Gravidez Na Adolescência Previnir É Melhor Que Remediar

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Luiza Maria Miranda Martins

GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA :
PREVENIR É MELHOR QUE REMEDIAR
São Paulo
2019
© Luiza Maria Miranda Martins, 2019

É proibida a reprodução total ou parcial da obra, de qualquer forma ou por qualquer meio sem a
autorização prévia e por escrito do autor. A violação dos Direitos Autorais (Lei n.º 9610/98) é
crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal

CAPA

NÚCLEO NELPA

DIAGRAMAÇÃO
NÚCLEO NELPA

REVISÃO GRAMATICAL
Luiza Maria Miranda Martins

Martins, Luiza Maria Miranda.


GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA : PREVENIR É MELHOR QUE REMEDIAR: Programa itinerante de
prevenção a gravidez adolescente nas escolas./Luiza Maria Miranda Martins – São Paulo:
Editora Nelpa, 2019.
106 p.
ISBN: 978-85-8020-671-5

1. Adolescência. 2. Sexualidade 3. Gravidez. 4. Prevenção. I. Título. CDD: 305.23


Copyright © 2019, Nelpa – L. Dower Edições Jurídicas Ltda.
Rua Dr. Barros Cruz, 63 – V. Mariana
04118-130 – São Paulo/SP
Telefax: (11) 3854-5493
www.nelpa.com.br – [email protected]
Dedicatória
Dedico esta pesquisa às adolescentes que precocemente se tornaram
mães, substituindo suas brincadeiras de crianças por trocas de fraldas. De
algum modo esta pesquisa desperte a indispensabilidade de políticas
públicas mais aderentes e conscientize gestores quanto a necessidade de
investimentos em programas de prevenção a gravidez precoce e ao apoio aos
seus recém-nascidos.
Agradecimentos
Inicialmente agradeço a Deus
Minha fonte de inspiração e fortaleza diante dos desa os da vida.

Aos meus pais


Sarah Fernandes Miranda e Wellington de Miranda (In memorian)
Que me deram a vida e me mostraram que o futuro a Deus pertence,
mas que precisamos fazer a nossa parte. Me deram o que tinham de mais
bonito, o amor, afetividade e a base para a construção da minha
personalidade.

Meus irmãos
Katia Fernandes Miranda, José Geraldo Fernandes e Renata Fernandes
Miranda Hilário – Obrigada pela torcida!

Ao meu marido
Marcelo dos Santos Martins
Um grande companheiro que a vida me deu, um incentivador do meu
sucesso. Sem ele não teria conquistado tantas vitórias!

Às minhas lhas amadas


Gabriella Miranda Martins e Fernanda Miranda Martins Voll;
A minha maior e pura tradução de amor, com quem posso contar
incondicionalmente.

Aos meus genros


Gorki Luiz Lins de Vasconcelos e Gustavo Leiboviche Voll
Por con arem na minha determinação e pelos incentivos oferecidos.

Aos meus netos


Maria Luiza Martins Voll, Helena Martins Voll e Henrique Martins Lins
de Vasconcelos.
Obrigada por despertar o meu melhor e me transformar em vovó Iza.
Espero ser para vocês um exemplo de determinação e inspiração.
!
Quando os adolescentes recebem o apoio e o incentivo dos adultos, eles
se desenvolvem de maneiras inimagináveis, tornando-se membros plenos de
suas famílias e comunidades e dispostos a contribuir. Cheios de energia,
curiosidade e um espírito que não se extingue facilmente, os jovens têm a
capacidade de mudar modelos negativos de comportamento social e quebrar
o ciclo de violência e discriminação que é transmitido de geração em
geração. Com a sua criatividade, energia e entusiasmo, os jovens podem
mudar o mundo de uma forma impressionante, tornando-o um lugar
melhor, não só para si mas também para todos.
(UNICEF)
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 1 - ADOLESCÊNCIA E GRAVIDEZ PRECOCE: DIALOGANDO SOBRE
PREVENÇÃO E OUTROS CUIDADOS
1.1 A adolescência, sua complexa e fascinante caminhada
1.2 A gravidez: dos aspectos siológicos e das consequências quando não planejada
1.3 A gravidez na adolescência e sua repercussão biopsicossocial
1.4 Os riscos biológicos da gravidez precoce
1.5 Gravidez na adolescência e prevenção
CAPÍTULO 2 - APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
APÊNDICE 1 - PROJETO DE INTERVENÇÃO: - PREVENIR É MELHOR QUE REMEDIAR: -
PREVENÇÃO DA GESTAÇÃO PRECOCE NO AMBIENTE ESCOLAR
Introdução
Justi cativa
Objetivos
Especí cos
Público alvo
Metodologia
Proposta de intervenção
Detalhamento dos módulos de ensino
Módulo I – Apresentação do projeto
Módulo II – “Sei ou não sei, eis a questão”
Aplicabilidade Metodológica
Módulo III – Conhecendo os meus direitos
Aplicabilidade Metodológica: Dramatizaçã o
Módulo IV – Mito x Realidade
Aplicabilidade Metodologia: Vídeo
Módulo V – “Não se coloque em risco”
Aplicabilidade Metodologia
Módulo VI – “Quem não conhece, não se previne/
Aplicabilidade Metodológicas
Módulo VII – “Mamãe eu quero...”
Aplicabilidade Metodologia: Vídeo
Resultados esperados
Referências
APÊNDICE 2 - QUESTIONÁRIO APLICADO ÀS ADOLESCENTES
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
O tempo maravilhoso da pesquisa é sempre aquele em que
o historiador mal começa a imaginar a visão de conjunto,
enquanto a bruma que encobre os horizontes longínquos
ainda não se dissipou totalmente, enquanto ele ainda
não tomou muita distância do detalhe dos documentos
brutos, e estes ainda conservam todo o seu frescor.
Seu maior mérito talvez seja menos defender
uma tese do que comunicar aos leitores
a alegria de sua descoberta, torná-los
sensíveis como ele próprio o foi às cores
aos odores das coisas desconhecidas.
(Dora Flasksman)
Todo esse sentimento expressado na re exão acima se faz presente neste
estudo que tem como tema a adolescência, a última etapa do
desenvolvimento humano, período em que a evolução é mais sensível e em
que as transformações corporais e psíquicas que a caracterizam
surpreendem o observador e essa fase da vida humana tem sido amplamente
estudada por pro ssionais de diversas áreas e mais recentemente por
Antropólogos, Sociólogos e pro ssionais do Serviço Social.
Na adolescência, as manifestações sexuais encontram-se mais evidentes,
com a atração sexual revelando-se de maneira forte e marcante, e o que vem
se observando é que nos últimos tempos muitos adolescentes estão tendo
iniciação sexual cedo demais. Essa situação preocupa, porque grande
maioria de jovens, sem saber lidar direito com esse novo fenômeno, acaba se
deparando com uma realidade para qual também não se encontra
preparada: a gravidez.
De acordo com o relatório da Organização Pan-Americana da
Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), de fevereiro de 2018, o
Brasil tem cerca de 68,4 bebês nascidos de mães adolescentes a cada mil
meninas de 15 a 19 anos, número este que coloca o país acima da média
latino-americana, estimada em 65,5 bebês e do mundo cuja média é de 46
nascimento a cada mil meninas (Nações Unidas Brasil, 2018).
A taxa de natalidade de adolescente no país é considerada alta em
virtude das características do contexto de desenvolvimento brasileiro, sendo
observado um viés de renda, raça/cor e escolaridade signi cativo na
prevalência desse tipo de gravidez. Explicando de outro modo, adolescentes
pobres, negra ou indígena e com menor escolaridade tendem a engravidar
mais que outras adolescentes (Fundo de População das Nações Unidas,
2016).
A região Norte, a maior e menos conhecida região brasileira é
possuidora de um per l desa ador, seja no que oculta ou no que revela
sobre a situação de suas crianças e adolescentes. Como frisa Niimi (2004),
em nenhuma região do Brasil crianças e adolescentes têm tanta importância
demográ ca, pois de cada dez residências da região, sete abriga uma criança
e/ou adolescente.
Nesta região a gravidez na adolescência vem apresentando proporções
signi cativas nos últimos anos. “A questão da gravidez precoce também é
alvo de preocupaçã o na Região Amazô nica”, salienta Ruzany (2010, p. 41),
acrescentando ainda que enquanto na Região Sul do Brasil, as taxas de parto
em adolescente estão em franco declínio, no Norte este decréscimo é mais
modesto, fato que reforça a ideia de que a cultura local ainda é de
multiparidade.
Na cidade de Manaus, a gravidez precoce tem se mostrado crescente e
preocupante. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (Susam) o número de
crianças e adolescentes com idade entre 10 e 19 anos que deram à luz em
sete das oito maternidades públicas de Manaus aumentou 7,22% no período
de 2010 a 2011. Somente em 2010, um total de 8.600 mil jovens com idade
entre 10 e 19 anos tiveram lhos na capital contra 9.221, em 2011 (Mesquita,
2012).
É uma situação sem dúvida preocupante porque a gravidez precoce gera
transtornos signi cativos na vida da menina, como projetos de vida
alterados, abandono escolar, perpetuando o ciclo de pobreza, desigualdade e
exclusão. Nas observações de Oliveira (1998, p. 3), a gravidez na
adolescência reveste-se de uma intricada rede de fatores que levam a um
grau elevado de risco para a gestante e para a criança, especialmente as de
classes populares. “As conseqüências perversas de uma gravidez na
adolescência se fazem sentir tanto na morbidade/mortalidade de mãe e bebê
quanto nos impactos econômico, educacional-escolar e social”, salienta a
autora.
Sob este enfoque, a presente tese tem como ponto de partida o Projeto de
Intervenção “Prevenir é melhor que remediar: prevenção da gestação
precoce no ambiente escolar”, que visou avaliar e elevar o conhecimento
sobre a sexualidade, as consequências e os riscos de uma gravidez precoce.
Este, por sua vez, foi resultado da dissertação de Mestrado da pesquisadora,
intitulada “Per l da adolescente e do RN nascidos em uma maternidade de
referência de alto risco do estado do Amazonas, no período de 2014 a 2016 ”,
na qual se buscou investigar o per l epidemiológico de crianças nascida de
mães adolescentes com idade entre 10 e 19 anos na Maternidade Balbina
Mestrinho na cidade de Manaus, no período de 2014 e 2018. A pesquisa foi
realizada por meio de uma amostra de (256) prontuários disponibilizados
pela direção da maternidade, que serviram como meios para se obter
informações necessárias a respeito das questões levantadas.
O interesse em pôr em prática o projeto de intervenção tendo como
meta a prevenção, surgiu por conta dos resultados revelados na dissertação,
que mostrou que a maioria das adolescentes parturientes na maternidade
eram provenientes de famílias pobres, muitas se sequer tinham concluído o
ensino fundamental, eram profundamente carentes de informações e
conhecimentos sobre os riscos e as consequências de uma gravidez precoce
e a respeito das formas de prevenção, e provenientes de famílias que
contavam com uma renda familiar de no máximo dois salários mínimos.
Outro dado importante observado foi o enorme percentual (66%) de
adolescentes que apresentaram infecção urinária durante a gravidez, destas
34% não tinham feito o pré-natal ou o fez de forma incompleta. As
consequências disso foi agravos apresentados pelos recém-nascidos como
baixo peso e signi cativo número de bebês internados na Unidade de
Terapia Intensiva Neonatal (Utin) da maternidade.
Diante dessa realidade surge a ideia do projeto de intervenção, tendo
como intencionalidade levar para o ambiente escolar informações capazes
de sensibilizar as alunas a respeito dos cuidados com a saúde, do sexo seguro
e dos riscos que uma gravidez precoce acarreta, prestando todos os
esclarecimentos quanto às formas de prevenção. A partir dele, veio o desejo
de levar para a tese de doutorado, a temática trabalhada, que possibilitou
uma vivência enriquecedora, pois muito mais que levar informações
propiciou maior conhecimento sobre a meninas e os meninos adolescentes,
suas alegrias, suas dúvidas, curiosidades e desejo intenso de aprender.
São estas questões, portanto, que deram origem a esta tese que tem como
questão de pesquisa a seguinte indagação: Quais os conhecimentos dos
adolescentes de uma escola pública na cidade de Manaus, sobre as questões
envolvendo a sexualidade e como se posicionam com relação à gravidez
precoce?
Como resposta a esta indagação, pressupostos indicam que a maioria dos
adolescentes, embora tenham maior liberdade para falar de sexo com os pais
e vivam cercados de informações sobre o assunto, possuem conhecimento
precário sobre o começo da sexualidade e acerca dos meios adequados para
praticá-lo, porque geralmente as informações recebidas são super ciais,
discutidas entre amigos, situação que acaba levando os adolescentes a
prática de sexo não seguro e a uma gravidez precoce.
Assim, melhorar a informação sobre o início da sexualidade e promover
a sensibilização sobre a gravidez precoce, visando sua redução, requer
implementação de ações de atividades educacionais, seja no nível individual,
familiar e comunitário, promoção de programas de prevenção
fundamentados em evidências, com envolvimento de vários setores, ou seja,
gerar um ambiente favorável para se elevar a consciência de que a gravidez
na adolescência precisa e pode ser evitada, para que não comprometa o
futuro da jovem e o seu desenvolvimento humano.
Procurando validar tais pressupostos, o presente estudo teve como
objetivo geral avaliar os conhecimentos de adolescentes de uma escola
pública na cidade de Manaus, sobre as questões envolvendo a sexualidade,
observando seus posicionamentos acerca da gravidez precoce. Para o
alcance desse propósito estabeleceu-se como metas mais especí cas:
-Destacar o posicionamento dos adolescentes sobre a sexualidade e sua
discussão na escola, sondando seus conhecimentos sobre Doenças
Sexualmente Transmissíveis (DST) e uso de contraceptivo/preservativos.
- Estabelecer a visão dos adolescentes a respeito da gravidez precoce e
acerca do que eles esperam da reação familiar;
- Precisar os ganhos obtidos com a implementação do Projeto
Intervenção.
Trata-se de uma pesquisa descritiva, de revisão sistemática da literatura,
de campo com característica transversal de prevalência, de abordagem
quantitativa, realizada junto a um grupo de adolescente do ensino médio, de
uma escola pública na cidade de Manaus, cujos dados foram colhidos por
meio de um questionário de perguntas fechadas.
Os capítulos que tornaram claras estas e outras ideias que se submeteu à
análise estão construídos da seguinte maneira. O Capítulo 1, que contempla
o marco teórico do estudo, traz uma análise sobre a adolescência,
contextualizando-a historicamente, traçando um paralelo entre o tratamento
dado ao adolescente nas sociedades humanas de outros tempos e o
tratamento sob o signo da modernidade, a partir do século XX, que
imprimiu a esta fase da vida novo formato: a adolescência como uma fase
possuidora de características peculiares e únicas.
Na sequência, aborda-se a adolescência e a sua relação com a
sexualidade, discutindo a gravidez como possível consequência da falta de
informação e de educação sexual, focalizando a seguir os programas de
assistência de prevenção e de educação sexual para adolescentes,
principalmente para aquelas que estão na camada social menos privilegiada,
mostrando alguns projetos que são voltados para garantir informação à
adolescente, de modo que se previna tanto a gravidez precoce quanto
doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).
No Capítulo 2 expõe-se informações sobre percurso metodológico
utilizado. Destaca as várias abordagens utilizadas como pesquisa descritiva e
pesquisa transversal de prevalência, com especi cações quantitativas,
apontando a população/amostra e o instrumento utilizado na coleta dos
dados.
O Capítulo 3 apresenta os resultados, relatando-se todas as discussões
dos pontos críticos pertinentes aos objetivos da pesquisa, com análise e
interpretação dos dados levantados. Por último, a conclusão, uma síntese
dos achados da pesquisa, indicando os aspectos mais relevantes dos
resultados obtidos e algumas recomendações.
CAPÍTULO 1
ADOLESCÊNCIA E GRAVIDEZ PRECOCE:
DIALOGANDO SOBRE PREVENÇÃO E OUTROS
CUIDADOS
Nos dias de hoje, apesar de ser um tema extremamente debatido pelos
pro ssionais de saúde, a gravidez na adolescência ainda é vista com estigma
pela sociedade. As adolescentes estão iniciando sua vida sexual cada vez
mais cedo e com poucas informações sobre os métodos contraceptivos,
tornando-as mais predisponentes a uma gravidez precoce. E a falta de
informação e acesso restrito a uma educação sexual integral, e a serviços de
saúde sexual e reprodutiva adequados, têm uma relação direta com a
gravidez adolescente. Muitas dessas gestações não são uma escolha
deliberada e, segundo Esteban Caballero, diretor regional do UNFPA para
América Latina e Caribe, “Reduzir a gravidez adolescente implica assegurar
o acesso a métodos anticoncepcionais efetivos” (ONUBR, 2018).
Esta primeira parte do estudo, que contempla a revisão da literatura,
discute estas questões, trazendo inicialmente, elementos históricos e
conceituais sobre a adolescência, para em seguida adentrar na parte temática
do estudo, focalizando a gravidez precoce e suas formas de prevenção.
1.1 A adolescência, sua complexa e fascinante caminhada
A adolescência é uma das fases da vida mais fascinantes e provavelmente
mais complexas, época em que os jovens assumem novas responsabilidades
e experimentam um novo senso de independência, buscam sua identidade,
aprendem a colocar em prática os valores aprendidos na primeira infância e
desenvolvem habilidades que lhes permitam tornar-se adultos atentos e
responsáveis (Unicef, 2002).
Essa longa jornada pela adolescência, com suas trilhas íngremes e
inde nidas, algumas vezes exaustiva e confusa, começa aos dez anos,
quando meninos e meninas começam sua busca por uma identidade e uma
maneira de dar sentido à vida e encontrar um lugar no mundo. Trata-se,
sem dúvida, de uma das transições mais complexas da existência e apenas a
infância supera essa fase em termos de ritmo desenfreado de crescimento e
mudança. Do ponto de vista físico, de um dia para outro, crianças passam,
de pequenas criaturas, para meninos e meninas de pernas e braços longos,
amadurecendo sexualmente, desenvolvendo a capacidade de raciocinar com
ideias mais abstratas, de explooar conceitos do bem e do mal, desenvolver
hipóteses e meditar sobre o futuro (Unicef, 2002).
A palavra ‘adolescência’, vem da palavra latina adelesco, que signi ca
‘crescer’. O registro histórico e as comparações, segundo Cole e Cole (2003)
documentam claramente que muitas características que atualmente se
associa à adolescência têm longa história e estão disseminadas nas
sociedades humanas.
Historicizando a questão, Kustrín (2007, p. 171) relata que sempre houve
indivíduos adolescentes no sentido biológico do termo e desde de tempos
imemoriais se tem falado de juventude. “O papel dos jovens devido às
considerações de idade em diferentes processos históricos [...] foi destacado,
desde a Revolução Francesa até a revolução de 1848 na Áustria”, comenta a
autora.
Conquanto, a rma Frota (2013, p. 6), não se pode compreender a
adolescência, colocando-a simplesmente em evidência. Para esta autora, há
que se “buscar não uma de nição válida para todos os momentos históricos
e sim tentar uma compreensão a partir da sua historicidade”. Isso posto, o
quadro seguinte destaca alguns aspectos relacionados à gura do
adolescente no decorrer da história da humanidade.

