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Introdução:

O Dr. J.I Packer no prefácio do Livro do Dr. RC Sproul (O Conhecimento das


Escrituras) escreveu algo tão pertinente ao estudo a seguir que faço
questão de cita-lo nessa introdução:

“Se eu fosse o diabo um dos meus primeiros objetivos seria impedir que as
pessoas se interessassem pela bíblia. Sabendo que ela é a palavra de Deus
e tem como propósito ensinar as pessoas a conhecer, amar e servir ao Deus
da palavra, faria todo o possível para cercá-la de equivalentes espirituais a
armadilhas, cercas de espinho e ciladas, para afugentar as pessoas.
Como? Bem, tentaria dissuadir todos os pastores e sacerdotes de pregar e
ensinar a bíblia, e, espalharia o sentimento de que o estudo pessoal deste
livro antigo é um fardo extra que os cristãos modernos podem dispensar
sem grande prejuízo. Propagaria dúvidas a respeito da verdade, da
importância, do bom senso e da honestidade da bíblia e, se porventura
alguém ainda insistisse em lê-la, eu o induziria admitir que o benefício da
leitura se resume aos sentimentos Nobres e tranquilos que ela evoca, e não
em atentar para aquilo que as escrituras realmente proclamam. De todas as
formas tentaria impedi-los de usar disciplinadamente suas faculdades
mentais para compreender a dimensão de sua mensagem.
Se eu fosse o diabo, avaliando o meu trabalho nos dias de hoje, creio que
ficaria satisfeito com o progresso alcançado”.

Muitos crentes, pastores e congregações inteiras têm abandonado àquilo


que Deus concedeu ao seu povo para um conhecimento correto sobre ele e
sobre sua vontade.
Muitos se desviaram do costume que aprendemos de homens piedosos do
passado, sobre crer, amar e se esmerar no estudo da Palavra de Deus e
passaram a buscar instrução e compreensão da vontade de Deus a partir de
ações místicas, doutrinas que surgem na mente do homem, filosofias
humanistas e muitas outras coisas, as quais, de fato, não nos ensinam nada
correto sobre Deus.
Enquanto outros, com o pretexto de que a Bíblia é um livro antigo e muito
complicado de se ler, a abandonam em cima de suas cabeceiras, abertas na
estante da sala ou fechadas dentro de gavetas, mas não se esforçam para
compreendê-la.

Então, minha intenção é demonstrar a importância da Palavra de Deus, seus


atributos, alguns detalhes básicos sobre ela e incitá-los a terem maior vigor
no compromisso da leitura, estudo e meditação na palavra de Deus.
Não que eu pense que vocês não fazem isso, mas eu penso que é sempre
bom para nós repetir algumas verdades extremamente básicas, porque o
mundo em que vivemos nos bombardeia diariamente com desafios a nossa
fé!

1. O Que é Esse Livro e Para que Ele Serve?


1.1. A Bíblia é a Palavra do Próprio Deus

A Bíblia é uma coletânea de 66 livros, escritos por aproximadamente


40 autores diferentes, por um período de mais ou menos 1500 anos.
Esses livros são divididos em dois testamentos, conhecidos como:
Antigo Testamento, com seus 39 livros e Novo Testamento com
seus 27.
São duas partes bem grandes e com muito conteúdo, mas resumindo
um pouco dele:
O antigo testamento nos conta a história da criação, da queda do
homem, da aliança feita por Deus com Abraão e seus descendentes
(Israel), a promessa da vinda de um Messias, e o proceder do povo
escolhido de Deus.
Já o novo testamento, nos mostra o cumprimento da promessa de
Deus na pessoa de seu Filho Jesus; isso é algo central nele; e como,
por sua obra, os homens deixam de ser prisioneiros do pecado, do
diabo e da lei e entram agora em aliança com Deus. Nele também
vemos como esse povo, agora chamado “igreja”, foi se
desenvolvendo ao longo das épocas após a morte de Cristo.
A Bíblia não é um livro de política, ciência, filosofia ou regras de boas
maneiras; ela não foi criada por alguns homens que decidiram
inventar uma nova religião ou que queriam dominar regiões e formar
um império religioso. E, nem foi feita para comprovar as ideias
humanas, entre tantas outras especulações que fazem a respeito
dela.
Diferente de qualquer outra obra literária, e, superior a todos os
outros escritos na terra, a bíblia, é um livro com o conteúdo ímpar,
espiritual e divino. Sabemos que existem livros excelentes, com
conteúdo maravilhosos e que até podem causar alguma ação na vida
dos leitores, mas nenhum se compara à Bíblia.
A Bíblia é o livro mais copiado, mais vendido, mais traduzido, entre os
livros religiosos é o mais verídico e exato, é o que mais transforma
pessoas, famílias, cidades, nações; e é o mais perseguido também.
Pessoas morreram por esse livro, confiando em seu conteúdo.
A bíblia é, com todas as letras, a palavra de Deus! E nós não podemos
ignorar isso.

1.2. A Bíblia Revela o verdadeiro Deus

Através desse livro, o Senhor decidiu revelar sua pessoa a todos


àqueles que o quisessem conhecer, seja de maneira meramente
intelectual, como muitos estudiosos das religiões fazem, ou de forma
salvífica, para aqueles que o buscam de coração.
Fato é que só podemos conhecer o Deus verdadeiro pela Bíblia; não
há possibilidades místicas de ser uma pessoa salva, que conhece a
Deus e que anda em seus caminhos inteiramente, somente por
intuição, sentimentos, divagações mentais ou algo assim. Essas
coisas não podem levar as pessoas a intimidade verdadeira com
Deus, é necessária uma forma de revelação que nos transmita o
conteúdo correto a respeito de Deus e de tudo aquilo que ele quis
revelar. Essa revelação é a Bíblia!
Enfim, podemos chamar de Escritura Sagrada, enquanto o mundo a
chama de Livro Preto; ou até podemos tentar a maneira elegante que
CH Spurgeon chamava “O Volume da Inspiração”, mas,
independentemente do nome que lhe for dado, ela é a Sagrada e
Divina Palavra de Deus.
Não sei se vocês já se perguntaram como a Bíblia foi formada, ou
como era quando ela não existia da forma que conhecemos hoje,
mas, essas são perguntas válidas e interessantes para fazermos.
Então, voltando no tempo, antes que houvesse uma forma de escrita
na terra, todo registro sobre Deus ficou encarregado a tradição oral.

