2-Os Sons Do PB - Consoantes

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Segmentos consonantais: Diferenciam-se dos sons vocais porque, para serem articulados, apresentam uma

obstrução ao fluxo de ar no trato oral. São classificados de acordo com três parâmetros:
Vozeamento: Vibração ou não das pregas vocais.
Modo de articulação: Maneira como o ar passa pelas cavidades acima da glote (supraglóticas), se com
obstrução total ou apenas um estreitamento do canal bucal.
Ponto ou lugar de articulação: Posição dos articuladores passivos e ativos no momento da produção dos
segmentos.
 Em relação ao parâmetro vozeamento, as consoantes são classificadas como:
Surdas ou não-vozeadas: produzidas sem a vibração das pregas vocais: pata, faca;
Sonoras ou vozeadas: produzidas com a vibração das pregas vocais: bode, zona.
 Quanto ao ponto de articulação, as consoantes são classificadas como:
Bilabial: lábio inferior (articulador ativo/móvel) toca no lábio superior (articulador passivo/imóvel): mamãe,
papai;
Labiodental: lábio inferior (articulador ativo) vai em direção aos dentes incisivos superiores (articulador
passivo): farofa, fava;
Dental: ápice ou lâmina da língua (articulador ativo) toca ou vai na direção dos dentes incisivos superiores
(articulador passivo): tato, dados;
Alveolar: ápice ou lâmina da língua (articulador ativo) toca ou vai na direção dos alvéolos (articulador passivo):
tato, dados;
Alveopalatal: parte anterior da língua (articulador ativo) toca ou se dirige para a região medial do palato duro
(articulador passivo): chata, tchau, já, xarope;
Palatal: parte média da língua (articulador ativo) toca ou se encaminha para a parte final do palato duro
(articulador passivo): ganho, telha;
Velar: dorso da língua (articulador ativo) toca ou vai na direção do véu do palato também chamado de palato
mole (articulador passivo): casa, gato e algumas pronúncias de “r”: rato (dialeto carioca e florianopolitano);
Uvular: dorso da língua (articulador ativo) vai em direção à úvula, como em algumas pronúncias de “r”;
Glotal: músculos da glote são os articuladores desse tipo de segmento, que ocorre também na pronúncia de
“r” no dialeto de Belo Horizonte.

 Segundo o modo de articulação, as consoantes classificam-se em:


Oclusiva/plosiva: produzida com uma obstrução total e momentânea do fluxo de ar nas cavidades
supraglóticas, realizada pelos articuladores (ativo e passivo), daí chamada de oclusiva. O véu do palato
encontra-se levantado, sendo o fluxo de ar encaminhado apenas para a cavidade oral: paga, data, acaba. Em
paga, o som [p] é emitido com uma obstrução total nos lábios. Na palavra data, os sons [d] e [t] são produzidos
com uma obstrução total na região que vai dos dentes aos alvéolos. Em acaba, na realização do som [k], há
uma obstrução total localizada no véu do palato.
Nasal: produzida com uma obstrução total e momentânea do fluxo de ar na cavidade oral. Há, no entanto, um
abaixamento simultâneo do véu do palato, permitindo a liberação do ar pelas cavidades nasais. O ar então
saindo dos pulmões ressoa também na cavidade oral antes de ser expelido somente através das cavidades
nasais. São exemplos de palavras com sons nasais: mano, banho. Em mano, o som [m] apresenta uma
obstrução no trato oral que ocorre nos lábios; já no som [n], a obstrução ocorre nos alvéolos. Na palavra
banho, a consoante nasal [] realiza a obstrução oral no palato duro.
Fricativa: produzida com um estreitamento do canal bucal, ou seja, uma oclusão parcial, realizada pelos
articuladores, fazendo com que a passagem do fluxo de ar nas cavidades supraglóticas gere um ruído de

