Evidencias Manejo de Nausea e Vomito em Pediatr

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Nº 4, Junho de 2018

Documento Científico
Departamento Científico
de Gastroenterologia

Evidências para o
manejo de náusea e vômitos
em pediatria
Departamento Científico de Gastroenterologia
Presidente: Mauro Batista de Morais (relator)
Secretário: Aristides Schier da Cruz
Conselho Científico: Ana Daniela Izotoni de Sadovsky, Katia Galeão Brandt, Marco Antônio Duarte,
Matias Epifanio (relator), Mauro Sergio Toporovski, Silvio da Rocha Carvalho

• Causa de desidratação, desequilíbrio eletrolí-


Introdução
tico, complicações metabólicas e necessidade
de internação.
O vômito é angustiante para a criança e para
O diagnóstico diferencial inclui um grande
os familiares. É um sintoma comum a múltiplas
número de doenças que podem acometer não
afecções pediátricas, tanto de natureza funcio-
somente o aparelho digestório como também
nal como orgânica. Pode ser de evolução aguda
outros órgãos e sistemas.
e crônica. O Pediatra tem um papel fundamental
na identificação de uma criança ou adolescente
que precisa de maior investigação e é responsá-
vel pelas medidas terapêuticas a serem adotadas Definições
na avaliação inicial do paciente com vômitos.

Náusea: é uma sensação desagradável sub-


jetiva, associada ao desejo de vomitar. Fisiologi-
Porque os conhecimentos sobre
camente, é o resultado de perda do tônus gás-
náuseas e vômitos são importantes
trico, contração duodenal e refluxo do conteúdo
em Pediatria?
duodenal para o estômago.

Vômito (êmese): é a expulsão do conteúdo


Porque é uma das queixas mais frequentes gástrico, acompanhado por contração dos mús-
nas consultas pediátricas. As náuseas e vômitos culos abdominais, rebaixamento do diafragma
podem ser: e abertura da cárdia. Pode ser precedido e/ou
• Um sintoma de um processo autolimitado. acompanhado por náuseas, palidez, sudorese e
• Primeira manifestação de um processo grave. sialorréia1.

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Evidências para o manejo de náusea e vômitos em pediatria

Regurgitação: é definida como expulsão in- do alimento que tem início logo após as refei-
voluntária e sem esforço do conteúdo gástrico ções e não ocorre durante o sono3. Não é prece-
através da boca. Não é acompanhada por náuse- dida por náuseas. Para preencher o critério de
as, esforço abdominal ou reflexo emético. Roma IV as manifestações clínicas devem se es-
tender por mais de dois meses. Ocorre em qual-
Refluxo gastroesofágico: é caracterizado
quer idade, no entanto, parece ser mais frequen-
pelo retorno de conteúdo gástrico para o esôfa-
te em adolescentes do sexo feminino. Ocorre
go, atingindo, algumas vezes, a faringe, a boca e
por aumento da pressão intragástrica associada
as vias aéreas superiores. Pode ser ou não eli-
ao relaxamento do esfíncter esofágico inferior.
minado pela boca. O refluxo gastroesofágico é,
A ruminação pode ser desencadeada por evento
em geral, um processo fisiológico normal que
traumático psicossocial e pode se associar com
ocorre várias vezes por dia em todas as pessoas
manifestações psiquiátricas3. Deve ser conside-
saudáveis, independentemente da idade, princi-
rada no diagnóstico diferencial dos vômitos por-
palmente após as refeições. Por sua vez, a doen-
que os pais podem acreditar que a ruminação re-
ça do refluxo gastroesofágico pode ser definida
presente uma modalidade de náuseas e vômitos.
como sintomas, lesões teciduais e manifestações
extra tubo digestório consequente à ocorrência
de refluxo gastroesofágico. Pode ser causa de
regurgitações e vômitos. No lactente a principal Fisiopatologia dos vômitos
causa de regurgitações é a imaturidade funcio-
nal gastrintestinal denominada “refluxo gastroe-
O controle dos vômitos (êmese) ocorre em
sofágico fisiológico transitório” ou “regurgitação
uma área denominada centro do vômito locali-
do lactente”2,3.
zada no troco cerebral1, que recebe estímulos de
Ruminação: regurgitações repetidas segui- diversas partes do organismo. Podem ser desta-
das de nova mastigação/deglutição ou expulsão cadas quatro vias principais (Figura 1).

