Literatura Teoria e Metodologia de Ensino
Literatura Teoria e Metodologia de Ensino
Literatura Teoria e Metodologia de Ensino
DE IPATINGA
1
LITERATURA: TEORIA E METODOLOGIA DE ENSINO
1ª edição
Ipatinga – MG
2021
2
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização
escrita do Editor.
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
3
Menu de Ícones
Comointuitodefacilitaroseuestudoeumamelhorcompreensãodo conteúdo aplicado
ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao
ladodostextos.Elessãoparachamarasuaatençãoparadeterminado
trechodoconteúdo,cadaum comumafunçãoespecífica,mostradas aseguir:
4
TEXTO, INTERTEXTO E ESCRITA UNIDADE
LITERÁRIA 01
7
exercendo, pois, uma atitude passiva. Já na concepção de língua como código, o
texto é visto como mero produto de decodificação de um emissor (autor) a ser
decodificado pelo leitor, ou seja, basta o conhecimento do código. Também nessa
concepção o papel do leitor/decodificador é passivo.
Ademais, o autor utiliza a concepção interacional dialógica como um
entendimento mais completo do conceito de texto. Dessa forma, Koch (2018, p. 26)
explicita que:
8
sociocognitiva, interacional e textual são necessárias para a produção de sentido
(KOCH, 2018).
9
de transvariação em relação a textos anteriores, Alós (2006) corrobora na afirmação
de tal conceito ao inferir que a literatura não é produzida de forma paralisada, mas
sim, ela se produz de forma dinâmica e sempre em constante diálogo com outros
textos e também outras formas de cultura, dessa forma a construção literária se faz
através de constantes trocas entre diferentes produtos culturais.
A intertextualidade ou dialogismo são formas de construção de um novo texto
baseando-se em produções já existentes. Essa forma de elaboração pode acontecer
entre textos, imagens ou sons, pois novos produtos culturais vão surgindo e utilizam
outros textos para complementar ou homenagear produções já construídas. Barros e
Fiorin (1999), ainda acrescenta que ao se referir a outros textos, uma nova produção
colabora para perpetuação das diferentes obras ao longo do tempo.
Dessa forma, o conceito é ampliado porque acrescenta que intertextualidade
não acontece somente entre textos, mas também em imagens e sons de outras
obras. Isso aponta para outras formas de uso do intertexto, como no cinema, nas artes
plásticas, na literatura etc.
A intertextualidade compreende, então,as mais variadas formas pelas quais a
produção ou a recepção de um texto está ligado ao conhecimento de outras
produções textuais por parte dos leitores, ou melhor, cada novo texto mantém um
intrínseco diálogo com outros existentes (KOCH, 2009).
Dessa forma, o intertexto por se apresentar como um diálogo com algo que já
foi criado torna-se tão natural a nós leitores, pois essa prática na literatura nada mais
é do que a continuação histórica de várias outras criações, pois em maior ou menos
grau cada texto propõe diálogos com outros textos.
Entretanto, Alós (2006) explicita que o funcionamento da intertextualidade
enquanto mecanismo textual mostra que, ao contrário do que vulgarmente possa se
pensar, a noção de intertextualidade não faz do texto uma mera colagem de
retalhos, mas o processo de diálogo e troca de um texto já existente com outros
textos, ou outros, em especial com aqueles culturais, históricos ou sociais. Dessa
forma, o intertexto é o texto específico com que uma determinada produção textual
mantém uma troca semiótica que caracteriza a intertextualidade.
Como uma forma de exemplificar o uso da intertextualidade pode-se citar os
contos de fadas, que a cada vez que são reescritos trazem características novas as
narrativas, mas sempre estão em diálogo com alguma outra narrativa já existente.
Nessa perspectiva, Santos e Souza (2008, p. 16) explica que:
10
As narrativas tradicionais, compilados por Perrault, os Grimm ou
Andersen, foram, paulatinamente, incorporadas ao repertório da
literatura infantil universal. Em diferentes épocas e lugares, estes textos
são lidos ou contados para as crianças e sua permanência pode ser
justificada pela natureza simbólica com que representam os eternos
dilemas enfrentados pelo homem no seu amadurecimento pessoal.
11
respeito do que significa um intertexto, percebemos essa “tecitura” agrega outros
tipos de textos preexistentes.
12
[...] situação, circunstância ou entorno, usamos a noção de contexto
sempre que queremos indicar que algum fenômeno, evento, ação ou
discurso tem que ser estudado com relação ao seu ambiente, isto é,
com as condições e conseqüências que constituem o seu entorno,
Portanto, não só descrevemos, mas também, e especialmente,
explicamos a ocorrência de propriedade de algum fenômeno focal
em termos de alguns aspectos de seu contexto.
13
o contexto intratextual que se configura pelas escolhas linguísticas do autor.
Todos esses elementos elencados são parte do contexto para análise textual,
pois sem eles seria difícil um bom entendimento do real sentido de qualquer texto.
O contexto é construído através de sentidos, uma vez que, se há mudanças
nas condições de produção, há variação na construção de sentidos que surgem a
partir das trocas existentes entre os interlocutores. Conclui-se, dessa forma, que a
leitura de um texto para encontrar informações pontuais e explícitas é diferente de
uma leitura em que se deseja encontrar informações subentendidas desse mesmo
texto (ORLANDI, 1995).
O autor Hymes retoma análises baseadas no contexto de situação e cria uma
matriz de traços etnográficos (situação em que o pesquisador foi a campo fazer
pesquisa), criando um esquema SPEAKING que permitiu caracterizar o contexto da
seguinte forma retomando a criação de Koch (2018, p. 32):
14
15
FIXANDO O CONTEÚDO
Conforme Ingedore (2020), um texto sempre dialoga com outros textos recorrentes
em dada sociedade. Assim, a remissão, frequentemente, faz-se a “conteúdos de
consciência”, guardados na memória do interlocutor que, a partir de “pistas”
encontradas na superfície textual, são reativadas, via inferenciação. Essa
afirmação refere-se à
a) intertextualidade.
b) polifonia.
c) citação
d) paródia.
e) referenciação.
a) Paralelismo.
b) Intertextualidade.
c) Ambiguidade.
d) Cópia.
e) Citação.
16
3. (Prefeitura Municipal de Criciúma – FAEPESUL/2019 – adaptada) O poema‘Canção
do Exílio’ de Gonçalves Dias é um dos textos mais conhecidos em língua
portuguesa e também um dos mais parodiados.
Abaixo, podemos ler uma paródia, escrita por Oswald de Andrade: ‘Canto de
Regresso à Pátria’.
“Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra”.
17
Complete a frase com a opção correta.
a) autor e produtor
b) autor/produtor e leitor/ouvinte
c) transmissor e receptor
d) conhecimento e interação
e) leitor e ouvinte
a) intratextual.
b) cópia.
c) reprodução artística.
d) intertextual.
e) dialógica.
a) intertexto
b) texto
c) diálogo
d) conceito de texto
e) contexto
18
recepção de dado texto depende
a) do tipo de leitor que está com o material em mãos, pois para ser um bom leitor,
sabe-se que é necessário ler, interpretar e ter senso crítico para selecionar as
informações e conseguir ordená-las de maneira efetiva.
b) do conhecimento de outros textos por parte dos interlocutores, isto é, diz respeito
aos fatores que tornam a utilização de um texto dependente de um ou mais textos
previamente existentes.
c) da maneira com que o texto é lido, o interlocutor precisa estar atento ao tipo de
texto e até mesmo assunto, para que haja coerência no que está sendo lido e
consiga transformar assim símbolo em significado.
d) da significação e do significado, ambos têm a tendência a estilizar e trazer ao
texto sutileza ou intensidade, a depender da escolha lexical, e até mesmo a
pragmática da leitura pode transformar um texto de leitor para leitor.
e) do conhecimento acadêmico do leitor.
a) Intertextualidade.
b) Pleonasmo.
c) Redundância.
d) Polissemia.
e) Assonância.
19
A LINGUAGEM LITERÁRIA UNIDADE
02
Há muitas teorias que tentam definir literatura, uma delas, por exemplo, seria
defini-la como a escrita “imaginativa”, no sentido ficcional – escrita esta que não é
literalmente verídica. Para tanto, se refletirmos, ainda que por um breve momento,
sobre aquilo que comumente se considera o que é literatura, veremos que tal
definição não procede (EAGLETON, 2006).
Dessa forma, cabe a nós refletirmos nesse capítulo sobre o dinamismo da
linguagem literária.
20
não quer dizer que os textos literários não instruam. Mas fazem isso
de outro modo.
O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Prefeito suspendeu unilateralmente contratos com três empresas de coleta de lixo e abriu
contratação emergencial, sem licitação.
João Pessoa, na Paraíba, além de enfrentar a pandemia com ocupação de mais de 90%
dos leitos de UTI, está tendo que conviver com uma guerra do lixo. O prefeito Cícero Lucena
(PP) resolveu suspender unilateralmente os contratos com as três empresas que coletam o lixo
na cidade e resolveu abrir um processo de contratação emergencial. As três empresas, que
foram contratadas por meio de uma licitação, ocorrem para a justiça e para o ministério
público. O advogado da Beta Ambiental, George Ramalho Junior, diz que o prefeito quer
21
criar o caos para justificar a contratação emergencial, que é feita sem licitação. “A prefeitura
está convocando algumas empresas por e-mail, sem transparência para fazer a contratação
emergencial e por isso estamos entrando no Ministério Público com um pedido de apuração
por improbidade administrativa”. O advogado diz que o motivo apresentado para rescisão
dos contratos foi que alguns poucos caminhões estavam com idade um ano menor do que
a que havia sido acertada no processo de licitação. Isso aconteceu, segundo Ramalho,
porque a própria Volkswagen atrasou na entrega de novos caminhões em função da
pandemia.
Neste exemplo temos um texto não literário, pois este procura noticiar o
transtorno causado por uma contratação de empresas de coletas de lixo em caráter
emergencial realizado pelo Prefeito de João Pessoa, na Paraíba. A notícia procura
denunciar os fatos e mostrar como realmente esses estão acontecendo. Para tanto,
não verificamos nenhum trabalho subjetivo/conotativo com as palavras,
percebemos apenas uma forma impessoal de noticiar a realidade.
Na verdade, há inúmeros fatores que diferenciam um texto literário de um não
literário. Ao passo que o primeiro traz a emotividade, e muitas vezes a parcialidade,
manifestada pela indignação, revolta, raiva, alegria, amor, euforia, satisfação; o
texto não literário tem por foco a imparcialidade, a isenção (MARTINS, 2017).
Dessa forma, podemos destacar alguns atributos para os textos literários e não
literários. Para o primeiro, é válido ressaltar que há a presença constante de sentido
conotativo, o ponto de vista do autor é pessoal, há a ocorrência de simbolismos e
ainda encontram-se nestes textos muitos elementos que apresentam múltiplos
significados, reflexões e emoções. Já os textos não literários possuem uma função
mais utilitária e referencial, objetivando o fornecimento de uma informação, com
linguagem denotativa, clara, impessoal e imparcial, não ocorrendo recursos
estilísticos que possam prejudicar a compreensão do conteúdo do texto.
Alguns gêneros de textos literários são: os poemas, os romances, os contos, as
novelas, as lendas, as fábulas, as crônicas, as peças de teatro, as letras das músicas,
entre outros. Ademais, como exemplo de gêneros textuais nãoliterários temos: as
notícias e reportagens, que são textos publicitários; as cartas de reclamação e as
comerciais; os ensaios e artigos científicos, dentre tantos outros.
22
2.2 LITERATURA E LINGUAGEM
23
que a linguagem está a serviço da literatura para as mais diversas formas de criação.
Reis (2001, p. 111)lembra que “a constituição da linguagem literária e do discurso que
a configura podem ser entendidos como resultado de um ato discursivo próprio,
propondo a uma comunidade de leitores um texto que essa comunidade
reconhecerá como texto literário”.
Assim, a linguagem literária demonstra toda a engenhosidade imagética da
humanidade, entretanto modifica-se constantemente. Essa mudança sofre variação
de acordo com a ideia de arte e cultura, dentro de um determinado momento
histórico em que o texto literário foi produzido (NOMURA, 1996).
A mesma autora define que a linguagem literária possui autonomia de criação
para exprimir-se em prosa, verso ou drama, utilizando a língua-padrão ou qualquer
outra variante linguística escolhida pelo autor.
Proença Filho (2007, p. 41)ressalta que o grande desafio dos estudiosos e
pesquisadores tem sido caracterizar plenamente essa especificidade. Para tanto, o
autor propõe e explica as seguintes características que são encontradas apenas nos
discursos literários:
24
Liberdade na criação: as manifestações literárias podem envolver
adesão, transformação ou ruptura em relação à tradição linguística,
à tradição retórico-estilística, à tradição técnico-literária ou à tradição
temático-literária às quais necessariamente está vinculado o trabalho
do escritor. A literatura se abre, então, plenamente, à criatividade do
artista.
Ênfase no significante Enquanto o texto não-literário confere destaque
ao significado, ou seja, ao plano de conteúdo, o texto literário tem o
seu sentido apoiado no significado e no significante, com especial
relevo concedido a este último.
Por fim, a linguagem literária nos proporciona ultrapassar os limites do que deve
ser decodificado, nos atingindo através de mensagens que nos mostra muito sobre a
nossa condição humana de criação, caracterizando o ser humano tanto
individualmente quanto socialmente (PROENÇA FILHO, 2007).
25
A definição de cultura não é uma tarefa simples, pois definir cultura requer
uma mobilização de vários conhecimentos em muitas outras disciplinas que versam
sobre as áreas do conhecimento como Sociologia, Antropologia, História,
Comunicação, Economia, entre outras manifestações do saber (CANEDO, 2009). Em
cada uma dessas áreas é trabalhada a partir de distintos enfoques e usos. Na
verdade, essa complexidade concerne, ainda segundo a autora, Canedo (2009, p.
04):
26
realidade. Um olhar sobre a história semântica do termo sinaliza, entre
outras.
27
durante muitos anos, essa limitou-se a ser parte de uma pequena minoria da
sociedade, as elites. Entretanto, a adaptação para essa nova realidade exigiu
adaptações culturais e estéticas (ARANHA; BATISTA, 2009).
Na concepção de Ballerini (2015, p. 124), a literatura é muito abrangente e
deve ser libertadora:
Por fim, a literatura como a arte das palavras e ainda por utilizar a língua para
a sua concretização, acaba se tornando um instrumento de comunicação e
interação social. Dessa forma, a literatura em âmbito geral, cumpre seu papel de
transmitir os conhecimentos culturais de um povo. Sendo, portanto, parte da própria
cultura.
28
FIXANDO O CONTEÚDO
1. A literatura como a arte das palavras e ainda por utilizar a língua para a sua
concretização, acaba se tornando um instrumento de comunicação e interação
social. Dessa forma, a literatura, em âmbito geral, cumpre seu papel de transmitir
os conhecimentos culturais de ________________. Sendo, portanto, parte da própria
cultura.
a) Um povo.
b) Uma elite.
c) Estudiosos canônicos.
d) Uma cidade.
e) Uma cultura.
a) Variabilidade.
b) Multissignificação.
29
c) Denotação.
d) Liberdade na criação.
e) Complexidade.
a) Intertextual.
b) Poético.
c) Literário.
d) Não literário.
e) Denotativo.
a) Complexidade.
b) Multissignificação.
c) Liberdade de criação.
d) Discurso objetivo.
30
e) Predomínio da conotação.
a) Literários.
b) Complexos.
c) Semióticos.
d) Conotativos.
e) Não literários.
O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
a) não literária.
b) objetiva.
c) denotativa.
d) racional.
e) literária.
31
ENTRE MÚSICA E POESIA UNIDADE
03
[...] é isso que sentimos quando lemos um poema e ele nos dá palavras
para dizer o que não conseguíamos expressar antes. Essa
singularidade da linguagem literária, diferentemente de outros usos da
linguagem humana, vem da intensidade da interação com a palavra
que é só palavra e da experiência libertária de ser e viver que
proporciona.
32
leitor muitas habilidades de compreensão, pois aqui a palavra ganha diversos
significados, que “traduzem a experiência poética do artista e a dos ouvintes, ou seja,
expressam sentidos pessoais, sociais, culturais e estéticos propostos, em conjunto, por
uma obra — sentidos em todos os sentidos” (ALCÂNTARA, 2012, p. 09)exigindo
umaboa prática de letramento para o entendimento do gênero.
Para tanto, Guerra e Martini (2020) afirmam ser consensual que a formação de
leitores literários, no Brasil, passa por diversas dificuldades e, em especial, a
dificuldade de formação, segundo Guerra e Martini (2020, p. 77),“se acentua,
amargamente quando se refere ao que podemos chamar de “letramento lírico”, ou
seja, a formação de leitores de poesia. Isso se justifica, de certa forma, pelo fato de
o texto poético exigir algumas competências leitoras específicas, devido à sua
natureza mais complexa”.
Por isso, há a necessidade de se trabalhar o letramento lírico na escola. E por
letramento entendemos a habilidade de utilizar a leitura e a escrita nas práticas
sociais do cotidiano, esse conceito é o oposto do que se considerava antes, uma vez
que ler e escrever mecanicamente eram ações importantes e já bastava ser somente
alfabetizado. Dessa forma, Soares (2004, p. 72)traz a seguinte contribuição a respeito
do termo letramento:
33
autenticidade, a ousadia, a melhoria no desempenho dos estudantes, em vista disto,
é importante que se tenha uma boa seleção do material que será aplicado em sala
de aula, para que a apreciação e o aproveitamento de ideias concernentes ao texto
em verso seja uma prática cotidiana no ambiente escolar(OLIVEIRA; FURUZATO, 2016).
Entretanto, o que se pode perceber sobre o letramento lírico ainda se encontra
muito apagado frente às abordagens tradicionais escolares que visam “ensinar
conteúdos” e a “realizar exercícios”. Essa forma tradicional de abordar o gênero lírico
mais confunde os alunos do que os capacitam e os formam como leitores literários
autônomos frente a qualquer texto poético(GUERRA; MARTINI, 2020).
A poesia é uma criação tão antiga que podemos confundir esse surgimento
com a própria origem da linguagem humana. Dessa forma, a linguagem poética
acompanha o homen desde a sua existência e apresenta-se como uma forma de
arte atual e de grande valor para a humanidade. De diversas maneiras tentou-se
explicar o significado de poesia, para tanto, Alves (2002, p. 04)exprime que essa
função não é tão simples assim:
34
empreendidos pelos formalistas russos, que fundamentaram o
desenvolvimento de uma teoria da literatura como ciência do texto.
35
partir das experiências do/a leitor/a, pois o texto não tem existência
sem as instâncias interpretativas e colaborativas do sujeito que ler.
36
existe dentro da poesia, ou seja, sem ele fica difícil a identificação do interlocutor
com o que é apresentado na poesia.
Sobre o eu lírico, Soares(2007, p. 25) deixa bem claro os três principais traços
líricos:
37
Notemos, com estas últimas marcações textuais, que o sujeito
lírico se faz perceptível, não só quando indicado pela primeira pessoa,
mas também porque projetado nos arranjos especiais da linguagem.
A emoção lírica é favorecida ainda pelo predomínio da coordenação
(veja o acúmulo do conectivo aditivo "e"). E isto se dá porque a
coordenação impede uma apreensão lógico-circunstancial, própria
das conexões subordinativas. Destas restam, em poucos momentos, as
comparativas (segundo, sexto e décimo segundo versos) e uma
temporal (sétimo verso), quando a fusão se atenua, mantendo-se os
limites do corpo e da natureza.
O caráter emocional dos versos intensifica-se pela
musicalidade que, na forma escolhida do soneto, decorre do
tratamento melodioso e paralelístico das rimas, do ritmo e das estrofes.
Os versos estruturam-se em decassílabos, com acento ora marcado
na quarta, oitava e décima sílabas, ora na sexta e na décima. O
esquema de rimas é alternado até o décimo segundo verso: ABAB,
CDCD, EFEF, fechando- se em par — GG —, nos moldes do modelo
rímico inglês. Complementando sonoramente as imagens de aflição,
que culminam na simbolização do suicídio, Vinícius lança mão ainda
de outro tipo de repetições: as aliterações de nasais, sibilantes,
fricativas e vibrantes e até mesmo de rimas em eco
("dimensão"/"razão", "dorme"/"Enorme"), a prolongarem estas
o estado anímico poetizado.
