Boticas - Sapiaos - CL2

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Composições Líricas

Lúdicas: Cantigas
Canção hino

Sapiãos
Vive a memória
Da mais velha história
Forjada em hino.
Sapiãos
Talhou seu destino
Em dever condigno como artesãos…

A memória que vingou


Um novo rumo ditou
Na vivência das saudades
Cantam nobres corações
Com prosa em orações
São cantos de divindades.

Sapiãos
Vive a memória
Da mais velha história
Forjada em hino.
Sapiãos
Talhou seu destino
Em dever condigno como artesãos...

Álbum das recordações


Para novas gerações
As suas lendas marcou
A raça peninsular
Com fama singular
Do povo que a criou.

Sapiãos
Vive a memória
Da mais velha história
Forjada em hino.
Sapiãos
Talhou seu destino
Em dever condigno como artesãos...

Em frente ó mocidade
Com prosa e humildade
Vamos, vamos juventude
Em marcha com anciãos
O povo de Sapiãos
Realça sua virtude.

Sapiãos
Vive a memória
Da mais velha história
Forjada em hino.
Sapiãos
Talhou seu destino
Em dever condigno como artesãos...

Numa encosta erguida


Esta aldeia florida
Doutra era milenar
Berçada pela bravura
Vai de proa a cultura
Neste novo despertar

Sapiãos
Vive a memória
Da mais velha história
Forjada em hino.
Sapiãos
Talhou seu destino
Em dever condigno como artesãos...

Sapiãos das frescas bicas


Do concelho de Boticas
Barroso do meu encanto
Associação cultural
Ao norte de Portugal
Cá na serra do Leiranco.

Sapiãos
Vive a memória
Da mais velha história
Forjada em hino.
Sapiãos
Talhou seu destino
Em dever condigno como artesãos...

Grupo de cantares das segadas, cassete 2 A

Ribeiro do Vale
Nesta aldeia existe o rio Terva, de pequeno caudal, e alguns ribeiros que trazem a água
da serra do Leiranco para regar as diversas plantações, os lameiros e ainda fazer moer os
moinhos. Ainda que o peixe não seja abundante, as suas águas são refrescantes e matam a
sede nos dias mais quentes de estio. É por causa da sua importância que o cantam:

Ai o ribeirinho do Vale
Ai passa por baixo da ponte,
Ai por causa das raparigas,
Por causa das raparigas
Muito calçado se rompe.

Ai Ribeiro, ai ribeiro,
Ribeirinho sem igual,
És o ribeiro mais lindo bis
Do Norte de Portugal.

Desces da Serra do Leiranco,


Serra alta com muita fama,
Vens visitar a nossa terra,
Vens visitar a nossa terra
E a linda ponte romana.

Ai Ribeiro, ai ribeiro,
Ribeirinho sem igual,
És o ribeiro mais lindo bis
Do Norte de Portugal.

Fazias moer os moinhos


Que estão na encosta da Serra,
Eram eles antigamente,
Eram eles antigamente
O sustento desta terra.

Ai Ribeiro, ai ribeiro,
Ribeirinho sem igual,
És o ribeiro mais lindo bis
Do Norte de Portugal.

Ai lá no alto do Leiranco
Está um lenço a acenar,
Está dizendo viva, viva,
Está dizendo viva, viva,
Morra quem não sabe amar.

Ai Ribeiro, ai ribeiro,
Ribeirinho sem igual,
És o ribeiro mais lindo bis
Do Norte de Portugal.

Grupo de cantares das segadas, cassete 2 A


Moinhos
Houve na aldeia onze moinhos e duas azenhas, destinados a moer o centeio e o milho.
Estavam todos situados ao longo do ribeiro do vale, exceptuando um. Actualmente,
funcionam apenas três, que em breve se vão transformar em pousadas.

Estes moinhos ficam distantes da aldeia, o que suscitou a invenção de algumas


canções para ajudar a passar os caminhos e que permanecem até hoje como se pode ver a
seguir:

Moleirinha

Ó moleirinha, peneira o pão


Bem peneirado pela peneira,
O meu amor é um trigo,
Ele é moído na pedra alveira.

