Apologistas e Polemistas

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APOLOGISTAS E POLEMISTAS

http://patristica.net/latina/#t001 – Patrologia Latina – 01 (Tertuliano) -221

http://patristica.net/graeca/ - Patrologia Grega - 01 – 161


APOLOGISTAS E
POLEMISTAS
Os escritos dos apologistas sãos mais filosóficos que propriamente
teológicos.

A vida pura de Jesus e o cumprimento das profecias do AT eram


as provas de que o cristianismo era a mais alta filosofia. Um
aspecto saliente da obra dos Apologistas foi o uso da filosofia
grega, especialmente o platonismo.
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Como a pessoa de Jesus Cristo era a dificuldade central para os pensadores
pagãos, os Apologistas encontraram no conceito do Logos ou Verbo, comum
ao platonismo e cristianismo, um meio conveniente de tornar esse ensino
aceitável à filosofia helenística, tido como o mediador entre o Ser Supremo e
o mundo material.
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Os apologistas levaram ao PÚBLICO EXTERNO a mensagem cristã, defendendo-
a vigorosamente contra mal-entendidos e falsas acusações, esforçando-se em
apresentar a fé cristã de modo compreensível para os pagãos, além de expor
os absurdos dos ritos e mitos pagãos.
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Tais cristãos procuravam convencer os líderes do Estado que os cristãos não
mereciam as perseguições que estavam sofrendo entre o segundo e o
terceiro séculos, usando a forma do diálogo literário pagão e a forma legal
da Apologia.

Buscavam refutar as acusações de: ateísmo, canibalismo, incesto, preguiça e


práticas anti-sociais. Além disso, procuraram demonstrar que o judaísmo, as
religiões pagãs e o culto do estado eram loucos e malévolos.
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 Apologistas Orientais:
 Por volta do ano 140, Aristides, um filósofo cristão de Atenas envia uma
apologia ao Imperador Pio, falando da ética cristã e da superioridade da
maneira cristã de cultuar. Tem como objetivo fortalecer os cristãos diante da
perseguição romana.
 https://archive.org/details/lesapologistesgr00puec
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Justino, o Mártir (100-165) – foi o principal apologista do século II. Filho de pais
pagãos, logo se tornou um filósofo que buscava a verdade incessantemente.
Após sua conversão, abriu uma escola cristã em Roma. No ano 150, escreveu
sua Primeira Apologia ao Imperador Pio e a Segunda apologia ao Senado e
ao povo romano, comparando Cristo com Sócrates. Atribui a perseguição a
erros e obra do demônio.
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Justino procura provar que os cristãos são inocentes e deveria ser suspensa as
perseguições. No Diálogo com Trifão, Justino procura convencer os judeus da
messianidade de Jesus. Alegoriza a Bíblia e, para tanto, dá muita ênfase nas
profecias. Os primeiros capítulos são auto-biográficos. Justino foi o primeiro
pensador cristão que tentou harmonizar fé e razão.
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Atenágoras foi professor em Atenas e se convertera pela leitura da Bíblia. Em
177 escreveu uma obra intitulada Petição em favor dos cristãos. Nesta obra
procura refutar as acusações feitas aos cristãos. Refuta as acusações de
ateísmo, refeições libertinas e incesto.
Apresenta uma das primeiras explicações teológicas da doutrina da Trindade,
todavia sem se aprofundar na questão da encarnação.
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Teófilo de Antioquia - se convertera com a leitura das Escrituras, escreveu em
180 uma obra chamada Apologia a Autólico, um magistrado pagão. Teófilo
procura trazer a ele a fé cristã através de argumentos racionais. Muitos
defendem que Autólico representa o mundo pagão de sua época.