O emprego do enjambement (que no exemplo citado é constante)
remete-nos para um transbordamento emocional, com a quebra
violenta da linearidade frásica. Pode mesmo acontecer, como no
soneto de Vinícius (do quinto para o sexto versos), que se utilize o
incompleto como uma das formas de privilegiar a emoção. Com "(...)
e os braços", o poeta inicia um pensamento que se suspende, na
prática da mímesis do estado afetivo. E assim, o fragmento, sem exigir
complementação, mantém o fluir da corrente lírica, nos trazendo, na
leitura, a sensação de ter evitado o poeta qualquer resistência ao
fluxo da disposição anímica (estado afetivo que, envolvendo todas as
coisas, elimina os distanciamentos).
São inúmeros os exemplos de grandes poetas que trazem o lirismo para dentro
de seus poemas, resultando no desejo de integração entre a emoção e o desejo de
interpretar o mundo.
38
FIXANDO O CONTEÚDO
a) Narrativa.
b) Poesia moderna.
c) Narrativa mítica.
d) Poesia lírica.
e) Literatura.
a) Barroco.
b) Lírico.
c) Naturalismo.
d) Romantismo.
e) Arcadismo.
39
d) Gênero Lírico, Dramático e Injuntivo.
e) Gênero Épico, Mítico e Dramático.
a) Narrativa.
b) Lírica.
c) Poesia.
d) Narrativa épica.
e) Narrativa mítica.
40
6. (Prefeitura de Coroados/2018) Leia o poema de Paulo Leminski:
PARADA CARDÍACA
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) As opções II e III.
e) As opções I e III.
a) narrador
b) autor
c) leitor.
d) eu lírico.
e) narrador em primeira pessoa.
8. Mello (2002) ainda explica que a poesia fala através das imagens
41
_________________.
a) líricas.
b) narrativas.
c) de mundo.
d) do fantástico.
e) irreal.
42
ENTRE HISTÓRIAS, CAUSOS E UNIDADE
AVENTURAS 4
Nesse caso, o herói relata em sua trajetória várias façanhas que demonstram
força, determinação e coragem. É no relato de uma viagem heróica que o gênero
épico se desenvolve.
Esse gênero é formado por narrativas e apresentam as seguintes
características que o constitui: narrador, enredo, personagens, tempo e espaço.
Todavia, considerar toda e qualquer narrativa como épica não é tão simples
assim, pois para isso esse texto narrativo deve apresentar personagens heróicose suas
façanhas extraordinárias. Dessa forma, a presença de uma figura heróica é o que
diferencia um texto épico e um texto apenas narrativo.
Entretanto, nesse capítulo não pretendemos traçar uma teorização que
pretenda explicar esse gênero literário. Para tanto, ao analisarmos textos que
caracterizem esse gênero, naturalmente será apontado algumas características.
Pode-se citar, na literatura brasileira, Peri, do romance de O Guarani – José de
43
Alencar - como um exemplo de herói medieval. Devemos nos atentar a um pequeno
fragmento do livro:
Então passou-se sobre esse vasto deserto de água e céu uma cena estupenda,
heroica, sobre-humana; um espetáculo grandioso, uma sublime loucura.
Peri alucinado suspendeu-se aos cipós que se entrelaçavam pelos ramos das árvores
já cobertas de água, e com esforço desesperado cingindo o tronco da palmeira nos
seus braços hirtos, abalou-o até as raízes.
Três vezes os seus músculos de aço, estorcendo-se, inclinaram a haste robusta; e três
vezes o seu corpo vergou, cedendo a retração violenta da árvore, que voltava ao
lugar que a natureza lhe havia marcado.
Luta terrível, espantosa, louca, desvairada: luta da vida contra a matéria; luta do
homem contra a terra; luta da força contra a imobilidade.
Houve um momento de repouso em que o homem, concentrando todo o seu poder,
estorceu-se de novo contra a árvore; o ímpeto foi terrível; e pareceu que o corpo ia
despedaçar-se nessa distensão horrível:
Ambos, árvore e homem, embalançaram-se no seio das águas: a haste oscilou; as
raízes desprenderam-se da terra já minada profundamente pela torrente.
Desce a uma gruta repleta de serpentes para recuperar o bracelete de Cecília que
caíra no fosso; enfrenta sozinho a tribo dos aimorés; bebe veneno, num sacrifício
estratégico para liquidar os aimorés, o que não se concretiza; corre contra o tempo
realizando uma corrida sobre-humana em busca do antídoto para o veneno; sai ileso,
com Cecília nos braços, do cerco dos aimorés e do meio das chamas que assolam a
casa dos Mariz.
44
de séculos de narrativas literárias. Para tanto, o herói do romance de José de Alencar
é uma figura indígena que traz a nacionalidade brasileira ao protagonista épico.
45
Também, na modernidade, percebemos a personificação do herói mítico em
personagens atuais. Temos por exemplo o Superman, que Selerprin (2016, p.
09)explana as seguintes informações:
Por fim, essa necessidade do ser humano em criar heróis é antiga, entretanto,
de acordo com a necessidade de cada sociedade, esses heróis exprimem um pouco
da cultura de cada povo, mas mantém algumas características que são comuns em
todas as sociedades do planeta.
46
4.3 A POESIA ÉPICA: A NARRATIVA EM VERSOS
47
apresenta-se como uma inspiração divina a pedido do autor; dedicatória: o
momento em que o poeta faz homenagem a alguém que considera importante;
narrativa: a própria história e momentos importantes do herói em sua trajetória;
conclusão ou epílogo: a finalização de toda a narrativa épica.
Utilizando essa estrutura, podemos citar como exemplos de poemas épicos:
Ilíada e Odisseia, de Homero; Eneida, de Virgílio (70 a. C.-19 a. C.); e Os lusíadas, de
Luís Vaz de Camões (1524-1580).
Quando fazemos menção ao Brasil, é válido destacar dois grandes poemas
épicos: “Caramuru”, de Santa Rita Durão (1722-1784), e “O Uruguai”, de Basílio da
Gama (1741-1795).
Dessa forma, analisaremos um trecho do poema “Caramuru”, deFrei José de
Santa Rita Durão (1722-1784), para percebermos partes da estrutura de uma epopeia
narrada em versos.
No poema, o português Diogo Álvares, protagonista da narrativa em versos,
possui dois elementos essenciais para a configuração de um herói épico: a
veracidade histórica e o mito criado em torno de sua figura. Além disso, de acordo
com Biron (2010, p. 43), na construção dessa personagem, avulta o homem histórico,
que viveu no século XVI, sofreu um naufrágio no litoral da Bahia, foi resgatado por
uma tribo indígena, casou-se com uma nativa e teve papel importante na catequese
dos silvícolas. Aprendeu a língua tupi, para a qual traduziu algumas orações e
práticas católicas, o que lhe possibilitou servir de intermediário entre os nativos e os
jesuítas.
Ademais, segundo o autor Biron(2010, p. 43), o protagonista do poema
Caramuru apresenta uma série de características que fazem do poema de Frei José
de Santa Rita Durão um poema épico nacional, como podemos perceber no excerto
seguinte:
48
O poema épico Caramuru apresenta a jornada heróica de Diogo Álvares
Correiaque, após traçar um longo caminho de feitos altruístas e corajosos, retorna a
Europa com a índia Paraguaçu. Ao chegar ao continente Europeu, a indígena é
batizada, o casal é festejado e recebe as honras da realeza.
Verifica-se, portanto, que o poema mencionado apresenta características da
poesia épica, estruturado em versos e estrofes, apresenta narrações de ações nobres
representativos da história de uma determinada cultura.
49
FIXANDO O CONTEÚDO
a) Gênero literário.
b) Gênero épico.
c) Gênero lírico.
d) Gênero mítico.
e) Gênero poético.
a) Crítica à realidade.
b) Objetividade.
c) A existência do herói.
d) Falta de personagem.
e) Descontinuidade cronológica.
50
II. Ele prestigia valores e interesses coletivos.
III. Ele se isola num mundo privado.
a) Narrador.
b) Personagens.
c) Enredo.
d) Tempo.
e) Lirismo.
a) um herói comum.
b) um herói épico.
c) um herói sem prestígio por se índio.
d) um herói lírico.
e) um anti-herói.
51
b) Elite.
c) Autor.
d) Momento histórico.
e) Mudança europeia.
52
ENTRE ATOS E CENAS UNIDADE
53
tornando-se distinto na medida em que é representado, originando novos signos,
novos sentidos e novos olhares. Assim, a literatura e o teatro são produtos culturais
complementares. Dessa forma, o leitor que desejar conhecer essas expressões
artísticas, deve exercitar a imaginação para compreender os diferentes significados
que essas artes apresentam.
Nesse sentido, a relação entre teatro e literatura advém do entendimento de
que a encenação cênica é a recriação literária, pois o texto teatral “se alimenta da
linguagem literária para se erigir como espetáculo” (MOISÉS, 1997).
Um texto dramático é o início de um grande espetáculo, especialmente na
contemporaneidade, em que se encontram muitas encenações que não
dependem de um texto para a sua existência (GRAZIOLI, 2019).
Nesse sentido, Pavis (2011) apud Grazioli (2019, p. 339):
54
muitos outros.
Em suma, verifica-se que uma das mais antigas manifestações culturais da
humanidade, o teatro, tem um diálogo próximo com a literatura, por isso sempre que
assistimos a uma peça teatral podemos descobrir que essa se trata de uma
adaptação de um romance ou um livro de crônicas.
55
Sobre a adaptação Devides (2018, p. 439)explica que:
Uma adaptação tem potencial para ser a porta de entrada para a mídia
procedente, não sendo imperioso que primeiro deve-se receber o “original” – o texto
– para depois experimentar a adaptação. Não há uma regra para apreciar essas
manifestações da arte. Na verdade podemos compreender essa importância da
adaptação apresentando múltiplas funções nas inúmeras culturas e tempos históricos
da civilização humana, demonstrando a potencialidade artística da adaptação
como transformação(TREBIEN, 2019).
Entretanto, deve-se atentar ao fato de que embora existam vários espetáculos
teatrais inspirados ou adaptados de obras literárias, há também a criação de textos
teatrais que configuram em uma literatura de gênero diverso voltado para o palco.
56
5.3 LITERATURA, TELEVISÃO, CINEMA E STREAMING
O mesmo autor, Couto (2008, p. 113), ainda menciona que, a partir de 1990,
os avanços das tecnologias digitais e sua crescente popularização propiciaram uma
crescente mudança na apropriação cultural:
57
expansão de conteúdos fez surgir a tecnologia de streaming (transmissão). Essa
tecnologia é o que nos permite o acesso e a transmissão de conteúdos pela Internet
e em tempo real sem a necessidade de armazenamento nos dispositivos pessoais das
pessoas.
O crescimento e importância dessa nova tecnologia de transmissão se deve a
vários fatores, dentre os quaisAcevedo et. al. (2020, p. 289)relaciona-os da seguinte
forma:
58
streaming importa muito para a televisão em termos de desdobramento para o
futuro. Para tanto, na associação entre Internet e televisão, aquilo que se restringia a
um único mecanismo passa a tornar parte de um universo mais amplo.
Sob esse viés, Favoreto (2018, p. 11)explica que:
No que tange a televisão, no futuro é possível que esse produto cultural seja,
sobretudo, conectado e que abrangerá uma quantidade maior de criadores,
“indiferente se eles são de emissoras, de provedores de conteúdo, ou de qualquer
pessoa que crie e compartilhe algo na rede” (FAVORETO, 2018, p. 11).
Já o cinema na atualidade tem uma pluralidade de conceitos. Ainda hoje,
muitas pessoas entendem cinema como uma experiência social; assistir a um filme
em uma ampla sala escura, de regras rígidas de comportamento silencioso, a uma
experiência com companhia. Em suma, uma experiência coletiva num determinado
tempo e espaço. Mas, é verdade também, que ver filmes, atualmente, pode ser
definido através da abertura de um separador no computador, ou carregando no
botão visual do serviço de televisão que encaminha para o catálogo
cinematográfico do próprio serviço(MAGALHÃES, 2020 ).
Segundo Machado e Vélez (2014) apud Azevedo& Rocha (2018, p. 102):
59
avanços tecnológicos, verifica-se que o surgimento das plataformas de streaming
também provocou a necessidade de ressignificar as narrativas de modo geral. Não
se trata do fim no sentido concreto, mas de um processo profundo de mudanças dos
conceitos. Por conta disso, a hibridização é muito presente, o que vai acontecer é
um período de mudanças, de experimentação de novos modelos da linguagem e a
perpetuação das artes de forma menos elitizada (AZEVEDO; ROCHA, 2018).
60
FIXANDO O CONTEÚDO
a) Antagônicas / assemelham
b) Complementares / assemelham
c) Distintas / confrontam
d) Antagônicas / confrontam
e) Complementares / distanciam
a) Linguagem.
b) Apresentação.
c) Literatura.
d) Arte.
e) Lírica musical.
a) lúdico.
b) cênico.
c) textual.
61
d) dramático.
e) imagético.
a) criação processual.
b) criação coletiva.
c) criação interdisciplinar.
d) processo transdisciplinar de criação.
e) processo colaborativo.
a) palco.
b) cinema.
c) televisão.
d) peça escolar.
e) série.
a) banda larga
b) texto literário
62
c) streaming
d) site de literatura
e) download
a) Informação/literatura.
b) Informação /cinema.
c) Literatura/teatro.
d) Socialização / informação.
e) Adaptação / literatura.
8. A indústria cultural, por sua vez, propiciou a expansão dessas expressões da arte a
todos, transcendendo distinções sociais, étnicas, sexuais, etárias etc. fazendo com
que surgisse a chamada cultura de massa.
63
ENFIM, OS ESTUDOS LITERÁRIOS UNIDADE
06
64
do mundo real para o mundo ficcional, e ainda consegue através da palavra
eternizar todo o conhecimento de mundo que nos cerca. A literatura nos permite
sermos humanizados através de sua rica experiência (MORAES; BULAMARQUI, 2014).
Candido (1995, p. 179)traz a seguinte explicação:
Além disso, nas palavras de Jouve (2012, p. 15)encontramos muitas razões para
estudar literatura:
65
6.2 O QUE FAZ UM PROFISSIONAL ESPECIALIZADO NA ÁREA DA LITERATURA?
66
O autor Souza (2019, p. 17) ainda acrescenta a respeito do profissional que
trabalha com a literatura nos âmbitos escolares:
67
seja, a cada avanço nas disciplinas do curso de Letras, esses assuntos serão
explanados com mais detalhes.
A teoria literária é uma ciência que prioriza o estudo das manifestações
literárias, dessa maneira, considerá-la como ciência significa afirmar que
corresponde a uma área do conhecimento que requer pessoas especializadas –
peritos (técnicos) detentores de competências especializadas para exercê-la. A
teoria da literatura deve ser integrada às ciências, porque pertence, em especial,às
Ciências Humana (ZILBERMAN, 2012).
A expansão da teoria da literatura, enquanto ciência, deu-se sobretudo no
século XX, somente quando se difundiu no Ensino Superior. Por isso a literatura
enquanto arte estudada por uma ciência, requer análise minuciosa e objetiva. Nesse
viés, a teoria da literatura surge como disciplina literária somente na década de 1940,
através do tratado universitário de René Welleke. A partir daí, muitas outras
universidades adotaram essa nova disciplina em suas instituições.
Já no Brasil, esse novo componente curricular integrou a grade do curso de
Letras na década de 1960, na Universidade de São Paulo, por realização de Antônio
Cândido. A crítica literária, embora muito atrelada à teoria da literatura, apresenta
características próprias de atuação. Dessa maneira, uma crítica literária consiste na
análise valorativa das obras da literatura. O crítico literário utiliza conhecimentos de
linguística, retórica e estética, por exemplo, para valorizar as obras literárias, pois essa
crítica deve ser fundamentada para que sua valoração seja respeitada.
Atualmente, a crítica literária acadêmica fundamenta-se na imparcialidade e
na independência do ato crítico nas relações mantidas principalmente com o
mercado, uma vez que essa crítica não pode ceder aos interesses empresariais, não
podendo ser objeto de monopólio.
Entretanto, quando fazemos menção a outro tipo de crítica, que é a
jornalística, encontramos diferentes meios de atuação. A crítica jornalística possui um
campo de atuação bem amplo, para tanto, esse tipo de parecer sobre as obras
costuma ser parcial e subjetivo ao explorar um produto cultural. Na verdade, muitas
das vezes esse tipo de crítica obedece às demandas de mercado, ou seja, muitos
dos julgamentos lançados à população são para operar a valoração de alguma
obra para venda ou consumo em massa.
A historiografia literária, por sua vez, é “o exercício de reflexão sobre obras
históricas e, portanto, sobre a produção dos historiadores” (KAVAT, 2009, p. 119).
68
Dessa forma, alguns questionamentos são elencados por Schmidt (2011, p.
132)para que seja construída uma trajetória historiográfica da literatura:
69
FIXANDO O CONTEÚDO
a) Icônica.
b) Antagônica.
c) Humanizadora.
d) Elitizada.
e) Híbrida.
a) Conhecimento artístico.
b) Estudo literário.
c) Estudo das artes.
d) Conhecimento da linguagem.
e) Conhecimento histográfico.
70
4. Como podemos entender a crítica literária?
a) Análise cultural.
b) Literatura comparada.
c) Crítica literária.
d) Leitura.
e) Historiografia.
a) Parcialidade / dependência.
b) Imparcialidade / dependência.
c) Imparcialidade / independência.
d) Observação / dependência.
e) Parcialidade / observação.
71
7. Marque a alternativa correta quanto a atuação do crítico literário.
a) Deve atuar de forma imparcial, mas deve privilegiar algumas criações para o
mercado de trabalho.
b) Deve atuar de forma parcial, mas deve abster-se de usar seus conhecimentos para
privilegiar algumas criações dentro do mercado de trabalho.
c) Deve atuar de forma imparcial e trabalhar com isonomia diante das várias
criações que surgem.
d) Deve trabalhar de forma parcial, quanto se tratar do mercado leitor, e ao mesmo
tempo com isonomia.
e) Deve trabalhar subjetiva, avaliando suas criações através de seus gostos pessoais.
72
A POESIA BRASILEIRA UNIDADE
NA ERA COLONIAL
7.1 O BARROCO
07
A produção da literatura brasileira apresenta seus primórdios – como não
poderia deixar de ser – em um contexto colonial e advém dos reflexos da portuguesa,
haja vista que o Brasil, por muitos séculos, se manteve dependente de Portugal, país
já consolidado em sua produção literária. Além disso, a história da literatura
construída no nosso país é fruto de vários aspectos sociais, culturais e religiosos da
época, haja vista os primeiros habitantes que aqui residiam e os acontecimentos
coloniais que originaram uma literatura genuinamente brasileira.
No que tange à função da literatura que vai sendo construída no país, sem
dúvida, a religiosidade assegura importante fio condutor desse tecido de cunho
criativo, em que os estilos e temáticas servem de instrumentos, como por exemplo,
para catequisar os índios e pregar uma moral cristã, especialmente nos primeiros
séculos dessa escrita criativa. Destaca-se, nesse viés inaugural da literatura pós-
descobrimento, a Companhia de Jesus, já no século XVI, com a função de diluir a
doutrina cristã pelo país-colônia, pelos jesuítas e por meio da docência nos colégios
(CANDIDO, 2002).
Nessa perspectiva, os colonizadores trouxeram não apenas a língua que seria
herdada pelos povos da colônia, mas também valores religiosos, morais e estéticos,
em que as práticas de catequização e a educação serviram de pano de fundo para
a construção de uma literatura brasileira. Nesse contexto, as práticas europeias eram
evidentes, em especial no que se convencionou a denominar escolas literárias que,
no caso do Brasil, após o Quinhentismo, ou Literatura de Informação, o Barroco (ou
Seiscentismo) é instaurado como uma primeira grande escola, de modo a acontecer
em sintonia com os estilos adotados na Europa.
73
Portanto, os primórdios de uma construção poética mais considerável e
propagada no país se dá com o estilo Barroco que, como qualquer outra escola
literária, a escrita acompanha sempre os costumes, acontecimentos políticos,
práticas culturais e religiosas que norteiam a engrenagem literária. São as condições
de possibilidade para a compreensão de um determinado estilo e que há, na escrita,
em especial na poética, esses elementos vivenciados de uma época específica. É
esse viés que nos possibilita afirmar que a literatura pode funcionar como denúncia
social, o que talvez seja proibido de se dizer diretamente em certa época, a escrita
se constitui uma forma mais “suave” para uma expressão de resistência ou mais
realista.
Segundo Pasqualini (2012), aspectos encontrados e instaurados no novo
espaço, que é o Brasil, se fazem produtivos para a construção poética, como
geográfico, culinário, as relações humanas, que se traduziram em estilo próprio. Dessa
forma, embora é inegável que o que se aqui criou advém em grande parte das
doutrinas europeias, foi preciso criar um estilo próprio, singular, não aderindo-se às
mesmas formas de Portugal, haja vista as necessidades locais para uma nova
realidade.