O meu amor é moleiro,


Traz a cara enfarinhada,
Se os beijos sabem a pão, o ai!
Não quero comer mais nada.

Não há pão como o centeio,


Nem carne p’ra do carneiro,
Nem vinho como o maduro,
O ai, nem amor como o primeiro.

O rodízio anda, anda


Toda a noite de redor,
Eu não ando, nem desando, ó ai,
Sou leal ao meu amor.

Alice Barros do Couto, 55 anos, cassete 2 B

Eu estava na peneira

Eu estava na peneira,
Eu estava a peneirar,
Eu estava de namoro,
Eu estava a namorar.

Minha mãe mandou-me à fonte


Com uns sapatos de papel,
Eu quebrei a cantarinha
A falar com o Manel.

Eu estava na peneira,
Eu estava a peneirar,
Eu estava de namoro,
Eu estava a namorar.

O vento veio sacudiu a cabeleira,


Levantou a saia dela
No balanço da peneira.

Eu estava na peneira,
Eu estava a peneirar,
Eu estava de namoro,
Eu estava a namorar.

Ó minha mãe, deixe, deixe,


Ó minha mãe, deixe-me ir,
Vou à feira do fumeiro,
Eu vou e torno a vir.

Eu estava na peneira,
Eu estava a peneirar,
Eu estava de namoro,
Eu estava a namorar.

Grupo de cantares das segadas, cassete 2 B

As fontes de mergulho

Para além dos rios e dos ribeiros que matam a sede às plantas e aos animais, existiam
diversas fontes onde as mulheres iam mergulhar os cântaros para trazerem água para casa.
Estas idas à fonte provocaram muitos namoros e até casamentos aos seus frequentadores, o
que tornou imortal a importância destas fontes.
Fonte de mergulho

Se te queres casar

Se te queres casar
Anda, meu amor, à fonte comigo,
Eu peço ao Senhor p’ra casar comigo,
Verás se é ou não
Verdade o que eu digo.

Vamos pelos campos fora


Para a Senhora da Hora,
Hoje sem bailar não ficas,
Antes que a lua desponte
Vamos beber água à fonte,
À fonte das sete bicas,
À fonte das sete bicas,
Às sete bicas da fonte.

Se te queres casar
Anda, meu amor, à fonte comigo,
Eu peço ao Senhor p’ra casar comigo,
Verás se é ou não
Verdade o que eu digo.

Havemos de ter pequenos


Cheios de vida e morenos
Como o Sol no horizonte,
Lindos como tu, Anita,
Tão lindos como tu ficas,
Quando vais comigo à fonte,
À fonte das sete bicas,
Às sete bicas da fonte.

Se te queres casar
Anda, meu amor, à fonte comigo,
Eu peço ao Senhor p’ra casar comigo,
Verás se é ou não
Verdade o que eu digo.

Casarei na tua igreja,


Pró povo não ter inveja
Da minha linda mulher,
Mesmo depois de casados
Iremos agradecer
À fonte dos namorados,

À fonte das sete bicas,


Às sete bicas da fonte.

Se te queres casar
Anda, meu amor, à fonte comigo,
Eu peço ao Senhor p’ra casar comigo,
Verás se é ou não
Verdade o que eu digo.

Grupo de cantares das segadas, cassete 2 A

Olha o cheiro que a rosa tem


Ai, ai, ai, ai,
Olha o cheiro que a rosa tem,
Ai, ai, ai, ai,
Chega à janela donzela, meu bem.

Rosa que estás na roseira,


Deixa-te estar em botão,
Que a rosa depois de aberta
Perde toda a estimação.

Ai, ai, ai, ai,


Olha o cheiro que a rosa tem,
Ai, ai, ai, ai,
Chega à janela donzela, meu bem.

A silva que me prendeu


Saiu daquela janela,
Nunca a silva me prendeu
Do modo que foi aquela.

Ai, ai, ai, ai,


Olha o cheiro que a rosa tem,
Ai, ai, ai, ai,
Chega à janela donzela, meu bem.

