Metodologias Ativas Vs Passivas - Tese
Metodologias Ativas Vs Passivas - Tese
Metodologias Ativas Vs Passivas - Tese
M
2023
Marisa Alexandra da Silva Lopes
2023
Marisa Alexandra da Silva Lopes
Membros do Júri
Professor Doutor (escreva o nome do/a Professor/a)
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Declaração de honra
Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente
noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a
outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as
regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências
bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a
prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.
Porto, 2023
3
Agradecimentos
Esta foi uma caminhada cheia de desafios, que pretendi superar sempre com sorriso
no rosto. Aprendi tanto com este trabalho e evoluí ainda mais com os que estiveram
sempre comigo. Tudo o que possa escrever será pouco para refletir o que fizeram por
mim!
Um obrigada gigante aos meus pais que sempre fizeram tudo por mim! Tornaram este
caminho mais leve e bonito, são a minha inspiração. Obrigada pela força que me
deram, pelo carinho, pela vossa dedicação, todos os dias. São o meu porto seguro.
Obrigada à minha irmã gémea, Márcia, por ter estado sempre ao meu lado. Sem ti, que
partilhas o mesmo gosto pela Geografia, tenho a certeza de que este percurso não
seria tão colorido. És um grande apoio para mim e tenho muito orgulho em poder
partilhar a mesma profissão contigo. Começamos juntas e vamos terminar esta etapa
juntas, também. Que venham muitas mais.
Obrigada aos meus avós, que apesar de já não estarem entre nós, tenho a certeza de
que têm um orgulho enorme de mim. Nunca me vou esquecer de tudo o que me
ensinaram. São e serão para sempre um orgulho para mim, bú e bó.
4
Às minhas amigas e colegas de estágio, Beatriz e Filipa, por todos os momentos que
vivemos juntas, por todos os lanches e por todos as aventuras. Que possamos partilhar
muitos mais momentos assim.
Às minhas amigas Mariana e Ana, por estarem sempre presentes neste percurso,
obrigada pela vossa amizade e por tudo o que partilhamos juntas. Que seja sempre
assim!
À minha amiga Sofia e Ana, obrigada pelas vossas palavras encorajadoras, sempre
cheias de carinho. Foram um grande apoio para mim durante todo este processo.
Por último, mas não menos importante, obrigada aos meus meninos, aos primeiros
alunos que tive na vida, pela vossa participação neste relatório. Muito aprendi com
todos vocês.
5
Resumo
A emergência de um modelo de ensino mais diversificado, com a utilização de
estratégias promotoras do papel ativo do aluno, tem favorecido, pouco a pouco, a
reformulação do ensino tradicional, no qual dominam processos de memorização
numa comunicação vertical entre professor/aluno – o que hoje conhecemos como
metodologias passivas de aprendizagem (MPA). Em alternativa, com a consolidação
das metodologias ativas de aprendizagem (MAA), docente e discente envolvem-se na
prática letiva que visa o alcance de aprendizagens com significado na vida dos alunos.
6
Abstract
The emergence of a more diversified teaching model, using strategies that promote
the active role of the student, has gradually favored the reformulation of traditional
teaching, in which memorization processes predominate in a vertical communication
between teacher/student - what we now know as passive learning methodologies
(PLM – MPA). Alternatively, with the consolidation of active learning methodologies
(ALM – MAA), teachers and students are involved in a pedagogical practice that aims
to achieve meaningful learning in the lives of students.
The results obtained from this research show that students achieve better results with
ALM (MAA), compared to PLM (MPA), however, this reading is far from linear, because
we did not find unequivocal evidence of a distinction between ALM (MAA) and PLM
(MPA), but only that the fact that the former involve the latter, they end up working in
symbiosis, depending also to a large extent on the programmatic contents.
7
Índice de Figuras
FIGURA 1 - PRINCÍPIOS DAS METODOLOGIAS ATIVAS DE APRENDIZAGEM ................................................... 25
FIGURA 2 - CONE DE EXPERIÊNCIA DE EDGAR DALE ............................................................................... 29
FIGURA 3 - REPRESENTAÇÃO DE DAVIS E SUMMERS A PARTIR DO CONE DE EXPERIÊNCIA DE DALE ................. 30
FIGURA 4 - CONE DE APRENDIZAGEM ATRIBUÍDO A DALE ....................................................................... 31
FIGURA 5 - TAXONOMIA ORIGINAL DE BLOOM ...................................................................................... 32
FIGURA 6 - REVISÃO DA TAXONOMIA DE BLOOM .................................................................................. 34
FIGURA 7 - REPRESENTAÇÃO ADAPTADA DA TAXONOMIA DE BLOOM ....................................................... 36
FIGURA 8 - APRENDIZAGEM .............................................................................................................. 38
FIGURA 9 - REPRESENTAÇÃO DA PIRÂMIDE DE GLASSER ......................................................................... 38
FIGURA 10 - (A) ENQUADRAMENTO DAS ESCOLAS DO AEEA; (B) ESCOLAS DO AEEA; (C) ESCOLA EUGÉNIO DE
ANDRADE E OS RESPETIVOS PAVILHÕES ........................................................................................ 40
FIGURA 11 - VALORES DEFENDIDOS PELO AEEA ................................................................................... 42
FIGURA 12 - ESBOÇO METODOLÓGICO DA COMPONENTE EXPERIMENTAL .................................................. 45
FIGURA 13 - ESFORÇOS DE REPRESENTAÇÃO DE METODOLOGIAS ATIVAS E PASSIVAS ................................... 46
FIGURA 14 - PIRÂMIDE DE APRENDIZAGEM SIMPLIFICADA (PAS) ............................................................. 47
FIGURA 15 - NÍVEIS INTERMÉDIOS INICIAIS DA PAS ............................................................................... 48
FIGURA 16 - PIRÂMIDE DE APRENDIZAGEM SIMPLIFICADA EM POSIÇÃO NORMAL E INVERTIDA ...................... 49
FIGURA 17 - PIRÂMIDE DE APRENDIZAGEM SIMPLIFICADA COM OS RESPETIVOS ENSAIOS .............................. 50
FIGURA 18 - VÍDEO POWTOON, EXPLICATIVO DO PROJETO ..................................................................... 52
FIGURA 19 - EXPOSIÇÃO DOS TRABALHOS NA BIBLIOTECA ....................................................................... 52
FIGURA 20 - CONSTRUÇÃO DAS CAIXAS DOS ODS E RESPETIVAS FOLHAS POP-UP (3D) ................................ 53
FIGURA 21 - APLICAÇÃO DA METODOLOGIA PASSIVA- "ESCUTAR" ............................................................ 54
FIGURA 22 - APLICAÇÃO DA METODOLOGIA ATIVA- "ENSINAR AOS OUTROS" BASEADA NUMA AULA INVERTIDA 55
FIGURA 23 - APLICAÇÃO DA METODOLOGIA ATIVA – "DEBATER" BASEADA NO TEATRO ................................ 56
FIGURA 24 - VÍDEO SOBRE AS SOLUÇÕES PARA OS PROBLEMAS DEMOGRÁFICOS (MPA – "VER”) .................. 57
FIGURA 25 - SEQUÊNCIA METODOLÓGICA DOS ENSAIOS 4,5 E 6 COM OS RESPETIVOS ENSAIOS 1, 2 E 3.......... 58
FIGURA 26 - VÍDEO DESENVOLVIDO PARA A MAA (“VER, ESCUTAR E DEBATER”) ........................................ 59
FIGURA 27 - PROPOSTA DE PAS, RESULTANTE DAS EXPERIÊNCIAS REALIZADAS ........................................... 69
8
Índice de Tabelas
TABELA 1 - CARACTERIZAÇÃO SIMPLIFICADA DA ABORDAGEM TRADICIONAL E MODERNA DO ENSINO ............. 19
TABELA 2 - EXEMPLOS DE METODOLOGIAS ATIVAS DE APRENDIZAGEM (MAA) ........................................... 25
TABELA 3 - DIFERENTES MATERIAIS EXISTENTES NO CONE DE EXPERIÊNCIA DE EDGAR DALE .......................... 27