Figura 1. Centro do vômito com suas relações e receptores21.

Muscarinico Serotonina
Cortex
• Estímulos sensoriais Neurokinin-1 Cannabinoides
• Ansiedade, memória Histamina Dopamina
• Irritação meningea
• Aumento de pressão
intracraneal
• Zona quimioreceptora Drogas, alt. metabólicas

• Complexo vagal dorsal


GI

Centro do
• Serotonina liberada pelas Vestibular
células enterocromafines vômito • Movimento
• Obstrução
• Lesão SNC
• Estasis
• Opioides
• Inflamação
• + nausea
• Toxinas bacterianas

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1) A zona do gatilho quimiorreceptora localiza- ser completos, considerando o grande número


da no bulbo, 4º ventrículo, (zona postrema). A de doenças que podem causar vômitos. No Qua-
zona do gatilho receptora é rica em recepto- dro 1 são apresentadas algumas causas de vômi-
res dopaminérgicos (D2) e receptores de sero- tos. Constata-se que podem ser decorrentes de
tonina (5-hidroxitriptamina, 5-HT3). doenças originadas em vários órgãos e sistemas.
2) O sistema vestibular é importante na cineto-
se. Comunica-se através do nervo vestíbulo Quadro 1. Principais causas de vômitos segundo a faixa
coclear (VIII nervo craniano). É rico em recep- etária22
tores muscarínicos (AchM) e histamínicos (H1).
• Recém-nascido
3) O sistema nervoso central também desempe- Erro alimentar
nha papel importante na geração de vômitos, Doença do refluxo gastroesofágico com ou sem
hérnia de hiato
entretanto, os mecanismos são pouco conhe-
Anomalias obstrutivas: atresia intestinal, estenose,
cidos. Distúrbios psiquiátricos, estresse, odo- membrana gástrica, má rotação, volvo, estenose
res e fatores psicológicos, entre outros, po- hipertrófica do piloro, doença de Hirschsprung,
dem desencadear náuseas e vômitos. íleo meconial, anomalias anorretais
Neurológicas: hematoma subdural, edema
4) Os nervos aferentes vagais e espinhais do cerebral, kernicterus
trato gastrintestinal, que em Pediatria é a via Metabólicas e endocrinológicas: erros inatos
mais frequentemente envolvida com os vômi- do metabolismo, hiperplasia congênita da
suprarrenal, insuficiência RENAL
tos. Os principais receptores envolvidos no
Infecciosas: infecção urinária, meningite e sepse
mecanismo do vômito no trato gastrintestinal
são da neuroquinina, dopamina, colestisto- • Lactente
Alergia alimentar
quinina e serotonina (5-hidroxitriptamina),
Regurgitação do lactente e doença do refluxo
localizados nas terminações vagais aferen- gastroesofágico
tes1,4. As células enterocromafins da mucosa Síndromes obstrutivas: estenose hipertrófica
gástrica e de todo tubo digestório produzem do piloro, invaginação intestinal, hérnia
encarcerada, doença de Hirschsprung
principalmente serotonina, em consequência
Metabólicas e endocrinológicas: erros inatos
de diversos estímulos, que sensibiliza os afe- do metabolismo, hiperplasia congênita da
rentes vagais. A ativação desses receptores suprarrenal, acidose tubular renal
estimula o centro do vômito e a zona do gati- Infecciosas: diarreia aguda, infecção urinária,
meningite, sepse, infecções respiratórias, otite
lho quimiorreceptora, que são ricos em recep-
média, hepatite
tores da serotonina (5-hidroxitriptamina). Neurológicas: tumores e hipertensão intracraniana
Drogas: aspirina, digoxina, teofilina
O conhecimento destas vias e de seus res-
• Pré-escolar e escolar
pectivos receptores é importante para a compre-
Síndromes obstrutivas: estenose esofágica
ensão dos mecanismos de ação dos medicamen- adquirida, invaginação intestinal, hérnia
tos que podem ter ação seletiva no bloqueio de encarcerada, aderências pós-cirurgia
receptores específicos. Doenças gastrointestinais: úlcera péptica,
síndrome da artéria mesentérica superior,
apendicite, pancreatite, doença de Crohn
Infecciosas: diarreia aguda, meningite, infecções
respiratórias, hepatite
Avaliação clínica Síndrome dos vômitos cíclicos