Tanta silva, tanta silva,


Tanta silva, tanta amora,
Tanta menina bonita
E o meu pai sem uma nora.

Ai, ai, ai, ai,


Olha o cheiro que a rosa tem,
Ai, ai, ai, ai,
Chega à janela donzela, meu bem.
Grupo de cantares das segadas, cassete 2 B

Maleitas de amor

Não vás à noite ao fraguedo,


Que andam lá lobos além na serra,
Eu tenho muito mais medo
Aos papos-secos que andam na Guerra.

Maleitas de amor, quem é que as não tem, bis


Dizem os doutores, que até fazem bem.

Além do mar anda na guerra,


Ó ai, eu bem ouço dar tiros,
Eu bem ouço combater,
Ó ai, os meus ais com os teus suspiros.

Maleitas de amor, quem é que as não tem, bis


Dizem os doutores, que até fazem bem.

Ó meu amor de tão longe,


Ó ai, retira-te e vem-me ver,
As cartas que me confortam,
Ó ai, bem sabes que não sei ler.

Maleitas de amor, quem é que as não tem, bis


Dizem os doutores, que até fazem bem.

Eu hei-de subir ao alto,


Ó ai, que eu do alto vejo bem,
Quero ver se o meu amor, ó ai,
Conversa com mais alguém.
Maleitas de amor, quem é que as não tem, bis
Dizem os doutores, que até fazem bem.

Se beijinhos espigassem,
Como espiga o alecrim,
A cara das raparigas, ó ai,
Era um belo jardim.

Maleitas de amor, quem é que as não tem, bis


Dizem os doutores, que até fazem bem.

Grupo de cantares das segadas, cassete 2 A

Eu por ti suspiro

Eu por ti suspiro,
Eu por ti dou ais, bis
Eu por ti, amor,
Já não choro mais.

Já que me deste a pêra,


Dá-me também a navalha, ----- bis
Tu bem sabes que eu não como
Pêra sem ser debulhada. ----- bis

Eu por ti suspiro,
Eu por ti dou ais, bis
Eu por ti, amor,
Já não choro mais.

O meu amor enraivou-se,


De enraivado foi às moras, ----- bis
Anda cá, meu enraivado,
Que isso dura poucas horas. ----- bis

Eu por ti suspiro,
Eu por ti dou ais, bis
Eu por ti, amor,
Já não choro mais.

Anda, amor, andamos ambos, ----- bis


Já que outra vida não temos,
Anda a morte pelo mundo,
Cedo nos apartaremos. ----- bis

Eu por ti suspiro,
Eu por ti dou ais, bis
Eu por ti, amor,
Já não choro mais.

Grupo de cantares das segadas, cassete 2 A

Ó Ana, ó linda Ana

Esta noite à meia-noite,


Ai, ouvi cantar e parei,
Ó Ana, ó linda Ana,
Ai, ouvi cantar e parei.

A moda era tão linda,


Ai, quem a cantava não sei,
Ó Ana, ó linda Ana,
Ai, quem a cantava não sei.
Era a filha da rainha,
Ai, lá no palácio do rei,
Ó Ana, ó linda Ana,
Ai, lá no palácio do rei.

Pedrinhas da calçada,
Ai, levantai-vos e dizei,
Ó Ana, ó linda Ana,
Ai, levantai-vos e dizei.

Quem vos passeia de noite,


Ai, que eu de dia bem sei,
Ó Ana, ó linda Ana,
Ai, que eu de dia bem sei.

Esta noite sonhei eu,


Ai, e a outra sonhada a tinha,
Ó Ana, ó linda Ana,
Ai, e a outra sonhada a tinha.

Que estava na tua cama,


Ai, acordei estava na minha,
Ó Ana, ó linda Ana,
Ai, acordei estava na minha.