TABELA 4 - PONTOS FORTE E FRACOS DA EBEA..................................................................................... 42
TABELA 5 - DISTRIBUIÇÃO DOS ENSAIOS, POR TEMAS E METODOLOGIAS .................................................... 51
9
Índice de Gráficos
GRÁFICO 1 - 8ºN: (A) DISTRIBUIÇÃO DOS ALUNOS POR GÉNERO; (B) IDADE DOS ALUNOS ............................ 43
GRÁFICO 2 - 8ºI: DISTRIBUIÇÃO POR IDADE E CARACTERÍSTICAS DOS ALUNOS ............................................ 44
GRÁFICO 3 - MÉDIA DAS CLASSIFICAÇÕES OBTIDAS NAS FICHAS DE TRABALHO (MPA E MAA) E NA AVALIAÇÃO
SUMATIVA, POR ALUNO – 8ºN ................................................................................................... 61
GRÁFICO 4 - MÉDIA DAS CLASSIFICAÇÕES OBTIDAS NAS FICHAS DE TRABALHO (MPA E MAA) E NA AVALIAÇÃO
SUMATIVA, POR ALUNO – 8ºI..................................................................................................... 61
GRÁFICO 5 - AULAS DE GEOGRAFIA QUE OS ALUNOS MAIS GOSTARAM NA TURMA 8ºN (A) E 8ºI (B).............. 62
GRÁFICO 6 - MELHORES E PIORES CLASSIFICAÇÕES NAS FICHAS DE TRABALHO, POR METODOLOGIA – 8ºN ...... 64
GRÁFICO 7 - MELHORES E PIORES CLASSIFICAÇÕES NAS FICHAS DE TRABALHO, POR METODOLOGIA – 8ºI ........ 64
GRÁFICO 8 - MÉDIA DAS CLASSIFICAÇÕES OBTIDAS NAS FICHAS DE TRABALHO, POR METODOLOGIAS, TEMA E
TURMA .................................................................................................................................. 66
GRÁFICO 9 - MÉDIA DAS CLASSIFICAÇÕES OBTIDAS NAS FICHAS DE TRABALHO, POR METODOLOGIAS E TURMA, E
RESPETIVA AVALIAÇÃO SUMATIVA ............................................................................................... 68
10
Índice de Anexos
ANEXO 8 - MPA- “ESCUTAR” NA TURMA 8ºI SOBRE AS ÁREAS DE FIXAÇÃO HUMANA – REPARTIÇÃO DA
POPULAÇÃO ............................................................................................................................ 90
ANEXO 9 - MAA: “ENSINAR AOS OUTROS” NA TURMA 8ºN SOBRE AS ÁREAS DE FIXAÇÃO HUMANA –
PROBLEMAS URBANOS .............................................................................................................. 91
ANEXO 10 - MPA: “LER” NA TURMA 8ºI SOBRE AS ÁREAS DE FIXAÇÃO HUMANA – PROBLEMAS URBANOS ..... 91
ANEXO 11 - MAA: “DEBATER” NA TURMA 8ºN SOBRE AS ÁREAS DE FIXAÇÃO HUMANA – SOLUÇÕES PARA OS
PROBLEMAS URBANOS .............................................................................................................. 92
ANEXO 12 - MPA: “VER” NA TURMA 8ºI SOBRE AS ÁREAS DE FIXAÇÃO HUMANA – SOLUÇÕES PARA OS
PROBLEMAS URBANOS .............................................................................................................. 92
ANEXO 13 - FICHA DE TRABALHO SOBRE AS ÁREAS DE FIXAÇÃO HUMANA – REPARTIÇÃO DA POPULAÇÃO ........ 93
ANEXO 14 - JORNAL ESCOLAR SOBRE AS ÁREAS DE FIXAÇÃO HUMANA – PROBLEMAS URBANOS (MPA: “LER”) 95
ANEXO 15 - FICHA DE TRABALHO SOBRE AS ÁREAS DE FIXAÇÃO HUMANA – PROBLEMAS URBANOS ............... 96
ANEXO 16 - GUIÃO DO TEATRO SOBRE AS SOLUÇÕES PARA OS PROBLEMAS URBANOS (MAA: “DEBATER”) ..... 98
ANEXO 17 - FICHA DE VISIONAMENTO ATIVO QUE ACOMPANHA O TEATRO .............................................. 101
ANEXO 18 - FICHA DE TRABALHO SOBRE AS ÁREAS DE FIXAÇÃO HUMANA – SOLUÇÕES PARA OS PROBLEMAS
URBANOS ............................................................................................................................. 102
ANEXO 22 - CLASSIFICAÇÕES OBTIDAS NAS FICHAS DE TRABALHO, POR TEMA, METODOLOGIA E ALUNO, E
RESPETIVA AVALIAÇÃO SUMATIVA – 8ºI ..................................................................................... 107
ANEXO 22 - CLASSIFICAÇÕES OBTIDAS NAS FICHAS DE TRABALHO, POR TEMA, METODOLOGIA E ALUNO, E
RESPETIVA AVALIAÇÃO SUMATIVA – 8ºI ..................................................................................... 107
12
Lista de abreviaturas e siglas
AE .......................................................................... APRENDIZAGENS ESSENCIAIS
13
Introdução
Este relatório de estágio foi realizado no ano letivo 2022/2023, no âmbito da unidade
curricular (UC) de Iniciação à Prática Profissional (IPP), do 2º ano do Mestrado em
Ensino de Geografia no 3º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário (MEG), na
Escola Básica 2/3 Eugénio de Andrade.
14
A partir daqui, realizou-se uma síntese experimental de diversos trabalhos que foram
sendo publicados, tendo-se situado os primeiros diagramas na pesquisa de Dale
(1946).
Cabe aqui referir que a observação destas pirâmides levou-nos a revisitar alguns
momentos do projeto desenvolvido no ano passado para questionarmos a classificação
daquelas ações em metodologias ativas ou passivas. De facto, muitas das atividades
que envolvem “ler”, “escutar” e “ver” podem estar implícitas em metodologias ativas,
uma vez que, para que ocorra um debate, por exemplo, é preciso, também saber
“escutar”, daí o título deste trabalho onde se subentende o papel da estratégia
docente quando aplica determinados recursos que visam a promoção de MAA e MPA.
Assim, entendemos que a questão que norteia este trabalho deve formular-se da
seguinte forma: “até que ponto as metodologias ativas e as metodologias passivas de
aprendizagem, se distinguem na construção do conhecimento em Geografia?”
15
b) Observar, em sala de aula, os resultados da aplicação de metodologias
ativas e passivas baseadas em esquema piramidal de aprendizagens
construído para o efeito a partir da literatura consultada;
c) Avaliar os resultados das aprendizagens dos alunos tendo por referência a
PAS;
d) Propor um esquema de aprendizagem resultante das experiências
realizadas;
e) Clarificar, de forma crítica, a distinção existente, ou não, entre MAA e MPA
no ensino-aprendizagem de Geografia.
Estes objetivos, por sua vez, permitem estruturar o relatório em cinco pontos
principais:
16
1. Enquadramento teórico
A evolução do ensino tem-se processado pela alteração, não só do foco dos temas
emergentes em cada momento, mas também, em grande parte, resultante dos
avanços das técnicas e tecnologias disponíveis, através de novos métodos e estratégias
aplicados em sala de aula. De facto, a evolução tecnológica verificada durante a
segunda metade do século XX, contribuiu em parte, para a emergência destes
instrumentos, diversificando a prática docente. Concomitantemente, as mudanças
sociais, económicas e políticas proporcionaram alterações significativas nos métodos
tradicionais de ensino, no qual o professor era a figura suprema em sala de aula. Ou
seja, “[o] sistema de ensino, à medida que se adapta a essas mudanças e implementa
novas formas de aprender e ensinar…”, origina uma nova imagem do professor, em
que não basta “…somente dominar o conteúdo em si, mas são necessárias outras
habilidades que garantem a formação e atuação do docente de forma abrangente”
(Luchesi et al., 2022, p. 11).
Antunes (2008), acrescenta que a Escola Nova legitima a promoção de uma educação
de qualidade, baseada na autonomia do estudante e no reforço positivo, referindo-se
de forma figurativa a “aplauso” das determinações individuais. Aqui, o professor deve
proporcionar um ensino envolvente e integrado para todos os estudantes, tendo em
17
consideração as individualidades de cada um. Ao aluno cabe ter uma participação
ativa, sendo que toda e qualquer participação passiva, não condiz/opõe-se à
aprendizagem. Destaca também que é importante cessar com castigos ou sanções que
possam de alguma forma assolar a espontaneidade e participação do estudante –
prática que Montessori (1965) reconhece como um “… triste espetáculo …” (p. 20),
onde o professor apenas procura utilizar os castigos e prémios a seu favor,
promovendo mesmo, sem dar por isso, a indisciplina.