• Todas as idades
Na avaliação clínica da criança e do ado- Respiratórias: tosse e infecções respiratórias
lescente é fundamental que sejam obtidas in- Infecciosas: diarreia aguda, hepatite
formações suficientes para que se estabeleça a Neurologia: meningite, encefalite, tumor
hipótese diagnóstica e se avalie o risco de de- Quimioterapia
Pós-operatório
sidratação. A anamnese e o exame físico devem

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Evidências para o manejo de náusea e vômitos em pediatria

Ao avaliar um paciente com vômitos deve A avaliação do estado nutricional e de hidra-


ser considerada uma ampla variedade de causas tação é de vital importância. Em caso de vômitos
desde uma doença com duração limitada e baixo de evolução crônica, os pacientes devem ser en-
risco de complicações até doenças graves que caminhados para avaliação especializada.
não podem ser negligenciadas.
Dentre as causas de saciedade precoce, recu-
A seguir, são apresentadas determinadas sa alimentar e vômitos, é a gastroparesia que é
características que devem ser consideradas na uma condição clínica frequente em pediatria. É
anamnese. Estas informações podem contribuir a condição de esvaziamento gástrico diminuído
para a determinação da origem e circunstâncias na ausência de obstrução mecânica6. O vômito
do quadro. As perguntas aos cuidadores devem pode ocorrer até muitas horas após a ingestão
ser específicas e de fácil entendimento. Os se- de alimentos e deve ser diferenciado do refluxo
guintes aspectos devem ser considerados: gastroesofágico. Várias condições podem deter-
minar gastroparesia, entre as quais: cirurgia com
• Idade
lesão do nervo vago (por exemplo, fundoplica-
• Fatores de risco
tura); drogas como opiáceos ou anticolinérgicos;
• História médica (dados recentes) distúrbios metabólicos como hipocalemia ou
• Duração (horas ou dias) deste o início da do- acidose; hipotireoidismo; gastroenteropatia eo-
ença. Evolução aguda ou crônica. sinofílica, doenças neuromusculares, como para-
• Número de episódios de diarreia ou vômitos e lisia cerebral, Diabetes mellitus, pseudo-obstru-
o valor aproximado de fluidos perdidos ção intestinal e distrofia muscular. Entretanto, as
• Capacidade para ingestão de líquidos causas mais frequentes são as infecções virais,
principalmente em menores de três anos. Estes
• Eliminação de urina e estado de hidratação
processos, em geral, são autolimitados e podem
• Condição neurológica
se estender por períodos variáveis6.
• Horário de ocorrência dos vômitos e se existe
relação com as refeições. Sempre deve ser lembrado que os distúrbios
gastrintestinais funcionais apresentam elevada
• Caracterização dos vômitos quanto ao volume e
prevalência em crianças e adolescentes1,3, dentre
conteúdo (por exemplo, se tem ou não alimentos)
estes, os quadros de vômitos cíclicos e enxaque-
• Presença de sangue ou bílis nos vômitos.
ca abdominal podem ser causas de vômitos crô-
• Sintomas persistentes ou transitórios? Avaliar nicos, evoluindo em crises. Cerca de metade dos
tempo entre sintomas. pacientes atendidos nas consultas de Gastroen-
• Sintomas associados (febre, perturbações do terologia Pediátrica e aproximadamente 10% das
trato gastrintestinal, dor abdominal) consultas por Pediatras têm como queixa prin-
• Consumo de alimentos nas útimas 24 ou cipal os distúrbios gastrintestinais funcionais.
48 horas e mudanças no hábito alimentar A interação entre o cérebro e o intestino ocorre
• Uso de medicamentos e alergias conhecidas com frequência nos distúrbios gastrintestinais
funcionais. Os critérios de Roma3, atualmente na
• História de doença ou cirurgia prévia.
versão IV, apresentam critérios diagnósticos bem
Embora a gastroenterite viral (diarreia aguda) definidos e delimitados. Estima-se que a preva-
seja a causa mais frequente de episódio agudo de lência populacional da síndrome dos vômitos cí-
vômitos, deve-se considerar outros diagnósticos clicos é de 0,2% a 1,0% da população pediátrica
diferenciais, especialmente quando houver um e é mais comum entre os 2 e 7 anos de idade. De
dos seguintes sinais de alerta: hematêmese, vô- acordo com o critério de Roma IV caracteriza-se
mitos biliosos ou hemorrágicos ou em jato, me- pela ocorrência de pelo menos dois episódios de
ningismo, letargia, hepatoesplenomegalia, fonta- náuseas e vômitos intensos, que duram horas a
nela hipertensa, macro ou microcefalia, dor e/ou dias, no intervalo de seis meses. Os episódios são
distensão abdominal e ou febre persistente5. estereotipados para cada paciente e intercalados