Na antiga Pérsia

O advento da adolescência era assinalado com uma cerimônia, em


que os jovens recebiam o ‘cinto de virilidade’ e faziam um juramento de
seguir a lei de Zoroastro e servir ao Estado com delidade e heroísmo

Em Atenas na Grécia antiga

Ao completarem dezoito anos, os adolescentes eram recebidos entre


os efebos1, mediante a sua inscrição no registro da comunidade. Desta
maneira tornavam-se maiores de idade e aptos para o serviço militar, que
tinha duração de dois anos, ocasião em que prestavam o Juramento dos
Efebos, que possuía caráter religioso, cívico e militar. Após o juramento
eram apresentados ao povo no teatro, durante as festas Dionisíacas.

Na antiga Roma,

Os jovens, ao atingirem a adolescência, trocavam a sua túnica com


uma franja colorida (toga pretexta) por outra completamente branca
(toga virilis). Durante a Idade Média, emprestou-se também grande
signi cação ao aparecimento da adolescência. Ao alcançar catorze anos, o
jovem que, até então, havia servido a uma dama, como pajem ou valete,
na corte ou no castelo, tornava-se escudeiro. Depois, ao atingir dezessete
anos, partia para longe, a m de realizar proezas brilhantes que o
tornassem digno de receber a ordem da cavalaria. Aos vinte e um anos era
armado cavaleiro se tivesse dado provas de brio, coragem e bravura.

No Renascimento

A partir do Renascimento, a adolescência perde progressivamente, o


seu prestígio social. Pelo menos, nenhuma solenidade assinala o seu
aparecimento, o que leva a presumir que a importância psicológica e
social da adolescência não seria reconhecida pelo mundo moderno.
Quadro 1 – Aspectos históricos da adolescência
Fonte: Ferreira e Nelas (2011)

Com o advento da Revolução Industrial, a formação dos adolescentes


passa a ca mais sob controle e direcionada para a educação, que começa a
ter como base a família, que passa por mudanças, deixando de ser extensiva
para se transformar em nuclear, condição que favorece maior intimidade
entre pais e lhos. Entretanto, é no século XX que a adolescência ganha
espaço.
De acordo com Ariès (1978), a adolescência nasceu sob o signo da
Modernidade, a partir de século XX. “A “juventude”, que então era a
adolescência, iria tornar-se um tema literário, e uma preocupação dos
moralistas e dos políticos”, salienta o autor, esclarecendo que, na França, por
volta de 1900, começa a surgir um interesse pelo que pensava a juventude e a
desenvolver-se pesquisa sobre ela.
Nas considerações de Ariès, 1978, p. 36
A juventude apareceu como depositária de valores novos, capazes de reavivar uma
sociedade velha e esclerosada. Havia-se experimentado um sentimento semelhante no
período romântico, mas sem uma referência tão precisa a uma classe de idade. Sobretudo,
esse sentimento romântico se limitava à literatura e àqueles que a liam. Ao contrário, a
consciência da juventude tornou-se um fenômeno geral e banal após a guerra de 1914, em
que os combatentes da frente de batalha se opuseram em massa às velhas gerações da
retaguarda. A consciência da juventude começou como um sentimento comum dos ex-
combatentes, e esse sentimento podia ser encontrado em todos os países beligerantes, até
mesmo na América.

A partir de então a adolescência se expande, afastando a infância para


trás e a maturidade para frente. Passa-se de uma época sem adolescência
para uma época em que a adolescência torna-se a idade favorita. “Deseja-se
chegar a ela cedo e nela permanecer por muito tempo [...] o século XX se
reconhece em seus adolescentes”, assinala Ariès (1978, p. 36).
Em suma, antigas são as preocupações para com a adolescência e muitos
foram os estudiosos que se debruçaram sobre o tema, na tentativa de
compreender os sentimentos, as relações, os anseios e possibilidades dessa
população. De acordo com Pfromm Netto (1976 como citado por Melo e
Cruz, 2012) esse interesse vem se manifestando ao longo do tempo, desde as
especulações losó cas de Aristóteles e textos literários que datam de antes
de Cristo, até o início do século dezenove, que tinham o adolescente como
tema ou personagem de romances, novelas, poesias, biogra as, obras
losó cas e peças teatrais, até que estes se tornaram objeto de estudos
cientí cos no nal do século dezenove.
Dentre estes estudiosos que se preocuparam em explicar o fenômeno
chamado adolescência pode-se citar Jean-Jacques Rousseau, o primeiro
teórico da adolescência, que em seu tratado sobre a natureza humana e a
educação sugeriu três características da adolescência que continuam a
desempenhar um papel proeminente ainda hoje, quais sejam (Cole e Cole
2003):
- A adolescência é um período de maior instabilidade e con ito
emocional provocados pela maturação biológica;
- As mudanças biológicas e sociais que aparecem proeminentemente na
adolescência são acompanhadas por uma mudança fundamental nos
processos psicológicos (No entendimento de Rousseau, a transição para a
adolescência trazia consigo o pensamento autoconsciente e a capacidade
para raciocinar com lógica;
- Em importantes aspectos, as mudanças que ocorrem durante a
adolescência são um ‘renascimento’.
Em tempos mais atuais considera-se que a adolescência inicia-se na
puberdade, que leva à maturidade sexual, ou fertilidade. Em outros termos é
a fase compreendida entre a infância e a idade adulta, na qual se de nem as
causas sexuais secundários e se evidenciam as qualidades especi cas dos
indivíduos. No parecer de Papalia e Olds (2000, p. 310):
É possível que o início da adolescência, a saída da infância, seja o período mais
intenso de todo o ciclo de vida. Ele oferece oportunidades de crescimento na competência,
autonomia, autoestima e intimidade. Entretanto, ele também oferece grandes riscos.
Alguns jovens têm problemas para lidar com tantas mudanças de uma só vez e podem
precisar de ajuda para superar os perigos ao longo do caminho.

Com efeito, a adolescência é vista como uma época de emotividade


estresse aumentados; irritações exacerbadas, sentimentos profundos. “A
adolescência é um período de renascimento após a infância”, assinalam Cole
e Cole (2003, p. 623), enfatizando que dois dos primeiros teóricos
biológicos, cujas ideias in uenciaram a pesquisa contemporânea sobre a
adolescência foram Arnold Gesell e Sigmund Freud.
No caso de Arnold Gesell, segundo os autores citados, este
compartilhava a idéia de Hall2 de que os adolescentes completaram o
caminho evolucionariamente prescrito do desenvolvimento. Para este
estudioso as características humanas mais elevadas, como pensamento
abstrato, a imaginação e o autocontrole aparecem mais tarde no
desenvolvimento do indivíduo porque foram adquiridos tarde na história da
espécie.
Gesell admitia que o ambiente podia exercer in uência maior durante a
adolescência (muito mais do que em uma fase anterior), mas que as
condições ambientais não alteravam o padrão básico do desenvolvimento de
nenhuma maneira. Sigmund Freud, por outro lado encarava a adolescência
como um estágio distinto do desenvolvimento, durante o qual os seres
humanos podiam nalmente realizar o imperativo biológico de se
reproduzirem, daí preservar a espécie (Cole (2003).
E deste modo, como frisa Frota (2013, p. 5), as diferenciadas concepções
de adolescentes são construídas a partir de olhares nunca neutros. “Os
saberes [...] enquanto são incorporados passam a fazer parte da formação
desse panorama em destaque”, salienta a autora.
E assim é a adolescência, a última etapa do desenvolvimento humano,
período em que, efetivamente termina o passado infantil, momento em que
a evolução se mostra mais sensível, com as transformações corporais e
psíquicas que a caracterizam surpreendendo o observador (Cole e Cole,
2003; Debesse, 1990).
Em meio a esse processo de transformações corporais e psíquicas os
adolescentes experimentam perdas. A criança, esclarece Silva (2004) perde
seu corpo infantil e seu mundo pueril e é esse processo de perdas que
implica na compreensão dos ritos de passagem, os quais ocorrem na
puberdade e marcam o momento em que a criança passa a ser o homem
adolescente ou a mulher adolescente.
Nas observações de Silva (2003, p. 9):
A perda do mundo infantil para a adolescente tem relação com o rompimento da
dependência, com os pais e familiares. Nesse processo, busca novos padrões de
comportamento para conquistar sua independência subjetiva diante dos pais. A
adolescente vai-se descobrindo enquanto mulher através dos olhares dos outros, pela
admiração e interesse. Em si, a oram alguns aspectos intimistas, como pintar-se, arrumar
os cabelos e, às vezes, usar vestimentas que demonstrem sua sensualidade. En m, procura
sua identidade de ser mulher.

A propósito dessa última observação, pode-se a rmar que a


característica mais relevante da adolescência é a busca da identidade. “Todo
adolescente precisa saber quem ele é, porque ele precisa se sentir respeitado
e amado, como todo ser humano, e para isso ele precisa saber quem ele é”,
a rma Ives (2014, p. 15), explicando que enquanto a criança é identi cada
por meio de seus pais ou dos adultos em seu ambiente, o adolescente
necessita desenvolver sua própria identidade e ser eles mesmos.
Fazendo outros comentários, frisa o autor que em alguns jovens, a
adolescência é tranquila, sem ruídos, enquanto que em outros, esse período
é marcado por aspectos críticos, como uma espécie de ‘segundo nascimento’.
Diante disso,
a formação da identidade pode ter algum aspecto negativo que às vezes pode
permanecer ao longo da vida como um aspecto rebelde da identidade total. O desejável é
que a identidade negativa não se torne dominante. A identidade negativa é a soma de
todas aquelas identi cações e fragmentos de identidade que o sujeito teve que internalizar
como indesejável (Ives, 2014, p. 65).

Cercada de complexidade, marcada por mudanças aceleradas,


crescimento e transformação física, psicossocial e sexual, a adolescência é
como cita Machado (2004), período marcado por tempestades de emoções,
fase onde as paixões são mais ardentes e os sentimentos sofrem constantes
oscilações; momento em que o adolescente se defronta com novas situações,
novo corpo e com transformações incontroláveis que o assustam e ao
mesmo tempo o impulsionam a novas descobertas, inclusive de si mesmo.
Discorrendo sobre as mudanças biológicas associadas à adolescência,
Carvajal (2001), a rma que nestas transformações em ebulição, há algo que
está em processo, em situação de ruptura, de caos, de transformação
abrupta, aguda, quase cega, intensa, com frequência angustiante, dolorosa e
enormemente móvel. Esta condição, frisa o mesmo autor, pode ser
classi cada como:
- crise de autoridade – que diz respeito ao enfrentamento de tudo que
signi que norma ou imposição de modelos e que seja gerado pela vivência
do adulto, que não pôde ser internalizado no self durante a infância;
- crise sexual – centrada no aparecimento de um novo modelo
psicológico para o manejo dos impulsos libidinais em eclosão e em aumento
qualitativo.
Ainda segundo Carvajal (2001, p. 70), a desobediência é fato comum no
dia-a-dia do adolescente.
Com uma indisciplina ostensiva, sente-se ofendido com os papéis e atividades
infantis; não aceita mais que o confundam com uma criança; rejeita o contato físico com
os pais, não se deixando mais acariciar e mimar; responde a tudo com monossílabos e
irrita-se com facilidade.

Nessa fase da vida, portanto, fenômenos comportamentais se


entrecruzam uns com outros, não se apresentando um limite preciso, nem
uma cronologia exata de aparecimento e desaparecimento, o adolescente
vivencia con itos e acontecimentos que precedem e são precedidos por
outros, como a dor e a angústia, a esperança e os sonhos, pelos quais passa
todo o ser humano antes da largada de nitiva para a vida adulta (Carvajal
(2001).
Na perspectiva psicanalítica de Freud o tumulto emocional vivenciado
na fase da adolescência estaria associado ao ápice de uma luta psicológica
entre as três partes da personalidade: o id, o ego e o superego. O ego estaria
relacionado àquela parte do id modi cada pelo ambiente. Ao superego
caberiam os aspectos da moral e da ética, derivadas da imagem dos pais e
pessoas importantes da infância. A personalidade ou caráter do indivíduo
adolescente seria, portanto o precipitado das identi cações e relações com as
pessoas importantes de sua vida, particularmente as envolvidas nos seus
primeiros anos de vida (Cole e Cole, 2003).
A propósito disso, nas considerações de Jordão e Ramires (2010), o
período da adolescência, por si só, já se con gura como uma situação-limite,
tendo em conta todos os enfrentamentos necessários e todas as
reorganizações subjetivas daí decorrentes. Nas explicações dos autores:
Por caracterizar-se como um período emocionalmente turbulento, marcado por
ressigni cações e movimentações pulsionais intensas, entende-se que das derivações
dessas turbulências é que serão de nidas as características mais xas e estáveis da
personalidade (Jordão e Ramires, 2010, p. 422).