Testemunhos recentes dão conta de práticas muito distantes das que se defendem na
Escola Nova, revelando alguns aspetos que marcaram pela negativa os percursos
escolares, como o distanciamento do professor face aos alunos, a arrogância e a
prepotência, num quadro tradicional da aprendizagem onde o professor é a
personagem principal e o aluno assume uma posição passiva, de obediência (Teixeira,
2018).
A este propósito, Freire (2018) admite existirem dois tipos de educação, a bancária
(ensino tradicional) e a problematizadora (ensino moderno). A educação bancária
corresponde não só à atitude do docente, preocupado apenas em transmitir o
conhecimento aos seus alunos, meros “pacientes”, mas também, à manutenção da “…
contradição educador- educandos” (p. 94). Ou seja, surgem aqui evidências de
dominação, superioridade e despreocupação face à presença/papel do estudante,
fazendo jus ao ensino tradicional no qual os alunos são apenas depósitos de
informação. Pelo contrário, a educação problematizadora, tem como grande
preocupação o garante da liberdade e da democratização da educação, sobre a qual
“… o educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado,
em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa” (p. 95).
Esta perspetiva já tinha sido defendida por Dewey (1979), quando criticou a
permanência do “re-citar” em sala de aula (o docente repete constantemente a
mesma informação até estar completamente assimilada pelo aluno). Deste modo, os
alunos são comparados a um disco fonógrafo em que se grava “… uma série de
palavras a ser literalmente reproduzida no momento em que a sabatina ou exame
comprima a alavanca própria” (p. 258) – perspetiva que se distancia,
18
significativamente, da assunção de que “… o ensino é uma arte e o professor é um
artista” (p. 283).
Recuando um pouco mais, agora até aos anos 40 do século XX, é possível encontrar
posturas mais radicais relativamente a este assunto, identificando que não só o
sistema autoritário do professor é profundamente condenado, como também, “...
socialmente, valeria mais, talvez, que não houvesse escola, do que uma escola (…) que
ensina por meio de dogmas para impedir a reflexão, que reprime, desvia e aniquila de
uma vez por todas a contribuição pessoal” (Freinet, 1944, citado por Imbernón, 2012,
p. 21). Ou seja, a escola opressora e limitadora das liberdades individuais, do espírito
crítico e criativo dos alunos, cujo “… aspeto sombrio, disciplinado, silencioso e de
paredes opacas…” poderia, e deveria, ser substituído por um ambiente de “… ar alegre,
movimentado, barulhento e multicolorido” (Saviani, 1999, p. 21).
Após uma breve clarificação do que se entende por escola tradicional vs moderna, a
qual sintetizamos na tabela 1, é relevante, no nosso entendimento, compreender
melhor em que consiste o ensino de qualidade.
19
O aluno é marcadamente O aluno é marcadamente ativo pois
passivo e deve apenas envolve-se diretamente com o
Aluno
memorizar os conteúdos. material a ser estudado, analisando,
Deve também dominar por argumentando, e levantando
completo todos os temas dúvidas e até mesmo constatações.
lecionados.
O docente não tem um O docente tenta fazer um trabalho
trabalho tão exigente e mais individualizado procurando as
individualizado pois trabalha grandes fragilidades dos alunos e
Vantagens com a turma (grupo) e não adotando, sempre que necessário,
com “o” aluno. Ensino de estratégias eficientes. Promove a
baixo custo que possibilita interação entre docente e discente.
lecionar tudo o que se
pretende em tempo útil.
Não é possível perceber se o O professor necessita de bastante
aluno realmente aprendeu tempo para a preparação e
com a profundidade devida. execução de atividades. O professor
Desvantagens deve ser capaz de selecionar a
informação essencial em resultado
do excessivo conteúdo a lecionar.
Fonte: Elaboração própria, baseada em Souza et al. (2014) e Rodrigues et al. (2018)
Em linha com a nossa perspetiva, Ribeiro et al. (2011) entendem que não existe uma
definição concreta para o ensino de qualidade, existindo, apenas, pequenas pistas
como os valores humanistas, pesquisa, respeito pelo outro, felicidade, paz, entre
outros. Além do mais, destaca que para uma educação de qualidade é necessário dotar
a educação com a “alegria do saber” (p. 263).
20
1.2. Metodologias ativas e passivas de aprendizagem
Numa perspetiva semelhante, Bastos (2006) citado por Berbel (2011) refere que o
docente deve ter, de facto, um papel facilitador, para que o aluno “… faça pesquisas,
reflita e decida por ele mesmo, o que fazer para atingir os objetivos estabelecidos” (p.
29), mas Moran (2018) defende que o papel do professor, é mais amplo ao evidenciar
que não é um facilitador, mas sim, um orientador ou mentor, nomeadamente através
do “…design de roteiros personalizados e grupais de aprendizagem…” (p. 13). Ou seja,
21
parece evidente que o mérito do docente, vai muito além do mero facilitador, mentor
ou orientador, assemelhando-se mais a uma figura que deve envolver os alunos nos
propósitos educativos, sendo por isso necessário adaptar as metodologias/estratégias
de ensino às diferentes realidades de aprendizagem.
• O que eu ensino para alguém, eu domino com maestria” citado por Barbosa e
Moura (2013, p. 54).
"… os alunos a fazer coisas e pensar sobre as coisas que estão a fazer". Ao
dizerem "fazer coisas", referem-se a atividades como debates, simulações,
conceção orientada, resolução de problemas em pequenos grupos, estudos de
22
casos, etc. (…) Quando os alunos ouvem uma palestra ou leem um manual,
estão a receber "Informação e Ideias" - uma parte importante do processo de
aprendizagem, mas também uma parte relativamente passiva (Bonwell & Eison,
1991, citado por Fink, 2003, p. 16).
Estes autores consideram que uma aprendizagem mais ativa exige que o professor
acrescente à leitura ou audição outros tipos de atividades mais experimentais e ativas.
Daqui se deduz, que as metodologias ativas e passivas podem funcionar numa relação
de simbiose.
Não obstante, as metodologias ativas não funcionam por si só – não basta ao professor
ter bons materiais ou boas ideias para implementar em contexto de sala de aula, é
necessário enquadrar os estudantes sobre os objetivos destas metodologias para que
surtam o desejado efeito. Sendo assim, o docente é o elemento-chave na promoção da
autonomia do estudante devendo estar atento aos interesses pessoais do aluno;
oferecer entendimentos claros sobre as tarefas a realizar; utilizar linguagem adequada;
ser compreensivo e atento aos diferentes ritmos de aprendizagem e, por último, deve
estar atento às frustrações dos seus alunos – estas entendidas como uma forma de
desmotivação (Reeve, 2009, citado por Berbel, 2011).
Todavia, autores como Paro (2011), não partilham da mesma opinião pois consideram
que a autonomia do aluno não é algo que o docente possa fornecer, porque é o
próprio aluno que a constrói. Ou seja, ao contrário do ensino tradicional onde as
crianças não tinham oportunidade de fazer escolhas ou confrontar ideias, no ensino
moderno, a autonomia desenvolve-se “com a autoria do próprio sujeito que se faz
autónomo” (p. 199).
23
Em linha com estas ideias, a aprendizagem ativa proporciona, portanto, uma educação
de qualidade, não só motivadora para o aluno, mas também mais eficaz face às
metodologias passivas, fundamentalmente utilizadas no ensino tradicional (Gusc &
Van, 2017, citados por Marques et al., 2021).
É nesta base que surgem evidencias sobre a pertinência das MAA, tanto para o
professor como para aluno (Figura 1). Enquanto o professor desafia, compreende e
orienta, o aluno – elemento central do processo de ensino-aprendizagem – desenvolve
as suas capacidades de autonomia, tomada de decisão e reflexão, promovendo a
problematização da realidade e a relação da teoria com a prática (Luchesi et al., 2022).
24
Figura 1 - Princípios das metodologias ativas de aprendizagem
25
Com a utilização da metodologia de sala de aula
invertida é possível desenvolver as capacidades de
Sala de aula invertida pesquisa dos alunos, recorrendo a trabalho prévio,
fora de sala de aula. Além do mais, pretende-se
promover uma aula dinâmica recorrendo ao debate
de ideias (Junges et al., 2022).