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por períodos nos quais o paciente se mantem em Quadro 2 são apresentados os agentes antiemé-
seu estado de saúde basal. O tratamento objetiva ticos segundo o mecanismo de ação. Os princi-
a realização de medidas profiláticas gerais, rela- pais e mais conhecidos são: os antagonistas da
cionadas ao estilo de vida, e uso de medicações dopamina, os bloqueadores de receptores de se-
(anti-histamínicos ou antidepressivos tricíclicos, rotonina 5-HT3 e os anti-histamínicos (Figura 1).
dependendo da faixa de idade) quando é ele-
vada a frequência e gravidade dos episódios de Quadro 2. Antieméticos22
vômitos7. Nas crises de vômitos cuidados gerais, Dimenidrinato
Antihistamínicos
hidratação e antieméticos (por exemplo, ondan- Meclizina
setrona) são recomendados7. É recomendável a Clorpromazina
Fenotiazínicos
avaliação com o especialista Metopimazina
Anticolinérgicos Escopolamina
Metoclopramida
Antagonistas dopaminérgicos
Tratamento Domperidona
Ondansetrona

Evidentemente que o tratamento específico Antagonistas serotoninérgicos Granissetrona


Dolasetrona
das doenças causadoras das náuseas e vômitos
é o princípio fundamental para o controle des-
tas manifestações gastrintestinais e recuperação O vômito é uma manifestação comum na
diarreia aguda (gastroenterite aguda) em Pedia-
clínica do paciente.
tria. É a principal causa de falha na terapia de
Genericamente, é possível considerar algu- reidratação oral. A terapia de reidratação oral é
mas medidas para minimizar os desconfortos e o tratamento mais indicado para crianças com
complicações das náuseas e vômitos. desidratação leve a moderada devido à diarreia
aguda. Entretanto, se os vômitos persistirem e
Dentro das possíveis medidas não farmaco-
não houver tolerância à terapia de reidratação
lógicas para o manejo dos vômitos podem ser
oral, pode ser necessária a reidratação parente-
citados:
ral para repor as perdas hidroeletrolíticas. Consi-
– Evitar odores
derar que no tratamento da gastroenterite agu-
– Transmitir segurança/tranquilidade da é importante, se possível, utilizar soluções de
– Tratamento da desidratação e alterações ele- reidratação oral com baixa osmolaridade, que
trolíticas têm maior eficácia. Este tipo de solução propor-
– Esvaziamento de fecaloma em pacientes com ciona redução das perdas fecais, diminuição dos
constipação intestinal grave episódios de vômitos e da necessidade de tera-
– Higiene oral pia de reidratação endovenosa. Portanto, deve
ser usada como terapia de primeira linha para o
– Reduzir porções e utilizar alimentos frios
tratamento de crianças com diarreia aguda8.
– Reduzir ou eliminar as sondas e tubos quando
possível. É frequente o emprego rotineiro de antiemé-
ticos em pacientes com gastroenterite aguda9,10.
Adicionalmente deve ser considerada a ne-
O uso de antiemético anti-histamínico do tipo 1
cessidade de medidas farmacológicas. Caso seja
(D1) (dimenidrinato) e dos antagonistas do recep-
