Aula 03
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AULA
intergovernamentais
Hugo Fogliano Gonçalves
Marcos Antônio da Silva Batista
Meta da aula
Apresentar os instrumentos de gestão e
relações intergovernamentais nas
escalas vertical e horizontal.
objetivos
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reconhecer e avaliar as formas de
relacionamento entre as três esferas
de governo;
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Relações entre os níveis de Governo
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A Constituição de 1988 trouxe uma nova forma de padrão nas
relações entre os três entes: municipal estadual e federal. Com a vigência
da nova Constituição, a concentração de poderes e dos recursos na União
fazia com que o país se defrontasse com uma Federação desequilibrada,
onde estados e municípios tinham de assumir um comportamento de
dependência frente ao governo federal. Com a necessidade de articulação
entre as diferentes esferas de governo, criou-se uma oportunidade para
se consolidar as relações intergovernamentais, com vistas a assegurar
a operacionalização adequada dos mecanismos indispensáveis ao fun-
cionamento do sistema federativo de governo. O federalismo brasileiro
vem se concretizando desde a década de 1934. Os acordos, pactos e as
negociações entre os diferentes níveis de governos têm substituído o
antigo federalismo pelo chamado federalismo cooperativo. As regras
de distribuição de recursos públicos, definidas na Constituição, por
si só, indicam como se dão as relações financeiras entre a União, os
estados e os municípios. Entretanto, deve-se recordar que as relações
intergovernamentais não se restringem apenas às de caráter financeiro.
Há relações de cunho técnico-administrativo e político-institucional que
assumem papel relevante no ordenamento do sistema (MANUAL DO
PREFEITO, 2009).
A interdependência entre os diversos níveis do governo municipal e
a persistência dos dilemas de accountability frente à autonomia, à colabo-
ração e à competição indicam que é cada vez mais premente a concentra-
ção da atenção nos instrumentos ou nas ferramentas das relações entre os
vários níveis dos governos: municipal, estadual e federal. De certo modo,
essas ferramentas surgiram de fontes diferentes e são compreendidas no
meio das estruturas dos três níveis de governo. Embora algumas dessas
ferramentas tenham sido usadas como forma de controle e centralização,
elas refletem a tendência a formas de descentralização (ROCHA, 2004).
A cooperação surge da existência e da necessidade de se resolver
os problemas comuns que podem ser mais bem equacionados de forma
conjunta. É fundamental a existência de regras institucionais que possam
incentivar a cooperação, tanto no plano horizontal quanto no plano
vertical, entendendo-se que há mecanismos formais, como leis e normas,
como também práticas não formalizadas e que são estabelecidas nos
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Isso significa que, em várias áreas de atuação comuns aos três
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níveis de governo, a impossibilidade continua para se definir a inexistên-
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cia ou a insuficiência desses serviços, em vários municípios e, sobretudo,
em cada um dos distritos no qual o governo é responsável pelo proble-
ma. Na medida em que o município está mais próximo do cidadão, é
comum a demanda por esses serviços pela população local, que lhe é
feita constantemente, sem que possa ser atendida. É fundamental que o
governo municipal e o estadual organizem-se de forma articulada para
a defesa de seus interesses quando da elaboração de uma legislação
especifica. Em se tratando de competências municipais, a Constituição
torna claras as relações entre os níveis de governo. Nas áreas de saúde
e educação, cujos serviços são prestados pelo município, as referências
são feitas de forma direta, sendo que a cooperação técnica e financeira
cabe à União e aos estados.
A relação intergovernamental na ordem social apresenta, de
forma muito nítida, o caso dos serviços de assistência social, nos quais
aparece a distribuição de funções entre os níveis de governo, cabendo à
União os papéis de coordenação e ficando a execução de várias ações a
cargo dos governos estaduais e municipais. Embora a assistência técnica
sempre tenha sido uma atividade importante nas relações que se estabe-
lece entre os entes governamentais, mais do que nunca, ela assume uma
posição especial, quando estados e municípios ficam frente a frente com
novas responsabilidades repassadas pela União. É de maior interesse
o município cobrar a prestação dessa assistência por parte da União
e dos estados, possibilitando o aprimoramento do quadro funcional
de forma a poder realizar adequadamente suas responsabilidades. Um
ponto importante é o da cooperação financeira, que remete à questão
dos convênios, que é um instrumento pelo qual se processam as transfe-
rências negociadas. Ainda com referência à questão financeira, o aspecto
importante das relações intergovernamentais é a questão do recurso
ao crédito, que é um instrumento importante para a continuidade dos
programas de investimentos. Para realizar as operações de crédito, as
agências governamentais que dispõem de recursos para empréstimos ao
município, como a Caixa Econômica Federal – CEF, o Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES e o Banco do Brasil,
são fontes importantes de financiamento, em especial para os programas
da área social e de infraestrutura urbana.