Debate corresponde a um ambiente de discussão no
qual os alunos são os verdadeiros protagonistas. No
Debate entanto, o professor tem um papel fundamental na
organização e controlo do ambiente em sala de aula
(Antunes, 2008; Junges et al., 2022).
O teatro é uma metodologia que consiste na
Teatro encenação através de um guião fornecido aos alunos.
Com este tipo de metodologias favorece-se a
criatividade (Junges et al., 2022).
Fonte: Elaboração própria com base em Fink (2003); Wood (2004); Antunes (2008); Lovato et
al. (2018); Gouvêa et al. (2022); Junges et al. (2022); Melo et al. (2022)
Das propostas analisadas, selecionámos três: Dale (1946); Bloom et al. (1956) e Glasser
(1998), que orientam os subcapítulos que se seguem.
26
1.3.1. Cone de experiência
Para Dale (1946), cada divisão do cone representa “estágios” (Tabela 3) que separam
as experiências abstratas (topo) das experiências diretas (base) (Figura 2). Por
exemplo, a “demonstração” é um estágio mais direto do que as “visitas de estudo” e
por consequência, estas “visitas de estudo” são estágios mais diretos do que as
“exposições”. No entanto, apesar da aparente simplicidade do conteúdo do cone, o
autor chama a atenção de que pode cometer-se:
27
• Constitui dois tipos de atividades: 1 – participação numa
dramatização ou 2 – assistir a uma dramatização. A
participação na dramatização (1) é mais significativa para o
Participação estudante do que apenas assistir (2).
dramática • Assistir a uma dramatização (2) marca a passagem de um
indivíduo participativo – “fazer” para um indivíduo mais
passivo – “observar”.
Exemplo: teatro, fantoches de sombra (teatro chinês).
• Consiste em demonstrar aos alunos como algo funciona ou é
feito. Nesta medida, o professor deve incluir três abordagens:
explicar, mostrar e fazer.
• Não requer necessariamente o próprio demonstrador –
professor. Este pode usufruir de filmes, gravações, diagramas,
para explicar um determinado assunto ao aluno.
Demonstração • Envolve o aluno como um indivíduo que não participa
ativamente, utilizando a “observação”. Contudo, por vezes, é
necessário retornar ao aluno como participante ativo em que
o “fazer” também está envolvido no processo de
demonstração. Deste modo, o cone de experiência não é para
ser utilizado no sentido literal e hierárquico, mas sim, como
complemento entre materiais.
Exemplo: Filme, gravação.
• O aluno apenas observa e utiliza a informação que considera
mais relevante. No entanto, se optar por incluir nessa visita
de estudo, uma entrevista ou questionário, a sua participação
Visitas de torna-se mais direta. Ou seja, o cone não representa, tal
estudo como no estágio anterior (demonstração), uma separação Indivíduo
firme entre “fazer” e “observar”. não
Exemplo: Visitas de estudo, excursões. participa
• É algo que pode ser observado e que inclui informação útil ativamente.
para o observador. Envolve
“observar”.
• Ao contrário da demonstração e da visita de estudo, nas
Exposições exposições, o observador apenas observa e não se envolve de
forma ativa em “fazer”.
Exemplo: Exposições de trabalhos.
• Pode ser mudo ou pode combinar a visão e audição.
• Propícia a seleção do conteúdo mais importante.
• Possibilita a utilização de ferramentas úteis em sala de aula,
como o filme em câmara lenta para demonstrar o
Filme funcionamento de um determinado objeto, por exemplo.
• Pode constituir uma simulação da realidade que promove no
aluno uma sensação de imersão.
Exemplo: Filmes com/sem som; filmes em câmara lenta.
• Envolvem a representação da realidade através da visão –
imagens e da audição – rádio e gravações áudio. A imagem
funciona como um “olho mecânico”; o rádio e gravações
Imagens, rádio reproduzem os sons reais.
e gravações • As imagens possibilitam a ampliação da informação de forma
mais detalhada, quer seja através de pinturas ou desenhos,
por exemplo.
• O aluno é apenas espectador e não participa ativamente em
qualquer um dos três materiais.
Exemplo: Pinturas, fotografias, músicas, rádio.
28
• Não são representações de imagens reais, mas sim abstratas
como tabelas, quadros, gráficos ou mapas, por exemplo.
Símbolos
visuais • O professor tem um papel fundamental na utilização destes
símbolos pois deve adaptá-los ao nível escolar dos alunos. Indivíduo
Exemplo: Gráficos, mapas, cartas, tabelas, quadro, cartoons. utiliza
• Corresponde ao estágio mais abstrato dos materiais símbolos.
audiovisuais do cone de experiência. Aumento da
Símbolos abstração.
• São atribuições de palavras a um objeto ou conceito, dando-
verbais
lhe significado: o que é um rio, vale, mapa (…)?
Exemplo: O que é um rio, um mapa, pluviosidade.
Fonte: Adaptado de Dale (1946).
Símbolos visuais
Símbolos verbais
Filme
Exposições
Visitas de estudo
Demonstração
Participação dramática
Experiência inventada
Experiências diretas e
com objetivos definidos
Experiências mais diretas
Curiosamente, mais tarde, autores como Davis e Summers (2014), exploram nos seus
artigos o cone de Dale (1946) de forma enviesada, associando-o, não raras vezes, a
interpretações que não traduzem a do autor, nomeadamente, quando lhe atribuem as
seguintes associações percentuais: as pessoas recordam 10% do que leem; 20% do que
ouvem; 30% do que veem; 50% do que ouvem e veem; 70% do que eles dizem; 90% do
que eles fazem (Figura 3). No entanto, esta informação não corresponde à verdade pois,
em momento algum Dale quantifica os diferentes estágios, nem tão pouco atribui o
29
objetivo deste cone de experiência a diferentes graus de memorização, até porque, tal
como o autor define, trata-se de “experiências”. Além do mais, percebe-se que existem
informações pouco precisas que podem alterar a interpretação face ao verdadeiro cone
de experiência: “[q]uanto mais se avança no cone, maior é a aprendizagem e mais
informação é suscetível de ser retida” (Davis & Summers, 2014, p. 3). Ora, é nosso
entendimento que esta informação é um pouco vaga, podendo até parecer
contraditória. Portanto, é preciso especificar-se pois avançar no cone pode ter duas
leituras:
• Avançar significa percorrer os estágios desde a base até ao topo do cone, o que
acontece é que a abstração aumenta nessa mesma direção (Dale, 1946).
• Avançar significa percorrer os estágios desde o topo do cone até à base, a
abstração diminui e aproximamo-nos cada vez mais da realidade concreta e
palpável (Dale, 1946).
Do mesmo modo, Ferreira Junior et al. (2014) citado por Silva e Cavalcanti (2019),
recorrem à obra de Dale (1946) e citam-no como base para as suas representações, mas
acabam por induzir em erro o leitor quanto ao verdadeiro significado e composição do
cone de experiência (Figura 4). Quer isto dizer que, apesar das propostas serem o reflexo
30
de adequações da obra original, acabam apenas por respeitar a forma e desvirtuam o
conteúdo. Parte-se do “cone de experiência”, que agora se designa por “cone de
aprendizagem”, e divide-se por níveis agrupados entre aprendizagens ativas e passivas
(Ferreira Junior et al., 2014, citado por Silva & Cavalcanti, 2019), isto é, assume-se que
a experiência é sinónimo de aprendizagem – interpretação que consideramos um
equívoco, uma vez que a primeira pode, ou não, resultar na segunda.
Fonte: Ferreira Junior et al. (2014) citado por Silva e Cavalcanti (2019, p. 631)
31
1.3.2. Taxonomia1 original de Bloom e posterior revisão
1
Etimologicamente taxonomia “…deriva do grego taxis, que significa "arranjo ou divisão", e nomos, que
significa "lei". Assim, taxonomia pode ser entendida como "leis de arranjo e divisão…" (Enghoff, 2009, p.
442).
32
• Conhecimento: Todo o conhecimento envolve recordação, mas também a
capacidade de relacionar determinados eventos.
o recordar consiste em direcionar para a memória determinados
acontecimentos ou materiais;
o relacionar implica a “… organização e reorganização de um problema de
modo a fornecer os sinais e pistas apropriados para as informações e
conhecimentos que o indivíduo possui” (Bloom et al., 1956, p. 201).
• Compreensão: Para a compreensão, o indivíduo não necessita relacionar
diferentes materiais, basta que saiba o que lhe está a ser transmitido.
