TCC - Boas Praticas de Fabricação
TCC - Boas Praticas de Fabricação
TCC - Boas Praticas de Fabricação
TANGARÁ DA SERRA – MT
2015
JÉSSICA NOGUEIRA DA FONSECA
RESUMO
Este estudo refere-se à implementação da ferramenta de Boas Práticas de Fabricação, de forma a garantir a
segurança alimentar de uma panificadora de pequeno porte no município de Tangará da Serra – MT.
Inicialmente foi realizado um estudo bibliográfico das legislações vigentes para em relação ao objeto em estudo,
posteriormente realizou-se um descritivo dos requisitos necessários para implementação da ferramenta sendo
esses desde a higienização geral do ambiente e insumos ao produto final, armazenagem e disposição destes à
comercialização. A implementação da ferramenta na panificadora foi realizada de acordo com os requisitos
exigidos nas legislações. Como resultado, evidenciou-se contribuição e a influência da implementação do
manual de Boas Práticas de Fabricação para garantia da segurança alimentar e qualidade dos produtos.
Palavras Chaves: Segurança alimentar, Panificação, Qualidade.
ABSTRACT
This study refers to the implementation of Good Manufacturing Practices tool in order to ensure food security of
a small bakery in the city of Tangará da Serra - MT. Initially it conducted a bibliographic study of current
legislation in relation to the object under study, later was realized a descriptive of the requirements for
implementation of the tool and these from general cleaning the environment and raw materials to the final
product, storage and disposal of these to the commercialization .The implementation of the tool in bakery was
carried out according to the requirements in the legislation. As a result, the implementation was evident
contribution to food security guarantee and quality of products showing them how this can be influenced by the
implementation of BPF tool.
Key words: Food security, Bakery, Quality
1. INTRODUÇÃO
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Graduanda do Curso de Engenharia de Produção pela FACISA/UNIC Tangará da Serra – MT.
4
A aplicação das boas práticas é importante para que a organização possa atingir os
mais altos padrões de qualidade, por ser uma ferramenta com o intuito de sanar, minimizar ou
até combater as contaminações diversas que possam atingir o processo de produção e
manipulação de alimentos.
No Brasil, o marco histórico foi com criação da Portaria nº 1428/1993 a qual instituiu
normas higiênicas e sanitárias em todo o país para os fabricantes e comercializadores de
produtos alimentícios. Desde então isso remete as empresas a buscarem diferencial
competitivo e principalmente no bem estar e saúde dos consumidores, onde as panificadoras
iniciaram o processo de aprimoramento do processo produtivo com a utilização de
ferramentas da qualidade denominada Boas Práticas de Fabricação (BPF).
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Com isso o presente artigo tem como objetivo a implementação da ferramenta Boas
Práticas de Fabricação juntamente com o intuito de manter a qualidade higiênico-sanitária do
processo produtivo na panificadora em estudo.
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RDC: Resolução da Diretoria Colegiada da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 QUALIDADE
Para que se tenha qualidade de excelência é preciso antes de tudo estabelecer controles
para o processo, e praticar a qualidade que segundo Bertolino (2010 p.13) “é desenvolver,
projetar, produzir e comercializar produtos de qualidade que sejam mais econômicos, mais
úteis, seguros e sempre satisfatórios ao consumidor”.
Pode-se dizer então que o verdadeiro objetivo de ter qualidade é manter o processo
dentro dos requisitos estabelecidos garantindo a segurança alimentar pelo emprego da
qualidade, gerenciando as possíveis variações que possam ocorrer na manipulação de forma
que não afetem o processo, buscando sempre atender as especificações predeterminadas pelos
órgãos regulamentadores, além de instigar as organizações a realizar as melhorias de forma
contínua em seus processos.
Ainda a qualidade segundo Gava, Silva e Frias (2008, p 68) pode ser delineada como
“um conjunto de características que irão influenciar na aceitabilidade de um alimento”.
Destacam ainda, que esse nível de aceitabilidade de um alimento é identificado pelos
consumidores através dos órgãos do sentido humano levando a uma sensibilidade critica de
aparência, textura, sabor e flavor dos alimentos.
Para que essas características sejam mantidas, essa prática de qualidade no ramo
alimentício deve ser realizada desde a chegada de insumos para produção até a disposição do
produto acabado ao cliente final, onde requisitos e características dos produtos devem ser
respeitados de modo a conquistar o cliente. Sendo assim, praticar a qualidade no ramo
alimentício não é mais considerada uma vantagem competitiva, e sim uma condição para se
manter no mercado, Bertolino (2010).
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Definir formas de manter a segurança alimentar é o mesmo que difundir metas para
redução ou até eliminação de perigos, pois estes podem ter procedências e origens diversas,
sendo assim a aplicação de medidas que garantam as condições higiênico-sanitários desde a
aquisição de matéria prima até comercialização, permite fornecer aos clientes produtos livres
de contaminações e perigos que possam infringir a segurança alimentar.
Segundo Gava, Silva e Frias (2008) os agentes que podem afetar a saúde e integridade
física do consumidor são classificados em químico, físico e biológico, para tais perigos
podem ser implementadas ferramentas para garantia, controle ou até eliminação dos riscos,
que são: PPR’s3, APPCC4 e sistema de Qualidade e Gestão Integrada.
Segundo Giordano e Galhardi (2007 p. 83) a ABNT NBR ISO 22000:2006 publicada
em julho de 2006 “veio consolidar a responsabilidade em assegurar alimentos íntegros e
seguros, de forma definitiva, em âmbito mundial”. Ainda segundo os autores essa criação se
deu pela diversidade de regras quanto à segurança alimentar gerando dispersão de ênfases.