O fato é a adolescência é a fase da transformação física e emocional, com


o adolescente preparando-se para assumir novo papel diante da família e da
sociedade. É quando, como frisa Parisotto (2012) o período em que o jovem
se desenvolve, amadurece e ca apto para usufruir sua sexualidade,
rmando sua identidade sexual e buscando um par, já com possibilidade de
gerar lhos.
Nessa linha de raciocínio Debesse (1990) sustenta que a sensibilidade
enriquece na puberdade, exagerando-se por vezes em hipermotividade, ao
mesmo tempo em que se erotiza.
As emoções fortes e primeiramente confusas, que acompanham o despertar da
sexualidade genital, se superpõe um mundo de sentimentos novos, onde a imaginação
ocupa um lugar considerável como se vê nos devaneios. A amizade apaixonada de um
lado, o amor nascendo de outro, são dois sentimentos dos mais característicos dessa idade.
Sua evolução, suas interconexões, sua in uência sobre o conjunto de conduta, pedem um
estudo especial (Debesse, 1990; 63).

Neste contexto de sentimentos e emoções exacerbadas, muitos


adolescentes buscam envolvimento sexual, pondo em teste suas novas
possibilidades e reações frente às sensações antes desconhecidas, ações estas
que podem provocar conseqüências imprevisíveis, porque o rápido
crescimento do corpo vem acompanhado pelo amadurecimento psicológico,
falta-lhe a experiência, a responsabilidade e o conhecimento do signi cado
real de um envolvimento sexual.
O resultado de tudo isso, acaba sendo o sexo desprotegido que pode
levar a uma gravidez precoce e indesejada que em muitos casos acaba
decretando o m da autonomia e dos panos da juventude. Este assunto será
bem mais detalhado nos itens seguintes do estudo que antes faz breve
explanação a respeito da gravidez na vida da mulher, em seus aspectos
siológicos e mudanças provocadas, especialmente quando não é uma
gravidez esperada.
1.2 A gravidez: dos aspectos siológicos e das consequências
quando não planejada
Transforma-se em mãe é, nas palavras de Borrás (2015, p. 2), “uma das
experiências mais maravilhosas e profundas que uma mulher pode
experimentar, mas também uma das mais exaustivas e cheias de altos e
baixos”. Isso porque a mulher vivenciará uma nova etapa de sua vida, repleta
de mudanças físicas e psicológicas, marcada por sentimentos contraditórios
porque ora se deleita com lho que vai chegar, ora se enche e dúvidas e
medos.
Com efeito, a gravidez corresponde a um momento especialmente
importante na vida da mulher e no decorrer deste momento, o papel que
exerce na sociedade passa por signi cativas mudanças e reajustamentos, seja
no seu relacionamento familiar, seja no campo pro ssional, além de passar
também por transformações biológicas e psicológicas, em outras palavras, a
gravidez é uma experiência única, marcante e intensa. “Na verdade a
gravidez é uma condição para a sobrevivência da vida humana, sendo
indispensável à renovação geracional, e representa o período de formação de
um novo será, observa Coutinho et al (2014, p. 18).
As alterações que acontecem na gravidez, que começa na concepção,
estende-se por um período de aproximadamente 40 semanas e nda com o
parto, são consideradas as mais signi cativas mudanças que podem afetar
um ser humano. Entretanto, esses eventos, esclarece Camacho et al. (2010),
são essenciais para a construção da idéia de gestação, sendo favoráveis à
adaptação da mulher, pois vai ajudá-la a manter sua saúde e prepara-se para
o nascimento do lho.
Nesse nível de re exão, Borrás (2015) a rma que mudanças de humor,
ansiedade, problema de memória e de concentração, fantasias ou sonhos são
alguns aspectos emocionais na gravidez que e mulher enfrenta e isso
acontece em razão da enorme revolução hormonal experimentada pelo
corpo feminino durante o período gravídico e tudo isso acaba in uenciando
a evolução física da gestação e a personalidade da futura mãe.
O quadro 2, seguinte, resume os sentimentos habituais que afetam a
mulher durante o período de gestação.
Primeiro trimestre

- Devido à ação dos hormônios e à maior demanda de energia, a mulher pode sentir-se
cansada mais sonolenta, mais emocionalmente sensível e algumas vezes até mesmo confusa.
- Alterações bruscas de humor e choro repentino podem ser frequentes.
- Diminuição do desejo sexual, fadiga e desconforto físico ou medo de prejudicar o bebê.
- Se a mulher sempre valorizou sua independência e pro ssão, ela pode sentir a gravidez como
um obstáculo, afetando sua autoestima.

Segundo trimestre

- A mulhewere se sentira mais sgura emocionalmeente.


- Sentirá alguns deeesconfortos com as mudanças físicas;

- Sentirá maior tranquilidade e alegria diante dos movimentos fetais.

- A di culdade de concentração é habitual, dependendo do nível de hormônios.

- O apetite sexual pode reaparecer.

Terceiro trimestre

- Pode aumentar a irritabilidade, sensibilidade, impaciência e inquietação.

- O desejo sexual é reduzido novamente.

- Pode haver mais sonhos sobre o bebê e a capacidade de ser mãe.

- É comum sentir medo e ansiedade sobre a proximidade do parto.

• A “síndrome do ninho3” pode aparecer.

Quadro 2: Sentimentos habituais na gravidez


Fonte: Borrás (2015)

Além das alterações emocionais, ocorrem também alterações


siológicas, que segundo Costa et al. (2010) são sutis ou marcantes e
bastante acentuadas que, em alguns casos geram os medos, as dúvidas, as
angústias, as fantasias ou simplesmente a curiosidade em reação às
transformações ocorridas no corpo.
Dando um parecer sobre a questão Carrara e Duarte (1996) enfatizam
que as modi cações do organismo materno decorrentes da gestação
envolvem dois processos dinâmicos inter-relacionados e interdependentes: a
presença do feto, da placenta e do líquido amniótico alterado que requerem
aumento abdominal para a perfeita acomodação dessa nova estrutura e
uídos, promovendo a adaptação do organismo materno à gravidez.
Ainda nas análises dos mesmos autores, todas as alterações percebidas
durante a gestação se fundamentam em:
- alterações hormonais;
- alterações enzimáticas;
- presença do feto;
- presença do aumento do volume uterino.
As modi cações do organismo materno decorrentes da gestação são
resumidas no quadro 3 seguinte:

Sistema tegumentar

As modi cações gravídicas do sistema tegumentar são diversas e decorrem da associação de

vários fatores. O aparecimento de cloasma e da linha ‘nigrans’ é resposta ao aumento da

melatonina, cuja secreção é estimulada pelo aumento da progesterona.

Aparelho Digestivo

Durante a gestação, tanto a fome como o apetite encontram-se exacerbado. É comum a

aversão a alimentos gordurosos e pode surgir a malácia (desejo de comer substâncias não

convencionais como terra, giz ou arroz cru). O desejo de ingerir alimentos especí cos,

também, pode surgir na fase inicial da gestação (desejos), sendo justi cado pela presença de

gonadotro na coriônica e alterações emocionais, algumas relacionadas à carência afetiva. No


entanto, a gênese dessas alterações ainda não está totalmente esclarecida. A presença de

gonadotro na coriônica, também, é importante na etiologia dos vômitos do início das

gestações.

Aparelho respiratório

Com o evolver da gestação, o útero cresce rechaçando alças intestinais, estômago e fígado
contra o diafragma, reduzindo o tamanho do pulmão no sentido céfalo-caudal. Como

mecanismo de compensação parcial, o tórax aumenta seus diâmetros látero-lateral e ântero-

posterior, mas o volume pulmonar global acaba reduzido no nal da gestação. Esta restrição é

compensada por ação da progesterona, nos centros respiratórios, elevando a frequência do

ritmo da respiração. O volume minuto passa de 7 para 10 litros e o pCO2 de 40 para 30mmHg.

Essas alterações contribuem, signi cativamente, para o incremento das trocas gasosas a nível

placentário.

Sistema Urinário

Em decorrência do aumento do volume circulante, praticamente todos os índices de uxo e

função renal estão aumentados durante a gravidez. A exacerbação do sistema renina-

angiotencina é compensada pelos efeitos de progesterona. É notável a retenção de sódio e

água, possibilitando arredondamento das formas corporais da grávida e hidratação adequada


dos ligamentos de cintura pélvica (facilita o deslizamento articular no momento do parto).

Sistema Olfativo

A retenção hídrica, a vasogênese e a vasodilatação do período gestacional, podem levar a

algumas situações curiosas. Nos casos mais leves de retenção, observa-se rinite vasomotora

(extremamente freqüente), com graus variados de obstrução nasal. Se o edema entre as

células responsáveis pelo olfato é acentuado, predispõem à parosmia4. Nos quadros mais
graves, pode ser observado até anosmia5. Felizmente, estas alterações regridem no puerpério,

retornando à normalidade.
Sistema Endócrino

Pode-se considerar o período gestacional como de pan-hiperendocrinismo, com o sistema

endócrino funcionando com todas as suas reservas. Sobressaem o pâncreas, hipó se, tireoide,
paratireóide e adrenais. Existe uma maior exigência metabólica, em troca do aumento do uxo

sanguíneo, a estas glândulas. Durante a gestação surge, temporariamente, um novo órgão no

organismo materno, a placenta. Se reconhece, na placenta, funções glandulares especí cas,

produzindo uma in nidade de hormônios, notadamente o hormônio lactogênese placentário

e a gonadotro na coriônica.

Metabolismo

Sabe-se que o catabolismo, durante a gravidez, é elevado, mas o anabolismo se sobrepõe. Por

isto, na maioria dos casos, observa-se a formação de depósitos proteicos, lipídicos e de

glícides.

Mamas

Em decorrência de ação estrogênica, progesterônica e da prolactina, entre outros fatores,

observa-se aumento do volume mamário e de sua rede arterial e venosa, tornando-se visível a
ectoscopía. Na pele, acentua a coloração da aréola primária e surge a aréola secundária, de

limites imprecisos. Na região aréolo-mamilar, surgem os tubérculos de Montgomery,

emergência de glândulas sebáceas. O surgimento do colostro ocorre mais no nal de gestação.


Sob estímulo e expressão pode ser observado secreção hialina mamilar a partir do 2º trimestre

da gestação.

Útero

Durante a gestação, observa-se hipertro a e hiperplasia das bras miometriais resultando em

aumento uterino. Este crescimento aliando os dois processos, possibilita o desenvolvimento

de gestação e, ao mesmo tempo, permite ao útero condições que proporcionem satisfatória


força motriz no momento do parto. O aumento do volume uterino, talvez seja a alteração mais
notável neste órgão, durante o período gestacional. A consistência uterina diminuída, desde o

início da gestação (mais acentuada ao nível do istmo), permite inferir o diagnóstico de

gestação. No local de implantação da placenta o útero se desenvolve diferentemente,

provocando assimetria do órgão. Com o desenvolvimento fetal, o útero passa a ocupar os

fundos de saco vaginal posterior, constituindo-se num dos sinais indiretos de gravidez.
Quadro 3: Modi cações do organismo materno decorrentes da gestação
Fonte: Carrara e Duarte (1996)

Resumindo, a gestação é uma fase de grandes mudanças e expectativa na


vida da mulher e das suas famílias, implicando novas responsabilidades
afetivas, sociais e legais decorrente da maternidade. No discurso de Simas et
al. (2013, p. 20), a gravidez exige da mulher reestruturação e reajustamento
de vida, tanto para as que se tornam mãe pela primeira vez (primíparas)
como para aquelas que já passaram por gestações anteriores (multíparas).
“Na sociedade atual, em razão da crescente presença feminina no mercado
de trabalho, ter um lho pode acarretar consequências signi cativas”,
salienta a autora, observando ainda que, para algumas mulheres, a gravidez
pode representar uma experiência regressiva, levando-as a viverem intensos
sentimentos de desamparo e ansiedade.
Nesse período, predominam as características orais como hipersonia, voracidade e
dependência de outras pessoas, semelhantes a experiências vividas na infância, que
indicam uma identi cação básica da grávida com o feto. Portanto, a mulher passa a
precisar de cuidados, assim como o bebê também precisa. Essa regressão não indica
necessariamente uma conotação patológica, pois parte do próprio movimento do processo
de desenvolvimento, sendo necessário para que a mãe se identi que com o bebê (Simas et
al. 2013, p. 20).

Essa condição torna-se ainda mais desconfortável quando a gravidez


acontece sem planejamento, como ainda vem ocorrendo no Brasil. “No ano
passado, apenas 45% das gestações que terminaram em nascimento foram
planejadas para acontecer no momento em que ocorreram”, observa Leal
(2012, p. 2).
Discorr4endo sobre a questão, Prietsch et al. (2011, p. 3) esclarece que
gravidez não planejada é toda gestação que não foi programada pela mulher
ou pelo casal ou quando acontece de forma inoportuna, em um momento
considerado desfavorável. “Embora pouco estudada, a gravidez não
planejada representa risco aumentado de ansiedade e de depressão,
sobretudo no período puerperal” frisa o autor, complementando que a causa
principal desse tipo de gravidez costuma ser (dentro de uma visão
sociocultural) o baixo índice de utilização de métodos contraceptivos.
Assim sendo, como cita Ushikusa (2016, p. 2): “Parece incrível que nos
dias de hoje mulheres ainda engravidem sem de fato querer. A cada ano pelo
menos 80 milhões de mulheres passam por uma gravidez não planejada”. As
conseqüências disso são muitas, como o aumento do número de abortos, de
complicações durante a gestação, aumento dos gastos em saúde.
Essas condições se tornam ainda mais preocupante quando acontece na
adolescência, pois ao engravidar a jovem pode ter o seu presente e futuro
totalmente alterados, além de sérios agravos implicando até mesmo em
mortalidade (Finotti (2010; Ushikusa, 2016).

1.3 A gravidez na adolescência e sua repercussão


biopsicossocial
Observa-se que na sociedade contemporânea, o exercício da sexualidade
vem começando mais cedo, impulsionado pelos imperativos sociais que
levam adolescentes a experimentarem o sexo precocemente, mesmo não
estando psicologicamente preparados.
O adolescente contemporâneo vive sua sexualidade em meio às referências que
invadem seu imaginário. Ele é ator integrante do espetáculo de nossa cultura e, como tal, é
continuamente convocado a consumir imagens mais que a re etir, a elaborar ou a pensar
(Moreira et al. 2008, p. 314).

É sabido que a sexualidade não pode ser evitada e nem removida do ser
humano, e é sabido também que na adolescência geralmente é vivenciada
mais intensamente. A questão crítica de tudo isso é que esse despertar
precoce da sexualidade vem acompanhado de desinformação, especialmente
por parte dos pais que muitas vezes por constrangimento evitam falar com
os lhos sobre sexo. O resultado dessa falta de orientação sexual adequada
acaba acarretando, dentre outros problemas, a gravidez na adolescência, que
tem sido considerada como uma das mais preocupantes ocorrências
relacionadas à sexualidade dos jovens na atualidade (Heilborn et al. (2002;
Moreira et al. 2008).
Mas, ainda que a gravidez na adolescência tenha assumido na atualidade
o status de problema social, este evento não é novo no cenário brasileiro.
Nos relatos de Souza (2002) a gravidez na adolescência, longe de representar
um acontecimento novo, esteve sempre presente na história da humanidade.
Em civilizações antigas, comenta a autora, tão logo surgiam os primeiros
sinais de puberdade, a jovem era considerada apta para o casamento.
No Brasil do século passado, conforme relatos de Cavasin e Arruda
(2008, p. 3), a faixa etária entre 12 e 18 anos não possuía o caráter de
passagem da infância para a vida adulta, e as meninas de elite entre 12 e 14
anos, já estavam aptas para o casamento e para a maternidade. “[...] no
passado de cada um de nós é facilmente reconhecida em nossas memórias e
nos álbuns de família, onde aparecem nossas mães, avôs ou bisavós, ainda
em tenra idade, cercada de numerosa prole” assinalam as autoras.
Em tempos mais antigos, portanto, a gravidez na adolescência não era
considerada evento preocupante, porque a capacidade reprodutiva estava
associada ao frescor da juventude, sem questionamento da capacidade
psicobiologica das jovens e imaturas mães, que podiam parir, cuidar e
educar seus lhos (Souza, 2002).
Conquanto, entre o que era no passado e o que ocorre hoje, há uma
diferença: a gravidez na adolescência acontecia dentro da instituição do
casamento. Na atualidade acontece o inverso, primeiro surge a gravidez,
para depois os parceiros passarem a morar juntos, e na maioria das vezes
contando com a ajuda material dos pais. A situação assusta, preocupa e vem
ocupando a cena de vários levantamentos estatísticos. De acordo com
Finotti, (2010, p. 2):
A gravidez entre adolescentes no Brasil é alta e tem repercussões econômicas
relevantes para a sociedade, para as jovens e suas famílias. Segundo o DATASUS, 600 mil
partos no país (21,5% do total), são de mães com menos de 20 anos, 75% das adolescentes
que têm lhos não estudam e 57,8% não estudam nem trabalham.

