Relatório - Proibições Do Uso Do Celular
Relatório - Proibições Do Uso Do Celular
Relatório - Proibições Do Uso Do Celular
Proibição do uso
de celulares nas
escolas:
argumentos e
orientações de
9 países
CRÉDITOS Autoria
• Jhonatan Almada
Publicação
• CIEPP
Conclusão
• Junho/2024
Fotos
• Licenças Creative Commons
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 4
CONCLUSÕES 28
1 APRESENTAÇÃO
4
APRESENTAÇÃO
• Há uma preocupação crescente com o impacto negativo das
tecnologias na vida das crianças e adolescentes, sobretudos do
uso dos celulares em seu cotidiano e nas escolas.
• O relatório Tecnologia e Educação (GEM Report 2023) destaca
que não há evidências inequívocas de que as tecnologias
contribuem com o aprendizado, os estudos existentes são feitos
pelas próprias empresas de tecnologia.
• Alguns impactos negativos dessas tecnologias são apontados
pelo relatório “An ed-Tech tragedy?” (UNESCO): dores, ganho
de peso e desnutrição, danos à saúde mental, dependência,
perdas de concentração, memória e aprendizado, e prejuízos no
desenvolvimento das habilidades motoras e sociais
5
• O Brasil chega tardiamente nessa discussão e ainda
apresenta uma visão de deslumbramento quanto ao acesso
e ao uso de tecnologias na educação.
• É o claro exemplo de São Paulo e Paraná em que há uma
política de plataformização e privatização da educação,
alinhada ao uso de plataformas e aplicativos de empresas
privadas do setor tecnológico.
• Os dois estados percorrem um caminho fracassado já
testado em outros lugares do mundo e desfeito em tempos
recentes, como no notório caso da Suécia e das medidas
adotadas pelos países que apresentaremos.
6
• Este Relatório traz a abordagem de 9 (nove) países em
relação ao uso de celulares nas escolas, são eles, Reino
Unido, França, Países Baixos, Itália, Rússia, Austrália (South
Australia), China, Canadá (Ontário) e Estados Unidos
(Flórida).
• Foram escolhidos em função da facilidade com que as
informações foram encontradas. Disponibilizamos os
hiperlinks para os documentos e sites, possibilitando aos
leitores o acesso direto às fontes utilizadas.
• Organizamos este trabalho em três partes, na primeira
trazemos os argumentos para as restrições, na segunda as
orientações feitas quanto às restrições e as conclusões.
7
ARGUMENTOS
2 PARA AS
RESTRIÇÕES
8
Argumentos para as restrições – Reino Unido
• Os celulares representam uma distração indesejada em sala de aula
• O acesso ao mundo digital não pode prejudicar o bem-estar e a
educação das crianças
• Os celulares podem ser prejudiciais para o desenvolvimento social e
educacional das crianças, especialmente das menos favorecidas
• 44% dos pais estão preocupados com o tempo que os filhos passam
nos celulares e 3/4 dos pais apoiam a proibição nas escolas
• As crianças estão viciadas em drogas eletrônicas e não tem como
escapar dos traficantes digitais
9
Argumentos para as restrições – França
• A utilização de celulares pode prejudicar seriamente a qualidade da
audição e a concentração necessárias para as atividades de ensino.
• A sua utilização está na origem de grande parte da incivilidade e da
perturbação nas escolas.
• Os celulares podem ser uma fonte de cobiça, extorsão e roubo
entre colegas.
• A sua utilização nas instalações da escola diminui a qualidade da
vida em comunidade, que é tão vital para o desenvolvimento dos
alunos.
• Por último, os celulares são por vezes utilizados como veículo de
cyberbullying e facilitam o acesso dos jovens a imagens violentas,
nomeadamente pornográficas, através da Internet.
10
Argumentos para as restrições – Países Baixos
• Evidência científica dos efeitos prejudiciais dos telefones celulares
sobre a concentração e o desempenho de aprendizado dos alunos.
• Diálogo entre o Ministério da Educação, professores, acadêmicos,
pais e alunos indicou que precisam de acordos claros, viáveis e bem
fundamentados com relação ao uso de telefones celulares e outros
dispositivos em sala de aula.
• Todas as partes interessadas enfatizam a importância de um
ambiente de aprendizado no qual os alunos possam se concentrar e
se envolver.