apropriado utilizar um antiemético, escolher um
tor de dopamina do tipo 2 (D2) (metoclopramida
medicamento com ação na via ou através do me-
e domperidona) é frequente na prática clínica.
canismo correspondente a suspeita clínica.
No entanto, não existem evidências para o uso
Os antieméticos podem ser agrupados destes medicamentos em crianças com vômitos
de acordo com seu local de ação e tipo(s) de secundários à diarreia aguda10,11. Estes agentes
receptore(s) conforme ilustrado na Figura 1. No dopaminérgicos (metoclopramida, domperidona,

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Evidências para o manejo de náusea e vômitos em pediatria

bromoprida, elevosulpirida, entre outros) agem com gastroenterite aguda (diarreia aguda) que
por meio do bloqueio dos receptores D2 do trato apresentam vômitos associados com desidra-
gastrintestinal e do sistema nervoso central. Os tação leve/moderada ou que não apresentaram
medicamentos antidopaminérgicos são os mais resposta favorável com a terapia de reidratação
frequentemente relacionados ao desenvolvi- oral20. Vale lembrar que no Brasil a ondansetrona
mento de efeitos adversos graves. Destaca-se a é liberada pela ANVISA (Agencia Nacional de Vi-
reação extrapiramidal, que é um dos efeitos ad- gilância Sanitária) após dois anos.
versos com maior frequência e gravidade11. Exis-
Para finalizar, deve ser destacado que a on-
te muito pouca evidência científica que embase o
dansetrona é um potente antagonista, altamente
uso da metoclopramida e dimenidrinato na diar-
seletivo dos receptores de serotonina (5-HT3),
reia aguda (gastroenterite aguda)12.
com ampla margem terapêutica. Funciona blo-
Por outro lado, existem evidências da efi- queando seletivamente a ação da serotonina,
cácia do uso do antagonista serotoninérgico um neurohormônio envolvido na fisiopatologia
(anti-5-hidroxitriptamina) ondansetrona no tra- das náuseas e vômitos. Desta forma, não apre-
tamento e prevenção de vômitos por quimiote- senta efeito sedativo e outros efeitos colaterais
rapia e no pós-operatório. O efeito da ondanse- comuns a outros antieméticos como sonolência,
trona é central. sedação e reação extrapiramidal. A formulação
oral deste fármaco tem eficácia semelhante à
A experiência com a ondasentrona nos servi-
administração intravenosa10.
ços de emergências pediátricas vem aumentan-
do nos últimos anos13. Neste contexto, as últimas Deve ser lembrado que todos os antieméti-
diretrizes da Sociedade Europeia de Gastroen- cos podem apresentar efeitos adversos e o risco
terologia, Hepatologia e Nutrição em Pediatria de efeito colateral aumenta quando são adminis-
(ESPGHAN)14, o Guia Íbero-latinoamericano15 e o trados em pacientes com desidratação e distúr-
Guia Prático de diagnóstico e tratamento da diar- bios eletrolíticos12.
reia aguda da Sociedade Brasileira de Pediatria16
incluem a ondansentrona como um antiemético
efetivo a ser utilizado, quando necessário, na
Conclusões
diarreia aguda (gastroenterite aguda).