O fato é que inúmeras são as questões envolvidas na gravidez da


adolescência e os fatores responsáveis por esta situação são muitos, Segundo
Costa e Heilborn (2006), uma das causas da gestação nos anos iniciais da
vida reprodutiva são de natureza objetiva e subjetiva, sendo os mais comuns
o desconhecimento dos métodos contraceptivos, a di culdade de acesso a
tais métodos e também de negociar o seu uso, além de ingenuidade e desejo
de estabelecer uma relação mais estável com o parceiro e conquista da
autonomia.
Na concepção de Dadoorian (2003), a gravidez precoce pode ser
decorrente tanto do imperativo biológico (impulso na direção da capacidade
reprodutiva), quanto do próprio desejo de ter um lho.
Nas a rmações de Dadoorian (2003, p. 6):
A curiosidade em testar o seu aparelho reprodutor é desencadeada pela atividade
hormonal ocorrida nesse período da vida, que leva ao ato sexual. As jovens iniciam a sua
vida sexual logo após a primeira menstruação e engravidam em um curto período de
tempo. A gravidez certi ca para a adolescente que o seu corpo já está preparado para a
concepção. A con rmação da sua capacidade reprodutiva desencadeia um sentimento de
surpresa (não esperavam a gravidez), onde ela pode constatar que não é mais menina, e,
sim, mulher. Pode-se dizer que essas adolescentes estabelecem uma equivalência onde
exercer a sexualidade signi ca ter lho, o qual demarca a sua entrada na vida adulta.

Sob este ponto de vista, especialmente nas classes populares, apesar das
circunstâncias sociais desfavoráveis, o desejo de ter um lho se mantém
fortalecido e transformado em fato corriqueiro nessa classe social.
“Constata-se uma valorização da maternidade, onde ser mãe equivale a
assumir um novo status social, o de ser mulher”, observa Dadorian (2003, p.
6).
Essa também é a opinião de Siqueira Neto (2004) quando a rma que
dentre as condições que propiciam a gravidez na adolescência encontra-se a
falta de objetivos encontrada nos jovens da classe social mais baixa, que
vislumbram em um lho a chance de um projeto de vida, além da
oportunidade de encontrar a oportunidade de construir uma identidade,
pela di culdade que enfrentam para inserir-se na vida pro ssional.
Outro ponto reforçado pelo mesmo autor é a constante falta de diálogo
entre pais e lhos esclarecendo sobre a importância do uso de preservativo.
“Os pais precisam se preparar com conhecimento [...], trabalhar melhor sua
participação em assuntos “delicados”, acompanhar equilibradamente a vida
de seus lhos”, alerta Siqueira Neto (2004, p. 4).
Taquette (2008) por sua vez a rma que a gravidez na adolescência
encontra-se associada à baixa escolaridade e ao baixo nível socioeconômico.
A solução que se apresenta nas políticas públicas de saúde e educação é a do
planejamento familiar, com forte ênfase nos métodos contraceptivos. É como se
disséssemos: adolescentes pobres e com pouca escolaridade não devem ter lhos. Não
seria mais justo resolver o problema da gravidez na adolescência investindo em melhores
condições de vida (aumentar a escolaridade e as oportunidades de ascensão social e
melhorar a renda) para que as pessoas tenham o direito e a possibilidade de escolher em
que momento ter ou não lhos? (Taquette, 2008, p. 23).
A questão é polêmica e não são poucos os estudiosos e pesquisadores de diversas
áreas que buscam se debruçar sobre o tema, na tentativa de encontrar resposta para o
fenômeno, cercado por inúmeras variáveis. Ainda assim,
o senso comum re ete uma realidade parcial e reducionista, que colabora para
manter a questão como problema exclusivo da adolescente que engravida. Ficam fora
dessa análise o parceiro e o contexto social, cuja in uência na sexualidade das pessoas não
pode ser negada e muito menos desprezada ou ignorada (Taquette, 2008, p. 26).

Para melhor entendimento, O quadro abaixo aponta alguns fatores


relacionados com as motivações que levam à gravidez na adolescência.

Motivos

Desejo inconsciente de car grávida;

Alternativa para sair de casa, da escola e car livre da pressão dos pais;

Desejo de prender o namorado;

Carência afetiva;

Alívio da sensação de depressão e isolamento;


Desejo de ter mais poder, chamar a atenção para si;

Projeto de vida da adolescente, sendo uma escolha tomada como um meio de

inserção social;

Descuido com a prevenção.

Quadro 4: Possíveis motivos para a gravidez precoce


Fonte: OYAMADA et al. (2014)

No que se refere a repercussão imposta pela gravidez na vida da


adolescente, abordando a questão, Bezerra et al. (2016) assevera que a
adolescente grávida é assolada por momento de dúvidas, anseios e
contestações, somado à aquisição de uma nova identidade para a qual ainda
não se encontra preparada, vivencia con itos com a descoberta da gravidez,
o medo de enfrentar tal situação diante da família e/ou companheiro, tendo
por outro lado, o peso das cobranças sociais.
No parecer de Rios et al. (2007) as mães adolescentes tendem a ser mais
dependentes, menos con antes, mais depressivas e apresentam autoestima
diminuída.
Avaliando a questão Oliveira (1998) frisa que o impacto adverso da
gravidez na adolescência emerge de forma mais clara quando se faz uma
relação entre educação, pobreza e maternidade precoce.
Nas palavras de Oliveira (1998
Após o nascimento, o abandono da escola é a saída que se impõe às mães jovens,
sejam as que necessitam pagar com o seu trabalho doméstico a família que a abriga e ao
seu lho, sejam as que necessitam ganhar o sustento para ambos. Neste último caso, diante
das di culdades em encontrar vaga em uma creche gratuita próxima ou sequer em
qualquer creche gratuita, a adolescente busca o apoio da sua família para a guarda do bebê
durante sua jornada de trabalho, o que torna ainda mais frágil sua já complicada relação
com o lho.

Os fatores psicossociais relacionados à gravidez na adolescência são,


portanto, em geral de grande impacto. “A Maternidade na Adolescência
coloca tanto a mãe como o bebê numa situação de elevado risco
psicossocial”, salienta Figueiredo (2000, p. 485), comentando também que a
estas circunstâncias associam-se outras relacionadas ao contexto mais
imediato dos cuidados e da interação da mãe com a criança que pode, de
igual modo, ser desfavorável, envolvendo pouco afeto positivo, pouca
reciprocidade verbal e pouca harmonia na interação da mãe com o bebê
De modo geral as tensões são agravadas quando a adolescente não conta
com o apoio do pai da criança, e tem que contar apenas com a família que
acaba arcando com os custos de um novo membro. Conforme observam
muitos estudiosos da questão, caso a família não seja capaz de aceitar a
situação com tranquilidade e compreensão, surgirão con itos traumáticos
de relacionamento e até que a situação se acalme, a adolescente terá
vivenciado de maneira dolorosa as represálias e críticas de alguns membros
da família.
Tecendo comentários, Pelloso et al. (2002) salienta que o impacto nas
reações familiares é tão intenso que deve-se pensar em termos de família
grávida.
A gravidez na adolescência na maioria das vezes acarreta transtornos familiares
muitos fortes, principalmente no aspecto emocional. Os pais geralmente se sentem
decepcionados e traídos. Esses sentimentos vêm a reboque de uma postura que se
manifesta como incredulidade [...] acreditam que isso acontece com os lhos dos outros,
não com os seus. São assim obrigados a reavaliar suas condutas e posturas frente ao
mundo e às mudanças que nele ocorrem. Tudo isso leva a um grande sofrimento, pois a
estrutura, os valores que julgavam sólidos, desmoronam e assim são obrigados a buscar
novos horizontes (Pelloso et al. (2002, p. 778).

Mas as complexidades e di culdades inerentes da gravidez na


adolescência não param por aí: oferece riscos consideráveis, à saúde da mãe
e ao neonato.
1.4 Os riscos biológicos da gravidez precoce
A gravidez é fenômeno que provoca transformação na vida de uma
mulher em todos os aspectos, e uma adolescente que ainda encontra-se
sujeita a modi cações da fase da vida, ao passar por uma gravidez
possivelmente enfrentará complicações presentes e futuras (Cordeiro e
Bon m, 2011).
Conforme observações de Carneiro e Matos (1999 citado por Costa e
Heilborn, 2006) as complicações maternas que repercutem sobre a saúde da
mãe e do bebê são mais frequentes na gestação de adolescentes, destacando-
se dentre os problemas a pré-eclâmpsia, anemia, hemorragias, infecções.
De acordo com informações de Oyamada et. al. (2014, p. 3), em torno de
2,5 milhões de adolescentes submetem-se a abortamento ilegal todos os
anos, com a maioria delas sendo afetadas por complicações em maior
proporção do que em mulheres mais velhas. “Na América Latina, o risco de
morte maternal é quatro vezes maior em adolescentes menores de 16 anos,
comparadas as mulheres com 20 anos”.
O quadro seguinte aponta possíveis complicações gestacionais em
adolescentes.
Motivos

Possíveis complicações gestacionais;

Abortamento espontâneo;

Restrição de crescimento intrauterino;

Pré-eclâmpsia e eclampsia;

Parto prematuro;

Sofrimento fetal agudo intraparto;


Parto por cesárea.

Quadro 5: Prováveis complicações na gravidez precoce


Fonte: OYAMADA et al. (2014).

Há ainda outras complicações como lesões vaginais e perineais, estado


nutricional comprometido, desproporção céfalo-pélvica, infecção urinária,
placenta prévia. No entendimento de Yomada et al. (2014), essas
complicações podem estar relacionadas mais ao estado de pobreza do que à
idade da jovem, uma vez que grande parte das adolescentes gestantes
encontram-se em condições socioeconômicas precárias.
A gura abaixo destaca um mapa conceitual sobre a gravidez na
adolescência e suas implicações.
Menor de 16 anos Família
Menos de 6 consultas PN;

Competição mãe-feto por nutrientes; Disfuncional, doença Escassez de programas

Altura inferior a 150 cm; psiquiátrica, uso de drogas, para gestante

Peso inferior a 45 kg; violência; adolescente;

Doenças crônicas (diabetes, Pobreza, migração, situação de Pré-eclâmpsia;

cardiopatia ou renais, hipertensão rua, refugiados Desproporção pélvica-

arterial); Usuária de psicoativos (álcool- fetal;

Infecções sexualmente transmitidas tabaco-cocaína-crack); Gravidez gemelar;

(Sí lis, HIV, hepatites B/C); Automedicação; Complicações durante

Doenças agudas emergentes (dengue, Gestação fruto de estupro/ parto;

zika, toxoplasmose, etc.); relação extraconjugal; Cirurgia cesariana de

Transtorno psiquiátrico Rejeição à gestação; urgência;

Tentativa abortamento; Infecções durante e pós-

Falta de apoio familiar: mãe, parto

parceiro;

Início tardio do PN Di culdade


de acesso a serviços de PN

Figura 1: mapa conceitual sobre a gravidez na adolescência e suas implicações.


Fonte: Azevedo et al. (2019).

A gravidez na adolescência con gura-se, portanto como condição


envolvendo riscos tanto para a mãe como para o bebê. De acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS), os lhos de mães adolescentes têm
maior probabilidade de apresentar baixo peso ao nasce do que lhos de
mães com mais de 20 anos ou mais (Brasil, 2006).
No parecer de Carniel et al. (2006), além da possibilidade de
apresentarem baixo peso ao nascer, os lhos de mães adolescentes têm risco
aumentando de morrer por desnutrição e problemas infecciosos no
primeiro ano de vida
Nos comentários de Picanço (2015, p. 45):
Durante o primeiro ano de vida, a taxa de mortalidade infantil de lhos nascidas de
mães adolescentes é 2 a 3 vezes maior que a de mães adultas e um aumento de seis vezes
mais de síndrome de morte súbita nesse grupo. A taxa de prematuridade do bebê também
é mais alta nesse grupo.

Diante disso, não restam dúvidas de que é fundamental subsidiar


desenhos de assistência e apoio às adolescentes que engravidam que
segundo Pelloso et al. (2002), enfrentam duas crises: a da adolescência e da
maternidade e muitas vezes essa situação se apresenta como conotação
sombria com mudanças drásticas em sua vida, com implicações no seu
psíquico.
Em suma é um período de crise agravada pela gravidez precoce, porque
a adolescente encontra-se sob condutas típicas desta fase como grupos,
rebeldia, desa os, a busca de si própria, necessidade de espaço, de atividades
de expressão e a gravidez chega e interrompe abruptamente tudo isso. “Essa
jovem vai deixar de passear, namorar, brincar, se reunir em grupos, em
festas especí cas [...] Assume responsabilidade do ser adulto, sem ter podido
vivenciar uma adolescência plena”, comenta Pelloso et al. (2002, p. 779),
observando que são condições preocupantes porque podem tornar a
adolescente em uma adulta frustrada, mal resolvida, uma vez que teve que
viver inadequadamente uma etapa fundamental para a consolidação do ser
pessoa.
Assim sendo, deve-se criar condições para que a gravidez na
adolescência não signi que uma tarefa social assumida somente pela jovem
mãe, mas uma tarefa social coletiva, com efetivação de programas de
atenção à sua saúde, prevenção de futuras gravidezes. É preciso estimular o
diálogo, a orientação, para que a adolescente possa vivenciar a gravidez com
responsabilidade e sem culpa. “Entende-se que a gestação na adolescência
não deve ser estimulada, mas quando ocorrer é essencial que a adolescente
receba apoio da família, dos pro ssionais da saúde e da sociedade, sem
recriminação”, asseveram Lima et al. (2015. p. 65).

1.5 Gravidez na adolescência e prevenção


A gravidez na adolescência é condição preocupante porque traz sérios
problemas para a vida da jovem e de sua família, com impacto signi cativo
na saúde e no campo físico e psicossocial da mulher. Medidas preventivas
educacionais têm sido apontada como uma das estratégias para minimizar a
incidência da dessa condição.
Conforme proposições de Azevedo et al. (2019), um dos mais
importantes meios de preservação é a educação, porque o aprendizado em
ambiente escolar, por meio de palestras ou atividades educativas,
participativas e re exivas, oferece grande possibilidade de alcançar a
prevenção de problemas futuros, como é o caso da gravidez na adolescência.
Ressalta também a mesma autora a necessidade de treinamento pro ssional
para os agentes comunitários de saúde e outros pro ssionais da escola,
pesquisa, planejamento, execução de cursos e o cinas, trabalhando, temas
relacionados à sexualidade, saúde reprodutiva, gravidez, com abordagem
cientí ca e com programas de promoção à saúde.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo de População das
Nações Unidas (UNFPA) especi cando guias metodológicas e operacionais,
sobre educação sexual na escola destacam alguns fatores relevantes neste
sentido, como (Azevedo et al. 2019):
- Informações exatas e cuidadosas cienti camente comprovadas sobre
saúde sexual e infecções que podem ser sexualmente transmitidas,
contracepção, questões de gênero e enfrentamento da violência;
- Ambiente de aprendizagem seguro e saudável nas escolas;
- Metodologias participativas com ênfase na comunicação e
desenvolvimento do pensamento crítico, construtivo e saudável nas tomadas
de decisão, inclusive sobre comportamentos e sexualidade;
- Promoção da educação sexual como parte dos programas sobre direitos
à saúde e a proteção social às crianças e adolescentes/jovens, inclusive na
questão da gravidez precoce.
O Ministério da Saúde, junto com os profissionais da área, vem desenvolvendo projetos com a
finalidade de promover orientação sobre educação sexual e essa medida vem trazendo bons
A nalidade destes é alcançar a diminuição de gravidez em
resultados.
adolescentes e, como consequência, os riscos de morte e de enfermidades
em mães adolescentes e seus lhos.
A prevenção da gravidez nessa etapa da vida deve envolver ações e intervenções
promovidas no âmbito familiar do adolescente e jovem, considerando ainda a perspectiva
dos seus territórios de vivência e as ofertas existentes em torno de serviços, ações e
programas. Nesse sentido, a atuação das várias políticas públicas na promoção de ações de
prevenção é necessária sobretudo quando considerados os diferentes contextos em que a
gravidez ocorre na adolescência. Em razão da fase da vida desses indivíduos, a escola
torna-se um espaço estratégico para a promoção de ações de informação e prevenção, pois
é onde as/os adolescentes passam boa parte do tempo (Brasil, 2017, p. 4).

