Plano Municipal de Saneamento Ambiental

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C

Município de
Laranjal do
Jari

Diagnóstico
Técnico -
DTP Participativo
Júlio Cesar Sá de Oliveira
Reitor da Universidade Federal do Amapá

Clodoaldo Monteiro Maciel


Superintendente Estadual do Amapá da Fundação Nacional de Saúde

Márcio Clay da Costa Serrão


Prefeito do Município de Laranjal do Jari/AP

Comitê de Coordenação Comitê Executivo


Antonina Soares de Oliveira Adamor Braga da Silva
Dalberto de Morais Oliveira Alan Cavalcanti da Cunha (Rep. UNIFAP)
Edna Maria Melo de Souza do Carmo Cleber Mota Cardoso
Felinto Alberto Silva Marques Clenilson de jesus Santos
Iolanda soares de Oliveira Darcy Neia Farinha Aragão
Jackelline Matta Correa Elio Ricardo dos Santos
Josimar Peixoto de Souza (Rep. NICT-FUNASA) Jamile Almeida
Jorge dos Santos José Wagner Souza e Silva
José Augusto do N. dos Santos Joseni Mineiro de Sousa
Marcel Jandson Menezes Nailane Ribeiro
Marcelo Sarraf Santos Osanei Ribeiro Pinto
Marilia da Silva Moura Oseas Cardoso Nascimento
Mário Sérgio Ribeiro dos Santos Raimundo Rodrigues de Lima
Nayane Silva dos Santos Samira de Souza Loureiro
Willian Junior Oliveira do Carmo Vera dos Santos Aguiar
Yasmim Pinheiro Saboia

Coordenação, Organização e Editoração


Alan Cavalcanti da Cunha
Alaan Ubaiara Brito

Elaboração
Alaan Ubaiara Brito Gilvan Portela Oliveira
Alan Cavalcanti da Cunha Helena Cristina Guimarães Queiroz Simões
Alzira Marques Oliveira Helenilza Ferreira Albuquerque Cunha
Arialdo Martins da Silveira Júnior Jessica Oliveira dos Santos
Carlos Henrique Medeiros de Abreu Jorge Ângelo Simões Malcher
Clezio Junior Teixeira Viegas Lucas Matheus Araújo Trajano de Souza
Cristina Maria Baddini Lucas Pâmela Nunes Sá
Daguinete Maria Chaves Brito Paulo Gibson Farias Bezerra
Daímio Chaves Brito Rafael Giovani Hansseler Saldanha
Debora Oliveira de Souza Regis Brito Nunes
Edionilde Araujo de Souza Rosemary de Carvalho Rocha Koga
Elizandra Perez Araujo Sávio Luis Carmona dos Santos
Everaldo Barreiros de Sousa Tais Silva Sousa
Geison Carlos Xisto da Silva Vithoria Cristina Borges Barreto

Acompanhamento Técnico-Administrativo-Financeiro
Ana Dalva de Andrade Ferreira
Josimar Peixoto de Souza
Alexandra Lima da Costa
Neilton Santos Nascimento

Capa
Carlos Armando Reyes Flores

Laranjal do Jari/AP
2020
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 .......................................................................................................................... 21
1. CONTEXTUALIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO: GESTÃO, POLÍTICA E
COMUNITÁRIO .................................................................................................................... 21
1.1. Compatibilização de setores censitários ........................................................................ 22
1.2. Articulação do saneamento com a política urbana ........................................................ 24
1.3 Articulação do saneamento com o meio ambiente ......................................................... 27
1.4. Articulação do saneamento com a saúde ....................................................................... 30
1.5. Relação do saneamento com a organização comunitária e o fortalecimento do papel da
mulher na comunidade.......................................................................................................... 33
1.5.1. Saneamento e organização comunitária em Laranjal do Jari ................................. 33
1.5.2. Diagnóstico da Participação Social ........................................................................ 34
1.5.2.1. Oficinas Temáticas nos setores........................................................................ 37
1.5.3. A contribuição e o papel da mulher nas questões de saneamento .......................... 44
CAPÍTULO 2 .......................................................................................................................... 47
2. CARACTERIZAÇÃO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO ....................................... 47
2.1. Caracterização da área de planejamento ........................................................................ 47
2.2. Caracterização física do município de Laranjal do Jari................................................. 49
2.2.1. Climatologia ........................................................................................................... 49
2.2.1.1. Área de estudo e bases de dados de precipitação ............................................ 49
2.2.1.2. Métodos e procedimentos de análise ............................................................... 51
2.2.1.3. Resultados hidrometeorológicos ..................................................................... 51
2.2.1.4. Quadro geral da climatologia de precipitação de Laranjal do Jari ............... 58
2.2.2. Geologia ................................................................................................................. 59
2.2.3. Geomorfologia ........................................................................................................ 60
2.2.4. Hidrografia ............................................................................................................. 61
2.2.5. Pedologia ................................................................................................................ 66
2.2.5. Vegetação cobertura vegetal................................................................................... 67
2.2.6. Áreas protegidas ..................................................................................................... 68
2.3. Caracterização socioeconômica do município: perfil demográfico, estrutura territorial e
política pública correlatas ao saneamento ............................................................................ 69
2.3.1. Perfil demográfico do município ............................................................................ 69
2.3.1.1. Pirâmide Etária - 2010 ..................................................................................... 70
2.3.2. Estrutura territorial do município ........................................................................... 71
2.3.3. Políticas públicas correlatas ao saneamento ........................................................... 72
2.3.3.1. Saúde ............................................................................................................... 72
2.3.3.2. Habitação de interesse social ........................................................................... 76
2.2.3.3. Meio Ambiente e Gestão de recursos hídricos ................................................ 78
2.3.3.4. Educação.......................................................................................................... 80
2.4. Desenvolvimento local: renda, pobreza, desigualdade e atividade econômica ............. 86
2.4.1. Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM)...................................... 86
2.4.2. Indicadores de renda e desenvolvimento ................................................................ 88

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2.4.2.1. Renda, pobreza e desigualdade ........................................................................ 88
2.4.2.2. Trabalho, rendimento e setores de ocupação ................................................... 89
2.5. Infraestrutura e equipamentos público, calendário festivo e seus impactos no serviço de
saneamento básico ................................................................................................................ 90
2.5.1. Energia elétrica ....................................................................................................... 90
2.5.2. Pavimentação e transporte ...................................................................................... 91
2.5.3. Cemitérios............................................................................................................... 94
2.5.4. Segurança pública ................................................................................................. 100
2.5.5. Calendário festivo do município .......................................................................... 100
CAPÍTULO 3 ........................................................................................................................ 102
3. QUADRO INSTITUCIONAL DA POLÍTICA E DA GESTÃO DO SERVIÇO DE
SANEAMENTO BÁSICO ................................................................................................... 102
3.1. Indicação das principais fontes técnico-científicas sobre políticas públicas nacionais de
saneamento básico .............................................................................................................. 102
3.2. Apresentação da legislação e dos instrumentos legais que definem as políticas nacional,
estadual e regional de saneamento básico .......................................................................... 104
3.3. Mapeamento da gestão dos serviços de saneamento básico no município.................. 106
3.4. Mapeamento dos principais programas existentes no município de interesse do
saneamento básico .............................................................................................................. 108
3.5. Existência de avaliação dos serviços prestados ........................................................... 110
3.6. Identificação junto aos municípios das possibilidades de consórcios ......................... 110
3.7. Levantamento das transferências e convênios existentes com o governo federal e com o
governo estadual em saneamento ....................................................................................... 111
3.8. Identificação das ações de educação ambiental e mobilização social em saneamento em
nível de investimento .......................................................................................................... 113
CAPÍTULO 4 ........................................................................................................................ 116
4. SERVIÇO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA ....................................................... 116
4.1. Descrição geral do serviço de abastecimento de água existente no município ........... 116
4.1.1. Avaliação da infraestrutura na zona urbana ......................................................... 117
4.1.1.1. Manancial utilizado ....................................................................................... 120
4.1.1.2. Captação superficial ...................................................................................... 122
4.1.1.3. Vazões captadas............................................................................................. 123
4.1.1.4. Unidade de recalque de água bruta da Sede de Laranjal do Jari ................... 124
4.1.1.5. Adução da água bruta .................................................................................... 125
4.1.1.6. Tratamento de água ....................................................................................... 126
4.1.1.7. Reservação ..................................................................................................... 137
4.1.1.8. Unidade de recalque de água tratada ............................................................. 139
4.1.1.9. Adução de água tratada.................................................................................. 142
4.1.1.10. Rede de distribuição de água da sede de Laranjal do Jari ........................... 142
4.1.1.11. Poço Tubular dos Bombeiros ...................................................................... 143
4.1.1.12. Poço tubular Nova Esperança ...................................................................... 144
4.1.1.13. Poço tubular - Mirilândia............................................................................. 145
4.1.1.14. Poço tubular Nazaré Mineiro....................................................................... 146
4.1.1.15. Poço Tubular Sarney 1 ................................................................................ 147
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4.1.1.16. Poço Sarney 2 .............................................................................................. 148
4.1.1.17. Obras em andamento ................................................................................... 149
4.1.2. Avaliação da infraestrutura da zona rural terrestre............................................... 150
4.1.3. Avaliação da infraestrutura da zona rural ribeirinha ............................................ 153
4.1.3.1. Captação superficial ...................................................................................... 155
4.1.3.2. Unidade de recalque de água bruta ................................................................ 155
4.1.3.3. Tratamento de água de Padaria...................................................................... 156
4.1.3.4. Reservação ..................................................................................................... 160
4.1.3.5. Adução de água tratada.................................................................................. 161
4.1.3.6. Rede de distribuição de água da comunidade Padaria ................................... 162
4.1.3.7. Solução alternativa Salta-z ............................................................................ 162
4.2. Identificação e análise das principais deficiências do serviço de abastecimento de água
do município ....................................................................................................................... 163
4.3. Informações sobre qualidade da água bruta e do produto final do serviço de
abastecimento de água do município .................................................................................. 167
4.3.1. Análise da qualidade da água do Município de Laranjal do Jari/AP. .................. 167
4.3.1.1 Resultados....................................................................................................... 175
4.4. Levantamento dos recursos hídricos do município, possibilitando a identificação de
mananciais para abastecimento futuro ................................................................................ 177
4.5. Consumo e demanda de abastecimento de água .......................................................... 182
4.6. Análise crítica dos planos diretores de abastecimento de água da área de planejamento,
quando houver .................................................................................................................... 182
4.7. Estrutura organizacional do responsável pelo serviço de abastecimento de água ....... 183
4.8. Identificação e análise da situação econômico-financeira do setor de abastecimento de
água ..................................................................................................................................... 184
4.9. Caracterização da prestação dos serviços segundo indicadores .................................. 185
CAPÍTULO 5 ........................................................................................................................ 188
5. SERVIÇO DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO ....................................................... 188
5.1. Descrição geral do serviço de esgotamento sanitário existente no município ............ 188
5.1.1. Redes Coletoras, Coletores Tronco e Interceptores.............................................. 191
5.1.1.1. Redes Coletoras ............................................................................................. 191
5.1.1.2. Redes Coletores Tronco ................................................................................ 191
5.1.2. Intercepetores ....................................................................................................... 191
5.1.2.1. Sistemas Isolados........................................................................................... 196
5.1.3. Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) e Emissários ........................................ 200
5.1.4. Destinação dos Efluentes e Resíduos Sólidos ...................................................... 200
5.1.5. Licenças Ambientais ............................................................................................ 202
5.1.6. Índice de Cobertura .............................................................................................. 202
5.1.7. Concessão dos Serviços ........................................................................................ 202
5.2. Identificação e análise das principais deficiências referentes aos sistemas de
esgotamento sanitário ......................................................................................................... 202
5.3. Indicação das áreas de risco de contaminação e das fontes pontuais de poluição por
esgotos no município .......................................................................................................... 204

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5.4. Análise crítica dos planos diretores de esgotamento sanitário da área de planejamento,
quando houver .................................................................................................................... 208
5.5. Identificação de principais fundos de vale, corpos d’água receptores e possíveis áreas
para locação de ETE ........................................................................................................... 209
5.7. Verificação da existência de ligações clandestinas de águas pluviais ao sistema de
esgotamento sanitário ......................................................................................................... 215
5.8. Estrutura organizacional responsável pelo serviço de esgotamento sanitário ............. 216
5.9. Identificação e análise da situação econômico-financeira do serviço de esgotamento
sanitário .............................................................................................................................. 216
5.10. Caracterização da prestação dos serviços segundo indicadores ................................ 217
CAPÍTULO 6 ........................................................................................................................ 221
6. SERVIÇO DE MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS ................................................... 221
6.1. Descrição geral do serviço de manejo de águas pluviais............................................. 221
6.1.1. Macrodrenagem e interações com o Rio Jari ....................................................... 226
6.1.2. ............................................................................................................................... 230
Hidrodinâmica do Rio Jari e interações com macrodrenagem da zona urbana .............. 230
6.1.2.1 Metodologia de estudo da hidrodinâmica do Baixo Rio ................................ 230
6.1.2.2. Resultados do estudo de batimetria do Baixo Rio ......................................... 232
6.1.2.2 Resultados do estudo hidrodinâmico do Baixo Rio ...................................... 232
6.1.2.1 Análise do comportamento hidrodinâmico Laranjal do Jari .......................... 236
6.1.2.2 Análise do comportamento hidrodinâmico x Dispersão de Esgotos Domésticos
- Laranjal do Jari ......................................................................................................... 240
6.2. Análise crítica do Plano Diretor Municipal e/ou Plano Municipal de Manejo de Águas
Pluviais e/ou de Drenagem Urbana .................................................................................... 242
6.3. Levantamento da legislação existente sobre uso e ocupação do solo e seu rebatimento
no manejo de águas pluviais ............................................................................................... 243
6.4. Descrição da rotina operacional, de manejo e limpeza da rede drenagem natural e
artificial ............................................................................................................................... 246
6.5. Identificação da existência de sistema único (combinado) e de sistema misto ........... 247
6.6. Identificação e análise dos principais problemas relacionados ao serviço de manejo de
águas pluviais ..................................................................................................................... 248
6.7. Levantamento da ocorrência de desastres naturais no município relacionados com o
serviço de manejo de águas pluviais................................................................................... 249
6.8. Identificação dos responsáveis pelo serviço de manejo de águas pluviais .................. 253
6.9. Identificação e análise da situação econômico-financeira do serviço de manejo de
águas pluviais ..................................................................................................................... 253
6.10. Caracterização da prestação do serviço de manejo de águas pluviais segundo
indicadores .......................................................................................................................... 254
CAPÍTULO 7 ........................................................................................................................ 255
7. SERVIÇO DE MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS .............................................. 255
7.1. Descrição da situação dos resíduos sólidos gerados no município ............................. 255
7.1.1. Geração e Composição gravimétrica .................................................................... 255
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7.1.2. Geração per capita de resíduos sólidos no município .......................................... 260
7.1.3. Acondicionamento, Coleta, Transbordo e Transporte .......................................... 261
7.1.3.1. Resíduos da saúde.......................................................................................... 265
7.1.3.2. Resíduos volumosos ...................................................................................... 267
7.1.3.3. Limpeza de vias e logradouros públicos........................................................ 267
7.1.3.4. Resíduos especiais ......................................................................................... 268
7.1.3.5. Serviços realizados pelo município ............................................................... 268
7.1.4. Tratamento, destinação e disposição final ............................................................ 268
7.1.5. Reciclagem de resíduos sólidos ............................................................................ 271
7.2. Análise de planos municipais existentes na área de manejo de resíduos sólidos ........ 275
7.3. Sistematização dos problemas identificados ao serviço de manejo de resíduos sólidos e
de limpeza pública .............................................................................................................. 275
7.4. Identificação da carência do poder público para o atendimento adequado da população
............................................................................................................................................ 276
7.5. Identificação de áreas ambientalmente adequadas para disposição e destinação final de
resíduos sólidos e de rejeitos .............................................................................................. 279
7.6. Caracterização da estrutura organizacional do serviço de manejo de resíduos sólidos e
de limpeza pública .............................................................................................................. 287
7.7. Identificação da existência de programas especiais em manejo de resíduos sólidos .. 290
7.8. Identificação dos passivos ambientais relacionados aos resíduos sólidos, incluindo
áreas contaminadas e respectivas medidas saneadoras....................................................... 290
7.9. Identificação das possibilidades de implantação de soluções consorciadas ou
compartilhadas com outros municípios .............................................................................. 292
7.10. Identificação e análise das receitas operacionais, despesas de custeio e investimento
............................................................................................................................................ 294
7.11. Caracterização do serviço de manejo de resíduos sólidos segundo indicadores ....... 294
CAPÍTULO 8 ........................................................................................................................ 309
8. QUADRO RESUMO E ANALÍTICO DOS DIAGNÓSTICO DO PMSB .............. 309
8.1. Quadro resumo e analítico de abastecimento de água ................................................. 309
8.2. Quadro resumo e analítico de esgotamento sanitário .................................................. 325
8.3. Quadro resumo e analítico de manejo de águas pluviais ............................................. 335
8.4. Quadro resumo e analítico de manejo de resíduos sólidos .......................................... 344
8.5. Quadro resumo e analítico dos 4 serviços integrados.................................................. 350
9. REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 364

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1: Precipitação acumulada anual no município de Laranjal do Jari/AP (30 anos) .... 59

Figura 4.1: Fluxograma do SAA da sede Laranjal do Jari ..................................................... 118

Figura 4.2: Fluxo do SAA da sede de Laranjal do Jari – sistemas isolados ........................... 119

Figura 4.3: Fluxograma do processo de tratamento de água .................................................. 126

Figura 4.4: Fluxograma do sistema de tratamento de água de Padaria .................................. 156

Figura 4.5. Localização da Gerência Operacional Laranjal do Jari no organograma da CAESA


................................................................................................................................................ 183

Figura 5.1: Layout da disposição detalhada das residências da proposta de construção de


passarelas de concreto em zonas alagadas de Laranjal do Jari ............................................... 189

Figura 5.2: Layout da disposição geral das residências da proposta de construção de passarelas
de concreto em zonas alagadas de Laranjal do Jari ................................................................ 189

Figura 5.3: Esquema Geral de Tanque Séptico (Fossa) - NBR 7229/1993 ............................ 196

Figura 6.1: Seção do ponto J1. Cachoeira Santo Antônio do Jari .......................................... 233

Figura 6.2: Seção do ponto J2. Laranjal do Jari ..................................................................... 233

Figura 6.3: Seção do ponto LJ3. Vitória do Jari ..................................................................... 234

Figura 6.4: Seção do ponto LJ4. Após Vitória Jari. ............................................................... 234

Figura 6.5: Comportamento hidrodinâmico simulado do campo de velocidade (m/s) para vazão
de 2.863 m3/s .......................................................................................................................... 238

Figura 6.6: Comportamento hidrodinâmico simulado do campo de velocidade (m/s) para vazão
de -71 m3/s .............................................................................................................................. 239

Figura 6.7: Concentração de Coliformes (NM/100 mL) após 1 hora do lançamento ............ 240

Figura 6.8: Concentração de Coliformes /100 mL após 12 horas do lançamento .................. 241

Figura 6.9: Concentração de Coliformes /100 mL após 24 horas do lançamento .................. 242

Figura 7.1: Fluxograma de Resíduos de Saúde ...................................................................... 266

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LISTA DE FOTOGRAFIAS

Fotografia 1.1: Zona urbana de Laranjal do Jari com destaque em amarelo aos bairros mais
susceptíveis às enchentes intranuais periódicas (4-5 anos). ..................................................... 26

Fotografia 1.2: Abastecimento de água por carro pipa e risco sanitário na zona baixa da cidade
.................................................................................................................................................. 27

Fotografia 1.3: Representações no Comitê de Coordenação – município de Laranjal do Jari/AP


– 2019 ....................................................................................................................................... 35

Fotografia 1.4: Oficinas temáticas, (a) Sede do município, (b) comunidade Padaria e (c)
comunidade Água Branca do Cajari ......................................................................................... 37

Fotografia 1.5: Biomapas, (a) eixo abastecimento de água, (b) eixo resíduos sólidos., (c) eixo
esgotamento sanitária e (c) eixo drenagem e manejo de água pluviais .................................... 40

Fotografia 1.6: Apresentação e discussão dos mapas na Oficina Temática I – Sede municipal
de Laranjal do Jari-AP. ............................................................................................................. 41

Fotografia 1.7: Biomapas elaborados pelos participantes da Oficina Temática I – Comunidade


Padaria - Laranjal do Jari, (a) e (b) comunidade padaria, (c) comunidade cachoeira e (d)
problemas comuns apresentados pelos participantes................................................................ 42

Fotografia 1.8: Biomapas elaborados pelos participantes da oficina temática 1 na comunidade


Água Branca do Cajari – município de Laranjal do Jari-AP .................................................... 43

Fotografia 1.9: Participação das mulheres nas Oficinas temáticas I – (a) sede, (b) comunidade
Padaria – Laranjal do Jari (AP) ................................................................................................ 45

Fotografia 2.1: Ação do Programa de Saúde na Escola ........................................................... 76

Fotografia 4.1: Escritório administrativo da CAESA na sede do município ......................... 117

Fotografia 4.2: Rio Jari, a) Vista aérea, b) Mangem do rio no local da captação .................. 120

Fotografia 4.3: Acesso a captação de água bruta.................................................................... 123

Fotografia 4.4: Conjuntos motobombas, a) 50 CV e b) 100 CV (em manutenção) ............... 124

Fotografia 4.5: a) Painel de acionamento dos CMB´s e b) Abrigo dos painéis. .................... 125

Fotografia 4.6: Adução de água bruta, a)Trecho da tubulação de polietileno e b) Conexão com
a adutora de ferro aço ............................................................................................................. 126

Fotografia 4.7: Calha Parshall da ETA (quantificação da vazão) .......................................... 127

Fotografia 4.8: Dosagem do sulfato de alumínio líquido ....................................................... 128

Fotografia 4.9: Adição de polímero nos floculadores, a) Polímero e b) Floculadores ........... 128

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Fotografia 4.10: Dornas desativadas na sala de química ........................................................ 129

Fotografia 4.11: Preparo de solução na sala de química: a) e b) Polímero; c) e d) Sulfato de


alumínio .................................................................................................................................. 129

Fotografia 4.12: Decantadores da ETA .................................................................................. 130

Fotografia 4.13: Filtros da ETA, 3 unidades .......................................................................... 130

Fotografia 4.14: Sala do sistema de retrolavagem .................................................................. 131

Fotografia 4.15: Sistema de abertura hidráulico - retrolavagem ............................................ 131

Fotografia 4.16: Sistema de cloração ..................................................................................... 132

Fotografia 4.17: Câmara de contato ....................................................................................... 133

Fotografia 4.18: Cilindros de cloro gás .................................................................................. 133

Fotografia 4.19: Ocupação do prédio administrativo ao lado da ETA: a) acomodação do sistema


de cloração; b) sala de química; c) estocagem de material de reparo da rede hidráulica e d)
estocagem de produto químico ............................................................................................... 134

Fotografia 4.20: Ambientes sem uso no prédio administrativo (secundário): a) laboratório I; b)


laboratório II; c) Escritórios; d) laboratório II ........................................................................ 134

Fotografia 4.21: Reservatório enterrado (R1)......................................................................... 138

Fotografia 4.22: Reservatório apoiado (R2) ........................................................................... 138

Fotografia 4.23: Reservatório elevado (R3) ........................................................................... 139

Fotografia 4.24: Casas de bombas .......................................................................................... 139

Fotografia 4.25: Situação do abrigo da ERAT: a) Cobertura; b) Vista frontal ; c) e d) Ambiente


interno sem iluminação e piso molhado ................................................................................. 140

Fotografia 4.26: Conjuntos motobombas da ERAT ............................................................... 141

Fotografia 4.27: Situação dos painéis de comando das motobombas .................................... 141

Fotografia 4.28: Poço tubular Bombeiros............................................................................... 143

Fotografia 4.29: Poço tubular Nova Esperança ...................................................................... 144

Fotografia 4.30: Poço tubular Mirilândia ............................................................................... 145

Fotografia 4.31: Poço tubular Nazaré Mineiro ....................................................................... 146

Fotografia 4.32: Poço tubular Sarney 1 .................................................................................. 147

Fotografia 4.33: Poço tubular Sarney 2 .................................................................................. 148

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 10


Fotografia 4.34: Reservatório do poço tubular Sarney 2 ........................................................ 149

Fotografia 4.35: Perfuração de poço tubular profundo........................................................... 150

Fotografia 4.36: Projeto Sanear, solução alternativa individual............................................. 152

Fotografia 4.37: Projeto Sanear Amazônia, solução alternativa coletiva ............................... 152

Fotografia 4.38: Ponto de captação de água no rio Cajari do SAC ........................................ 153

Fotografia 4.39: Captação as margens do rio Jari .................................................................. 155

Fotografia 4.40: Motobomba de 3/4 CV ................................................................................ 156

Fotografia 4.41: Sistema de dosagem de produtos químicosda ETA Padaria ........................ 157

Fotografia 4.42: Reservatórios apoiados (5 unidades) ........................................................... 158

Fotografia 4.43: Motobombas de recalque de água tratada .................................................... 159

Fotografia 4.44: Filtro biológico HD - Carvão ( 4 unidades) ................................................. 159

Fotografia 4.45: Filtros ........................................................................................................... 160

Fotografia 4.46: Despejo da água de lavagem ao sumidouro ................................................. 160

Fotografia 4.47: Reservatório elevado.................................................................................... 161

Fotografia 4.48: Indutora de distribuição de água .................................................................. 162

Fotografia 4.49: Solução alternativa coletiva Salta-z ............................................................. 163

Fotografia 4.50: Abastecimento por meio de carro pipa ........................................................ 166

Fotografia 4.51: Moradias se expandindo em áreas de ressaca sem acesso de rede hidráulica
................................................................................................................................................ 167

Fotografia 4.52: Contas de água pendentes de pagamento..................................................... 167

Fotografia 4.53: a) Captação no rio Jari. b) Poço artesiano de captação ................................ 173

Fotografia 4.54: Zona urbana da cidade de Laranjal do Jari-AP ............................................ 178

Fotografia 4.55: Visão aérea local: a) zona baixa com alto risco de alagamento; b) zona alta,
central, com melhor infraestrutura, e c) zona alta com estrutura menos (Laranjal do Jari-AP
................................................................................................................................................ 178

Fotografia 4.56: Visão área da zona baixa sem infraestrutura de saneamento da cidade de
Laranjal do Jari-AP ................................................................................................................. 179

Fotografia 4.57: Zona alta da cidade de Laranjal do Jari-AP com melhor infraestrutura em
comparação com a zona baixa ................................................................................................ 179

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 11


Fotografia 5.1: (a) Fossa negra e (b) fossa séptica na área urbana em terra firme em Laranjal do
Jari .......................................................................................................................................... 192

Fotografia 5.2: Destinação das águas residuárias nas áreas alagadas de laranjal do Jari ....... 201

Fotografia 5.3: Evento de alagamento em Laranjal do Jari-AP em 2000 – vista aérea 1....... 207

Fotografia 5.4: Evento de alagamento em Laranjal do Jari-AP em 2000 – vista aérea 2....... 207

Fotografia 5.5: Situação do lixo domiciliar na área de estudo durante a enchente de 2008 em
Laranjal do Jari-AP ................................................................................................................. 208

Fotografia 6.1: Detalhe do sistema de drenagem e águas pluviais na sede municipal de Laranjal
do Jari na zona baixa .............................................................................................................. 224

Fotografia 6.2: a) Software de monitoramento River Surveyor M9 da SonTek; b) ADCP


instalado com suporte à lateral da embarcação ...................................................................... 231

Fotografia 6.3: UHESAJ. Ponto Próximo ao início da Batimetria (Ponto LJ1) ..................... 231

Fotografia 6.4: Rampa da cidade de Laranjal do Jari onde ocorre movimento de balsa com
Monte Dourado ....................................................................................................................... 233

Fotografia 6.5: Trecho LJ4 do Rio Jari .................................................................................. 235

Fotografia 6.6: Vitória do Jari, trecho entre LJ3 e LJ4 do Rio Jari. ....................................... 235

Fotografia 7.1: Lona utilizada para despejo dos resíduos sólidos .......................................... 256

Fotografia 7.2: Despejo de resíduo sólido para realização da amostragem............................ 257

Fotografia 7.3: Tambor utilizado para separação dos resíduos .............................................. 257

Fotografia 7.4: Processo de quarteamento.............................................................................. 258

Fotografia 7.5: Sacos para a separação dos resíduos .............................................................. 259

Fotografia 7.6: Formas de acondicionamento e armazenamento dos resíduos sólidos


domiciliares (Sede). ................................................................................................................ 262

Fotografia 7.7: Deposito e armazenamento dos resíduos sólidos........................................... 263

Fotografia 7.8: Despejo de resíduos sólidos (Comunidade Padaria) ...................................... 263

Fotografia 7.9: Lixo caído na estrada que leva ao lixão ......................................................... 264

Fotografia 7.10. Lixão a céu aberto do município de Laranjal do Jari ................................... 270

Fotografia 7.11: a) Ambiente de moradia e trabalho de catador de material reciclável (PET) e


garrafas de vido nos arredores do Lixão a céu aberto - Laranjal do Jari. ............................... 270

Fotografia 7.12: a) e b) Detalhes da moradia típica de um catador de material reciclável de


garrafas de vidro próximo do Lixão a céu aberto - Laranjal do Jari ...................................... 271
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 12
Fotografia 7.13: a) Ambiente da cooperativa de reciclagem e funcionárias no horário de
intervalo para o descanso. b) Etapa do processo de reciclagem do resíduo sólido. ............... 272

Fotografia 7.14: Processo de reciclagem do resíduo sólido ................................................... 273

Fotografia 7.15: a) Ambiente de produção de material reaproveitamento de resíduos sólidos,


com destaque à prensa que reduz em média 80% do volume no processo; b) Responsáveis pelas
etapas do processo de reciclagem do resíduo sólido. ............................................................. 273

Fotografia 7.16: a) Ambientes da empresa Amapá Metal, b) espera de material antes da


prensagem do resíduo sólido, c) prensa, d) material prensado ensacado para transporte, e)
material empilhado (metais, papelão, plástico) na área externa e f) área de acesso à empresa
................................................................................................................................................ 274

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 13


LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1.1: Representações no Comitê de Coordenação – município de Laranjal do Jari/AP –


2019 .......................................................................................................................................... 36

Gráfico 2.1: Box Plots de precipitação anual (média 1982 a 2018) de Laranjal do Jari .......... 53

Gráfico 2.2: Climatologia (média 1982 a 2018) da precipitação mensal (ciclo anual de janeiro
a dezembro) para Laranjal do Jari (linha rosa) ......................................................................... 53

Gráfico 2.3: Box Plot da precipitação climatológica (média 1982 a 2018) sazonal do Regime
Chuvoso para o município de Laranjal do Jari ......................................................................... 56

Gráfico 2.4: Box Plot da precipitação climatológica (média 1982 a 2018) sazonal do Regime
Seco para o município de Laranjal do Jari ............................................................................... 58

Gráfico 2.5: Série temporal dos totais sazonais de precipitação (Dezembro a Maio) na estação
de São Francisco ....................................................................................................................... 64

Gráfico 2.6: Médias mensais ao longo do ano da precipitação climatológica (média 1974-2006)
e do ano de 2000 ....................................................................................................................... 65

Gráfico 2.7: Comparação entre a climatologia e o evento extremo selecionada; cota média
mensal (cm) em São Francisco no Estado do Amapá (LUCAS et al., 2010) ........................... 65

Gráfico 2.8: Comparação entre a climatologia e o evento extremo selecionada; vazão média
mensal (m3.s-1) na estação de São Francisco no Estado do Amapá (LUCAS et al., 2010) .... 66

Gráfico 2.9: Distribuição da População de Laranjal do Jari/AP em 2010 por Sexo e grupos de
idade ......................................................................................................................................... 71

Gráfico 2.10: Evolução do IDEB para rede pública de ensino estadual do município de Laranjal
do Jari entre os anos de 2007 e 2017 ........................................................................................ 84

Gráfico 2.11: Evolução do número de matrículas na rede estadual e municipal de ensino em


Laranjal do Jari entre os anos de 2013 e 2019 .......................................................................... 85

Gráfico 2.12: Distribuição da renda por quintos da população – Município de Laranjal do


Jari/AP – 1991 a 2010 .............................................................................................................. 88

Gráfico 5.1: variação das médias mensais dos parâmetros Coliformes Totais e Echerichia Coli
(E.coli) .................................................................................................................................... 216

Gráfico 6.1: Comportamento da curva de vazão simulada do Rio Jari (Seção do ponto LJ2)
devido ao comportamento do ciclo hidrológico do Rio Amazonas a jusante ........................ 237

Gráfico 7.1: Composição gravimétrica do RSUs do município de Laranjal do Jari .............. 260

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LISTA DE MAPAS

Mapa 1.1: Setores Censitários do Município de Laranjal do Jari/AP ...................................... 23

Mapa 1.2: Zona urbana de Laranjal do Jari com destaque em amarelo aos bairros mais
susceptíveis às enchentes intranuais periódicas (4-5 anos) ...................................................... 25

Mapa 1.3: Setores de mobilização e locais de ocorrência das primeiras oficinas temáticas.
Município de Laranjal do Jari (AP) .......................................................................................... 38

Mapa 2.1: Localização do Município de Laranjal do Jari/AP .................................................. 47

Mapa 2.2: As Territorialidade do Município de Laranjal do Jari/AP....................................... 49

Mapa 2.3: Área de estudo, Laranjal do Jari na cor azul claro .................................................. 50

Mapa 2.4. Climatologia (média 1982 a 2018) da precipitação anual (acumulado de janeiro a
dezembro) no estado com destaque para o município de Laranjal do Jari ............................... 52

Mapa 2.5: Climatologia (média 1982 a 2018) da precipitação sazonal do Regime Chuvoso
(acumulado de janeiro a junho) no estado, com destaque para o município de Laranjal do Jari
.................................................................................................................................................. 55

Mapa 2.6: Climatologia (média 1982 a 2018) da precipitação sazonal do Regime Seco
(acumulado de julho a dezembro) no estado com destaque para o município Laranjal do Jari.
.................................................................................................................................................. 57

Mapa 2.7: Unidades geológicas que ocorrem no município de Laranjal do Jari...................... 60

Mapa 2.8: Germorfologia do município de Laranjal do Jari .................................................... 61

Mapa 2.9: Hidrografia Laranjal do Jari .................................................................................... 62

Mapa 2.10: Mapa de solos do município de Laranjal do Jari ................................................... 67

Mapa 2.11: Distribuição da vegetação no município de Laranjal do Jari ................................ 68

Mapa 2.12: Áreas de conservação do município Laranjal do Jari ............................................ 69

Mapa 2.13: Pavimentação e arruamento da sede do Município de Laranjal do Jari ................ 92

Mapa 2.14: Pavimentação e arruamento do Distrito de Água Branca do Cajari ...................... 93

Mapa 2.15: Cemitério do município de Laranjal do Jari. ......................................................... 96

Mapa 2.16: Cemitério da comunidade Água Branca do Cajari ................................................ 97

Mapa 4.1: Localização dos equipamentos do SAA da sede de Laranjal do Jari .................... 119

Mapa 4.2. Rede de abastecimento de água (trechos destacados em azul) .............................. 143

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 15


Mapa 4.3: Localização dos equipamentos do SAA da comunidade Água Branca do Cajari . 151

Mapa 4.4: Localização dos equipamentos do SAA da comunidade Padaria.......................... 154

Mapa 4.5: Fragilidade dos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos ............................. 169

Mapa 4.6: Distribuição dos pontos de coleta de água no Município de Laranjal do Jari ....... 171

Mapa 4.7: Distribuição dos pontos de coleta de água no distrito de Água Branca do Cajari 172

Mapa 5.1: Modelo digital de terreno com a variação altimetrica da região da sede municipal de
Laranjal do Jari com destaque para o padrão de sistema de drenagem que esculpem o relevo da
área.......................................................................................................................................... 210

Mapa 5.2: Áreas potenciais a instalação de ETE na região da sede municipal ...................... 214

Mapa 6.1: Equipamentos do SAA da sede de Laranjal do Jari integrado ao único sistema de
drenagem na sede municipal: a) destaque no retângulo vermelho da área dotada de
infraestrutura parcial de drenagem e águas pluviais ............................................................... 222

Mapa 6.2: Destaque a) do Mapa 6.1 representando a área dotada de um sistema parcial de
drenagem e águas pluviais na sede municipal de Laranjal do Jari (retângulo destacado do mapa)
................................................................................................................................................ 223

Mapa 6.3: Sistema de drenagem e águas pluviais na sede municipal de Laranjal do Jari. destaque
no retângulo vermelho a – b) infraestrutura na zona alta, no centro da cidade (terra firme); c-f)
infraestrutura da zona baixa, periferia e orla da cidade, rio Jari; g) régua de monitoramento
hidrológico da Defesa Civil (nível do rio) para alagamentos e impactos no sistema de drenagem
................................................................................................................................................ 224

Mapa 6.4: Localização da área urbana de Laranjal do Jari .................................................... 226

Mapa 6.5: Áreas adequadas à infraestrutura de sistema de drenagem e águas pluviais ......... 227

Mapa 6.6: Tendência dos fluxos de água pelo sistema de micro e macro drenagem das águas
pluviais indicada por setas vermelhas .................................................................................... 229

Mapa 6.7: a) Mapa da Bacia do Rio Jari, com destaque da área do baixo trecho; b) sítios de
monitoramento hidrodinâmico e de qualidade da água para fins hidrossanitários ................. 230

Mapa 6.8: Carta de vulnerabilidade natural do solo à erosão ................................................. 246

Mapa 7.1: Rota de coleta de resíduos sólidos......................................................................... 265

Mapa 7.2: Localização do lixão em referência a sede do município...................................... 269

Mapa 7.3: Viabilidade de áreas para aterro sanitário com destaque da localização da lixeira
municipal de Laranjal do Jari ................................................................................................. 285

Mapa 7.4: Modelo digital do terreno da área da lixeira publica contendo a seção transversal
longitudinal A-A’ ................................................................................................................... 286

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1.1: Problemas e propostas elaboradas e apresentadas na oficina temática I –


comunidade Agua Branca do Cajari – Laranjal do Jari/AP...................................................... 43

Quadro 2.1: Comunidades Rurais - Município de Laranjal do Jari/AP.................................... 71

Quadro 2.2: Instituições de Ensino - Sede do Município de Laranjal do Jari/AP .................... 81

Quadro 2.3: Instituições de Ensino – Zona Rural do Município de Laranjal do Jari/AP ......... 83

Quadro 2.4: Componentes do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal ...................... 86

Quadro 3.1: Gestão dos serviços de saneamento básico no município de Laranjal do Jari/AP
................................................................................................................................................ 106

Quadro 3.2: Convênios federais com o Municipio de Laranjal do Jari .................................. 112

Quadro 3.3: Convênios estaduais e acordos com os municípios ............................................ 113

Quadro 4.1: Descrição dos dosadores de cloro ...................................................................... 132

Quadro 4.2: Características dos reservatórios do sistema de abastecimento de água ............ 138

Quadro 4.3: Rede de Distribuição .......................................................................................... 142

Quadro 4.4. Principais deficiências do serviço de abastecimento de água de Laranjal do Jari


................................................................................................................................................ 164

Quadro 4.5: Frota de veículos................................................................................................. 184

Quadro 5.1: característica dos eventos hidrometeorológicos e repercussão social ................ 205

Quadro 8.1: Quadro resumo e analítico de abastecimento de água – Zona Urbana ............... 309

Quadro 8.2: Quadro resumo e analítico de abastecimento de água – Zona Rural .................. 318

Quadro 8.3: Quadro resumo e analítico de esgotamento sanitário – Zona Urbana ................ 325

Quadro 8.4: Quadro resumo e analítico de esgotamento sanitário – Zona Rural ................... 329

Quadro 8.5: Quadro resumo e analítico de manejo de águas pluviais – Zona Urbana ........... 335

Quadro 8.6: Quadro resumo e analítico de manejo de águas pluviais – Zona Rural.............. 342

Quadro 8.7: Quadro resumo e analítico de manejo de resíduos sólidos – Zona Urbana ........ 344

Quadro 8.8: Quadro resumo e analítico de manejo de resíduos sólidos – Zona Rural ........... 348

Quadro 8.9: Quadro resumo e analítico dos 4 serviços integrados – Zona Urbana ............... 350

Quadro 8.10: Quadro resumo e analítico dos 4 serviços integrados – Zona Rural ................ 359

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 17


LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1: Distância comunidades/demais sedes municipais à sede de Laranjal do Jari/AP . 23

Tabela 1.2: Casos de Doenças de Notificação Compulsória de transmissão hídrica notificados


e confirmados entre os anos de 2007 e 2017. ........................................................................... 31

Tabela 1.3: Número de atendimentos por Doenças Diarreicas Agudas em unidades de saúde,
2007 a 2017 .............................................................................................................................. 32

Tabela 1.4: Casos de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti no Estado do Amapá em 2018 e
2019 .......................................................................................................................................... 32

Tabela 1.5: Número de casos de Doenças transmitidas pelo Aedes aegypti e doenças diarreicas
em unidades de saúde, 2018 e 2019 no município de Laranjal do Jari-AP .............................. 33

Tabela 1.6: Instituições mapeadas consideradas público alvo direto para a elaboração do Plano
Municipal de Saneamento Básico (PMSB) – município de Laranjal do Jari-AP - ano: 2019 . 33

Tabela 2.1: Detalhes dos três conjuntos de dados de precipitação ........................................... 50

Tabela 2.2: Estatística descritiva das médias anuais (1982 a 2018) da precipitação para o
município de Laranjal do Jari ................................................................................................... 53

Tabela 2.3: Estatística descritiva das médias sazonais (1982 a 2018) da precipitação no regime
Chuvoso para o município de Laranjal do Jari ......................................................................... 56

Tabela 2.4: Estatística descritiva das médias sazonais (1982 a 2018) da precipitação no Regime
Seco para o município de Laranjal do Jari ............................................................................... 58

Tabela 2.5: População Residente, Taxa de Crescimento e distribuição por Gênero do município
de Laranjal do Jari/AP - 1991, 2000 e 2010 ............................................................................. 70

Tabela 2.6: Servidores da pasta de saúde do município de Laranjal do Jari ............................ 73

Tabela 2.7: Relatório de frequências do estado nutricional de crianças de 0 a 2 anos,


acompanhados nos anos de 2018 e 2019, índice de peso versus idade .................................... 75

Tabela 2.8: Relatório de frequências do estado nutricional de crianças de 0 a 2 anos,


acompanhados nos anos de 2018 e 2019, índice de altura versus idade. ................................. 75

Tabela 2.9: Evolução do IDHM no município de Laranjal do Jari/AP – 1991 a 2010 ............ 86

Tabela 2.10: Índice de desenvolvimento municipal e seus componentes – Município de Laranjal


do Jari-AP – 1991 a 2010 ......................................................................................................... 87

Tabela 2.11: Indicadores de Renda, pobreza e desigualdade – Município de Laranjal do Jari-


AP – 1991 a 2010 ..................................................................................................................... 88

Tabela 2.12: Ocupação da população de 18 anos ou mais – Município de Laranjal do Jari – AP


– 2000 a 2010 ........................................................................................................................... 89
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 18
Tabela 2.13: Consumo e população por zona no município de Laranjal do Jari (2010) .......... 91

Tabela 4.1: Sistema de abastecimento de água do município de Laranjal do Jari ................. 116

Tabela 4.2: Fixa técnica resumo da captação ......................................................................... 123

Tabela 4.3: Fixa técnica resumo das unidades de recalque de água bruta.............................. 124

Tabela 4.4: Caracteristicas técnicas dos CMB ....................................................................... 125

Tabela 4.5: Fixa técnica resumo da ETA concncional ........................................................... 127

Tabela 4.6: Informações financeiras do Município de Laranjal do Jari (Núcleo de Planejamento


– NUPLAN, código 574) ........................................................................................................ 136

Tabela 4.7: Consumo de produtos químicos na ETA ............................................................. 137

Tabela 4.8: Fixa técnica resumo das unidades de recalque de água tratada ........................... 139

Tabela 4.9: Caracteristicas técnicas dos CMB ....................................................................... 140

Tabela 4.10: Adutora de água tratada ..................................................................................... 142

Tabela 4.11: Características técnicas do poço e motobomba - Bombeiros ............................ 144

Tabela 4.12: Características técnicas do poço e motobomba – Nova Esperança ................... 145

Tabela 4.13: Características técnicas do poço e motobomba – Mirilândia ............................ 146

Tabela 4.14: Características técnicas do poço e motobomba – Nazaré Mineiro .................... 147

Tabela 4.15: Características técnicas do poço e motobomba – Sarney 1 ............................... 148

Tabela 4.16: Características técnicas do poço e motobomba – Sarney 2 ............................... 149

Tabela 4.17: Fixa técnica resumo das unidades de recalque de água bruta de Padaria .......... 155

Tabela 4.18: Fixa técnica resumo das unidades de recalque de água tratada ......................... 158

Tabela 4.19: Adutora de água tratada da Padaria ................................................................... 161

Tabela 4.20: Localização dos pontos de coleta na sede de Laranjal do Jari........................... 173

Tabela 4.21: Localização dos pontos de coleta na Comunidade de Água Branca do Cajari.. 174

Tabela 4.22: Unidades de medidas dos parâmetros analisados, seus métodos, equipamentos de
análise e armazenamento ........................................................................................................ 174

Tabela 4.23: Resultado das análises realizadas no Rio Jari.................................................... 175

Tabela 4.24: Resultado das análises realizadas na água de abastecimento em Laranjal do Jari
................................................................................................................................................ 176

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 19


Tabela 4.25: Resultado das análises realizadas na água de abastecimento na Comunidade de
Água Branca do Cajari. .......................................................................................................... 177

Tabela 4.26: Número de empregados da CAESA em Laranjal do Jari .................................. 184

Tabela 4.27: Número de ligações de água em todo o município (mês de fererência: 11/2019)
................................................................................................................................................ 184

Tabela 4.28: Demonstrativo de arrecadação (12 meses) ........................................................ 185

Tabela 4.29: Resumo da arrecadação (12 meses) ................................................................... 185

Tabela 4.30. Indicadores de Água (2018) .............................................................................. 186

Tabela 5.1: índice de estado trófico no Rio Jari ..................................................................... 194

Tabela 5.2: Critérios utilizados na análise multicritério para a seleção de áreas viáveis a
instalação da ETE. .................................................................................................................. 211

Tabela 5.3: Valores das notas atribuídas as diferentes classes ............................................... 212

Tabela 5.4: Pesos atribuídos para as variáveis em análise ..................................................... 213

Tabela 5.5: Indicadores de Água e Esgoto (2018).................................................................. 217

Tabela 5.6: Indicadores de Esgoto – Laranjal do Jari (2018) ................................................. 219

Tabela 6.1: Tabela de valores de vazão e velocidade da corrente do rio Jari ao longo de sua
extensão longitudinal .............................................................................................................. 232

Tabela 7.1: Composição gravimétrica do Município de Laranjal do Jari .............................. 259

Tabela 7.2: Valores das notas atribuídas as diferentes classes de cada variável .................... 282

Tabela 7.3: Pesos atribuídos para as variáveis em análise ..................................................... 283

Tabela 7.4: Indicadores para Resíduos Sólidos (2018) .......................................................... 295

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 20


CAPÍTULO 1

1. CONTEXTUALIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO: GESTÃO, POLÍTICA E


COMUNITÁRIO
O objetivo do presente Diagnóstico Técnico-Participativo (DTP) é construir uma base
norteadora do PMSB do Município de Laranjal do Jari/AP, representada pelas quatro
componentes do saneamento básico (água, esgoto, resíduos sólidos e drenagem e águas
pluviais). Dentre os objetivos específicos do DTP, a consolidação de informações sobre a
situação atual dos serviços de saneamento básico do município é discutida a partir de uma
abrangente perspectiva do setor. Em geral, as informações são aqui apresentadas utilizando-se
tanto aspectos qualitativos quanto quantitativos, representados por indicadores
epidemiológicos, de saúde, sociais, econômicos e ambientais, bem como outras informações
correlatas com outros setores afins, eventualmente integrados com o setor de saneamento, como
o de educação, saúde, infraestrutura, meio ambiente, gestão, dentre outros aspectos
socioeconômicos e ambientais.
Os tópicos seguintes descrevem uma vasta e profunda análise sobre três setores
territoriais genéricos do Município de Laranjal do Jari (urbano, rural terrestre e rural fluvial),
seguindo rigorosamente as recomendações técnicas do Plano de Mobilização e Controle Social
(PMCS). Tais instruções e normativas do PMCS são a base do DTP e respaldadas pelo Termo
de Referência para a elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico – Funasa 20121,
preconizadas pela Lei 11.445/2011) e regulamentada pelo Decreto (7.217 de 21 de julho de
2010), que dispõe sobre as Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico e a Política Federal
de Saneamento Básico, e a Lei 12.305/2010, que estabelece a Política Nacional de Resíduos
Sólidos.
Os tópicos do DTP, previstos pelo TR PMSB 2012, são descritos a seguir:

1
http://www.funasa.gov.br/site/wp-content/uploads/2012/04/2b_TR_PMSB_V2012.pdf
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 21
1.1. Compatibilização de setores censitários
No município de Laranjal do Jari, de acordo com a reunião ampliada ocorrida no dia 14
de março de 2019, com base em ampla discussão, foram definidos três setores censitários: o
primeiro, destina-se o Setor Urbano, que envolve apenas a sede do município composto pela
Macrozona de Ocupação consolidada subdividida em Zona Especial de Interesse Social I, Zona
Especial de Interesse Social II e Zona de Interesse Social III (Art. 39 da Lei 0545/2016),
conforme indicada na reunião ampliada e estabelecido no Projeto de Lei do Plano Diretor de
Laranjal do Jari (Lei Municipal No. 0545/2016).
A Lei Municipal (Plano Diretor), no Art. 4º são listados os objetivos prioritários do
Município de Laranjal do Jari, a elaboração e implementação de planos e programas visando:
I) reduzir a precariedade habitacional [...] garantindo a requalificação urbanística e a titulação
da posse a população de baixa renda e a provisão de habitação de interesse social; II) garantir,
nas áreas consideradas de risco, a implementação de programas de reabilitação ou, no caso de
necessidade comprovada, a remoção e a realocação da população preferencialmente em áreas
próximas, assegurando-se seu direito à cidade; e principalmente III) ampliar a infraestrutura e
os serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem urbana e limpeza
urbana a toda a população. Além disso, nos incisos IV) assegurar a fiscalização das áreas de
proteção ambiental [...] ampliando e valorizando e controlando a qualidade dos recursos
hídricos; e V) promover o desenvolvimento rural no Município e a integração dos distritos,
comunidades, vilas, povoados à sede municipal.
É válido destacar, ainda, que a sede do município abriga um Projeto de Assentamento,
denominado de Maria de Nazaré Souza Mineiro. O segundo, destina-se ao Setor Rural Terrestre
que contempla dez (10) Comunidades Terrestres, envolvendo as comunidades que têm acesso
por rodovias, estradas e ramais e 42 (quarenta e duas), além do Distrito de Água Branca do
Cajari que é acessada pela BR 156. O Terceiro, destina-se ao Setor Rural Ribeirinho composto
pelas Comunidades ribeirinha, que são acessadas por vias fluviais (principalmente o rio Jari),
conforme demonstra o Mapa 1.1. As distâncias de cada comunidades e demais municípios a
sede de Laranjal do Jari são informadas na Tabela 1.1.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 22


Mapa 1.1: Setores Censitários do Município de Laranjal do Jari/AP

Fonte: Elaborado pela Equipe de Geoprocessamento/PMSB (2020).

Tabela 1.1: Distância comunidades/demais sedes municipais à sede de Laranjal do Jari/AP


Comunidades Distancia (km)
Padaria 19,6
Santo Antônio da Cachoeira 27,51
São Francisco do Iratapuru 41
São José 94
Martins 39
Marinho 50
Água Branca do Cajari 57,3
Dona Maria 63
Santarém 71
Boca do Braço 77
São Pedro 76,69
Açaizal 47
Fundão 51
Mangueiro 62
Retiro da Fazenda 43,7
Santo Antônio II 31,44
Sítio do Pedrão 65,4
Sombra da Mata 7,87
Tira Couro 9,71
Demais sedes municipais Distancia (km)

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Macapá (capital) 287
Vitórida do jari 32
Mazagão 296
Pedra Branca do Amapari 709
Oiapoque 801
Fonte: Equipe de Geoprocessamento/PMSB (2020).

Em 2019 a população do município estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística (IBGE) era de 50.410 (cinquenta mil, quatrocentos e dez) pessoas. O censo de 2010
apresentou uma população de 39.942 (trinta e nove mil, novecentos e quarenta e dois)
habitantes; o censo de 2000 indicou uma população de 28.515 (vinte e oito mil, quinhentos e
quinze) habitantes. Em 1991 a população do município era de 21.372 (vinte e um mil, trezentos
e setenta e duas) pessoas. Não há informações populacionais anteriores a 1991, pois o município
foi criado em 1987.
Considerando a definição de setores e os censos do IBGE pode-se inferir que a
população do município de Laranjal do Jari, está assim distribuída, de acordo com os censos de
1991, 2000 e 2010:
1 Setor urbano - em 1991, a população contava com 14.301 (quatorze mil trezentos e
uma) pessoas; em 2000, a população recenseada foi de 26.792 (vinte e seis mil, setecentos e
noventa e dois) indivíduos. E em 2010 a população que habitava o setor urbano era de 37.904
(trinta e sete mil, novecentos e quatro).
2 Setor rural - em 1991, a população era de 7.071 (sete mil e setenta e um) indivíduos;
em 2000, a população reduziu para 1.723 (um mil, setecentos e vinte três) indivíduos. Em 2010,
a população que habitava o setor rural era de 2.038 (dois mil e trinta e oito).
Pelas informações anteriores é possível constatar que a distribuição da população de
Laranjal do Jari, no estado do Amapá, segundo os censos do IBGE de 1991, 2000 e 2010 tem
concentração significativamente maior no meio urbano, sendo aproximadamente 66,91%,
93,96% e 94,90%, respectivamente, ou seja, a população urbana é muito superior a rural.

1.2. Articulação do saneamento com a política urbana


De acordo com Oliveira e Cunha (2015) o rio Jari corre encaixado em vale aberto em
“U”, típico curso de drenagem escavado em embasamento sedimentar de climas equatoriais.
Caudaloso durante todo ano, o rio Jari ainda não apresenta restrições de uso da água associado
à indisponibilidade frente à demanda. Além disso, há influência de maré em seu baixo curso

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 24


que garante a navegabilidade no referido trecho de rio o ano todo, independentemente das
variações na vazão de montante (atualmente com a Usina Hidrelétrica de Santo Antônio).
Em grande parte de seu trecho o rio Jari serve de divisor entre o Estado do Amapá e
Pará, territórios de suas margens esquerda e direita respectivamente. Ao longo da margem
esquerda do rio Jari está presente a sede do município de Laranjal do Jari (Mapa 1.2).
De acordo com a Mapa 1.2., Oliveira e Cunha (2015) a área baixa da cidade, mais
próxima do corpo d´água (Rio Jari), abrange amplas áreas de várzea. Mas é também considerada
como uma zona de alto risco de grandes enchentes. Por exemplo, pelo menos sete bairros da
área de zona urbana próximas de várzeas, têm sido avaliadas como de alto risco de inundações,
agravando a cada 4-5 anos (em média) a situação sanitária e de saúde pública da cidade. Com
efeito, esta conjunção de fatores entre alagamento, precariedade sanitária e ausência de
respostas a eventos de cheias, forma a principal problemática ambiental, sanitária e saúde
pública do município de Laranjal do Jari.
No mapa da Mapa 1.2, por exemplo, os bairros com maior nível de risco sanitário e de
saúde pública são: Mirilândia, Samaúma, Malvina, Comercial, Três irmãos, Santarém, Central
e Nova Esperança (não identificado no período indicado) conforme (Oliveira e Cunha, 2015).

Mapa 1.2: Zona urbana de Laranjal do Jari com destaque em amarelo aos bairros mais
susceptíveis às enchentes intranuais periódicas (4-5 anos)

Fonte: Oliveira e Cunha (2015).

Com base nestas informações, este tópico descreve alguns aspectos da política de
saneamento com saúde pública, observando que o abastecimento de água tem sido irregular,
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 25
principalmente nas áreas onde moram populações de baixa renda, ou que preferencialmente
escolheram morar nesta parte baixa da cidade. Por exemplo, o Rio Jari, no contexto hidrológico
e de qualidade da água, tende a ser problemático pelos seguintes motivos: 1) presença de
barragem a montante (águas de reservatórios normalmente apresentam problemas de
qualidade), 2) ausência de um sistema de esgotamento sanitário na cidade (equipamentos e
infraestrutura, principalmente) para disposição final de esgoto doméstico e 3) tendência de
deterioração da qualidade da água do rio Jari (principal manancial da cidade) sofre impactos
dos itens 1) e 2), apesar da parte alta da cidade dispor de poços de água subterrâneas que
aumentam as opções e oferta de água de abastecimento da zona urbana (ver capítulo 4),
entretanto elevam os custos de bombeamento (energia elétrica).
Nestes ambientes, frequentemente, os habitantes necessitam armazenar água em
recipientes que facilmente se tornam depositários do vetor aedes aegypti e outras doenças, com
o acúmulo de lixo e onde a limpeza pública também é precária, estimulando o aumento de focos
de vetores e, principalmente, o aumento da dengue na população (FUNASA, 2018), sendo este
o caso da zona urbana de Laranjal do Jari (Fotografia 1.1 a-d).

Fotografia 1.1: Zona urbana de Laranjal do Jari com destaque em amarelo aos bairros mais
susceptíveis às enchentes intranuais periódicas (4-5 anos).

Fonte: EcolyBrasil (2009); TOSTES (2011) adaptado de Oliveira e Cunha (2015).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 26


Devido ao problema de desconexão entre a rede de abastecimento de água da
concessionária (CAESA) com a zona baixa da cidade, justamente a de mais alto risco sanitário
devido ao problema de alagamentos (drenagem, resíduos sólidos e esgotamento sanitário), a
cidade vem sofrendo dramaticamente com a precária e irregular solução de abastecimento de
água por caminhões pipa (Fotografia 1.2 a-d).

Fotografia 1.2: Abastecimento de água por carro pipa e risco sanitário na zona baixa da cidade

Fonte: acervo fotográfico do PMSB (2019).

O Mapa 1.2, com destaque em amarelo, indica os bairros de várzea urbana de Laranjal
do Jari. E, de acordo com dados do Plano Diretor Participativo de Laranjal do Jari, essa área
corresponde a 49% da população local desse município, o que equivale a 19.571 habitantes
(BRITO PAIXÃO e TOSTES, 2010; IBGE, 2010) apud OLIVEIRA e CUNHA (2015).

1.3 Articulação do saneamento com o meio ambiente


No Brasil, nas últimas décadas, as ações de saneamento apresentaram mudanças
substanciais do ponto de vista conceitual e pragmático. Isto possibilitou uma ressignificação de

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 27


sua concepção sanitária clássica, levando a uma abordagem mais holística, compreendendo os
seus fenômenos de intervenção sobre o meio ambiente urbano e rural (FUNASA, 2018).
A visão de saneamento configurou-se como um instrumento de promoção e prevenção
da saúde humana, assim como um meio para a conservação dos aspectos físicos, químicos e
biológicos do ambiente (SOARES et al., 2002; RIBEIRO; ROOK, 2010). O que levou a uma
melhor compreensão sobre o setor de saneamento como fator preponderante para o
desenvolvimento econômico, social e, sobretudo, ambiental (PORTO, 1998).
No entanto, historicamente, o setor de saneamento não tem sido priorizado entre as
políticas públicas preventivas para conter o avanço de doenças de veiculação hídrica e seus
inerentes problemas de saúde pública. Entretanto, não é somente um problema de ausência de
políticas públicas efetivas, mas também da inoperância de ações e implementações do setor
privado da economia. Tudo isso resulta em condições insatisfatórias, impossibilitando o avanço
do setor em relação ao seu desenvolvimento em níveis locais, regionais e globais (RIBEIRO;
GUNTHER, 2002).
No Brasil, os investimentos no setor de saneamento foram pontuais e concentrados nas
décadas de 70 e 80, refletindo em um déficit e desigualdade de acesso, notáveis até os dias
atuais (LEONETI et al, 2011). Mas atualmente este setor vem apresentando uma sensível
tendência de melhora em seus diferentes indicadores, configurando um gerenciamento mais
direcionado para investimentos na área. Contudo, ainda persiste no Brasil uma assimetria
notória na disponibilidade e no acesso aos serviços promovidos por este setor, principalmente
em termos regionais. Este percalço histórico tem penalizado, ainda, muito mais as mulheres
pobres, imbuídas nas suas tarefas históricas de cuidar da família, como estar permanentemente
relacionada ao suprimento das necessidades básicas (educação, saúde, habitação, saneamento,
alimentação, etc) (FUNASA, 2018).
Assimetrias sanitárias regionais também promovem distintos impactos ambientais de
diversas magnitudes, alterando os recursos naturais, principalmente o a água e o solo, mas
também comprometem a fauna, a flora, que podem ser observados em macro e microescalas,
comprometendo severamente estes recursos e, consequentemente, os seus múltiplos usos.
O município de Laranjal do Jari apresenta uma população estimada de 50.410 habitantes
(IBGE, 2019), representando um aumento de 20,7% em sua densidade populacional desde o
último censo realizado (IBGE, 2010). O município, hoje, apresenta diversas fragilidades quanto
às questões relacionadas ao saneamento básico e ambiental, cenário característico dos
adensamentos populacionais de regiões periféricas do país, a exemplo da Amazônia.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 28


O município apresenta apenas 10,6% de seus domicílios com esgotamento sanitário
adequado, 77,8% de domicílios urbanos em vias públicas com arborização e somente 4,4% de
domicílios urbanos em vias públicas com urbanização adequada, ou seja, com presença de
bueiro, calçada, pavimentação e meio-fio (IBGE, 2010). Estes dados configuram um cenário
trágico e potencial para a degradação dos recursos naturais (água, solo, vegetação, fauna, etc),
impactando substancialmente os seus múltiplos usos, especialmente a qualidade da água do Rio
Jari (OLIVEIRA e CUNHA, 2014; ABREU e CUNHA, 2016). Da mesma forma, esta situação
torna-se um impacto negativo à integridade da vida humana e, consequentemente, à qualidade
de vida.
Desta forma, a construção do PMSB do município de Laranjal do Jari/AP deve,
essencialmente, considerar a articulação do setor de saneamento principalmente com os
seguintes setores, considerando-se a bacia hidrográfica como unidade de estudo e gestão: 1)
meio ambiente (impactos sanitários das zonas urbanas e rurais e impacto de hidrelétrica), plano
diretor participativo (conhecimento prévio sobre o uso e ocupação do solo urbano), segurança
de barragem (efeitos hidrológicos naturais e efeitos hidrológicos operacionais)(SILVA et al.,
2020), defesa civil (OLIVEIRA e CUNHA, 2015), controle de endemias , etc.
E essa articulação é indispensável para a prevenção e promoção da qualidade de vida da
população residente do município, ao passo que a conservação do meio e, consequentemente,
a redução dos potenciais efeitos deletérios à integridade da saúde humana e ambiental devem
ser considerados principalmente em relação aos períodos amazônicos mais chuvosos (ABREU
e CUNHA, 2014; OLIVEIRA e CUNHA, 2015; OLIVEIRA e CUNHA, 2016). Com efeito, ao
se considerar esta articulação, este PMSB será congruente com a finalidade e, sobretudo, com
a necessidade de um sistema de saneamento básico eficiente e eficaz disponibilizado à
população local.
A população de Laranjal do Jari tem crescido muito nos últimos anos (um pouco mais
do que 50 mil habitantes) e, recentemente, o município passou a integrar cerca de 90% de sua
extensão territorial dentro da área de proteção ambiental (APA)(OLIVEIRA e CUNHA, 2015).
Oliveira e Cunha citam que, de acordo com a EcolgyBrasil (2009), na margem direita,
no distrito de Monte Dourado, verifica-se um considerável estado de alteração dos ecossistemas
nativos na bacia do rio Jari, principalmente na maior parte associado ao uso para plantio
florestal e exploração mineral pelo complexo industrial da Jari Celulose. Distinguem esta
margem os elementos elencados abaixo: a) Extensa e evidente alteração da cobertura florestal
nativa (a exploração florestal e mineral causa muitos impactos ambientais ao solo e aos recursos
hídricos); b) Mudança do uso do solo para atividade sivicultural, basicamente plantio de
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 29
espécies florestais exóticas, como o eucalipto; c) Intrincada malha viária rural voltada ao
manejo florestal (exposição do solo a erosão, e hidrossedimentação); d) Desenvolvimento da
economia industrial na localidade de Munguba-PA, com a presença de porto, mineração,
termoelétrica e usina de celulose (a jusante); e) Planejamento urbano, ainda que concentrado
em Monte Dourado no distrito de Almeirim - PA.
Assim, o quadro de conservação da paisagem da bacia hidrográfica do Rio Jari pode ser
descrito da seguinte forma: enquanto na margem amapaense, contendo o município de Laranjal
do Jari-AP, os ecossistemas terrestres se apresentam mais íntegros, na margem paraense,
município de Almeirim, ocorre um intenso manejo florestal para produção de matéria prima
celulose, além da remoção da vegetação nativa em largos trechos (ECOLOGYBRASIL, 2009).
Portanto, há uma combinação de fatores naturais e antropogênicos que podem elevar ou
deteriorar o estado de conservação hidrossanitário e ambiental da bacia do rio Jari. Em resumo
os principais já foram supracitados, mas vale a pena resumi-los neste parágrafo: a) uso e
ocupação do solo (urbano e rural); 2) presença de uma grande barragem a montante (riscos
hidrológicos, vazões ambientais, de rompimento, limnológicos e ambientais, que podem
potencializar as condições já precárias condições sanitárias da qualidade da água); 3)
exploração agroflorestal de monocultura (eucalipto) para produção de cavaco e papel celulose
e exploração industrial da caulinita (a jusante), ambos com impactos severos sobre a qualidade
da água; d) alagamentos de grande monta, com tempo de retorno não maior que 4-5 anos, de
caráter frequente, intenso, e pouco previsível (SANTOS e CUNHA, 2013; 2018).

1.4. Articulação do saneamento com a saúde


Serviços de água e saneamento ausentes, inadequados, ou ineficientemente gerenciados,
podem expor pessoas a riscos de saúde graves pela presença de micro-organismos patogênicos.
Quando se associa esses serviços (cobertura populacional por redes de abastecimento de água,
sistemas de esgotamento sanitário e serviços de coleta de lixo) com indicadores
epidemiológicos (por exemplo, a taxa de mortalidade infantil, mortalidade proporcional por
doença diarreica aguda em menores de cinco anos de idade e mortalidade proporcional por
doenças infecciosas e parasitárias para todas as idades) é possível reconhecer a importância do
saneamento para a saúde humana (MENDONÇA; MOTTA, 2005).
Se o saneamento básico for deficitário, provavelmente refletirá no sistema econômico,
em razão dos danos causados à saúde humana. Estudos demonstram que, a cólera, infecções
gastrointestinais, febre tifoide, poliomielite, amebíase, esquistossomose e shigelose estão
intimamente relacionadas com a má qualidade de água para consumo humano e à falta de
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 30
condições adequadas de esgotamento sanitário (MOTTA et al., 1994). E este problema tem sido
observado em estudos locais anteriores, principalmente em relação aos riscos ambientais e
sanitários associados com inundação e com problemas da má qualidade da água do manancial
principal (rio Jari) (OLIVEIRA e CUNHA, 2015; OLIVEIRA e CUNHA, 2016).
Doenças veiculadas pela água (DVA), são assim denominadas quando causadas por
organismos ou outros contaminantes disseminados diretamente por meio da água (BRASIL,
2013). Em um panorama geral, entre os micro-organismos patogênicos presentes na água
encontram-se protozoários, helmintos, vírus e bactérias.
Entre as principais doenças causadas pela ingestão de água contaminada com estes tipos
de microrganismos encontram-se a diarreia, a febre tifoide e a paratifoide, a disenteria bacilar
e a amebiana, a cólera, a gastroenterite aguda e a crônica, a hepatite A e a E, e a poliomielite
(BRASIL, 2013; COPASA, 2019). Dentre estas, a Febre Tifoide e a Hepatite A são as mais
notificadas e confirmadas no município de Laranjal do Jari-AP, conforme dados da
Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS) do Governo do Estado do Amapá, que
levantou os Casos de Doenças de Notificação Compulsória de transmissão hídrica notificados
e confirmados entre os anos de 2007 e 2017 (Tabela 1.2).

Tabela 1.2: Casos de Doenças de Notificação Compulsória de transmissão hídrica notificados


e confirmados entre os anos de 2007 e 2017.

MUNICÍPIO
Doença de Notificação Compulsória
Laranjal do Jari
Cólera 0
Febre tifoide 23
Hepatite A 07
Rotavírus 0
Fonte: SINAN-NET/SVS-AP. Acesso em 13 de agosto de 2019.

As doenças diarreicas agudas também representam um significativo impacto na saúde


da população, como mostra a Tabela 1.3, onde o município de Laranjal do Jari apresenta uma
média anual de 862 casos entre os anos de 2007 a 2017.
Como citado anteriormente, a quantidade e a qualidade da água são fatores importantes
para o estabelecimento dos benefícios à saúde relacionados à redução da incidência e
prevalência de diversas doenças, destacando-se a doença diarreica. Segundo Correia e
Mcauliffe (1999) e Teixeira (2003), a diarreia atinge mais facilmente crianças com menos de
cinco anos de idade, sendo a mortalidade mais comum naquelas menores de dois anos, podendo

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 31


gerar duas importantes complicações: a desidratação e o impacto negativo no estado nutricional
da criança, um dos principais problemas de saúde pública dessa faixa etária.

Tabela 1.3: Número de atendimentos por Doenças Diarreicas Agudas em unidades de saúde,
2007 a 2017
MUNICÍPIO
ANO
Laranjal do Jari
2007 2.036
2008 2.293
2009 1.326
2010 412
2011 199
2012 97
2013 50
2014 857
2015 91
2016 1.261
2017 2.355
Fonte: SIVEP-DDA/SVS-AP. Acesso em: 14 de agosto de 2018.

Além dessas doenças, a falta de saneamento básico contribui para maiores níveis de
infestação e riscos de ocorrência de dengue. Um exemplo disso é apresentado em estudo
realizado por Oliveira & Valla (2001), em que mostraram a relação entre a precariedade dos
serviços de saneamento básico em favelas do município do Rio de Janeiro e a emergência de
epidemias de dengue. A irregularidade no abastecimento de água (considerando que as pessoas
armazenam água em vasilhas e baldes para uso doméstico) ou mesmo a falta de drenagem de
águas pluviais, dentre outros fatores são preponderantes para o desenvolvimento de larvas de
Aedes aegypti. No estado do Amapá dos 887 casos confirmados de dengue nos anos de 2018 e
2019, 164 casos foram registrados no município de Laranjal do Jari, como mostram as Tabela
1.4 e Tabela 1.5.

Tabela 1.4: Casos de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti no Estado do Amapá em 2018
e 2019
ANO Dengue Zika vírus Chikungunya
2018 721 16 167
2019 166 06 39
Fonte: Sistema Nacional de Notificação de Agravos-SINAN. Dengue, Chikungunya e Zika –
edição 25/2019 – DEVS/SVS. Informe epidemiológico n. 31/2019.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 32


Tabela 1.5: Número de casos de Doenças transmitidas pelo Aedes aegypti e doenças
diarreicas em unidades de saúde, 2018 e 2019 no município de Laranjal do Jari-AP
Laranjal do Jari-AP
ANO
Dengue Zika vírus Chikungunya
2018 159 0 44
2019 5 0 0
Fonte: Sistema Nacional de Notificação de Agravos-SINAN. Dengue, Chikungunya e Zika –
edição 25/2019 – DEVS/SVS. Informe epidemiológico n. 31/2019.

Nesse sentido, o PMSB da cidade de Laranjal do Jari-AP persistirá na importância do


papel do saneamento básico no quadro de saúde daquela população, promovendo a diminuição
dos riscos e desconfortos de doenças por veiculação hídrica. Bem como contribuindo para a
redução da mortalidade infantil e de outros agravos relacionados à falta de saneamento, e
principalmente à melhoria da qualidade de vida da população.

1.5. Relação do saneamento com a organização comunitária e o fortalecimento do papel


da mulher na comunidade
1.5.1. Saneamento e organização comunitária em Laranjal do Jari
No município de Laranjal do Jari (AP) foram mapeadas 180 instituições (públicas,
empreendimentos privados e sociedade civil organizada) consideradas público alvo direto para
a elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico (Tabela 1.6).

Tabela 1.6: Instituições mapeadas consideradas público alvo direto para a elaboração do Plano
Municipal de Saneamento Básico (PMSB) – município de Laranjal do Jari-AP - ano: 2019
TIPO Frequência %
Instituições Públicas (Órgão e departamentos públicos
100 55,56
federais, estaduais e municipais)
Organizações comunitárias (Colônias, associações e
54 30,00
sindicatos)
Empreendimentos particulares (escolas, lojas, clinicas
26 14,44
médicas, etc.)
Total 180 100
Fonte: Elaborado pela Equipe de Mobilização e Controle Social/PMSB (2019).

Das instituições identificadas, 54 (30,00%) são organizações de base comunitárias,


entendidas como “grupos sociais organizados com a finalidade de participar dos debates, do
planejamento e de ações em prol de melhorias de vida” (RODRIGUES, 2006 p. 24).
No contexto da implantação dos serviços de saneamento básico as organizações
comunitárias têm fundamental importância ao retratar suas realidades, reivindicar seus direitos

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 33


e participar das discussões e elaboração das ações para suas respectivas comunidades. Cruz,
Heller e Lima (2009 p. 1) consideram que intervenções de saneamento básico em comunidades
necessitam “passar pelo grupo social a ser beneficiado, de forma que este se torne sujeito da
construção de propostas para sua realidade”.

1.5.2. Diagnóstico da Participação Social


A participação comunitária em todas as fases do ciclo de um determinado projeto pode
direcioná-lo para a consecução de seus objetivos cada vez mais amplos e complexos. Dessa
forma, a Lei 11.445/2007, em seus artigos 2º e 3º, estabelece que os serviços públicos de
saneamento básico serão prestados tendo como um dos princípios fundamentais o controle
social, considerando-o como um conjunto de mecanismos e procedimentos que garantam à
sociedade informações, representações técnicas e participações nos processos de formulação de
políticas, de planejamento e de avaliação dos serviços públicos de saneamento básico (BRASIL,
2007; FUNASA, 2018).
Em consonância com as premissas da lei a Fundação Nacional da Saúde (FUNASA,
2012 p. 6) orienta que elaboração dos PMSB tenha como eixo norteador a efetiva participação
da sociedade em todas as etapas do processo de elaboração, aprovação, execução, avaliação e
revisão do PMSB. A intenção é municiar os interessados com informações e orientações, e
dessa forma trazer à tona a vivência do planejamento municipal, buscando a universalização
dos serviços, a inclusão social nas cidades e a sustentabilidade das ações (TISCHER, 2016).
Considerando atender ao viés participativo preconizado o Termo de Referência (TR/2012) da
FUNASA para elaboração do presente PMSB se faz necessário da seguinte forma.
Formação dos grupos de trabalho contemplando vários atores sociais intervenientes para
a operacionalização do PMSB. Esses grupos de trabalho serão formados por duas instâncias:
Comitê de Coordenação e Comitê Executivo (FUNASA, 2012 p. 14).
O comitê de Coordenação deve ser formado por representantes do setor público
municipal, estadual e federal relacionadas com o saneamento básico, sociedade civil organizada
e outras representações importantes, por exemplo, membros de conselhos municipais, Câmara
de Vereadores e Ministério Público (FUNASA, 2012). Em ambos os comitês, deve ser mantida
a paridade representativa dos diferentes estratos sociais (governo, sociedade civil, etc)
(Fotografia 1.3).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 34


Fotografia 1.3: Representações no Comitê de Coordenação – município de Laranjal do
Jari/AP – 2019

Fonte: Acervo fotográfico da Equipe de Mobilização e Controle Social/PMSB (2020).

Na elaboração do PMSB de Laranjal do Jari a participação social iniciou nas reuniões


ampliadas através de debates, devidamente registrado em atas, (consultar estes documentos
disponíveis gratuitamente no site saneamento.unifap.br da Universidade Federal do Amapá), e,
posteriormente nos órgãos colegiados consultivos e deliberativos como é o caso dos comitês de
Coordenação e Comitê executivo regulamentado através de decreto municipal.
O comitê de coordenação do município de Laranjal do Jari foi implementado através do
Decreto nº 063/2019 GAB/PMLJ de 12 de fevereiro de 2019 e possui 26 membros distribuídos
entre três categorias de representação e sua composição está distribuída conforme mostra o
Gráfico 1.1.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 35


Gráfico 1.1: Representações no Comitê de Coordenação – município de Laranjal do Jari/AP –
2019
Composição do Comitê de Coordenação do municipio de Laranjal
do Jari/AP
Autoridades/Poder Público Técnicos Sociedade Civil

34,62%
50,00%

15,38%

Fonte: Elaborado pela Equipe de Mobilização e Controle Social/PMSB (2020).

De acordo com o Gráfico 1.1 a categoria com maior representatividade é de


representantes da sociedade civil (n=13=50%), seguidos autoridades do poder público
(n=9=34,62%) e técnicos (n=4=15,38%).
Enquanto espaço de expressão do controle social o Comitê de Coordenação do
município de Laranjal do Jari está em quantidade de membros da sociedade civil suficiente no
quesito paridade.
Conforme salientam Ferreira et al (2016) e Borja e Moraes (2008) o exercício do
controle social requer o uso de dispositivos formais, ágeis e amplamente conhecidos que tornem
possível a atuação da sociedade.
A participação social é indispensável para a consolidação da sociedade democrática de
direito. Martins et al (2008) e Reis, Lucilla e Gaviolli (2017) ponderam que uma sociedade
democrática, garante aos seus membros o direito de definir as regras que a regem, contando
com formas específicas de garantir a efetividade de tais direitos. Para garantir o pleno exercício
da cidadania é necessário que a sociedade participe dos processos de tomada de decisão e não
seja mera receptora de políticas públicas elaboradas fora de sua realidade (SOUZA, 2006;
FERREIRA et al., 2016).
Costa e Vieira (2013) consideram que as representações sociais em órgãos colegiados
das instituições públicas constituem mecanismos institucionalizados de participação social na
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 36
administração pública. Neste sentido, se tratando dos serviços de saneamento básico a
participação da sociedade é primordial. As discussões são necessárias para que as pessoas
compartilhem suas necessidades, aspirações e experiências, com o objetivo de melhorar suas
condições de vida (SOUZA, 2006).
Dessa maneira, a representação social no Comitê de Coordenação é indispensável, pois
é onde se planejam as ações, se identificam as prioridades, se estabelecem metas e as estratégias
de acordo com os recursos (financeiros, técnicos e humanos) existentes.

1.5.2.1. Oficinas Temáticas nos setores


Considerando a participação efetiva dos atores locais junto a equipe técnica em todas as
etapas e fases da elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico e conforme
recomendado no Plano de Mobilização e Controle Social os eventos denominados “Oficina
Temática I” no município de Laranjal do Jari ocorreram no mês de novembro de 2019
(Fotografia 1.4).

Fotografia 1.4: Oficinas temáticas, (a) Sede do município, (b) comunidade Padaria e (c)
comunidade Água Branca do Cajari

Fonte: acervo fotográfico do PMSB (2019).

Nos setores de mobilização I (sede municipal- Fotografia 1a), II (rural terrestre –


comunidade Água Branca do Cajari-Fotografia 1.4c) e no setor III (rural ribeirinho –Padaria –
Fotografia 1.4b) ocorreram no período de 10 a 14 novembro de 2019. O Mapa 1.3 destaca os
setores de mobilização e os locais de ocorrências dos eventos.
A oficina temática I é uma etapa importante do Diagnóstico Técnico-Participativo.
Conforme o Termo de Referência (FUNASA, 2012), nesta etapa, a participação popular é
colocada em evidência através da contribuição dos atores sociais, onde os membros da
comunidade devem interagir com a equipe técnica do projeto na discussão dos problemas e na
elaboração de propostas que atendam às especificidades locais.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 37


A metodologia participativa adotada para realização das oficinas temáticas foi o
biomapa. Esta metodologia consiste na elaboração “mental” de mapas onde os moradores
retratam de forma empírica a sua própria realidade vivenciada em relação aos serviços de
saneamento básico, observando-se as quatro dimensões do saneamento (água, esgoto, limpeza
pública e resíduos sólidos, drenagem e gestão das águas pluviais).
As oficinas nos três setores de mobilização foram realizadas seguindo cinco momentos
distintos. O primeiro foi a abertura oficial, seguida da apresentação de um vídeo sobre
saneamento básico. Posteriormente foi realizada a formação de grupos de trabalho (com escolha
aleatória por dimensão do saneamento básico), e finalmente a elaboração dos mapas com a
socialização e compartilhamento de informações elaboradas para cada dimensão e entre os
quatro grupos e trabalhos.
Mapa 1.3: Setores de mobilização e locais de ocorrência das primeiras oficinas temáticas.
Município de Laranjal do Jari (AP)

Fonte: Elaborado pela Equipe de Geoprocessamento/PMSB (2020).

Dessa forma, os eventos tiveram início com a formação da mesa institucional


(cerimonial de abertura), sobre o qual foram convidados a falar os representantes municipais.
O foco central de todas as manifestações foi o saneamento básico e a qualidade de vida das
pessoas daquele município.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 38


Após os discursos dos representantes institucionais foi usado um recurso de mídia, filme
produzido por alunos de iniciação científica da mobilização social, com aproximadamente 7
minutos. Durante a apresentação foram abordados os quatro eixos do saneamento básico e sua
contribuição e respectiva importância nas diversas esferas, inclusive os impactos positivos e
negativos na vida da população.
Na etapa seguinte da oficina ocorreu a formação dos grupos de trabalho com a presença
de facilitadores da área técnica que orientou durante toda a oficina os participantes sobre os
trabalhos. A divisão dos grupos foi elaborada de acordo com os eixos:
a) EIXO 1 - abastecimento de água;
b) EIXO 2 - esgotamento sanitário;
c) EIXO 3 – drenagem e manejo de águas pluviais e,
e) EIXO 4 – limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos
A atividade teve como objetivo identificar os principais problemas relacionados aos
quatro eixos do saneamento básico e as propostas considerando as particularidades locais,
urbana e rural (ribeirinha e de terra firme).
Após a formação dos grupos de trabalhos os mapas (mapeamento participativo) foram
elaborados a partir da realidade vivenciada, bem como as sugestões e propostas para solução
dos problemas identificados.
Ao final da oficina os grupos socializaram os trabalhos produzidos, retratando o cenário
atual e as perspectivas futuras quanto às melhorias nos serviços de saneamento básico. Quanto
aos problemas e propostas relatados pelos participantes, estes foram sistematizados conforme
listados abaixo:

Sede Municipal

No eixo abastecimento de água (Fotografia 1.5a), segundo relatos dos participantes da


oficina, os problemas estão relacionados a “vazamento de água devido a rede ser antiga,
encanação, sistema antigo e bamba da rede”. Essas deficiências no sistema de abastecimento
de água têm causado inúmeros transtorno aos habitantes locais.
Como proposta para solucionar o problema de abastecimento de água foi sugerido a
“modernização do sistema de abastecimento e distribuição de água, aumento do corpo técnico
da CAESA e implantação de sistema descentralizado em cada bairro”.
No eixo drenagem e manejo de águas pluviais (Fotografia 1.5d e Fotografia 1.6b) foram
narrados a ausência de rede para escoamento das águas da chuva e falta de bocas de lobos. Para
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 39
solucionar os problemas foram sugeridos a construção de galerias, muros de proteção contra
alagamentos ou realocação dos moradores das áreas de ressaca e a expansão da rede de macro
e micro drenagem que existe na cidade.
Quanto ao eixo esgotamento sanitário (Fotografia 1.5c e Fotografia 1.6a) nossos
interlocutores relataram haver muitas fossas a céu aberto, ausência de planejamento sanitário
falta de estação de tratamento de esgoto e falta de aplicação de recurso em projetos voltados
para o esgotamento sanitário (expansão da rede de abastecimento desvinculada da proporcional
expansão da rede de esgotamento sanitário). As propostas para os problemas apresentados
foram construção de fossas sépticas coletivas, construção de uma rede coletora conectada à uma
estação de tratamento de esgoto e procedimentos adequados à destinação de recurso para
projetos de fossas apropriadas a realidade local.

Fotografia 1.5: Biomapas, (a) eixo abastecimento de água, (b) eixo resíduos sólidos., (c) eixo
esgotamento sanitária e (c) eixo drenagem e manejo de água pluviais

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 40


No que diz respeito aos resíduos sólidos foram relatados a presença de lixeira viciada,
coleta realizada em carro inadequado, local adequada para depósito do lixo da cidade.

Fotografia 1.6: Apresentação e discussão dos mapas na Oficina Temática I – Sede municipal
de Laranjal do Jari-AP.

Fonte: acervo fotográfico do PMSB (2019).

As propostas foram a construção de um aterro sanitário em local (que poderia ser


inicialmente um mini-aterro sanitário com pelo menos duas células operacionais iniciais)
adequado para tratamento do lixo, aquisição de carro apropriado para coleta e transporte dos
resíduos sólidos, implantação da coleta seletiva.