Desta feita, a poesia nos moldes do estilo Barroco apresenta como pano de
fundo os movimentos Reforma Protestante e Contrarreforma, cuja efervescência
74
europeia promove esse horizonte literário que vai se conduzindo nesses
entrecruzamentos culturais como a tendência da época. Aspectos marcantes nessa
escrita, como contraste, exuberância, dramaticidade e o decorativo vão povoando
essa escola, que no interior desse movimento vão surgindo escritores brasileiros com
destaque na poesia.
No que concerne à Reforma Protestante, liderada por Martinho Lutero, na
Europa, no século XVI, afirma-se que o Barroco é instaurado como potencial de força
contra esse movimento. Nesse processo, a conservação do teocentrismo (Deus como
centro do Universo), que era fortemente propagado ao longo da era da Idade
Média, era reacendido pela arte barroca. Essa característica pode ser observada em
grande parte nas poesias dessa época, tendo a religiosidade como uma de suas
marcas para sustentação, como os sermões do Pe. Antônio Vieira.
Embora o Barroco no Brasil emerge de cara nova, mas não totalmente
desvinculado do europeu, é preciso considerar que esse estilo literário chega por aqui
em tempos muito posteriores de seu início europeu. Aqui, essa prática literária se dá
somente no século XVI, portanto, aproximadamente um século após o processo de
colonização do país. Nesse período histórico, faz sentido considerar alguns elementos
decisivos que demarcam essa produção poética, a saber: a valorização da terra, a
luta dos residentes por uma economia própria, o amor por aquilo que era tido como
nosso. Essas características próprias propiciaram então a criação de um estilo que,
embora suas raízes se assentassem nas tradições portuguesas, possibilitaram uma
escrita tipicamente voltada aos valores brasileiros da época. Nessa perspectiva, “[...]
as primeiras manifestações literárias que exprimiriam um gênero nacional, movido
pela mesma atmosfera que envolvia o Barroco, ou seja, de insegurança existencial,
de efemeridade dos bens mundanos e da busca de Deus” (PASQUALINI, 2012, p. 67).
Além das características já mencionadas, a poesia barroca apresenta como
pano de fundo alguns aspectos que merecem atenção e que não estão
desvinculados do contexto histórico de sua época, tais como o conflito entre os
prazeres mundanos, que são fortemente valorizados no renascimento, e a
espiritualidade, que se encontra latente na Contrarreforma. Essa dualidade pode ser
percebida tanto na poesia quanto em obras de esculturas e pinturas, cujo sentimento
de aspectos contraditórios obrigam o homem a escolher um dos caminhos, não
sendo permitido permanecer sob essa divisão de valores. Essa característica é
semelhante ao contraste sombra e luz que entra em cena como norteador desse
75
estilo dual e palavras opostas, como, por exemplo, Deus e Diabo.
No que concerne especificamente à escrita poética, os escritores barrocos
lançam mão de uma linguagem bastante culta, por meio de um vocabulário
sofisticado. Além disso, algumas figuras de estilo são bastante recorrentes,
especialmente no que concerne à hipérbole (exagero) e à metáfora. Concernente
a essa escrita culta, a riqueza de detalhes também vai nessa direção, em que a
complexidade se constitui uma dessas marcas adotadas, haja vista que a valorização
estética é aclamada nesse estilo.
Quanto à inauguração barroca brasileira e seus escritores seguintes, a
Prosopopeia, de Bento Teixeira, é considerada a primeira epopeia brasileira, escrita
em 1961 usando a estética de rimas ABABABCC, cujo conteúdo exalta Jorge de
Albuquerque Coelho, um dos donatários pernambucanos, como afirma Coutinho
(2004a). Além desse, outros poetas também se destacam nesse período, em especial
Gregório de Matos, considerado o maior poeta barroco brasileiro, o qual será
abordado na seção seguinte.
76
proibido de escrever seus poemas que se traduziam em verdadeiras sátiras. Esses
poemas satíricos nada mais são que a utilização de uma linguagem mais direta em
relação às críticas sociais, políticas e culturais de grande presença da época,
podendo ser comparados até mesmo com as cantigas de escárnio e de maldizer
que se observam na Europa na época do Trovadorismo.
Seus últimos dias de vida não foi em terras fora do Nordeste, tendo falecido na
capital pernambucana. Sua fama de poeta satírico não o reduziu a valores da
literatura da época, pois esse poeta se dedicou também à escrita utilizando aspectos
lírico e religioso. Embora tenha vivido seu auge na escrita somente no século XVII, no
século XX a Academia Brasileira de Letras tornou pública uma coleção de escritos de
sua autoria, dentro de seus vários estilos de expressão que aderiu ao longo de sua
vida produtiva (estilos sacro, lírico, satírico e erótico).
A utilização de uma linguagem culta, como mencionado nesta unidade, é
uma característica manifesta na poesia barroca e na gregoriana não é diferente,
pois esse escritor lança mão de um vocabulário rebuscado, culto, que requer do leitor
um preparo mais apurado para acessar, à primeira vista, as suas poesias. Explora
também outras vertentes da linguagem, em especial no que diz respeito às ideias, de
modo que seus argumentos convençam o leitor.
A sua rejeição, comprovada pela proibição de retornar à sua terra natal, pode
ser atribuída pelo tom satírico que escreve. Por outro lado, é preciso tomá-lo como
aquele que escreve, na maioria das vezes, utilizando um tema espinhoso e primando
pela verdade, o dizer a verdade, seja de modo indireto ou mais direto, que acabava
por atingir sujeitos sociais de várias esferas (governo, Igreja Católica, etc.). Assim, “[...]
o poeta se define como aquele que denuncia os vícios do seu tempo, a
desonestidade e a corrupção. É conhecido também por marcar nossa literatura com
temas que versam sobre a transitoriedade e a perda” (PASQUALINI, 2012, p. 70).
Para ilustrar a obra de Gregório de Matos de forma mais nítida, segue um de
seus poemas, para uma breve explanação em relação às características tanto do
Barroco quanto do estilo próprio do poeta:
77
Po/rém, /se a/ca/ba o/ Sol/, /por/ que/ nas/ci/a?
Se/ for/mo/sa a/ Luz/ é/, por/ que/ não/ du/ra?
Co/mo a/ be/le/za as/sim/ se/ trans/fi/gu/ra?
Co/mo o/ gos/to/, da/ pe/na as/sim/ se/ fi/a?
Nesse soneto, com versos decassílabos e rimas ABBA BAAB CDC DCD, o leitor
é convidado a questionar, juntamente com o poeta, a efemeridade das coisas
mundanas, pela sensação de vida que nos coloca frente a uma situação que é
passageira e que nos leva a indagar sobre o belo e o vivo diante do que é passageiro,
que não dura para sempre. Palavras que configuras dualismos podem ser
observadas, tais como nascimento/morte, tristeza/alegria, luz/escuridão.
Nessas circunstâncias da vida, o homem é colocado diante de circunstâncias
contraditórias, fazendo emergir na escrita de Matos a antítese, presente forte na
poesia barroca. Para além disso, essas contradições sinalizam os sentimentos
humanos da época, marcados pelas incertezas, certos pessimismos e
questionamentos sobre a própria vida terrena.
Segundo Veríssimo (1998), na escrita de Matos, há a presença constante de
traços baianos, lugar de origem do poeta, servindo como referência para sua obra,
que incluía com recorrência os habitantes daquele lugar. O encerramento das
estrofes de seus poemas detém outra curiosidade peculiar, que é a menção de uma
perda dos valores em decorrência das práticas governamentais, que não se atentam
para as causas do povo baiano e lhe provocam ocorrências negativas. De acordo
com o pesquisador destacado, essas nuances poéticas colocam o referido poeta
78
como uma importante figura no tocante a exprimir a realidade de uma sociedade,
retratando a realidade de acordo com os acontecimentos no período histórico
vigente.
Após o período denominado Barroco, entra em cena o Arcadismo, que se
configura por ser considerada outra escola literária e a qual será abordada na seção
seguinte, na dimensão dos estudos poéticos brasileiros.
79
(SAMBUGAR et al., 1997).
Estamos falando do século XVIII, período efervescente na história, sobretudo
europeia, ocorrendo fenômenos políticos e sociais consideráveis, como a Revolução
Francesa, que instaurou um novo modelo de sociedade, interditando o privilégio da
nobreza. Destaque para Napoleão Bonaparte, jovem que conquista distintas classes,
como a burguesia e intelectuais, que clamavam por liberdade, vindo a ser,
posteriormente, imperador francês. Além disso, no âmbito produtivo e econômico,
ocorre a Revolução Industrial, refletindo nos modos de produção e de relações
trabalhistas, além de mudanças sociais. Nesse período, a ascensão burguesa é nítida,
devida em boa parte à propagação de opiniões, pelo crescimento dos meios de
comunicação.
Esses acontecimentos, que marcam a sociedade desse período, vão ao
encontro das ideias iluministas, em que a sociedade clama por uma vida simples e
por transformação cultural, inclusive literária. Em se tratando dos métodos científicos,
estes ganham importância, devendo ser vistos e tomados como modelos de
comprovação, de modo exclusivo. A racionalidade é então levada a cabo no
Arcadismo que, ao contrário da fase barroca, abandona a religiosidade em prol de
um tratamento mais real frente às situações cotidianas.
Esses acontecimentos mais gerais não deixam de refletir na política e a
economia brasileiras, mas o que mais marca a história brasileira nesse período, sem
dúvida é a Inconfidência Mineira. Uma sucessão de ocorrências vem a ser sua causa,
iniciando-se com a escassez da exploração de minérios no país, ampliando as dívidas
brasileiras com a coroa portuguesa, pressionando medidas como cobrança de
impostos e pressões administrativas sobre a colônia, resultando em ideias de
independência brasileira em relação a Portugal, fruto também das ideias iluministas.
Nesses conflitos, surge o líder Tiradentes, que é morto enforcado, colocando a
liberdade brasileira em segundo plano.
80
Segundo Pasqualini (2012), esse movimento, embora não signifique uma
revolução vitoriosa, é marcado historicamente por apresentar reflexos positivos na
literatura brasileira. Esse acontecimento serviu de pano de fundo para o surgimento
de vários poetas integrantes do Arcadismo, em que se sonhava com uma República
brasileira. Após esses fatos históricos da colônia, a cidade de Ouro Preto (na época
Vila Rica) é sede de um grupo de líderes com ideias iluministas e que ansiavam por
uma revolução, uma liberdade política e literária brasileira. A literatura é então
valorizada, pois é sentida como uma possibilidade de aproximação entre indivíduos
e de se promover movimentos, como chegam a ocorrer, de modo a agregar opiniões
sobre os ideais nacionais e a nova literatura.
O termo Arcadismo advém das Arcádias, para as quais os poetas se
convergem, além das Academias. Esses movimentos estimulam a produção literária
nacional e conferem uma união entre artistas de vários segmentos, desde a poesia
até a pintura e a escultura, como formas de expressão e de liberdade. Esses
movimentos de articulação em prol de uma prática artística de modo mais conjunto
possibilita a criação de um estilo literário que valorizava a estética, tendo em vista as
ideologias que circunscreviam na população do século XVIII. Essas mobilizações
possibilitam, assim, a instauração do Arcadismo como estilo literário com potencial,
sendo o “sistema literário” desse período (CANDIDO, 1959).
Covenhamos destacar a Arcádia Ultramarina, que nada mais é que uma
sociedade literária que apresenta seus primórdios em Vila Rica (MG), que toma como
base a Arcádia Romana, sendo comum a adoção de pseudônimos para a escrita
de poesia. Tendo surgida no Brasil em meados do século XVIII, essa arcádia é
inspirada nos renascentistas, filosofia francesa, além dos clássicos gregos e latinos.
Além disso, o Arcadismo apresenta forte ligação com a música, tanto em Portugal
81
quanto no Brasil, sendo que, em muitas ocasiões dos saraus e nas reuniões das
Arcádias, as letras musicais (cantigas) eram as poesias dos poetas, com destaque
para a modinha com auxílio do lundu (dança originada dos negros e dos congos).
Algumas sinalizações de suas características já foram feitas, mas,
direcionando-se para essas marcas estilísticas, pode-se dizer que o Arcadismo é
povoado por verossimilhança, excluindo o que só existe pelo imaginário, isto é, de
cunho mais subjetivo. A valorização da natureza é outro ponto forte dessa literatura,
que procura descrever, de forma breve, aspectos da natureza, o bucólico (poesia
pastoril), um ritmo suave e valorização de imagens. Essas evidências estabelecem
uma relação mais próxima entre homem, literatura e natureza, através do bucolismo,
em que o verdadeiro é o racional, como exposto na concepção iluminista de que a
verdade só deve ser concebida pela ciência.
A valorização da natureza direciona a sociedade/o poeta ao espaço
camponês, natural, pois o espaço urbano não oferece esse conforto. Nessa
concepção, é preciso se abster as vaidades burguesas para seu alcance, para uma
vida simples e livre de vaidades urbanas, cujo ideal é fugir para um lugar tranquilo em
que a natureza possa reinar (COUTINHO, 2004b). Embora a racionalidade é bastante
privilegiada nesse estilo poético, é preciso afirmar que nem sempre o poeta descrevia
as paisagens naturais tais como eram de fato, fazendo um trabalho de idealização
da natureza.
Nesse momento rico da poesia brasileira, vários escritores surgem e são
produtivos nesse cenário, como Silva Alvarenga (1749-1814), Santa Rita Durão (1722-
1784), Basílio da Gama (1741-1795), Alvarenga Peixoto (1742-1793), com destaque
para dois em específico, Cláudio Manuel da Costa (1729-1789) e Tomás Antônio
Gonzaga (1744-1810). Para um conhecimento mais detalhado dessa fase literária
brasileira, seguem uma abordagem mais esmiuçada desses poetas, inclusive com
análises de alguns de seus poemas, possibilitando uma visão mais nítida das
características descritas.
Segundo Pasqualini (2012), Cláudio Manuel da Costa nasceu em Vila Rica, em
Minas Gerais, e passa uma temporada em Portugal, onde estuda Direito na
Universidade de Coimbra e nesse local dá seus primeiros passos na poesia. Quando
de seu retorno ao Brasil e à sua terra natal, trabalha na área administrativa e depois
é preso por integrar o movimento da Inconfidência Mineira, resultando em sua morte
em 1789. Essa morte gera polêmica por não se saber ao certo o que aconteceu, pois,
82
o mistério levantou hipóteses diferentes, em suicídio e homicídio.
Esse poeta, embora integrante do Arcadismo, apresenta uma escrita com
traços barrocos, tais como metáforas e linguagem rebuscada. Vejamos um exemplo:
83
justifica a sua característica pastoralística, ao rechear os versos de sentimentalismo.
84
FIXANDO O CONTEÚDO
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.
85
a) Poesia épico-amorosa e obras dramáticas.
b) Poesia satírica e contos burlescos.
c) Poesia lírica, de caráter religioso e amoroso, e poesia satírica.
d) Poesia confessional e autos religiosos.
e) Poesia lírica e teatro de costumes.
a) Caráter de jogo verbal próprio da poesia lírica do séc. Xvi, sustentando uma crítica
à preocupação feminina com a beleza.
b) Jogo metafórico do barroco, a respeito da fugacidade da vida, exaltando gozo
do momento.
c) Estilo pedagógico da poesia neoclássica, ratificando as reflexões do poeta sobre
as mulheres maduras.
d) As características de um romântico, porque fala de flores, terra, sombras.
e) Uma poesia que fala de uma existência mais materialista do que espiritual, própria
da visão de mundo nostálgico-cultista.
86
e) Penetração de tendência mística e religiosa, vinculada a expressão de ter ou não
fé.
6. (ENEM 2016)
Soneto VII
Onde estou? Este sítio desconheço:
Quem fez tão diferente aquele prado?
Tudo outra natureza tem tomado;
E em contemplá-lo tímido esmoreço.
7. (UFSCar)
Texto 1
Eu quero uma casa no campo
do tamanho ideal
pau-a-pique e sapê
Onde eu possa plantar meus amigos
meus discos
meus livros
e nada mais
(Zé Rodrix e Tavito)
87
Texto 2
Se o bem desta choupana pode tanto,
Que chega a ter mais preço, e mais valia,
Que da cidade o lisonjeiro encanto;
Aqui descanse a louca fantasia;
E o que té agora se tornava em pranto,
Se converta em afetos de alegria.
(Cláudio Manuel da Costa)
Lira I
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, d’expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
88
A POESIA BRASILEIRA UNIDADE
NA ERA NACIONAL
08
Classificar os períodos literários brasileiros não é tarefa fácil, tendo em vista que
esses momentos históricos são muito bem demarcados ou estanques, mas essas
subdivisões servem também para problematizarmos nossos movimentos e transições
literárias. Como bem coloca Cândido (1959), no texto Formação da literatura
brasileira, quando se fala em uma Literatura Nacional significa uma escrita voltada
para uma tradição puramente brasileira, que se observa mais ao final do Arcadismo
e se acentua no Romantismo, que sublinham nossa riqueza natural e também nossa
história. No Romantismo é recorrente a valorização da natureza, assim como no
Arcadismo, e também do índio, atribuindo uma originalidade literária brasileira que
não se via até então.
Isto posto, os escritores brasileiros instauram, a partir do século XVIII, uma escrita
pátria que valoriza nossas origens, não somente pelo indianismo, mas também pela
valorização da cultura africana, que originam a cultura brasileira. Além disso, a
cultura urbana é abordada, pelas mudanças que se observam nas cidades desse
momento, fundando, portanto, uma literatura nacional pelas abordagens locais e
que nesse período o público leitor torna-se mais considerável.
89
fenômenos relevantes para seu surgimento (MERQUIOR, 1979). Esses episódios
demarcam transformações sociais consideráveis, tendo em vista que a burguesia vai
ganhando força em detrimento da queda aristocrática. Impulsionada sobretudo
pela industrialização das cidades, observa-se, nesse período, um crescimento da
população urbana e com ela a emergência de novas formas de práticas artísticas e
culturais.
Na Europa, essa nova literatura que começa a conquistar espaço apresenta
seu início na Alemanha, se expandindo pela Europa até chegar ao Brasil. Por aqui, as
transformações governamentais são notadas principalmente pela transição de
colônia para o sistema imperial, em que Rio de Janeiro passa a ser sede de residência
da corte portuguesa. Nesse período, ocorre um vasto desenvolvimento comercial, da
agricultura e também industrial, além da comercialização de livros e bibliotecas,
impulsionando o estabelecimento de uma nova criação literária.
Por aqui, essa escola literária surge no seio de aspectos nacionais, como o
sonho de Independência, apreciação de aspectos geográficos, bem como a
valorização do índio, como sendo os primeiros habitantes que aqui ocuparam. Nessa
direção, o sentimentalismo que se aflora na poesia sublinha esses aspectos brasileiros,
como sinônimo de patriotismo. A intenção era primar por uma literatura que fosse ao
encontro da vida comum da população, além de uma liberdade também poética.
A valorização da natureza como uma forte característica do Romantismo
brasileiro se deve ao seu contexto histórico, em especial à fundação do Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), tendo sido inspirado naquele criado em Paris,
em 1834. A partir dessa criação brasileira, vários líderes, incluindo intelectuais e
literatos cariocas, associaram-se a essa fundação, tendo a proteção, inclusive, de D.
Pedro II que se torna um grande incentivador desse instituto. Por meio do IHGB, esse
grupo desejava evidenciar a história brasileira, dando ênfase aos heróis e sublinhar a
identidade brasileira, com destaque para os historiadores e poetas: Januário Barbosa
(1780-1846), Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878) e Sílvio Romero (1851-1914),
este sendo também crítico literário. Essa instauração explica o sentimento de
nacionalidade que é propagado no Brasil nessa época, refletindo na poesia
romântica essa valorização histórica e geográfica.
Segundo Pasqualini (2012), o Romantismo é marcado por características tanto
na forma poética quanto em suas temáticas, com o rompimento de normas rígidas
tradicionais no que diz respeito à métrica e à rima, além da superação do soneto que
90
perdurou por muitos séculos como norma poética, embora ainda é usado nesse
período. Além disso, o que marca esse novo estilo que vai se aflorando é uma
subjetividade, em que a valorização do “eu” se faz latente na poesia, com expressão
sentimental considerável. Nesse contexto, a razão sede lugar para as sensações
íntimas, a sensibilidade e a emoção.