Logo, os programas fomentados pelo Ministério da Saúde têm o intuito


de mudar os padrões da gravidez na adolescência. Para isso, garante mais
acesso a métodos contraceptivos, na tentativa de reduzir a quantidade de
gravidezes indesejadas, principalmente em adolescentes. Alguns dos
programas relacionados que levam informações para promoção da saúde
são:
- Programa de Saúde na Família
Criado em 1994, com o propósito de reorganizar a prática da atenção à
saúde, tem entre suas atribuições a prevenção da gravidez na adolescência,
em decorrência das repercussões físicas e sociais deste fenômeno,
oferecendo orientações e atendimento às necessidades de saúde sexual e
reprodutiva de adolescentes (Otsuka et al. 2005).
- Programa Saúde na Escola (PSE)
Instituído em 2007 visa a integração e a articulação continuada entre
educação e saúde, contribuindo para a formação integral dos estudantes por
meio de ações de promoção, prevenção à saúde, com vista ao enfrentamento
das vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento de
crianças e adolescentes e jovens da rede pública de ensino, tendo como
público bene ciário alunos da Educação Básica, gestores e pro ssionais de
educação e saúde, comunidade escolar e, de forma mais ampli cada,
estudantes da Rede Federal de Educação Pro ssional e Tecnológica e da
Educação de Jovens e Adultos (Brasil, 2019).
Para alcançar seus objetivos, o programa é constituído por cinco
componentes, quais sejam (Brasil, 2019):

Avaliação das Condições de Saúde das crianças, adolescentes e


jovens que estão na escola pública;
Promoção da Saúde e de atividades de Prevenção;
Educação Permanente e Capacitação dos Pro ssionais da
Educação e da Saúde e de Jovens;
Monitoramento e Avaliação da Saúde dos Estudantes;
Monitoramento e Avaliação do Programa.

Deste modo, muito além de ser apenas uma estratégia de integração das
políticas setoriais, o Saúde na Escola (PSE) se apresenta como um noivo
caminho da política de educação e saúde, uma vez que (Brasil, 2019a):

Trata a saúde e educação integrais como parte de uma formação


ampla para a cidadania e o usufruto pleno dos direitos humanos;
Permite a progressiva ampliação das ações executadas pelos
sistemas de saúde e educação com vistas à atenção integral à saúde
de crianças e adolescentes;
Promove a articulação de saberes, a participação de estudantes,
pais, comunidade escolar e sociedade em geral na construção e
controle social da política pública.

O Ministério da Saúde, em parcerias com o Programa Saúde na Escola


lançou em abril do corrente ano, um questionário sobre a quantidade de
casos de gravidez nas jovens, com idades entre 10 e 19 anos, que estudam
em escolas públicas e privadas de todo o país. O objetivo é identi car casos
de gravidez precoce, para que ambos os sistemas, saúde e educação, possam
realizar ações de prevenção e quali car o cuidado a gestantes adolescentes.
O questionário pode ser respondido por gestores escolares, como diretor
(a), vice-diretor (a), coordenador (a) ou pessoa designada para tal m. As
perguntas giram em torno do número de gestantes que engravidaram em
2018, das que já estavam com o diagnóstico gestacional e se houve
interrupção da gravidez durante todo o ano anterior. Com isso, será possível
identi car quais escolas possuem maior prevalência e onde demanda maior
atuação dos Ministérios da Saúde e Educação (Brasil, 2019b).
A proposta do levantamento ocorre no âmbito do Programa Saúde na
Escola (PSE), que já possui ações que visam contribuir para a formação
integral dos estudantes por meio de medidas de promoção, prevenção e
atenção à saúde. Atualmente, o programa atende um universo de 20 milhões
de estudantes de 85.706 escolas com apoio de mais de 36 mil equipes da
Atenção Básica do Sistema Único de Saúde (SUS). O investimento anual do
Governo Federal no último ciclo do PSE foi de R$ 89 milhões (Brasil,
2019b).
- Caderneta de Saúde de Adolescentes (CSA)
Com versões masculina e feminina, a Caderneta de Saúde de
Adolescentes (CSA), contém os subsídios que orientam o atendimento
integral aos adolescentes, com linguagem acessível, possibilitando ao
adolescente ser o protagonista do seu desenvolvimento, trazendo em suas 40
páginas, informações sobre os cuidados básicos à saúde e transformações do
corpo, bem como também orientações a respeito da prevenção da gravidez
na adolescência e acerca das doenças sexualmente transmissíveis (Brasil,
2012).
Os programas e iniciativas citados visam oferecer aos adolescentes,
sobretudo às meninas, acesso a informações que podem prevenir diversas
doenças e também, preconizando a promoção da saúde sexual
independentemente da idade. Os programas de saúde circulam no país com
o intuito de proporcionar, neste caso, às adolescentes uma vida sexual
baseada na educação. A partir do momento que essas jovens a acessam, elas
passam a ter autonomia quanto às suas escolhas de forma mais consciente,
sabendo que existe a possibilidade de evitar certos danos à sua saúde e
também à sua condição social.
Além de todas essas iniciativas, tramita na Câmara o Projeto de Lei
10813/18, que tem como nalidade criar o Programa de Prevenção à
Gravidez Precoce, objetivando a prevenção e a contaminação de DSTs na
adolescência por meio de debates e de campanhas educativas em escolas.
“Quando a escola promove explicações e ações de formação sobre educação
sexual, há uma baixa probabilidade de gravidez precoce e um pequeno
índice de doenças sexualmente transmissíveis”, diz a autora do Projeto, a
deputada Mariana Carvalho (Souza, 2019).
Em síntese, as ações de prevenção da gravidez na adolescência começam
a se inserir com mais efetividade na agenda intersetorial, contando com a
participação e quatro ministérios cujas medidas deverão ser implementadas
até 2022 e encontram-se garantidas em carta compromisso assinada pelos
Ministérios da Saúde, da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos,
Ministério da Cidadania e da Educação (Ministério da Saúde,2019).
Finalmente, inverter os números e prevenir a gravidez na adolescência
requer também informações adequadas sobre a sexualidade, comunicação
uida e permanente entre pais e lhos, alertando-os desde cedo a respeito
dos riscos do sexo sem segurança e de uma gravidez para qual não estão
preparados e que pode trazer para suas vidas muitos embaraços físicos e
emocionais, além dos riscos de o bebê nascer prematuramente e com peso
baixo.
CAPÍTULO 2
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Nesta parte do estudo expõem-se os resultados da pesquisa de campo
realizada junto a (430) adolescentes do ensino médio de uma escola pública
na cidade de Manaus, com o objetivo de colher informações a respeito dos
conhecimentos de adolescentes de uma escola pública na cidade de Manaus
sobre as questões envolvendo a sexualidade e sensibilizá-los a respeito dos
riscos e das consequências de uma gravidez precoce.
A busca dessas informações teve início em maio de 2018, momento em
que foram feitos os primeiros contatos para implementar o projeto de
intervenção e agilizar a coleta das informações almejadas. Obtida a
autorização, em 20 de abril do mesmo ano teve início os trabalhos, inclusive
de aplicação dos questionários. Em 22 de julho de 2018, as atividades foram
encerradas, com sucesso, pois a direção da escola, em todos os momentos, se
mostrou disposta a ajudar neste empreendimento, abrindo espaço para a
obtenção de toda e qualquer informação relativa à temática do estudo. Após
a sistematização dos dados coletados, obteve-se os seguintes resultados:

Grá co 1 – Idade adolescente


Fonte: Pesquisa de campo (2018)

Conforme resultados apresentados pelo grá co 1, 54% dos alunos do


ensino médio da escola têm idade entre 17 e 19 anos.
Sobre esses resultados, vale destacar que o Ensino Médio no país, que
corresponde à etapa nal da Educação Básica, refere-se também a formação
que todos os brasileiros precisam ter para enfrentar com melhores condições
a vida adulta. Conforme os objetivos propostos na Lei de Diretrizes de Bases
da Educação Nacional (LDBEN) para o ensino médio, isso signi ca
assegurar a todos a chance de oportunizar, consolidar e aprofundar os
conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental,
A prática administrativa e pedagógica dos sistemas de ensino e de suas
escolas, as formas de convivência no ambiente escolar, os mecanismos de
formulação e implementação de políticas, os critérios de alocação de
recursos, a organização do currículo e das situações de aprendizagem e os
procedimentos de avaliação deverão ser coerentes com os valores estéticos,
políticos e éticos que inspiram a Constituição e a LDBEN, organizados sob
três consignações: sensibilidade, igualdade e identidade (Brasil, 2018).
O ensino médio tem a duração mínima de três anos. A legislação não
estabelece idade mínima para o acesso ao ensino médio. Contudo, em
decorrência da oferta obrigatória do ensino fundamental dos 7 aos 14 anos,
este acesso pode ocorrer a partir dos 15 anos, sem limite máximo de idade.
As políticas educacionais brasileiras têm direcionado, recentemente,
especial atenção à universalização do ensino fundamental. Na medida em
que essa meta se concretiza, a demanda pelo ensino médio passa a ser
impulsionada. É nesse sentido que a própria legislação prevê progressiva
extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio (art. 4º).
Apesar de assim ser, uma pesquisa realizada pela Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), no ano de 2017
mostra que apenas 53% dos jovens brasileiros encontram-se matriculados
no Ensino Médio até 2015, um índice considerado inferior ao observado nos
34 países membros da OCDE, onde a média de matrícula dos alunos com
idade entre 15 e 16 anos é de 95% (Fajardo, 2017).
Grá co 2 – Sexo adolescente3
Fonte: Pesquisa de campo (2018)

O grá co 2 mostra que a maioria (53%) dos alunos da escola é do sexo


feminino, resultado que assemelha-se a outros estudos sobre a escolarização
feminina, que mostram que as mulheres estão superando os homens na
escola. Dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep, 2009) mostram que a presença feminina
no sistema educacional revela números crescentes, em termos absolutos, em
todos os níveis de ensino. Na comparação com a presença masculina na
Educação Básica, a rma o Instituto, elas representam minoria nas creches e
no Ensino Fundamental, mas são maioria no Ensino Médio.
Segundo um Censo Escolar realizado pelo Inep, em 2007, do total de
31.733.198 alunos do Ensino Fundamental, 5.394.707 ou 48,51% eram
meninas. Já, no Ensino Médio, o percentual de meninas supera o de
homens. Elas representavam 54,7% do total de 8.264.816 alunos (Inep,
2009).
No que se refere ao nível superior, de acordo com estudo do Instituto
Brasileiro de Geogra a e Estatística (IBGE, 2018), como resultado dessa
trajetória escolar desigual, relacionado a papéis de gênero e entrada precoce
dos homens no mercado de trabalho, as mulheres atingem em média um
nível de instrução superior ao dos homens, sendo a maior diferença
percentual por sexo encontra-se no nível ‘superior completo’, especialmente
entre as pessoas da faixa etária mais jovem, de 25 a 44 anos de idade, em que
o percentual de homens que completou a graduação foi de 15,6%, enquanto
o de mulheres atingiu 21,5%, indicador 37,9% superior ao dos homens.
Assim, na educação, as mulheres seguem na frente, conquistando um
nível educacional maior que dos homens. “Os dados mostram que as
mulheres tiveram ganhos educacionais inequívocos no século XX e
superaram cerca de 450 anos de exclusão”, assinala Alves (2010, p. 3),
complementando que a “a análise dos diferenciais entre homens e mulheres,
mostra que o “sexo fraco” está cada vez mais forte, quando o assunto é
escola”.

Grá co 3 – Classe social da família do adolescente


Fonte: Pesquisa de campo (2018)

Com relação à família dos adolescentes, o grá co 3 mostras que 48,1%


são de classe social baixa, uma condição apontada como signi cativa para a
ocorrência da gravidez na adolescência. Nas argumentações de Penha e
Alves (2009), é nas classes mais empobrecidas que se encontram os maiores
índices de fecundidade na população adolescente e isso pode ser atribuído à
falta de informação, de educação sexual e insegurança do adolescente em
utilizar métodos contraceptivos.
A verdade é que os pobres continuam fazendo parte da sociedade
humana, embora os recursos para mudar essa realidade existam. A
incidência da pobreza, a rmam Cimadamore e Siquiera (2006, p. 73) se
constitui em elemento de signi cado considerável, caracterizando o
desenvolvimento do capitalismo periférico. “A sua permanência, num
modelo altamente concentrador, é um elemento a ser considerado no
encaminhamento atual da questão social e do acesso à Cidadania”,
asseveram os autores.
No Brasil, apesar de alguns avanços, estudos mostram que milhões de
pessoas vivem em condições de miserabilidade, sobrevivendo com menos de
R$ 70,00 por mês. “Entre o Brasil e seu acalentado futuro se interpõem com
proeminência a pobreza e a desigualdade, frisa Kerstenetzky (2010, p. 78).
O Estado do Amazonas também faz parte desse panorama. Segundo
dados do Instituto Brasileiro de Geogra a e Estatística (IBGE), 14,4% da
população do estado vive na extrema pobreza. Em 2016, a proporção de
pessoas pobres no estado do Amazonas era de 49,9%, diminuindo para
47,9% em 2017. Quanto ao contingente de pessoas com renda inferior a US$
1,90 por dia (R$ 140 por mês), que estariam na condição de miserabilidade,
de acordo com a linha proposta pelo Banco, representava 13,8% da
população do Estado em 2016 contra 14,4% em 2917 (Diário do Amazonas,
2018).
Um levantamento da Fundação Abrinq, realizado em abril de 2018
revela que no Estado, cinco em cada dez crianças e adolescentes de até 14
anos são provenientes de famílias que vivem em condição de pobreza no
Estado do Amazonas ee os que vivem na extrema pobreza o número chega a
23,6%, sendo, portanto, 890 mil jovens vivendo na extrema miséria e
dependentes de auxílio social como o Bolsa Família (Rodrigues, 2018).
Não restam dúvidas de que a pobreza atinge sobremaneira as crianças e
os adolescentes, grupos etários bastante vulneráveis socialmente. São
milhões de crianças e adolescentes sob situação de pobreza na Amazônia,
com uma grande maioria vivendo em condição de extrema pobreza. A
gravidade do quadro de pobreza e miséria no país, representa, uma grande
preocupação, gerando a necessidade de se re etir sobre sua in uência no
social e, principalmente junto à família (Gomes e Pereira, 2005).
Na cidade de Manaus há intensa concentração de contradições e
contraditórios, uma cidade cujas zonas habitacionais têm sido, ao longo dos
últimos anos, ‘depósitos’ de assentamentos de populações pobres
abandonadas pelo poder público, e tão desiguais entre si, como se houvesse
uma linha imaginária delimitando-as (Pimentel, 2016).
Todas essas condições acabam afetando a população jovem, gerando
desencanto e incerteza quanto ao futuro, e favorecendo não só altas taxas de
gravidez na adolescência, mas também gestação precoce de risco tanto para
a mãe como para o recém-nascido. Como cita Henriques et al. (1989 citado
por Andrade et al. 2011): “O impacto adverso da gravidez precoce emerge
de forma mais clara quando se examina a relação entre educação, pobreza e
maternidade precoce”.

