CORRECAO Outubro

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 3

Correção Ficha de Avaliação – 12º ano outubro/24

GRUPO I
Parte A

1. As expressões “Canta a luz” (v.5), “alvorada” (v.5), “estrela santa” (v.5),


“enlevo das cousas” (v.7), “alegria” (v.7), e “amor” (v.8), de carga
positiva, exprimem aquilo que o sujeito poético deseja. Estas expressões
entram em contraste com “vento húmido e frio” (v.9), “calafrio” (v.10),
“noite (…) negra e muda” (v.11), “dor” (v.11), de carga negativa,
exprimindo a realidade que o sujeito poético vive. O uso do verbo
acordar no gerúndio, que constitui o título do poema, sugere a difícil e
dolorosa passagem da felicidade, que é da dimensão do sonho, ao
sofrimento, passagem essa que o sujeito poético tenta adiar mas que é
inevitável.
Deste modo, podemos constatar que o poema assenta na oposição
entre o ideal, o sonho, conotado com a perfeição, e o real, conotado com
o pessimismo, o desencanto.

2. No excerto “Como sobe cantando a cotovia,/ Para o céu a minh'alma sobe


e canta.” (vv.3-4) é feita uma comparação, que expressa o desejo de o
sujeito poético alcançar o bem absoluto através do sonho.
O sujeito poético dirige-se ao “anjo adorado” (v.13), estando presente a
apóstrofe, a fim de o lembrar de que os seus “cantos” (v.13) não passam
da dimensão do sonho.

3. No excerto “a dor/ Cá vela, como d'antes, ao meu lado...” (vv.11-12), o


sujeito poético constata que, apesar da sua evasão para a dimensão do
sonho, a dura realidade acaba sempre por se impor, trazendo
sofrimento. O uso do advérbio “Cá” transmite a ideia de que esse
sofrimento acompanha sempre o sujeito poético, de forma muito
próxima, no momento presente.

4. Por um lado, temos presente, neste poema, o tema das configurações


do real, já que o sujeito poético procura o ideal (a “alegria” v.7, o “amor”
v.8), exprimindo positivismo (Para o céu a minh'alma sobe e canta./
Canta a luz, a alvorada, a estrela santa, vv.4-5). No entanto, essa evasão
para o sonho, que acalma o seu sofrimento (“Em sonho, às vezes, se o
sonhar quebranta/ Este meu vão sofrer; esta agonia,” vv.1-2), é
momentânea, pois logo vem a constatação de que a realidade é
imperfeita e não há lugar para a felicidade plena (“A noite é negra e
muda: a dor/Cá vela, como d'antes, ao meu lado...” vv.11-12), ideia que
remete para o tema da angústia existencial.
Parte B

5. O poema apresenta uma estrutura narrativa, pois temos um sujeito


poético que descreve o que vê, como se de um narrador se tratasse. As
ações que descreve ocorrem num espaço citadino (“Não se ouvem aves;
nem o choro duma nora!”, v.11), numa “manhã bonita” (v.8) de “dezembro” (v.29).
Este “narrador” vai deambulando pela cidade (“Espanta-me”, v.28),
transmitindo as ações das várias personagens com quem se cruza, “os
calceteiros” (v.3), “as peixeiras” (v.7), “os cavadores” (v.23) e “a atrizita” (v.28).

6. O sujeito poético manifesta pelas figuras do povo, “os calceteiros” (v.3), “as
peixeiras” (v.7) e “os cavadores” (v.23), uma extrema admiração e empatia,
pois exercem profissões duras, fisicamente desgastantes (“Em pé e perna,
dando aos rins que a marcha agita,/Disseminadas, gritam as peixeiras”, vv.6-7;
“Homens de carga! Assim as bestas vão curvadas!/ Que vida tão custosa! Que diabo!”,
vv.21-22; “E cospem nas calosas mão gretadas”, v.24). Relativamente à “atrizita”
(v.28), o sujeito poético revela espanto pela sua presença inesperada
naquele ambiente suburbano (“Espanta-me a atrizita que hoje pinto”, v.28) e,
através do uso do diminutivo depreciativo, algum desprezo por aquela
personagem “Furtiva” (v.27), que quer passar despercebida e se
considera diferente dos outros, pertencente a uma classe social
superior.

7. Na expressão “o queixo hostil” (v.26) está presente uma hipálage, que


expressa a atitude de hostilidade, má vontade, da atriz face aos outros
elementos, os trabalhadores braçais, pois considera que está
socialmente acima deles e que não pertence àquele espaço.

Parte C

Exemplo de texto expositivo

No poema “O Sentimento dum Ocidental”, de Cesário Verde, é-nos


apresentada uma descrição de Lisboa, através dos olhos de um sujeito poético
que deambula pelo espaço desde o anoitecer até alta noite. A par da descrição
objetiva de lugares e pessoas, é feita uma poetização da realidade.
Na sua errância pela cidade, o sujeito poético descreve um ambiente doentio,
melancólico, que oprime, devido às ruas estreitas, ladeadas de prédios altos,
provocando uma sensação de aprisionamento e de claustrofobia, e ao cheiro
asfixiante dos candeeiros a gás da iluminação pública.
No seu périplo, o sujeito poético cruza-se com diversos grupos sociais, desde
os mais simples que executam trabalhos fisicamente exigentes, de sol a sol,
mas honestos e úteis à sociedade, e que vivem miseravelmente, merecendo a
empatia do sujeito poético, como os padeiros e as varinas, até às
“burguesinhas”, ociosas, que fazem compras, e pelas quais o sujeito poético
manifesta desprezo, criticando o seu modo de vida fútil e estéril.
Perante uma realidade que considera injusta e deprimente, o sujeito poético
expressa o desejo de fuga no espaço, para outras metrópoles mais evoluídas,
invejando aqueles que viajam de comboio para fora da cidade, e no tempo,
para uma época heroica, dos Descobrimentos, representada na figura de
Camões, ou para o futuro, pondo a esperança numa nova geração.
O poeta apresenta, assim, uma perceção subjetiva da realidade objetiva
através da imaginação e do sonho, transfigurando um presente que não o
satisfaz. (239 palavras)

GRUPO II

V1 V2

1. B C
2. D A
3. D B
4. C D
5. A C
6. B D
7. B A

V1
8. a) Oração subordinada adverbial temporal
b) Oração subordinada adjetiva relativa explicativa

9. a) Complemento do nome
b) Complemento oblíquo

V2
8. a) Oração subordinada substantiva relativa (sem antecedente)
b) Oração subordinada adverbial concessiva

9. a) Sujeito (composto)
b) Modificador restritivo do nome

Você também pode gostar