De forma lenta, a poesia romântica vai ganhando notoriedade no cenário
brasileiro, por meio de rupturas e valorização de aspectos brasileiros, fazendo com
que esse período seja dividido em três fases: a inicial, que denomina-se de
nacionalista ou “Indianista”; a segunda geração, conhecida como “Ultrarromântica”
ou “Mal do Século”; e a terceira fase que é também denominada de condoreira.
Dentro das características mais abrangentes, cada fase da referida escola
literária apresenta traços específicos do período, tendo em vista os acontecimentos
políticos, sociais e culturais que aqui se dão e que refletem diretamente na produção
poética da época, com tendências românticas. Como, por exemplo, na primeira
geração o destaque é para os ideais de independência de Portugal, o que
comprova o amor pela nação brasileira na época, além da ideologia indianista
(MERQUIOR, 1979) como centro desse universo que caminhava para a
Independência. Nessa geração, dois poetas se destacam com maior veemência,
quais sejam: Gonçalves Dias e José de Magalhães.
91
Canção do exílio
92
expressão de vida individual, em que o egocentrismo se dá de forma visível. No que
tange aos sentimentos, o pessimismo e a angústia demarcam esse universo subjetivo,
egocêntrico. Nessa mistura de sentimentos, há uma tendência para a valorização do
sonho e da morte, consequência de uma fuga da realidade e uma exagerada
idealização da mulher. Destaque para os poetas Álvares de Azevedo (1831-1852) e
Cassimiro de Abreu (1839-1860).
Na terceira geração, já no final do século XIX, também denominada de
Condoreirismo, algumas marcas históricas se fazem presentes e que refletem na
construção poética do período. É o período da história do Brasil marcada por
acontecimentos relevantes no que tange aos ideais de liberdade, tais como a
Abolição da Escravatura e a Proclamação da República. Dessa forma, aspectos
históricos dessa época se fazem presentes na poesia, demarcando um país
teoricamente livre e que seguiam seus passos livre da dependência portuguesa. Além
disso, essa liberdade é abordada também nos aspectos sociais e de progresso,
trazendo à tona a ideia de igualdade, justiça social e desenvolvimento. O poeta mais
representativo desse período é Castro Alves (1847-1871) (PASQUALINI, 2012).
O projeto estilístico que norteia o Romantismo, para além de uma liberdade
brasileira no sentido político, econômico e social, coloca sobre a mesa elementos
que justificam uma fase singular não apenas em se tratando de uma escola
específica, mas pela criatividade individual. Nessa escrita, uma vez que o
sentimentalismo é valorizado, além de certo egoísmo e narcisismo, a criatividade
ganha destaque, com a superação de normas tradicionais para a entrada de algo
singular com existência própria.
93
a realidade enquanto inspiração. Nessa nova era, elementos vinculados a um
progresso, tais como a tecnologia e ciência, inspiram novos modos de relação do
homem com a sociedade, inspirando uma configuração poética mais objetiva e sem
mascaramento e fuga da realidade. “A arte assumiu um papel de reproduzir uma
realidade sem alterações, segundo uma técnica fotográfica de recente invenção”
(POSSAMAI, 2011, p. 5).
Essa transformação social que se deve aos aspectos de evolução e de
valorização da ciência coloca em evidência o Positivismo de Augusto Comte, em
que a visão de mundo só deveria ser embasada aos moldes científicos. Essa nova
ordem instaura um estilo racional de criação, em que a razão impera sobre a
emoção, cujos conhecimentos devem ser considerados como os advindos da
ciência. É a época em que o saber é tomado como sinônimo de felicidade, tendo
em vista que seja sinônimo também de progresso em várias áreas e da própria
sociedade.
94
Nesse cenário do Realismo, surge Machado de Assis, expoente da literatura
brasileira que se destaca por uma autenticidade nas letras. João Maria Machado de
Assis nasceu no Rio de Janeiro e faleceu na mesma cidade. De origem humilde, seus
estudos se dão em escolas públicas e não chega a ingressar no ensino superior,
aderindo-se à escrita literária como forma de ascensão social. Encontra-se, nesse
escritor, uma mistura de traços de diferentes estilos, como vistos no Romantismo e no
Naturalismo, além de provocar o leitor por meio de um elaborado suspense
(COUTINHO, 2004b). Suas primeiras publicações se dão em 1855, tendo uma vasta
obra no percurso de sua vida dedicada à literatura.
As relações entre Machado de Assis e o escritor português Eça de Queiroz não
foi das mais tranquilas, haja vista as críticas de Machado à obra de Eça,
especialmente os polêmicos romances O crime do Padre Amaro (1875) e O Primo
Basílio (1878). Há indagações sobre a entrada de Assis no Realismo com o objetivo de
competir com o referido literato português, que sugere marcas de inveja e ciúmes,
embora o escritor brasileiro tenha demonstrado admiração pelo português.
Considerado pelos críticos literários como um dos mais importantes literatos
brasileiros, tendo em vista que sua obra é bastante pesquisada por acadêmicos, a
obra machadiana se divide em romances, contos, peças teatrais e poemas, sendo
lançadas obras póstumas de sua autoria. Quanto à coletânea de poemas,
destacam-se as cinco publicadas: Crisálidas (1864), Falenas (1870), Americanas
(1875), Ocidentais (1880) e Poesias Completas (1901).
A caridade
95
No amoroso seio as crianças tomaste,
E entre beijos – só teus – o pranto lhes secaste
Dando-lhes leito e pão, guarida e amor.
(ASSIS, 1864, p. 41, adaptado)
O poema faz menção entre a religiosidade, isto é, o ter a fé, e as obras que
comprovam esse gesto, estabelecendo uma união entre vivência dessa fé e sua
ligação divina (o material e transcendental). Para tanto, faz alusão a Deus e a uma
mulher que dá a entender ser Nossa Senhora. Refere-se à sociedade, bem como
apresenta os ensinamentos bíblicos, o discurso de que não adianta dizer que crê
apenas na teoria, mas demonstrar pelas realizações de caridade. No contexto do
realismo, esse poema não deixa de ser um retrato da realidade daqueles que se
dizem religiosos sem sustentar uma prática que a torne sólida.
Nesse poema, a presença da religiosidade aponta também para traços pré-
românticos e nessa relação cabe ressaltar que esse poeta apresenta seus momentos
na literatura romântica. A religiosidade como pano de fundo do poema destacado
pode ser entendido como fruto da forte presença dos ideais religiosos de François-
René de Chateaubriand (1768 - 1848), e que Assis traz para a sua obra.
8.3 O NATURALISMO
96
escrever apresentava uma função, ainda que de forma indireta, a abordagem em
relação aos aspectos políticos, sociais e culturais da época se davam de forma
exuberante. Assim como visto na literatura realista, no Naturalismo há a
predominância de uma visão de homem por meio de um cientificismo, se libertando
do sentimentalismo impregnado na era romântica. Segundo Coutinho (2004b), a
escrita naturalista adota um estilo de fidelidade da realidade, contestando fatos que
careciam de reformas.
Seguindo a linha da Biologia que procura explicar a origem do homem, isto é,
atribuindo importância à cientificidade, como se percebe no Realismo, a escrita
naturalista contesta a religiosidade no que concerne a esses fatos. Trata-se de uma
literatura que preza pelo registro do presente e que apresenta uma aliança entre arte
e realidade social, rompendo com o convencionalismo de uma arte pela arte.
Os principais escritores que se sobressaem nesse período são Aluísio de
Azevedo (1857-1913), Adolfo Caminha (1867-1897) e Herculano de Sousa (1813-1884).
Segundo Possamai (2011), no que concerne à escrita de Azevedo, esse escritor
consegue falar a língua do leitor, isto é, a abordar temas que estava ao seu alcance.
Nascido em São Luís do Maranhão, Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo é o maior
representante do Naturalismo brasileiro. Com vocação para as artes, em especial
para o desenho e a pintura, estudou pintura no Imperial de Belas-Artes, no Rio de
Janeiro. No retorno à terra natal, ao trabalhar na imprensa, dá início à vida na
literatura, tendo escrito inúmeras obras ao longo da vida. Segue um poema de sua
autoria:
Pobre amor
Calcula, minha amiga, que tortura!
Amo-te muito e muito, e, todavia,
Preferira morrer a ver-te um dia
Merecer o labéu de esposa impura!
Que te não enterneça esta loucura,
Que te não mova nunca esta agonia,
Que eu muito sofra porque és casta e pura,
Que, se o não fôras, quanto eu sofreria!
Ah! Quanto eu sofreria se alegrasses
Com teus beijos de amor, meus lábios tristes,
Com teus beijos de amor, as minhas faces!
Persiste na moral em que persistes.
Ah! Quanto eu sofreria se pecasses,
Mas quanto sofro mais porque resistes!
97
Sendo uma característica do realismo e do realismo-naturalismo, o poema é
estruturado em forma de soneto, recuperando a formalidade contida na poesia de
outrora. O eu lírico se direciona a uma virgem e demonstra seu amor, que deverá ser
apenas sua e resgata o valor da pureza feminina. Esse resgate vai ao encontro dos
valores familiares e sociais do século XIX, quando se casar virgem era tido como uma
dádiva e revelava a adesão da mulher a um único homem ao longo da vida.
98
período na poesia se estende ao ideal republicano, em especial em São Paulo e no
Rio de Janeiro.
Quanto ao Parnasianismo, os três escritores principais são: Alberto de Oliveira
(1857-1937), Raimundo Correia (1859-1911) e Olavo Bilac (1865-1918). Antônio
Mariano Alberto de Oliveira nasceu em saquarema, inspirado na poesia europeia,
mais precisamente francesa, instaura no Brasil esse perfil literário, dando início a essa
era poética no nosso país. A sua poesia se divide em duas fases, sendo a primeira
com temas exóticos e a segunda, natureza brasileira. Dentre suas características e da
própria poética parnasiana, esse escritor não se preocupa com a estrutura e com a
linguagem na poesia, inclusive com erros de colocação pronominal e ortográficos
(POSSAMAI, 2011). Algumas de suas obras: Canções Românticas (1878), Meridionais
(1884), Sonetos e Poemas (1885), dentre outros.
Raimundo da Mota de Azevedo Correia nasceu em São Luís, tendo se formado
advogado no Rio de janeiro e atuado como juiz nesse estado. Ao contrário de
Alberto, Raimundo percebia a necessidade de se aderir a uma linguagem culta e a
uma formalidade poética. Porém, carrega na sua poesia um pessimismo
exacerbado. Vale ressaltar que esse poeta transita por distintos estilos, tendo iniciado
sua escrita nos moldes do Romantismo, posteriormente, como parnasianista e, depois,
como simbolista. Suas obras se traduzem em: Primeiros Sonhos (1879), Sinfonias (1883),
Versos e Versões (1887), Aleluias (1891), Poesias (1898).
Olavo Bilac, diferentemente da noção de uma poesia que apreciava uma
denúncia social, prezava a arte pela arte. A concepção de que a forma não constitui
o produto por si só, essa circunstância coloca a poesia na condição de algo
inatingível, como se não houvesse um caminho para a expressão perfeita (POSSAMAI,
2011). Segundo essa autora, Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac nasceu no Rio de
Janeiro, tendo iniciado os cursos de medicina e direito, interrompidos. Primando por
uma temática amorosa nas suas poesias, a melancolia também é evidente na sua
obra, uma espécie de recorrência à poesia romântica. A busca pela perfeição, tanto
na língua quanto no verso, faz de Bilac um poeta perfeccionista, embora emotivo.
Algumas de suas obras: Poesias (1888); Tratado de versificação (1910); Tarde (1919),
esta como sendo a que comporta o poema abaixo:
99
Vila Rica
100
sendo relevante para a compreensão da realidade. Frente a esse contexto, surge
uma nova corrente na literatura, denominada de Simbolismo, surgindo na França e
sendo denominado, também, de Decadentismo.
Esses símbolos poderiam ser representados por diferentes elementos, como
aspectos musicais, a rítmica, a tonalidade e até mesmo o colorido, que
representavam algo para além dos sentidos. Segundo as concepções de Bosi (2004),
mudanças políticas e econômicas pairam sobre a Europa nesse momento histórico,
com o avanço do capitalismo, advindo das revoluções industriais, e a Primeira Guerra
Mundial. Nesse contexto, surge uma espécie de repulsa em relação ao materialismo.
No que concerne ao movimento simbolista em relação à literatura, uma nova
estética emerge, em que o poeta se vê diante de um conjunto de símbolos como
representativos do universo. A representação figurada deveria então ser descoberta
pelo poeta, como aquilo que para ele é visível e que cabia a ele transferir para o
fazer literário essas sensações subjetivas do universo. O símbolo nada mais é que um
objeto que representa outro objeto, mas que no tocante à literatura, esse objeto
apresenta também vida própria, ele apresenta e não apenas representa.
Nessa concepção de literatura, elementos do contexto romântico se fazem
presentes, como um retorno dessa poesia para a construção dessa vertente nova
que se inicia. Os poetas se expressam, pelas convenções simbolistas, por meio de
lapsos da linguagem, que colocam em evidências os sonhos, as alucinações e os
devaneios, que promovem uma espécie de ruptura com a linguagem convencional.
Nesse movimento, o eu é colocado em evidência, como o centro. Além disso, o
estado da alma, o individualismo, a utilização de metáforas e símbolos, o idealismo e
as místicas se fazem presentes como norteadores dessa tendência (POSSAMAI, 2011,
p. 102).
Segundo as palavras de Coutinho (2004c), esse novo fazer poético significa
várias transformações no que concerne à prática literária, em que a poesia é
permeada pela imaginação de um mundo, dando ênfase ao mundo invisível,
marcado pela irracionalidade. Há, nessa poesia, todo um universo de obscuridade e
imprecisão, pautado pelo mistério e que foge a uma lógica precisa. É nesse contexto
que ocorre uma fusão entre aspectos artísticos distintos, tais como a literatura, a
música e a pintura. Essa corrente é considerada uma ruptura da mecanicidade do
fazer poético calcado no cientificismo, no materialismo, e abre caminho para um
novo Romantismo.
101
No Brasil, esse movimento ganhou força pela reunião de alguns escritores no
Rio de Janeiro para discussões acerca desse novo estilo de fazer poético, baseando-
se nos moldes franceses, gesto que foi nomeado de “decadentista”. Dessa iniciativa,
um manifesto foi publicado, dando visibilidade a essa nova corrente literária que
dava seus primeiros passos no Brasil.
Como aponta Junkes (2008), o poeta que mais se destaca nessa geração
simbolista é Cruz e Sousa (1861-1898). João da Cruz e Sousa nasceu em Nossa Senhora
do Desterro. Alguns teóricos consideram esse poeta como o único originalmente
negro na literatura brasileira. Suas principais obras são: em vida: Broquéis (1893),
Missal (1893), Tropos e Fantasias (1885). Além dessas, algumas póstumas merecem
destaque: Últimos Sonetos (1905), Evocações (1898, poemas em prosa), Faróis (1900,
poesia). Ressalte-se que esse poeta, assim como o movimento simbolista, enfrenta
resistências, cuja obra é desprestigiada e incompreendida.
Livre!
102
FIXANDO O CONTEÚDO
a) Uma forma de apresentar o índio em toda a sua realidade objetiva; o índio como
elemento étnico da futura raça brasileira.
b) Um meio de reconstruir o grave perigo que o índio representava durante a
instalação da capitania de são vicente.
c) Um modelo francês seguido no brasil; uma necessidade de exotismo que em nada
difere do modelo europeu.
d) Um meio de eternizar liricamente a aceitação, pelo índio, da nova civilização que
se instalava.
e) Uma forma de apresentar o índio como motivo estético; idealização com simpatia
e piedade; exaltação da bravura, do heroísmo e de todas as qualidades morais
superiores.
103
A fronte não cingi de mirto e louro,
Antes de verde rama engrinaldei-a;
De agrestes flores enfeitando a lira;
Não me assentei nos cimos do Parnaso.
(...)
Cantor das selvas, entre bravas matas
Áspero tronco da palmeira escolho."
a) Apenas I e II.
b) Apenas I e III.
c) Apenas II e IV.
d) Apenas II e III.
e) Apenas III e IV.
104
5. (Mack) Assinale a alternativa correta sobre Machado de Assis.
a) Embora tenha sido um dos maiores escritores brasileiros do século XIX, não
conseguiu em vida o reconhecimento de sua obra.
b) Uma de suas linhas temáticas está presente na valorização do comportamento do
homem burguês.
c) Introduziu o Realismo no Brasil em 1881, mas enveredou para o estilo naturalista ao
tematizar aspectos patológicos do comportamento.
d) Uma das marcas de seu estilo é a linguagem crítica, que se apresenta de maneira
direta e seca.
e) Vivendo num período de culto ao cientificismo, questionou lucidamente o valor
absoluto das verdades científicas.
a) I.
b) I e II.
105
c) I e III.
d) II e III.
e) I, II e III.
8. (Unificado-RS)
a) Eufemismo.
b) Polissíndeto.
c) Sinestesia.
d) Antítese.
e) Paradoxo.
106
A POESIA BRASILEIRA UNIDADE
NA ERA MODERNA
107
Essa transição entre os dois períodos de maior visibilidade na literatura brasileira
ocorre por meio de vários outros movimentos artísticos no seu interior, tais como o
neoparnasianismo, que recupera estilos parnasianos, no início dos anos 1900, com
destaque para Augusto dos Anjos (1884-1914) e Humberto de Campos (1886-1934).
Alimentados pelos ideais de filósofos, como Baudelaire, os poetas se expressam por
meio de um pessimismo exagerado, de tristeza e questionamento sobre a vida
(POSSAMAI, 2011).
Outro movimento artístico que ganha força é o Impressionismo, que nada mais
é que uma manifestação, sobretudo no campo da pintura, de uma impressão do
mundo a sua volta, povoada por subjetivismo. Essa manifestação elucida a visão
própria do artista, sendo praticada em teor mais considerável na pintura, com
destaque para os efeitos de luz e retratando elementos da natureza, bem como é
possível observar na pintura abaixo, do impressionista francês Claude Monet (1840-
1926):
Figura 1: “Impressão – Sol Nascente”, 1874
108
convencionais, tendo como berço a França. Essa prática que se destaca na pintura
atinge também a poesia, pois os poetas começam a escrever inspirados em
sensações múltiplas, utilizando as palavras de forma não convencionais, como um
embaralhamento e mistura de várias cores, o que requereu uma busca de
independência entre esses dois campos culturais (CRISTOVÃO, 2009). (Essa
subjetividade na literatura, segundo Coutinho (2004c), atravessa um momento de
criação como algo fragmentado, inacabado e transitório, sem ficar preso à sintaxe
ordenada, pelo uso de metáforas, assim como se percebe no Romantismo, além da
sonoridade que é comum na poesia impressionista.
Além dos dois escritores destacados acima, outros integram esse período
literário de transição, quais sejam: Raul Pompeia (1863-1895), Graça Aranha (1868-
1931) e Afrânio Peixoto (1876-1947), dentre outros. Retomando Augusto Carvalho
Rodrigues dos Anjos, este nasceu em sapé-PR. Tido como pré-modernista brasileiro,
exerceu a função de professor no seu estado, tendo iniciado no universo poético já
na infância, com destaque para seu livro Eu e outras poesias (1912). Segue um poema
desse seu livro:
Vozes de um túmulo
109
lugar e o destino do homem. Por outro lado, a fraqueza do eu lírico não retrata
somente a si mesmo, mas a sociedade em geral, pelos sentimentos negativos que
povoam esse ser, trazendo consigo a insignificância e a efemeridade da carne. Há,
portanto, um sentimento de pessimismo frente aos sentimentos humanos, e que a
morte seria uma forma de se transformar em um ser melhor.
110
Frente a esses movimentos de Vanguarda e até mesmo pelo contexto histórico
que viria a ocorrer em momentos posteriores, emerge a Primeira Guerra Mundial, que
provoca uma mudança nas concepções em vários campos, tais como social e
ideológica. Dentre essas mudanças, como forte aspecto que reflete na literatura e
em outras artes, está a incerteza do cientificismo e dos questionamentos dos saberes
absolutos. Nesse contexto, já tendo existido no Surrealismo, o inconsciente ganha
destaque, advindas das teorias de Freud no campo da Psicanálise como
considerável para a compreensão do homem.
No período pós-guerra, ansiavam-se por novas formas de expressão que não
estivessem ainda presas ao passado. Nesse contexto, surge a figura de Oswald de
Andrade como líder para encabeçar um novo movimento artístico, conquistando
intelectuais e artistas para tal revolução. Dessa forma, o projeto ganha força, somado
às constantes exposições que passam a ocorrer na segunda década do século XX.
