Aula 4 - Bactérias

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FUNDAMENTOS

DE BIOLOGIA
Bactérias
Scheila Iria Kraus

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

> Diferenciar células procariotas de células eucariotas.


> Identificar as estruturas que são encontradas nas células das bactérias.
> Reconhecer a importância das bactérias para a vida na Terra.

Introdução
No fascinante mundo da biologia, os seres vivos são classificados em duas cate-
gorias principais: procariotos e eucariotos. Essa divisão fundamental se baseia na
complexidade de suas células e organização estrutural. Os procariotos, represen-
tados principalmente pelas bactérias e arqueias, são organismos unicelulares, com
células mais simples, desprovidas de núcleo definido e organelas membranosas.
Por outro lado, os eucariotos, que incluem animais, plantas, fungos e muitos
protistas, possuem células mais complexas, com um núcleo que abriga o material
genético e diversas organelas especializadas.
Dentre os procariotos, as bactérias destacam-se como formas de vida extraor-
dinárias, colonizando ambientes que variam de extremos árticos a vulcânicos. Sua
morfologia variada e adaptável permite que esses microrganismos desempenhem
papéis cruciais para a nossa vida e para o equilíbrio do ecossistema global. Desde
a promoção da saúde humana, auxiliando na digestão e produção de vitaminas,
até a importância no tratamento de resíduos e saneamento básico, as bactérias
demonstram sua influência vital em diversas áreas.
Neste capítulo, você vai aprender sobre as instigantes características que
diferenciam as células eucarióticas das procarióticas, além de compreender
algumas adaptações que permitem a vasta biodiversidade de nosso planeta.
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Também vamos explorar o impressionante mundo microscópico das bactérias,


enfatizando sua importância para a nossa saúde e bem-estar ambiental.

Diferenças entre células eucariotas


e procariotas
A diversidade de vida no planeta Terra é fascinante. Estima-se que existam mais de
10 milhões, e talvez chegue a 100 milhões, o número de espécies vivas no planeta.
E cada espécie é diferente. Cada uma se reproduz fielmente, gerando descendentes
que pertencem ao mesmo grupo. A maioria dos organismos vivos é composta por
células únicas. Outros, como nós, são vastos complexos multicelulares, nos quais
grupos de células realizam funções específicas e estão conectados por milhares
de sistemas de comunicação. Mas, mesmo para o agregado de trilhões de células
que formam um corpo humano, o organismo todo foi gerado a partir da divisão
de uma única célula. Consequentemente, uma única célula é o veículo para toda
a informação hereditária que nos define (Alberts et al., 2017).
Assim, tendo em vista a importância das células como unidades funda-
mentais da vida, é imprescindível que entendamos sua biologia e assim a dos
seres vivos como um todo. E para conhecer esse microscópico e complexo
universo, precisamos dividir as células em dois grandes grupos: células eu-
carióticas e células procarióticas.
Se considerarmos os aspectos evolutivos, as células procarióticas foram
os primeiros organismos vivos na Terra, há aproximadamente 3,5 bilhões
de anos. Esses organismos eram anaeróbicos, ou seja, não necessitavam
de oxigênio para sobreviver, e se desenvolveram em ambientes primitivos,
contribuindo para o aparecimento das primeiras formas de vida unicelulares.
Uma característica importante dos organismos procariotos é a ausência de
um núcleo definido, bem como de organelas membranosas. A transição para
seres eucariotos é marcada pelo desenvolvimento de um núcleo definido e
por uma maior compartimentalização e especialização funcional. Estima-se
que essa transição ocorreu há cerca de 1,6 a 2 bilhões de anos, e foi essencial
para o surgimento de formas de vida mais complexas (Sadava et al., 2020).
A teoria mais aceita para explicar a origem das células eucariontes é a teoria
da endossimbiose, segundo a qual algumas células procariontes ancestrais
podem ter englobado outras células procariontes menores, como bactérias
e cianobactérias, por meio de um processo de endocitose. Em vez de serem
digeridas, essas células menores passaram a viver simbioticamente dentro das
células maiores, mais tarde evoluindo para se tornarem organelas presentes nas
células eucariontes, como as mitocôndrias e os cloroplastos (Sadava et al., 2020).
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As diversas formas de vida presentes na natureza hoje incluem células


procariontes e células eucariontes. Os procariotos, organismos unicelulares,
constituem os domínios Bacteria e Archaea e podem viver em uma ampla
variedade de lugares, inclusive ambientes extremos. Já as células eucarió-
ticas estão presentes em todos os organismos do domínio Eukarya, sendo
encontradas, portanto, em protozoários, algas, fungos, plantas e animais.
As diferenças entre esses tipos celulares são notáveis e fundamentais,
permitindo a diversidade de vida que encontramos em nosso planeta. Visando
explorar isso, na sequência vamos elencar alguns aspectos que diferenciam
os procariotos dos eucariotos:

Organização celular
Procariotos: as células procariotas são estruturalmente mais simples. Elas
não possuem um núcleo delimitado por uma membrana. O material genético
(ácido desoxirribonucleico, o DNA) encontra-se disperso no citoplasma, em uma
região chamada nucleoide. Além disso, essas células não possuem organelas
membranosas, com exceção dos mesossomos (invaginações da membrana) em
algumas bactérias. Os ribossomos constituem as únicas organelas encontradas
no citoplasma e são responsáveis pela síntese de proteínas.

Eucariotos: as células eucariotas são mais complexas. Elas possuem um núcleo


bem definido, envolto por uma membrana nuclear, onde o material genético é
armazenado. Além do núcleo, apresentam várias organelas membranosas no
citoplasma, como mitocôndrias, complexo de Golgi, retículo endoplasmático,
entre outras, cada uma desempenhando funções específicas (Urry et al., 2022).

Tamanho celular
Procariotos: em geral, as células procariotas são menores do que as células
eucariotas. Elas têm uma dimensão média de cerca de 1 a 10 micrômetros.

Eucariotos: a maioria delas possui dimensões na faixa de 10 a 100 micrômetros.

Reprodução celular
Procariotos: a reprodução das células procariotas ocorre principalmente
por fissão binária, um processo simples em que a célula se divide em duas
células-filhas idênticas.

Eucariotos: as células eucariotas passam por um processo mais complexo


de divisão celular, chamado de mitose, que resulta na formação de duas
células-filhas geneticamente idênticas. Além disso, alguns eucariotos, como
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as células germinativas dos animais, também podem passar por meiose para
produzir células sexuais (gametas).

Complexidade e diversidade
Procariotos: os organismos procariotos são representados pelas bactérias e
arqueias. Embora exista uma grande diversidade dentro desses grupos, eles
são, em geral, menos complexos em termos de estrutura e funções celulares.

Eucariotos: os eucariotos abrangem uma gama muito mais ampla de organismos,


incluindo animais, plantas, fungos e protistas. Esses grupos são mais complexos
e têm maior diversidade estrutural, funcional e metabólica (Alberts et al., 2017).
Essas diferenças entre os tipos celulares refletem suas histórias evolutivas.
Elas também têm papeis importantes na adaptação dos organismos à sua
existência em diferentes ambientes na Terra. Na Figura 1, é possível observar,
didaticamente, as disparidades citadas entre uma célula eucariótica e uma
célula procariótica.

Figura 1. Célula procarionte (no alto) e célula eucarionte.


Fonte: Adaptada de Spolidorio, Duque e Póvoa (2013).
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Neste tópico nós exploramos os aspectos evolutivos, bem como as prin-


cipais diferenças entre uma célula eucariótica e uma célula procariótica. No
tópico seguinte vamos visitar o incrível universo das células procariontes,
mais precisamente das bactérias.

A constituição das bactérias


Agora que já vimos como se distinguem as células, vamos explorar o vasto e com-
plexo universo dos procariotos, mais especificamente das bactérias. As bactérias
são organismos unicelulares, isto é, formadas por uma única célula, sem núcleo
e com organelas ligadas à membrana. Elas podem viver isoladas ou reunidas em
agrupamentos que possuem formas típicas e variam entre as espécies.
O tamanho das bactérias normalmente fica entre 0,5 e 5 μm. No entanto,
algumas espécies como a Thiomargarita namibiensis podem chegar a 750 μm
de diâmetro (maior do que o ponto sobre este i). Seu formato pode variar
consideravelmente, sendo encontradas principalmente em estruturas esfé-
ricas, como os cocos (ex. Staphylococcus aureus), de bastonetes (ex. Bacillus
anthracis) ou em forma de espiral (ex. Vibrio cholerae), conforme demostrado
na Figura 2 (Urry et al., 2022).

Figura 2. Tipos de bactérias.


Fonte: Adaptada de Urry et al. (2022).