2. O Conhecimento de Deus nos Primeiros Pais


2.1. Tradição Oral
Bom, sabemos que quando Deus criou o universo e tudo que existe,
ele manteve um relacionamento pessoal com o ser humano no jardim
do Éden falando com Adão de uma forma exclusivamente pessoal,
tanto que não temos nem ideia de como exatamente era esse
relacionamento entre homem e Deus. Porém, com a desobediência e
queda dos primeiros pais, vemos o homem sendo expulso da
presença gloriosa e pessoal de Deus.
Grande parte da humanidade abandonou o temor ao Senhor, o povo
se espalhou pelas regiões da terra, por exemplo, os da descendência
de Caim, e passaram a praticar iniquidades terríveis.
Se antes Deus falava pessoalmente, agora, por ocasião do pecado
nos filhos dos homens, ele não poderia nem mesmo se aproximar
deles como antes.
Sendo assim, toda a forma de conhecimento a respeito de Deus que
se podia aprender, ficou estrita as formas orais, ou seja, através de
histórias e contos dos mais antigos que desfrutaram de um
conhecimento pessoal do Senhor.
Entretanto, por conta da natureza rebelde e pecaminosa que agora
dominava, o homem se tornou inclinado, e, passou a corromper toda
a verdade passada por tradição oral, e isso explica o fato de surgirem
até mesmo civilizações com relatos estreitamente semelhantes aos
relatos bíblicos, porém, com visões distintas sobre Deus. No início,
Satanás distorceu a palavra de Deus para Eva e a incitou a pecar.
Agora, sendo os homens pecadores, eles mesmos por si só estavam
inclinados a isso.
Por misericórdia, no meio de tudo isso Deus preservou aquilo que ele
queria que os homens soubessem a respeito de si nas eras patriarcais
e através dos anos conservou a sua linhagem piedosa na terra (ex:
linhagem de Sete, Enos, Enoque até Noé – considerados homens
justos). Como homens ainda viviam por muito tempo, eles podiam
manter uma tradição oral fidedigna a tudo aquilo que eles
conheceram a respeito de Deus e assim Ele preservou sua verdade.
Mas, ao que podemos constatar pelo progresso da história bíblica, fica
claro que o Senhor não queria que aquilo que o povo precisava saber
sobre ele, fosse passado por tradição oral. Não que esse meio tenha
sido extinto, mas, ele se tornou “obsoleto” e deu espaço a outro.
Não sabemos por que Deus alterou as formas ao longo do tempo,
mas, meu palpite é que na sua providência, ele fez isso para manter
a informação fiel aos acontecimentos através desses documentos.

2.2. A Forma Escrita


Depois de muitas gerações de famílias do povo de Deus, o livro de
êxodo nos apresenta Moisés, um dos filhos desse povo; e, a partir
dele, surge então a forma de registrar através de escritos.
Não que ele tenha inventado isso. Na verdade, o que é interessante é
que a primeira forma escrita das Escrituras foi feita pelos dedos do
próprio Deus (Êxodo 31.18). Antes mesmo do próprio Moisés começar
a escrever, o Senhor provou que seu interesse agora era nesse meio.
Existem diversos relatos no Pentateuco que mostram Moisés
escrevendo e Deus o induzindo a isso, mas, podemos encontrar um
mais sintetizado em Números 33.1-2, que diz:
“São estas as caminhadas dos filhos de Israel que saíram da terra do
Egito, segundo os seus exércitos, sob as ordens de Moisés e Arão.
Escreveu Moisés as suas saídas, caminhada após caminhada,
conforme o mandado do SENHOR; e são estas as suas
caminhadas, segundo as suas saídas…”
Concluímos então que o Senhor queria deixar o registro escrito sobre
os acontecimentos, sobre ele e sobre tudo aquilo que ele decidiu
necessário para o seu povo.
2.3. A Importância Da Escrita
Vale a pena notar que esses escritos não eram meramente feitos
como objetos que seriam guardados em casa, no fundo da dispensa e
esquecidos. Pelo contrário, podemos ver que tudo que Deus revelou
para Moisés escrever, era o que o povo precisaria saber para manter
uma verdadeira vida que agrada a Deus, se manterem seguros ou
longe de males (doenças, problemas sociais, injustiças etc.) e
também para que as gerações futuras do povo conhecessem o Deus
verdadeiro e não se esquecessem dele. Era algo sério, pois, os líderes
da congregação deveriam instruir todo aquele povo na lei do Senhor,
enquanto os pais, em suas casas, deveriam ensinar as suas famílias
trechos da lei de Deus diária e semanalmente, vemos isso em
Deuteronômio 6.4
Tudo isso mostra a importância que Deus deu a sua revelação escrita.

3. As Principais Formas de Revelação de Deus


A teologia sistemática, na área da doutrina da Escritura, divide esses
meios de revelação ao longo dos séculos, em dois principais:
O primeiro é chamado de revelação geral ou natural, enquanto o
segundo é a revelação especial. São dois grupos diferentes que
englobam formas específicas utilizadas por Deus e descritas na Bíblia.
Bom, vamos ver o primeiro. O que seria essa revelação geral e
natural?