Dessa forma, vão se consolidando os modos diferenciados de se fazer arte no
Brasil, em especial a poesia, cuja fase, para além de Modernismo, o grupo de líderes
era denominado de futuristas. É nesse contexto que surge a ideia de se dedicar uma
semana à arte, que fica conhecida como a Semana de Arte Moderna, ocorrendo
em 1922 e como comemoração ao centenário da Independência do país. O evento
ocorre no Teatro Municipal, em São Paulo, reunindo todos os tipos de artes como
formas de expressão. Além dessa semana especial, outros espetáculos também
acontecem, como forma de reforço aos ideais propostos, no intuito de se dar um
novo rumo às práticas artísticas.
111
originalidade se faz a gosto do poeta. Os poetas modernistas aderem ao verso
branco e livre, rompe com a linguagem erudita em prol de coloquialismos, com erros
propositais. Essa corrente literária é dividida em três fases. Na primeira fase é
publicado o Manifesto Antropofágico, em 1928, de autoria de Oswald de Andrade,
sendo Tarsila do Amaral outro expoente desse movimento, cujo objetivo era
experimentar outras formas de cultura nacional. Esse manifesto é simbolizado por um
quadro de autoria de Tarsila que o dá de presente ao marido, Oswald:
Na primeira fase modernista (fase heroica), que vai de 1922 até 1930,
destacam-se Mário de Andrade (1893-1945), Oswald de Andrade (1890-1954), Manuel
Bandeira (1886-1968) e Patrícia Galvão (1910-1962), conhecida como “Pagu”. Dentre
suas principais características, destacam-se o regionalismo e linguagem informal,
nacionalismo, valorização da cultura popular, ironia, versos brancos e livres.
Na segunda fase (de consolidação), 1930 a 1945, Carlos Drummond de
Andrade (1902-1987), Cecília Meireles (1901-1964), Mário Quintana (1906-1994),
Vinícius de Moraes (1913-1980) e Murilo Mendes (1901-1975). Nessa fase, observa-se
uma forte presença de crítica social, ênfase para as temáticas cotidiana, religiosa e
histórica, destaque para valorização da diversidade cultural brasileira, versos livres e
brancos.
Já na terceira fase, entre 1945 e 1960 (“Geração de 45”), o destaque vai para
Mário Quintana (1906-1994), João Cabral de Melo Neto (1920-1999) e Guimarães Rosa
(1908-1967). Nessa fase, observa-se a inserção da mulher na literatura, considerando-
112
se a poesia de Clarice Lispector (1920-1977), Hilda Hilst (1930-2004) e Adélia Prado
(1935-atual). Nessa última fase, há a presença de uma linguagem mais objetiva,
elementos do Simbolismo e do Parnasianismo, aversão à liberdade formal, com a
presença da rima e da métrica, além de questões sociais fazerem presença de forma
notável como temáticas centrais.
Segundo Possamai (2011), Mário Raul de Morais de Andrade nasceu em São
Paulo, iniciando-se na escrita poética em 1917, após ter estudado no
Conservadorismo Dramático e Musical da mesma cidade. Pelos reflexos dos artistas
plásticos da época, esse escritor adere-se aos estilos modernistas, em que escreve
Pauliceia Desvairada (1922), seu primeiro e um dos mais famosos livros de poesia.
Destaca, em seus poemas, aspectos da cidade de São Paulo, ressaltando sua
população e as vivências naquela metrópole. Vejamos o poema que inaugura o
referido livro:
Inspiração
113
9.3 A POESIA CONCRETA
114
se
nasce
morre nasce
morre nasce morre
renasce remorre renasce
remorre renasce
remorre
re
re
desnasce
desmorre desnasce
desmorre desnasce desmorre
nascemorrenasce
morrenasce
morre
se
(CAMPOS,1958)
115
adepto da poesia concreta e depois abandona essa vertente e adere-se a essa
outra forma de escrita que é a poesia social.
116
FIXANDO O CONTEÚDO
a) Modernismo
b) Parnasianismo
c) Romantismo
d) Realismo
e) Simbolismo
2. (UDESC) A Semana da Arte Moderna de 1922 tinha como uma das grandes
aspirações renovar o ambiente artístico e cultural do país, produzindo uma arte
brasileira afinada com as tendências vanguardistas europeias, sem, contudo,
perder o caráter nacional; para isso contou com a participação de escritores,
artistas plásticos, músicos, entre outros. Analise as sequências que reúnam as
proposições corretas em relação à Semana da Arte Moderna.
117
Assinale a alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo.
a) II, III e V.
b) II, IV e V
c) I e III.
d) I e IV.
e) II e V.
118
5. (FESP-PE)
"Quando as casas baixarem de preço,/ Laura Moura, prenda minha,/ Uma delas será sua
sem favor./ Lá fora a bulha da cidade/ Disfarçará nosso prazer.../ E a gente, numa rede
maranhense,/ Ao som dum jazz bem blue,/ Balancearemos no calor da noite,/ Sonhando
com o sertão."
Poética
(BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de janeiro: José Aguilar, 1974)
119
a) Critica o lirismo louco do movimento modernista.
b) Critica todo e qualquer lirismo na literatura.
c) Propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico.
d) Propõe o retorno do movimento romântico.
e) Propõe a criação de um novo lirismo.
7. (ENEM) O uso do pronome átono no início das frases é destacado por um poeta e
por um gramático nos textos abaixo.
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
(ANDRADE, Oswald de. Seleção de textos. São Paulo: Nova Cultural, 1988.)
(CEGALLA. Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. São Paulo: Nacional, 1980.)
Comparando a explicação dada pelos autores sobre essa regra, pode-se afirmar
que ambos:
8. (PUC-PR)
de sol a sol
soldado
de sal a sal
salgado
120
de sova a sova
sovado
de suco a suco
sugado
de sono a sono
sonado
sangrado
de sangue a sangue
(Haroldo de Campos)
121
A TROPICÁLIA UNIDADE
122
interpretações de duas canções peculiares e fundadoras do movimento: Alegria,
Alegria, por Caetano Veloso, e Domingo no Parque, por Gilberto Gil.
Anos seguintes, por ocasião de demais festivais, estes se deram nessa linha
tropicalista, inclusive com o lançamento de um disco-manifesto, em 1968, contendo
o próprio nome em seu título: Tropicália ou Panis et Circencis, pela gravadora Philips
Records.
figura 3: Capa do disco-manifesto
123
especial a literatura de tendências vanguardistas, encontram-se inspirações em
prática também estrangeiras, além de o concretismo – verbovocovisual – inspirar essa
arte.
Portanto, ainda que o movimento possa ser observado como de forte vínculo
com a literatura, é no contexto da evolução da Música Popular Brasileira que esse
aspecto cultural ganha sustento, até mesmo se tratando de suas lideranças
vinculadas à música como recurso mais adequado para se expressar. Segundo
Favaretto (1995), essa nova roupagem musical traça uma relação entre fruição
estética e crítica social, sendo que os processos construtivos apresentam sua
importância nesse contexto. A enumeração caótica e a colagem, em um
movimento de desconstrução das tradições musicais, com destaque para o cool e
trata as questões sociais sem o pathos do momento.
124
movimento antropofágico de Oswald de Andrade, ocorrido no Modernismo literário
brasileiro. As letras tornam-se muito populares e esse é exatamente o objetivo do
movimento, com destaque para a evolução da indústria cultural, em especial a
fonográfica, que coloca em evidência também o nacionalismo populista.
Essa popularidade nos faz refletir sobre a popularidade cultural e a cultura
erudita, que não era praticada para todos, mas para uma fatia reduzida da
população. Essa democratização cultural, então, de fácil consumo, propunha um
processo de aproximação da população à realidade nacional, como forma de
conscientização sobre as questões políticas, sociais e culturais. Ocorre então uma
espécie de descentralização cultural, cujas letras exprimem um teor de protesto, bem
como outros gêneros musicais vinculados à MPB, tais como o pop, o caipira e o rock
brasileiro dos anos 1980, que acabam fundidos pela Tropicália (OLIVEIRA, 2019).
O discurso tropicalista, de modo não convencional, trata da realidade do país
de modo irreverente, aproximando-se do deboche em formato de protesto, que
clama por justiça social. Esse discurso se constitui como plurissignificante, haja vista as
várias referências de críticas e artísticas, sobressaindo-se o humor e o cafonismo como
características marcantes desse movimento tido ainda como lúdico, pelos seus
recursos construtivos (FAVARETTO, 1995).
125
tensão severa, com dois segmentos em conflito: de um lado os militares e, de outro,
a sociedade. Essa estrutura social requer então alternativas para reflexões e saída
para uma sociedade justa e democrática, cujo enfrentamento se daria por meio das
práticas artísticas, com destaque para a música e a poesia.
Se por um lado esses conflitos são observados como negativos, sobretudo
pelas suas consequências desagradáveis, por outro, há de se considerar uma
vantagem nesse contexto. Esses conflitos ideológicos provocam alterações no
cenário da produção cultural brasileiro, fazendo progredir a indústria cultural em
consonância com uma sociedade de consumo. Desses movimentos, nascem meios
de comunicação diferenciados, tais como a televisão, a modernização das
telecomunicações, propiciando novos formatos de comunicação em massa. O rádio
perde a hegemonia para esses novos meios, estes induzindo ao consumismo em
massa também pela imagem. Programas de TV passam a ser produzidos,
especialmente telenovelas, festivais e disco.
Essa época de ascensão do consumo pela expansão industrial, especialmente
no que concerne à cultura pelos veículos de comunicação, é marcada por uma
transformação da sociedade, que migra da zona rural para a urbana em busca de
melhores condições de vida. Essa urbanização reflete no consumo em larga escala
e possibilita os avanços culturais em todos os sentidos, provocando a produção de
novos produtos nesse sentido (OLIVEIRA, 2019, p. 25).
Como forma de enfrentamento à ditadura, as letras que veiculam na mídia
vão de encontro ao sistema de governo, resiste à ideologia conservadora e propõe
novas formas de artes, populares, de esquerda. “Temas como banditismo, armas de
fogo, enfrentamentos armados entre policiais e estudantes, desagregação de
valores da classe média brasileira, grupos marginalizados da sociedade [...]”
(COELHO, 2010, p. 116). Artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Torquato Neto
passam a compor letras com fortes críticas, como, por exemplo, “É proibido proibir”,
“Marginália” e “Enquanto seu lobo não vem”, dentre muitas outras que se contrastam
com o momento político e social da época.
Para ilustrar essa relação íntima entre as letras tropicalistas e a ditadura militar,
analisaremos a primeira supracitada no parágrafo anterior, composta por Caetano
Veloso em alusão ao próprio regime político brasileiro que, na ocasião apresentada
no III Festival Internacional da Canção, o artista foi vaiado pela letra de cunho político
militar:
126
É Proibido Proibir
E eu digo “não”
E eu digo não ao “não”
E eu digo é proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
E eu digo “sim”
E eu digo não ao “não”
E eu digo: é proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
A letra musical de Caetano, a começar pelo seu título, faz alusão à ditadura
militar que impunha um sistema autoritário e de censura cultural, não permitindo a
veiculação de qualquer tipo de expressão, especialmente aquelas que utilizassem
uma linguagem mais direta e com forte conotação política e social. O eu lírico, por
meio do repetido verso “É proibido proibir”, especialmente, coloca-se em posição de
resistência ao sistema e sugere liberdade, ainda mais quando se trata da juventude
da época, que anseia por gozar de uma vida livre, sem preocupações em ser
controlado por um sistema autoritário. E nessa direção os demais versos seguem nesse
horizonte de não proibição.
127
Além disso, há uma crítica em relação ao sistema capitalista brasileiro, o qual
provoca desigualdade social. Ressalta-se que esse gesto contracultural que se
observa na Tropicália apresenta sua base nos moldes culturais norte-americanos, em
que os hippies se rebelam dessa forma como é expressa pelo eu lírico na canção, em
que a aparente rebeldia é lema para as manifestações contra o conservadorismo.
Trata-se de um gesto de coragem de Caetano em relação à expressão de
enfrentamento, quando o sistema pedia silenciamento e obediência. Com um tom
irônico, a letra desperta distintos tipos de sentimentos na época de seu lançamento,
pautada por polêmica e provocando uma divisão na sociedade em relação à letra.
Além do que é apresentado na letra analisada, essas letras, no geral, fazem
alusão a vários aspectos vinculados à Ditadura Militar, evocando elementos como
“bomba”, “morte” e “cadeia”, como protesto e meio de conscientização da
sociedade, que encontra respaldo nos meios de comunicação em massa. Ressalta-
se que os grupos estudantis também se aderem ao movimento, jovens que buscam
por transformações sociais e, especialmente, políticas, de modo a ganhar visibilidade
pelos protestos.
No entanto, grupos conservadores reagem ao tropicalismo, pois esse
movimento se caracteriza pelo protesto, com forte crítica a ideologias da época.
Essas reações se dão principalmente pelos religiosos católicos. Essas reações incluem
desde bombas a destruição de cenários de shows dos artistas tropicalistas, inclusive
por espancamentos de atores de peças relativos ao movimento, em São Paulo e em
Porto Alegre. Desses conflitos, houve censura em relação a shows desses artistas,
como, por exemplo, na Boate Sucata (RJ), já que o cenário fazia referência à “[...]
homenagem do artista plástico Hélio Oiticica ao bandido Cara de Cavalo, morto
pela polícia carioca, além da suspensão do programa Divino Maravilhoso e da
própria prisão, e posterior exílio, de Caetano Veloso e Gilberto Gil” (OLIVEIRA, 2019, p.
36). A relação entre distintos formatos artísticos será abordada na próxima seção.
128
10.3 ALIANÇA ENTRE CINEMA, TEATRO, POESIA E MÚSICA
129
polarização cultural e social, além de esse grupo artístico se rebelar contra a
radicalização política que se observa em 1968.
Era preciso então debater e encontrar alternativas de atribuir uma nova
identidade brasileira, pois a dependência cultural ainda impera nesse período,
aspecto que requeria uma reflexão conjunta dos atuantes no campo cultural,
“música, literatura, artes plásticas, cinema, teatro, arquitetura etc.” (OLIVEIRA, 2019,
p. 25). Somado ao contexto da ditadura militar, esses debates e manifestações
tornam-se mais frequentes, haja vista que a Tropicália se caracteriza, especialmente,
por se tratar de um projeto liderado por artistas de esquerda.
É a partir da articulação desses diferentes tipos de artes que o tropicalismo
ganha fôlego, cujas discussões colocavam no mesmo patamar, dentre as
destacadas, principalmente a literatura, o teatro e o cinema. Obviamente não
estamos desprezando a música, principal símbolo desse movimento, mas para além
dela, aqueles são, sem dúvida, os tipos que ganham mais destaque para
engrenagem dessa nova proposta. Esses elementos em desenvolvimento integram a
indústria cultural brasileira do período, em que é debatida, também, uma espécie de
antagonismo entre dois segmentos de arte: de um lado a participante e, de outro, a
alienada. No que tange à música, de certa forma, foi preciso ganhar nova
roupagem, sendo pertinente que se desvinculasse da crítica literária para receber
novas fórmulas de apreciação.
Quanto à relação entre poesia e música, sem dúvida o tropicalismo promove
uma articulação bastante íntima entre essas duas formas de artes, para além do que
já havia realizado em momentos anteriores na literatura moderna. Aparentemente
semelhantes, aspectos como verbal e musical parecem fundir nesse processo criativo
e analítico, embora ainda apresente certas dificuldades de aproximação desses dois
processos criativos. A maior delas se situa no movimento de análise, já que a música
requer um cuidado mais apurado na sua leitura, pois além de texto possui a melodia
que também provoca sentidos.
130
nesse tipo de arte emergente no período histórico dado. Esse autor destaca Caetano
Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Os Mutantes e Gal Costa, expoentes da história desse
novo estilo musical e de outras formas de artes que integram esse universo.
Além dos destacados, outros nomes que também integram à lista são Jorge
Bem Jor, Chico Buarque, Nara Leão, Torquato Neto, José Carlos Capinam, Haroldo
de Campos e Waly Salomão, Rita Lee, Rogério Duarte, Rogério Duprat, Damiano
Cozzella Arnaldo Baptista e Júlio Medaglia. Desses, vários são poetas e, como
mencionado anteriormente, o concretismo ganha força nesse período na literatura e
na música brasileiras, se fazendo presente na linguagem cotidiana, desde a poesia
até slogan de televisão e na propaganda.
No que concerne à representatividade desse movimento pelos diferentes tipos
artísticos, podemos destacar alguns que se tornaram ícones nesse contexto. Na
música, os maiores representantes são exatamente os fundadores, citados no
primeiro parágrafo desta seção. Na poesia, os escritores mais marcantes desse
período são Torquato Neto (1944-1972) e José Carlos Capinam (1941-atual). Além
disso, merece menção honrosa o artista plástico Hélio Oiticica (1937-1980), além de
José Celso Martinez Corrêa (1937-atual) que se destaca no teatro. Essa articulação
artística demonstra que a Tropicália não é composta apenas por poesia, mas por
vários outros campos artísticos.
Torquato Neto nasceu em Teresina/PI, tendo sido poeta, jornalista e compositor
de letras musicais da MPB. Filho de um defensor público e de uma professora, muda-
se para Salvador para conclusão dos estudos secundários, onde conhece Gilberto
Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia. Posteriormente, muda-se para o Rio
de Janeiro para dar continuidade aos estudos e ingressa na faculdade de Jornalismo,
embora não conclua esse curso, mas exerce a função em vários veículos de
comunicação cariocas. Integra o movimento vanguardista na década de 1960, em
especial a Tropicália, sendo um nome importante na história dessa efervescência
131
cultural da época, juntando-se aos seus líderes que já eram conhecidos desse escritor
piauiense. O poema a seguir integra a obra póstuma desse escritor, os últimos dias de
Paupéria, de 1973:
Literato cantábile
132
Vários são os versos em que o eu lírico encontra-se em meio à angústia de viver
sob as patrulhas de esquerda, em que a cultura é controlada e os sujeitos obrigados
a aderirem ao que lhes é imposto: “não se fala / não é permitido: / mudar de ideia é
proibido [...] está vetado qualquer movimento”. Observa-se um movimento de
imposição e incapacidade de mudança, restando ao eu lírico à obediência ao
sistema e viver segundo às convenções da ditadura. Por outro lado, o poeta resiste,
ainda que por meio de um eu lírico desesperançoso, mas que não deixa de ser o
modo pelo qual o poeta expressa seu protesto para uma abertura cultural pautada
pela democracia.
133
FIXANDO O CONTEÚDO
a) I, III, IV apenas
b) II, IV, V apenas
c) III, IV, V apenas
d) I, II, III, IV, V
134
e) IV, V apenas
a) Purismo estético
b) Extremismo político
c) Tradicionalismo artístico
d) Movimento conservador
e) Experimentalismo cultural
135
5. Leia as três estrofes abaixo e, em seguida, aponte a alternativa correta.
136
a) A letra da canção mostra que os tropicalistas usavam a arte como instrumento
para a tomada do poder.
b) Ao valorizar a aproximação com a mídia os tropicalistas colocaram num plano
secundário a qualidade estética de suas canções.
c) Ao criticar a sociedade por meio da construção poética, a canção questiona
determinada concepção de esquerda dos anos 1960.
d) Para o tropicalismo as transformações sociais precedem as mudanças ocorridas
no plano subjetivo.
e) A letra da canção enfatiza temas sociais e revela o engajamento do autor na
resistência política armada.
a) Cinema Novo, que foi apoiado pelo regime militar, através de uma agência de
fomento — Embrafilme.
b) Tropicalismo, que marcou a desenraização da cultura brasileira, com a introdução
137
de ritmos estrangeiros no Brasil.
c) Apoio dos militares às principais formas de expressão cultural do período, com os
festivais de música e os movimentos estudantis, com o intuito de popularizar o
regime.
d) Reflexo na criação cultural da crise brasileira e da busca de alternativa para o país.
e) Característica de retorno ao passado, que marcou a produção cultural no período
de 1964-1986.
138
A POESIA MARGINAL UNIDADE
139
Neto, Ricardo de Carvalho Duarte (Chacal) e Antônio Carlos de Brito (Cacaso), entre
outros, referência na marginália, provocando impacto no sentido de tentarem trazer
o cotidiano para a literatura. Nesse período, os poetas, assim como outros
intelectuais, dividem-se em três blocos: os favoráveis ao regime militar; os que eram
contra, fruto de movimentos anteriores que aderiam à denúncia social por meio da
cultura; e os novos membros dessa arte engajada que se aderem à contracultura e
favorável a uma transformação estética da arte no momento vigente (BRITTO, 2012).