• Aplicação: A aplicação envolve, necessariamente, o conhecimento e a
compreensão. Por exemplo, sempre que lhe for solicitada a resolução de um
problema, se o aluno não compreende determinado assunto não conseguirá
aplicar o conhecimento.
• Análise: Analisar consiste na divisão da comunicação em partes de forma a
compreender a organização e relação entre ideias. Sem esta análise, o objetivo
da comunicação não é devidamente esclarecido.
• Síntese: Sintetizar é desenvolver um produto final através da junção de
diferentes “peças”, isto é, o aluno pode utilizar diversas fontes e ideias na
construção de um produto final.
• Avaliação: É o último “estágio”. Abrange todos os comportamentos analisados
até ao momento, desde o conhecimento até à síntese. A avaliação decorre da
exatidão e coerência do trabalho realizado, podendo ser expressa em termos
quantitativos ou qualitativos.
33
algumas ambiguidades, através da subdivisão dos sucessivos níveis, aos quais
associam uma curta explicação que configura a(s) competência(s) que se deseja(m)
alcançar (Figura 6).
34
Sabendo que “[c]ada objetivo ilustrativo (…) deve ser lido como se fosse precedido
pela frase "O aluno é capaz de..." ou "O aluno aprende a..."” (Anderson et al., 2001, p.
66), então os níveis estabelecidos por este autor podem ser sintetizados da seguinte
forma:
35
organização da informação e, por último, a atribuição que corresponde ao
objetivo subjacente à mensagem.
• Avaliar: Implica fazer julgamento com base em normas e critérios - é a base da
avaliação. Os critérios utilizados podem ser a eficácia e a qualidade, por
exemplo. Por outro lado, “As normas podem ser quantitativas (ou seja, isso é
suficiente?) ou qualitativos (ou seja, isso é bom o suficiente?)” (p. 83).
• Criar: “Criar envolve juntar elementos para formar um todo coerente ou
funcional” (p. 84). Além do mais, neste processo de criação pretende-se que o
aluno seja capaz de desenvolver um produto final, promovendo a sua
criatividade, através da pintura ou da escrita, por exemplo - ideia que se
assemelha bastante, não só com a síntese na taxonomia original de Bloom,
como também com a ABPj.
De acordo com esta revisão da taxonomia, parece-nos evidente que a análise das seis
categorias é descrita de forma mais clara e objetiva face à taxonomia original de Bloom
(Ferraz & Belhot, 2010) e acaba por abordar, de forma direta, acontecimentos em
contexto escolar.
36
1.3.3. Considerações sobre “pirâmides de aprendizagem”
Através de uma pesquisa rápida conseguimos perceber que grande parte dos artigos
científicos, blogs e websites associam a existência de uma pirâmide de aprendizagem
de William Glasser à seguinte obra “Choice Theory: a new psychology of personal
freedom” (Glasser, 1998). Contudo, após a sua consulta, é possível identificar que esta
atribuição da pirâmide de aprendizagem à obra supracitada, é inexistente. Silva e
Muzardo (2018) relatam essa incongruência referindo que:
Na maioria das vezes, essas pirâmides e cones são associadas aos estudos de
William Glasser e Edgar Dale. Esses pesquisadores, contudo, não criaram uma
hierarquia de estratégias mais eficientes, muito menos associaram tais
estratégias a percentagem de sucesso ou insucesso na aprendizagem. Em
algum momento essa associação foi realizada e transformou-se, com o tempo,
em argumento de autoridade (p. 169).
Biggs e Tang (2011) admitem que os sentidos, como a visão ou a audição, são
fundamentais para a aprendizagem e, como tal, “[q]uanto mais uma modalidade
reforça a outra, mais eficaz é a aprendizagem” (p. 63). Isto é, para aprendermos é
necessário servirmo-nos dos sentidos, porque tudo o que envolve “fazer” é mais
facilmente recordado, ao contrário do que é dito, que é sempre mais difícil de reter
(Figura 8). A sequência das nossas recordações será, portanto: “…primeiro as ações,
depois as imagens, depois a semântica” (p. 64).
Dito de outra forma, é por intermédio dos cinco sentidos que se adquire o
conhecimento. Estes não funcionam de forma individual, mas, pelo contrário,
complementam-se, possibilitando um conjunto de experiências e aprendizagens.
Melhor dizendo, quando somos capazes de reunir a informação que recebemos pelos
sentidos estamos a criar condições para aprender (Wortman, 1988).
37
Outra forma de apresentar uma pirâmide de aprendizagem (atribuída a Glasser)
(Figura 9), muito próxima do esquema de Biggs e Tang (2011), foi publicada por Garcia
e Morais (2020), associando cada patamar a valores percentuais para a evolução das
aprendizagens, no qual o aluno deixa de ser um agente passivo, que recebe a
informação, e torna-se um agente ativo no processo de aprendizagem. Outras fontes 2,
revelam existir uma divisão clara entre as aprendizagens passivas que incluem o
patamar superior – “ler” até ao patamar intermédio – “ver e escutar”, e as
aprendizagens ativas respeitantes à segunda metade da pirâmide.
2
“Plantar Educação”: https://www.plantareducacao.com.br/piramide-de-aprendizagem/ acedido em
10/01/2023
38
aprendizagens, nomeadamente através da quantificação, terão resultado no abandono
daquele sólido geométrico!
3
Calendário Escolar – AEEA (agrupamento-eugenioandrade.org) acedido em 20/11/2022
39
Figura 10 - (a) Enquadramento das escolas do AEEA; (b) Escolas do AEEA; (c) Escola Eugénio
de Andrade e os respetivos pavilhões
b c
VCI
Gm A B D
C
Pp
Legenda:
40
vezes, o desenvolvimento da aula. A somar a isto, o material como por exemplo os
quadros interativos, apresentam-se um pouco obsoletos.
Quanto aos estudantes desta escola, tal como referido até então, é um público muito
heterogéneo, dadas as necessidades que existem. A par disto, engloba alunos de
diferentes etnias e com dificuldades económicas e de integração muito elevadas.
Tendo em conta estas premissas, o AEEA (2021) está ciente que com trabalho
colaborativo, “(…) a Escola e os professores têm uma importância e influência decisivas
no percurso de Vida” (p. 5). Estando este agrupamento inserido na freguesia de
Paranhos, é de notar que, tal como é referido no PE, a população estudantil é muito
heterogénea a nível económico, social e cultural em que grande parte das “(…) famílias
pertencem ao setor do comércio, serviços e indústria local” (p. 7). Este agrupamento é
caracterizado por acolher estudantes com NE e alunos surdos, representando um “(…)
enorme desafio, já que implica uma adequação permanente das práticas educativas
dos docentes” (p. 7). Como professora estagiária, e futura docente, acreditamos ser
este o elemento-chave do sucesso escolar, segundo o qual, o professor deve ser capaz
de adequar as estratégias de ensino às diferentes realidades de alunos e ritmos de
aprendizagem.
No que aos pontos fortes e pontos fracos deste agrupamento diz respeito, urge
salientar que serão mencionados os que acreditamos serem os que mais refletem o
panorama da EBEA (Tabela 4).
41
Tabela 4 - Pontos forte e fracos da EBEA
Contudo, e tal como refere o PE (AEEA, 2021), é necessário salientar que é “(…)
fundamental alterar a “visão tradicional de funcionamento da escola” e, muito
particularmente, o modo de trabalho dos professores e suas práticas, pois é nelas que
se manifesta e afere o grau de concretização da autonomia” (p. 13).
Como futura docente, e hoje como professora estagiária, acreditamos que a realização
do estágio na EBEA resumiu-se num percurso cheio de aprendizagens, em que ensinar
é também aprender com os nossos estudantes, a perceber que as dificuldades que eles
sentem têm de ser a nossa preocupação de base, de forma a adaptar a estratégias de
ensino aprendizagem. Numa perspetiva futura é importante nunca esquecer que é
primordial (Figura 11):
42
3. Metodologia e instrumentos de investigação
As turmas que servirão de amostra para o presente trabalho são o 8ºN e 8ºI (letras
fictícias, para proteger a identidade dos alunos). Estas turmas são ouvintes e compõem
um universo de 31 alunos.
A turma do 8ºN é composta por 15 alunos, dominando o sexo masculino com 67%
(Gráfico 1a). As idades destes alunos estão compreendidas entre os 12 e os 15 anos,
(Gráfico 1b), sendo que nenhum tem 14 anos de idade, nem é repetente ou NE.