Assim, nos serviços de emergência pediátri-


É sumamente importante a avaliação cui-
ca a ondansetrona vem sendo administrada para
dadosa do paciente com vômitos. O diagnóstico
tratamento de vômitos nos pacientes com diar-
diferencial constitui um grande desafio na pra-
reia aguda (gastroenterite aguda) com eficácia e
tica diária. Na maioria das vezes, os vômitos são
segurança14,17. Neste contexto, ensaios clínicos
ocasionados por um quadro autolimitado. Entre-
comparativos comprovam a melhor eficácia da
tanto, pode ser a manifestação inicial de várias
ondansetrona em relação a outros medicamen-
doenças que podem requerer investigação e tra-
tos antieméticos13,18. Em 2016, foi publicada re-
tamento clínico ou cirúrgico de emergência.
visão sistemática com metanálise sobre o uso da
ondansetrona na gastroenterite aguda. Concluiu- Sempre é fundamental obter-se anamnese
-se que, em comparação com o placebo, a admi- cuidadosa e exame físico minucioso para que se
nistração de ondansetrona para o paciente com estabeleça um diagnóstico etiológico preciso.
vômitos por gastroenterite aguda poderia me- Lembrar que as etiologias estão diretamente re-
lhorar a eficácia da terapia de reidratação oral19. lacionadas com a idade e também é importante
Deve ser destacado, também, que a Sociedade diferenciar situações clínicas agudas das crôni-
de Pediatria do Canadá recomenda desde 2011 cas. Os sinais de alerta indicativos de gravidade
a administração de dose única via oral para pa- ou complicações devem ser sempre pesquisados
cientes com idade entre seis meses e doze anos no momento da anamnese e do exame físico.

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Avaliações regulares nas fases iniciais de um O tratamento dos vômitos é guiado pela do-
quadro com vômitos irão garantir que doenças ença de base, podendo-se lançar mão de me-
graves não sejam negligenciadas e se evite o apa- didas paliativas para o desconforto ou medica-
recimento de complicações como a desidratação. mentos para controle sintomático.

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7
Diretoria
Triênio 2016/2018

PRESIDENTE: Adriana Seber (SP) Paulo Cesar Pinho Pinheiro (MG)