Grá co 4 – Interesse pelo assunto sexualidade


Fonte: Pesquisa de campo (2018)

Com relação ao questionamento sobre se gostariam de receber mais


informações sobre sexualidade, 92% responderam sim, deixando claro que
os adolescentes, por sentirem certa di culdade para expressar seus
sentimentos e percepções sobre a sexualidade, mostram-se dispostos e
abertos às discussões sobre o assunto.
A sexualidade manifesta-se no ser humano como um fenômeno
biológico, psicológico e social, in uenciando seu modo de estar,
compreender e viver o mundo como ser sexuado. É descrito como um
fenômeno plural que não é e não está dado apenas pela natureza. Os
comportamentos e as práticas sexuais, os sentimentos e os desejos estão
inseridos e são in uenciados pela forma como as sociedades se organizam e
pelas relações estabelecidas entre as pessoas que dela fazem parte.
(Brasil.2015).
A sexualidade não signi ca somente sexo: vai muito além disso, envolve
uma gama de experiências de bem-estar gerada por confortos físicos e
emocionais, favorecidos pelo autocontato, carinho, relacionamento com
outras pessoas, toques físicos e assim por diante e o entendimento dessa
magnitude da sexualidade representa um dos aspectos mais importantes
para sua compreensão (Figueiredo, 2005).
A sexualidade humana, ainda que seja assunto complexo e cercado de
muitos tabus, carece ser mais discutido, porque é uma condição que se
manifesta em todas as fases da vida. “A in uência da sexualidade permeia
todas as manifestações humanas, do nascimento até a morte”, salienta
Vitiello (1998, p. 2), enfatizando que apesar disso, no decorrer da história da
humanidade essa in uência foi negada, especialmente por conta de preceitos
religiosos.
Embora nossa civilização tenha, nos últimos séculos, vivido alguns momentos de
maior liberalidade, essa visão distorcida da sexualidade foi a tônica principal, mantida
durante todos esses séculos em que ela vem se cristalizando. Diga-se de passagem que,
mesmo em seus momentos de mais liberdade, o exercício pleno da sexualidade sempre foi
apanágio das pessoas adultas, que veem com maus olhos a sexualidade dos adolescentes,
ridicularizam as manifestações sexuais da terceira idade e negam - ao menos negaram até
a poucas décadas - a sexualidade na infância. De fato, foi necessário que surgisse um
Freud, no apagar das luzes do século XIX, para que “descobríssemos” que a sexualidade
existe e se manifesta, ainda que de formas diferentes, durante toda a duração da vida
humana (Vitiello, 1998, p. 5).

A sexualidade, portanto, ao longo dos tempos, foi sempre marcada por


tabus, proibições e distorções, geralmente restrita a alguns segmentos da
sociedade. Essas di culdades, comenta Amaral (2008, p. 7) não se limitam
apenas às “conversas e orientações, mas também à própria maneira como a
nossa sociedade encara a sexualidade, como estabelece normas e proibições,
como impõe restrições a uma expressão sexual mais livre”.
Ainda assim, na modernidade é patente a necessidade de se discutir
questões relativas à sexualidade, especialmente na adolescência, período em
que as mudanças físicas e psicológicas se intensi cam, fazendo-se
importante que os mesmos recebam orientações a respeito do assunto. Nas
premissas de Marola et al. (2011), os adolescentes têm direito à informação e
à educação em saúde sexual reprodutiva e ter acesso a meios e métodos que
os orientem a evitar as consequências do sexo sem segurança que podem
levar a doenças sexualmente transmissíveis e a uma gravidez inesperada.
Apesar das muitas informações sobre sexualidade vinculadas pela mídia,
conteúdos sobre direitos sexuais e reprodutivos são pouco conhecidos dos
adolescentes, embora sejam sumamente importantes para se pensar na
saúde sexual dessa população jovem, porque muitos adolescentes emitem
conceitos distorcidos sobre o assunto. Além disso é na adolescência que se
consolida a identidade de sexo e gênero e é essa condição que possibilita ao
jovem elaborar sua relação com o fenômeno da diferença, que revela sua
expressão mais nítida na sexualidade (Brilhante e Catrib, 2011; Marola et al.
2011).
Grá co 5 – Sexualidade e sua discussão na escola
Fonte: Pesquisa de campo (2018)

Respondendo ao quesito a respeito da sexualidade ser discutida na


escola, a maioria dos adolescentes (96%) respondeu sim, que a sexualidade
deve ser levada a debate na escola, o que parece indicar que esses
adolescentes sentem di culdade em tratar esse delicado assunto com os pais,
que por sua vez não se consideram aptos para abordar as questões da
sexualidade com os lhos, deixando essa responsabilidade para a escola.
Inserir a sexualidade no contexto escolar requer levar em conta posições
e concepções arraigadas, mas ainda assim, acredita-se que a escola é o
melhor caminho para o estabelecimento de uma educação sexual que tem
como objetivo, além do respeito à livre orientação sexual, em conformidade
com as relações igualitárias de gênero, a construção de um espaço
pedagógico, no qual os conhecimentos cientí cos a respeito do assunto
possam ser apregoados com domínio e propriedade.
Ao apresentar um ponto de vista sobre a discussão das sexualidades no
contexto escolar Furlani, (2009, p. 39) observa que para muitos educadores:
a opção em não discutir as sexualidades e os gêneros pode ser apoiada pela
“providencial” inexistência da temática nos currículos escolares (que justi caria sua recusa
na discussão e o conveniente apego aos conteúdos curriculares propostos). Ou ainda
poderia estar favorecida pela ausência da temática nos seus cursos de formação (o que se
somaria à admitida di culdade pessoal com o assunto).

Conquanto, avalia a autora, que a demanda estudantil e a necessidade de


‘falar do assunto’ revela que temas alusivos à Educação Sexual perpassam as
relações pessoais porque são próprios dos indivíduos e de suas identidades.
Assim, as ‘fugas da discussão “acabam sendo percebidas pelos alunos, como
uma forma de intransigência pedagógica, ou como espelho do despreparo
docente para trabalhar as questões”, sintetiza Furlani (2009, p. 39).
No parecer de Brêtas et al. (2011), se por um lado é dado a família os
papéis diferentes e complementares na orientação dos adolescentes, à escola
cabe complementar o que é iniciado no lar, suprindo lacunas, combatendo
preconceitos, desenvolvendo respeito pelo corpo e pelos sentimentos. Deste
contexto, emerge a importância do professor na função natural de educador
sexual no ambiente escolar, assim como também a necessidade de renovar
continuamente os seus próprios conhecimentos sobre a sexualidade, para
que assim possa cumprir com e ciência a suas atribuições.
Em síntese, uma vez que os Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos já
são reconhecidos como Direitos Humanos em leis nacionais e documentos
internacionais, há que levar em conta a importância da aceitação da
individualidade e da autonomia desse segmento populacional, estimulando-
os a assumir a responsabilidade por sua própria saúde, oferecendo-lhes
acesso à informação de qualidade e às oportunidades e exercer esses direitos
sem discriminação, coerção ou violência, mas baseando-se em decisões
livres e responsáveis sobre a vida sexual e a vida reprodutiva (Brasil, 2015a).
Neste sentido, a sexualidade na adolescência, precisa ser tratado como
um campo fértil para a implementação de ações direcionadas às
particularidades da saúde dessa população, para que tenham acesso aos
serviços de saúde sexual e saúde reprodutiva de qualidade, onde a cultura e
as práticas pro ssionais devem ser transformadas, principalmente no
acolhimento e nas relações de poder, dentro de uma visão promocional de
saúde (Brasil, 2015a).
Grá co 6 – Experiência sexual
Fonte: Pesquisa de campo (2018)

Respondendo a este questionamento, 67% dos adolescentes a rmaram


que já tiveram experiência sexual, um fato que vem se tornando comum
entre os jovens na faixa etária entre 15 e 19 anos, período em que ocorrem
as primeiras experiências amorosas, e uma prática sondada por muitos
estudiosos que investigam a problemática.
Nos comentários de Lara e Abdo (2015b, p. 200):
A tendência atual é de iniciação sexual mais cedo, principalmente em países em
desenvolvimento e quando não se conta com um programa de educação sexual
consolidado nas escolas, como é o caso do Brasil, onde a iniciação sexual está ocorrendo
em adolescentes com 13 anos ou menos.

Muito são os fatores apontados como incentivadores do sexo precoce,


dentre os quais o longo período de tempo que o adolescente ca em casa e
sem ocupação, maior possibilidade de se tornarem sexualmente ativos,
exposição precoce a cenas eróticas, falta de orientação e assim por diante.
“As relações sexuais entre adolescentes são muitas vezes oportunistas e
dependem do tempo que o jovem permanece ocioso ou sozinho em casa”,
enfatiza Lara e Abdo (2015, p. 200).
O começo da vida sexual é sem dúvida um episódio bastante
signi cativo na vida do adolescente, pois como cita Silva (2015, p. 28) “lhe
permite adentrar em um mundo de novas descobertas”. Todavia, práticas
sexuais precoces oferecem riscos, pois podem levar os adolescentes a
situações indesejáveis.
Quando um adolescente inicia sua atividade sexual precoce e não tendo todas as
informações necessárias, para que esse início seja saudável, e maturidade para administrá-
las, ele acaba se expondo a grandes perigos imediatos como a gravidez indesejada, as
Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), abortos clandestinos, Síndrome da Imuno
De ciência Adquirida (AIDS) e problemas futuros como o câncer de colo de útero,
provocado, muitas vezes, pelo papiloma vírus humano (HPV), relacionamentos instáveis e
até mesmo, o não funcionamento correto dos órgãos sexuais, o que não é raro acontecer
com homens que não tiveram uma iniciação sexual correta (Belisse, 2018, p. 3).

Esse são alguns aspectos importantes que caracterizam a sexualidade na


adolescência, havendo também a ênfase colocado no relacionamento físico,
deixando de lado o afeto, a compreensão e a comunicação. Além disso,
conforme Moreeeira et al. (2008, p. 315), “esse despertar da sexualidade na
adolescência”, normalmente vem acompanhado de desinformação, seja
porque os pais não estejam preparados para esclarecer, seja porque se
sentem constrangidos em falar sobre sexo com seus lhos, deixando assim
de transmitir a devida orientação sexual, deixando o adolescente em
desvantagem.

Grá co 7 – Sexo na adolescência e preocupação com o risco de doença


Fonte: Pesquisa de campo (2018)

Conforme expressa o grá co 8, a maioria dos adolescentes (55%)


a rmou ter receio de contrair doença em uma relação sexual, uma
possibilidade real em caso de sexo sem segurança e muito negligenciada
pelos adolescentes
Conforme Lara e Abdo (2015, p. 507), embora o sexo seja uma condição
essencial, a segurança não pode ser descuidada. “Infelizmente, essa regra
não é adequadamente observada pelos adolescentes, como podemos inferir
através de dados epidemiológicos”, salientam as autoras, assinalando a
relevância da orientação desse segmento sobre a existência de
comportamentos sexuais de risco e a respeito de práticas sexuais seguras.
Grá co 8 – Percepção das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)
Fonte: Pesquisa de campo (2018)

Questionados sobre se já haviam ouvido falar de Doenças Sexualmente


Transmissíveis (DST), conforme grá co 9, a maioria (98%) respondeu que
sim, ou seja, já possuíam alguma informação sobre estas doenças.
As Doenças Sexualmente Transmitidas (DSTs), que no passado eram
conhecidas como doenças venéreas referem-se a enfermidades infecciosas,
causadas por mais de trinta agentes etiológicos (vírus, bactérias, fungos e
protozoários, transmitida sobretudo por meio do contato sexual sem
proteção, com algumas possuindo alta taxas de incidência e prevalência e
com complicações graves como o HIV, Sí lis, Hepatites virais (Brasil. Em
2001, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou a mudança do
termo DST para Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), com a
nalidade de enfatizar as infecções assintomáticas (, 2015b).
As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) são consideradas como
um dos problemas de saúde pública mais comuns em todo o mundo. A
Organização Mundial da Saúde (OMS) estima em mais de um milhão de
casos novos de IST por dia no mundo. Ao ano, ocorrem cerca de 357
milhões de novas infecções, entre clamídia, gonorreia, sí lis e tricomoníase
(Sociedade Brasileira de Pediatria, 2018).
A presença de uma IST, como sí lis ou gonorreia, aumenta
consideravelmente o risco de se adquirir ou transmitir a infecção por Vírus
da Imunode ciência Humana (HIV). Em especial, a sí lis na gestação leva a
mais de 300 mil mortes fetais e neonatais por ano no mundo, e coloca um
adicional de 215 mil crianças com maior risco de morte prematura
(Sociedade Brasileira de Pediatria, 2018).
Os riscos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) na adolescência
encontra-se associado ao início precoce da vida sexual. Embora as
informações a respeito das Doenças Sexualmente Transmissíveis sejam
acessíveis na atualidade, especialmente por conta das redes sociais, os jovens
no país não mostram preocupação com as formas de prevenção e um dos
agravos mais preocupantes neste sentido são a Aids e a sí lis.
Segundo um relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância
(Unicef), no ano de 2017, a cada hora, cerca de 30 adolescentes entre 15 e 19
anos foram infectados pelo HIV no mundo. Desses, dois terços eram
meninas. No Brasil, os efeitos mais graves da epidemia de Aids recaem sobre
os adolescentes. Entre 2044 e 2015, o número de novos casos entre meninos
e meninas de 15 a 19 anos aumentou 53% (Nações Unidas, 2018b).
O Estado do Amazonas e sua capital Manaus encontram-se em terceiro
lugar entre os Estados e Municípios brasileiros com maior índice de
HIV/Aids, conforme dados divulgados pela Coordenação Estadual de
IST/Aids e Hepatites Virais vinculada à Fundação de Medicina Tropical. Os
dados informam que entre 1986 e 2016 foram registrados 15.149casos no
Amazonas, sendo 12.179 somente em Manaus, que concentra 80,39% das
noti cações, seguida da cidade de Parintins, com 265 casos (1,74%),
Tabatinga com 248 casos, Itacoatiara, com 157 casos e Tefé 155 casos. A
situação mostra-se preocupante e revela um aumento dos registros da
doença entre adolescentes e jovens entre 15 e 19 anos, que nos últimos cinco
anos o número de caos foi de 2.934 no estado, sendo 2.557 em Manaus, que
atingiu um percentual de 87,15% (Jornal A Crítica, 2017).
No que se refere à sí lis, uma doença sexualmente transmissível que
continua con gurando-se como grave problema de saúde pública, atingindo
diversas faixas de idade,
O Brasil vive um período de aumento dos casos de sí lis nos últimos
anos. No período de 2010 a junho de 2017, foram noti cados no Sinan um
total de 342.531 casos de sí lis adquirida. As noti cações de indivíduos nas
faixas de 13 a 19 anos e 20 a 29 anos vêm apresentando tendência de
aumento desde 2010. Entre 2010 e 2016, o incremento no percentual da
faixa etária de 13 a 19 anos foi de 39,9% e na faixa etária de 20 a 29 anos foi
de 13,8% (Brasil, 2017b).
Grá co 9 – Uso de preservativo
Fonte: Pesquisa de campo (2018)

Respondendo ao questionamento sobre uso de preservativo, 60% dos


adolescentes a rmam que sim, que fazem uso de preservativo em suas
relações sexuais, mas um percentual considerável (40%) respondeu que não,
demonstrando pouca preocupação com o uso de preservativo, como a
camisinha, um método seguro, de baixo custo e de fácil acesso. A situação é
inquietante porque esses jovens podem contribuir para a disseminação e
aumento das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
O Ministério da Saúde vem tentando conscientizar e estimular o uso de
preservativo. Tendo como foco especialmente os jovens entre 15 e 24 anos, o
Ministério da Saúde vem desenvolvendo campanhas em conjunto com as
secretarias estaduais e municipais de saúde, por ocasião de eventos
especí cos, como shows e festas regionais, porque pesquisas apontam que o
uso do preservativo não é consistente entre os mais jovens, embora o nível
de informação seja elevado em relação à forma de prevenção das doenças
sexualmente transmissíveis (Brasil, 2019c).
Grá co 10 – Uso de contraceptivo
Fonte: Pesquisa de campo (2018)

