Ação Anulatória de Auto de Infração Ambiental - Queimada
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __
VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO PEDRO - ESTADO DE XXX.
XXX, brasileira, casada, desempregada, portadora da Cédula de
Identidade RG nº 00000-00- 9 SSP/SP, inscrita no CPF do Ministério
da Endereço XXX, CEP.: 00000-000, Estado de São Paulo, por seu
advogado que esta subscreve, com endereço na EndereçoCEP.:
00000-000, Estado de XXX, endereço eletrônico: [email protected],
vêm respeitosamente, à presença de Excelência, para propor
AÇÃO ANULATÓRIA DE AUTO DE INFRAÇÃO AMBIENTAL
em face da PREFEITURA MUNICIPAL DE XXX, inscrita no CNPJ sob
nº XXX, com sede na EndereçoCEP.: 00000-000, Estado de XXX,
pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.
I - DOS FATOS
Consta do auto de infração (documento anexo) que, no dia XXX,
através de denúncia, a fiscalização municipal recebeu a comunicação
de uma grande queimada no imóvel da requerente, localizado na
XXX, autuando a proprietária e aplicando-lhe a multa de R$
00.000,00, nos termos do artigo 35-A, da Lei Complementar nº
78/2012.
Primeiramente Excelência, cabe esclarecer que com a finalidade de
dar integral cumprimento à função social da propriedade, nos termos
do art. 182, da Constituição Federal de 1988, o qual disciplina sobre
a política urbana e bem-estar dos cidadãos, a requerente tem o
hábito de visitar o respectivo terreno de sua propriedade no máximo
a cada XXX meses, a fim de que possa verificar as atuais condições
do imóvel, notadamente com a finalidade de preservar a limpeza do
local.
Tanto é que, conforme se verifica dos documentos em anexo, a
requerente esteve na cidade de XXX no mês de fevereiro do ano
corrente, a fim de verificar as condições do imóvel, constatando que
ele se encontrava em situação regular, principalmente quanto à
limpeza, já que não havia no local qualquer espécie de vegetação que
impulsionasse queimadas ou até mesmo o mal-estar dos vizinhos que
habitam a respectiva localidade.
Diante da situação de calamidade pública decretada no Estado por
conta da pandemia, com a finalidade de respeitar as medidas
sanitárias implementadas, a peticionária ficou impossibilitada de
comparecer ao local, notadamente porque em razão de ser portadora
de diabetes e pressão alta, fazendo uso de medicamentos
controlados, encontra-se inserida em grupo de risco, conforme se
verifica do receituário médico em anexo.
Nessas circunstâncias, inegável que se passaram mais de XXX meses
sem que a requerente comparecesse no imóvel, até mesmo porque
ainda estão vigentes as políticas de saúde pública para manutenção
do isolamento social, ante os aumentos de casos do COVID-19 que se
expandem pelo Estado, notadamente na região onde a peticionária
reside.
Nesse ínterim, no dia XXX, em circunstâncias e por motivos
totalmente desconhecidos, o imóvel da requerente fora alvo de
queimada, sem que ela pudesse exercer qualquer tipo de controle em
face do ato criminoso praticado no respectivo terreno.
É certo que, diante do atual contexto social vivenciado em nosso
país, a requerente não conseguiu exercer qualquer fiscalização sobre
o imóvel, de forma que ficou completamente impossibilitada de
tomar conhecimento da prática de qualquer ato violador do Código
de Posturas do Município de XXX.
Em síntese, os fatos.
II - DO DIREITO
Ora Excelência, no caso em tela, torna-se imprescindível esclarecer
que não se discute nos autos a responsabilidade civil ambiental , a
qual é objetiva e possui natureza propter rem .
Entretanto, diante do auto de infração, o caso em tela trata-se de
responsabilidade administrativa ambiental , exigindo-se, nesse caso,
a efetiva demonstração de dolo ou culpa da peticionária, ante sua
natureza subjetiva , o que não está sequer evidenciado no auto de
infração, o qual mediante manifestação da parte, fora indeferida pela
Municipalidade.
Nesse sentido, no julgamento do Recurso Especial nº 1.00.000
OAB/UF, o Ministro Mauro Campbell Marques, do Superior Tribunal
de Justiça (STJ), asseverou que a aplicação de penalidades
administrativas não obedece à lógica da responsabilidade objetiva da
esfera cível (para reparação dos danos causados), mas deve
obedecer à sistemática da teria da culpabilidade, ou seja, a conduta
deve ser cometida pelo alegado transgressor, com demonstração de
seu elemento subjetivo e com demonstração do nexo causal entre a
conduta e o dano :
"AMBIENTAL. RECURSO ESPECIAL. MULTA APLICADA
ADMINISTRATIVAMENTE EM RAZÃO DE INFRAÇÃO AMBIENTAL.