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fricção. O véu do palato encontra-se levantado, e o fluxo de ar é encaminhado apenas para a cavidade oral:
fava, saca, azar, chato, jato. Na palavra fava, as duas consoantes fricativas [f] e [v] são produzidas com o lábio
inferior se dirigindo para os dentes superiores, mas sem tocá-los efetivamente, já que a obstrução é apenas
parcial. Em saca e azar, as fricativas [s] e [z] são produzidas formando um estreito canal no meio da língua
enquanto se dirigem aos alvéolos.
As consoantes [] e [] (presentes nas palavras chato e jato, respectivamente) oferecem uma constrição no
trato na região do palato duro, produzida com a parte anterior da língua em direção à região pós-alveolar.
Para essas fricativas, podemos classificá-las como sibilantes (as alveolares [s] e [z]), ou como chiantes (as pós
alveolares [] e []. Temos ainda as fricativas velares [] e [], uvulares [] e [] e as fricativas glotais [] e
[], que correspondem aos sons de “r”, como nas palavras corta e corda. Para as velares, o dorso da língua se
dirige à região do palato mole (velum); e, para as glotais, nas quais os ligamentos da glote se comportam como
articuladores, a fricção ocorre na laringe. Os “r” fricativos ocorrem no falar carioca, no de Belo Horizonte e
também no de Florianópolis, quando na posição final de sílaba.
Africada: produzida com uma oclusão total e momentânea do fluxo de ar, seguida de um estreitamento do
canal bucal, gerando um ruído de fricção, logo após o relaxamento da oclusão. Aqui também o véu do palato
encontra-se levantado, e o fluxo de ar passa apenas pela cavidade oral: tchau [], tia [] e dia []
(considerando boa parte dos dialetos do PB). Essas consoantes são todas produzidas com a parte anterior da
língua tocando na região pós-alveolar e depois se afastando, gerando fricção. As consoantes [] e [] se
diferenciam apenas pelo vozeamento.
Tepe (ou tap): produzida com uma oclusão total e rápida do fluxo de ar na cavidades orai. O véu do palato
está levantado, impedindo a passagem do ar pelas cavidades nasais: caro, prato. O som [] apresenta uma
oclusão percebida como uma batida bastante rápida da ponta da língua nos alvéolos, permitindo uma oclusão
total, mas extremamente breve. Essa consoante também é conhecida como vibrante simples, por apresentar
apenas essa única batida.
Vibrante: a ponta da língua ou a úvula provocam uma série de oclusões totais muito breves, seguidas por
segmentos vocálicos extremamente curtos. A passagem do ar pelas cavidades nasais também está bloqueada:
roda, carro. A vibrante alveolar [r] aciona esta série de rápidas oclusões tocando a ponta da língua nos alvéolos.
Já a vibrante uvular [] realiza a sequência de bloqueios tocando, através da vibração da úvula, o dorso da
língua. Essa consoante também é chamada de vibrante múltipla em função das múltiplas batidas, em oposição
à vibrante simples, que apresenta um único bloqueio.
Os dois sons de “r” que o PB distingue são muitas vezes chamados de vibrante simples (o tepe ou r fraco) que
aparece na palavra caro, e de vibrante múltipla (a vibrante propriamente dita ou r forte) que aparece na
palavra carro.
Retroflexa: produzida com o levantamento e encurvamento da ponta da língua (articulador ativo) em direção
ao palato duro (articulador passivo). As cavidades nasais estão obstruídas pelo levantamento do véu palatino,
não permitindo que o ar passe através delas. O som retroflexo [] pode ser percebido na pronúncia do “r” em
dialetos rurais, como os do interior do estado de São Paulo, ou por um estado-unidense produzindo palavras
como: mar e porca.
Aproximante: articulada com uma constrição que é maior do que a requerida para uma vogal, mas não radical
o suficiente para produzir turbulência da corrente de ar. São produzidas com a cavidade nasal bloqueada pelo
véu do palato, impedindo a passagem de ar pelas narinas. São consideradas aproximantes no PB um
representante dos róticos com ponto de articulação alveolar [] e as semivogais [j] e [w]. As aproximantes são
normalmente vozeadas.
Lateral: produzida com uma oclusão central, deixando que o ar escape pelas laterais do trato oral. O véu do
palato encontra-se levantado, e o fluxo de ar passa apenas pela cavidade oral. Nas palavras: lata, sal, telha,
encontramos, respectivamente, a lateral alveolar vozeada [l], produzida com uma obstrução realizada com a

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ponta da língua no centro dos alvéolos; a lateral velar (vozeada) [], realizada através do bloqueio com o dorso
da língua na região central do palato mole (variante velarizada produzida em algumas regiões do Rio Grande
do Sul em posição final de sílaba) e a lateral palatal [] (telha)(também vozeada), produzida com a parte
anterior da língua tocando no centro do palato duro.

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