• Os alunos têm direito ao melhor ambiente de aprendizado possível,
sem distrações desnecessárias.
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Argumentos para as restrições – Itália
• Os efeitos nocivos resultantes do uso contínuo de telefones
celulares, incluindo a perda da capacidade de concentração,
memória, espírito crítico, adaptabilidade e capacidade
dialética.
• O uso de telefones celulares e outros dispositivos eletrônicos é
uma distração tanto para quem os usa quanto para seus
colegas de classe.
• É uma grave falta de respeito para com o professor, e, portanto,
constitui uma infração disciplinar punível.
12
Argumentos para as restrições – Rússia
• Reduzir o risco para a saúde das crianças de um complexo de
fatores prejudiciais das tecnologias de informação e
comunicação
• Riscos relativos a radiação de celulares e torres de transmissão
• Evitar distrações em sala de aula
• Aumentar a disciplina dos estudantes
• Reforçar o papel dos professores no processo educacional
13
Argumentos para as restrições – Austrália
(South Australia)
• Queremos criar o melhor ambiente de aprendizado possível
para nossos alunos.
• Os celulares podem afetar a segurança e o bem-estar dos
alunos quando usados de forma inadequada.
• Proibir o uso de telefones celulares durante o horário escolar
nos ajuda a limitar o impacto negativo do uso inadequado e
reduz as distrações desnecessárias nas salas de aula, ajudando
professores e alunos a se concentrarem no aprendizado.
• Isso incentivará que os alunos usem os intervalos enquanto
tempo de qualidade, longe das telas.
14
Argumentos para as restrições – China
• O propósito é evitar danos à visão, dependência de
jogos/Internet e promover o desenvolvimento saudável.
• O vício de crianças na Internet tem sido visto como um
problema importante na China, abordado por meio de regras
destinadas ao setor de jogos para limitar a frequência e a
duração do uso do telefone por crianças.
15
Argumentos para as restrições – Canadá
(Ontario)
• Vínculo negativo entre uso excessivo de celulares e desempenho
acadêmico dos estudantes
• Mais de 1/3 dos alunos passam 5 horas ou mais em dispositivos
eletrônicos durante seu tempo livre
• Impactos da exposição excessiva às mídias sociais na saúde mental
de crianças e jovens
• Os jovens estão expostos a distrações, vícios, cyberbullying e
predadores on-line
• Eliminar as distrações em sala de aula e se concentrar no
desempenho acadêmico
• Criar ambientes de aprendizagem seguros e focados
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Argumentos para as restrições –
Estados Unidos (Flórida)
• Foco no aprendizado
• Priorizar a escola como um local de aprendizado livre de distrações.
• Bullying cibernético
• Limitar/eliminar a oportunidade de os alunos terem fotos e vídeos
tirados por outros alunos sem sua permissão.
• Minimização do uso inadequado da mídia social
• O uso inadequado das mídias sociais é um problema em todo o país.
Os alunos não terão a oportunidade de usar a mídia social durante o
dia escolar.
17
ORIENTAÇÕES
3 PARA AS
RESTRIÇÕES
18
Orientações sobre as restrições – Reino Unido
• O Governo produziu um guia com quatro possibilidades:
1. Proibição de telefones celulares nas dependências das
escolas
2. Entrega do celular na chegada e devolução na saída
3. Telefones celulares mantidos em lugar seguro ao qual os
alunos não tenham acesso durante o dia letivo
4. Telefones celulares de posse com os estudantes, sem poder
usar, ver ou ouvir – mantidos desligados dentro das mochilas
19
Orientações para as restrições – França
• A proibição abrange a utilização de celulares e de qualquer outro
equipamento de comunicações eletrônicas (como tablets ou
relógios conectados) nas escolas e colégios.
• As diretorias das escolas secundárias podem incluir no seu
regulamento interno a proibição de utilização destes aparelhos
pelos alunos.
• Esta proibição aplica-se durante o tempo letivo e extracurricular.
• Aplica-se igualmente a todas as atividades escolares organizadas
fora da escola ou das instalações escolares.
• Nas instalações da escola, os celulares dos alunos devem ser
desligados e guardados.