3.1. Revelação Geral e Natural


Bom, o salmo 19.1-2 declara bem isso, e diz:
"Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as
obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela
conhecimento a outra noite."
Basicamente, se trata da forma natural de conhecer a Deus através
da sua criação (homem e mundo) e dos seus feitos na história. Sendo
essa uma revelação disponível a todos os homens.
Como o salmista nos diz, os céus revelam Deus ao ser humano.
3.1.1. Na Criação
Ao olharmos para os detalhes do mundo que vivemos, sejam os
macros ou micros detalhes, nós temos a consciência natural de que
só pode ter alguém por trás dessa criação. Existe até a famosa teoria
do Design Inteligente, que diz que o universo foi meticulosamente
desenhado por uma mente muito inteligente de fato.
É claramente visível para todos que existe um Deus, pois, como o
nada criaria tudo? Ou como uma explosão e alguns elementos
químicos poderiam desenvolver uma criação tão bem desenhada em
seus mínimos detalhes?
Então a criação demonstra que existe um criador.
Lembro de uma história sobre dois homens que participaram
de um projeto missionário no Amazonas. Eles iam para lá e
depois pegavam seu caminho de volta. Porém, em um certo
dia decidiram tomar um atalho, um caminho diferente. E em
certo ponto, eles perceberam que a mata começava a se
fechar e de repente eles estavam quase engatinhando. Nesse
meio tempo começaram a sentir um cheiro estranho e um
perguntou para o outro: - Você está sentindo esse cheiro
estranho? Cheiro de xixi de gato. Será que tem gato por aqui?
O outro olhou e disse: Se passa gato eu não sei, mas tem uma
pegada aqui que parece com a de gato mesmo, só que o
tamanho dela é maior que o seu pé, e são várias.
Quando eles perceberam, estavam entrando numa toca de
onça. E então saíram correndo, fugiram e quando estava tudo
mais tranquilo um perguntou para o outro: mas você viu a
onça?
O outro responde: Rapaz, eu não vi, não quero ver e nem
preciso ver.
Entendem que ele diz isso por que somente os vestígios já
provaram que ali tinha onça por perto?
Normalmente, os que rejeitam esses argumentos são pessoas que
estudam bastante para destruir a verdade de Deus sobre a criação
deliberadamente.
Mas, quando chegamos em Romanos 1.20-23, o apóstolo Paulo trata
de nos falar que mesmo na época dele já havia esses que negavam a
existência do Deus verdadeiro e colocavam outras coisas como sendo
o criador, ou feitor do mundo e dignos de adoração, assim como os
ateus fazem com a ciência.
Todavia, afirmem os homens o que eles quiserem afirmar, a Bíblia diz
que a existência de Deus é provada naturalmente pela criação; sendo
assim, todos os homens, no dia do juízo, serão indesculpáveis perante
Deus.
Mas alguém pergunta: e quanto aqueles que nasceram cegos e não
enxergam as coisas criadas por Deus?
De certo eles não foram esquecidos, pois, Deus deixou outros
resquícios gerais de sua existência no interior do próprio ser humano:
3.1.2. No Interior Do Homem
Em Eclesiastes 3.11 lemos que Deus plantou a eternidade ou o
desejo dela no coração do homem, porém, nós não conseguimos
compreender. Então, quando vemos aquelas pessoas que almejam
viver eternamente e ficam criando planos para resolver isso
(criogenia, busca por outros planetas habitáveis), ou que sentem um
completo vazio em seu ser e tentam preencher com as coisas
pecaminosas da vida, é justamente essa forma de revelação que está
acontecendo. Como eu já ouvi algumas vezes: o ser humano tem um
vazio dentro de si, que só Deus pode preencher. A humanidade de
modo geral possui um desejo religioso dentro de si. João Calvino
chamou isso de Sensus Divinitatis (senso da divindade). E isso foi
plantado dentro de nós.
Deus também plantou em nossos corações a lei moral, o senso de
certo e errado, como está em Romanos 2.15. E isso em nós revela a
existência de Deus, pois, através da consciência o Senhor nos faz
compreender que existe um padrão moral elevado acima da
compreensão humana, padrão esse que vem da Santidade do
Criador. A sua retidão infinita nos é revelada.
Mas como filósofos e cientistas dizem que o homem é um conjunto de
matéria somente? Se somos só isso, por que exatamente seguir
padrões morais? De onde surge essa moralidade que temos como
seres humanos? Se somos como animais criados pelo acaso, por que
nossas leis são extremamente mais elevadas do que as deles?
3.1.3. A Providência de Deus na História
Também é outra forma de revelação da existência de Deus. Por
exemplo, lemos em Neemias 9.10:
"Fizeste sinais e milagres contra Faraó e seus servos e contra todo o
povo da sua terra, porque soubeste que os trataram com soberba; e,
assim, adquiriste renome, como hoje se vê."
Isso significa que através das ações de Deus na história, o Senhor se
tornou conhecido até por povos distantes. No livro de Miqueias 6.5 é
dito que pelo livramento que Deus deu para o povo quando Balaão os
iria amaldiçoar, os atos de justiça dele seriam conhecidos.
Então, através desses fatos históricos a existência de Deus é
demonstrada tanto para o seu povo, quanto para os de fora.
Um ponto importante sobre esse tipo de revelação é: a revelação
natural não pode salvar o homem!
Alguns estudiosos afirmam que o caráter da revelação natural é de
manter os homens debaixo da culpa e demonstrar que eles estão sob
da ira de Deus, mas que ela não é suficiente para a compreensão da
verdade da salvação, de Cristo ou da vontade de Deus. Ela não pode
convencer os incrédulos. Mas, ela pode demonstrar verdades sobre
Deus a todos aqueles que já são salvos.

3.2. Revelação Especial


A revelação especial é justamente o meio correto que conduz o
homem à salvação, ao conhecimento sobre Deus e sobre sua
vontade.
Essa forma de revelação é progressiva, ou seja, ela possui um avanço
constante na história.
A revelação especial não foi dada de uma única vez, nem de uma
única forma, mas enfrentou alterações ao longo da história da
redenção, conforme a vontade de Deus.
Isso está expresso em Hebreus 1.1-2:
"Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas
maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos
falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo
qual também fez o universo."
Neste versículo é possível observar que Deus se utilizou de diversas
formas para trazer a sua revelação intencional aos israelitas e
declarar as suas promessas, sua vontade, suas características etc. e
estás formas são a revelação direta e especial de Deus.
Algumas formas que encontramos no antigo testamento, são:
1. Teofanias: As teofanias são as manifestações visíveis de Deus.
Por exemplo: a Sarça ardente e Moisés; O fogareiro fumegante
que passou entre os animais; a nuvem que entrou no
tabernáculo e depois no templo, quando foram consagrados,
etc.
2. Anjos: Muitas vezes Deus enviou seus anjos para declarar ao
povo os seus desígnios e levar suas mensagens especiais.
3. Sortes e Urim & Tumim: Deus revelou diversas vezes a sua
vontade nas ocasiões em que o povo antigo lançava sorte. E
também prescreveu as pedras Urim e Tumim para que fosse
determinada sua vontade ao povo.
4. Sonhos e Visões: Muitos profetas receberam mensagens de
Deus através de sonhos, como Samuel que ouviu o senhor
assim. Outros recebiam visões, como Ezequiel. E assim o
senhor lhes mostrava seus desígnios.
5. Profetas: Eles não só recebiam as revelações, mas como diz o
versículo que lemos, eles foram meios de Deus revelar a sua
vontade ao seu povo. Dr. RC Sproul observa que os profetas
recebiam informações da parte de Deus e mesmo usando
linguagem humana, suas palavras funcionavam como canal das
revelações divinas.
6. Jesus Cristo: O nosso Senhor foi também um meio de
revelação especial, a sua encarnação e vida nessa terra revelou
o próprio Pai, sendo ele a imagem do Deus invisível, e tendo
toda a plenitude da divindade. Ele revelou tanto por seus
ensinamentos, quanto por seus atos, que foram designados
pelo próprio Pai.
7. Bíblia: Por fim, a forma especial de revelação que mais contém
as informações sobre Deus Pai, Filho e Espírito Santo. A
revelação que nos ensina o único e verdadeiro caminho para a
salvação. A revelação que nos conforma e modela à vontade de
Deus.
A Bíblia é uma expressão de muita misericórdia de Deus para
conosco, pois ele decidiu comunicar em linguagem humana,
acessível e simples, tudo que era necessário para o conhecer
Jesus e nos relacionarmos com ele corretamente. A Bíblia não
só é revelação especial, como também traz os registros de
outras formas de revelação especial e geral. Ela foi escolhida
por Deus para ser o meio mais abrangente de revelação para o
ser humano. E concluindo, essa forma de revelação especial,
diferente da revelação geral, é capaz de levar o homem à
salvação.