Foi o primeiro pensador a apresentar o conceito de criação ex nihilo, ou seja, a


partir do nada, uma ideia estranha à filosofia grega, que ensinava, de uma
certa forma, a eternidade do universo. Foi também um dos primeiros escritores
cristão a empregar o termo trias (tríade ou trindade).
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Epístola a Diogneto – foi descoberta apenas na era moderna. É uma obra
anônima (talvez escrita por Quadrato), escrita no final do século II
endereçada a um pagão (talvez ao imperador Adriano). É uma das mais
belas e nobres apologias ao cristianismo, refutando tanto as religiões pagãs
como os costumes judaicos.
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Taciano, discípulo de Justino, escreveu uma obra conhecida como Discurso
contra os gregos, falando aos gregos que o cristianismo é superior à religião e a
filosofia grega. Chega a dizer que o cristianismo é mais antigo que a filosofia e a
religião grega, porque Moisés precedia as guerras de Troia. Foi também o
compilador do Diatessaron, a mais antiga harmonia dos Evangelhos. Contudo
foi um Gnóstico.
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Apologistas Ocidentais – esses deram mais ênfase à peculiaridade e à
finalidade do cristianismo do que às semelhanças entre a fé e as religiões
pagãs.
Tertuliano (160-230) – Foi um advogado competente em Roma além de um
excelente professor de retórica, chegando a se converter ao cristianismo
algum tempo depois. Tornou-se montanista em 202.
Escreveu uma obra chamada Apologeticum, endereçado ao governador
romano de sua província. Nega as antigas acusações aos cristãos,
argumentando serem leais cidadãos do império.

Minúcio Félix, por volta do ano 200, escreveu um diálogo chamado Octavius.
Esta foi uma apologia destinada a levar seu amigo Cecílio à fé cristã,
abandonando portanto o paganismo.
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Os Polemistas – empenharam-se em responder ao desafio dos falsos ensinos
dos heréticos.

Os orientais ocuparam-se com uma teologia especulativa e deu mais


atenção aos problemas metafísicos; já os ocidentais preocuparam-se mais
com os desvios administrativos da igreja, empenhando-se por formular uma
sólida resposta prática a problema desta esfera.
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Irineu de Lião, o Anti-gnóstico – (130-200) –
nascido em Esmirna, foi influenciado pela
pregação de Policarpo quando este era bispo
em Esmirna.

Duas obras de Irineu sobreviveram ao longo


dos anos:

Demonstração da pregação apostólica,


também conhecida como Epideixis – um
tratado catequético e apologético descoberto
no século XX e o mais conhecido o Contra as
Heresias (Adversus haereses), composto em
cinco livros, sendo a melhor fonte de
informação sobre os ensinos dos gnósticos.
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1. Procurou demonstrar o caráter absurdo dos
ensinos gnósticos, uma mitologia cheia de
contradições e sem fundamento;

2. Mostrou que a alegação que eles faziam de


ter uma autoridade que remontava a Jesus
e aos apóstolos era falsa;

3. Refutou o gnosticismo com base nas


Escrituras, demonstrando o caráter irracional
da interpretação bíblica gnóstica.

Deu bastante ênfase a encarnação, morte e


ressurreição de Cristo, como também a
unidade da Trindade e a redenção.
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Clemente de Alexandria (155-225) – procurou aproximar a filosofia a fim de
mostrar que o cristianismo era a filosofia superior e definitiva. Escreveu o
Protrepticus (Exortação aos Gentios – um apelo a conversão). É um documento
missionário de cunho apologético escrito por volta do ano 190 para provar a
superioridade do cristianismo como a verdeira filosofia e assim levar os pagãos
a aceitá-lo.
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Outra obra: Strogmata (tapeçarias) – um conjunto de notas sobre a forma do
viver cristão. O conhecimento verdadeiro é a contemplação de Deus.

