valor da propriedade;
 Leva à degradação física do solo (p. ex.
desestruturação causada pela salinização e
solidificação).
 Riscos à saúde humana – Área contaminada
• Custos elevados de remediação, perda de valor
imobiliário, responsabilidade criminal

O solo se torna fonte secundária de poluição


para outros meios: água subterrânea
(lixiviação), água superficial (erosão), ar
(volatilização).
 Parâmetros de controle
• Determinação de substâncias orgânicas e inorgânicas
(metais): comparação com valores orientadores;
• Condutividade elétrica (mmhos/cm): determinada na
pasta de saturação do solo – indica a concentração de
sais na solução (p. ex. solos salinos ou sálicos);
• Porcentagem de sódio trocável – PST (%): é a relação
entre a concentração de sódio a CTC do solo (p. ex.
sólo solódico ou sódico).
 OCORRÊNCIA NATURAL X FONTES EXTERNAS

 NÍVEIS DE BASE (OU BACKGROUND)

 VALORES ORIENTADORES DA QUALIDADE


• Valores-limite: teor máximo de determinado elemento ou
substância no meio avaliado, que ao ser ultrapassado
implica a adoção de ações específicas;

• Valores de intervenção: são valores-limite usados para


induzir medidas de remediação imediata;

• Valores naturais: são as concentrações observadas


naturalmente no solo (background), água subterrânea e
outros meios.
 Valor de referência de qualidade (R): Concentração de
determinada substância no solo e na água subterrânea que
define um solo como limpo ou a qualidade natural da água
subterrânea;

 Valor de prevenção (P): Concentração de determinada


substância, acima da qual podem ocorrer alterações
prejudiciais à qualidade do solo e da água subterrânea;

 Valor de Intervenção (I): Concentração de determinada


substância no solo e na água subterrânea, acima da qual
existem riscos potenciais diretos e indiretos à saúde
humana, considerado um cenário de exposição genérico.
 Indicauma qualidade do solo capaz de sustentar
as suas funções primárias, protegendo-se os
receptores ecológicos e a qualidade da água
subterrânea.

 Forma de utilização
• Instrumento de gerenciamento ambiental para
disciplinas a introdução de substâncias no solo;
• A continuidade da atividade será submetida à avaliação
e monitoramento dos impactos decorrentes (sendo
ultrapassados tais valores).
 Indicadores biológicos: detectam com maior
antecedência alterações que ocorrem no solo, em
função de seu uso e manejo, do que indicadores
químicos e físicos;
 Ensaios ecotoxicológicos (em solos);
 Ensaios realizados com indicadores biológicos,
para determinar os efeitos deletérios de agentes
físicos e químicos;
 Critério
para estabelecimento do valor de
prevenção: ECOTOXIDADE
 Forma de utilização
• Quando houver constatação da presença de
substâncias no solo ou na água subterrânea em
concentrações acima dos valores de intervenção, a área
será classificada como contaminada sob investigação.

O responsável legal pela área assim classificada


deverá realizar uma investigação detalhada para
conhecimento da extensão total da contaminação
e identificação de todos os receptores de risco.
 Necessidade de quantificação das variáveis de
caracterização dos diferentes cenários para
utilização em modelos de avaliação de risco.

 Padronização dessas variáveis permite comparar


avaliação de ricos efetuada por diferentes
usuários.

Agrícola/
Industrial Residencial
APMax
 Adotou-se como valor de intervenção os padrões de
potabilidade das substâncias que representam risco à
saúde humana, constantes na Tabela 3 da Portaria
518/2004 (foi atualizada em 2013) do MS ou no guia de
valores de qualidade para água potável da OMS.

 Não foram utilizados os padrões de aceitação de consumo,


constantes na Tabela 5, pois em geral não estão
relacionados à risco humano (exceção foi feita ao Al e Zn).

 Os valores de intervenção para outras substâncias foram


derivados com base na metodologia descrita no guia da
OMS, utilizando os mesmos dados toxicológicos utilizados
na derivação dos valores de intervenção para solo.

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