A composição básica de uma bactéria envolve uma camada externa, cha-


mada parede bacteriana, que determina a forma e protege a bactéria contra
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agressões físicas do meio ambiente. Ainda em sua estrutura externa, podemos


encontrar uma cápsula ou camada limosa, além de flagelos. Internamente,
encontra-se a membrana plasmática, que delimita o citoplasma, fluido onde
há proteínas e ribossomos responsáveis pelo metabolismo da bactéria. O
cromossomo bacteriano, constituído por uma molécula de DNA, é encontrado
em uma região citoplasmática denominada nucleoide. A Figura 3 apresenta
a morfologia básica de uma bactéria.

Figura 3. Estrutura básica das células procarióticas. A micrografia representa a bactéria


Pseudomas aeruginosa, e a ilustração demonstra seus principais componentes.
Fonte: Adaptada de Sadava et al. (2020).

A parede celular é uma camada rígida que se encontra fora da membrana


celular, em muitas bactérias. Ela é constituída, principalmente, por peptidogli-
cano, um polímero composto de açúcares modificados com ligações cruzadas
a pequenos polipeptídeos. Envolve toda bactéria e sua principal função inclui
a proteção da célula contra a lise osmótica, além de manter a sua forma.
A composição da parede celular determina se a bactéria será classificada
como Gram-positiva ou Gram-negativa. Com a técnica de coloração de Gram,
as amostras são coradas com cristal violeta e lugol; lavadas com álcool e
coradas novamente, com um corante vermelho (como Safranina), que entra
na célula, ligando-se ao DNA. O resultado da coloração será determinado
pela estrutura da parede celular bacteriana.
As bactérias Gram-positivas apresentam paredes relativamente simples,
compostas por uma espessa camada de peptidoglicano. Já as bactérias
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Gram-negativas apresentam paredes com menos peptidoglicano, sendo


estruturalmente mais complexas, com uma camada de membrana externa
que contêm lipopolissacarídeos (carboidratos ligados a lipídeos), conforme
demonstrado na Figura 4 (Urry et al., 2022).

Figura 4. Coloração de Gram e as diferenças na parede celular de bactérias gram-positivas


e gram-negativas.
Fonte: Adaptada de Urry et al. (2022).

É importante salientar que a coloração de Gram é uma importante


ferramenta para avaliações clínicas, uma vez que o tratamento pode variar
conforme o tipo de bactéria. As porções lipídicas das bactérias Gram-
-negativas são usualmente tóxicas, podendo levar à febre e ao choque
séptico. Além disso, a parede mais espessa contribui na proteção contra
as defesas do hospedeiro, tornando esse tipo de bactéria mais resistente
(Urry et al., 2022).
Circundando a parede celular de algumas bactérias encontra-se uma
camada de polissacarídeos ou proteínas que, quando densa e bem definida,
é chamada de cápsula; e, quando não tão organizada, é denominada camada
limosa. Essa estrutura permite às bactérias aderirem ao substrato ou a outros
indivíduos de uma colônia. Também protegem contra a desidratação e ao
ataque do sistema imune dos seus hospedeiros (Urry et al., 2019).
Outra estrutura bastante importante encontrada na superfície das bac-
térias são os flagelos, organelas especiais constituídas por uma proteína
chamada flagelina. A principal função dos flagelos bacterianos é a locomoção,
sendo que os movimentos rotacionais gerados por ele permitem que a célula
se direcione à um estímulo ou para longe dele (fenômeno conhecido como
taxia, do grego taxis = ordenação) (Urry et al., 2022).
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A velocidade proporcionada pelos flagelos bacterianos pode variar de


acordo com a espécie. No entanto, algumas bactérias conseguem se
mover a 50 µm/s – até 50 vezes o comprimento de seu corpo por segundo. Pode
não parecer muito, mas se colocarmos isso em perspectiva, é o equivalente a
uma pessoa de 1,70 m de altura correndo a 306 km por hora (Urry et al., 2022).

A membrana plasmática é uma estrutura essencial de todas as bactérias.


Ela é composta principalmente por uma bicamada lipídica, delimitando o
interior do meio externo. Desempenha papeis cruciais na integridade celular,
no transporte de nutrientes e na excreção de resíduos. Além disso, algumas
bactérias podem apresentar membranas especializadas, com invaginações,
que permitem a realização de processos metabólicos. Em bactérias fotos-
sintetizantes, como as cianobactérias, as membranas dispõem de estruturas
como tilacoides, que permitem a realização da fotossíntese.
Com relação aos compartimentos internos das bactérias, estes diferem
fortemente das células eucarióticas, sendo que não possuem uma organização
celular tão definida. Nas bactérias, o material genético é composto por uma
molécula de DNA circular, que contém todas as informações necessárias
para a sobrevivência e reprodução da célula. Esse material é encontrado
em uma região do citoplasma denominada nucleoide. Diferentemente das
células eucarióticas, nos procariontes essa região não é delimitada por uma
membrana nuclear. O citoplasma desses organismos não é composto por
diversas organelas, mas unicamente por ribossomos que se encarregam da
síntese proteica bacteriana (Urry et al., 2019).
Neste tópico, vimos as bactérias e sua notável estrutura, que permite a
sobrevivência e propagação desses organismos no ambiente. O tópico seguinte
será destinado a explorar a contribuição direta destes seres microscópicos
em nossa vida e na organização do planeta Terra.

