Letras ASSP 2022

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Os Meninos De Huambo

Com fios feitos de lágrimas passadas Palavras sempre novas, sempre novas
Os meninos de Huambo fazem alegria Palavras deste tempo sempre novo
Constroem sonhos com os mais velhos de Porque os meninos inventaram coisas novas
mãos dadas E até já dizem que as estrelas são do povo
E no céu descobrem estrelas de magia
Assim contentes à voltinha da fogueira
Com os lábios de dizer nova poesia Juntam palavras deste tempo sempre novo
Soletram as estrelas como letras Porque os meninos inventaram coisas novas
E vão juntando no céu como pedrinhas E até já dizem que as estrelas são do povo
Estrelas letras para fazer novas palavras
Os meninos à volta da fogueira
Os meninos à volta da fogueira Vão aprender coisas de sonho e de verdade
Vão aprender coisas de sonho e de verdade Vão aprender como se ganha uma bandeira
Vão aprender como se ganha uma bandeira Vão saber o que custou a liberdade
Vão saber o que custou a liberdade
Os meninos à volta da fogueira
Com os sorrisos mais lindos do planalto Vão aprender coisas de sonho e de verdade
Fazem continhas engraçadas de somar Vão aprender como se ganha uma bandeira
Somam beijos com flores e com suor Vão saber o que custou a liberdade
E subtraem manhã cedo por luar
Os meninos à volta da fogueira
Dividem a chuva miudinha pelo milho Vão aprender coisas de sonho e de verdade
Multiplicam o vento pelo mar Vão aprender como se ganha uma bandeira
Soltam ao céu as estrelas já escritas Vão saber o que custou a liberdade
Constelações que brilham sempre sem
parar Os meninos à volta da fogueira
Vão aprender coisas de sonho e de verdade
Os meninos à volta da fogueira Vão aprender como se ganha uma bandeira
Vão aprender coisas de sonho e de verdade Vão saber o que custou a liberdade
Vão aprender como se ganha uma bandeira
Vão saber o que custou a liberdade
Queda Do Império
Vitorino Salomé

Perguntei ao vento Pata de negreiro


Onde foi encontrar Tira e foge à morte
Mago sopro encanto Que a sorte é de quem
Nau da vela em cruz A terra amou
Foi nas ondas do mar E no peito guardou
Do mundo inteiro Cheiro à mata eterna
Terras da perdição Laranja, Luanda sempre em flor.
Parco império mil almas
Por pau da canela e mazagão. Perguntei ao vento
Onde foi encontrar
Pata de negreiro Mago sopro encanto
Tira e foge à morte Nau da vela em cruz
Que a sorte é de quem Foi nas ondas do mar
A terra amou Do mundo inteiro
E no peito guardou Terras da perdição
Cheiro da mata eterna Parco império mil almas
Laranja, Luanda sempre em flor. Por pau da canela e mazagão.

Pata de negreiro
Tira e foge à morte
Que a sorte é de quem
A terra amou
E no peito guardou
Cheiro da mata eterna
Laranja, Luanda sempre em flor.
Ternura Dos 40
Paco Bandeira

Quando penso o que passei, Não quero sentir saudades,


Fronteiras de solidão, Vou em outras amizades,
Tinha pra dar e não dei, Amar o que não amei.
Olhei pra traz e pensei,
Não tenho nada na mão. Os copos que não bebi,
Os discos que não toquei,
Tive o tempo e não senti, Os poemas que não li,
Tive amores e não amei, Os filmes que nunca vi,
Os amigos que perdi, As canções que não cantei.
E as loucuras que vivi,
São tantas que já não sei. Meus amigos,
Importante é o sorriso,
Quem eu era? Pra seguir viagem,
Quem sou e quem pareço? Com a coragem, que é preciso.
Se alguém hoje me espera,
Com certeza que mereço. Não adianta,
Deitar contas à vida,
Mereço ainda, A ternura dos 40
Amor, a tua presença, Não tem conta nem medida.
Para enfrentar a vida
Com a ternura dos 40. Não adianta,
Deitar contas à vida,
Foram tantas as idades A ternura dos quarenta
Da vida que atrás deixei, Não tem conta nem medida.
Ò Zé aperta o laço
Como ninguém lhe ligava Que o laço bem apertado
O José foi à cidade Ai, ó Zé fica-te bem
Só p'ra ver se encontrava Que o laço bem apertado
Por lá qualquer novidade. Ai, ó Zé fica-te bem.

Viu um laço, rica ideia Diz agora toda a gente


Disse logo e foi comprar Que o José sem desatinos
E toda a gente da aldeia Já guardou todo contente
Começou logo a cantar. Muitos laços pequeninos.

Ó Zé aperta o laço Hão-de ser p'ró Jozesito


Ó Zé aperta-o bem Que o casal espera por fim
Ó Zé aperta o laço E é a sorrir com carinho
Ó Zé aperta-o bem. Que o povo canta assim.

Que o laço bem apertado Ó Zé aperta o laço


Ai, ó Zé fica-te bem Ó Zé aperta-o bem
Que o laço bem apertado Ó Zé aperta o laço
Ai, ó Zé fica-te bem. Ó Zé aperta-o bem.

Com um laço tão catita Que o laço bem apertado


Toda a vida se mudou Ai, ó José fica-te bem
Que até a menina Rita Que o laço bem apertado
Logo o Zé cobiçou. Ai, ó José fica-te bem.