4. O Cânon das Escrituras


Desde o princípio Satanás tenta corromper a palavra de Deus para afastar
os homens da verdade. Tão cedo distorceu a ordem que o Senhor dera a
Adão e Eva sobre o fruto proibido (Gn 3), enganando e levando-os a
cometerem tamanha desobediência que resultou na corrupção de todo o
gênero humano.
Em outra ocasião, quando a Palavra de Deus já era escrita e registrada,
novamente Satanás tentou distorcê-la, dessa vez apresentou-se ao Senhor
citando trechos adulterados para ver se repetia o que fez com Adão e Eva,
ou seja, se levava o homem a desobediência mais uma vez. Mas, nosso
Senhor Jesus, o homem perfeito, triunfou sobre ele usando a interpretação
correta e refutando a errada que ele havia citado.

Infelizmente, não somos homens como Jesus por natureza.


Então, ao longo dos séculos o inimigo se utilizou de diversos tipos de
interpretações, pontos de vistas e mau-caratismo mesmo, para tentar
destruir a verdade revelada por Deus em seus escritos.

Por exemplo: um homem conhecido como Marcião de Sinope que viveu


entre 85 e 160d.C é visto como um dos que deu um cutucão na igreja para
que se iniciasse o processo de definição do cânon bíblico.
Isso aconteceu porque Marcião não aceitava que o Deus do antigo
testamento fosse o mesmo Deus dos escritos do novo testamento. Ele via o
Deus do antigo testamento como um deus mau, enquanto Jesus, para ele,
era o Deus bom. Com isso ele repudiou todos os escritos que tinha do antigo
testamento, tomou para si algumas epístolas de Paulo somente e os escritos
de Lucas, as partes que ele aceitava, e criou uma Bíblia para ele.
Claro que a igreja rejeitou isso e ele foi excomungado.

Por esse e outros motivos, a igreja cristã se viu obrigada a indagar quais
eram os livros realmente inspirados por Deus. E diferente do que os
católicos romanos dizem, não foi a autoridade da igreja em seus concílios
que definiu quais livros vinham da parte de Deus ou não. Na verdade, a
igreja buscou encontrar o testemunho interno das Escrituras, a ligação dos
escritos com os homens que falavam da parte de Deus (ex: profetas e
apóstolos) e a aceitação quase que unânime, desses escritos, nas
comunidades evangélicas. Em outras palavras eles deixaram que aquilo que
vinha de Deus demonstrasse por si só a sua autoridade.
Enquanto a ICAR quer, de toda forma, atribuir autoridade à igreja na
definição dos livros canônicos.

Definindo o Antigo Testamento:

Bom, encontrar informações sobre como o cânon do antigo testamento foi


definido é um pouco complicado, pois não existem muitos documentos
extrabíblicos ou históricos da época que nos ajudem a compreender como
se deu esse processo, e os que existem, trazem poucas informações.
Juntamente com a distância temporal considerável, torna-se difícil saber
exatamente sobre essa realização. (Isso falando de, pelo menos, 500 a.C).

Mas o que ajuda, em diversos pontos, os estudiosos são os manuscritos do


mar morto: centenas de textos e fragmentos encontrados,
despretensiosamente, em cavernas em Qumran (fica a 22km de Jerusalém),
por alguns pastores que procuravam os seus animais perdidos, em meados
de 1947. Esses manuscritos trouxeram aos estudiosos detalhes que se
tornaram úteis na identificação do que os judeus consideravam como
inspirados por Deus.
Nessas descobertas todos os livros do antigo testamento foram
encontrados, com exceção do livro de Ester, e também foram achados
alguns escritos do próprio povo, que eles preservavam naqueles locais. Com
isso, pudemos ter um grau maior de confirmação quanto aos livros que
temos no antigo testamento serem inspirados ou não.

A importância que os Essênios davam a esses livros é demonstrada pela


quantidade de cópias que foram encontradas no local. Os papiros contêm
cópias de quase todos os livros do AT, e as datas variam desde 3 a.C. até 1
d.C. Em outras palavras, esses livros eram conhecidos, usados e amados
pelos Essenios.

Uma segunda prova para a canonicidade deles são as citações que esse
povo fazia aos livros inspirados em seus próprios escritos. Por exemplo:
No livro A Guerra dos Filhos da Luz e dos Filhos das Trevas cita
Deuteronômio, Números e Isaías como sendo Palavra de Deus.
O Manual de Disciplina afirma que a Lei de Moisés é inviolável e cita
Êxodo e Isaías.
Já o Documento de Damasco cita os livros do Pentateuco, Isaías, Ezequiel,
Oséias, Amós, Miqueias, Naum, Zacarias e Malaquias.
E também foram encontrados comentários sobre partes de Gênesis,
Habacuque, Oseias, Isaías, Naum, Salmos e Miqueias.