Comunidade Padaria

A comunidade Padaria (zona rural ribeirinha) é desprovida de serviços de saneamento


básico (Fotografia 1.7d), os participantes na oficina relataram que os problemas mais graves
são: a) ausência de coleta de lixo, obras de drenagem e esgotamento sanitário e b) falta de
controle da qualidade da água.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 41


Fotografia 1.7: Biomapas elaborados pelos participantes da Oficina Temática I – Comunidade
Padaria - Laranjal do Jari, (a) e (b) comunidade padaria, (c) comunidade cachoeira e (d)
problemas comuns apresentados pelos participantes

Fonte: Acervo do PMSB (2019).

As propostas para solucionar os problemas apresentados foram: a) implantação de


lixeiras e coleta de resíduos sólidos (RS) pela prefeitura no mínimo uma vez por semana; b)
construção de fossas; c) visitas técnicas para orientação dos moradores e d) construção de obras
de drenagem e sumidouros.

Comunidade Água Branca do Cajari

A oficina temática na comunidade Água Branca do Cajari (Fotografia 1.8a) contou com
a participação de moradores das comunidades Marinho, comunidade São José (Fotografia 1.8b)
e comunidade Dona Maria. Todas as comunidades são desprovidas de serviços de saneamento
básico, os problemas relatados pelas comunidades são apresentados no Quadro 1.1.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 42


Fotografia 1.8: Biomapas elaborados pelos participantes da oficina temática 1 na comunidade
Água Branca do Cajari – município de Laranjal do Jari-AP

Fonte: Acervo do PMSB (2019).

Quadro 1.1: Problemas e propostas elaboradas e apresentadas na oficina temática I –


comunidade Agua Branca do Cajari – Laranjal do Jari/AP
Comunidade Problema Proposta
Falta de água tratada Construção de sistemas de abastecimento de água
Marinho Falta coleta de lixo coletivo
Alagamento da vila no Implantação de sistema de coleta de lixo
inverno crítico Construção de obras de drenagem
Presença de fossas negrasConstrução de fossas sépticas
Melhoria no ramal de acesso a comunidade
Dona Maria Acesso a comunidade Abastecimento de água tratada para os moradores
Falta de tratamento de água Instalação de lixeiras públicas e realização de coleta
Falta de coleta de lixo pela prefeitura
Falta esgotamento sanitário Investimento público em banheiros e esgotamento
sanitário adequado
Implantação de sistema de abastecimento de água
Água Branca do Falta de água tratada tratada
Cajari Falta de coleta de lixo Instalação de lixeiras públicas e realização de coleta
Cemitério irregular pela prefeitura
Regularização do cemitério
Fonte: Elaborado pela Equipe de Mobilização e Controle Social/PMSB (2020).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 43


O abastecimento de água nessas comunidades é realizado através de poços amazonas
ou captados diretamente dos rios próximos às vilas. Segundo relatos dos participantes os
resíduos são queimados devido à falta de coleta pela prefeitura. Quanto ao esgotamento
sanitário foi relatado que há fossas negras (buraco aberto no solo).

1.5.3. A contribuição e o papel da mulher nas questões de saneamento


O imenso déficit nos serviços de saneamento básico brasileiro gera impacto em toda a
sociedade. Entretanto, afeta mais drasticamente a vidas das mulheres. Estudo inédito intitulado
“O Saneamento e a Vida da Mulher Brasileira” do Instituto Trata Brasil em parceria com a BRK
Ambiental mostra que uma em cada quatro mulheres não têm acesso adequado à água tratada,
coleta e tratamento dos esgotos e que a universalização dos serviços tiraria imediatamente 630
mil mulheres da pobreza (INSTITUTO TRATA BRASIL, 2018).
A referida pesquisa destaca que a falta de infraestrutura urbana e rural voltada para o
saneamento básico está fortemente relacionada com a realidade de desigualdade de gênero
vivida pelas mulheres brasileiras, pois são elas as responsáveis pelos afazeres domésticos de
suas casas, mantem maior contato físico com a água contaminada e com dejetos humanos
causando vários problemas de saúde (OLIVEIRA e CUNHA, 2015).
Diante do cenário de extrema precariedade no fornecimento dos serviços de saneamento
básico nos municípios amapaenses e do impacto sobre o gênero feminino é importante analisar
como as mulheres relatam os problemas decorrentes da ausência ou deficiência dos serviços de
saneamento básico em suas respectivas comunidades. Estes relatos ocorreram logo nas
primeiras oficinas temáticas do Diagnóstico Técnico-Participativo (DTP), terceira fase do
processo de capacitação para elaboração dos Planos Municipais de Saneamento Básico
(PMSB).
As narrativas das mulheres nos debates sobre saneamento básico têm sido primordiais
para o diagnóstico, uma vez que elas expõem com mais facilidade os problemas de saneamento
existentes no âmbito doméstico. Isto corre para as quatro dimensões, principalmente
relacionados à água, aos resíduos sólidos e ao esgotamento sanitário, onde elas têm mais contato
direto devido suas atividades domésticas, em sua maioria.
No município de Laranjal do Jari as mulheres vivem em territórios com diferentes
paisagens. Dessa forma, retratam seu cotidiano de forma peculiar e associam a precariedade
dos serviços de saneamento a problemas frequentes de saúde na família.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 44


Nas ocorrências das Oficinas Temáticas I nos setores de mobilização, as mulheres
associaram inúmeros problemas socioambientais à falta de saneamento básico, com as
condições adversas e de precariedade relatadas por elas (Fotografia 1.9).

Fotografia 1.9: Participação das mulheres nas Oficinas temáticas I – (a) sede, (b) comunidade
Padaria – Laranjal do Jari (AP)

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

O acesso à infraestrutura de saneamento básico é o desejo de muitas mulheres,


especialmente das zonas rurais. As mulheres também relatam o convívio com situações
sanitárias de extrema precariedade, como é o caso do esgotamento sanitário e acesso a água
potável. Entretanto, foi observado nas três zonas de mobilização e controle social (terrestre e
ribeirinha) que as comunidades rurais possuem culturas e costumes com suas particularidades
que exigem ações especificas de saneamento básico (tecnologias sociais específicas), tais como,
uso de sistemas de tratamento de água simplificado, operada por sistemas fotovoltaico de
bombeamento de água, etc, em função do isolamento geográfico, e custo de combustíveis
fósseis. E estas soluções incidiriam de forma significativa na qualidade de vida das mulheres,
pois elas são normalmente as responsáveis por transportar e “tratar” a água para suas famílias.
O modo de organização comunitária das famílias residentes nesses locais reflete normas
comuns de comportamento, peculiares aos atributos culturais de gênero na Amazônia. As
mulheres possuem jornadas exaustivas de trabalho, cuidam dos filhos, das atividades
domésticas e auxiliam os homens em muitas outras tarefas que envolvem a produção da renda
familiar (agricultura, pecuária, extrativismo, serviços do setor privado e público, etc). Isso tem
dificultado a participação das mulheres em movimentos sociais, mantendo-se o status quo e o
ciclo vicioso de sua condição hidrossanitária atual.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 45


Contudo, em Laranjal do Jari, a participação feminina nos processos de discussão e nos
espaços comunitários sobre saneamento básico foi observado. Por exemplo, durante os
Seminários, sempre houve debates que se pautaram em temas sensíveis, por exemplo, sobre a
precariedade dos serviços de saneamento básico em suas respectivas comunidades e seus
impactos na saúde de seus familiares e os custos que estes problemas representam para elas.
Como ponto principal de discussão (muito frequente) as mulheres apontam que são
significativamente afetadas na sua rotina produtiva pela falta de água.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 46


CAPÍTULO 2

2. CARACTERIZAÇÃO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO

2.1. Caracterização da área de planejamento


O Município de Laranjal do Jari foi um dos quatro (4) municípios criados pelo governo
federal, em 1987, antes da transformação do Amapá em estado, quando, ainda, era Território
Federal. O Município foi instituído pela Lei Federal nº 7.639, de 17 de dezembro de 1987. Está
localizado na região Sudoeste do Estado, na margem esquerda do rio Jari, limitando-se com os
Municípios de Vitória do Jari, Mazagão, Pedra Branca do Amapari e Oiapoque, no Amapá.
Limita-se com o Estado do Pará no Município de Almeirim; além de sua fronteira internacional
com Suriname e Guiana Francesa (Mapa 2.1)

Mapa 2.1: Localização do Município de Laranjal do Jari/AP

Fonte: Elaborado pela Equipe de Geoprocessamento/PMSB (2020).

Segundo dados do IBGE (2020) a área do Município de Laranjal do Jari é de 30.782,998


km². A altitude média é de 15 metros e suas coordenadas geográficas são: Latitude: 0° 49' 56''
Sul, Longitude: 52° 24' 37'' Oeste. Em 2010 sua população era de aproximadamente 39.642

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 47


habitantes (IGBE, 2010), com uma estimativa populacional de 50.410 habitantes para o ano de
2019, envolvendo as suas zonas urbana e rural (IBGE, 2020). Neste intervalo, o crescimento
líquido populacional foi de aproximadamente 27,16% na década.
Sua divisão territorial, segundo pesquisa in loco (levantamento prévio), contempla dois
(2) Distritos: a sede do Município e Água Branca do Cajari. Entretanto, apenas o distrito sede
tem características urbanas, com coleta regular de lixo e disponibilização de serviços públicos,
como educação e saúde.
O perímetro urbano do município contempla uma Macrozona de Ocupação consolidada
subdividida em Zona Especial de Interesse Social I e Zona Especial de Interesse Social II,
conforme estabelecido na Lei do Plano Diretor de Laranjal do Jari. O Distrito de Água Branca
do Cajari, localizado no trecho sul da BR 156, disponibiliza em sua territorialidade Instituições
de Ensino (Municipal e Estadual) e Unidade Básica de Saúde. Entretanto, não apresenta
características urbanas.
Além dos dois Distritos, existem 52 (cinquenta e duas) comunidades rurais, que se
estendem pelas regiões ribeirinha (dez) e terra firme (quarenta e duas). Foi possível verificar,
também, que o município é rico em diversidade de populações especiais, com destaque para
população indígena (Parque Indígena do Tumucumaque e Waiãpi), quilombola (São José),
ribeirinha e extrativistas (Água Branca do Cajari, Padaria, Retiro, Santo Antônio da Cachoeira,
São Francisco do Iratapuru e São José).
A área territorial do município contempla, também, partes de Unidades de Conservação
(Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, Estação Ecológica do Jari, Reserva
Extrativista do Rio Cajari e Reserva de Desenvolvimento do Rio Iratapuru), conforme
demonstra o Mapa 2.2.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 48


Mapa 2.2: As Territorialidade do Município de Laranjal do Jari/AP

Fonte: Elaborado pela Equipe de Geoprocessamento/PMSB (2020).

2.2. Caracterização física do município de Laranjal do Jari


2.2.1. Climatologia
Laranjal do Jari localiza-se no hemisfério Norte e é afetada pela circulação atmosférica
da CIT (Convergência Intertropical). O clima é equatorial e a temperatura varia entre 23°C e
36°C tendo sua média de 26 °C. Seu período de maior precipitação ocorre entre os meses de
março e maio, com média anual de precipitação entre 1800 mm e 2400 mm.
Devido à presença e a importância hidroenergética do Rio Jari, várias estações
pluviométricas e fluviométricas foram instaladas na região e, de acordo com a plataforma
Hidroweb da Agência Nacional das Águas-ANA, existem aproximadamente 26 dessas estações
convencionais ou telemétricas (SOUZA e CUNHA, 2011, SANTOS e CUNHA, 2018).

2.2.1.1. Área de estudo e bases de dados de precipitação


O Mapa 2.3 ilustra a área de estudo no estado do Amapá enfatizando com o município
de Laranjal do Jari destacado na cor azul claro.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 49


Mapa 2.3: Área de estudo, Laranjal do Jari na cor azul claro

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

Concernente aos dados de precipitação pluviométrica (em mm), neste tópico são
utilizados três conjuntos de dados disponíveis numa grade (matriz com dimensões latitude,
longitude e tempo) com resoluções horizontais variadas. Os dados do CPC (resolução de 0,5°
ou ≈ 55 km), MERGE (resolução de 0,2o ou ~25 km) e CHIRPS (resolução de 0,05° ou ≈ 5 km)
foram gerados com diferentes métodos de interpolação espacial aplicados à série de dados de
estações meteorológicas e estimativas de satélites na escala global.
A Tabela 2.1 resume os três conjuntos de dados de precipitação usados neste
diagnóstico. As médias mensais de precipitação nas escalas dos municípios e das bacias
hidrográficas do estado do Amapá foram extraídos destas três bases de dados para o período de
1982 a 2018.

Tabela 2.1: Detalhes dos três conjuntos de dados de precipitação

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 50


Sigla Detalhes: Resolução: Referência:
CPC Unified Gauge-Based Analysis of Global Daily Chen et al.
CPC Precipitation: compilação dos dados do GTS usando 0,5o (2008)
análise objetiva interpolação ótima.
Combinação de dados de precipitação gerados pela Rozante et
combinação de dados de estações com estimativa de 0,2o al. (2010
MERGE
precipitação do satélite TRMM (Tropical Rainfall
Measuring Mission)
Climate Hazards group Infrared Precipitation with Funk et al.
Stations: dados derivados de satélite (infravermelho) 0,05o (2015)
CHIRPS
e da rede de estações do GTS usando técnicas de
interpolação smart em alta resolução espacial.
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

2.2.1.2. Métodos e procedimentos de análise


As médias climatológicas foram estimadas da seguinte forma:
As médias mensais, sazonais e anuais foram calculadas usando a expressão

1
𝑃𝑅𝐸𝐶 = 𝑃𝑅𝐸𝐶
𝑛

Sendo 𝑃𝑅𝐸𝐶 a média climatológica calculada entre os anos i de 1982 a 2018 para a
𝑃𝑅𝐸𝐶 , com t em anos, ou um determinado mês ou estação do ano..
Em termos gráficos (Box Plot):
A estatística descritiva e o respectivo gráfico são utilizados para avaliar a distribuição
empírica de uma série de dados quantitativos, permitindo a identificação dos valores típicos
(média e mediana), a assimetria, a dispersão e os dados extremos (outlieres).
Primeiramente, calculam-se a mediana, o quartil inferior (q1), o quartil superior (q3) e
os extremos inferior e superior da série de dados. Em seguida, traçam-se dois retângulos (duas
caixas): uma representa a “distância” entre a mediana e o q1 e a outra a “distância entre o q3 e
a mediana. A partir dos valores de q1 e q3 são desenhadas linhas verticais até os valores
extremos, tanto abaixo quanto acima. Os valores típicos são a mediana e a média. Se as duas
caixas tiverem “alturas” semelhantes (q1 - mediana = mediana – q3), a distribuição é dita
simétrica. Quanto maiores as “alturas” das caixas maior a dispersão da série de dados, isto é,
mais assimétrica é a distribuição.

2.2.1.3. Resultados hidrometeorológicos


Média anual da precipitação: O Mapa 2.4 mostra a climatologia média anual (dados
de 1982 a 2018) da precipitação com destaque para o município de Laranjal do Jari,

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 51


considerando os dados do CPC, MERGE e CHIRPS (Tabela 2.1). No município Laranjal do
Jari, indicado por uma seta vermelha, notam-se variações de precipitação entre 2000 e 2400
mm.

Mapa 2.4. Climatologia (média 1982 a 2018) da precipitação anual (acumulado de janeiro a
dezembro) no estado com destaque para o município de Laranjal do Jari

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).


A Tabela 2.2 mostra os resultados da estatística descritiva dos dados de precipitação
anual do município de Laranjal do Jari e o Gráfico 2.1 contém os Box Plots. Considerando os
valores da média histórica, o município de Laranjal do Jari apresenta precipitação média de
2.492 mm.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 52


Tabela 2.2: Estatística descritiva das médias anuais (1982 a 2018) da precipitação para o
município de Laranjal do Jari
1º 3º Desvio Coeficiente
Mínimo Máximo Mediana Média Variância
Quartil Quartil Padrão de Variação
(mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
(mm) (mm) (mm) (mm)
Laranjal
1683 2997 2368 2510 2677 2492 83492 289 12%
do Jari
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

Gráfico 2.1: Box Plots de precipitação anual (média 1982 a 2018) de Laranjal do Jari

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

Médias Mensais (ciclo anual) e Regimes Sazonais Chuvoso e Seco: no Gráfico 2.2 é
mostrada a variação climatológica da precipitação mensal, representando o ciclo pluviométrico
anual de janeiro a dezembro.
Em geral, nota-se um ciclo anual muito bem definido com os máximos de precipitação
ocorrendo no primeiro semestre (março e abril) e os mínimos no segundo semestre do ano
(outubro e novembro), cuja característica denota que o estado do Amapá apresenta sazonalidade
monomodal pronunciada.
As linhas retas pontilhadas indicam as respectivas médias históricas mensais para cada
município. Essas médias são usadas para separar os regimes sazonais, tal que, o regime chuvoso
é definido pelos meses que apresentam precipitação acima da média histórica, enquanto o
regime seco é definido pelos meses que registram precipitação abaixo da média histórica. Esses
critérios resultaram para o município de Laranjal do Jari que o regime chuvoso se deflagra de
janeiro a junho e o regime seco transcorre de julho a dezembro.

Gráfico 2.2: Climatologia (média 1982 a 2018) da precipitação mensal (ciclo anual de janeiro
a dezembro) para Laranjal do Jari (linha rosa)

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 53


Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

Regime Chuvoso (janeiro a junho): o Mapa 2.5 mostra distribuição espacial da


precipitação climatológica (média 1982 a 2018) sazonal do Regime Chuvoso (acumulado de
janeiro a junho), na qual verifica-se que, na sede do município de Laranjal do Jari, ocorre um
máximo secundário de 2000 mm.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 54


Mapa 2.5: Climatologia (média 1982 a 2018) da precipitação sazonal do Regime Chuvoso
(acumulado de janeiro a junho) no estado, com destaque para o município de Laranjal do Jari

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

Os valores da Tabela 2.3 mostram os resultados da estatística descritiva dos dados de


precipitação do Regime Chuvoso com o respectivo gráfico Box Plot plotado (Gráfico 2.3). O
município de Laranjal do Jari se destaca com a média 1803.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 55


Tabela 2.3: Estatística descritiva das médias sazonais (1982 a 2018) da precipitação no regime
Chuvoso para o município de Laranjal do Jari
1º 3º Desvio Coeficiente
Mínimo Máximo Mediana Média Variância
Quartil Quartil Padrão de Variação
(mm) (mm) (mm) (mm) (mm)2
(mm) (mm) (mm) (mm)
Laranjal
1081 2207 1640 1862 1972 1819 50798 225 12%
do Jari
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

Gráfico 2.3: Box Plot da precipitação climatológica (média 1982 a 2018) sazonal do Regime
Chuvoso para o município de Laranjal do Jari

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

Regimes Seco (julho a dezembro): O Mapa 2.6 ilustra a distribuição espacial da


precipitação climatológica (média 1982 a 2018) sazonal do Regime Seco (acumulado de julho
a dezembro). Em geral, a distribuição espacial exibe uma faixa contendo mínimos
pluviométricos sobre a porção oeste do estado (500 a 560 mm), enquanto o setor centro-norte
e também no sul do estado mostram valores bem mais intensos (640 a 760 mm).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 56


Mapa 2.6: Climatologia (média 1982 a 2018) da precipitação sazonal do Regime Seco
(acumulado de julho a dezembro) no estado com destaque para o município Laranjal do Jari.

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

A Tabela 2.4 mostra os resultados da estatística descritiva dos dados de precipitação do


Regime Seco e o respectivo gráfico Box Plot na (Gráfico 2.4). No município de Laranjal do Jari
verifica-se a média de 673 mm nos meses do período seco.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 57


Tabela 2.4: Estatística descritiva das médias sazonais (1982 a 2018) da precipitação no
Regime Seco para o município de Laranjal do Jari
Coeficiente
1º 3º Desvio
Mínimo Máximo Mediana Média Variância de
Quartil Quartil Padrão
(mm) (mm) (mm) (mm) (mm)2 Variação
(mm) (mm) (mm)
(mm)
Laranjal
383 925 574 672 779 673 21997 148 22%
do Jari
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

Gráfico 2.4: Box Plot da precipitação climatológica (média 1982 a 2018) sazonal do Regime
Seco para o município de Laranjal do Jari

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

2.2.1.4.Quadro geral da climatologia de precipitação de Laranjal do Jari


Na Figura 2.1 é apresentado o quadros geral dos resultados principais do estudo
climatológico da precipitação.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 58


Figura 2.1: Precipitação acumulada anual no município de Laranjal do Jari/AP (30 anos)

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

2.2.2. Geologia
A configuração geomorfológica do município de Laranjal do Jari é composta por seis
unidades morfoestruturais: Colinas do Amapá, Depressão Periférica da Amazônia Setentrional,
Planaltos Residuais do Amapá, Planalto Setentrional da Bacia Sedimentar do Amazonas,
Planalto do Uatumã – Jari e Planície Amazônica. Dentro desta distribuição morfoestrutural, na
região do Jari, são observadas 28 unidades litoestratigráficas (Mapa 2.7), das quais, duas
possuem mais destaque: Complexo do Tumucumaque e o Conjunto Vila Nova (SANTOS,
2019).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 59


Mapa 2.7: Unidades geológicas que ocorrem no município de Laranjal do Jari

Fonte: Elaborado pela equipe de Geoprocessamento/PMSB (2019), adaptado de IBGE (2004).

2.2.3. Geomorfologia
A configuração geomorfológica do município de Laranjal do Jari é composta por seis
unidades morfoestruturais (Mapa 2.8): Colinas do Amapá, Depressão Periférica da Amazônia
Setentrional, Planaltos Residuais do Amapá, Planalto Setentrional da Bacia Sedimentar do
Amazonas, Planalto do Uatumã – Jari e Planície Amazônica (IBGE, 2004).
O município apresenta predominância do compartimento Colinas do Amapá. Esta
unidade apresenta relevos de topos aguçados e convexos e vertentes ravinadas. No município
essa unidade apresenta-se na forma de colinas e cristas ravinadas com áreas de grande densidade
de drenagens, forte entalhamento e colinas com topo convexo, com altitudes médias de 250 e
300m (HYDROS, 2010).
A Depressão Periférica da Amazônia Setentrional corresponde a uma faixa rebaixada
por processos erosivos na periferia norte da Bacia Sedimentar do Amazonas e caracteriza-se
por dissecação em colinas esculpidas em rochas cristalinas e por altitudes ao redor de 150 m
(HYDROS, 2010). Os Planaltos Residuais do Amapá são maciços que se caracterizam por uma
dissecação fluvial intensa podendo dar origem a um conjunto de cristas e picos ou formas
tabulares mais elevadas. E, no município, estão inseridos na Serra do Tumucumaque com
altitudes variáveis entre 400 e 550 m.
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 60
Planalto Setentrional da Bacia Sedimentar do Amazonas apresenta áreas de relevo com
altitudes entre 100 e 150 m e também áreas mais elevadas de topo plano, com altitudes que
chegam até 550 m. O Planalto do Uatumã – Jari caracteriza-se por formas de relevo em colinas
e morros, com altitudes que variam entre 100 e 200 m. Já a Planície Amazônica possui
superfície aplainada e grande área sujeita à inundações periódicas. É nessa área que está inserida
a sede do município e maior concentração populacional e de atividades econômicas (TORRES;
EL-ROBRINI, 2006).

Mapa 2.8: Germorfologia do município de Laranjal do Jari

. Fonte: Elaborado pela equipe de Geoprocessamento/PMSB (2019), adaptado de IBGE


(2004).

2.2.4. Hidrografia
O município de Laranjal do Jari está localizado as margens do rio Jari, compreendido
na bacia do rio Jari (Mapa 2.9), considerada uma das grandes bacias da Amazônia Oriental
(SANTOS; CUNHA, 2018). Possui como principais afluentes os rios Curapi, Culari, Cuc,
Mapari, Noucouru, Iratapuru, Ipitinga, Carecuru e o igarapé Caracaru (SILVEIRA, 2014).
A bacia do rio Jari possui padrão de drenagem na forma dendrítica, semelhante a galhos
de árvores, sendo o padrão mais comum na natureza. A área de drenagem aproximada é de
58.517 km2, considerada uma bacia muito extensa; Coeficiente de compacidade 2,08; Fator de

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 61


forma 0,08157; e Densidade de drenagem no valor de 0,08671 km/km², considerada uma
drenagem pobre (SILVEIRA, 2014).

Mapa 2.9: Hidrografia Laranjal do Jari

Fonte: Elaborado pela Equipe de Geoprocessamento/PMSB (2020), adaptado (ANA, 2006).

Os resultados do coeficiente de compacidade e fator de forma explicam a relativamente


“baixa susceptibilidade” da bacia hidrográfica a enchentes. Porém, como pode ser observado
em estudos anteriores (LUCAS et al., 2010; SILVEIRA, 2014; OLIVEIRA e CUNHA, 2016),
principalmente devido a alguns aspectos socioeconômicos e fisiográficos específicos, como as
características geométricas sinuosas do rio Jari na bacia, próxima da sede municipal, somadas
à ocupação desordenada do solo e ausência de planejamento estratégico na cidade, esses eventos
naturais de cheias podem ser intensificados e considerados um grave problema ambiental e
sanitário para o município. Isto porque há áreas urbanas próximas ou dentro do perímetro de
inundação natural do rio Jari, o que se configura como zonas de alto risco de alagamentos e,
consequentemente, zonas de baixa salubridade sanitária e ambiental (OLIVEIRA e CUNHA,
2015; OLIVEIRA e CUNHA, 2014).
Por um lado, uma segunda ameaça sanitária é a Usina Hidrelétrica Cachoeira de Santo
Antônio do Jari, operando com uma condicionante hidrológico que gera um aumento da
complexidade do regime de vazão do rio Jari e preocupa as autoridades quanto ao aumento da
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 62
susceptibilidade a inundações, acidentes limnológicos (qualidade da água), ou descontrole
operacional da vazão de saída da barragem (SILVA et al., 2020), compreendendo-se que a
UHESAJ está localizada a montante da cidade de Laranjal do Jari (SANTOS; CUNHA, 2018).
Por outro lado, estudos hidrometeorológicos na bacia do rio Jari são raros. Entretanto,
em períodos anteriores a 2010, como o estudo de LUCAS et al., (2010), sugerem alguns
cuidados relacionados com o controle chuva-vazão no rio Jari e seus potenciais impactos do
regime fluvial sobre pelo menos três dimensões do saneamento básico na sede daquele
município: 1) comportamento hidráulico e captação superficial da água de abastecimento; 2)
infraestrutura de esgotamento sanitário problemática, com disposição de esgotos domésticos in
natura no corpo hídrico que poderá se reverter contra a própria população que despeja esgoto
no rio, e 3) inexistência de infraestrutura sistemas de macro e microdrenagem.
Assim, após a construção da Usina Hidrelétrica Cachoeira de Santo Antônio do Jari
(UHSAJ), por exemplo, a partir do antigo ponto de monitoramento hidrológico da estação São
Francisco, localizada a montante do eixo da referida barragem, não se sabe quais são as atuais
e efetivas alterações comportamentais das vazões a jusante, por exemplo, para a prevenção de
alagamentos extremos na região urbana baixa da sede municipal, a qual pode interagir com a
dinâmica de água de abastecimento e esgotos domésticos presentes nas águas do rio.
Por exemplo, no Gráfico 2.5 é possível observar que, para períodos climáticos anteriores
a 2010, a variabilidade do total de precipitação para os meses de dezembro a maio apresenta
comportamento anormal do fluxo para períodos de grandes cheias e secas severas (LUCAS et
al., 2010). Na referida figura, as áreas em tom de cinza escuro são os anos considerados
extremos positivos e negativos. Isto é, anos cujo regime de chuva durante o semestre de
dezembro a maio foi classificado como muito seco ou muito chuvoso, conforme resultados
obtidos pelo método dos percentis. As áreas em cinza mais claro são anos de extremos menos
intensos e a faixa branca representa o intervalo de normalidade.
Os maiores totais de precipitação nesta região ocorrem de dezembro a maio, o que
corresponde a aproximadamente 75% do total anual. Observa-se, pelo Gráfico 2.5, que o regime
de chuva apresenta uma variabilidade interanual marcante, pois os períodos de normalidade são
intercalados por períodos anômalos (máximos e mínimos). Nota-se que a partir de 1984 até
final da década de 90 ocorreram menos eventos extremos negativos. Neste período, verificou-
se uma oscilação entre anos normais, chuvosos e secos, com maior ocorrência de anos muito
chuvosos, com intervalo aproximado de quatro a cinco anos entre os eventos extremos (LUCAS
et al., 2010).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 63


No estudo de Lucas et al., (2010) avaliou-se apenas o ano de 2000, considerado como
de extremo climático, e justamente durante estes eventos são os mais preocupantes em relação
aos problemas hidrossanitários na sede municipal de Laranjal do Jari. Isto é, quando decorrem
de padrões de chuva acima do normal (círculo azul) durante períodos relativamente longos, de
até cinco dos seis meses de maior precipitação (permanência do fenômeno extremo). Segundo
Oliveira e Cunha (2015) a inundação que ocorreu em Laranjal do Jari no ano de 2000 foi
considerada a maior e mais grave inundação registrada na história da região.

Gráfico 2.5: Série temporal dos totais sazonais de precipitação (Dezembro a Maio) na estação
de São Francisco
M_Seco Seco Normal Chuvoso M_Chuvoso DJFMAM
2200

2000
Precipitação (mm)

1800

1600

1400

1200

1000
1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008
Anos
Fonte: LUCAS et al., (2010).

No Gráfico 2.6 apresentam-se as médias mensais ao longo do ano da precipitação


climatológica (média 1974-2006) e do ano de 2000. Comparando-se a precipitação
climatológica com a observada em 2000, observa-se que o regime das chuvas apresentou
anomalias positivas, ou seja, predomínio de precipitação acima do padrão normal em
praticamente todos os meses do ano. Ressalta-se o mês de abril quando o total mensal foi
superior a climatologia em aproximadamente 200 mm. Os meses cujo período estudado não
atingiu o nível de valor normal foram agosto, novembro e dezembro, com diferenças pouco
significantes, exceto em agosto bem abaixo do esperado.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 64


Gráfico 2.6: Médias mensais ao longo do ano da precipitação climatológica (média 1974-
2006) e do ano de 2000
600

Média 2000
500

400
PRP(mm)

300

200

100

0
Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov

Fonte: ANA, 2009.

O Gráfico 2.7 apresenta a diferença de cotas entre os valores climatológicos e os valores


médios observados para o ano de 2000. Em relação a estação de São Francisco foi observado
que, durante o ano de 2000, as cotas médias mensais ficaram acima da média histórica ao longo
de todos os meses. Nota-se ainda no Gráfico 2.7 que os valores máximos ocorreram durante os
meses de março, abril e maio, com as cotas próximo de 50% acima dos níveis normais. Um
exemplo foi o mês de abril, cuja média foi de 350 cm e o observado foi de 550cm.

Gráfico 2.7: Comparação entre a climatologia e o evento extremo selecionada; cota média
mensal (cm) em São Francisco no Estado do Amapá (LUCAS et al., 2010)
600
2000 Climatologia
550

500

450

400
Cotas (cm)

350

300

250

200

150

100
Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov

Fonte : ANA (2009).

O Gráfico 2.8 apresenta a diferença de vazão entre as médias climatológicas e os valores


médios observados no ano de 2000 na estação de São Francisco. De acordo com Lucas et al.,
(2010), observa-se na referida figura uma mesma configuração dos padrões observados na
análise anterior das vazões, tanto em cota quanto em chuva, confirmando o padrão anômalo do
ano de 2000, o qual se reproduz aproximadamente a cada 4-5 anos, em média.
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 65
Gráfico 2.8: Comparação entre a climatologia e o evento extremo selecionada; vazão média
mensal (m3.s-1) na estação de São Francisco no Estado do Amapá (LUCAS et al., 2010)
5800
2000 C limatologia
4800

3800
V az ão (m 3/s )

2800

1800

800

-200
Dez J an F ev Mar A br Mai J un J ul A go S et O ut Nov

Fonte: ANA (2009).

2.2.5. Pedologia
A área do município é composta de Latossolos, Gleissolos, Plintossolo, Argilossolo, e
suas variações, sendo predominante o Latossolo Vermelho Amarelo distrófico, que se
caracteriza como solos profundos ou muito profundos, desenvolvidos de materiais argilosos ou
muito argilosos e de baixa fertilidade natural (Mapa 2.10). A cor vermelha e amarela
corresponde ao teor de argila rica em ferro (IBGE, 2004).
Na sede municipal o solo predominante é o Latossolo Amarelo distrófico, de material
argiloso ou areno-argiloso, sedimentares da formação Barreiras que recobre a área. A cor
amarela corresponde ao teor de argila rica em ferro e apresenta boa retenção de umidade e
permeabilidade. Este solo é passível de utilização com culturas anuais, perenes, pastagens e
reflorestamento e estão situados em relevo plano a suave-ondulado, o que facilita a mecanização
(EMBRAPA, 2018).
A característica geral dos solos do município é de solos que se desenvolvem em
condições de ambientes tropicais quentes e úmidos, constituídos por material mineral, formados
em terrenos com lençol freático alto ou que pelo menos apresente restrição temporária à
percolação da água. Há, ainda, a presença de solos hidromórficos desenvolvidos de sedimentos
recentes não consolidados, mal ou muito mal drenados, resultantes da influência excessiva de
umidade permanente ou temporária durante um determinado período do ano (CPRM, 2018).

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Mapa 2.10: Mapa de solos do município de Laranjal do Jari

Fonte: Elaborado pela Equipe de Geoprocessamento/PMSB (2020), adaptado de IBGE


(2004).

2.2.5. Vegetação cobertura vegetal


A cobertura vegetal que reveste essa bacia do rio Jari na região do município de Laranjal
do Jari, mesmo considerando sua homogeneidade, apresenta variações tanto de feições quanto
relacionadas com o gradiente topográfico ou à densidade do componente dominante, quanto de
estrutura florística, em associação às condições fisiográficas, bem como climáticas. No geral,
na cobertura vegetal prevalecem as Florestas Ombrófilas Densas na maior parte desse espaço
geográfico. Também se observam Florestas Ombrófilas Abertas, formações Pioneiras sob
Influência Fluvial e Vegetação Secundária (Mapa 2.11) (HYDROS, 2010).
Contudo, devido aos desmatamentos, é possível constatar que a bacia hidrográfica do
rio Jari, na qual o município Laranjal do Jari está contido, contém extensas áreas de
reflorestamentos homogêneas para fins comerciais (reflorestamento de eucalipto). Além disso,
outra característica comercial em relação a cobertura vegetal da região, é a sua importância para
o extrativismo de castanha-do-brasil, sendo a região do Jari considerada uma das regiões de
maior importância dessa atividade (HYDROS, 2010).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 67


Mapa 2.11: Distribuição da vegetação no município de Laranjal do Jari

Fonte: Elaborado pela Equipe de Geoprocessamento/PMSB (2020), adaptado de (IBGE,


2004).

2.2.6. Áreas protegidas


O estado do Amapá é considerado proporcionalmente o estado mais preservado do
Brasil, com 72,50% da área do estado divididos em áreas de preservação ou de uso sustentável
e pelas populações tradicionais. Na região do município de Laranjal do Jari existem áreas
protegidas ou de conservação (Mapa 2.12) (SANTOS, 2019).
As Unidades de Conservação Integral da Bacia do Rio Jari são: Parque Nacional
Montanhas do Tumucumaque PA/AP; Estação Ecológica do Jari PA/AP e Reserva Biológica
do Maicuru. Ainda assim, também existem as Unidades de Conservação de Uso Sustentável:
Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Iratapuru/AP; Reserva Extrativista do Rio
Cajari/AP; Floresta Estadual do Paru (HYDROS, 2010; DIAS et al., 2016).

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Mapa 2.12: Áreas de conservação do município Laranjal do Jari

Fonte: Elaborado pela Equipe de Geoprocessamento/PMSB (2020), adaptado de (IBGE,


2004).

2.3. Caracterização socioeconômica do município: perfil demográfico, estrutura


territorial e política pública correlatas ao saneamento
2.3.1. Perfil demográfico do município
Com relação a renda da população do município de Laranjal do Jari, os dados obtidos
nas publicações do IBGE (2017) constam que o Produto Interno Bruto (PIB) per Capita, em
2017 era de R$ 17.885,40 (dezessete mil, oitocentos e oitenta e cinco reais e quarenta centavos).
Contudo , o município não dispõe dessa informação detalhada ou atualizada.
Para caracterizar o perfil demográfico do município de Laranjal do Jari foi utilizado os
dados dos censos do IBGE de 1991 a 2010, conforme descrito na Tabela 2.5. Não é possível
considerar o censo de 1980, pois o município só foi instituído em 1987. Antes de sua criação,
a sua área territorial do município pertencia ao município de Mazagão.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 69


Tabela 2.5: População Residente, Taxa de Crescimento e distribuição por Gênero do
município de Laranjal do Jari/AP - 1991, 2000 e 2010
POPULAÇÃO RESIDENTE TAXA DE POPULAÇÃO POR GÊNERO
NO PERÍODO (1980 - 2010) CRESCIMENTO (%) (%)
Pop. Pop. Urbano Rural
Ano Total Urbana Rural Total
Urbana Rural Masc. Femi. Masc. Femi.
1991 14.301 7.071 21.372 - - - 34,36 32,55 17,20 15,89
2000 26.792 1.723 28.515 87,34 (-)75,63 33,42 48,33 45,63 3,20 2,84
2010 37.904 2.038 39.942 41,48 18,28 40,07 48,31 46,58 2,84 2,27
Fonte: Adaptado IBGE, 2019.

O município de Laranjal do Jari tem uma característica padrão relativa à sua distribuição
populacional. Isto é, a população urbana é historicamente superior a população rural. Mas uma
característica relevante está relacionada à distribuição por gênero, concentrando um maior
percentual de população masculina, com aproximadamente 51,15%.

2.3.1.1. Pirâmide Etária - 2010


A distribuição da população do município de Laranjal do Jari por Faixa Etária,
observando o Gráfico 2.9, tem maior concentração de pessoas entre 0 e 34 anos, o que significa
uma população jovem, necessitando de disponibilidade de políticas públicas relacionada a essa
faixa etária, principalmente a educação, saúde e saneamento básico.
De acordo com a estimativa do IBGE de 2019, a população de Laranjal do Jari é de
50.410 (cinquenta mil, quatrocentos e dez) pessoas, com um aumento de 26,21% em nove anos.
Este acréscimo demográfico também demanda um volume maior de prestação de serviços
públicos, como educação, saneamento básico e saúde. Portanto, é imprescindível a execução
do plano de saneamento básico para o município, em face das baixas taxas de investimento
neste setor.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 70


Gráfico 2.9: Distribuição da População de Laranjal do Jari/AP em 2010 por Sexo e grupos de
idade

Fonte: PNUD, Ipea e FJP.

2.3.2. Estrutura territorial do município


A estrutura territorial do município de Laranjal do Jari, segundo pesquisa in loco, é
composta por dois Distritos, a sede do município e Água Branca do Cajari, além de 52
(cinquenta e duas) comunidades rurais, sendo 42 (quarenta e duas ) em zonas de terra firme e
dez (10) em zonas ribeirinhas (Quadro 2.1). É importante destacar que nem todas as
comunidades têm infraestruturas públicas, como instituições de ensino e/ou unidades de saúde.
Entretanto todas são atendidas por meio dos serviços públicos de educação e saúde.

Quadro 2.1: Comunidades Rurais - Município de Laranjal do Jari/AP


COMUNIDADES RURAIS
SETORES
RIBEIRINHAS TERRESTRES
Padaria Martins Fundão
Marinho Furinho
Santo Antônio da Cachoeira
Água Branca do Cajari Igarapé do Meio
Dona Maria Ilha do Sabão
São Francisco do Iratapuru
Santarém Jacamim I
Conceição do Muriacá Boca do Braço Mangueiro
Aturiá São Pedro Marinho de Baixo
Terra Vermelha Açaizal Marinho de Cima
Ariramba Nova Olinda
Acampamento Água Branca
Poção Poção II
Itaboca Acampamento Ramal Fé em Deus
Açu Retiro da Fazenda
Águia azul Sítio
Aningal Santo Antônio II
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 71
Anuera Serrinha
Arapiranga Sítio do Pedrão
São José Arumanzal Sombra da Mata
Bacuri Taboca I
Centrinho Terra Preta
Essi Timbó II
Fazendinha II Tira Couro
Fazendinha III Água Branca
Fonte: Pesquisa de Campo no Município de Laranjal do Jari (2019) - Equipe de Mobilização
Social.

Em sua territorialidade, o município de Laranjal do Jari apresenta como comunidades


especiais, as comunidades ribeirinhas, quilombolas, extrativistas e indígenas. Existem, também,
em seu território partes de quatro Unidades de Conservação (Parque Nacional Montanhas do
Tumucumaque, Estação Ecológica do Jari, Reserva Extrativista do Rio Cajari e Reserva de
Desenvolvimento do Rio Iratapuru (DIAS et al., 2016).

2.3.3. Políticas públicas correlatas ao saneamento


2.3.3.1. Saúde
Os impactos das ações de saneamento básico nas condições de vida da população podem
ser avaliados com base em índices de saúde pública, particularmente os epidemiológicos
(BRASIL, 2018, p. 59). O Saneamento Básico exerce importância fundamental no quadro de
saúde da população. Suas ações têm efeito imediato na redução das enfermidades decorrentes
da falta desses serviços (BRASIL, 2008, p. 13), reduzindo significativamente os custos de
enfermidades curativas (FUNASA, 2018).
Conforme o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde-CNESNet (2020), o setor
de saúde do município de Laranjal do Jari está organizado da seguinte forma: 01 Hospital
Estadual de Laranjal do Jari, 01 Unidade de Pronto Atendimento e 01 Laboratório de Análises
Clínicas, administrados pelo Governo do Estado do Amapá; a administração municipal conta
com 01 Sede da Secretaria Municipal de Saúde, 01 Centro de Diagnóstico de Saúde da Mulher
Maria Alice Oliveira, 11 Unidades Básicas de Saúde (UBS Silvino Melo, UBS Padaria, UBS
Maria de Nazaré Souza Mineiro, UBS Centro Vanea Silva, UBS Buritizal, UBS Nazaré
Mineiro, UBS Água Branca do Cajari, UBS Dr. Lélio Silva, UBS Nova Esperança, UBS Enf.
Ruinaldo Nascimento, UBS Conceição do Muriacá), 02 Laboratórios de Análises Clínicas
Municipais, 01 Casa das Parteiras, 02 Postos de Saúde (PS Santo Antônio da Cachoeira, PS São
Francisco do Iratapuru), 01 Unidade de Vigilância em Saúde (que atua em Endemias, vigilância
Sanitária, Vigilância Epidemiológica), 01 Sede do Programa de Tratamento Fora do Domicílio,

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 72


01 Centro Especializado em Reabilitação, 01 Central Municipal de Rede de Frios (vacinas e
outros insumos).
Quanto à assistência social o município é estruturado com 01 Centro de Referência de
Assistência Social-CRAS que está associado a Casa da família, 01 Centro de Referência no
Atendimento da Mulher-CRAM, 01 Centro de Atenção Psicossocial CAPS I Abraça-me, 01
Centro de Referência Especializado de Assistência Social-CREAS e 01 Casa de Acolhimento.
A rede particular de saúde de Laranjal do Jari é composta por cinco Consultórios
Odontológicos (Odonto Jari, Sorriso do Vale, Dental Clinic, Dra. Joelma Pereira dos Reis e
Mais Sorriso), dois Laboratórios Clínicos (Popular e LaborAnálises) e uma Clínica (Barleta
Diagnóstico).
A cidade de Laranjal do Jari é 100% atendida pelo Programa Estratégia Saúde da
Família por meio de 20 equipes de saúde da família, 02 Núcleos de Assistência à Família, 13
equipes de Saúde bucal. A população é assistida pelo quadro de 510 servidores, conforme
Tabela 2.6.

Tabela 2.6: Servidores da pasta de saúde do município de Laranjal do Jari


Cargo Quantidade
Agente administrativo 23
Agente comunitário de saúde 110
Agente de combate às endemias 16
Agente de saúde pública 04
Assessor jurídico 01
Assistente social 03
Auxiliar de enfermagem 01
Auxiliar mecânico 01
Auxiliar de odontologia 14
Auxiliar de portaria 01
Biomédico 01
Coordenador do departamento de vigilância 01
Coordenador de epidemiologia 01
Coordenador de farmácia 01
Coordenador de PSE 01
Coordenador do programa bolsa família 01
Condutor de urgência/emergência 01
Diretor de convênios e contratos 01
Diretor de recursos humanos 01
Diretor de departamento 02
Diretor de departamento de compras 01
Diretor de planejamento e orçamento 01
Diretora de UBS 02
Educador físico 02
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 73
Enfermeiro 07
Enfermeiro PSF 16
Farmacêutico 03
Fisioterapeuta 08
Fonoaudiólogo 03
Guarda de endemias 01
Instrutor de artes 01
Médico 03
Médico PSF 14
Médico veterinário 02
Microscopista 06
Motorista 04
Nutricionista 02
Odontólogo PSF 15
Operário de serviços gerais 28
Pedagogo 01
Pregoeiro 01
Presidente da CPL 01
Psicólogo 08
Psicólogo NASF 02
Recepcionista 01
Secretário de saúde 01
Servente 02
Técnico de enfermagem 76
Técnico de laboratório 10
Técnico em saúde bucal 01
Terapeuta ocupacional 02
Total 510
Fonte: Prefeitura de Laranjal do Jari (2020).

O Conselho Municipal de Saúde é composto por 32 membros, sendo 16 titulares e 16


suplentes, que se reúnem a cada 15 dias. Dentre suas principais pautas estão questões relativas
à política e aos serviços de saneamento básico, assim como questões relativas ao combate de
doenças de veiculação hídrica, doenças diarreicas e desnutrição infantil.
As principais doenças infectocontagiosas com ocorrência significativa no município
decorrem da falta e/ou deficiência dos serviços de saneamento básico. Dentre elas hepatite A,
doença diarreica aguda e febre tifoide, sob as condições socioambientais como a falta de
banheiro no domicílio, reservação inadequada da água para consumo etc.
Por conta disso, o impacto de serviços de saneamento se traduz na vida da população.
Por exemplo, no estado nutricional de crianças de 0 a 2 anos, pois ao beberem água ou lavarem
frutas e verduras com água de boa qualidade, isso influencia no perfil do estado nutricional
dessas crianças.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 74


No município de Laranjal do Jari, 1.509 crianças dessa faixa etária foram atendidas em
serviço de nutrição em 2018 e 2019. Contudo, deve-se considerar que uma maior
disponibilidade de alimentos lavados adequadamente e água potável pode melhorar o aumento
de peso e altura em crianças de maneira adequada, conforme Tabela 2.7 e Tabela 2.8.

Tabela 2.7: Relatório de frequências do estado nutricional de crianças de 0 a 2 anos,


acompanhados nos anos de 2018 e 2019, índice de peso versus idade
PESO x IDADE
Peso muito Peso
Peso baixo Peso elevado
Município/Estado baixo para adequado ou Total
para a idade para a idade
a idade eutrófico
Laranjal do Jari 2 28 1.334 145 1.509
Estado do Amapá 158 411 12.044 972 13.585
Fonte: SISVAN. Disponível em: sisaps.saude.gov.br. Acesso em: 16 de abril de 2020, às
18:02.

Tabela 2.8: Relatório de frequências do estado nutricional de crianças de 0 a 2 anos,


acompanhados nos anos de 2018 e 2019, índice de altura versus idade.
ALTURA x IDADE
Altura muito Altura
Altura baixa
Município/Estado baixa para a adequada para Total
para a idade
idade a idade
Laranjal do Jari 164 152 1.193 1.509
Estado do Amapá 1.782 1.743 10.061 13.586
Fonte: SISVAN. Disponível em: sisaps.saude.gov.br. Acesso em: 16 de abril de 2020, às
18:02.

Dentre as ações de prevenção de doenças, o município se destaca por promover o


Programa de Saúde na Escola, quando profissionais nutricionistas realizam a avaliação
nutricional e antropométrica das crianças, Fotografia 2.1 a-b.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 75


Fotografia 2.1: Ação do Programa de Saúde na Escola

Foto: Acervo fotográfico de Thiago Patrick Brito de Abreu. Ação ocorrida em 25/09/2018.

Atualmente, e de acordo com a assessoria do gabinete da prefeitura municipal de


Laranjal do Jari, estão sendo desenvolvidos os seguintes programas constantes no setor de
Vigilância e da Coordenação em Saúde Ambiental: a) Vigilância e saúde; b) Programa
Municipal de Combate aos Vetores do Aedes Aegypti (Dengue, Zika e Chikunguya); c)
Programa Municipal de Combate à Malária; d) Programa Municipal de Combate à Malária; e)
Programa Municipal de Combate à Leshmaniose; f) Programa Municipal de Combate ao Tifo;
g) Programa Municipal de Combate à Desidratação. Estes programas têm abrangência em todo
o território municipal. Contudo, algumas forças tarefas estão focadas na zona baixa da sede
municipal de Laranjal do Jari.

2.3.3.2. Habitação de interesse social


A Lei nº 11.124, de 2005, que cria o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social
- SNHIS e o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social - FNHIS, tem como um de seus
princípios a utilização prioritária de terrenos públicos na implantação de projetos habitacionais
de interesse social.
Habitação de interesse social é um tipo de habitação destinada à população cujo nível
de renda dificulta ou impede o acesso à moradia por meio dos mecanismos normais do mercado
imobiliário. Empreendimentos habitacionais de interesse social são geralmente de iniciativa
pública e têm, como objetivo, reduzir o déficit da oferta de imóveis residenciais de baixo custo
dotados de infraestrutura (redes de abastecimento de água, esgotamento sanitário e energia
elétrica) e acessibilidade. Alguns empreendimentos também visam à realocação de moradias
irregulares ou construídas em áreas de risco.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 76


Com a criação do Programa Minha Casa Minha Vida, instituído pela Lei nº 11.977, de
2009, as destinações de imóveis da União, para fins de provisão habitacional, foram
direcionadas prioritariamente para o fomento deste programa. O Programa Habitação de
Interesse Social, por meio da Ação de Apoio do Poder Público para Construção Habitacional
para Famílias de Baixa Renda, objetiva viabilizar o acesso à moradia adequada aos segmentos
populacionais de renda familiar mensal de até 3 salários mínimos em localidades urbanas e
rurais. O programa, que tem gestão do Ministério do Desenvolvimento Regional, é operado
com recursos do Orçamento Geral da União - OGU. Mas, a falta de investimentos em habitação
social por parte do governo ainda é um dos maiores problemas da população brasileira de baixa
renda. De acordo com uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas - FGV em parceria com a
Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias - Abrainc, o Brasil tem um déficit
habitacional de 7,78 milhões de moradias. O número de habitações precárias e de adensamento
excessivo (muitas pessoas morando no mesmo lugar) chega a mais de 1,2 milhão.
Devido à falta de habitação de interesse social no Brasil, a população precisa construir
em locais que não são apropriados para moradia e dividir espaços pequenos com muitas
pessoas. Em situações mais graves, existe a invasão de propriedades privadas ou, em último
caso, a necessidade de morar na rua. A falta de habitação social traz diversos problemas, como
a ocupação de imóveis abandonados e com risco de desabamento ou incêndios, casas sem
infraestrutura, ambientes sem conforto térmico ou acústico e ausência de saneamento básico
adequado. Em áreas rurais a população consome recursos para construir suas casas sem incluir
as facilidades sanitárias indispensáveis, como poço protegido, fossa séptica, etc. Assim, o
processo saúde versus doença não deve ser entendido como uma questão puramente individual
e sim como um problema coletivo.
Um exemplo dessa articulação é a relação entre os índices de adensamento da cidade e
a capacidade instalada e/ou prevista de saneamento básico. A densidade urbana define custos
de infraestruturas, assim, o modelo de habitação multifamiliar apresenta vantagens sobre o
unifamiliar, por ser o primeiro mais denso que o segundo e de custos mais bem distribuídos
entre os domicílios. Com relação a infraestrutura urbana esses custos de instalação, conforme a
densidade urbana, verifica-se que quanto maior a densidade, menor é o custo de implantação
dessa infraestrutura por domicílio (SILVA et al, 2016).
Outro exemplo é o impacto da presença da infraestrutura de saneamento básico em áreas
de vazios urbanos – áreas do município não ocupadas porque estão reservadas para a
especulação imobiliária, enquanto parcelas da população vivem em condições precárias, em
áreas vulneráveis como morros e alagadiços, em áreas de proteção de mananciais ou periféricas
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 77
Em resumo, o impacto do saneamento na vida dessas pessoas nos leva a compreender
como a periferização da cidade se constitui fator de reprodução da pobreza, na medida em que
as condições precárias de moradia fazem com que os pobres sejam excluídos, também, das
oportunidades de emprego, de uma educação de qualidade, da assistência integral à saúde, do
lazer e do convívio social em um espaço ambientalmente saudável.

2.2.3.3. Meio Ambiente e Gestão de recursos hídricos


Em relação a área de meio ambiente (regulado pelo SISNAMA – Sistema Nacional de
Meio Ambiente) e recursos hídricos (regulado pelo SINGREH – Sistema Nacional de Gestão
de Recursos Hídricos) na bacia do rio Jari, é possível descrever os seguintes tópicos relevantes.
O rio Jari divide dois Estados (Amapá e Pará) e, portanto, tem jurisdição federal.
Contudo, apesar de sua importância para o desenvolvimento de ambos os Estados, não dispõe
de uma série de instrumentos da política nacional de recursos hídricos, tais como: comitê de
bacia, ausência de enquadramento dos corpos d´água (é empiricamente classificado como
Classe II, de acordo com os usos preponderantes da água (OLIVEIRA e CUNHA, 2014;
ABREU e CUNHA, 2016; SANTOS e CUNHA, 2018); apresenta outorga em “caráter
precário” (não efetivado por Decreto), não faz uso de cobrança pelo uso dos recursos hídricos;
e não há compensação financeira de grandes empreendimento para investimentos na área
ambiental e sanitária para o município de Laranjal do Jari.
Na dimensão institucional, o presente diagnóstico realizou um levantamento geral sobre
como os sistemas meio ambiente e de recursos estão organizados ou interagem entre si.
Do ponto de vista institucional o município não participa de comitê de bacia, nem há
órgão responsável por esta dimensão (exceto a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e
Turismo – SEMATUR, que se articula com a comunidade através do centro de atendimento ao
turismo, com potencial ao acesso à compensação da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, com
ICMS ≈2,5% que, no entanto, não destina recursos específicos para esta área estratégica).
Portanto, apesar deste percentual ser absorvido no orçamento geral do município, não beneficia
diretamente o sistema municipal de meio ambiente e saneamento, sendo estes valores (não
informados em termos absolutos) potencialmente absorvidos no orçamento geral da prefeitura,
mas não especificamente para ações da Secretaria de Meio Ambiente e Turismo (SEMATUR).
Não há um Conselho Municipal de Recursos Hídricos. Entretanto, dentro do
organograma da SEMATUR há um departamento de Recursos Hídricos, porém devido aos
escassos recursos destinados a esta secretaria, apresenta-se sem efetividade em ações
especificas afetas ao tema. Por um lado, há um Conselho Municipal de Meio Ambiente
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 78
(instituído em 1999) e um Conselho Municipal de Saneamento Básico (instituído em 2019).
Por outro lado, não há qualquer tipo de incentivo financeiro ou reserva orçamentária
(programas, projetos ou ações) voltados para a capacitação de recursos humanos e habilitá-los
no tratamento de temas afetos a recursos hídricos e saneamento (OLIVEIRA e CUNHA, 2014).
Em relação às históricas enchentes do rio Jari (OLIVEIRA e CUNHA, 2015), os
profissionais do departamento de Recursos Hídricos da SEMATUR informam que não há ações
efetivas que envolvam as políticas específicas de meio ambiente integradas à política nacional
de recursos hídricos. Este fato gera um distanciamento entre temas de gestão da bacia
hidrográfica do rio Jari e temas relacionados com meio ambiente.
Atualmente a SEMATUR também apresenta uma série de limitações gerenciais e
orçamentárias. Atualmente atua efetivamente só com limpeza pública, e logrou sucesso na
aprovação de uma lei municipal para o incentivo ao turismo ambiental. Entretanto, a estrutura
gerencial no organograma necessita de reformulação para reduzir a burocracia e melhorar o seu
foco nas áreas essencialmente temáticas (saneamento e meio ambiente).
Além disso a SEMATUR tem atuado de forma tímida na área de Licenciamento
Ambiental (outorga), por exemplo com empresas que tratam de captação de água e esgoto.
Contudo, um aspecto positivo da secretaria é a busca do Selo UNICEF, que premia municípios
com a comenda 4 X 4. Este selo premia a melhoria da qualidade de vida de jovens e adolescente
com foco no Saneamento Básico, beneficiando atividades de Planejamento Integral Setorial.
Entretanto, a prefeitura de Laranjal do Jari, após sua 4ª Edição ainda não conseguiu o Selo
UNICEF.
Do ponto de vista das enchentes a SEMATUR informa que, após a construção da
UHESAJ, como já era esperado (ABREU e CUNHA, 2015), as enchentes tornaram-se menos
agressivas e somente poucas áreas estão ainda sendo afetadas durante o período de cheia,
denominadas de áreas de maior risco (OLIVEIRA e CUNHA, 2014). Contudo, não têm
informações atualizadas sobre a qualidade da água, mas sugere que esteja aparentemente mais
limpa, com aspecto menos turvo, apesar da presença de esgotos domésticos continuaram sendo
despejados em estado bruto nas águas do rio Jari, gerando uma série de problemas de saúde
pública.
Neste aspecto, há necessidade de articulação entre as diferentes esferas governamentais
(municipal, estadual e federal) para que a política de gestão de recursos hídricos seja integrada
com a política de meio ambiente e saneamento básico. Neste aspecto, não foi observado ações
concretas voltadas exclusivamente para estes dois setores em nenhuma das três esferas de poder,

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 79


o que é preocupante do ponto de vista de projetos que utilizem a bacia hidrográfica como
unidade de estudo e gestão.

2.3.3.4. Educação
A estrutura educacional do Município de Laranjal do Jari é gerenciada pela Secretaria
Municipal de Educação (SEMED/LARANJAL DO JARI). A secretaria é responsável pela
organização, execução, supervisão e controle da ação da prefeitura relativa às questões
relacionadas a educação municipal, bem como o controle e a fiscalização do funcionamento da
rede de ensino do município. Além disso, é a principal articuladora de ações vinculadas ao
governo estadual e federal, visando os aspectos político e de legislação educacionais, com efeito
sobre o contínuo gerenciamento dos recursos financeiros para o custeio e investimento do
sistema educacional vigente.
O município também conta com o apoio da Secretaria de Educação do Governo do
Estado do Amapá (SEED/AP), a qual é responsável em fornecer assistência e orientação aos
municípios no domínio de sua territorialidade. O objetivo é torná-los, por meio de instrumentos
legais, responsáveis pela estrutura e organização educacional do município. Além disso, a
SEED opera e mantém os equipamentos educacionais da rede pública estadual, apoiando e
supervisionando as atividades desenvolvidas pelas suas entidades vinculadas.
O município de Laranjal do Jari é constituído de dois distritos: distrito sede e Água
Branca do Cajari. Além desses, o município é constituído de 52 comunidades rurais, que se
estendem pelas regiões ribeirinha (dez) e terrestre (quarenta e três). O Distrito Sede do
Município dispõem de 15 (quinze) instituições de ensino vinculadas ao poder executivo
municipal, que envolvem educação infantil e ensino fundamental I e II; dez instituições de
ensino estadual, que oferece aos munícipes o Ensino Fundamental II e Médio; quatro
instituições de ensino particular, atendendo a diversos níveis de ensino; uma instituição
vinculada a uma organização da sociedade civil, com ensino especial e um Campus do Instituto
Federal de Educação do Amapá, atendendo do ensino médio ao ensino superior (Quadro 2.2).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 80


Quadro 2.2: Instituições de Ensino - Sede do Município de Laranjal do Jari/AP
Nº Instituição de Ensino Modalidade de Ensino Endereço
- Ensino Fundamental
Escola Estadual Professora
1 - EJA - Fundamental Rua Cultura, 277- Agreste
Maria de Nazaré R. da Silva
- Ensino Médio
Escola Estadual Mineko - Ensino Médio Av: Tancredo Neves, 2960
2
Hayashida - Ensino Médio Integrado - Agreste
- Ensino Fundamental
Escola Estadual Professora Av: Fortaleza, 1456 –
3 - EJA - Fundamental
Vanda Maria de Souza Cabete Cajari
- Ensino Médio
- Ensino Fundamental
Escola Estadual Sonia - EJA - Fundamental Av: Tancredo Neves, 447
4
Henriques Barreto - Ensino Médio – Centro
- EJA - Ensino Médio
- Ensino Fundamental
Escola Estadual Irandyr Pontes Av: Tancredo Neves, 692
5 - EJA - Fundamental
Nunes – Centro
- Ensino Médio
Escola Estadual Santo Antônio Rua: Emilio Garrastazu
6 - Ensino Fundamental
do Jari Médici, 2505 - Agreste
Escola Estadual General - Ensino Fundamental Passarela: Principal, 451 -
7
Emilio Garrastazu Médici - EJA - Fundamental Malvinas
Escola Estadual Bom Amigo - Ensino Fundamental Rua: Açucena, 1380 -
8
do Jari - EJA - Fundamental Loteamento Sarney
Av: Tancredo Neves, 2451
9 Escola Estadual Prosperidade - Ensino Fundamental
- Agreste
Av: Nossa Senhora da Paz,
10 Escola Estadual Mirilandia - Ensino Fundamental
986 - Mirilandia
Escola Municipal Raimunda - Ensino Fundamental Av: Tancredo Neves, 901
11
Rodrigues Capiberibe - EJA - Fundamental – Agreste
Escola Municipal Weber Eider Av: Tancredo Neves, 395
12 - Ensino Fundamental
Quemel Goncalves – Central
- Pré-Escola (4 e 5 anos)
Escola Municipal Terezinha Av: Mazagão, 105 -
13 - Ensino Fundamental
Lima Queiroga de Sousa Castanheira
- EJA - Fundamental
- Pré-Escola (4 e 5 anos)
Escola Municipal Vinha de Av: Tancredo Neves, 702 -
14 - Ensino Fundamental
Luz Central
- EJA - Fundamental
- Pré-Escola (4 e 5 anos)
Rua: Das Margaridas,
15 Escola Municipal Santa Lucia - Ensino Fundamental
1554 - Loteamento Sarney
- EJA - Fundamental
Escola Municipal Professora - Ensino Fundamental Av: Floriano Peixoto, 1024
16
Tereza Teles - EJA - Fundamental – Agreste
Escola Municipal Joao Rua: Usina, 1118 –
17 - Ensino Fundamental
Queiroga de Souza Malvinas
- Pré-Escola (4 e 5 anos) Rua: Rio Branco Com Jose
18 Escola Municipal Paulo Freire - Ensino Fundamental Cezário, 2001 - Sagrado
- EJA - Fundamental Coração de Jesus
- Pré-Escola (4 e 5 anos)
Escola Municipal Santa Maria Rua: Beira Rio, 993 –
19 - Ensino Fundamental
Menina Centro
- EJA - Fundamental
- Pré-Escola (4 e 5 anos)
Escola Municipal Zélia Rua: 19 de Abril, 2822 -
20 - Ensino Fundamental
Conceição Souza da Silva Nova Esperança
- EJA - Fundamental
Rua: EMILIO MEDICI,
21 Escola Municipal Aturiá - Pré-Escola (4 e 5 anos)
2062 - AGRESTE

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 81


- Pré-Escola (4 e 5 anos) Rua: Cecilia de Meireles,
Escola Municipal Maria de
22 - Ensino Fundamental Nº 290 Assentamento -
Nazaré Sousa Mineiro
- EJA - Fundamental Nazaré Mineiro
- Creche (0 a 3 anos)
Av: Ipiranga, 1009 –
23 Colégio Dinâmico - Pré-Escola (4 e 5 anos)
Agreste
- Ensino Fundamental I e II
- Pré-Escola (4 e 5 anos)
Rua: Do Estádio, 159 –
24 Escola Ana Neri - Ensino Fundamental
Agreste
- Ensino Profissional
Centro Educacional Sesc Ler - Av: Tancredo Neves, S/N -
25 - EJA - Fundamental
Laranjal do Jari Castanheira
Educação Especial:
Associação de Pais e Amigos - Pré-Escola Av: Água Branca, 341 -
26
dos Excepcionais (APAE) - Ensino Fundamental Castanheira
- EJA - Fundamental
Instituto Federal de Educação - Ensino Médio Integrado
Ciência e Tecnologia do - Ensino Profissional Av. Nilo Peçanha, 1263 –
27
Amapá (IFAP)-Campus - EJA - Ensino Médio Cajary
Laranjal do Jari - Ensino Superior
Rua: Do Estádio, 159 –
28 UNIASSELV -Ensino Superior
Agreste
Av: Ipiranga, 1009 –
29 UNISSUMAR - Ensino Superior
Agreste
30 UNIVERSIDADE FAEL - Ensino Superior Prédio da APAE
Rua Floriano Peixoto
Escola Profa. Marilza - Pré-escola e Fundamental I
31
Nascimento
nº 1024, Bairro
Agreste.
-Maternal I e II e I Período Rua das Margaridas
32 Creche Arco Iris
1355 – Sarney
33 Creche Mundo Encantado - Maternal I e II Rua São José, 933, Agreste
- Pré-escola (4 e 5 anos) Samaúma (colocar para
34 Escola Municipal Samauma
- Ensino Fundamental tabela de Urbana)
Fonte: Pesquisa de Campo no Município de Laranjal do Jari (2019) - Equipe de Mobilização
Social.

Quanto à infraestrutura educacional na zona rural, o município de Laranjal do Jari conta,


atualmente, com 17 instituições de ensino (municipal e estadual) distribuídas em suas
comunidades e distrito de Água Branca do Cajari (Quadro 2.3). Contudo, é relevante informar
que algumas instituições de ensino da zona rural foram desativadas nos últimos anos, devido à
falta de demanda nas comunidades onde as escolas estavam sediadas.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 82


Quadro 2.3: Instituições de Ensino – Zona Rural do Município de Laranjal do Jari/AP
Nome da Instituição de
Nº Modalidade/Ensino Regular Distrito/ Comunidades
Ensino
Escola Estadual Água Branca - Ensino Fundamental
1 Água Branca do Cajari
do Cajari - Ensino Médio
Escola Municipal Água - Pré-escola (4 e 5 anos)
2 Água Branca do Cajari
Branca do Cajari - Ensino Fundamental
Escola Estadual Santo
3 - Ensino Fundamental Santo Antônio da Cachoeira
Antônio da Cachoeira
- Pré-escola (4 e 5 anos)
Escola Municipal São
4 - Ensino Fundamental São Francisco do Iratapuru
Francisco do Iratapuru
- EJA - Fundamental
5 Escola Estadual Padaria - Ensino Fundamental Padaria
Escola Estadual Itaboca do
6 - Ensino Fundamental Itaboca
Cajari
Escola Estadual Santa Clara
7 - Ensino Fundamental São Pedro
do Cajari
Escola Estadual Marinho do
8 - Ensino Fundamental Marinho
Cajari
- Pré-escola (4 e 5 anos)
Escola Municipal Conceição
9 - Ensino Fundamental Conceição do Muriacá
do Muriacá
- EJA - Fundamental
- Pré-escola (4 e 5 anos)
Escola Municipal Cristo
10 - Ensino Fundamental Martins
Redentor
- EJA - Fundamental
- Pré-escola (4 e 5 anos)
Escola Municipal Dona Maria
11 - Ensino Fundamental Dona Maria do Carmo
do Carmo
- EJA - Fundamental
- Pré-escola (4 e 5 anos)
Escola Municipal Eduarda
13 - Ensino Fundamental Ariramba
Santa Rosa
- EJA - Fundamental
- Pré-escola (4 e 5 anos)
Escola Municipal Santarém
14 - Ensino Fundamental Santarém do Cajari
do Cajari
- EJA - Fundamental
- Pré-escola (4 e 5 anos)
Escola Municipal Waldemar
15 - Ensino Fundamental Boca do Braço
B. Duarte
- EJA - Fundamental
- Pré-escola (4 e 5 anos)
Escola Municipal Salvador
16 - Ensino Fundamental Terra Vermelha
Rodrigues Flexa
- EJA - Fundamental
- Pré-escola (4 e 5 anos)
17 Escola Municipal Dona Maria - Ensino Fundamental Dona Maria do Cajari
- EJA - Fundamental
Fonte: Pesquisa de Campo no Município de Laranjal do Jari (2019) - Equipe de Mobilização
Social.

Com relação a educação básica do município, esta é avaliada com base nos índices
calculados pelo Instituo Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP), através do Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). O IDEB é um excelente indicador da educação
básica brasileira, o qual fundamenta-se em dois critérios: a) fluxo escolar e b) desempenho nas
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 83
avaliações do INEP, que incluem o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) para as
unidades da federação e a Prova Brasil para os municípios.
O município de Laranjal do Jari apresentou um IDEB de 4,3 para os anos iniciais
(Ensino Fundamental I) e 3,3 para os anos finais de ensino (Ensino Fundamental II). Estes dados
foram calculados com base nos resultados levantados na última avaliação do INEP (2017),
apresentando um média de 3,8. Este valor ainda é inferior à meta estabelecida para as series
iniciais e finais no município, 4,8 e 5,1 respectivamente.
Em comparação ao ano de 2007, os valores calculados na última avaliação do INEP em
2017 mostraram um aumento de 1,4 pontos no IDEB para as séries iniciais (2,9) e uma queda
de 0,2 pontos em relação ao IDEB das series finais (3,5).(INEP, 2007) (Gráfico 2.10). Embora
tenha apresentado um pequeno aumento em relação às séries iniciais. Isto sinaliza para uma
fragilidade na educação básica do município, sobretudo nas series finais do ensino fundamental,
prejudicando substancialmente a qualidade do ensino ofertado em Laranjal do Jari. É
importante mencionar que estes dados se referem ao ensino das escolas geridas pela rede
estadual e municipal em Laranjal do Jari.

Gráfico 2.10: Evolução do IDEB para rede pública de ensino estadual do município de
Laranjal do Jari entre os anos de 2007 e 2017

Fonte: Adaptado de QEdu.org.br. Dados do Ideb/Inep (2017).

O fato do município não atingir a meta do IDEB nos respectivos anos de avaliação (2007
a 2017), pode estar relacionado com o fluxo escolar, variável avaliada para o cálculo do IDEB,
a qual apresentou um indicador médio (séries iniciais e finais) de 0,82, denotando em uma taxa

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 84


de 18% de alunos retidos ao fim do ano letivo. Além disso, este índice está significativamente
relacionado com o índice de aprendizagem, apresentando uma média de 4,58, em uma escala
de 0 a 10, sendo este último valor praticamente inatingível, pois denota em um rendimento de
100% dos alunos matriculados.
Embora com fragilidades, o município de Laranjal do Jari apresenta uma taxa de
escolarização entre 6 a 14 anos de idade de 97,6% (IBGE, 2018), mas com um histórico de
apenas 23,6% de sua população entre 15 e >60 anos frequentando a escola (IBGE, 2010). Além
disso, 13,4% da população, independentemente da idade, nunca frequentou uma escola (IBGE,
2010). Estes percentuais indicam a urgente necessidade de melhora na oferta do ensino e
permanência escolar, sobretudo, para a educação de jovens e adultos no município.
No ano de 2018, o município apresentou um total de 12,685 matrículas na rede estadual
e municipal de ensino (Gráfico 2.11), distribuídas nos seguintes níveis e modalidades de ensino:
ensino fundamental (7,370), ensino infantil (1,610), ensino médio (1,730), educação de jovens
e adultos (1,624) e educação especial (351). Este total foi atendido por 597 docentes que
atuaram no ensino fundamental (471) e médio (126) de instituições de ensino no município.

Gráfico 2.11: Evolução do número de matrículas na rede estadual e municipal de ensino em


Laranjal do Jari entre os anos de 2013 e 2019

Fonte: Adaptado de Censo Escolar INEP (2013; 2014; 2015; 2016; 2017; 2018; 2019)

Para o ano de 2019, o número de matrículas apresentou uma pequena queda (-0,62%),
perfazendo um total de 12,606 alunos regularmente matriculados, incluindo os da rede
municipal (6,390) e estadual (6,216) das zonas urbana e rural. Destes, 7,210 (57,1%) foram

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 85


matrículas oriundas das séries iniciais e finais do ensino fundamental; 1,773 (14,06%)
matrículas oriundas do ensino infantil e creches; 1,549 (12,2%) matrículas no ensino médio e
1,708 (13,5%) matrículas oriundas da Educação de Jovens de Adultos (INEP, 2019). Somado
a estes, houve 366 (2,9%) matrículas na educação especial no município de Laranjal do Jari.
Este cenário se repetiu ao longo dos últimos anos (2013-2019), mostrando uma
tendência histórica no atendimento pela rede pública de ensino município de Laranjal do Jari.
Com isto é possível observar que, majoritariamente, a rede estadual é a responsável pelo maior
número de matrículas no município, suprindo uma demanda relacionada, sobretudo, ao nível
de ensino médio. Embora em 2019 a matrícula na rede estadual de ensino tenha apresentado
um pequeno decréscimo, ela ainda é a principal responsável em fornecer assistência de ensino
ao município, mantendo equipamentos educacionais da rede pública estadual e buscando apoiar
e supervisionar as atividades desenvolvidas pela rede municipal de ensino.
2.4. Desenvolvimento local: renda, pobreza, desigualdade e atividade econômica
2.4.1. Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM)
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) é um indicador que
considera as mesmas três dimensões do IDH Global (longevidade, educação e renda),
adequando a metodologia global ao contexto brasileiro e à disponibilidade de indicadores
nacionais. O Quadro 2.4 mostra os componentes do IDHM.

Quadro 2.4: Componentes do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal


Longevidade representa a oportunidade de se levar uma vida longa e saudável
Educação representa o acesso ao conhecimento
Renda representa o poder de desfrutar de um padrão de vida digno.
Fonte: Elaborado pela Equipe de Mobilização e Controle Social/PMSB (2020)

Em 2010 o IDHM do município de Laranjal do Jari encontrado foi de 0,665 (Tabela


2.9) o que situa esse município na faixa de Desenvolvimento Humano Médio (IDHM entre
0,600 e 0,699).

Tabela 2.9: Evolução do IDHM no município de Laranjal do Jari/AP – 1991 a 2010


Ano Valor
1991 0,349
2000 0,481
2010 0,665
Fonte: PNUD, Ipea e FJP (2013).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 86


A dimensão que mais contribui para o IDHM do município é Longevidade, com índice
de 0,801, seguida de Renda, com índice de 0,641, e de Educação, com índice de 0,573 (Tabela
2.10) (ATLAS DE DESENVOLVIMENTO HUMANO, 2013).

Tabela 2.10: Índice de desenvolvimento municipal e seus componentes – Município de


Laranjal do Jari-AP – 1991 a 2010
IDHM e componentes 1991 2000 2010
IDHM Educação 0,109 0,258 0,573
% de 18 anos ou mais com ensino fundamental completo 16,46 26.86 54,88
% de 5 anos na escola 23,04 53,55 84,96
% de 11 a 13 anos nos anos finais do fundamental regular
7,14 29,63 83,16
seriado ou com fundamental completo
% de 15 a 17 anos com fundamental completo 4,10 10,26 41,36
% de 18 a 20 anos com médio completo 1,27 7,79 24,65
IDHM Longevidade 0,649 0,728 0,801
Esperança de vida ao nascer 63,93 68,68 73,06
IDHM Renda 0,599 0,593 0,641
Renda per capita 331,72 321,34 432,92
Fonte: PNUD, Ipea e FJP (2013).

Entre 1991 e 2000 o IDHM passou de 0,349 em 1991 para 0,481 em 2000 - uma taxa
de crescimento de 37,82%. O hiato de desenvolvimento humano foi reduzido em 79,72% entre
1991 e 2000. Nesse período, a dimensão cujo índice mais cresceu em termos absolutos foi
Educação (crescimento de 0,149), seguida por Longevidade e por Renda.
Entre 2000 e 2010 o IDHM passou de 0,481 em 2000 para 0,665 em 2010 - uma taxa
de crescimento de 38,25%. O hiato de desenvolvimento humano, ou seja, a distância entre o
IDHM do município e o limite máximo do índice, que é 1, foi reduzido em 64,55% entre 2000
e 2010. Nesse período, a dimensão cujo índice mais cresceu em termos absolutos foi Educação
(com crescimento de 0,315), seguida por Longevidade e por Renda.
Entre 1991 e 2010 o IDHM do município passou de 0,349, em 1991, para 0,665, em
2010, enquanto o IDHM da Unidade Federativa (UF) passou de 0,472 para 0,708. Isso implica
em uma taxa de crescimento de 90,54% para o município e 50% para a UF; e em uma taxa de
redução do hiato de desenvolvimento humano de 51,46% para o município e 53,85% para a
UF. No município, a dimensão cujo índice mais cresceu em termos absolutos foi Educação
(com crescimento de 0,464), seguida por Longevidade e por Renda. Na UF, por sua vez, a
dimensão cujo índice mais cresceu em termos absolutos foi Educação (com crescimento de
0,358), seguida por Longevidade e por Renda.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 87


2.4.2. Indicadores de renda e desenvolvimento
2.4.2.1. Renda, pobreza e desigualdade
De acordo com dados do Atlas de Desenvolvimento Humano (2013) a renda per capita
média de Laranjal do Jari cresceu 30,51% (Gráfico 2.12 e Tabela 2.11) nas últimas duas
décadas, passando de R$ 331,72, em 1991, para R$ 321,34, em 2000, e para R$ 432,92, em
2010 (PNUD, Ipea e FJP, 2015). Isso equivale a uma taxa média anual de crescimento nesse
período de 1,41%. A proporção de pessoas pobres, ou seja, com renda domiciliar per capita
inferior a R$ 140,00 (a preços de agosto de 2010), passou de 37,36%, em 1991, para 38,59%,
em 2000, e para 24,49%, em 2010.

Gráfico 2.12: Distribuição da renda por quintos da população – Município de Laranjal do


Jari/AP – 1991 a 2010

Fonte: PNUD, Ipea e FJP (2013).

A taxa média anual de crescimento foi de -0,35%, entre 1991 e 2000, e 3,03%, entre
2000 e 2010.

Tabela 2.11: Indicadores de Renda, pobreza e desigualdade – Município de Laranjal do Jari-


AP – 1991 a 2010
Indicadores 1991 2000 2010
Renda per capita 331,72 321,34 432,92
% de extremamente pobres 13,53 17,00 8,94
% de pobres 37,36 38,59 24,49
Índice de Geni 0,55 0,57 0,55
Fonte: PNUD, Ipea e FJP (2013).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 88


A evolução da desigualdade de renda nesses dois períodos pode ser descrita através do
Índice de Gini2, conforme é mostrado na Tabela 2.11, que passou de 0,55, em 1991, para 0,57,
em 2000, e para 0,55, em 2010.

2.4.2.2. Trabalho, rendimento e setores de ocupação


Dados do Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil (2013) mostram que no período
de 2000 a 2010, a taxa de atividade da população de 18 anos ou mais (ou seja, o percentual
dessa população que era economicamente ativa) passou de 64,92% em 2000 para 68,74% em
2010. Ao mesmo tempo, sua taxa de desocupação (ou seja, o percentual da população
economicamente ativa que estava desocupada) passou de 17,50% em 2000 para 10,93% em
2010 (Tabela 2.12).

Tabela 2.12: Ocupação da população de 18 anos ou mais – Município de Laranjal do Jari –


AP – 2000 a 2010
Índices 2000 2010
Taxa de atividade – 18 anos ou mais 64,92 68,74
Taxa de desocupação - 18 anos ou mais 17,50 10,93
Grau de formalização dos ocupados - 18 anos ou mais 46,15 48,14
Nível educacional dos ocupados - -
% dos ocupados com ensino fundamental completo - 18 anos ou 32,69 59,33
mais
% dos ocupados com médio completo - 18 anos ou mais 15,04 38,10
Rendimento médio
% dos ocupados com rendimento de até 1 s.m - 18 anos ou mais 45,91 28,22
% dos ocupados com rendimento de até 2 s.m - 18 anos ou mais 77,72 78,38
% dos ocupados com rendimento de até 5 s.m - 18 anos ou mais 95,07 94,70
Fonte: PNUD, Ipea e FJP (2013).

Em 2010, das pessoas ocupadas na faixa etária de 18 anos ou mais do município, 22,40%
trabalhavam no setor agropecuário, 1,17% na indústria extrativa, 7,88% na indústria de
transformação, 5,71% no setor de construção, 0,97% nos setores de utilidade pública, 16,40%
no comércio e 39,46% no setor de serviços.

2
É um instrumento usado para medir o grau de concentração de renda. Ele aponta a diferença entre os
rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Numericamente, varia de 0 a 1, sendo que 0 representa a situação
de total igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda, e o valor 1 significa completa desigualdade de renda, ou
seja, se uma só pessoa detém toda a renda do lugar.
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 89
2.5. Infraestrutura e equipamentos público, calendário festivo e seus impactos no serviço
de saneamento básico
2.5.1. Energia elétrica
No município de Laranjal do Jari, o serviço de energia elétrica é prestado pela
Companhia de Eletricidade do Amapá – CEA. A área urbana e algumas comunidades da zona
rural ribeirinha e terrestre, o serviço é prestado de forma contínua, 24h/dia. Nas demais
comunidades da zona rural, a prestação do serviço ou não existe ou é realizada de forma
racionada por meio de sistemas isolados com geração à diesel.
A falta de energia 24h/dia nessas comunidades tem impacto direto na prestação do
serviço de abastecimento de água pois, dificulta o funcionamento contínuo das instalações, em
especial de abastecimento de água, sejam elas convencionais (por exemplo, ETA compacta) ou
soluções alternativas simplificadas como o Salta-Z adotada na comunidade Padaria.
Este cenário tende a não mais existir se a CEA cumprir com as metas do Plano de
Universalização Rural que foi revisado e homologado pela ANEEL em 13 de novembro de
2018 (Resolução Homologatória Nº 2.482/ANEEL). Para o município de Laranjal do Jari o
prazo máximo para alcance da universalização rural (rede convencional) seria o ano de 2019,
atualmente vencido. Tomando como referência o ano base de 2018, a zona rural representa
5,1% da população do município, impactando em apenas 0,07% de toda energia elétrica
consumida no município.
Sabendo-se que o setor de saneamento consome cerca de 7% de toda a energia produzida
no mundo, é sempre justificável frisar a necessidade de estudos focados ao consumo energético
e eficiência energética neste setor, elevando os custos das operações que, muitas vezes, não
podem ser integralmente repassados aos usuários, sobretudo em países em desenvolvimento
como o Brasil (LIMA et al., 2019).
Além disso, pesquisas têm demonstrado que o consumo energético pode ser elevado, ou
acima de 7% da média mundial. No Brasil, esta etapa de consumo energético concentra-se na
operação de captação. Nestes casos, as despesas com energia e consumo energético per capita
em ETAs podem superar 36 milhões de reais por ano e alcançar aproximadamente 11% do
consumo energético médio por habitante no Brasil (LIMA et al., 2019).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 90


Tabela 2.13: Consumo e população por zona no município de Laranjal do Jari (2010)
Zona População População (%) Consumo (kW/h) Consumo (%)
Urbana 37.904 94,9 34.183.143 99,93
Rural 2.038 5,10 22.392 0,07
Total 39.942 34.205.535
Fonte: Relatório de consumo por classe da CEA (2019).

Na sede do município onde está instalada a ETA Convencional, as


instalações/equipamentos elétricos não estão em bom estado de conservação, com exceção do
sistema de cloração. Mesmo assim, não são adotadas práticas para as práticas de eficiência
energética para redução do consumo de energia no local. Constatou-se também que o município
não participa de programas voltados para redução de consumo de energia elétrica e combate ao
desperdício.

2.5.2. Pavimentação e transporte


No serviço do saneamento básico, cujo eixo principal é o sistema de micro e
macrodrenagem urbana, responsável pela canalização das águas da chuva ao seu destino final
(corpo d´água) tem umas das relações mais próximas com o sistema de pavimentação das ruas.
E, consequentemente, tem fortes implicações no planejamento de redes de abastecimento de
água, sistemas de esgotamento sanitário, drenagem e gestão das águas pluviais, e coleta e
transporte de resíduos sólidos urbanos (RSU). Em termos de pavimentação, durante o
necessário planejamento de uso e ocupação do solo urbano, é relevante avaliar o quanto o
sistema de pavimentação interfere no ciclo hidrológico da região, visível pela população.
Um plano de drenagem urbana é essencial para impedir que corpos hídricos sejam
assoreados pela pavimentação excessiva, evitando a ocorrência de alagamentos e inundações
que prejudicam a mobilidade de parte ou toda a cidade.

No presente diagnóstico foi relatado que a impermeabilização urbana de Laranjal do


Jari é próxima de 26,86%, podendo ser considerada uma fração significativa, mesmo
comparada com padrões de cidades médias ou grandes (CANHOLI, 2005). Ou seja, na área
urbana da sede de Laranjal do Jari este percentual é médio. Isto é, cerca de 604,00 ha de área
total ocupada, apresenta aproximadamente 162,25 ha de área impermeável.
No Mapa 2.13 observa-se a distribuição das vias em geral, classificadas (legenda) pelas
categorias pavimentada, não pavimentada, áreas de ponto e rodovia. Por exemplo, na zona sul
da cidade (área de topografia baixa se aproximando do fundo de vale, no rio Jari, ao fundo da

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 91


foto de destaque, sujeita à alagamentos ou inundações periódicas), prolonga-se em direção
nordeste (zona urbana com topografia mais elevada). Significativa fração da área ocupada na
zona sul, é aterrada. Entre ambas há um setor que tem sofrido com alagamento até o início da
rua principal asfaltada.
No Mapa 2.13 e Mapa 2.14 é mostrado todo o sistema de arruamento e pavimentação
da sede do município de Laranjal do Jari e de Água Branca, área rural de terra firme,
respectivamente.