Escreveu ainda o Paedagogus ou Tutor, um tratado moral de instrução para os


jovens cristãos. Cristo é o modelo para a vida moral.
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Orígenes (185-254) – foi aluno e sucessor de Clemente de Alexandria,
assumindo a escola aos 18 anos. Orígenes quiz ser martirizado com o seu pai
Leônidas, mas a sua mãe escondeu suas roupas para que ficasse em casa.
Foi autor de cerca de 6 mil pergaminhos. Viveu uma vida ascética.

Foi torturado na perseguição de Décio (250-251), morrendo pouco depois de


ser solto, em Tiro.

Orígenes se castrou, sendo esse o motivo de sua excomunhão e


desordenação por seu bispo Demétrius.

Na sua perspectiva exegética procurava buscar um sentido espiritual, por trás


do literal.
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Compôs a Hexapla, onde continha em colunas seis versões do Antigo
Testamento: o texto hebraico, sua transliteração em letras gregas, e as quatro
versões gregas da época, as de Áquila, Símaco, Septuaginta e Teodocião.
Contra Celso, é uma outra obra importante de Orígenes, onde responde a
um platonista chamado Celso, as acusações levantadas por este contra os
cristãos.
De Principiis, é o primeiro grande tratado cristão de teologia sistemática.
Pensou em Cristo como subordinado ao Pai, sustentou a pré-existência da
alma, a restauração final de todos os espíritos, a morte de Cristo como um
resgate pago à Satanás e negou a ressurreição física.
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Orígenes foi o maior advogado da interpretação alegórica:
“Cremos que as Escrituras foram compostas pelo Espírito de Deus e que elas não
têm apenas um significado, que é manifesto, mas também outro que está
oculto, pelo menos para a maioria das pessoas. Pois o que tem sido
demonstrado são as formas de certos sacramentos e imagens das coisas
divinas. A Igreja universal concorda que toda a lei é espiritual. Todo o conteúdo
da lei, entretanto, não é conhecido de todos, mas somente daqueles a quem
ela é dada pela graça do Espírito Santo em uma palavra de sabedoria e
conhecimento” (Tratado sobre os Princípios, 1,8).
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Escola de Antioquia – havia uma presença forte de judeus-cristãos.

Seus fundadores foram os mátires Doroteu e Luciano de Samósata. (séc. III)

O método exegético era o literal e histórico, recorrendo à filologia e semântica.


Serviam-se também da tipologia.

Dois importantes nomes desta escola: João Crisóstomo (boca de ouro) e


Teodoro de Mopsuéstia.
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Escola Cartaginesa – a mente latina estava mais voltada para os problemas de
interesse prático no que diz respeito a organização eclesiástica e da teologia.

Tertuliano de Cartago (160-220/225) – é tido como o pai da teologia latina,


sendo o primeiro a escrever em latim. Não foi ordenado sacerdote, sendo
provavelmente um catequista ou mestre. Por volta do ano 206, abraçou o
Montanismo, abandonando a igreja católica. Sobreviveram cerca de 31 obras
escritas em latim. Obras voltadas para apologética e moralidade cristã.
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Algumas dessas: Apologia, Aos Mártires, Testemunho da alma, Idolatria, O
vestuário das mulheres, Monogamia (contra o segundo casamento), A pureza,
Fuga na perseguição (condenação da fuga ao martírio), Prescrição contra os
hereges, entre outras, mas a sua maior obra foi Contra Marcião.

Sua atitude negativa em relação à filosofia rendeu a famosa frase: “Qual a


relação entre Atenas e Jerusalém ou entre a Academia e a Igreja?”. (Contra a
Filosofia - Bettenson, p.32-34).