20
Orientações para as restrições – Países Baixos
• O princípio básico é não ter telefones celulares ou outros
dispositivos na sala de aula, a menos que haja uso educacional na
aula.
• Uso educacional significa que esses dispositivos podem (somente)
ser usados em aulas específicas, se isso servir aos objetivos de
aprendizado dos alunos naquela aula.
• Não há espaço para uso não educacional (como o uso individual de
mídia social) com base nessa premissa.
• Recomenda-se que as escolas traduzam esse princípio em uma
política escolar clara, em estreita consulta com professores, pais e
alunos, passando pelos processos formais de co-determinação.
21
Orientações para as restrições – Itália
• Há uma proibição geral do uso de telefones celulares em sala
de aula.
• É permitido o uso de tais dispositivos em sala de aula, como
ferramentas compensatórias nos termos da legislação vigente,
com o consentimento do professor, para fins inclusivos,
didáticos, de formação e cidadania digital.
• As escolas devem ajustar seus regulamentos para cumprir com
as restrições de uso dos celulares.
22
Orientações para as restrições – Rússia
• Não usar smartphones para fins educacionais até os 18 anos de idade
• Para todas as categorias de idade, recomenda-se o uso de livros para
leitura e realização de tarefas
• Crianças com menos de 6 anos de idade devem excluir completamente o
uso de qualquer equipamento de computador para fins educacionais em
casa.
• Crianças de 6 a 12 anos são aconselhadas a minimizar o uso de
equipamentos de informática para fins educacionais em casa. Se for
necessário usar fones de ouvido, limite o uso contínuo a não mais de uma
hora em um volume não superior a 60%.
• A duração de todos os tipos de atividades na tela para crianças dessa
faixa etária não deve exceder 2 horas por dia (incluindo assistir à TV).
• O uso de tablets para ensino à distância em condições domésticas é
permitido para adolescentes acima de 15 anos de idade.
23
Orientações para as restrições – Austrália
(South Australia)
• Todos os alunos devem manter seus dispositivos pessoais
“desligados e longe” entre o início e o fim de cada dia letivo e
enquanto estiverem participando de atividades escolares
autorizadas fora do local, como acampamentos e excursões.
• Os alunos só podem acessar seus dispositivos pessoais durante
esses períodos se tiverem recebido uma isenção aprovada pela
escola para usar o dispositivo por um motivo específico e
acordado.
• O acesso refere-se tanto ao acesso físico, incluindo o uso de
qualquer tecnologia portátil que se enquadre na definição de
dispositivos pessoais.
24
Orientações para as restrições – China
• Os telefones dos alunos só podem ser trazidos para as escolas com
uma permissão por escrito dos pais, dizendo que há uma
necessidade real.
• Mesmo assim, os telefones são proibidos nas salas de aula e serão
guardados pelos funcionários da escola.
• Caso os pais precisem entrar em contato com os alunos, as escolas
podem explorar o uso de telefones públicos
• Os professores não devem usar telefones celulares para atribuir
deveres de casa ou exigir que os telefones sejam usados para
concluir os deveres.
• As escolas devem aumentar a alfabetização, a conscientização e a
autodisciplina on-line dos alunos e também informar os pais sobre
os danos causados pelo uso excessivo do telefone pelos filhos.
25
Orientações para as restrições – Canadá
(Ontario)
• Todos os membros da comunidade escolar não devem usar
dispositivos móveis pessoais durante o período de aulas, exceto no
caso de propósito educativo sob orientação de um professor, fins
médicos e de saúde e para atender necessidades da educação
especial
• Os dispositivos móveis devem ser desligados e armazenados fora
do campo de visão dos estudantes durante todo o período de aulas
• O aluno é responsável por seu dispositivo móvel pessoal, pela forma
como o utiliza e pelas consequências de não seguir a política ora
definida.
• Os conselhos escolares devem restringir o acesso a todas as
plataformas de mídia social nas redes e dispositivos escolares
26
Orientações para as restrições –
Estados Unidos (Flórida)
• Um aluno não poderá usar um dispositivo de comunicação sem fio
durante o período de instrução, exceto quando expressamente
orientado por um professor e exclusivamente para fins educacionais.
• O professor deverá designar uma área para dispositivos de
comunicação sem fio durante o período de instrução.