Portanto a norma objetiva padronizar a nível mundial o que se exige em relação a produção de
alimento inócuo.
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PPR’s: Programa de Pré-Requisitos;
4
APPCC: Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controle
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e avaliar todos os pontos de perigo na cadeia produtiva do alimento, dentro deste contexto a
norma fornece meios para determinar e documentar porque certos perigos identificados
precisam ser controlados, por uma organização ABNT NBR ISO 22000 2006.
Outras teorias como Tondo e Bartz, (2011) também salienta que a BPF tem como
objetivo principal reduzir as fontes contaminantes de alimentos, aplicando-se então aos
manipuladores de alimento, móveis e utensílios, equipamentos, fornecedores de matéria
prima, controle da água e controle de vetores e pragas. Deixando-nos a conclusão que a
aplicação de tal ferramenta é de extrema importância para o processo de produção, tendo
como razão de sua existência ser uma ferramenta para combater, minimizar, sanar essas
contaminações diversas, Portaria 368/04.
Tais requisitos têm como base de aplicação das resoluções e portarias, que buscam a
excelência na produção de alimentos livre de contaminações mantendo assim a segurança
alimentar dos produtos.
Para Souza (2012), existe um esforço por parte das organizações em se adequarem as
exigências estabelecidas em lei, mas ainda não há total aceitabilidade do método. Completa
ainda Tondo e Bartz (2011), dizendo que há a necessidade de maior aplicação prática, pois a
BPF já esta em vigor a mais de 40 anos, mas ainda a uma resistência principalmente por parte
das empresas de médio e pequeno porte que ainda relutam para implantá-la.
- Identificação da Empresa: Inicialmente deve ser feita a identificação da empresa, por meio
da apresentação de documentos que são: descrições legais da empresa, endereço, documentos
para funcionamento e categoria dos produtos.
Segundo a RDC 216/2004, caso o manipulador estiver com qualquer tipo de lesão ou
doença, o mesmo deve ser afastado para evitar a contaminação alimentar. Exige-se ainda que
devam sempre lavar as mãos ao chegar ao trabalho ou em qualquer momento que haja
necessidade. Todos devem estar com uniformes, limpos e conservados e devam sempre ser
supervisionados e capacitados por treinamentos de higiene pessoal, manipulação higiênica dos
alimentos e doenças transmitidas por alimentos, ainda esses treinamentos devem ser
comprovados mediante documentação.
3. METODOLOGIA
Utilizando-se deste método, por meio das resoluções vigentes no país, foram feitas as
observações no ambiente de produção da panificadora em estudo, com auxilio da ferramenta
BPF a fim de garantir a segurança alimentar na produção dos produtos panificados.
Para Bertolino (2010 p.120) “as Boas Práticas de Fabricação são um conjunto de
diretrizes e regras para o correto manuseio de produtos, abrangendo desde as matérias-primas
até o produto final, de forma a garantir a segurança do que é produzido pela organização”.
Foi utilizado como base deste estudo o regulamento técnico da resolução RDC nº
216/2004 e a lista de verificação da Resolução RDC nº 275/2002. Após a realização do estudo
e implementação da BPF foram apresentadas as melhorias a serem realizadas com o objetivo
de garantir a segurança alimentar da panificadora em estudo.
4. ESTUDO DE CASO
A produção da panificadora é dividida por tipo de massa para elaboração dos pães de
acordo com sua especificação. Alguns são produzidos todos os dias já outros não, essa
variação é controlada pelo proprietário que com a experiência diária determinou quais
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produtos elaborar em cada dia da semana para que não haja falta destes. A tabela 1 demonstra
de forma dinâmica o planejamento da produção da forma que é executado:
o ponto ideal da massa, formando uma massa homogênea, lisa e uniforme e assim variando o
tempo de acordo com o tipo de pão que esta sendo produzido.
Após cilindrar a massa bruta é pesada onde são divididas em quantidades iguais, de
acordo com as especificações do tipo de pão. Para os mini pães tanto doces como salgados a
massa é dividida na divisora onde o colaborador pesa a quantidade referente a 30 unidades.
Depois de pesadas e divididas, a massa passa pela moldagem das unidades de acordo
com seu formato requerido, onde cada pão possui seu método e especificação para modelar.
Ainda para modelagem alguns pães como o pão caseiro, cuca recheada, pão de leite, pão
sovado, integral é necessário a utilização de um cilindro elétrico para realizar-se a moldagem
individual.
Passadas às cinco horas de crescimento ao chegar a seu ponto ideal, o pão é levado
para assar, sendo essa uma importantíssima etapa da produção, onde que por meio de calor
ocorre duas transformações: química e a física.
que em seu estado inicial. Alguns cuidados devem ser tomados quanto se atinge essa etapa,
pois o controle da temperatura varia para cada tipo ou estrutura do pão.
contaminação dos alimentos, uma vez que os manipuladores sejam treinados, capacitados e
com condições favoráveis estarão prevenindo perigos ao realizar as atividades.
Descrição
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
De acordo com as tabelas acima foi possível identificar que de todos os itens
analisados as não conformidades encontradas foram de 22,97%, evidenciado assim a
importância da regularização conforme a implementação do manual de Boas Práticas de
Fabricação na panificadora em estudo.
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A empresa também deve exibir aos seus clientes finais que ela utiliza a BPF em seu
âmbito produtivo, evidenciando através de placas na empresa, nas sacolas timbradas da
panificadora, bem como expor um convite aos clientes para conhecerem o ambiente de
produção, de modo a valorizar a qualidade que está sendo empregada nos produtos.
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