Conforme grá co 11, 80% a rmaram que não fazem uso de


contraceptivo, uma condição preocupante porque essa negligência pode
abrir espaço para uma gravidez indesejada. Conforme a Federação Brasileira
das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo, 2017), adolescentes
com idade entre 15 e 19 anos apresentam menor conhecimento e menor
taxa de utilização de métodos contraceptivos. Diante disso, há que haver
aconselhamento holístico, levando em conta aspectos da saúde reprodutiva e
sexual e possibilitar oferta de todos os métodos anticoncepcionais
disponíveis.
Lamentavelmente ainda prevalecem inúmeras barreiras ao uso correto
dos contraceptivos entre adolescentes, como a falta de conhecimento,
aconselhamento inadequado, tabus socioculturais, restrições legais e atitudes
moralistas quanto a sexualidade nesse grupo etário, mesmo entre
adolescentes que escolhem ou desejam um método contraceptivo
(Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, 2017).
Grá co 11 – Percepção sobre gravidez na adolescência
Fonte: Pesquisa de campo (2018)

Conforme mostra o grá co 12, 56% considera a gravidez na adolescente


como um desa o. Esse resultado mostra que muitos adolescentes sabem que
esse fenômeno pode provocar mudanças signi cativas em suas vidas.
Um estudo de abordagem qualitativa realizado por Zanchi et al. (2016)
junto 34 jovens de estrato socioeconômico baixo, que já eram mães, mostrou
que a vida dessas jovens antes da gravidez era heterogênea nos aspectos
sociais, laborais e estudantis e que após a maternidade sofreu profunda
transformação, passando pela recon guração da liberdade, perdas de
relacionamento, abandono dos estudos, privação da vida social até ao
estigma da maternidade compreendida como precoce.
Logo, a gravidez representa de fato um desa o na adolescência,
especialmente se a jovem for proveniente de camadas pobres da sociedade e
uma das consequências é a alteração dos projetos de vida e o abandono da
escola, que limita suas oportunidades de aprendizagem, deixando-a com
baixo nível educacional, uma situação que restringirá sua entrada no
mercado de trabalho que, por consequência, agravará sua condição de mãe
solteira.
Conforme Villalobos-Hernández et al. (2015, p. 136), isso mostra que a
gravidez precoce potencializa as di culdades das adolescentes para lidar
com situações do cotidiano, como as relacionadas com o desenvolvimento
escolar e o futuro trabalho. “Essa condição exacerba as desigualdades de
gênero e a precariedade, principalmente entre as mulheres”, assinala a
autora.
Grá co 12 – Gravidez na adolescência e reação da família
Fonte: Pesquisa de campo (2018)

Questionados sobre como a família reagiria em caso de uma gravidez


precoce, como mostra o grá co 13, 43% respondeu que a reação seria de
decepção.
A gravidez sem dúvida pode gerar muitos con itos familiar, geralmente
porque a jovem não se encontra ainda preparada física e emocionalmente e
nem economicamente para encarar uma gestação e cuidar do bebê. Assim
sendo, tão logo a gravidez se torna pública ocorre uma reação imprevisível
da família que pode ser de tristeza, raiva ou até mesmo de alegria.
Dando um parecer sobre a questão Silva et al. (2014) comenta que para a
família, o fato de ter uma lha adolescente solteira grávida pode ser
impactante, uma experiência marcada por sentimentos diversi cados, que
vai da alegria, surpresa, até raiva, decepção, culpa e questionamentos do tipo
‘Porque isso aconteceu? ’, ‘Onde foi que eu errei?’, Será que dei liberdade
demais para minha lha?’, ‘Será que não conversei su cientemente com
ela?”, e assim por diante.
Segundo Maranhão (2018) a situação torna-se ainda mais complicada
quando não existe vínculo consolidado entre a adolescente e o pai da criança
Quando isso acontece, esclarece a autora, a revelação da gravidez pode ser
um momento tenso pela possibilidade de punições rígidas por parte dos
pais.
Grá co 13 –Avaliação do Projeto de Intervenção
Fonte: Pesquisa de campo (2018)

Conforme o grá co 14, a maioria dos adolescentes (84%) avaliou o


Projeto de Intervenção Prevenir é melhor que remediar: prevenção da
gestação precoce no ambiente escolar, aplicado na escola como ótimo,
signi cando boa aceitação das atividades desenvolvidas que abrangeu
atividades de conscientização, educação e orientação da população
adolescente da comunidade escolar, a respeito da sexualidade, doenças
sexualmente transmissíveis, contraceptivos e preservativos e gravidez
precoce, por meio de palestras, desenvolvimento de dinâmica de grupo e
psicodinâmica para discutir os assuntos propostos e realização de
dramatizações para mostrar as consequências de uma gravidez na
adolescência, visando situações de re exão nas adolescentes.
Trabalhar com adolescentes, comenta Moreira et al. (2008) representa
um enorme desa o, uma vez que signi ca desvendar um mundo repleto de
subjetividade e contradições. Desse modo, os pro ssionais que se lançam
nesta jornada necessitam ter uma visão mais apurada, detalhada e
sensibilizada, para que assim possam aplicar com e ciência as ações
pretendidas e criar outras para alcançar os objetivos que demandam
minimizar as complexidades que afetam os adolescentes, que segundo
Gomes e Caniato (2016), oscilam entre a condição de dependência e a busca
por autonomia, têm suas bases narcísicas afetadas pelas transformações
corporais, embaraçam-se nos con itos entre o discurso familiar e social,
buscam continuamente formas para representarem-se junto aos outros, além
do núcleo familiar, precisam reposicionar-se frente às identi cações
estabelecidas na infância e as referências simbólicas da cultura, responsáveis
pela formação de novos investimentos pulsionais.
Todavia, todos os con itos e manifestações que afetam os adolescentes
merecem ser compreendidos, cabendo aos pro ssionais e a todos os que
convivem com esses jovens, despojar-se da visão preconceituosa que trata
esse período de transição para a vida adulta como uma fase conturbada,
crítica e violenta. Como frisa Martins (2010, p. 2), por trás de manifestações
tão singulares como rebeldia ou isolamento, há inúmeros processos
psicológicos capazes de organizar esse turbilhão de sensações e sentimentos.
“A adolescência é como um renascimento, marcado, dessa vez, pela
revisão de tudo o que foi vivido na infância”, salienta a autora.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A experiência da maternidade na adolescência tem sido considerada
como preocupante problema de saúde pública no Brasil, um enorme desa o
para as jovens cujas consequências são riscos para a saúde, desajustes
familiares, abandono escolar e di culdades de inserção no mercado de
trabalho e dentre as causas que tornam as adolescentes vulneráveis a este
evento, destaca-se o início precoce da vida sexual sem o devido
conhecimento dos métodos contraceptivos, embora viva-se na atualidade
em meio a grande quantidade de informações sobre a sexualidade.
O presente estudo, tendo como ponto de partida o Projeto de Intervenção “Prevenir é
melhor que remediar: prevenção da gestação precoce no ambiente escolar”,
teve como objetivo geral avaliar os conhecimentos de adolescentes de uma
escola pública na cidade de Manaus, sobre as questões envolvendo a
sexualidade, observando seus posicionamentos acerca da gravidez precoce.
A pesquisa foi feita com base em um referencial teórico e uma pesquisa
de campo que possibilitaram interpretar e compreender a questão em
diferentes contextos e sempre no plano da descoberta. No Plano teórico,
duas linhas de ação foram concebidas.
A primeira delas focaliza as ideias e conceituações sobre a adolescência,
dentro de um contexto histórico e sob o signo da modernidade. Na segunda
linha estão as teorias que mostram a adolescência e a sua relação com a
sexualidade, a gravidez, os riscos das doenças sexualmente transmissíveis e
as formas de prevenção.
Nesta perspectiva, no campo teórico veri cou-se que a adolescência em
sua trajetória histórica passou por rituais que já não existem mais, sendo, ao
longo dos tempos, amplamente estudada em suas características
comportamentais. Em tempos mais atuais, a adolescência, que tem sido
interpretada de inúmeras maneiras, é vista como a fase da transformação
física e psicológica; período de intensa instabilidade e con ito; época de
emotividade, de estresse aumentados, de irritações exacerbadas, sentimentos
profundos que sofrem constantes oscilações; fase em que a criança se
defronta com novas situações, novo corpo e com transformações
incontroláveis que a assustam e ao mesmo tempo a impulsionam a novas
descoberta, inclusive de si mesma.
E meios às transformações corporais, os adolescentes são impulsionando
ao envolvimento sexual, disposto a testar suas novas capacidades e reações,
muitas vezes com total despreocupação para com as conseqüências
imprevisíveis, como uma gravidez, que marca profundamente a vida da
jovem, decretando o m dos planos da juventude, e até mesmo colocando-
os sob os riscos das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
No contexto da pesquisa de campo, os dados colhidos revelaram que
54% dos alunos do ensino médio da escola têm idade entre 17 e 19 anos;
53% (a maioria) do sexo feminino e 48,1% são oriundos da classe social
baixa.
Com relação ao posicionamento dos adolescentes a respeito da
sexualidade, os resultaram mostram que 92% gostariam de receber mais
informações sobre a temática; 96% são a favor do assunto (sexualidade) ser
discutido na escola; 67% a rmaram já ter tido experiência sexual e 55%
apresentaram receio de contrair doença em uma relação sexual.
Sobre os conhecimentos dos adolescentes a respeito das Infecções
Sexualmente Transmissíveis (IST), 98% responderam que tinham alguma
informação a respeito dessas enfermidades. Quanto ao uso de
preservativo/contraceptivo, 60% a rmaram que fazem uso preservativo, mas
uma parcela considerável (40%) respondeu que não faz uso. No que se refere
ao uso de contraceptivo, 80% responderam negando o uso desse método de
proteção à gravidez.
Quanto a visão dos adolescentes a respeito da gravidez precoce, 56%
considera a gravidez como um desa o. Sobre como a família reagiria em
caso de uma gravidez precoce, 43% respondeu que a reação seria de
decepção.
No que diz respeito à avaliação do Projeto de Intervenção “Prevenir é
melhor que remediar: prevenção da gestação precoce”, 84% quali cou como
ótimo, signi cando boa aceitação das atividades desenvolvidas.
Deste modo, conclui-se que diante do fato da maioria das adolescentes
ter a rmado que não fazer uso de contraceptivo e os adolescentes de ter
pouca preocupação com o uso de preservativo e ambos reconhecem a
gravidez precoce como um grande desa o, vendo nisso uma decepção para
suas famílias, pertencentes a camada pobre da sociedade, que geralmente
lutam com grande di culdade no campo nanceiro, é sumamente
importante oferecer oportunidade para o favorecimento do protagonismo
dessa população por meio de ações de prevenção, de orientação e
conscientização, ressaltando a importância do comportamento sexual
seguro, responsável, para que possam precaver-se contra as infecções
sexualmente transmissíveis e proteger-se de uma maternidade em condições
adversas, marcada por muitos embaraços.
Quanto às recomendações, tendo em conta a relevância dos assuntos que
envolvem a adolescência, sugere-se o desenvolvimento de estudos que
investigue a adolescência no campo da saúde, a adolescente e a evasão
escolar, e a adolescência frente aos riscos das doenças sexualmente
transmissíveis como o HIV, a sí lis.
APÊNDICE 1
PROJETO DE INTERVENÇÃO:
PREVENIR É MELHOR QUE REMEDIAR:
PREVENÇÃO DA GESTAÇÃO PRECOCE NO
AMBIENTE ESCOLAR
INTRODUÇÃO
Adolescência é considerada como uma fase complexa do
desenvolvimento humano, por desencadear alterações hormonais,
psicológicas, físicas e sociais que associados as experiências individuais,
contribuem para a construção da personalidade.
Assim sendo, a precocidade da sexualidade neste período da vida, requer
um aumento no cuidado relacionado às mudanças dos padrões de
comportamento no que tange ao começo e à frequência da relação sexual,
uma vez que isso pode acarretar, além de riscos de doenças sexualmente
transmissíveis, uma gravidez indesejada.
Apesar dos transtornos físicos, emocionais e sociais que acarreta, a
incidência da gestação na adolescência aumentou progressivamente nos
últimos anos, fato este atribuído, dentre outros fatores, a elevação da taxa de
fecundidade entre adolescentes, principalmente na faixa etária entre15 a 19
anos, e início precoce da atividade sexual. As consequências da gravidez não
planejada são muitas, como o aumento do número de abortos, de
complicações durante a gestação, aumento dos gastos em saúde e assim por
diante.
Além disso, a concepção de um lho não planejado traz consigo
con itos emocionais, sociais, físicos, econômicos e familiar, porque a relação
com o parceiro, na maioria das vezes também imaturo, di culta a
convivência. Outra grande di culdade que envolve a questão é o abandono
escolar e a entrada prematura no mercado de trabalho, uma condição que
acaba perpetuando o ciclo de pobreza, uma vez que uma parcela
signi cativa dessas adolescentes pertence à classe social mais baixa.
Deste modo, a gravidez na adolescência, enquanto problema de saúde
pública, vem sendo objeto de estudo de inúmeros pesquisadores os quais
destacam fatores preponderantes e correlacionados ao tema destacando a
baixa escolaridade das adolescentes grávidas, os riscos inerentes a gravidez
precoce e sobre a importância da prevenção.
São estas questões que se pretende pôr em discussão neste projeto de
intervenção que visa primordialmente elevar o conhecimento sobre as
consequências e os riscos de uma gravidez precoce. Este projeto foi
elaborado a partir da constatação da ausência de informações sobre a
prevenção da gravidez no ambiente escolar e escassez de programas públicos
efetivos na cidade de Manaus. A partir, portanto, desta descoberta, teve-se a
intenção de levar para o ambiente escolar informações capazes de
sensibilizar as alunas a respeito dos cuidados com a saúde, do sexo seguro e
dos riscos que uma gravidez precoce acarreta.

JUSTIFICATIVA
Ainda que se vislumbre um cenário de redução, a gravidez na
adolescência permanece sendo uma realidade preocupante no Brasil. No
Estado do Amazonas, dados do Sistema de Informações Governamentais do
Estado do Amazonas mostram que até dezembro de 2018, 14.378 meninas
com idade entre 15 e 19 anos deram à luz. Desse total, 988 eram garotas na
faixa etária entre 10 e 14 anos (A CRÍTICA, 2018).
É dentro dessa problemática que se busca implementar projeto de
intervenção que visa primordialmente elevar o conhecimento sobre as
consequências e os riscos de uma gravidez precoce. O interesse e/ou os
motivos que levaram ao desenvolvimento da temática, parte do pressuposto
de que diante do número signi cativo de adolescentes grávidas, há que se
fomentar iniciativas que promovam ampliação de conhecimentos sobre as
questões, além de um trabalho de monitoramento contínuo.
A prevenção e a informação são importantes estratégias neste sentido,
pois como a rmam os teóricos, é preciso discutir mais a respeito do
problema, quebrar tabus que ainda envolvem a questão, mostrar a
importância do sexo seguro, do uso dos métodos anticoncepcionais, que não
apenas protege a jovem de uma gravidez indesejada, como também a
mantém protegida das DSTs e Aids.

OBJETIVOS
Geral: implementar projeto de intervenção visando avaliar e
elevar o conhecimento sobre as consequências e os riscos de
uma gravidez precoce.
Especí cos

Promover a realização de atividades de conscientização, educação


e orientação da população adolescente da comunidade escolar
sobre a saúde, o sexo seguro e o uso de contraceptivos, por meio
de palestras;
Orientar as adolescentes sobre os problemas clínicos e sociais de
uma gravidez precoce;
Sensibilizar as adolescentes quanto a importância da prevenção
das gravidezes;
Estabelecer parceiros na Área da Saúde e Educação para promoção
de ações com vistas a prevenção da gravidez precoce;
Desenvolver dinâmicas de grupo e psicodinâmica para discutir a
sexualidade e a gravidez na adolescência em sala de aula, pedindo
que cada uma das participantes se posicione quanto ao assunto;
Promover dramatizações para mostrar as consequências de uma
gravidez precoce, visando situações de re exão nas adolescentes.