Mapa 2.13: Pavimentação e arruamento da sede do Município de Laranjal do Jari

Fonte: Elaborado pela Equipe de Geoprocessamento/PMSB (2020) e Prefeitura Municipal de


Laranjal do Jari (2020).

De acordo com a legenda descritiva do Mapa 2.13, a Sede Municipal de Laranjal do Jari
dispõe de 10,32 km de ruas pavimentadas, 66,28 km de ruas não pavimentadas e extensões
dentro de áreas de pontes (alagadas ou potencialmente alagadas) 10,34 km de ruas
pavimentadas, 16,90 km. A extensão total de vias públicas na cidade é de 93,52 km. Isto é:
Com base no atual cenário relacionado com a pavimentação na sede municipal de
Laranjal do Jari, será necessário mais investimento financeiro em transporte e mobilidade em
áreas de ponte quanto em áreas não pavimentadas.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 92


Mapa 2.14: Pavimentação e arruamento do Distrito de Água Branca do Cajari

Fonte: Elaborado pela Equipe de Geoprocessamento/PMSB (2020) e Prefeitura Municipal de


Laranjal do Jari (2020).

Portanto, o planejamento urbano de uma cidade precisa também considerar o serviço de


drenagem urbana, a qual relaciona-se muito intimamente com o ambiental local. Entre alguns
critérios do planejamento é a determinação do percentual máximo de áreas que se pode
permeabilizar (CANHOLI, 2005, TOMAZ, 2002).
Isto é, mesmo que ainda não seja o caso, projetos de piscinões que capturem grandes
volumes de chuva, transportando-os para corpos hídricos distantes evitam potenciais
alagamentos e inundações de zonas ou áreas urbanas com topografias desfavoráveis (mais
baixas), o que evita alagamentos e inundações das áreas urbanas.
Um outro aspecto relevante é a tendência ao desmatamento e à impermeabilização do
solo. Como ressaltado, ambos contribuem para o escoamento mais rápido e violenta da água de
chuva, e frequentemente provocando voçorocas ou processos erosivos, além de impedir a
manutenção do microclima local úmido e alterar o regime de ciclo hidrológico natural
(CANHOLI, 2005).
Vale dizer que não é tão simples evitar a impermeabilização do solo, devido ao
crescimento populacional. Por isso foram criadas leis específicas nos municípios, impondo
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 93
limites de que proporção os moradores podem usar de seus terrenos. Por exemplo, a Lei
Orgânica do Município (LOM, 1993) é praticamente da data de sua criação. No seu Artigo 15,
há algumas diretrizes quanto ao ordenamento territorial, principalmente em relação às vias
públicas, além de outras atribuições.
Art. 15 (LOM, 1993): Ao Município compete prover tudo quanto diga respeito ao seu
peculiar interesse e ao bem-estar de sua população, cabendo-lhe, privativamente, dentre outras,
as seguintes atribuições (destacando-se apenas os incisos pertinentes):
I- legislar sobre assuntos de interesse local;
III- elaborar o Plano Diretor de Desenvolvimento integrado;
XIII- planejar o uso e a ocupação do solo em seu território, especialmente em sua zona
urbana;
XIV- estabelecer normas de edificação, de loteamento, de arruamento e de zoneamento
urbano e rural, bem como as limitações urbanísticas convenientes à ordenação do seu território,
observada a lei federal;
XVII- cassar a licença que houver concedido ao estabelecimento que se tornar
prejudicial à saúde, à higiene, ao sossego, à segurança, ao equilíbrio ambiental ou aos bons
costumes, fazendo cessar a atividade ou determinar o fechamento do estabelecimento;
XVIII- estabelecer servidões administrativas necessárias à realização de seus serviços,
inclusive a dos seus concessionários;
XX- regular a disposição, o traçado e as demais condições dos bens públicos de uso
comum;
XXI- regulamentar a utilização dos logradouros públicos e, especialmente no perímetro
urbano, determinar o itinerário e os pontos de parada de transportes coletivos;
XXIII- conceder, permitir ou autorizar os serviços de transporte coletivo e de táxis,
fixando as respectivas tarifas;
XXVIII- sinalizar as vias urbanas e as estradas municipais, bem como regulamentar e
fiscalizar sua utilização;
XXIX- prover sobre limpeza das vias e logradouros públicos, remoção e destino
adequado do lixo domiciliar e de outros resíduos de qualquer natureza.

2.5.3. Cemitérios
Os cemitérios geralmente são ocupados por áreas de baixo valor imobiliário e quase
sempre de forma irregular. Assim, o município de Laranjal do Jari não se abstém dessas
prerrogativas. Sabe-se que os cemitérios produzem o necrochorume que são decorrentes da
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 94
decomposição ou putrefação dos corpos em várias fases. A fase humorosa ou coliquativa é a
mais relevante, pois ocorre a liberação do líquido humoroso (necrochorume).
É possível apontar como a principal causa de poluição dos cemitérios a eliminação do
necrochorume pelos cadáveres, particularmente, no primeiro ano do sepultamento. O
necrochorume pode veicular, além de microrganismos oriundos do cadáver, restos ou resíduos
de tratamentos químicos hospitalares (quimioterapia, por exemplo) e os compostos decorrentes
da decomposição da matéria orgânica, elevando a atividade microbiana do solo sob a área de
sepultamento. Esses contaminantes incorporados ao fluxo de necrochorume são prejudiciais ao
solo e às águas subterrâneas (SILVA e MALAGUTTI FILHO, 2009).
Em Laranjal do Jari, o cemitério é desprovido de proteção ambiental, representando um
perigo ao meio ambiente por eventual atividade de microrganismos patogênicos e seus riscos
infecciosos. Ainda é facilmente observável que as águas das chuvas podem infiltrar nas
sepulturas ou águas superficiais que escoam por drenagem superficial. Este processo de
infiltração pode atingir os lençóis freáticos e os poços amazonas contaminando corpos d´água
subterrâneos, além de provocar eventualmente danos à saúde.
Neste sentido, a Resolução CONAMA nº 335, de 3 de abril de 2003 estabelece os
critérios mínimos e que devem ser seguidos para garantir a decomposição normal e proteger as
águas subterrâneas das infiltrações. Ressalta-se que o não cumprimento desta resolução é
passível de implicações de sanções penais e administrativas.
Alternativamente, existem alguns métodos de tratamento de necrochorume como filtro
biológico, pastilhas e mantas absorventes e de forma mais inovadora, o uso de estação de
tratamento de necrochorume onde as cargas orgânicas são removidas em um tanque fechado
sendo reutilizado na irrigação do próprio cemitério.
É fundamental a periodicidade na limpeza e recolhimento dos resíduos das sepulturas e
da varrição. É importante que o cemitério obedeça ao que estabelece a NBR 12808 referente
aos resíduos de serviços de saúde e fazer a destinação adequada para cada um dos serviços.
Foi constatado que o cemitério de Laranjal do Jari não possui licença ambiental de
funcionamento, assim como a maioria dos cemitérios brasileiros, pois em sua grande maioria
iniciaram suas atividades antes da Resolução CONAMA nº 335 de 2003. Essa irregularidade
foi constatada para o cemitério da sede do município de Laranjal do Jari (Mapa 2.15 ). As
mesmas irregularidades se deram em relação ao cemitério localizado em Água Branca do Cajari
(Mapa 2.16).
Como pode ser observado pelo Mapa 2.15, por um lado o Cemitério Santa Rosa está
localizado na zona sudoeste da cidade de Laranjal do Jari. Esta zona está mais próxima de
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 95
corpos d´água e áreas sujeitas à alagamentos. E por outro lado, o cemitério Débora Damasceno
está localizado próximo da BR 156, em área de terra firme. Em ambos os casos é relevante
informar que a dinâmica de gerenciamento ambiental e sanitária de ambos, tanto atual quanto
futura, necessita de abordagens diferentes, principalmente em relação aos desconhecidos
processos dos fluxos subterrâneos que possam eventualmente estar interagindo com os dois
diferentes tipos de solos presentes no fundo de vale (Santa Rosa) e o de terra firme (próximo
da BR 156).

Mapa 2.15: Cemitério do município de Laranjal do Jari.

Fonte: Elaborado pela Equipe de Geoprocessamento/PMSB (2020).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 96


Mapa 2.16: Cemitério da comunidade Água Branca do Cajari

Fonte: Elaborado pela Equipe de Geoprocessamento/PMSB (2020).

Os cemitérios, tanto da sede (Laranjal do Jari) quanto da zona rural terrestre (Padaria)
possuem funcionários concursados (3) e contratados (3) com a função de coveiros e da parte
administrativa. Atualmente a limpeza se dá de forma programada a cada primeiro dia do mês
pela equipe de roçagem da Secretaria do Meio Ambiente e Turismo. O descarte de EPIs dos
coveiros seguem as normas da Resolução CONAMA 335/2003.
Entretanto o município de Laranjal do Jari não segue a estes requisitos da resolução.
Além disso, na Lei Orgânica do Município de Laranjal do Jari (LOM, 2005), a palavra
“Saneamento” consta apenas um única vez no seu texto, no Art. 83, Inciso VII, do Capítulo II
da Política Urbana, o qual afirma o seguinte: “promoção do direito de todos os cidadãos à
moradia, ao transporte coletivo, à comunicação, saneamento básico (grifo nosso), energia
elétrica, abastecimento, iluminação pública, saúde, educação, lazer e segurança”.
Por outro lado, na LOM (2005), o termo “meio ambiente” é muito mais frequente, como
no Art. 99 do Capítulo I, que afirma o seguinte: “ o município promoverá, nos termos das
Constituições Federal e Estadual e desta Lei Orgânica, o direito à [...] habitação e ao meio
ambiente equilibrado”. No Capítulo II, Seção I (Da Educação), Art. 107, comenta sobre a
necessidade do [...] direito ao meio ambiente. Entretanto, o Capítulo III (Da Política do Meio
Ambiente), desde o Art. 120 até o Art. 125, há uma série proposições relevantes em relação ao
tema e, principalmente ao saneamento, com destaque para os seguintes tópicos: Art. 120,

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 97


referente ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e como bem de uso comum do povo e
essencial à vida [...] devendo o Município e a coletividade defende-lo e preservá-lo às gerações
atuais e futuras; Art. 121, em que o Município tem a função de regulador, criador de limitações
e imposições que visem à proteção e recuperação do meio ambiente, especialmente por meio
de normas de zoneamento, do uso do solo e de edificações. No seu parágrafo único, o município
deverá, de acordo com os seguintes incisos: I – estabelecer uma política municipal do meio
ambiente objetivando sua preservação e conservação dos recursos naturais; II – promover a
educação ambiental, visando a conscientização pública e a preservação ambiental; III – exigir
a realização de estudos prévios de impactos ambientais para a construção, instalação, reforma,
recuperação, ampliação e operação de atividades potencialmente causadoras de degradação do
meio ambiente; IV – proteger patrimônio [...] paisagístico, faunístico, florístico, ecológicos
[...]; V – incentivar as atividades de conservação ambiental; VI – estabelecer a obrigatoriedade
de reposição de flora nativa, quando necessário à preservação ecológica; VII – fiscalizar,
cadastrar e manter as matas e fomentar o florestamento ecológico.
O Art. 122, descreve que qualquer cidadão possa provocar o Ministério Público para
propositura de ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente
[...]. E no Art. 123, implantar distritos ou polos industriais e empreendimento de alto potencial
poluente, bem como quaisquer obras de grande porte que possam causar danos significativo a
vida e ao meio ambiente, através de autorização de órgão ambiental, da Câmara Municipal e da
concordância da população manifestada por plebiscito convocado na forma da lei.
Os Art. 124 e 125 tratam do desenvolvimento de programas de arborização e exploração
dos recursos naturais, e sobre as condutas lesivas ao meio ambiente, etc.
Apesar da LOM (2005) tratar com firmeza dos tópicos ambientais, não apresenta a
mesma desenvoltura em relação às especificidades do Saneamento Básico preconizado pela Lei
do Saneamento Básico 11.422/2007 (FUNASA, 2018).
No Capítulo I, Seção I (Da Competência Privativa), Art. 9º (Da Competência), Inciso
VI, específico sobre Cemitério, descreve o seguinte: “organizar e prestar diretamente ou sob
regime de concessão ou permissão [...], comprometidos: [...] f) cemitérios, feiras e abatedouros
locais. Porém não se aprofunda sobre a operação dos serviços funerários e de cemitérios”. Por
exemplo, não define nem especifica critérios para tal, principalmente em relação aos
funcionários que trabalham como coveiros ou se são na verdade contratados eventuais que só
operam em casos de óbitos e, desta forma a Prefeitura de Laranjal do Jari, não dispõe nem
fornece EPIs e roupas adequadas para tal.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 98


Neste contexto, e diante de eventuais irregularidades, é estritamente necessária a
implantação de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos - PGRS para manter a boa
salubridade ambiental do cemitério.
Em relação aos resíduos provenientes de exumação, existe uma controvérsia entre a
ANVISA e a resolução CONAMA nº335, pois a ANVISA não considera esses resíduos de
exumação como resíduos de serviços de saúde. Isso porque, na avaliação de risco, não há risco
biológico que justificasse um tratamento diferenciado principalmente após decorrido mais de
05 (cinco) anos. O art. 9 da resolução CONAMA nº335 determina que os resíduos sólidos,
proveniente das exumações devam receber uma destinação ambiental e sanitária adequada, mas
falha em não especificar como deve ser feito o manuseio desses resíduos.
Recomenda-se que os coveiros ou qualquer outro funcionário ou contratado que tenha
contato com resíduos provenientes de exumação, utilizem de forma obrigatória o uso de EPIs
(roupa descartável, máscaras com isolamento de nariz e boca, luvas e viseiras ou óculos) de
forma preventiva.
Atualmente os dois cemitérios de Laranjal do Jari (e Água Branca) apresentam
possibilidades de lixiviação, o que podem contaminar as águas subterrâneas. O necrochorume
pode causar a contaminação por nitrogenados que são responsáveis pelas doenças como a
methaemoglobinemia (síndrome do bebê azul) e febre tifoide. Lozano, Dalla Costa e Labadessa
(2019) alertam que existe a possibilidade de alterações físico-quimicas e bacteriologicas de
águas de poços. Por exemplo, na sede municipal, o cemitério é localizado ainda dentro da zona
urbana oeste (Mapa 2.15)
Alguns cemitérios apresentam condições favoráveis ou desfavoráveis à percolação do
necrochorume no subsolo devido à predominância de diferentes características edáficas
(arenoso, siltoso, argiloso, etc), onde podem ocorrer o fenômeno conservativo de saponificação
e a expansão em baixa profundidade da pluma de contaminante, principalmente em ambientes
com baixa profundidade do nível freático (SILVA e MALAGUTE FILHO, 2009).
Em consulta à população local, a maioria desconhece a possibilidade de contaminação.
Neste sentido, os autores alertam que a população desconhece os danos que podem acontecer
em seus poços amazonas na área circuvizinha ao cemitério. Estudos recentes mostram esses
efeito em um raio de até 1,2 Km (SILVA e MALAGUTE FILHO, 2009).
Desta forma é necessária e urgente a implantação de uma equipe multidisciplinar para
elaborar um planejamento dos impactos ambientais de cemitérios em zonas urbanas,
principalmente devido ao elevado risco de contaminação. Desta forma, o gerenciamento de
áreas contaminadas visa minimizar os riscos em que estão sujeitos a população e o meio
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 99
ambiente. Assim, por meio de um conjunto de medidas, é possível assegurar o conhecimento
básico e as características dessas áreas bem como dos seus potenciais impactos decorrentes,
proporcionando os instrumentos necessários à tomada de decisão quanto às formas de
intervenção mais adequadas (SILVA e MALAGUTE FILHO, 2009).

2.5.4. Segurança pública


De acordo com o mapeamento dos sistemas, não foram identificados no município de
Laranjal do Jari, estratégias, programações ou rotina de proteção, controle do acesso e de
condições para operação de mananciais, aterros, triagem de resíduos ou bacias de contenção e
amortecimentos vinculados aos serviços de saneamento.
Assim, no prognóstico deste PMSB e a partir das demandas que essa infraestrutura
necessita, serão propostos programas de segurança pública das instalações, dos equipamentos
e dos recursos naturais e ambientais que possuem direta relação com os serviços de saneamento
básico do Município.

2.5.5. Calendário festivo do município


O calendário festivo do município de Laranjal do Jari é bastante rico de manifestações
culturais em comunidades rurais e na sede do município. De acordo com o calendário festivo
da prefeitura os principais eventos são:
 Festividade de São Sebastião – É uma festa de santo da igreja católica, ocorre em
janeiro na comunidade Boca do Braço.
 CARNAJARI – Carnaval fora de época que ocorre na cidade de Laranjal do Jari no
mês de março.
 Festividade de São José - É uma festa de santo da igreja católica, ocorre em março
na comunidade Açaizal.
 Festival internacional de Hip Hop do vale do Jari – Encontro de grupos na praça
central João da Silva Nery no município de Laranjal do Jari no mês de março.
 Festival da Castanha – Encontro de castanheiros de diversas comunidades para
comemorar o fim da safra de castanha, ocorre na comunidade ribeirinha Padaria no
mês de março.
 Festividade de Nossa Senhora de Fátima - É uma festa de santo da igreja católica,
ocorre em maio na comunidade Água Branca do Cajari.
 Festividade de Santo Antônio - É uma festa de santo da igreja católica – padroeiro
da cidade de Laranjal do Jari, ocorre em junho.
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 100
 Laranjal Verão – Ocorre no mês de setembro na cidade de Laranjal do Jari.
 Festividade de São Francisco de Assis - É uma festa de santo da igreja católica –
padroeiro da comunidade São Francisco do Iratapuru e ocorre no mês de outubro.
 Aniversário de Laranjal do Jari – Comemoração do aniversário de criação do
município e ocorre em dezembro.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 101


CAPÍTULO 3

3. QUADRO INSTITUCIONAL DA POLÍTICA E DA GESTÃO DO SERVIÇO DE


SANEAMENTO BÁSICO

3.1. Indicação das principais fontes técnico-científicas sobre políticas públicas nacionais
de saneamento básico
No Brasil a política pública de saneamento básico inaugurou uma nova fase a partir do
ano de 2003, representada por um marco legal e regulatório, reestruturação institucional e
retomada dos investimentos (Lei 11.4225/2007). A reestruturação institucional, com a criação
do Ministério das Cidades e da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental permitiu maior
direcionamento às ações governamentais para o setor.
A criação do Conselho Nacional das Cidades e a realização das Conferências das
Cidades possibilitaram o diálogo entre os segmentos organizados da sociedade. A Lei n.
11.445/2007 possibilitou a definição do marco legal, no seu decreto regulamentador (Decreto
nº 7.217/2010) inaugurando uma nova fase na gestão dos serviços públicos de saneamento
básico no País, tendo o planejamento assumido posição central na condução e orientação da
ação pública (BORJA, 2014). Além da referida lei, vale ressaltar o dispositivo legal que criou
a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010), com diretrizes e conceitos
inovadores, integradores e articulados com a participação popular.
Entretanto, devido insuficiência de recursos e investimentos efetivos na área de meio
ambiente e saneamento básico municipais, comentado em itens anteriores, a atual estrutura do
organograma da gestão, com destaque a SEMMATUR, tem tido pouca capilaridade, integração,
efetividade e capacidade para impor ações, projetos e programas deste setor. Entretanto,
considerando-se o investimento de R$ 2.070.000,00 por ano da SEMMTUR, 60% desse
orçamento anual são gastos com EPIs, contratação de caçambas e gasolina, gastos diretos e
indiretos, os quais estão relacionados também relacionados com ações do saneamento.
Em parágrafo único da lei da política de saneamento as políticas e ações da União de
desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate e erradicação da pobreza, de
proteção ambiental, de promoção da saúde e outras de relevante interesse social voltadas para
a melhoria da qualidade de vida devem considerar a necessária articulação com o saneamento
básico, inclusive no que se refere ao financiamento. Entretanto, a Lei Orgânica do Município
de Laranjal do Jari, LOM (2015), cita apenas uma única vez a palavra saneamento. Isso sugere
que a Lei Orgânica do Município necessita ser urgentemente revista, incluindo-se na referida
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 102
Lei os itens relevantes preconizado pela Lei 11.425/2007 (Política Nacional de Saneamento
Básico), bem como suas quatro dimensões indissociáveis: água, esgoto, drenagem e gestão das
águas pluviais, e limpeza pública e gestão de resíduos sólidos (FUNASA, 2018).
No contexto municipal e em relação à coleta de informações referentes à política de
gestão dos serviços de saneamento básico do município de Laranjal do Jari, portanto, ainda não
se dispõe de uma política municipal efetiva para a construção do quadro institucional. Deste
modo, foram coletados todos os dados de indicadores disponíveis do município no SNIS (2019).
Quanto às diretrizes nacionais para os serviços de saneamento básico, nas oficinas e
seminários de mobilização e controle social que ocorreram no município de Laranjal do Jari,
foi apresentada aos participantes a importância da adoção de mecanismos legais para instituição
da política de saneamento no município.
Quanto à gestão integrada de resíduos sólidos, nas oficinas que ocorreram no município
de Laranjal do Jari, também foi apresentado aos participantes a importância da adoção de
planos, projetos e ações, considerando as particularidades de cada setor, para instituição da
gestão integrada de resíduos sólidos com o apoio da prefeitura no sentido de promover a
organização da associação de catadores de materiais recicláveis, a coleta seletiva, os consórcios
públicos, a gestão de resíduos sólidos orgânicos, os instrumentos da política de resíduos, a
logística reversa entre outros.
Quanto ao item saneamento urbano para municípios com população até 50 mil
habitantes (limite este ultrapassado somente no final de 2019, após o início da elaboração do
PMSB) e saneamento rural, nas oficinas que ocorreram no município de Laranjal do Jari foram
apresentadas às informações sobre sistemas de abastecimento de água, de esgotamento
sanitário, drenagem e águas pluviais, limpeza pública e gestão de resíduos sólidos e ações em
saneamento rural.
Além dos dados primários coletados em campo, foi consultado como fonte de dados
secundários para a elaboração do Diagnóstico Técnico-Participativo as seguintes fontes:
 Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, 2019) – criado em
2002, contém informações de caráter institucional, administrativo, operacional,
gerencial, econômico-financeiro e de qualidade sobre a prestação de serviços de
saneamento básico.
 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2018) – foram consultados
estudos e pesquisas, os Censos Demográficos, Contagens Populacionais e a
Pesquisa de Informações Municipais (MUNIC) sobre saneamento básico;

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 103


 Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB) e o Programa Nacional de
Saneamento Rural (PNSR);
 Planos Estaduais de saneamento básico, de resíduos sólidos ainda estão se
estruturando no estado do Amapá e de outros municípios com características
similares ao do Amapá em outras regiões do Brasil;
 Política Estadual de Recursos Hídricos do Amapá (Política Estadual de Recursos
Hídricos);
 Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos;
 Lei nº 0686, de 7 de junho de 2002, a qual dispõe sobre a Política de Gerenciamento
dos Recursos Hídricos do estado e dá outras providências;
 Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH);
 Decreto nº 4.509, de 29 de dezembro de 2009;
 Decreto nº 4.544, de 29 de dezembro de 2009;
 Fundo Estadual de Recursos Hídricos, Artigo 34 da Lei nº 0686, de 7 de junho de
2002;
 Decreto nº 3.861, de 1º de agosto de 2011;
Desde 2016, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA) está trabalhando com
a ANA com o Projeto Pro-Gestão (Ministério do Meio Ambiente), coordenado pelo Conselho
Estadual de Recursos Hídricos do Amapá. Contudo, esforços financeiros e gerenciais têm sido
direcionados só para a bacia do rio Araguari. Entretanto, com base na similar ou de maior
complexidade do contexto da bacia do rio Jari (rio de classe federal que drena dois estados,
Amapá e Pará), com a presença de sistemas de áreas protegidas e conservação da biodiversidade
contrastando com a expansiva dinâmica de exploração de recursos naturais (grande usina
hidrelétrica, silvicultura, sistemas agroflorestais, indústria de produção de papel celulose e de
caulim), são exemplos de que o Pro-Gestão e outros projetos integrativos deveriam ser mais
bem explorados pela gestão municipal, principalmente no contexto de bacia hidrográfica.

3.2. Apresentação da legislação e dos instrumentos legais que definem as políticas


nacional, estadual e regional de saneamento básico
O debate a respeito da política de saneamento básico não é uma agenda recente. Desde
a década de 1960 o Brasil busca delimitar um marco legal que impulsione e regulamente a
Política de Saneamento Básico no país. Com a Constituição Federal promulgada em 1988 o
saneamento básico passa a ser um direito de cada cidadão brasileiro e um dever estatal, cuja

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 104


titularidade dos serviços é do município, ainda que possa ocorrer a gestão compartilhada ou
consorciada.
Atualmente, as leis nacionais vigentes sobre o tema são: Lei 11.445/2007 que estabelece
Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico e o Decreto 7.217/2010 que a regulamenta. É
sabido que a Política de saneamento básico faz interseção com outros instrumentos legais e
outras que se relacionam com as legislações estaduais e municipais.
A Constituição do Estado do Amapá (1991) prevê que é competência comum entre a
União, Estado e Município promover melhorias das condições habitacionais e de saneamento
básico. Coloca também a proteção do meio ambiente e combate à poluição em qualquer de suas
formas como competência comum.
A Constituição do Estado trata o saneamento como saúde pública que será instituído
por meio de programas. Os serviços de saneamento básico prestados à população devem seguir
a política tarifária que são estabelecidos pelo Estado e Município mediante lei.
O Estado e os Municípios, segundo a Constituição, e previsto na Lei Orgânica
Municipal (1993 e atualizada em 2005) (LOM, 2005), estabelecem programas conjuntos que
visam o tratamento de dejetos urbanos e industriais e de resíduos sólidos, e visam a proteção e
utilização racional da água, como também o controle das inundações e erosão.
Sendo assim, de acordo com a LOM (2005) a proteção do meio ambiente é um
importantíssimo fator para a implementação de um plano de saneamento básico municipal.
Além disso, textualmente, a LOM (2005) apresenta mais ênfase nos ecossistemas que em
saneamento (citada apenas uma única vez no documento), tendo como principal marco legal no
âmbito estadual a Lei Complementar Nº 0005, de 18 de agosto de 1994, que institui o código
de Proteção ao meio ambiente do Estado do Amapá, bem como o manejo do Recursos Hídricos,
que tem sua própria lei (Política de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado do Amapá
- a Lei N° 686, de 7 de junho de 2002). É importante, portanto, frisar que a proteção ambiental
está significativamente desconectada da política municipal de saneamento básico, sendo
estratégico que o município resgate e integre estas diferentes políticas como algo vantajoso para
o Laranjal do Jari (há diversos fundos e financiamentos para este setor, porém não acessados
da forma correta).
Na temática dos resíduos sólidos pode-se encontrar na esfera estadual a Lei N°
1.242/2008 que dispõe sobre a Política Estadual de Reciclagem de Materiais, que tem como
objetivo incentivar o uso, a comercialização e a industrialização de materiais recicláveis.
Como já comentado anteriormente, no âmbito do Município de Laranjal do Jari dispõe
da Lei Orgânica (LOM) que rege a estrutura organizacional municipal aprovada em 12 de junho
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 105
de 1992, com alterações introduzidas em 03 de março de 2005. Logo no art. 9º da LOM
podemos verificar como competência privativa do município, prestar ou autorizar por
concessão ou permissão, os casos de abastecimento de água potável e tratamento de esgotos
sanitários (Capítulo II, Seção VI, alínea a) e limpeza pública, coleta e destinação final de
resíduos sólidos, que entre outros serviços poderá ser objeto de consórcios com outros
municípios (alínea b).
O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Laranjal do Jari foi
aprovado pela Lei municipal 545, cuja revisão foi aprovada em 26 de julho de 2016. O Plano
possui capítulo próprio sobre Saneamento Ambiental Integrado, a partir do art. 136 e seguintes
(capítulo III).
Para implementação da política de saneamento, o Plano descreve suas diretrizes e
estabelece que será regido por um Plano Municipal de Gestão e Saneamento Ambiental
(PLANGESAN). Portanto, este PMSB está sendo alinhado às normativas do Plano Diretor de
leis pré-existentes.
O entendimento do Município é de que é necessário desenvolver a Política de
saneamento, o que se percebe apenas parcialmente em seus principais normativos municipais.
Pela falta de estrutura para a prestação dos serviços de forma independente, existe a
possibilidade de oferta no modelo de gestão associada, atualmente encampada pelo Estado,
conforme será melhor detalhado no item 3.7.

3.3. Mapeamento da gestão dos serviços de saneamento básico no município


Em levantamento realizado junto aos técnicos da prefeitura e da CAESA a organização
dos serviços do setor de saneamento se dá conforme o Quadro 3.1.

Quadro 3.1: Gestão dos serviços de saneamento básico no município de Laranjal do Jari/AP
Manejo de Manejo de
Organização dos Abastecimento Esgotamento
águas Resíduos
serviços de água sanitário
pluviais Sólidos
Existe política municipal * * * Lei 240/2003
na forma da lei? e LOM(2005)
Existe um plano para os 4 * * * *
serviços
Existe plano específico * * * *
PMLJ PMLJ PMLJ e
Quem presta o serviço Cooperativa de
Catadores de
CAESA Laranjal do Jari
(ECOJARI)

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 106


Existe contrato firmado * * * *
Qual a data de * * * *
vencimento do contrato
Qual o tipo de contrato * * * *
Qual a área de cobertura * * * *
do contrato
Existe definição de metas * * * *
de expansão?
Qual o agente definiu * * * *
essas metas?
O serviço é cobrado? SIM SIM * SIM
De que forma (taxa, TAXA/TARIFA TAXA/TARIFA * TAXA/TARIFA
tarifa, outro preço
público)?
Existe controle da * * * *
qualidade da prestação
dos serviços, em termos
de regularidade,
segurança e manutenção?
Quem define os * * * *
parâmetros para esse
controle?
Existe entidade de * * * *
regulação instituída?
Quem fiscaliza os MINISTÉRIO SEMMATUR/ SEMMATUR/ SEMMATUR/
serviços prestados? PÚBLICO MINISTÉRIO MINISTÉRIO MINISTÉRIO
PÚBLICO PÚBLICO PÚBLICO
Onde o morador faz suas CAESA/ SEMMATUR/ SEMMATUR/ SEMMATUR/
reclamações? MINISTÉRIO MINISTÉRIO MINISTÉRIO MINISTÉRIO
PÚBLICO PÚBLICO PÚBLICO PÚBLICO
Existe participação social * * * COMSAB/LJ
na gestão de saneamento?
Ocorreu alguma * * * *
conferencia municipal?
Existe um conselho * * * COMSAB/LJ
municipal que discute a
pauta saneamento?
*Não

Fonte: Prefeitura Municipal de Laranjal do Jari (PMLJ) / Companhia de Água e Esgoto


(CAESA).

No município há o Conselho de Saneamento Básico recentemente instituído pelo


Decreto nº 395 de 12 de dezembro de 2018, dois meses após o início da elaboração do PMSB,
quando ocorreu a capacitação dos Comitês Executivo e de Coordenação. De acordo com Art.
2º, as atribuições do Conselho Municipal de Saneamento são:
Formular as políticas de saneamento definindo estratégias e prioridades;
Acompanhar e avaliar a implementação das políticas; Discutir e aprovar a
proposta de Projeto de Lei do Plano Municipal de Saneamento; Discutir e
aprovar as propostas de Projeto de Lei relacionadas ao Saneamento; Examinar
matéria em tramitação na administração pública municipal, que envolva a
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 107
questão de saneamento, a pedido do Poder Executivo; Propor e incentivar
ações de caráter informativo e educativo para a formação da consciência
pública, visando à salubridade ambiental; Indicar penalidades administrativas,
financeiras e disciplinares pela não observância das normas de regulação dos
serviços de Saneamento Básico; Solicitar auditorias; Definir padrões e
critérios relacionados à prestação dos serviços; Emitir certificação de
qualidade dos serviços de saneamento; Criar e extinguir câmaras técnicas
temáticas; Determinar ao Órgão Regulador a realização de atividades de
interesse a promoção dos serviços de saneamento e a melhoria da salubridade
ambiental; Estabelecer critérios para declaração de áreas críticas, de risco
sanitário e de ameaça à saúde pública; Analisar e aprovar proposta de revisão
das tarifas e da tabela de prestação dos serviços de saneamento; Analisar e
aprovar o consumo mínimo mensal de água decorrentes de efeitos de
sazonalidade ou deficiência de recursos hídricos disponíveis estabelecendo as
condições de sua implantação e cobrança; Acompanhar e apreciar e fiscalizar
o cumprimento dos contratos de concessão dos serviços de saneamento;
Fomentar a articulação das políticas públicas relativas à Saúde, Meio
Ambiente, Desenvolvimento Rural e Urbano, Uso do Solo, Recursos Hídricos
com a de Saneamento; Articular-se com outros conselhos existentes no
Município e no Estado com vistas à implementação do Plano de Saneamento
do Município; Aprovar a convocação de audiências públicas; Fixar as
diretrizes de gestão do Fundo Municipal de Saneamento; Elaborar, aprovar e
modificar seu regimento interno, e Outras competências que vierem a ser
estabelecidas pelo seu regimento interno (COMSAB, 2018 p. 2)

A gestão dos serviços de saneamento básico é realizado pelo Governo do Estado do


Amapá (GEA) no que diz respeito ao serviço de abastecimento de água através da Companhia
de água e esgoto do Amapá (CAESA). A sede municipal é atendida pelo sistema público de
abastecimento de água da CAESA assim como as comunidades Padaria, Iratapuru, Marinho e
Boca do Braço. Os demais serviços – manejo de água pluviais e drenagem urbana e manejo de
resíduos sólidos são de responsabilidade da prefeitura.
Quando há transtorno em relação ao abastecimento de água que afeta os moradores as
reclamações ou reivindicações são feitas na própria CAESA local e no Ministério Público.
Quando o transtorno diz respeito aos serviços de drenagem, esgotamento sanitário e resíduos
sólidos os moradores direcionam as reclamações à Secretaria municipal de Meio Ambiente e
Turismo (SEMMATUR) que, contudo, não tem a competência efetiva de resolver a maior parte
das demandas solicitadas pela população.

3.4. Mapeamento dos principais programas existentes no município de interesse do


saneamento básico
Considerando o levantamento nos órgãos sediados no município, constatou-se que ainda
não são desenvolvidos programas locais de interesse direto do saneamento básico, nas áreas de

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 108


desenvolvimento urbano, rural, industrial, turístico, habitacional, devendo ocorrer através do
Plano de saneamento Básico.
Na esfera Federal foi constatado o projeto Salta-z na comunidade ribeirinha Padaria,
São José, Cachoeira do Santo Antônio e Santarém do Cajari. Essa iniciativa é interessante e
deve ser consideradas no Plano de Saneamento Básico. Na esfera estadual está sendo
empreendido uma proposta de pavimentação e construção de passarelas de concreto para a
mobilidade de pedestres, humanização do espaço físico e até acesso a coleta de lixo,
equipamentos e rede de distribuição de água e esgoto. Na esfera municipal, há o Plano Diretor
de Laranjal do Jari (VIEIRA et al., 2015).
É relevante tecer alguns comentários sobre o Plano Diretor de Laranjal do Jari (PDLJ),
em que até 2015, só haviam dois municípios com planos diretores no Amapá: Macapá e
Santana, sendo Laranjal do Jari o 3º município a dispor deste instrumento no Estado, com base
em alguma participação social, com base em pelo menos uma das seguintes categorias de
participação social: 1) participação corporativa, 2) participação eleitoral, 3) participação
político-social, este último com leve característica de ativismo e forte participação de ONGs
(VIEIRA et al., 2015). Além disso, é importante frisar que ainda há influência político-
econômica dos empreendimentos, como por exemplo vinculados à Fundação ORSA, que ainda
detém 1% do valor bruto dos investimentos locais e empregos indiretos. Entretanto, segundo os
referidos autores, a população considera tais investimentos como mais direcionados ao
marketing da própria empresa do que uma preocupação com as questões socioambientais ou
sanitárias do município.
Assim, Vieira et al., (2015) tecem comentários críticos sobre a metodologia utilizada no
Plano Diretor de Laranjal do Jari, porque consideram que o cumprimento do Termo de
Referência para o cumprimento dele seguiu apenas protocolos e exigências do Estatuto da
Cidade. Entretanto, a proposta deveria conter ações de integração da sociedade com o poder
público como primeira condição para a eficiência do planejamento. Deste modo, comentam que
historicamente o município continua a apresentar deficiências na organização e gestão pública
desde sua origem, quando da implantação dos empreendimentos que a geraram (Jari Celulose
e CADAM). Isto porque estes empreendimentos demandaram uma grande massa de mão de
obra para o município, porém, sem a contrapartida de infraestrutura necessária para receber o
proporcional contingente humano.
Como consequência, Laranjal do Jari apresenta até os dias atuais graves problemas
socioambientais, entre os mais destacados a falta de saneamento básico. E que o Plano Diretor
de Laranjal do Jari apresentou máxima participação social (20 seguimentos sociais com 525
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 109
participantes à época) durante a Audiência Pública, na qual este foi proposto oficialmente.
Assim, um dos grandes desafios do PMSB é sua integração com as propostas do Plano Diretor
de Laranjal do Jari.
Entretanto, o Plano Municipal de Saneamento Básico - PMSB em construção para
Laranjal do Jari tem suas complexidades, necessitando que o documento seja detalhado,
completo e integrado para as quatro dimensões do setor (Lei 11.422/2007). Dessa forma, é
relevante considerar iniciativas existentes e que possivelmente estejam sendo eficientes para
que sejam ampliadas ou adaptadas a novas tecnologias.

3.5. Existência de avaliação dos serviços prestados


No município de Laranjal do Jari ainda não há uma forma de avaliação institucional
sistematizada sobre os serviços de saneamento que são prestados à população. As poucas
informações são encontradas no SNIS (2019). Não obstante sua relevância e utilidade para os
usuários, gestores e planejadores, entretanto, o sistema apresenta falhas significativas.
Por exemplo, os serviços de drenagem e gestão de águas pluviais avaliados pelo SNIS
(2019) são absolutamente inexistentes. Além disso, do ponto de vista dos serviços de água e
esgoto, estas dimensões do saneamento são de responsabilidade e executadas pela atual
concessionária CAESA (através de um frágil e precário acordo de cooperação técnica) e que
pouco dialoga com o gestor do município. De qualquer modo, a população em geral avalia mal
todas as quatro dimensões do saneamento básico daquele município. Independentemente desta
prestação ser localizada na área urbana ou rural.
Contudo, a partir da realização deste termo de referência será apresentada uma proposta
de procedimentos a serem adotados para avaliação quantitativa (via indicadores) e qualitativa
(com a participação da população) envolvendo as quatro dimensões básicas do saneamento:
água, esgoto, drenagem e resíduos sólidos (FUNASA, 2018).

3.6. Identificação junto aos municípios das possibilidades de consórcios


As possibilidades dos municípios criarem consórcios é estabelecido na Lei
N°11.107/2005 e no Decreto N° 6.017/2007. As perspectivas de consorcio no âmbito estadual
incluem o fornecimento de água e esgotamento sanitário. Em 2017, o Amapá aderiu ao
Programa de Parceria e Investimentos (PPI), do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES). O objetivo foi efetivar um consórcio que selecionou empresas
responsáveis para o estudo de viabilidade a fim de promover a desestatização da atual

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 110


Companhia de Água e Esgoto do Amapá – CAESA – com previsão de incluir a totalidade dos
seus 16 municípios, por meio de Carta de Intenção.
Por meio de licitação, o consórcio formado por PwC (Pricewaterhousecoopers
Corporate Finance & Recovery Ltda); Estrategy & (PwC Strategy and Consultoria Empresarial
Ltda); LPA (Loeser and Portela Advogados) e; EGIS (Engenharia e Consultoria Ltda) foi o
vencedor e realizou o estudo de viabilidade entre os anos de 2018 e 2019.
No segundo semestre de 2019 foram entregues ao Governo de Estado, pela Empresa
consorciada, pacotes legislativos para a interlocução com os municípios a fim de implementar
a gestão associada com o Estado. Cada município interessado em aderir, deverá fazê-lo por
meio de uma Lei autorizativa. Esse é um processo que culminará com a desestatização da
CAESA, repassando os seus serviços para um consórcio, a ser licitado, assim que todos os
municípios amapaenses indicarem o interesse na adesão e aprovarem seus respectivos PMSB.
O Município de Laranjal do Jari, até a data da elaboração deste tópico, ainda não havia
informado sobre a adesão à gestão associada cuja execução das funções relativas ao
fornecimento de água e esgotamento sanitário, seriam repassadas ao Consórcio, pelo período
de 35 anos.

3.7. Levantamento das transferências e convênios existentes com o governo federal e com
o governo estadual em saneamento
De acordo com o portal da transparência do Governo Federal, o município de Laranjal
do Jari já foi contemplado com convênios ligados ao Governo Federal referente à saneamento
básico. Atualmente os Convênios que estão no período de vigência ativa, para o Município de
Laranjal do Jari, são Quadro 3.2.
Os convênios apresentam detalhadamente o objetivo, o valor a ser celebrado, o número
do processo, o órgão e concedente a ele vinculado, a situação que se encontra o processo (todos
em período de execução), e a vigência.
O Município de Laranjal do Jari possui 06 processos vigentes voltados ao saneamento:
pavimentação com drenagem em bairros e vias urbanas; melhoria sanitária domiciliar (sem
liberação do valor); sistema de abastecimento de água (com 30% do valor liberado) e educação
voltada para o saneamento (100% do valor liberado).
Há processos em que ainda não houve transferências de qualquer valor acordado, o que
impossibilita a execução do trabalho previsto nas respectivas metas. Contudo, não há
informação disponível sobre os motivos da ausência de transferência.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 111


Quadro 3.2: Convênios federais com o Municipio de Laranjal do Jari
Tipo do
Número Número Original Situação Objeto Órgão Concedente Vigê ncia Valor
Instrume nto
Pavimentação
4.500.000,00
asfáltica de Ministério da Departamento
Em 05/12/2018- (nenhum valor
880115 00189/2018 Não se aplica vias urbanas defesa - unidades do programa
execução 14/11/2022 ainda foi
com drenagem com vínculo direto calha norte
liberado)
e calcadas

Pavimentação
asfáltica com
drenagem,
Ministério da Ddepartament 2.750.000,00
Em calcadas com 19/11/2018-
865280 00165/2018 Não se aplica defesa - unidades o do programa (nenhum valor foi
execução meio-fio e 29/10/2022
com vínculo direto calha norte repassado ainda)
sarjetas nas
vias de laranjal
do Jari.

Pavimentação
asfáltica com
drenagem, 2.750.000,00
Ministério da Departamento
Em calcadas com 19/11/2018- (nenhum valor
865276 00212/2018 Não se aplica defesa - unidades do programa
execução meio-fio e 29/10/2022 ainda foi
com vínculo direto calha norte
sarjetas nas repassado)
vias de laranjal
do Jari.

Sistema de Fundação 29.863.120,00


Termo de Fundação nacional 01/06/2012-
672398 tc/pac 0035/12 Adimplente abastecimento nacional de (30% desse valor
compromisso de saúde 12/03/2020
de agua saúde - DF foi liberado)
Fomentar a
educação em
165.000,00
saúde voltada Fundação
Em Fundação nacional 28/12/2012- (100.00% do
778192 00284/2012 Não se aplica para o nacional de
execução de saúde 27/12/2019 valor do
saneamento saúde - DF
convênio)
básico em
laranjal do Jari
Implantação
de melhorias
sanitárias Fundação 491.747,76
Em Fundação nacional 29/12/2017-
854426 01704/2017 Não se aplica domiciliares no nacional de (nenhum valor foi
execução de saúde 29/09/2020
município de saúde - DF repassado ainda)
laranjal do Jari-
AP
Fonte: Portal da Transparência Governo Federal.

Diferentemente do Portal da Transparência do Governo Federal, o Governo do Estado


não possui o detalhamento de seus convênios e acordos com os municípios em seu site. No site
da Secretaria de Cidade há um acordo do governo com 15 (quinze) municípios (datado de 2017)
no que concerne a recursos financeiros destinados a execução de serviços de limpeza pública
(Quadro 3.3). O município de Laranjal do Jari também faz parte do convênio o qual tinha a
vigência de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias para a execução direta ou terceirizada de
Serviços de Limpeza de Vias e de Logradouros Públicos, incluindo campanhas de Educação
Ambiental sobre a necessidade de redução da geração de resíduos e de conservação da limpeza
urbana.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 112


Quadro 3.3: Convênios estaduais e acordos com os municípios
Valor do Valor da Valor total do
Município N° do processo Nº do convênio Assinatura
concedente (R$) contrapartida (R$) convênio (R$)
Amapá 2000.0036/2017 004/2017 - SDC 04/08/2017 126.600,00 6.057,18 132.657,18
Vitória do Jari 2000.0056/2017 006/2017 - SDC 213.648,00 2.158,05 215.806,05
Itaubal 2000.0071/2017 007/2017 - SDC 11/08/2017 120.000,00 10.000,00 130.000,00
Cutias 2000.0075/2017 008/2017 - SDC 11/08/2017 120.000,00 42.600,00 162.600,00
Mazagão 2000.0090/2017 011/2017 - SDC 28/08/2017 216.910,00 4.100,00 221.010,00
Laranjal do Jari 2000.0099/2017 015/2017 - SDC 29/09/2017 459.620,00 4.796,20 464.416,20
Fonte: Governo do Estado do Amapá – Portal SDC.

3.8. Identificação das ações de educação ambiental e mobilização social em saneamento


em nível de investimento
As ações de educação ambiental e mobilização social são essenciais para a estabelecer
a integridade do planejamento e estratégias voltadas para o saneamento básico local, regional e
global. Isso porque este fator está muito intimamente relacionado com os processos de
mobilização e controle social, não só de planos de saneamento básico, mas de qualquer outro
de qualquer setor de interesse público e de cunho social e participativo. Isto é, a população
educada ambientalmente e mobilizada para o exercício do controle social é fator preponderante
para a prática da cidadania e para o fomento/fortalecimento da mobilização social em torno das
políticas voltadas para o saneamento. Tanto que, de acordo com a Lei 11.225/2007, não é
admitido que um plano municipal de saneamento básico (PMSB) seja legitimamente
reconhecido sem esta participação verificada e comprovada, tamanho é o valor e o peso desta
participação social durante o processo de construção destes planos (FUNASA, 2018).
Embora haja o entendimento que estas ações sejam fundamentais para as políticas de
saneamento, no município de Laranjal do Jari, estas estratégias ainda são recorrentemente
incipientes e estão fora da agenda de investimentos para o fortalecimento da educação
ambiental e mobilização social. Isto tem sido observado em toda a sua territorialidade, seja em
sua área urbana (sede e distritos) ou rural (comunidades terrestres e ribeirinhas).
A Secretaria Municipal de Educação (SEMED), uma das principais fomentadoras destas
atividades no município, vêm desenvolvendo lentamente ações voltadas para esta temática. No
entanto, não há programas ou projetos executados ou em execução, nos últimos cinco anos, que
abordem interdisciplinar e transversalmente a educação ambiental, exclusivamente, sob a
responsabilidade desta secretaria. Os principais entraves, conforme relatos técnicos in loco,
estão associados à falta de uma política pública setorial focal que invista recursos financeiros.
Embora a SEMED não desenvolva projetos especificamente voltados para área de
educação ambiental e participação popular, há hoje a existência de projetos interdisciplinares,

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 113


que de forma estratégica e projetiva, podem permitir um maior engajamento popular e um
espaço democrático para a discussão de temas transversais, tais como as questões ambientais.
Além destes projetos, é importante destacar que ações pontuais e isoladas são
desenvolvidas por escolas da rede estadual e municipal em Laranjal do Jari (sede e comunidades
rurais). Estas ações buscam incentivar a ética ambiental por meio de atividades que estimulem
o senso crítico reflexivo sobre as questões relacionadas com o meio ambiente e o
desenvolvimento. Estas ações são configuradas, em sua maioria, por eventos estratégicos
(oficinas e miniprojetos) durante o calendário letivo e são desenvolvidas por iniciativas das
instituições de ensino, por meio da SEMED.
Além da SEMED, a Secretaria Municipal de Saúde (SEMUSA) e a Secretaria Municipal
de Meio Ambiente e Turismo (SEMMATUR), também, incluem em suas pautas, programas
projetos e ações voltados para a educação ambiental e mobilização social.
A SEMUSA, por sua vez, desenvolve o projeto “Saúde na Escola”, que tem por objetivo
integrar e articular de forma permanente a educação e a saúde, buscando melhoria da qualidade
de vida da população, sobretudo, jovem do município de Laranjal do Jari. Além disso, promove
a conexão de saberes, com a participação de estudantes, pais, comunidade escolar e sociedade
em geral na construção e no controle social da política pública (BRASIL, 2018). Com isto, o
município facilita o debate e a discussão de temas transversais, podendo integrar as temáticas
educativas voltadas para a educação em saúde e meio ambiente.
Da mesma forma, a Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) e a SEMUSA,
desenvolvem diversos programas e projetos que permeiam o engajamento social e participação
popular. As secretarias desenvolvem campanhas sociais relacionadas ao abuso sexual,
erradicação do trabalho infantil, combate às drogas, direito e qualidade de vida da mulher,
combate ao suicídio e campanhas de conscientização preventiva para o diagnóstico precoce do
câncer de mama e de próstata. Estas ações promovem diretamente a mobilização social,
conscientizando a população e constituindo-se em um importante instrumento para o
fortalecimento da cidadania e de uma sociedade mais democrática.
Embora as instituições desenvolvam ações relacionadas a educação ambiental e
mobilização social, ressalta-se que, nos últimos cinco anos, poucos investimentos foram feitos
por meio da gestão municipal e estadual para que estas ações pudessem ser desenvolvidas. O
que torna ainda o governo federal a principal fonte de recursos para a execução de projetos e
programas nestas áreas estratégicas.
É importante destacar, também, que ações de educação ambiental e mobilização social,
também, podem ser observadas em iniciativas da sociedade civil organizada, como conselhos,
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 114
associações, colônias de pescadores e instituições religiosas, sobretudo, pelas associações de
moradores da zona urbana e de comunidades rurais do município de Laranjal do Jari.
Estas iniciativas são fundamentais para a construção de uma coletividade preocupada e
comprometida com as questões relacionados ao saneamento ambiental, assim como para o
exercício da cidadania e da sustentabilidade e, principalmente, para o fomento de um melhor
controle social para o setor de saneamento básico. No entanto, é importante observar que isto
também se configura em um desafio constante para o município, em nível de investimento e até
mudanças no organograma institucional da prefeitura, visando a construção de uma sociedade
mais capaz de compreender a complexidade que esta questão exige. Além disso, estes desafios,
observados em campo, devem estimular a participação e o controle social, de forma engajada,
reflexiva e consciente, para o enfrentamento das fragilidades relacionadas ao saneamento
ambiental e a promoção da qualidade de vida.
Durante a fase de construção do processo de setorização (homogeneidade das
informações socioambientais, geográficas, fisiográficas, etc) denominada de Plano de
Mobilização e Controle Social para a Elaboração das demais etapas do Plano Municipal de
Saneamento Básico (PMSB), foi possível avaliar com segurança o quanto esta etapa de
envolvimento social é relevante, dentre algumas, destacamos as seguintes: 1) processo de
educação não formal (previsto na legislação de Educação Ambiental), geração de conhecimento
prático acerca da compreensão de dinâmica e lógica do funcionamento do setor de saneamento
local, 2) uso do conhecimento apreendido durante a construção do PMSB para melhorar a
qualidade do debate público e incentivar a troca de experiências entre os diferentes atores sobre
diferentes saberes em relação às quatro dimensões do saneamento básico; 3) aumento da
probabilidade das propostas e análises construídas sobre o PMSB serem melhor avaliadas em
outras instâncias, como a sua aprovação como Projeto de Lei Municipal na Câmara de
Vereadores, entre outras.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 115


CAPÍTULO 4

4. SERVIÇO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

4.1. Descrição geral do serviço de abastecimento de água existente no município


O serviço de abastecimento de água do município é prestado pela CAESA e atende a
zona urbana (sede do município) e zona rural (Comunidade Padaria, Iratapuru, Marinho e Boca
do Braço). Nas demais comunidades do município, a CAESA não presta serviço de
abastecimento de água, sendo adotadas soluções alternativas, a exemplo da Comunidade Água
Branca do Cajari, que será retratada como exemplo, assim como a Comunidade Padaria.

Tabela 4.1: Sistema de abastecimento de água do município de Laranjal do Jari


Zona Tipo Local Situação

Urbana SAA¹ Sede Funcionando

Rural SAA¹ Padaria Funcionando

Rural SAA¹ Iratapuru Funcionando

Rural SAA¹ Marinho Funcionando

Rural SAA¹ Boca do Braço Funcionando

Rural SAI²/SAC³ Água Branca do Cajari Funcionando com restrição

¹ Sistema de abastecimento de água para consumo humano (SAA): instalação composta por um conjunto
obras civis, materiais e equipamentos, desde a zona de captação até as ligações prediais, destinada à produção e
ao fornecimento coletivo de água potável, por meio de rede de distribuição;
² Solução alternativa coletiva de abastecimento de água para consumo humano (SAC): modalidade de
abastecimento coletivo destinada a fornecer água potável, com captação subterrânea ou superficial, com ou sem
canalização e sem rede de distribuição;
³ Solução alternativa individual de abastecimento de água para consumo humano (SAI): modalidade de
abastecimento de água para consumo humano que atenda a domicílios residenciais com uma única família
incluindo os seus agregados familiares.
Fonte: Equipe de Engenharia do TEPLAN, e adaptação da Portaria 2.914/211.

Quanto a prestação do serviço pela CAESA, não existe contrato formal com o município
de Laranjal do Jari, mas sim um acordo de cooperação técnica com prazo indeterminado. O
único documento referente à regulamentação da prestação de serviço localizado na CAESA é
o Decreto 0013, de 11 de abril de 1989. Entretanto, não foi localizada tal informação no site da
CAESA, como é usual na divulgação das empresas estaduais de saneamento. Segundo
informações obtidas junto ao corpo diretivo da CAESA, o Regulamento Geral dos Serviços
Públicos de Abastecimento de Água e Coleta de Esgotos Sanitários do Estado do Amapá nunca

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 116


passou por atualização e não vem sendo observado nas relações de direitos e deveres entre
empresa e clientes (PPI, 2014).
O gerenciamento do serviço prestado é realizado pela Gerência Operacional de Laranjal
do Jari, a qual está vinculada à Diretoria Operacional da empresa e engloba as competências
administrativas e técnicas na sede central da CAESA em Macapá. No local existe um escritório
administrativo que serve de canal de atendimento com a população, conforme Fotografia 4.1 a-
d.
Na Fotografia 4.1: a) área externa do escritório da gerência administrativa local; b) placa
da última reforma do escritório e de parte do sistema de abastecimento de água (em outubro de
2012); c) visita da equipe de engenharia e de membros dos Comitês Executivo e de
Coordenação do PMSB; e d) organização e preparação das contas de água, por setor e bairros,
antes de sua distribuição aos usuários.

Fotografia 4.1: Escritório administrativo da CAESA na sede do município

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).


4.1.1. Avaliação da infraestrutura na zona urbana
O sistema de abastecimento de água da sede do município foi implantado na década de
90. Sua construção iniciou em 1993 sendo inaugurada em 1994. Primeiramente foi construído
o sistema principal de captação de água superficial no Rio Jari, seguida pela estação de
tratamento de água (ETA), reservatório semienterrado e rede de distribuição.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 117


Esse sistema foi projetado para atender 20 mil habitantes e não teve ampliação até a
presente data, com exceção da reforma e ampliação de outubro de 2012. Entretanto, o sistema
de abastecimento não acompanhou a taxa de crescimento populacional. No tópico 2.1 foi
descrito que, em 2010 a população do município era de aproximadamente 39.642 habitantes
(IGBE, 2010), com uma estimativa populacional de 50.410 habitantes para o ano de 2019,
envolvendo as suas zonas urbana e rural (IBGE, 2020). Neste intervalo, o crescimento líquido
populacional foi de aproximadamente 27,16% na década
Assim, com o objetivo de atender esse significativo crescimento populacional foram
construídos sistemas adicionais com poços tubulares. Além da ETA Convencional, atualmente
a CAESA dispõe de 6 (seis) sistemas, 3 isolados e 3 interligados à rede de distribuição principal.
Entretanto, os sistemas com poços tubulares bombeiam água subterrânea diretamente
na rede de distribuição, sem nenhum tipo de tratamento. Mesmo com a entrada em operação
desses sistemas o suprimento de água do município é deficitário. Contudo, já está em fase de
construção um poço tubular profundo. Nas Figura 4.1e Figura 4.2 são ilustrados o fluxograma
do SAA existente na sede do município, com o Mapa 4.1 indicando a localização exata dos
equipamentos de captação que integram o respectivo sistema.
Figura 4.1: Fluxograma do SAA da sede Laranjal do Jari

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 118


Figura 4.2: Fluxo do SAA da sede de Laranjal do Jari – sistemas isolados

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).


Mapa 4.1: Localização dos equipamentos do SAA da sede de Laranjal do Jari

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia e Geoprocessamento/PMSB (2020).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 119


4.1.1.1. Manancial utilizado
Como pode ser observado pela Fotografia 4.2, na sede do município a captação
apresenta dois modelos conceituais: o superficial, com a captação de água do Rio Jari,
interligado com três poços e o subterrâneo, com três sistemas isolados. Registra-se que não há
outorga oficial disponível por órgão de fiscalização para sua utilização (CAESA).
O Rio Jari pode ser classificado preponderantemente como águas Classe II (OLIVEIRA
e CUNHA, 2014; ABREU e CUNHA, 2016). Considerando os usos preponderantes da água,
corpos d´água Classe II significa que a captação de água pode ser realizada e consumido após
tratamento até o nível secundário. Isto é, tratamento convencional envolvendo as seguintes
etapas: captação, floculação, decantação, filtração, cloração ou fluoretação (quando existente)
e distribuição. Ou seja, não há necessidade de tratamento terciário (com etapas posteriores e
mais sofisticados).
Neste sentido, apesar de ainda não haver o instrumento da classificação dos corpos
d´água, todos os mananciais supracitados (Fotografia 4.2) poderiam ser enquadrados como
classe II (Resolução 357 do CONAMA 2005) (CONAMA, 2005).

Fotografia 4.2: Rio Jari, a) Vista aérea, b) Mangem do rio no local da captação

Fonte: a) Atlas Eólico Brasileiro (2013): b) Acervo fotográfico do PMSB (2019).

Na região Amazônica, de modo geral, há escassez de estudos hidrogeológicos, e um


destes poucos, é o do projeto do Ministério de Minas e Energia, sobre as características
hidrogeológicas da Amazônia (MENTE, 2009), que revela o seguinte (GROTT, 2016):
A Formação Barreiras, ocorrente de norte a sul do Brasil e os depósitos aluviais, são os
principais aquíferos componentes do domínio Cenozóicas e que tem intensa utilização,
principalmente nas regiões norte e nordeste [...] (p. 5).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 120


Na Província Amazonas, as escassas informações hidrogeológicas se restringem aos
aquíferos dos depósitos arenosos do Cenozóico (Solimões), que apresentam bons índices de
produtividade em diversas áreas (Belém, Ilha de Marajó, Santarém e Manaus). A captação é
efetuada tanto por poços tubulares de 60 a 250m, como por sistemas de ponteiros e poços
amazonas de grande diâmetro. As vazões são extremamente variáveis, com valores de 30 a 200
m³/h.
Dos outros sistemas aquíferos (Aluviões, Moa, Tapajós e Urupadi) existem apenas
informações esporádicas quanto a seus comportamentos hidrogeológicos. As águas
apresentam-se geralmente com teores de sais muito baixo. Entretanto, muitas requerem
correções devido à sua acidez e altos teores de ferro, antes de serem utilizadas nos sistemas de
abastecimento de água (p. 7).[...]
Nos Estados de Maranhão, Pará e Amapá, verifica-se que os aquíferos formados pelos
depósitos terciários da Formação Alter do Chão, considerada equivalente à Formação Barreiras,
também constituem importante recurso para o abastecimento geral, ao longo de toda a faixa
litorânea (Bacia São Luís-Barreirinhas, área metropolitana de Belém, Marajó, dentre outras).
Os poços, com exploração economicamente viável até a profundidade de 150 m, produzem
vazões que variam de algumas a várias dezenas de m³/h, geralmente com valores de pH, quase
sempre, inferiores a seis (pH < 6,0) (p.13).[...]
Os sistemas aquíferos mais importantes são o Solimões e Alter do Chão. O
conhecimento hidrogeológico dessa região é reduzido. Cabe ressaltar que a elevada
pluviometria regional, a natureza porosa desses aquíferos e a elevada densidade de cursos de
água superficiais propiciam condições para que o nível d’água nos aquíferos seja raso (p. 18).
[...]
O aquífero explorado é representado pelos sedimentos cenozóicos da província do
Amazonas, através de poços tubulares com até 250 m de profundidade e, com maior frequência,
por poços escavados de grande diâmetro e poços-ponteiras. Em Manaus, as oito dezenas de
poços tubulares utilizados no abastecimento têm profundidade média de 160m e captam o
aquífero Alter do Chão com uma vazão média de 78 m3/h (GROTT, 2016).
Existe na região um número muito [elevado] de poços rasos que, por deficiências
construtivas e falta de conservação, constituem verdadeiros canais de poluição aos aquíferos
(Mapa 4.1 e Fotografia 4.2). Por exemplo, há registros de que somente na Grande Belém
existem cerca de 20.000 desses poços, utilizados no abastecimento de residências, hotéis,
hospitais, lava-jatos, pequenas indústrias etc. (p. 55)(GROTT, 2016), situação não muito
diferente de Laranjal do Jari.
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 121
Especificamente sobre as águas subterrâneas de Macapá, os projetos financiados pelo
Ministério de Minas e Energia (MENTE, 2009) classificam o Amapá como integrante da
Província Hidrogeológica Amazonas, a qual coincide, em grande parte, com a bacia
hidrográfica do rio Amazonas (onde se localiza o Município de Laranjal do Jari), que ocupa
área aproximada de 1.300.000 km², e assim, apontam o Aquífero Barreiras como o sistema que
abastece a cidade de Macapá e região próxima (Figura 3).
Além desses, mais recentemente, Oliveira et al. (2004) concluíram que os aquíferos, na
região, são do tipo livre, variando entre 6m e 14m de profundidade, ou semiconfinados, em
profundidades de 30m a 70m, com vazões médias de 2 a 5 m³/h, podendo chegar a 14 m³/h.
Por outro lado, há a possibilidade de se encontrar um grande sistema aquífero local em
profundidades superiores a 100 m, pois, de acordo com informações levantadas junto à
Companhia de Águas e Esgoto do Amapá – CAESA, são explorados alguns poços entre 120 e
150 m, os quais produzem vazões médias entre 150 e 200 m3/h, com água de boa qualidade, e
que, portanto, indicam um bom sistema aquífero profundo na área urbana de Macapá
(OLIVEIRA et al., 2004, p. 4). Entretanto, não há informações explícitas nem na literatura nem
da CAESA sobre a qualidade da água dos mananciais da sede municipal de Laranjal do Jari
(Mapa 4.1) (SACASA et al., 2004).
De acordo com AAI (2011), a bacia do rio Jari se insere na Província Hidrogeológica
do Escudo Setentrional e Amazonas, apresentando um domínio de substrato alterado e um
sistema de aquífero fissural, o qual é formado por rochas alteradas e/ou fraturadas, onde a
circulação da água se faz nas fraturas, fendas e falhas, abertas devido ao movimento tectônico.
A capacidade de acumulação de água dessas rochas é baixa, pois está relacionada com a
quantidade de fraturas, aberturas e intercomunicações, permitindo a infiltração e fluxo da água.
AAI (2011), comenta ainda que o volume de água armazenada no subsolo é pobre, para dar
atendimento às diversas necessidades de abastecimento atuais e potenciais (humano, agrícola,
animal, etc.). Além disso, assera que a qualidade da água armazenada no subsolo, devido aos
processos de filtragem que ocorrem quando da passagem da água pelos poros e fraturas das
rochas, é usualmente boa, porém é possível ser afetada pela contaminação de elementos
químicos eventualmente presentes nas rochas.

4.1.1.2. Captação superficial


O sistema de captação de água bruta é realizado superficialmente pela margem esquerda
do rio Jari, através de um dispositivo de recalque até a Estação de Tratamento de Água
denominada ETA da Montanha. O sistema de bombeamento está instalado em uma passarela
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 122
de madeira, a qual se encontra localizada a cerca de 50 m aos fundos da ETA, a qual tem sua
localização próxima ao centro da sede de Laranjal do Jari (Fotografia 4.3). A passarela está em
péssimo estado de conservação necessitando de manutenção.

Fotografia 4.3: Acesso a captação de água bruta

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

4.1.1.3. Vazões captadas


Segundo informações obtidas junto aos técnicos da CAESA em Laranjal do Jari, a vazão
média de operação é de 480 m³/h durante 24 h/dia, o que equivale a um volume captado médio
mensal de 345.600 m³. Destaque-se que este volume é estimativo, visto que não há qualquer
dispositivo operacional vigente como forma de medição da vazão captada. A metodologia
utilizada para estimativa da vazão captada, segundo informações obtidas, é baseada no tempo
médio de operação da unidade operacional e na sua capacidade volumétrica nominal. Ainda,
segundo informações dos técnicos da CAESA, a variação da vazão de operação ao longo do
ano é pouco significativa, caracterizando assim uma uniformidade da vazão de captação. Na
Tabela 4.2 apresenta-se a ficha técnica referente a captação.

Tabela 4.2: Fixa técnica resumo da captação


Descrição Valor
Nomenclatura Captação Rio Jari (Margem Esquerda)
Tipologia Manancial superficial
Localização Laranjal do Jari
Coordenadas 00 49’ 26,2’’ S / 58 31’ 28,5’’ O
Vazão média 480 m³/h
Operação máxima diária 24 horas
Operação mensal 30 dias
Outorga Não disponibilizada
Fonte: Modificado de PPI Laranjal do Jari (2019).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 123


Os componentes do sistema de captação consistem em uma passarela construída em
madeira (Fotografia 4.3b), que dá acesso a uma estrutura de proteção dos Conjuntos Moto
Bombas (CMB´s). Esses equipamentos são responsáveis pelo bombeamento da água bruta à
Estação de Tratamento de Água.

4.1.1.4. Unidade de recalque de água bruta da Sede de Laranjal do Jari


Na Tabela 4.3 apresenta-se a ficha técnica resumo da unidade de recalque de água bruta.
A unidade é composta de uma cerca de proteção construída em madeira (Fotografia 4.4-a) com
2 (dois) CMB´s, monoblocos, 50CV de potência cada e 1 (um) CMB monobloco, 100 CV de
potência, ambos 220 V, trifásico (Tabela 4.4).

Tabela 4.3: Fixa técnica resumo das unidades de recalque de água bruta
Descrição Valor
Nomenclatura EEAB-01
Tipologia CMB Monobloco Flutuante
Localização Captação no leito do Rio Jari
Coordenadas 00 49’ 26,2’’ S / 58 31’ 28,5’’ O
Vazão média 480 m³/h
Operação máxima diária 24 horas
Operação mensal 30 dias
Altura manométrica ≈ 32 m.c.a
Fonte: Modificado de PPI Laranjal do Jari (2019).

Fotografia 4.4: Conjuntos motobombas, a) 50 CV e b) 100 CV (em manutenção)

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 124


Tabela 4.4: Caracteristicas técnicas dos CMB
Conjuntos Potência Vazão Tipo de Partida Idade Principal/Reserva
Motobombas (CV) (m³/h)
CMB 1 50 150 Compensadora - P
CMB 2 50 150 Compensadora - P
CMB 3 100 200 Compensadora - P
Fonte: Modificado de PPI Laranjal do Jari (2019).

Os CMB´s estão abrigados em flutuadores de fibra (Fotografia 4.4a), não sendo possível
averiguar suas condições físicas (submersos), a exceção do CMB 3 que estava em manutenção
(Fotografia 4.4b) onde observa-se que o estado de conservação é bom. Não há equipamento
reserva no local para substituir o atual em caso de defeito. Em caso de problemas
eletromecânicos no CMB em operação este é retirado e encaminhado para manutenção,
diminuindo o volume de água aduzido (vazão operacional reduzida).
O painel elétrico de proteção dos CMB´s faz o acionamento por meio de chave
compensadora. O estado de conservação dos painéis é regular apresentando alguns contatos
oxidados que precisam ser substituídos. Quanto ao abrigo, este necessita de reforma, apresenta
muita infiltração e não possui iluminação interna.

Fotografia 4.5: a) Painel de acionamento dos CMB´s e b) Abrigo dos painéis.

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

4.1.1.5. Adução da água bruta


Cada CMB (Conjunto Moto Bomba) possui um trecho de aproximadamente 70 m de
tubulação polietileno de DN 250 mm (Fotografia 4.6a). As três tubulações de polietileno se
conectam em uma adutora de ferro-aço de DN 400 mm de aproximadamente 260 m deste ponto
até a entrada da calha de água bruta da ETA (Fotografia 4.6b). A única proteção existente nesta
adutora é uma válvula de retenção localizada próxima ao abrigo do painel elétrico, e que protege

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 125


o CMB contragolpes de aríete nos casos em que ocorrer paralisação do recalque, seja por
problemas eletromecânicos seja por interrupções no fornecimento de energia elétrica.

Fotografia 4.6: Adução de água bruta, a)Trecho da tubulação de polietileno e b) Conexão com
a adutora de ferro aço

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

4.1.1.6. Tratamento de água


O tratamento de água somente é realizado por uma estação de tratamento convencional
(ETA) de ciclo completo que consiste em processos em fases de coagulação, floculação,
sedimentação, filtração, correção final de pH e desinfecção final. A CAESA informou que a
capacidade nominal desta ETA é de 500 m³/h. Na Figura 4.3 é apresentado o fluxograma do
processo de tratamento de água que está sendo realizado e na Tabela 4.5 a fixa técnica resumo
da ETA.

Figura 4.3: Fluxograma do processo de tratamento de água

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia (2020).

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Tabela 4.5: Fixa técnica resumo da ETA concncional
Descrição Valor
Nomenclatura ETA – Laranjal do Jari
Tipologia Convencional
Localização Rodovia do Gogó, S/N
Coordenadas 00 49’ 29,44’’ S / 58 31’ 18,5’’ O
Vazão média 450 m³/h
Vazão Nominal 500 m³/h
Operação máxima diária 24 horas
Volume tratado por dia 12.000 m³
Fonte: Modificado de PPI Laranjal do Jari (2019).

De um modo geral, as instalações encontram-se bastante deterioradas, tanto no tocante


aos equipamentos empregados no processo de tratamento, podendo-se citar os sistemas de
preparo e dosagem de produtos químicos, como também as unidades componentes do processo
de tratamento de água.
A ETA dispõe de dispositivo de medição da vazão de chegada da água bruta, tipo Calha
Parshall (Fotografia 4.7) e, embora exista tal dispositivo, a vazão da água bruta aduzida no SAA
Sede Laranjal Jari não é monitorada.

Fotografia 4.7: Calha Parshall da ETA (quantificação da vazão)

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

A aplicação do coagulante – sulfato de alumínio líquido é efetuada na calha Parshall


(cujo funcionamento é a partir do nível observado, que está relacionado com a vazão, com base
na área de seção reta conhecida), sendo sua dosagem (40 mL em 10s) é efetuada por gravidade
a partir a partir de um recipiente (Fotografia 4.8a-b). Quando da indisponibilidade de sulfato de
alumínio líquido, a solução é preparada com o sulfato de alumínio granulado.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 127


Fotografia 4.8: Dosagem do sulfato de alumínio líquido

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

Após aplicação do sulfato de alumínio líquido, é realizado nos floculadores, a aplicação


do polímero. A dosagem também é realizada por gravidade (Fotografia 4.9). Em média é
utilizado no processo 100 g em 5 h (500 g/dia). O sistema de floculação é formado por 2 (dois)
módulos onde cada um deles é constituído por 24 células. O sistema é do tipo natural, por
gravidade e dotado de misturadores horizontais (1 misturador).

Fotografia 4.9: Adição de polímero nos floculadores, a) Polímero e b) Floculadores

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

O preparo das soluções de sulfato de alumínio e polímero é feita na sala de química


onde são utilizados, em substituição dornas que estão desativadas (Fotografia 4.10), 2 (dois)
tanques de estocagem (Fotografia 4.11).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 128


Fotografia 4.10: Dornas desativadas na sala de química

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

Fotografia 4.11: Preparo de solução na sala de química: a) e b) Polímero; c) e d) Sulfato de


alumínio

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

Quando o tanque de preparo da solução de sulfato de alumínio não está em uso, ele é
utilizado para preparo da solução de cal utilizada na correção do pH da água, com a dosagem
realizada também por gravidade. Porém, segundo informações do gerente operacional, a Cal é
raramente utilizada para corrigir o pH da água bruta, apesar desta se apresentar frequentemente
não conforme com a legislação. Portanto, este parâmetro nem sempre está dentro do tolerável
entre 6,0 e 9,0 (CONAMA, Resolução 354/2005). Aliás, com muita frequência, o pH está
abaixo do pH menor ou igual a 5,0. Além disso, não foi observado no local nenhuma
instrumentação ou equipamento para realizar o monitoramento e a análise da água. Entretanto,
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 129
tem sido realizada coleta da água mensalmente e enviada a CEASA em Macapá/AP para análise
que após resultado, é realizado ajuste na dosagem das soluções de polímero, sulfato de
alumínio. Mas estes dados não estavam disponíveis até o momento da execução deste
diagnóstico.
As etapas seguintes do processo de tratamento de água é a decantação (Fotografia 4.12)
e filtragem (Fotografia 4.13). O sistema de decantação é formado por 2 (dois) módulos do tipo
gravidade, convencional de colmeia onde, cada módulo possui 2 (duas) células. Já o sistema de
filtragem é formado por 4 (quatro) unidades tipo areia, rápida descendente convencional
(camadas simples de areia). A lavagem dos filtros é realizada por retrolavagem na própria ETA.

Fotografia 4.12: Decantadores da ETA

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

Fotografia 4.13: Filtros da ETA, 3 unidades

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

Esta unidade operacional possui uma galeria onde se operava a abertura de válvulas e
registro para execução da retrolavagem dos filtros através de um sistema pneumático de
acionamento de válvulas e registros. Mas esta unidade foi substituída por um sistema de
abertura hidráulica, conforme pode ser visualizado na Fotografia 4.14 e Fotografia 4.15.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 130


Fotografia 4.14: Sala do sistema de retrolavagem

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

Fotografia 4.15: Sistema de abertura hidráulico - retrolavagem

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

O sistema de retrolavagem está bem conservado. Contudo, este sistema necessita de


manutenção tal como se observa vazamentos na Fotografia 4.15-b. O antigo compressor que
acionava os comandos de abertura e fechamento de válvulas e registros do sistema de filtros foi
substituído por outro que utiliza água bombeada para acionamento dos itens mencionados.
O processo da retrolavagem consiste na passagem da água através do filtro em sentido
contrário ao fluxo de filtragem com o objetivo de remover partículas orgânicas e inorgânicas
retidas no meio filtrante e é executada com a utilização do volume de água do decantador e
posteriormente do volume armazenado no tanque de contato.
A etapa seguinte consiste na desinfeção da água filtrada sendo que, nesta ETA
convencional, é empregado cloro gasoso e granulado como agente oxidante e desinfetante nesta
operação unitária (Fotografia 4.16). Esse sistema funciona com 2 (dois) subsistemas: a) sistema
de pré-cloração e b) sistema de pós-cloração. O sistema é novo e foi instalado recentemente em

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 131


substituição ao antigo sistema existente. No Quadro 4.1 consta a descrição dos equipamentos
de dosagem do cloro.

Fotografia 4.16: Sistema de cloração

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

Quadro 4.1: Descrição dos dosadores de cloro


Número de unidades 04, 02 para pós-cloração e 2 para pré-cloração
Marca Sabara
Ano de aquisição 2019
Estado de conservação Excelente
Dosagem 30 kg/dia
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

a) Sistema de pré-cloração: é utilizado cloro gás juntamente com cloro granulado. O


cloro granulado é utilizado para correção do pH na dosagem de 1 kg/h (principalmente no
período chuvoso, quando as águas se tornam mais turvas e vários parâmetros da qualidade são
significativamente alterados em relação ao período menos chuvoso) (ABREU e CUNHA, 2016;
OLIVEIRA e CUNHA, 2014).
b) Sistema de pós-cloração: é utilizado somente o cloro gás na câmara de contato
(Fotografia 4.17).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 132


Fotografia 4.17: Câmara de contato

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

O cloro gás é adquirido em cilindros de 68 kg de capacidade (FT). Os cilindros com gás


cloro, por segurança, são estocados do lado de fora da sala onde estão instalados os cloradores.
Além disso, em ambos os locais, não foi observado a presença de dispositivos de proteção
contra vazamentos de gás dos cilindros nem disponibilidade de EPIs para proteção do operador
da ETA.
Fotografia 4.18: Cilindros de cloro gás

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

Segundo informações da CAESA e do operador que trabalhava nesta ETA durante a


visita técnica, esta opera 24 horas dia ininterruptamente. A área física em que se encontra
instalada esta unidade operacional está protegida, porém não possui sinalização adequada
indicando a existência de uma ETA neste local, nem informativos claros de área de risco de
choque elétrico, potencial fuga ou emissão de gases tóxicos, uso de produtos químicos
perigosos, etc.
Ao seu lado se encontra um segundo prédio construído para compor a área
administrativa, laboratórios, casa de química, estoque de produtos, tanques de preparo das
soluções para tratamento de água, sistema de cloração. Mas a edificação deste prédio secundário
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 133
se encontra apenas parcialmente utilizada (Fotografia 4.19) pelo sistema de cloração, sala de
química, estocar material de reparo da rede de abastecimento de água do município e produtos
químicos (cloro granulado, sulfato granulado e cal). Os demais ambientes estão abandonados e
se deteriorando com o tempo (Fotografia 4.20).
Fotografia 4.19: Ocupação do prédio administrativo ao lado da ETA: a) acomodação do
sistema de cloração; b) sala de química; c) estocagem de material de reparo da rede hidráulica
e d) estocagem de produto químico

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

Fotografia 4.20: Ambientes sem uso no prédio administrativo (secundário): a) laboratório I; b)


laboratório II; c) Escritórios; d) laboratório II

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 134


Destaca-se que a não utilização do laboratório do SAA Sede de Laranjal do Jari para
realização de análises físicas e químicas básicas da água bruta e tratada faz com que a dosagem
de produtos químicos seja feita de forma empírica e sem o devido acompanhamento operacional
previsto em normas técnicas. Mas, de acordo com a análise visual do operador, este
procedimento ocorre somente com base na “experiência do operador”, e que não se colete dados
sobre a qualidade da água que é distribuída há muito tempo.
Na sequência é realizado um diagnóstico referentes aos resultados operacionais da ETA:
a) Vazões tratadas
Segundo informações da CAESA, no ano de 2016 foi tratado um volume total de
4.596.315 m³, a uma média de 383.026 m³ ao mês e 12.768 m³ ao dia. Destaca-se que estes
valores são estimativos, visto que não há qualquer forma de medição da vazão aduzida e/ou
tratada na ETA. Isto é, o volume produzido e distribuído é somente possível ser estimado
através de dados aproximados com base nas características das bombas de recalque e por horas
de operação. Contudo, não foram encontrados registros detalhados para avaliar a frequência,
por exemplo, de paralizações das bombas da adutora ou da elevatória para armazenamento ou
distribuição para a rede. A ausência de procedimentos claros, ou protocolos técnico-
operacionais padrão, dificulta qualquer abordagem mais precisa sobre como o sistema está
operando, registrar suas falhas, e até iniciativas de otimização operacional que se façam
necessárias. Considerando que os custos de energia representam em torno de até 11% nas ETAs
brasileiras (LIMA et al., 2019), este item deve ser considerado no funcionamento global da
ETA.
b) Perdas na produção
As perdas na produção de água deste sistema ocorrem basicamente na lavagem dos
filtros e dos decantadores. A retrolavagem realizada em cada filtro é feita entre duas e três vezes
ao dia, por um tempo aproximado de 1h00min para cada retrolavagem, por cada unidade de
filtragem (PPI,2019).
A partir dos relatórios disponibilizados pela CAESA, bem como o relatado pelos
técnicos da companhia, estima-se que a perda na produção de água seja de 15%. Desta forma,
no ano de 2016 estimou-se que houve uma perda de 811.115 m³ de água, a uma média mensal
de 67.593 m³ e 2.253 m³ ao dia. Entretanto, de acordo com o PPI (2019) foi informado que a
perda é da ordem de 30 a 40 %.
Por outro lado, de acordo com os Indicadores Operacionais do SNIS (2019)(consultar
neste diagnóstico o item 4.9), estes valores podem ser significativamente diferentes e
conflitantes. Por exemplo, o índice de hidrometração (IN009_AE0) é considerado zero; o índice
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 135
de faturamento (IN013_AE) é de aproximadamente 71,6%, o consumo de água faturado por
economia é de 19,9 (L/hab/econ.) (IN017_AE); índice de faturamento de água (%) de
aproximadamente 28,4% e o índice de atendimento total de água (%) (IN055_AE) de 31,26%.
Considerando só os indicadores citados, estes valores estão compreendidos na faixa entre 30 e
40% ou um pouco maior, como pode ser observado na Tabela 4.6.

Tabela 4.6: Informações financeiras do Município de Laranjal do Jari (Núcleo de


Planejamento – NUPLAN, código 574)

Fonte: CAESA (2020). SNIS-MDR (2015 – 2018), publicado em 2019.

c) Histórico das Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas da Água Tratada


Não se obteve dados por parte CAESA sobre a realização de análises de água no sistema
produtor do SAA do município de Laranjal do Jari, o que nos leva a crer que elas não tenham
sido realizadas ou não estejam disponíveis até a presente data (PPI, 2019).
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 136
A operação não dispõe de uma planilha disponível e padronizada ou registro de dados
monitorados referentes a análises eventualmente realizadas na água tratada. Além disso, não há
protocolos padrão para tais anotações ou ocorrências internas e externas que interfiram no
processo de tratamento. (PPI, 2019).
d) Recirculação da água de lavagem
A água bruta utilizada no processo de retrolavagem do filtro é descartada em uma boca
de lobo localizado ao lado do decantador, não se dispondo de um processo de recirculação desta
água que a devolva, de forma gradativa, ao processo de tratamento.
e) Disposição do Lodo Gerado
Não há coleta do lodo gerado pelo tratamento de água no SAA Sede de Laranjal do Jari.
f) Consumo de Produtos Químicos
O consumo mensal de produtos químicos na ETA está descrito na Tabela 4.7 e foi obtido
junto com os operadores durante visita técnica.

Tabela 4.7: Consumo de produtos químicos na ETA


Produto Químico Consumo Mensal (Kg)
Cal 0
Sulfato de alumínio 16.000
Cloro granulado (Cl2) 720 (Janeiro a Junho)
Polímero 15
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

É possível observar na Tabela 4.7 o elevado consumo de Sulfato de Alumínio.


Entretanto, não é realizado, ou nem se tem registro de “Jar Test” (Teste de Jarro), para avaliação
ou dimensionamento correto da dosagem deste produto químico ao longo do tempo (TSUTIYA,
2006; VON SPERLING et al., 2020), independentemente do período sazonal. Isto porque é
sabido que a qualidade da água do rio Jari (materiais orgânicos ou inorgânicos dissolvidos ou
dispersos na água variam significativamente entre diferentes períodos sazonais (ABREU e
CUNHA, 2016; OLIVEIRA e CUNHA, 2014).

4.1.1.7. Reservação
O sistema de abastecimento de água conta com 3 (três) unidades. O primeiro,
reservatório enterrado (Fotografia 4.21), está localizado na área da ETA. É um reservatório
antigo de 4.000 m³, cujo estado de conservação é regular, precisando apenas de manutenção
para retirada de pequenas infiltrações. Outros dois estão localizados em terreno da CAESA
distante aproximadamente 500 m da ETA, um apoiado de 100 m³ (Fotografia 4.22) e um
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 137
elevado de 300 m³ (Fotografia 4.23). Neste local foi construída uma casa de bombas (Fotografia
4.24) para recalque de água tratada para o reservatório elevado. Porém, desde sua inauguração
o reservatório elevado não está em operação em virtude de vazamentos na estrutura de concreto.
As características técnicas são apresentadas no Quadro 4.2.

Quadro 4.2: Características dos reservatórios do sistema de abastecimento de água


Reservatório Volume (m³) Material Forma Tipo Localização
Concreto
R1 4.000 Quadrado Enterrado Na área da ETA
armado
Concreto
R2 100 Oval Apoiado No bairro Cajari
armado
Concreto
R3* 300 Cone Elevado No bairro Cajari
armado
(*): Fora de operação por problemas de vazamentos na estrutura de concreto.
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

Fotografia 4.21: Reservatório enterrado (R1)

Fonte: Acervo do PMSB (2019).