EXECUÇÃO FISCAL AJUIZADA EM FACE DO ADQUIRENTE DA
PROPRIEDADE. ILEGITIMIDADE PASSIVA. MULTA COMO
PENALIDADE ADMINISTRATIVA, DIFERENTE DA OBRIGAÇÃO
CIVIL DE REPARAR O DANO. (...) 5. Esta Corte Superior possui
entendimento pacífico no sentido de que a responsabilidade civil pela
reparação dos danos ambientais adere à propriedade, como
obrigação propter rem, sendo possível cobrar também do atual
proprietário condutas derivadas de danos provocados pelos
proprietários antigos. Foi essa a jurisprudência invocada pela origem
para manter a decisão agravada. 6. O ponto controverso nestes
autos, contudo, é outro. Discute-se, aqui, a possibilidade de que
terceiro responsa por sanção aplicada por infração ambiental. 7. A
questão, portanto, não se cinge ao plano da responsabilidade civil,
mas da responsabilidade administrativa por dano ambiental. 8. Pelo
princípio da intranscendência das penas (art. 5º, inc. XLV, CR88),
aplicável não só ao âmbito penal, mas também a todo o
Direito Sancionador, não é possível ajuizar execução fiscal em face
do recorrente para cobrar multa aplicada em face de condutas
imputáveis a seu pai. 9. Isso porque a aplicação de penalidades
administrativas não obedece à lógica da responsabilidade objetiva da
esfera cível (para reparação dos danos causados), mas deve
obedecer à sistemática da teoria da culpabilidade, ou seja, a conduta
deve ser cometida pelo alegado transgressor, com demonstração de
seu elemento subjetivo, e com demonstração do nexo causal entre a
conduta e o dano. (...) 12. Em resumo: a aplicação e a execução das
penas limitam-se aos transgressores; a reparação ambiental, de
cunho civil, a seu turno, pode abranger todos os poluidores, a quem
a própria legislação define como" a pessoa física ou jurídica, de
direito público ou privado, responsável direta ou indiretamente, por
atividade causadora de degradação ambiental "(art. 3º, inc. V, do
mesmo diploma normativo). (...) 14. Mas fato é que o uso do
vocábulo" transgressores "no caput do art. 14, comparado à
utilização da palavra" poluidor "no art. 1º, do mesmo dispositivo,
deixa a entender aquilo que já se podia inferir da vigência do
princípio da intranscendência das penas: a responsabilidade civil por
dano ambiental é subjetivamente mais abrangente do que as
responsabilidades administrativas e penal, não admitindo estas
últimas que terceiros respondam a título objetivo por ofensa
ambientais praticadas por outrem. (...)" (STJ, REsp 1.251.697/PR,
Rel. Min. Mauro Campbell Marques, dj. 12/04/2012).
Com os mesmos fundamentos, o Ministro Herman Benjamin do STJ
assim decidiu:
"PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIO. DANO AMBIENTAL. AUTO
DE INFRAÇÃO. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA.
EXIGÊNCIA DE DOLO OU CULPA. MULTA. CABIMENTO EM TESE.
(...) 2. Nos termos da jurisprudência do STJ, como regra a
responsabilidade administrativa ambiental apresenta caráter
subjetivo, exigindo dolo ou culpa para sua configuração.
Precedentes: REsp 1.401.500, Rel. Min. Herman
Benjamin, 2a Turma, DJe 13/09/2016, AgRg no AREsp 62.584/RJ, Rel.
Min. Sérgio Kukina, Rel p/ acórdão Ministra Regina Helena Costa,
Primeira Turma, DJe 7/10/2015, REsp 1.251.697, Rel Min. Mauro
Campbell Marques, 2a Turma, dje 17/04/2012. 3. Recurso Especial
parcialmente provido." (STJ, REsp 1.640.243/SC, Rel. Min. Herman
Benjamin, dj. 07/03/2017).
Por fim, mantendo-se o mesmo posicionamento, no dia 08/05/2019, a
1º Seção do Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento
de que a responsabilidade administrativa ambiental é subjetiva :
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA SUBMETIDOS
AO ENUNCIADO ADMINISTRATIVO 2/STJ. EMBARGOS À
EXECUÇÃO. AUTO DE INFRAÇÃO LAVRADO EM RAZÃO DE DANO
AMBIENTAL. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. 1. Na origem, foram opostos
embargos à execução objetivando a anulação de auto de infração
lavrado pelo Município de Guapimirim - ora embargado -, por danos
ambientais decorrentes do derramamento de óleo diesel pertencente
à ora embargante, após descarrilamento de composição férrea da
Ferrovia Centro Atlântica (FCA). (...) 3. Ocorre que, conforme
assentado pela Segunda Turma no julgamento do REsp
1.251.697/PR, de minha relatoria, DJe de 17/4/2012), "a aplicação de
penalidades administrativas não obedece à lógica da
responsabilidade objetiva da esfera cível (para reparação dos danos
causados), mas deve obedecer à sistemática da teoria da
culpabilidade, ou seja, a conduta deve ser cometida pelo alegado
transgressor, com demonstração de seu elemento subjetivo, e com
demonstração do nexo causal entre a conduta e o dano". 4. No
mesmo sentido decidiu a Primeira Turma em caso análogo
envolvendo as mesmas partes: "A responsabilidade civil ambiental é
objetiva; porém, tratando-se de responsabilidade administrativa
ambiental, o terceiro, proprietário da carga, por não ser o efetivo
causador do dano ambiental, responde subjetivamente pela
degradação ambiental causada pelo transportador" ( AgRg no AREsp
62.584/RJ, Rel. p/ Acórdão Ministra Regina Helena Costa, DJe de
7/10/2015). 5. Embargos de divergência providos. (STJ, REsp
1.318.951/RJ, Min. Mauro Campbell Marques, dj. 08/05/2019).
À luz do entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça,
tem-se que para manutenção do presente auto de infração compete à
municipalidade comprovar a responsabilidade subjetiva da
requerente (culpa ou dolo), o que não ficou evidenciado.
Pelo contrário, conforme já mencionado e comprovado
documentalmente, a requerente comumente adota as medidas
cabíveis para manutenção e limpeza do imóvel objeto da presente
infração e, recentemente, ficou impossibilitada de comparecer ao
local diante da calamidade pública decretada no Estado de XXX e das
medidas de isolamento social impostas pelas autoridades sanitárias,
requerendo, assim, a respectiva anulação do auto de infração
ambiental como medida de inteira justiça.