Importância das bactérias


Quando você ouve falar de bactérias, certamente já pensa nelas como cau-
sadoras de doenças, não é mesmo? Crescemos acreditando que todas as
bactérias são danosas ao nosso organismo e nos trazem vários problemas.
De onde surgiram essas crenças populares é difícil dizer, mas o fato é que
não poderiam estar mais erradas.
Não podemos ignorar que muitas espécies de bactérias são, sim, capazes
de causar doenças, como a sífilis, o botulismo e a gripe. Mas esses patógenos
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são uma pequena fração das espécies procarióticas. Muitos outros procario-
tos desenvolvem interações positivas com o ser humano, desempenhando
papéis vitais em nosso organismo, na produção de medicamentos, como os
antibióticos, na fabricação de produtos lácteos, no tratamento do esgoto,
dentre inúmeras outras.
O nosso corpo é habitado por mais de 10 trilhões de bactérias, que estão
presentes em todos os órgãos, sem exceção. Uma das populações de bactérias
mais estudadas atualmente são as que compõem nossa microbiota intestinal.
Elas desempenham papéis cruciais na regulação do sistema imunológico, no
metabolismo de nutrientes e na proteção contra patógenos. De fato, diversas
pesquisas correlacionam uma microbiota intestinal equilibrada com a saúde
geral do indivíduo e a prevenção de doenças, incluindo doenças autoimunes,
obesidade, diabetes do tipo 2 e até transtornos mentais (Costa, 2021).
Muitos estudos científicos já demonstram que há uma interação bem
próxima entre o nosso intestino e o nosso cérebro, que é denominada pelos
pesquisadores como eixo intestino-cérebro. De modo geral, o que sabemos
é que uma disbiose intestinal (desequilíbrio da microbiota) pode servir como
predisposição para problemas mentais, como ansiedade e a depressão. E,
por tratar-se de uma relação bidirecional, alterações encefálicas, como o
estresse, também são capazes de causar mudanças em nosso microbioma.
As soluções para tais problemas envolvem uma dieta equilibrada, rica em
alimentos como cereais integrais e leguminosas, além de evitar o consumo
de ultraprocessados (Socała et al., 2021).
As bactérias também têm contribuições importantes no tratamento de
doenças. Desde a descoberta de antibióticos até a pesquisa de novos me-
dicamentos e terapias, as bactérias têm sido cruciais. A estreptomicina e a
tetraciclina são apenas alguns exemplos de importantes antibióticos desen-
volvidos a partir destes procariotos. Além disso, a compreensão cada vez
mais profunda da microbiota humana e seu papel na saúde abriu portas para
novas abordagens terapêuticas, como os probióticos, que visam melhorar o
equilíbrio das bactérias benéficas para o nosso corpo. A engenharia genética
é outro campo que utiliza bactérias como ferramentas na produção de pro-
teínas com potencial medicinal, dando início à uma medicina mais avançada
e personalizada (Urry et al., 2022).

A penicilina, um dos antibióticos mais importantes da história da


medicina, foi descoberta acidentalmente pelo cientista Alexander
Fleming, em 1928. Na ocasião, o pesquisador estava estudando a bactéria Sta-
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phylococcus aureus, que causa diversas infecções em seres humanos. Durante


seu trabalho, Fleming involuntariamente deixou algumas placas de cultura de
bactérias abertas em sua bancada do laboratório enquanto estava de férias. Em
seu retorno, percebeu que algumas das placas estavam cobertas por um mofo
verde-azulado. Intrigado, Fleming examinou mais de perto e identificou que ao
redor do mofo, a bactéria Staphylococcus aureus não estava crescendo. Isso
levou-o a concluir que o mofo estava produzindo alguma substância que inibia
o crescimento bacteriano. O mofo em questão foi identificado como o fungo
da espécie Penicillium notatum, e a substância que ele produzia foi chamada
de penicilina. Fleming realizou experimentos adicionais para isolar e estudar
essa substância, demonstrando suas propriedades antibióticas contra várias
bactérias patogênicas. Essa descoberta revolucionou a medicina e abriu caminho
para a era dos antibióticos (Tan; Tatsumura, 2015).