Fotografia 4.22: Reservatório apoiado (R2)

Fonte: PPI Laranjal do Jari (2019).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 138


Fotografia 4.23: Reservatório elevado (R3)

Fonte: Acervo do PMSB (2019).

Fotografia 4.24: Casas de bombas

Fonte: PPI Laranjal do Jari (2019).

4.1.1.8. Unidade de recalque de água tratada


Na Tabela 4.8 apresenta-se a ficha técnica resumo da unidade de recalque de água
tratada. A unidade está condicionada em uma edificação em alvenaria convencional e encontra-
se em péssimo estado de conservação, necessitando de reforma. A cobertura possui telhas
afastadas, e o ambiente interno não possui iluminação e o piso está molhado. Ou seja, é um
ambiente muito propício para ocorrência de acidente de trabalho referente a eletricidade. Além
do mais necessita de capina e retirada da vegetação do entorno (Fotografia 4.25).

Tabela 4.8: Fixa técnica resumo das unidades de recalque de água tratada
Descrição Valor
Nomenclatura ERAT - ETA
Tipologia Convencional
Localização ETA – Próximo REN-01
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 139
Coordenadas 00 49’ 28,70’’ S, 52 31’ 20,68’’ O
Vazão Nominal 200 m/h
Operação máxima diária 24
Finalidade Liga ao R1
Fonte: Modificado de PPI Laranjal do Jari (2019).

Fotografia 4.25: Situação do abrigo da ERAT: a) Cobertura; b) Vista frontal ; c) e d)


Ambiente interno sem iluminação e piso molhado

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

A edificação abriga os conjuntos motobombas e painéis elétricos de comando, e cujo


acionamento é realizado através de chaves compensadoras. No local foram instalados 3 (três)
conjuntos motobombas (CMB´s) que recalcam a água tratada diretamente para a rede de
distribuição, sendo dois com motores de 100 CV e um de 50 CV (Fotografia 4.26). As
características técnicas são apresentadas na Tabela 4.9.

Tabela 4.9: Caracteristicas técnicas dos CMB


Conjuntos Potência Vazão Tipo de Partida Idade Principal/Reserva
Motobombas (CV) (L/s)
CMB 1 100 112 Compensadora - P
CMB 2 100 112 Compensadora - P
CMB 3 50 - Compensadora - P
Fonte: Modificado de PPI Laranjal do Jari (2019).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 140


Fotografia 4.26: Conjuntos motobombas da ERAT

Fonte: Acervo do PMSB (2019).

No dia da visita técnica, 13/11/2019 o CMB 2 de 100 CV encontrava-se em manutenção,


conforme pode ser visualizado na Fotografia 4.26 (ver seta branca indicando retirada da
bomba). Na Fotografia 4.27 a-b observa-se o estado de conservação dos painéis de comando.
Apesar do bom estado de conservação é possível observar as partes “queimadas” que podem
ter sido causadas por um curto-circuito ou por “pontos quentes”. Neste sentido recomenda-se
uma avaliação técnica mais detalhada para posterior recondicionamento.
Fotografia 4.27: Situação dos painéis de comando das motobombas
a b

Fonte: Acervo do PMSB (2019).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 141


4.1.1.9. Adução de água tratada
O sistema de abastecimento de água é constituído de 2 (DUAS) adutoras de água tratada.
Porém, somente a adutora número 01 está em operação (antiga) (Tabela 4.10).

Tabela 4.10: Adutora de água tratada


Nome da Diâmetro Extensão Estado de
Material Finalidade Funcionamento
adutora (mm) (m) conservação
Liga ERAT-ETA
01 400 3300 Ferro aço Precário Recalque
ao R2 e R3
Ferro Liga ERAT-ETA
02* 500 2800 excelente Recalque
fundido ao R2 e R3
* Adutora nova, mas ainda não está em operação
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

4.1.1.10. Rede de distribuição de água da sede de Laranjal do Jari


A rede de distribuição de água é composta por tubos de PVC e PEAD, com diâmetros
de 32 mm, 40 mm, 50 mm, 60 mm, 75 mm, 100mm, 150 mm, 200mm, 250 mm e 300 mm,
segundo informações da CAESA. Entretanto, não são indicadas as respectivas extensões, apesar
de abranger a totalidade das vias (Quadro 4.3 e Mapa 4.2).
No Mapa 4.2 observa-se a ausência de um trecho de 1.500 m da nova adutora para
completar o “anel” hidráulico.
Quadro 4.3: Rede de Distribuição
Tipo de Material
Diâmetro (mm)
PVC PEAD
32 X
40 X
50 X
60 X X
75 X
100 X
150 X
200 X
250 X
300 X X
Fonte: CAESA apud PPI Laranjal do Jari (2019).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 142


Mapa 4.2. Rede de abastecimento de água (trechos destacados em azul)

Fonte: Elaborado pela Equipe de Geoprocessamento/PMSB (2020).

4.1.1.11. Poço Tubular dos Bombeiros


Este poço foi perfurado dentro de uma área dos Bombeiros, fronteira entre os bairros
Agreste e Santarém, com uma profundidade de 60 m e o conjunto motobomba (CMB) instalado
está submerso. O CMB opera em média 24h/dia e está conectado diretamente à rede de
distribuição sendo o acionamento realizado por chave magnética de partida direta. O poço está
em bom estado de conservação, mas necessitando eliminar vazamento e repor a tampa de
proteção (ou cap) (Fotografia 4.28 a-b). Na Tabela 4.11 constam as características técnicas do
poço e conjunto motobomba.

Fotografia 4.28: Poço tubular Bombeiros

Fonte: Acervo do PMSB (2019).


Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 143
Tabela 4.11: Características técnicas do poço e motobomba - Bombeiros
Poço Características
Diâmetro -  200 mm
Profundidade 60 m
Revestimento Geomecânico
Nível estático – NE Sem informação
Nível dinâmico – ND Sem informação
Vazão outorgada – Q Sem informação
Conjunto motobomba Características
Tipo Submersa - Ebara
Potência (CV) 7,5
Altura manométrica Sem informação
Vazão Sem informação
Número de estágio Sem informação
Alimentação 220 Vca/trifásica
Tubulação hidráulica PVC
Diâmetro de saída -  100 mm
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

4.1.1.12. Poço tubular Nova Esperança


Este poço foi perfurado dentro de uma área da CAESA no bairro Nova Esperança, com
uma profundidade de 60 m e o conjunto motobomba (CMB) instalado está submerso. O CMB
opera em média 24h/dia e está conectado diretamente à rede de distribuição (Fotografia 4.29).
A tubulação do CMB é de 85 mm e a saída para rede de distribuição é de 100 mm. O
acionamento é realizado por chave magnética de partida direta. O poço está em bom estado de
conservação sem vazamento e com tampa de proteção (ou cap). Na Tabela 4.12 constam as
características técnicas do poço e conjunto motobomba.

Fotografia 4.29: Poço tubular Nova Esperança

Fonte: Acervo do PMSB (2019).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 144


Tabela 4.12: Características técnicas do poço e motobomba – Nova Esperança
Poço Características
Diâmetro -  200 mm
Profundidade 60 m
Revestimento Geomecânico
Nível estático – NE Sem informação
Nível dinâmico – ND Sem informação
Vazão outorgada – Q Sem informação
Conjunto motobomba Características
Tipo Submersa - Leão
Potência (CV) 10
Altura manométrica Sem informação
Vazão Sem informação
Número de estágio Sem informação
Alimentação 220 Vca/trifásica
Tubulação hidráulica PVC
Diâmetro de saída-  100 mm
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

4.1.1.13. Poço tubular - Mirilândia


Este poço foi perfurado dentro de uma área da CAESA no bairro Mirilândia, tem uma
profundidade de 60 m e o conjunto motobomba (CMB) instalado está submerso. O CMB opera
em média 24h/dia e está conectado diretamente a rede de distribuição (Fotografia 4.30). A
tubulação do CMB é de 60 mm e a saída para rede de distribuição é de 75 mm. O acionamento
é realizado por chave magnética de partida direta. O poço está em bom estado de conservação
sem vazamento, porém sem a tampa de proteção (ou cap). No local foi improvisada uma tampa
de papelão. Na Tabela 4.13 constam as características técnicas do poço e conjunto motobomba.

Fotografia 4.30: Poço tubular Mirilândia

Fonte: Acervo do PMSB (2019).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 145


Tabela 4.13: Características técnicas do poço e motobomba – Mirilândia
Poço Características
Diâmetro -  150 mm
Profundidade 60 m
Revestimento De fofo
Nível estático – NE Sem informação
Nível dinâmico – ND Sem informação
Vazão outorgada – Q Sem informação
Conjunto motobomba Características
Tipo Submersa - Ebara
Potência (CV) 7,5
Altura manométrica Sem informação
Vazão Sem informação
Número de estágio Sem informação
Alimentação 220 Vca/trifásica
Tubulação hidráulica PVC
Diâmetro de saída-  75 mm
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).
4.1.1.14. Poço tubular Nazaré Mineiro
Este poço não é de responsabilidade da CAESA, e foi perfurado e operando pela
presidência da associação do bairro Mirilândia. O poço tem uma profundidade de 60 m e o
conjunto motobomba (CMB) instalado está submerso. O CMB opera em média 24h/dia e está
conectado diretamente à rede de distribuição (
Fotografia 4.31 a). Porém, o sistema é isolado, não interligado à rede principal da sede
do município. A estrutura que ergue o CBM também é nova. A tubulação de saída à rede do
CMB é de 50 mm. O acionamento é realizado por meio de um disjuntor, partida direta, porém
o painel está em péssimo estado de conservação (
Fotografia 4.31 b). O poço está em bom estado de conservação e sem vazamento e com
a tampa de proteção (ou cap). Na Tabela 4.14 constam as características técnicas do poço e
conjunto motobomba.

Fotografia 4.31: Poço tubular Nazaré Mineiro

Fonte: Acervo do PMSB (2019).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 146


Tabela 4.14: Características técnicas do poço e motobomba – Nazaré Mineiro
Poço Características
Diâmetro -  75 mm
Profundidade 60 m
Revestimento Geomecânico
Nível estático – NE Sem informação
Nível dinâmico – ND Sem informação
Vazão outorgada – Q Sem informação
Conjunto motobomba Características
Tipo Submersa - Ebara
Potência (CV) 7,5
Altura manométrica Sem informação
Vazão Sem informação
Número de estágio Sem informação
Alimentação 220 Vca/trifásica
Tubulação hidráulica PVC
Diâmetro de saída-  75 mm
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

4.1.1.15. Poço Tubular Sarney 1


Este poço foi perfurado dentro de uma área da CAESA no bairro Sarney, com uma
profundidade de 60 m, e o conjunto motobomba (CMB) instalado está submerso. O CMB opera
em média 24h/dia e está conectado diretamente à rede de distribuição (Fotografia 4.32). Porém,
o sistema é isolado, e não interligado à rede principal da sede do município. A estrutura que
ergue o CBM está em bom estado de conservação. A tubulação de saída à rede do CMB é de
75 mm. O acionamento é realizado por chave magnética de partida direta. O poço está em bom
estado de conservação, sem vazamento e com a tampa de proteção (ou cap). Na Tabela 4.15
constam as características técnicas do poço e conjunto motobomba.

Fotografia 4.32: Poço tubular Sarney 1

Fonte: Acervo do PMSB (2019).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 147


Tabela 4.15: Características técnicas do poço e motobomba – Sarney 1
Poço Características
Diâmetro -  200 mm
Profundidade 60 m
Revestimento Geomecânico
Nível estático – NE Sem informação
Nível dinâmico – ND Sem informação
Vazão outorgada – Q Sem informação
Conjunto motobomba Características
Tipo Submersa - Leão
Potência (CV) 10
Altura manométrica Sem informação
Vazão Sem informação
Número de estágio Sem informação
Alimentação 220 Vca/trifásica
Tubulação hidráulica PVC
Diâmetro de saída-  75 mm
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

4.1.1.16. Poço Sarney 2


Este poço foi perfurado dentro de uma área da CAESA no bairro Sarney, com uma
profundidade de 60 m e o conjunto motobomba (CMB) instalado está submerso. O CMB opera
em média 24h/dia e, apesar de existir um reservatório elevado no local (Fotografia 4.34), está
conectado diretamente à rede de distribuição (Fotografia 4.33). Porém, o sistema é isolado, não
sendo interligado à rede principal da sede do município. A estrutura que ergue o CBM está em
bom estado de conservação. A tubulação de saída à rede do CMB é de 75 mm. O acionamento
é realizado por chave magnética de partida direta. O poço está em bom estado de conservação.
Porém, necessita eliminar vazamento da tubulação do CMB e substituir a tampa de proteção
(ou cap). Na Tabela 4.13 constam as características técnicas do poço e conjunto motobomba.

Fotografia 4.33: Poço tubular Sarney 2

Fonte: Acervo do PMSB (2019).

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Fotografia 4.34: Reservatório do poço tubular Sarney 2

Fonte: Acervo do PMSB (2019).

Tabela 4.16: Características técnicas do poço e motobomba – Sarney 2


Poço Características
Diâmetro -  200 mm
Profundidade 60 m
Revestimento Geomecânico
Nível estático – NE Sem informação
Nível dinâmico – ND Sem informação
Vazão outorgada – Q Sem informação
Conjunto motobomba Características
Tipo Submersa - Leão
Potência (CV) 10
Altura manométrica Sem informação
Vazão Sem informação
Número de estágio Sem informação
Alimentação 220 Vca/trifásica
Tubulação hidráulica PVC
Diâmetro de saída-  75 mm
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

4.1.1.17. Obras em andamento


No município está em andamento a obra de perfuração de uma poço tubular profundo
(12” x 250 m) para reforçar a suprimento de água da sede do município (Fotografia 4.35). O
aporte financeiro é de R$ 940.815,51 (novecentos e quarenta mil, oitocentos e quinze reais e
cinquenta e um centavos).

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Fotografia 4.35: Perfuração de poço tubular profundo

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

4.1.2. Avaliação da infraestrutura da zona rural terrestre


Na zona rural terrestre as comunidades não possuem sistema de abastecimento de água
- SAA. No geral as famílias captam a água de algum rio/igarapé próximo de suas residências
ou de poços amazonas. A captação é realizada de forma manual ou por meio de motobombas
adquiridas pelo próprio morador da comunidade, normalmente operando com alto custo de
combustível fóssil. Ressalta-se que algumas comunidades não dispõem de atendimento
energético e o morador necessita também arcar com estes custos de geração à diesel para
acionamento das motobombas.
A água captada, somente a utilizada para consumo humano, é tratada com hipoclorito
fornecido pelo posto de saúde da prefeitura. Porém, durante a oficina temática realizada em
Água Branca do Cajari, várias famílias relataram que consomem a água bruta captada nem
mesmo tratada com este processo de tratamento simples. Todavia, em algumas comunidades
foram implantadas soluções alternativas individuais e coletivas por meio do projeto “Sanear
Amazônia”, a exemplo dos sistemas implantados em Água Branca do Cajari (Mapa 4.3,
Fotografia 4.36 e Fotografia 4.37).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 150


Mapa 4.3: Localização dos equipamentos do SAA da comunidade Água Branca do Cajari

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia e Geoprocessamento/PMSB (2020).

A solução alternativa individual – SAI ilustrada na Fotografia 4.36 - possui um


reservatório de 1 m³ apoiada em estrutura de madeira a 3 m de altura, com coleta de água da
chuva para uso exclusivo no banheiro. Todavia, vários desses sistemas foram desativados e o
reservatório está sendo utilizado para armazenamento da água captada do rio para consumo
humano e demais usos finais.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 151


Fotografia 4.36: Projeto Sanear, solução alternativa individual

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

A solução alternativa coletiva – SAC ilustrada na Fotografia 4.37 tem capacidade para
atender 11 famílias. O SAC possui três reservatórios de 5 m³ apoiados a 8 m, 5m e 3 m de
altura. O reservatório a 5 m de altura é um filtro na composição de areia e carvão. A água
captada desce por gravidade e é armazenada no reservatório a 3 m de altura e depois recalcada
para o reservatório que está a 8 m de altura. A partir desse reservatório a água é distribuída para
as residências. A motobomba de captação é de 5 CV e a de recalque de 3,5 CV, ambas com
acionamento a diesel.

Fotografia 4.37: Projeto Sanear Amazônia, solução alternativa coletiva

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 152


Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

A captação é realizada no Rio Cajari (Fotografia 4.38) onde observa-se que no mesmo
local é realizado o despejo do esgoto doméstico. Segundo relatos dos moradores, como a água
distribuída pelo SAC é filtrada, estes têm a percepção que a água é de boa qualidade e não
costuma utilizar o hipoclorito para desinfeção.

Fotografia 4.38: Ponto de captação de água no rio Cajari do SAC

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

Atualmente por dificuldade de gestão, somente uma família faz uso do SAC, pois não
conseguiram se organizar para custear os gastos de aquisição do diesel.

4.1.3. Avaliação da infraestrutura da zona rural ribeirinha


Na zona rural ribeirinha é formada por 10 comunidades, no geral elas não possuem
sistema de abastecimento de água - SAA. As famílias captam a água do rio Jari de forma manual
ou por meio de motobombas adquiridas com recurso próprio. Ressalta-se que algumas
comunidades não dispõem também de atendimento energético e o morador necessita arcar com
o custa da geração à diesel para acionamento das motobombas.
Segundo informações obtidas na oficina temática, a água captada utilizada para
consumo humano é tratada com a adição de sulfato de alumínio e hipoclorito, porém, sem
orientação técnica adequada quanto a dosagem dos produtos químicos.
Exceção à regra é a comunidade de Padaria que dispõe de um SAA que foi construído
pela FUNASA no ano de 2009. No ano de 2017, o SAA foi reformado pela empresa EDP com
forma de compensação ambiental pela construção da hidrelétrica de Santo Antônio.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 153


Atualmente o SAA tem gestão compartilhada, a Prefeitura do município é a responsável
pela operação, a CAESA em fornece os produtos químicos para tratamento da água e a EDP
em realizar a manutenção, sempre que comunicada. Todavia, o operador cedido pela prefeitura
não possui formação técnica na área sendo que ele acumula a função de catraieiro, denominação
de quem realiza o transporte dos estudantes das comunidades ribeirinhas.
Vislumbra-se que no futuro a CAESA assuma totalmente a gestão do sistema, segundo
informações de funcionários da Prefeitura isso não foi concretizado pelo fato do sistema não
está dentro dos padrões exigidos pela companhia de água e esgoto, a qual aguarda
implementação das adaptações solicitadas.
Além desse SSA foi instalado também na comunidade Padaria um sistema Salta-z pela
FUNASA. Trata-se de uma solução alternativa para atendimento prioritário da demanda de
água para consumo humano da escola existente na comunidade. A localização de toda a
infraestrutura de abastecimento de água existente na comunidade de Padaria está identificada
no Mapa 4.4 e será descria nos tópicos seguintes.
Mapa 4.4: Localização dos equipamentos do SAA da comunidade Padaria

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia e Geoprocessamento/PMSB (2020).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 154


4.1.3.1. Captação superficial
A captação é superficial e, assim como a sede do município, utilizada o rio Jari como
manancial. A estrutura de abrigo da motobomba é de madeira, está em bom estado de
conservação e dista 50 m da estação de tratamento. A adução de água bruta é em tubulação de
PVC de 32 mm (Fotografia 4.39).

Fotografia 4.39: Captação as margens do rio Jari

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

4.1.3.2. Unidade de recalque de água bruta


Na Tabela 4.17 apresenta-se a ficha técnica resumo da unidade de recalque de água
bruta da comunidade Padaria. A unidade é composta de uma motobomba de superfície
(Fotografia 4.40), bifásica (220 V ac) e acionada por um disjuntor. O equipamento necessita de
reparo para eliminação de vazamento na tubulação.

Tabela 4.17: Fixa técnica resumo das unidades de recalque de água bruta de Padaria
Descrição Valor
Nomenclatura EEABP-01
Tipologia CMB de superfície
Localização Captação no leito do Rio Jari
Coordenadas 00 42’ 31’’ S / 52 29’ 47’’ O
Vazão média 5,88 m³/h
Operação máxima diária 12 horas
Operação mensal 30 dias
Altura manométrica ≈ 10 m.c.a (altura estática + perda de carga na tubulação)
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 155


Fotografia 4.40: Motobomba de 3/4 CV

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

Com base na operação da motobomba, máximo de 12h por dia, estima-se que a volume
diário captado seja de 70 m³, haja vista que não existe sistema de medição. O atual regime de
operação da motobomba é por conta do efeito de maré do rio Jari.

4.1.3.3. Tratamento de água de Padaria


O tratamento de água é realizado por meio de uma ETA compacta. O funcionamento da
ETA compacta é descrita no fluxograma de Figura 4.4.

Figura 4.4: Fluxograma do sistema de tratamento de água de Padaria

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

O processo de tratamento da água inicia com a dosagem dos produtos químicos (Sulfato
de Alumínio, Cal e Cloro) na entrada de água bruta. O processo é automático e realizado por
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 156
meio de bombas dosadoras (Fotografia 4.41 a-d). Na data da visita técnica (12/11/2019)
somente a bomba dosadora de Sulfato de Alumínio estava em operação. As demais estavam
com a operação paralisadas por falta de produtos químicos (Cal e Cloro). A Fotografia 4.41a
ilustra os recipientes de produtos químicos. A Fotografia 4.41b ilustra as bombas dosadoras, a
Fotografia 4.41c o painel de acionamento e a Fotografia 4.41d o painel de medição dos
parâmetros medidos (ORP e PH)

Fotografia 4.41: Sistema de dosagem de produtos químicosda ETA Padaria

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

A água bruta dosada com os produtos químicos é armazenada em 5 (cinco) reservatórios


apoiado (PCV) de 5 m³ cada, totalizando 25 m³, interligados entre si (Fotografia 4.42).
Conforme operador do sistema o consumo mensal de cada produto químico (sulfato de
alumínio, cloro e cal) é de 10 kg por mês.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 157


Fotografia 4.42: Reservatórios apoiados (5 unidades)

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

Na saída do reservatório apoiado foram instaladas 2 (duas) motobombas de superfície


idênticas de 2 CV. Na Tabela 4.18 apresenta-se a ficha técnica resumo da unidade de recalque
de água tratada. A unidade está condicionada no local dos reservatórios apoiados e debaixo de
uma cobertura com telhas de fibrocimento (Fotografia 4.43).

Tabela 4.18: Fixa técnica resumo das unidades de recalque de água tratada
Descrição Valor
Nomenclatura ERAT – ETA PADARIA
Tipologia Compacta
Localização ETA – Próximo REN-01 Padaria
Coordenadas 00 49’ 31’’ S, 52 29’ 45’’ O
Vazão Nominal 19,6 a 1,5 m/h
Operação máxima diária 1 a 32 m.c.a
Finalidade Conexão ao reservatório apoiado
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 158


Fotografia 4.43: Motobombas de recalque de água tratada

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

Na saída das motobombas existem dois conjuntos de filtros, cada conjunto composto
por 4 (quatro) unidades. Um conjunto é formado por filtros biológicos de carvão e o outro por
filtros de areia (Fotografia 4.44 e Fotografia 4.45).

Fotografia 4.44: Filtro biológico HD - Carvão ( 4 unidades)

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 159


Fotografia 4.45: Filtros

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

A água de retrolavagem dos filtros e reservatórios apoiados da ETA compacta é


despejada em uma vala de infiltração (Fotografia 4.46 a) e direcionada a um sumidouro de 3 m
de profundidade ao lado da ETA (Fotografia 4.46 b).

Fotografia 4.46: Despejo da água de lavagem ao sumidouro

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

4.1.3.4. Reservação
O sistema de abastecimento de água da Padaria conta com um reservatório de 15 m³ de
PCV elevado a 12 m de altura para armazenamento da água tratada. A torre do reservatório é
construída em alvenaria, retangular e está localizada na área da ETA compacta (Fotografia
4.47).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 160


Fotografia 4.47: Reservatório elevado

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

4.1.3.5. Adução de água tratada


O sistema de abastecimento de água é constituído de 3 (três) adutoras de água tratada
(Mapa 4.4, Tabela 4.19 e Fotografia 4.48).

Tabela 4.19: Adutora de água tratada da Padaria


Estado
Nome da adutora Diâmetro (mm) Extensão (m) Material de
conservação
01 75 500 PVC Excelente
02 75 200 PVC Excelente
03 75 100 PVC Excelente
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 161


Fotografia 4.48: Indutora de distribuição de água

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

4.1.3.6. Rede de distribuição de água da comunidade Padaria


A rede de distribuição de água é composta por tubos de PVC com diâmetros de 32 mm,
40 mm, 50 mm. Comprimento é de aproximadamente 600 m da adutora principal, ramificam-
se em duas seções de distribuição: a) norte ≈ 50 m e b) sul ≈ 500 m (Mapa 4.4).

4.1.3.7. Solução alternativa Salta-z


O Salta-z é vem sendo adotada pela Funasa na zona rural como sistema alternativo
simplificado de abastecimento de água (SAAA) em áreas isoladas, em especial na zona
ribeirinha como algumas unidades instaladas no município de Laranjal do Jari.
Na comunidade Padaria o sistema foi instalado para atender, prioritariamente, a
demanda de água da Escola. Porém, é permitido o uso da água por moradores da comunidade
sempre que necessário. O sistema tem capacidade de 5 m³ de água tratada por batelada
(Fotografia 4.49).
Segundo o operador do sistema Salta-z, cada vez que o reservatório de água enche, é
utilizado no tratamento da água os seguintes procedimentos operacionais: uma solução de 1 L,
preparada com 150 g de hipoclorito de sódio (NaClO) e 850 mL de água; uma solução de
500 mL é preparada com 150 g de Sulfato de Alumínio Al2(SO4)3 e 350 mL de água. A limpeza
do reservatório é realizada sempre que ocorre o esvaziamento.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 162


Fotografia 4.49: Solução alternativa coletiva Salta-z

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

A captação da água bruta para o sistema Salta-z é diretamente da água superficial do


Jari. Uma motobomba de 2 CV é utilizada para esta finalidade. Todavia, para evitar furto do
equipamento, o operador sempre retira o equipamento após enchimento do reservatório de água.
Do ponto de vista quantitativo, o sistema Salta-z atende bem a comunidade. Entretanto, do
ponto de vista do monitoramento qualitativo da qualidade da água tratada fornecida pelo
sistema não há indícios de que esta operação seja realizada.

4.2. Identificação e análise das principais deficiências do serviço de abastecimento de água


do município
No Quadro 4.4 apresenta-se um resumo das principiais deficiências do serviço de
abastecimento de água no município de Laranjal do Jari.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 163


Quadro 4.4. Principais deficiências do serviço de abastecimento de água de Laranjal do Jari
Área Deficiência Análise
Houve uma expansão da sede com novos bairros. Por
outro lado a rede não acompanhou este crescimento,
existindo moradias sem acesso à rede hidráulica, a
Necessidade de
exemplo do bairro Buritizal e áreas de ressaca, onde o
ampliação e melhoria
abastecimento de água se dá por meio de Carro Pipa
da rede hidráulica.
(Fotografia 4.50 e Fotografia 4.51). Tendo em vista
que a rede é antiga, também existem muitos pontos de
vazamento (ver indicadores – item 4.9).
O município conta com três reservatórios de água, um
enterrado (maior capacidade), um apoiado e um elevado
Reservação de água
(fora de operação). Como o reservatório de água
insuficiente.
elevado não está sendo utilizado, sempre que falta
energia os munícipes ficam sem abastecimento de água.
No município foram construídos 6 sistemas isoladas
Sistemas isolados
com captação subterrânea, porém, 3 desses sistema
interligados a rede
foram interligados a rede hidráulica principal sem a
hidráulica principal.
existência de tratamento da água.
Por não ter reservação elevada as motobombas operam
Queima frequente das
24h/dia, ocasionando perdas desnecessárias de energia
motobombas.
e a queima precoce de equipamentos.
Urbana (sede do O município conta com dois técnicos para operar o
município) sistema de abastecimento de água e um encanador. Isto
Equipe técnica
faz com que os próprios moradores realizem serviços de
insuficiente.
operação e manutenção de alguns sistemas isolados, a
exemplo do poço Nazaré Mineiro.
Atendimento da São vários os bairros que não têm abastecimento de
demanda de água. água regular.
Ausência de
O Município não dispõe de infraestrutura nem de micro
macromedição e
nem de macromedição (ver item 4.9).
micromedição
Alto índice de Os munícipes precisam se conscientizar que o serviço
Inadimplência dos prestado precisa ser pago. Caso contrário, o
usuários (Fotografia investimento no setor é inviabilizado e o sistema se
4.52). torna insustentável.
Ausência na medição Não conformidade legal: não há operações específicas
de qualidade da água regulares para o monitoramento da qualidade da água.
O problema se agrava pelo fato de ser comum a ligação,
pelos munícipes, de bombas de sucção diretamente na
Pontos de baixa
rede hidráulica. É comum a reclamação de quem reside
pressão na rede .
no final das ruas ou pontes da “água não chegar” (sem
pressão/vazão).
Essas comunidades não dispõem de sistema de
Ausência de Sistema
abastecimento de água convencional. E em alguns
de Abastecimento de
casos, empregadas soluções alternativas
Rural terrestre Água.
coletivas/individuais.
(Comunidades:
Algumas famílias foram contempladas com o sistema
Água Branca do Necessidade de
“Sanear”, projeto que contempla abastecimento de
Cajjari, Santarém, ampliação das
água, banheiro e fossa sépticas nas residências. Todavia,
Marinho, Dona Soluções Alternativas
várias famílias não foram assistidas tecnicamente,
Maria). Coletivas/individuais.
abandonando o benefício.
Comunidades sem Esse é um problema que dificulta o emprego de soluções
atendimento alternativas. É comum as famílias de baixa renda
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 164
energético suprirem suas necessidades de abastecimento de água de
convencional forma manual, por meio de poços amazonas ou no rio.
É um problema que penaliza sobremaneira as mulheres,
que são as responsáveis pelos cuidados coma a higiene,
alimentação, saneamento, e educação dos filhos.
O único tratamento de água utilizado é a dosagem da
água captada com hipoclorito. Porém, várias famílias
consomem a água bruta captada. E mesmo a água
tratada apenas com cloro não é suficiente para garantir
Consumo de água saúde, pois o seu excesso (trihalometanos ou similares)
sem tratamento ou déficit (falsa segurança da potabilidade) podem
também causar tantos ou mais problemas de saúde do
que o simples consumo de água bruta sem tratamento
(por exemplo, dos poços subterrâneos, muito frequente
nos municípios do Estado do Amapá).
No entorno dos pontos de captação de água existem
várias fossas negras. E o problema se agrava no período
das chuvas pois a região sofre com inundações que
Presença de fontes de representam elevação dos riscos de contaminação da
contaminação do água por doenças de veiculação hídrica (OLIVEIRA e
manancial de CUNHA, 2016). Em Água Branca do Cajari existe um
captação cemitério localizado em uma região de barranco. Os
moradores relataram que a região desmorona deixando
as ossadas expostas e muito mal cheiro na água
consumida (necrochorume altamente poluente).
A comunidade Padaria possui uma ETA Compacta.
Todavia, geralmente, só é utilizado o sulfato de
alumínio, o fornecimento de cloro e cal hidratada é
Fornecimento de
esporádico. Esse problema é comum, e muito perigoso
produtos químicos
do ponto de vista sanitário, ocorrendo o mesmo
problema em vários municípios do interior do estado do
Amapá.
A ETA da comunidade de Padaria é operada por um
morador que desenvolve outras atividades e, quando
Operador de ETA
este não está presente, o serviço de abastecimento de
água é interrompido.
Na comunidade Padaria necessita de construção de um
Rural ribeirinha Ponto de captação de trapiche para estender o ponto de captação de água para
(Comunidades água próximo à locais mais profundos na seção no rio. O local atual é o
São José, margem do rio. mesmo onde as embarcações ancoram (risco de
Cachoeira, contaminação por combustível, óleos lubrificantes, etc).
Padaria) Adoção de soluções As demais comunidades não dispõem de soluções
alternativas nas alternativas para abastecimento de água. A solução
comunidades sem alternativa Salta-z foi adotada na comunidade Padaria
sistema de que possui uma ETA compacta em detrimento das
abastecimento de demais comunidades que não constam com nenhuma
água. solução.
Existe um sistema na comunidade São José que está
Revitalização de
abandonado. E esta comunidade não possui outra
sistemas existentes.
solução.
Nas comunidades sem sistema de abastecimento de
Presença de fontes de água, é comum existir no entorno dos pontos de
contaminação. captação de água fossas negras. O problema se agrava
no período das chuvas pois a região sofre inundação,

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 165


com maior probabilidade de contaminação das águas
neste período.
Capacitação das
famílias para Nas comunidades sem sistema de abastecimento de
dosagem correta de água ou soluções alternativas, as famílias realizam o
produtos químicos tratamento da água sem orientação técnica adequada
(Sulfato de alumínio e quanto a dosagem dos produtos químicos.
hipoclorito)
Assim como existe o papel fundamental do agente de
saúde, o município (e também o Estado) deveria se
preocupar em criar no seu organograma funcional a
função do Técnico Operador de ETA. A sua função seria
tão ou mais importante quanto as que exercem os
Com raríssimas agentes de saúde e vigilância sanitária, porque cuidam
exceções, não há da manutenção da saúde e da prevenção contra doenças,
profissionais técnicos fazendo cumprir o papel das ETAs. Portanto, com
formados e impacto sobre soluções coletivas e universais de
capacitados em soluções para as comunidades em que trabalhassem. A
operação de ETAs ausência desse profissional pode ser a causa de muitos
problemas relacionados neste diagnóstico, por exemplo,
alguns citados, como custos operacionais elevados,
custos de desperdício de reagentes, custos de
manutenção preventiva e corretiva de equipamentos e
utensílios, custos de infraestrutura, etc.
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

Fotografia 4.50: Abastecimento por meio de carro pipa

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 166


Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

Fotografia 4.51: Moradias se expandindo em áreas de ressaca sem acesso de rede hidráulica

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

Fotografia 4.52: Contas de água pendentes de pagamento

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

4.3. Informações sobre qualidade da água bruta e do produto final do serviço de


abastecimento de água do município
4.3.1. Análise da qualidade da água do Município de Laranjal do Jari/AP.
No presente diagnóstico uma das características mais fundamentais necessárias para a
dimensão sanitária são os aspectos qualitativos das águas dos mananciais utilizados no
abastecimento público. Portanto esta dimensão não somente é uma componente relevante do
saneamento básico, mas também é de eminente interesse público, uma vez que pode explicar

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 167


uma série de consequência relacionadas com aspectos sanitários e de saúde pública de uma
população (TSUTIYA, 2006; VON SPERLING et al., 2020).
Segundo AAI (2011), os índices de qualidade da água (IQA) calculados na bacia,
inclusive em pontos localizados próximo de áreas de ocupação humana, indicam qualidade boa
a ótima (Desenho Nº EP518.A1.JR-08-035, intitulado “Bacia Hidrográfica do Rio Jari/AP-PA
– Estudo de Inventário Hidrelétrico - Mapa da Qualidade da Água - Planta”). Entretanto, os
referidos autores comentam que alguns dados, como nitrato (NO3) e coliformes fecais (CT), no
entanto, sinalizam a ocupação desordenada e o lançamento de dejetos no rio em locais
específicos no baixo curso da bacia. Além disso, asseveram que, por se tratar de rios com águas
predominantemente claras e ácidas, pobres em minerais, as florestas alagáveis da bacia do rio
Jari que mais se destacam são as de Igapó.
Entretanto, os estudos de AAI (2011) concentraram-se principalmente no trecho de
montante da Cachoeira de Santo Antônio. E, na realidade, na bacia hidrográfica do rio Jari há
muito poucos estudos ambientais e sanitários relacionados com a qualidade da água deste
importante corpo d´água com o interesse sanitário, considerando sua relevância para a
manutenção da qualidade devida e o desenvolvimento econômico dos estados do Amapá e Pará
(AAI, 2011; ABREU e CUNHA, 2014; OLIVEIRA e CUNHA, 2014; OLIVEIRA e CUNHA,
2016).
Por exemplo, de acordo com um mapa do Inventário Impactos Ambientais da AII
(2011), a zona III, indicada pelo Mapa 4.5, representa índices de fragilidade médios, mesmo
considerando futuros aproveitamentos hidroenergéticos (AHEs).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 168


Mapa 4.5: Fragilidade dos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos

Fonte: AAI (2011)

Em contraponto, Abreu e Cunha (2015) comentam que alguns resultados de


monitoramento indicam que alguns empreendimentos econômicos e a ocupação urbana
desordenada na bacia do rio Jari-AP, principalmente próximo de zonas urbanas, industriais e
da instalação da UHESAJ, encontra-se o trecho ambientalmente mais ameaçado, com sensível
alteração da qualidade da água, destacando-se os parâmetros cor, fósforo, coliformes
termotolerantes (CT) e Escherichia coli, sugerindo não conformidade da qualidade da água em
relação a Resolução 357/2005 do CONAMA.
Na mesma linha de comentários, Oliveira e Cunha (2014) em seus estudos no baixo
trecho do rio Jari, entre novembro de 2009 a novembro de 2010, em quatro sítios amostrais
definidos em um trecho de 36 km, localizados em frente da cidade Laranjal do Jari-AP,
observaram que elevada variabilidade da qualidade físico-química e microbiológica da água e
correlação significa desta com precipitação mensal. Portanto, o referido trecho foi considerado
como significativos e de alto risco sanitário em relação às enchentes periódicas.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 169


No total, os referidos autores avaliaram dezesseis parâmetros físico-químicos e
microbiológicos da qualidade da água, em que os resultados também foram comparados com
os de referências do CONAMA 357/2005 (classe 2), sugerindo significativo grau de associação
entre parâmetros da qualidade da água e a precipitação mensal.
Por exemplo, parâmetros como cor, turbidez, Al+3, Mn+2 e. coli apresentaram
significativa correlação com a precipitação média mensal. Além disso, altas concentrações de
DBO e Coliformes Totais (CT) indicaram maior vulnerabilidade ou risco do corpo d´água estar
relacionado com doenças potenciais de veiculação hídrica em períodos mais chuvosos.
Também, os parâmetros cor, Fe, CT e. coli apresentaram-se em não conformidade com a
legislação CONAMA 357/2005. Os referidos autores concluíram que a alteração da qualidade
da água tende a se agravar, em termos de vulnerabilidade ou risco à saúde pública, durante
eventos mais chuvosos ou de precipitação extrema.
No presente tópico é abordada a quantificação atual (2020) de uma série de parâmetros
físico-químicos e microbiológicos da qualidade da água na sede municipal e áreas rurais do
município de Laranjal do Jari.
Destaque é dado para os mananciais superficiais, especialmente o ponto de captação de
água no rio Jari (ETA), e alguns postos-chave de coleta, como escolas, postos de saúde, etc. Na
análise incluem-se os mananciais subterrâneos como os poços interligados ou não à rede de
distribuição de água, isto é, os isolados dentro da zona urbana da sede municipal de Laranjal do
Jari. A seguir é descrito os locais e procedimentos de coleta, análise e interpretação dos
resultados das campanhas de campo executado pela equipe técnica de Saneamento Ambiental
do PMSB.
Foram realizadas 16 coletas de amostras de água no Município de Laranjal do Jari,
distribuídas da seguinte forma: 10 amostras na Sede Municipal de Laranjal do Jari (Mapa 4.6 e
Tabela 4.20) e 06 amostras no distrito de Água Branca do Cajari (Mapa 4.7 e Tabela 4.21).
Estas coletas foram realizadas no período de transição (Seco-Chuvoso, em janeiro de 2020),
conforme normais climatológicas da precipitação e temperatura médias.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 170


Mapa 4.6: Distribuição dos pontos de coleta de água no Município de Laranjal do Jari

Fonte: Elaborado pela Equipe de Geoprocessamento/PMSB (2020).

Dentre os pontos de amostragem realizadas no município de Laranjal do Jari, um foi no


rio Jari (Fotografia 4.53a), de interesse prioritário, na seção de captação de água da Companhia
de Água e Esgoto do Amapá (CAESA). Então, como se trata de corpo d’água, os valores limites
da qualidade da água foram comparados com a Resolução N° 357/2005 do CONAMA.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 171


Mapa 4.7: Distribuição dos pontos de coleta de água no distrito de Água Branca do Cajari

Fonte: Elaborado pela Equipe de Geoprocessamento/PMSB (2020).

Exceto os pontos de coleta de mananciais (superficiais ou subterrâneos em Laranjal e


Água Branca do Cajari), nos demais pontos amostrais, os valores limites dos parâmetros físico-
químicos e microbiológicos da qualidade da água de consumo humano foram comparados com
os padrões da Portaria N° 2914/2011 do Ministério da Saúde.
Vale ressaltar que na sede do município existe estação de tratamento (ETA) (Fotografia
4.53b) e na localidade de Água Branca do Cajari não existe estações de tratamento de água e
nem distribuição de água pela CAESA, sendo a captação realizada a partir de manancial
subterrâneo, com a utilização de poços amazonas e artesianos, sem uso de processos de
desinfecção por cloro.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 172


Tabela 4.20: Localização dos pontos de coleta na sede de Laranjal do Jari

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia e Saneamento Ambiental/PMSB (2020).

Para análise dos parâmetros selecionados da qualidade da água, seguiu-se a metodologia


de escolha de reagente, equipamentos, transporte, conservação, esterilização, cuidados
laboratoriais, calibração dos equipamentos e coleta amostral do Standard Methods for the
Examination of Water and Wasterwater da American Public Heath Association (APHA, 2005)
e Manual do Espectrofotômetro (DR/3900, 2011).

Fotografia 4.53: a) Captação no rio Jari. b) Poço artesiano de captação

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2020).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 173


Tabela 4.21: Localização dos pontos de coleta na Comunidade de Água Branca do Cajari

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia e Saneamento Ambiental/PMSB (2020).

Todas as análises foram realizadas no Laboratório de Química, Saneamento e


Modelagem Ambiental da Universidade Federal do Amapá (LQSMA/UNIFAP). A Tabela 4.22
mostra os parâmetros analisados, técnicas, equipamentos e período de armazenamento.

Tabela 4.22: Unidades de medidas dos parâmetros analisados, seus métodos, equipamentos de
análise e armazenamento
Parâmetro Unidade Método/Equipamento Armazenamento
-1 Platina-Cobalto
Cor mg Pt L -
Padrão/Espectrofotômetro
Físico

Turbidez NTU Nefelométrico/Turbidímetro HACH In Situ


Sólidos Suspensos Totais mg L-1 Fotométrico/ Espectrofotômetro 7 dias
Condutividade Elétrica
µScm-1 Amber Science 2052 In Situ
(EC)
Nitrito (NO−
2) mg L-1 N Diazotização/Espectrofotômetro 24 horas
Nitrato (NO−
3) mg L-1 N Redução Cádmio/Espectrofotômetro 24 horas
Amônia ( NH3 ) mg L-1 N Nessler/Espectrofotômetro 28 dias
pH _ pHmetro (Orion 4-Star da Thermo) In Situ
Químico

Fosfato mg L-1 Phosver3/Espectrofotômetro 28 dias


Fluoreto (Fℓ− ) mg L-1 SPADNS/Espectrofotômetro. 28 dias
Ferro (Fe) mg L-1 FerroVer®/Espectrofotômetro 6 meses
Tiocianato de
Cloreto (Cℓ−) mg L-1 28 dias
mercúrio/Espectrofotômetro
Dureza Total mg L-1 Calmagite/Espectrofotômetro 6 meses
Coliformes Totais CT/100 mL Substrato cromogênico 24 horas
Microbi
ológico

E.Coli/100
Escherichia coli Substrato cromogênico 24 horas
mL
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia e Saneamento Ambiental/PMSB (2020).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 174


4.3.1.1 Resultados
a) Qualidade da água do rio Jari (Água Bruta) em Laranjal do Jari.
As análises físicas, químicas e bacteriológicas da água do Rio Jari (Tabela 4.23) foram
realizadas no período de janeiro/2020 e comparadas com os padrões da Resolução 357/2005 do
CONAMA ou Portaria MS 2914/2011.

Tabela 4.23: Resultado das análises realizadas no Rio Jari


LAR_C
Parâmetro Situação conforme a Portaria MS N° 357/2005
AP02
Cor 97 Em conformidade
Turbidez 8,09 Em conformidade
Físico

Sólidos
3 Em conformidade
Suspensos
Condutividade 30,4 Em conformidade
pH 5,75 Não conformidade. Na água de abastecimento a faixa entre 6,0 e 9,5
Cloreto 2,0 Em conformidade
Fluoreto 0,02 Em conformidade
Químico

Nitrato 2,4 Em conformidade


Nitrito 15 Não conformidade. Na água de abastecimento o limite máximo é de 1 mg/L
Fosfato 0,32 Em conformidade
Amônia 0,25 Em conformidade
Ferro 0,52 Em conformidade
Microbiológico

Não conformidade. Para sistemas que abastecem a partir de 20.000


Coliformes
686,70 habitantes, a ausência de coliformes totais deve ser quantificada em 95%
Totais
das amostras analisadas.
Não conformidade. A ausência de E. coli no sistema de distribuição
E. coli 33,60
(reservatórios e rede) deve ser de 100%.
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia e Saneamento Ambiental/PMSB (2020).

b) Qualidade da água de abastecimento de Laranjal do Jari (Sede)


As análises físicas, químicas e bacteriológicas da água de abastecimento na sede
municipal de Laranjal do Jari (Tabela 4.24) foram realizadas no período de janeiro/2020.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 175


Tabela 4.24: Resultado das análises realizadas na água de abastecimento em Laranjal do Jari
LAR_ LAR_T LAR_ LAR_
Parâmetro Situação conforme a Portaria MS N° 2914/2011
CAP RAT ESC SAU
Cor 3 2 14 12 Em conformidade
Turbidez 0,19 1,75 0,41 1,72 Em conformidade
Físico

Sólidos
2 1 1 1 Em conformidade
Suspensos
Condutividade 209 40,6 47,3 45,5 Em conformidade
pH 3,9 5,04 4,84 4,9 Não conformidade. Na água de abastecimento a faixa entre 6,0 e 9,5
Cloreto 14,3 2,3 2,9 3,3 Em conformidade
Fluoreto 0,01 0,19 0,01 0,01 Em conformidade
Químico

Nitrato 4,2 0,4 0,2 0,6 Em conformidade


Nitrito 11 11 14 10 Não conformidade. Na água de abastecimento o limite máximo é de 1 mg/L
Fosfato 0,25 0,27 0,38 0,40 Em conformidade
Amônia 0,04 0,01 0,08 0,04 Em conformidade
Ferro 0,06 0,06 0,08 0,07 Em conformidade
Microbiológico

Não conformidade. Para sistemas que abastecem a partir de 20.000 habitantes, a


Coliformes
42,00 8,60 91,30 218,70 ausência de coliformes totais deve ser quantificada em 95% das amostras
Totais
analisadas.
Não conformidade. A ausência de E. coli no sistema de distribuição (reservatórios e
E. coli 8,50 1,00 0,00 1,00
rede) deve ser de 100%.

LAR_ LAR_D LAR_ LAR_ LAR_


Parâmetro Situação conforme a Portaria MS N° 2914/2011
DIS01 IS02 DIS03 DIS04 DIS05

Cor 4 2 2 3 5 Em conformidade
Turbidez 0,52 0,41 0,27 0,22 0,21 Em conformidade
Físico

Sólidos
1 1 1 1 2 Em conformidade
Suspensos
Condutividade 45,5 80 54 52,6 44,6 Em conformidade
pH 5,13 4,57 4,75 4,73 4,29 Não conformidade. Na água de abastecimento a faixa entre 6,0 e 9,5
Cloreto 3,0 5,5 2,8 2,5 2,4 Em conformidade
Fluoreto 0,01 0,02 0,02 0,27 0,02 Em conformidade
Químico

Nitrato 0,3 1,3 0,2 0,6 1,4 Em conformidade


Nitrito 19 16 14 9 13 Não conformidade. Na água de abastecimento o limite máximo é de 1 mg/L
Fosfato 0,25 0,31 0,22 0,32 0,27 Em conformidade
Amônia 0,01 0,01 0,07 0,02 0,08 Em conformidade
Ferro 0,08 0,02 0,17 0,04 0,03 Em conformidade
Microbiológico

Não conformidade. Para sistemas que abastecem a partir de 20.000


Coliformes
15,80 6,30 214,30 160,70 0,00 habitantes, a ausência de coliformes totais deve ser quantificada em 95%
Totais
das amostras analisadas.
Não conformidade. A ausência de E. coli no sistema de distribuição
E. coli 8,50 0,00 25,3 7,50 0,00
(reservatórios e rede) deve ser de 100%.
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia e Saneamento Ambiental/PMSB (2020).

c) Qualidade da água de abastecimento da Vila de Água Branca do Cajari.


As análises físicas, químicas e bacteriológicas da água de abastecimento na comunidade de
Água Branca do Cajari (Tabela 4.25) foram realizadas no período de janeiro/2020.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 176


Tabela 4.25: Resultado das análises realizadas na água de abastecimento na Comunidade de
Água Branca do Cajari.
ABC_ ABC_ ABC_
Parâmetro Situação conforme a Portaria MS N° 2914/2011
ESC SAU 01
Cor 1 1 1 Em conformidade
Turbidez 1,05 2,61 1,7 Em conformidade
Físico

Sólidos
1 1 1 Em conformidade
Suspensos
Condutividade 38,8 109 75,3 Em conformidade
pH 5,97 5,86 5,97 Não conformidade. Na água de abastecimento a faixa entre 6,0 e 9,5
Cloreto 2,3 7,9 3,4 Em conformidade
Fluoreto 0,02 0,02 0,11 Em conformidade
Químico

Nitrato 0,7 0,5 0,6 Em conformidade


Nitrito 7 6 8 Não conformidade. Na água de abastecimento o limite máximo é de 1 mg/L
Fosfato 0,24 0,49 0,69 Em conformidade
Amônia 0,02 0,01 0,09 Em conformidade
Ferro 0,02 0,02 0,04 Em conformidade
Microbiológico

Não conformidade. Para sistemas que abastecem a partir de 20.000


Coliformes >2419,
1,00 151,00 habitantes, a ausência de coliformes totais deve ser quantificada em 95%
Totais 6
das amostras analisadas.
Não conformidade. A ausência de E. coli no sistema de distribuição
E. coli 0,00 2,00 156,5
(reservatórios e rede) deve ser de 100%.

ABC_ ABC_ ABC_


Parâmetro Situação conforme a Portaria MS N° 2914/2011
02 03 04

Cor 2 6 4 Em conformidade
Turbidez 0,39 0,45 1,12 Em conformidade
Físico

Sólidos
1 1 1 Em conformidade
Suspensos
Condutividade 91,7 45,3 50,5 Em conformidade
pH 4,5 5,91 5,91 Não conformidade. Na água de abastecimento a faixa entre 6,0 e 9,5
Cloreto 3,1 3,9 1,9 Em conformidade
Fluoreto 0,12 0,07 0,29 Em conformidade
Químico

Nitrato 1,1 0,4 0,2 Em conformidade


Nitrito 8 5 7 Não conformidade. Na água de abastecimento o limite máximo é de 1 mg/L
Fosfato 0,30 0,28 0,35 Em conformidade
Amônia 0,14 0,10 0,01 Em conformidade
Ferro 0,05 0,03 0,07 Em conformidade
Microbiológico

Não conformidade. Para sistemas que abastecem a partir de 20.000


Coliformes >2419, >2419,
20,30 habitantes, a ausência de coliformes totais deve ser quantificada em 95%
Totais 6 6
das amostras analisadas.
Não conformidade. A ausência de E. coli no sistema de distribuição
E. coli 6,30 33,10 41,70
(reservatórios e rede) deve ser de 100%.
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia e Saneamento Ambiental/PMSB (2020).

4.4. Levantamento dos recursos hídricos do município, possibilitando a identificação de


mananciais para abastecimento futuro
De acordo com as Fotografia 4.54, Fotografia 4.55, Fotografia 4.56 e Fotografia 4.57, é
possível observar que a cidade de Laranjal do Jari é contornada pelo Rio Jari-AP. Na Fotografia
4.54, observa-se no 1º quadro superior esquerdo a bacia hidrográfica do Rio Jari (a), e no 2º
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 177
quadro superior esquerdo pontos de monitoramento de qualidade da água a montante e a jusante
da cidade, contornando um trecho representativo da bacia hidrográfica do Rio Jari (b) e
identificação de mananciais para abastecimento futuro (c) e áreas de risco (alagamento) (d).

Fotografia 4.54: Zona urbana da cidade de Laranjal do Jari-AP

Fonte: Prefeitura Municipal de Laranjal do Jari. Adaptado pela Equipe PMSB (2020).

Fotografia 4.55: Visão aérea local: a) zona baixa com alto risco de alagamento; b) zona alta,
central, com melhor infraestrutura, e c) zona alta com estrutura menos (Laranjal do Jari-AP

Fonte: Prefeitura Municipal de Laranjal do Jari. Adaptado pela Equipe do PMSB (2020).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 178


Fotografia 4.56: Visão área da zona baixa sem infraestrutura de saneamento da cidade de
Laranjal do Jari-AP

Fonte: Prefeitura Municipal de Laranjal do Jari. Adaptado pela Equipe Do PMSB (2020).

Fotografia 4.57: Zona alta da cidade de Laranjal do Jari-AP com melhor infraestrutura em
comparação com a zona baixa

Fonte: Prefeitura Municipal de Laranjal do Jari. Adaptado pela Equipe do PMSB


(2020).

De acordo com a Lei Orgânica do Município (LOM, 2016), no Capítulo III, Art. 138, o
Município em relação à promoção do Saneamento Ambiental Integrado, está previsto que este
deverá ser implementado através do Plano Municipal de Gestão e Saneamento Ambiental
(PLAMGESAM), como instrumento de gestão do setor.
Por exemplo, no Art. 137 da LOM (2016) é descrita a política de saneamento ambiental
integrado que deverá seguir as seguintes diretrizes: I – garantir serviços de saneamento
ambiental integrado na área urbana em todo o território municipal; II – ampliar as medidas de
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 179
saneamento básico para as áreas deficitárias, por meio da complementação e/ou ativação das
redes coletoras de esgoto e de água; III – investir prioritariamente no serviço de esgotamento
sanitário que impeça qualquer contato direto no meio onde se permaneça ou se transita; IV –
criar a rede coletora de águas pluviais e do sistema de drenagem nas áreas urbanizadas do
território, de modo a minimizar a ocorrência de enchentes e alagamento; V – Elaborar e
implementar sistema de gestão de resíduos sólidos, com a coleta seletiva do lixo e da
reciclagem, bem como a redução da geração de resíduos sólidos; VI – assegurar à população
do Município a oferta domiciliar de água para consumo residencial e outros usos, em quantidade
suficiente para atender às necessidades básicas e de qualidade compatíveis com os padrões de
potabilidade.
Além disso: VII – assegurar o sistema de drenagem pluvial e o escoamento das águas
pluviais em toda a área ocupada do Município, por meio de sistemas físicos, naturais e
construídos [...]; promover a educação ambiental, promover a qualidade ambiental e o uso
sustentável dos recursos naturais por meio do planejamento e do controle ambiental, [...] X -
garantir a conservação das áreas de proteção e recuperação dos mananciais e das unidades de
conservação; XI – promover a recuperação ambiental, revertendo os processos de degradação
das condições físicas, químicas e biológica do ambiente [...]; XIII – implementar programas de
reabilitação das áreas de risco; XIV – considerar a paisagem urbana e os elementos naturais
como referências para a estrutura do território; [...] XVI – implementar o Sistema de Controle
de Áreas Verdes e de Lazer.
No Capítulo III, da Cooperação para o Desenvolvimento Sustentável da Bacia do rio
Jari, no Art. 6, o Poder Público do Município de Laranjal do Jari deverá considerar ações e
projetos de articulação e integração com os Municípios de Almerim – PA e Vitória do Jari –
AP, com vistas ao desenvolvimento socioterritorial da região da Bacia do Rio Jari.
Em seu parágrafo único, determina que a articulação e integração entre os municípios
deve objetivar uma agenda política comum e integrada, inclusive mediante a celebração de
ajustes de cooperação técnica, financeira e institucional com o Governo Federal e os Governos
do Estado do Amapá e do Pará.
Com base na descrição dos parágrafos anteriormente descritos, é relevante frisar o
seguinte, considerando que seja possível a identificação de futuros mananciais para o
abastecimento de água de consumo humano em três níveis: orla da cidade, zona baixa e zona
alta. Assim, a cidade de Laranjal do Jari é bastante dependente do Rio Jari, tanto para o
abastecimento de água da ETA, quanto para a dispersão de esgoto doméstico urbano integrados
com sistemas de drenagem (naturais ou artificiais). Neste contexto, as fontes de poluição deste
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 180
rio são: a) potenciais mudanças das características limnológicas do reservatório da Usina
Hidrelétrica de Santo Antônio (a montante), b) produção agroflorestal (a montante), c) indústria
de celulose (a montante), e c) poluição urbana in loco (águas superficiais e mananciais
subterrâneos).
Por um lado, como coadjuvante da autodepurarção do Rio Jari (recuperação natural dos
impactos ambientais hídricos), as suas elevadas vazões (frequentemente maiores que 1.000
m/s3), apresentam-se como favoráveis e resilientes contra a poluição ambiental, com muito boa
capacidade de diluição de águas poluídas. Mas, apesar de ser considerada como de boa
qualidade (AAI, 2011), na literatura da área tem sido mostrado justamente o contrário, como
ocorre, por exemplo, nos trechos mais urbanizados (Fotografia 4.54) (OLIV EIRA e CUNHA,
2014). Entretanto, a atual captação de água superficial da CAESA, apesar de ser insuficiente
para atender a demanda atual e futura, é um ponto estratégico para ajustes, expansão e
modernização da ETA. Este ponto, apesar de se classificar como local de risco (alagamento)
deve ser permanentemente protegido e mantido seguro, pois se configura atualmente no melhor
manancial disponível para atender a demanda atual e futura da cidade de Laranjal do Jari.
Entretanto, apesar da atual captação de água do rio Jari pela ETA, novos poços
subterrâneos estão sendo construídos (pelo menos seis, sendo 3 integrados à rede e 3 isolados)
para atender à demanda crescente de água potável, ainda é possível dispor de mais localidades
potenciais, tais como os indicados pelas setas em branco e preto da Fotografia 4.55, apesar dos
diferentes aspectos ambientais e topográficos dos diferentes bairros da cidade (Fotografia 4.56
e Fotografia 4.57).
Entretanto, devido a cidade ter sido construída numa zona de fundo de vale, por outro
lado, há poucos espaços na zona urbana de Laranjal do Jari para a exploração segura de águas
subterrâneas de boa qualidade e viabilidade (segurança, principalmente, pois se desconhece a
dinâmica dos poços). Assim, é preciso considerar em qualquer novo manancial as
características hidrogeológicas e hidrogeoquímicas locais (AAI, 2011). Entretanto, a literatura
da área apresenta muitas limitações relativas às suas potenciais funcionalidades, como
profundidade, nível estática, nível dinâmico, variação das características físico-químicas e
microbiológicas da qualidade da água, etc.
Por assim dizer, qualquer proposta de exploração dos mananciais ali presentes, devem
levar em consideração um completo estudo, para vencer o atual desconhecimento técnico-
científico sobre sua qualidade, vazão e composição físico-química e microbiológica em relação
à qualidade da água superficial (OLIVEIRA e CUNHA, 2014).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 181


4.5. Consumo e demanda de abastecimento de água
Segundo informações obtidas junto à CAESA, no ano de 2018 foram captados
3.470.030,00 m³ de água bruta. Esse volume equivale a uma média mensal de 289.169 m³.
Destaque-se que estes volumes são estimativos, visto que não há qualquer forma de medição
da vazão captada (micro ou macro medição). A metodologia utilizada para estimativa da vazão
captada, segundo informações obtidas, é baseada no tempo de operação da unidade operacional
e na sua capacidade nominal.
Ainda, analisando o relatório apresentado pela CAESA, constata-se que ao longo do ano
a variação do volume de água captada é pouco significativa, caracterizando assim uma
uniformidade da vazão de captação (SNIS, 2109).

4.6. Análise crítica dos planos diretores de abastecimento de água da área de


planejamento, quando houver
Além de Macapá e Santana, Laranjal do Jari é o único que também dispõe de um Plano
Diretor, instituído pela Lei Municipal de No 0545/2016, que institui a Revisão do Plano Diretor
de Desenvolvimento Urbano e Ambiental do Município de Laranjal do Jari.
Contudo, Vieira et al., (2015) fazem uma crítica severa de que este Plano Diretor foi
executado sem a participação efetiva do público (sociedade) e que há algumas falhas
conceituais.
Entretanto, neste presente Diagnóstico Técnico-Participativo (DTP), observamos que
tecnicamente está bem correlacionado com qualquer plano municipal de saneamento básico
(PMSB), destacando-se principalmente a visão abrangente de bacia hidrográfica. Além disso,
Lei Municipal de No 0545/2016 leva em consideração soluções e avanços em diversas áreas de
infraestrutura, economia, etc, e que só seriam possíveis de serem executadas com a parceria
institucional dos governos do Estado do Amapá (Capital e Vitória do Jari) e Pará (Monte
Dourado), por ser o Rio Jari de jurisdição Federal, isto é, um limite territorial que separa dois
estados.
Estratégias de combate à poluição, conservação de mananciais, proteção ambiental
fazem parte do escopo desta legislação. Entretanto, é necessário que os princípios constantes
nas leis LOM (LOM, 2005) e Lei Municipal de Revisão do Plano Diretor No 0545/2016 sejam
postos em prática, haja vista que os indicadores sanitários (SNIS, 2019) para Laranjal do Jari
não são em geral positivos. Portanto, o PMSB que ora se está construindo, é uma oportunidade
de se fazer avanços na política e gestão públicas para o setor, acrescentando-se os dados

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 182


técnicos primários e secundários identificados ao longo deste Diagnóstico Técnico-
Participativo.

4.7. Estrutura organizacional do responsável pelo serviço de abastecimento de água


A Companhia de Água e Esgoto do Amapá (CAESA) é responsável pela captação,
tratamento e distribuição de água na sede do município de Laranjal do Jari e nas comunidades
Padaria.
O gerenciamento do serviço prestado é realizado pela Gerência Operacional de Laranjal
do Jari, vinculada à Diretoria Operacional da empresa, conforme organograma apresentado na
Figura 4.5. Todavia A CAESA não tem orçamento em Laranjal do Jari, todo o gasto de
manutenção é de responsabilidade da prefeitura.

Figura 4.5. Localização da Gerência Operacional Laranjal do Jari no organograma da CAESA

Fonte: Resolução Nº 002/2020 (CAESA).

O número de empregados da empresa que atua no município está indicado na Tabela


4.26. Sendo que a frota de veículos está indicada no Quadro 4.5. Porém, quando há necessidade
de uso de veículos de maior porte (caminhão, caminhão caçamba, pick-up, utilitário, caminhão-
munck, retroescavadeira, patrol, etc) este é fornecido pela Prefeitura.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 183


Tabela 4.26: Número de empregados da CAESA em Laranjal do Jari
Número de
Cargo ou Função Formação
Funcionários
Gerente Operacional 1 Não informado
Gerente Administrativo 1 Não informado
Chefe de Abastecimento 1 Não informado
Agente de Saneamento 3 Não informado
Auxiliar Operacional 2 Não informado
Encanador 1 Não informado
Total 9
Fonte: CAESA/2019.

Quadro 4.5: Frota de veículos


Tipo de veículo Marca do Quantitativo Ano de Estado de
veículo fabricação conservação
Carroceria Fiat Estrada 1 Muito antigo Precário
Fonte: CAESA/2019.

4.8. Identificação e análise da situação econômico-financeira do setor de abastecimento de


água
Segundo informações obtidas junto ao escritório da CAESA na sede do município,
verificou-se os seguintes quantitativos de ligações ativas no SAA.

Tabela 4.27: Número de ligações de água em todo o município (mês de fererência: 11/2019)
Número de ligações de água
Classe de consumidor
com hidrômetro sem hidrômetro total
Residencial X 5658
Comercial X 184
Industrial X 3
Poder Público X 60
Outros X 0
Total 5.905
OBS: No município não é praticado economias
Fonte: CAESA (2019)

O demonstrativo do faturamento e arrecadação para um período de 12 meses são


apresentados na Tabela 4.28 e Tabela 4.29 com base nas seguintes tarifas: R$ 56,92 até maio
de 2019 e Tarifa atual de R$ 59,55. Observa-se que o percentual médio arrecadado corresponde
a 21% do valor faturado, o que é crítico para sobrevivência da empresa, fato este que se agrava
anualmente, pois o índice de perdas físicas estimado pela empresa está dentro da faixe de 30 a
40 %. Entretanto, é fato que tais valores não conferem com os dados informados pelo PPI
(2019). Desta forma, estima-se que estes valores são muito superiores a 50%.
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 184
Tabela 4.28: Demonstrativo de arrecadação (12 meses)
Mês/Ano de Faturamento
referência Água (R$)
Dez/2018 166.245,00
Jan/2019 166.245,00
Fev/2019 166.245,00
Mar/2019 166.245,00
Abri/2019 166.245,00
Mai/2019 166.245,00
Jun/2019 219.446,83
Jul/2019 219.446,83
Ago/2019 219.446,83
Set/2019 219.446,83
Out/2019 219.446,83
Nov/2019 219.446,83
Total anual 2.314.150,98
Média mensal 192.845,92
Fonte: CAESA (2019)

Tabela 4.29: Resumo da arrecadação (12 meses)

Fonte: CAESA (2019).

4.9. Caracterização da prestação dos serviços segundo indicadores


Os indicadores referentes ao abastecimento de água estão disponíveis no site do Sistema
Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS (SNIS, 2019). Os dados são fornecidos
pelo prestador de serviço que é a Companhia de Água e Esgoto do Amapá (CAESA) totalizando
156 indicadores.
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 185
Alguns indicadores de Água de Abastecimento são apresentados conjuntamente com os
indicadores de esgoto. Para estes casos, tais indicadores são apresentados quando da
caracterização dos serviços de esgotamento sanitário no tópico 5.10. Logo, os indicadores
apresentados neste tópico são exclusivamente referentes à água de abastecimento (Tabela 4.30).

Tabela 4.30. Indicadores de Água (2018)


Eixos e Indicadores
Quantidade
Informações Gerais de Água
G06A - Pop. urbana residente do(s) município(s) com abastecimento de água (hab.) 46.923
G12A - População total residente do(s) município(s) com abastecimento de água, segundo o 49.446
IBGE (hab.)
GE008 - Quantidade de Sedes municipais atendidas com abastecimento de água (und.) 2
GE010 - Quantidade de Localidades (excluídas as sedes) atendidas com abastecimento de água 0
(und.)
POP_TOT - Pop. total do município do ano de referência (Fonte: IBGE) (hab.) 49.446
POP_URB - Pop. urbana do município do ano de referência (Fonte: IBGE) (hab.) 46.923
Informações de Água
AG001 - Pop. total atendida com abastecimento de água (hab.) 15.457
AG002 - Quantidade de ligações ativas de água (lig.) 3.984
AG003 - Quantidade de economias ativas de água (econ.) 4.102
AG004 - Quantidade de ligações ativas de água micromedidas (lig.) 0
AG005 - Extensão da rede de água (km) 46,6
AG006 - Volume de água produzido (1000m³/ano) 3.470,03
AG007 - Volume de água tratada em ETAs (1000m³/ano) 3.470,03
AG008 - Volume de água micromedido (1000m³/ano) 0
AG010 - Volume de água consumido (1000m³/ano) 985,58
AG011 - Volume de água faturado (1000m³/ano) 985,58
AG012 - Volume de água macromedido (1000m³/ano) 0
AG013 - Quantidade de economias residenciais ativas de água (econ.) 3.826
AG014 - Quantidade de economias ativas de água micromedidas (econ.) 0
AG015 - Volume de água tratada por simples desinfecção (1000m³/ano) Não Monitorado
AG017 - Volume de água bruta exportado (1000m³/ano) 0
AG018 - Volume de água tratada importado (1000m³/ano) 0
AG019 - Volume de água tratada exportado (1000m³/ano) 0
AG020 - Volume micromedido nas economias residenciais ativas de água (1000m³/ano) 0
AG021 - Quantidade de ligações totais de água (lig.) 5.783
AG022 - Quantidade de economias residenciais ativas de água micromedidas (econ.) 0
AG024 - Volume de serviço (1000m³/ano) 0
AG026 - Pop. urbana atendida com abastecimento de água (hab.) 15.457
AG027 - Volume de água fluoretada (1000m³/ano) 0
AG028 - Consumo total de energia elétrica nos sistemas de água (1.000 Kwh/ano) 1.745,49
Indicadores Operacionais - Água
IN001_AE - Densidade de economias de água por ligação (econ./lig.) 1,03
IN009_AE - Índice de hidrometração (%) 0
IN010_AE - Índice de micromedição relativo ao volume disponibilizado (%/ m³) 0
IN011_AE - Índice de macromedição (%) 0
IN013_AE - Índice de perdas faturamento (%) 71,6
IN014_AE - Consumo micromedido por economia (L/hab/econ.) 0
IN017_AE - Consumo de água faturado por economia ((L/hab/econ.) 19,9
IN020_AE - Extensão da rede de água por ligação (m/lig) 8
IN022_AE - Consumo médio per capita de água (L/hab./dia) 173,1
IN023_AE - Índice de atendimento urbano de água (%) 32,9
IN025_AE - Volume de água disponibilizado por economia (1000m³/econ.) 69,9
IN028_AE - Índice de faturamento de água (%) 28,4

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 186


IN043_AE - Participação das economias residenciais de água no total das economias de água 93,36
(econ.)
IN044_AE - Índice de micromedição relativo ao consumo (%) 0
IN049_AE - Índice de perdas na distribuição (%) 71,6
IN050_AE - Índice bruto de perdas lineares (%) 147,81
IN051_AE - Índice de perdas por ligação (%/lig.) 1.690,90
IN052_AE - Índice de consumo de água (%/l/hab.) 28,4
IN053_AE - Consumo médio de água por economia (l/hab./econ.) 19,9
IN055_AE - Índice de atendimento total de água (%) 31,26
IN057_AE - Índice de fluoretação de água (%) 0
IN058_AE - Índice de consumo de energia elétrica em sistemas de abastecimento de água (%) 0,5
Fonte: SNIS (2019) adaptado pela equipe de Indicadores.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 187


CAPÍTULO 5

5. SERVIÇO DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO

5.1. Descrição geral do serviço de esgotamento sanitário existente no município


O sistema de Esgotamento Sanitário da Sede do Município de Laranjal do Jari é de
responsabilidade da CAESA. Em geral, o setor de abrangência do sistema de esgotamento
sanitário é praticamente inexistente, tanto na sede quanto na área rural e ribeirinha. E os poucos
existentes são irregulares (não existe sistema de separação absoluto).
Não há um sistema de esgotamento sanitário coletivo, consequentemente não há rede
de esgoto. Todas as economias da sede adotam soluções individuais, tais como utilização de
fossas sépticas, fossas negras, etc.
Na sede, a maioria das residências construídas sobre palafitas lançam seus dejetos
diretamente no rio ou a céu aberto em áreas sujeita a inundações (facilmente observado nas
Figura 5.1e Figura 5.2). As residências em terra firme que contam com fossas sépticas não as
dimensionaram conforme recomendações da NBR 7229/1993. Além disso, a disposição das
fossas nos terrenos não obedece ao distanciamento mínimo dos poços de captação de água.
Não foi identificado nenhum projeto de saneamento por parte da prefeitura de Laranjal
do Jari, exceto o projeto de expansão de infraestrutura de passarelas (Nº do Convênio:
842998/2017), com valor Global: R$ 700.701,00, e contrapartida de R$701,00, cujo Órgão
Concedente é o Ministério da Defesa. O Objetivo do referido projeto é melhorar a mobilidade
dos habitantes de bairros de áreas mais baixos níveis topográficos, frequentemente com maior
risco hidrológico de alagamentos, ou com quase nenhuma alternativa de equipamentos
sanitários.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 188


Figura 5.1: Layout da disposição detalhada das residências da proposta de construção de
passarelas de concreto em zonas alagadas de Laranjal do Jari

Fonte: Prefeitura Municipal de Laranjal do Jari (2020).

Figura 5.2: Layout da disposição geral das residências da proposta de construção de


passarelas de concreto em zonas alagadas de Laranjal do Jari

Fonte: Prefeitura Municipal de Laranjal do Jari (2020).

Apesar de Laranjal do Jari não contar com um Plano Diretor de Saneamento específico,
dispõe de um Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental do Município de Laranjal
do Jari - AP (Lei 0545/2016), o qual é abrangente, fornece as linhas gerais e algumas diretrizes
básicas para os serviços de fiscalização da construção das instalações sanitárias nas residências.
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 189
Todavia, não há estudos realizados ou em execução pela prefeitura sobre bacias de
esgotamento do município de Laranjal do Jari. Portanto, não é possível verificar a evolução
populacional das bacias de esgotamento nem de suas sub-bacias.
Neste contexto, não foi possível determinar a taxa de infiltração (i) do linear (em L/s.
Km), mas possivelmente a mesma será definida ou estimada na fase do prognóstico deste Plano
Municipal de Saneamento Básico de Laranjal do Jari.
As vazões estimadas de projeto verificadas partiram da determinação da população e do
consumo per capita com os seguintes parâmetros:
· Consumo per capita (q)
· Coeficiente de retorno (C) – considerado 0,80
· Coeficiente do dia de maior consumo (K1) – considerado 1,20
· Coeficiente da hora de maior consumo (K2) – considerado 1,50
· Comprimento da rede coletora (L). Com base em mapas de pavimentação (ruas
pavimentadas e não pavimentadas) é possível estimar aproximadamente
76,57 km de vias em que seria possível o comprimento máximo possível da
rede de esgoto para a malha urbana atual.

Para a definição da vazão foi utilizado as seguintes equações:


× ×
(eq1) Média - 𝑄 = + 𝑖𝐿
× × ×
(eq2) Máxima Diária - 𝑄 á . á = + 𝑖𝐿
× × ×
(eq3) Máxima Horária - 𝑄 á . á = + 𝑖𝐿

O comprimento inicial, L=0 uma vez que não há rede de esgoto. E como não há rede
coletora atual, portanto, não é possível estimar com precisão o valor da extensão da rede (L).
Desta forma foi ignorado para a determinação da eq1, eq2 e eq3 a adição do iL.
O manejo das águas pluviais e de resíduos sólidos é realizado pela prefeitura de Laranjal
do Jari.
Número de ligações ativas: 0
Número de ligações totais (ativas + inativas): 0
Número de economias ativas: 0
Número de economias totais (ativas + inativas): 0
Percentual da população atendida pelo SES: 0%
Volume de esgoto sanitário do Distrito (Sede): 0 m³
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 190
Percentual de economias que não estão ligadas à rede de esgoto: 100%.

Com base nas equações acima (eq1, eq2 e eq3), as vazões foram estimadas com os
seguintes valores:
Para a definição da vazão foi utilizado as seguintes equações:
× ×
(eq1) Média - 𝑄 = + 𝑖𝐿 = 70,02 𝐿/𝑠
× × ×
(eq2) Máxima Diária - 𝑄 á . á = + 𝑖𝐿 = 84,02 𝐿/𝑠
× × ×
(eq3) Máxima Horária - 𝑄 á . á = + 𝑖𝐿 = 105,02 L/s

5.1.1. Redes Coletoras, Coletores Tronco e Interceptores


A incumbência das redes coletoras é conduzir as águas residuárias para as Estações de
Tratamento de Esgoto (ETE), atualmente inexistente. Essas redes são conectadas à rede tronco
que conduzem até o interceptor. A rede tronco não pode, em hipótese alguma, receber águas
esgotos domésticos diretamente de residências, função que cabe exclusivamente às redes
coletoras. As redes coletoras troncos apenas recebem os esgotos das redes coletoras e/ou rede
secundária. A condução até uma potencial ETE se dá pelo interceptor que naturalmente tem seu
diâmetro maior que os das redes tronco (NUVOLARI, 1997).

5.1.1.1. Redes Coletoras


No município de Laranjal do Jari não existe rede coletora. Em uma fração significativa
da área urbana de Laranjal do Jari os bairros estão localizados em áreas alagadas, ou sujeitas à
alagamentos, as quais são consideradas com área de risco (AAI, 2011; OLIVEIRA e CUNHA,
2016). Deste modo, excetuando-se as áreas topográficas mais elevadas (terra firme ou zona
alta), a configuração destas futuras Redes Coletoras das áreas e bairros de baixa topografia
deverão se adaptar às especificidades definidas nas Figura 5.1 e Figura 5.2.

5.1.1.2. Redes Coletores Tronco


No município de Laranjal do Jari não existe redes coletoras tronco. Este problema, no
entanto, é aplicável e similar ao que foi descrito no item 5.1.1.1.

5.1.2. Intercepetores
No município de Laranjal do Jari não existem interceptores. A norma brasileira NBR-
12207 (ABNT, 1989) define o interceptor como “a canalização, cuja função fundamental é
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 191
receber e transportar o esgoto sanitário coletado, caracterizada pela defasagem das
contribuições, da qual resulta o amortecimento das vazões máximas. E, conceitualmente, em
relação às ligações, é uma canalização que recebe contribuições em pontos determinados
providos de poços de visita (PV) e não as recebe ao longo do comprimento de seus trechos. E
quanto à localização, é uma canalização situada nas partes mais baixas da bacia, ao longo dos
talvegues e às margens dos cursos d´água, lagos, etc, para impedir o lançamento direto do
esgoto sanitário nestas águas (NUVOLARI, 2003).
Contudo, as áreas urbanas (sede), rural terrestre e ribeirinha são 100% atendidas por
fossas individuais conforme as Fotografia 5.1 a-b.

Fotografia 5.1: (a) Fossa negra e (b) fossa séptica na área urbana em terra firme em Laranjal
do Jari

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2020).

As Fotografia 5.1a e Fotografia 5.1b mostram dois modelos de fossas que são utilizados
como sistema alternativo de esgotamento sanitário na área de terra firme na sede do município
de Laranjal do Jari. Na Fotografia 5.1a é observado que a fossa negra não está totalmente vedada
na tampa, estando sujeita a infiltrações e arrasto de materiais para seu interior pelas laterais,
além de susceptível à maior influência de águas pluviais e consequentemente infiltrações.
Na Fotografia 5.1b é ilustrado erros comum de dimensionamento e execução de fossas
sépticas. As fossas sépticas utilizam como conceito básico a vedação completa para que se crie
um ambiente sem oxigênio do ar no qual as bactérias anaeróbicas se proliferem e ajam sobre a
parte sólida do esgoto ajudando na decomposição tornando do esgoto residual ajudando na
redução do DBO.
Os suspiros apresentados na Fotografia 5.1b indicam a presença de circulação de ar
dentro do tanque da fossa, o que praticamente elimina as bactérias anaeróbicas prejudicando o
funcionamento e de sua eficácia no quesito de redução de DBO.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 192


As fossas sépticas do município de Laranjal do Jari não são dimensionadas conforme
NBR 7229/1993, que estabelece os seguintes critérios para o dimensionamento,
V = 1000 + N(CT + KL )
Onde,
V – Volume útil em litros;
N – Números de pessoas ou unidades de contribuição;
C – Contribuição de despejos, em litro/pessoa x dia ou litro/unidade x dia;
T – Período de detenção em dias;
K – Taxa de acumulação do lodo digerido em dias, equivalente ao tempo de acumulação
de lodo fresco;
𝐿 – Contribuição de lodo fresco, em litro/pessoa x dia ou litros/unidade x dia.
Também foi constatado que as profundidades e dimensões não obedecem aos critérios
normativos do item 5.9 da NBR 7229/1993 que estabelece a relação mínima do
comprimento/largura de 2:1 e a máxima de 4:1.
Foi identificado que as fossas não têm um padrão definido pela prefeitura em relação a
sua disposição no lote/terreno, no qual possa se garantir as distancias mínimas estabelecidas
pela NBR 7229/1993 que é de:
 1,5 m de construções, limites de terreno, sumidouros, valas de infiltração e ramal
predial de água;
 3,0 m de árvores e de qualquer ponto de rede pública de abastecimento de água;
 15 m de poços freáticos e de corpos de água de qualquer natureza.
Todavia, como estes pré-requisitos não são considerados, a contaminação dos corpos
d´água tem sido frequente (OLIVEIRA e CUNHA, 2014) ao longo da orla da cidade devido a
poluição difusa em toda a zona urbana da cidade. Por exemplo, existem lotes onde as fossas são
localizadas em frente dos lotes em associação com o vizinho cujo lote possui também o seu
poço amazonas com menos de 15 m estabelecidos por norma.
O município adotou soluções individuais que correspondem às boas práticas de
saneamento quanto ao quesito de esgotamento sanitário quando não é possível implantar o
sistema coletivo. Mas este efeito só tem consequência positiva na zona sem risco de alagamento
(AAI, 2011; OLIVEIRA e CUNHA, 2015; OLIVEIRA e CUNHA, 2016; ABREU e CUNHA,
2017).
A Tabela 5.1 ilustra as variações do índice de estado trófico no Rio Jari, que mede a
carga de nutrientes calculada pelo fósforo total presente na água (Fósforo Total em mg/L) em

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 193


quatro períodos anuais, sugerindo variações de nutrientes (sugerindo entradas de fósforo
assimilável tanto de fontes naturais quanto de esgotos sanitários urbanos).

Tabela 5.1: índice de estado trófico no Rio Jari

Fonte: (Abreu e Cunha, 2017).

De acordo com Abreu e Cunha (2017), foi verificado que a variação espaço‑temporal
de 20 parâmetros da qualidade da água do Rio Jari, Amapá, apresenta dominância da influência
sazonal em detrimento da influência espacial, quando observada no trecho de 80 km do rio
(entre saída da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio (J1) até alguns quilômetros após a cidade
de Vitória do Jari (J8) - Tabela 5.1).
Com base nestas premissas, os referidos autores obtiveram algumas conclusões sobre
os impactos urbanos e de empreendimentos no baixo trecho do Rio Jari. Por exemplo, com
exceção do OD (oxigênio dissolvido), não houve variação espacial dos parâmetros, de
qualidade da água. Em relação ao OD, através de uma análise estatística de cluster (AAH)
sugeriu a existência de grupos formados devido à forte influência da turbulência provocada pela
queda d’água na Cachoeira de Santo Antônio do Jari sobre esse parâmetro (Grupo 1). Com o
distanciamento dessa zona de turbulência (a partir do ponto J2 - Tabela 5.1) ocorre a redução
da reaeração da água, dividindo espacialmente o trecho em dois grupos amostrais. A variação
temporal dos parâmetros foi significativa (cor, turbidez, condutividade elétrica da água, DBO5,
amônia, fósforo, pH, sulfato, magnésio, cloreto, CT, E. coli e clorofila‑a), indicando forte
influência do ciclo hidrológico em comparação às influências dos prováveis impactos
ambientais urbanos, industriais ou hidrelétrico.
Além disso, os referidos autores observaram também valores relativamente elevados de
E. coli (normalmente relacionados ao despejo de esgotos sanitários, principalmente da área
urbana de Laranjal do Jari, incluindo-se pequena parcela de esgoto tratado de Monte Dourado
– PA), e aumento da concentração de sulfato em áreas à jusante das indústrias CADAM e
FACEL (Vitória do Jari). E esses valores podem decorrer do potencial impacto urbano e de
indústria de celulose.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 194


No primeiro caso, pode ser consequência do lançamento de esgotos in natura e poluição
difusa causada pela exploração florestal em zonas próximas do rio (ciclo hidrológico). No
segundo caso, esses valores podem decorrer do potencial impacto urbano (Laranjal do Jari e
Vitória do Jari) e de indústria de celulose (Laranjal do Jari).
Adicionalmente, os autores observaram correlação significativa entre vários parâmetros
da qualidade da água (cor, turbidez, temperatura, OD, cloreto, NH3, magnésio, DBO5 (carga
orgânica), sulfato, pH, E. coli, CT e clorofila‑a) com os parâmetros hidrológicos/precipitação,
sugerindo forte dependência da variação desses com o ciclo hidrológico sazonal
(vazão/precipitação). Entretanto, não foi observado comportamento similar em relação a OD,
TDS e SO4.
Em relação às cargas de nutrientes limitantes (Fósforo Total e Nitrogênio, representados
por IET – índices eutrofização), indicaram que o trecho em estudo apresenta características
nutricionais significativamente variantes: tanto espacial quanto sazonalmente. Isto é,
dinamicamente variantes, oscilando entre estados ultraoligotróficos, até mesotróficos e
oligotróficos. Estes resultados contrariam aqueles observados pelos estudos de impactos
ambientais da usina de Santo Antônio, AAI (2011), onde foi apontado apenas estado
oligotrófico (o menos impactado possível para esta região). Isto é, as águas do Rio Jari, no seu
baixo trecho, estão em uma fase de baixo ou intermediário nível trófico. E estes impactos
antrópicos na bacia são de origem urbana, industrial e hidrelétrico, isto é, integrados, e em
combinação de todos estes fatores conjuntamente.
Não obstante a inexistência de sistemas alternativos para a coleta e tratamento de
esgotos, há alternativas possíveis de tratamento de esgotos, utilizando tecnologias sociais
apropriadas, tais como uso dos próprios sistemas naturais alagados (tais como as tecnologias
Fito ETARs), que são tecnologias simples e de baixo custo (PENA, 2014).
Apesar da Lei 0545, de 2106, a rigor, o Município de Laranjal do Jari não possui um
plano diretor de esgotamento sanitário. Também não demonstra haver movimento ou
participação social efetiva voltada para a dimensão de esgotamento sanitário. E mesmo no
organograma da Prefeitura havendo a SEMMATUR (meio ambiente e turismo), não há pessoal
disponível para se responsabilizar pela dimensão de serviço de esgotamento sanitário, mesmo
porque esta atribuição é da CAESA (concessionária atual). Neste contexto, não há processos de
tratamento de esgoto, exceto os isolados comentados anteriormente, nem estratégias ou projetos
para a destinação de seus efluentes e esgotos domésticos.
Os sistemas isolados de esgotamento utilizados em Laranjal do Jari são, na grande
maioria, fossas negras e, em menor frequência, algumas fossas sépticas, as quais são
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 195
desprovidas de filtro. Em alguns casos, as excretas são lançadas diretamente no rio ou no solo.
As fossas negras não são revestidas e as águas residuárias entram em contato direto com o solo
através das paredes dos tanques e por infiltração.
Já nas fossas sépticas, geralmente as águas residuárias são lançadas diretamente para
um sumidouro que, por sua vez, infiltra-se no solo ou se dilui nas águas de zonas alagadas, sem
nenhum tipo de tratamento. Não há ramal predial e nem esperas para ligações futuras. Não
foram identificados estudos ou planejamento de esgotamento sanitário válidos para a
implantação. A única exceção concreta é a Lei 0545/2016 na qual consta uma visão sistêmica
geral sobre os problemas ambientais, mas não há diretrizes explícitas sobre a dimensão do
esgotamento sanitário prevista na Lei Federal de Saneamento Básico (11.422/2007).
O Município não segue a norma NBR 7229/1993, especialmente quanto ao esquema de
desenho e layout das fossas conforme Figura 5.3.