Embora a arte seja controlada pela censura, segundo Hollanda (2004), as
manifestações vão se organizando por si próprias, independentemente de
autorização do estado, como quem cria os próprios meios artísticos, assim como os
artesãos. Trata-se, portanto, de um modo de criação diferenciada do oficial, em
especial na primeira metade da década de 1970, inclusive com exposições nas
universidades, como a “Expoesia” que ocorre na PUC/RJ em 1973. Os livrinhos eram
produzidos e vendidos em cinemas, em museus e teatros, propagando essa
subversão poética, tanto no que se refere aos modos de produção quanto de
consumo dessa cultura.
140
Embora o sistema vigente fosse contrário a essa forma de expressão, esse tipo
de prática resiste e caracteriza-se como expressão livre. Quanto aos modos de
consumo, é um tipo de poesia que pode ser lida em qualquer lugar, até mesmo nas
paredes e portas de banheiros, indo na contramão da formalidade editorial. Vale
destacar que essa forma de poesia não é aceita pelas editoras, as quais resistem a
essa nova proposta, o que, de certa forma, contribui para as produções e circulações
alternativas.
Frente a essa poesia marginal emergente na década de 1970, muita polêmica
surge em torno dessa nova “democracia” cultural, não apenas pelo autoritarismo
militar que censura a veiculação de letras mais diretas, mas também por editoras e
por uma fatia da sociedade. É uma proposta que encontra resistências de todos os
lados, mas que é praticada, em especial por poetas na sua maioria jovens e que
anseiam por formas alternativas de se expressar e de se praticar a cultura, em
especificamente pela poesia.
141
essas demandas do momento vigente, já não leva em consideração o eruditismo, a
cultura de classes, enfim, dispensa a poética clássica, tradicional. “Tal gênero de
poesia seria marginal justamente por representar uma recusa de todos os modelos
estéticos rigorosos, sejam eles tradicionais ou de vanguarda, isso é, por ser uma
atitude antiintelectual e, portanto, antiliterária” (MATTOSO, 1981, p. 31).
Características como o coloquialismo e o humor são recorrentes, integrando a
base dessa proposta que, na verdade, não se propõe nada, já que sua essência é
uma individualização na escrita, sem modelo a ser seguido, no interior da
contracultura. Os poetas lançam mão de uma linguagem pautada por gírias,
palavras de baixo calão, herança do modernismo, mas com uma frequência e uma
profundidade de quem não conhece bem aquele padrão de literatura anterior.
Quanto às temáticas, além de amor, política e sociedade, abordam-se também sexo
e drogas, experiências marcadas pela juventude que são levadas para a poesia.
Nas considerações de Ferreira (2018), essa poesia ascendente dos anos 1970 é
desbundada, alegórica e subjetiva, que vai ao encontro de um leitor menos
preparado, em qualquer lugar do cotidiano. Além disso, nos poemas predomina a
assimetria nos versos, além de nomes próprios serem comumente escritos com letra
inicial minúscula. A leitura é acessível a todos, com versos reduzidos, brancos e livres,
fator que só vem a se alterar a partir dos anos 1980, quando a literatura se torna mais
séria, retomando suas formalidades mais aparentes, tais como o soneto.
Embora não haja forma fixa, um tipo de poema muito recorrente na literatura
marginal é o haicai (que também não é um padrão), como quem escreve para um
leitor apressado, sem muito tempo para leituras mais complexas e extensas. Nesse
momento, o poeta quer atingir aquele leitor da fila, dos bares, sem preocupações
com formalidades tanto na distribuição quanto nas leituras, que muitas vezes
atingiam apenas os intelectuais e universitários pelos estudos literários.
142
Além disso, os poetas marginais não estão preocupados com valorações do
poema, do que é certo ou errado no universo da escrita poética, querem
simplesmente se expressar de forma simples para uma multidão, de forma
popularesca. Nesse sentido, consideramos válido também relacionar essa
acessibilidade literária com as minorias, destacadas por Ferreira (2018) como sendo
mulheres feministas, homossexuais e multiétnicos. A poesia marginal retifica um
horizonte contestação e, por isso, como recurso para a conscientização
populacional sobre a realidade brasileira.
Embora a intenção dos poetas fossem atingir a todos por uma leitura de fácil
acesso, muitas vezes os poemas materializam um discurso indireto, uma espécie de
disfarce como estratégia de resistência. Essa tática da escrita, que traz à tona esse
fingimento como mecanismo de defesa e de combate ao inimigo ruma para o
horizonte do que vem a ser chamado de camaleão-poeta, exatamente por esse
trabalho de não se deixar mostrar abertamente a intenção do poeta com
determinado discurso.
Além das características apontadas, a oralidade também integra essa escrita
popularesca, como quem promove uma junção bem-sucedida entre vida e arte, em
que a subjetividade ganha terreno e a expressão revela espontaneidade daquele
que escreve. É exatamente por essas dimensões de informalidade que vão surgindo
escritores novos nesse período do mimeógrafo, nesses espaços alternativos para a
poesia. Esses escritores formam agrupamentos com os mesmos ideais, inclusive pelas
suas estratégias de produção e de proliferação poética, que acabam por fortalecer
seus propósitos nesse campo cultural. Essa dinâmica serviria também para a
conquista do público e da crítica, além das editoras, posteriormente, segundo Britto
(2012). Dentre os poetas marginais, seguem aqueles com maior destaque.
143
Britto (2012) enumera vários poetas integrantes da poesia marginal, inclusive
que se destacam no Rio de Janeiro como sendo um dos principais espaços onde essa
cultura ganha mais efervescência. Nessa direção, destaca-se o lançamento de um
livro denominado 26 Poetas Hoje, que é uma antologia dos poetas dessa geração
setentista. Organizada pela escritora Heloísa Buarque de Hollanda, a obra é
publicada pela editora Labor do Brasil, em 1975, e reúne os maiores nomes da poesia
marginal brasileira.
figura 4: Capa da obra 26 poetas hoje
144
A nível de aprofundamento, vajamos dois poemas contidos no livro
destacado, sendo o primeiro de Cacaso e o segundo de Chacal. Antônio Carlos de
Brito (Cacaso) (1944-1987) nasceu em Uberaba/MG, desempenhando a função de
professor universitário, além de poeta marginal. Na pré-adolescência se muda para
o Rio de Janeiro, onde se forma em Filosofia e leciona na PUC/RJ, além de colaborar
com revistas e jornais daquele local. Foi um dos defensores da denominada geração
mimeógrafo da literatura brasileira. Dentre suas obras estão Grupo Escolar (1974),
Beijo na Boca (1975) e Na Corda Bamba (1978), além de vários outros.
Por outro lado, Ricardo de Carvalho Duarte (Chacal) (1951-atual) nasceu no
Rio de Janeiro, onde estudou Comunicação Social na Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ). Ao longo de sua carreira, escreveu vários livros de poesia, inspirados
nas suas vivências cotidianas, dentre eles, Muito Prazer (1972), Preço da Passagem
(1972), América (1975), dentre outros. É um dos pioneiros da Geração Mimeógrafo, a
utilizar esse recurso para divulgar sua poesia:
Texto 1
Jogos florais
I
Minha terra tem palmeiras
onde canta o tico-tico.
Enquanto isso o sabiá
Vive comendo o meu fubá.
Ficou moderno o Brasil
Ficou moderno o milagre;
A água já não vira vinho,
vira direto vinagre.
II
Minha terra tem Palmares
memória cala-te já.
Peço licença poética
Belém capital Pará.
Bem, meus prezados senhores
dado o avançado da hora
errata e efeitos do vinho
o poeta sai de fininho.
145
Texto 2
Papo de índio
146
FIXANDO O CONTEÚDO
a) Paulo Leminski, João Cabral de Melo Neto, Arnaldo Antunes e Adélia Prado.
b) Clarice Lispector, Adélia Prado, Torquato Neto e Paulo Leminski.
c) Arnaldo Antunes, Ferreira Gullar, Chacal e Waly Salomão.
d) Paulo Leminski, Torquato Neto, Cacaso e Chacal.
e) Francisco Alvim, José Agripino de Paula, Ferreira Gullar e Clarice Lispector.
S.O.S
Chacal
CAMPEDELLI, Samira Y. Poesia Marginal dos Anos 70. São Paulo: Scipione, 1995 (adaptado).
Da leitura do poema e do texto crítico acima, infere-se que a poesia dos anos 70:
147
I. Como o Concretismo, Leminski perseguiu a representação e a exaltação da vida
material em detrimento da exposição da subjetividade.
II. Como o Simbolismo, Leminski adotou desenhos e experiências gráficas para
representar a saturação de significados e significantes na linguagem poética
verbal.
III. Com a primeira fase modernista, Leminski aderiu ao poema-piada e aos jogos de
palavras, em contraste com o rigor de outras manifestações poéticas.
IV. Com a poesia marginal, Leminski compartilhou a espontaneidade e a irreverência
como aproximações entre a expressão poética e a vida cotidiana.
4. (UEL-2016)
estupor
(LEMINSKI, P. Toda Poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p.249.)
148
b) A poesia de leminski é vulgar porque utiliza formas poéticas livres.
c) A adjetivação intensa no poema é um traço recorrente em sua obra.
d) O heptassílabo é o verso mais cultivado na produção leminskiana.
e) O esquema de rimas encontra equivalência na obra ideolágrimas.
5. (UFRJ-2016)
APAGAR-ME
Apagar-me
diluir-me
desmanchar-me
até que depois
de mim
de nós
de tudo
não reste mais
que o charme.”
(Paulo Leminski)
É correto afirmar que, nesse seu belo poema, Paulo Leminski pôs no centro de sua
estratégia poética o uso intensivo da:
a) Acentuação de palavras.
b) Colocação de pronomes oblíquos.
c) Regência verbal.
d) Colocação de pronomes retos.
e) Tipologia textual.
6. (Enem- 2016)
Primeira lição
149
Elegia é uma poesia que trata de assuntos tristes.
Nênia é uma poesia em homenagem a uma pessoa morta.
Era declamada junto à fogueira onde o cadáver era incinerado.
Endecha é uma poesia que revela as dores do coração.
Epitáfio é um pequeno verso gravado em pedras tumulares.
Epicédio é uma poesia onde o poeta relata a vida de uma pessoa morta.
7. UFSC
As aparências revelam
CACASO. As aparências revelam. In: WEINTRAUB, Fabio (Org). Poesia marginal. São Paulo: Ática, 2004. p. 61. Para gostar de ler 39.
Com base na leitura do poema, assinale a(s) proposição (ões) correta (s) acerca
da Poesia Marginal:
150
II. Os versos “Vai ser duríssimo descondicionar / o paladar” podem ser entendidos
metaforicamente como uma referência a sacrifícios impostos à população,
obrigada a acomodar-se a uma nova ordem econômica.
III. Nos poemas reunidos em Poesia marginal, os autores enfocam a denúncia e a
crítica social de uma maneira sisuda, sem apelar para o humor, pois visam conferir
credibilidade ao que é dito.
IV. A frase “Vamos substituir o Café pelo Aço” pode ser interpretada como uma
referência à abertura do país para a exportação de minérios, defendida por
empresários e pelo Governo à época da Ditadura Militar.
V. No primeiro e segundo versos, no jogo de palavras “Afirma”, “Firma” e “confirma”,
repete-se o segmento firma; isso pode ser interpretado como uma referência à
influência das grandes empresas nas políticas estatais.
VI. Na estrofe final, observa-se como Cacaso procura desvincular a linguagem das
práticas sociais, ao propor que não há violência nas palavras em si, mas apenas
na realidade a que elas se referem.
a) I, III e V.
b) II, V e VI.
c) I, II e IV.
d) Apenas VI.
e) II, IV e V.
8. (ENEM- BR - 2017)
Contranarciso
em mim
eu vejo o outro
e outro
e outro
enfim dezenas
trens passando
vagões cheios de gente
centenas
o outro
que há em mim
é você
você
e você
assim como
151
eu estou em você
eu estou nele
em nós
e só quando
estamos em nós
estamos em paz
mesmo que estejamos a sós
LEMINSKI, P. Toda poesia. São Paulo: Cia. das Letras, 2013.
152
A POESIA BRASILEIRA UNIDADE
12
CONTEMPORÂNEA A
PARTIR DE 1980
153
Ainda na esteira das considerações de Andrade (2015), duas características
mais gerais marcam a poesia nesses tempos atuais, que são o anacronismo e
hermetismo. Em relação à primeira característica, segundo o estudioso destacado, a
poesia atual não segue uma cronologia do presente, isto é, não apresenta um
alinhamento com os tempos atuais. Os poetas abordam temáticas que talvez
tenham ganhado mais força em outros contextos e que não estejam tão evidentes
no presente.
No entanto, é preciso considerar alguns aspectos que são próprios desse
período atual, bem como se observa na poesia de Arnaldo Antunes, a aliança entre
diferentes formas de expressão em um mesmo poemas: sonoro, visual e verbal. Além
disso, outras características-padrão veremos na segunda seção que integram à
história do presente, como a própria noção de pluralidade. É preciso compreender
que alguns traços talvez não estejam de acordo com o momento, a saber: o retorno
das formas fixas poéticas tradicionais, a manutenção do imaginário arquétipo da
cultura ocidental e a designação do contemporâneo como cronologia que aparece
após o moderno.
Em relação ao hermeticismo, quando nos referimos à poesia dos anos 1980 aos
anos 2000, engloba alguns aspectos, tais como o homem como símbolo do mundo,
a meditação como prática para ascender a mente, o pensamento simbólico e a
transmutação pessoal, como os principais elementos constitutivos dessa
característica poética da atualidade. Essa dimensão do hermeticismo acaba sendo
uma espécie de anacronismo poético, como um retorno à tradição, embora esta
sofra transformações.
154
despretensiosa que coloca em cena a infância, a natureza, a valorização de coisas
simples e invisíveis. Por outro lado, “a poesia crítica e a poesia de testemunho vêm,
claro, de encontro a essa tendência [...]” (SALGUEIRO, 2018, p. 15).
Contrariando-se os moldes da poesia “relaxada” dos anos 1970, a partir de
agora há uma expressividade mais forte, além do sentimentalismo e da subjetividade.
Isso se deve também ao perfil de poeta que surge nesse cenário, que, segundo
Salgueiro (2018), quem escreve pertence à especialização e à tribalização, com
destaque para professores universitários, editores, tradutores e críticos, rompendo
com a poesia de amadores que muito se observava na poesia marginal. Essa
característica que envolve quem escreve contribui para o entendimento de um
retorno à tradição, sobretudo a partir dos anos 1990. “A retradicionalização da poesia
contemporânea brasileira é a construção de um olhar prismático para um legado
literário que só se inscreve no plural. É um retorno a tradições” (ANDRADE, 2015, p. 38).
Na cessão seguinte esboçaremos os poetas de maior destaque nesse cenário da
poesia atual.
155
Quadro 2: Panorama da poesia brasileira a partir de 1980
Anos Características Principais representantes
1. Lírica de tradição; 1. Alexei Bueno
2. Lírica de transgressão; 3. 2. Arnaldo Antunes
1980 Lírica vitalista; 3. Ítalo Moriconi
4. Lírica de síntese ou 4. Glauco Mattoso, Nelson
unificadora. Mattoso e Paulo Henrique.
156
Carnaval
árvore
pode ser chamada de
pássaro
pode ser chamado de
máquina
pode ser chamada de
carnaval
carnaval
carnaval
carnaval
carnaval
carnaval
(ANTUNES, 1993, s/p)
157
poética. Essa acessibilidade tão facilitada pela sociedade conectada tem
influenciado nos modos de escrita e de leituras, em que a tela do computador, ou
até mesmo do celular, torna-se mais atrativo que um livro impresso.
Os conteúdos digitais têm ganhado espaço, tanto pelos textos escritos nos
meios digitais quanto os digitalizados. Então, o hábito de leituras em bibliotecas físicas
parece estar ficando cada vez mais distante da realidade do consumo de textos,
haja vista a acessibilidade de conteúdos de todas as espécies nas mídias digitais,
favorecendo não apenas textos nas plataformas, mas a possibilidade de interações
entre escritores e leitores.
Essas mídias promovem uma democratização ao acesso literário, possibilitando
aos internautas não apenas acesso ao que já está escrito, mas também de
publicarem seus conteúdos na grande rede de computadores. Embora essa
dinâmica ofereça essas vantagens, por outro lado é preciso estar atento aos
problemas autorais que daí advêm, pela circulação rápida e fácil de textos, bem
como crimes de direitos autorais que são passíveis nesses ambientes.
Em se tratando da escrita de poesia nos tempos de tecnologias digitais,
Oliveira (2016, p. 56) destaca as chamadas “poesias de buscadores”, que no Google
é possibilitada a elaboração de poemas por meio do site de busca. Além disso, a
busca por poesias também é bastante facilitada por esse recurso. A internet serve
como instrumento de divulgação poética, tendo em vista a rápida disseminação por
esse sistema e o acesso a esses conteúdos pelos internautas, colocando em
evidência os poetas.
O fazer literário é então facilitado nesse cenário de mediação cultural, que
possibilita o trabalho de um circuito poético, contribuindo para o fazer literário nos
tempos atuais. Colocando em evidência a natureza plural da poesia
contemporânea, o sistema de informática parece englobar essa cultura como sendo
uma unicidade, haja vista a sua produção e acesso por toda a sociedade. Porém, é
preciso rumar para outra direção, considerando o estilo individual de cada poeta e
que essas possibilidades de escrita e publicação, ainda que não sejam profissionais
/reconhecidas institucionalmente, facilita cada um postar o que quiser, constituindo
um caráter plural.
Salgueiro (2018) destaca a grande transformação advinda da internet no que
tange à relação poeta, obra e público, em que a escrita (criação), distribuição e
recepção (acesso de leitores) tem ganhado uma dimensão amplificada nesse
158
contexto. Esse estudioso destaca, como intermediário desse movimento literário, as
redes sociais, como Facebook, Twitter e os Blogs, ferramentas que facilitam essas
relações de forma dinâmica.
Se por um lado essas tecnologias facilitam a vida dos leitores e até mesmo dos
autores, é preciso levar em conta que esses movimentos midiáticos digitais podem
abalar o que de fato vem a ser poesia. Assim, se por um lado é necessário manter a
poesia considerada como legítima, canônica, por outro, observa-se emergir escritas
que não se enquadram nessa linha, de modo mais informal em certo sentido. Porém,
sabemos que as plataformas digitais facilitam a manutenção de um caráter
multiculturalista, o que pode levar a essa confusão no campo da poesia.
Essa evolução cultural acaba por interferir também o mercado editorial, uma
vez que o consumo, ainda que seja por livros, estes são acessados no modo PDF, além
de poesias serem transferidas (digitadas) em inúmeras páginas da rede. Quanto ao
mercado editorial, as editoras vendem também pela internet, por meio de seus sites,
o que também facilita o acesso a obras poéticas pela sociedade conectada.
159
FIXANDO O CONTEÚDO
3. Quanto à escrita poética e sua circulação na rede digital, é correto afirmar que:
4. (PUC – PR, adaptado) Leia os fragmentos abaixo, retirados do livro Muitas vozes
(1999), de Ferreira Gullar, para responder à questão.
160
Meu poema da manhã
é um tumulto: tudo isso em ti
a fala se deposita
que nele fala e cala.
outras vozes Até que de repente
arrasta em alarido. um susto
(...) ou uma ventania
A água que ouviste (que o poema dispara)
num soneto de Rilke chama
os ínfimos rumores no capim esses fósseis à fala.
o sabor Meu poema
do hortelã é um tumulto, um alarido:
(…) basta apurar o ouvido.
5. (Ufjf-pism 1 2017)
A televisão
161
A televisão Que eu nunca li num
Me deixou burro livro É que a televisão
Muito burro demais Que o espirro Me deixou burro
Oh! Oh! Oh! Fosse um vírus sem cura Muito burro demais
Agora todas coisas Vê se me entende E agora eu vivo
Que eu penso Pelo menos uma vez Dentro dessa jaula
Me parecem iguais Criatura! Junto dos animais
Oh! Oh! Oh!
Oh! Cride, fala pra Oh! Cride, fala pra
O sorvete me deixou mãe! mãe
gripado A mãe diz pra eu fazer Que tudo que a
Pelo resto da vida Alguma coisa antena captar
E agora toda noite Mas eu não faço nada Meu coração captura
Quando deito Oh! Oh! Oh! Vê se me entende
É boa noite, querida A luz do sol me Pelo menos uma vez
incomoda Criatura!
Oh! Cride, fala pra Então deixa Oh! Cride, fala pra
mãe A cortina fechada mãe!
Oh! Oh! Oh!
a) Ao discernimento e à liberdade.
b) À liberdade e à emoção.
c) À memória e à informação.
d) À cognição e à leitura.
e) À violência e à ordem.