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Atividade 1
Atende aos Objetivos 1 e 2 1 2
Resposta Comentada
As áreas de saúde têm se utilizado dos arranjos institucionais, porque o consórcio
intermunicipal atua como uma forma de organizar os sistemas descentralizados de
atendimento, realizar serviços e atividades especializados, coordenar e executar
obras de infraestrutura para a área de saúde, além de adquirir insumos.
Cooperação intermunicipal
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Neste contexto, surgem formas de cooperação intermunicipal
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como os consórcios, as associações e as agências, como uma alternativa
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para viabilizar os serviços e auxiliar na racionalização das atividades e na
organização das administrações municipais. As várias formas de arranjo
institucionais ocorrem nas áreas de saúde e recursos hídricos, principal-
mente o consórcio intermunicipal, de forma a organizar os sistemas de
atendimento e realizar atividades e serviços especializados, executando
obras e comprando insumos, entre outras ações. Embora alguns proble-
mas a transcendam, a visão exclusivamente municipal passa a interessar
a outros municípios, impondo soluções regionalizadas, com ou sem a
participação do governo do estado ou da União, contribuindo para a
formação de entidades (consórcios, associações e agências) e passando
a integrar várias opções de políticas intermunicipais.
As associações, as agências, os fóruns e as redes são alternativas
encontradas pelos municípios para trabalharem de forma articulada as
questões que transcendem o seu território. Os municípios do entorno têm
se unido para a conquista de objetivos e nas atividades de interesse comum,
tais como: construção e manutenção de hospitais; serviços especializados de
saúde; preservação de rios; manutenção de estradas; manutenção de escolas
técnicas; aquisição e locação de equipamentos para uso comum; compra
de sistemas informatizados; tratamento e destinação de resíduos sólidos;
preservação de mata ciliar; organização de um plano regional de turismo;
capacitação das equipes técnicas municipais; promoção de eventos.
As experiências existentes de consórcios buscam resgatar os con-
ceitos de cooperação intergovernamental e podem auxiliar a potencializar
as ações de articulação microrregional. Eles têm sido apontados como
um instrumento que permite ganhos em termos de escala nas políticas
públicas, contribuindo para um novo modelo gerencial que viabiliza a
gestão microrregional. Além disso, abrem possibilidade para a discussão
de um planejamento regional e a ampliação da oferta de serviços por
parte dos municípios.
Os consórcios públicos
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Julia Freeman-Woolpert
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Figura 3.1: A cooperação dos entes públicos.
Fonte: http:// http://www.sxc.hu/photo/925147
Atividade 2
Atende ao Objetivo 3 3
Resposta Comentada
O consorciamento municipal tem se concentrado nas áreas de saúde, educação,
serviços públicos, obras públicas, meio ambiente e desenvolvimento urbano. O
resultado obtido pela maioria aponta para a existência de cinco pontos positivos. O
primeiro deles é o aumento da capacidade de realização; o segundo é o governo
municipal ampliar o atendimento aos cidadãos; o terceiro é a eficiência do uso
dos recursos públicos; o quarto é o caso dos consórcios que têm, como função
central, o compartilhamento de recursos escassos e o quinto é a realização
de ações inacessíveis a uma única prefeitura.
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conclusão
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Atividade Final
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Atende aos Objetivos 1, 2 e 3 1 2 3
Resposta Comentada
A principal inovação é a adoção de mecanismos que proporcionam maior con-
fiança ao acordo firmado entre os entes federados para o estabelecimento de um
consórcio público. Dois elementos da legislação expressam a obrigatoriedade de
um protocolo de intenções, firmado entre os entes federados, que deve receber a
aprovação das câmaras legislativas, e a substituição do convênio por uma nova
modalidade de contrato administrativo, que é o contrato de consórcio público,
cercado de garantias legais quanto à denúncia unilateral ou ao descumpri-
mento pelos contratantes.
resuMo
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