• Cada conselho escolar distrital deverá adotar regras que regulem o
uso de um dispositivo de comunicação sem fio por um aluno
enquanto ele estiver na propriedade da escola ou participando de
um evento escolar.
• Em caso de desobediência pode ocorrer: confisco (item devolvido
no final do dia); detenção; alternativa positiva à suspensão escolar
(PASS); suspensão fora da escola (OSS).
27
4 CONCLUSÕES
28
CONCLUSÕES
• O argumento principal apresentado pelos países para restringir
o uso de celulares nas escolas foi evitar as distrações dos
estudantes e dar mais foco ao aprendizado, respeitando o
papel do professor.
• É destacada a preocupação com um ambiente de aprendizado
mais saudável que propicie o bem-estar e a segurança dos
estudantes.
• Há consenso que o uso excessivo de celulares e a exposição às
telas prejudica a concentração, a memória, o pensamento
crítico, a audição, a visão, causa dependência e afeta o
desempenho acadêmico.
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• Se argumenta que mídias sociais expõem crianças e jovens ao
cyberbullying, viciam e prejudicam a saúde mental, privando-as
de tempo de qualidade, o qual deve ser longe das telas.
• Quanto às orientações sobre a proibição do uso de celular há
gradações. Os países adotam proibições exclusivamente para
os estudantes até proibições de uso que incluem professores e
direção das escolas.
• Em linhas gerais, a orientação é que os celulares sejam
desligados e guardados longe da vista dos estudantes durante
todo o período letivo. O acesso só é permitido mediante
autorização justificada pelos familiares e para um uso específico
como acompanhamento de saúde.
• Poucos países permitem o uso educacional dos celulares e isso
desde que sob supervisão direta dos professores.
30
• Há crescente evidência científica de que a melhor decisão é a
restrição ou proibição do uso de celulares por parte dos
estudantes nas escolas, comissões de especialistas de
diferentes países (ALMADA, 2024) tem chegado a essa
conclusão.
• A recomendação deste Relatório é que o Ministério da
Educação do Brasil crie sua própria Comissão de Especialistas
para analisar o tema e propor orientações aos sistemas de
ensino, pois este é um papel de coordenação da política
educacional que precisa ser assumido e praticado.
31
CIEPP
MISSÃO
• Contribuir para a formulação, implementação e avaliação de políticas públicas com
base em evidências científicas orientadas para a garantia dos direitos humanos
universais
OBJETIVOS
• Investigar programas, projetos e ações governamentais para que possamos
aperfeiçoá-los a partir de avaliações externas e recomendações ao poder público;
• Implementar projetos no campo da educação, ciência, tecnologia e inovação que
contribuam com a transformação social;
• Inspirar o desenho de políticas a partir do conhecimento aportado por nossos
pesquisadores
PROPÓSITO
• Ser referência em inovação, conhecimento e produção de políticas públicas na
América Latina
32
Jhonatan Almada
Diretor do Centro de Inovação para a Excelência das Políticas Públicas-CIEPP, co-fundador
da Rede de Planificadores Educativos da América Latina, membro do Conselho Consultivo
Nacional do T20 Brasil, membro da Rede de Especialistas em Política Educativa da
UNESCO/IIPE, NORRAG e da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
Doutorando em Educação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho-Unesp.
Mestre em Educação pela Universidade Federal do Maranhão-UFMA. Especialista em
Planejamento e Gestão de Políticas Educativas pelo Instituto Internacional de Planejamento da
Educação da UNESCO. Especialista em Gestão e Políticas Públicas pela Fundação Getúlio
Vargas-FGV. Licenciado em História pela Universidade Estadual do Maranhão-Uema.
Foi Diretor de Ensino de Graduação da Universidade Federal do Maranhão-UFMA (2021-2023),
Presidente da Federation of International RoboSports Association-FIRA no Brasil (2019-2024), Reitor
do Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão-IEMA (2017-2020) e Secretário de
Ciência, Tecnologia e Inovação (2016-2017).
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Como fazer a referência deste documento?
• ALMADA, Jhonatan. Proibição do uso de celulares nas
escolas: argumentos e orientações de nove países. São Luís:
CIEPP, 2024. Disponível em www.ciepp.org.
34
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produzir estudos e pesquisas ligados aos temas de interesse
da educação, ciência, tecnologia e políticas públicas.
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