Combinou-se o casamento INSTRUMENTAL


E foi bem curto o namoro
E até nesse momento Ó Zé aperta o laço
Ele ouviu cantar em coro. Ó Zé aperta-o bem
Ó Zé aperta o laço
Ó Zé aperta o laço Ó Zé aperta-o bem.
Ó Zé aperta-o bem
Ó Zé aperta o laço Que o laço bem apertado
Ó Zé aperta-o bem. Ai, ó José fica-te bem
Que o laço bem apertado
Ai, ó José fica-te bem.
Lisboa Menina e Moça

No Castelo, ponho um cotovelo No Terreiro, eu passo por ti


Em Alfama, descanso o olhar Mas da Graça, eu vejo-te nua
E assim desfaço o novelo Quando um pombo te olha, sorri
De azul e mar És mulher da rua

À Ribeira encosto a cabeça E no bairro mais alto do sonho


A almofada da cama do Tejo Ponho o fado que soube inventar
Com lençóis bordados à pressa Aguardente de vida e medronho
Na cambraia de um beijo Que me faz cantar

Lisboa, menina e moça, menina Lisboa, menina e moça, menina


Da luz que os meus olhos veem tão Da luz que os meus olhos veem tão
pura pura
Teus seios são as colinas, varina Teus seios são as colinas, varina
Pregão que me traz à porta, ternura Pregão que me traz à porta, ternura

Cidade a ponto luz bordada Cidade a ponto luz bordada


Toalha à beira-mar estendida Toalha à beira-mar estendida
Lisboa, menina e moça, amada Lisboa, menina e moça, amada
Cidade, mulher da minha vida Cidade, mulher da minha vida

Lisboa no meu amor, deitada


Cidade por minhas mãos despida
Lisboa, menina e moça, amada
Cidade, mulher da minha vida
Cinderela
Carlos Paião

Eles são duas crianças a viver esperanças, a saber sorrir


Ela tem cabelos louros, ele tem tesouros para repartir
Numa outra brincadeira
Passam mesmo à beira sempre sem falar
Uns olhares envergonhados
E são namorados sem ninguém pensar

Foram juntos noutro dia, como por magia, no autocarro, em pé


Ele lá lhe disse, a medo: O meu nome é Pedro e o teu qual é?
Ela corou um pouquinho e respondeu baixinho: Sou a Cinderela
Quando a noite o envolveu ele adormeceu e sonhou com ela

Então
Bate, bate coração
Louco, louco de ilusão
A idade assim não tem valor

Crescer
Vai dar tempo p'ra aprender
Vai dar jeito p'ra viver
O teu primeiro amor

Cinderela das histórias a avivar memórias, a deixar mistério


Já o fez andar na lua, no meio da rua e a chover a sério
Ela, quando lá o viu, encharcado e frio, quase o abraçou
Com a cara assim molhada ninguém deu por nada, ele até chorou

Então
Bate, bate coração
Louco, louco de ilusão
A idade assim não tem valor

Crescer
Vai dar tempo p'ra aprender
Vai dar jeito p'ra viver
O teu primeiro amor

E agora, nos recreios, dão os seus passeios, fazem muitos planos


E dividem a merenda, tal como uma prenda que se dá nos anos
E, num desses bons momentos, houve sentimentos a falar por si
Ele pegou na mão dela: Sabes Cinderela, eu gosto de ti
Então
Bate, bate coração
Louco, louco de ilusão
A idade assim não tem valor

Crescer
Vai dar tempo p'ra aprender
Vai dar jeito p'ra viver
O teu primeiro amor, Cinderela

Então
Bate, bate coração
Louco, louco de ilusão
A idade assim não tem valor

Crescer
Vai dar tempo p'ra aprender
Vai dar jeito p'ra viver
O teu primeiro amor
Canção de Embalar
Canção de José Afonso

Dorme meu menino a estrela D'alva Trovas e cantigas muito belas


Já a procurei e não a vi Afina a garganta, meu cantor
Se ela não vier de madrugada Quando a luz se apaga nas janelas
Outra que eu souber será p'ra ti Perde a Estrela D'alva o seu fulgor
Outra que eu souber será p'ra ti Perde a Estrela D'alva o seu fulgor

Ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô Ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô
Ô, ô, ô Ô, ô, ô
Ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô Ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô
Ô, ô, ô Ô, ô, ô

Outra que eu souber na noite escura Perde a estrela D'alva pequenina


Sobre o teu sorriso de encantar Se outra não vier para a render
Ouvirás cantando nas alturas Dorme qu'inda a noite é uma menina
Trovas e cantigas de embalar Deixa-a vir também adormecer
Trovas e cantigas de embalar Deixa-a vir também adormecer

Ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô Ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô
Ô, ô, ô Ô, ô, ô
Ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô Ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô
Ô, ô, ô Ô, ô, ô
Amélia dos Olhos Doces
Canção de Carlos Mendes

Amélia dos olhos doces, Amélia dos olhos doces,


Quem é que te trouxe grávida de Quem dera que fosses apenas
esperança? mulher
Um gosto de flor na boca, Amélia dos olhos doces,
Na pele e na roupa, perfumes de Se ao menos tivesses direito a viver
França
Amélia gaivota, amante, poeta,
Cabelos cor-de-viúva, Rosa de café
Cabelos de chuva, sapatos de tiras, Amélia gaiata, do bairro da lata,
E pois, quantas vezes, Do Cais do Sodré
Não queres e não amas
Os homens que dormem, Tens um nome de navio,
Os homens que dormem contigo na Teu corpo é um rio onde a sede
cama corre
Olhos doces, quem diria,
Que o amor nascia onde Amélia
morre

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