Dava-te o meu coração,


Ai, se o pudesse arrancar,
Ó Ana, ó linda Ana,
Ai, se o pudesse arrancar,

Arrancando-o sei que morro,


Ai, morto não te posso amar,
Ó Ana, ó linda Ana,
Ai, morto não te posso amar.
Grupo de cantares das segadas, cassete 2B

Actividades Económicas

As sucessivas gerações residentes sempre viveram da agricultura e da pastorícia. A


agricultura é feita à base da cultura do centeio, do milho, das batatas, do vinho, de algumas
espécies de feijão, couves e outras leguminosas, para a alimentação caseira.
Os terrenos que se estendem ao longo do vale, são ricos e profícuos, retribuindo ao
homem todo o trabalho que tem para o cultivar. Como podemos ouvir na canção que se segue,
Sapiãos, terra barrosã, é conhecida pelos seus produtos agrícolas, tão saborosos.

Barroso

Barroso, as tuas terras dão,


Dão batatas e pão tão saborosos.

Minha terra é Sapiãos,


Eu doutra terra não sou,
Só dela não tem saudades
Quem por lá nunca passou.

Barroso, as tuas terras dão,


Dão batatas e pão tão saborosos.

Há no lugar do Cruzeiro
Duas pedrinhas de assento,
Uma é de namorar,
Outra de passar o tempo.

Barroso, as tuas terras dão,


Dão batatas e pão tão saborosos.
A aldeia de Sapiãos
É bonita e tem graça,
Tem um chafariz ao meio,
Dá de beber a quem passa.

Barroso, as tuas terras dão,


Dão batatas e pão tão saborosos.

A aldeia de Sapiãos
À beira da estrada fica,
É a aldeia mais bonita
Do concelho de Boticas.

Barroso, as tuas terras dão,


Dão batatas e pão tão saborosos.

O concelho de Boticas
Cá no Norte é o primeiro,
Tem o vinho dos mortos,
Boa carne e fumeiro.

Barroso, as tuas terras dão,


Dão batatas e pão tão saborosos.

Alice Barros do Couto, 55 anos, cassete 2 B

As segadas do centeio eram um momento de muito trabalho em que os trabalhadores


trabalhavam de sol a sol para ganharem a jeira. Para enganarem o corpo e entreterem a mente,
cantavam e riam-se para tornar o trabalho menos árduo.

Rosinha do meio

Ó Rosinha, ó Rosinha do meio,


Vem comigo malhar o centeio.
O centeio, o centeio é cevada,
Ó Rosinha minha namorada.

Minha namorada, teu amor sou eu,


Não me vou embora sem um beijo teu.

Ó Rosinha, ó Rosinha trigueira,


És a moça mais linda da eira.
Lá na eira malhando a cevada,
Ó Rosinha, ficas mais corada.

Ficas mais corada, teu amor sou eu,


Não me vou embora sem um beijo teu.

Ó Rosinha, Rosinha te digo,


Qualquer dia vou casar contigo.
Nesse dia tu não vais à eira,
Ó Rosinha, minha feiticeira.

Minha feiticeira, teu amor sou eu,


Não me vou embora sem um beijo teu.

Ó Rosinha, ó Rosinha ceifeira,


Vou contigo trabalhar na eira.
Lá na eira contigo a meu lado,
Ó Rosinha, estou mais descansado.

Estou mais descansado, teu amor sou eu,


Não me vou embora sem um beijo teu.

Grupo de cantares das segadas, cassete 2 A

Ora adeus, adeus


Minha mãe, deixe-me ir p’rás segadas,
Ora adeus, adeus, bis
Que eu já sei ganhar o eito.

Ora adeus, adeus,


Bota abaixo devagar,
Por causa do bota a baixo,
Ora adeus, adeus,
Ainda me hás-de pagar.

À entrada desta rua


Já me quiseram bater
E eu meti a mão ao bolso,
Ou retirar ou morrer.

Meninas desta calçada,


Retirai-vos e dizei,
Quem vos passeia de noite bis
Que eu de dia bem no sei.

Segadinhas, segadinhas,
Ora adeus, adeus,
São nas de ribeira d’oura,
Bate a mulher no marido,
Ora adeus, adeus,
Com a cota de ceitoura.

Senhora cozinheira,
Benha fora, benha ber
O seu ranchinho,
Benha le dar de bober.

Ó senhora cozinheira,
O seu caldo cheira bem,
Dei-me uma malguinha dele bis
Por alma de quem lá tem.