Vários produtos presentes em nossa alimentação também dependem


diretamente de muitas bactérias. Elas desempenham papel crucial principal-
mente na fabricação de produtos lácteos, como iogurte e queijo. Bactérias
benéficas são adicionadas intencionalmente a esses alimentos para fermentar
o leite, transformando lactose em ácido lático. Esse processo de fermentação
não apenas preserva o alimento, mas também confere características de
sabor e textura desejáveis. Outro mercado onde as bactérias são essenciais
é na fabricação de bebidas alcoólicas, como cervejas e vinhos. Espécies de
Lactobacillus e Pediococcus são utilizadas na fermentação secundária ou
maturação, convertendo alguns subprodutos da fermentação em compostos
desejáveis, como ácido lático e diacetil. Esses compostos conferem um melhor
sabor, aroma e textura para a bebida.
Ademais, é importante destacar que as bactérias também desempenham
uma ação fundamental no saneamento básico, contribuindo significativamente
para a decomposição e reciclagem de matéria orgânica presente em esgotos
e resíduos. Nas estações de tratamento de esgoto, bactérias aeróbias e anae-
róbias são empregadas para metabolizar a matéria orgânica, transformando-a
em compostos mais simples, como dióxido de carbono e água. Esse processo
de biodegradação reduz a carga orgânica dos efluentes, tornando-os mais
seguros para o meio ambiente e evitando a contaminação de corpos d'água.
Algumas bactérias patogênicas são usadas como indicadores microbiológicos
na análise da qualidade da água, auxiliando na detecção de contaminação
fecal e garantindo que a água potável atenda aos padrões de segurança para
consumo humano (Urry et al., 2022).
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Em suma, as bactérias são organismos versáteis e essenciais que têm


um impacto significativo em nossas vidas e na saúde do planeta. Embora
algumas sejam patogênicas e possam causar doenças, muitas outras são
benéficas e desempenham papel importante no nosso corpo, na produção de
alimentos e medicamentos e no tratamento de esgoto. Entender e valorizar
a diversidade e os benefícios proporcionados pelas bactérias é fundamental
para aproveitar suas contribuições e promover a saúde e o bem-estar em
várias esferas da nossa existência.
Neste capítulo, nós tivemos a oportunidade de explorar as principais
diferenças entre as células procarióticas e eucarióticas, entendendo sua
importância para a manutenção da biodiversidade do planeta. Também vimos
aspectos microscópicos das bactérias e suas formas de adaptação aos mais
variados ambientes. Por fim, entendemos que, apesar de algumas espécies de
bactérias representarem risco para o ser humana, muitas outras participam
dos mais variados processos, garantindo a nossa saúde e a sustentabilidade
ambiental. Ao reconhecer o papel vital dos procariotos, somos inspirados a
valorizar e proteger esses microrganismos essenciais para nossa vida e do
planeta como um todo.

Referências
ALBERTS, B. et al. Fundamentos da biologia celular. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
COSTA, C. S. G. A importância da microbiota intestinal na saúde e em estados de disbiose:
revisão narrativa. 2021. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Univer-
sidade Fernando Pessoa, Porto, 2021.
SADAVA, D. et al. Vida: a ciência da biologia. 11. ed. Porto Alegre: Artmed, 2020. v. 1.
SOCAŁA, K. et al. The role of microbiota-gut-brain axis in neuropsychiatric and neu-
rological disorders. Pharmacological Research, n. 172, 2021.
SPOLIDORIO, D. M. P.; DUQUE, C.; PÓVOA, H. C. C. Morfologia microbiana. In: SPOLIDORIO,
D. M. P.; DUQUE, C. (org.). Microbiologia e imunologia geral e odontológica. São Paulo:
Artes Médicas, 2013. v. 1, p. 14-23.
TAN, S. Y.; TATSUMURA, Y. Alexander Fleming (1881-1955): discoverer of penicillin. Sin-
gapore Medical Journal, v. 56, n. 7, p. 366-367, 2015.
URRY, L. A. et al. Biologia de Campbell. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2022. E-book.

Leitura recomendada
COLLEN, A. 10% humano: como os micro-organismos são a chave para a saúde do corpo
e da mente. Rio de Janeiro: Sextante, 2016. E-book.
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