Gráfico 1 - 8ºN: (a) Distribuição dos alunos por género; (b) Idade dos alunos
(a) (b)
A segunda turma, é composta por 16 alunos, que se distribuem em partes iguais entre
ambos os sexos. A maioria tem 13 anos de idade, sendo a idade máxima registada por
um aluno com 15 anos (Gráfico 2). De ressalvar que 3 alunos têm NE (necessidades
específicas) e outros 2 são repetentes (Rep) (Gráfico 2). Além do mais, contabilizando
apenas os alunos considerados de estatuto ordinários (Ord), ou seja, não NE e não
Rep, estes representam grande parte da turma, ou seja, 11 alunos.
43
Gráfico 2 - 8ºI: Distribuição por idade e características dos alunos
44
verificação das aprendizagens através da aplicação de fichas de trabalho. No final das
experiências da etapa 1, aplicaram-se inquéritos aos estudantes para obtermos a sua
opinião relativamente à aplicação de MAA e MPA (Figura 12).
45
Além das pirâmides, outras representações como cones ou taxonomias, por exemplo,
favoreceram a construção de um conjunto de ensaios cruzados entre MAA e MPA
(Figura 13). Considerando, portanto, as oito representações atrás referidas,
desenvolvemos uma pirâmide de aprendizagem simplificada (Figura 14) para que
pudéssemos encontrar um conjunto de níveis que incluíssem o máximo do que foi
desenvolvido por diversos autores.
(g) (h)
Fonte: Adaptado de (a) Dale (1946, p. 39); (b) Davis e Summers (2014, p. 2); (c) Ferreira Junior
et al. (2014) citado por Silva e Cavalcanti (2019, p. 631); (d) Bloom et al. (1956, p. 18); (e)
Anderson et al. (2001, p. 31); (f) www.nau.edu.pt acedido no dia 05/01/2023; (g) Biggs e Tang
(2011, p. 63); (h) Garcia e Morais (2020, p. 9).
46
Figura 14 - Pirâmide de aprendizagem simplificada
MPA
MAA
4
As cores utilizadas correspondem às da representação da topografia, isto é, consideramos que os tons
de verde a castanho, podem associar-se à altitude – quanto maior (o esforço) de subida, mais escuro,
enquanto o azul-claro remete para a linha de água, cota mínima de zero e, portanto, associada ao que
poderemos considerar como ponto de partida ou “menor esforço”.
47
por Silva e Cavalcanti (2019) e no website Plantar Educação 5: as MPA associam-se a
níveis de envolvimento visual e verbal, enquanto as MAA direcionam-se para o que
envolve a partição ativa do indivíduo e o “fazer”.
Ora como o foco deste trabalho se centra na avaliação da diferença entre MAA e MPA,
foi necessário conceber um esquema que pudesse despistar até que ponto, para um
mesmo professor e conteúdo programático, o uso de MAA ou MPA podia resultar em
diferenças de aprendizagem ou se, pelo contrário, esta distinção de resultados não se
revela assim tão óbvia. Nesse sentido, partimos da PAS para elaborar um draft de
comparação entre as MAA e as MPA (Figura 15) que serviu de base para a aplicação
das experiências didáticas com as duas turmas e conteúdos iguais. Para isso,
invertemos uma das pirâmides, sendo que o 8ºN representa a pirâmide em posição
normal e o 8ºI a pirâmide em posição invertida.
MPA MAA
* MPA MPA
MAA MPA
5
https://www.plantareducacao.com.br/piramide-de-aprendizagem/ acedido em 10/01/2023
48
Estavam, portanto, reunidas as condições para avançar com a definição de estratégias
de comparação entre as duas turmas do 8º ano. Assim, ambas as turmas teriam a
possibilidade de experimentar as diferentes metodologias, enquanto se comparam
estratégias diferentes para os mesmos conteúdos (Figura 16).
49
• População – problemas demográficos (“ler” – 8ºN e “ensinar aos outros” – 8ºI)
com as áreas de fixação humana – problemas urbanos (“ensinar aos outros” –
8ºN e “ler” – 8ºI);
Por outro lado, perseguindo uma maior diversificação temática, ainda implementámos
a PAS na abordagem aos impactes da atividade agrícola, constituindo-se como nível
intermédio, que permitirá fundamentar mais solidamente a crítica final à PAS.
50
Tabela 5 - Distribuição dos ensaios, por temas e metodologias
51
Ensaio 1: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
E1 – MAA: “praticar”
➢ Objetivo:
➢ Procedimentos:
Elaboramos um vídeo em formato Powtoon (Figura 18), para esclarecer que o objetivo
final do projeto passaria pela construção e exposição de um mural na biblioteca da
escola, composto por caixas dedicadas a cada ODS, assim como, de um livro pop-up
(livro 3D) demonstrativo de alguns dos problemas que os ODS pretendem dar resposta
(Figura 19).
52
Após a apresentação do vídeo, procedemos à distribuição dos ODS por aluno, através
de sorteio, para que pudessem desenvolver as seguintes tarefas:
Figura 20 - Construção das caixas dos ODS e respetivas folhas pop-up (3D)
➢ Observações:
• Uma vez que o tema dos ODS também remetem para a importância da
cidadania, o projeto foi realizado em conjunto com a disciplina de Cidadania e
Mundo Atual (CMA), numa lógica de interdisciplinaridade.
• A exposição dos trabalhos na biblioteca, decorreu no dia 16 de janeiro de 2023
para que toda a comunidade escolar pudesse observar o projeto e todo o
envolvimento dos alunos em atividades que lhes são próximas. Além do mais,
os trabalhos foram publicados no Boletim 29 do Clube Europeu6, assim como
no canal de Youtube criado pela coordenação de projetos da EBEA7.
6
https://www.dge.mec.pt/sites/default/files/DSPE/Clubes_Europeus/Boletim_29/ae_eugenio_de_andra
de_porto_noticia_1.pdf acedido em 3/05/2023
7
https://www.youtube.com/watch?v=437ON3SypEA- acedido em 27/05/2023
53
E1 – MPA: “escutar”
➢ Objetivo:
Aplicar a MPA – “escutar” (Biggs & Tang, 2011) na turma 8ºN sobre os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável.
➢ Procedimentos:
Procedeu-se à elaboração prévia de um áudio a apresentar à turma (Figura 21), com
recurso ao PowerPoint e voz off, de forma a versar os mesmos conteúdos abordados
na aplicação da MAA – “praticar”.
➢ Objetivo:
Aplicar a MAA – “ensinar aos outros” no 8ºI sobre os problemas demográficos nos
países desenvolvidos e em desenvolvimento.
➢ Procedimentos:
54
encarregue de pesquisar, para TPC, os problemas demográficos existentes no
mundo, bem como, as possíveis consequências a nível económico e social.
• Organizou-se um esquema no quadro de sala de aula que englobasse os
contributos dos alunos, com base no TPC desenvolvido (Figura 22).
Figura 22 - Aplicação da metodologia ativa- "ensinar aos outros" baseada numa aula invertida
E2 – MPA: “ler”
➢ Objetivo:
Aplicar a MPA – “ler” (Davis & Summers, 2014) na turma 8ºN sobre os problemas
demográficos existentes nos PD e PED.
➢ Procedimentos:
➢ Procedimentos:
55
Realização de um teatro (Dale, 1946), com recurso a um guião de elaboração própria, o
qual foi entregue aos estudantes, possibilitando a encenação de um conjunto de
soluções capazes de responder aos problemas demográficos nos PD e PED (Anexo 4).
Em paralelo, uma ficha de visionamento ativo, entregue a todos os estudantes,
permitiu a participação também dos alunos assistentes (Anexo 5). Este procedimento
dividiu-se, portanto em 3 fases de trabalho:
➢ Observações:
Procedeu-se à elaboração do teatro como suporte à aplicação da MAA – “debater”,
dado que os estudantes têm dificuldades em discutir temas ainda não lecionados,
sem qualquer suporte de aprendizagem.
56
E3 – MPA: “ver”
➢ Objetivo:
Aplicar a MPA – “ver” (Anderson et al., 2001) no 8ºN sobre as soluções para os
problemas demográficos.
➢ Procedimentos:
➢ Observações:
• A elaboração de um vídeo, sem som, surgiu da necessidade de diferenciar esta
metodologia – "ver", da MPA – “escutar”, já explorada no ensaio 1 no tema dos
ODS.
• O tempo de reprodução do vídeo é o seguinte – 00:02:39.