De toda forma, nós que somos cristãos podemos retirar do testemunho de


Cristo no NT quais os livros que devemos aceitar como Palavra de Deus,
porque ele aceitou:

Exemplos:

Em Mateus 19.4-6 Jesus cita Gênesis 1.27 e 2.24.


Mateus 24.38 Jesus faz o relato do tempo de Noé, outra vez citando
Gênesis.
Duas outras vezes em Mateus Jesus usa a história de Jonas como ilustração.
Mateus 22.44 Jesus cita Salmo 110.1
Quando Jesus foi tentando por Satanás citou Deuteronômio 8.3; 6.16; 10.20
Marcos 14.27 ele cita Zacarias 13.7
Jesus purificando o templo cita Isaías 56.7
E por aí vai…

Outra prova de que ele considerava as Escrituras da época dele inspiradas,


está no fato que ele dizia a respeito delas se cumprirem, por exemplo, Mt
26.54; Lc 24.44.

Ele disse em Marcos 12.36 que elas foram escritas sob influência do Espírito
Santo, e, que nem um til da lei falharia (Lc 16.17)

Ao todo, Jesus só não citou 8 livros do antigo testamento, a saber, Rute,


Esdras, Ester, Eclesiastes, Cantares, Lamentações, Obadias e Naum.
Mas esse número diminui para 4 se nos considerarmos que os judeus da
época incluíam Naum e Obadias em um único volume de livro junto com os
outros profetas menores, assim como Esdras e Neemias, e também, Rute
junto de Juízes.
O importante é percebermos que o nosso Senhor chega a citar grande parte
dos livros que hoje temos como inspirados no Antigo Testamento.
Isso sem contar quantos livros os apóstolos citaram.

Mas ainda com todas essas citações de Jesus, não fica tão claro assim quais
livros os judeus aceitavam como inspirados. Vimos que alguns não foram
citados por Jesus, então como fica isso?

Bom, o historiador judeu Flávio Josefo que foi contemporâneo dos apóstolos,
ou seja, da época deles, afirmou em um de seus escritos (Contra Apião 1:8)
que os judeus consideravam sagrados apenas 22 livros – 5 da Lei de Moisés,
13 dos Profetas e 4 de Hinos a Deus…
Esses 22 livros são os nossos 39. A diferença se dá por que os 12 livros dos
profetas menores foram escritos em um único rolo, bem como, 1 e 2 Samuel
ficaram juntos; 1 e 2Reis também, 1 e 2 Crônicas, Esdras com Neemias,
Juízes com Rute e Jeremias com Lamentações. Assim contamos 22 livros
inspirados, pelo testemunho de Josefo.

Mas outros autores nos séculos seguintes também consideravam esses 22


livros como inspirados, as vezes 24 quando separavam Rute e
Lamentações.
Alguns foram: Melitão de Sardes, Orígenes, Tertuliano e Jerónimo.
Enfim, temos os testemunhos de quais os livros do antigo testamento são
inspirados, e mesmo que alguém não queira crer em um dos últimos que
citei, pelo menos creia que Jesus aprovou o cânon quando chamou esses
livros de Lei, Profetas e Salmos como em Lucas 24.44, uma designação
usada para o antigo testamento e que engloba todos em um volume de
inspiração divina.

Apócrifos do Antigo Testamento

Agora que vimos os livros inspirados do Antigo Testamento, e antes de


passar aos do Novo., quero pincelar brevemente a questão dos apócrifos,
livros que a igreja católica afirma serem parte do cânon e nos acusa, os
protestantes, de ter retirado.

Acho que não é novidade para ninguém aqui dizer que a Bíblia católica
possui 73 livros enquanto a nossa possui 66. Em cima disso, muitos
católicos criam acusações terríveis contra a reforma e contra Lutero,
afirmando se tratar de um desrespeito e pecado retirar os 7 livros que eles
possuem a mais na Bíblia.

Mas porque nós não temos esses livros? Será que eles não são realmente
inspirados?

Bom, primeiro é que até a época do concílio de Trento em 1546 em uma


tentativa de ofuscar ou deturpar o avanço da reforma, a igreja católica que
até então não havia se decidido em diversos concílios a respeito do cânon
do antigo testamento, definiu os seguintes livros a mais:
Tobias, Judite, Baruque, Eclesiástico, sabedoria de Salomão e 1 e 2
Macabeus. Como se não fosse o bastante também temos adições feitas ao
livro de Daniel no cap. 3.24-90, inclusão do cap. 13 e 14. O próprio Jerônimo
quando traduziu a vulgata latina colocou em seu prólogo diversas citações
dizendo que esses livros não deveriam ser utilizados como os 22 livros
inspirados, ou seja, ele aceitava que houvesse a leitura desses livros, talvez
a título de conhecimento, mas eles não eram inspirados para retirar
doutrinas deles. Esse foi seu conselho para a igreja católica.

Outros motivos para rejeitarmos os apócrifos são:

1. O livro de Malaquias, por volta de 435a.C encerra como o último


profeta inspirado, fechando o cânon e deixando o povo por 400 anos
sem a voz profética. Foi nesse meio tempo que essas escritas foram
sendo acrescentadas ao cânon, após os livros oficiais do antigo
testamento serem fechados. Tanto é que esses livros foram escritos
em grego, não em hebraico. Então se Paulo fala que os oráculos de
Deus foram confiados aos judeus e não a outros (Rm. 3.2) logo, aquilo
que foi escrito fora do tempo dos profetas deve ser descartado para o
antigo testamento.
2. Em nenhum momento no Novo Testamento os apócrifos adicionados
pela ICAR são citados por Jesus ou seus apóstolos. Judas cita
Ascensão de Moisés e o Livro de Enoque, que são livros
Deuterocanônico (falsa escritura), enquanto Paulo cita filósofos
pagãos, mas em nada isso faz com que o que eles escreveram seja
inspirado; na verdade, o NT cita verdades contidas nesses escritos,
simplesmente porque são verdades! Os escritos em si não são
infalíveis e inspirados, eles possuem erros.
3. O próprio conteúdo dos livros apócrifos é cheio de heresias! Exemplos
retirados do site SolaScriptura:

TOBIAS - (200 a.C.) - É uma história novelística sobre a bondade de


Tobiel (pai de Tobias) e alguns milagres preparados pelo anjo Rafael.
Apresenta:
· justificação pelas obras - 4:7-11; 12:8
· mediação dos Santos - 12:12
· superstições - 6:5, 7-9, 19
· um anjo engana Tobias e o ensina a mentir 5:16 a 19

JUDITE - (150 a.C.) É a História de uma heroína viúva e formosa que


salva sua cidade enganando um general inimigo e decapitando-o.
grande heresia é a própria história onde os fins justificam os meios.