PÚBLICO ALVO
As participantes do projeto serão alunas do Ensino Médio de uma escola
pública na cidade de Manaus, com idade entre 15 e 19 anos.
METODOLOGIA
Pretende-se trabalhar atividade que possibilitem a participação de todas
as alunas, fazendo uso de métodos e recursos que estimulem o interesse pelo
assunto e que promovam uma re exão sobre os riscos e problemas advindos
de uma gravidez na adolescência, estimulando o interesse pelas formas de
prevenção e pelo cuidado com a saúde, fazendo uso de palestras, materiais
didáticos, prospectos, vídeo com a temática sexualidade na adolescência e
dramatizações.
Far-se-á também usa da aplicabilidade modular ministrado um dia por
semana, utilizando atividades lúdicas embasadas na literatura seguindo os
preceitos do Ministério da saúde, no que diz respeito a prevenção.

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
As intervenções serão realizadas em uma escola pública na cidade de
Manaus, Estado do Amazonas e contará com o apoio de educadores do
ensino médio ee de um pro ssional da Atenção Básica de Saúde,
devidamente habilitados para intervir junto aos adolescentes cuja
participação voluntária, será fundamentalmente importante para aumentar
o nível de informações e conhecimento sobre a gravidez precoce, a saúde
sexual e reprodução, métodos contraceptivos e prevenção das doenças
sexualmente transmissíveis (DSTs).
A proposta do grupo operativo será de levar para o ambiente escolar a
discussão sobre sexualidade, doenças sexualmente transmissíveis, uso de
contraceptivo e preservativo e gravidez precoce, tendo como estratégias a
realização de atividades de conscientização, educação e orientação da
populaçã o adolescente da comunidade escolar, por meio de palestras,
desenvolvimento de dinâmica de grupo e psicodinâmica para discutir os
assuntos propostos e realização de dramatizações para mostrar as
consequências de uma gravidez precoce, visando situações de re exão nas
adolescentes.

DETALHAMENTO DOS MÓDULOS DE ENSINO


Módulo I – Apresentação do projeto
A apresentaçã o do Projeto de Intervençã o pedagógica para os Docentes
e ou pro ssionais da Atençã o Básica de Saúde (UBS) e alunos, seguira os
seguintes parâmetros:
- Encaminhamento via correio eletrô nico, de uma carta de apresentaçã o
às famílias, a m de informar previamente sobre o conteúdo do projeto e
convidá-las para um encontro presencial, onde será explicitado a
importância da abordagem envolvendo gravidez na adolescência no âmbito
escolar e a fundamental participaç ão da família na sua prevenção;
- Coletar a assinatura do responsável, como forma de respaldo, conforme
instruções da Lei 13.798, de 3 de janeiro de 2019. Juntamente como
Ministério da Saúde, Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, o
Ministério da Cidadania e o Ministério da Educaçã o rmaram um
compromisso, por meio de uma carta, de prevençã o da gravidez na
adolescência.

Módulo II – “Sei ou não sei, eis a questão”


Implantaçã o de um questionário Investigativo para conhecer o nível de
conhecimento e as experiências individuais das alunas envolvidas quanto a
reproduçã o humana, saúde sexual, direitos reprodutivos e sexuais por meio
de questõ es fechadas aplicadas em formato de questionário.
Aplicabilidade Metodológica
- Responder o questionário sem identi caçã o, a m de avaliar o nível de
conhecimento a respeito da saúde sexual e direitos reprodutivo;
- Apresentação de vídeo com a temática sexualidade e adolescente;
- Proporcionar uma integraçã o entre os participantes;
- Levantar os questionamentos e propor uma discussão sobre o tema
exposto.
QUESTIONÁRIO DIAGNÓSTICO

Sabe a diferença entre sexo e sexualidade?


Gostaria de receber mais informações sobre sexualidade?
Na sua opinião o assunto sexualidade deve ser discutido na escola?

Está preparado para assumir uma paternidade ou maternidade na adolescência?

Já teve relações sexuais?


Usou algum método contraceptivo?

Acha que a mulher e o homem têm a mesma responsabilidade para prevenir uma
gravidez indesejada?
É possível pegar alguma doença fazendo sexo?

Já ouviu falar nas DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis)?

Sabe qual é o único método contraceptivo que previne a gravidez e as DST?

Módulo III – Conhecendo os meus direitos


Abordagem dos Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos.
Aplicabilidade Metodológica: Dramatização

Leitura de textos explicativos com abordagem esclarecedora sobre


a temática, descrito pelo Ministério da Saúde;
Colocar em pauta Casos ou histórias, para debate, pontuando
questões que foram discutidas e respondidas nos grupos;
Registrar as percepções dos relatantes alusivas aos direitos sexuais
e direitos reprodutivos dentro do quadro demonstrativa,
enfatizando o que é de direito e os compromissos relacionados as
suas atitudes.

Exemplo:
Direitos Deveres

Ter quantas relações sexuais desejar. Evitar uma gravidez não planejada e prevenir-se das
Preparar-se para ter relações DST/aids.
sexuais. Planejar o melhor momento
Escolher o parceiro. Frequentar os serviços de saúde da sua Comunidade.
Decidir o melhor momento para Fazer anticoncepção (utilizar métodos
engravidar. anticoncepcionais e cazes).
Sugestões de histórias com enfoque comportamental para serem
dramatizadas e discutidas.

História 1

Em uma balada, Luiza (16 anos) e joão (19 anos) se conheceram e começaram a car.
Continuaram cando e se relacionaram sexualmente sem camisinha por algumas vezes. Após
alguns meses, João soube que uma das suas ex namoradas contraiu HIV e veio a falecer. João
se desesperou e contou para Luiza. O que eles farão agora?

História 2

Marcelo, 16 anos e Maria, de 17 anos, são colégas de colégio e namoram há dois ano. Ele
não sabe se vai terminar os estudos e tentar o vestibular ou se começa a trabalhar. Há uma
semana, Maria lhe contou que acha que está grávida. Agora, Marcelo tem que tomar uma
decisão em sua vida. Qual a melhor solução para Maria e para Marcelo na sua opinião?

História 3

As best forever Marisa e Jacqueline de 14 e 15 anos, decidiram iniciar a atividade sexual e


fazer uso de anticoncepção. Marcaram uma consulta no ginecologista para tirarem algumas
dúvidas. O médico questionou se os pais sabiam desta consulta, já que as meninas tinham
pouca idade. Diante a negativa, desestimulou-as a prática sexual e a uso de anticoncepcional.
E ai, o que fazer???

História 4

O aluno Ricardo, 15 anos, que procura seu professor para pedir ajuda, porque, sua
camisinha estourou durante sua transa com Marília
O professor pediu que ele procurasse o serviço de saúde . O médico que o atendeu, disse-
lhe que não havia nada a ser feito a não ser rezar para que Marília não tenha engravidado.
Orientou que ele mandasse Marília a procurar o serviço de saúde, caso a menstruação atrase. O
que vocês fariam neste caso? .

Módulo IV – Mito x Realidade


Integralidade dos participantes, proporcionando uma reflexão
desmistificando os anticoncepcionais, concepçã o e doenç as
sexualmente transmissíveis.
Aplicabilidade Metodologia: Vídeo

Apresentando os mé todos contraceptivos;


Vantagens e desvantagens dos principais mé todos hormonal,
cirúrgico natural e barreira químico;
Pílula do dia seguinte: quando e como usa-la;
Roleta giratória pedagógica: perguntas diversas sobre as temáticas
abordadas até então, proporcionando interação por ser realizadas
em grupos divididos por eles.

Módulo V – “Não se coloque em risco”


Doenç as Sexualmente Transmissíveis.
Aplicabilidade Metodologia

Apresentar dados estatístico sobre doenças sexualmente


transmissíveis;
Palestra sobre AIDS, HIV;
Importância da vacinação anti-HPV;
Convidar Integrantes de grupos que estão em tratamentos ou
fazem parte da equipe de apoio ao paciente soropositivo.

Módulo VI – “Quem não conhece, não se previne”


Riscos da gravidez adolescente indesejada.
Prevenção da gravidez indesejada - Mãe adolescente.
Aplicabilidade Metodológicas
Apresentar dados estatístico sobre os riscos de gravidez
adolescente;
Palestra com pro ssional dos centros de apoio á gestante e ou
pro ssional da saúde da mulher – Abordar a temática Gravidez de
risco;
Musicalidade: Paródias;
Selecionar músicas cujas letras abordem a temática;
Ouvir a música e ser o interlocutor para despertar o interesse pelos
direitos sexuais e Direitos reprodutivos.

Módulo VII – “Mamãe eu quero...”


Mãe adolescente - Cuidados mamãe bebê.
Aplicabilidade Metodologia: Vídeo

Documentários sobre gravidas na adolescência;


Palestra pro ssional da UBS sobre cuidados com o bebê e
programas de acompanhamento gestacional;
Verbalização e re exões sobre o documentário;
Leitura de casos – Dramatização – “Elas serão os personagens”;
Aplicar questionário para avaliar o conhecimento adquirido;;
Como elas agiriam se fosse a menina do caso apresentado;
QUESTIONARIO PÓS-PROJETO

Sabe a diferença entre sexo e sexualidade?


Achou importante obter conhecimentos sobre sexualidade?
Na sua opinião o assunto sexualidade deve ser discutido na escola?
Reconhece a responsabilidade de assumir uma paternidade ou maternidade na
adolescência?
Achou importante obter informações sobre os métodos contraceptivos?
É possível pegar alguma doença fazendo sexo?
Achou importante obter informações sobre as DSTs (Doenças Sexualmente
Transmissíveis).
Qual é o único método contraceptivo que previne a gravidez e as DSTs?
Conhece os riscos de uma gravidez na adolescência.
Acha que projetos sobre Saúde Sexual e Reprodutiva devem ser desenvolvidos
sempre na escola?

RESULTADOS ESPERADOS
Espera-se com este projeto de intervenção promover maior
conhecimento sobre a prevenção da gravidez na adolescência, bem como
também a respeito da sexualidade e das doenças sexualmente transmissíveis,
visando empoderar a adolescente, despertando nela o pensamento crítico e
favorecendo subsídios informativos para que possa tomar decisões
conscientes e responsáveis relacionados a sua sexualidade.
Assim, a intenção é promover conscientização comportamental
relacionada a sexualidade, planejamento do uso de contraceptivos,
planejamento reprodutivo e sexo seguro, para que a adolescente aprenda a
responsabilizar-se pelas ações que possam repercutir física, social e
emocionalmente em sua vida, como é o caso de uma gravidez precoce.
Finalmente, é de fato preocupante o início da atividade sexual precoce.
Requer maior cuidado por parte dos pro ssionais da educação, saúde em
conjunto com as famílias no intuito de promover informações precisas
permeados na siologia e anatomia humana.
REFERÊNCIAS
Jornal A crítica – Editorial. Gravidez na infância e adolescência.
Manaus, dezembro de 2018. Disponível em: https://www.acritica.com/opinions.
Acesso em 28 de janeiro de 2019.
APÊNDICE 2
QUESTIONÁRIO APLICADO ÀS ADOLESCENTES
Esta é uma pesquisa para conhecer a sua opinião a respeito de assuntos
relacionados à gravidez precoce. Seu objetivo, puramente acadêmico, visa
atender as exigências de um Projeto de Intervenção. Este questionamento é
con dencial, não sendo necessário que você se identi que, mas sua
franqueza é sumamente importante.
I. Per l do entrevistado

Idade:
Escolaridade/Série
Sexo
Per l familiar do adolescente

Classe alta ( ) Classe média ( ) Classe baixa ( )


II. Questões
1) Gostaria de receber mais informações sobre sexualidade?
a) Sim ( ) b) Não ( )
2) Na sua opinião o assunto sexualidade deve ser discutido na escola?
a) Sim ( ) b) Não ( )
3) Já teve relações sexuais?
a) Sim ( ) b) Não ( )
4) Já ouviu falar em Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)
a) Sim ( ) b) Não ( )
5) Usou algum método contraceptivo?
a) Sim ( ) b) Não ( )
6 Faz uso de preservativo?
a) Sim ( ) b) Não ( )
7) Voce se preocupa com a possibilidade de pegar alguma doença
fazendo sexo?
a) Sim ( ) b) Não ( )
8) O que você acha da gravidez precoce?
a) Um fato normal ( ) b) Uma complicação ( ) c) Um desa o ( )
9 ) Como acha que sua família reagiria em caso de você engravidar
enquanto uma adolescente?
a) Com naturalidade ( ) b) Com alegria ( ) c) Com tristeza ( ) d) Com
decepção ( )
10) Como voce avalia o projeto de intervenção?
a) Ótimo ( ) b) Bom ( ) c) Insu ciente ( ) d) Ruim ( )
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1 Efebo é uma palavra grega que signi ca adolescente. Ainda que na Grécia Clássica estava
destinado seu uso aos Varões Atenienses de 18 a 20 anos, que eram instruídos na efebeia uma
espécie de serviço militar (DICIONÁRIO INFORMAL, 2016).
2 Como muitos estudiosos da época, que se inspiravam na idéia evolucionárias de Darwin, Stanley
Hall, Psicólogo e educador norte-americano, acreditava que o desenvolvimento individual de toda
criança repete toda a história evolucionária da espécie humana. Segundo este estudioso, a segunda
infância corresponde a um período antigo do desenvolvimento histórico, quando a razão humana, a
moralidade, os sentimentos de amor por outras pessoas e a religião eram subdesenvolvidos se
comparados aos padrões modernos. Hall acreditava que só quando os jovens atingissem a
adolescência conseguiriam ir além do passado biologicamente predeterminado (Cole e Cole, 2003).
3 A síndrome do ninho refere-se ao estado de hiperatividade, muito frequente nas últimas semanas
de gravidez, especialmente em mulheres que serão mães pela primeira vez. Estas grávidas se
empenham em fazer todo tipo de trabalhos de casa, que anteriormente nunca tinham feito, para que
o bebê chegar tudo esteja ‘preparado’. Assim, elas limpam tetos, o chão, arrumam os armários, pintam
os quartos de cores diferentes, e assim por diante (Medina, 2019).
4 Trata-se de uma sensação alterada do olfato, normalmente dando a sensação de cheiros estranhos
ou desagradáveis
5 Perda do olfato

Prematuridade Depressão e psicose Educação sobre sexualidade e saúde


Pequeno para idade puerperal Abandono do RN reprodutiva
gestacional; em instituições Embasamento: cientí co, valores éticos e
Baixo peso (retardo Rejeição do RN do convívio direitos humanos Informações: contracepção,
intrauterino); familiar; questões de

Biológicos

Para o Recém- Nascido

Binômio adolescente- lho

Psicossociais

Fatores de risco

Gravidez na adolescencia
Repercussões

Individual e em Saúde Pública

Obstétricos

Prevenção

Apgar inferior a 5 Dismor as, síndromes gênero, orientação sexual;


congênitas (Síndrome Down, defeitos Ausência de amamentação;

neurais); Abandono/omissão de paternidade; - Responsabilidade do


Acompanhamento pediátrico falho; - casal;
Infecções congênitas (sí lis, herpes,
toxoplasmose, hepatites B/ C, Zika, Esquema de vacinação incompleto; Enfrentamento à

HIV/aids); Abandono escolar; violência sexual;

bullying; Pensamento crítico,


Necessidade de UTI neonatal construtivo sobre
Baixa quali cação pro ssional da mãe
Traumatismos e repercussões do comportamentos em
parto (hipóxia, paralisia sexualidade;
cerebral); Protagonismo juvenil
Di culdades de amamentação Projetos de vida Maior
Risco de negligência, ambiente quali cação pro ssional
insalubre da mãe;

Capacitação de recursos
humanos;

Serviços de saúde para


adolescentes;

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