Ensaio 4, 5 e 6
57
Figura 25 - Sequência metodológica dos ensaios 4,5 e 6 com os respetivos ensaios 1, 2 e 3
Não obstante, a conjugação das restantes MAA – “praticar” e “ensinar aos outros”, não
se ajustariam tão facilmente à MPA – “ver e escutar”, isto porque, a aplicação de um
projeto (“praticar”) exigiria mais tempo letivo que nesta última fase, não seria viável.
Por outro lado, a metodologia “ensinar aos outros”, requer trabalho autónomo fora de
sala de aula, que não se adapta à metodologia “ver e escutar”, visto que esta última já
explora os impactes da atividade agrícola.
58
Figura 26 - Vídeo desenvolvido para a MAA (“ver, escutar e debater”)
➢ Observações:
• Os aspetos mais desafiantes desta aplicação metodológica foram as filmagens,
narração, desenhos e edição do conteúdo a apresentar.
• As metodologias aplicadas no ensaio 7 foram testadas uma vez em cada turma.
Tal aconteceu por este ser um ensaio final que permitiria aferir as conclusões
sustentadas ao longo do presente relatório, bem como o papel no professor na
aprendizagem dos seus alunos e na construção de diferentes metodologias.
• Tempo de reprodução do vídeo 00:03:47.
Procedimentos:
Estrutura:
59
concordância entre o par de opções resultantes do cruzamento entre ambas as
perguntas.
Começando por comparar as médias das classificações obtidas nas fichas de trabalhos,
resultantes da aplicação de MAA e MPA, com as da avaliação sumativa, tudo indica
que, genericamente, os valores de MAA superam os de MPA – leitura concordante
com grande parte da investigação realizada quando tendem a ligar o sucesso das
aprendizagens com o desenvolvimento de atividades que envolvem os alunos (Gráfico
3 e 4). A esta interpretação, podemos acrescentar outras que sintetizamos em 5
pontos:
8
Os gráficos 3, 4, 6, 7, 8 e 9 foram construídos com base nos dados presentes no anexo 21 e 22 que
servirão também de suporte à análise de resultados.
60
Gráfico 3 - Média das classificações obtidas nas fichas de trabalho (MPA e MAA) e na
avaliação sumativa, por aluno – 8ºN
Gráfico 4 - Média das classificações obtidas nas fichas de trabalho (MPA e MAA) e na
avaliação sumativa, por aluno – 8ºI
61
MAA, nas quais assumem estar mais concentrados, aprendem melhor e
sentem-se mais felizes e com mais vontade de aprender (Gráfico 59 - Anexo
23 e 24).
b. Quando as aulas são lecionadas com recurso a MAA, os resultados nas
fichas de trabalho superam quase sempre a avaliação sumativa.
Gráfico 5 - Aulas de Geografia que os alunos mais gostaram na turma 8ºN (a) e 8ºI (b)
(a) (b)
2) Por turma (Gráfico 3 e 4), podemos destacar que a média das classificações obtidas
nas fichas de trabalho demonstram que:
a. Os alunos do 8ºI reagem melhor a MPA (64,5) face ao 8ºN (58,8), o que pode
demonstrar, eventualmente, maior capacidade de concentração e
memorização pela primeira turma, embora as práticas passivas remetam para
um ensino mais tradicional (Rodrigues et al., 2018).
b. Em linha com a interpretação anterior, se as classificações médias das MAA são
superiores no 8ºN, então, uma das razões, pode encontrar-se num maior
desprendimento dos hábitos de trabalho mais formais, o que pode resultar em
melhores prestações criativas, conseguindo apreender melhor os conteúdos
9
Os gráficos foram construídos com base nos resultados obtidos pelos inquéritos. Para tal, foi
necessário proceder ao tratamento dos dados de forma agrupar as respostas dos alunos em MAA, MPA
e outros temas, cuja pergunta relaciona-se com: “Das aulas de Geografia que tiveste qual foi a que mais
gostaste?”
62
em vez de, por exemplo, os memorizarem. De facto, a diferença média de
pontuação entre MAA e MPA para o 8ºN e 8ºI, situa-se em 27,9 (mais
significativo) e 15,5, respetivamente.
3) Aumentando a escala de análise para o aluno, ainda podemos acrescentar que:
a. No 8ºN (Gráfico 3), o aluno I obteve as melhores classificações, em ambas
as metodologias, e alcançou a classificação máxima de 100 na avaliação
sumativa. É provável que, independentemente da estratégia utilizada, o
aluno ajusta-se e mantém o seu elevado nível de desempenho. De resto, o
mesmo se verifica para os que obtiveram 80 ou mais de avaliação sumativa
(casos dos alunos D e E), uma vez que, parece não haver muita diferença
entre os resultados obtidos nas MPA e MAA.
No 8ºI (Gráfico 4), os alunos H e N, mais reservados e com maiores
capacidades de concentração e memorização, obtêm as classificações mais
elevadas de toda a turma nas MPA. Pelo contrário, o aluno K, bastante
extrovertido e muito participativo, destaca-se quando se faz uso de MAA
demonstrando, também no inquérito, maior preferência por atividades de
“praticar” (folhas pop-up sobre o tema dos ODS) (Anexo 24).
b. Para as piores classificações, destacamos os alunos M de ambas as turmas e
para as duas metodologias que, sendo estes alunos mais desinteressados e
desatentos, revelam resultados menos satisfatórios nas MPA e na avaliação
sumativa, comparativamente às classificações superiores nas fichas
associadas a MAA – o que confirma as leituras encetadas anteriormente.
4) Há exceções que devem ser consideradas na aplicação destas metodologias. Por
exemplo, o aluno J do 8ºN (com 80 na avaliação sumativa) regista grande diferença
entre as classificações obtidas nas MPA e MAA, ou seja, mesmo entre os melhores
alunos, as MAA podem traduzir-se na melhoria das condições de aprendizagem,
como confirma a opção deste aluno no inquérito por “debater”, assinalando como
uma estratégia que o faz sentir mais feliz, motivado e concentrado (Anexo 23). Mas
as MAA podem, de igual modo, não resultar tão bem, como é o caso dos alunos E e
H do 8ºI (Gráfico 4) o que, eventualmente, se pode atribuir ao facto de serem mais
63
recatados e/ou tímidos. Ou seja, tudo isto depende das características dos alunos,
daí ser importante diversificar as estratégias de ensino-aprendizagem.
Procurando agora explorar um pouco mais a fundo o perfil das aprendizagens, fomos
analisar, para cada turma, quais os melhores e os piores resultados para as MAA e
MPA, tendo chegado à distribuição que se apresenta nos gráficos 6 e 7.
Gráfico 6 - Melhores e piores classificações nas fichas de trabalho, por metodologia – 8ºN
Gráfico 7 - Melhores e piores classificações nas fichas de trabalho, por metodologia – 8ºI
1) Confirma-se, uma vez mais que os resultados são mais satisfatórios nas fichas de
trabalho cujas aulas foram lecionadas com recurso a MAA.
64
2) Os valores inferiores nunca se posicionaram nas categorias do topo ou base da
PAS, mas em posições próximas do nível central – em “ver” (MPA) e “debater”
(MAA), muito provavelmente porque a primeira apela à concentração, podendo
registar-se situações de memória menos eficaz e atenção reduzida (Pinto, 2001). Já
no segundo caso, pode explicar-se pelo deficit de criatividade e frágil autonomia do
aluno (Junges et al., 2022). Trata-se de alunos com níveis de avaliação sumativa
iguais ou inferiores a 60 (Gráfico 3 e 4), de que são exemplo os alunos M do 8ºN
(Gráfico 6) e M do 8ºI (Gráfico 7), pouco interessados e/ou envolvidos com as
atividades escolares, mas que acabam por aproveitar melhor metodologias que
exigem maior criatividade como o “debater”, comparativamente à MPA – “ver”.
3) No oposto, as melhores classificações situam-se na MAA “praticar”, nas duas
turmas, talvez pela envolvência ativa dos alunos que promove o “aprender
fazendo” (Dale, 1946). De facto, tudo o que envolva “fazer”, é significativamente
mais eficaz se comparado com “escutar” ou “ver”, por exemplo (Wood, 2004). Os
alunos I do 8ºN (Gráfico 6) e K do 8ºI (Gráfico 7), destacam-se nessa MAA –
“praticar”. O primeiro aluno, evidencia-se tanto nas MPA como nas MAA, mas
obteve melhores resultados na atividade “ver”, quando comparado com o aluno N
do 8ºI na metodologia “escutar”, porque a memória visual tem melhores
resultados face à auditiva, aumentando a apreensão dos conteúdos (Garcia &
Morais, 2020). O segundo aluno, apenas se destaca na MAA – “praticar”.