Luciana Rodrigues Silva (BA) Paulo Cesar Koch Nogueira (SP) Flávio Diniz Capanema (MG)
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Alberto Jorge Félix Costa (MS) Sidnei Ferreira (RJ)
Cláudio Barsanti (SP) COORDENAÇÃO DE PESQUISA
Analíria Moraes Pimentel (PE) Cláudio Leone (SP)
Corina Maria Nina Viana Batista (AM) Paulo Tadeu Falanghe (SP)
Cláudio Orestes Britto Filho (PB) COORDENAÇÃO DE PESQUISA-ADJUNTA
Adelma Alves de Figueiredo (RR) Gisélia Alves Pontes da Silva (PE)
Mário Roberto Hirschheimer (SP)
COORDENADORES REGIONAIS: João Cândido de Souza Borges (CE) COORDENAÇÃO DE GRADUAÇÃO
Norte: COORDENAÇÃO VIGILASUS Rosana Fiorini Puccini (SP)
Bruno Acatauassu Paes Barreto (PA) Anamaria Cavalcante e Silva (CE) COORDENAÇÃO ADJUNTA DE GRADUAÇÃO
Nordeste: Fábio Elíseo Fernandes Álvares Leite (SP) Rosana Alves (ES)
Anamaria Cavalcante e Silva (CE) Jussara Melo de Cerqueira Maia (RN) Suzy Santana Cavalcante (BA)
Sudeste: Edson Ferreira Liberal (RJ) Angélica Maria Bicudo-Zeferino (SP)
Luciano Amedée Péret Filho (MG) Célia Maria Stolze Silvany ((BA) Silvia Wanick Sarinho (PE)
Sul: Kátia Galeão Brandt (PE) COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO
Darci Vieira Silva Bonetto (PR) Elizete Aparecida Lomazi (SP) Victor Horácio da Costa Junior (PR)
Centro-oeste: Maria Albertina Santiago Rego (MG) Eduardo Jorge da Fonseca Lima (PE)
Regina Maria Santos Marques (GO) Isabel Rey Madeira (RJ) Fátima Maria Lindoso da Silva Lima (GO)
Jocileide Sales Campos (CE) Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP)
ASSESSORES DA PRESIDÊNCIA: COORDENAÇÃO DE SAÚDE SUPLEMENTAR Jefferson Pedro Piva (RS)
Assessoria para Assuntos Parlamentares: Maria Nazareth Ramos Silva (RJ) COORDENAÇÃO DE RESIDÊNCIA E ESTÁGIOS EM PEDIATRIA
Marun David Cury (SP) Corina Maria Nina Viana Batista (AM) Paulo de Jesus Hartmann Nader (RS)
Assessoria de Relações Institucionais: Álvaro Machado Neto (AL) Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP)
Clóvis Francisco Constantino (SP) Joana Angélica Paiva Maciel (CE) Victor Horácio da Costa Junior (PR)
Cecim El Achkar (SC) Clóvis Francisco Constantino (SP)
Assessoria de Políticas Públicas: Maria Helena Simões Freitas e Silva (MA)
Mário Roberto Hirschheimer (SP) Silvio da Rocha Carvalho (RJ)
Rubens Feferbaum (SP) COORDENAÇÃO DO PROGRAMA DE GESTÃO DE CONSULTÓRIO Tânia Denise Resener (RS)
Maria Albertina Santiago Rego (MG) Normeide Pedreira dos Santos (BA) Delia Maria de Moura Lima Herrmann (AL)
Sérgio Tadeu Martins Marba (SP) DIRETORIA DOS DEPARTAMENTOS CIENTÍFICOS E COORDENAÇÃO Helita Regina F. Cardoso de Azevedo (BA)
DE DOCUMENTOS CIENTÍFICOS Jefferson Pedro Piva (RS)
Assessoria de Políticas Públicas – Crianças e Sérgio Luís Amantéa (RS)
Adolescentes com Deficiência: Dirceu Solé (SP)
Gil Simões Batista (RJ)
Alda Elizabeth Boehler Iglesias Azevedo (MT) DIRETORIA-ADJUNTA DOS DEPARTAMENTOS CIENTÍFICOS Susana Maciel Wuillaume (RJ)
Eduardo Jorge Custódio da Silva (RJ) Lícia Maria Oliveira Moreira (BA) Aurimery Gomes Chermont (PA)
Assessoria de Acompanhamento da Licença DIRETORIA DE CURSOS, EVENTOS E PROMOÇÕES COORDENAÇÃO DE DOUTRINA PEDIÁTRICA
Maternidade e Paternidade: Lilian dos Santos Rodrigues Sadeck (SP) Luciana Rodrigues Silva (BA)