Figura 5.3: Esquema Geral de Tanque Séptico (Fossa) - NBR 7229/1993

Fonte: ABNT NBR7229/1993 pag.10.

5.1.2.1. Sistemas Isolados


Todo o sistema que não é interligado a um sistema de condução integrado de esgoto até
uma ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) é considerado como sistema isolado. Na sede do
município, na zona rural de terra firme e ribeirinha, o sistema utilizado é o isolado que utiliza
as fossas negras e sépticas (em sua grande maioria). Uma parcela da população usa latrinas
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 196
externas (principalmente zona rural ribeirinha e urbana com construções próximos de corpos
d´água como lagos, planícies alagadas e rios).
Na área rural, os principais sistemas utilizados são as fossas negras e as fossas sépticas.
Na comunidade de Padaria, por exemplo, cerca da metade da população possui fossa séptica
nas suas residências, conforme foi descrito nas oficinas temáticas por parte dos moradores. Nas
demais residências são utilizadas fossas negras. Os banheiros geralmente são externos às
residências e alguns destes não contam sequer com vaso sanitário.
Nas comunidades ribeirinhas no seu entorno, as soluções individuais são basicamente o
uso de fossas negras. Desta forma, as águas residuárias infiltram-se no solo, causando sua
contaminação e também a do lençol freático. De acordo com os moradores, muitas das
instalações sanitárias ficam próximas aos córregos de água. Durante o período de cheia há o
frequente transbordamento das fossas e a mistura dos esgotos com as águas do sistema natural
de drenagem local.
Na comunidade de Água Branca do Cajari algumas residências foram contempladas
com as obras do projeto “SANEAR AMAZÔNIA: Mobilização social por acesso à água de
famílias extrativistas na Amazônia”. Por se tratar de uma área de Reserva Extrativista.
Esse projeto teve como objetivo o abastecimento de água para comunidades extrativistas
na região Amazônica usando Tecnologias Sociais e Sistema de Acesso à Água Pluvial
Multiuso Comunitário e Sistema de Acesso à Água Pluvial Multiuso Autônomo
(BERNARDES; COSTA; BERNARDES, 2018).
O projeto também forneceu às famílias beneficiárias a construção de Instalação
Sanitária Domiciliar (ISD). Este sistema consiste em uma estrutura física composta por um
cômodo anexo ao domicílio que contém uma pia, um vaso sanitário, um chuveiro, uma pia de
cozinha e uma fossa séptica.
As descargas dos vasos sanitários das ISD compõem o esgoto sanitário que é destinado
para as fossas simplificadas. Desta forma, os efluentes são coletados, tratados ou destinados de
modo individual. Após atingir sua capacidade volumétrica máxima, esta deve ser desativada e
construída uma nova fossa nas proximidades por responsabilidade de cada morador.
De acordo com os dados do projeto, as fossas simplificadas deveriam ser construídas
com 1,80 m de profundidade e abertura de 1,80 x 1,00 m com distância horizontal mínima de
15 metros dos poços tubulares profundos e com distância vertical de 1,5 metros acima do nível
mais alto do lençol freático.
As famílias não beneficiadas utilizam fossas negras que, de acordo com os moradores,
algumas possuem revestimentos em alvenaria apenas nas laterais. O fundo é desprovido de
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 197
revestimento e os dejetos entram em contato direto com o solo inferior no interior da fossa. Em
uma parcela das residências o banheiro é construído do lado de fora da residência. A fossa, na
maioria dos casos, é apenas um buraco escavado no solo, com poucos metros de profundidade.
O banheiro é construído logo acima e conta com vaso sanitário ou uma latrina rudimentar.
A prefeitura não demonstrou inciativa para a obtenção das licenças regulamentares
estabelecidos pela Resolução CONAMA 005/88 que dispõem e inclusive determinam critérios
e padrões para o licenciamento. Também não foi identificada a classificação dos corpos de água
conforme preconiza a Resolução CONAMA 357/2005. No caso do rio Jari, é possível enquadrá-
lo com a classificação II (permite uso da água para abastecimento público com o nível de
tratamento até o secundário (SANTOS et al. 2018).
A prefeitura não dispõe de um planejamento para a escolha da localização e construção
estabelecido na Resolução CONAMA 237/97. Mas a Resolução CONAMA 377/2006 dispõe
sobre o licenciamento ambiental simplificado do SES de pequenos e médios portes e a
prefeitura também não possui e nem tem solicitação em andamento.
Além disso, a prefeitura não possui estabelecidos parâmetros, diretrizes e padrões
estabelecidos para a gestão do lançamento de efluentes em corpos de água receptores na
Resolução CONAMA 430/2011.
Segundo Ávila (2005), a aplicação de tecnologias em tratamento de esgotos deve ser
adequada à realidade do Brasil, e a aplicação de sistemas funcionalmente simples pode
evidenciar-se vantajosa perante as condições ambientais, culturais, e econômicas do país.
A maioria dos municípios amapaenses adota como solução para o tratamento de esgoto
o uso de fossa negra e séptica, frequentemente sem filtro anaeróbio ou sumidouro. Deste modo,
o principal sistema adotado para atender a falta desse serviço tem sido a construção de fossas
sépticas e unidades complementares. Essa solução pode auxiliar na redução do lançamento de
dejetos em locais inapropriados, amenizando os impactos ambientais decorrentes da
inexistência de rede coletora de esgoto (ZAGO e DUSI, 2017).

Detalhamentos sobre a fossa séptica

Também conhecida como decanto-digestor ou tanque séptico, a fossa séptica é um


método de tratamento individual de esgotos, utilizada por comunidades que dispõem de
consumo relativamente pequeno de água e empregadas em áreas urbanas carentes de rede
coletora pública de esgoto sanitário (ZAGO e DUSI, 2017).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 198


As fossas sépticas são reatores biológicos anaeróbios, em que ocorrem reações químicas
com a intervenção de microrganismos, os quais participam ativamente da redução de matéria
orgânica. Nesses dispositivos, o esgoto é tratado sem a participação de oxigênio livre (ambiente
anaeróbio), havendo a composição de uma biomassa anaeróbia (lodo anaeróbio) e formação de
biogás, o qual é composto basicamente por metano (CO2) e gás carbônico (CH4 – gás natural).
Assim, as fossas sépticas podem ser de câmara única, em série ou sobrepostas (ZAGO e DUSI
(2017).
Este sistema de fossas sépticas é projetado de modo a coletar todos os despejos
domésticos de cozinhas, lavanderias, banheiro, ralos de pisos, etc. Geralmente é essencial
intercalar caixas de gordura ligadas à canalização da cozinha, com a finalidade de reter a
gordura da mesma, antes de seguir a fossa séptica (JORDÃO; PESSOA, 1995; ZAGO e DUSI,
2017).
Os sistemas precisam ser projetados de modo completo, incluindo o destino final para
efluente e lodo, e quando necessário, utilizar sistemas de tratamento complementar dispostos
na NBR 13969 (NBR 7229, ABNT, 1993). As fossas sépticas têm eficiência estabelecida entre
40% e 70% na retirada de Demando Bioquímica de Oxigênio (DBO), e 50% a 80% na retirada
de Sólidos Suspensos Totais (SST) (ZAGO, M. E DUSI, L. 2017). Essa eficiência depende de
diversos aspectos: carga hidráulica, carga orgânica volumétrica, geometria, arranjo das
câmaras, temperatura e condições de operação (ÁVILA, 2005).
Contudo, em geral, em trabalho de campo em Cutias, o formato mais observado é
unicameral e retangular, com dimensões variadas de largura, profundidade e comprimento.
Mas, de acordo com a NBR 7229 (ABNT, 1993) o volume total da fossa séptica é a somatória
dos volumes de digestão, sedimentação e de armazenamento de lodo, que pode ser calculada
pela expressão:
V = 1.000 + N x (C x T + K x Lf) (L)
Onde:
V = volume útil, em litros (L);
N = número de contribuintes, sendo consideradas duas pessoas por quarto, exceto em
quarto de empregada doméstica, o qual é considerado uma pessoa no cálculo;
C = contribuição de despejos, em litro/pessoa x dia ou em litro/unidade x dia;
Tempo de detenção, em dias;
K = Taxa de acumulação de lodo, em dias;
Lf = contribuição de lodo fresco, em Litro/pessoa x dia ou em Litro/unidade x dia.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 199


Sendo que os parâmetros indicados acima podem ser encontrados em tabelas na NBR
7229 (ABNT, 1993).
É determinante lembrar que a fossa séptica não purifica os esgotos, mas somente reduz
sua carga orgânica a um grau de tratamento admissível, sendo assim, seu efluente ainda contém
elevadas quantidades de organismos patogênicos, nutrientes inorgânicos e sólidos, os quais são
transportados junto com produto solúvel proveniente da decomposição do lodo (JORDÃO;
PESSOA, 1995 apud ZAGO, M. E DUSI, L. 2017).
Com tais características, o tratamento de esgoto por fossa séptica pode gerar efluente de
qualidade regular, que pode necessitar de um pós-tratamento complementar e disposição final
do efluente, em virtude da necessidade do saneamento básico no local de aplicação do sistema
(ÁVILA, 2005).

5.1.3. Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) e Emissários


Não existe no município de Laranjal do Jari ETE e ou emissários. Contudo, na Lei 0545
(2016), estão previstos que os projetos de infraestrutura relacionados com saneamento e
recursos hídricos, devam respeitar uma série de quesitos e diretrizes (já comentados no capítulo
4 deste Diagnóstico), os quais consideram a socioterritoriedade da bacia hidrográfica. Por
exemplo, as sinergias sanitárias e ambientais entre os empreendimentos industriais,
agroflorestais e urbanos.

5.1.4. Destinação dos Efluentes e Resíduos Sólidos


A destinação das águas residuárias na sede do município ocorre em fossa negra ou fossa
séptica. Após o esgotamento de sua capacidade ocorre a natural desativação da fossa porque
não há processos de retirada frequente do lodo (nem empresas do tipo limpa fossa). Deste modo,
o que ocorre é a abertura de uma nova fossa, com o abandono da fossa anterior, que se torna
uma fonte de acumulação da nova estrutura). Em algumas localidades da área urbana, as águas
residuárias e excretas (esgotos domésticos em sua maioria) são lançadas diretamente no solo
ou a céu aberto, na rede de drenagem natural, principalmente nas áreas sujeitas à inundações
(Fotografia 5.2 a-b).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 200


Fotografia 5.2: Destinação das águas residuárias nas áreas alagadas de laranjal do Jari

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2020).

As Fotografia 5.2 a-b mostram a disposição das águas com esgotos domésticos nas áreas
úmidas do município de Laranjal do Jari. Na Fotografia 5.2a é possível observar que nas áreas
alagadas, as excretas humanas são lançadas diretamente na água, em uma área a poucos metros
das instalações sanitárias (captação individual de água para consumo humano). Na Fotografia
5.2b, pode-se observar que as águas residuárias são lançadas em uma fossa negra aterrada.
De uma forma geral, as residências localizadas em bairros de terra firme depositam suas
esgotos domésticos em fossas negras ou fossas sépticas. Nos bairros localizados à margem do
rio e nas áreas úmidas elas lançam seus esgotos domésticos e dejetos diretamente no rio ou a
céu aberto, o que vem causando o aumento significativo de nutrientes e processos de diferentes
níveis ou estágios de eutrofização (ABREU e CUNHA, 2017; OLIVEIRA e CUNHA, 2014).
Neste aspecto, contudo, além dos riscos inerentes da construção de reservatório a
montante (Usina Hidrelétrica de Santo Antônio), somado aos problemas de excesso de
nutrientes de esgotos sanitários às margens dos rios, a eutrofização excessiva pode ter
consequências bastante nocivas para a qualidade da água, como o surgimento de “blooms” de
algas (cianobactérias tóxicas), muito comuns em reservatórios de usinas e ambientes urbanos
excessivamente poluídos (CUNHA a,b et al., 2019).
Na zona rural a destinação das águas residuárias é semelhante ao que é observado na
sede, porém em menor quantidade e com menos impactos devido a carga reduzida e menos
concentrada. Além disso, na zona ribeirinha os equipamentos de destino final de esgotos
(fossas) não têm proteção e sofrem constantes transbordamentos para área com acesso da
população inclusive de crianças. Esse problema é típico de zonas ribeirinhas, onde há contato
da água do rio (onde é captada pelo abastecimento normalmente individual), com esses resíduos

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 201


domésticos que fluem pontual ou difusivamente no entorno das vilas e comunidades típicas
destes locais.

5.1.5. Licenças Ambientais


Não há licenças ambientais para esta finalidade, apesar das diretrizes previstas na LOM
(2006) e na Lei 0545 (2016).

5.1.6. Índice de Cobertura


Para este item não há indicadores de cobertura, a não ser de forma indireta, como será
tratado no tópico 5.10 (Indicadores de esgotamento sanitário ou integrados com indicadores de
água de abastecimento, descritos em SNIS (2019) e obtidos de dados primários em campo
durante a elaboração deste Diagnóstico Técnico-Participativo.

5.1.7. Concessão dos Serviços


A concessão pelos Serviços de Esgotamento é da CAESA. Entretanto, devido a
completa ausência de redes ou sistemas de esgotamento sanitário coletivo (SES) tanto na sede
de Laranjal do Jari quanto nas zonas rurais (terrestres ou ribeirinhas), esta dimensão não tem
sido executada de forma responsável. Não há atividades registradas para sua efetiva gestão,
nem gerenciamento, nem monitoramento, nem previsão de obras de infraestrutura desta
dimensão do Saneamento Básico. Tanto o Estado (CAESA), quanto o município (Laranjal do
Jari) quanto os órgãos fiscalizadores dos recursos hídricos (ANA) desconhecem quase que
completamente as informações sobre esgotos sanitários nesta região.
A Lei 0545 (2016) é uma das melhores ferramentas disponíveis para a gestão do setor
sanitário e ambiental. Porém, suas diretrizes deverão ser seguidas e obrigatoriamente integradas
com as do presente Diagnóstico Técnico-Participativo, como base para o desenvolvimento
deste setor, tanto na sede municipal quanto nas comunidades rurais, iniciando-se com as de
maior desenvolvimento (Padaria e Água Branca do Cajari).

5.2. Identificação e análise das principais deficiências referentes aos sistemas de


esgotamento sanitário
O município de Laranjal do Jari, tanto na sede quanto na zona rural, não conta com SES
coletivo. As soluções individuais adotadas são fossas negras e fossas sépticas. No entanto, esse
termo fossa séptica é utilizado de forma errônea pelos moradores, visto que não seguem os
padrões de dimensionamento e construção delas, conforme preconiza a NBR 7229/1993 Nas
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 202
áreas de terra firme da sede do município é observada a utilização desses dois tipos de fossas
para lançamento do esgoto.
A fossa séptica se destaca como uma estação primária do tratamento de esgoto não tendo
seus despejos entrando em contato com o lençol freático ou solo antes de passar por um
sumidouro, separando a parte sólida da parte líquida. Desta forma, a parte sólida passa por um
processo anaeróbico reduzindo a quantidade de matéria orgânica e a parte líquida passa pelo
sumidouro onde haverá o contato com o solo ou lençol freático. Contudo, todo esse mecanismo
é prejudicado quando a fossa não atende aos padrões de dimensionamento e operação, nem é
verificado a elevação do nível d´água do lençol freático potencialmente existente abaixo destas
estruturas (AAI, 2011).
É comum observar na sede municipal esses erros dos projetos e operação das fossas
sépticas. Muitas são compostas apenas de uma câmara impermeabilizada internamente, sem
filtro ou sumidouro. Além disso, a presença de suspiros interfere na ação dos microrganismos
anaeróbios responsáveis pela decomposição da matéria orgânica.
O uso de fossas negras na sede do município também é recorrente. Estas não são
totalmente impermeabilizadas internamente e permitem que haja contato das águas residuárias
diretamente com o solo ou lençol freático, o que representa um crime ambiental.
Um dos mais graves problemas observados em relação ao esgoto sanitário na sede
municipal é seu lançamento in natura nos corpos d´água e principalmente no rio Jari e nas áreas
úmidas. Isso representa um sério problema ambiental, visto que pode contaminar a água por
microrganismos patogênicos, altera a qualidade da água e compromete a saúde da população
(ABREU e CUNHA, 2017; OLIVEIRA e CUNHA, 2014).
Nas zonas ribeirinhas, a situação é semelhante. A maior parte dos sistemas isolados são
fossas negras. Em certas comunidades, conforme relatado pelos moradores durante as oficinas
temáticas, há residências onde as excretas são lançadas diretamente no solo. Isso presenta um
sério problema ambiental e de saúde pública, visto que as instalações sanitárias ficam próximas
aos corpos d’água utilizados para abastecimento e consumo.
Além disso, os pulsos de inundações nessas áreas trazem grandes transtornos aos
moradores, pois as fossas ficam infiltradas e acabam vazando para superfície os dejetos do seu
interior. Portanto, a deficiência de um SES coletivo ou individual, seja por construções
irregulares de tanques sépticos, expõe a população local a sério risco de morte por doenças de
veiculação hídrica (ABREU e CUNHA, 2017; OLIVEIRA e CUNHA, 2014; OLIVEIRA e
CUNHA, 2016, AAI, 2011).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 203


5.3. Indicação das áreas de risco de contaminação e das fontes pontuais de poluição por
esgotos no município
O processo de caracterização do risco objetiva o conhecimento dos fatores de risco que
afetam o território, identificando a localização, a gravidade dos danos potenciais e as
probabilidades de ocorrência (BRASILIANO, 2011; CASTRO, 2008; VEYRET, 2007).
As cidades com espaços hegemônicos, de concentração urbana, de acúmulo de
população e de complexas (e inadequadas) infraestruturas, tornam-se espaços onde indivíduos
e sociedade encontram-se mais vulneráveis à perdas advindas de processos variados. Isto é,
espaços de risco (SANTOS, 1998; ADGER, 2006).
Por exemplo, parte significativa da zona urbana de Laranjal do Jari insere-se em área de
várzea e é composta por sete bairros principais: Mirilândia, Samaúma, Malvina, Comercial,
Três irmãos, Santarém e Central. Assim, os bairros de várzea urbana de Laranjal do Jari (zona
baixa), são os mais afetados por enchentes e são consideradas como áreas de risco (OLIVEIRA
e CUNHA, 2015; MARQUES e CUNHA, 2010).
Para exemplificar o problema, de acordo com dados do Plano Diretor Participativo de
Laranjal do Jari (Lei 0454/2016), essa área corresponde a aproximadamente 49% da população
total desse município (data referente a 2015), o que equivalia à época a 19.571 habitantes.
Segundo AAI (2011), dentre os problemas socioambientais existentes na bacia do Rio Jari, os
mais citados pelos participantes em um questionário aplicado à época da implantação da Usina
Hidrelétrica de Santo Antônio, diziam respeito ao saneamento básico: tratamento de água para
abastecimento, com 64% (dos problemas mais relevantes); cheias, coleta e tratamento de
esgoto, coleta e disposição de resíduos sólidos e ocupação desordenada, todos com 59% (dos
problemas mais relevantes).
Isto é um reflexo das condições socioeconômicas do município de Laranjal do Jari.
Segundo AAI (2011), as condições de vida da população traduzem o IDH médio (Índice de
Desenvolvimento Humano) dos municípios amapaenses e paraenses na bacia como menor que
a média do IDH do Brasil. Esta situação reflete a precariedade da infraestrutura urbana, das
estradas, do saneamento, da educação e da energia, principalmente no lado amapaense, onde se
destacam os municípios de Laranjal do Jari (Beiradão) e Vitória do Jari (Beiradinho).
Além disso, situações de risco, como alagamentos intensos, potencializam alterações no
quadro epidemiológico que podem ser intensificados por fatores socioambientais, tais como a
ausência ou precariedade da infraestrutura de saneamento, se houver ocupação desordenada,
déficits nutricionais e hábitos de higiene. As consequências mais importantes são doenças com
maior potencial de disseminação diante da proliferação de vetores na região, como malária,
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 204
febre amarela, dengue, filariose humana, encefalite e leishmaniose e doenças de notificação
compulsória (diarreias agudas).
Segundo Lucas et al. (2010) e Oliveira e Cunha (2010), hidrologicamente, a enchente
do ano de 2000 foi consequência de anomalias positivas de chuva ao longo de cinco meses
consecutivos durante o período chuvoso. A intensidade das chuvas combinada com sua longa
duração (ver 3ª coluna com duração em dias, na 1a linha, com 50 dias ilustrado no Quadro 5.1)
impactou fortemente o regime hidrológico da bacia, causando danos e prejuízos econômicos e
sociais extraordinários e, até a atualidade, este evento é ainda insuperável do ponto de vista dos
danos gerais registrados pela Defesa Civil em 2000, além de outros dois registrados em 2006 e
2008.
Quadro 5.1: característica dos eventos hidrometeorológicos e repercussão social

Fonte: Oliveira e Cunha (2015).

Os referidos autores aplicaram um modelo conceitual de contingência para análise de


risco de desastre na área urbana afetada por evento hidrológico adverso em Laranjal do Jari-
AP, quantificando probabilidades e níveis dos impactos relacionados com a enchente de 2000
e a maior repercussão histórica já registrada no referido município.
Esse mesmo estudo pode ser aplicado para eventos similares futuros. No estudo de
Oliveira e Cunha (2015) adaptou-se o modelo de análise de risco de Brasiliano (2011),
demonstrando sua adequação e simplicidade para estimar a probabilidade de ocorrência de
enchentes na bacia hidrográfica do rio Jarí. Ao se avaliar o nível de impacto causado pelo evento
com projeção para o futuro, caso venha ocorrer novamente, com destaque para a identificação
da probabilidade de ocorrência de enchente na bacia do rio Jarí, aquele evento foi considerado
com probabilidade extremamente alta, com nível entre 80,01 a 100%. Portanto, as
probabilidades sugerem que há chances de eventos futuros semelhantes ocorrerem a cada 5 a 6
anos, aproximadamente.
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 205
A vantagem deste tipo de análise é que, de acordo com a matriz de risco desenvolvida,
o nível moderado já permite a minimização de impactos com adoção de medidas preventivas a
curto e médio prazos, o que favorece a ação da governança do setor de desastres dos eventos
(Defesa Civil), utilizando-se menos recursos do que se realizados para ações reativas
(OLIVEIRA e CUNHA, 2015).
Porém, como previsto na Lei 0545 (2016), o monitoramento dos fatores climáticos e
ambientais deve ser integrado à gestão do risco, de modo que se sejam utilizadas como
ferramentas indispensáveis no combate aos impactos de desastres naturais futuros ou causados
pelo homem (barragem, indústria, etc), especialmente afetando todo o sistema de saneamento
básico e de saúde da sede municipal.
Os impactos socioeconômicos da enchente de 2000 devem ser efetivamente
considerados em qualquer plano, programa, ação ou projeto de saneamento básico, pois servem
como referência como o mais grave da história de desastre natural de todo o Amapá. Tanto que
sofreu interferência gerencial do Estado no município e auxílio emergencial do governo federal.
Por exemplo, os prejuízos econômicos e sociais somados nestes eventos foram superiores ao
Produto Interno Bruto (PIB) do próprio município daquele ano, sendo necessário decretar
estado de calamidade pública (OLIVEIRA e CUNHA, 2010).
Enchentes na sede municipal de Laranjal do Jari significam prejuízos sociais,
educacionais, econômicos, sanitários, saúde pública, etc. Principalmente porque, nestes
espaços, a inadequação as características conflitantes dos eventos em relação aos modos de
ocupação e uso do solo tende a potencializar danos em geral, que são visivelmente observados
durante as crises e catástrofes sociais e econômicas causadas por estes eventos. Estes cenários
determinam situações de perdas potenciais ou efetivas, pela apropriação e uso indevido dos
recursos naturais mediante processos produtivos, e em função da própria dinâmica natural do
ambiente, relacionando-se efetivamente à sua dinâmica socioespacial (VEYRET, 2007;
SANTOS, 1998).
Nas Fotografia 5.3, Fotografia 5.4 e Fotografia 5.5 é possível observar o cenário de
inundação causada pelo evento hidrológico extremo de 2000 em Laranjal do Jari.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 206


Fotografia 5.3: Evento de alagamento em Laranjal do Jari-AP em 2000 – vista aérea 1

Fonte: GTA (Grupo Tático Aéreo) do Governo do Estado do Amapá.

Fotografia 5.4: Evento de alagamento em Laranjal do Jari-AP em 2000 – vista aérea 2

Fonte: GTA (Grupo Tático Aéreo) do Governo do Estado do Amapá (2000).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 207


Fotografia 5.5: Situação do lixo domiciliar na área de estudo durante a enchente de
2008 em Laranjal do Jari-AP

Fonte: Oliveira (2011)

5.4. Análise crítica dos planos diretores de esgotamento sanitário da área de


planejamento, quando houver
É fato que o Município de Laranjal do Jari dispõe de uma Lei (Lei 0545/2016) que
institui uma “Revisão do Plano de Desenvolvimento Urbano e Ambiental”. E esta Lei apresenta
bons direcionamentos para a política do setor. Todavia não trata com a devida profundidade de
tópicos específicos necessários para um Plano Municipal de Saneamento. Apenas dá as
diretrizes básicas gerais para as intervenções de políticas públicas. E isso é positivo,
principalmente porque leva em consideração a importância desses estudos no âmbito da Bacia
Hidrográfica como unidade básica de gerenciamento. Como resultado, inclui uma visão ampla
e holística dos problemas e sinergismos ambientais mais relevantes que ocorrem neste espaço
geográfico natural.
Contudo, Vieira et al., (2015) comentam que as autoridades públicas responsáveis por
tais políticas devem incluir com mais eficiência a indispensável necessidade da participação da
sociedade civil em todo o processo de construção e decisão sobre os desdobramentos deste
Plano Diretor. E consequentemente os do PMSB em construção.
Além disso, asseveram que, mesmo com a participação da sociedade, prevista na sua
vertente eleitoral, em Laranjal do Jari, ainda não há esta plena efetividade nas decisões cidadãs
e na governabilidade para a expressar o verdadeiro controle social, tão almejado pela
democracia, expressa nos últimos estágios de classificação do processo participativo analisados
(VIEIRA et al., 2015; FUNASA, 2018).
O Termo de Referência para os Planos Municipais de Saneamento Básico (MPSB),
determina, com base na Lei 11.422/2011, que este produto deva ser construído a partir de
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 208
processos de mobilização e controle social (FUNASA (2018). Isto é, apresenta um modelo de
referência com conteúdo mínimo para a elaboração desses Planos. Tanto que um dos produtos
intermediários do PMSB é o Plano de Mobilização e Controle Social elaborado antes mesmo
de se dar sequência aos Diagnósticos Técnico-Participativos (DTP) dos PMSB.
Por um lado, esta é uma tarefa sabidamente difícil de empreender nos municípios do
Amapá porque, em sua maioria, não dispõem sequer de quadros de funcionários ou técnicos
para efetivamente conduzir, acompanhar, participar, fiscalizar e desenvolver cada etapa desses
planos. Além disso, como comentado em tópicos anteriores, há limitações severas do nível
educacional da população, que dificulta o entendimento, apropriação e maior interesse sobre o
conhecimento os temas relacionados com os PMSB, limitando também sua eficiência e êxito.
Por outro lado, as ações de cada cidadão refletem diretamente no funcionamento da
cidade e com mais intensidade quando há articulação em prol do bem coletivo, atitude
necessária para que todo o esforço empreendido na elaboração do plano tenha resultados
significativos. Quando o direito à cidade é incorporado ao sentimento de pertencimento, o ator
social torna-se o protagonista do desenvolvimento da cidade analisados (VIEIRA et al., (2015).

5.5. Identificação de principais fundos de vale, corpos d’água receptores e possíveis áreas
para locação de ETE
O mapeamento dessas feições torna-se um elemento importante para identificação e
melhor compreensão dos fenômenos naturais, suas interações e os produtos resultantes,
permitindo assim um melhor planejamento para o uso e ocupação do solo durante a elaboração
do PMSB. As feições relativas ao relevo foram identificadas e mapeadas a partir de
levantamentos de dados pre-existentes e da fotointerpretação de modelos digitais de terreno
(MDT) gerados por interferometria radar com resolução espacial de 2,5 x 2,5 m, compativeis
com escala 1:25.000.
No municipio de Laranjal do Jari as feições de fundo de vale são decorrentes de
processos que contribuiram para a formação das duas formas de relevo predominante na áraea,
sendo estas:
1) Planaltos e tabuleiros rebaixados do sul do Amapá, com grau de dissecação fraco a
médio, com formas convexas (relevo topo convexo) e formas tabulares (relevo topo
aplainado). O grau de dissecação é caracterizado por um espaçamento interfluvial
entre 250 a 750 m, podendo chegar a 2000 m, e um aprofundamento de drenagem
que varia de 20 a 80 m (IEPA, 2007). A variação altimétrica deste setor está entre
10 a 220 m conforme valores do Modelo Digital do Terreno - MDT (Mapa 5.1).
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 209
2) Planicies fluviais que se desenvolvem nas regiões mais rebaixadas e planas junto às
margens do Rio Jari, apresentam valores de altimetria entre 1 a 5 m. São áreas que
correspondem aos depósitos quaternários associados aos processos fluviais e
estuarinos, com solos pouco consolidados, frágeis e sujeitas à inundação.

Mapa 5.1: Modelo digital de terreno com a variação altimetrica da região da sede municipal
de Laranjal do Jari com destaque para o padrão de sistema de drenagem que esculpem o
relevo da área

Fonte: Equipe do PMSB (2019), Modelo Digital de Terreno (MDT InSAR, BCDCAP, 2017-2019).

Os vales são alimentados por um sistema de drenagem de 1ª a 3ª ordem, com um padrão,


predominantemente, dendritico à treliça. Os principais cursos d’água perenes são os igarapés
Arapiranga e Piunquara que fluem para as regiões mais rebaixadas, sendo pequenos tributários
do rio Jari. O principal fundo de vale é esculpido pelo rio Jari que flui de oeste para a sudeste,
sendo o principal sistema receptor das aguas que flui tanto a partir das terras mais altas, como
das areas mais rebaixadas, contribuindo para o abastecimento de toda área e definindo um dos
limites naturais deste municipio.
A indicação de áreas potenciais para instalação de ETE foi realizada através do método
de álgebra da mapas em ambiente ArcGis. Os dados utilizados são oriundos de diversas fontes
como: IBGE (2004), IEPA (2007), ZEE (2008) e da Base Cartográfica Digital Contínua do
Amapá (2017-2019) e consistem de dados vetoriais de hidrografia, acessos, áreas alagadas
(sujeitas a inundação), área urbana. Um modelo digital do terreno, gerado por interferometria
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 210
SAR com resolução espacial de 2.5 x 2.5 m foi utilizado para modelar o terreno e gerar dados
relativos à variação morfométrica (topografia e declividade).
A metodologia baseia-se no uso de geoprocessamento, segundo um critério múltiplo
que considera a avaliação das condições ambientais registradas na área, aspectos legislativos e
critérios restritivos. A obtenção de dados de diversas fontes implicou em projeções e data
diferentes. Esta limitação dificultaria a correta sobreposição dos dados. Todavia, estes foram
convertidos e reprojetados para o sistema UTM datum SIRGAS 2000.
Toda análise foi realizada em uma área de influência de raio de 10 km a partir do
centroide do polígono relativo à área edificada da sede. Assim, foram definidas 6 variáveis para
a indicação de áreas potenciais de instalação de uma futura ETE: declividade e topografia do
terreno, proximidade dos corpos d’água, acessos, área urbana e localização de áreas sujeitas à
inundação e alagamentos (áreas de risco) pelas águas pluviais e marés (Tabela 5.2).

Tabela 5.2: Critérios utilizados na análise multicritério para a seleção de áreas viáveis a
instalação da ETE.
Critérios Definição
Áreas vulneráveis à inundação e alagamentos são incompatíveis com
Áreas sujeitas a
o empreendimento relativo a ETE, devido a custos causados pelas
inundação
enchentes e/ou custos relativos a aterro da área;
Drenagem Refere-se a proximidade ao corpo d’água receptor e afluentes;
Refere-se as características físicas do terreno, onde áreas estáveis e
Topografia
planas são mais satisfatórias;
Áreas mais planas são menos sujeitas a erosão e, portanto, mais
Declividade
estáveis para a instalação da ETE;
Acessos Indica a existência e a proximidade de acessos as áreas viáveis;
Mancha urbana Proximidade das áreas viáveis à sede municipal (área edificada).
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia e Geoprocessamento/PMSB (2020).

Os intervalos de classes de declividade foram estabelecidos de acordo com o grau de


limitação de uso do solo em função da susceptibilidade à erosão. Segundo Moreira et al. (2008)
apud Leite e Zuquete (1996), áreas com a declividade superior a 20% são mais suscetíveis a
instabilidades, propensão à infiltração e inconsolidação do material depositado. Utilizando
como base conceitual a relação entre as unidades que compõem o relevo (colinas de baixa
amplitude e extensas planícies fluviais) e a declividade dos terrenos, é possível esquematizar
uma linha norteadora de raciocínio.
Tendo como preferência para instalação de ETE os locais situados em áreas de baixa
declividade em terrenos planos, menores elevações e próximos aos corpos de aguas, um outro

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 211


fator fundamental e limitante para a seleção destas áreas é a ação sazonal das marés e das aguas
pluviais nesta região, que geram extensas áreas sujeitas a transbordamentos, alagamentos e
inundações, principalmente nos períodos de alta pluviosidade (SILVEIRA, 2014; ABREU e
CUNHA, 2016).
As áreas elegidas para instalação de ETE devem estar estruturadas de modo a facilitar
sua implantação e reduzir custos. Tais localidades devem se caracterizar por terrenos planos,
próximos aos rios e, preferencialmente secas (não sujeitas a alagamentos e inundação
periódicas, principalmente aqueles sujeitos à eventos extremos) (OLIVEIRA, 2011;
OLIVEIRA e CUNHA, 2015).
A última etapa tange a álgebra de mapas, reclassificação dos dados atribuindo notas e
pesos. Nesta etapa, as operações e manipulações devem ser feitos em dados no formato
matricial. Por esta razão os dados vetoriais referentes a rios (hidrografia), área sujeita a
inundação, acessos, declividade e topografia, foram convertidos.
A reclassificação dos dados foi feita a partir dos parâmetros pré-estabelecidos
encontrados na legislação, na qual são incorporados os valores das notas determinadas a cada
classe de cada uma das informações, gerando mapas reclassificados e, que serão utilizados na
álgebra de mapas. As notas correspondem a uma escala representativa de 1 a 5, onde 5 é a opção
mais adequada para receber a estação (ETE), como mostra a Tabela 5.3.

Tabela 5.3: Valores das notas atribuídas as diferentes classes


Variável Classe Nota
30 m 5
50 m 4
Hidrografia 100 m 3
200 m 2
>500 m 1
0 – 40 m 5
40 – 80 m 4
Topografia (elevação) 80 – 120 m 1
120 - 220 m 1
> 220 m 1
Não alagada 5
Área sujeita a inundação
Alagada 1
0-3% Plano 5
3-8% Suavemente ondulado 4
Declividade 8-20% Ondulado 3
20-45% Montanhoso 1
>45% Fortemente montanhoso 1
500 m 5
1000 m 4
Acessos
1500 m 3
2000 m 2
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 212
>2000 m 1
500 m 5
1000 m 4
Área Urbana 1500 m 1
2000 m 1
2500 m 1
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia e Geoprocessamento/PMSB (2020).

Para cada variável analisada, atribuiu-se pesos segundo o grau de importância,


relevância e/ou limitação à implantação da ETE. Esses pesos foram distribuídos conforme a
Tabela 5.4.

Tabela 5.4: Pesos atribuídos para as variáveis em análise


Variável Peso
Topografia 0,20
Declividade 0,10
Áreas sujeitas a inundação 0,30
Proximidade de corpos d’água (Drenagem) 0,20
Acessos 0,10
Área Urbana 0,10
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia e Geoprocessamento/PMSB (2020).

O critério para se estabelecer tanto as notas, quanto os pesos se deram a partir da


literatura revista como Silva e Zaidan (2004) e Weber e Hasernack (2001), onde se buscou
informações de quais seriam as melhores opções e o que tange a viabilidade da instalação da
ETE.
As áreas sujeitas à inundações e alagamentos foi a variável que recebeu o maior peso,
por ser um fator altamente limitante e as áreas mais atrativas estarem contidas em zonas
próximas ou internas às áreas de risco. Isto porque estas áreas são rebaixadas e desenvolvem
planícies e terraços fluviais de natureza inundável como resposta ao regime de marés e aos
cenários climáticos (precipitação pluviométrica) a que estão submetidas. Ocorrem também
planícies fluviais alagadas (superfície de acumulação permanentemente alagadas) e planícies
de marés. Esta variável “limita” e compromete a instalação e a estabilidade de toda a estrutura
física do projeto de engenharia da ETE.
A álgebra de mapas é um conjunto de operações que manipulam campos geográficos
imagens, mapas temáticos e modelos numéricos do terreno (Barbosa, 1999). O cruzamento das
diversas informações obtidas possibilitará a geração de um mapa síntese na qual serão
visualizadas as áreas consideradas adequadas para a construção do aterro (sugestão básica, que
não substitui o estudo de concepção em engenharia).
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 213
A equação abaixo, representa a fórmula utilizada para o raster calculator, ferramenta
disponível no aplicativo ArcGis, para a análise em questão.

("Elevação_r" * 0.20) + ("ProximidadeHidro_r" * 0.20) + ("AreaAlag_r" * 0.30) +


("Declividade_r" *0.10) + (“Acessos_r”*0.10) + (“Urbana_r”*0.10)

O Mapa 5.2 representa a síntese das áreas viáveis à instalação de uma Estação de
Tratamento de Esgoto (ETE) até 10 km da sede municipal de Laranjal do Jari. Os locais
apontados em vermelho representam as localidades melhor enquadradas aos pré-requisitos
estimados anteriormente. O retângulo (a) indica o local mais adequado segundo a análise
(terreno mais elevado e a jusante da ETA (captação) e o retânguo (b) área a jusante da cidade
de Laranjal do Jari, porém, com topografia inadequada para uma ET.

Mapa 5.2: Áreas potenciais a instalação de ETE na região da sede municipal

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia e Geoprocessamento/PMSB (2020).

A interpretação sintética dos Mapa 5.1 e Mapa 5.2 é que, após análise do modelo,
aparentemente em a) não há um local ideal a jusante da ETA (CAESA, atual), apesar do terreno
mostrar alta viabilidade. Em b) a área do retângulo indica que a localidade é ideal, porém a
elevação do terreno não é muito apropriada para a construção de uma ETE.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 214


Por outro lado, as demais áreas que formam a zona de várzea da orla da cidade (próximo
ao contorno acentuado ao sul da zona urbana, praticamente é toda considerada como área de
risco de alagamento.
Apesar de atualmente a influência da “regularização” do fluxo ou vazão da água a
montante (Usina Hidrelétrica de Santo Antônio) exerce certo controle da vazão do rio
(SANTOS e CUNHA, 2018; SANTOS e CUNHA, 2013), potencialmente reduzindo os riscos
de inundação da zona urbana de Laranjal do Jari. Isto provavelmente deve ocorrer devido ao
maior controle operacional da usina. Entretanto, os alagamentos continuam ainda frequentes. E
não somente na sede municipal. É comum o noticiário anunciar a ocorrência de alagamentos
também em outras localidades além da do município: Água Branca do Cajari, Santarém do
Cajari, Santa Maria, Ariranha, Timbó, Retiro São Raimundo, etc.

5.7. Verificação da existência de ligações clandestinas de águas pluviais ao sistema de


esgotamento sanitário
Como não há no município um Sistema de Esgotamento Sanitário (SES), não é possível
identificar a existência de ligações clandestinas de águas pluviais ao sistema de esgotamento
sanitário.
Na realidade, ocorre o processo inverso: os esgotos sanitários são geralmente
despejados nas redes de drenagem, quando existentes. Em síntese, as águas pluviais muito
frequentemente são contaminadas por esgotos com despejos pontuais e difusos, normalmente
sem qualquer tratamento adequado, fluindo em sua maioria para as águas do rio Jari (fundo de
vale) (Gráfico 5.1).
Destaca-se no Gráfico 5.1 os respectivos desvios padrão entre diferentes sítios de coleta
de amostras de água (LJ1, LJ2, LJ3 e LJ4, a montante e jusante da cidade) e o valor máximo
permitido (VMP) pelo CONAMA (357/2005) para a) Coliformes Totais e b) E.coli (período
amostral: Janeiro de 2009 a Novembro de 2010). Esse comportamento se reflete em indicadores
microbiológicos monitorados mensalmente, por exemplo, durante quase dois anos, em não
conformidade com a Resolução do CONAMA 357 (2005) (OLIVEIRA e CUNHA, 2014).
Com base na Figura 5.7-a, a concentração de coliformes totais só estava em
conformidade durante os períodos do final do verão (abaixo do VMP < 1000 NMP). Todos os
demais meses representam em algum momento não conformidade, com valores até
excessivamente altos para corpos d´água Classe II (muito acima do VMP < 1000 NMP).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 215


Gráfico 5.1: variação das médias mensais dos parâmetros Coliformes Totais e Echerichia Coli
(E.coli)

Fonte: Oliveira e Cunha (2014).

5.8. Estrutura organizacional responsável pelo serviço de esgotamento sanitário


Na estrutura do organograma da CAESA (Anexo I – Resolução No 002/2020 – FL. 06),
isto é, em nível de Estado, existe a Gerência de Manutenção de Esgoto (Serviços de Manutenção
de Esgoto e Serviços de Manutenção de Ramais de Esgoto).
O que parece ser observado é que a concessionária está responsável pela prestação do
serviço de água e esgoto. Contudo, só atua efetivamente, no primeiro caso: água de
abastecimento. Ainda assim, com muita precariedade.
Há uma gerência específica, destacada no organograma, só para Laranjal do Jari:
Gerência Operacional de Laranjal do Jari (GEROP-LJ), também não atuando na parte de
esgotamento sanitário ou sistemas de esgotamento sanitário.

5.9. Identificação e análise da situação econômico-financeira do serviço de esgotamento


sanitário
Os indicadores da situação financeira do serviço de esgotamento sanitário estão, em sua
maioria, disponíveis na Tabela 5.5 (FN001_AE até FN14_AE; IN52_AE até IN102_AE).
Contudo, não há indicadores exclusivos para Esgotos Sanitários (ES), por exemplo,
G06B - Pop. urbana residente do(s) município(s) com esgotamento sanitário (hab.), G12B –
Pop. total residente do(s) município(s) com esgotamento sanitário, segundo o IBGE (hab.),
GE009 - Quantidade de Sedes municipais atendidas com esgotamento sanitário (und.) ou
GE011 - Quantidade de Localidades (excluídas as sedes) atendidas com esgotamento sanitário
(und.), Tabela 5.6.
A ausência de informações sobre esta dimensão do saneamento básico é um reflexo da
ausência de política e gestão sobre esta componente. Além disso, quase todos os indicadores

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 216


referenciados nas Tabela 5.5 e Tabela 5.6 os dados referentes aos esgotos sanitários são
frequentemente calculados ou estimados em função do consumo ou faturamento da conta de
água. Mas, na verdade, estes não são cadastrados, fiscalizados nem monitorados devido a uma
série de limitações da própria concessionária, que não possui recursos ou planejamento para
este setor, em específico.
O resultado desta cenário é a atual precariedade do saneamento básico em Laranjal do
Jari, o qual está fortemente correlacionados com os níveis da qualidade da água dos mananciais
próximos das cidades ou vilarejos.
Mesmo neste cenário, não há previsões, planos ou projetos voltados exclusivamente
para esta dimensão em Laranjal do Jari, apesar do seu Plano Diretor de Desenvolvimento
Urbano e Ambiental (Lei, 0545 de 2016) apresentar esta preocupação em termos de políticas
públicas. Entretanto, não tem sido observado ações concretas no sentido de planejar o seu
Sistema de Esgotamento Sanitário. Nem na sede municipal, nem no interior.

5.10. Caracterização da prestação dos serviços segundo indicadores


Os indicadores referentes ao esgotamento sanitário estão disponíveis no site do Sistema
Nacional de Informações sobre Saneamento-SNIS. Os dados são fornecidos pelo prestador de
serviço que é a Companhia de Água e Esgoto do Amapá (CAESA) totalizando 40 indicadores.
Como já relatado no tópico 4.9 e 5.9, alguns indicadores de Água são apresentados
conjuntamente com os indicadores de Esgoto neste tópico, Tabela 5.5 e Tabela 5.6.

Tabela 5.5: Indicadores de Água e Esgoto (2018)


Eixos e Indicadores Quantidade
Informações Financeiras de Água e Esgoto
FN001 - Receita operacional direta total (R$/ano) 1.812.683,21
FN002 - Receita operacional direta de água (R$/ano) 1.812.683,21
FN003 - Receita operacional direta de esgoto (R$/ano) Não disponível
FN004 - Receita operacional indireta (R$/ano) 38.553,74
FN005 - Receita operacional total (direta + indireta) (R$/ano) 1.851.236,95
FN006 - Arrecadação total (R$/ano) 466.214,25
FN007 - Receita operacional direta de água exportada (bruta ou tratada) (R$/ano) 0
FN008 - Créditos de contas a receber (R$/ano) 1.385.022,70
FN010 - Despesa com pessoal próprio (R$/ano) 1.418.088,51
FN011 - Despesa com produtos químicos (R$/ano) 316.822,45
FN013 - Despesa com energia elétrica (R$/ano) 861.740,86
FN014 - Despesa com serviços de terceiros (R$/ano) 109.967,22
FN030 - Investimento com recursos próprios realizado pelo prestador de serviços (R$/ano) 0
FN031 - Investimento com recursos onerosos realizado pelo prestador de serviços (R$/ano) 0
FN032 - Investimento com recursos não onerosos realizado pelo prestador de serviços (R$/ano) 0
FN033 - Investimentos totais realizados pelo prestador de serviços (R$/ano) 0
FN034 - Despesas com amortizações do serviço da dívida (R$/ano) 0

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 217


FN035 - Despesas com juros e encargos do serviço da dívida, exceto variações monetária e 0
cambial (R$/ano)
FN036 - Despesa com variações monetárias e cambiais das dívidas (R$/ano) 0
FN037 - Despesas totais com o serviço da dívida (R$/ano) 0
FN038 - Receita operacional direta - esgoto bruto importado (R$/ano) 0
FN039 - Despesa com esgoto exportado (R$/ano) 0
FN041 - Despesas capitalizáveis realizadas pelo(s) município(s) (R$/ano) 0
FN042 - Investimento realizado em abastecimento de água pelo(s) município(s) (R$/ano) 0
FN043 - Investimento realizado em esgotamento sanitário pelo(s) município(s) (R$/ano) 0
FN044 - Outros investimentos realizados pelo(s) município(s) (R$/ano) 0
FN045 - Investimento com recursos próprios realizado pelo(s) município(s) (R$/ano) 0
FN046 - Investimento com recursos onerosos realizado pelo(s) município(s) (R$/ano) 0
FN047 - Investimento com recursos não onerosos realizado pelo(s) município(s) (R$/ano) 0
FN048 - Investimentos totais realizados pelo(s) município(s) (R$/ano) 0
FN051 - Despesas capitalizáveis realizadas pelo estado (R$/ano) 0
FN052 - Investimento realizado em abastecimento de água pelo estado (R$/ano) 0
FN053 - Investimento realizado em esgotamento sanitário pelo estado (R$/ano) 0
FN054 - Outros investimentos realizados pelo estado (R$/ano) 0
FN055 - Investimento com recursos próprios realizado pelo estado (R$/ano) 0
FN056 - Investimento com recursos onerosos realizado pelo estado (R$/ano) 0
FN057 - Investimento com recursos não onerosos realizado pelo estado (R$/ano) 0
FN058 - Investimentos totais realizados pelo estado (R$/ano) 0
Informações de Qualidade Água e Esgoto
QD001 - Tipo de atendimento da portaria sobre qualidade da água (atendimento) Não atende
QD002 - Quantidades de paralisações no sistema de distribuição de água (quant.) Não disponível
QD003 - Duração das paralisações (h) Não disponível
QD004 - Quantidade de economias ativas atingidas por paralisações (econ.) Não disponível
QD006 - Quantidade de amostras para cloro residual (analisadas) (amostra) 8
QD007 - Quantidade de amostras para cloro residual com resultados fora do padrão (amostra) 0
QD008 - Quantidade de amostras para turbidez (analisadas) (amostra) 8
QD009 - Quantidade de amostras para turbidez fora do padrão (amostra) 0
QD011 - Quantidades de extravasamentos de esgotos registrados (extravasamento) Não disponível
QD012 - Duração dos extravasamentos registrados (h) Não disponível
QD015 - Quantidade de economias ativas atingidas por interrupções sistemáticas (econ.) 0
QD016 - Quantidade de amostras analisadas para aferição de coliformes fecais (amostra) Não disponível
QD017 - Quantidade de amostras analisadas para aferição de coliformes fecais, com resultados Não disponível
fora do padrão (amostra)
QD019 - Quantidade mínima de amostras para turbidez (obrigatórias) (amostra) 4.716
QD020 - Quantidade mínima de amostras para cloro residual (obrigatórias) (amostra) 4.716
QD021 - Quantidade de interrupções sistemáticas (interrupções) 0
QD022 - Duração das interrupções sistemáticas (h) 0
QD023 - Quantidade de reclamações ou solicitações de serviços (reclamações) 7
QD024 - Quantidade de serviços executados (serviço executado) 7
QD025 - Tempo total de execução dos serviços (serviço executado/ano) 5,2
QD026 - Quantidade de amostras para coliformes totais (analisadas) (amostra) 8
QD027 - Quantidade de amostras para coliformes totais com resultados fora do padrão (amostra) 0
QD028 - Quantidade mínima de amostras para coliformes totais (obrigatórias) (amostra) 504
QD029 - Atendimento integral da portaria 518/04 (atendimento) Não disponível
Indicadores econômico-financeiros e administrativos - Água e Esgoto
IN002_AE - Índice de produtividade: economias ativas por pessoal próprio (%/econ.) 590,86
IN003_AE - Despesa total com os serviços por m3 faturado (R$/ano) 3,1
IN004_AE - Tarifa média praticada (R$) 1,84
IN005_AE – Tarifa média de água (R$) 1,84
IN006_AE - Tarifa média de esgoto (R$) Não disponível
IN007_AE - Incidência da desp. de pessoal e de serv. de terc. nas despesas totais com os serviços 50
(R$/ano))
IN008_AE - Despesa média anual por empregado (R$) 202.584,07
IN012_AE - Indicador de desempenho financeiro (%) 59,31
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 218
IN018_AE - Quantidade equivalente de pessoal total (equivalente/ pessoa) 8
IN019_AE - Índice de produtividade: economias ativas por pessoal total (equivalente) (%) 548,34
IN026_AE - Despesa de exploração por m3 faturado (R$) 2,77
IN027_AE - Despesa de exploração por economia (R$/ econ.) 660,34
IN029_AE - Índice de evasão de receitas (%) 74,82
IN030_AE - Margem da despesa de exploração (R$) 150,67
IN031_AE - Margem da despesa com pessoal próprio (R$) 78,23
IN032_AE - Margem da despesa com pessoal total (equivalente) (R$) 84,3
IN033_AE - Margem do serviço da dívida (R$/serviço) 0
IN034_AE - Margem das outras despesas de exploração (R$) 1,35
IN035_AE - Participação da despesa com pessoal próprio nas despesas de exploração 51,92
(R$/pessoal)
IN036_AE - Participação da despesa com pessoal total (equivalente) nas despesas de exploração 55,95
(R$/ano)
IN037_AE - Participação da despesa com energia elétrica nas despesas de exploração (R$/ 1000 31,55
Kwh/ano)
IN038_AE - Participação da despesa com produtos químicos nas despesas de exploração (DEX) 11,6
(R$/ produtos)
IN039_AE - Participação das outras despesas nas despesas de exploração (R$) 0,9
IN040_AE - Participação da receita operacional direta de água na receita operacional total 97,92
(R$/ano)
IN041_AE - Participação da receita operacional direta de esgoto na receita operacional total Não disponível
(R$/ano)
IN042_AE - Participação da receita operacional indireta na receita operacional total (R$/ano) 2,08
IN045_AE - Índice de produtividade: empregados próprios por 1000 ligações de água (%/lig.) 1,74
IN048_AE - Índice de produtividade: empregados próprios por 1000 ligações de água + esgoto 1,74
(%/lig.)
IN054_AE - Dias de faturamento comprometidos com contas a receber (dias) 269
IN060_AE - Índice de despesas por consumo de energia elétrica nos sistemas de água e esgotos 0,49
(%/ 1000 Kwh/ano)
IN101_AE - Índice de suficiência de caixa (%) 17,07
IN102_AE - Índice de produtividade de pessoal total (equivalente) (%) 533,69
Fonte: SNIS (2019) adaptado pela equipe de Indicadores.

Tabela 5.6: Indicadores de Esgoto – Laranjal do Jari (2018)


Eixos e Indicadores Quantidade
Informações Gerais - Esgoto
G06B - Pop. urbana residente do(s) município(s) com esgotamento sanitário (hab.) Não disponível
G12B – Pop. total residente do(s) município(s) com esgotamento sanitário, segundo o IBGE Não disponível
(hab.)
GE009 - Quantidade de Sedes municipais atendidas com esgotamento sanitário (und.) Não disponível
GE011 - Quantidade de Localidades (excluídas as sedes) atendidas com esgotamento sanitário Não disponível
(und.)
Informações de Esgoto
ES001 - Pop. total atendida com esgotamento sanitário (hab.) Não disponível
ES002 - Quantidade de ligações ativas de esgotos (lig.) Não disponível
ES003 - Quantidade de economias ativas de esgotos (econ.) Não disponível
ES004 - Extensão da rede de esgotos (km) Não disponível
ES005 - Volume de esgotos coletado (1000m³/ano) Não disponível
ES006 - Volume de esgotos tratado (1000m³/ano) Não disponível
ES007 - Volume de esgotos faturado (1000m³/ano) Não disponível
ES008 - Quantidade de economias residenciais ativas de esgotos (econ.) Não disponível
ES009 - Quantidade de ligações totais de esgotos (lig.) Não disponível
ES012 - Volume de esgoto bruto exportado (1000m³/ano) Não disponível
ES013 - Volume de esgotos bruto importado (1000m³/ano) Não disponível
ES014 - Volume de esgoto importado tratado nas instalações do importador (1000m³/ano) Não disponível
ES015 - Volume de esgoto bruto exportado tratado nas instalações do importador (1000m³/ano) Não disponível

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 219


ES026 - Pop. urbana atendida com esgotamento sanitário (hab.) Não disponível
ES028 - Consumo total de energia elétrica nos sistemas de esgotos (1.000 kwh/ano) Não disponível
Indicadores Operacionais – Esgoto
IN015_AE - Índice de coleta de esgoto (%) Não disponível
IN016_AE - Índice de tratamento de esgoto (%) Não disponível
IN021_AE - Extensão da rede de esgoto por ligação (m/lig.) Não disponível
IN024_AE - Índice de atendimento urbano de esgoto referido aos municípios atendidos com Não disponível
água (%)
IN046_AE - Índice de esgoto tratado referido à água consumida (%/l/hab.) Não disponível
IN047_AE - Índice de atendimento urbano de esgoto referido aos municípios atendidos com Não disponível
esgoto (%)
IN056_AE - Índice de atendimento total de esgoto referido aos municípios atendidos com água Não disponível
(%)
IN059_AE - Índice de consumo de energia elétrica em sistemas de esgotamento sanitário Não disponível
(%/1000 Kwh/ano)
Indicadores de Qualidade - Água e Esgoto
IN071_AE - Economias atingidas por paralisações (econ.) Não disponível
IN072_AE - Duração média das paralisações (h) Não disponível
IN073_AE - Economias atingidas por intermitências (econ.) Não disponível
IN074_AE - Duração média das intermitências (h) Não disponível
IN075_AE - Incidência das análises de cloro residual fora do padrão (amostra) 0
IN076_AE - Incidência das análises de turbidez fora do padrão (amostra) 0
IN077_AE - Duração média dos reparos de extravasamentos de esgotos (h/extravasamento) Não disponível
IN079_AE - Índice de conformidade da quantidade de amostras - cloro residual (amostra) 0,17
IN080_AE - Índice de conformidade da quantidade de amostras - turbidez (amostra) 0,17
IN082_AE - Extravasamentos de esgotos por extensão de rede (extravasamento/m) Não disponível
IN083_AE - Duração média dos serviços executados (h/serviço executado) 0,74
IN084_AE - Incidência das análises de coliformes totais fora do padrão (amostra/ano) 0
IN085_AE - Índice de conformidade da quantidade de amostras - coliformes totais 1,59
(amostra/ano)
Fonte: SNIS (2019) adaptado pela equipe de Indicadores.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 220


CAPÍTULO 6

6. SERVIÇO DE MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS

6.1. Descrição geral do serviço de manejo de águas pluviais


Em países desenvolvidos os sistemas de drenagem são reconhecidos e prestigiadas nas
mais bem planejadas cidades ao redor do mundo, pois estão integrados com fatores como bem-
estar social e saúde ecológica do ambiente. Portanto, a opção por sistemas de drenagem
ambientalmente sustentáveis e eficientes, adaptados à realidade local, melhoram inclusive a
competitividade econômica e situação sanitária das cidades (PROMINSKI et al., 2017;
FUNASA, 2018).
O Brasil, e outros países em desenvolvimento, tem considerado a drenagem urbana
como atributo “desnecessário ou não prioritário”, no âmbito do planejamento urbano. Esta
opção, no entanto, tem resultado em consequências conjunturais de cunho estrutural
(CANHOLI, 2005), pois se traduzem em problemas de inundações e alagamentos que podem
ser intensificados em diversos locais e à frequente urgência de políticas remediadoras
(SANTOS; MAMEDE, 2013). E, mesmo em grandes cidades do Brasil (São Paulo, Rio de
Janeiro, Belo Horizonte, Campinas, Belém e Recife) tem sido observado insuficiência dos
serviços de drenagem nos aglomerados urbanos (CANHOLI, 2005).
Em nível de Estado do Amapá, especificamente em Laranjal do Jari, a realidade da falta
de investimentos e políticas públicas para esta dimensão do saneamento básico tem se chocado
com problemas ambientais sérios, como uso e ocupação das denominadas áreas de risco
(OLIVEIRA, 2011; OLIVEIRA e CUNHA, 2015) que geram muitos problemas relacionados
com esgotos domésticos sem tratamento e suas interações com águas pluviais.
Na sede de Laranjal do Jari a entidade responsável pela dimensão “drenagem e gestão
das águas pluviais é a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Infraestrutura
(SMDUI), administração direta do poder público, esfera Municipal. Assim, os serviços
prestados no município na área de atuação da SMDUI e natureza dos serviços.
Apesar das atribuições da dimensão drenagem e águas pluviais não estarem
explicitamente descritas no site ou no organograma gerencial da Prefeitura, as seguintes funções
são atribuídas a SMDUI (essencialmente relacionada com microdrenagem):
a) zona única de manejo parcial de águas pluviais destacado no retângulo vermelho da
(Mapa 6.1) e Mapa 6.2.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 221


b) A rede de drenagem possui apenas 2,31 km de extensão, sendo 1,39 km em ruas
pavimentadas e 0,92 em ruas não pavimentadas Mapa 6.2;
c) Nesta zona única de manejo parcial águas pluviais foram detectados 27 postos de
visita e 42 bocas de logo (microdrenagem) Mapa 6.2;
d) A infraestrutura de drenagem futura, caso haja sua complementação, se distribuiria
pelas seguintes extensões: 10,32 km em ruas pavimentadas (11,04% da extensão
total das ruas), 66,28 km nas ruas não pavimentadas (70,89% da extensão total das
ruas) e 16,90 km em áreas alagadas (18,07% da extensão total das ruas na
modalidade de passarelas) Mapa 6.2.

Mapa 6.1: Equipamentos do SAA da sede de Laranjal do Jari integrado ao único sistema de
drenagem na sede municipal: a) destaque no retângulo vermelho da área dotada de
infraestrutura parcial de drenagem e águas pluviais

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia e Geoprocessamento/PMSB (2020).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 222


Mapa 6.2: Destaque a) do Mapa 6.1 representando a área dotada de um sistema parcial de
drenagem e águas pluviais na sede municipal de Laranjal do Jari (retângulo destacado do
mapa)

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia e Geoprocessamento/PMSB (2020).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 223


Mapa 6.3: Sistema de drenagem e águas pluviais na sede municipal de Laranjal do Jari.
destaque no retângulo vermelho a – b) infraestrutura na zona alta, no centro da cidade (terra
firme); c-f) infraestrutura da zona baixa, periferia e orla da cidade, rio Jari; g) régua de
monitoramento hidrológico da Defesa Civil (nível do rio) para alagamentos e impactos no
sistema de drenagem

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia e Geoprocessamento/PMSB (2020) e Prefeitura


Municipal de Laranjal do Jari.

Fotografia 6.1: Detalhe do sistema de drenagem e águas pluviais na sede municipal de


Laranjal do Jari na zona baixa

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia/PMSB (2020).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 224


Os tipos de extensões das redes de drenagem urbana de águas pluviais na sede de
Laranjal do Jari só estão presentes em uma zona alta específica da cidade, identificadas da
seguinte maneira, de acordo com os detalhes dos Mapa 6.1 e Mapa 6.2.
Não há efetivamente uma rede separadora entre águas pluviais e esgotos sanitários. E
caso, haja alguma conexão clandestina no trecho com a existência do sistema parcial de
microdrenagem, esta ocorreria na extensão pavimentada, de aproximadamente 2,31 km, isto é,
compreendendo 1,39 km em ruas pavimentadas e 0,92 em ruas não pavimentadas Mapa 6.2.
Todavia, observando-se o Mapa 6.1, em relação à extensão da malha urbana e dos
equipamentos de drenagem (Mapa 6.2 e Mapa 6.3), há apenas 2,31 km de ruas identificadas
com drenagem. Isto é, nesta malha de infraestrutura de drenagem e águas pluviais pode ser
observada uma boa distribuição e localização das bocas de lobo e dos postos de visita, bueiros
e alguns pontos de macrodrenagem.
Neste contexto, é possível estimar que aproximadamente 2,47% da extensão total das
ruas pavimentadas na malha urbana de Laranjal do Jari (cerca de 2,31 6 km no total de 93,5
km) apresenta alguma infraestrutura de drenagem e águas pluviais).
E, como pode ser observado, com base nestas estimativas, é possível informar que há
91,19 km da extensão atual de ruas ou passarelas existentes em Laranjal do Jari (97,52%)
necessitariam de alguma infraestrutura de drenagem e águas pluviais (microdrenagem).
Portanto, essa área não atendida pode ser considera como as prioritária para projetos de
drenagem e águas pluviais da sede municipal.
Contudo, mesmo a pequena fração da área urbana com sistema de drenagem disponível,
não se sabe se está integrada com a rede de águas pluviais mistas (com algum nível de carga ou
esgotos misturados). Por exemplo, nas áreas de ponte, como observado no Mapa 6.2 e na
Fotografia 6.1 uma única tubulação opera apenas como um sistema de passagem de água, para
evitar alagamentos a montante do bairro. Mas não tem a função de captação de águas pluviais
por bocas de lobo, pois estas são inexistentes neste setor.
Por um lado, há algumas poucas ruas pavimentadas no perímetro urbano da sede do
Laranjal do Jari em que a infraestrutura de drenagem é mínima e parcialmente disponível.
Todavia, encontra-se em bom estado de conservação (2,47%). Por outro lado, a sede municipal
do município de Laranjal do Jari apresenta contrastes abissais entre áreas com esta razoável
infraestrutura e as demais áreas com infraestruturas muito precárias e áreas sem infraestrutura
de drenagem (97,52%). Porém, é importante frisar que, não há registros na secretaria de
Desenvolvimento Urbano e Infraestrutura, eventualmente responsável sobre a eficiência
operacional desta rede de drenagem e águas pluviais. Além disso, não há dados disponíveis
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 225
sobre a qualidade prestada deste serviço específico sob sua responsabilidade (drenagem e gestão
das águas pluviais.

6.1.1. Macrodrenagem e interações com o Rio Jari


Em relação ao sistema de macrodrenagem indicado nos Mapa 6.1 e Mapa 6.2, é possível
observar que aproximadamente 50% da área urbana de Laranjal do Jari está localizada em uma
zona de várzea (retângulos azuis – áreas de risco de alagamento). E, aparentemente, a cidade
está crescendo para a zona norte (terra firme), mas também nas zonas de risco, onde se adensa
uma parte da população urbana para esta área da zona sul (susceptível a alagamentos anuais –
janeiro a maio) (Mapa 6.4) e (Mapa 6.5).
O destacada pelo retângulo no Mapa 6.5 representa a área dotada de um sistema parcial
de drenagem e águas pluviais na sede municipal de Laranjal do Jari. Os retângulo vermelhos
(a) indicam os locais provavelmente mais adequados para projetos de infraestrutura de
drenagem (terreno mais elevado enquanto os retângulos azuis (b) indicam os locais
provavelmente mais complexos e menos adequados para projetos de infraestrutura de drenagem
(terreno baixos de várzeas)

Mapa 6.4: Localização da área urbana de Laranjal do Jari

Fonte: Elaborado pela Equipe de Geoprocessamento e Engenharia/PMSB (2019).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 226


Mapa 6.5: Áreas adequadas à infraestrutura de sistema de drenagem e águas pluviais

Fonte: Elaborado pela Equipe de Geoprocessamento e Engenharia/PMSB (2019).

Na Orla da sede do município de Laranjal do Jari, é possível observar a seguinte


dinâmica relacionada com a hidrologia do Rio Jari e suas interações com a zona urbana (Mapa
6.5). Por exemplo, é possível observar que o fluxo de água de todo o sistema de drenagem escoa
no sentido de nordeste-sudoeste, ou nordeste-sudeste ou nordeste-sul, em função de que os
gradientes da topografia da cidade tendem a diminuir nestas três direções, sempre desaguando
em locais pontuais ou difusos ao longo da margem esquerda do Rio Jari que circunda toda a
zona urbana da cidade.
Com base nos Mapas da zona urbana, representada pelas vias pavimentadas e não
pavimentadas ou por passarelas, observa-se que a infraestrutura urbana de drenagem apresenta
uma tendência do fluxo de água se direcionar para justamente as áreas mais susceptíveis ao
alagamento, em especial na porção oeste e sudoeste da cidade.
Este comportamento do fluxo superficial (e provavelmente o subterrâneo) tende a se
intensificar durante o período chuvoso (Jan-Maio) e podem se somar com situações em que o
nível da água do Rio Jari também se eleva, com picos máximos entre abril e maio (tempo de
resposta hidrológica chuva-vazão na bacia (SILVEIRA, 2011) e até junho quando pode ocorrer
simultaneamente a conjunção de fatores com as máximas vazões hidrológicas e pulsos de marés
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 227
de sizígia do Rio Amazonas (ABREU al., 2020) na foz do Rio Jari, dificultando o fluxo natural
de saída (barreiras hidráulicas).
Uma breve análise e interpretação do Mapa 6.6 sugere que o fluxo natural das águas de
drenagem, proveniente das zonas topograficamente mais elevadas da zona urbana em direção
às zonas topograficamente inferiores (alagadas), tendem também a transportar
hidrossedimentos e, muito provavelmente, esgotos domésticos que são dispersados por toda a
sua área de drenagem em direção ao Rio Jari. Por exemplo, estudos sobre a qualidade da água
do Rio Jari, realizados por Abreu e Cunha (2016) e Oliveira e Cunha (2015) evidenciam todos
os sinais de que este fenômeno de transporte de poluentes e esgotos domésticos se concentram
justamente em frente da cidade. Isto é, uma combinação de fatores naturais, falta de sistemas
de esgotamento sanitário, e ausência de sistemas de drenagem separadores das águas pluviais
(sítios amostrais J1, J2, até J8, a montante, em frente e a jusante da cidade em uma extensão de
mais de 80 km de monitoramento).
Além disso, há sinais visíveis da presença de esgotos in natura misturados às águas
pluviais, especialmente as águas provenientes das tubulações de saída das águas pluviais da
rede (Mapa 6.2). Além disso, observa-se a ocorrência de ocupação urbana irregular próxima da
zona de proteção das margens dos canais Mapa 6.6. Assim, com base em observações de campo,
observa-se um contraste significativa os diferentes bairros estruturados, com topografia mais
elevada, em relação aos bairros em áreas mais baixas sem infraestrutura de microdrenagem e
águas pluviais.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 228


Mapa 6.6: Tendência dos fluxos de água pelo sistema de micro e macro drenagem das águas
pluviais indicada por setas vermelhas

Fonte: Equipe Geoprocessamento e Engenharia/PMSB (2020)

Um problema que foi observado em relação às áreas de várzeas e terrenos de inundação,


ou lagos ao redor da zona urbana da sede de Laranjal do Jari, percebe-se que uma ampla área
da zona de baixa topografia está circunscrita por áreas de expansão urbana, de seguinte forma,
considerando-se o eixo longitudinal da cidade no sentido sudoeste-nordeste: 1) zona sudoeste
e sul, apresenta topografia muito baixa, com alta vulnerabilidade às enchentes periódicas; 2)
zona sudeste, apresenta também topografia muito baixa com alta vulnerabilidade às inundações
periódicas; 3) zona norte, noroeste e nordeste da cidade apresentam topografia que variam entre
médio, alta e muito baixa vulnerabilidade às inundações.
Portanto, do ponto de vista da proteção dos corpos d´água com características
permanentes, como nascentes, encontram-se em sua maioria na zona noroeste, norte e nordeste
da zona urbana, para os quais seriam necessárias mais intervenções de ação de proteção, gestão
e monitoramento destas águas. Entretanto, na zona sudoeste, sul e sudeste da cidade, de terrenos
inundáveis, a melhor estratégia de proteção das águas seria evitar o uso e a ocupação do solo,
haja vista sua fragilidade com características geomorfológicas hidrossedimentares (AAI, 2011,
ABREU e CUNHA, 2016).
A área costeira entre a zona sudoeste e noroeste da cidade abriga a ETA (captação de
água principal da cidade de Laranjal do Jari), com terrenos mais elevados, e mais protegidos
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 229
pelo relevo. Portanto, apesar desta área se apresentar relativamente protegida, deve ser
considerada uma área de máximo interesse em proteção e conservação ambiental (OLIVEIRA
e CUNHA, 2014), a fim de se evitar perda da qualidade da água ou poluição a montante. Além
disso, todos os demais poços de captação de água urbano (isolados ou integrado à rede de
distribuição da cidade) deverão também ser considerados como área de elevado interesse
público e necessariamente como de preservação permanente, com o mesmo objetivo.

6.1.2.
Hidrodinâmica do Rio Jari e interações com macrodrenagem da zona urbana
Este tópico trata de uma breve análise sobre o comportamento hidrodinâmico do Rio
Jari e suas potenciais interações com o sistema de drenagem da zona urbana da sede de Laranjal
do Jari (Mapa 6.7).

Mapa 6.7: a) Mapa da Bacia do Rio Jari, com destaque da área do baixo trecho; b) sítios de
monitoramento hidrodinâmico e de qualidade da água para fins hidrossanitários

Fonte: Adaptado de Oliveira e Cunha (2014) e Abreu e Cunha (2016).

6.1.2.1 Metodologia de estudo da hidrodinâmica do Baixo Rio


Uma campanha experimental no Baixo Rio Jari foi realizado ao longo de um trecho
localizado entre os pontos LJ 1 e LJ4 (incluindo-se tanto a sede de Laranjal do Jari quanto a
sede de Vitória do Jari), ocorreu no mês de janeiro de 2020 em duas etapas. A primeira etapa
ocorreu no dia 15 de janeiro, e teve como objetivo realizar o levantamento batimétrico de um
primeiro trecho da extensão do rio e a quantificação da vazão do Rio Jari entre a UHE Santo
Antônio. No dia 16 de janeiro, em uma segunda etapa, foi realizado o restante levantamento
batimétrico e de descarga líquida em Vitória do Jari (Mapa 6.7 b).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 230


As campanhas de medição de descarga líquida e levantamento batimétrico foram
realizadas utilizando o método acústico Doppler (Acoustic Doppler Current Profile - ADCP)
modelo River Surveyor M9 da SonTek – pertencente ao LQSMSA/UNIFAP. O ADCP, assim
como o seu suporte, foi instalado na lateral de uma embarcação (tipo voadeira) (Fotografia 6.2
e Fotografia 6.3).
O ADCP utiliza transdutores imersos a 0,5 m da superfície da água, o qual foi
posteriormente conectado a um computador portátil, usado para emitir comandos e controlar o
processo de coleta de dados, calibração da bússola do GPS necessários para parametrizar o
início na seção de análise.

Fotografia 6.2: a) Software de monitoramento River Surveyor M9 da SonTek; b) ADCP


instalado com suporte à lateral da embarcação

Fonte: Equipe de Engenharia e Saneamento Ambiental/PMSB (2020).

O levantamento batimétrico teve início às 07h:30 próximos à UHESAJ (Hidrelétrica


Santo Antônio do Jari) (Figura 3) do dia 15 e finalização às 17:00 do mesmo dia devido a
questão de logística e aproveitamento da luz solar, considerando que a região possui tráfego de
outras embarcações.
Fotografia 6.3: UHESAJ. Ponto Próximo ao início da Batimetria (Ponto LJ1)

Fonte: Equipe de Engenharia e Saneamento Ambiental/PMSB (2020).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 231


Este mesmo procedimento foi novamente realizado no dia 16 e foi finalizado em Vitória
do Jari. O levantamento batimétrico foi realizado em zig zag ao longo de todo o rio Jari para
que fosse possível captar os valores de profundidade e o procedimento de descarga líquida
(medida de vazão) foi realizado ao longo do procedimento de batimetria nos pontos J1-J4 (Mapa
6.7).

6.1.2.2. Resultados do estudo de batimetria do Baixo Rio


O percurso total de batimetria no furo do Beija-Flor foi aproximadamente 50 Km (linha
reta). É possível observar no (Mapa 6.7) que no trecho onde foi realizada a batimetria do rio
Jari possui uma profundidade média de 12 m. Todavia, de acordo com os dados obtidos através
do ADCP, a profundidade média apresentou variações entre 1.66 m (mais próximos às
margens) e até 36.45 m (após Vitória do Jari – LJ4).

6.1.2.2 Resultados do estudo hidrodinâmico do Baixo Rio


Foram realizadas medidas de vazão pontual nos pontos indicados no Mapa 6.7, entre as
seções J1 e J4. Os valores obtidos de descarga líquida e velocidade de corrente nos pontos
selecionados podem ser observados na Tabela 6.1. Observa-se que a vazão se altera de acordo
com o período da maré. Além disso, há variação do seu valor ao longo do seu curso.

Tabela 6.1: Tabela de valores de vazão e velocidade da corrente do rio Jari ao longo de sua
extensão longitudinal
Ponto de Medida Vazão Velocidade Estado
3
de Vazão (m /s) (m/s)
LJ1 525 0-1 Vazante
LJ2 38,81 0 - 0,4 Vazante
LJ3 -2349 0-1 Enchente
LJ4 3139 0-1 Vazante
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia e Saneamento Ambiental/PMSB (2020).

No ponto LJ1 (próximo a cachoeira do Santo Antônio do Jari) a vazão observada foi de
525.4 m3/s e a velocidade máxima da corrente foi de 1 m/s (Figura 4). Em termos de cota ou é
nível da lâmina d´água, é possível observar na Figura 6.1 que a seção do ponto J1 mostrou uma
variação de profundidade entre 5 m e 15 m, mostrando que a área da seção apresenta batimetria
irregular do leito no baixo rio Jari no referido trecho. Também é possível observar que o
comprimento na seção J1 é de aproximadamente 200.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 232


Figura 6.1: Seção do ponto J1. Cachoeira Santo Antônio do Jari

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia e Saneamento Ambiental /PMSB (2020).

No ponto LJ2 (Laranjal do Jari - Figura 6.2, a medida de vazão não pode ser realizada
exatamente em frente à cidade, pois ocorre o deslocamento de balsas e fluxos de pequenas
embarcações para transporte de pessoas entre Monte Dourado e Laranjal do Jari (Fotografia
6.4), assim o ponto J2 fica afastado a aproximadamente 100 m.

Figura 6.2: Seção do ponto J2. Laranjal do Jari

Fonte: Elaborado pel Equipe de Engenharia e Saneamento Ambiental/PMSB (2020).

Fotografia 6.4: Rampa da cidade de Laranjal do Jari onde ocorre movimento de balsa com
Monte Dourado

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2020).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 233


Durante as medidas de vazão no ponto LJ2 foi possível identificar uma vazão próxima
da nula 38,81 m/s3 e com uma pequena reversão de sentido (-73 m3/s) devido provavelmente à
condição de recirculação (Foz-montante) e influência do Rio Amazonas (ABREU et al., 2020).
No entanto, este fato teve uma duração mínima de aproximadamente 10 minutos. Logo após
esta rápida transição, o sentido do fluxo voltou ao normal, direcionando-se para a foz.
Além disso, no sítio LJ2 a profundidade também variou entre 5 e 10 m. Nesta seção é
possível observar que a largura do rio possui aproximadamente o mesmo valor daquele da seção
LJ1, ou seja, um pouco maior que 200 m.
No ponto LJ3 (Figura 6.2), em frente à Vitória do Jari, a medida de descarga líquida
indicou momento de enchente, com valor máximo de -2349 m/s3, indicando que mesmo
relativamente distante do curso principal do Rio Amazonas, o rio Jari começa a sofrer forte
influência da maré e, consequentemente, na sua descarga líquida. A velocidade observada
(sentido contrário ao da vazão) foi de 1 m/s. Além disso, a largura observada no canal foi de
500 m e profundidade de até 14 m.

Figura 6.3: Seção do ponto LJ3. Vitória do Jari

Fonte: Equipe de Engenharia e Saneamento Ambiental/PMSB (2020).

Nos resultados, o valor máximo de vazão obtido durante o procedimento foi de


aproximadamente 3139 m3/s (LJ4). O máximo de velocidade da correnteza, neste ponto, foi de
1 m/s (Figura 6.4, Fotografia 6.5 e Fotografia 6.6). A largura da seção J4 possui
aproximadamente 700 m e profundidade de até 11 m.

Figura 6.4: Seção do ponto LJ4. Após Vitória Jari.

Fonte: Equipe de Engenharia e Saneamento Ambiental/PMSB (2020).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 234


Fotografia 6.5: Trecho LJ4 do Rio Jari

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2020).

Fotografia 6.6: Vitória do Jari, trecho entre LJ3 e LJ4 do Rio Jari.

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2020).

É importante observar que, com base nos resultados da Tabela 6.1, as vazões variam
longitudinalmente, de seção a seção, e de acordo com o período sazonal (não mostrado aqui,
ver tópico do clima 2.2.1 e hidrologia 2.2.4 deste Diagnóstico) e variação da fase da maré do
Rio Amazonas (ABREU et al., 2020).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 235


Isto significa dizer que os parâmetros hidrodinâmicos, além dos já conhecidos e
discutidos parâmetros hidrometeorológicos – chuva x vazão, especialmente o nível d´água em
frente da cidade) apresentam variantes específicas. Estas variantes podem eventualmente
potencializar os problemas das cheias (alagamentos) especialmente quando ocorrem as
seguintes interações:
1) eventos extremos de chuva x vazão (que ultrapassem a capacidade máxima do
reservatório da UHE de Santo Antônio “regularizar” a vazão, vertendo-se todo o excedente de
escoamento – vertedores e turbina);
2) Escoamento superficial de contribuição da bacia abaixo da UHE Santo Antônio;
3) Efeito de “represamento” (ou barreira hidráulica) do Rio Amazonas, com redução da
vazão de montante no Rio Jari e, consequentemente, elevação do nível d´água propagando em
direção de montante – como se fosse um remanso se propagando da foz para o interior da bacia
do Rio Jari. Neste último efeito, só seria possível quando ocorresse um período crítico de
máximas vazões do Rio Amazonas (maio e junho), durante marés de sizígia conhecidas como
lançantes (alinhamento Terra-Sol-Lua) e durante o período chuvoso amazônico (combinado
normalmente com eventos extremos de La-Niña), algo relativamente similar ao que ocorreu no
período da grande enchente do Rio Jari em 2000 (OLIVEIRA e CUNHA, 2015).

6.1.2.1 Análise do comportamento hidrodinâmico Laranjal do Jari


Uma síntese da análise comportamental típica do Rio Jari, pode ser representada pelas
simulações do escoamento natural. Nestas simulações foram considerados as medições de
descarga líquida na seção localizada no ponto LJ2 para um período de maior vazão (maio),
justamente para os períodos mais críticos para o sistema de drenagem e esgotamento sanitário.
Neste trecho, o valor médio de descarga líquida, para um ciclo de dia, foi
aproximadamente de 2000 m3/s. O valor máximo observado para a vazão neste trecho foi de
2.863 m3/s. E durante o período de enchente foi quase nula, de -71 m3/s (Gráfico 6.1): Os
resultados foram dados em uma variação temporal de 30 em 30 minutos.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 236


Gráfico 6.1: Comportamento da curva de vazão simulada do Rio Jari (Seção do ponto LJ2)
devido ao comportamento do ciclo hidrológico do Rio Amazonas a jusante
Vazão secão LJ2 - Em frente da Sede de Laranjal do Jari
Intervalo de
3500 tempo crítico
da maré que
3000 poderá criar
remanso para
2500 jusante
Vazão m3/s

represendo
2000 água na cidade
de Laranjal do Série1
1500 Jari
1000
500
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31
-500
Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia e Saneamento Ambiental/PMSB (2020).

No pico da vazante (2863 m3/s), as velocidades máximas observadas nas proximidades


de Laranjal do Jari foram de 1,8 m/s e mínima de 0.4 m/s (Figura 6.5). Contudo, no ponto J2, a
velocidade máxima foi de 0,8 m/s. Estas diferentes velocidades, observadas na Figura 6.5, se
devem às variação da geometria do rio Jari em relação a largura e profundidade.
A geometria do canal é tão relevante que na Figura 6.5 é possível observar pelo menos
quatro pontos de constrição da corrente em apenas um trecho de aproximadamente 25 km
(numerados de 1 a 4, indicando trechos críticos de estrangulamento em largura ou profundidade
do escoamento natural).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 237


Figura 6.5: Comportamento hidrodinâmico simulado do campo de velocidade (m/s) para
vazão de 2.863 m3/s

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia e Saneamento Ambiental/PMSB (2020).

Observando a Gráfico 6.1, durante a fase de enchente (com vazão próxima de -71 m3/s),
ocorre uma alta redução das velocidades da corrente, pois na seção selecionada, não ocorre uma
alta influência da elevação de maré do Rio Amazonas (Figura 6.6). As velocidades da corrente
no ponto LJ2, são próximas à 0.1 m/s. Durante esta fase da maré ocorre uma espécie de
represamento do Rio Jari, formando por breve tempo uma “reversão” do fluxo natural. Observa-
se que os vetores apresentam sentidos opostos, quase em frente da cidade de Laranjal do Jari,
onde a corrente flui no sentido de vazante (provenientes da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio
para a sede de Laranjal do Jari), encontrando-se com correntes de enchente (provenientes das
correntes da foz, sob influência do Rio Amazonas), formando um “remanso” ou um
“represamento” temporários que tendem a intensificar a elevação das cotas do nível d´água em
frente da cidade por períodos mais prolongados do que se não houvesse a influência do Rio
Amazonas.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 238


Figura 6.6: Comportamento hidrodinâmico simulado do campo de velocidade (m/s) para
vazão de -71 m3/s

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia e Saneamento Ambiental/PMSB (2020).