BARUQUE - (100 a.D.) - Apresenta-se como sendo escrito por Baruque,


o cronista do profeta Jeremias, numa exortação aos judeus quando da
destruição de Jerusalém. Porém, é de data muito posterior, quando da
segunda destruição de Jerusalém, no pós-Cristo. Traz entre outras
coisas, a intercessão pelos mortos - 3:4.

ECLESIÁSTICO - (180 a.C.) - É muito semelhante ao livro de Provérbios,


não fosse as tantas heresias:
· justificação pelas obras - 3:33,34
· trato cruel aos escravos - 33:26 e 30; 42:1 e 5
· incentiva o ódio aos Samaritanos - 50:27 e 28

SABEDORIA DE SALOMÃO - (40 a.D.) - Livro escrito com finalidade


exclusiva de lutar contra a incredulidade e idolatria do epicurismo
(filosofia grega na era Cristã).
Apresenta:
· o corpo como prisão da alma - 9:15
· doutrina estranha sobre a origem e o destino da alma 8:19 e 20
· salvação pela sabedoria - 9:19

1 MACABEUS - (100 a.C.) - Descreve a história de 3 irmãos da família


"Macabeus", que no chamado período inter bíblico (400 a.C. 3 a.D)
lutam contra inimigos dos judeus visando a preservação do seu povo e
terra.

2 MACABEUS - (100 a.C.) - Não é a continuação do 1 Macabeus, mas


um relato paralelo, cheio de lendas e prodígios de Judas Macabeu.
Apresenta:
· a oração pelos mortos - 12:44 - 46
· culto e missa pelos mortos - 12:43
· o próprio autor não se julga inspirado -15:38-40; 2:25-27
· intercessão pelos Santos - 7:28 e 15:14
ADIÇÕES A DANIEL:
capítulo 13 - A história de Suzana - segundo esta lenda Daniel salva
Suzana num julgamento fictício baseado em falsos testemunhos.
capítulo 14 - Bel e o Dragão - Contém histórias sobre a necessidade
da idolatria.
capítulo 3:24-90 - o cântico dos 3 jovens na fornalha

Definindo o Novo Testamento

Já o novo testamento, não possui tanta discordância assim na definição dos


livros inspirados. Todo o ramo do cristianismo aceita e concorda com os 27
livros que temos.

Isso se dá porque o número de documentos da época dos apóstolos já é um


número considerável para a definição do que eles consideravam como
inspirados por Deus.
Por exemplo: existem documentos de Clemente de Roma, que
provavelmente é o mesmo citado por Paulo em Fp. 4.3 como um de seus
cooperadores. Enquanto, Ignácio e Policarpo de Esmirna aparecem poucos
anos depois, e o mais provável é que eles tenham tido até contato pessoal
com um ou mais apóstolos, dependendo do ano de morte dos que foram
antes de João.

A inspiração também pode ser comprovada pelos que vieram na geração


seguinte, que aprenderam dos homens que andaram com os apóstolos, e
então por isso temos bem delineados os livros apostólicos que foram
incluídos no Novo Testamento.

De toda forma, alguns estudiosos que foram surgindo ao longo dos tempos
questionaram a autoridade e autoria de alguns livros. E por isso eu vou citar
alguns critérios que foram observados para a definição do que era
inspirado:

1. Devia ser antigo e não uma produção séculos depois, mais


próximo de Cristo.
2. Apostólico (conectado primária ou secundariamente com os
homens que foram escolhidos como apóstolos de Jesus) – OBS:
Hebreus era tido como carta Paulina.
3. Católico: usado amplamente em toda a igreja não somente um
favorito
4. Ortodoxo: apoiando pontos de vistas teológicos de Cristo. Pois
se contrariasse Cristo e os apóstolos, seria auto excludente.

Então, todos os livros que temos no novo testamento foram testados e


passaram nesse crivo, e por isso podemos crer que são inspirados por Deus.
Muitos apócrifos surgiram, mas, foram rejeitados completamente pela
igreja, por isso não se faz necessário citar nenhum.

5. Os Atributos da Escritura Sagrada


1. Inspirada: O texto de 2Tm 3.16 é a base para dizermos que toda a
Escritura sagrada foi inspirada por Deus e isso para que cumpra os
seus propósitos na vida do seu povo. Mas a ideia de inspiração não é
correta se pensarmos que se trata de alguém que inspirou algo de
fora para dentro, como em nosso português. Na verdade, a Palavra
original no grego é melhor traduzida como “soprada”, ou seja, toda a
Escritura foi soprada por Deus. E a Bíblia não declara exatamente
como se sucedeu esse processo, mas, existem três linhas de
compreensão diferente que tentam explicar como os autores bíblicos
receberam o conteúdo que iriam escrever:

A. Inspiração Mecânica: “Um Ditado”. Autores passivos. Não é


realidade. Ex: Lucas 1.1-4
B. Inspiração Dinâmica: Acredita que somente as partes doutrinárias
da Bíblia são inspiradas. As partes comuns, históricas, são uma
liberdade que Deus deu aos autores para escreverem. O que é
contrário ao discurso de Paulo 2Tm 3.16 e 2Pedro 1.21.
C. Inspiração Orgânica: Conhecida como inspiração plenária, crê que
o Espírito Santo inspirou os autores a escrever sem retirar as
características pessoais de cada um, ou seja, em conjunto. Então,
embora os escritos contenham a personalidade de cada um dos
escritores e seus estilos, tudo que foi escrito é exatamente aquilo que
Deus queria que fosse.

Então, cremos que toda a Bíblia é Palavra inspirada por Deus.


Ela vem do próprio Deus, e como alguns dizem, se quiséssemos
ouvir a voz de Deus, deveríamos ler a Bíblia em voz alta,
somente.
Toda a inspiração foi dada para preservar os escritos em seu
extremo valor, que é ser um documento que conduz homens e
mulheres ao conhecimento de Deus, de sua vontade e da
salvação.