6. (Unemat) Leia o poema "As lições de R. Q.", de Manoel de Barros, abaixo transcrito,
e resolva o que se pede.
162
Deus deu a forma. Os artistas desformam.
É preciso desformar o mundo:
Tirar da natureza as naturalidades.
Fazer cavalo verde, por exemplo [...]
7. (UNCISAL-2016)
164
163
163
Acerca da estrutura métrica e rimática do poema acima, um soneto de autoria
de Glauco Mattoso, pode-se afirmar a presença de
8. (FUNIVERSA-2010)
CORALINA, C. Vinténs de cobre: meias confissões de Aninha. São Paulo: Global, 2001.
164
o principal fim do literário: o terapêutico.
d) A leitura e a criação literária funcionam como exercício de liberdade e
proporcionam o desenvolvimento de um comportamento mais crítico e menos
preconceituoso diante do mundo.
e) O processo da criação literária depende dos percalços existenciais que precisam
ser superados
165
A LITERATURA NA ÉPOCA UNIDADE
13
COLONIAL BRASILEIRA
13.1 INTRODUÇÃO
13.2 QUINHENTISMO
166
casos, tratados que tinham como finalidades descrever a paisagem e a vida em
terras brasileiras. Nesse momento, o teatro começou um pequeno desenvolvimento
sob a forma de autos versificados pelos religiosos (jesuítas) em seus trabalhos de
catequização dos indígenas no Brasil. As manifestações poéticas nesse primeiro
momento tiveram também caráter religioso.
A literatura quinhentista é essencialmente descritiva, de cunho
propagandístico da colonização e práticas da expansão ultramarina portuguesa.
Desta forma, podemos considerar que tem um valor literário reduzido, mas sua
importância se encontra em tornar-se fonte temática e formal para momentos
literários posteriores preocupados com as raízes de nossa nação, como o Romantismo
e o Modernismo.
Para compreendermos a produção literária no século XVI, temos que ter em
mente o cenário do Brasil Colonial que seria um vasto território ainda com poucos
conhecimentos e com poucas povoações que iam se criando no litoral. Após a
descoberta do Brasil, só algumas décadas posteriores que Portugal se interessou em
dar início ao processo de colonização. O Brasil não apresentava as vantagens
comerciais que as Índias tinham naquele momento.
A colonização começou efetivamente após a expedição de Martim Afonso
de Souza (1530) e a criação das capitais hereditárias (1532). Em 1549, a vinda dos
jesuítas na localidade é vista como uma aceleração no processo colonizador. No
mesmo ano ocorre a instalação do primeiro Governo-Geral. Não podemos falar de
uma cultura e muito menos de uma literatura brasileira no século XVI. O que se tinha
até aquele momento era esparsas manifestações, com um teor mais ou menos
literário, que documentava a chegada dos portugueses nas terras nacionais.
Cartas de viagens, diários de navegação e tratados descritivos foram as
principais formas de escritas desenvolvidos nesse momento. Essa literatura ficou
conhecida como de informação ou de expansão, surgida em Portugal no momento
das Grandes Navegações.
A finalidade desses textos era narrar e descrever as viagens, os primeiros
contatos com as terras brasileiras e sua população local. As informações deveriam
passar tudo que pudesse interessar aos governantes lusitanos. Esses escritos possuem
pouco valor literário, mas são documentos que tem uma importância histórica
fundamental como testemunho da população que passou por aqui no início de
nossa colonização. Além disso, esses escritos apresentam o choque cultural que
168
aconteceu em um primeiro momento do contato entre europeus e os indígenas.
Nos escritos desses autores percebemos que não existe um sentimento de
apego as terras brasileiras, elas são vistas apenas como uma extensão de Portugal.
Entretanto, a literatura quinhentista deixou como herança temas que foram
explorados posteriormente pelos escritores como, por exemplo, as paisagens
brasileiras, origens históricas, os índios, a fauna e outros. Podemos pegar como
exemplo Oswald de Andrade, escritor brasileiro do século XX, que criou o movimento
intitulado Poesia Pau-Brasil, que era inspirado nesse Brasil recém descoberto pelos
colonizadores e viajantes do século XVI. Nos versos abaixo, percebemos uma
influência do escritor Pero Vaz de Caminha:
A Descoberta
0
O Brasil que, se justiça,
andava mui cego e torto,
vós o metereis no porto
se lançar de si a cobiça
que de vivo o torna morto
(ANCHIETA, 1954)
Fonte: Cleofas.
Disponível em: https://bit.ly/3pCfnRM. Acesso em: 12 dez. 2021
13.3 BARROCO
Fonte: Elfikurten
Disponível em: https://bit.ly/370qMEJ. Acesso em: 12 dez. 2021
O autor desenvolveu tanto a poesia épica quanto a lírica. Nesta última, seu
principal tema era a desilusão amorosa.
Fonte: Wikipedia
Disponível em: https://bit.ly/3vEgdBy. Acesso em: 12 dez. 2021
Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810) nasceu no Porto, Portugal, e veio ainda
criança com a família para a Bahia, onde estudou até sua juventude. Posteriormente,
voltou a Portugal para forma-se advogado em Coimbra e, assim como Cláudio
Manuel da Costa, estabeleceu contato nas terras portuguesas com os ideais árcades
e iluministas.
Ao retornar ao Brasil, passou a viver em Vila Rica, onde trabalhou como
ouvidor. Nessa cidade começou sua vida literária e teve sua primeira relação
amorosa com Maria Doroteia de Seixas, que ficou eternizada em seus versos como
Marília. Em 1789, foi preso devido ao seu envolvimento com a Inconfidência Mineira
e mandado para o Rio de Janeiro até 1792, posteriormente foi deportado para
Moçambique.
Sua poesia pode ser comparada com a dos demais árcades brasileiros e
apresenta algumas inovações que demonstrariam uma tradição existente entre os
árcades e os românticos.
Com a incorporação de suas experiências pessoais na sua poesia, Tomás
Antônio Gonzaga conseguiu quebrar a rigidez do modelo árcade europeu. Como
por exemplo, a contenção dos sentimentos, sua escrita tornou-se fortemente emotiva
e espontânea. Sua musa inspiradora era real, Marília, diferente das dos poetas
árcades que buscavam inspiração nas deusas da mitologia. Além disso, as descrições
dos traços humanos de sua musa são mais próximas do real como demonstrado nos
versos a seguir:
Marília de Dirceu
Fonte: Wikipedia
Disponível em: https://bit.ly/3hBn2vx. Acesso em: 12 dez 2021
Descontente e triste
Marchava o general: não sofre o peito
Compadecido e generosa a vista
Daqueles frios e sangrados corpos,
Vítimas da ambição de injusto império
(GAMA, Basílio. 2003.)
Basílio da Gama tem uma postura crítica da guerra, mas o fato histórico
narrado não foi alterado, portugueses e espanhóis saem vencedores do conflito. Os
jesuítas são personificados como inimigos e tratados como vilões ao longo do poema.
Já os índios derrotados são vistos com consideração e podemos considerar que o
autor retrata os índios como vítima dos jesuítas na localidade.
A paisagem brasileira passa por uma valorização em seus versos:
Fonte: Só literatura
Disponível em: https://bit.ly/35sM1yo. Acesso em: 13 de dez. 2021
Nascido em Mariana, Minas Gerais, Santa Rita Durão (1722-1784) foi outro
poeta árcade brasileiro. Estudou em colégio jesuíta e mudou para Portugal para
completar seus estudos. Em terras lusitanas, ingressou na vida religiosa e tornou-se
teólogo.
180
O seu principal poema escrito foi Caramuru com tendências nativistas. Esse
poema foi publicado em 1781, ou seja, doze anos após O Uraguai. Diferentemente
de Basílio da Gama, Santa Rita Durão não apresentou o anti-jesuitismo em seu
poema, ele buscou valorizar a ação catequética dos jesuítas sobre os indígenas.
O poema Caramuru segue rigidamente a estrutura camoniana, apresentando
dez cantos, estrofes de oitava-rima, versos decassílabos e a estrutura clássica das
epopeias. A presença da mitologia cristã e pagãs são representadas no poema
Caramuru, narra as aventuras do náufrago português Diogo Álvares Correia. O
autor buscou ao longo da narrativa da personagem fazer uma descrição das
qualidades das terras brasileiras, como nos versos a seguir:
Os costumes dos índios são vistos pela ótica cristã ao longo do poema:
a) Arcadismo.
b) Quinhentismo.
c) Barroco.
d) Seiscentismo.
e) Setecentismo.
a) O aspecto construtivo do Barroco, voltado para o jogo das ideias e dos conceitos.
b) A preocupação com as associações inesperadas, seguindo um raciocínio lógico,
racionalista.
c) O reflexo do dilema em que vivia o homem do seiscentismo (os anos de 1600). Daí
as preferências por temas opostos: espírito e matéria, perdão e pecado, bem e
mal, céu e inferno. Tudo isso gerava a preocupação com a brevidade da vida.
d) Nenhuma das alternativas.
e) Todas as anteriores.
a) Arcadismo.
b) Romantismo.
c) Barroco.
d) Realismo.
e) Quinhentismo.
I. A literatura barroca no Brasil foi introduzida pelos portugueses, quando não havia
uma produção cultural significante no país.
II. A produção literária nesse período não é reconhecida como genuinamente
nacional, mas um estilo absorvido e resultante do período colonial.
III. Sua linguagem é rebuscada e ambígua. Caracteriza-se por utilizar largamente
figuras linguagem: metáfora; antítese; o paradoxo; e a sinestesia.
IV.Neste período tem destaque: Gregório de Matos, por suas poesias, e o padre
Antônio Vieira, por seus sermões. Além deles, temos Bento Teixeira (1561-1600),
autor do poema Prosopopéia, de 1601, que costuma ser considerado o marco
inicial do Barroco brasileiro
a) I e II.
b) I, II e III.
c) II, III e IV.
d) I, II, III e IV.
e) Nenhuma das anteriores
6. (SEED – PR)
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, de expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
Tomás Antônio Gonzaga. Lira I. In: Domício Proença Filho. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. p. 573.
GONZAGA, Tomás Antônio. Lira I. In: A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. p. 7
14.1 INTRODUÇÃO
14
Suspiros poéticos e saudades de Gonçalves Magalhães, publicado em 1836, é
a obra que inaugurou o Romantismo no Brasil que pendurou até 1881. Para
compreendermos o Romantismo no Brasil é importante entender o contexto nacional
que o marcou nos primeiros cinquenta anos do século XIX que foi: a vinda da família
real para o Rio de Janeiro (1808), o Brasil foi elevado à categoria de reino (1816), o
movimento de independência (1822), o Primeiro Reinado (1822-1831), o Período
Regencial (1831-1840) e o Segundo Reinado (1841-1889). Além disso, esses fatores
históricos representavam projetos políticos em vigor como, por exemplo, o orgulho de
um país recém independente; projetos nacionais para a construção do país; conflitos
entre liberais e conservadores em busca de um modelo administrativo nacional e a
luta nacional para a constituição de uma autonomia política e cultural.
A partir da segunda metade do século XIX, o Brasil passou por um rápido
desenvolvimento e ampliação do comércio exterior, início da sua industrialização e
da exportação do café. O Romantismo entra nesse momento como um projeto de
construção nacional que caminhou lado a lado com os projetos políticos que
estavam em desenvolvimento. Os autores desse momento acreditavam que sua
missão seria ajuda a construir a cultura nacional de um país então recém
independente.
Esse movimento literário é dividido nas questões da poesia em três gerações,
que são:
Primeira Geração – possui como suas características o nacionalismo,
indianismo e caráter religioso. Os poetas que se destacaram nessa fase foram
Gonçalves Dias e Gonçalves Magalhães;
Segunda Geração – teve como um de suas características o “mal do século”
e apresentava o egocentrismo exacerbado, satanismo e atração pela morte
como uma de suas marcas. Seus principais escritores foram Álvares de
Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Junqueira Freire;
186
Terceira Geração – que é uma poesia de cunho social e político que ficou
conhecida como condoreira. O maior representante desse momento é o
poeta Castro Alves.
Fonte: Português
Disponível em: https://bit.ly/3IHG5A0. Acesso em: 17 dez. 2021
34
seu tempo, a principal delas foi o processo de abolição da escravatura no Brasil.
O nome condoreirismo está relacionado ao condor, aves que seria capaz de
sobrevoar grandes distância e com uma visão capaz de enxergar de longe, esses
poetas se viam dessa forma capacitados a criticar as mazelas sociais existentes no
país no século XIX.
No Romantismo europeu, esses poetas ficaram preocupados com as causas
dos operários e camponeses. Melhor exemplo é Victor Hugo com a obra Os
miseráveis.
Além do abolicionismo, outra pauta que aparece nas poesias dos condoreiros
é a causa republicana.
Fonte: InfoEscola
Disponível em: https://bit.ly/3HBmfFm. Acesso em: 17 dez. 2021
Fonte: Wikipedia
Disponível em: https://bit.ly/3MljV8V. Acessado em: 17 dez. 2021
Iracema (1865) – obra com grande valor poético e tem em sua narrativa um
tom lendário, que busca construir o mito de origem de um povo. Podemos
apreciar o valor poético desta obra na citação a seguir:
a) Machado de Assis.
b) José de Alencar.
c) Jorge Amado.
d) Eça de Queiroz.
e) Álvares de Azevedo.
a) Realismo.
b) Passadismo.
c) Romantismo.
d) Primeira fase árcade.
e) Simbolismo.
SONETO
a) Este é um poema tipicamente barroco, uma vez que a métrica dos versos é muito
acurada e há uma referência ao religioso no texto quando o autor evoca os anjos.
b) Este soneto foi publicado durante o período do romantismo brasileiro e são
perceptíveis em sua temática características do movimento.
c) O soneto pertence à primeira fase do modernismo brasileiro, é perceptível o uso
do verso livre e da temática futurista.
d) O poema é um clássico do naturalismo português, os temas da natureza humana
são muito presentes durante toda a escrita deste autor.
e) Nenhuma das alternativas anteriores.
4. (PREFEITURA DE BAGÉ – RS) Sobre o poeta baiano Castro Alves, da corrente literária
Romantismo, assinale V, se verdadeiro, ou F, se falso, nas assertivas abaixo:
( ) O poeta compartilhava com os intelectuais de sua época um sentimento
humanitário em relação aos negros escravizados, tema que abordou em
poemas célebres.
( ) A sua poesia lírico-amorosa, outra vertente de sua obra, propunha uma
concepção de amor diferente daquela defendida pelos românticos das fases
anteriores, já que os poemas de Castro Alves apresentam mulheres sensuais,
dotadas de erotismo e de sentimentos intensos.
( ) O tom grandiloquente dos versos de Castro Alves é marcado por figuras de
linguagem que remetem a uma natureza impressionante: astros, oceano, tufão,
condor, águia, etc.
( ) Castro Alves usa uma grande dramaticidade em Navio negreiro, a fim de
expressar o horror do eu-lírico diante da crueldade humana: “Senhor Deus dos
desgraçados! //Dizei-me vós, Senhor Deus! //Se é loucura... se é verdade //Tanto
horror perante os céus?!”
a) V – V – V – V.
b) V – V – F – F.
c) F – V – V – V.
d) V – F – F – V.
e) F – F – V – F.
CAÇADA
Em pé, no meio do espaço que formava a grande abóbada de árvores, encostado a um
velho tronco decepado pelo raio, via-se um índio na flor da idade. Uma simples túnica de
algodão, a que os indígenas chamavam aimará, apertada à cintura por uma faixa de
penas escarlates, caía-lhe dos ombros até ao meio da perna, e desenhava o talhe
delgado e esbelto como um junco selvagem. Sobre a alvura diáfana do algodão, a sua
pele, cor de cobre, brilhava com reflexos dourados; os cabelos pretos cortados rentes, a
tez lisa, os olhos grandes com os cantos exteriores erguidos para a fronte; a pupila negra,
móbil, cintilante; a boca forte mas bem modelada e guarnecida de dentes alvos, davam
ao rosto pouco oval a beleza inculta da graça, da força e da inteligência.
Tinha a cabeça cingida por uma fita de couro, à qual se prendiam do lado esquerdo duas
plumas matizadas, que descrevendo uma longa espiral, vinham roçar com as pontas
negras o pescoço flexível.
Era de alta estatura; tinha as mãos delicadas; a perna ágil e nervosa, ornada com uma
axorca de frutos amarelos, apoiava-se sobre um pé pequeno, mas firme no andar e veloz
na corrida. Segurava o arco e as flechas com a mão direita calda, e com a esquerda
mantinha verticalmente diante de si um longo forcado de pau enegrecido pelo fogo[...]
Ali por entre a folhagem, distinguiam-se as ondulações felinas de um dorso negro, brilhante,
marchetado de pardo; às vezes viam-se brilhar na sombra dois raios vítreos e pálidos, que
semelhavam os reflexos de alguma cristalização de rocha, ferida pela luz do sol.
Era uma onça enorme; de garras apoiadas sobre um grosso ramo de árvore, e pés
suspensos no galho superior, encolhia o corpo, preparando o salto gigantesco.
Batia os flancos com a larga cauda, e movia a cabeça monstruosa, como procurando
uma aberta entre a folhagem para arremessar o pulo; uma espécie de riso sardônico e
feroz contraía-lhe as negras mandíbulas, e mostrava a linha de dentes amarelos; as ventas
dilatadas aspiravam fortemente e pareciam deleitar-se já com o odor do sangue da vítima.
O índio, sorrindo e indolentemente encostado ao tronco seco, não perdia um só desses
movimentos, e esperava o inimigo com a calma e serenidade do homem que contempla
uma cena agradável: apenas a fixidade do olhar revelava um pensamento de defesa.
Assim, durante um curto instante, a fera e o selvagem mediram-se mutuamente, com os
olhos nos olhos um do outro; depois o tigre agachou-se, e ia formar o salto, quando a
cavalgata apareceu na entrada da clareira.
Então o animal, lançando ao redor um olhar injetado de sangue, eriçou o pelo, e ficou
imóvel no mesmo lugar, hesitando se devia arriscar o ataque.
(José de Alencar. O guarani. São Paulo: Ática, 1995.)
a) Barroco.
b) Arcadismo.
c) Romantismo.
d) Realismo.
e) Pré-Modernismo.
a) Parnasianismo.
b) Modernismo.
c) Simbolismo.
d) Romantismo.
e) Realismo.
SE EU MORRESSE AMANHÃ!
206
6
contra;
Condicionamento do personagem ao meio social e natural;
Ênfase nas necessidades naturais;
Comportamento animalesco;
Os enredos naturalistas buscam demonstrar situações de desequilibro social
graves e desigualdades sociais.
De forma geral, podemos sintetizar as distinções entre Realismo e Naturalismo
no seguinte quadro a seguir:
Outro importante autor deste momento é Raul Pompéia (1863-1895). Ele foi um
dos principais autores do Realismo Brasileiro. Atuou como advogado, jornalista e em
várias artes (música, teatro e desenho). Sua principal obra é O ateneu.
O ateneu é uma obra que mistura componentes memorialísticos do autor. Na
sua juventude ele foi aluno do Colégio Abílio, cujo diretor era uma figura prepotente
e extremamente severa. Era um colégio frequentado por altas camadas sociais
cariocas e ele buscou criticar o sistema educativo da escola, mostrando os
desmazelos que aconteciam em seus bastidores. Como podemos perceber no
trecho a seguir:
Universalismo;
Inspiração na Antiguidade Greco-Romana para a escolha de temas. Como
por exemplo o tema de Incêndio de Roma nos versos seguintes:
A busca pela perfeição das rimas que deveria acontecer em todos os versos
do poema:
Olavo Bilac (1865-1918) era carioca, estudou Medicina e Direito, mas não
terminou esses cursos. Exerceu atividades como jornalistas e inspetor escolar, tendo
como principal foco dos seus trabalhos escritos relacionados a educação. Foi o
autor do Hino à Bandeira e muitos temas de caráter histórico e nacionalistas
aparecem na sua poesia.
Sua primeira publicação foi em 1888 chamada de Poesias. E nela aparenta
que o poeta estava identificado com as propostas do Parnasianismo. Seus poemas,
principalmente os sonetos, apresentavam uma boa estruturação formal. Sobre sua
capacidade técnica podemos analisar o poema a seguir para observá-las:
Vila Rica
Fonte: Wikipedia
Disponível em: https://bit.ly/3KkuqYy Acesso em: 20 dez. 2021
Cruz e Souza (1861-1898) era natural de Florianópolis, Santa Catarina. Era filho
de escravos e foi amparado por uma família burguesa da região que o ajudou a
completar seus estudos. Com a morte de seu protetor dessa família, abandonou os
estudou e começou a trabalhar na imprensa local, escrevia crônicas abolicionistas
e participava de campanhas a favor da causa dos negros do Brasil.