Eu hei-de ser a primeira


Que hei-de assubir a escaleira
Para dar as boas festas bis
À senhora cozinheira.

Palmira Silva Neves, 59 anos, cassete 2 A

Tigueirinha

Ó trigueira, ó trigueirinha,
Quem te pôs assim trigueira?
Foi o andar à tardinha, ó ai,
A conhar o pão na eira.

Malhador que andas na eira,


Malha o centeio bem,
Não olhes para o caminho, ó ai,
Que a merenda já lá vem.

Não há pão como o centeio,


Até no cheirar é doce,
Nem amor como o primeiro, ó ai,
Se variado não fosse.

Chamaste-me trigueirinha,
Isso é do pó da eira,
Hás-de-me ver ao domingo, ó ai,
Como a rosa na roseira.
Rosa que estás na roseira,
Deixa-te estar em botão,
Que a rosa depois de aberta, ó ai,
Perde toda a estimação.

Alice Barros do Couto, 55 anos, cassete 2 B

Final dos trabalhos das ceifas

À entrada desta rua


Já me quiseram bater,
Eu meti a mão ao bolso,
Ou retirar ou morrer.

Sai a malta, siga a malta,


Siga a malta, trema a terra,
Venha lá o que vier,
Esta malta não arreda.

Esta malta não arreda,


Nem espera de arredar,
Venha lá outra mais forte
Que a faça retirar.

Eu hei-de ser o primeiro


Que hei-de subir a escaleira,
Para dar as boas festas
À senhora cozinheira.

Ó senhora cozinheira,
Saia fora e venha ver,
Venha ver o seu ranchinho,
Venha-lhes dar de beber.
Ó senhora cozinheira,
O seu caldo cheira bem,
Dê-me uma malguinha dele
Por alma de quem lá tem.

Alice Barros do Couto, 55 anos, cassete 2 B

Nas Romarias

Nas romarias
Há danças e há cantigas,
Há também muita alegria
Para animar as raparigas.

As romarias que lindas são


Onde as Marias todas lá vão,
Nas romarias não há tristezas,
Porque as Marias são portuguesas.

Ó ai, Maria,
Só tu és o meu amor,
Eu vou logo à romaria
E trago-te uma flor.

Ó ai, Manel,
Uma flor não quero, não,
Quero só o teu amor
Da raiz do coração.

As romarias que lindas são


Onde as Marias todas lá vão,
Nas romarias não há tristezas,
Porque as Marias são portuguesas.

Ó ai, Maria,
Maria, meu ai Jesus,
O dia que te não vejo
Nem a candeia dá luz.

Ó ai, Manel,
Meu pucarinho de cheiro,
Andam tantas à porfia,
Quem te levará primeiro?

As romarias que lindas são


Onde as Marias todas lá vão,
Nas romarias não há tristezas,
Porque as Marias são portuguesas.

Grupo de cantares das segadas, cassete 2 A

Saia velhinha

A minha saia velhinha,


Toda rotinha de andar a bailar,
Agora tenho uma nova
Feita na moda para estriar.

Ai não olhes para mim, (ai não olhes)


Ai não olhes tanto, tanto, (tanto, tanto)
Ai não olhes para mim, (Ai não olhes)
Que eu não sou o teu encanto. (teu encanto)

A minha saia velhinha,


Toda rotinha de andar a bailar,
Agora tenho uma nova
Feita na moda para estriar.

Ai não olhes para mim, (ai não olhes)


Ai não olhes por favor, (por favor)
Ai não olhes para mim, (ai não olhes)
Que eu não sou o teu amor. (teu amor)

A minha saia velhinha,


Toda rotinha de andar a bailar,
Agora tenho uma nova
Feita na moda para estriar.

A saia que traz vestida (traz vestida)


É bonita e bem feita, (e bem feita)
Não é curta, nem comprida, (nem comprida)
Não é larga, nem estreita. (nem estreita)

A minha saia velhinha,


Toda rotinha de andar a bailar,
Agora tenho uma nova
Feita na moda para estriar.