Esta análise de simulação hidrodinâmica, fundamentada em medições de descarga


líquida observacional (tópico anterior) mostram claramente que do ponto de vista do sistema
de drenagem da cidade de Laranjal do Jari (zona baixa) está sujeita à vários fatores de risco que
podem causar ou potencializar problemas de enchentes ou alagamentos, com agravos sanitários:
1) variações extremas relacionadas com a hidrologia do Rio Amazonas (efeitos de toda a bacia
do Rio Amazonas que poderiam afetar a foz do Rio Jari – efeito de jusante); 2) período de
máximas vazões do Rio Jari – efeitos de montante; 3) precipitações concentradas na zona
urbana que exigiriam da capacidade de drenagem da zona urbana que já apresenta 1/3 de sua
área ocupada ou impermeabilizada; 4) processos erosivos ou assoreamento da zona
estrangulada em frente da cidade.
Isto é, quando estes quatro fatores supramencionados estiverem eventualmente agindo
conjuntamente, os potenciais efeitos de alagamento também serão intensificados e apresentarão
consequentemente um maior impacto sobre as outras três componentes do saneamento básico:
1) RSUs de lixeiras viciadas, mal acondicionados ou dispersos nas zonas baixas da cidade serão
facilmente transportados para dentro das residências; 2) Esgoto sanitário, cujo destino é o
sistema de drenagem natural (sem separador absoluto) serão facilmente misturados com as
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 239
águas do rio, deteriorando a sua qualidade, com potencial alcance de atingir o sistema de
captação de água da CAESA.

6.1.2.2 Análise do comportamento hidrodinâmico x Dispersão de Esgotos Domésticos -


Laranjal do Jari
Na simulação de dispersão de poluentes, foi considerado apenas uma fonte concentrada
e pontual de despejo de esgoto bruto em frente da cidade de Laranjal do Jari. Aqui foi adotada
uma concentração de 108 Coliformes Fecais (CFU/100 mL – uma medida padrão para estudos
desta natureza). A vazão de transporte dessa carga de poluentes foi a vazão de 1m3/s (máxima).
Os resultados são apresentados nas Figura 6.7, considerando 1, 12, e 24 horas após o início do
lançamento do poluente.
Na Figura 6.7 (1 horas após o início do lançamento), é possível observar altas
concentrações próximas ao ponto de lançamento (pouca capacidade de diluição e dispersão em
função do comportamento hidrodinâmico). Com base nesta observação, o máximo de
concentração observado foi de 1.3x 105 CFU/100 mL em toda a área mais próxima da região
ou do ponto de despejo ou lançamento do esgoto doméstico.

Figura 6.7: Concentração de Coliformes (NM/100 mL) após 1 hora do lançamento

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia e Saneamento Ambiental/PMSB (2020).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 240


Após 12 horas do lançamento contínuo de esgoto doméstico, ocorre um aumento da
concentração de coliformes (3.4 x 105 CFU/100 mL) assim como um aumento da extensão
longitudinal e lateral da pluma de poluente (Figura 6.8). O mais relevante é que é possível
observar que a pluma inclusive perceptivelmente alcança, em sua extremidade de montante, o
Sistema de Captação de Água – um fator de relevância para o saneamento básico.
Além disso, é possível observar que a parte de jusante da pluma se desloca em direção
à Vitória do Jari (Figura 6.8). Antes, porém, surge um “ponto de acúmulo dos poluentes no final
do trecho da curva da “ferradura”, logo a jusante da cidade, em direção à Vitória do Jari. Este
fato é relacionado à direção da descarga líquida na região do município de Laranjal do Jari, que
é predominantemente vazante, pois existe pouca influência de maré neste trecho de análise.

Figura 6.8: Concentração de Coliformes /100 mL após 12 horas do lançamento

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia e Saneamento Ambiental/PMSB (2020).

Assim como observado na Figura 6.8, na Figura 6.9, a pluma do poluente simulada se
desloca rapidamente em direção à Vitória do Jari. Além do mais, é possível observar altas
concentrações (5.0 x 104 CFU/100 mL) ao longo de toda a margem esquerda (no sentido da
vazão principal natural de vazante), alcançando toda a orla do rio Jari entre Laranjal do Jari e
Vitória do Jari.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 241


Contudo, vale observar também foi observado que ocorreu um aumento de concentração
de poluentes em direção à UHESAJ, indicando que, mesmo com a predominância de vazão de
vazante, a hidrodinâmica do Rio Jari permite que ocorra uma dispersão de poluentes na direção
da enchente. E esse comportamento tende a se agravar quanto menor for a favão do Rio Jari e
maior a influência do Rio Amazonas (fatores estes que são geograficamente externos aos
fenômenos que ocorrem internamente dentro da bacia hidrográfica do Rio Jari.

Figura 6.9: Concentração de Coliformes /100 mL após 24 horas do lançamento

Fonte: Elaborado pela Equipe de Engenharia e Saneamento Ambiental/PMSB (2020).

6.2. Análise crítica do Plano Diretor Municipal e/ou Plano Municipal de Manejo de Águas
Pluviais e/ou de Drenagem Urbana
Não há no município. Entretanto, existe apenas um Plano Diretor de Desenvolvimento
Urbano e Ambiental (Lei 0545/2016). Todavia, não é específico para contemplar a dimensão
Drenagem e Manejo de Águas Pluviais Urbana, tal como previsto no Termo de Referência (TR)
da Funasa (2018) e contemplado na Lei do Saneamento Básico 11.455 (2007).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 242


6.3. Levantamento da legislação existente sobre uso e ocupação do solo e seu rebatimento
no manejo de águas pluviais
Em nível municipal a LOM (2005), que revisa e altera a LOM (1992) da criação do
Município de Laranjal do Jari, no seu Capítulo II (competência do município), Secção I
(competência privativa), Art. 9º, Inciso XIII, tem como prerrogativa promover o adequado
ordenamento territorial mediante o controle do uso e ocupação do solo, dispondo sobre
parcelamento, zoneamento e edificações, fixando as limitações urbanistas quanto aos
estabelecimentos e as atividades industriais, comerciais e de prestação de serviços: a) conceder
ou renovar a autorização ou licença, conforme o caso, para construção ou funcionamento; b)
revogar ou cassar a autorização ou licença, conforme o caso, daquelas cuja atividade se tornou
prejudicial à saúde, à higiene, ao bem-estar, à recreação e ao sossego ou proceder a demolição
de construção ou edificação nos casos e de acordo com a lei;
Além disso, na Seção II, Art 15 (Da Câmara Municipal), compete deliberar, sob forma
de projetos de lei sujeitos à sanção do Prefeito, sobre as matérias de competência do Município
sobre, [...], II - matérias urbanísticas, especialmente o plano diretor de desenvolvimento
integrado, bem como as relativas ao uso e ocupação do solo, parcelamento, edificações,
denominação de logradouros públicos e estabelecimento do perímetro urbano e dos bairros.
Ademais, como já citados transversalmente em itens dos capítulos 1 e 2 do presente
Diagnóstico, de acordo como o Projeto de Lei do Plano Diretor de Laranjal do Jari (Lei
Municipal No. 0545/2016), no Art. 4º, são listados vários objetivos prioritários do Município
de Laranjal do Jari, para a elaboração e implementação de planos e programas visando: I)
reduzir a precariedade habitacional [...] garantindo a requalificação urbanística e a titulação da
posse a população de baixa renda e a provisão de habitação de interesse social; II) garantir, nas
áreas consideradas de risco, a implementação de programas de reabilitação ou, no caso de
necessidade comprovada, a remoção e a realocação da população preferencialmente em áreas
próximas, assegurando-se seu direito à cidade; e principalmente III) ampliar a infraestrutura e
os serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem urbana e limpeza
urbana a toda a população. Além disso, nos incisos IV) assegurar a fiscalização das áreas de
proteção ambiental [...] ampliando e valorizando e controlando a qualidade dos recursos
hídricos; e V) promover o desenvolvimento rural no Município e a integração dos distritos,
comunidades, vilas, povoados à sede municipal.
Há o problema da inexistência de outorga oficial para uso dos recursos hídricos. Não
há, portanto, um documento formal para que o Município possa utilizá-los legalmente, tanto as

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 243


águas superficiais (Rio Jari), quanto das águas subterrâneas (poços para uso e abastecimento da
população não atendida pela ETA principal).
Como aspecto legal e relevante para esta análise, apesar do Rio Jari ser considerado um
Rio com jurisdição Federal, o Governo do Estado do Amapá dispõe, através de sua Secretaria
de Estado do Meio Ambiente (SEMA), também de alguns instrumentos legais para disciplinar
o uso dos recursos hídricos e propõe normas para a outorga do uso da água, como a Política
Estadual de Recursos Hídricos e Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos, a
Lei nº 0686, de 7 de junho de 2002, que dispõe sobre a Política de Gerenciamento dos Recursos
Hídricos do estado e dá outras providências.
A criação do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH), através do Decreto nº
4.509, de 29 de dezembro de 2009, e Decreto nº 4.544, de 29 de dezembro de 2009. Dispõe
também do Fundo Estadual de Recursos Hídricos, incluso no Artigo 34 da Lei nº 0686, de 7 de
junho de 2002, através do Decreto nº 3.861, de 1º de agosto de 2011. Contudo, ainda não possui
um Plano Estadual de Recursos Hídricos, muito menos municipal, principalmente para que
possa tratar de questões afetas ao saneamento básico.
Os órgãos gestores de recursos hídricos no Estado são: a Secretaria de Estado do Meio
Ambiente do Amapá (SEMA/AP), criada pela Lei nº 0318, de 23 de dezembro de 1996 e o
extinto Instituto de Meio Ambiente e Ordenamento Territorial do Amapá (IMAP), criado pela
Lei nº 1.184, de 4 de janeiro de 2008 (www.sema.ap.gov.br ou http://www.imap.ap.gov.br/).
Um dos instrumentos disponíveis no Estado é a criação de Comitês de Bacias
Hidrográficas. No estado há somente um comitê de bacia instituído: a do rio Araguari, mas que
ainda não está funcional e não atende às necessidades e conflitos pelo uso da água (hidrelétricas,
bubalinocultura, urbanização, etc).
Para este presente diagnóstico, é possível observar a necessidade de se sugerir
inicialmente, a criação de um Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Jari (envolvendo tanto o
Estado do Pará quanto o Estado do Amapá), similar ao processo que ocorreu com a criação do
Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Araguari (sugerido pela antiga gestão do Conselho
Estadual de Recursos Hídricos).
Tal proposta está relacionada com o presente Diagnóstico, e intimamente vinculada com
as características de uso e ocupação da bacia, principalmente devido a atividade agroflorestal,
conservação da biodiversidade, extrativismo da castanha e seringa, indústria da produção de
papel celulose e extração do caulim. Com exceção de conflitos urbanos evidentes, não tem sido
observado no município de Laranjal do Jari um elevado potencial de conflito de uso dos
recursos hídricos (quantidade e qualidade da água, por exemplo).
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 244
No entanto, no contexto de bacia hidrográfica, o sistema hidroenergético representado
pela UHE de Santo Antônio, e futuras outra usinas a montante do Rio Jari, são extremamente
relevantes para os estudos relacionados com recursos hídricos, saneamento e saúde,
principalmente considerando-se sua importância econômica e social inquestionável para o
município de Laranjal do Jari. Entretanto, poucos estudos têm sido desenvolvidos para avaliar
a efetividade dos impactos ambientais apresentados pós instalação e pós início das operações;
tais como: a) alterações das amplitudes e variações das descargas líquidas (vazões, vazões
mínimas, vazões ecológicas (SILVA et al., 2020; SANTOS e CUNHA, 2013; 2018; SANTOS
e CUNHA, 2015), problemas ambientais pontuais, quando sob pressão antrópica na bacia
hidrográfica do Rio Jari.
Além dessas prerrogativas, em nível de Estado do Amapá há o Zoneamento Ecológico
Econômico (ZEE, 2007), com escala de 1:250.000, relevante para o ordenamento territorial e
uso e ocupação do meio físico.
O ZEE (1992) é um instrumento de informações estratégicas, não sendo apenas o
mapeamento de condições naturais ou socioeconômicas, mas transcende ao tratamento de
indicadores complexos que ofereçam às políticas públicas os necessários elementos técnicos à
melhor tomada de decisões. Portanto, não se trata apenas de estabelecer limites territoriais
intransponíveis, nem tampouco de estabelecer leis, desconsiderando as possibilidades de
cumprimento, mas racionalmente propõe-se a um papel de instrumento de negociações
multilaterais, onde os atores envolvidos disponham de informações suficientes sobre as relações
de ganhos e perdas para as partes envolvidas, sendo um instrumento de planejamento regional.
Com essa postura, o ZEE proveu um ambiente de sustentação ao programa estadual que,
no seu percurso, teve pelo menos três episódios determinantes: o esforço concentrado de
instituições governamentais e as parcerias com organismo de coordenação federal (Ministério
do Meio Ambiente, Recursos Hídricos e da Amazônia Legal).
Um dos indicadores relevantes apresentado por ZEE (2007) apresenta um cenário de
vulnerabilidade alta, especialmente na região do vale do Rio Jari, margens do rio, como de
ambientes submetidos a regimes hidromórficos fortemente influenciados por chuvas e marés.
Essas áreas fazem parte do complexo das planícies aluviais com depósitos de sedimentos do
período Quaternário. A diferenciação entre índices de vulnerabilidade decorre do tipo de
cobertura vegetal que inclui mata de igapó e várzeas campestres arbustiva e herbácea (Mapa
6.8).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 245


Mapa 6.8: Carta de vulnerabilidade natural do solo à erosão

Fonte: ZEE (2007)

A combinação entre os fatores de risco na bacia hidrográfica, comentados


anteriormente, associada com a vulnerabilidade do solo na região mais ocupada do território
(regiões sul e sudeste dos municípios de Laranjal do Jari e Vitória do Jari, são potenciais
desencadeadores de desastres naturais e artificiais, principalmente quando combinados com
eventos hidrometeorológicos de longo prazo, e uso e ocupação desordenados do solo.

6.4. Descrição da rotina operacional, de manejo e limpeza da rede drenagem natural e


artificial
Como descrito em tópicos anteriores deste capítulo, a área urbana contendo um sistema
de drenagem e águas pluviais correspondem a apenas 2,47% (Mapa 6.2, página 223). Isto é,
muito reduzida e concentrada em uma área central e com topografia elevada da cidade. Como
já citada, a rede de drenagem existente na sede do Município de Laranjal do Jari possui apenas
2,31 km de extensão, sendo 1,39 km em ruas pavimentadas e 0,92 em ruas não pavimentadas.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 246


Portanto, do ponto de vista da rotina operacional e da manutenção do sistema de manejo
de águas pluviais, incluindo as estruturas de drenagem natural e artificial, é possível informar
o seguinte:
a) Apesar da reduzida extensão da rede de drenagem existente, não há periodicidade
definida da limpeza dos canais (bueiros, bocas de lobo, entre outros dispositivos
existentes. Entretanto, os problemas ocorrem com maior frequência durante o
período chuvoso amazônico – janeiro a junho;
b) Portanto, a manutenção existente é mais de remediação do que de prevenção, ou em
situações de emergência;
c) Os equipamentos existentes são 27 postos de visita (PV) e 42 bueiros. Não há
pessoal qualificado ou específico para esta atividade. Entretanto, quando ocorre
algum problema, há uma parceria entre a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e
Infraestrutura e a Secretaria de Meio Ambiente e Turismo, alocando pessoal
necessário para qualquer manutenção corretiva que se fizer necessária. Contudo, não
há registro de ações preventivas relacionada com a limpeza pública, desobstrução
de canais, bocas de logo, postos de vista, etc;
d) Não há um canal direto de comunicação que trate de resolver tais problemas com as
comunidades dos diferentes bairros, especialmente na zona baixa, sujeita às
inundações. Além disso, onde existe algum equipamento, também não há ações de
planejamento, que minimamente previnam eventuais problemas relacionadas com
as águas pluviais;
e) Existe uma atuação da Secretaria de Meio Ambiente e Turismo que trata de ações
de Educação Ambiental, mas não Educação Sanitária, com o objetivo de relacionar
as questões do sistema de drenagem e águas pluviais com a limpeza urbana, tanto
natural quanto artificial.

6.5. Identificação da existência de sistema único (combinado) e de sistema misto


Não há Sistemas de Esgotamento Sanitário nem Sistema de Drenagem e de Águas
Pluviais. Portanto, também não há um sistema único, combinado ou misto para tratar da gestão
das águas pluviais e sistemas de drenagem.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 247


6.6. Identificação e análise dos principais problemas relacionados ao serviço de manejo de
águas pluviais
Como já descrito neste capítulo, a área urbana contendo um sistema de drenagem e
águas pluviais correspondem a apenas 2,47% (Mapa 6.2, página 223). Isto é, muito reduzida e
concentrada em uma área central e com topografia elevada da cidade, sendo a rede de drenagem
existente na sede do Município de Laranjal do Jari de apenas 2,31 km de extensão: 1,39 km em
ruas pavimentadas e 0,92 em ruas não pavimentadas.
Do levantamento realizado com base nos itens anteriores, é possível resumir os
principais problemas relacionados com o serviço de manejo de águas pluviais:
a) Onde existente, não há registros de rompimento de tubulações (2,46%), que tenha
causado algum extravasamento e exposição dos moradores a proliferação de vetores.
Entretanto, nas áreas onde não existem nenhum tipo de tubulação (97,54%), muitos
problemas ocorrem na zona ou terrenos inundáveis, inclusive com entupimentos de
anilhas que separam áreas previamente aterradas e que se “isolaram” do contato
direto com as águas pluviais ali acumuladas.
b) Como não há um sistema de drenagem, há uma série de pontos críticos de obstrução
da passagem das águas, principalmente após chuvas torrenciais, quando o fluxo de
água apresenta maior resistência, tanto na zona alta quanto na zona baixa. Mas, na
zona baixa o problema é mais frequente, pois não há periodicidade definida de
limpeza dos canais (bueiros, bocas de lobo, entre outros dispositivos existentes.
Entretanto, os problemas ocorrem com maior frequência durante o período chuvoso
amazônico – janeiro a junho, quando fica evidente a presença de entulhos, galhadas,
e objetos volumosos (eletrodomésticos, pneus, etc, o que também denuncia uma
fragilidade grave do serviço de manejo de resíduos sólidos e limpeza urbana;
c) Há um ponto de estrangulamento considerável na curva de quase 180º do Rio Jari,
exatamente em frente da cidade de Laranjal do Jari. Esse estrangulamento tende a
represar as águas e elevar seu nível na medida em que as vazões se elevam no
período chuvoso. Assim, dentre as causas mais relevantes das inundações, além do
equivocado uso e ocupação urbana no leito maior do Rio Jari, é uma das causas mais
severas de inundações. Contudo, há relatos contundentes de que após o início da
operação da UHE Santo Antônio, estes alagamentos tornaram-se menos graves e
menos frequentes;
d) A sede de Laranjal do Jari atualmente apresenta aproximadamente um pouco mais
que 50 mil habitantes. A cidade se expandiu em várias direções, em especial na zona
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 248
mais crítica (“Beiradão”) próximas do Rio Jari, como também em direção à BR156.
Em ambos os casos o solo tem sofrido considerável compactação. E, sem o devido
controle das águas pluviais, a situação pode agravar o escoamento superficial que
tende a se acumular nas zonas mais baixas, já críticas pelos constantes alagamentos
durante os períodos chuvosos. Entretanto, o maior índice de áreas impermeáveis
ocupadas encontra-se na zona alta, mais urbanizada, com mais infraestruturas
construtivas (prédios, pavimentação, calçadas, etc) que dificultam a infiltração da
água;
e) Não há um canal direto de comunicação que trate de resolver tais problemas com as
comunidades dos diferentes bairros, especialmente na zona baixa, sujeita às
inundações e com o solo já saturado pela zona de inundação do Rio Jari. Além disso,
onde existe algum equipamento, também não há ações de planejamento, que
minimamente previnam eventuais problemas relacionadas com as águas pluviais;
f) Além disso, na área rural, o processo é o inverso, especialmente nas estradas
vicinais, onde não há muito suporte à manutenção das vias de acesso entre o interior
do município e a sede.

6.7. Levantamento da ocorrência de desastres naturais no município relacionados com o


serviço de manejo de águas pluviais
Os desastres naturais são classificados quanto a origem, intensidade, tipologia e
características. Quanto à origem os desastres naturais são aqueles causados por fenômenos e
desequilíbrios da natureza que atuam independentemente da ação humana.
Em geral, considera-se como desastre natural todo aquele que tem como gênese um
fenômeno natural de grande intensidade, agravado ou não pela atividade humana. Exemplo:
chuvas intensas provocando inundação, erosão e escorregamentos; ventos fortes formando
vendaval, tornado e furacão; etc (ALCÂNTARA-AYALA, 2002; CASTRO, 1999;
KOBIYAMA et al., 2006; MARCELINO, 2008; OLIVEIRA, 2011; OLIVEIRA e CUNHA,
2015).
Como todos os problemas ambientais, também as “calamidades naturais” se
estabelecem nos pontos de interseção entre sociedade/natureza. O aumento da intensidade dos
impactos provocados por “calamidades naturais” constitui apenas o ponto mais evidente de uma
longa cadeia de interações recíprocas estabelecidas entre sociedade-natureza (já discutidos em
muitos tópicos anteriores deste Diagnóstico): as atividades socioeconômicas transformam o

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 249


ambiente natural o qual, alterado, constrange o próprio desenvolvimento socioeconômico
(MARANDOLA e HOGAN, 2004).
Oliveira (2011) resume em suas conclusões o que tem ocorrido e poderá ocorrer em
termos de desastres causados por causas naturais (ou antrópicas) na bacia do Rio Jari, a qual
teve como objetivo avaliar variáveis socioambientais e climáticas concernente ao risco de
desastres naturais, representado principalmente por frequentes enchentes na bacia do Baixo Rio
Jari e seus impactos nos municípios de Laranjal do Jari (LJ) – AP e Monte Dourado (MTD) –
PA.
De acordo com Oliveira (2011) o município de Laranjal do Jari por ser o mais atingido
por enchentes em todo o Estado do Amapá quando ocorrem eventos extremos de precipitação
tem sido motivo de preocupação dos órgãos públicos de Defesa Civil e infraestrutura devido
aos seus efeitos socioambientais negativos sobre a população considerada como eminentemente
vulnerável. Verifica-se que a condição de vulnerabilidade e risco é decorrente da situação
econômica e de profunda exclusão social resultante do histórico de ocupação desordenada do
Vale do Jari.
A autora comenta sobre duas abordagens metodológicas principais que foram utilizadas
para avaliar suas hipóteses da pesquisa: a) compreensão sobre os padrões hidroclimáticos
locais, principalmente a variabilidade climática explicada pela Zona de Convergência
Intertropical (ZCT - padrão de precipitação); e b) análise de indicadores de vulnerabilidade e
sua quantificação na composição do risco socioambiental concernentes às populações atingidas
em Laranjal do Jari e Monte Dourado, ambas com níveis diferenciados de respostas aos
impactos de cheias.
Os indicadores de vulnerabilidade e o risco foram estimados em função das seguintes
considerações:
1. Os municípios de Laranjal do Jari e Monte Dourado estão sujeitas e dependentes às
leis em comum, sendo as principais a Política Nacional de Defesa Civil, Política Nacional e
Estadual de Recursos Hídricos, Estatuto das Cidades, Código Florestal, Política Nacional de
Saneamento e Política Nacional de Mudanças Climáticas. Contudo, verificou-se que para uma
das cidades a aplicabilidade é das leis tem sido diferenciada. Em Monte Dourado o setor privado
é facilmente fiscalizável e ajustável ao sistema legal por condicionantes e este comportamento
não ocorre na cidade de Laranjal do Jari. Reflete-se nos impactos negativos causados pelas
enchentes na cidade de Laranjal do Jari, cujas consequências são provavelmente decorrentes da
não aplicação efetiva da legislação e de políticas públicas do setor voltadas para a prevenção
de eventos extremos.
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 250
2. A ocupação desordenada como fator socioambiental mais agravante sobre os
impactos negativos das cheias em Laranjal do Jari. Apesar do Estatuto da Cidade (Lei nº
10.257), estabelecer normas de ordem pública e de interesse em relação à vulnerabilidade social
que regulam o uso da propriedade urbana, em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-
estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental, este nem sempre é cumprido.
3. Os indicadores de vulnerabilidade socioambiental mostram claramente que a cidade
de Laranjal do Jari sofre os impactos das cheias devido ao conjunto de fatores climáticos,
socioeconômicos e infraestruturais que estão em desvantagem em relação a cidade de Monte
Dourado. Os principais indicadores que explicam a situação de risco socioambientais são:
renda, a origem da fonte de renda, escolaridade, localização do terreno, tipo de material
construtivo da residência, abastecimento de água, destino do lixo e esgotamento sanitário. Se
estes fatores são minimizados, os riscos diminuem.
4. O indicador renda em Laranjal do Jari mostra que 60% das famílias vivem com menos
de 1 salário mínimo (SM) por mês, caracterizando uma situação econômica como abaixo da
linha da pobreza. Em Monte Dourado esse mesmo indicador aponta que a renda das famílias
encontra-se na faixa de 3 a 14 salários mínimos. Portanto, são menos suscetíveis aos efeitos das
enchentes.
5. O indicador fonte de renda mostra que o desemprego na área de risco de Laranjal do
Jari é altíssimo, já que dois terços dos entrevistados (67%) (OLIVEIRA, 2011) eram
trabalhadores informais. Isto é, chefes de família com renda cuja fonte é obtida por conta
própria (atual autônomo). Contrariamente, em Monte Dourado todos os chefes de famílias
possuem vínculos empregatícios, sendo este um fator de segurança em relação ao futuro e a sua
proteção social, além de diminuir o agravamento da exclusão social. Em Laranjal do Jari na
ocorrência das enchentes são as que mais necessitam de ajuda durante o desastre e após sua
ocorrência, gerando elevação dos custos dos recursos financeiros indicados pelos AVADAN’s
(Avaliação de Danos pela Defesa Civil).
6. O indicador escolaridade apontou uma imensa desigualdade educacional entre as
cidades. Em Laranjal do Jari constatou-se cidadãos sem nenhum grau de instrução (10%)
aqueles que sabem escrever o próprio nome (29%), os que possuem o Ensino fundamental
incompleto (34%). A soma das pessoas com ensino fundamental completo e ensino médio
incompleto (24%) e apenas três por cento (3%) possuem ensino médio completo. Em Monte
Dourado o indicador educacional aponta para alto índice de ensino. O nível mais baixo de
escolaridade dos chefes de famílias neste distrito é o ensino médio incompleto (6%). A maioria
dos chefes de famílias é de pessoas que possuem o ensino superior completo. Esses dados sobre
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 251
escolaridade mostram que na realidade os bairros da área de várzea de Laranjal do Jari não têm
acompanhado o crescimento no nível educacional, contribuindo para uma vulnerabilidade
maior e qualidade de vida cada precária.
7. O indicador localização do terreno, em Laranjal do Jari, sugeriu que a maioria da
população possui sua residência em pontes e passarelas (77%), onde as condições de vida são
precárias. Atualmente, estes valores reduziram-se proporcionalmente ao crescimento
populacional, e também devido ao processo de urbanização se concentra e se expandir em
direção a BR156. No entanto, em Monte Dourado (100%) população tem suas residências em
ruas bem asfaltadas com alto padrão de qualidade (água, esgoto e drenagem e coleta de lixo).
Mas, percebe-se um significativo nível de descompasso entre a população que desfruta dos
benefícios do desenvolvimento econômico (Monte Dourado) e as excluídas desse processo
(Laranjal do Jari).
8. O indicador “tipo de material” que a casa é construída mostra que em Laranjal do Jari
a maioria dos domicílios (79%) eram construídos de madeira, material frágil às intemperes
climáticas com ocorrência de incêndios e enchentes. Em Monte Dourado todos os domicílios
(100%) são de alvenaria. A infraestrutura habitacional é fator de vulnerabilidade que eleva os
níveis de risco socioambiental em Laranjal do Jari.
9. O indicador abastecimento de água mostra que em Laranjal do Jari há cidadãos sem
acesso a água potável. Em Monte Dourado toda população (100%) é atendida com
abastecimento de água. A precariedade de abastecimento de água em Laranjal do Jari contribui
para o agravamento da vulnerabilidade social e do risco.
10. O indicador destino do lixo mostrava que em Laranjal do Jari, na área estudada, a
prefeitura promove a coleta de lixo atendendo apenas 44% da população. A maioria (56%) da
população descarta e/ou queima o lixo domiciliar. A principal consequência desse destino dado
ao lixo era o assoreamento que consistia na acumulação de resíduos sólidos (sedimentos) no
meio aquático e a consequente degradação ambiental.
11. O indicador esgotamento sanitário para o município de Laranjal do Jari revela um
problema gravíssimo de saúde pública. Aproximadamente 19 mil pessoas, não eram atendidas
na época por esgotamento sanitário. E esse número se agravou desde então. Em Monte Dourado
contudo todos os bairros são atendidos com esse serviço, mostrando o modelo de uma cidade
sustentável em termos sanitários, conforme preconiza a o Estatuto da cidade e a Lei 11.455
(2007).
12. O padrão climático atuante na bacia do rio apresenta uma variabilidade interanual
marcante observados através do regime de chuvas em sua série histórica. No período de décadas
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 252
de monitoramento ocorreram menos eventos extremos negativos, sendo que os períodos de
normalidade são intercalados por períodos anômalos. Nestes longos períodos, verificou-se uma
oscilação entre anos normais, chuvosos e secos com maior ocorrência de anos muito chuvosos,
com intervalos aproximados de quatro a cinco anos entre os eventos extremos.
13. A probabilidade e o impacto da ocorrência dos desastres na cidade de Laranjal do
Jari calculada através da matriz de risco apontou nível moderado de impacto onde os riscos
podem ser minimizados com adoção de medidas preventivas a curto e médio prazos. O
monitoramento dos fatores climáticos e a gestão do risco mostram-se ferramentas
indispensáveis para diminuir os impactos dos desastres sobre a população.

6.8. Identificação dos responsáveis pelo serviço de manejo de águas pluviais


Não há responsáveis específicos pelo serviço de manejo de águas pluviais. Como
comentado no tópico 6.4, não há pessoal qualificado ou específico para esta atividade.
Entretanto, quando ocorre algum problema, há uma parceria entre a Secretaria de
Desenvolvimento Urbano e Infraestrutura e a Secretaria de Meio Ambiente e Turismo, alocando
pessoal necessário para qualquer manutenção corretiva que se fizer necessária. Contudo, não
há registro de ações preventivas relacionada com a limpeza pública, desobstrução de canais,
bocas de logo, postos de vista, etc;

6.9. Identificação e análise da situação econômico-financeira do serviço de manejo de


águas pluviais
Não há informações disponíveis sobre este item.
Entretanto, apesar de não haver indicadores específicos sobre a situação econômico-
financeira do serviço de manejo de águas pluviais, os seguintes podem ser adaptados da
literatura, com o objetivo de avaliar aspectos específicos locais:
Índice de vias com problemas de microdrenagem não está disponível (Quantidade de
vias que alagam com precipitação TR < 5 anos/Número total de vias do município) podem ser
estimados na faixa de 25,0% (cheias de grandes proporções a cada 4-5 anos). Nestes casos, há
ocorrências de alagamento de grandes e muito grandes proporções, em especial nos períodos
de maior precipitação (período chuvoso Amazônico entre março e maio) no Rio Jari e Rio
Cajari.
Durante este estudo foram relatados vários eventos de alagamentos tanto na sede
municipal quanto no interior (Rio Cajari). Porém, estes eventos foram atribuídos aos seguintes
fatores: eventos naturais de precipitação na bacia do rio Jari. Entretanto, uma combinação entre
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 253
os eventos climáticos de precipitação e entulhamento de resíduos sólidos pesados (geladeiras,
pneus, móveis velhos, madeira e entulho de construção civil, etc) foi observado em Laranjal do
Jari, o que não tem ocorrido nas comunidades ribeirinhas do Rio Cajari.
Indicador de pontos de inundação (No de pontos de inundação por ano/extensão de rios
e córregos na área urbana do município - km) pode ser apenas estimado (no/km) = 10 km (de
grande extensão), como as margens do Rio Jari e Cajari, já descritas anteriormente.
Indicador de área alagada (Bacias que apresentam deficiência em macrodrenagem com
precipitação <TR< 25 anos)/Número Total de Bacias urbanas e rurais) do município estimadas
com macrodrenagem (%) = 3 (muito baixo, devido à baixa densidade populacional e reduzida
área ocupada por habitantes).
Proporção de áreas verdes e impermeabilizadas (Áreas impermeabilizadas (km2)/Área
Total (km2) (%): a proporção aproximada na zona urbana da sede de Laranjal do Jari seria de
aproximadamente: < 26,86% (média). A área da sede urbana de Laranjal do Jari apresenta 604
ha (hectares). E cerca de 162,25 ha já se encontram ocupadas por residências ou infraestruturas,
como calçamento, vias pavimentadas, etc. Isto é, 26,86% já estão impermeabilizadas e podem
ser enquadrada ainda na categoria de moderada impermeabilização.

6.10. Caracterização da prestação do serviço de manejo de águas pluviais segundo


indicadores
Não há informações disponíveis sobre este item. Devido a praticamente inexistência
dessa componente do saneamento básico no Município de Laranjal do Jari (apenas 2,45% de
cobertura).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 254


CAPÍTULO 7

7. SERVIÇO DE MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

7.1. Descrição da situação dos resíduos sólidos gerados no município


O Decreto No 7.217/2010 considera como serviços públicos de manejo de resíduos
sólidos as atividades de coleta e transbordo, transporte, triagem para fins de reutilização ou
reciclagem, tratamento, inclusive por compostagem, e disposição final dos I) resíduos
domésticos, II) resíduos originários de atividades comerciais, industriais e de serviços, em
quantidade e qualidade similares às dos resíduos domésticos, além dos III) resíduos originários
dos serviços públicos de limpeza pública urbana (varrição, capina, roçagem, poda e atividades
correlatas em vias e logradouros públicos). Nesta lista, incluem-se ainda asseios de
monumentos, abrigos e sanitários públicos, raspagem e remoção de terra, areia ou quaisquer
materiais depositados pelas águas pluviais em logradouros públicos, desobstrução e limpeza de
bueiros, bocas de logo e correlatos (FUNASA, 2018).
No município de Laranjal do Jari os serviços de limpeza urbana são de responsabilidade
da Prefeitura Municipal. Os serviços de coleta convencional são prestados por 20 trabalhadores,
sendo 04 motoristas e 16 garis. As coletadas ocorrem todos os dias em diferentes rotas
realizadas no município. As comunidades rurais terrestres e/ou ribeirinhas são desprovidas de
atendimento de coleta domiciliar de resíduos sólidos. E a solução mais utilizada por essas
comunidades é a queima dos resíduos, enterrando ou lançando-os nos corpos hídricos próximos.

7.1.1. Geração e Composição gravimétrica


De acordo com FUNASA (2018), o município que dispuser do estudo de composição
gravimétrica, realizado nos últimos 4 anos, poderá usá-lo com referência para o diagnóstico dos
resíduos sólidos. Além disso, o município poderá utilizar fontes secundárias, desde que
oriundas de municípios com características semelhantes, minimamente em termos de porte
populacional, região geográfica e nível de desenvolvimento econômico.
No presente caso, o município decidiu pela a realização do estudo de composição
gravimétrica, no âmbito do processo de elaboração do PMSB. Desta forma, a metodologia de
análise gravimétrica descrita a seguir, segue rigorosamente os procedimentos indicados no TR
2018 (FUNASA, 2018).
Para a realização da caracterização qualitativa dos resíduos sólidos urbanos gerados no
município de Laranjal do Jari, a metodologia utilizada para o procedimento está descrita no
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 255
termo de referência para a elaboração de plano municipal de saneamento básico da Funasa
(FUNASA, 2018).
A composição gravimétrica é feita através de amostragem específica, a partir da seleção
e mensuração dos seus componentes (matéria orgânica, metal, vidro, papel e papelão),
determinando sua classificação e a fração percentual do peso que cada componente representa
na amostra total.
Dentre os aspectos relevantes da metodologia é a escolha de uma rota representativa das
condições ordinárias de tráfego do caminhão de lixo (BARROS et al., 2012). No presente
diagnóstico, a rota escolhida foi realizada de acordo com a sua representatividade dentro do
município, especifica e exclusivamente na sede municipal de Laranjal do Jari.
Para a análise da composição gravimétrica, uma vez escolhida a rota representativa, os
resíduos foram triados nos seguintes grupos: papel; papelão; plástico duro; plástico mole;
alumínio; metal ferroso; metal não ferroso; vidro; entre outros materiais (como couro, borracha,
madeira, trapos, pedras, etc.), matéria orgânica putrescível, folhas, mato e galhada (FUNASA,
2018).
A metodologia de quarteamento das amostras ocorreu da seguinte forma (FUNASA,
2018):
1. Os resíduos foram despejados sobre uma lona plástica resistente previamente instalada
no solo e as sacolas plásticas foram abertas, onde foi conduzida a homogeneização da
amostra, com o auxílio de uma pá (Fotografia 7.1);

Fotografia 7.1: Lona utilizada para despejo dos resíduos sólidos

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 256


2. A rota escolhida para a realização do processo de análise gravimétrica foi aleatória e
realizada na zona norte da sede do município. Após a escolha e determinação das rotas,
de acordo com os critérios de representatividade, os resíduos coletados foram
descarregados em uma manta impermeável para a realização do processo de
quarteamento e amostragem; (Fotografia 7.2);

Fotografia 7.2: Despejo de resíduo sólido para realização da amostragem

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

3. Retirou-se as amostras em diferentes pontos da pilha de resíduos, de modo a preencher


oito tambores de 200 L; (Fotografia 7.3);

Fotografia 7.3: Tambor utilizado para separação dos resíduos

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 257


4. Em seguida, realizou-se o processo de quarteamento, separou-se a amostra em quatro
partes aproximadamente iguais e coletou-se duas partes opostas em diagonal;

Fotografia 7.4: Processo de quarteamento

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

5. Após a escolha de dois tambores de 200 L, os resíduos sólidos foram previamente


separados. Antes da pesagem final, os tambores foram pesados vazios e só
posteriormente preenchidos com os resíduos. O peso líquido dos resíduos sólidos foi
estimado por diferença entre o peso do tambor cheio com a amostra e do tambor vazio
(Fotografia 7.4);
6. Novamente, depositou-se os resíduos sobre a lona plástica resistente para que ocorresse
a etapa de triagem por categoria dos resíduos sólidos, conforme pré-determinado;
Os resíduos separados foram ensacados e finalmente pesados com o objetivo de estimar
as frações por categoria de resíduo (Fotografia 7.5).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 258


Fotografia 7.5: Sacos para a separação dos resíduos

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

Dos RSUs gerados, a fração com maior representatividade foi a matéria orgânica
putrescível, com 33,45%. O lixo sanitário teve representação de 20,46%. Na Tabela 7.1 é
ilustrado o peso e o percentual de cada fração da composição gravimétrica na sede municipal.

Tabela 7.1: Composição gravimétrica do Município de Laranjal do Jari


Composição Física dos Resíduos Sólidos
Peso Porcentagem
Componentes/Materiais
(Kg) (%)
Plástico duro 2,9 6,05
Alumínio/ metal ferroso/ metal não ferroso 1,8 3,76
Vidro 0,4 0,84
Plástico mole 8,6 17,95
Papel/papelão 6,9 14,41
Lixo Sanitário 4,5 9,39
Matéria Orgânica putrescível 15,4 32,15
Outros 7,4 15,45
Total 47,9 100,00
Fonte: Elaborado pela equipe de Saneamento Ambiental/PMSB (2020).

Para avaliar a viabilização do processo de reciclagem do material, os resíduos foram


separados em categorias, o que permitiu verificar o potencial de reciclagem dos RSUs do
município. Se ocorresse o processo de triagem dos materiais que deveriam ser coletados de
forma seletiva, haveria um aumento na vida útil do aterro sanitário que recebesse esses resíduos.
Os resíduos que devem ser encaminhados para o aterro sanitário, como destino final, são os
resíduos considerados como rejeitos, ou seja, não há possibilidade de reciclagem. Por exemplo,

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 259


no presente caso, esta categoria (rejeito não reaproveitável) teve representação de 24,84% no
município do total de resíduos coletados. Já o material orgânico representou 32,15% do volume
total. E uma forma de destinação desses últimos poderia ser o processo de compostagem.
Entretanto, em relação ao material reciclável, uma solução seria o seu amplo aproveitamento,
especialmente em reutilização, reciclagem, recuperação ou outras formas de destinação,
representado por 43,01% dos componentes totais identificados no processo de análise
gravimétrica (Gráfico 7.1).

Gráfico 7.1: Composição gravimétrica do RSUs do município de Laranjal do Jari

24,84
32,15

43,01

Material compostável Material Reciclável Rejeito

Fonte: Elaborado pela equipe de Saneamento Ambiental/PMSB (2020).

Em seguida foi feito o processo de determinação do teor de umidade da massa de


resíduos sólidos. Neste procedimento foram separados 2 kg do resíduo homogeneizado
utilizado no processo de separação das frações, e posteriormente transportados para a estufa a
temperatura de 75° C por um período de 48 horas.
Como resultado desta etapa, o material restante desse processo de medição obteve-se
um teor de umidade de 687 gramas que, em termos porcentuais, representa 34,35% da umidade
total da amostra selecionada no processo de quarteamento.

7.1.2. Geração per capita de resíduos sólidos no município


A partir do processo de gravimetria é possível saber a geração per capita de resíduos
sólidos. Esta geração pode ser definida em base diária quantificada em toneladas de resíduos
no município. Considerando a população pelo senso realizado no ano de 2010, que foi de 39.942
habitantes, temos que a geração per capita de resíduos sólidos no município será de:
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 260
𝑄𝑛𝑡. 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑑𝑢𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑙𝑒𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑑𝑖𝑎
𝐺𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎 =
𝐻𝑎𝑏. 𝑚𝑢𝑛𝑖𝑐𝑖𝑝𝑖𝑜
42000 𝑘𝑔. 𝑑𝑖𝑎
𝐺𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎 = = 1,051 𝑘𝑔/ℎ𝑎𝑏. 𝑑𝑖𝑎
39.942 ℎ𝑎𝑏

Em média, em Laranjal do Jari, uma pessoa é capaz de gerar 1,051 kg/hab/dia. Em


comparação com a média nacional do ano de 2017, e de acordo com dados do panorama dos
resíduos sólidos no Brasil, é de 1,035 kg/hab/dia (com um erro relativo de aproximadamente
5,46%). A rigor, o que se pode observar é que o município do Laranjal do Jari está próximo a
média nacional. Todavia, ao se considerar uma projeção da população realizada no ano de 2019
pelo IBGE a população passaria a ser de 50.410 habitantes, e a geração per capita passaria a ser
de 0,833 kg/hab/dia. Isto é, uma diferença percentual, nestes casos, seria de aproximadamente
19,52%).

42000 𝑘𝑔. 𝑑𝑖𝑎


𝐺𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎 = 0,833 𝑘𝑔/ℎ𝑎𝑏. 𝑑𝑖𝑎
50.410 ℎ𝑎𝑏

O cálculo supracitado foi feito levando em consideração a média atual e efetiva em


toneladas que é coletado por dia (42 t/dia).
A população rural terrestre e/ou ribeirinha do município, contudo, não é coberta pela
coleta de resíduos, sendo esse material frequentemente despejado nos rios ou incinerados
(queimados) pela população em quintais ou áreas comuns dos vilarejos ou comunidades.
Entretanto, a queima deliberada de resíduos sólidos também ocorre na zona urbana, mesmo
com existência dos procedimentos normais de coleta regular. Nestes casos, alguns moradores,
por conveniência ou não, acabam por despejar os resíduos no solo ou queima-lo, o que é
ambientalmente ilegal.
Queimar lixo doméstico é crime. A Lei de Crimes Ambientais, nº 9.605 de 1998, em
seu artigo 54, descreve o crime de poluição, que consiste no ato de causar poluição, de qualquer
forma, que coloque em risco a saúde humana ou segurança dos animais ou destrua a flora.

7.1.3. Acondicionamento, Coleta, Transbordo e Transporte


O acondicionamento dos resíduos domiciliares é realizado pelos geradores de forma
individual em sacolas plásticas, e são depositados em lixeiras localizadas em frente das
residências. Assim, as sacolas são disponibilizadas para coleta diária pelos próprios moradores
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 261
Normalmente estas são pendurada em árvores, muros, dispostos no passeio público ou em
lixeiras “comunitárias” distribuídas em alguns pontos do município, no qual os garis recolhem
porta a porta os resíduos gerados pela população e depositados no caminhão basculante.
Observa-se que o caminhão basculante é aberto e não tem nenhuma proteção para evitar queda
de resíduos pelas vias públicas. A Fotografia 7.6 ilustra o procedimento de coleta dos resíduos
sólidos urbanos. Observe o destaque, no retângulo vermelho da Fotografia 7.6, das lixeiras onde
os RSUs são normalmente depositados (não há proteção nem isolamento eficientes).

Fotografia 7.6: Formas de acondicionamento e armazenamento dos resíduos sólidos


domiciliares (Sede).

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2019).

Apesar da coleta ocorrer de forma regular na sede do município é possível ainda


encontrar em alguns pontos do município lixeiras viciadas, em que a população deposita todo
tipo de resíduo. Isto é, não apenas resíduos domésticos, mas resíduos volumosos, carcaça de
animais, etc, fazendo com que haja a proliferação vetores de doenças, além de animais como
Urubus, como pode ser visto na Fotografia 7.7.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 262


Fotografia 7.7: Deposito e armazenamento dos resíduos sólidos

Fonte: Acervo do PMSB (2019).

No setor rural/terrestre e rural/ribeirinho não ocorre a coleta de resíduos sólidos, sendo


esses depositados em lixeiras viciadas, despejados nos rios, no passeio público ou queimado
(Fotografia 7.8).

Fotografia 7.8: Despejo de resíduos sólidos (Comunidade Padaria)


a b

Fonte: Acervo do PMSB (2019).

Na sede do município, o sistema de coleta domiciliar do “lixo” é realizado por quatro


caminhões basculante, ocorrendo todos os dias da semana, os quais são designados e ou

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 263


distribuídos em diferentes rotas (Mapa 7.1). Por exemplo, as coletas ocorrem normalmente no
horário de 05 h às 10 h e das 14 h às 17 h. A rota de coleta dos resíduos sólidos está ilustrada
no Mapa 7.1. Cabe salientar que não há na sede municipal uma destinação final adequada. Isto
é, há apenas um “lixão” a céu aberto. Como o processo de coleta é feito através de caminhão
basculante, os resíduos acabam se dispersando no caminho percorrido até a disposição final.
Em todos os casos observados, não existe proteção da carga no transporte (Fotografia 7.9).

Fotografia 7.9: Lixo caído na estrada que leva ao lixão

Fonte: Acervo do PMSB (2020).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 264


Mapa 7.1: Rota de coleta de resíduos sólidos

Fonte: Elaborado pela Equipe de Geoprocessamento/PMSB (2020).

Ao realizar a coleta na sede do município o caminhão segue em direção ao “lixão” que


fica localizado a uma distância de mais ou menos 15 km do centro da sede do município. E os
caminhões basculantes têm capacidade média de 4 toneladas, e apresentam idade média
superior a 5 anos de operação.

7.1.3.1. Resíduos da saúde


Os resíduos sólidos de serviço de saúde (RSS) são aqueles gerados nos serviços de saúde
(hospital, clínicas, consultórios, laboratórios, necrotérios, entre outros) e é definido em
regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do SISNAMA e do SNVS.
Os resíduos sólidos dos serviços de saúde são tipificados em: Classe A (infecto
contagiantes e membros ou peças anatômicas), Classe B (químicos), Classe C (radioativos) e
Classe E (perfurocortantes) (FUNASA, 2018) e, devido à sua periculosidade, necessitam de
coleta, tratamento e disposição final distinta. Cabe aos geradores dos serviços de saúde e ao
responsável legal, o gerenciamento desde a geração até a disposição final.
Por exemplo, os resíduos de saúde devem ser observados quanto as substancias
infectantes no qual deverão ser alocados sobre os números ONU 2814, 2900 ou 3291. Para a
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 265
coleta dos resíduos de saúde, é necessário seguir o fluxo estabelecido na NBR 13.221/2017
conforme Figura 7.1. O município de Laranjal do Jari não cumpre o que estabelece as normas
de coleta de resíduos da saúde.

Figura 7.1: Fluxograma de Resíduos de Saúde

Fonte: ANTT No 5232/2016 e Atualizações.

Os resíduos sólidos dos serviços de saúde, devido a sua periculosidade, necessitam de


coleta, tratamento e disposição final distinta. Cabe aos geradores dos serviços de saúde e ao
responsável legal, o gerenciamento desde a geração até a disposição final.
No município de Laranjal do Jari, a coleta e tratamento dos resíduos sólidos dos serviços
de saúde (RSS) do hospital é realizado por uma empresa contratada pelo Governo do Estado do
Amapá (Empresa TRATALIX) no qual coletam de 15 em 15 dias e levam os resíduos para o
aterro sanitário da capital. Entretanto o armazenamento temporário desse interim de 15 dias
está em não conformidade com a resolução RDC n° 222 de 28 de março de 2018. Já os RSS
oriundos das UBS e das farmácias são transportados pela empresa para o Aterro Controlado de
Macapá (AP), onde são incinerados.
Em resumo, o Município de Laranjal do Jarí não tem responsabilidade pelo lixo
hospitalar. Desta forma, o Governo do Estado do Amapá por meio da Secretaria de Estado de
Saúde (SESA), firmou um contrato (Contrato N° 008/2018 NGC/SESA) com a empresa privada
Tratalix Serviços Ambientais do Brasil LTDA – EPP para coleta, transporte, tratamento e
destinação final dos Resíduos de Serviço de Saúde (RSS) nos estabelecimentos de saúde de
responsabilidade da secretaria nos diversos municípios do estado em que são gerados RSS.
A empresa foi responsabilizada em fornecer contêineres, que seriam utilizados para o
acondicionamento externo dos RSS gerado no Hospital Estadual de Laranjal do Jari e demais

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 266


estabelecimentos de saúde de responsabilidade da SESA. A empresa ficou de fornecer ao
município 5 contêineres fabricados em Polipropileno com capacidade de 1000 L cada, sendo 3
azuis (armazenamento de Resíduos Comuns do Grupo D) e 2 brancos (para armazenamento de
Resíduos do Grupo A, B e E). A coleta do RSS é realizada a cada 15 dias.
A coleta, o transporte, tratamento e destinação final dos resíduos seguem as normas
vigentes. A coleta e transporte externo devem ser realizados conforme as normas NBR 12.810
e NBR 14652 da ABNT.
Os resíduos do Grupo A, B e E deverão ser encaminhados para o sistema de tratamento
da empresa e receber o tratamento adequado (esterilização ou incineração) conforme
preconizado na RDC ANVISA n°306/2004. Os resíduos do Grupo D deverão ser transportados
para o Aterro Controlado de Macapá. A empresa continuará responsável pela coleta, transporte,
tratamento e destinação final do RSS até novembro de 2020.
Em relação ao lixo hospitalar gerado nas UBS, por ser em pequena quantidade, sua
destinação é o lixão, conforme esclareceu o então Secretário de Saúde Marcel Jadson. De
acordo com ele, o município administra seis UBS, e que a quantidade de lixo hospitalar é
relativamente pequena, mas que o material é tratado com cuidados para evitar infecções, tendo
seu descarte no lixão local (Diário do Amapá, 2018).

7.1.3.2. Resíduos volumosos


Foi realizado um questionário com o responsável pelo setor de divisão de limpeza e
conservação pública do município. Foi relatado que não ocorre a retirada desse tipo de resíduo
do município. O que significa que os responsáveis por sua destinação final são os usuários.
Foi informado ainda pelo responsável do setor de limpeza que é oferecido à população
a retirada de entulhos ou resíduos da construção civil gerado pela população, no qual é cobrado
uma taxa de R$ 64,0 para que a prefeitura faça a retira do material.

7.1.3.3. Limpeza de vias e logradouros públicos


Os serviços de podas das árvores, varrição de vias e logradouros, capina, roçagem,
limpeza dos rios (encostas), limpeza de bocas-de-lobo, pintura das guias dos passeios públicos
são realizadas pela prefeitura, sempre que esses trabalhos são realizados, os coletores são
acionados e é realizada a retirada do material, sendo levado para um local especifico do lixão.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 267


7.1.3.4. Resíduos especiais
O município não recebe ou faz a coleta de resíduos especiais como pilhas e baterias,
lâmpadas fluorescentes, embalagem de agrotóxicos. Não há informações disponíveis sobre o
volume desses resíduos e nem de que forma eles são descartados. Os resíduos pneumáticos são
recolhidos de acordo com a demanda desse tipo de material.

7.1.3.5. Serviços realizados pelo município


Os serviços realizados pelo município correspondem a limpeza e coleta de resíduos
sólidos são: a coleta domiciliar regular de lixo, coleta regular de resíduos sólidos das vias e
logradouros públicos, varrição, capina e roçagem de vias e logradouros, limpeza de feiras,
remoção de animais mortos, poda de árvores, pintura de guias. A limpeza de lotes vazios é
realizada pelo proprietário.

7.1.4. Tratamento, destinação e disposição final


Depois do processo de recolhimento dos resíduos sólidos domiciliares eles são
encaminhados para o “lixão” que fica localizado a cerca de 15 km da sede no município (Mapa
7.2) com uma área estimada de aproximadamente 5 ha. O município não paga nenhum valor
para depositar os resíduos na localidade. Em média são coletadas cerca de 112 toneladas por
semana de acordo com o levantamento feito pela secretária responsável pela coleta, ao chegar
no aterro, os resíduos são depositados no solo, o lixão fica localizado a uma distância de 0,37
km de um ponto de drenagem superficial. Porém, o terreno do entorno é considerado como
inundável. Portanto, atualmente inadequado para sua operação.
Neste aspecto, é necessária uma localidade alternativa para a construção de um aterro
sanitário (tal como previsto em Lei) para a destinação final dos resíduos sólidos de Laranjal do
Jari.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 268


Mapa 7.2: Localização do lixão em referência a sede do município

Fonte: Elaborado pela Equipe de Geoprocessamento/PMSB (2020)

Portanto, atualmente o município não dispõe de nenhuma forma de tratamento de


resíduos sólidos. Como pode ser observado, a disposição final dos resíduos coletados pelo
município é feita em um “lixão” a céu aberto. E não há o controle da entrada de resíduos no
local, que o ocasiona a proliferação de vetores, como aves e especialmente urubus, roedores
(como ratos) e insetos (como moscas, mosquitos e baratas).
Como é possível observar nas imagens (Fotografia 7.10 a), no lixão há presença de
catadores de lixo, os quais são muito importantes no processo de separação de alguns resíduos
úteis para o processo de reciclagem.
Não existe projetos de contenção e drenagem dos líquidos percolados e gases, bem como
a conservação da drenagem pluvial do local. No Mapa 7.3 é possível verificar que a região
possui locais de drenagem superficiais, o que não é adequado para o processo de percolação
dos líquidos gerados pela aglomeração de resíduos. É possível observar a partir das Fotografia
7.10a e Fotografia 7.10b, a existência de queima dos resíduos sólidos depositados diretamente
no solo.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 269


Fotografia 7.10. Lixão a céu aberto do município de Laranjal do Jari

Fonte: Acervo do PMSB (2020).

Contudo, é frequente os catadores sem condições de proteção, como uso de EPIs


mínimos (luvas, roupas adequadas, sapatos, etc). Esses trabalhadores acabam por ter contato
com todo tipo de resíduos que entram no lixão, incinerando parte desses resíduos e possuem
moradia no próprio local (Fotografia 7.11 e Fotografia 7.11).

Fotografia 7.11: a) Ambiente de moradia e trabalho de catador de material reciclável (PET) e


garrafas de vido nos arredores do Lixão a céu aberto - Laranjal do Jari.

Fonte: Acervo do PMSB (2020).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 270


Fotografia 7.12: a) e b) Detalhes da moradia típica de um catador de material reciclável de
garrafas de vidro próximo do Lixão a céu aberto - Laranjal do Jari

Fonte: Acervo do PMSB (2020).

7.1.5. Reciclagem de resíduos sólidos


No município de laranjal do Jari é feito um processo de reciclagem de resíduos que
ocorre através de uma empresa que utiliza o espaço físico de cooperativa de móveis, com o
apoio da Prefeitura. A empresa é a Empresa de Reciclagem: J. N. Pimentel Elalia - ME / Amapá
Metal. Na intermediação comercial há dois compradores independentes de Macapá que
adquirem a maior parte do material reciclado: Sr. José Ademir Fernandes e Sr. José Ronaldo de
Souza.
Após os resíduos serem depositados no lixão, ocorre o processo de separação do plástico
em recipientes. Esse trabalho ocorre pelo menos duas vezes por semana com o auxílio de 4 a 5
funcionários que ficam no lixão (Fotografia 7.11, Fotografia 7.12, Fotografia 7.13 e Fotografia
7.14). A empresa Amapá Metal paga R$ 10,0 por recipiente. Em seguida esse material é levado
para a Empresa Amapá Metal que está utilizando o espaço físico da cooperativa de móveis
dentro da área urbana do município, onde ocorrem todas as fases posteriores da reciclagem,
desde a separação, empacotamento e prensagem.
No local é feita a parte de separação por dois funcionários dos plásticos em sua
diferentes categorias, esse material é prensado e encaminhado pela empresa para outros estados,
esse transporte é realizado através de balsas (Fotografia 7.15 e Fotografia 7.16).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 271


Fotografia 7.13: a) Ambiente da cooperativa de reciclagem e funcionárias no horário de
intervalo para o descanso. b) Etapa do processo de reciclagem do resíduo sólido.

Fonte: Acervo do PMSB (2020).

Nesse processo, são retirados cerca de 10 a 12 toneladas de plástico, no valor de R$ 1,30


a 1,40 por quilo de material. A empresa também faz a reciclagem de papelão e ferro. O papelão
é levado diretamente pelos geradores até a empresa Amapá Metal (o que é gerado pelos dois
maiores supermercados do município).
Este material reciclado é encaminhado para o município de Macapá. E cada quilo é
vendido no valor de R$ 0,15 (quinze centavos), sendo retirados de 10 a 12 toneladas de
material/mês. O ferro também é retirado pela empresa e levado a Macapá, o qual é recolhido
cerca de 2 a 3 toneladas por mês desse material.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 272


Fotografia 7.14: Processo de reciclagem do resíduo sólido

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2020).

Fotografia 7.15: a) Ambiente de produção de material reaproveitamento de resíduos sólidos,


com destaque à prensa que reduz em média 80% do volume no processo; b) Responsáveis
pelas etapas do processo de reciclagem do resíduo sólido.

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2020).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 273


Fotografia 7.16: a) Ambientes da empresa Amapá Metal, b) espera de material antes da
prensagem do resíduo sólido, c) prensa, d) material prensado ensacado para transporte, e)
material empilhado (metais, papelão, plástico) na área externa e f) área de acesso à empresa

Fonte: Acervo fotográfico do PMSB (2020).

Em resumo, como as condições de geração local dos resíduos estão expressos no


diagnóstico indicadas no item 7.1.1 (geração de composição) e são úteis para subsidiar o PMSB
do Município de Laranjal do Jari. Portanto, a caracterização e a geração dos resíduos sólidos
são tarefas essenciais para a gestão e o manejo dos resíduos sólidos e da limpeza pública,
incluindo a prestação dos serviços, em especial o da coleta, tratamento e disposição final, pois
é subsídio fundamental para o dimensionamento e a especificação dos equipamentos, bem como
determina o potencial de reciclagem, ajudando na definição de programas de coleta seletiva
adequados (FUNASA, 2018).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 274


Foi observado também que não há uma balança para realizar os resíduos sólidos
coletados. Nem há nenhuma definição de um local determinado para instalação de uma futura
balança.

7.2. Análise de planos municipais existentes na área de manejo de resíduos sólidos


O Município não dispõe de planos municipais para o manejo de resíduos sólidos.
Todavia, é importante frisar que o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (Lei,
0545/2016), prevê a necessidade de elaboração do PMSB como extensão deste Plano Diretor.
Portanto, há o suporte legal para que sejam desenvolvidos planos de manejo do município (sede
e outras localidades da área rural de terra firme e ribeirinha).

7.3. Sistematização dos problemas identificados ao serviço de manejo de resíduos sólidos


e de limpeza pública
Com base na opinião da comunidade e na descrição do serviço do manejo de resíduos
sólidos, incluída a limpeza pública sobre o serviço prestado pelo município, é possível
descrever o seguinte:
1) A geração de resíduos é destinada para um lixão a “céu aberto”. Contudo, há a
iniciativas/adesão para o aproveitamento, reutilização e reciclagem e de combate ao
desperdício. Isso pode ser observado pela participação de uma Empresa Amapá Metal
na coleta de materiais recicláveis (metal, papel/papelão, plástico e, ocasionalmente,
vidro). Segundo relatos de funcionários da área de meio ambiente, historicamente, a
prefeitura em outras gestões já foi autuada pelo Ministério Público e Polícia Federal,
devido à precária situação ambiental da lixeira viciada. Esse estado permanente de
irregularidade ou não conformidade legal, gera a necessidade de iniciativas fortes para
o gerenciamento de resíduos sólidos;
2) O condicionamento inadequado dos resíduos postos para a coleta (como o lixo
espalhado nas vias no roteiro de viagem dos caminhões, com riscos sanitários e de
segurança para os transeuntes e funcionários);
3) Há áreas denominadas de ponte (16,90 km) que representando cerca de 18,07% do total
das vias, que não dispõem de coleta de lixo, porque os caminhões não podem adentrar
nas zonas de pontes;
4) A qualidade do serviço prestado não é boa. Há limitações, como o estado de conservação
da frota, caçambas basculantes abertas, ausência de balança e fiscalização;

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 275


5) Há problema de segurança, por exemplo, uso de EPI para os catadores de lixo, que
vivem no entorno da lixeira viciada;
6) Há gargalos institucionais e operacionais na coleta seletiva: as ruas apresentam trechos
pavimentados (bom acesso), não pavimentado (acesso limitado) e pontes (sem acesso).
Por exemplo, os caminhões coletam nas principais ruas e avenidas de todos os bairros
de terra firme, circulando nas ruas de acesso dos bairros das áreas baixas como:
Malvinas, com rua de acesso é, entre o trecho da Usina até a Passarela dos Macacos,
alguns moradores das passarelas depositam seus resíduos nos pontos de coleta na
margem da rua. Outras extensões: Avenida Beira Rio, seguindo a Avenida Tancredo
Neves idem. Além disso, Rua Rio Branco até Rua José Cesário, Bairros: Santarém e
Sagrado Coração de Jesus idem. Rua José Cesário até Rua Esplanada idem. É
importante informar que, todos estes trechos têm pontos de coleta (lixeira publica), mas
nem todos os moradores depositam seus lixos. A explicação é que 49% nas áreas de
passarelas não têm procedimentos de coleta e o Município não dispõe de Garis para
fazer este trabalho de coleta nas mesmas;
7) Não há propostas ou iniciativas para a construção de um aterro sanitário (ou mini aterro
sanitário). Além disso; não há estudos sobre lixões clandestinos espalhados pelo
município, áreas contaminadas (solos, ar, águas superficiais e subterrâneas, etc),
desmatamento, erosões (ZEE, 2007), bem como outros incômodos, etc;
8) Não há um diálogo claro sobre o tema entre a comunidade em relação à gestão de
resíduos sólidos e limpeza pública;
9) A prefeitura municipal de Laranjal do Jari não atende à legislação com relação ao RCC
(entulhos dispersos ao longo da cidade, assoreamento de cursos d´água, etc, oneração
do serviço prestado pela Prefeitura), como as Resoluções CONAMA que
regulamentam. Atualmente o site da prefeitura (http://www.laranjaldojari.ap.gov.br/);
10) Há diversas não conformidades descritas em tópicos anteriores, tais como limitações ao
atendimento dos critérios da Resolução CONAMA que regulamentam o gerenciamento
RSS (acondicionamento, transporte e destinação final inadequados), entre outros
resíduos especificamente gerados em volume significativo no município.

7.4. Identificação da carência do poder público para o atendimento adequado da


população
A busca por soluções na área de resíduos reflete a demanda da sociedade que pressiona
por mudanças motivadas pelos elevados custos socioeconômicos e ambientais. Se manejados
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 276
adequadamente, os resíduos sólidos podem adquirir valor comercial e podem ser utilizados em
forma de novas matérias-primas ou novos insumos. E este fato está ocorrendo com a iniciativa
de coleta e reciclagem dos resíduos sólidos em Laranjal do Jari (Empresa Amapá Metal).
A ausência de implantação de um Plano de Gestão traz reflexos negativos no âmbito
social, ambiental e econômico, pois só tende a aumentar o consumo dos recursos naturais, bem
como limita a abertura de novos mercados, deixa de gerar trabalho, emprego e renda,
conduzindo à exclusão social e aumenta os impactos ambientais provocados pela disposição
inadequada dos resíduos. E esta é a realidade do atual “lixão” a céu aberto que foi descrito em
tópicos anteriores.
Outra carência é a não implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)
que define como um de seus instrumentos o incentivo à adoção de consórcios ou de outras
formas de cooperação entre os entes federados. Apesar desta proposta ter o amplo apoio do
Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Laranjal do Jari nesta vertente,
especialmente no tópico Saneamento Ambiental (Lei, 0545/2016) e da atual Lei Orgânica do
Município (LOM, 2007).
A Lei Nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS); altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. No seu
artigo 1º a Lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), dispondo sobre seus
princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada
e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos
geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis.
A gestão de resíduos sólidos e Laranjal do Jari, como afirmado anteriormente, tem como
suporte no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, que incentiva a
cooperação, integração, e a formação consorciada junto com Vitória do Jari, e eventualmente
Monte Dourado (PA). Entretanto o Plano Diretor não detalha como deveria ser elaborado este
Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos.
Esta seria uma possível solução destinada a aperfeiçoar o planejamento e sua respectiva
operacionalização (a exemplo do que ocorre com o RSS de Vitória do Jari que é tratado em
Monte Dourado. Isso garante maior eficiência, eficácia e efetividade frente aos desafios que
causam o entrave do setor. Um potencial consorciamento entre municípios objetiva identificar
afinidades físicas, sociais, econômicas e político-institucionais existentes entre municípios
favorecendo assim a adoção de soluções conjuntas para a gestão dos resíduos entre eles.
Outra carência do Município é a falta de incentivo à criação e o desenvolvimento de
cooperativas ou de outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 277
recicláveis e define que sua participação nos sistemas de coleta seletiva e de logística reversa
que deverá ser priorizada.
A esse respeito, destaca-se a Lei nº 11.445/2007, que estabelece as diretrizes nacionais
para o saneamento básico, na qual já havia sido estabelecida a contratação de cooperativas e
associações de catadores de materiais recicláveis, por parte do titular dos serviços públicos de
limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, dispensável de licitação.
O fortalecimento da organização produtiva dos catadores em cooperativas e associações
com base nos princípios da autogestão, da economia solidária e do acesso a oportunidades de
trabalho decente representa, portanto, é um passo fundamental para ampliar o leque de atuação
desta categoria profissional na implementação da PNRS, em especial na cadeia produtiva da
reciclagem, traduzindo-se em oportunidades de geração de renda e de negócios, dentre os quais,
a comercialização em rede, a prestação de serviços, a logística reversa e a verticalização da
produção.
Importantes óbices, porém, têm sido considerados para o fortalecimento da atuação dos
catadores, tais como a melhoria das condições de trabalho, o que, por sua vez, contribui para
fragilizar a atuação desse segmento na implementação da PNRS. O governo federal vem
atuando no apoio e na promoção do fortalecimento das cooperativas e associações de catadores
de materiais reutilizáveis e recicláveis, por meio de um conjunto de ações empreendidas por
diferentes órgãos, o que requer articulação e integração entre ações de cunho social, ambiental
e de ordem econômica.
O gerenciamento de resíduos perigosos conta com legislação específica, não sendo
encaminhada pelo Poder Público. Os principais resíduos perigosos gerados em Laranjal do Jari
são pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes e os eletroeletrônicos. Estes devem ser geridos de
forma específica, em coletores devidamente identificados, específicos e anticorrosivos, e com
emissão de declaração de destinação final na retirada pela empresa para tratamento.
Para os resíduos perigosos gerados, como as lâmpadas e os eletroeletrônicos, devem ser
observadas, junto com o fornecedor e fabricante. O Departamento de Educação Ambiental
afirma que futuras tratativas serão realizadas para viabilizar a logística reversa, a qual é uma
importante ferramenta de gestão integrada de resíduos sólidos prevista em legislação. Nesse
sentido o município de Laranjal do Jari já vem tomando decisões de reutilizar (ou reciclar) mais
de 40 t/ano através de uma empresa de reciclagem, já citado anteriormente.
Frisa-se que a área urbana de Laranjal do Jari, os custos logísticos não são elevados
porque o lixão está no máximo a 15 km de distância da margem do rio Jari, e relativamente
próximo da “cooperativa” de reciclagem. Isso favorece o processamento da redução da carga
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 278
de resíduos sólidos e melhor gerenciamento e disposição final dos RSUs. Além disso, a
comunidade local, e a própria prefeitura, têm o interesse em avaliar tais alternativas, visando a
melhor eficiência técnica, ambiental e econômica possível. Por exemplo, tem sido muito
prejudicial para a gestão municipal, tais como questionamentos do Ministério Público sobre a
situação dos resíduos sólidos em área de lixeira viciada.
No contexto da fiscalização da situação da lixeira pública, o Ministério Público vem
tomando ações para reverter a situação de risco a saúde pública e solução do problema. Essa
situação do lixão é juridicamente complexa pelo seguinte motivo: a área cedida para esta
atividade é privada (Sr. Pedrinho) desde 1996, sem estudo de viabilidade, ausência de aplicação
de normas técnicas e nenhum tipo de estudo de impacto ambiental ou de vizinhança.

7.5. Identificação de áreas ambientalmente adequadas para disposição e destinação final


de resíduos sólidos e de rejeitos
A seleção de áreas adequadas para a disposição de resíduos sólidos urbanos é um
processo complexo. Além disso, pode ser demorado e dispendioso porque exige verificação em
campo para cada localidade alternativa escolhida para sua implementação. Além disso, envolve
uma série de exigências legais e, dependendo do local, pode surgir resistência ao
empreendimento por parte da população.
No Brasil, um pequeno número de cidades brasileiras possui local de disposição de
rejeitos selecionados através de estudos dos atributos do meio físico, visando à proteção do
meio ambiente. Nos últimos anos, pesquisas relacionadas à questão ambiental vêm utilizando
as ferramentas de geoprocessamento nos processos de análise e planejamento ambiental.
No caso de uma alternativa locacional de aterros, tais ferramentas têm se mostrado
bastante úteis devido à sua rapidez e integração dos dados. Com a utilização de técnicas de
geoprocessamento, é possível combinar informações através de operações de análise de dados
georreferenciados (ou espaciais), de modo a aproximar-se das áreas potencialmente mais
adequadas.
Portanto, a escolha de áreas alternativas para disposição de resíduos sólidos exige uma
série de critérios rigorosos e busca alcançar equilíbrio entre os aspectos sociais, ambientais e o
custo.
Neste Diagnóstico Técnico-Participativo, a indicação de áreas viáveis à instalação de
aterro sanitário foi realizada através do método de álgebra de mapas em ambiente ArcGis. Os

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 279


dados utilizados são oriundos de diversas fontes como: IBGE (2004), IEPA (2007), ZEE (2008)
e da Base Cartográfica Digital Contínua do Amapá (2017-2019).
Os principais temas relativos aos dados vetoriais são: hidrografia, acessos, solos,
geologia, áreas alagadas (sujeitas a inundação), distancia da área urbana. Um modelo digital do
terreno, gerado por interferometria SAR com resolução espacial de 2.5x2.5 m, foi utilizado para
modelar o terreno e gerar dados relativos à variação morfométrica (topografia e declividade).
A metodologia, baseada em geoprocessamento, segue um critério múltiplo que
considera a avaliação das condições ambientais registradas na área, seus critérios restritivos e
escalonados. Todos os dados foram projetados para o sistema UTM, zona 22S e datum SIRGAS
2000, materializando um banco de dados geográficos.
Os critérios restritivos são de caráter absoluto à implantação do aterro e descartam todas
as áreas que não atendem a pelo menos uma dos fatores de restrição que elas representam. São
critérios legais que correspondem as restrições normativas (código florestal brasileiro para
delimitação de APP e normas ABNT NBR13.896/97 para instalação de aterros sanitários), onde
estradas, rios e área urbana, precisam ter suas distâncias mínimas quantificadas, para garantir a
área mais propícia à instalação do aterro. Isto é feito considerando o menor custo em reparação
e transporte.
A área apta deve estar mais próxima de vias de acesso, como estradas, e distante dos
rios e áreas urbanas. Com isso, garantindo a integridade dos rios quanto a possíveis
contaminações, nos variados níveis hídricos encontrados, além do bem-estar social. Neste
contexto, por mais adequada que seja tecnologia de disposição final do lixo a ser empreendido
por um aterro sanitário, o mesmo gerará uma série de impactos ambientais (previsto em Lei –
Resoluções do CONAMA), porque fornecem as condições físicas, químicas e biológicas para
atrair animais, vetores de doenças, além da poluição atmosférica, gerando mau cheiro.
Os intervalos de classes de declividade foram estabelecidos de acordo com o grau de
limitação de uso do solo em função da susceptibilidade à erosão (ZEE, 2007; AAI, 2011). Áreas
com a declividade superior a 20% são mais suscetíveis à instabilidades, propensão à infiltração
e inconsolidação do material depositado.
Utilizando como base conceitual a relação entre as unidades que compõem o relevo e a
declividade dos terrenos é possível esquematizar uma linha norteadora de raciocínio. Tendo
como preferência para instalação de aterros sanitários locais de baixa declividade (minimiza o
escoamento de águas superficiais para o aterro). A NBR 13896/97 recomenda locais com
declividade superior a 1% e inferior a 30%.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 280


Outro fator fundamental e restritivo refere-se ás áreas sujeitas à inundação e
alagamentos. Conforme a NBR os aterros não devem ser executados em áreas sujeitas a
inundações, em períodos de recorrência de 100 anos. Portanto, este critério restritivo exclui
todas as áreas de planícies fluviais na orla de Laranjal do Jari e as áreas de aluviões recentes
localizados nos de fundo de vale (Ver Capítulo 6).
Em área com ausência de dados relativos a hidrogeologia, parâmetros morfométricos
como a altitude do terreno, podem contribuir para inferir informações relativas ao perfil vertical
do lençol freático. Assim, as áreas rebaixadas sujeitas a inundação devem estar mais próximas
do nível freático, enquanto as áreas mais elevadas, mais distantes em profundidade do lençol
freático. Portanto, mais viáveis pela menor possibilidade de contaminação via deslocamento
vertical de chorume.
O contexto geológico da área analisada é composto, predominantemente, pelos
depósitos areno-argilosos friáveis à depósitos conglomeráticos com sequência de sedimentos
arenosos das formações Barreiras e Alter do Chão. O critério para a avaliação dessas
tipificações foi a permeabilidade e a estabilidade do maciço, onde sedimentos arenosos e
conglomeráticos possuem uma tendência de maior permeabilidade e maior estabilidade do que
as camadas de sedimentos argilosos.
Estas litologias ocorrem nos planaltos e tabuleiros rebaixados em diferentes graus de
dissecação. Predominam solos dos tipos Latossolos amarelo e vermelho que foram escolhidos
como de maior importância na seleção de áreas de aterros por serem solos minerais. Logo, mais
estáveis do ponto de vista da diminuição do volume, não hidromórficos, com horizonte Bw que
possui zona de aeração e textura média, além de ter elevada permeabilidade, considerados como
solos drenados.
Em seguida estão os Argissolos formados por solos minerais e não hidromórficos, como
os latossolos. Além disso são bem drenados e com alto gradiente textural, satisfazendo as
exigências alocacionais de aterros sanitários esperado para estas áreas.
Os solos do tipo Gleissolos e solos aluviais, associados às áreas de planícies fluviais e
áreas rebaixadas de fundo de vale são considerados de baixa aptidão para a análise (ou de alto
custo e alto risco), por serem solos hidromórficos, mal a muito mal drenados e com presença
de lençol freático à pequena profundidade (< 3,0 m).
Assim, quanto mais favoráveis as características dos solos nas unidades de mapeamento,
maior a sua importância na seleção de área viáveis para implantação de um aterro sanitário.
Estas características permitem determinar as notas das restrições escalonadas, para cada

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 281


variável da análise, realçando ou diminuindo a importância de uma alternativa em consideração
naqueles locais fora das restrições absolutas.
Assim, foram definidas 8 variáveis para a indicação de áreas favoráveis à instalação de
um eventual projeto de aterro sanitário: declividade, topografia, distância dos corpos d’água,
solos, geologia, distância da área urbana, acessos e localização de áreas sujeitas à inundação e
alagamento pelas águas pluviais e mares.
A última etapa tange a álgebra de mapas, reclassificação dos dados atribuindo notas e
pesos. Nesta etapa, as operações e manipulações devem ser feitos em dados no formato
matricial, por isso, os dados vetoriais referentes a rios (hidrografia), área sujeita a inundação,
acessos, declividade e topografia, foram convertidos. A reclassificação dos dados foi feita a
partir dos parâmetros pré-estabelecidos encontrados na legislação, na qual são incorporados os
valores das notas determinadas a cada classe de cada uma das informações, gerando mapas
reclassificados e, que serão utilizados na álgebra de mapas. As notas correspondem a uma escala
representativa de 1 a 5, onde 5 é a opção mais adequada para receber a estação, como mostra a
Tabela 7.2. Este critério permite realçar ou diminuir a importância das características de uma
determinada variável nos locais fora das restrições absolutas. Os mapas reclassificados serão
utilizados na álgebra de mapas.
Para cada variável analisada, atribuiu-se pesos segundo o grau de importância,
relevância e/ou limitação à potencial implantação do aterro sanitário. Esses pesos foram
distribuídos conforme a Tabela 7.3. Esta análise tem suas limitações, que dependem do grau de
certeza do especialista, pois o “ajuste” é humano, dependendo, portanto, de sua experiência
(COSTA et al., 2005).

Tabela 7.2: Valores das notas atribuídas as diferentes classes de cada variável
Variável Classe Nota
0 -30 m 1
30 - 50 m 1
Hidrografia 50 - 100 m 1
100 - 200 m 4
200 – 500 m 5
>500 m 5
0 – 100 m 5
100 – 200 m 4
Acessos 200 – 300 m 3
300 – 400 m 2
400 – 500 m 1
>500 m 1
Depósitos quaternários 1
Geologia Sedimentos arenosos/argilosos 5
Glei (úmido argiloso) 1
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 282
Solos Argilossolo 3
Latossolo 5
0 – 500 m 1
500 – 1000 m 2
Área urbana 1000 – 1500 m 3
1500 - 2000 m 4
> 2000 m 5
Área sujeita a inundação Não alagada 5
Alagada 1
0-3% plano 5
3-8% suavemente ondulado 5
Declividade 8-20% ondulado 4
20-45% montanhoso 1
>45% fortemente montanhoso 1
Fonte: Elaborado pela Equipe de Geoprocessamento/PMSB (2020).

Tabela 7.3: Pesos atribuídos para as variáveis em análise


Variável Peso
Hidrografia 0,30
Declividade 0,15
Solos 0,15
Áreas sujeitas a inundação 0,15
Área urbana 0,10
Geologia 0,05
Acessos 0,05
Topografia (elevação) 0,05
Fonte: Elaborado pela Equipe de Geoprocessamento/PMSB (2020).

Hidrografia, declividade, solos e áreas sujeitas a inundação foram as variáveis com


maiores pesos (critérios restritivos). No caso de áreas sujeitas à inundação é um fator altamente
limitante, já que estas áreas rebaixadas se desenvolvem nas planícies e terraços fluviais de
natureza inundável como resposta ao regime de marés e aos cenários climáticos (precipitação
pluviométrica) a que estão submetidas (ZEE, 2007).
Esta variável “limita” e compromete a instalação e a estabilidade de toda a estrutura
física do projeto de engenharia de um aterro. A declividade também é um fator altamente
limitante, já que “determina” a velocidade do escoamento superficial e a susceptibilidade à
erosão. A alta declividade faz com que o material inconsolidado fique instável e propenso à
infiltrações. Os aterros estão suscetíveis a possíveis vazamentos de chorume, o qual pode se
infiltrar no solo e alcançar os corpos hídricos superficiais e subterrâneos, contaminando-os.
Assim, solos e rochas impermeáveis são menos susceptíveis à processos de percolação em caso
de vazamento haja infiltração. Além disso, estruturas de aterros sanitários mais distantes dos
recursos hídricos apresentarão mais resistência e, naturalmente apresentarão maior segurança

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 283


mediante situações de vazamento. O odor advindo dos aterros e a poluição visual são afastados
com o aumento da distância, principalmente próximo de estradas e áreas urbanas. Estes fatores
mantêm a população longe de odores, insetos e vetores de doenças. Áreas protegidas e unidades
de conservação são variáveis restritivas à instalação.
A álgebra de mapas é um conjunto de operações que manipulam campos geográficos
imagens, mapas temáticos e modelos numéricos do terreno (Barbosa, 1999). O cruzamento das
diversas informações obtidas possibilitará a geração de um mapa síntese na qual serão
visualizadas as áreas consideradas adequadas para a construção do aterro. A abaixo, representa
a fórmula utilizada para o raster calculator, ferramenta disponível no aplicativo ArcGis, para a
análise em questão.

("geologia_r" * 0,05) + ("solo_r" * 0.15) + ("Alagada_r" * 0.15) + ("APP_rios_r" * 0.30)


+ ("Acessos_r" * 0.05) + ("area_urbana_r" * 0.10) + ("declividade" * 0.15) +
(“elevação_r”*0,05)

O Mapa 7.3 representa a síntese das áreas viáveis a instalação de um aterro sanitário. Os
locais apontados em vermelho representam as localidades mais bem enquadradas aos pré-
requisitos estimados anteriormente. Sendo que a área onde se localiza o atual lixão da sede está
inserida em áreas de alta viabilidade, portanto, constitui uma boa alternativa para a instalação
de um futuro aterro sanitário conforme as variáveis analisadas.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 284


Mapa 7.3: Viabilidade de áreas para aterro sanitário com destaque da localização da lixeira
municipal de Laranjal do Jari

Fonte: Elaborado pela Equipe de Geoprocessamento e Engenharia (2020).

O Mapa 7.4 representa a variação do terreno a partir do MDT na região da lixeira


pública. Através dos valores de elevação é possível verificar que a área do atual lixão encontra-
se na parte mais alta de uma pequena elevação em forma de topo convexo com altitudes
variando entre 50 a 70 m (seção transversal, vide Mapa 7.4,) e declividade entre 8 a 20%. Esta
área localiza-se a uma distância aproximada de 300 m da cabeceira de um sistema de drenagem,
onde predominam solos arenosos e conglomeráticos associados a uma vegetação de floresta de
alto porte associado a áreas alteradas e relevo suavemente ondulado.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 285


Mapa 7.4: Modelo digital do terreno da área da lixeira publica contendo a seção transversal
longitudinal A-A’

Fonte: Elaborado pela Equipe de Geoprocessamento e Engenharia (2020).

A qualidade da prestação dos serviços de gerenciamento integrado de resíduos sólidos


(além da ausência de regulação pública e de controle social sobre a área atendida e a qualidade
do serviço prestado à população) dependerá da construção de um aterro sanitário e depende da
efetivação do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (Lei 0545/2016) através
da utilização do presente diagnóstico neste PMSB.
Uma análise relevante da presente análise, pode ser resumida, de acordo com FUNASA
(2018), proibindo-se os seguintes itens relacionados com a destinação ou disposição final de
resíduos sólidos ou rejeitos (Lei 12.305/2010):
I – lançamento em praias, mar ou quaisquer corpos hídricos, desde que assegurada a
devida impermeabilização, as bacias de decantação de resíduos ou rejeitos industriais ou de
mineração, devidamente licenciadas pelo órgão competente do Sisnama, não são consideradas
corpos hídricos;
II – lançamento a céu aberto ou em recipientes, instalações e equipamentos não
licenciados para essa finalidade (quando decretada emergência sanitária, a queima de resíduos
a céu aberto ou pode ser realizada, desde que autorizada e acompanhada pelos órgãos
competentes/SISNAMA/SNVS/SUASA, quando couber;
IV – outras formas vedadas pelo poder público;

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 286


FUNASAS (2018) também alerta que as atividades proibidas nestas áreas (Art 48 da
Lei 12.305/2010.
I – utilização dos rejeitos dispostos como alimentação;
II – catação, observado o disposto no inciso V do Art. 17 (desde que definidas e
cumpridas as metas para a eliminação e recuperação de lixões, associadas à inclusão social e à
emancipação econômica de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis);
III – criação de animais domésticos;
IV – fixação de habitações temporárias ou permanentes;
V – outras atividades vedadas pelo poder público.
Os Mapa 7.3 e Mapa 7.4 sintetizam todas as possibilidades de instalação de aterros
sanitários previstas em Lei, onde as cores indicam a “pontuação” de cada área próxima da zona
urbana (observando-se os critérios de custos logísticos elevados nesta região), sendo indicado
que as cores mais quentes (vermelhas ou laranja) seriam as áreas mais recomendadas para a
instalação do aterro sanitário da sede do município.
Do ponto de vista ambiental, sanitário, de uso e ocupação do solo todos os critérios
previstos em Lei foram minimamente analisados e estão sintetizados nos Mapa 7.3 e Mapa 7.4.
Por exemplo, é importante considerar que mesmo que a área adequada (vermelho) seja
potencialmente escolhida pela gestão municipal, considerando a Lei 0545/2016, é importante
considerar antecipadamente uma área destinada para sua construção, acesso à energia elétrica,
conflitos com comunidades, expansão urbana em diferentes bairros (principalmente na zona
norte), etc.
Como última recomendação, uma vez escolhida pela gestão a melhor localidade (ou
mais de uma alternativa locacional com potencial possibilidade de instalação de aterro
sanitário), será necessário o Comitê Executivo (eventualmente acompanhado pelo Comitê de
Coordenação) realizem visitas in loco com as equipes técnicas.
Uma estratégia importante nesta seleção, inclusive durante a fase de uma possível visita
técnica das alternativas locacionais de um provável Aterro Sanitário, é seguir as recomendações
apresentada pelos Mapa 7.3 e Mapa 7.4 ao longo neste tópico, associada com a identificação
dos tópicos previstos na Lei 12.305/2010, LOM (2007) e Lei 0545/2017.