Em 1890, mudou-se para o Rio de Janeiro onde manteve diversos empregos
para conseguir sobreviver.
Na obra poética de Cruz e Sousa, percebemos algumas heranças do
Romantismo em certos aspectos como, por exemplo, a valorização da noite,
pessimismo, a morte e o satanismo:
Com base no trecho lido, assinale a alternativa que contém uma característica
do movimento realista.
a) Machado de Assis.
b) Raul d'Ávila Pompeia.
c) Cesário Verde.
d) Nenhuma das alternativas.
e) Todas as alternativas
a) Realismo.
b) Barroco.
c) Pré- modernismo.
d) Romantismo.
e) Nenhuma das alternativas anteriores.
a) Naturalistas.
b) Parnasianistas.
c) Simbolistas.
d) Quinhentistas.
e) Realistas.
6. (VPNE) No Brasil, o Simbolismo surge num período marcado por conflitos políticos
e sociais. O país encontra-se em plena transição do regime escravocrata para o
assalariado. A virada do século traz expectativas por um "novo mundo", mas
ainda são muitas as frustrações e angústias de um país em que não se atingiu a
consolidação dos ideais republicanos.
São autores do simbolismo:
226
Diversas revoltas e manifestações sociais ocorreram nesse momento como a
Revolta contra a Vacina Obrigatório (Rio de Janeiro, 1904), a Revolta da Chibata
(Rio de Janeiro, 1910), greves operários (São Paulo, 1917-1919), Guerra de Canudos
(Bahia, 1896-1897), Revolta do Contestado (Santa Catarina, 1912-1916) e o Levante
de Juazeiro (Ceará, 1911-1914). Percebemos essas manifestações e movimentos
acontecendo em dois Brasis paralelos, um mais urbanizado e outro voltado para o
meio rural com a proliferação de cangaceiros e grupos messiânicos. Assim, a
República Velha pode ser vista como “dois brasis” se chocando: um mais
tradicionalista, agrário e conservado x um que detinha o poder e era visto como
industrial, urbano e modernizado.
A grande contribuição da literatura Pré-Modernista foi justamente a
descoberta de um Brasil que não aparecia nas propagandas oficiais. Dessa forma,
um nacionalismo mais progressista e crítico começou a ganhar espaço no lugar de
um nacionalismo mais conservador e oficial.
Os personagens tipos como, por exemplo, o sertanejo, os habitantes dos
subúrbios cariocas e o caipira paulista ganharam espaços nas produções literárias
desse momento. A partir dos pré-modernistas os diferentes Brasis começaram a
aparecer na literatura nacional.
O Pré-Modernismo foi responsável por uma renovação na linguagem literária
pela incorporação de elementos do regionalismo e formas populares. Seu estilo se
tornou mais simples e despojado, fazendo uma aproximação com a literatura
jornalística daquele momento.
226
16.1.1 Euclides da Cunha
Bucólica
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
(ANDRADE, Oswald de. 1978)
Inspiração
a) Euclides da Cunha.
b) Graça Aranha.
c) Manuel Bandeira.
d) Lima Barreto.
e) Graciliano Ramos.
O texto refere-se a:
a) Olavo Bilac.
b) Machado de Assis.
c) Mário de Andrade.
d) Aluísio Azevedo.
e) Euclides da Cunha.
O cavalo e a carroça
Estavam atravancados no trilho
E como o motorneiro se impacientasse
Porque levava os advogados para os escritórios
Desatravancaram o veículo
E o animal disparou
Mas o lesto carroceiro
Trepou na boleia
E castigou o fugitivo atrelado
Com um grandioso chicote
(Pau-Brasil, 1990.)
244
são conhecidos como poetas de cosmovisão, pois tem uma visão abrangente do
seu momento de vida e buscam transformá-lo.
No meio do caminho
Poesia
Em sua fase social, o eu lírico dos poemas preocupam-se com as causas dos
problemas sociais. Essa sua fase é marcada pelo contexto histórico, a Segunda
Guerra Mundial. A publicação que maior representa essa fase é o livro Sentimento
do Mundo (1940).
Em sua fase do não, a principal publicação que representa esse momento é
Claro enigma (1951) que buscava uma poesia reflexiva, metafísica e filosófica.
Já sua última fase, é marcada pelo universo da memória. Nela aparece temas
que já permearam a escrita do autor ao longo de sua trajetória como, por exemplo,
Itabira, a infância, família, humor cotidiano, o pai e a autoironia.
Em sua obra póstuma, Farewell (1996) estão presente vários elementos que
marcaram toda sua produção artística: reflexão filosófica, erotismo contidos, ironia,
humor e o ceticismo.
17.1.2 Murilo Mendes
Murilo Mendes (1901-1975) era natural de Juiz de Fora, Minas Gerais. Trabalho
como inspetor de ensino, funcionário da justiça, bancário até se mudar para a
Europa em 1953. Trabalhou em diversos países europeus como professor de literatura
brasileira.
A poesia de Murilo Mendes defende uma linguagem fragmentas, imagens
insólitas e uma visão messiânica da realidade. Em sua poesia, é defendo que o
mundo seria o próprio caos e sua poesia buscava essa reconstrução, subversão das
coisas.
Em 1930, publicou sua primeira obra Poemas e nela se marca alguma de suas
temáticas como, por exemplo, a presença constante de símbolos, metáforas,
inclinação para o surrealismo, lucidez, delírio, realidade e mito. Ainda na década de
1930, tornou-se adepto do marxismo e com isso criou a obra Bumba-meu poeta
(publicada em 1959) que demonstraria uma preocupação com a classe operária.
Em 1935, juntamente com o poeta Jorge de Lima escreveu o livro Tempo e
eternidade que mantém seus traços anteriores e concilia-los com uma poesia de
fundo religioso. Sua visão própria de religião dentro da poesia podemos observar no
poema a seguir:
Filiação
Soneto de devoção
Soneto de separação
Soneto de Fidelidade
Rachel de Queiroz (1910-2003) era de Fortaleza, Ceará. Mudou com sua família
para o Rio de Janeiro em 1917 e posteriormente retoma ao Ceará. Atuou como
professora do primário e começou a escrever, em 1927, ao jornal O Ceará seus
poemas e crônicas. Seu mais importante escrito veio em 1930, chamado de O quinze,
com apenas 20 anos de idade. Nos anos seguintes fez parte do Partido Comunista
Brasileiro e chegou a ser presa pela sua militância.
Sua escrita é marcada pelo dinâmico, com um discurso direto e que podemos
associar sua forma de narração as tradições novelísticas populares. Seus romances
demonstram uma intensa preocupação com as causas sociais. Os dois primeiros, O
quinze e João Miguel, retratam o tema da seca na região do Nordeste e tratam do
coronelismo e do sertanejo na região. Um aspecto interessante em sua obra, é o
aspecto psicológico que dá a seus personagens uma feição mais humana.
Em 1937, publicou a obra Caminhos de pedras que nitidamente possuía
inspiração ideológica. Essa obra é resultado do período de militância da autora. Em
1939, publicou As três Marias que aprofunda a característica psicológica em seus
romances. Diferente de suas obras anteriores ambientadas no Nordeste, nessa obra
a autora não quis analisar os problemas estruturais existentes na localidade.
17.2.2 Graciliano Ramos
Érico Veríssimo (1905-1975) era natural da cidade de Cruz Alta no Rio Grande
do Sul. Não teve formação superior, mas atuou no jornalismo e virou professor de
literatura nos Estado Unidos. Dirigiu um dos departamentos culturais da OEA
(Organização dos Estados Americanos).
Seu início na literatura foi com a obra Fantoches, uma coletânea de contos.
Posteriormente publicou Clarissa (1933), obra que seria a primeira de uma série de
romances (Caminhos cruzados, Música ao longe, Um lugar ao sol, Saga). Essa
primeira fase do romancista caracteriza o registro da vida urbana de Porto Alegre e
apresentação de problemas morais, humanos e sociais devido a valores em
decadência.
Sua segunda fase corresponde a publicação da obra O tempo e o vento,
que mostra a formação do Rio Grande do Sul. Essa obra é constituída em três partes:
O Continente, O retrato e O arquipélago. Sua narrativa gira em torno do relato da
formação político e econômica do Rio Grande do Sul, das suas origens até o ano de
1946.
Nas obras de Érico Veríssimo, percebemos o amadurecimento de processos
de linguagens, técnica e expressão. Podemos considerá-lo como um retratista dos
costumes do Rio Grande do Sul.
FIXANDO CONTEÚDO
O boi
Chegou a desolação da primeira fome. Vinha seca e trágica, surgindo no fundo sujo dos
sacos vazios, na descarnada nudez das latas raspadas.
– Mãezinha, cadê a janta?
– Cala a boca, menino! Já vem!
– Vem lá o quê!…
Angustiado, Chico Bento apalpava os bolsos… nem um triste vintém azinhavrado…
Lembrou-se da rede nova, grande e de listras que comprara em Quixadá por conta do
vale de Vicente.
Tinha sido para a viagem. Mas antes dormir no chão do que ver os meninos chorando,
com a barriga roncando de fome.
Estavam já na estrada do Castro. E se arrancharam debaixo dum velho pau-branco
seco, nu e retorcido, a bem dizer ao tempo, porque aqueles cepos apontados para o
céu não tinham nada de abrigo.
O vaqueiro saiu com a rede, resoluto:
– Vou ali naquela bodega, ver se dou um jeito…
Voltou mais tarde, sem a rede, trazendo uma rapadura e um litro de farinha:
– Tá aqui. O homem disse que a rede estava velha, só deu isso, e ainda por cima se
fazendo de compadecido…
Faminta, a meninada avançou; e até Mocinha, sempre mais ou menos calada e
indiferente, estendeu a mão com avidez.
(QUEIROZ, Rachel de. O Quinze. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1979, p. 33.)
a) Formada por uma poética que canta o amor ao perigo, o hábito à energia e à
temeridade.
258
b) Um período de alargamento das conquistas dos modernistas da geração de 1922.
c) Constituída por uma estética calcada no cientificismo, no racionalismo e nas
manifestações metafísicas.
d) Um período de valorização das estruturas poéticas que validam um nacionalismo
ufanista.
e) Organizada em função da objetividade temática, da impassibilidade e do
racionalismo formal.
259
c) Literatura marcada pela obscuridade. A realidade é revelada de uma forma
imprecisa e vaga.
d) Literatura politizada, marcada pelo questionamento da realidade e
comprometida com as transformações sociais enfrentadas pelo país.
e) Culto excessivo da forma, expresso por meio de malabarismos sintáticos e abusos
de figuras literárias, o que resulta em um rebuscamento exagerado da linguagem.
260
d) Somente a afirmação III está correta.
e) Somente a afirmação II está correta.
8. (MACKENZIE). “Este, cuja história vou te contar, foi amado e amou muitas mulheres.
Vieram brancas, judias e mestiças, tímidas e afoitas, para os seus braços e para o
seu leito. Para uma, no entanto, guardou ele suas melhores palavras, as mais
doces, as mais ternas, as mais belas. Essa noiva tem um nome lindo, negra:
Liberdade.
Vê no céu, ele brilha, é a mais poderosa das estrelas. Mas o encontrarás também
nas ruas de qualquer cidade, no quarto de qualquer casa. Seja onde for que haja
jovens corações pulsando pela humanidade, em qualquer desses corações
encontrarás Castro Alves.
Dá-me agora tua mão direita, ouve o abc do poeta.”
(Jorge Amado, ABC de Castro Alves (1941))
261
A GERAÇÃO DE 45 OU TERCEIRA UNIDADE
GERAÇÃO MODERNISTA: POESIA E
PROSA
262
redemocratização do país.
Existe uma renovação pela arte regionalista e populares, cujo potencial
artístico são valorizados por seus escritores. Ao mesmo tempo, as camadas
conservadoras do país fazem uma reação as manifestações nacionais e populares.
No cenário internacional, é o período da Guerra Fria e a ameaça a uma possível
guerra nuclear torna-se potente a partir de 1945.
Essa geração é vista como um retrocesso em relação as conquistas da
Geração de 22. Ela propunha uma volta ao passado e a revalorização da métrica,
do vocabulário, das referências e da rima.
Entretanto, três grandes autores se sobressaiam dessa produção passadista.
São eles: João Guimarães Rosa e Clarice Lispector na prosa e João Cabral de Melo
Neto na poesia. Eles foram escritores que acreditam no compromisso entre a arte e
a realidade, o engajamento do escritor e sua vida social.
Assim, eles retomaram a perspectiva nacionalista da primeira fase e também
a perspectiva universalista da segunda geração. Assim, esses três autores podem ser
vistos como uma síntese de ambas as gerações.
Ao mesmo tempo, esses autores podem ser vistos como alicerces da
produção nacional contemporânea, através da ligação da exploração dos limites
da palavra poética, exemplificação das poesias concretistas das décadas de 1950
e 1960, e na busca do engajamento dos escritores em uma perspectiva política.
João Cabral de Melo Neto (1920-1999) nasceu em Recife, e era neto e filho
de donos de engenho. É considerado como um dos principais poetas da Geração
de 45. Desde novo mostrou-se interesse pela produção de cordel nordestina e queria
tornar-se crítico literário. Era primo de Gilberto Freyre e Manuel Bandeira, com os
quais teve bastante convivência.
Em 1942, mudou-se para o Rio de Janeiro e ingressou no funcionalismo
público. Ocupou cargos diplomáticos do Itamaraty e viveu fora do país em
263
importantes cidades do mundo como Barcelona, Londres e Genebra.
Em 1942, publicou a obra Pedra do sono que já apresentava uma inclinação
para a sua objetividade como demonstra os versos seguintes:
Os manequins
O engenheiro
Nas suas obras percebemos três traços fundamentais que são a preocupação
com a realidade social, principalmente do Nordeste; reflexão sobre a criação
artística e o aprimoramento das técnicas poéticas.
Para João Cabral de Melo Neto, a poesia não era fruto de estados
emocionais do poetas, ela resultaria de um trabalho racional, penoso e árduo de
264
uma escrita criativa que teria que ser feita e refeita várias vezes. Podemos ver um
corte profundo na produção literária do escritor entre a poesia romântica e a
moderna.
Percebemos um teor sentimentalista menor em João Cabral de Melo Neto
como os versos seguintes podem demonstrar ao descrever o tema amoroso e a
mulher:
265
• Aproximação da prosa com a poesia, no qual o lirismo torna-se presentes
constantemente na escrita das obras. O lirismo apresenta-se através do uso de
recursos poéticos como ritmo, rima, neologismo, deslocamentos de
vocabulário e sintaxe.
266
(1967), A mulher que matou os peixes (1969) e A vida íntima de Laura (1964).
267
Meus romances e ciclos de romances são na realidade contos nos
quais se unem a ficção poética e a realidade. Sei que daí pode
facilmente nascer um filho ilegítimo, mas justamente o autor deve ter
um aparelho de controle: o idioma português, tal como usamos no
Brasil; entretanto, no fundo, enquanto vou escrevendo, extraio de
muitos outros idiomas. Disso resultam meus livros escritos em um idioma
próprio, meu, e pode-se deduzir daí que não me submeto à tirania da
gramática e dos dicionários dos outros. A gramática e a chamada
filologia, ciências linguísticas, foram inventadas pelos inimigos da
poesia. (BRAIT, Beth. Guimarães Rosa., 1982, p. 102.)
268
Francisco.
269
FIXANDO CONTEÚDO
270
subjetividade entra em crise. O espírito, perdido no labirinto da memória e da
autoanálise, reclama um novo equilíbrio.
(Alfredo Bosi. História concisa da literatura brasileira, 1994. Adaptado.)
a) Jorge Amado.
b) José Lins do Rego.
c) Graciliano Ramos.
d) Guimarães Rosa.
e) Clarice Lispector.
3. (PUC-SP). A obra Sagarana, de João Guimarães Rosa, foi publicada em 1946. Dela
é correto afirmar que
“Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois
ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de
271
novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi
que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes.
Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a
felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já
pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e puder em mim. Eu era
uma rainha delicada. ”
a) O conto critica a falta de leitura dos adolescentes nas escolas brasileiras, tendo
como principal razão a preguiça, o que evidencia nosso atraso cultural.
b) Uma das marcas da escritora é sua capacidade de descrição de paisagens
externas, que retratam da seca no Nordeste aos problemas sociais das grandes
metrópoles.
c) Pelo trecho em destaque, nota-se que a narradora em terceira pessoa investiga
os reais motivos que a levaram a ser uma pessoa feliz, sendo os livros parte da
construção deste sentimento.
d) Prosadora da chamada primeira geração modernista, observa-se pelo texto da
autora que esta opta por radicalizar no uso da oralidade, rompendo com a
tradição realista, utilizando-se do chamado fluxo de consciência.
e) O trecho analisado nos mostra características marcantes da escrita da autora,
que com base em reflexões existenciais e da subjetividade, nos revela a
intimidade dos seus personagens.
272
a) Expressar aspectos regionais numa narração excepcionalmente criativa e de
alcance universal.
b) Combinar os gêneros de um poema em prosa modernista e de uma exemplar
novela de cavalaria.
c) Alternar o falar caipira e o falar urbano, numa sucessão de quadros de diferentes
regiões brasileiras.
d) Retomar o gênero épico por meio de uma narrativa que dramatiza nosso
processo colonial.
e) Estabelecer um novo padrão linguístico com base na valorização criativa da
norma culta.
Essa característica é:
273
b) Apresenta exclusivamente um painel da sociedade burguesa brasileira, a partir
de suas personagens.
c) Renova, intensifica e aprimora tendências introspectivas de parte da ficção da
geração de 1930.
d) Aprofunda na prosa as investigações transcendentais, presentes na lírica da
geração anterior.
e) Prende-se a uma crítica aos valores femininos em voga na década de 1945, no
Brasil
274
23
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO
UNIDADE 13 UNIDADE 14
QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 B
QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 C
QUESTÃO 3 C QUESTÃO 3 B
QUESTÃO 4 B QUESTÃO 4 A
QUESTÃO 5 D QUESTÃO 5 C
QUESTÃO 6 D QUESTÃO 6 C
QUESTÃO 7 C QUESTÃO 7 D
QUESTÃO 8 A QUESTÃO 8 A
UNIDADE 15 UNIDADE 16
QUESTÃO 1 D QUESTÃO 1 B
QUESTÃO 2 C QUESTÃO 2 D
QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 C
QUESTÃO 4 A QUESTÃO 4 D
QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 C
QUESTÃO 6 A QUESTÃO 6 C
QUESTÃO 7 D QUESTÃO 7 C
QUESTÃO 8 A QUESTÃO 8 D
UNIDADE 17 UNIDADE 18
QUESTÃO 1 E QUESTÃO 1 C
QUESTÃO 2 B QUESTÃO 2 E
QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 B
QUESTÃO 4 B QUESTÃO 4 E
QUESTÃO 5 D QUESTÃO 5 A
QUESTÃO 6 A QUESTÃO 6 B
QUESTÃO 7 C QUESTÃO 7 C
QUESTÃO 8 D QUESTÃO 8 D
REFERÊNCIAS
AMADO, James. Gregório de Matos. Obra poética. São Paulo: Record, 1990.
ANDRADE, Mário de. Poesias completas. São Paulo: Círculo do Livro, s.d.
ANDRADE, Oswald. Poesia reunidas, 5. Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971.
ANJOS, Augusto do. Eu e outros poemas. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1965.
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Moderna, 1999.
BILAC, Olavo. Poesias. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 23ª edição. 1964
BILAC, Olavo. Via Láctea. Disponível em: https://bit.ly/3vFJeNg. Acesso em: 02 ago.
2020.
BOSI, Alfredo. História Concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1978.
BRAIT, Beth. Guimarães Rosa. Literatura comentada. São Paulo: Abril Educação, 1982.
COSTA, Cláudio Manuel da. Obras poéticas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar 2002.
278
GONZAGA, Tomás A. Marília de Dirceu. São Paulo: Ediouro, s.d.
HELLER, Bárbara (Orgs.) Álvares de Azevedo. São Paulo: Abril Educação, 1982.
MELO NETO, João Cabral de. Poesia completa. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979.
MORAES, Vinicius de. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1974
OLIVEIRA, Alberto de. Poesias completas. In: REIS. Marco Aurélio de Mello. Critica. Rio
de Janeiro: Eduerj, 1978.
ROSA, Guimarães. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
SARAIVA, Antonio José & LOPES, Oscar. História da Literatura Portuguesa. 5ª ed.,
revisada e aumentada, Porto editora, 1969.
279