O cristão deveria ater-se as Escrituras e ao ensino da igreja e não as


especulações humanas. Ele é considerado o pai das doutrinas da Trindade e
da pessoa de Cristo. Deus tem uma única subastância e três pessoas.
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Cipriano de Cartago – Foi um notável mestre de retórica antes de se converter
ao cristianismo com cerca de 40 anos. Sua dedicação ao celibato, à pobreza e
às Escrituras, assim como suas qualificações pastorais e intelectuais, o
conduziram rapidamente ao presbiterato e ao episcopado (248). Enfrentou as
perseguições de Décio e Valeriano (250-259).
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Cipriano de Cartago – Fugiu para um lugar seguro junto com outros líderes da
igreja, justificando-se posteriormente que o fizera para o bem do rebanho, e
não por covardia. Sua coragem e convicção foram provadas alguns anos mais
tarde, quando ofereceu sua vida como mártir, ao ser decapitado no ano 258.
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Seus escritos: A maior parte tem caráter prático.
Escreveu durante uma praga em 250 escreveu a Demetriano,
respondendo a um pagão que havia culpado os cristãos pela
epidemia.
Sobre a mortalidade e Sobre as obras e esmolas, outras obras
importantes, além dos tratados Sobre a unidade da Igreja e Sobre os
caídos.
Pessionados pelas autoridades a renegarem a fé sob ameaça de prisão
ou morte, muitos cristãos ofereceram sacrifícios ou compraram
certificados fraudulentos (liibellatici). Por isso, convocou um sínodo dos
bispos para decidirem como tratariam estes.
http://www.catholic.com/encyclopedia/libelli-and-libellatici
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Cipriano concluiu com duas famosas expressões a discussão sobre os apóstatas:
“Fora da Igreja não há salvação” e “Ninguém pode ter a Deus como Pai se não
tem a Igreja como mãe”. Assim, em sua opinião, os hereges e cismáticos não
são a Igreja. Exaltou ainda a primazia de Pedro e a importância da Igreja de
Roma.

Foi um dos primeiros a afirmar a renegeração pelo batismo, ao remover o


pecado original através do batismo. O batismo é válido quando ministrado por
pessoas compromissadas com a Igreja.
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Lactâncio (240-320) – Seu nome romano era Lucius Caecilius Firmianus
Lactantius. Foi nomeado pelo imperador Diocleciano professor de oratória
latina em Nicomédia, cargo que teve que abandonar ao começarem as
perseguições contra os cristãos em 303.
Escreveu obras apologéticas direcionadas a pagãos cultos e cristãos.
São elas: As Institutas cristãs – argumentou contra a filosofia pagã e apresentou
um relato sistemático da atitude cristã em relação à vida.
A morte dos perseguidores – um relato valioso sobre a última perseguição. É
considerado como o melhor estilista latino da igreja antiga, sendo conhecido
como o “Cícero cristão”, mas não se destacou como teólogo.
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Em Roma dois nomes se
destacaram: Hipólito e Novaciano.

Enquanto a teologia alexandria


recebeu influência platônica, a
ocidental, foi influenciada pelo
estoicismo, tendo um caráter
prático, com tendências legalistas.

Hipólito – grego que morava em


Roma, devido a questões pessoais e
divergências teológicas, entrou em
atrito com vários bispos,
provocando um cisma na igreja
romana no século III com Zeferino,
sucessor de Calixto (217).
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Muitas obras se perderam, restando uma
conhecida como Tradição apostólica (trata de
práticas litúrgicas em Roma), e várias obras
teológicas e anti-heréticas, como a
Philosophumena ou A Refutação de todas as
heresias. As marcas de sua teologia são: o
rigorismo moral e a doutrina da Trindade.
http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/pais_da_
igreja/index.html
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Novaciano – também provocou um cisma na
igreja ao adotar uma atitude rigorosa quanto
à restauração dos caídos que negaram a fé
na perseguição de Décio (250-251), em
contraste com a atitude tolerante do bispo
Cornélio.

Foi o primeiro teólogo romano a escrever em


latim. Provavelmente morreu durante a
perseguição de Valeriano em 257.

Sua obra importante foi: Sobre a Trindade –


embora cresse na divindade do Pai, Filho e
Espírito Santo, considerou subordinação entre
eles. Defendeu ainda as duas naturezas de
Cristo.

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