7.6. Caracterização da estrutura organizacional do serviço de manejo de resíduos sólidos


e de limpeza pública
Não há um organograma disponível da Prefeitura com o detalhamento necessário para
este tópico. Desta forma, destaca-se a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 287
(SEMMATUR), que tem como horário de Funcionamento o período da 08h00H às
12:00H(manhã) e das 14:00H às 18:00H(tarde). No entanto, as suas atribuições e competências
são descritas a seguir:
Além das atividades que lhe são atribuídas por lei, implementar os objetivos e
instrumentos da política do meio ambiente do Município, fazendo cumprir a legislação
pertinente, devendo:
I - Propor, executar, fiscalizar, direta ou indiretamente, a política ambiental do
Município de Laranjal do Jari, em consonância com os órgãos federais e estaduais constituídos;
II - Coordenar ações e executar planos, programas, projetos e atividades de proteção
ambiental;
III. Estabelecer, de acordo com a legislação federal e estadual, as normas de proteção
ambiental no tocante às atividades que interfiram ou possam interferir na qualidade do meio
ambiente;
IV - Estabelecer normas e padrões de qualidade ambiental relativos à poluição
atmosférica, hídrica, sonora e visual e à contaminação do solo;
V - Incentivar a realização de estudos e planos de ação de interesse ambiental, através
de ações comuns, convênios ou consórcios entre órgãos dos diversos níveis de Governo,
participando de sua execução;
VI - Obedecer às limitações administrativas atribuídas por lei à SEMMATUR;
VII- Regulamentar e controlar, conjuntamente com órgãos federais e estaduais, a
utilização de produtos químicos em atividades agrossilvopastoris, industriais e de prestação de
serviços;
VIII - Participar da elaboração de planos de ocupação de área de drenagem de bacias ou
sub-bacias hidrográficas, do zoneamento e de outras atividades de uso e ocupação do solo, de
iniciativa de outros organismos;
IX - Participar da programação de medidas adequadas à preservação do patrimônio
arquitetônico, urbanístico, paisagístico, histórico, cultural e arqueológico;
X - Exercer a vigilância sanitária ambiental bem como o poder de fiscalização;
XI - Conceder licenciamento ambiental das atividades utilizadoras dos recursos
ambientais, efetiva ou potencialmente poluidoras, mediante convênio com os órgãos
competentes;
Em seu Art. 89 a Estrutura Organizacional da Secretaria Municipal de Meio Ambiente
e Turismo – SEMMATUR é a seguinte:

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 288


I- Nível de Direção Superior: 1- Secretário Municipal; 2 - Assessoria Jurídica
Especializada - AJE;
II- Nível de Atuação Sistêmica: 1- Departamento Administrativo – DA;
III- Nível de Execução Programática: 1- Departamento de Capacitação e Projetos -
DCP; 2- Departamento de Licenciamento Ambiental - DLA; 3- Departamento
de Fiscalização e Notificação - DEFN; 4- Departamento de Educação Ambiental
- DEA; 5- Departamento de Recursos Hídricos e Áreas Degradadas - DRHAD;
6- Departamento de Turismo - DTUR; 7- Departamento de Serviços Urbanos –
DSU.
Em termos de Programas e Projetos da secretaria estão em operação - Programas: 1)
Programas de ação integrada com os departamentos e Fiscalização e monitoramento dos
empreendimentos (comércios); ação de notificação de lixo nas ruas e águas indevidas nas
calçadas; Programa de verão (limpeza da cidade). 2) Projetos: Minha cidade linda e
Arborização da cidade.
Entretanto, dentro da estrutura organizacional específica desta Secretaria, destaca-se a
Departamento de Serviços Urbanos – DSU, como o órgão mais próximo das ações, programas
e projetos relacionados com o serviço de manejo de resíduos sólidos e de limpeza pública.
Portanto, no município de Laranjal do Jari (Prefeitura Municipal), os serviços de
limpeza urbana são de responsabilidade da Secretaria de Meio Ambiente e Turismo
(SEMMATUR) especificamente a Departamento de Serviços Urbanos – DSU, órgão
responsável pela gestão dos serviços de Limpeza e Conservação Pública.
Atualmente os serviços realizados são prestados diretamente pelo Poder Público
Municipal (DSU), são:
 Coleta domiciliar regular de resíduos urbanos;
 Coleta regular de resíduos sólidos das vias e logradouros públicos;
 Limpeza de feiras e mercado público;
 Poda de árvores;
 Pinturas de guias;
 Coleta de resíduos de construção e demolição;
 Varrição e capina de vias e logradouros públicos;
 Remoção de animais mortos;
 Limpeza de bocas de lobo (na pequena área correspondente a 2,45% da área
urbana de Laranjal do Jari);

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 289


 Limpeza de lotes vagos (exceto os lotes privados – Lei Municipal 240/2003);
 e de limpeza pública.
Como já descrito em tópicos anteriores, a coleta de resíduos da área da saúde é realizada
por empresa específica (Tratalix), contratada pelo Governo do Estado para recolher os resíduos
nas UBS da Prefeitura.
Não há coleta diferenciada para resíduos perigosos.

7.7. Identificação da existência de programas especiais em manejo de resíduos sólidos


A prefeitura dispõe de uma parceria com o hospital do estado no município de Laranjal
do Jari (Unidade Mista de Saúde de Laranjal do Jari - UMSLJ). A dinâmica de coleta dos RSU
de Saúde ocorre quando a empresa contratada pelo Estado (Tratalix) recolhe os resíduos
hospitalares do referido hospital estado e UBSs recolhendo esses materiais sem custos para
prefeitura municipal.
Além da coleta é realizado o tratamento destes resíduos que são posteriormente
encaminhados ao aterro controlado de Macapá. E, além dos resíduos domiciliares, são coletados
pneus destinados a local específico dentro do aterro sanitário/controlado de Macapá. Com
relação às lâmpadas fluorescentes, pilhas e baterias e embalagens de agrotóxicos não é realizada
nenhuma modalidade de coleta, com exceção dos materiais coletados pela Empresa Amapá
Metal que são utilizados para reciclagem e enviados para Macapá.

7.8. Identificação dos passivos ambientais relacionados aos resíduos sólidos, incluindo
áreas contaminadas e respectivas medidas saneadoras
Laranjal do Jari tem recolhido seus resíduos sólidos, porém somente na zona urbana da
sede municipal. Mas todas as demais localidades rurais (terra firme e ribeirinhas) não dispõe de
nenhum serviço relacionado. A disposição final de RSU em lixões a céu aberto tem causado
uma série de processos e multas engendradas pelo Ministério Público Federal e Estadual. Estes
recorrentes problemas geram um passivo ambiental que poderiam ser evitados caso o município
investisse mais recursos neste setor que, como é sabido, tem entre as quatro dimensões do
saneamento básico, a melhor probabilidade de gerar emprego e renda em processos de
reutilização e reciclagem de materiais oriundos dos lixões.
Apesar disso, o município tem forte potencial para reverter esta situação. Por exemplo,
na sede municipal uma fração de RSU que é apenas parcialmente recolhida pela DSU
(SEMMUR) nas áreas de pontes (18 km de extensão aproximadamente) é despejada

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 290


diretamente nos corpos d´água, lagoas, terrenos inundáveis, etc, e nas áreas rurais ou os resíduos
sólidos são incinerados ou lançados nos corpos d´água ou terrenos baldios.
Todavia, a sede do município dispõe de uma boa alternativa para reciclagem de resíduos
sólidos urbanos e que deve ser valorizada como alternativa socioambiental para os RSUs da
cidade, como explanado em tópicos anteriores deste capítulo. Desta forma o município resolve
pelo menos parcialmente o problema da disposição irregular dos resíduos sólidos da sede de
Laranjal do Jari, mas não em Água Branca do Cajari (área rural ribeirinha) ou Padaria (área
rural de terra firme).
Apesar de ter havido avanços neste setor, nos últimos 10 anos, o aumento da fração de
resíduos sólidos reciclados tem aumentado (população passou em uma década de 39 mil para
50 mil habitantes aproximadamente (IBGE. 2019), o problema do passivo ambiental dos RSUs
da sede municipal ainda não foi resolvido para a eliminação dos malefícios ambientais e
sanitários causados pelo “lixão a céu aberto” próximo da cidade.
Para resolver parte desses passivos ambientais, por exemplo, a parte orgânica
putrescível (indicada pela Tabela 7.1 do tópico 7.1.1 deste capítulo), representando
aproximadamente 32,15% do total coletado nas residências e comérico da cidade, poderia ser
separada para produzir insumos para adubo orgânico (compostagem orgânica, etc)
(NUVOLARI, 1997) e, quem sabe, potencializaria sua aplicação também na indústria
agroflorestal (produção de papel celulose ou similares) em parceria ou consórcio com o
Município de Almerim (Monte Dourado) e Vitória do Jari.
Plástico duro, alumínio ferroso e metal ferroso têm sido aproveitado como material
reciclável para a Amapá Metal. Mas não vidro, plástico mole, por exemplo.
As frações 24,84% de rejeito (para o futuro aterro sanitário), 32,15% para aplicações
em compostagem (e até produção de gás metano, por exemplo); e 43,01% de material
potencialmente reciclável sugerem um panorama interessante para o desenvolvimento
socioambiental de gerenciamente integrado para os resíduos sólidos do município de Laranjal
do Jari. Somando material compostável com material reciclável o município dispõe de um
potencial 75,16% de material que poderia ser reaproveitável e apenas 24,84% direcionado para
o futuro aterro, em caso de utilização de processos seletivos dos resíduos sólidos.
Com base nestas análises prévias (será necessário mais estudos), se mantidas a tendência
e a situação atual dos resíduos sólidos produzidos na sede municipal, o dimensionamento das
células de tratamento de resíduos sólidos de um futuro aterro sanitário seria reduzido em até
2/3 do volume. Isto aumentaria também em 2/3 o tempo de vida útil do futuro aterro sanitário.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 291


O município de Laranjal também dispõe de Código de Postura, porém desatualizado,
(LOM, 2005; Lei 0545/2016) com diretrizes que poderão dar suporte ao gerenciamento de
resíduos sólidos urbanos. Além disso, o município (através do Estado) dispõe de um rigoroso
refinamento do Zoneamento Ecológico Econômico, justamente sobre a área onde se encontra a
maior parte do uso e ocupação do solo deste município. Por exemplo, um “lixão a céu aberto”
não é mais tolerável do ponto de vista sanitário onde ainda são depositados,
indiscriminadamente, todo e qualquer tipo de resíduo sólido urbano destinação
inadequadamente. Isso tem ocorrido em decorrência da ausência de ordenamento territorial
(apesar da Lei 0545/2016) quanto às políticas de saneamento básico que deveriam ser
empreendidos naquele espaço territorial.
Em geral, a desativação do atual lixão é talvez um dos principais passivos ambientais
enfrentado pela atual gestão municipal da prefeitura. Isso porque tem sido considerado como
uma ameaça intolerável à sociedade local, principalmente nos dias atuais, representando
evidentes riscos à saúde e potenciais danos à qualidade de vida dos munícipes, além de se
configurar em ambiente sem controle da poluição e contaminação do lençol freático, o que tem
acarretado em uma série de processos judiciais representados pelos ministérios públicos e
justiça em geral do estado do Amapá.

7.9. Identificação das possibilidades de implantação de soluções consorciadas ou


compartilhadas com outros municípios
Com base nos dados disponíveis para o município não há, atualmente, possibilidade de
implantação de soluções consorciadas ou compartilhadas com outros municípios voltadas
exclusivamente para o setor de “gerenciamento integrado de resíduos sólidos”, diferentemente
do que tem sido apoiado e proposto para as dimensões sanitárias de água de abastecimento e
esgoto, ambas atualmente sendo empreendidos e estudadas para sua privatização pela
concessionária a CAESA e BNDES.
Assim, mesmo para este cenário, somente é positivo investimentos ou consórcios para
as dimensões água e esgoto, limitados territorialmente às capitais municipais (sedes
municipais), descartando-se quaisquer investimentos em quaisquer uma das dimensões para as
zonas rurais (terrestres ou ribeirinhas). Essa estratégia claramente tende a descumprir a Lei
11.455 de 2011 (Lei do Saneamento) que prevê a integralidade entre as quatro dimensões do
saneamento básico (água, esgoto, resíduos sólidos e drenagem).
De acordo com o portal http://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2017/03/consorcio-
indicara-modelo-para-privatizacao-do-saneamento-no-ap.html de 19/03/2017 está sendo
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 292
engendrado um “Consórcio” que indicará modelo para desestatização do saneamento no AP
com o financiamento do BNDES. Este financiamento selecionou empresas para indicar normas
de desestatização que, em tese, a empresa selecionada teria até oito meses para formular projeto
para concessão do serviço (PPI, 2019).
Quando a proposta foi iniciada (em 2017), o Consórcio indicaria um modelo para
desestatização do saneamento no AP. Nestes termos, a Concessão poderia ser de até 20 anos (e
é o que parece que ocorrerá se houver a adesão dos municípios do Estado) para serviço de
saneamento básico. E o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
selecionou naquela data o consórcio de empresas responsável por formular os projetos técnicos
que vão indicar o processo adequado para concessão do serviço de saneamento básico no
Amapá, atualmente executado pela Companhia de Água e Esgoto do Amapá (CAESA), com
fortes probabilidades desta atual concessionária continuar vigindo.
Através de licitação, o consórcio formado por PwC/Loeser/Portela/EGIS apresentou o
menor preço e executou o serviço com o valor de R$ 5,3 milhões (PPI, 2019). Essa etapa
antecede à concessão da atividade, sendo considerada à época como a responsável por estruturar
os projetos para a desestatização do serviço, que poderá ser por privatização, concessão ou
parceria público-privada.
Na referida licitação para o projeto do Amapá, dez participantes concorreram, com
propostas que variavam de R$ 5,3 a R$ 13,1 milhões. O BNDES informou que o consórcio teria
de seis a oito meses para concluir os estudos após o resultado final do processo, que passaria
por análise de planilha de preços e demais condições de habilitação, como apresentação de
certidões (PPI, 2019).
Entretanto, o auxílio do BNDES no processo ocorreu somente após a adesão do Amapá
ao Programa de Parceria e Investimentos (PPI), do Governo Federal. O poder executivo local
defendeu que a desestatização do serviço seria necessária para desvincular o saneamento do
poder público (extremamente deficitário no interior do estado), porque nem antes nem
atualmente dispõe de recursos para garantir totalmente a distribuição de água e tratamento de
esgoto.
Em resumo, seria interessante para Laranjal do Jari, expandir o alcance dos serviços de
gerenciamento (ainda não integrado) de resíduos sólidos para eliminar por completo o atual
lixão, recuperar o ambiente degradado ocupado pelo atual local, expandir o atendimento do
público em 18 % da população que ocupa as áreas de ponte e que tem dificuldade em receber
os serviços de recolhimento dos resíduos sólidos domésticos nessas áreas com menos acesso ao
caminhão que recolhe o lixo, pesquisar um novo e adequado local alternativo para a
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 293
implantação de um aterro sanitário, intensificar o processo de reciclagem dos resíduos sólidos
urbanos (expandir a taxa atual de reciclagem), investir recursos atuais e futuros em consórcios
intermunicipais ou até interestaduais (Monte Dourado, Vitória do Jari e Laranjal do Jari) para
otimizar aplicação de recursos financeiros, otimizar a gestão e minimizar os impactos dos RSU
em todo o município.

7.10. Identificação e análise das receitas operacionais, despesas de custeio e investimento


Os gastos na área de resíduos sólidos em Laranjal do Jari são considerados relativamente
elevados para o padrão de uma cidade de médio porte (R$ 88.337,87/Mensal). Mas, em geral,
a prefeitura municipal tem tentado suprir as necessidades mínimas de coleta, transporte e
disposição final dos RSUs (apesar desta disposição final ser realizada em lixeira a céu aberto),
em não conformidade legal. Entretanto, faltam recursos para otimizar toda a “cadeia produtiva”
dos RSUs, pois há diversos gargalos nas suas diversas operações, tais como: disposição final
(lixões), coleta em áreas de ponte (muito limitada), frota de caminhões antigos (> 5 anos, em
média), etc.
Em princípio não há planos de investimentos para esta dimensão do saneamento básico.
E estas limitações ocorrem mesmo para as dimensões de água e esgoto, os quais são
empreendidos pela concessionária CAESA. Por exemplo, apenas o valor anual de R$ 24
milhões tem sido arrecadado, o que obviamente não é suficiente para cobrir os custos de
funcionamento, de acordo com a Secretaria de Estado do Planejamento (Seplan). Para fazer a
ampliação do sistema de água e esgoto, seriam necessários R$ 810 milhões.

7.11. Caracterização do serviço de manejo de resíduos sólidos segundo indicadores


O serviço de resíduo sólido no município de Laranjal do Jari é feito pela prefeitura do
Município (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo - SEMMATUR). Os dados de
indicadores, contudo, foram coletados do SNIS para o ano de 2018 (SNIS, 2019). Foram
avaliados um total de 452 indicadores para resíduos sólidos. Entretanto, além dos estudos
gravimétricos em campo, só há informação disponível desta dimensão para o quantitativo da
população total do município (50.410 habitantes) e população urbana do município (46.924
habitantes) (ver item 2.3.1 sobre o perfil demográfico deste Diagnóstico).
Os indicadores são compostos por: Informações Gerais de Resíduos Sólidos (4
indicadores), Informações Financeiras - Resíduos Sólidos (27 indicadores, Informações sobre
trabalhadores renumerados – RS (35 indicadores), Informações sobre coleta domiciliar e
pública (132 indicadores), Informações sobre coleta seletiva e triagem (45 indicadores),
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 294
Informações sobre coleta de resíduos sólidos dos serviços de saúde – RS (26 indicadores),
Informações sobre coleta de resíduos da construção civil (11 indicadores), Informações sobre
serviços de varrição – RS (19 indicadores), Informações sobre serviços de capina e roçada (4
indicadores), Informações sobre outros serviços (44 indicadores), Informações sobre catadores
(9 indicadores), Indicadores sobre despesas e trabalhadores (10 indicadores), Indicadores sobre
coleta domiciliar e pública (13 indicadores), Indicadores sobre coleta seletiva e triagem (11
indicadores), Indicadores sob coleta de resíduos de serviços de saúde (2 indicadores),
Indicadores sobre serviços de varrição, capina e roçada (10 indicadores), Informações sobre
política e plano municipal de saneamento básico (48 indicadores) e Indicadores sobre serviços
de construção civil (2 indicadores),

Tabela 7.4: Indicadores para Resíduos Sólidos (2018)


Eixos e Indicadores Quantidade
Informações Gerais de Resíduos Sólidos
GE201 - O órgão (prestador) é também o prestador - direto ou indireto - de outros
serviços de saneamento básico no município? (Antigo campo GE056) – 1
SEMMATUR/LJ
GE202 - Há empresa com contrato de DELEGAÇÃO (concessão ou contrato de
programa) para algum ou todos os serviços de limpeza urbana do município? (Antigo 0
campo GE055)
POP_TOT - Pop. total do município (Fonte: IBGE) (hab.) (IBGE, 2019) 49.446
POP_URB - Pop. urbana do município (Fonte: IBGE) (hab.) (IBGE, 2019) 46.924
Informações Financeiras - Resíduos Sólidos
FN201 - A Prefeitura cobra pelos serviços de coleta regular, transporte e destinação final
0
de RSU (Antigo campo GE012) (R$/ano)
FN202 - Forma adotada (Antigo campo GE013) (CONSÓRCIO) 0
FN203 - Descrição da outra forma adotada (Antigo campo DESC_OUT_FORM_COBR) 0
FN204 - Unidade adotada para a cobrança (no caso de tarifa) (und.) (Não é cobrado
0
tarifa)
FN205 - A prefeitura cobra pela prestação de serviços especiais ou eventuais de manejo
SIM
de RSU? (Antigo campo GE014)
FN206 - Despesas dos agentes públicos com o serviço de coleta de RDO e RPU (Antigo
88.337,87/Mensal
campo CO132) (R$)
FN207 - Despesa com agentes privados para execução do serviço de coleta de RDO e
0
RPU (Antigo campo CO011) (R$)
FN208 - Despesa total com o serviço de coleta de RDO e RPU (Antigo campo CO009)
0
(R$/ano)
FN209 - Despesa com agentes públicos com a coleta de RSS (Antigo campo RS032)
0
(R$)
FN210 - Despesa com empresas contratadas para coleta de RSS (Antigo campo RS033)
0
(R$)
FN211 - Despesa total com a coleta de RSS (Antigo campo RS035) (R$/ano) 0
FN212 - Despesa dos agentes públicos com o serviço de varrição (Antigo campo VA037)
0
(R$)
FN213 - Despesa com empresas contratadas para o serviço de varrição (Antigo campo
0
VA019) (R$)
FN214 - Despesa total com o serviço de varrição (Antigo campo VA017) (R$) 0
FN215 - Despesa com agentes públicos executores dos demais serviços quando não
0
especificados em campos próprios (Antigo campo GE043) (R$)

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 295


FN216 - Despesa com agentes privados executores dos demais serviços quando não
0
especificados em campos próprios (Antigo campo GE044) (R$)
FN217 - Despesa total com todos os agentes executores dos demais serviços quando não
0
especificados em campos próprios (Antigo campo GE046) (R$/ano)
FN218 - Despesa dos agentes públicos executores de serviços de manejo de RSU (Antigo
0
campo GE023) (R$)
FN219 - Despesa com agentes privados executores de serviços de manejo de RSU
0
(Antigo campo GE009) (R$)
FN220 - Despesa total com serviços de manejo de RSU (Antigo campo GE007) (R$/ano) 0
FN221 - Receita orçada com a cobrança de taxas e tarifas referentes à gestão e manejo
0
de RSU (Antigo campo GE005) (R$)
FN222 - Receita arrecadada com taxas e tarifas referentes à gestão e manejo de RSU
0
(Antigo campo GE006) (R$)
FN223 - Despesa Corrente da Prefeitura durante o ano com TODOS os serviços do
município (saúde, educação, pagamento de pessoal, etc.). (Antigo campo GE010) 0
(R$/ano)
FN224 - A Prefeitura recebeu algum recurso federal para aplicação no setor de manejo
0
de RSU? (Antigo campo GE025)
FN225 - Valor repassado (Antigo campo GE026) (R$) 0
FN226 - Tipo de recurso (Antigo campo GE028) (R$) 0
FN227 - Em que foi aplicado o recurso (Antigo campo GE029 0
Informações sobre trabalhadores renumerados - RS
TB001 - Quantidade de coletadores e motoristas de agentes públicos, alocados no serviço
38
de coleta de RDO e RPU (Antigo campo CO029)(empreg.)
TB002 - Quantidade de coletadores e motoristas de agentes privados, alocados no
0
serviço de coleta de RDO e RPU (Antigo campo CO030) (empreg.)
TB003 - Quantidade de varredores dos agentes públicos, alocados no serviço de varrição
21
(Antigo campo VA007) (empreg.)
TB004 - Quantidade de varredores de agentes privados, alocados no serviço de varrição
0
(Antigo campo VA008) (empreg.)
TB005 - Quantidade de empregados dos agentes públicos envolvidos com os serviços de
14
capina e roçada (Antigo campo CP005) (empreg.)
TB006 - Quantidade de empregados dos agentes privados envolvidos com os serviços
0
de capina e roçada (Antigo campo CP006) (empreg.)
TB007 - Quantidade de trabalhadores dos agentes públicos alocados em serviços das
0
unidades de processamento (Antigo campo UP062) (empreg.)
TB008 - Quantidade de empregados dos agentes privados (Antigo campo UP063)
0
(empreg.)
TB009 - Quantidade de empregados dos agentes públicos envolvidos nos demais
serviços de manejo de RSU quando não especificados em campos próprios (Antigo 0
campo GE047) (empreg.)
TB010 - Quantidade de empregados dos agentes privados envolvidos nos demais
serviços de manejo de RSU quando não especificados em campos próprios (Antigo 0
campo GE048) (empreg.)
TB011 - Quantidade de empregados administrativos dos agentes públicos (Antigo
1
campo GE050) (empreg.)
TB012 - Quantidade de empregados administrativos dos agentes privados (Antigo
0
campo GE051) (empreg.)
TB013 - Quantidade de trabalhadores de agentes públicos envolvidos nos serviços de
0
manejo de RSU (Antigo campo GE015) (empreg.)
TB014 - Quantidade de trabalhadores de agentes privados envolvidos nos serviços de
0
manejo de RSU (Antigo campo GE016) (empreg.)
TB015 - Quantidade total de trabalhadores remunerados envolvidos nos serviços de
0
manejo de RSU (Antigo campo GE058) (empreg.)
TB016 - Existência de frente de trabalho temporária (Antigo campo GE053) (serviço) 0
TB017 - Quantidade de empregados temporários da frente '1' (Antigo campo GE030)
0
(empreg.)
TB018 - Quantidade de empregados temporários da frente '2' (Antigo campo GE034)
0
(empreg.)
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 296
TB019 - Quantidade de empregados temporários da frente de trabalho '3' (Antigo campo
0
GE038) (empreg.)
TB020 - Duração da frente de trabalho '1' (Antigo campo GE031) (h) 0
TB021 - Duração da frente de trabalho '2' (Antigo campo GE035) (h) 0
TB022 - Duração da frente de trabalho '3' (Antigo campo GE040) (h) 0
TB023 - Atuação da frente de trabalho '1' em mais de um tipo de serviço (Antigo campo
0
GE032) (serviço)
TB024 - Atuação da frente de trabalho '2' em mais de um tipo de serviço (Antigo campo
Não
GE036) (serviço)
TB025 - Atuação da frente de trabalho '3' em mais de um tipo de serviço (Antigo campo
Não
GE041) (serviço)
TB026 - Tipo de serviço predominante da frente de trabalho '1' (Antigo campo GE033)
Não
(serviço)
TB027 - Tipo de serviço predominante da frente de trabalho '2' (Antigo campo GE037)
Não
(serviço)
TB028 - Tipo de serviço predominante da frente de trabalho '3' (Antigo campo GE042)
Não
(serviço)
TB029 - Quantidade de coletadores e motoristas de outros agentes, alocados no serviço
0
de coleta de RDO e RPU (Antigo campo CO031) (empreg.)
TB030 - Quantidade de varredores de outros agentes, alocados no serviço de varrição
0
(Antigo campo VA009) (empreg.)
TB031 - Quantidade de empregados dos outros agentes envolvidos com os serviços de
0
capina e roçada (Antigo campo CP008) (empreg.)
TB032 - Quantidade de empregados de outros agentes (Antigo campo UP064) (empreg.) 0
TB033 - Quantidade de empregados de outros agentes envolvidos nos demais serviços
de manejo de RSU quando não especificados em campos próprios (Antigo campo 0
GE049) (empreg.)
TB034 - Quantidade de empregados administrativos de outros agentes (Antigo campo
0
GE052) (empreg.)
TB035 - Quantidade total de empregados de outros agentes envolvidos nos serviços de
0
manejo de RSU (Antigo campo GE017) (empreg./ano)
Informações sobre coleta domiciliar e pública
CO001 - Existência de trabalhadores do agente público na estrutura operacional do
0
serviço de coleta de RDO e RPU (empreg.)
CO002 - Existência de trabalhadores dos agentes privados na estrutura operacional do
4
serviço de coleta de RDO e RPU (empreg.)
CO003 - Existência de veículos do agente público utilizados especificamente para a
5
coleta de RDO e RPU (quant.)
CO004 - Existência de veículos dos agentes privados utilizados especificamente para a
1
coleta de RDO e RPU (quant.)
CO008 - Há serviço de coleta noturna no município? Não
CO012 - Valor contratado (preço unitário) do serviço de coleta de RDO e RPU diurna,
0
em 31/12 do ano de referência (R$)
CO013 - Existência de outro serviço incluído no valor contratual de coleta de RDO
0
(serviço)
CO014 - População urbana atendida com serviço de coleta de RDO (hab.) 28.924
CO019 - Os resíduos sólidos domiciliares e públicos coletados são enviados para outro
Não
município?
CO020 - Município(s) de destino de RDO e RPU exportado (destino) Não
CO021 - É utilizada balança para pesagem rotineira dos resíduos sólidos coletados? Não
CO022 - Ocorrência de distância média da coleta de RDO e RPU desde o centro de
Sim
massa até o descarregamento maior do que 15 km (distância)
CO050 - População urbana atendida no município, abrangendo o distrito-sede e
28.924
localidades (hab.) (Aproximadamente 60% da população total do município)
CO051 - População urbana de outros municípios, atendida com serviço de coleta de RDO
0
(hab.)
CO052 - Existência de trabalhadores de outros agentes na estrutura operacional do
3
serviço de coleta de RDO e RPU (empreg.)(1 Secretário, 1 Diretores + 01 operador)

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 297


CO053 - Existência de veículos de outros agentes utilizados especificamente para a
0
coleta de RDO e RPU (und.)
CO054 - Quantidade de caminhões compactadores com idade até 5 anos, pertencentes
0
ao agente público executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO055 - Quantidade de caminhões compactadores com idade de 6 a 10 anos,
0
pertencentes ao agente público executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO056 - Quantidade de caminhões compactadores com idade maior que 10 anos,
0
pertencentes ao agente público executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO057 - Quantidade de caminhões compactadores com idade até 5 anos, pertencentes
0
aos agentes privados executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO058 - Quantidade de caminhões compactadores com idade de 6 a 10 anos,
0
pertencentes aos agentes privados executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO059 - Quantidade de caminhões compactadores com idade maior que 10 anos,
0
pertencentes aos agentes privados executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO060 - Quantidade de caminhões compactadores com idade até 5 anos, pertencentes a
0
outro agente executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO061 - Quantidade de caminhões compactadores com idade de 6 a 10 anos,
0
pertencentes a outro agente executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO062 - Quantidade de caminhões compactadores com idade maior que 10 anos,
0
pertencentes a outro agente executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO063 - Quantidade de caminhões basculantes ou carroceira ou baús com idade até 5
4
anos, pertencentes ao agente público executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO064 - Quantidade de caminhões basculantes ou carroceira ou baús com idade de 6 a
0
10 anos, pertencentes ao agente público executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO065 - Quantidade de caminhões basculantes ou carroceira ou baús com idade maior
0
que 10 anos, pertencentes ao agente público executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO066 - Quantidade de caminhões basculantes ou carroceira ou baús com idade até 5
0
anos, pertencentes aos agentes privados executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO067 - Quantidade de caminhões basculantes ou carroceira ou baús com idade de 6 a
0
10 anos, pertencentes aos agentes privados executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO068 - Quantidade de caminhões basculantes ou carroceira ou baús com idade maior
que 10 anos, pertencentes aos agentes privados executor da coleta de RDO e RPU 0
(quant.)
CO069 - Quantidade de caminhões basculantes ou carroceira ou baús com idade até 5
0
anos, pertencentes a outro agente executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO070 - Quantidade de caminhões basculantes ou carroceira ou baús com idade de 6 a
0
10 anos, pertencentes a outro agente executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO071 - Quantidade de caminhões basculantes ou carroceira ou baús com idade maior
0
que 10 anos, pertencentes a outro agente executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO072 - Quantidade de caminhões tipo poliguindaste com idade até 5 anos, pertencentes
0
ao agente público executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO073 - Quantidade de caminhões tipo poliguindaste com idade de 6 a 10 anos,
0
pertencentes ao agente público utilizados da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO074 - Quantidade de caminhões tipo poliguindaste com idade maior que 10 anos,
0
pertencentes ao agente público utilizados da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO075 - Quantidade de caminhões tipo poliguindaste com idade até 5 anos, pertencentes
0
aos agentes privados utilizados da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO076 - Quantidade de caminhões tipo poliguindaste com idade de 6 a 10 anos,
0
pertencentes aos agentes privados utilizados da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO077 - Quantidade de caminhões tipo poliguindaste com idade maior que 10 anos,
0
pertencentes aos agentes privados utilizados da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO078 - Quantidade de caminhões tipo poliguindaste com idade até 5 anos, pertencentes
0
ao outros agentes utilizados da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO079 - Quantidade de caminhões tipo poliguindaste com idade de 6 a 10 anos,
0
pertencentes ao outros agentes utilizados da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO080 - Quantidade de caminhões tipo poliguindaste com idade maior que 10 anos,
0
pertencentes a outros agentes utilizados da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO081 - Quantidade de tratores agrícolas com reboque com idade até 5 anos pertencente
0
ao agente público executor da coleta de RDO e RPU (quant.)

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 298


CO082 - Quantidade de tratores agrícolas com reboque com idade de 6 a 10 anos
0
pertencente ao agente público executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO083 - Quantidade de tratores agrícolas com reboque com idade maior que 10 anos
0
pertencente ao agente público executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO084 - Quantidade de tratores agrícolas com reboque com idade até 5 anos pertencente
0
ao agente privado executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO085 - Quantidade de tratores agrícolas com reboque com idade de 6 a 10 anos
0
pertencente ao agente privado executor da coleta de RDO e RPU(quant.)
CO086 - Quantidade de tratores agrícolas com reboque com idade maior que 10 anos
0
pertencente ao agente privado executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO087 - Quantidade de tratores agrícolas com reboque com idade até 5 anos pertencente
0
a outro agente executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO088 - Quantidade de tratores agrícolas com reboque com idade de 6 a 10 anos
0
pertencente a outro agente executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO089 - Quantidade de tratores agrícolas com reboque com idade maior que 10 anos
0
pertencente a outro agente executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO090 - Quantidade de veículos de tração animal (carroça) com idade até 5 anos
0
pertencente ao agente público executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO091 - Quantidade de veículos de tração animal (carroça) com idade de 6 a 10 anos
0
pertencente ao agente público executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO092 - Quantidade de veículos de tração animal (carroça) com idade maior que 10
0
anos pertencente ao agente público executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO093 - Quantidade de veículos de tração animal (carroça) com idade até 5 anos
0
pertencente ao agente privado executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO094 - Quantidade de veículos de tração animal (carroça) com idade de 6 a 10 anos
0
pertencente ao agente privado executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO095 - Quantidade de veículos de tração animal (carroça) com idade maior que 10
0
anos pertencente ao agente privado executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO096 - Quantidade de veículos de tração animal (carroça) com idade até 5 anos
0
pertencente a outro agente executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO097 - Quantidade de veículos de tração animal (carroça) com idade de 6 a 10 anos
0
pertencente a outro agente executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO098 - Quantidade de veículos de tração animal (carroça) com idade maior que 10
0
anos pertencente a outro agente executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO099 - Quantidade de outros tipos de veículos com idade até 5 anos pertencente ao
0
agente público executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO100 - Quantidade de outros tipos de veículos com idade de 6 a 10 anos pertencente
0
ao agente público executor da coleta de RDO e RPU
CO101 - Quantidade de outros tipos de veículos com idade maior que 10 anos
0
pertencente ao agente público executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO102 - Quantidade de outros tipos de veículos com idade até 5 anos pertencente ao
0
agente privado executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO103 - Quantidade de outros tipos de veículos com idade de 6 a 10 anos pertencente
0
ao agente privado executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO104 - Quantidade de outros tipos de veículos com idade maior que 10 anos
0
pertencente ao agente privado executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO105 - Quantidade de outros tipos de veículos com idade até 5 anos pertencente a outro
0
agente executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO106 - Quantidade de outros tipos de veículos com idade de 6 a 10 anos pertencente a
0
outro agente executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO107 - Quantidade de outros tipos de veículos com idade maior que 10 anos
0
pertencente a outro agente executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO108 - Quantidade de RDO coletada pelo agente público (und.) 30 t/dia
CO109 - Quantidade de RDO coletada pelos agentes privados (und.) 0,4 t/dia
CO110 - Quantidade de resíduos sólidos domiciliares coletada por outro(s) agente(s)
0
executor(es) (und.)
CO111 - Quantidade total de RDO coletada por todos os agentes (und./ano) 10.912 t/ano
CO112 - Quantidade de RPU coletada pelo agente público (und.) 12 t/dia
CO113 - Quantidade de RPU coletada pelos agentes privados (und.) 0
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 299
CO114 - Quantidade de resíduos sólidos públicos coletada por outro(s) agente(s)
0
executor(es) (und.)
CO115 - Quantidade total de RPU coletada por todos os agentes executores (und./ano) 4.320 t/ano
CO116 - Quantidade de RDO e RPU coletada pelo agente público (und.) 42 t/dia
CO117 - Quantidade de RDO e RPU coletada pelos agentes privados (und.) 0,4 t/dia
CO118 - Quantidade de resíduos sólidos domiciliares e públicos coletada por outro(s)
0
agente(s) (und.)
CO119 - Quantidade total de RDO e RPU coletada por todos os agentes (und.ano) 15.232 t/ano
CO120 - Ocorrência de coleta de resíduos sólidos em aeronaves, feita pelo agente
0
público (und.)
CO121 - Ocorrência de coleta de resíduos sólidos de aeronaves em separado, feito pelo
0
agente público (und.)
CO122 - Disposição de resíduos sólidos coletados em aeronaves (und.) 0
CO123 - Quantidade de resíduos sólidos coletados em aeronaves (und.) 0
CO124 - Outras formas de disposição de resíduos sólidos coletados em aeronaves (und.) 0
CO125 - Ocorrência da coleta de resíduos sólidos em embarcações, feita pelo agente
0
público (und.)
CO126 - Ocorrência de coleta de resíduos sólidos de embarcações em separado, feito
0
pelo agente público (und.)
CO127 - Disposição de resíduos sólidos coletados em embarcações (und.) 0
CO128 - Quantidade de resíduos sólidos coletados em embarcações (und.) 0
CO129 - Outras formas de disposição de resíduos sólidos coletados em embarcações
0
(und.)
CO130 - Especificação de outro tipo de serviço incluído no valor unitário citado
0
(serviço)
CO131 - Há execução de coleta com elevação de contêineres por caminhão compactador
0
(coleta conteinerizada), mesmo implantada em caráter de experiência?
CO133 - Despesas com outro(s) agente(s) público(s) com o serviço de coleta de RDO e
0
RPU no município (R$)
CO134 - Percentual da população atendida com frequência diária (%) 60%
CO135 - Percentual da população atendida com frequência de 2 ou 3 vezes por semana
0
(%)
CO136 – Percentual da população atendida com frequência de 1 vez por semana (%) 0
CO137 - Especificação de outros agentes dos quais incide pessoal no serviço de coleta
0
de RDO e RPU (empreg.)
CO138 - Especificação de outros agentes dos quais incidem veículos no serviço de coleta
0
de RDO e RPU (empreg.)
CO139 - Distância média da coleta de RDO e RPU desde o centro de massa até o
0
descarregamento (distância)
CO140 - Quantidade de RDO coletada por outros agentes executores, exceto coop. ou
0
associações de catadores (und.)
CO141 - Quantidade de RPU coletada por outros agentes executores, exceto coop. ou
0
associações de catadores (und.)
CO142 - Quantidade de RDO e RPU coletada por outros agentes executores (und.) 0
CO143 - Quantidade de RDO coletada por cooperativas ou associações de catadores que
0
tenham parceria com a prefeitura (und.)
CO144 - Quantidade de RPU coletada por cooperativas ou associações de catadores que
0
tenham parceria com a prefeitura (und.)
CO145 - Quantidade de RDO e RPU coletada por cooperativas ou associações de
0
catadores que tenham parceria com a prefeitura (und.)
CO146 - Valor contratual (preço unitário) do serviço de transporte de RDO e RPU da
unidade de transbordo (ou ponto correspondente admitido como tal) até o aterro, lixão, 0
incinerador ou outra unidade de destinação final (R$/ano)
CO147 - População rural do município atendida com serviço de coleta de RDO (hab.) 0
CO148 - No preço acima está incluído o transporte de RDO e RPU coletados até o aterro,
0
lixão, incinerador ou outra unidade de destinação final?
CO149 - A distância média do centro de massa à unidade de destinação final de RDO e
0
RPU coletados é superior a 15Km?

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 300


CO150 - Especifique a distância do centro de massa à unidade destinação final quando
0
maior do que 15Km (referente somente à distância de ida)
CO151 - A distância média de transporte à unidade de destinação final de RDO e RPU
0
coletados é superior a 15Km?
CO152 - Especifique a distância de transporte à unidade de destinação final quando
0
maior que 15Km (referente somente à distância de ida)
CO154 - Os resíduos sólidos públicos (RPU) são recolhidos junto com os resíduos
Sim
sólidos domiciliares (RDO)?
CO155 - Quantidade de veículos aquáticos com idade até 5 anos pertencente ao agente
0
público executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO156 - Quantidade de veículos aquáticos com idade de 6 a 10 anos pertencente ao
0
agente público executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO157 - Quantidade de veículos aquáticos com idade maior que 10 anos pertencente ao
0
agente público executor da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO158 - Quantidade de veículos aquáticos com idade até 5 anos pertencentes aos agentes
0
privados executores da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO159 - Quantidade de veículos aquáticos com idade de 6 a 10 anos pertencentes aos
0
agentes privados executores da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO160 - Quantidade de veículos aquáticos com idade maior que 10 anos pertencentes
0
aos agentes privados executores da coleta de RDO e RPU (quant.)
CO161 - A operação de destinação final de RDO e RPU em aterro ou lixão é terceirizada
ou concedida? Observação importante: Não se trata de terceirização somente de
Não
máquinas ou equipamentos. (Antigo campo UP060)
CO162 - Valor contratual (preço unitário) do serviço de aterramento de RDO e RPU
0
(Antigo campo UP014) (R$)
CO163 - Outros veículos utilizados na coleta domiciliar (especificar) (quant.) Não
CO164 - População total atendida no município (hab.) 28.924
CO165 - População urbana atendida pelo serviço de coleta domiciliar direta, ou seja,
28.924
porta a porta (hab.)
CO170 - Quantidade total de veículos de tração animal no município (Prefeitura ou SLU)
0
(quant./ano)
CO171 - Quantidade total de veículos de tração animal no município (Empresas
0
contratadas) (quant./ano)
CO172 - Quantidade total de veículos aquáticos (embarcações) no município (Prefeitura
0
ou SLU) (quant./ano)
CO173 - Quantidade total de veículos aquáticos (embarcações) no município (Empresas
0
contratadas) (quant./ano)
CO174 - Quantidade total de motos c/carretinha adaptada à coleta em áreas de difícil
0
acesso no município (Prefeitura ou SLU) (quant./ano)
CO175 - Quantidade total de motos c/carretinha adaptada à coleta em áreas de difícil
0
acesso no município (Empresas contratadas) (quant./ano)
Informações sobre coleta seletiva e triagem
CS001 - Existe coleta seletiva no município? Sim
CS002 - Execução da coleta seletiva pelo agente público (serviço) Não
CS009 - Quantidade total de materiais recicláveis recuperados (unid./ano)
47150t/Ano
(desconsiderando os vidros recicláveis recuperados)
CS010 - Quantidade de Papel e papelão recicláveis recuperados (und.) 21.000 Kg/Dia
CS011 - Quantidade de Plásticos recicláveis recuperados (und.) 12.000 Kg/Dia
CS012 - Quantidade de Metais recicláveis recuperados (und.) 14.150 Kg/Dia
CS013 - Quantidade de Vidros recicláveis recuperados (und.) 800 Unid.
CS014 - Quantidade de Outros materiais recicláveis recuperados (exceto pneus e
16.630 Kg/Dia
eletrônicos) (und.)
CS022 - Ocorrência de pesagem dos resíduos recolhidos pela coleta seletiva (und.) 0
CS023 - Quantidade recolhida na coleta seletiva executada pela Prefeitura ou SLU (und.) 0
CS024 - Qtd. recolhida na coleta seletiva executada por empresa(s) contratada(s) pela
0
Prefeitura ou SLU (und.)
CS025 - Qtd. recolhida na coleta seletiva por outros agentes que detenham parceria COM
0
a Prefeitura (und.)

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 301


CS026 - Qtd. total recolhida pelos 4 agentes executores da coleta seletiva acima
0
mencionados (und.ano)
CS027 - Ocorrência de coleta seletiva porta a porta executada pelo agente público ou
0
empresa contratada (serviço)
CS028 - Ocorrência de coleta seletiva porta a porta executada por sucateiros, aparistas
Diariamente
ou empresas do ramo (serviço)
CS029 - Execução de coleta seletiva porta a porta por organizações de catadores
0
(serviço)
CS030 - Execução de coleta seletiva porta a porta por outros agentes (serviço) 0
CS031 - Ocorrência de coleta seletiva em postos de entrega voluntária executada pelo
0
agente público ou empresa contratada (serviço)
CS032 - Ocorrência de coleta seletiva em postos de entrega voluntária executada por
0
sucateiros ou empresas do ramo (serviço)
CS033 - Execução de coleta seletiva em postos de entrega voluntária feita por
0
organização(ões) de catadores (serviço)
CS034 - Execução de coleta seletiva em postos de entrega voluntária feita por outros
0
agentes (serviço)
CS035 - Ocorrência de coleta seletiva executada de outra forma ou sistema pelo agente
0
público ou empresa contratada (serviço)
CS036 - Ocorrência de coleta seletiva executada de outra forma ou sistema por sucateiros
Diariamente
ou empresas do ramo (serviço)
CS037 - Coleta seletiva executada de forma diferente das anteriores feita por organização
0
de catadores (serviço)
CS038 - Coleta seletiva executada de forma diferente das anteriores feita por outros
Diariamente
agentes (serviço)
CS039 - Execução de coleta seletiva porta a porta por sucateiros, aparista ou ferro-velho
0
(serviço)
CS040 - Execução de coleta seletiva em postos de entrega voluntária feita por sucateiros,
0
aparista ou ferro-velho (serviço)
CS041 - Coleta seletiva executada de forma diferente das anteriores feita por sucateiros,
0
aparista ou ferro-velho (serviço)
CS042 - Ocorrência de coleta seletiva porta a porta executada por organizações de
0
catadores com parceria ou apoio do agente público (serviço)
CS043 - Ocorrência de coleta seletiva em postos de entrega voluntária executada por
0
organizações de catadores com parceria ou apoio do agente público (serviço)
CS044 - Ocorrência de coleta seletiva executada de outra forma por organizações de
0
catadores com parceria ou apoio do agente público (serviço)
CS045 - Ocorrência de coleta seletiva porta a porta executada por organizações de
0
catadores sem parceria ou apoio do agente público (serviço)
CS046 - Ocorrência de coleta seletiva em postos de entrega voluntária executada por
0
organizações de catadores sem parceria ou apoio do agente público (serviço)
CS047 - Ocorrência de coleta seletiva executada de outra forma por organizações de
0
catadores sem parceria ou apoio do agente público (serviço)
CS048 - Qtd. recolhida na coleta seletiva executada por associações ou cooperativas de
0
catadores COM parceria/apoio da Prefeitura? (und.)
CS049 - Especificação de outro(s) agente(s) que executa(m) a coleta seletiva e que
0
detenham parceria com a prefeitura (empreg.)
CS050 - População urbana do município atendida com a coleta seletiva do tipo porta a
0
porta executada pela Prefeitura (ou SLU) (hab.
CS053 - Há empresas contratadas para a prestação do serviço de coleta seletiva porta a
0
porta? (serviço)
CS054 - Valor contratual (preço unitário) do serviço de coleta seletiva porta a porta (em
31/12 do ano de referência) contratado às empresas. Se houver mais de um preço para 0
este serviço, preencher com o valor médio (R$)
CS055 - No preço unitário acima preenchido está incluído o valor do serviço de triagem
0
dos materiais recicláveis? (R$)
CS056 - Valor contratual (preço unitário) do serviço de triagem de materiais recicláveis
(em 31/12 no ano de referência) contratado às empresas. Se houver mais de um preço 0
para este serviço, preencher com o valor médio (R$)

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 302


CS057 - Há associações ou cooperativas de catadores contratadas para a prestação do
0
serviço de coleta seletiva porta a porta?
CS058 - Valor contratual (preço unitário) do serviço de coleta seletiva porta a porta (em
31/12 no ano de referência) contratado às associações/cooperativas de catadores. Se 0
houver mais de um preço para este serviço, preencher com o valor médio (R$)
CS059 - No preço unitário acima preenchido está incluído o valor do serviço de triagem
0
dos materiais recicláveis? (R$)
CS060 - Valor contratual (preço unitário) do serviço de triagem de materiais recicláveis
(em 31/12 do ano de referência) contratado às associações de catadores. Se houver mais 0
de um preço para este serviço, preencher com o valor médio (R$)
Informações sobre coleta de resíduos sólidos dos serviços de saúde – RS
RS003 - O próprio gerador ou empresa contratada por ele (quant.) Não
RS004 - A coleta diferenciada realizada pela Prefeitura é cobrada separadamente? Não
RS008 - Próprio gerador ou empresa contratada por ele (quant.) Não
RS009 - Quantidade de RSS coletada por 'outros executores' da coleta diferenciada de
Não
RSS (und.)
RS020 - Existe no município a coleta diferenciada de resíduos sólidos dos serviços de
saúde executada pela Prefeitura, pelo próprio gerador ou por empresas contratadas por Sim
eles?
RS021 - Existência de coleta diferenciada de RSS executada pela prefeitura ou empresas
Sim
contratadas por ela
RS022 - Existência de coleta diferenciada de RSS executada por outros agentes (serviço) Sim
RS023 - Especificação de outros agentes executores da coleta diferenciada de RSS
Não
(empreg.)
RS024 - Existência de outra forma de coleta diferenciada de RSS (serviço) Não
RS025 - Valor cobrado pela prefeitura para prestação da coleta de RSS (R$) 0
RS026 - A prefeitura exerce algum tipo de controle sobre os executores (externos)? Não
RS027 - Especifique, sucintamente, qual tipo de controle Não
RS028 - Prefeitura ou empresa contratada por ela 0
RS030 - O município envia RSS coletados para outro município? (und.) Não
RS031 - Municípios para onde são remetidos os RSS 0
RS034 - Despesas com outro(s) agente(s) executor(es) da coleta de resíduos dos serviços
Não
de saúde (R$)
RS036 - Em veículo destinado à coleta domiciliar, porém em viagem exclusiva (quant.) Não
RS038 - Em veículo exclusivo 1
RS039 - Especificação de outras formas de coleta diferenciada de RSS (serviço) 1
RS040 - No caso dos RSS dos serviços públicos de saúde, o serviço de coleta
0
diferenciada destes resíduos é executado por empresa (s) contratada (s)? (serviço)
RS041 - Valor contratual (preço unitário) do serviço de coleta diferenciada dos RSS (em
0
31/12 no ano de referência) (R$)
RS042 - No preço acima está incluso algum tipo de tratamento para os RSS coletados?
Não
(R$)
RS043 - Valor contratual (preço unitário) do serviço de tratamento dos RSS (em 31/12
0
no ano de referência) (R#)
RS044 - Quantidade total de RSS coletada pelos agentes executores (und./ano) 0
RS045 - Prefeitura ou SLU 0
RS046 - Empresa contratada pela Prefeitura ou pelo SLU (quant.) 0
Informações sobre coleta de resíduos da construção civil
CC010 - O serviço prestado pela Prefeitura é cobrado do usuário? (serviço) Não
CC011 - Valor cobrado pela coleta de RCC (R$) 0
CC012 - Cobrança através de outro tipo de unidade de medida (R$) 0
CC013 - Pela Prefeitura Municipal ou empresa contratada por ela 0
CC014 - Por empresas especializadas (caçambeiros") ou autônomos contratados pelo
0
gerador"
CC015 - Pelo próprio gerador 0
CC016 - Especificação do outro agente diferente dos citados (empreg.) Não
CC017 - Há agentes autônomos que prestam serviço de coleta de RCC utilizando-se de
Não
caminhões tipo basculantes ou carroceria no município? (empreg.)

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 303


CC018 - Há agentes autônomos que prestam serviço de coleta de RCC utilizando-se de
carroças com tração animal ou outro tipo de veículo com pequena capacidade Não
volumétrica no município? (empreg.)
CC019 - A Prefeitura ou SLU executa usualmente a coleta diferenciada de RCC no
Não
município? (Antigo campo CO027) (serviço)
CC020 - Há empresas especializadas (caçambeiros") que prestam serviço de coleta de
Não
RCC no município? (Antigo campo CO028)" (serviço)
Informações sobre serviços de varrição – RS
VA001 - Existência de estrutura operacional do serviço de varrição composta por pessoal
0
dos agentes públicos (estrutura)
VA002 - Existência de estrutura operacional do serviço de varrição composta por pessoal
0
dos agentes privados (estrutura)
VA003 - Existência de estrutura operacional do serviço de varrição composta por
Não
veículos dos agentes públicos (estrutura)
VA004 - Existência de estrutura operacional do serviço de varrição composta por
Não
veículos dos agentes privados (estrutura)
VA010 - Pela prefeitura municipal (Km varridos) 0
VA011 - Por empresas contratadas (Km varridos) 0
VA012 - Extensão de sarjeta varrida por outros agentes (km) 0
VA016 - Há algum tipo de varrição mecanizada no município? Não
VA020 - Valor contratual (preço unitário) do serviço de varrição manual (R$) 0
VA021 - Existência de recolhimento dos resíduos do serviço de varrição incluído no
Não
valor contratual do serviço (serviço)
VA030 - Existência de estrutura operacional do serviço de varrição composta por pessoal
Não
de outros agentes (estrutura)
VA031 - Especificação dos outros agentes dos quais incide pessoal no serviço de
0
varrição (empreg.)
VA032 - Existência de estrutura operacional do serviço de varrição composta por
Não informado
veículos de outros agentes (estrutura)
VA033 - 'especificação dos outros agentes dos quais incidem veículos no serviço de
Não informado
varrição (empreg.)
VA034 - 'especificação dos outros agentes aos quais se referem a extensão de sarjeta
Não informado
varrida (empreg.)
VA035 - Quais tipos de equipamentos são utilizados (equip.) Não informado
VA036 - Local ou circunstância da varrição mecanizada (local) Não informado
VA038 - Despesas com outro(s) agente(s) público(s) com o serviço de coleta de RDO e
Não informado
RPU no município (R$)
VA039 - Extensão total de sarjetas varridas pelos executores (Km varridos) (Km) 0,9
Informações sobre serviços de capina e roçada (4)
CP001 - Existi o serviço de capina e roçada no município? (serviço) SIM
CP002 - Manual (serviço) SIM
CP003 - Mecanizada (serviço) SIM
CP004 - Química (serviço) NÃO
Informações sobre outros serviços (44)
OS001 - Execução de lavação de vias e praças pelo agente público (serviço) SIM
OS003 - Execução de limpeza de feiras livres ou mercados pelo agente público SIM
OS004 - Execução de limpeza de praias pelo agente público (serviço) NÃO
OS005 - Execução de limpeza de bocas-de-lobo pelo agente público SIM
OS006 - Execução de pintura de meios-fios pelo agente público (serviço) SIM
OS007 - Execução de limpeza de lotes vagos pelo agente público (serviço) NÃO
OS008 - Execução de remoção de animais mortos de vias públicas pelo agente público
SIM
(serviço)
OS009 - Execução de coleta diferenciada de pneus velhos pelo agente público (serviço) NÃO
OS010 - Execução de diferenciada de pilhas e baterias pelo agente público (serviço) NÃO
OS011 - Execução de coleta de resíduos volumosos inservíveis de pelo agente público
SIM
(serviço)
OS012 - Execução de lavação de vias e praças por empresas contratadas (serviço) NÃO
OS014 - Execução de limpeza de feiras livres ou mercados por empresas contratadas
NÃO
(serviço)
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 304
OS015 - Execução de limpeza de praias por empresas contratadas (serviço) NÃO
OS016 - Execução de limpeza de bocas-de-lobo por empresas contratadas (serviço) NÃO
OS017 - Execução de pintura de meios-fios por empresas contratadas (serviço) NÃO
OS018 - Execução de limpeza de lotes vagos por empresas contratadas (serviço) NÃO
OS019 - Execução de remoção de animais mortos de vias públicas por empresas
NÃO
contratadas (serviço)
OS020 - Execução de coleta diferenciada de pneus velhos por empresas contratadas
NÃO
(serviço)
OS021 - Execução de coleta diferenciada de pilhas e baterias por empresas contratadas
NÃO
(serviço)
OS022 - Execução de coleta de resíduos volumosos inservíveis por empresas contratadas
NÃO
(serviço)
OS023 - Execução de lavação de vias e praças por outros agentes diferentes dos citados
NÃO
(serviço)
OS025 - Execução de limpeza de feiras livres ou mercados por outros agentes diferentes
NÃO
dos citados (serviço)
OS026 - Execução de limpeza de praias por outros agentes diferentes dos citados
NÃO
(serviço)
OS027 - Execução de limpeza de bocas-de-lobo por outros agentes diferentes dos citados
NÃO
(serviço)
OS028 - Execução de pintura de meios-fios por outros agentes diferentes dos citados
NÃO
(serviço)
OS029 - Execução de limpeza de lotes vagos por outros agentes diferentes dos citados
NÃO
(serviço)
OS030 - Execução de remoção de animais mortos de vias públicas por outros agentes
NÃO
diferentes dos citados (serviço)
OS031 - Execução de coleta diferenciada de pneus velhos por outros agentes diferentes
NÃO
dos citados (serviço)
OS032 - Execução de coleta diferenciada de pilhas e baterias por outros agentes
NÃO
diferentes dos citados (serviço)
OS033 - Execução de coleta de resíduos volumosos inservíveis por outros agentes
NÃO
diferentes dos citados (serviço)
OS040 - Execução de poda de árvores pelo agente público (serviço) SIM
OS041 - Execução de poda de árvores por empresas contratadas (serviço) SIM
OS042 - Execução de poda de árvores por outros agentes diferentes dos citados (serviço) NÃO
OS043 - Execução de outros serviços diferentes dos citados pelo agente público (serviço) NÃO
OS044 - Execução de outros serviços diferentes dos citados por empresas contratadas
NÃO
(serviço)
OS045 - Execução de outros serviços diferentes dos citados por outros agentes (serviço) NÃO
OS046 - Outros executores(especificar) (serviço) NÃO
OS047 - Execução de coleta diferenciada de lâmpadas fluorescentes pelo agente público
NÃO
(serviço)
OS048 - Execução de coleta diferenciada de lâmpadas fluorescentes por empresas
NÃO
contratadas (serviço)
OS049 - Execução de coleta diferenciada de lâmpadas fluorescentes por outros agentes
NÃO
diferentes dos citados (serviço)
OS050 - Execução de coleta diferenciada de resíduos eletrônicos pelo agente público
NÃO
(serviço)
OS051 - Execução de coleta diferenciada de resíduos eletrônicos por empresas
NÃO
contratadas (serviço)
OS052 - Execução de coleta diferenciada de resíduos eletrônicos por outros agentes
NÃO
diferentes dos citados (serviço)
OS053 - Outros (especificar) (serviço)
Informações sobre catadores (9)
CA001 - Presença de catadores no lixão ou no aterro (empreg.) (Entretanto, há catadores
Não
autônomos que vivem próximos do lixão)
CA002 - Quantidade de catadores com idade até 14 anos (empreg.) Não
CA003 - Quantidade de catadores com idade maior que 14 anos (empreg.) Não

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 305


CA004 - Existem catadores de materiais recicláveis que trabalham dispersos na cidade?
Não
(empreg.) (Entretanto, há catadores autônomos que vivem próximos do lixão)
CA005 - Os catadores estão organizados em Cooperativas ou Associações (empreg.) Não
CA006 - Quantidade de entidades associativas (empreg.) Não
CA007 - Quantidade de associados (empreg.) Não
CA008 - Existe algum trabalho social por parte da prefeitura direcionado aos catadores?
Não
(serviço)
CA009 - Descrição sucinta dos trabalhos (por exemplo: bolsa-escola para os filhos de
Não
catadores, programa de alfabetização de catadores etc.) (empreg.)
Indicadores sobre despesas e trabalhadores (10)
IN001_RS - Taxa de empregados em relação à população urbana (R$) Não informado
IN002_RS - Despesa média por empregado alocado nos serviços do manejo de rsu (R$) Não informado
IN003_RS - Incidência das despesas com o manejo de rsu nas despesas correntes da
Não informado
prefeitura (R$)
IN004_RS - Incidência das despesas com empresas contratadas para execução de
Não informado
serviços de manejo rsu nas despesas com manejo de rsu (R$)
IN005_RS - Auto-suficiência financeira da prefeitura com o manejo de rsu (R$) Sim
IN006_RS - Despesa per capita com manejo de rsu em relação à população urbana (R$) Não informado
IN007_RS - Incidência de empregados próprios no total de empregados no manejo de
Não informado
rsu (R$)
IN008_RS - Incidência de empregados de empresas contratadas no total de empregados
Não informado
no manejo de rsu (R$)
IN010_RS - Incidência de empregados gerenciais e administrativos no total de
Não informado
empregados no manejo de rsu (R$)
IN011_RS - Receita arrecadada per capita com taxas ou outras formas de cobrança pela
Não informado
prestação de serviços de manejo rsu (R$)
Indicadores sobre coleta domiciliar e pública (13)
IN014_RS - Taxa de cobertura do serviço de coleta domiciliar direta (porta-a-porta) da
0
população urbana do município (R$)
IN015_RS - Taxa de cobertura regular do serviço de coleta de rdo em relação à
0
população total do município (R$)
IN016_RS - Taxa de cobertura regular do serviço de coleta de rdo em relação à
0
população urbana (R$)
IN017_RS - Taxa de terceirização do serviço de coleta de (rdo + rpu) em relação à
0
quantidade coletada (R$)
IN018_RS - Produtividade média dos empregados na coleta (coletadores + motoristas)
0
na coleta (rdo + rpu) em relação à massa coletada (serviço)
IN019_RS - Taxa de empregados (coletadores + motoristas) na coleta (rdo + rpu) em
0
relação à população urbana (R$)
IN021_RS - Massa coletada (rdo + rpu) per capita em relação à população urbana (t) 0
IN022_RS - Massa (rdo) coletada per capita em relação à população atendida com
0
serviço de coleta (t)
IN023_RS - Custo unitário médio do serviço de coleta (rdo + rpu) (R$) 0
IN024_RS - Incidência do custo do serviço de coleta (rdo + rpu) no custo total do manejo
0
de rsu (R$)
IN025_RS - Incidência de (coletadores + motoristas) na quantidade total de empregados
0
no manejo de rsu (empreg.)
IN027_RS - Taxa da quantidade total coletada de resíduos públicos (rpu) em relação à
0
quantidade total coletada de resíduos sólidos domésticos (rdo) (R$/ano)
IN028_RS - Massa de resíduos domiciliares e públicos (rdo+rpu) coletada per capita em
0
relação à população total atendida pelo serviço de coleta (t)
Indicadores sobre coleta seletiva e triagem (11)
IN030_RS - Taxa de cobertura do serviço de coleta seletiva porta-a-porta em relação à
0
população urbana do município (R$)
IN031_RS - Taxa de recuperação de materiais recicláveis (exceto matéria orgânica e
0
rejeitos) em relação à quantidade total (rdo + rpu) coletada (R$)
IN032_RS - Massa recuperada per capita de materiais recicláveis (exceto matéria
0
orgânica e rejeitos) em relação à população urbana (t)

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 306


IN033_RS - Taxa de material recolhido pela coleta seletiva (exceto matéria orgânica)
0
em relação à quantidade total coletada de resíduos sólidos domésticos (R$)
IN034_RS - Incidência de papel e papelão no total de material recuperado (t) 0
IN035_RS - Incidência de plásticos no total de material recuperado (t) 0
IN038_RS - Incidência de metais no total de material recuperado (t) 0
IN039_RS - Incidência de vidros no total de material recuperado (t) 0
IN040_RS - Incidência de outros materiais (exceto papel, plástico, metais e vidros) no
0
total de material recuperado (t)
IN053_RS - Taxa de material recolhido pela coleta seletiva (exceto mat. orgânica) em
0
relação à quantidade total coletada de resíduos sól. Domésticos (R$)
IN054_RS - Massa per capita de materiais recicláveis recolhidos via coleta seletiva (t) 0
Indicadores sob coleta de resíduos de serviços de saúde (2)
IN036_RS - Massa de rss coletada per capita em relação à população urbana (t) Não Quantificado
IN037_RS - Taxa de rss coletada em relação à quantidade total coletada (R$/ano) Não Quantificado
Indicadores sobre serviços de varrição, capina e roçada (10)
IN041_RS - Taxa de terceirização dos varredores (R$) 0
IN042_RS - Taxa de terceirização da extensão varrida (R$) 0
IN043_RS - Custo unitário médio do serviço de varrição (prefeitura + empresas
0
contratadas) (R$)
IN044_RS - Produtividade média dos varredores (prefeitura + empresas contratadas)
0
(R$)
IN045_RS - Taxa de varredores em relação à população urbana (R$) 0
IN046_RS - Incidência do custo do serviço de varrição no custo total com manejo de rsu
0
(R$)
IN047_RS - Incidência de varredores no total de empregados no manejo de rsu
0
(empreg./ano)
IN048_RS - Extensão total anual varrida per capita (m²) 0
IN051_RS - Taxa de capinadores em relação à população urbana (R$) 0
IN052_RS - Incidência de capinadores no total empregados no manejo de rsu
4
(empreg./ano)
Informações sobre política e plano municipal de saneamento básico (48)
PO001 - O município possui Política de Saneamento Básico Conforme a Lei
Sim (Em
11.445/2007? (Há mu conselho municipal de saneamento básico e a atual elaboração do
elaboração)
PMSB de Laranjal do Jari)
PO002 - Quando foi aprovada? 0
PO004 - Abastecimento de água (hab.) 0
PO005 - Esgotamento sanitário (hab.) 0
PO006 - Limpeza pública e manejo de resíduos sólidos 0
PO007 - Drenagem urbana e manejo de águas pluviais 0
PO008 - Abastecimento de água 0
PO009 - Nome do órgão SEMMATUR/DSU
PO010 - Esgotamento sanitário 0
PO011 - Nome do órgão 0
PO012 - Limpeza pública e manejo de resíduos sólidos Sim
PO013 - Nome do Órgão SEMMATUR/DSU
PO014 - Drenagem urbana e manejo de águas pluviais SIM
PO015 - Nome do órgão 0
PO016 - O município adotou parâmetros para a garantia essencial à saúde pública? 0
PO017 - Abastecimento de água 0
PO018 - Esgotamento sanitário 0
PO019 - Limpeza pública e manejo de resíduos sólidos SEMMATUR/DSU
PO020 - Drenagem urbana e manejo de águas pluviais SEMMATUR/DRH
PO021 - O município definiu mecanismos de participação e controle social? (Comitês
SIM
Executivo e de Coordenação do PMSB de Laranjal do Jari) em Execução
PO022 - Conselho ou órgão colegiado (Comitês Executivo e de Coordenação do PMSB) SIM
PO023 – Conferência Não
PO024 - Audiência pública Não

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 307


PO025 – Outros Reuniões e
Seminários do
PMSB
PO026 - O município fixou os direitos e deveres dos usuários NÃO
PO027 - O município implementou o sistema de informação municipal de saneamento? NÃO
PO028 - O município possui plano municipal de saneamento básico, elaborado nos
Em Implementação
termos estabelecidos na Lei 11.445/2007?
PO029 - Quando foi aprovado? Decreto 065/2019
Decreto de criação do Comitê Executivo (em vias de aprovação até final de 2020) 12/02/2019
PO031 - Qual a vigência do plano? 2020-2024
Aprovação
PO033 - Qual a forma de aprovação do plano? Produtos TR pela
FUNASA e
Câmara de
Vereadores
PO034 - Abastecimento de água Sim
PO035 - Esgotamento sanitário Sim
PO036 - Limpeza pública e manejo de resíduos sólidos Sim
PO037 - Drenagem urbana e manejo de águas pluviais Sim
PO038 - As metas do plano para o abastecimento de água estão sendo alcançadas? Ainda Não
PO039 - As metas do plano para o esgotamento sanitário estão sendo alcançadas? Ainda Não
PO040 - As metas do plano para os resíduos sólidos estão sendo alcançadas? Ainda Não
PO041 - As metas do plano para drenagem de águas pluviais estão sendo alcançadas? Ainda Não
PO042 - O município é integrante de algum CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL
regulamentado pela Lei nº 11.107/2005 que tenha entre suas atribuições específicas a
gestão ou prestação de um ou mais serviços de manejo de RSU (serviços de coleta de Não
resíduos domiciliares ou públicos, operações de aterro sanitário etc.)
PO043 - Nome do CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL Não
PO044 - Qual o ano de adesão do município ao referido consórcio intermunicipal? Não
PO045 - Informe o nº/ano da Lei Municipal que autoriza o município a constituir o
Não
referido CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL
PO046 - Quais os demais municípios integrantes do CONSÓRCIO
Não
INTERMUNICIPAL? (Antigo campo PM046)
PO047 - Quais as modalidades ou tipos de serviços de manejo de RSU (limpeza urbana)
Não
que já são prestados pelo CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL
PO048 - O Município possui Plano de Gestão de Resíduos Sólidos conforme a Lei nº
Não
12.305/2010 que trata da Política Nacional de Resíduos Sólidos?
PO049 - Quando foi aprovado? 0
PO050 - O Plano de Gestão de Resíduos Sólidos referido anteriormente é individualizado
(somente para o município) ou é intermunicipal (regional) contemplando também outros
0
municípios? ATENÇÃO: Não considerar o Plano Estadual como resposta!!!
PO051 - Quais os demais municípios abrangidos pelo Plano de Gestão [Regional]? 0
Indicadores sobre serviços de construção civil (2)
IN026_RS - Taxa de resíduos sólidos da construção civil (rcc) coletada pela prefeitura
0
em relação à quantidade total coletada (R$/ano)
IN029_RS - Massa de rcc per capita em relação à população urbana (t) Desconhecida

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 308


CAPÍTULO 8

8. QUADRO RESUMO E ANALÍTICO DOS DIAGNÓSTICO DO PMSB

8.1. Quadro resumo e analítico de abastecimento de água

Quadro 8.1: Quadro resumo e analítico de abastecimento de água – Zona Urbana


SEDE DO MUNICÍPIO

Nº Problemas diagnosticados Causas dos problemas diagnosticados Classificação das causas

O serviço de abastecimento de
1.1) O SAA da Sede Municipal apresenta sérios problemas
1 água do município é prestado 1.1) Estrutural
infraestruturais para atender a zona urbana (sede do município)
precariamente pela CAESA,

2.1) O SAA da Sede Municipal apresenta sérios problemas


infraestruturais para atender a zona urbana (sede do município) 2.1) Estrutural

2.2) Necessidade de reforma estrutural de toda a ETA: captação


superficial, adutora, sistema de tratamento, sala de química, energização, 2.2) Estrutural
reservatório, tanques, escritório, etc., tanques, equipamentos,
Há problemas graves na
maquinários, energização, casa de máquinas/motobombas, material e
prestação de serviço de
equipamentos mínimos para análise da qualidade da água
2 abastecimento de água do
município (quantidade e 2.3) Melhoria da segurança e manutenção da ETA (há relatos de furtos no
qualidade da água distribuída) local – por exemplo uma estação automática de coleta de dados do
2.3) Estruturante
IEPA/SUDAM foi completamente furtada, incluindo-se a torre,
equipamentos, cercado, etc). Assim, todo o sistema infraestrutural e
operacional da ETA não tem segurança efetiva, pois o local permite
acesso de transeuntes que chegam pela margem do rio, sem autorização
(a qualquer hora) trafegam pelas suas dependências;
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 309
2.4) Ausência de monitoramento da qualidade da água (bruta e tratada).
Há uma série de não conformidades da qualidade da água que precisam
corrigidos e que, sem esta providência, põem em risco a eficiência da
ETA.
2.4) Estruturante
2.5) Há problemas de ineficiência infraestrutural da rede de distribuição
de água. Esta ineficiência quantitativa é paliativamente compensada por
inserção de poços subterrâneos na rede (integrado) ou não integrados
(isolados) que compensam a demanda de água na zona urbana.
2.6) Em termos de qualidade da água, só há tratamento efetivo da
qualidade da água na ETA (ainda que parcialmente precário). Entretanto, 2.5) Estrutural
não há processos de desinfecção de água bruta captada nem nos poços
integrados nem nos isolados, sendo que os poços interligados as águas se
misturam, reduzindo potencialmente a eficiência de desinfecção da ETA.
2.7) Os sistemas com poços tubulares que bombeiam água subterrânea
diretamente na rede de distribuição, não sofrem nenhum tipo de 2.6) Estrutural
tratamento ou desinfecção. E, apesar da inserção da operação desses
sistemas o suprimento de água do município ainda é deficitário. Por estes
motivos está em fase de construção um poço tubular profundo (120m).
Entretanto, não há estudos de sondagem para avaliar se este futuro poço
atenderá às demandas atuais e futuras de água.

2.7) Estrutural

Não há contrato formal técnico-


gerencial de prestação do 3.1) Existe apenas um acordo precário de cooperação técnica com prazo
3 serviço de abastecimento entre o indeterminado, referente à regulamentação da prestação de serviço 3.1) Estruturante
município e a concessionária localizado na CAESA pelo Decreto 0013, de 11 de abril de 1989.
(CAESA)

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 310


3.2) A falta de um documento (contrato oficial) que comprometa tanto a 3.2) Estruturante
prefeitura quanto a concessionária pode estar sendo um gerador de
ineficiência da gestão, fiscalização, e inadimplência dos usuários.

4.1) A ETA não atende a demanda por água atual, com sérias restrições
futuras. Com exceção da reforma e ampliação de outubro de 2012, o 4.1) Estrutural
SAA (ETA) é muito antiga e foi sistema de abastecimento não acompanhou a taxa de crescimento
projeta nos anos 1990 e populacional. Em 2010 a população do município já era de
inaugurada em 1994 para aproximadamente 39.642 habitantes (IGBE, 2010). Atualmente a
4 estimativa populacional é de 50.410 habitantes (IBGE, 2020), com
atender demandas muito
superiores à sua capacidade vertiginoso crescimento líquido populacional de aproximadamente
produtiva 27,16% na década (2010-1019).
4) Há necessidade de modernização geral da ETA para aumentar sua 4.2) Estrutural
eficiência de produção e capacidade de tratamento de água potável.

5.1) A concessionária informa que o nível de inadimplência é


elevadíssimo, acima de 95%, o que não é financeiramente sustentável para
o setor.
5.2) Urgência em capacitação para a mudança cultural do comportamento 5.1) Estruturante
dos usuários relacionados ao pagamento de água, especialmente para a
melhoria do controle social dos usuários em relação à qualidade da
Elevado índice de
5 prestação dos serviços de fornecimento de água (educação ambiental e 5.2) Estruturante
inadimplência do usuário
sanitária)
5.3) A não formalidade contratual entre a concessionária e a prefeitura
5.3) Estruturante
para a prestação dos serviços com boa qualidade exigida legalmente, pode
ser um fator relevante na relação usuário x concessionária, pois a falha da
concessionária e o comportamento cultural prejudicam toda a sociedade
local.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 311


6.1) Falta uma melhoria na infraestrutura administrativa e da sua área
externa (escritório da gerência administrativa local) para melhor atender 6.1) Estruturante
aos usuários);
6.2) Faltam reformas de parte do sistema de abastecimento de água (torres
6.2) Estruturante
e reservatórios antigos, etc.);
Falta de investimento da
concessionária para a melhora 6.3) Ausência de iniciativas para melhorar a interação entre equipes
6 do setor de abastecimento de técnicas e administrativas da CAESA x Prefeitura Municipal 6.3) Estruturante
água limitado pela
6.4) Falta apoio da GEROINT para dar suporte à organização e
inadimplência
preparação das contas de água, por setor e bairros, antes de sua
6.4) Estruturante
distribuição aos usuários.
6.5) Os munícipes precisam se conscientizar que o serviço prestado
precisa ser pago. Caso contrário, o investimento no setor é inviabilizado 6.5) Estruturante
e o sistema se torna insustentável (Educação Sanitária).

7.1) É observado que os aquíferos, na região são do tipo livre, mas


variando entre 6m e 14m de profundidade, ou semiconfinados, em
profundidades de 30m a 70m, com vazões médias de 2 a 5 m³/h, podendo
chegar a 14 m³/h. Mas há ausência de estudos de viabilidade técnica,
econômica e ambiental dos poços utilizados e os quer serão futuramente
7.1) Estruturante
utilizados para atender as demandas atuais e futuras;
Desconhecimento sobre a
hidrogeoquímica das águas 7.2 ) Há possibilidades de se encontrar grandes sistemas de aquífero local
7 (qualidade da água) e vazões em profundidades superiores a 100 m. De acordo com a CAESA, são 7.2) Estruturante
potenciais atuais e futura dos explorados alguns poços entre 120 e 150 m, os quais produzem vazões
poços médias entre 150 e 200 m3/h, com água de “boa qualidade”;
7.3) Estrutural
7.3) Necessidade de instalação de um sistema de captação de água
subterrânea mais confiável, que atenda a maior vazão atual e futura em
aquíferos profundos na área urbana de Laranjal do Jari, pois não há
informações específicas, nem na literatura nem da CAESA, sobre a
qualidade da água desses potenciais mananciais;

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 312


8.1. Não há controle dos parâmetros da qualidade da água em cada uma
das etapas operacionais da ETA, nem mesmo na distribuição ou pontas de
rede; 8.1) Estruturante
8.2) Quando o tanque de preparo da solução de sulfato de alumínio não é
usado, é utilizado para o preparo da solução de cal utilizada na correção 8.2) Estruturante
do pH da água;
8.3) A Cal é raramente utilizada para corrigir o pH da água bruta, apesar
ETA apresenta problemas
desta se apresentar frequentemente não conforme com a legislação 8.3) Estruturante
operacionais em todas as suas
(ácida).
fases de tratamento de água
(coagulação, floculação, 8.4) o pH nem sempre está dentro do tolerável entre 6,0 e 9,0 (CONAMA, 8.4) Estruturante
sedimentação, filtração, Resolução 354/2005), sendo observado com elevada frequência com
8 correção final de pH e valores pH < 5,0;
desinfecção final, com
8.5) Não há nenhuma instrumentação ou equipamento para realizar o 8.5) Estrutural
capacidade nominal de
monitoramento e a análise da água ao longo do processo de tratamento;
aproximadamente 500 m³/h).
8.6) Há relatos de que este monitoramento tem sido realizado 8.6) Estruturante
mensalmente pela CEASA em Macapá/AP – mas isto não foi verificado;
8.7) Mesmo que este monitoramento ocorra, percebe-se que há um lapso
temporal significativo (um mês) entre o período de dosagem do dia e o 8.7) Estruturante
seu resultado que deveria ser utilizado para controlar a operação;
8.8) Mas nenhum destes dados estavam disponíveis até o momento da 8.8) Estruturante
execução deste diagnóstico, principalmente durante os ajustes de
dosagem das soluções de polímero, sulfato de alumínio.

A ETA e poços subterrâneos 9.1 Não há mínimas condições infraestruturais, equipamentos, materiais
não produzem água em e recursos humanos para o monitoramento da qualidade da água da ETA;
9 quantidade nem em qualidade 9.2 Não há mínimas condições infraestruturais, equipamentos, materiais 9.1) Estrutural
que esteja em conformidade e recursos humanos para o monitoramento da qualidade da água nos poços 9.2) Estrutural
com a legislação vigente. subterrâneos;

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 313


10.1) Não foi observado nenhuma garantia, até o presente momento, a
constatação de estudos hidráulico-hidrológicos, geotécnicos ou
Na sede do município está em hidrogeoquímicos, que demonstrem que os investimentos neste novo
andamento uma obra de poço supram a necessidade de operação num horizonte temporal (curto, 10.1) Estrutural
perfuração de um poço tubular médio e longo prazos) para atender as demandas atuais e futuras;
10
profundo (12” x 250 m) para
reforçar a suprimento de água da 10.2) Há ausência de estudos de viabilidade técnica, econômica e 10.2) Estruturante
sede do município. ambiental, e até análises sobre as alternativas de desativação (substituição
ou reaproveitamento) dos poços integrados com a ETA ou os poços
isolados (desconectados à ETA).

11.1) Houve a expansão acentuada da malha urbana da sede municipal,


com a criação de novos bairros sem esta infraestrutura (falta planejamento
11.1) Estruturante
e investimento);
11.2) A rede não acompanhou este mesmo crescimento, aumentando o
número de moradias sem acesso à rede hidráulica (Buritizal e áreas de 11.2) Estrutural
ressaca, onde o abastecimento de água se dá por meio de Carro Pipa;
11.3) A rede existente é antiga, com muitos pontos de vazamento e precisa 11.3) Estrutural
Necessidade de ampliação e de manutenção, modernização e expansão;
melhoria da rede hidráulica e
11 11.4) O uso de caminhões pipa é uma solução precária e insustentável,
distribuição por caminhões
além de aumentar significativamente o risco de doenças de veiculação 11.4) Estrutural
pipas
hídrica na cidade, principalmente devido a precarização do
armazenamento em caixas d´água em frente das residências desses
bairros;
11.5) Apesar de haver uma adutora entre a elevatória (cidade alta) e os
bairros baixos, próximos da orla, esta não está operacional por problemas
estruturais que inviabilizaram seu uso – há pelo menos dois anos.
11.5) Estrutural
11.6) Os custos mensais médios dos caminhões pipa é de
aproximadamente R$ 7.000,00, o que torna a contratação de vários
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 314
caminhões para atender às demandas dos bairros não assistidos, muito 11.6) Estruturante
elevados e financeiramente insustentáveis e sem a comprovação de que
os problemas de saúde estão sendo resolvidos;

12.1) O município conta com três reservatórios de água, um enterrado


(maior capacidade), um apoiado e um elevado (fora de operação). Como 12.1) Estrutural
o reservatório de água elevado não está sendo utilizado, sempre que falta
energia os munícipes ficam sem abastecimento de água.
12.2) Gera desequilíbrios hidráulicos na rede (variações de pressão),
12 Reservação de água insuficiente
aumentando a exigência eletromecânica dos equipamentos de 12.2) Estrutural
bombeamento e maior esforço sobre as tubulações e conexões da rede.
12.3) Por não ter reservação elevada as motobombas operam 24h/dia,
ocasionando perdas desnecessárias de energia e a queima precoce de 12.3) Estrutural
equipamentos.

13.1). Foram construídos 6 sistemas isoladas com captação subterrânea,


Sistemas isolados interligados a porém, 3 desses sistema foram interligados a rede hidráulica principal sem
13 13.1) Estrutural
rede hidráulica principal. a existência de tratamento da água, colocando em risco a já debilitada
eficiência de tratamento da ETA.

14.1) O município conta com apenas dois técnicos para operar o sistema
Equipe técnica insuficiente para
de abastecimento de água, e um encanador. Isto faz com que os próprios
14 operar, manter e otimizar o 14.1) Estruturante
moradores realizem serviços de operação e manutenção de alguns
sistema
sistemas isolados, a exemplo do poço Nazaré Mineiro.

15.1) O uso e ocupação desordenado do solo, associado com o


15.1) Estrutural
significativo processo de expansão demográfica, fez com que a expansão
Vários bairros não têm acesso
15 urbana se desenvolvesse em uma taxa muito superior à de expansão dos
regular à água potável
serviços de saneamento básico, com destaque aos Sistema de
15.2) Estruturante
Abastecimento de Água da cidade;

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 315


15.2) Ausência de planejamento, apesar da existência de um Plano Diretor
de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (Lei 0545/2017) apresentar as
diretrizes deste desenvolvimento urbano. Há necessidade do cumprimento
das leis e normas municipais;

16.1) O Município não dispõe de nenhuma infraestrutura ou dispositivo


de micro (residências ou logradouros) nem de macromedição (saída da
ETA para distribuição na rede); 16.1) Estrutural
Ausência de macromedição e
16 16.2) A ausência de informação hidráulica gera significativa
micromedição
desinformação sobre o funcionamento integrado do sistema, dificultando 16.2) Estruturante
ações de melhorias e processos de otimização de seu funcionamento
integral.

17.1) O problema se agrava pelo fato de ser comum a ligação, pelos


Detecção de pontos de baixa munícipes, de bombas de sucção diretamente na rede hidráulica. É comum
17 17.1) Estrutural
pressão na rede (baixa vazão) a reclamação de quem reside no final das ruas ou pontes da “água não
chegar” (sem pressão/vazão).