Considerando agora, uma análise ainda mais específica, procurámos compreender qual
a tendência dos resultados obtidos nas fichas de trabalho, não só na generalidade das
MPA e MAA, mas também, na conjugação de outras variáveis, como o tema em estudo
e respetivas estratégias metodológicas (Gráfico 8), tendo chegado aos seguintes
tópicos interpretativos:
65
Gráfico 8 - Média das classificações obtidas nas fichas de trabalho, por metodologias, tema e
turma
Legenda:
1) As MAA funcionam melhor do que as MPA, tal como temos vindo a constatar.
2) Os piores resultados em média, coincidem com a metodologia – “ler” e os
melhores correspondem sempre aos níveis mais complexos da pirâmide ou melhor
dizendo, às metodologias de aprendizagem classificadas como ativas.
3) O 8ºN reage melhor a MAA comparativamente ao 8ºI, podendo justificar-se pelo
facto de se tratar de uma turma com um papel mais ativo em sala de aula e mais
adaptativa, revelando-se em “ensinar aos outros” ou até mesmo em “praticar”. Já
o 8ºI, apesar da diferença não ser muito significativa, obtém melhores resultados
nas MPA que o 8ºN.
4) Considerando os temas, as turmas e as metodologias:
66
a. No 8ºN, “ensinar aos outros” obteve piores classificações, e não o
“praticar”, tal como seria expectável pela estrutura apresentada na PAS,
talvez porque o tema da repartição da população é mais fácil de
compreender do que o dos problemas urbanos.
b. No 8ºI, “debater” obteve melhores classificações para o tema das soluções
para os problemas demográficos, e não o “praticar”, no tema dos ODS, o
que acaba por ser inverso a uma leitura de progressiva
profundidade/dificuldade presente na PAS. Isto porque, por exemplo,
apesar da profundidade/dificuldade, estar mais associada ao “praticar”, em
comparação com o “debater”, é na metodologia “praticar” que os alunos
deveriam ter maior envolvimento, motivação, interesse, e por isso, os
resultados deveriam ser melhores – o que acaba por não acontecer.
c. De igual modo, nos problemas demográficos, a diferença entre “ensinar aos
outros” e “ler”, não é tão notória como por exemplo, nos problemas
urbanos. Ou seja, não podemos dizer, simplesmente, que as MAA são muito
eficazes. São eficazes, mas é verdade que funcionam melhor por exemplo,
em temas que são mais próximos dos alunos porque os problemas urbanos
correspondem ao espaço onde vivem. Pelo contrário, é curioso que,
quando falamos em soluções para os problemas demográficos e para os
problemas urbanos, a diferença entre ativas e passivas é muito semelhante.
• “Ensinar aos outros” 8ºN (tema – problemas urbanos) e “ensinar aos outros”
8ºI (tema – problemas demográficos);
• “Praticar” 8ºN (tema – repartição da população) e “praticar” 8ºI (tema – ODS);
• “Escutar” 8ºN (tema – ODS) e “escutar” 8ºI (tema – repartição da população).
67
O tema intermédio, sobre os impactes da atividade agrícola, completa a crítica à PAS,
pois, se à partida (Gráfico 8), é evidente que a MAA – “ver, escutar e debater”, é mais
eficaz face à MPA – “ver e escutar”, talvez esta constatação não seja assim tão linear,
porque, “debater” implica, inevitavelmente, “ver” e/ou “escutar”, ou seja, as MAA não
se dissociam claramente das MPA, apresentando, sim, uma relação de simbiose.
Gráfico 9 - Média das classificações obtidas nas fichas de trabalho, por metodologias e
turma, e respetiva avaliação sumativa
68
Assumindo que os patamares da pirâmide traduzem graus de dificuldade crescente,
isto é, de uma menor para uma maior complexidade do conhecimento, então, em
função dos resultados obtidos poderemos ter uma estrutura conforme representado
na figura 27.
Nesta PAS não é possível determinar, em contínuo, as MAA e MPA, isto porque, o que
funciona melhor para uma turma, pode não funcionar de igual modo para outra, daí a
importância do professor, como mediador e orientador das aprendizagens,
diversificando sempre que possível, as estratégias metodológicas, de forma a
potencializar o papel ativo do discente (Moran, 2018). Portanto, a PAS resultante desta
investigação-ação revela que não é possível constituir uma estrutura rígida entre os
diferentes níveis, sendo ainda mais falível a sua quantificação por graus de dificuldade,
porque cada turma reage de forma diferente aos temas e às metodologias, sendo que,
o que parece ser verdadeiramente importante é diversificar os instrumentos utilizados
envolvendo o aluno nas práticas letivas.
69
5. Considerações Finais
Este relatório de estágio, longe de estar concluído, pode constituir um contributo para
trabalhos futuros e, como tal, finda a investigação aqui desenvolvida, pretendemos
agora objetivar alguns tópicos importantes.
70
diversidade de alunos resulta em reações diferentes às metodologias aplicadas: os
mais extrovertidos, ou até mesmo aqueles que apresentam piores classificações a
Geografia, conseguem tirar maior proveito das MAA, mas os alunos mais recatados ou
tímidos, nem tanto. Ou seja, o professor tem extrema importância neste processo pois
não basta aplicar estratégias diversificadas, ou até mesmo utilizar tecnologia em sala
de aula – o docente deve acompanhar os seus alunos, observar as suas fraquezas e
potencialidades, com o objetivo de integrar e envolver toda a turma nos conteúdos
lecionados.Em linha com os desenvolvimentos teóricos sobre o tema, conseguimos
confirmar, também, que a utilização de MAA não se dissociam das MPA porque, por
exemplo, para “debater” é necessário – “ver” e “escutar” e, a maioria das vezes, para
“praticar” é necessário – “ler”, “escutar” e “ver”.
71
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77
Anexos
78
79
Anexo 2 - Jornal escolar sobre os problemas demográficos (MPA: “ler”)
80
Anexo 3 - Ficha de trabalho sobre os problemas demográficos
81
82
Anexo 4 - Guião do teatro sobre as soluções para os problemas demográficos (MAA:
“debater”)
83
84
85
86
Anexo 5 - Ficha de visionamento ativo que acompanha o teatro
87
Anexo 6 - Ficha de trabalho sobre as soluções para os problemas demográficos
88
89
Anexo 7 - MAA: “praticar” na turma 8ºN sobre as áreas de fixação humana – repartição
da população
Anexo 8 – MPA – “escutar” na turma 8ºI sobre as áreas de fixação humana- repartição da
população
90
Anexo 9 - MAA: “ensinar aos outros” na turma 8ºN sobre as áreas de fixação humana –
Problemas urbanos
Anexo 10 - MPA: “ler” na turma 8ºI sobre as áreas de fixação humana – Problemas
urbanos
91
Anexo 11 - MAA: “debater” na turma 8ºN sobre as áreas de fixação humana – Soluções para
os problemas urbanos
Anexo 12- MPA: “ver” na turma 8ºI sobre as áreas de fixação humana – soluções para os
problemas urbanos
92
Anexo 13 - Ficha de trabalho sobre as áreas de fixação humana – repartição da população
93
94
Anexo 14 - Jornal escolar sobre as áreas de fixação humana – problemas urbanos (MPA:
“ler”)
95
Anexo 15 - Ficha de trabalho sobre as Áreas de fixação humana – Problemas urbanos
96
97
Anexo 16 - Guião do teatro sobre as soluções para os problemas urbanos (MAA: “debater”)
98
99
100
Anexo 17 - Ficha de visionamento ativo que acompanha o teatro
101
Anexo 18 - Ficha de trabalho sobre as áreas de fixação humana – Soluções para os
problemas urbanos
102
103
Anexo 19 - Ficha de trabalho sobre os impactes da atividade agrícola
104
105
Anexo 20 - Inquérito aos estudantes
106
Anexo 21 - Classificações obtidas nas fichas de trabalho, por tema, metodologia e aluno, e
respetiva avaliação sumativa – 8ºN
Anexo 22 - Classificações obtidas nas fichas de trabalho, por tema, metodologia e aluno, e
respetiva avaliação sumativa – 8ºI
107
Anexo 23 - Respostas ao inquérito – 8ºN
108