2. Inerrante: Há quem diga que a Bíblia se contradiz ou produz


ensinamentos que não são válidos para nossa era e que precisa
ser atualizada. Porém, pelo testemunho dela própria e do
Espírito que em nos habita, sabemos que a palavra de Deus é
inerrante. Com inerrância quero ressaltar que as traduções por
mais boas e fieis que sejam, não estão inclusas nisso, ou seja,
somente os originais são inerrante. Existem cópias e
manuscritos com variações, mas que não afetam em nada nas
doutrinas principais.

A inerrância está diretamente relacionada com a autoria e


autoridade e com a inspiração dela. Ela é inerrante porque o
próprio Deus que a formou e inspirou não pode errar! E mesmo
que nós seres limitados não conseguimos compreender
determinadas partes, isso não quer dizer que a Bíblia se
contradiz ou erra, muitas vezes existem pessoas muito mais
capacitadas, que nem mesmo conhecemos, mas que nesses
casos podem resolver as dúvidas de maneira simples e baseada
na própria Bíblia.

3. Infalível: Diferente da inerrância que afirma que a Bíblia não


contém erros, contradições etc. A infalibilidade diz que a Bíblia
não pode falhar quanto às coisas que ela testemunha a
respeito.

Exemplo: o juízo final, a existência de Deus, a volta de Cristo


são partes da revelação infalível.

Isso se dá, principalmente, porque as Escrituras são Palavras de


um Deus que é totalmente verdadeiro. Sendo assim, o que ele
diz a respeito de algo em sua palavra, seja em relação ao
mundo presente ou a acontecimentos futuros, devemos crer
que não pode haver qualquer erro.

Como sugerem os textos abaixo:

Deuteronômio 32:4: "Ele é a Rocha, sua obra é perfeita: porque todos os seus caminhos juízo são: Deus
é verdade, e não há nele injustiça; justo e reto ele é".

João 1:14: "E o verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito
do Pai, cheio de graça e de verdade".

João 1:17: "Porque a lei foi dada por Moisés, mas a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo".

João 3:33: "Aquele que aceitou o seu testemunho, esse confirmou que Deus é verdadeiro".

João 14:6: "Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, a verdade, e a vida: ninguém vem ao Pai, senão por
mim".

João 17:17: "Santifica-os na verdade: tua palavra é a verdade".

Hebreus 6:18: "Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a
firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta".

1João 1:5: "Deus é luz e nele não há treva alguma".

4. Suficiente: Embora haja homens e mulheres iluminados por


Deus para escrever ou falar coisas absurdamente geniais, não
temos a real necessidade de buscar quaisquer informações em
livros, vídeos, falas, ou até “misticismos” dos homens.

Com base nisso, poderíamos até atribuir um subponto


afirmando que a Escritura é imutável, ou seja, ninguém pode
acrescentar ou retirar qualquer parte dela, seja por questões
jurídicas, culturais ou até experiências e revelações novas, pois,
seria adulterar o que o próprio Deus já definiu para o seu povo.

Lembrar de Gálatas 1.8

Eu fico pasmo com igrejas que surgiram há mais ou menos 100


anos e que reivindicam ter tanta autoridade quanto ou até
maior do que as Escrituras. A gente vê por aí instituições que
excluem a Bíblia e se agarram a profecias e revelações místicas
dos líderes. Enquanto outras vão mais a fundo e criam até
novos livros para acrescentar a Bíblia. Como se ela fosse
incompleta.

Devemos até ser criteriosos ao procuramos em outras fontes


extrabíblicas, qualquer tipo de informação ou conhecimento.

Isso não é algo proibido, mas pode se tornar algo perigoso. E


quando nesses casos, sempre devemos manter a Bíblia como a
base da verdade ao acessarmos essas fontes.

Só as Sagradas Escrituras nos fornecessem o conhecimento


necessário para a salvação, instrução na justiça e conhecimento
do nosso Deus.

Alguns também alegam que a Bíblia não é a Palavra de Deus,


mas que ela Contém a Palavra de Deus. E isso não passa de
uma tentativa humana de ser aquele que define o que é de
Deus ou não. Com isso a autoridade da Escritura é retirada e
assim podemos ser a autoridade no lugar dela.

Todavia, a definição ou reconhecimento do que é Palavra de


Deus vem a partir do testemunho interno das Escrituras e o
testemunho do Espírito dentro de nós. E também, lembrando
que a Palavra de Deus é reconhecida pela inspiração do autor
bíblico e não do que foi escrito somente.

5. Eficaz: A Bíblia é eficaz para vencer as ciladas do diabo (Jo 4.1-


11), para a santificação (Jo. 17.17), para exortar, repreender,
instruir e tornar o servo de Deus perfeito para toda boa obra
(2Tm. 3.16), conhecer a Cristo (Jo 5.39), e para a salvação da
alma criando a fé através dela (Rm. 10.17; 2Tm 3.15).
E de maneira prática, ela mostra a sua eficácia no argumento
pessoal e subjetivo, pois, cada um de nós sabe das suas
experiências com a Palavra de Deus.

Não podemos também ignorar o fato de que desde que os seus


primeiros livros foram escritos, homens, mulheres e crianças
morreram de formas variadas e brutais pela mensagem que
esse livro traz. Eu só posso dizer que ninguém morreria por
uma mentira, antes largaria ela de mão e continuaria vivo, mas
muitos morreram afirmando que a Bíblia é a verdadeira palavra
de Deus. Além disso, temos os relatos e testemunhos de
pessoas que foram completamente mudadas, convertidas e
transformadas pela Bíblia, pessoas que antes estavam
afundadas em pecados públicos e explicitamente depravados e
até rejeitados pela sociedade, e pela palavra foram renovados
para uma vida digna e fiel a Cristo.

6. Mitos Que Devem Ser Destruídos

1. Não são todos que conseguem compreender, ou a Bíblia é


difícil demais:

Dizer isso, para mim, é como dizer que Deus não se importa com o seu
povo, seus próprios filhos ou que ele ama mais alguns do que outros. Já
vimos que a Bíblia vem de origem divina, mas ela foi comunicada em
linguagem humana, justamente para que nós possamos compreender a
mensagem e o querer de Deus para nós! Então eu quero tentar refutar essa
ideia com alguns argumentos:

A. A história da Redenção ou o Evangelho é, de tão simples


compreensão que até uma criança pode entender. Até aqueles que
são iletrados e não conseguem ler as Escrituras por motivos de força
maior, podem chegar a Deus quando ouvem a palavra exposta
corretamente, quando ouvem o evangelho e são salvos.