18.1) Elevada frequência de não conformidade legal físico-química e 18.1) Estruturante


microbiológica da qualidade da água;
18.2) Preocupantes níveis de coliformes fecais e E.coli em fontes de água
“potável” de Escolas, Unidades de Saúde e residências. 18.2) Estruturante
Não conformidade
microbiológica e físico-química 18.3) Preocupantes níveis de Nitrato (NO3) e pH em fontes de água
18 da qualidade da água (bruta e “potável” de Escolas, Unidades de Saúde e residências. 18.3) Estruturante
“tratada”)(Hospital, Escola e 18.4) Ambiente dos bairros e comunidades próximas em situação sanitária
Residências) precária ou parcialmente precária, com existência de fontes de poluição
difusas (ausência de sistemas de esgotamento sanitário e de águas 18.4) Estruturante
pluviais), resíduos sólidos dispersos nas vias públicas, ausência de
monitoramento da qualidade da água, falta de fiscalização e vigilância
sanitária. 18.5) Estruturante

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 316


18.5) Qualidade da água em não conformidade já na saída da distribuição
(CAESA)(pH, NO3, Coliformes Totais e E.coli);

19.1) Não há registros disponíveis sobre dados de monitoramento da


qualidade da água na CAESA (escritório Laranjal do Jari ou Agência
Central – Macapá)
19.1) Estruturante
19.2) A precariedade ou inexistência de laboratório de monitoramento da
Não há monitoramento qualidade da água na ETA ou poços integrados ou isolados, não permite
19 sistemático diário da qualidade o acompanhamento correto do gerenciamento de produção e distribuição 19.2) Estruturante
da água pela CAESA de água com qualidade, principalmente porque não é possível registrar
dados em intervalos de tempo compatíveis e necessários para prestação
de serviços de qualidade no município; 19.3) Estruturante
19.3) Vazamentos e contatos de tubulações (clandestinas) permitem ou
potencialmente facilitam a contaminação da água de abastecimento;

20.1) índices de perdas de água na rede é extremamente elevada, próximo


de 71,6% (índice de faturamento 18,4%); 20.1) Estruturante
20.2) a falta de controle da produção (macro e micro medições) associada
com a precária e insuficiente rede de distribuição resultam em índices de
perdas muito elevados, e restringem a possibilidade de investimentos
Índices de perdas ou nesta área do saneamento básico; 20.2) Estruturante
20 faturamento extremamente
20.3) além da precariedade da rede, devido a problemas infraestruturais
elevados
na adutora que liga o reservatório até a cidade baixa está interrompida
(bloqueada ou entupida) há anos, forçando a concessionária e a prefeitura
a utilizar caminhões pipa e, ocasionalmente, até “barcos pipa” com 20.3) Estrutural
altíssimos custos de contratação, para atender os bairros que perderam a
conexão com esta adutora. Este problema talvez seja o mais crítico no
setor de abastecimento de água na sede de Laranjal do Jari.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 317


Quadro 8.2: Quadro resumo e analítico de abastecimento de água – Zona Rural
COMUNIDADE ÁGUA BRANCA DO CAJARI – ZONA RURAL TERRESTRE

Nº Problemas diagnosticados Causas dos problemas diagnosticados Classificação das causas

1.1) Como não há um SAA convencional na Comunidade Água Branca do


Cajari o está funcionando com restrições ou só com um sistema alternativo 1.1) Estrutural
ou um antigo do SANEAR.
1.2) Estão sendo adotadas soluções alternativas, em algumas ocasiões 1.2) Estrutural
simplificados e em outras utilizam-se da antiga infraestrutura do projeto
Sanear;
Não há um SAA
1.3) No geral as famílias captam a água de algum rio/igarapé próximo de 1.3) Estrutural
1 convencional na comunidade
suas residências ou de poços amazonas.
de Água Branca do Cajari.
1.4) A captação é realizada de forma manual ou por meio de motobombas 1.4) Estrutural
adquiridas pelo próprio morador da comunidade, normalmente operando
com alto custo de combustível fóssil.
1.5) Algumas comunidades rurais similares não dispõem de atendimento 1.5) Estrutural
energético e o morador necessita também arcar com estes custos de geração
à diesel para acionamento de motobombas

2.1) A água captada, somente a utilizada para consumo humano, é tratada


Em algumas comunidades com hipoclorito fornecido pelo posto de saúde da prefeitura.
foram implantadas soluções 2.1) Estrutural
alternativas individuais e
2
coletivas por meio do projeto 2.2) Várias famílias relataram que consomem a água bruta captada sem nem
“Sanear Amazônia” (Água mesmo ser tratada com este mínimo processo de tratamento simples. 2.2) Estrutural
Branca do Cajari)

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 318


3.1) Próximo da captação de água do Rio Cajari local há despejo do esgoto
doméstico
3.2) Os moradores informam, todavia, que a água distribuída pelo SAC é 3.1) Estrutural
filtrada, “parecendo ser de boa qualidade”. Mas não se costuma aplicar o
Fontes de esgotos ocorrem
hipoclorito para desinfeção da mesma aumentando os riscos de contração de
3 muito próximas da captação 3.2) Estruturante
doenças de veiculação hídrica;
de água no Rio Cajari
3.3) Problema da presença de várias fossas negras no entorno da captação de
água, agravado no período das chuvas pois inundações e elevação dos riscos 3.3) Estrutural
de contaminação da água por doenças de veiculação hídrica (inclusive um
cemitério, necrochorume altamente poluente;.

4.1) Somente algumas famílias foram contempladas com o sistema “Sanear”,


4.1) Estrutural
Necessidade de ampliação projeto que contempla abastecimento de água, banheiro e fossa sépticas nas
4 das Soluções Alternativas residências.
Coletivas/individuais. 4.2) Várias famílias não foram assistidas tecnicamente, abandonando o 4.2) Estruturante
benefício.

5.1) A ausência de energia elétrica dificulta o emprego de soluções


alternativas de vários problemas do saneamento. 5.1) Estrutural
5.2) Famílias de baixa renda suprirem suas necessidades de abastecimento
Comunidades rurais sem
de água de forma manual, por meio de poços amazonas ou no rio.
5 atendimento energético 5.2) Estrutural
convencional 5.3) Há o agravamento do acesso à água pelas famílias, porque é um
problema que penaliza sobremaneira as mulheres (mães), que são as
responsáveis pelos cuidados coma a higiene, alimentação, saneamento, e 5.3) Estruturante
educação dos filhos

6.1) O único tratamento de água utilizado é a dosagem da água captada com 6.1) Estrutural
Consumo de água sem hipoclorito.
6
tratamento adequado
6.2) Há frequente consumo de água bruta captada sem o devido tratamento.
6.2) Estrutural
Pois, mesmo que a água seja tratada com cloro, não é suficiente para garantir
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 319
saúde, pois o seu excesso (trihalometanos ou similares) ou déficit (falsa
segurança da potabilidade);
6.3) Estruturante
6.3) A melhoria da qualidade da água consumida de modo inadequado pode
causar tantos ou mais problemas de saúde quanto o simples consumo de água
bruta sem tratamento (por exemplo, dos poços subterrâneos, que tendem a
ser mais “potáveis” do que as águas superficiais, e este fato é muito frequente
nos demais municípios do Estado do Amapá).

7.1) Várias comunidades não dispõem de soluções alternativas para


7.1) Estrutural
abastecimento de água.
Adoção de soluções
7.2) Seria possível a solução alternativa Salta-z, que já foi adotada na
alternativas nas comunidades
7 comunidade, apesar da Padaria já possuir uma ETA compacta; 7.2) Estrutural
sem sistema de
abastecimento de água. 7.3) Priorizar esta solução em locais onde não haja nenhum sistema
disponível, em detrimento das demais comunidades que já têm alguma
7.3) Estruturante
solução.

Revitalização de sistemas 8.1) Existe um sistema na comunidade São José que está abandonado. E esta
8 8.1) Estrutural
existentes. comunidade não possui outra solução.

9.1) Em várias comunidades rurais isoladas sem sistema de abastecimento


Presença de fontes de de água. É comum existir no entorno dos pontos de captação de água fossas
9 contaminação em negras. O problema se agrava no período das chuvas pois a região sofre 9.1) Estrutural
comunidades em geral inundação, com maior probabilidade de contaminação das águas neste
período.

Necessária capacitação das


famílias para o processo de 10.1) Nas comunidades sem sistema de abastecimento de água ou soluções
10 dosagem correta de produtos alternativas, as famílias realizam o tratamento da água sem orientação 10.1) Estruturante
químicos (Sulfato de técnica adequada quanto a dosagem dos produtos químicos.
alumínio e hipoclorito, etc)

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 320


COMUNIDADE PADARIA – ZONA RURAL RIBEIRINHA

Nº Problemas diagnosticados Causas dos problemas diagnosticados Classificação das causas

1.1) O SAA da zona rural ribeirinha (Comunidade Padaria) está operando


bem além de dispor de um sistema tipo Salta-z. Antigamente havia muito
problema de água. A bomba só funciona 12h/dia. Mas há umas 5 casas sem 1.1) Estrutural
Na zona rural ribeirinha o benefício.
(Comunidade Padaria) o
1.2) Captava-se água do rio direto. Em 2009 o SAA construída pela Funasa.
1 sistema opera normalmente, 1.2) Estruturante
Com a modernização do sistema o problema foi resolvido. Mas há
com redundância de um
necessidade de manutenção e corresponsabilização entre a comunidade e
sistema alternativo Salta-z.
empresa que gerencia o sistema. 1.3) Estrutural
1.3) O Salta-z usa só para o consumo, quando está parado o SSA próximo da
escola. Mas há diferença de qualidade.

2.1) Estrutural
2.1) As famílias captam a água do rio Jari de forma manual ou por meio de
motobombas adquiridas com recurso próprio.
2.2) Algumas comunidades não dispõem de atendimento energético e o
2.2) Estrutural
Precário sistema de captação morador arca com as custas de geração à diesel para acionamento das
de água superficial. Na zona motobombas.
rural ribeirinha é formada por 2.3) A água captada utilizada para consumo humano é tratada com a adição
2
10 comunidades. Em geral de sulfato de alumínio e hipoclorito, porém, sem orientação técnica adequada 2.3) Estruturante
não possuem sistema de quanto a dosagem dos produtos químicos.
abastecimento de água - SAA
2.4) Uma exceção à regra das comunidades ribeirinhas é a comunidade de
Padaria que dispõe de um SAA construído pela FUNASA em 2009. Em 2017
o SAA foi reformado pela empresa EDP, como forma de compensação
ambiental pela construção da hidrelétrica de Santo Antônio. 2.4) Estrutural

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 321


2.5) O SAA tem gestão compartilhada, sendo a Prefeitura do município a
responsável pela operação, a CAESA fornece os produtos químicos para
tratamento da água e a EDP realiza a manutenção, sempre que comunicada.
2.6) Todavia, o operador cedido pela prefeitura não possui formação técnica
2.5) Estruturante
na área acumulando a função de “catraieiro” (quem realiza o transporte dos
estudantes das comunidades ribeirinhas).
2.7) A comunidade espera que no futuro a CAESA assuma completamente a
gestão do sistema; 2.6) Estruturante
2.8) O sistema SAA não está ainda dentro dos padrões exigidos pela CAESA,
aguardando implementação das adaptações solicitadas;
2.9) Além do SSA instalado pela FUNASA na comunidade Padaria há uma 2.7) Estruturante
“redundância” (pois outras 9 comunidades não têm nenhum) de um sistema
Salta-z, como mais uma solução alternativa ao atendimento da demanda de
água de consumo humano da escola existente na comunidade.
2.8) Estrutural

2.9) Estrutural

3.1) A comunidade Padaria possui uma ETA Compacta. Todavia,


Dificuldades no geralmente, só é utilizado o sulfato de alumínio. Mas o fornecimento de cloro
3 fornecimento de produtos e cal hidratada é esporádico. Esse problema é comum, e muito perigoso do 3.1) Estruturante
químicos ponto de vista sanitário, ocorrendo o mesmo problema em vários municípios
do interior do estado do Amapá.

4.1) A captação da água bruta para o sistema Salta-z é feito diretamente da


Quantitativamente, o sistema água superficial do Jari (motobomba de 2 CV). Todavia, para evitar furto do
4 Salta-z atende bem a equipamento, o operador sempre retira o equipamento após enchimento do 4.1) Estruturante
comunidade. Entretanto, não reservatório de água tendo de remontá-la a cada nova operação de 12 h.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 322


há monitoramento da
qualidade da água.

5.1) Na comunidade Padaria necessita de construção de um trapiche para


estender o ponto de captação de água para locais mais profundos na seção no 5.1) Estrutural
Estrutura de captação de rio.
5 água necessitando de um
novo trapiche 5.2) A captação atual ocupa a mesma localidade onde embarcações ancoram
(risco de contaminação por combustível, óleos lubrificantes, etc). É preciso 5.2) Estrutural
separá-los (ou muda o ponto de captação ou muda o local do ancoradouro;.

6.1) A ETA da comunidade de Padaria é operada por um morador que


6 Operador de ETA desenvolve outras atividades e, quando este não está presente, o serviço de 6.1) Estruturante
abastecimento de água é interrompido.

7.1) Assim como existe o papel fundamental do agente de saúde, o município


(e também o Estado) deveria se preocupar em criar no seu organograma
funcional a função do Técnico Operador de ETA. 7.1) Estruturante
7.2) A sua função faz falta como agente preventivo de saúde e vigilância
sanitária; 7.2) Estruturante
Com raríssimas exceções, 7.3) Um bom operador técnico cuida bem da manutenção da ETA e
não há profissionais técnicos consequentemente impacta nos indicadores de saúde e prevenção contra
7 7.3) Estruturante
formados e capacitados em doenças;
operação de ETAs 7.4) O técnico operador de ETA faz cumprir das ETAS como foco principal
na questão sanitária básica, com impacto sobre soluções coletivas e 7.4) Estruturante
universais para as comunidades em que trabalhassem;
7.5) A ausência desse profissional pode ser a causa de muitos problemas
relacionados no presente diagnóstico como, por exemplo, elevados custos 7.5) Estruturante
operacionais, elevados níveis de desperdício de reagentes, manutenção
preventiva e corretiva de equipamentos, melhor uso de utensílios na
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 323
operação da ETA, menores custos de manutenção da infraestrutura de rede,
reservatórios, motobombas, captação, tratamento, etc.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 324


8.2. Quadro resumo e analítico de esgotamento sanitário

Quadro 8.3: Quadro resumo e analítico de esgotamento sanitário – Zona Urbana


SEDE DO MUNICÍPIO

Nº Problemas diagnosticados Causas dos problemas diagnosticados Classificação das causas

1.1) A Lei 0545 (2016) que resultou no (PDDUA) não tem sido considerada
Não cumprimento das no planejamento do setor de Saneamento Básico; 1.1) Estruturante
diretrizes do Plano Diretor de
1
Desenvolvimento Urbano e 1.2) A LOM (Leio Orgânica do Município de Laranjal do Jari), que serve de
Ambiental (PDDUA) base para a Lei 0545 (2017) precisa ser atualizada, com o objetivo de integrar 1.2) Estruturante
as soluções do setor na dimensão do PDDUA

2.1) Em geral, o setor de abrangência do sistema de esgotamento sanitário é 2.1) Estrutural


inexistente, tanto na sede quanto na área rural e ribeirinha (só há as fossas
negras isoladas, ou similar);
2.2) Não há um sistema de esgotamento sanitário coletivo absoluto; 2.2) Estrutural

2.3) Todas as economias da sede adotam soluções individuais, tais como


Inexistência de um Sistema utilização de fossas sépticas, fossas negras, ou despejam as águas etc; 2.3) Estrutural
de Esgotamento Sanitário 2.4) Na sede, a maioria das residências construídas sobre palafitas lançam
2 Absoluto (SESA) (separação seus dejetos diretamente no rio ou a céu aberto em áreas sujeita a inundações;
do esgotos domésticos das 2.4) Estrutural
águas pluviais) 2.5) As residências em terra firme que contam com fossas sépticas não as
dimensionaram conforme recomendações da NBR 7229/1993;
2.5) Estrutural
2.6) A disposição das fossas nos terrenos não obedece ao distanciamento
mínimo dos poços de captação de água;
2.7) Não foi identificado nenhum projeto de saneamento por parte da 2.6) Estrutural
prefeitura de Laranjal do Jari, exceto o projeto de expansão de infraestrutura 2.7) Estrutural
de passarelas (Nº do Convênio: 842998/2017), para melhorar a mobilidade

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 325


dos habitantes de bairros de áreas mais baixos níveis topográficos,
frequentemente com maior risco hidrológico de alagamentos, ou com quase
nenhuma alternativa de equipamentos sanitários.

Não há estudos realizados ou


em execução sobre bacias de 3.1) Não é possível verificar impactos sanitários em relação à evolução
3 3.1) Estruturante
esgotamento do município de populacional das bacias de esgotamento nem de suas sub-bacias
Laranjal do Jari.

4.1) A incumbência das redes coletoras é conduzir as águas residuárias para


4.1) Estrutural
Não há redes coletoras, as Estações de Tratamento de Esgoto (ETE), no presente caso, também
4 coletores troncos e/ou atualmente inexistente.
interceptadores 4.2) As áreas urbanas (sede), rural terrestre e ribeirinha são 100% atendidas 4.2) Estrutural
por sistemas isolados

5.1) Na Lei 0545 (2016) estão previstos que os projetos de infraestrutura


relacionados com saneamento e recursos hídricos, devam respeitar uma série
5.1) Estruturante
de quesitos e diretrizes
5.2) As diretrizes atuais não consideram a socioterritoriedade da bacia
Não existe no município de hidrográfica. Por exemplo, as sinergias sanitárias e ambientais entre os 5.2) Estruturante
5 Laranjal do Jari ETE e ou empreendimentos industriais, hidroelétricos, agroflorestais e urbanos.
emissários.
5.3) Não há estudos de projeto de concepção de um Sistema de Esgotamento
5.3) Estrutural
Sanitário e construção de uma ETC para atender atuais e futuras demandas
do setor; 5.4) Estrutural
5.4) Não há planos, projetos ou programas voltados para este setor.

Há poucas opções de 6.1) A geomorfologia, hidrologia e aspectos hidrodinâmicos do Rio Jari, em 6.1) Estrutural
6 instalação de uma ETE ao especial na frente a zona urbana da cidade, mostram poucas opções ou áreas
longo da extensão da de terra firme (quase zero), de modo que qualquer projeto de ETE deverá se
margem esquerda do Rio adaptar às características e comportamento hidrológicos sujeitos à fortes

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 326


Jari, a jusante da zona urbana inundações em grandes extensões do rio, aumentando a complexidade de
da sede municipal. projetos ou aumentando seus riscos de implementação;
6.2) Estruturante
6.2) Apesar da influência de “regularização” do fluxo ou vazão da água do
Rio Jari a montante (Usina Hidrelétrica de Santo Antônio) a operação
hidráulica exerce certo controle da vazão do rio, o que solicitar uma gestão
integrada com a gestão de saneamento básico com estas operações. Esta
providência potencialmente reduz riscos de intensificação de inundação da
zona urbana de Laranjal do Jari; 6.3) Estruturante
6.3) Isto provavelmente deve ocorrer devido ao maior controle operacional
da usina. Entretanto, os alagamentos continuam ainda frequentes.

7.1) Como não há no município um Sistema de Esgotamento Sanitário (SES),


não é possível identificar a existência de ligações clandestinas de esgotos 7.1) Estrutural
sobre as águas pluviais e solo.
7.2) os esgotos sanitários são geralmente despejados nas redes de drenagem,
quando existentes. 7.2) Estruturante
7 Esgotos clandestinos 7.3) As águas pluviais, muito frequentemente, são contaminadas por esgotos
com despejos pontuais e difusos sem qualquer tipo de tratamento adequado, 7.3) Estrutural
fluindo em sua maioria para as águas do rio Jari (fundo de vale).
7.4) Este comportamento se reflete em indicadores microbiológicos
monitorados mensalmente, por exemplo, durante quase dois anos, em não 7.4) Estruturante
conformidade com a

8.1) Estruturante
8.1) Os indicadores da situação financeira do serviço de esgotamento
Não há indicadores sanitário estão, em sua maioria, disponíveis na Tabela 5.1 (FN001_AE até
relevantes ou exclusivos para FN14_AE; IN52_AE até IN102_AE).
8 8.2) Estruturante
Esgotos Sanitários (ES) na
Sede de Laranjal do Jari. 8.2) A ausência de informações sobre esta dimensão do saneamento básico
é um reflexo da ausência de política e gestão sobre esta componente.
8.3) Estruturante

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 327


8.3) Quase todos os indicadores referenciados sobre esta dimensão do
saneamento básico são frequentemente calculados ou estimados em função
8.4) Estrutural
do consumo ou faturamento da conta de água. Mas estes não são cadastrados,
fiscalizados, nem monitorados devido a uma série de limitações da própria
concessionária, que não possui recursos ou planejamento para este setor, em 8.5) Estruturante
específico;
8.4) O cenário a atual é de grave precariedade desta dimensão do saneamento
básico em Laranjal do Jari, fortemente correlacionado com os níveis da 8.6) Estruturante
qualidade da água dos mananciais próximos das cidades ou vilarejos;
8.5) Não há previsões, planos ou projetos voltados exclusivamente para esta
dimensão em Laranjal do Jari, apesar do seu Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano e Ambiental (Lei, 0545 de 2016) apresentar esta
preocupação em termos de políticas públicas.
8.6) Não tem sido observado ações concretas no sentido de planejar o seu
Sistema de Esgotamento Sanitário. Nem na sede municipal, nem no interior.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 328


Quadro 8.4: Quadro resumo e analítico de esgotamento sanitário – Zona Rural
COMUNIDADE ÁGUA BRANCA DO CAJARI – ZONA RURAL TERRESTRE

Classificação das
Nº Problemas diagnosticados Causas dos problemas diagnosticados
causas

Na área rural de Água Branca 1.1) Na comunidade de Água Branca do Cajari 100% da população possui
do Cajari, os principais apenas fossa negras em suas residências; 1.1) Estrutural
1 sistemas utilizados são as
fossas negras e as fossas 1.2) Os banheiros geralmente são externos às residências e alguns destes não 1.2) Estrutural
sépticas. dispõem de vaso sanitário

2.1) Nas comunidades ribeirinhas no seu entorno, as soluções individuais são


Preponderância de fossas basicamente o uso de fossas negras. 2.2) Estrutural
2
negras 2.2) As águas servidas infiltram-se no solo, e causam contaminação do lençol 2.2) Estrutural
freático raso.

3.1) Muitas das instalações sanitárias ficam próximas aos córregos de água.
3.1) Estrutural
Fossas negras contaminam 3.2) No período chuvoso há o transbordamento das fossas;
3 3.2) Estrutural
córregos e lençol freático
3.3) Ocorre dispersão de esgotos nas águas pluviais do sistema natural de
3.3) Estrutural
drenagem local.

4.1) Por se tratar de uma área de Reserva Extrativista o projeto teve objetivou o 4.1) Estrutural
Algumas residências abastecimento de água para comunidades extrativistas na região Amazônica
contempladas o projeto usando Tecnologias Sociais e Sistema de Acesso à Água Pluvial Multiuso
4 “Sanear Amazônia de Comunitário e Sistema de Acesso à Água Pluvial Multiuso Autônomo.
famílias extrativistas na
4.2) O projeto também forneceu às famílias beneficiárias a construção de
Amazônia” precisam de
Instalação Sanitária Domiciliar (ISD) que precisam de manutenção, expansão
manutenção, expansão ou 4.2) Estrutural
ou inclusão de novos beneficiários.
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 329
inclusão de novas 4.3) O sistema consiste em uma estrutura física composta por um cômodo anexo
residências. ao domicílio que contém uma pia, um vaso sanitário, um chuveiro, uma pia de
cozinha e uma fossa séptica e necessitam de manutenção, expansão ou inclusão
de novos beneficiários. 4.3) Estrutural
4.4) As descargas dos vasos sanitários das ISD compõem o esgoto sanitário que
é destinado para as fossas simplificadas que necessitam de manutenção. Mas
após atingir sua capacidade volumétrica máxima, esta deve ser desativada e
construída uma nova fossa nas proximidades por responsabilidade de cada 4.4) Estrutural
morador.
4.5) De acordo com os dados do projeto, as fossas simplificadas deveriam ser
construídas com 1,80 m de profundidade e abertura de 1,80 x 1,00 m com
distância horizontal mínima de 15 m dos poços tubulares profundos e com
distância vertical de 1,5 m acima do nível mais alto do lençol freático. Mas estas 4.5) Estrutural
normas não foram completamente cumpridas.
4.6) Famílias não beneficiadas pelo Sanear Amazônia utilizam fossas negras
que possuem revestimentos em alvenaria apenas nas laterais. O fundo é
desprovido de revestimento e os dejetos entram em contato direto com o solo 4.6) Estrutural
no interior da fossa.
4.7) Em uma parcela das residências o banheiro fica ao lado de fora da
residência. A fossa, na maioria dos casos, é apenas um buraco escavado no solo,
com poucos metros de profundidade.
4.8) O banheiro é construído logo acima e conta com vaso sanitário ou uma 4.7) Estrutural
latrina rudimentar.

4.8) Estrutural

A prefeitura não demonstrou 5.1) Para o Rio Jari é possível enquadrá-lo na classificação II (permite uso da 5.1) Estruturante
5 a inciativa da obtenção das água para abastecimento público com o nível de tratamento até o secundário;
licenças regulamentares
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 330
estabelecidos pela Resolução 5.2) A prefeitura não dispõe de um planejamento para a escolha da localização
CONAMA 005/88 que e construção estabelecido na Resolução CONAMA 237/97. Mas a Resolução
5.2) Estruturante
dispõem e inclusive CONAMA 377/2006 dispõe sobre o licenciamento ambiental simplificado do
determinam critérios e SES de pequenos e médios portes e a prefeitura também não possui e nem tem
padrões para o solicitação em andamento;
licenciamento.
5.3) A prefeitura não possui estabelecidos parâmetros, diretrizes e padrões
estabelecidos para a gestão do lançamento de efluentes em corpos de água 5.3) Estruturante
receptores na Resolução CONAMA 430/2011.
5.4) Também não foi identificada a classificação dos corpos de água conforme
preconiza a Resolução CONAMA 357/2005.
5.4) Estruturante

6.1) Esta dimensão não tem sido executada de forma responsável. Não há
atividades registradas para sua efetiva gestão, nem gerenciamento, nem
A concessão pelos Serviços monitoramento, nem previsão de obras de infraestrutura desta dimensão do
de Esgotamento é da Saneamento Básico. Tanto o Estado (CAESA), quanto o município (Laranjal
CAESA. Entretanto, devido do Jari) quanto os órgãos fiscalizadores dos recursos hídricos (ANA) 6.1) Estruturante
a completa ausência de redes desconhecem quase que completamente as informações sobre esgotos sanitários
ou sistemas de esgotamento nesta região.
6
sanitário coletivo (SES) tanto
na sede de Laranjal do Jari 6.2) A Lei 0545 (2016) é uma ferramenta disponível para a gestão do setor
quanto nas zonas rurais sanitário e ambiental. Porém, suas diretrizes deverão ser seguidas e 6.2) Estruturante
(terrestres ou ribeirinhas) obrigatoriamente integradas com as do presente Diagnóstico Técnico-
este serviço é inoperante Participativo. Como base ao desenvolvimento deste setor, tanto na sede
municipal quanto nas comunidades rurais, iniciando-se com as de maior
desenvolvimento (Padaria e Água Branca do Cajari).

Controle de vazão do Rio 7.1) Tem sido frequente a ocorrência de alagamentos em Água Branca do
Cajari impacta na dinâmica Cajari, Santarém do Cajari, Santa Maria, Ariranha, Timbó, Retiro São 7.1) Estrutural
7 de poluição por esgotos Raimundo, etc.
sanitários de sistemas 7.2) Estrutural
isolados 7.2) O nível de contaminação das águas por fossas negras se eleva.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 331


8.1) Os indicadores da situação financeira do serviço de esgotamento sanitário 8.1) Estruturante
estão, em sua maioria, disponíveis na Tabela 5.1 (FN001_AE até FN14_AE;
IN52_AE até IN102_AE).
8.2) Estruturante
8.2) A ausência de informações sobre esta dimensão do saneamento básico é
um reflexo da ausência de política e gestão sobre esta componente.
8.3) Quase todos os indicadores referenciados sobre esta dimensão do 8.3) Estruturante
saneamento básico são frequentemente calculados ou estimados em função do
consumo ou faturamento da conta de água. Mas estes não são cadastrados,
Não há indicadores fiscalizados, nem monitorados devido a uma série de limitações da própria
relevantes ou exclusivos para concessionária, que não possui recursos ou planejamento para este setor, em
8 Esgotos Sanitários (ES) na específico;
área Rural de Terra Firme em
Laranjal do Jari. 8.4) O cenário a atual é de grave precariedade desta dimensão do saneamento
8.4) Estrutural
básico em Laranjal do Jari, fortemente correlacionado com os níveis da
qualidade da água dos mananciais próximos das cidades ou vilarejos;
8.5) Não há previsões, planos ou projetos voltados exclusivamente para esta
dimensão em Laranjal do Jari, apesar do seu Plano Diretor de Desenvolvimento 8.5) Estruturante
Urbano e Ambiental (Lei, 0545 de 2016) apresentar esta preocupação em termos
de políticas públicas.
8.6) Não tem sido observado ações concretas no sentido de planejar o seu
Sistema de Esgotamento Sanitário. Nem na sede municipal, nem no interior. 8.6) Estruturante

COMUNIDADE PADARIA – ZONA RURAL RIBEIRINHA

Classificação das
Nº Problemas diagnosticados Causas dos problemas diagnosticados
causas

1.1) Na comunidade de Padaria, por exemplo, cerca da metade da população


1.1) Estrutural
1 Na área rural da Padaria, os possui fossa séptica nas suas residências;
principais sistemas utilizados
1.2) Nas demais residências são utilizadas fossas negras.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 332


são as fossas sépticas e 1.3) Os banheiros geralmente são externos às residências e alguns destes não 1.2) Estrutural
negras. contam sequer com vaso sanitário

1.3) Estrutural

2.1) Muitas das instalações sanitárias com fossas negras ficam próximas aos
córregos de água. 2.1) Estrutural
Fossas negras contaminam
2 2.2) No período chuvoso há o transbordamento das fossas; 2.2) Estrutural
córregos e lençol freático
2.3) Ocorre dispersão de esgotos nas águas pluviais do sistema natural da 2.3) Estrutural
drenagem local.

3.1) Na comunidade de Padaria, por exemplo, cerca da metade da população 3.1) Estrutural
possui fossa séptica nas suas residências;
Na área rural da Padaria, os
3 principais sistemas utilizados 3.2) Nas demais residências são utilizadas fossas negras.
são as fossas negras. 3.2) Estrutural
3.3) Os banheiros geralmente são externos às residências e alguns destes não
contam sequer com vaso sanitário 3.3) Estrutural

4.1) Estruturante
4.1) Os indicadores da situação financeira do serviço de esgotamento sanitário
estão, em sua maioria, disponíveis na Tabela 5.1 (FN001_AE até FN14_AE;
IN52_AE até IN102_AE). 4.2) Estruturante
Não há indicadores 4.2) A ausência de informações sobre esta dimensão do saneamento básico é
relevantes ou exclusivos para um reflexo da ausência de política e gestão sobre esta componente. 4.3) Estruturante
4 Esgotos Sanitários (ES) na
4.3) Quase todos os indicadores referenciados sobre esta dimensão do
área Rural Ribeirinha em
saneamento básico são frequentemente calculados ou estimados em função do
Laranjal do Jari.
consumo ou faturamento da conta de água. Mas estes não são cadastrados,
fiscalizados, nem monitorados devido a uma série de limitações da própria
concessionária, que não possui recursos ou planejamento para este setor, em
específico;
4.4) Estrutural
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 333
4.4) O cenário a atual é de grave precariedade desta dimensão do saneamento
básico em Laranjal do Jari, fortemente correlacionado com os níveis da
qualidade da água dos mananciais próximos das cidades ou vilarejos;
4.5) Não há previsões, planos ou projetos voltados exclusivamente para esta
dimensão em Laranjal do Jari, apesar do seu Plano Diretor de Desenvolvimento 4.5) Estruturante
Urbano e Ambiental (Lei, 0545 de 2016) apresentar esta preocupação em termos
de políticas públicas.
4.6) Não tem sido observado ações concretas no sentido de planejar o seu
Sistema de Esgotamento Sanitário. Nem na sede municipal, nem no interior. 4.6) Estruturante

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 334


8.3. Quadro resumo e analítico de manejo de águas pluviais

Quadro 8.5: Quadro resumo e analítico de manejo de águas pluviais – Zona Urbana
SEDE DO MUNICÍPIO

Nº Problemas diagnosticados Causas dos problemas diagnosticados Classificação das causas

1.1) Esta atribuição se enquadra na SMDUI (essencialmente relacionada


com microdrenagem, sem considerar macrodrenagem);
1.2) Existe na sede municipal apenas uma única zona de manejo de águas 1.1) Estruturante
pluviais muito restrita (rede de drenagem possui apenas 2,31 km de
Águas pluviais e drenagem extensão, sendo 1,39 km em ruas pavimentadas e 0,92 em ruas não
não são explicitamente pavimentadas; 1.2) Estrutural
contemplados em nenhum 1.3) Nesta zona única de manejo parcial águas pluviais foram detectados
1
item do organograma apenas 27 postos de visita e 42 bocas de logo (microdrenagem);
gerencial da Prefeitura, as 1.3) Estrutural
seguintes funções 1.4) Elevada demandas de infraestrutura de drenagem futura. Para atender
todas as vias da cidade seriam necessárias as seguintes extensões: 10,32
km em ruas pavimentadas (11,04% da extensão total das ruas), 66,28 km 1.4) Estrutural
nas ruas não pavimentadas (70,89% da extensão total das ruas) e 16,90 km
em áreas alagadas (18,07% da extensão total das ruas na modalidade de
passarelas);

2.1) Estruturante
2.1) Há necessidade da criação de um Comitê de Bacia Hidrográfica do
Ausência de um Comitê de
Rio Jari (envolvendo tanto o Estado do Pará quanto o Estado do Amapá)
Bacia Hidrográfica para
para o gerenciamento de conflitos de uso da água na bacia e principalmente
2 gerenciamento de
devido às enchentes de período chuvoso; 2.2) Estruturante
vulnerabilidade, riscos e
conflitos na unidade territorial 2.2) Há desconhecimento sobre as características dinâmicas de uso e
ocupação da bacia, principalmente (atividade agroflorestal, conservação da

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 335


biodiversidade, extrativismo da castanha e seringa, indústria da produção
de papel celulose e extração do caulim.
2.3) Estruturante
2.3) Com exceção de conflitos urbanos evidentes (enchentes), não tem sido
observado no município de Laranjal do Jari, com elevado potencial de
conflito de uso dos recursos hídricos (quantidade e qualidade da água, por
exemplo). 2.4) Estruturante
2.4) No contexto de bacia hidrográfica, o sistema hidroenergético
representado pela UHE de Santo Antônio, e futuras usinas a montante do
Rio Jari, são extremamente relevantes para os estudos relacionados com
recursos hídricos, saneamento e saúde na sede municipal (micro e
macrodrenagem da sede municipal);
2.5) Estruturante
2.5) Há poucos estudos na bacia hidrográfica para avaliar a efetividade dos
potenciais impactos ambientais sinérgicos sobre o sistema de drenagem e
águas pluviais em Laranjal do Jari, pós instalação e início das operações;
tais como: a) alterações das amplitudes e variações das descargas líquidas
(vazões, vazões mínimas, vazões ecológicas, problemas ambientais
pontuais, quando sob pressão antrópica na bacia hidrográfica do Rio Jari
(micro e macrodrenagem). 2.6) Estruturante
2.6) Em nível estadual/municipal está disponível o Zoneamento Ecológico
Econômico (ZEE, 2007), que apesar de ser relevante para o ordenamento
territorial e uso e ocupação do meio físico, não tem sido seguido as suas
diretrizes (vulnerabilidade do solo e sua relação com recursos hídricos),
que transcendem ao tratamento de indicadores complexos que ofereçam às
políticas públicas os necessários elementos técnicos à melhor tomada de
decisões. É um esforço concentrado de instituições governamentais e as
parcerias com organismo de coordenação federal (Ministério do Meio
Ambiente, Recursos Hídricos e da Amazônia Legal).
2.7) Estruturante
2.7) Um dos indicadores relevantes apresentado pelo ZEE apresenta um
cenário de vulnerabilidade alta, especialmente na região do vale do Rio

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 336


Jari, margens do rio, como de ambientes submetidos a regimes
hidromórficos fortemente influenciados por chuvas e marés.

3.1) Apesar da reduzida extensão da rede de drenagem existente, não há


3.1) Estrutural
periodicidade definida da limpeza dos canais (bueiros, bocas de lobo, entre
outros dispositivos existentes, cujas demandas por estes serviços ocorrem
com maior frequência no período chuvoso amazônico (Jan-Jun); 3.2) Estruturante
3.2) A manutenção existente é em sua maioria de remediação e não de
prevenção, ou em situações de emergência;
3.3) Estrutural
3.3) Os equipamentos de infraestrutura de microdrenagem existentes são
muito reduzidos (apenas 27 postos de visita (PV) e 42 bueiros), havendo
necessidade de expandir para outros bairros (além do centro) o sistema de
águas pluviais.
3.4) Não há recursos humanos qualificados para gerenciar esta atividade
3.4) Estruturante
Manutenção do reduzido (por exemplo, um engenheiro civil). Quando ocorre algum problema, há
sistema operacional e de uma parceria entre a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e
3
manutenção de manejo de Infraestrutura e a Secretaria de Meio Ambiente e Turismo, terceiriza
águas pluviais pessoal para realizar manutenção corretiva.
3.5) Não há registro de ações preventivas relacionada com a limpeza
públicas para a desobstrução de canais, bocas de logo, postos de vista, etc. 3.5) Estruturante
Nem durante o período de verão nem do período chuvoso;
3.6) Não há um canal direto de comunicação que trate de resolver
problemas com as comunidades dos diferentes bairros, especialmente na
zona baixa, sujeita às inundações. Além disso, onde há algum 3.6) Estruturante
equipamento, também não há ações de planejamento, que minimamente
previnam eventuais problemas relacionadas com drenagem e gestão das
águas pluviais;
3.7) Há uma atuação da Secretaria de Meio Ambiente e Turismo que trata
de ações de Educação Ambiental, mas não de Educação Sanitária. 3.7) Estruturante
Contudo, esta ação pode ser relacionado com questões do sistema de
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 337
drenagem e águas pluviais com a limpeza urbana, tanto natural quanto
artificial como parte do processo educativo (drenagem é uma dimensão
considerada “invisível” pela maioria dos munícipes.

4.1) Estrutural
4.1) A área urbana contendo um sistema de drenagem e águas pluviais
correspondem a apenas 2,47% (Figura 6.2). Isto é, muito reduzida e
concentrada em uma área central e com topografia elevada da cidade, sendo
a rede de drenagem existente na sede do Município de Laranjal do Jari de
apenas 2,31 km de extensão: 1,39 km em ruas pavimentadas e 0,92 em ruas
não pavimentadas.
4.2) Onde existente, não há registros de rompimento de tubulações (apenas 4.2) Estrutural
em 2,46% da extensão total das vias), que tenha causado algum
extravasamento e exposição dos moradores a proliferação de vetores.
4.3) Estrutural
4.3) Entretanto, nas áreas onde não existem nenhum tipo de tubulação
(97,54%), muitos problemas ocorrem na zona ou terrenos inundáveis,
Principais problemas
inclusive com entupimentos de anilhas que separam áreas previamente
relacionados ao serviço de
4 aterradas e que se “isolaram” do contato direto com as águas pluviais ali
manejo de águas pluviais e uso
acumuladas.
e ocupação do solo
4.4) Como não há um sistema de drenagem, há uma série de pontos críticos 4.4) Estrutural
de obstrução da passagem das águas, principalmente após chuvas
torrenciais, quando o fluxo de água apresenta maior resistência, tanto na
zona alta quanto na zona baixa.
4.5) Na zona baixa (pontes) o problema de alagamentos e obstruções é mais 4.5) Estruturante
frequente. Isso porque não há periodicidade definida ou estratégica para
limpeza de canais (bueiros, bocas de lobo, entre outros dispositivos
existentes (principalmente durante o período chuvoso amazônico), quando
fica evidente a presença de entulhos, galhadas, e objetos volumosos
(eletrodomésticos, pneus, etc, o que também denuncia uma fragilidade
grave do serviço de manejo de resíduos sólidos e limpeza urbana;
4.6) Estrutural
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 338
4.6) Há um ponto de estrangulamento considerável ao longo da curvatura
máxima (quase 180º) do Rio Jari, exatamente em frente da cidade de
Laranjal do Jari. Esse ponto de estrangulamento hidráulico/hidrodinâmico
tende a represar as águas de montante e elevar seu nível na medida em que
as vazões se elevam no período chuvoso. 4.7) Estruturante
4.7) Dentre as causas previsíveis mais relevantes das inundações, além do
equivocado uso e ocupação urbana no leito maior do Rio Jari, é a operação
da UHE Santo Antônio, a qual deverá integrar sua gestão em períodos de
alagamentos severos, apesar de terem se tornado menos graves e menos
frequentes após sua instalação;
4.8) Estrutural
4.8) A cidade se expandiu em várias direções, em especial na zona mais
crítica (“Beiradão”) próximas do Rio Jari. Mas também se expandiu em
direção à BR156. Em ambos os casos o solo tem sofrido considerável
compactação e erosão (voçorocas). E, sem o devido controle das águas
pluviais, a situação pode agravar o escoamento superficial que tende a se
acumular nas zonas mais baixas, já críticas pelos constantes alagamentos
com significativo transporte de hidrossedimentos durante os períodos
chuvosos principalmente.
4.9) Estrutural
4.9) O maior índice de áreas impermeáveis ocupadas encontra-se na zona
alta, mais urbanizada, com mais infraestruturas construtivas (prédios,
pavimentação, calçadas, etc) que dificultam a infiltração da água (1/3 da
área da zona urbana encontra-se parcial ou totalmente impermeável);
4.10) Estruturante
4.10) Não há um canal direto de comunicação que trate de resolver tais
problemas com as comunidades dos diferentes bairros, especialmente na
zona baixa, sujeita às inundações e com o solo já saturado pela zona de
inundação do Rio Jari. Além disso, onde existe algum equipamento,
também não há ações de planejamento, que minimamente previnam
eventuais problemas relacionadas com as águas pluviais; 4.11) Estrutural

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 339


4.11) Em áreas rurais, o problema da drenagem se concentra especialmente
nas estradas vicinais, onde não há muito suporte à manutenção das vias de
acesso entre o interior do município e a sede;

5.1) A proporção de impermeabilização urbana de Laranjal do Jari é de


aproximadamente 26,86% (média), reduzindo significativamente as áreas 5.1) Estrutural
verdes, as quais evitam erosão e compactação do solo, alterações do
microclima local, e retêm com mais eficiência as águas pluviais (por
interceptação);.
5.2) A área da sede urbana de Laranjal do Jari apresenta 604 ha (hectares)
Redução da proporção de e cerca de 162,25 ha já se encontram ocupadas por residências ou 5.2) Estrutural
5 áreas verdes e aumento da infraestruturas, como calçamento, vias pavimentadas, etc. Há necessidade
impermeabilidade de construção de infraestrutura da sistema de drenagem e gestão das águas
pluviais. Além disso, é preciso ser revitalizado o programa de arborização
da SEMMUR para reverter esta tendência na cidade, a qual é muito
vulnerável às enchentes ou alagamentos.
5.3) Aproximadamente 26,86% da área urbana já estão impermeabilizadas
e podem ser enquadradas ainda na categoria de moderada 5.3) Estrutural
impermeabilização.

6.1) O Governo Municipal, em parceria com o Municipal, está planejando 6.1) Estrutural
construir passarelas para melhorar a mobilidade urbana em alguns bairros
da cidade;
Previsão de problemas legais e
hidrossanitários devido a 6.2) Há incompatibilidade com a legislação vigente (por exemplo,
potencial implantação de ocupação de zonas de risco, áreas alagadas, ocupação de ressacas, áreas de 6.2) Estruturante
6 proteção permanente, etc) em relação ao incentivo e à ilegalidade de deste
Pontes ou Passarelas de
Concreto em zonas de terrenos tipo de empreendimento, principalmente para a ocupação destas áreas
inundáveis sujeitas à inundações;
6.3) A população que ocupa as precárias pontes de madeira atuais não têm
acesso aos serviços de coleta de lixo, nem água encanada, nem 6.3) Estruturante
esgotamento sanitário. Contudo, com as construções de concreto haverá
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 340
maior e mais significativamente impacto à frágil geomorfologia do terreno.
Tais impactos poderão provocar uma série de problemas hidrossanitários:
proliferação de doenças de veiculação hídrica, criação de obstáculos
significativos ao livre escoamento natural, acúmulo de lixo (expansão
acelerada de moradias), e despejo de esgoto e águas servidas nos corpos
d´água, piora da qualidade do ambiente natural;
6.4) Não há registros de planejamento ou estudos de impactos ambientais
antes da proposta de instalação das pontes de concreto;
6.5) Incentivo ao uso e ocupação desordenado do espaço geográfico, sem 6.4) Estruturante
avaliação das consequências da dinâmica do sistema de drenagem e
funcionamento hidráulico das águas pluviais (por exemplo, interações
hidrológico-sanitárias entre o Rio Jari e Zona Alta da cidade). 6.5) Estruturante

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 341


Quadro 8.6: Quadro resumo e analítico de manejo de águas pluviais – Zona Rural
COMUNIDADE ÁGUA BRANCA DO CAJARI – ZONA RURAL TERRESTRE

Nº Problemas diagnosticados Causas dos problemas diagnosticados Classificação das causas

1.1) Esta atribuição se enquadra na SMDUI


(essencialmente relacionada com
microdrenagem, sem considerar 1.1) Estruturante
macrodrenagem);
1.2) Não existe na zona rural de terra firme uma
Águas pluviais e drenagem não são única zona de manejo de águas pluviais;
explicitamente contemplados em 1.2) Estrutural
1 1.3) Nesta zona única de manejo parcial águas
nenhum item do organograma gerencial
da Prefeitura, as seguintes funções pluviais foram detectados apenas 27 postos de
visita e 42 bocas de logo (microdrenagem); 1.3) Estrutural
1.4) Baixa demanda de infraestrutura de
drenagem futura. Para atender todas as vias da 1.4) Estrutural
comunidade (ruas não pavimentadas ou não
estruturadas)

2.1) A comunidade enfrenta anualmente


Alagamentos constantes do Rio Cajari,
2 enchentes, que variam entre baixo impacto e 2.1) Estrutural
similarmente ao que ocorre no Rio Jari
alto impacto

3.1) Necessidade de ações preventivas e


corretivas para o enfrentamento de enchentes
Alagamentos constantes do Rio Cajari,
3 bianuais ou em períodos quadrienais, que 3.1) Estruturante
similarmente ao que ocorre no Rio Jari
variam entre baixo impacto e alto impacto
sobre as comunidades (Defesa Civil).
COMUNIDADE PADARIA – ZONA RURAL RIBEIRINHA
Nº Problemas diagnosticados Causas dos problemas diagnosticados Classificação das causas

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 342


1.1) Esta atribuição se enquadra na SMDUI
(essencialmente relacionada com 1.1) Estruturante
microdrenagem, sem considerar
Águas pluviais e drenagem não são macrodrenagem);
explicitamente contemplados em
1 1.2) Não existe na zona rural ribeirinha o
nenhum item do organograma gerencial 1.2) Estrutural
manejo de águas pluviais (várzeas e igapós);
da Prefeitura, as seguintes funções
1.3) Baixa demanda de infraestrutura de
drenagem futura. Para atender as poucas vias da 1.3) Estrutural
comunidade (passarelas ou pontes)

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 343


8.4. Quadro resumo e analítico de manejo de resíduos sólidos

Quadro 8.7: Quadro resumo e analítico de manejo de resíduos sólidos – Zona Urbana
SEDE DO MUNICÍPIO

Nº Problemas diagnosticados Causas dos problemas diagnosticados Classificação das causas

1.1) Não há um aterro sanitário na cidade;


1.1) Estrutural
1.2) Não há projetos de um aterro sanitário
1 Lixão a céu aberto 1.2) Estrutural
1.3) Não há estudos prévios ou alternativos, nem de impactos ambientais
(licenciamento), para a escolha de um novo e adequado local para a 1.3) Estruturante
construção de um futuro aterro sanitário para Laranjal do Jari;

2.1) No presente Diagnóstico, o município este problema está sendo


resolvido em função de um estudo de composição gravimétrica, o qual será
Não há estudos de referência utilizado para os últimos 4 anos como referência para o diagnóstico dos
para composição resíduos sólidos (plano de gestão integrado de resíduos sólidos); 2.1) Estruturante
2
gravimétrica na sede 2.2) A composição gravimétrica não existe, portanto não há mensuração dos 2.2) Estruturante
municipal de Laranjal do Jari seus componentes (matéria orgânica, metal, vidro, papel e papel e papelão,
etc), determinando sua classificação e a fração percentual do peso que cada
componente representa na amostra total.

3.1) No processo de reciclagem são retirados cerca de 10 a 12 toneladas de


Os resíduos sólidos
plástico, no valor de 1,30 a 1,40 R$/kg de material. A empresa faz a
recicláveis (metal, papelão),
reciclagem de papelão e ferro. O papelão é levado diretamente pelos 3.1) Estruturante
aparentemente não têm um
geradores até a empresa Amapá Metal (o que é gerado pelos dois maiores
3 impacto significativo na 3.2) Estruturante
supermercados do município). Porém, é ainda uma fração pequena dos
redução dos RSU no lixão. É
resíduos. É preciso incluir outros resíduos, como os orgânicos;
preciso aumentar o nível de
reciclagem de RSU. O material reciclado é encaminhado para o município de Macapá, sendo
vendido no valor de R$ 0,15 (quinze centavos) (entre 10 a 12 toneladas de
Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 344
material/mês. O ferro também é retirado pela empresa e levado a Macapá, o
qual é recolhido cerca de 2 a 3 toneladas por mês desse material. Entretanto,
falta apoio, financiamento, legalização, organização, gestão efetivas para que
seja futuramente criado até uma cooperativa para potencializar empregos de
trabalhadores deste setor

4.1) É importante frisar que o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e


Ambiental (Lei, 0545/2016), prevê a necessidade de elaboração do PMSB
Não há plano municipal de como extensão deste Plano Diretor. 4.1) Estruturante
4
manejo de resíduos sólidos 4.2) Apesar de haver o suporte legal da Lei 0545 (2016) estimulando o 4.2) Estruturante
desenvolvimento de planos de manejo de RSU, tem havido poucos avanços
nesta dimensão do Saneamento Básico.

5.1) Estruturante
5.1) A geração de resíduos é destinada para um lixão a “céu aberto”. Apesar
de haver iniciativas/adesão para o aproveitamento, reutilização e reciclagem
e de combate ao desperdício, observa-se boas iniciativas como a participação
de uma Empresa na coleta de materiais recicláveis (metal, papel/papelão).
Mas, historicamente, a prefeitura tem sido autuada pelo Ministério Público e 5.2) Estrutural
Polícia Federal, devido à precária situação ambiental da lixeira viciada.
Serviço prestado pelo 5.2) O lixão permanece operando irregularmente (não conformidade legal),
município em gestão de gerando a necessidade de novas iniciativas para otimizar a eficiência geral
5 de gerenciamento de resíduos sólidos;
resíduos sólidos carece de
melhorias 5.3) No lixão há a disposição final inadequada de resíduos sólidos (como o 5.3) Estruturante
qual fica espalhado no local e, eventualmente, nas vias de roteiro de viagem
dos caminhões coletores, gerando riscos sanitários e de segurança para os
transeuntes e funcionários;
5.4) Há áreas de ponte (16,90 km) representando 18,07% do total das vias da 5.4) Estrutural
cidade, que não dispõem de coleta adequada de lixo (limitações logísticas
dos caminhões que não podem adentrar nas zonas de pontes;

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 345


5.5) A qualidade do serviço prestado não é boa para a população em geral. 5.5) Estruturante
Há limitações, como o estado de conservação da frota, caçambas basculantes
abertas, ausência de balança, fiscalização. Entretanto, antes do fechamento
deste Diagnóstico a Prefeitura adquiriu uma frota de veículos novos (com
pelo menos dois caminhões compactadores novos com capacidade de 6-8
toneladas), os quais irão reduzir custos de viagem, aumentar a capacidade de
transporte por viagem, reduzirá o volume de RSU coletado, a segurança dos
funcionários, e vai evitar que os resíduos caiam do caminhão nas vias, etc.;
5.6) Há problema de segurança, por exemplo, uso de EPI para os catadores 5.6) Estruturante
de lixo, que vivem no entorno da lixeira viciada;
5.7) Há gargalos institucionais e operacionais na coleta seletiva: as ruas
apresentam trechos pavimentados (bom acesso), não pavimentado (acesso 5.7) Estrutural
limitado) e pontes (sem acesso). Por exemplo, caminhões coletam nas
principais ruas e avenidas de todos os bairros de terra firme, circulando nas
ruas de acesso dos bairros das áreas baixas como: Malvinas, com rua de
acesso é, entre o trecho da Usina até a Passarela dos Macacos, alguns
moradores das passarelas depositam seus resíduos nos pontos de coleta na
margem da rua.
5.8) Cerca de 49% das áreas de passarelas não têm procedimentos corretos
de coleta e o Município não dispõe de garis para fazer este trabalho de coleta 5.8) Estruturante
nas mesmas;
5.9) Ainda não há propostas ou iniciativas concretas para a construção de um 5.9) Estrutural
aterro sanitário (ou mini aterro sanitário).
5.10) Não há estudos de viabilidade de alternativas técnicas substitutas de
lixões clandestinos espalhados pelo município, áreas contaminadas (solos, 5.10) Estruturante
ar, águas superficiais e subterrâneas, etc), desmatamento, erosões, bem como
sobre outros incômodos;
5.11) Não há um diálogo claro entre prefeitura e as comunidades sobre temas
5.11) Estruturante
de gestão de resíduos sólidos e limpeza pública (lixeiras viciadas);

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 346


5.12) A prefeitura municipal de Laranjal do Jari não atende à legislação em
plenitude com relação ao RCC (resíduos da construção civil ou entulhos
5.12) Estruturante
dispersos ao longo da cidade, assoreamento de cursos d´água, etc, oneração
do serviço prestado pela Prefeitura);
5.13) Há diversas não conformidades descritas no Diagnóstico em tópicos
anteriores, como limitações ao atendimento dos critérios da Resolução
CONAMA que regulamentam o gerenciamento RSS (acondicionamento,
transporte e destinação final inadequados), entre outros resíduos 5.13) Estruturante
especificamente gerados em volume significativo no município.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 347


Quadro 8.8: Quadro resumo e analítico de manejo de resíduos sólidos – Zona Rural
COMUNIDADE ÁGUA BRANCA DO CAJARI – ZONA RURAL TERRESTRE

Nº Problemas diagnosticados Causas dos problemas diagnosticados Classificação das causas

1.1) É importante frisar que o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano


e Ambiental (Lei, 0545/2016), prevê a necessidade de elaboração do
PMSB como extensão deste Plano Diretor. Mas está extremamente 1.1) Estruturante
focado na zona urbana.
Não há plano municipal de
manejo de resíduos sólidos 1.2) Apesar de haver o suporte legal da Lei 0545 (2016), estimulando o
1 1.2) Estruturante
voltado para zonas rurais de desenvolvimento de planos de manejo de RS, tem havido poucos avanços
ribeirinhas nesta dimensão do Saneamento Básico, além de não focar o problema na
zona rural ribeirinha. 1.3) Estruturante
1.3) Incluir na Lei 0545 (2016) a possibilidade de elaboração de planos
voltados para a área rural ribeirinha.

2.1) A prefeitura não atende as áreas rurais do município;


2.2) Pode ser considerado um erro estratégico, pois os cidadãos da área
rural precisam lidar com os resíduos sólidos; 2.1) Estruturante
Não há serviços de coleta de
2 resíduos sólidos em Água 2.3) Solução para o gerenciamento de resíduos sólidos é rudimentar, e 2.2)Estruturante
Branca do Cajari prejudicial ao meio ambiente (incineração nos quintais ou áreas
disponíveis, que contaminam as águas superficiais, subterrâneas e 2.3) Estruturante
atmosfera da vizinhança).

COMUNIDADE PADARIA – ZONA RURAL RIBEIRINHA

Nº Problemas diagnosticados Causas dos problemas diagnosticados Classificação das causas

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 348


1.1) É importante frisar que o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
e Ambiental (Lei, 0545/2016), prevê a necessidade de elaboração do
PMSB como extensão deste Plano Diretor. Mas está extremamente 1.1) Estruturante
focado na zona urbana;
Não há plano municipal de
manejo de resíduos sólidos 1.2) Apesar de haver o suporte legal da Lei 0545 (2016) estimulando o
1 1.2) Estruturante
voltado para zonas rurais de desenvolvimento de planos de manejo de RS, tem havido poucos avanços
terra firme nesta dimensão do Saneamento Básico, além de não focar o problema na
zona rural; 1.3) Estruturante
1.3) Incluir na Lei 0545 (2016) a possibilidade de elaboração de planos
voltados para a área rural de terra firme.

2.1) A prefeitura não atende este serviço nas áreas rurais do município
2.2) Pode ser considerado um erro estratégico, pois os cidadãos da área
2.1) Estruturante
rural precisam lidar com os resíduos sólidos.
Não há serviços de coleta de
2 2.2) Estruturante
resíduos sólidos na Padaria 2.3) Solução para o gerenciamento de resíduos sólidos é rudimentar, e
prejudicial ao meio ambiente (incineração nos quintais ou áreas 2.3) Estruturante
disponíveis, que contaminam as águas superficiais, subterrâneas e
atmosfera da vizinhança).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 349


8.5. Quadro resumo e analítico dos 4 serviços integrados

Quadro 8.9: Quadro resumo e analítico dos 4 serviços integrados – Zona Urbana
SEDE DO MUNICÍPIO

Problemas Classificação das


Nº Causas dos problemas diagnosticados
diagnosticados causas

1.1) A cidade foi implantada em zona de risco de grandes inundações (baixa,


notadamente em áreas de várzeas e igapós) e se expandiu para áreas mais altas (solos
relativamente frágeis), em direção à BR156;
1.2) A cidade se expandiu e ainda se expande de forma desordenada, com pouco
planejamento, de modo que torna custoso e, às vezes, inviável a instalação de
equipamentos, infraestrutura, ordenamento, etc; 1.1) Estrutural

1.3) Pelo menos sete bairros da área de zona urbana próximas de várzeas, têm sido
avaliados como de alto risco às inundações, agravando-se tal situação a cada 4-5 anos 1.2) Estrutural
Setor de Saneamento
(em média), frequentemente deteriorando a situação sanitária e de saúde pública da
Básico em suas quatro
cidade;
dimensões é
1 1.3) Estrutural
desorganizado, não 1.4) As múltiplas soluções empreendidas pela gestão municipal e estadual para o setor
planejado, ineficiente e de saneamento básico são geralmente reativas, sem planejamento integrado, e
não integrado costumam resolver apenas parcialmente os problemas e demandas de serviços de
1.4) Estruturante
saneamento básico (e raramente ultrapassando um ou duas dimensões – água e
resíduos sólidos, desprezando-se o problema do esgoto e da drenagem). Falta visão
sistêmica sobre o Saneamento Básico. 1.5) Estrutural
1.5) A conjunção de fatores entre alagamento, precariedade sanitária e ausência de
respostas a eventos de cheias, forma a principal problemática ambiental, sanitária e
saúde pública do município de Laranjal do Jari, com significativos impactos sobre as
quatro dimensões do saneamento básico da cidade, e até afetando as cidades de
municípios vizinhos (Monte Dourado e Vitória do Jari).

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 350


2.1) Devido ao problema de desconexão entre a rede de abastecimento de água da
concessionária (CAESA) com a zona baixa da cidade, justamente a de mais alto risco
sanitário devido ao problema de alagamentos (drenagem, danos de troncos de
distribuição de água, problemas com resíduos sólidos e falta de sistemas de
esgotamento sanitário), a cidade vem sofrendo dramaticamente com a precária e 2.1) Estrutural
irregular solução de abastecimento de água por caminhões pipa;
Soluções inadequada e de
2.2) É provável que a solução do caminhão pipa, abastecendo alguns bairros de forma
alto custo para o
não convencional, potencializem a proliferação de vetores (dengue, por exemplo),
2 abastecimento de água por 2.2) Estrutural
porque a água é armazenada em caixas d´água que ficam em frente das residências,
caminhão pipa em alguns
nem sempre fechadas, permitindo que ali se desenvolvam as larvas de mosquitos,
bairros
mesmo que a água seja utilizada para consumo humano;
2.3) Distribuição de água por caminhão pipa aumentam os riscos de contato com 2.3) Estrutural
superfícies, reservatórios, etc contaminados. E os riscos de contaminação ocorre
devido muitos bairros (especialmente os da zona baixa) terem contatos diretos ou
indiretos com águas pluviais contaminadas por esgotos ou resíduos sólidos presentes
na água;

A bacia hidrográfica do 3.1) Alguns aspectos socioeconômicos e fisiográficos específicos da bacia


Rio Jari apresenta hidrográfica, como as características geométricas sinuosas do rio Jari e próxima da
coeficiente de sede municipal, somadas à ocupação desordenada do solo e ausência de planejamento
compacidade e fator de estratégico na cidade, associados a eventos naturais de inundações, podem ser 3.1) Estrutural
forma que não explicam a intensificados por fatores internos e externos à bacia hidrográfica
sua teórica e
3.2) Há graves problemas sanitários e ambientais na sede do município, porque há
3 relativamente “baixa 3.2) Estrutural
áreas urbanas próximas ou dentro do perímetro de inundação natural do rio Jari;
susceptibilidade” à
enchentes, exceto pela 3.3) Estas zonas, no entanto, se configuram como de alto risco de alagamento e,
condição de uma zona consequentemente, zonas de baixa salubridade sanitária e ambiental, porque 3.3) Estrutural
hidrodinâmica vulnerável hidrologicamente o Rio Jari interage com as várzeas e estas com o sistema de
próxima da cidade de abastecimento de água, drenagem, esgoto e disposição inadequada de resíduos sólidos
Laranjal do Jari. urbanos.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 351


4.1) Empreendimento de soluções de projetos não integradas ao saneamento básico
(por exemplo, construção de pontes de concreto para mobilidade, mas que irá
impactar todo o atual e futuro sistema de coleta de lixo nas áreas de pontes).
4.2) SAA Laranjal do Jari: captação de água no Rio Jari, no local chamado Gogó.
Problemas identificados: bairros Sagrado, Sarney, Santarém, Malvinas, Samaúma,
Centro, Agreste, Mirilândia - Parte Baixa, Prosperidade, Castanheira, Esplanada,
Cajari I e II, Buritizal, e Parte do Nova Esplanada. Todos têm problema de água. E 4.1) Estruturante
como as soluções são praticamente individualizada por bairros, os sistemas integrados
(ETA + poços integrados ou poços isolados) usam água sem a devida atenção à sua
qualidade, sem estudos hidrogeológicos adequados, sem avaliação de fontes 4.2) Estrutural
potenciais de poluição, sem considerar o fluxo ou a vazão dinâmica dos poços (por
exemplo, os riscos de secarem).
4.3) Estrutural
4.3) Alguns bairros os problemas de abastecimento só são amenizados, porque parte
Problemas generalizados
é abastecida pela CAESA e parte pelo Sistema Isolado: Esplanada e Nova Mirilândia,
entre sistemas de
Prosperidade e Nova Esperança.
4 abastecimento de água e 4.4) Estrutural
ausência de sistemas de 4.4) Os bairros Sarney e Nazaré Mineiro dispõem de poços que atendem por sistemas
esgotos domésticos completamente isolados. Há expectativa para finalizar o isolamento de Samaúma. No
bairro Samaúma (isolado) precisa construir ainda 1800 m para interligar o restante do 4.5) Estrutural
sistema (estão trabalhando nisso atualmente). Mas não há estudos ambientais sobre
qualquer parte das obras (solos, água, poluição, etc).
4.6) Estrutural
4.5) Existe um Poço na Unidade dos Bombeiros que está abastecendo os Bairros de
Santarém e Esplanada), mas não estão tendo êxito para a demanda (não é suficiente
ainda). Entretanto, não se sabe sobre a qualidade hidrogeoquímica da água 4.7) Estrutural
disponibilizada por esta fonte (principal objetivo é apagar incêndio, não
necessariamente potável);
4.6) Buritizal é atendido por carro “pipa” porque não há nenhum sistema de
distribuição de água.
4.7) Falta ampliação da rede atual pensada para 20 mil habitantes. Atualmente a
cidade tem um pouco mais de 50 mil.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 352


5.1) A tubulação de distribuição da água de abastecimento é frequentemente muito
antiga. Como resultado, há problemas evidentes de infiltração de águas poluídas nas
tubulações que são instaladas em zonas alagadas ou parcialmente alagadas (drenagem
e esgoto). Desta forma, as águas de drenagem contaminadas ou esgotos sem
tratamento são frequentemente succionadas para dentro da rede, principalmente
5.1) Estrutural
quando há falta d´água (queda de pressão).
Problema da Rede de
5 Distribuição e Interações 5.2) Vias ou pontes de madeira: nestes locais os moradores instalam bombas para
com Águas poluídas succionar água da rede que normalmente se apresenta com baixa pressão. Mas um
efeito negativo deste procedimento é que reduzem significativamente a vazão e a
5.2) Estrutural
pressão na ponta da rede (final da ponte) e muitos moradores da ponta da rede ficam
sem água. Consequentemente, mesmo onde há o atendimento de água de
abastecimento, quando ocorre esse problema esses moradores pegam água do rio, lago
ou fonte naturais. Sem nenhum tratamento e, frequentemente, altamente poluída por
esgotos misturados com as águas pluviais.

6.1) Não há projetos integrados considerando as quatro dimensões do saneamento


básico. Normalmente os projetos são concebidos com uma única dimensão isolada
(água ou esgoto ou drenagem ou resíduos sólidos). A falha operacional de uma
Propostas de resolução dimensão apenas está relacionada com a ausência de pelo menos outra dimensão; 6.1) Estruturante
dos problemas sem uma 6.2) Quando se tenta solucionar problemas individuais, por exemplo, como a
6 base de concepção de instalação de um sistema isolado para cada bairro – com o objetivo de “resolver” o
projeto de Rede (água e problemas de abastecimento, não é pensado com a mesma convicção o que será feito
esgoto, drenagem) com as águas servidas, se a fonte ou manancial está poluído ou se está ameaçado de 6.2) Estruturante
contaminação, ou se pertence a alguma unidade de proteção ambiental, etc.
Entretanto, até atualmente propostas individuais e não integradas tem sido posta em
prática, mas frequente e tecnicamente inviável ou recomendável.

7.1) Conscientizar a população com base nos princípios da Lei 11.455/2007 para 7.1) Estruturante
Falta Educação
educar, formar, capacitar a fim de que apoiem bons projetos do setor de saneamento.
7 Ambiental e Sanitária em
Todos precisam ter uma corresponsabilidade. Mas o baixo nível de participação
nível popular e técnico
popular tem sido recorrente; 7.2) Estruturante

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 353


7.2) Melhorar o Corpo Técnico: hoje a DEL só disponibiliza de um único encanador
para a manutenção, cedido pela prefeitura. O técnico desistiu da função porque o seu
7.3) Estruturante
vale – contrapartida da prefeitura atrasou por um ano.
7.3) Faltam projetos, com base na Lei Ambiental, para elaborar propostas para que se
construam projetos que sejam financiados e/ou implementados de formar ordenada e
tecnicamente coerentes, usando uma base racional de planejamento. Mas o poder
aquisitivo da população é muito baixo.

8.1) O fato não existir uma ETE em Laranjal do Jari. Porém, é necessário
urgentemente tratar os esgotos domésticos como algo sério que impacta todo o 8.1) Estrutural
sistema de abastecimento de água, contamina as águas pluviais e interagem com RSU
aumentando os riscos de saúde pública;
8.2) Estruturante
Ausência de planejamento 8.2) Necessidade de urgente estudo de concepção do sistema de esgotamento sanitário
que inclua uma ETE para (um separador absoluto) integrado a uma ETE;
tratar esgotos e reduzir 8.3) Estrutural
8 8.3) Bairros focais críticos para o esgotamento sanitário. A Nova Esperança, Sagrado
problema de poluição das
Coração de Jesus, Rua Rio Branco, Santarém, Centro, Malvinas, Samaúma,
águas pluviais
Mirilândia, Estes bairros, por exemplo, não dispõem de sistemas de coleta e transporte
de esgoto (contaminação do solo, água e ar).
8.4) Estrutural
8.4_Na pior das hipótese atenção prioritária deveria ser dada às fossas sépticas. É
perceptível que 50% dos moradores têm e 50% não têm. Além disso, as que existem
são feitas de madeira, permeáveis e em não conformidade com qualquer norma
técnica.

9.1) A prefeitura ou o Estado deveriam se responsabilizar pelo financiamento de 9.1) Estruturante


fossas sépticas, com parcelas de baixo valor e de longo prazo. Por exemplo, uma fossa
Fossas e esgotos para cada cinco moradores e com banheiros isolados (por grupos de residência).
9 domésticos sem proteção 9.2) No Agreste cada morador faz sua fossa. A comunidade pergunta como solucionar 9.2) Estrutural
e a céu aberto o problema. A Secretaria de meio ambiente tenta ajudar na orientação, sugerindo que
uma lagoa pudesse receber os efluentes das fossas. Mas não há uma solução técnica
disponível. 9.3) Estrutural

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 354


9.3) A condição financeira dos habitantes é um fator limitante. Mas, inicialmente, ao
se financiar a construção de fossas sépticas é necessário maior prazo para a construção
de uma rede de esgotos, apesar dos altos custos.

10.1) A Parte Baixa da cidade, onde a cidade se instalou., apresenta uma situação
infraestrutural crítica. 10.1) Estrutural
10.2) A parte Baixa da Cidade é a mais crítica. Todo ano tem alagamento. Ocorre
problemas da coleta seletiva, e recolhimento dos resíduos sólidos.
102) Estrutural
Zonas alagadas são 10.3) Se a população não coletar o lixo, resulta em muito mais problema, pois quando
10 críticas em termos de alaga, o lixo entra nas casas.
saneamento básico
10.4) Os locais ou ruas identificadas como prioritárias são: Baixada do Ambrósio que 10.3) Estruturante
alaga todo ano. Mas é uma parte que alaga com as ruas durante o período de chuvas.
Muitas vezes as águas que alagam invadem o cemitério. Alaga próximo da Escola
Conceição. Alaga próximo da Fábrica, bairro do Buritizal, as partes baixas, e acabam 10.4) Estrutural
“indo pro fundo”.

11.1) Retirar e realocar a população das áreas alagáveis para áreas mais seguras; 11.1) Estruturante
11.2) Todo a sede do município foi construída praticamente em áreas de ressacas, sem
sistemas de drenagem nem esgotos sanitários. Por exemplo, da Castanheira pra baixo,
a cidade sofre problemas de alagamentos. 11.2) Estrutural

11.3) Durante enchentes, com chuvas pesadas, há muitos alagamentos. Há muitos


Necessário construir transtornos. Percebe-se a necessidade de planejar bem tanto o sistema de água quanto 11.3) Estrutural
11 galerias (macro e o sistema de drenagem é fundamental
microdrenagem)
11.4) Em alguns bairros construídos (Cajari I e II) não foram testados os sistemas de
11.4) Estruturante,
água pluvial x esgoto. Especialmente em áreas de ressacas ou próximo das pontes.
Tem partes baixas que causam muitos transtornos. Bocas de lobo só aterrada. Não
basta fazer. É preciso projetar de forma correta e adequada para o local. 11.5) Estruturante
11.5) A comunidade não discutiu com os gestores do município ou do estado como
deveria ser construído as bocas de lobo (tem sido observada que algumas foram

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 355


construídas de forma errada – sem normas). Frequentemente ocorre muitos problemas
no período chuvoso.

12.1) Drenagem construída nos 2,45% da área urbana tem apresentado problemas
construtivos recorrentes. Sistema de drenagem interage com a ausência de esgoto e
presença de resíduos sólidos acondicionados de forma irregular; 12.1) Estrutural
Drenagem construída em 12.2) A reduzida extensão da tubulação de rede de drenagem é problemática. Mesmo
12
solo frágil na área alta, o solo arenoso (latossolo arenoso). Se não houver um estudo profundo
para a instalar a rede haverá comprometimento de todo o projeto. Isso é muito grave. 12.2) Estrutural
Tem de haver o estudo geotécnico, pois em um ano os projetos poderão estar
comprometidos.

13.1) Pontos destacados de lixeiras viciadas é um problema muito sério. Destacam- 13.1) Estruturante
se: Zona Oeste da Tancredo Neves: Passarela Dom Pedro, Dom Pedro II, Boa
Esperança, Nossa Senhora de Fátima, Quatorze de Maio, Toscano, Tancredo Neves,
São Serão, João, 13 de Setembro, etc; Zona Leste da Tancredo Neves: Passarela 1º de
Junho, Almerim, Santa Rita e Vaga-Lume.
13.2) É muito difícil o manejo dos Resíduos Sólidos nas pontes. Estes ocorrem em 13.2) Estruturante
O problema dos RSUs e uma lixeira próximo da Escola São Cristóvam, além de outros locais próximos,
Lixeiras Viciadas especialmente as passarelas vizinhas.
comprometem muitos
13 13.3) As pontes de concreto parecem que resolverão parcialmente o grave problema
bairros, mas a situação é
de coleta de resíduos nestas localidades. Atualmente é muito difícil coletar os RSU
mais grave nas zonas
em áreas de pontes de madeira, devido a insegurança operacional e à precariedade da 13.3) Estrutural
baixas (várzeas e igapós)
infraestrutura. Exemplo: a Rua Goiás tem 4 pontos de lixeiras viciadas. Uma delas é
a do campo da gráfica está, muito ruim. Em frente ao Barroso, às margens do Rio
Jari tem problemas, próximos de onde será construída a ponte do rio Jari (Estacom)
tem acúmulo de RSU.
13.4) Há uma lixeira viciada praticamente às margens do Rio Jari É um local bem
13.4) Estrutural
valorizado, com projeto de arborização do ambiente. Mas as lixeiras colocadas
naquele local não funcionam, são viciadas, e todo os RSUs são depositados naquela

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 356


localidade, impactando o sistema de drenagem e interagindo com os esgotos
sanitários. Por exemplo, subindo a Av. Buritizal, há mais ponto de lixeira viciada.
13.5) Estrutural
13.5) A BR156 tem o “lixão”, o qual é considerado como o mais importante a ser
resolvido. Entretanto todos os pontos onde ocorrem lixeiras viciadas são pontos
cruciais que precisam ser trabalhados em relação às quatro dimensões do saneamento
básico: água, esgoto, drenagem e águas pluviais e resíduos sólidos e limpeza pública.

14.1) Falta definição e criação de pontos de coleta dentro das passarelas (que será
facilitado com as futuras pontes de concreto projetadas para as áreas de ponte). Pois f 14.1) Estruturante
tende a facilitar o processo de coleta nas residências das pontes. O correto deveria ser
o morador cuidar do seu próprio lixo. Mas as dificuldades são significativas
14.2) A prefeitura deveria disponibilizar a contêiner (caçambas) para o depósito do
lixo de forma adequada; 14.2) Estrutural

14.3) Acidentes de trabalho dos funcionários são mais frequentes em bairros sobre
pontes.
14.4) A ausência de aterro sanitário deflagrou a predisposição de uma empresa que 14.3) Estruturante
Ausência de Pontos de
tem uma parceria com o Município para estimular a coleta seletiva e a reciclagem a
14 Coleta de RSUs, RSS e
reciclagem de RSU.
RCC
14.5) Necessidade do município criar outros mecanismos de reciclagem de RSUs
além da empresa existente. Por exemplo, cooperativas (associação, etc, para suprir 14.4) Estrutural
uma proposta de criação de uma cooperativa de catadores. Esta proposta tem o apoio
da Funasa, até porque também é uma exigência da legislação para o gerenciamento
integrado de resíduos sólidos. Essa talvez seja a mais urgente proposta atual para
iniciar a resolução do problema do excesso de RSU no lixão e redução dos problemas 14.5) Estruturante
das lixeiras viciadas que poluem água, solo e ar nos diferentes bairros da cidade.
14.6) Há preocupação com o funcionário que trata da coleta e transporte do lixo. É
necessário o uso adequado de EPIs. Mas tem também o problema dos Resíduos de 14.6) Estruturante
Serviços de Saúde, pouco avaliado. A prefeitura, junto com o Estado, precisa

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 357


melhorar seu gerenciamento, assim como os RCC (resíduos da construção civil)
pouco abordado pelas comunidades.

15.1) Há um prazo para a construção de um Aterro Sanitário para Laranjal do Jari


imposto por representação legal do MP. Entretanto, não há estudos que designem o
melhor local para sua instalação ou uma segunda alternativa em caso de alguma
restrição do terreno, proximidades com corpos hídricos, etc;
15.1) Estruturante
15.2) Não há uma definição de concepção de projeto. Por exemplo, sobre qual seria a
Sem planos concretos contrapartida do Estado (por exemplo, esteira, maquinário, combustível, etc). 15.2) Estrutural
15 para a construção de um
Aterro Sanitário 15.3) É preciso saber quais os pontos ou locais que precisam ser alternativas alocáveis 15.3) Estruturante
para a sua futura instalação.
15.4) Estrutural
15.4) A aquisição dos caminhões de lixo (compactadores) pode ser parte de um apoio
do governo federal, tal como ficou condicionado à finalização do Plano Municipal de
Saneamento Básico de Laranjal do Jari. Em relação à lixeira, está sendo solicitado
compra de R$ 300 mil para comprar coletores nas passarelas.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 358


Quadro 8.10: Quadro resumo e analítico dos 4 serviços integrados – Zona Rural
COMUNIDADE ÁGUA BRANCA DO CAJARI – ZONA RURAL TERRESTRE

Problemas
Nº Causas dos problemas diagnosticados Classificação das causas
diagnosticados

1.1) O problema da comunidade de Água Branca do Cajari é similar ao da


Sede Municipal de Laranjal do Jari (respeitando-se a proporcionalidade da
escala) quando ocorre enchentes no período chuvoso causam constantes
transtornos sanitários aos moradores.
1.2) Quando ocorrem inundações a precária situação geral da comunidade
se agrava porque muitas casas são atingidas pelas águas, as vias terrestres
são bloqueadas, não chegam insumos para auxiliar o tratamento de água, o 1.1) Estrutural
Fragilidade do sistema sistema paralisar, os riscos de contaminação das águas aumentam devido a
de abastecimento de ausência de sistemas de esgotamento sanitário e problema do lixo se torna
1 água associado com as mais evidente. 1.2) Estrutural
demais componentes do 1.3) Quando ocorrem enchentes há problemas de isolamento e aumentam
saneamento básico os casos de doenças
1.3) Estruturante

COMUNIDADE PADARIA – ZONA RURAL RIBEIRINHA

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 359


Problemas
Nº Causas dos problemas diagnosticados Classificação das causas
diagnosticados

1.1) O sistema de tratamento de água é ótimo. Mas faltam insumos. Só se


tem acesso ao sulfato. Faltam a cal e o cloro. Cada casa tem sua caixa
d´água.
1.1) Estruturante
1.2) Falta o trapiche para melhor adaptar a captação de água e estas águas
Água e drenagem x
1 sofrem alguma influência da ausência de esgotos sanitários (fossas 1.2) Estrutural
esgotos
sépticas/negras susceptíveis a elevação do nível do lençol freático e das
1.3) Estrutural
águas superficiais;
1.3) A captação de água é dependente do ciclo de maré e por isso opera
apenas 12h/dia.

2.1) Ao se tomar banho no rio, há falta do muro de arrimo, para manter o


nível do rio seguro
2.2) Cerca de 80% das casas têm banheiro (dentro da casa) e 20% (fora de
2.1) Estrutural
casa) não têm. Todas têm fossas negras. Mas as águas de pias não vão para
Interação Lixo x
2 a fossa e estas águas residuais se misturam com as águas do rio onde se 2.2) Estrutural
Drenagem x Esgoto
utiliza para captação.
2.3) Estrutural
2.3) Não tem local para armazenar o lixo das residências. Como resultado,
cada morador queima seu lixo individualmente e os resíduos acabam se
misturando com as águas pluviais e sistema natural de drenagem.

3.1) A ausência de soluções estruturantes e educativas entre a prefeitura e 3.1) Estruturante


as comunidades para atender demandas para planejar, organizar e
Faltam propostas e solucionar os problemas de resíduos sólidos e suas interações com as águas
3 soluções para o e solos das comunidades: falta água tratada, local para lixo (coleta seletiva 3.2)Estrutural
problema do lixo rural do lixo, aterro sanitário)
3.2) Ausência de um micro-aterro sanitário bem projetado para receber o
lixo comunitário 3.3) Estruturante

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 360


3.3) Ausência de iniciativas para reaproveitamento e reciclagem dos
resíduos sólidos

4.1) A ETA (4 filtros grandes e um pequena, com carvão ativado, areia,


brita, etc) Compacta é um excelente benefício para a comunidade. Mas a
sua qualidade não é monitorada (nem água bruta nem tratada) e pouco se
sabe sobre os procedimentos sobre a dosagem química de produtos de
A qualidade da água da floculação/desinfecção com relação ao manancial que tem sua qualidade
ETA Compacta não tem variante no tempo – provavelmente diária).
acompanhamento 4.1) Estruturante
técnico da qualidade da 4.2) Limpeza dos reservatórios é muito longa (dois meses); 4.2) Estruturante
4 água pela Empresa EDA 4.3) Não se analisa ou monitora a qualidade da água para projetar a
ou CAESA, mas esta dosagem de produtos químicos; 4.3) Estruturante
depende da variação da 4.4) Estruturante
qualidade do manancial 4.4) Não se tem conhecimento sobre quais problemas de poluição poderiam
que varia temporalmente afetar a qualidade das águas ao longo de diferentes períodos hidrológicos
sazonais (sistemas agroflorestais ou barragem, etc).

COMUNIDADE SÃO JOSÉ– ZONA RURAL RIBEIRINHA

Problemas
Nº Causas dos problemas diagnosticados Classificação das causas
diagnosticados

1.1) Tratamento de água não funciona. Sistema (reservatório e bomba).


1.1) Estrutural
1.2) Havia um reservatório mas o vento derrubou. As caixas d´água restante
1.Revitalização do servem também para armazenar água, mas em condições mais precárias. 1.2) Estrutural
1
sistema de tratamento 1.3) Captação de água é do Rio. E o tratamento é por sulfato. A água serve 1.3) Estruturante
só para alimentação e para beber.
1.4) Estruturante
1.4) Não há orientação técnica para a dosagem de produtos químicos

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 361


2.1) Quando chove a água fica empoçada. 2.1) Estrutural
2.Problema Lixo x
2 2.2) O lixo queimado contamina solo, água e ar. 2.2) Estruturante
Águas Pluviais
2.3) E se não queimar a água da chuva leva tudo. 2.3) Estruturante

3.1) Não há esgotamento sanitário. Proposta para construção de banheiros


e fossas sépticas com o apoio da prefeitura.
3.2) Lixo: reciclagem das garrafas PET e o transporte por embarcação, com 3.1) Estrutural
Problema do Tratamento o auxílio da prefeitura, pelo menos o combustível, porque a comunidade
3 tem embarcação. 3.2) Estruturante
de água
3.3) Solicitação de lixeira (contêiner para os resíduos sólidos). Mas até o 3.3) Estrutural
momento est “lixeira” não estava disponível.

COMUNIDADE CACHOEIRA– ZONA RURAL RIBEIRINHA

Problemas
Nº Causas dos problemas diagnosticados Classificação das causas
diagnosticados

1.1) Sistema de água funciona e tem encanamento de água nas casas. Há 1.1) Estrutural
Sistemas de captação e três bombas no sistema mas todas estão queimadas, mas estas não operam,
tratamento de água apesar da existência de energia 24h na comunidade.
interagem com o 1.2) Havia uma caixa d´água de 20 mil L próximo da Cachoeira, que poderá
comportamento do rio servir para abastecer a comunidade. Só precisa de um pouco de sulfato e 1.2) Estrutural
1 (nível maré de um pouco de cloro para torná-la potável. Mas às vezes falta material
comportamento químico.
hidrológico) 1.3) Estrutural
1.3) Este ano, no inverno, o sistema de captação, armazenamento e
distribuição, deslizou na encosta de terra e a caixa d´água ficou paralisada
e desativada.

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 362


1.4) Há um Salta-z que funciona próximo a partir do qual a comunidade 1.4) Estruturante
também o utiliza para fins de alimento e para beber.
1.5) Coleta água do Rio. Qualidade da água do rio muda bastante, mas o
1.5) Estruturante
tratamento não. Trata a água com Sulfato de alumínio, mas de forma
precária. Quando há falhas no sistema SAA a água do Salta-z também serve
para alimentação e para beber e, de acordo com a comunidade é mais limpa
e potável, mas há orientação técnica para a dosagem de produtos químicos

2.1) Não há tratamento do lixo. E quando há transbordamento da água o


lixo é alagado para dentro da comunidade. E se não queimar a água da
chuva leva tudo. 2.1) Estrutural
2.2) Há proposta de uso de embarcação da comunidade para transportar o
lixo para Laranjal do Jari. Mas não há recursos da prefeitura para esse 2.2) Estrutural
Problema Lixo x Águas procedimento.
2
Pluviais 2.3) Lixo: é jogado no quintal, às vezes dentro do tambor, e toca fogo. As
pilhas são guardadas. A fundação Jari arrecadava resíduos sólidos. 2.3) Estruturante
2.4) As comunidades eram mais limpas quando se pagava pelos materiais
reciclados e perigosos (pilhas, por exemplo). Houve tempo em que se 2.4) Estruturante
juntou 2 mil pilhas para essas coletas. Hoje os moradores tem até 300 pilhas
guardadas, mas não tem para quem entregar.

3.1) Problema de ineficiência devido o alagamento durante o período 3.1) Estrutural


chuvoso.
3 Esgoto
3.2) Não há esgotamento sanitário. Proposta para construção de banheiros
e fossas sépticas com o apoio da prefeitura. 3.2) Estrutural

Município de Laranjal do Jari | Produto C - Diagnóstico Técnico-Participativo 363


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