João Coriolano Rego Barros (SP) COORDENAÇÃO DE CONGRESSOS E SIMPÓSIOS Hélcio Maranhão (RN)
Alexandre Lopes Miralha (AM) Ricardo Queiroz Gurgel (SE) COORDENAÇÃO DAS LIGAS DOS ESTUDANTES
Ana Luiza Velloso da Paz Matos (BA) Paulo César Guimarães (RJ) Edson Ferreira Liberal (RJ)
Assessoria para Campanhas: Cléa Rodrigues Leone (SP) Luciano Abreu de Miranda Pinto (RJ)
Conceição Aparecida de Mattos Segre (SP) COORDENAÇÃO GERAL DOS PROGRAMAS DE ATUALIZAÇÃO COORDENAÇÃO DE INTERCÂMBIO EM RESIDÊNCIA NACIONAL
GRUPOS DE TRABALHO: Ricardo Queiroz Gurgel (SE) Susana Maciel Wuillaume (RJ)
Drogas e Violência na Adolescência: COORDENAÇÃO DO PROGRAMA DE REANIMAÇÃO NEONATAL: COORDENAÇÃO DE INTERCÂMBIO EM RESIDÊNCIA INTERNACIONAL
Evelyn Eisenstein (RJ) Maria Fernanda Branco de Almeida (SP) Herberto José Chong Neto (PR)
Doenças Raras: Ruth Guinsburg (SP)
DIRETOR DE PATRIMÔNIO
Magda Maria Sales Carneiro Sampaio (SP) COORDENAÇÃO PALS – REANIMAÇÃO PEDIÁTRICA Cláudio Barsanti (SP)
Atividade Física Alexandre Rodrigues Ferreira (MG)
Kátia Laureano dos Santos (PB) COMISSÃO DE SINDICÂNCIA
Coordenadores: Gilberto Pascolat (PR)
Ricardo do Rêgo Barros (RJ) COORDENAÇÃO BLS – SUPORTE BÁSICO DE VIDA Aníbal Augusto Gaudêncio de Melo (PE)
Luciana Rodrigues Silva (BA) Valéria Maria Bezerra Silva (PE) Isabel Rey Madeira (RJ)
Membros: COORDENAÇÃO DO CURSO DE APRIMORAMENTO EM NUTROLOGIA Joaquim João Caetano Menezes (SP)
Helita Regina F. Cardoso de Azevedo (BA) PEDIÁTRICA (CANP) Valmin Ramos da Silva (ES)
Patrícia Guedes de Souza (BA) Virgínia Resende S. Weffort (MG) Paulo Tadeu Falanghe (SP)
Profissionais de Educação Física: PEDIATRIA PARA FAMÍLIAS Tânia Denise Resener (RS)
Teresa Maria Bianchini de Quadros (BA) Victor Horácio da Costa Júnior (PR) João Coriolano Rego Barros (SP)
Alex Pinheiro Gordia (BA) PORTAL SBP Maria Sidneuma de Melo Ventura (CE)
Isabel Guimarães (BA) Flávio Diniz Capanema (MG) Marisa Lopes Miranda (SP)
Jorge Mota (Portugal) COORDENAÇÃO DO CENTRO DE INFORMAÇÃO CIENTÍFICA CONSELHO FISCAL
Mauro Virgílio Gomes de Barros (PE) José Maria Lopes (RJ) Titulares:
Colaborador: Núbia Mendonça (SE)
PROGRAMA DE ATUALIZAÇÃO CONTINUADA À DISTÂNCIA Nélson Grisard (SC)
Dirceu Solé (SP) Altacílio Aparecido Nunes (SP)
Metodologia Científica: Antônio Márcio Junqueira Lisboa (DF)
João Joaquim Freitas do Amaral (CE) Suplentes:
Gisélia Alves Pontes da Silva (PE) DOCUMENTOS CIENTÍFICOS Adelma Alves de Figueiredo (RR)
Cláudio Leone (SP) Luciana Rodrigues Silva (BA) João de Melo Régis Filho (PE)
Pediatria e Humanidade: Dirceu Solé (SP) Darci Vieira da Silva Bonetto (PR)
Álvaro Jorge Madeiro Leite (CE) Emanuel Sávio Cavalcanti Sarinho (PE) ACADEMIA BRASILEIRA DE PEDIATRIA
Luciana Rodrigues Silva (BA) Joel Alves Lamounier (MG) Presidente:
João de Melo Régis Filho (PE) DIRETORIA DE PUBLICAÇÕES Mario Santoro Júnior (SP)
Transplante em Pediatria: Fábio Ancona Lopez (SP) Vice-presidente:
Themis Reverbel da Silveira (RS) EDITORES DA REVISTA SBP CIÊNCIA Luiz Eduardo Vaz Miranda (RJ)
Irene Kazue Miura (SP) Joel Alves Lamounier (MG) Secretário Geral:
Carmen Lúcia Bonnet (PR) Altacílio Aparecido Nunes (SP) Jefferson Pedro Piva (RS)

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