Grupo de cantares das segadas, cassete 2 A

Transmontana

Sou transmontana, e toda ufana em ser daqui,


Terra tão linda não vi ainda ou nunca vi,
Ó Trás-os-Montes, nas tuas fontes quero beber,
E no teu sol lindo a rebole quero aquecer.

Ó Trás-os-Montes, terra linda abençoada,


Que trago sempre gravada dentro do meu coração,
Terra formosa desta pátria tão ditosa,
Quem és tu Sapiãos igual?
És o rincão mais belo de Portugal.

A tua gente que ama e sente como ninguém


Sabe cantar, sabe lutar porque alma tem,
Gente que reza sem tristeza na árdua vida,
Na dura serra cavando a terra lá ganha a vida.

Ó Trás-os-Montes, terra linda abençoada,


Que trago sempre gravada dentro do meu coração,
Terra formosa desta pátria tão ditosa,
Quem és tu Sapiãos igual?
És o rincão mais belo de Portugal.

Alice Barros do Couto, 55 anos, cassete 2 B

Lá vem a Lua

Lá vem a lua,
Lá vem, lá vem
Atrás da serra,
Que graça tem.
Vem dar abraços,
Vem dar beijinhos,
Fazer carinhos
A quem quer bem.

Ó lua vai-te deitar


À cama da minha namorada,
Dá-lhe beijinhos por mim
Se ela estiver acordada.
Lá vem a lua,
Lá vem, lá vem
Atrás da serra
Que graça tem.
Vem dar abraços,
Vem dar beijinhos,
Fazer carinhos
A quem quer bem.

Anda o sol atrás da lua,


A lua atrás do luar,
Meu amor atrás de mim,
Eu não lhe quero falar.

Lá vem a lua,
Lá vem, lá vem
Atrás da serra
Que graça tem.
Vem dar abraços,
Vem dar beijinhos,
Fazer carinhos
A quem quer bem.

Ó luar da meia-noite,
Tu és o meu inimigo,
Estou à porta de quem amo,
Não posso entrar contigo.

Lá vem a lua,
Lá vem, lá vem
Atrás da serra
Que graça tem.
Vem dar abraços,
Vem dar beijinhos,
Fazer carinhos
A quem quer bem.

Minha mãe, case-me cedo


Enquanto sou rapariga,
Que o milho sachado tarde,
Nem dá cana, nem dá espiga.

Lá vem a lua,
Lá vem, lá vem
Atrás da serra
Que graça tem.
Vem dar abraços,
Vem dar beijinhos,
Fazer carinhos
A quem quer bem.

A espiga do milho rei


À minha mão veio ter,
P’ra beijar o meu amor,
O que eu gosto de fazer.

Grupo de cantares das segadas, cassete 2 B


Composições Líricas
Lúdicas: Adivinhas

Em cima de ti estou
E tu comigo trambelicas,
Eu me estou consolando
E tu com o leite lá ficas.
O que é?
R.: A figueira

Empresta-me o teu nica nica p’ra nicar no meu,


Depois do meu estar nicado, volta a nicar no teu.
O que é?
R.: O fermento.

O que é que é, do tamanho de uma soga,


Tem dentes como uma loba?
R.: É a silva.

Juntaram-se dois carecas, completamente carecas, qual dos dois é mais careca?
R.: O que tem a cabeça maior.

José Fortuoso Alves, 58 anos cassete 2 A

Somos dois irmãos em casa de diferente condição,


Eu nunca fico sem missa como fica o meu irmão,
Para bailes e banquetes a mim me convidarão,
Para gostos e temperos falem lá com o meu irmão.
R.: O vinho e o vinagre.

Alto está, alto mora,


Todos o vêem, ninguém o adora.
R.: O sino

Em cima de ti estou, em cima de ti me tenho,


Deus me perdoe se não te meto o que tenho.
R.: O sapato

Peludo por fora,


Peludo por dentro,
Alça-se a perna
E mete-se-lhe dentro.
R.: A meia

Eu no campo me criei, metidinha em verdes laços,


O que mais chora por mim é o que me faz em pedaços.
R.: A cebola

Maria da Conceição Fortuoso Alves, 54 anos, cassete 1 B

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