B. A maior parte dos escritos bíblicos está em forma narrativa, então,


qualquer que ler a Bíblia como se estivesse assistindo um filme, lendo
uma novela ou algo assim, vai ter a compreensão correta da Bíblia. E
a forma como foram organizados os livros em nossas bíblias ajuda
para isso.

C. Nós recebemos o Espírito Santo, e ele próprio inspirou os autores a


escreverem a Bíblia. O próprio Jesus disse que ele nos guiaria em
toda verdade. Então, se somos cristãos realmente, temos dentro de
nós, o autor das Escrituras e podemos pedir o a seu auxílio a qualquer
momento! Tiago 1.5 nos ordena a pedir sabedoria se nós não
tivermos. Então se alguém acha que não consegue ler a Bíblia é só
rogar a Deus para que ele o ilumine pelo Espírito para que possa
entender.

D. E da mesma forma que Deus deixou o Espírito para nos guiar na


verdade individualmente, não precisamos tentar ser peritos em tudo.
Digo, o próprio Deus iluminou outros antes de nós e por isso existem
muitos materiais e estudos sobre a Bíblia que nós podemos utilizar
para aprimorar a nossa própria compreensão. Nunca é tarde para se
esforçar pela Palavra de Deus.

Será que é muita dificuldade ou pouca inteligência? Ou será que é


pouca vontade e muita displicência? Muitas pessoas afirmam que não
conseguem ler as Escrituras porque é difícil, mas nem mesmo
tentam, enquanto vão para os cultos esperando que Deus mande
sinais, milagres e maravilhas, e nisso são enganadas. Tudo por não
conhecerem as Escrituras.

2. Não é necessário porque “a letra mata”

Muitos argumentam que não é necessária tanta leitura ou estudo da Bíblia


porque devemos ser guiados pelo Espírito. Isso é uma falácia!

Como já foi demonstrado anteriormente, a Bíblia foi dada por Deus aos
homens, inspirada pelo próprio Espírito Santo, para que nós pudéssemos
aprender a andar da maneira que Deus quer. Ou seja, sem a leitura, estudo
e compreensão da Bíblia, é impossível agradar a Deus irmãos.

Dizer isso é totalmente contrário ao texto de 2Timoteo 3.16.


A própria Bíblia declara que ela foi dada para que o servo de Deus seja
perfeito e aperfeiçoado para toda boa obra. Dizer que Deus não se importa
que você leia diariamente é errado! Porque então ele te deu a Bíblia?
Certamente não foi para que fiquemos chutando entre o que é certo e
errado.

A palavra de Deus é a espada do Espírito, e Ele orienta nossas vidas através


da Palavra.

3. Não preciso porque meu pastor passou pelo JMC

Quando vamos nos alimentar, só uma migalha mata nossa fome?


Os pastores são importantíssimos para formação de um crente, isso se eles
pregarem biblicamente, mas, ainda assim, nenhum de nós vai estar em um
culto ou ao lado do pastor 24 horas por dia.

Então, não podemos ficar esperando somente para se alimentar do culto de


domingo ou alguns na semana. É melhor que estejamos sempre nos
alimentando da Palavra.

Outro ponto importante é que, por mais que o pastor tenha tantas e tantas
formações, ele continua sendo um homem sujeito a falha, por isso não é
correto darmos crédito absoluto as pregações em nossas igrejas locais como
se fossem infalíveis.
Os bereianos analisavam tudo que Paulo lhes pregava a luz das Escrituras e
foram chamados de nobres por isso. Então, muitos de nós dependemos sim
dos pastores ou de quem tem ministério na igreja, e Deus os colocou ali
para isso mesmo, todavia, tudo que nos for dito deve ser analisado a luz da
Bíblia. E como vamos analisar se não lermos e estudarmos ela?

7. O que podemos obter dele?

Na parte teórica:

1- Conhecimento: Através da Palavra de Deus nós passamos a ter


mais conhecimento a respeito de nosso Senhor e de sua vontade para
nossas vidas. E o que pode ser mais maravilhoso que saber que
conhecemos a Deus? E que sabemos o que ele requer de nós? Não só
isso, mas, até a respeito das coisas desse mundo nós passamos a ter
conhecimento. Quando a Palavra coloca em nós os óculos do
evangelho, começamos a entender por que o mundo é como é.
Porque as pessoas fazem o que fazem. E isso é algo que a psicologia
busca descobrir, a filosofia a séculos está estudando essas coisas.
Enquanto, quem enxerga através da Palavra reconhece o porquê
dessas coisas.
2- Apologética: Talvez não pareça tão importante para todos, mas
Pedro nos recomenda a estarmos preparados para responder quanto
a nossa fé (1Pe 3.15); então, você não precisa ler e estudar a bíblia
para sair debatendo com testemunhas de Jeová mas, saiba que
sempre pode surgir alguém de outra religião ou até sem nenhuma
que vai lhe questionar quanto a sua fé.
3- Propagar o evangelho: Para que possamos pregar o evangelho,
evangelizar pessoas, devemos saber o que dizer, não é mesmo? Por
isso é importante lermos e meditarmos nas Escrituras irmãos.

Na parte prática:

1- Piedade: (obediência) que demonstra o amor a Deus (Jo 14.21; 1Jo


2.4-6): A própria função da Bíblia e nos fazer cristãos piedosos, que
amam a Deus e que guardam os seus mandamentos. Então a leitura
dela irá produzir em nós cada dia mais conformidade com Cristo,
através da ação contínua do Espírito em nossa santificação.

2- Esperança, Segurança, Consolo e Graça: E, por último, nos


momentos mais difíceis de nossas vidas, a Palavra tem o poder de
nos dar todas essas graças da parte de Cristo. Não somos de ferro, e
não estamos com ele ainda, então, nesses momentos ao recorrermos
para a palavra do Senhor, ela trata sossego aos nossos corações pela
ação do nosso Deus.
I. Seu Conteúdo

- Propósito:

II. Sua Relevância na História

- Na Vida De Cristãos (transformações, avivamentos)


- Na Visão do Mundo (Censura, Perseguição)

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